REPÓRTER DIÁRIO
2º Ciclo de Palestras Novembro 2011
EDUCAÇÃO REGIONAL desafios e oportunidades
Índice 2º Ciclo de Palestras
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RD Ideias é uma publicação do Jornal Repórter Diário
CARTA AO LEITOR Educação tem de ser prioridade
Jornalista responsável: Airton Resende
PONTO DE VISTA Plano Nacional de Educação e o ABCD paulista
Edição: Maria do Socorro Diogo
ENTREVISTA Haddad defende união de forças para Educação
Reportagem: Aline Bosio, Carolina Neves, Larissa Marçal, Leandro Amaral, Tiago Oliveira e Rafael Nunes Comercial: Claudia Plaza e Eduardo Bonelli Martins Fotos: Marciel Peres, Carolina Neves e Divulgação Projeto gráfico: Rubens Justo Editoração eletrônica: Flória Napoli REPÓRTER DIÁRIO
Endereço: Rua Álvares de Azevedo, 210 Centro - Santo André Telefones: 4427-7800 - 4436-3965 www.reporterdiario.com.br
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DEBATE Ciclo de Palestras RD debate futuro da Educação no ABC Pelo segundo ano consecutivo o Repórter Diário reuniu especialistas do governo e da sociedade civil para debater assuntos de interesse da região. PNE Plano Nacional de Educação busca evitar erros do passado Projeto de lei 8.035/2010 no Congresso Nacional traça 20 metas e várias diretrizes que, aprovado, promoverá grandes mudanças na área de Educação até 2020. PROJETO Plano Regional pode ser mais adequado As diretrizes do PNE são únicas para todos os municípios brasileiros, porém parte das metas já foi alcançada em algumas cidades e no ABC a proposta é criar um modelo exclusivo para a região.
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PROFESSOR Ao mestre com carinho? Considerada um dos principais pilares de sustentação nacional, a profissão de professor hoje é uma das mais desvalorizadas no Brasil. Baixos salários, perda de autoridade e falta de atualização alimentam o ‘apagão’ de novos profissionais. INCLUSÃO ABC desperdiça bolsas do Prouni Auditoria do TCU indica que 30% das 919 mil vagas abertas no Prouni até 2011 não foram preenchidas; no ABC o índice não é muito diferente.
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INADIMPLÊNCIA Lei do calote está na berlinda Dirigentes de escolas privadas reclamam dos prejuízos da lei nº 9.870/1999, que permite aos estudantes inadimplentes a permanecerem na escola até o final do contrato.
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Impressão: Logus Gráfica
PAIS Excesso de liberdade à criança desafia educadores Profissionais de educação da área de comportamento aponta o reflexo escolar do distanciamento dos pais sobre a transmissão de valores aos filhos.
Capa: Lucas Carbhiaki Prudente aluno do ensino fundamental EMEIEF Professor José Lazzarini Junior, de Santo André.
MEIO AMBIENTE Educação ambiental começa com os pequenos Antes tratada superficialmente, a Educação Ambiental ganhou espaço fixo na sala de aula, apesar da crítica de que o modelo está ultrapassado. TRABALHO Mercado de trabalho necessita de líderes Para dirigentes do mundo corporativo, o estudante que consegue aprender na prática tem grande diferencial no mercado de trabalho, hoje carente de líderes.
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Carta ao Leitor
Educação tem de ser prioridade O
principais gargalos e oportunidades na Educação regional. Com suporte do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e do Centro Universitário Fundação Santo André, o debate reuniu especialistas e cinco secretárias de Educação do ABC. Entre outros resultados, nasceu a proposta de criação do Plano de Educação Regional. Ideia ousada sim, mas necessária para garantir o sucesso do PNE na região. Propostas assim tivessem sido feitas no passado o Brasil já estaria em melhores patamares no IDH. É preciso acreditar que é possível ir além e correr atrás. Os municípios unirem-se na adoção de ações comuns, seguirem os exemplos que deram certo, aproveitarem as oportunidades e acabarem com os gargalos. Os professores é um deles. Importante referência na vida de qualquer criança, a categoria precisa novamente ser valorizada em seus salários e receber capacitação permanente. Os mestres precisam urgente voltar a ser respeitados antes que o Brasil sofra um apagão de novos profissionais. Como nos disse o professor Enio Borba Carti, numa excelente reportagem sobre o assunto, estamos no subsolo do poço. O IDH do Brasil também poderia ser melhor se as bolsas do Prouni não fossem tão desperdiçadas pela simples falta de comunicação do sistema com as escolas em estimular os nossos jovens a ingressarem nas universidades e atenderem, com qualidade, as necessidades do crescente mercado de trabalho, tão carente hoje de profissionais qualificados. A Educação precisa ser de fato prioridade para todos nós se quisermos subir bons degraus no ranking do IDH em 2012. E o ABC tem todas as condições de ajudar o Brasil neste desafio.
