PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA VERDE

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PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA VERDE: UMA ESTRATÉGIA DE CONTROLE DAS ENCHENTES E MELHORIA DO MICRO-CLIMA EM ÁREA CENTRAL DE RIBEIRÃO PRETO- SP. RENÊ FIGUEIREDO

2017

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RENÊ FIGUEIREDO

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE INFRAESTRUTURA VERDE: UMA ESTRATÉGIA DE CONTROLE DAS ENCHENTES E MELHORIA DO MICRO-CLIMA EM ÁREA CENTRAL DE RIBEIRÃO PRETO- SP. Trabalho final de curso apresentadoao Centro universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigÊncias para obtenção do título de Bacharel emArquitetura e Urbanismo, sob orientação da Professora Mestre Anelise Sempionato Souza.

CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA. ARQUITETURA E URBANISMO. NOVEMBRO DE 2017.

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AGRADESCIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, mеυ socorro presente nа hora dа angústia, á minha mãe Izilda, meu pai Jean, minha irmã Izabela, minha avó Ana, minha tia Arlete, minha namorada Carina e a toda minha família que, cоm muito carinho е apoio, nãо mediram esforços para qυе еυ concluisse esta etapa dе minha vida. Aos meus amigos da faculdade (Vitor, Guilherme, Letícia, Thaline, Vanessa e Mariana), que por cinco anos somamos esforços para que todos completassem esta jornada. Á minha orientadora, Anelise Sempionato Souza, pelo conhecimento passado durante as aulas, despertando o interesse no assunto escolhido e sua orientação e incentivo nesse trabalho.

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03. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 26 3.1. PROPOSTA DE INFRAESTRUTURA VERDE: ESTUDO DE CASO EM SERRA - ES 26

01. INTRODUÇÃO 08 1.1. OBJETIVOS 09

2.2. INFRAESTRUTURA VERDE APLICADA AO PLANEJAMENTO DA OCUPAÇÃO URBANA NA BACIA AMBIENTAL DO CÓRREGO D’ANTAS, NOVA FRIBURGO - RJ 28 2.3. RIO + VERDE 30

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02. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12 2.1. PLANEJAMENTO AMBIENTAL: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITOS 12 2.2. ECOLOGIA URBANA: ORIGEM E CONCEITOS 13 2.3. SUSTENTABILIDADE: RESPALDO HISTÓRICO E CONCEITOS 15 2.4. INFRAESTRUTURA VERDE 16


04. ÁREA DE INTERVENÇÃO: REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE RIBEIRÃO PRETO - SP 34 4.1. APRESENTAÇÃO DA ÁREA 34 4.2. MAPEAMENTO DE DADOS AMBIENTAIS DA REGIÃO ESCOLHIDA 35 4.3. HIERARQUIA VIÁRA 36 4.4. TOPOGRAFIA 38

06. CONCLUSÃO 70

4.5. GABARITO 39 4.6. ASPECTOS HÍDRICOS 40 4.7. ESTUDO PRELIMINAR 41 4.8. CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DA ÁREA DE PROJETO 42 4.9. QUADRO DE NECESSIDADES 44

SUMÁRIO

05. PROJETO 48 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS 75

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INTRODUÇÃO

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01.INTRODUÇÃO Esta pesquisa destina-se ao Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo, que tem como proposta a implantação de infraestrutura verde, a qual visará a interligação de áreas vegetadas aplicando algumas tipologias, melhorando a permeabilidade do solo e auxiliando na melhoria do micro-clima.

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Com o título de: Proposta de Implantação de Infraestrutura Verde: uma estratégia de controle de enchentes e melhoria do micro-clima em Ribeirão Preto-SP.

justamente por essa ocupação mal planejada. De acordo com Herzog (2010), o modo como é planejada a urbanização tradicional define que ela é um gerador de infraestrutura cinza, apenas com a preocupação de ocupação dos espaços, criação de novas vias e descartando as águas da chuva e esgoto o mais rapidamente possível. Segundo Herzog (2010), o planejamento de infraestrutura verde proporciona a integração da natureza com a cidade, tornando-a mais sustentável. Outro fator importante

Ao longo dos anos a urbanização das cidades vem avançando

de contribuição da infraestrutura verde é a mitigação

de forma acelerada e pode-se dizer até descontrolada que

de impactos ambientais e adaptação para enfrentar os

as áreas verdes ficam cada vez mais escassas.

problemas causados pelas alterações climáticas como por

Nas cidades brasileiras com o crescimento desordenado dos centros urbanos brasileiros e com a notável ganância de autoridades fazendo com que a especulação imobiliária

exemplo: chuvas mais intensas e frequentes; aumento das temperaturas (ilhas de calor); desertificação e perda da biodiversidade.

impermeabilizados, alagamentos em áreas onde não se via esse tipo de acontecimento, a redução e até a supressão das matas ciliares e de áreas que são protegidas por leis, a contaminação das águas tanto pluviais como fluviais devido ao descaso no tratamento de esgoto que são lançados nos corpos d’água sem o tratamento necessário, além do aumento da temperatura em regiões onde existe a predominância da infraestrutura cinza. A maioria das cidades são vulneráveis ao efeitos severos das mudanças climáticas, que tem se tornado mais frequentes, contudo, nota-se que mesmo com chuvas normais as enchentes se tornaram habituais devido a urbanização em áreas inadequadas. A urbanização em áreas de risco como encostas íngremes, topo de morros, baixadas e áreas alagáveis são cada vez mais frequentes pelo mercado informal e formal, o que leva a grandes tragédias até mesmo

atinja níveis elevados, cada vez mais os meios naturais

E com essa diminuição das áreas verdes, provocam nos

perdas sociais, econômicas e ambientais. (BRANDÃO,

ficam deixados de lado.

centros urbanos consequências impactantes no âmbito

2004; COELHO NETO, 2005, apud HERZOG, 2010).

Já na cidade de Ribeirão Preto, há muitos anos vem sofrendo com enchentes e com o clima muito quente e seco, causado

ambiental, dentre elas as mais decorrentes são: as inundações de rios que tiveram seus leitos reduzidos e

Assim podemos perceber que a infraestrutura verde busca auxiliar na forma de planejar a cidade de forma que essa se


mas de infraestrutura verde sobre a área estudada;

beneficie do planejamento territorial como um todo, dando

Ambiental do Córrego D’Antas, Nova Friburgo – RJ e o

apoio a infraestrutura cinza através dos recursos naturais.

Rio+Verde.

Tendo em vista esse cenário, nota-se a necessidade de

O quarto capítulo engloba os levantamentos e a realização

são as mais favoráveis de serem implantadas na área es-

iniciativas que ajudem a reverter esse quadro, com isso a

do projeto de implantação de Infraestrutura Verde em

tudada e averiguar seus benefícios socioambientais;

implantação de Infraestrutura Verde, mesmo que em casos

Ribeirão Preto – SP.

com bacias hidrográficas muito impermeabilizadas, pouca vegetação e com a malha urbana com poucos espaços abertos se faz necessária.

Identificar quais tipologias da infraestrutura verde

Desenvolver uma proposta projetual de infraestru-

Por fim, o quinto capítulo se faz como uma etapa conclusiva

tura verde sobre as áreas previamente identificadas, a fim

acerca de todo o material apresentado e o projeto executado.

de contribuir com o controle de enchentes e melhoria do microclima local.

Sendo assim, a pesquisa se desenvolve com o objetivo de integrar a infraestrutura cinza já existente com uma infraestrutura verde que irá beneficiar não só a área de intervenção mas também o seu redor e todas as pessoas que utilizam-se desses espaços.