Brasil subiu para a 84ª posição entre os 187 países no ranking 2011 do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), na avaliação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O índice varia de 1 a 0, do país mais desenvolvido para o menos desenvolvido, e mede as condições de saúde, educação e renda de cada local. O IDH do Brasil passou de 0,715 em 2010 para 0,718 em 2011, o que nos mantém na categoria dos países com desenvolvimento humano alto. A Noruega, com índice de 0,943, lidera o ranking e o Congo é o lanterninha, com IDH de 0,286. Apesar da evolução, o Brasil perde até mesmo para seus irmãos latino-americanos. O Chile está em 44º lugar, Argentina em 45º, Uruguai em 48º e Cuba em 51º. A renda nacional bruta per capita puxou o ranking, com crescimento de 39%. No quesito educação, os dados não mudaram e indicam que o Brasil tem muita lição a fazer na área. A média de anos de escolaridade é de 7,2 anos, contra 12,6 anos da Noruega. Mais que reflexão, o resultado requer ações imediatas, concretas. O Plano Nacional de Educação, que está a caminho, pode ajudar o Brasil a galgar melhores índices. O PNE ainda é projeto de lei, mas está na agenda do País para ser aprovado e, principalmente, ser cumprido em todas as suas 20 metas e inúmeras diretrizes. Isso se quisermos crescer de fato. O Brasil está atrasado há décadas em educação e depende, e muito, do plano para evoluir, ser respeitado enquanto nação e ser competitivo economicamente. De tão importante, o PNE norteou o nosso 2º Ciclo de Palestras, em outubro. Em quatro painéis, trouxemos à discussão os
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Airton Resende Diretor de Redação do jornal Repórter Diário
Ponto de Vista
Plano Nacional de Educação e o ABCD paulista
Por Lucia Couto (*)
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Lucia Couto (*) é secretária de Educação de Diadema e coordenadora do Grupo de Trabalho da Educação do Consórcio Intermunicipal Grande ABC
Brasil vive hoje uma nova etapa em sua história. As políticas sociais e econômicas implementadas nos últimos oito anos pelo governo do ex-presidente Lula, com continuidade pela presidente Dilma, ajudaram a reduzir a desigualdade e oferecer novas oportunidades para milhões de brasileiras e brasileiros. A expectativa para os próximos anos é de consolidação destas conquistas e do aperfeiçoamento de diversas políticas públicas voltadas à garantia dos direitos sociais. O País emerge para um futuro promissor que exigirá de seus cidadãos um novo compromisso para seu desenvolvimento. A educação, como direito básico, tem tido no novo cenário avanços importantes, que vão além do debate da expansão e da garantia de vaga a cada cidadão em idade escolar ou fora dela. Se no passado tínhamos a necessidade de ampliar o acesso de nossas crianças e jovens à escola, atualmente nos debruçamos sobre o desafio de dar mais qualidade ao ensino público e valorizar os professores, cuja profissão foi historicamente sendo precarizada. A agenda nacional, que tem sido construída, parece priorizar essa questão e está expressa no PL 8.035/2010 do Plano Nacional de Educação (PNE), em debate na Câmara Federal. Através de 20 metas e 185 estratégias, traça um novo rumo da educação nacional para os próximos 10 anos. A mobilização em torno dos recursos a serem destinados ao setor tem ganhado força e toda a sociedade civil já debate a
necessidade de aumentar o volume de recursos investidos. Movimentos sociais propõem a modificação da meta prevista no projeto original de investimento de 7% do PIB para 10% até o fim desta década. Impossível? Parece que não. Nos últimos anos os recursos destinados à educação vêm num ritmo crescente que nos remete a um estado de alerta positivo. Em 2003, a área contava com orçamento de R$ 19 bilhões. Em oito anos o volume mais que triplicou e chegou a R$ 60 bilhões em 2010. Portanto, o momento é de mobilização em torno da discussão para vislumbrarmos um país que está na iminência de se transformar numa grande potência econômica. E o investimento em educação, além de estratégico, é fundamental para atingirmos essa condição. A região do ABCD paulista, como uma das maiores e entre as mais importantes regiões do Brasil, não pode ficar à margem do debate. O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, por meio do Grupo de Trabalho da Educação, tem pautado essa questão e propõe a elaboração de um plano regional de ações para os próximos 10 anos que, em sintonia com esse novo Brasil, invista cada vez mais em políticas de educação. Ampliarmos a cobertura da educação infantil, entendida como fase importante para o sucesso escolar de nossas crianças, e melhorar a qualidade de nossas escolas com mais investimentos na formação e carreira dos professores que transitam entre as sete cidades da região são ações fundamentais para o avanço do ABCD paulista. A hora é essa, não percamos mais tempo!
“A região não pode ficar à margem do debate”
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Entrevista
Haddad defende união de forças para Educação
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ernando Haddad está no Ministério da Educação há oito anos, primeiro como secretário executivo e depois como titular da Pasta, cargo que exerce desde julho de 2005. Prestes a deixar o posto para embarcar na empreitada eleitoral da disputa pela Prefeitura de São Paulo, o ministro salienta que os governos Lula e Dilma são os primeiros autorizados a afirmar que promoveram avanços significativos na educação brasileira, não apenas no aspecto quantitativo, mas principalmente na dimensão qualitativa. “Desde o governo Lula e agora com a presidenta Dilma Rousseff, o Brasil promove a maior reforma educacional que este País já viu. As gerações futuras irão colher os benefícios do que estamos realizando hoje”, diz. Entre as iniciativas na Pasta, Haddad destaca o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Voltado às escolas federais e técnicas, o programa visa expandir e democratizar a oferta de cursos técnicos e profissionais de nível médio e de cursos de formação inicial e continuada para trabalhadores. “O Pronatec vai fazer história”, acredita. Outra intervenção citada por Haddad é o Plano Nacional de Educação que, ainda está longe de ser aprovado. Com mais de 3 mil
emendas, o projeto tramita no Congresso. O Plano, com objetivos a serem alcançados até 2020, traz duas metas relacionadas à formação de professores, um dos principais gargalos: a garantia, em regime de colaboração entre a União, Estados e Municípios, de que todos os professores da educação básica passem a ter formação específica de nível superior, e a diplomação de 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, além da garantia a todos de formação continuada na área de atuação.
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“Gerações futuras
irão colher os benefícios do que realizamos hoje” Fernando Haddad
Segundo dados de 2009, do MEC, o Brasil contou com 270 mil licenciados, número acima dos 100 mil necessários para a reposição dos quadros nas escolas. “O problema é saber por que esses novos professores não exercem a profissão?”, questiona o ministro. Fernando Haddad ressalta que o PNE propõe a equiparação salarial do professor com a remuneração média das demais carreiras com mesmo nível de escolaridade até 2020. Os profissionais do magistério público são a primeira categoria a ter piso salarial nacional definido na Constituição Federal. O ministro é favorável ao PNE Regional proposto no Ciclo de Palestras RD Ideias Educação. Sobre as polêmicas envolvendo o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), Haddad acredita que problemas pontuais surgidos nos últimos três anos não representam entraves. Ao contrário, o ministro aposta que as qualidades da prova devem se sobressair a ponto de extinguir o vestibular. Em 2009, houve vazamento de conteúdo na gráfica que pertence ao Grupo Folha e a prova do ENEM foi adiada. Em 2010, houve erros de impressão de cadernos de perguntas. Ano passado, 14 questões vazaram numa escola de Fortaleza, capital cearense.
RD Ideias: O Repórter Diário promoveu em outubro último um ciclo sobre Educação e um dos palestrantes sugeriu que o ABC faça um plano regional. O senhor concorda? Fernando Haddad: Se os Estados e Municípios começarem um debate sobre os seus próprios planos, não vai acontecer o que ocorreu com o plano anterior, que foi aprovado, mas não houve mobilização para aprovação dos planos estaduais e municipais. E a educação básica é estadual e municipal. Não é federal. RD Ideias: A saída do Ministério, por conta da candidatura, não vai prejudicar o andamento dos projetos? Haddad: O principal projeto era o Pronatec que foi aprovado e sancionado, pois era a preocupação não deixar o Ministério antes da aprovação. Também tem a probabilidade de votação importante da lei que cria empresa pública de hospitais universitários, que está bem encaminhada. Tem também a lei de cargos para as universidades federais, que é preocupação dos reitores para que a expansão não sofra nenhum problema, além, evidentemente, do Plano Nacional de Educação, que tem perspectiva de ser votado em 2012.
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RD Ideias: O senhor tem dito que o Pronatec fará história. Por quê? Haddad: O Pronatec prevê a expansão das escolas técnicas federais, o apoio federal aos governos estaduais que quiserem ampliar sua rede própria de escolas técnicas, como é o caso do Centro Paulo Souza aqui em São Paulo; as parcerias com o Senai e Senac para que ampliem suas atividades, sobretudo voltadas a estudantes do ensino médio; e ao trabalhador desempregado, para que ele possa se qualificar e ocupar vaga no mercado de trabalho. O programa é muito abrangente e dialoga bastante com a agenda dos trabalhadores. RD Ideias: Qual a situação das escolas técnicas federais? Haddad: Pouca gente sabe que havia lei da época do Fernando Henrique Cardoso proibindo a expansão da rede federal de educação profissional. O Congresso tinha aprovado uma lei que restringe a capacidade de ampliar a rede própria. Isso vigorou de 1998/2004, quando foi revogada pelo presidente Lula. A partir de 2005 nós damos impulso ao maior programa de expansão na rede federal de educação profissional com a inauguração de 214 escolas técnicas em todo País. A presidente Dilma lan-
çou o plano de novas 208 escolas técnicas. Estamos falando de 422 unidades de educação profissional. Durante um século foram construídas apenas 140 escolas. São Paulo, que tinha apenas três, já tem 30 e o objetivo é chegar a 38 até 2014. Esse programa vai ser uma das grandes marcas do governo Dilma. RD Ideias: Os jovens serão beneficiados de que forma? Haddad: O Pronatec prevê investimentos de R$ 2 bilhões na oferta de bolsas-formação para alunos do ensino profissionalizante até o final de 2012. Com isso, será possível garantir educação de tempo integral aos jovens que frequentam o ensino médio, com o cumprimento do currículo normal somado ao ensino de profissão em outro período. A bolsa-formação está prevista no Pronatec e a ideia é que as bolsas cubram todos os custos referentes ao curso, além do transporte e alimentação dos estudantes. RD Ideias: Os professores reclamam da baixa remuneração. Isso vai mudar? Haddad: Se eu fosse apontar as metas que mais dialogam com os principais problemas da educação brasileira, diria que são as metas relacionadas ao magistério, no que diz respeito à
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Estudantes fazem o Exame Nacional do Ensino Médio, que colocará 1 milhão de jovens na universidade, apenas com o Prouni
formação e à remuneração. Sabemos que o magistério brasileiro tem remuneração 60% da média das demais profissões com nível superior. Se quisermos valorizar a educação, não há como dissociar a modernização da educação da valorização daqueles que são responsáveis pela área. Temos meta específica, que também conta com estratégicas específicas de equalizar a remuneração média do professor vis-a-vis a remuneração média com nível superior. RD Ideias: Mesmo com os problemas nas últimas edições, o senhor defende o formato do ENEM? Haddad: Quem é contra o ENEM, penso que está errado, de se colocar contra um programa que beneficiou tantas pessoas. Só com o ProUni (Programa Universidade para Todos), o ENEM colocará 1 milhão de jovens de baixa renda na universidade. O crime se combate com polícia, inquérito e investigação. Nós não podemos partidarizar um exame que todo o País tem desenvolvido. As pessoas conseguem discernir esses episódios pontuais, dois dos quais foram criminosos, o roubo da prova na gráfica em 2009 e a divulgação das questões do pré-teste em 2011.
RD Ideias: O senhor defende o fim do vestibular? Haddad: É preciso acabar com o vestibular, que é um grande mal que se fez à educação brasileira, porque você não organiza o ensino médio com cada instituição fazendo um programa de vestibular diferente. O ENEM é o que há de mais moderno no mundo e tem problemas em diversos países, mas temos de aprender a enfrentar esse negócio. O paulistano tinha 10 mil vagas na USP, com 75% dessas vagas preenchidas por alunos da escola particular. Agora o jovem de escola pública tem 150 mil bolsas do Prouni e 150 mil bolsas das federais fazendo o ENEM em São Paulo. Mudou a vida dele. RD Ideias: Mas sem o vestibular, continuaria apenas com uma edição do ENEM por ano? Haddad: Se nós tivermos mais de uma edição, teremos menos atropelos, mais parceiros, mais empresas interessadas em trabalhar com o sistema público. Com mais de uma edição por ano do ENEM, o número de inscritos em cada prova seria menor. O aluno vai fazer mais de um exame por ano, isso vai ser bom, vai gerar menos angústia.