1.1.OBJETIVOS DO TRABALHO Propor a implantação de um sistema de infraestrutura verde no qual utilizam-se tipologias específicas a fim de promover

O primeiro capítulo refere-se ao plano de pesquisa e todos

o controle de enchentes, bem como a melhoria do microclima

as suas etapas, da apresentação do tema proposto até

na região central da cidade de Ribeirão Preto – SP.

os procedimentos metodológicos utilizados e servirá de norteamento e apoio à pesquisa. No segundo capítulo encontra-se toda a fundamentação teórica que gira em torno do Planejamento Ambiental, Ecologia Urbana, Sustentabilidade e Infraestrutura Verde. O terceiro capítulo contempla as referências projetuais, dentre as quais encontram-se: a Proposta de Infraestrutura Verde: Estudo de caso em Serra – ES, Infraestrutura Verde Aplicada ao Planejamento de Ocupação Urbana na Bacia

Os objetivos específicos são: •

Identificar e analisar, em área delimitada, quais os

trechos mais afetados pelas enchentes e altas temperaturas; •

Identificação dos serviços e benefícios socioam-

bientais fornecidos pelas tipologias da infraestrutura verde; •

Definir uma metodologia de planejamento urbano

ambiental para o desenvolvimento e implantação dos siste-

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

14

Para que a elaboração deste capítulo tenha sustentação

Após esse período, Aristóteles que era considerado “o gran-

o estabelecimento do princípio conser-

teórica, foram utilizadas literaturas que tratam dos seguintes

de teórico da cidade” pelo gregos, tornou a preocupação

vacionista promovido por Flifford Pinchot

temas: Planejamento Ambiental, Ecologia Urbana, Susten-

sobre os impactos produzidos pelo homem em centro urba-

e William John McGee que prioriza a

tabilidade, Infraestrutura Verde e seus conceitos, definições,

nos mais evidentes, o que perdurou até a Revolução Indus-

utilização de recursos naturais, visando

bem como a sua origem e evolução histórica.

trial. Em relação as questões ecológicas como por exemplo

ampla propagação de benefícios para

a conservação dos elementos da natureza eram poucos

o maior número de pessoas durante o

aqueles que se preocupavam ao final do século XIX (SAN-

maior período de tempo; e a teoria “povo-

TOS, 2004, p.16).

-trabalho-lugar” de Patrick Geddes, que

2.1 Planejamento Ambiental: Evolução histórica e conceitos

Segundo Apcot (1990), apud Santos (2014), o período entre

Para se entender melhor a origem do Planejamento ambien-

1810 e 1940 foi o de maior estudo e produção a respeito da

tal é necessário que se trace sua evolução na história.

integração entre o homem e o seu meio ambiente.

Segundo Santos (2004), as primeiras formas de planeja-

Já o século XX é caracterizado por ações de arquitetos pai-

mento surgiram cerca de 4.000 a.C em aldeias na Mesopo-

sagistas a respeito de processos de planejamento em larga

tâmia, levando em consideração para a organização territo-

escala, além do desenvolvimento de novas técnicas de aná-

rial os aspectos ambientais como por exemplo a topografia

lise em paisagens. (SANTOS, 2014).

demonstra como a sociedade, o trabalho e o ambiente são fatores de grande relevância para compreender a relação existente entre homem e meio ambiente” (NDUBISI, 2002, apud SANTOS, 2014).

A consciência ambiental começou a ganhar força no perío-

e o microclima. Os primeiros planejadores eram na verdade

do pós segunda guerra mundial, tendo em vista a destrui-

autoridades religiosas que se preocupavam com a organiza-

ção ocorrida nas cidades que permitiram uma nova forma

ção das cidades e com isso ao longo da história os homens

“Ndubisi (2002) cita alguns exemplos

de contemplar as cidades. Essa nova visão relevou tópicos

planejavam o seu território partindo dos preceitos religiosos,

como: a sobreposição de mapas utiliza-

como a redução da poluição, aumento das áreas permeá-

do conforto e da estética.

da pelo arquiteto Olmsted;

veis, a redução de custos destinados a infraestrutura urbana


e a descentralização espacial, levando ao nascimento da

cadas, tendo em vista uma mudança de percepção e cons-

Ética Ambiental que propunha uma nova forma de relacio-

cientização em relação ao meio ambiente.

namento entre o homem e o meio ambiente natural. Essa nova forma de relação permitiu ao homem tomar consciência dos seus atos e se preocupar com as consequências de suas ações e com isso buscar novas formas para interagir com o meio ambiente. (SANCHES, 2011, apud, SANTOS 2014).

caso do Brasil, que a cada quatro anos tem uma rotativi-

biental, Santos (2004) diz que é necessário estabelecer as

dade grande de políticos com idéias diferentes e acabam

ações dentro de contextos e não isoladamente, tendo como

não dando sequência nos planejamentos, o que gera uma

resultado o melhor aproveitamento do espaço físico e dos

descontinuidade e consequentemente não atinge-se o re-

recursos naturais e economia de energia. O planejamento

sultado desejado.

ambiental também prevê a participação de vários setores da sociedade, através de seus representantes, fazendo com

os Estados Unidos da América, em companhia com paí-

que a sociedade tenha o direito e o dever de opinar sobre o

ses europeus, promovem uma releitura de suas leis com

que lhes dizem respeito.

integradas e adequadas referentes à conservação ambiental, urbanização, lazer, agricultura e planejamento regional. (NDUBSI, 1997, JONGMAN ET AL, 2004, apud SANTOS, 2014). Em 1987, a partir do relatório “Nosso Futuro Comum”, (Our Common Future: The Report of the World Commission on the Environment and Development), também conhecido por Relatório Brundtland que segundo Magalhães (2001) e Meneguetti (2007), apud Santos (2014), a ecologia passou a

O planejamento ambiental leva tempo a dar frutos e no

No que diz respeito aos conceitos do planejamento am-

No período que compreende entre os anos de 1960 e 1970

o objetivo de elaborar medidas que tornem políticas mais

variáveis.

Franco (2008), apud Santos (2014), conceitua planejamento ambiental como todos aqueles que apresentem princípios de valorização, conservação e recuperação das bases naturais de um território específico.

2.2 Ecologia Urbana: origem e conceitos O termo Ecologia da paisagem foi mencionado pela primeira vez por Troll em 1939, como sendo uma disciplina científica em desenvolvimento, a partir de seus estudos relacionados

Para Almeida et al. (1999), apud Santos (2014), o plane-

ao uso da terra por meio de fotografias aéreas e interpreta-

jamento ambiental é definido como um processo político-

ção da paisagem. (NUCCI, 2007).

-administrativo que utiliza a população e o município como agente de correção, adaptação e concretização das propostas.

Segundo Naveh e Lieberman (1984), apud Nucci (2007), o intuito de Troll ao propor esse temo era de promover a interação da Geografia com a Ecologia que juntas poderiam

ser um pressuposto para o desenvolvimento, o que contri-

De acordo com Santos (2004), o planejamento ambiental

examinar a interação espacial dos fenômenos e o estudo

buiu ainda mais com a questão do planejamento ambiental.

assim como os demais planejamentos, é trabalhado na in-

das interações funcionais de cada local.

Diante do exposto acima, nota-se que o planejamento ambiental teve um ganho de força maior nas últimas três dé-

certeza, na probabilidade e no desconhecimento, pelo motivo de que não se trata de uma ciência exata e existe muitas

No período pós II Guerra Mundial, surgiram vários estudos na área da Ecologia urbana através da interdisciplinaridade

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(Geografia e Ecologia), que propunham a relação entre a

atuação: o estudo do meio físico, o estudo das populações

sociedade e seu entorno, seja ele construído ou não, além

biológicas, o estudo da estrutura e da evolução do

da conexão entre o sistema natural, rural e urbano. (NUCCI,

ecossistema no espaço e o estudo relativo ao metabolismo

2007).

material e energético dos ecossistemas. (TERRADAS,

Ainda segundo Nucci (2007), em 1981 foi realizado o 1°Con-

2001, apud, SANTOS, 2014).

gresso Internacional de Ecologia da Paisagem, organizado

Para Silva et al. (2011), apud Santos (2014) é possível as-

pela The Netherlands Society of Landscape Ecology, que

sociar as características de ecossistemas equilibrados às

originou a forma mais ampla e compreensível sobre o tema,

respectivas linhas de ação, como mostra o quadro ao lado:

QUADRO 1: Contribuições da ecologia urbana Características de ecossistemas equilibrados

• Incentivar a utilização de energia renovável, de baixo impacto; Equilíbrio entre produção e consumo energético

da paisagem deveria ser considerada como uma ciência holístico.

16

Redução de interferências ambientais por ações bióticas

Para Santos (2014) a ecologia da paisagem sempre está são das questões espaciais geográficas, assim como a relaManutenção da fauna e flora

seguintes estruturas: estradas, áreas industriais, parques,

É possível delimitar a ecologia urbana em quatro campos de

Elaborar planos de arborização urba-

• Promover a redução do consumo de matéria decorrente de padrões sociais;

jardins, lagos, cemitérios e terrenos baldios. Logo após, ele

características hidrológicas.

• Conservar e implantar corredores ecológicos;

• Elaborar programas de educação ambiental.

bert (1991), apud Santos (2014), diz que ela é dividida nas

comportamento da fauna e da flora, aspectos energéticos e

• Promover a utilização de estudos de impacto para empreendimentos com significativa interferência sobre o meio físico.

• na;

No que diz respeito aos conceitos de ecologia urbana, Gil-

define os elementos atuantes sobre esses locais como o

• Utilizar o zoneamento ambiental como instrumento de ordenamento do uso e ocupação do solo;

• Conservar e implementar áreas verdes, (parques, praças, bosques, reservas entre outros);

em constante desenvolvimento e deve buscar a compreenção entre os indivíduos e o meio ambiente.

• Desestimular a utilização de combustíveis fósseis; • Incentivar a redução do consumo energético.

com autoria de Isaak S. Zonneveld, que dizia: a ecologia Bio-Geo-Humana e com abordagem, atitude e pensamento

Linhas de ação

Ciclagem de matéria

• duos;

Incentivar a geração mínima de resí-

Aproveitar resíduos.

Fonte: Adaptado de Silva et al. (2011), apud Santos, (2014).


2.3 Sustentabilidade: respaldo histórico e conceitos Sustentabilidade seria fruto de um movimento histórico recente que passa a questionar a sociedade industrial enquanto modo de desenvolvimento. Seria o conceito síntese desta sociedade cujo modelo se mostra esgotado. A sustentabilidade pode ser considerada um conceito importado da ecologia, mas cuja operacionalidade ainda precisa ser provada nas sociedades humanas. (BACHA; SANTOS; SCHAUN. 2010 p.05) Ainda para Bacha (2010), o termo sustentabilidade vem de um movimento histórico recente, mais precisamente a

QUADRO 2: Resumo dos marcos, acontecimentos históricos e cronologia. Ano

Acontecimentos

1972

Publicação do Relatório do Clube de Roma (The Limits to Growth) sobre riscos globais dos efeitos da poluição e do esgotamento das fontes de recursos naturais. Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia, com a participação de 113 países, O conceito de Eco desenvolvimento foi apresentado por Ignacy Sachs, considerado precursor do Desenvolvimento Sustentável.

1975

Elaboração do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND-1975/79) que definiu prioridades para o controle da poluição industrial.

1980

Em 1980 surge a noção de Ecologia profunda, que coloca o homem como o componente de sistema ambiental complexo, holístico e unificado.

1983

A ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que desenvolveu o paradigma de desenvolvimento sustentável, cujo relatório (Our Common Future) propunha limitação do crescimento populacional, garantia de alimentação, preservação da biodiversidade e ecossistemas, diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias de fontes energéticas renováveis, aumento da produção industrial a base de tecnologias adaptadas ecologicamente, controle da urbanização e integração campo e cidades menores e a satisfação das necessidades básicas.

1991

A Câmara de Comércio Internacional (CCI) aprovou “Diretrizes Ambientais para a Indústria Mundial”, definindo 16 compromissos de gestão ambiental a serem assumidos pelas empresas, conferindo à indústria responsabilidades econômicas e sociais nas ações que interferem com o meio ambiente. Essas diretrizes foram acatadas no Brasil, pelo Comitê Nacional da Câmara de Comércio Internacional, tendo-se criado a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável.

1992

Realizou-se no Rio de janeiro a ECO-92 (a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o desenvolvimento) na qual foram elaboradas a Carta da Terra (Declaração do Rio) e a Agenda 21, que reflete o consenso global e compromisso político objetivando o desenvolvimento e o compromisso ambiental.

1997

Discutido e negociado em Quioto no Japão, o Protocolo propõe um calendário pelo qual os países membros teriam obrigação de reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Em novembro de 2009, 187 países haviam aderido ao Protocolo.

1999

John Elkington concebeu o Triple Bottom Line (TBL) para ajudar empresas a entrelaçarem os componentes do desenvolvimento sustentável: prosperidade econômica, justiça social e proteção ao meio ambiente em suas operações.

2002

Aconteceu, em Johanesburgo, a conferência mundial denominada Rio + dez, onde se instituiu a iniciativa “Business Action For Sustainable Development”.

2006

O documentário “Uma verdade inconveniente” de Davis Guggenheim (sobre a militância política de Al Gore a quem rendeu o Nobel da Paz em 2007 e dois Oscar) cuja mensagem principal (“become carbon neutral”) se coloca como um novo paradigma planetário.

2009

Realiza-se em Copenhagen a 15ª Conferência do Clima (COP 15) das Nações Unidas, evento que reuniu 25 Chefes de Estado.

década de 1960, que através de debates entre os meios acadêmicos, governamentais e empresariais, discutiam sobre o crescimento econômico em relação a finitude dos recursos ambientais. A partir da década de 1980, os países começaram a se mobilizar para encontrar formas de continuar promovendo o crescimento econômico sem prejudicar o meio ambiente e nem renunciar o bem estar de futuras gerações, desde então este termo vem sido usado para defender questões como as causas sociais e ambientais principalmente nos negócios.

Fonte: Adaptado pelo autor de (BACHA, SANTOS e SCHAUN, 2010)

17


A sustentabilidade tem como base três princípios, sendo eles:

o intuito de favorecer e consolidar os espaços públicos,

Unidos da América, além da criação do parque houveram

a conservação dos sistemas ecológicos sustentadores da

como áreas verdes, jardins, parques, dentre outros, com o

mais dois marcos significativos neste período, que são o

vida e da biodiversidade; a garantia da sustentabilidade dos

propósito de lazer, integração e recreação.

Plano Emerald Necklace, do arquiteto-paisagista Frederick

usos que utilizam recursos renováveis e o manter as ações humanas dentro da capacidade de carga dos ecossistemas sustentadores (FRANCO, 2001, apud BISSOLOTTI, 2004,

infraestrutura verde foi classificado pela primeira vez em

Law Olmsted, em Boston e as “cidades-jardim” de Ebenezer Howard. (TARDIN, 2008, apud, VASCONCELLOS, 2011).

1994, no relatório da Florida Greenways Commission, que

Segundo Tardin, (2008), apud, Vasconcellos, (2011), no

foi direcionado ao governo dos Estados Unidos da América

período que consiste entre o fim do século XIX até a década

e que tinha como intenção igualar os sistemas naturais em

de 1970, foi começou-se a introduzir a natureza nas cidades,

relação a infraestrutura tradicional. Ainda segundo o autor a

através dos Planos de Albercrombie para a Grande Londres

2.4 Infraestrutura Verde

infraestrutura verde deve ser tratada da mesma maneira da

em 1943, o Copenhagem Finger Plan em 1947 e o Plano

infraestrutura cinza, ou seja, é necessário que se faça um

Reguinal de Estocolmo em 1967, que tinham o espaço

Neste subcapítulo será elaborado uma revisão bibliográfica

planejamento.

verde como elemento estruturador do espaço urbano, nas

p. 34).

18

De acordo com Firehock (2010), apud Santos (2014), o termo

acerca do tema da infraestrutura verde. A princípio é abordada a sua origem e sua definição, em seguida as suas funções e aplicações e por fim as diferentes tipologias que fazem parte desse tema.

Apesar do termo infraestrutura verde ter sido usado

formas de “cinturões verdes”, “dedos verdes” e “parkways”.

pela primeira vez recentemente, o seu conceito não é.

Até a década de 1970 o intuito desses planos era apenas

Tal conceito teve início há aproximadamente centro e

para oferecer aos habitantes espaços de uso coletivo, porém

cinquenta anos, onde se buscava a relação do homem com

com o avanço das cidades, a diminuição da qualidade de

O objetivo desse subcapítulo é compreender a forma de

a paisagem e que ao longo do tempo, várias disciplinas

vida e a degradação dos espaços livres, eles voltaram-se

aplicação, a função e os benefícios socioambientais que

tiveram suas contribuições. Todas essas disciplinas

a preocupação de cunho ecológico. Com isso a cidade

esse tema aborda.

ajudaram no surgimento da infraestrutura verde com suas

começa a incorporar a questão ambiental juntamente com

pesquisas e conclusões. (BENEDICT e MCMAHON, 2006,

a social. (TARDIN, 2008, apud, VASCONCELLOS, 2011).

apud, SANTOS, 2014).

2.4.1 Origem e definição Para Benini (2015) a infraestrutura verde tem sua origem a partir dos termos planejamento e sustentabilidade, com

Para Benedict e McMahon, 2006, apud, Vasconcellos, 2011,

As primeiras propostas relacionadas ao assunto giravam em

a atenção com a ecologia nos planos urbanos se deu devido

torno da preocupação com a natureza em relação ao avanço

a criação dos termos “ecologia da paisagem”, “planejamento

das cidades. 1872 ficou marcado com a criação do primeiro

da paisagem” e “planejamento ecológico”, e também pelo

Parque Nacional do mundo, o Yellowstone, nos Estados

entendimento de que não adianta apenas proteger as áreas


naturais, as para que seja suficiente tal preservação é

4.

necessário promover uma ligação entre essas áreas.

uma rede para a conservação e o desenvolvimento;

A infraestrutura verde pode ser definida segundo Benedict

5.

e McMahon, (2006), apud, Vasconcellos, (2011), como

uma rede para a conservação e o desenvolvimento;

uma rede conectada estrategicamente de áreas naturais, paisagens rurais e outras áreas livres que conservam as funções dos ecossistemas naturais, beneficiando o homem

6.