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MÁRIO REALI
Debate
"Estamos no rumo certo, só falta avançar na qualidade”
2º Ciclo de Palestras RD - Educação
Ciclo de Palestras RD debate futuro da Educação no ABC
ODUVALDO CACALANO "As discussões devem deixar a política de lado e olhar o cidadão”
AIRTON RESENDE "A mídia deve sempre facilitar o debate para a sociedade”
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trizes a serem cumpridas pela próxima década e vêm atacar de frente problemas graves na área. Ao analisarem o PNE frente à realidade do ABC, os palestrantes aventaram a criação de um Plano Regional de Educação, com objetivos mais ousados, como zerar o déficit de 20 mil vagas em creches nos sete municípios. Airton Resende, diretor do Repórter Diário, idealizador do Ciclo, destacou a importância de a sociedade civil acompanhar os trabalhos no Congresso, principalmente de temas importantes, como Educação. “Muitas vezes os deputados têm visão diferente do que a sociedade almeja
elo segundo ano consecutivo, o Repórter Diário reuniu especialistas do governo e da sociedade civil para debater assuntos de interesse da região, com o 2º Ciclo de Palestras RD – Educação. O encontro aconteceu no dia 20 de outubro de 2011, na Fundação Santo André, e discutiu o tema ‘Construção da Educação Regional com Olho no Futuro’. Quatro painéis temáticos - O Plano Nacional de Educação e os Desafios dos Municípios, Desafios e Oportunidades da Rede Particular, Educação e Mercado de Trabalho, e Educação e Meio Ambiente - sintetizaram, por meio de especialistas e representantes da área, as grandes chances de melhoria e os entraves na educação do Brasil, principalmente, da região. O encontro contou com a inédita participação direta de cinco secretárias de Educação do ABC; além de Mário Reali, prefeito de Diadema e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC; e Oduvaldo Cacalano, reitor do Centro Universitário Fundação Santo André, e atraiu cerca de 200 profissionais e estudantes de Pedagogia . O Plano Nacional de Educação (PNE), em aprovação no Congresso Nacional, dominou as discussões, porque determinará 20 metas e dire-
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Secretárias Cleide Bochixio (Santo André), Margaret Freire (Mauá) Lucia Couto (Diadema), Cleuza Repulho (São Bernardo) e Rosi de Marco (Ribeirão Pires) participaram do encontro
Plano Nacional tem metas ousadas
sobre um assunto, então a mídia precisar dar sua contribuição. Só assim será possível fazer com que o cidadão se aproprie do que de fato é dele e participe, efetivamente, das discussões”, defendeu. Ao abrir o encontro, Mário Reali, salientou que o debate promovido pelo Repórter Diário é oportuno, tendo em vista as discussões que tangem a importância da qualificação profissional para que o País consiga alavancar o desenvolvimento. “Também é importante que todos os atores envolvidos na Educação em nosso País participem efetivamente da construção das metas e diretrizes do PNE. O envolvimento da sociedade é importante para que tudo que for aprovado seja, de fato, colocado em prática”, argumentou. Reali destacou a proximidade com o Ministério da Educação e os desafios que a região ainda precisa vencer. “Estamos no caminho certo, só precisamos evoluir na qualidade”, disse. Oduvaldo Cacalano, também defendeu o debate contínuo de assuntos relevantes como o futuro da Educação, mas fez uma ressalva. “As discussões devem sempre levar em consideração o cidadão e deixar a política de lado”, recomendou.
O Ciclo de Palestras abriu com o painel ‘O Plano Nacional de Educação e os Desafios dos Municípios’ sobre o projeto de lei 8.035/2010, tido como fundamental para a melhoria na qualidade do ensino no País, mas que pode não surtir um efeito tão visível no ABC. O sociólogo César Callegari, membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, defendeu a criação de um Plano Regional que contenha metas mais ousadas se comparadas com as que permeiam o documento nacional. “O grande desafio é fazer um trabalho articulado pensando o ABC de forma diferente. Por meio do Consórcio, que já tem experiência em debates com as sete cidades, é possível desenvolver texto regional com metas e desafios que vão além do PNE. Isso é importante, porque a região já atingiu muitas das metas propostas, então seria necessário adequar estes pontos e até mesmo ampliar algumas metas”, disse o palestrante. Entre as ideias de Callegari está o aumento do percentual mínimo de investimento dos or-
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Aplicação do PIB não agrada educadores
çamentos municipais destinados para Educação. “Se hoje a lei obriga que o mínimo aplicado na Pasta seja 25%, por que não ampliar para 26% ou 27%? Com certeza a região se destacaria muito no cenário nacional com este tipo de mudança”, disse o sociólogo, também diretor do SESI. O painel foi mediado por Lucia Helena Couto, coordenadora do GT da Educação do Consórcio.
O relator do Plano Nacional da Educação na Câmara dos Deputados, Angelo Vanhoni (PT-PR), definiu em 8% do PIB (Produto Interno Bruto) a meta de investimento público na área pelos próximos 10 anos, o que significa 1% a mais que a proposta inicial. Atualmente, o Brasil destina 5% do PIB na Pasta. “O PNE prevê que a partir de 2016 os alunos ficarão na escola dos 4 aos 17 anos. Esta mudança vai exigir investimentos em infraestrutura, expansão da rede e salário dos professores. Há a necessidade de aumento de recursos”, defendeu a secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho, também diretora da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação). “Acredito que 10% seria o ideal, mas isso poderia ser implantado de forma gradual”, sugeriu. A apresentação do relatório foi adiada diversas vezes, principalmente no início de dezembro devido, justamente, a conversas e acordos sobre a meta de investimento. A maior parte das cerca de 3 mil emendas apresentadas pediam a elevação do investimento para 10% do PIB.
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Profissionais e estudantes da área de Pedagogia deram atenção às apresentações
“ O grande desafio é fazer um trabalho articulado pensando o ABC de forma diferente “ César Callegari
MARGARET FREIRE "Plano Regional pode melhorar a qualidade da Educação”
JOSÉ LUIS LAPORTA “Instituições de ensino têm hoje vários desafios frente ao tema”
GLAUDISSÉIA FURLAN "Antes de tudo, governo precisa aprimorar a formação básica”
DERVAL SANTOS ROSA "Formação conjunta é o caminho ideal para mudanças”
Integração com empresas precisa melhorar Santos Rosa, acredita que formação conjunta é o caminho ideal para realizar mudanças na área educacional e formar profissionais melhores capacitados. “A universidade tem de interagir com poder público e a comunidade para acompanhar a demanda”, disse. Para o educador, o mercado exige inovação constante. “Precisamos formar o aluno para pensar no futuro. Porém, não adianta inovarmos o tempo todo sem pensar no cotidiano ou na formação do cidadão”, afirmou. Para atender sempre às necessidades do mundo corporativo, o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) utiliza pesquisas realizadas a partir das demandas na elaboração do currículo dos cursos. Mas a unidade em Santo André esbarra numa questão anterior aos cursos técnicos: problemas na formação básica dos alunos. Glaudisséia Furlan, gerente local, conta que, embora não seja de sua responsabilidade, a instituição auxilia os alunos em tarefas nas quais encontram mais dificuldade. “O poder público precisa aprimorar muito a formação básica para que possamos oferecer um ensino técnico ou superior de melhor qualidade”, reclamou Glaudisséia.