A infraestrutura verde pode e deve funcionar como

A infraestrutura verde é um investimento público

fundamental que deve ter prioridade de financiamento;

e a vida silvestre proporcionando a purificação da água e

7.

do ar.

a natureza e para as pessoas;

Segundo Herzog (2010b, p 04), a “infraestrutura verde

8.

é composta por redes multifuncionais de fragmentos

os desejos dos proprietários e das partes envolvidas;

permeáveis e vegetados, preferencialmente arborizados”. Os princípios necessários para o sucesso da infraestrutura verde inicialmente eram sete, porém após a última publicação de Benedict e McMahon em 2006 na “Green Infrastructure – Linking Landscapes and Communities”, foram revisados e

9.

A infraestrutura verde proporciona benefícios para

A infraestrutura verde respeita as necessidades e

A infraestrutura verde implica a realização de

10. A infraestrutura verde requer um comprometimento

Para Wolf, (2003); Pellegrino, et al., (2006), apud, Herzog,

de longo prazo.

(2009), a implantação de infraestruturas verdes em áreas já urbanizadas obtém resultados semelhantes ao dos ecossistemas naturais, contribuindo para a amenização

(BENEDICT, MCMAHON, 2006, apud, VASCONCELLOS,

2.4.2 Funções e aplicações

1.

Conectividade;

2.

O contexto é importante;

3.

A infraestrutura verde deve ser fundada em

conhecimentos científicos e na teoria e práticas do parcelamento do uso do solo;

19

atividades dentro e fora das comunidades;

reformulados, passando a totalizar dez princípios, que são: 2011)

águas de escoamento superficial nos primeiros 10 minutos da chuva, provenientes de calçadas e vias pavimentadas contaminadas por resíduos de óleo, borracha de pneu e partículas de poluição, criar habitat e conectividade para a biodiversidade; amenizar as temperaturas internas em edificações e mitigar as ilhas de calor, promover a circulação de pedestres e bicicletas em ambientes sombreados, agradáveis e seguros; diminuir a velocidade dos veículos; conter encostas e margens de cursos d’água para evitar deslizamentos e assoreamento.”(HERZOG, ROSA, 2010, P.101).

A infraestrutura verde pode e deve funcionar como

climática, redução de ruídos, manejo de águas pluviais, controle da poluição do ar e do solo, conservação da

De acordo com Herzog e Rosa (2010), a infraestrutura verde

biodiversidade, proteção de fragmentos de ecossistemas

tem como função:

remanescentes,

(...)“promover a infiltração, detenção e retenção das águas das chuvas no local, evitando o escoamento superficial; filtrar as

além

de

proporcionar

ambientes

agradáveis, melhorar a mobilidade de baixo impacto, educação ambiental, interação social e criar áreas de recreação e lazer.


Para aplicação de uma rede de infraestrutura verde implica

Quadro 3: Elementos e funções que podem integrar a infraestrutura verde

em buscar oportunidades existentes, isso quer dizes que há espaços cujos valores de conservações são óbvios, porém existem casos que deveram ser utilizadas áreas que são destinadas a outros usos, como por exemplo, áreas cultiváveis, campos de golfe, áreas privadas, zonas industriais, vazios urbanos, dentre outros. (BENEDICT; MCMAHON, 2006, apud, VASCONCELLOS, 2011). O quadro 3 indica alguns elementos que podem ser

Valores e funções do ecossistema natural (biodiversidade, processos e serviços ecológicos)

incorporados a rede de infraestrutura verde e suas respectivas funções.

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Atributos

Elementos / Locais

Funções

Comunidades ecológicas e outros atributos naturais

Parques públicos ou privados; reservas ou áreas de preservação municipal,estadual e federal; terras indígenas, cachoeiras, vales e canyons.

Recupera e protege a fauna e a flora, aumenta a biodiversidade, conserva e restitui as características da paisagem natural.

Fontes da vida silvestre

Refúgios selvagens, reservas para caça, ligações da paisagem/ corredores da vida silvestre, cinturões verdes, rios e lagos.

Proporciona habitat para a vida selvagem, favorece a migração e reprodução animal e mantém a saúde da população.

Bacias hidrográficas ou recursos hídricos

Terras ribeirinhas e não ribeirinhas adjacentes, pântanos ou mangues, áreas alagáveis e áreas de recarga de aquíferos.

Protege e recupera a quantidade e a qualidade da água, proporciona habitat para organismos aquáticos e favorece o ciclo hidrológico.

Áreas manejadas com valores ecológicos

Florestas extrativistas e áreas agrícolas com habitats e características naturais com potencial de recuperação de valores ecológicos.

Habitat para a vida selvagem, proteção do solo e dos recursos hídricos contra poluição e conexão e proteção dos componentes da rede.

Recreação e atividades saudáveis

Parques, greenways, blueways, trilhas e ciclovias.

Provê espaço para atividades ao ar livre, oportunidades de transporte alternativo e conecta as pessoas à natureza.

Recursos culturais

Sítios históricos e arqueológicos, espaços educacionais, espaços urbanos ou rurais públicos.

Preserva uma ligação com herança cultural e natural, fomenta educação e envolvimento através de salas de aula naturais, encoraja a administração de recursos e proteção da integridade de sítios culturais.

Cinturões verdes, monumentos naturais, Padrão de mirantes, espaços abertos públicos, crescimento e greenways, corredores ripários8, terras qualidade das em desenvolvimento próximas a terras comunidades de recursos ecológicos.

Melhora os padrões de crescimento e desenvolvimento, cria paisagens com apelo visual, aumenta o orgulho e a identidade comunitária, atrai negócios, moradores e turistas.

Sociais e econômicos

Benefícios relacionados à população humana (serviços ecológicos, valores sociais e econômicos)

Recursos hídricos

Bacias hidrográficas, pântanos e mangues, terras alagáveis e áreas de recarga de aquíferos.

Protege a quantidade e a qualidade da água, maneja as águas pluviais, provê locais para diques e barreiras para mitigação de inundações.

Terras cultiváveis com valor econômico

Fazendas, ranchos, pomares, hortas e florestas controladas.

Protege as terras cultiváveis tanto como um negócio quanto como um local, mantém características e tradições rurais e sustenta setores econômicos.

Fonte: Benedict; McMahon, 2006, apud, Vasconcellos, 2011.


As tipologias de infraestrutura verde que serão apresentadas

água, na maioria das vezes com pouca profundidade e de

chegue mais rápido ao corpo d’água, além de servir como

no subcapítulo posterior podem devem ser incluídas

proporções que atendam às necessidades do local. Tais

elemento paisagístico. (CORMIER, PELLEGRINO, 2008).

tanto nos planejamentos quanto nos projetos e podem

alagados são divididos em três partes:

ser introduzidas em locais já urbanizados ou em qualquer espaço impermeabilizado.

2.4.3 Tipologias Este subcapítulo destina-se a apresentar algumas tipologias de infraestrutura verde que podem ser aplicadas à área de estudo numa etapa posterior.

Área de entrada com função de reter os sedimentos de grande e médio porte; Uma área rasa e com muita vegetação para remover partículas finas e outros poluentes, conhecida como zona macrófita; E um canal de alto fluxo que serve para proteger a zona macrófita. Figura 1 - Exemplo de alagado construído

Segundo Herzog (2009), apud Vasconcellos (2011), as funções das tipologias de infraestrutura verde, é solucionar os problemas de drenagem, tendo em vista que a maioria delas dão evidência aos processos naturais da água. Os objetivos dessas tipologias são: proteger os corpos d’água urbanos, melhorar a qualidade das águas retirando os poluentes; infiltração, desaceleração de águas pluviais e com isso diminuindo as enchentes; controle de erosão e sedimentação; mudança positiva na paisagem urbana e promover a biodiversidade.

Alagados construídos Segundo Vasconcellos (2011), os alagados construídos consistem em uma grande área com vegetação coberta por

Biovaleta ou vala bioretentora

Fonte: Herzog, 2009.

São valas vegetadas com cotas mais baixas e são encontradas em vias e estacionamentos que possuem pouca ou nenhuma forma de infiltração de águas pluviais no solo. Essas valas receber a água proveniente das chuvas e também do escoamento das superfícies. Muitas vezes tais escoamentos trazem consigo resíduos de borracha de pneus, óleos e várias outras partículas, e com isso a função da Biovaleta é a filtração desses resíduos e após esse processo a água infiltra no solo até ser coletada por meio de tubos perfurados e são encaminhados até o corpo d’água mais próximo. Outras funções das biovaletas são: deter a água da chuva e reduzir sua velocidade, prevenindo que ela

Figura 1 - Exemplo de biovaleta em um estacionamento Fonte: Herzog, 2009.

21


Canteiro pluvial ou jardim de chuva São depressões existentes ou projetadas em ruas ou até edifícios para a retenção de água pluvial e do escoamento superficial de áreas impermeáveis como por exemplo ruas e telhados. O solo com ajuda de microrganismos e bactérias removem os poluentes trazidos. Dentre outros benefícios

permanente dela, ou seja, ela é projetada para que o volume recebido não ultrapasse o volume total dela, já contando com o volume permanente da mesma. De acordo com Herzog (2009), além de contribuir para evitar inundações a lagoa pluvial também contribui para habitat da fauna e da flora, ajuda a purificar a água e favorece a recarga de aquíferos.

dos jardins de chuva estão a promoção da biodiversidade, moderação da ilha de calor, evapotranspiração, captura de carbono, entre outros. (HERZOG, 2009; MARTIN, 2011)

Figura 3, 4 e 5 - Exemplos de jardim de chuva Fonte: Martin, 2009.

Hortas urbanas 22

O objetivo dessa tipologia de infraestrutura verde é fazer com que as áreas verdes, áreas sem uso, fachadas e até mesmo tetos verdes tornem-se áreas produtivas e resgatem a relação do cidadão com o alimento, além da característica essencial de purificar e infiltrar água pluvial. O ideal é que o cultivo seja feito sem agrotóxicos. (HERZOG, 2009; http://

Figura 6, 7 e 8 - Exemplos de horta urbanaa Fonte: http://inverde.wordpress. com/agricultura-urbana/ acesso em 01/12/2016.

inverde.wordpress.com).

Lagoa Pluvial A lagoa pluvial serve para reter o excesso de água pluvial e evitar inundações. É basicamente uma lagoa, onde a capacidade de receber água da chuva é superior ao volume

Figura 9 - Exemplos de lagoa pluvial Fonte: Cormier e Pellegrino, 2008.


Lagoa seca ou bacia de detenção

Tetos verdes

A lagoa seca se assemelha muito a lagoa pluvial, é uma

Os tetos verdes são basicamente o recobrimento das

depressão vegetada que serve para aumentar a infiltração

coberturas de edificações com vegetação e tem como

de água no solo e retardar a entrada da água no corpo

funções receber a água da chuva podendo ser reutilizada

d’água. Pode ser implantada ao logo de vias, parques ou

ou não para diversos fins, melhora do micro-clima e da

rios e um ponto favorável a esta tipologia é a possibilidade

temperatura interna das edificações, reduzindo o uso

de variação de usos como campo de futebol, áreas de lazer,

de climatizadores, além de promover o habitat da fauna

Figura 12 - Exemplos de pavimentos drenantes

entre outros (HERZOG, 2009).

e da flora, moderar a ilha de calor e captura de carbono.

Fonte: Herzog, 2009.

(HERZOG, 2009)

Pavimentos drenantes Os

pavimentos

drenantes

são

responsáveis

pela

23

redução do escoamento de água pluvial na superfície e consequentemente das inundações, justamente por serem porosos a água da chuva consegue infiltrar no solo. É muito comum nas cidades tanto as ruas como as calçadas serem quase ou totalmente permeáveis, este tipo de pavimento é uma solução simples e muito eficaz para combater as inundações, podendo ser usada também em pátios, quintais, praças e parques. De acordo com Herzog, (2010) apud Benini, (2015), podem ser de vários tipos de materiais, tais como: asfalto poroso, concreto permeável, blocos intertravados, britas e pedriscos. Figura 10 e 11 - Exemplos de lagoa seca

Figura 13 - Eesquema de teto verde

Fonte: http://www.sustainabilityworkshop.com/prod_suds.html acesso em 01/12/2016;http://www.abbey-associates.com/splash-plash/picture_gallery.html acesso em 01/12/2016.

Fonte: Cormier e Pellegrino, 2008.


Woonerf

2.5 Drenagem urbana: o ciclo das águas no cenário urbano

mercado, seja por meio da verticalização intensa ou pela

infraestrutura verde, a Woonerf é bastante utilizada para

Botelho (2011) apud Benini (2015), diz que um dos maiores

Além dos fatores mencionados acima, outros que influenciam

integrar esses elementos.

problemas enfrentados pela população brasileira atualmente

no comprometimento dos sistemas de drenagem são a

é a ocorrência de inundações e enchentes, problemas

impermeabilização do solo, bem como a diminuição da

esses que causam grandes prejuízos tanto financeiros

cobertura vegetal natural, resultando na diminuição de água

quanto até perda de vidas, seja por efeitos imediatos como

absorvida pelo solo e consequentemente aumentando o

as inundações, seja por efeitos indiretos como doenças

volume e a velocidade que ela chega aos cursos d’água.

causadas pelo contato com águas contaminadas.

(POMPÊO, 2000, apud, BENINI, 2015).

e automóveis convivem em harmonia mesmo estando

Segundo Benini (2015), estes efeitos só ocorrem porque

A figura 15 ilustra a diferença de infiltração e escoamento das

no mesmo nível e sem sinalizações de trânsito, fazendo

84% da população brasileira vive em áreas urbanas e com

águas pluviais em uma área natural e uma área urbanizada.

com que o motorista se veja obrigado incoscientemente a

isso as cidades precisam crescer de forma rápida, porém

diminuir a sua velovidade e prestar atenção em tudo a sua

muitas normas urbanísticas são desrespeitadas ficando

volta.(SILVA, 2015)

a cidade a mercê dos interesses ditados pelas leis de

Apesar de não ser considerado uma tipologia de

É um conceito holandês que surgiu na década de 1970 e significa rua viva. Esse estilo é muito popular na Europa e nos Estados Unidos e trata-se de uma rua ou quadra, onde o desenho usual das ruas que segrega pedestres de veículos não é utilizado. Nesse conceito pedestres, ciclistas

24

expansão desordenada.

Segundo Mota (2003), apud, Benini (2015), além dos efeitos citados acima causados pelo processo de urbanização, também podem haver outras alterações como por exemplo, alterações do

no

lençol

nível freático,

maior erosão do solo e aumento do processo de

assoreamento.

Tais efeitos podem ser agravados caso as áreas urbanas

tenham

sido

ocupadas em locais de Figura 14 - Exemplo de Woonerf Fonte: https://meiaum.files.wordpress.com/2015/09/woonerf-kaptensgatan-la-citta-vita-flickr-com.jpg, acesso em 31/10/2017.

alta declividade ou em

Figura 15 - Impacto da urbanização na impermeabilização do solo Fonte: Google.

áreas sujeitas a inundações.


Para

Silva

(2011),

apud,

Benini

(2015),

as modificações feitas na paisagem para implantação das cidades afetam diretamente o ciclo hidrológico e com isso causam sérios danos como, processos erosivos e inundações. As imagens 16 e 17 mostram respectivamente a variação da vazão do escoamento de águas em diferentes ambientes e a consequência da

infiltração e aumento do escoamento superficial. Nessa fase ocorre falta de tratamento de lixo e esgoto, ocasionando poluição nas águas. Na última fase, que corresponde ao urbano avançado, ocorrem muitas edificações residenciais e públicas, instalação de indústrias, acarretando aumento do escoamento superficial, vazão, pico de enchentes. (VIEIRA; CUNHA, 2005, apud, BENINI, 2015).

urbanização em áreas sujeitas a inundações.

Figura 16 - Variação temporal da vazão de escoamento segundo o grau de urbanização.

Conforme mostrado acima, é possível dizer que qualquer

Fonte: Tucci, 2002, apud Benini, 2015

que seja a escala da urbanização trará impactos ao ciclo Para Vieira e Cunha (2005), apud, Benini (2015), a ocupação do solo afeta o ciclo hidrológico através de processos que se divide em três partes:

Figura 17 - Consequência da urbanização em áreas de inundações. 'Fonte: Tucci, 2002, apud Benini, 2015

[...] a primeira corresponde à transformação do pré-urbano para o urbano inicial, em que ocorrem a remoção de árvores, da vegetação e a construção de casas, aumentando a vazão e a sedimentação, e a construção de tanques sépticos e drenagem para o esgoto, aumentando a umidade do solo e a contaminação. A segunda engloba a construção de muitas casas, edifícios, comércio, calçamento das ruas, acarretando diminuição na

hidrológico e consequentemente interferindo na dinâmica da natureza, e consequentemente nos ecossistemas urbanos, com isso torna-se indispensável o planejamento e gestão de técnicas que tem como função minimizar tais efeitos.