Não é novidade o enorme benefício da aproximação entre a academia e o mercado de trabalho para qualquer nação ter profissionais melhor qualificados e, com isso, alcançar o desenvolvimento. Porém, a relação entre as duas partes ainda precisa ser colocada em prática de forma mais efetiva. O assunto foi o tema do segundo painel do Ciclo de Palestras: Educação e Mercado de Trabalho – Oportunidades x Demandas, mediado por Margaret Franco Freire, secretária de Educação de Mauá. José Luis Laporta, coordenador de Eventos e Concursos do Centro Universitário Fundação Santo André, alerta que os principais desafios das instituições de ensino superior são preparar o jovem para o mercado de trabalho, descobrir qual será a carreira do futuro e adaptarse rapidamente às mudanças do mercado. “Uma pesquisa feita em setembro de 2010 pela Data Popular aponta que 75% dos jovens concordam que ter um diploma só vale a pena se o ensino for bom e os prepararam, de fato, para encarar o mercado lá fora”, aponta. Com a mesma linha de pensamento, o pró-reitor de Graduação da UFABC (Universidade Federal do ABC), Derval dos
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Público e privado de mãos dadas?
Meio ambiente foi assunto de painel
Os desafios e as oportunidades das escolas particulares também fizeram parte do debate do Ciclo de Palestras. Valmor Bolan, sociólogo e consultor da Anhanguera Educacional, aproveitou a para criticar a falta de entrosamento entre o poder público e a iniciativa privada. “Não precisamos que os deputados apontem como devemos trabalhar. Precisamos ser ouvidos”, disse. “Os atores da iniciativa privada precisam participar efetivamente das discussões acerca da Educação, porque tais escolas contribuem, e muito, para o ensino no País”, disse Bolan. Oswana Famelli, presidente da Associação das Escolas Particulares do ABC, também defendeu união. “A qualidade pode avançar muito se o público e privado derem as mãos”, destacou durante o painel, mediado por Cleide Bauab Eid Bochixio, secretária de Educação de Santo André. Oswana relatou que, apesar da dianteira na qualidade, a escola particular enfrenta desafios que podem ser superados com políticas. “O governo deixa de investir R$ 26 bilhões – valor estimado de quanto custaria bancar todos os alunos da rede privada no País. Porém, a cada R$ 100 de mensalidade, temos de reservar R$ 46 para pagar impostos”, calculou a dirigente.
De olho nas futuras gerações e na preservação do planeta, especialistas apresentaram no quarto painel do Ciclo exemplos de como anda a relação entre a Educação e o Meio Ambiente na região. A bióloga Sandra Gaspar apresentou alguns programas desenvolvidos em Santo André, como o Vivágua, que busca sensibilizar estudantes e educadores para temas relevantes do cotidiano e relacionados ao meio ambiente, como água e esgoto, resíduos sólidos e biodiversidade. Mestre em Administração, Sandra apresentou o Programa de Formação de Agentes Ambientais Mirins, que envolve estudantes de sete a 12 anos, e o Gehidro, voltado à gestão comunitária de microbacias hidrográficas. Outra ação de sucesso apresentada foi o projeto da AES Eletropaulo para Consumo Consciente de Energia Elétrica. O programa leva o tema para escolas com objetivo de incentivar o consumo consciente de energia. “Na hora de desenvolver um projeto como este é necessário deixar claro aos alunos que meio ambiente não se trata apenas de florestas, mas do local onde se vive”, avaliou Heloisa Melillo, presidente da Melillo, responsável pela elaboração do programa.
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CLEIDE BOCHIXIO "Se derem as mãos a qualidade pode avançar”
SANDRA GASPAR "Temos de sensibilizar para temas do cotidiano”
VALMOR BOLAN "Não precisamos que ensinem a trabalhar”
HELOISA MELILLO "Precisamos dizer que meio ambiente não é só floresta”
PNE
Plano Nacional de Educação busca evitar erros do passado
Palestrantes CESAR CALLEGARI " Creio que 10% não seja um índice muito viável; 7% é mais dentro da nossa realidade"
CLEUSA REPULHO "Esta mudança vai exigir investimentos em infraestrutura, expansão da rede e mais salário"
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projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PL 8.035) apresentado pelo governo federal em dezembro de 2010 traça 20 metas e uma série de diretrizes para serem aplicadas na área de Educação até 2020. Esta é a segunda versão do plano. A primeira entrou em vigor em 2001 e também apontava objetivos para os 10 anos seguintes. Algumas das diretrizes apontadas no novo PNE são a erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, superação das desigualdades educacionais e valorização dos profissionais de Educação. O texto prevê ainda a melhoria na qualidade de ensino e promoção de sustentabilidade sócioambiental. Se todas as promessas forem cumpridas, a Educação no Brasil pode experimentar uma melhora significativa. O principal desafio, no entanto, é sair da teoria para a prática. O balanço do primeiro PNE mostra que apenas parte das metas estabelecidas foram alcançadas. O Ministério da Educação trabalha para que o fracasso não se repita. A falta de recursos é apontada como o principal motivo pelo insucesso do PNE original. O então presidente Fernando Henrique vetou o aumento de repasse do PIB para o setor, que passaria para 7%.
Mas o percentual de repasse foi apenas um dos pontos do PNE vetados à época. O texto original previa, ainda, a ampliação do Renda Mínima – embrião do Bolsa Família –, expansão do programa de crédito educativo e a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Superior. “O Plano era bom, mas enfrentou problemas, um deles o veto do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao aumento do repasse, de 5,1% para 7% do PIB destinado à Educação”, avalia a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação e secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho. Uma das metas do Plano anterior era erradicar o analfabetismo do Brasil até 2010. A parcela de analfabetos no País diminuiu nos últimos anos, mas ainda atinge cerca de 10% da população. Outro objetivo era garantir o acesso à EJA (Educação de Jovens e Adultos) para pelo menos metade dos brasileiros que não terminaram o ensino fundamental. Entretanto, os avanços alcançados foram suficientes para incluir apenas cerca de 30% da faixa da população.
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As 20 metas do PNE Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos. Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos. Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária. Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino. Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade. Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica. Atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB:
IDEB
2011
2013
2015
2017
2019
2021
Anos iniciais do ensino fundamental
4,6
4,9
5,2
5,5
5,7
6,0
Anos finais do ensino fundamental
3,9
4,4
4,7
5,0
5,2
5,5
Ensino médio
3,7
3,9
4,3
4,7
5,0
5,2
Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio. Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta. Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta. Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores.
Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. Garantir, em regime de colaboração entre a União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação. Valorizar o magistério público da educação básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente. Assegurar, no prazo de 2 anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos sistemas de ensino. Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar. Ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do PIB do País.
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PNE anterior previa garantir o acesso à EJA (Educação de Jovens e Adultos) para metade dos brasileiros que não concluíram o ensino fundamental
Projeto
Plano Regional pode ser mais adequado
Para especialistas, o ABC deve contar com um plano personalizado, adaptado à realidade da região
A
As diretrizes do Plano Nacional são únicas para todos os municípios brasileiros, no entanto, parte das metas já foi alcançada em algumas cidades. Por este motivo, os especialistas defendem que o ABC deve contar com um plano personalizado, adaptado especialmente à realidade da região. Uma das metas previstas no PNE é elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015. A busca por este indicador faz sentido em cidades, como de Alto Alegre, em Roraima, onde 17% dos jovens e adultos são analfabetos. Em São Bernardo, o índice chega a 3% na mesma faixa etária. “O ABC deveria traçar metas e até estabelecer novos objetivos para a Educação”, defende César Callegari, sociólogo, diretor de Operações do SESI-SP e membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. “O grande desafio é fazer um trabalho articulado pensando o ABC de forma diferente. Por meio do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que já tem experiência em debates que envolvem as sete cidades, é possível desenvolver texto regional com metas e desafios específicos que vão além do que propõe o Plano Nacional de Educação”, afirma César Callegari.
s 20 metas para a Educação no Brasil por meio do Plano Nacional, que traça série de diretrizes e objetivos na área até 2020, podem estar defasadas em algumas regiões do País. Isto porque a situação de algumas das propostas previstas no projeto de lei não é a mesma em todas cidades.
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A diferente realidade da Educação nas sete cidades é um dos desafios a serem enfrentados para viabilizar o Plano Regional de Educação. As secretarias de cada município precisam estabelecer diálogo para traçar metas em comum entre os municípios. “Estamos elaborando uma estratégia para organizar o Plano Regional de Educação, tentando elaborar proposta, levando em consideração os planos municipais”, explica a secretária de Educação de Diadema, Lucia Helena Couto, também diretora do Grupo de Trabalho da Educação do Consórcio Intermunicipal. Na avaliação de Lucia Couto, alguns temas são comuns para todos os municípios do ABC, o que justificaria a criação de Plano Regional proposto. “Questões como a expansão da cobertura da educação infantil e a valorização da carreira do professor são desafios em toda a região”, avalia. A secretária de Educação de Santo André, Cleide Bauab Eid Bochixio, alerta: “Assim como o Plano Nacional, o regional só dará certo se não for tão burocrático”.
Proposta local é bem recebida A presidente do Conselho Municipal de Educação de Mauá, Diana Maria de Morais considera positiva a iniciativa de criação do Plano Regional de Educação. “Acho que é uma ideia boa, é viável. Há problemas que atingem toda a região, como falta de vagas", opina a conselheira. Diana considera que as cidades da região já atingiram outras metas previstas no Plano Nacional. Enquanto o Plano Regional de Educação não sai do papel, os municípios da região procuram estabelecer metas próprias. Exemplo é Mauá que revisou em abril de 2011 o Plano Municipal de Educação, com o objetivo de adequar o texto às diretrizes do PNE. “Na verdade, Mauá já tem um plano municipal, que foi aprovado em 2004, e que é válido até 2014”, explica a secretária de Educação do Município, Margaret Franco Freire. “Mas, fizemos uma revisão e estamos finalizando o texto para entregar para a rede”, explica a secretária.
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Grupo de Trabalho Educação do Consórcio, coordenado por Lucia Couto, considera que alguns temas do PNE são comuns para toda a região
Professor
Ao mestre com carinho?
Antes profissão glamourosa e respeitada, professor está em baixa e corre risco de ‘apagão’ nos próximos anos; profissionais da área cobram investimento e envolvimento da sociedade
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anos de Magistério, 19 em sala de aula, além de outros quatro em especialização. Com uma vida profissional inteira dedicada à Educação, Vera Fraga, professora nas redes públicas de Santo André e São Bernardo, é mais um dos milhares de brasileiros que escolheram a carreira de professor como grande paixão profissional. Entretanto, o sentimento atual da educadora em relação à escolha reflete o mau momento que o setor vive no País. O que era considerado um dos principais pilares de sustentação, hoje é tido como emprego dos mais desvalorizados no Brasil – e é claro, em baixa. “Quando iniciei a minha vida acadêmica, há 25 anos, a gente tinha um ideal de melhorar a escola pública. De alguns anos para cá, ela até melhorou em ofertas de vagas, mas não há mais a mesma qualidade. Não se investiu no preparo dos professores”, afirma. “Peguei a transição de uma escola autoritária para o período democrático do País. Havia respeito com o professor. Hoje isso não existe mais”, aponta. O mesmo sentimento é compartilhado por boa parte de quem vive o cerne da educação no ABC atualmente. Mariana Freitas Martin Bianco, 27 anos, cursa o 4º semestre de Pedagogia. Mal entrou de cabeça no Magistério e já encara a dificuldade da profissão.
“Há uma ideia fantasiosa da carreira, que vai mudando quando se vê a realidade”, diz. Exemplo vivo do dia a dia a qual o profissional de Educação está exposto, Mariana mal se formou e já tem objetivo traçado: não pretende dar aula. “Fui buscar Pedagogia como um complemento. Não tenho intenção de dar aula. Se fosse cursar por esse motivo, não sei nem se o faria”, diz. Formada em Odontologia, Mariana pretende auxiliar a irmã na direção de uma escola em São Bernardo, a Crerser. Outro problema que acende o sinal de alerta no professor que entra no mercado é a falta de prestígio com pais e alunos. Quem décadas atrás tinha a imponência de ser chamada de mestre, a pessoa mais respeitada em uma sala de aula, hoje está longe disso. “Imagine trabalhar e ser desafiado, desacatado, ignorado e até ofendido diariamente. A sociedade precisa entender que o alfabetizador deveria ter respeito muito grande. Hoje o professor é um ser desgastado, é qualquer um na sociedade”, desabafa Vera Fraga. E o alerta não é para menos. Quem viveu em ambas as situações, do mais alto respeito com a profissão até o descaso atual faz o alerta: caso não haja medidas enérgicas, em 10 anos o professor pode ser um profissional de certa raridade no mercado de trabalho.