25


26


REFERÊNCIAS PROJETUAIS

27


REFERÊNCIAS PROJETUAIS Feita a fundamentação teórica, avança-se a etapa a etapa

Segundo Luchi, Collodetti e Caser (2011) o objetivo desse

O projeto proposto foi a implantação de infraestrutura ver-

de referências projetuais afim de ilustrar e embasar a futura

trabalho consistiu em levantar técnicas de infraestrutura

des em dois pontos da cidade de Serra – ES, que se co-

proposta a partir de dados reais.

verde e propor sua aplicação que priorizou conectar áreas

nectam a partir de um corredor verde, em cada uma dessas

livres de bairros já estabelecidos no distrito de Serra-ES,

duas áreas propôs-se a implantação de jardins de chuva

criando uma integração entre os fragmentos verdes (pat-

e pavimentos drenantes nas vias, além de uma ciclovia e

ches) e atribuir novos usos a eles, através de uma requalifi-

além do plantio de algumas espécies vegetais arbustivas e

cação paisagística do local.

arbóreas. A largura das vias foi reduzida afim de diminuir a

3.1 Proposta de infraestrutura Verde: Estudo de casos em Serra – ES 28

velocidade do tráfego, para melhor uso da ciclovia.

O município de Serra – ES teve seu crescimento efetivo a partir da década de 1970, quando indústrias foram instaladas no município afim de buscar condições econômicas favoráveis e mão-de-obra barata. Este crescimento provocou no município um grande aumento populacional somando no ano de 2000 quase 11% da população de todo o estado do Espírito Santo. Nos últimos anos se tornou comum o acontecimento de enchentes, desmoronamentos de barreiras e desabamento de casas no local, tendo em vista esse quadro tornou-se fundamental a integração do ambiente urbano com o ambiente ecológico afim de minorar os efeitos causados por essa falta de integração. (LUCHI, COLLODETTI e CASER, 2011). Figura 18 - Mapa de localização dos bairros. 'Fonte: Luchi, Collodetti e Caser, 2011


A imagem 21 mostra a planta baixa referente à proposta feita para a Avenida Asteca, que consiste em manter algumas vagas de estacionamento, porém com um número reduzido para dar lugar aos jardins de chuva. Já o corte apresentado na figura 22, mostra características diferentes para cada lado da Avenida, no lado onde há o posteamento as árvores são menores, para evitar danos à rede e do outro Figura 19 - Localização e vista atual da Avenida Asteca.

lado árvores de porte maior junto às áreas de estar.

'Fonte: Luchi, Collodetti e Caser, 2011

29

Figura 20 - Localização e vista atual da Rua Niterói. 'Fonte: Luchi, Collodetti e Caser, 2011

Figura 21 - Planta baixa da proposta para Av. Asteca. 'Fonte: Luchi, Collodetti e Caser, 2011

Figura 22 - Corte da proposta para a Av. Asteca.. 'Fonte: Luchi, Collodetti e Caser, 2011


3.2 Infraestrutura Verde Aplicada ao Planejamento da Ocupação Urbana na Bacia Ambiental do Córrego D’Antas, Nova Friburgo – RJ

tendo em vista que se localiza a montante e com isso as alterações podem refletir em toda a área da bacia.

A ocupação da área urbana de Nova Friburgo iniciou-se por volta de 1820, com a vinda de colonos suiços para o Brasil, esta ocupação estabeleceu-se com maior densidade ao longo das planícies de inundações do Rio Bengalas e de seus formadores, Rio Santo Antônio e Cônego. Com o aumento da população por volta da década de 1960, pela instalação de um polo industrial, teve um acrescimento de habitantes de aproximadamento 50.000 em trinta anos, o

30

que dificultou o planejamento do uso e ocupação do solo elas autoridades. Até os dias de hoje nota-se a contrução de moradias em lugares irregulares como nas encostas e nas margens de rios e córregos. (VASCONCELLOS, 2011). Devido à extensão de Nova Friburgo, foi selecionado para a área de estudo a bacia hidrográfica do Córrego D’Antas, adjacente à bacia hidrográfica do Rio Bengalas, sendo esta a principal área de expansão da cidade de Nova Friburgo. (VASCONCELLOS, 2011). De acondo com Vasconcellos (2011), o principal motivo para a escolha da área de estudos foram os desastres ocorridos no período de chuva, mais especificamente janeiro de 2011, a área também é o recorte físico ideal

Figura 23 - Limite da área de estudo: Bacia Ambiental do Córrego D’Antas. 'Fonte: Vasconcellos, 2011


Para a implantação da porposta, a região foi dividida em duas áreas: áreas não ocupáveis em função do seu suporte biofísico e da sucetibilidade que terão o papel de links e hubs e as áreas ocupáveis serão propostas diferentes diretrizes para cada área específica levando em consideração a sua vocação e características particulares, principalmente quanto ao grau de urbanização. A setorização feita levou em consideração o zoneamento estabelecido pelo plano diretor do município.

31

Figura 24 - Mapa de setorização. 'Fonte: Vasconcellos, 2011


3.3 Rio + Verde Este projeto apresenta propostas para o aproveitamento da biodiversidade, dos espaços livres existentes e do sistema viário do município, por meio da criação da implementação de uma rede verde-azul, que possam organizar espaços urbanos e que além disso agreguem funções ecológicas e

aumento da área verde e da biodiversidade; priorizar os meios de circulação não-motorizados, como pedestres e ciclistas; criar locais para a integração da população com o meio ambiente; controle e redução do assoreamento dos corpos d’água; melhoria do micro-clima; e realce dos meios naturais. (SANTOS, 2014).

sociais. (HERZOG et al., 2009 apud SANTOS, 2014). Segundo Herzog et al (2009), o trecho escolhido para a intervenção é uma área bastante utilizada pela população em geral, incluindo turistas e de grande visibilidade o que facilitará a sua aplicação e possivelmente até ser replicada

32

em outros pontos da cidade. A área de estudo vai da bacia do Rio dos Macacos, passando por trilhas e quedas d’água, além de ocupações urbanas formais e informais, passando pelo Jardim Botânico e segue pela margem sudoeste da Lagoa Rodrigo de Freitas, até chegar às praias de Ipanema e Leblon. Toda essa área encontra-se muito poluída por sedimentos, de áreas impermeabilizadas, recebe água poluída do rio Cabeças e do canal do Jockey Clube e sofre com frequentes inundações. (HERZOG, et al., 2009). Para a intervenção seguiu-se as seguintes diretrizes: aumento da permeabilidade do solo; implantação de tipologias para a contenção e infiltração das águas pluviais;

Figura 25 - Delimitação da área de implantação. 'Fonte: https://inverde.wordpress.com/rio-verde/, 2009 acesso em 13/03/2017.


33 Figura 26 - Naturalização das margens da lagoa 'Fonte: https://inverde.wordpress.com/rio-verde/, 2009 acesso em 13/03/2017.

Figura 27 - Naturalização General Garzon. 'Fonte: https://inverde.wordpress.com/rio-verde/, 2009 acesso em 13/03/2017.


34


ÁREA DE INTERVENÇÃO

35


ÁREA DE INTERVENÇÃO Este capítulo tem como propósito a apresentação da

expansão urbanas e os 55% restantes correspondem

Com 794.819.19 metros quadrados, 79,48 hectares, a

área da intervenção, trazendo informações acerca dos

aáreas rurais. (SANTOS, 2014, p.68).

área de intervenção mostrada no mapa acima com o

levantamentos territoriais, demográficos e ambientais de

contorno em amarelo, é circundada

Ribeirão Preto - SP e por fim a apresentação da proposta

pelas

de implantação de infraestrutura verde localizada na área

Independência, Rua Prudente de

central do Município de Ribeirão Preto –SP.

Morais, Rua Barão do Amazonas,

seguintes

Avenida

36

4.1 Apresentação da área A cidade de Ribeirão Preto está localizada no setor nordeste do estado se São Paulo, e distancia-se da capital cerda de 310Km. A Região administrativa a qual Ribeirão Preto pertence e é sede é constituída de 25 municípios de acordo com a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento

Nove

vias:

de

Avenida

Julho,

Rua

Amador Bueno, Rua Duque de Caxias, Rua Cerqueira César e Rua Américo Brasiliense. A área escolhida contém um total de vinte e duas vias e cinco praças onde são encontradas as maiores superfícies vegetadas do local.

Regional. Os municípios que fazem divisa com a cidade são: Jardinópolis ao norte; a nordeste, Brodowski; a leste, Serrana; ao sul, Cravinhos; a sudoeste, Pradópolis; a oeste, Dumont; a noroeste, Sertãozinho. As áreas urbanas e rurais

Figura 28 - Mapa de Ribeirão Preto – SP, com localização da área de estudo.

de Ribeirão Preto apresentam um total de 651,3Km², sendo

'Fonte: Elaborado pelo autor

que 45% deste território corresponde a áreas urbanas e de


4.2 Mapeamento de dados ambientais da região escolhida No que diz respeito à permeabilidade do solo e cobertura arbórea, Ribeirão Preto mostra uma deficiência muito grande especialmente em regiões muito adensadas como é o caso da região central, os pontos com maiores quantidades de áreas permeáveis são as praças que fazem farte da área de estudo, a seguir algumas imagens que confirmam essas deficiências. A figura 29 mostra a quantidade de área verde presente em cada região de Ribeirão Preto, com o foco na região central.

37

Já a figura 30 mostra a escassez de cobertura vegetal nos bairros mais adensados, mostrando que a cidade quase que completamente está abaixo do limite aceitável de cobertura arbórea, de acordo com Polizel (2012).

Figura 29 - Mapa de índica de vegetação. 'Fonte: Polizel, 2012, adaptado pelo autor.


4.3 Hierarquia viária Em relação a hierarquia viária da área de intervenção, através de visitas ao local, ficou claro que os maiores polos geradores de fluxo são as áreas comerciais, como o calçadão, a Rua Barão do Amazonas, parte da Rua São Sebastião e parte da Rua Américo Brasiliense, em segundo plano encontra-se as escolas e shopping gerando um fluxo médio de veículos, conforme mostra o mapa a seguir. Completando o estudo das vias, é importante destacar a quantidade de linhas que passam pela área de estudo, nota-se que a região recebe uma grande quantidade de

38

linhas, tendo em vista que é a região com maior número de fontes geradoras de trabalho e comércio. A figura a seguir mostra através de um diagrama as linhas e seus respectivos caminhos.

Figura 30 - Mapa de índica de vegetação. 'Fonte: Polizel, 2012, adaptado pelo autor.


39

Figura 32 - Pontos de Ă´nibus municipal. 'Fonte: CittaMobi. Figura 31 - Hierarquia viĂĄria. 'Fonte: Produzido pelo autor.


4.4 Topografia A área de estudo, bem como os restante da região central de Ribeirão Preto, apresenta uma inclinação de 3% a 8% caracterizando um terreno de média inclinação, possuindo apenas alguns pontos de declividade elevada, declividade essa encontrada na rua Rui Barbosa de inclinação entre 25% e 30%.

40

Figura 33 - Mapa topográfico com níveis. 'Fonte:http://pt-br.topographic-map.com/places/Ribeir%C3%A3o-Preto-8151564/ acesso em 23/08/2017, adaptado pelo autor.


4.5 Gabarito Na área de estudo predomina tipologias de até dois pavimentos como mostra o mapa abaixo, porém nota-se um aumento de tipologias com mais de 7 pavimentos nas proximidades das praças existentes no local.

41

Figura 34 - Gabarito. Fonte:Produzido pelo autor.


4.6 Aspectos hídricos Em relação aos aspectos hídricos, como mostra o mapa a seguir, a área de estudo delimitada não contém cursos d’água, porém é uma das grandes responsáveis pelas cheias dos córregos Retiro Saudoso e do Ribeirão Preto, tendo em vista que na região central a quantidade de área permeável é irrelevante, em períodos chuvosos toda a água

Figura 36 - Alagamento cruzamento ruas Campos Sales x São José.

pluvial é diretamente e rapidamente levada até esses cursos

Fonte:Google.

d’água, provocando enchentes. Ainda sobre a falta de permeabilidade da região, é possível encontrar pontos de alagamento, mesmo a área tendo

42

uma ligeira inclinação aos cursos d’água como vemos nas imagens a seguir.

Figura 35 - Mapa hidrográfico. Fonte:Google Earth, elaborado pelo autor.

Figura 37 - Alagamento cruzamento ruas Prudente de Morais x Comandante Marcondes Salgado. Fonte:Google.


4.7 Estudo preliminar Neste subcapítulo serão apresentadas as propostas de implantação que integram o projeto tendo como referência todo o material acima exposto, desde a fundamentação teórica, passando pelas referências projetuais, chegando nas particularidades do local e também respeitando as normas vigentes. A imagem a seguir setoriza a região de estudo em três áreas

Figura 38 - Área 1.

que contém necessidades e características distintas. Para

Fonte:Google.

essa setorização foi levado em conta o fluxo e a qualidade

Figura 39 - Área 2. Fonte:Google.

Na área 2 que corresponde a área próxima ao calçadão,

Já na área 3 localiza-se a região com maior porcentagem

apresenta a mesma característica da área 1 em relação

de inclinação topográfica, inviabilizando a implantação de

a sua inclinação topográfica, por isso também é possível

tipologias que permitem a permeabilidade do solo, portanto

Na área 1 que corresponde a maior parte da região de

a implantação de biovaleta, jardim de chuva e pavimento

nessa área só é possível a implantação do muro verde

estudo, é possível a implantação das seguintes tipologias:

drenante, a diferença entre as duas áreas fica no quesito

tendo em vista a grande quantidade de muros (alguns

biovaleta, jardim de chuva, pavimento drenante, muro verde,

muro verde que na área 2 existe muitos prédios históricos

deles já contendo vegetação) e a implantação da Woonerf,

e Woonerf. Justifica-se a escolha das tipologias tendo em

o que impossibilita a implantação deles e a falta de muros

tendo em vista a baixa intensidade de fluxo nas vias e a

vista a baixa porcentagem de inclinação topográfica o

de divisa (empenas cegas) e em relação a Woonerf na área

grande quantidade de vegetação existente o que facilita a

que torna eficiente a permeabilidade do solo e com isso

2 já existe uma área que pode ser considerada como tal

implantação das mesmas.

possibilita a implantação da biovaleta, jardim de chuva e

(calçadão), tornando desnecessário a implantação de uma

pavimento drenante; a grande quantidade de empenas

nova nessa área.

das vias, as calçadas e a quantidade de vegetação existente no local.

cegas encontradas na área possibilitam a implantação dos muros verdes; e em alguns pontos a partir da redução do trânsito de veículos é possível a implantação de Woonerf.

Figura 40 - Área 3. Fonte:Google.

43


4.8 Critérios para definição da área do projeto Para a delimitação da área do projeto foi levado em conta cinco itens que auxiliarão na elaboração do projeto, por facilitar a sua implantação e/ou ajudar nas necessidades da área. Abaixo estão listados os critérios e suas respectivas contribuições para a escolha:

1. Dimensão de via e calçada Este item é essencial, tendo em vista que a maior parte do projeto interfere nas ruas e calçadas, com a intenção de torna-las mais permeáveis e arborizadas. A escolha das vias pode ser pela capacidade já encontrada dela suportar

44

tais infraestruturas verdes ou por sua incapacidade, fazendo com que o projeto melhore as condições dessas vias.

2. Fluxo viário Em relação ao fluxo viário, a escolha da área pode ser feita tanto pelo excesso de tráfego, fazendo com que essa via se torne mais “humanizada” ou pela falta de tráfego, aproveitando essa característica para não interferir no trânsito da região.

3. Vegetação Este critério pode ser baseado pela escolha de uma área com grandes áreas verdes e torná-la ainda mais agradável Figura 41 - Setorização de tipologias. Fonte:Produzido pelo autor.


para os pedestres, como também uma área sem áreas

3.

verdes, fazendo com que seja mais bem aproveitada pelos

com grande quantidade e pontos com

pedestres.

nenhuma vegetação ou área permeável

4. Rede elétrica A escolha do local do projeto com base em sua rede elétrica existente influencia no porte das árvores que se encontram

Escassez de vegetação: Pontos

(próximo ao calçadão); 4.

Rede elétrica: existente (lado

direito);

no local e poderão ser plantadas e também a sua localização,

5.

caso seja de porte grande não poderá estar do mesmo lado

(próximo à praça Luís de Camões).

da rede elétrica.