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Salário do professor da região vai de R$ 1.124 a R$ 6.638, conforme o município
ALOISIO ALVES SILVA "Às vezes, nota 5 é mais representativa que 10"
Salários defasados desvalorizam mestre
“É preciso ter uma política educacional no Brasil e olhar o que dá certo lá fora para se adequar à nossa identidade. Será necessária uma década, no mínimo, para se mudar o que ocorre hoje. A educação precisa ser tratada com a mesma vontade e respeito que as finanças do País. Senão não vamos mudar nada”, garante Oswana Fameli, diretora regional do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) e presidente da AEPS- ABC (Associação de Escolas Particulares do ABC). O pouco, ou quase inexistente em alguns casos, envolvimento dos pais na educação dos filhos é outro ponto questionado pelo professorado. Mas o que fazer para mudar esse quadro com perspectivas tão ruins? “A gente defende a comunidade na escola. Teria de haver envolvimento da família na vida do aluno, de se preocupar com a qualidade do ensino. Hoje a preocupação com a nota do filho é maior do que com a qualidade do ensino. Só que às vezes um 5 é mais representativo que um 10”, aponta Aloísio Alves da Silva, presidente do Sinpro (Sindicato dos Professores do ABC). “O Brasil avançou quando criou o piso nacional para o Magistério e diretrizes para a carreira. Agora o próximo desafio é cumprir o que foi estabelecido”, cita Cleuza Repulho, secretária de Educação de São Bernardo.
“Só se faz um país com professores”. A frase extraída da canção “O Professor”, de Celso Viáfora, faz jus à necessidade de qualquer nação que almeje voos mais altos no que tange ao índice de desenvolvimento de sua população. Mas o que fazer se, diante de desafios colocados em sala de aula, como o desrespeito e, principalmente, a desvalorização da profissão, há outro agravante ainda maior? Sim, o salário de um educador ainda é unanimidade quando se fala na dificuldade da profissão. Em média, um profissional brasileiro de Magistério possui piso salarial de R$ 1.024, calculado à carga semanal de 40 horas de trabalho, de acordo com levantamento do MEC (Ministério da Educação). No ABC, o cenário varia de acordo com poder econômico de cada cidade, no que diz respeito às redes municipais, além da formação de cada profissional contratado pelo governo do Estado ou escolas particulares. Os rendimentos do educador na região vão desde um piso de R$ 1.124, pago em Mauá (por uma carga horária de 20 horas semanais), até a diferença gritante
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com a vizinha São Caetano, que chega a pagar até R$ 6.638 a um professor de ensino médio – por 220 horas/aula mensais – com vasta formação e tempo de “casa”. No âmbito estadual, os valores são pouco melhores, mas não muito distantes do menor salário da região: R$ 1.665 por carga de trabalho de 40 horas semanais. Chega-se assim à conclusão de que o ensino privado deve oferecer oportunidades salariais muito mais em conta. Nem sempre. É exatamente aí que os dados são mais alarmantes e dão claro sinal de desencorajamento na profissão. As remunerações mais baixas no ensino privado do ABC, segundo dados do Sinpro (Sindicato dos Professores do ABC), são de R$ 754 e R$ 843, para profissionais de educação infantil e pré-escola e 1º a 5º anos do ensino fundamental, respectivamente. “O menor salário na rede particular, em 22 horas semanais, era de R$ 375 há 10 anos. Hoje esse valor está em R$ 754. Se compararmos com a evolução do salário mínimo nos últimos anos, há defasagem”, afirma Aloísio Alves da Silva, presidente do Sindicato dos Professores do ABC. De fato, o professorado do ABC tem visto evolução salarial nos últimos 10 anos. Comparando os números de 2001 com os atuais, o aumento tem sido gradativo – lento, mas em andamento. Em São Bernardo, o profissional da Educação que trabalhava 40 horas semanais recebia por mês R$ 1.364 no início de carreira. Hoje, o mesmo nível de profissional chega a receber R$ 2.215. Ainda assim, quem atua no meio considera pouco em razão da importância da profissão. “Quem se forma em ótimas universidades vai para a área acadêmica ou outras esferas de ensino, por salário melhor”, garante Vera Fraga, professora em São Bernardo e Santo André. A saída encontrada pelas três esferas de ensino para amenizar a situação tem sido garantir a evolução salarial de acordo com o grau de especialização dos profissionais; quanto melhor for o currículo do professor, mais recheado (ou menos vazio, dependendo do caso) será o holerite no final do mês.
São Bernardo faz parceria com a USP Parcerias com centros universitários para cursos de pós-graduação e mestrados têm sido comuns no ensino. “O salário da rede ainda não é o ideal. Mas estamos apostando numa discussão madura sobre carreira e formação. Além da discussão do estatuto, hoje perto de 800 professores fazem pós-graduação na USP com financiamento integral da Prefeitura”, aponta a secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho. A solução para o problema é vista como medida a médio e longo prazos: reformulação geral na base do ensino brasileiro a partir da União, seguindo por Estado e municípios, com salários mais atrativos. “A situação hoje poderia ser melhor. Mas é um trabalho que não se dá de uma hora para outra. É um processo que está se iniciando e é longo. Temos de valorizar mais o docente da educação básica, ter remuneração mais adequada. A valorização financeira e do status da profissão se perdeu com o tempo, é preciso incrementar esse setor”, garante Derval dos Santos Rosa, pró-reitor de Graduação da UFABC (Universidade Federal do ABC).