5. Empena cega das edificações Este critério de escolha também é importante devido que uma das tipologias a serem implantadas no projeto são os

Empena cega: alguns pontos

Rua Lafaiete 6.

Dimensão da via e calçada

existente: 7m via; 2,80m calçada; 7.

Fluxo: Predominantemente baixo;

empenas cegas é necessária para a utilização de todas as

8.

Escassez de vegetação: Pontos

tipologias selecionadas.

com vegetação de pequeno e

muros verdes, ou seja, a escolha de uma área que contém

A partir dos critérios acima duas ruas foram selecionadas para fazerem parte do projeto, são elas:

médio porte e pontos com nenhuma vegetação ou área permeável; 9.

Rua Tibiriçá 1.

45

Rede elétrica: existente;

10. Empena cega: alguns pontos (muros de condomínios e escolas).

Dimensão da via e calçada existente: 7m via; 3m

calçada; 2.

Fluxo: Predominantemente baixo; Figura 42 - Localização das vias escolhidas. Fonte:Google Earth, adaptado pelo autor.


4.9 Quadro de necessidades Neste subcapítulo serão listados os itens que integraram

Quadro 4: Quadro de necessidades QUADRO DE NECESSIDADES

o projeto, caracterizando e dimensionando cada item, de acordo com as características do local de intervenção.

RUA

ASPECTOS PROJETUAIS MOBILIDADE

MOBILIÁRIO TIBIRIÇÁ

INFRAESTRUTURA VERDE

46

MOBILIDADE

LAFAIETE

MOBILIÁRIO

INFRAESTRUTURA VERDE Fonte: Produzido pelo autor.

CARACTERÍSTICAS

DIMENSÃO

Ciclofaixa Calçadão Vias Bicicletário Banco Lixeira Pavimentos drenantes Muros verdes Jardins de chuva Biovaleta Wonerf Ciclofaixa Calçadão Vias Ponto de ônibus Bicicletário Banco Lixeira Pavimentos drenantes Muros verdes Jardins de chuva Biovaleta

1,5m 8m - total 3,5m 1,5m de comprimento 2m x 0,50m 35lts Calçada e alguns pontos da via Nas empenas cegas No lado mais largo da calçada Conectando os jardins de chuva Em toda a extensão da rua 1,5m 7,6m - total 3,5m 4,5m de comprimento 1,5m de comprimento 2m x 0,50m 35lts Extensão da calçada Nas empenas cegas No lado mais largo da calçada Conectando os jardins de chuva


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PROJETO

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PROJETO Neste capítulo serão apresentadas todas as intervenções

pontos de intervenção e também as áreas de detalhamento

propostas para de estudo. A área escolhida para o

que foram escolhidas por apresentarem o maior número de

detalhamentos foi a Rua Tibiriçá, por apresentar a

intervenções.

capacidade de comportar o maior número de tipologias.

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E Por fim nos detalhamentos das áreas foram apresentadas

O intuito do trabalho é criar um projeto que torne viável a

as intervenções como os pavimentos drenantes, jardins

sua aplicação e também possa ser replicado em toda a área

de chuva, parede verde, uma ciclofaixa, vagas de

de estudo, para intensificar os seus efeitos positivos.

estacionamento quando necessárias. É importante ressaltar

Primeiramente, foi elaborado o projeto de implantação que com base na fundamentação teórica e nas referências projetuais, localizou as tipologias e os pontos possíveis de suas aplicações, o que mostrou a capacidade da Rua Tibiriçá de comportar o maior número delas. Em seguida, a área do projeto foi mapeada com a sua situação atual, ou seja, todas as árvores existentes, todas as entradas de veículos e de pedestres e todas as áreas permeáveis foram devidamente posicionadas nos seus respectivos lugares, com o intuito de auxiliar viabilidade do projeto. A proposta de implantação veio em seguida, trazendo os

que todas as intervenções propostas, tem a intensão de tornar a área mais permeável contribuindo com a infiltração da água no solo e também para a diminuição da velocidade da água até o leito mais próximo, além de tornar o local mais agradável para os pedestres. Em relação às vegetações escolhidas, todas as árvores que foram esolhidas para compor o projeto, apresentam grande capacidade paisagistica e de sombreamento.


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Figura 43 - Existente (exemplo de empena cega).

Figura 44 - Existente (exemplo

Fonte:Google Earth.

Fonte:Google Earth.


o de empena cega).

Figura 45 - Existente (área sem vegetação ou área permeável). Fonte:Google Earth.

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ÁREA 1

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ÁREA 2

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A

B

B 56

A

ÁREA 1 ESCALA GRÁFICA 0 5 10 15 20 25

N

50


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CORTE AA ESC. 1:100


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CORTE BB ESC. 1:100


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A

B

B A

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ÁREA 2

N

ESCALA GRÁFICA 0 5 10 15 20 25

50


61

CORTE AA ESC. 1:100


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CORTE BB ESC. 1:100


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Ciclofaixa Faixa de veículos Rampa de acesso Rampa de acessibilidade

DETALHAMENTO CRUZAMENTO SEM ESCALA

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Calçada Estacionamento

Faixa de veículos

Ciclofaixa

Figura 46 - Imagem de cruzamento. Fonte:Produzido pelo autor.

DETALHAMENTO VIA SEM ESCALA


Pavimento permeável Dreno da calçada Barragem em argila compactada Parede jardim de chuva e=10cm Canal gradeado i=2%

Sentido de escoamento

Vegetação Pavimento permeável

Sentido de escoamento

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DETALHAMENTO JARDIM DE CHUVA SEM ESCALA

Pavimento permeável Solo do jardim de chuva Areia grossa Material agregado Solo existente

CORTE JARDIM DE CHUVA SEM ESCALA Figura 47 - Imagem de jardim de chuva.

Figura 48 - Imagem de cruzamento.

Fonte:Produzido pelo autor.

Fonte:Produzido pelo autor.

Pavimento permeável

Solo do jardim de chuva Areia grossa


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Vegetação A massa vegetal de todo projeto foi pensada como um elemento de sombreamento para os usuários do local, com isso o diâmetro das copas foi escolhido para proporcionar sombra. As árvores escolhidas para integrarem o projeto, são de portes médio e grande, todas nativas da região.

67 Figura 51 - Imagem de Sabão de Taboa. Figura 50 - Imagem de Sabão de Soldado. Fonte: http://www.vivafloresta.org/especies/sabao-desoldado, acesso em 29/10/2017.

Figura 49 - Imagem de Alecrim de Campinas Fonte:https://sobasombradasarvores.wordpress.com/ pau-brasil/alecrim-de-campinas-holocalyx-balansae/, acesso em 29/10/2017.

Fonte: http://www.ecoeficientes.com.br/quais-especies-deplantas-conseguem-filtrar-a-agua/, acesso em 29/10/2017.


Muro verde

Pavimentos drenantes

Os muros verdes serão instalados nos muros que faceiam

Os pavimentos drenantes estarão presentes tanto nas vias,

as vias, afim de auxiliar na composição da paisagem e na

quanto na ciclofaixa e calçadas, tendo como função auxiliar

diminuição da temperatura, conforme imagem ao lado.

na absorção da água da chuva, conforme imagens ao lado.

68 Figura 54 - Imagem de pavimentos drenantes. Fonte: https://rhinopisos.wordpress.com/ acesso em 29/10/2017. Figura 52 - Imagem de muro verde. Fonte: http://www.paisagismolegal.com/2012/08/murosv-e-r-d-e-s.html acesso em 29/10/2017.

Mobiliário - Ponto de ônibus Os pontos de ônibus contém cobertura vegetal para manter auxiliar na diminuição da temperatura, conforme a imagem ao lado.

Figura 53 - Imagem de Ponto de ônibus. Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2017/posts/ caixas-do-sul-rs-instala-ponto-de-onibus-com-teto?tag=cidadessustentaveis acesso em 29/10/2017.


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CONCLUSÃO

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CONCLUSÃO Após análise dos conceitos que envolvem esse trabalho, como os planejamentos urbano e ambiental, ecologia urbana, sustentabilidade, infraestrutura verde e drenagem urbana e seus respectivos conceitos, nota-se que o cenário atual da cidade de Ribeirão Preto se encaixa perfeitamente nas soluções apresentadas por esses temas, tendo em vista a baixa quantidade de área verde e permeabilidade do solo

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na área de estudo o que traz prejuízos para a população. Assim, a proposta de implantação de Infraestruturas Verdes, se encaixa como uma medida plausível e bastante eficaz para o controle de enchentes e melhoria do micro-clima, podendo ser implantada em toda a área central da cidade.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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