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Expectativa é que o ensino privado ofereça melhor condição salarial
Pesquisa aponta que apenas 2% dos jovens buscam carreira no Magistério
ENIO BORBA CARTI "Nem dobrar os salários adianta mais; é preciso valorização"
Procura-se professor "Estamos no fundo do poço", diz docente
Se o cenário parece pessimista em torno do dia a dia dos professores espalhados nas salas de aula de todo o Brasil, a situação também apresenta sinais críticos quando se fala da formação de profissionais do setor. Pesquisa realizada em 2009, pelas fundações Victor Civita e Carlos Chagas, apontou desinteresse geral pela carreira em sala de aula entre jovens que cursam o ensino médio. Dos cerca de 1,5 mil alunos entrevistados, de escolas públicas ou privadas, apenas 2% colocaram a carreira como primeira opção no vestibular nas áreas de Pedagogia ou outras licenciaturas; outros poucos 9% sinalizaram seguir a carreira pedagógica no setor de escola básica. O mesmo levantamento coloca 32% dos entrevistados avaliando a sala de aula como possível ambiente de trabalho. Os principais motivos apontados para o desinteresse pela vida escolar vão desde a desvalorização salarial, foco dos jovens entrevistados, até a falta de identificação com a profissão. Na pesquisa, o jovem considera a profissão pouco (e muito) atraente. Se salários não são considerados ideais e se a figura do professor deixou de ser importante na moldagem de alunos, não é de se estranhar que quem está a um passo do mercado de trabalho refute a profissão.
“Estamos no subsolo do fundo do poço. Vai levar uma década para começar a mudar as coisas do jeito que elas estão colocadas. É preciso ter uma melhoria no ambiente de trabalho do professor. Não se trata apenas de dinheiro, mas tem algo a ver com a valorização profissional. Nem dobrar os salários adianta mais”, afirma Enio Borba Carti, professor de Licenciatura e Engenharia da Fundação Santo André. Para piorar, o déficit de professores em sala de aula no Brasil já chega a 300 mil profissionais, segundo o Conselho Nacional de Educação. “Se não houver uma mudança, em 10 anos não teremos mais professores no mercado. Hoje em dia já temos professores mal formados, já começa aí. Para se ter ideia, a última reforma no ensino superior é de 1969. Eu tenho certeza disso (jovem não querer a carreira de Magistério). Já é a segunda opção de muita gente. Pra seguir nessa vida é preciso gostar muito do que faz”, lamenta Oswana Famelli, diretora regional da Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo) e presidente da AESP-ABC (Associação de Escolas Particulares do ABC).
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Diferença salarial do ABC REDE MUNICIPAL SANTO ANDRÉ – 2.083 professores atualmente. Em 2001, eram 1.719 Salário inicial: R$ 2.160 (40h semanais) - com graduação o professor pode receber até R$ 2.622 Menor valor pago por hora-aula: R$ 10,80 (com magistério, para o ensino médio) Maior valor pago por hora-aula: R$ 27,15 (formação com doutorado - pós-graduação strictu sensu) SÃO BERNARDO – 4.142 professores (3.410 em 2001) Salário atual 24h – R$ 1.329 (ref. inicial) e R$ 3,012 (ref. final) 30h – R$ 1.661 (ref. inicial) e R$ 3.765 (ref. final) 40h – R$ 2.215 (ref. inicial) e R$ 5.020 (ref. final) Salário em 2001 24h – R$ 818 (ref. inicial) e R$ 1.678 (ref. final) 30h – R$ 1.023 (ref. inicial) e R$ R$ 2.098 (ref. final) 40h – R$ 1.364 (ref. inicial) e R$ 2.797 (ref. final) SÃO CAETANO – 837 professores - Professor de 1º ao 5º ano - 131 horas/mês (nível I): R$ 1.579,24 - Professor de 6º ao ensino médio – 105 horas aula/mês – desde 1985 na rede (nível II): R$ 3.116. (um recém-admitido recebe R$ 3.126, com 210 horas aula/mês) - Professor de ed. infantil – 131 horas aula/mês: R$ 1.579,24 - Professor nível I admitido em março de 1992: R$ 2.627,86 - Professor nível I admitido em janeiro de 2011: R$ 1.579,24
- Professor nível I com aulas extras, ou seja, dobra período – leciona 232 horas aula/mês contratado em fevereiro de 1987: R$ 5.556,01 Salário mais baixo: Nível 1 - R$ 1.579,24 Nível 2 – R$ 927,91 (50 horas/aula) Salário mais alto: R$ 3.266,13 (sem dobra); R$ 5.556,01 (com dobra) R$ 6.638,01 (220 horas/aula) DIADEMA – não divulgou número de professores Piso em 2001 – R$ 726, por carga horária de 31h semanais e formação de ensino fundamental, e R$ 1.072 (magistério). Concluindo ensino superior, salário do professor ia para R$ 2.095 Professor de ensino fundamental em 2001 – R$ 1.439 Hoje é R$ 2.095. MAUÁ – não divulgou a quantidade de professores Piso – R$ 1.124, por 20h semanais e R$ 2.120 por 40h semanais. Teto – R$ 2.707 RIBEIRÃO PIRES – 864 professores na rede (carga horária entre 22 e 44 horas semanais) Professor de desenvolvimento infantil e fundamental I Piso salarial – R$ 1.188,00 Teto salarial – R$ 2.141,90 Professor de ensino fundamental II (hora/aula) R$9,83 (piso) - R$ 7,82 (teto) Rio Grande da Serra - não informou dados sobre os salários de professores da rede municipal
REDE ESTADUAL Com níveis de progressão acadêmica, salário pode chegar a até R$ 5.361.
220 mil professores – 185.5 mil em 2001 Salário-base (40h semanais): R$ 1.665
ENSINO PARTICULAR 6 mil professores (Santo André, São Bernardo e São Caetano) Salário mais baixo da rede: R$ 754 (educação infantil e pré-escola) e R$ 843 (educação infantil e 1º a 5º ano do ensino fundamental) Faixa salarial (hora-aula) - 6º ao 9º ano: R$ 9,97 - ensino médio: R$ 11,10 - Cursos de formação inicial e continuada de
trabalhadores e educação técnica de nível médio: R$ 10,13 - Curso pré-vestibular: R$ 15,49 Em 2001 Ensino infantil e pré-escola: R$ 375 Educação infantil e 1ª a 4ª séries: R$ 429 Ensino fundamental, curso técnico e profissionalizante: R$ 5 Ensino médio e cursos livres: R$ 5,65 Curso pré-vestibular: R$ 7,89
Fontes: Prefeituras do ABCDMRR, Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e Sindicato dos Professores do ABC (Sinpro-ABC)
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Inclusão
ABC desperdiça bolsas de estudo do Prouni
Cerca de 30% das 919 mil de vagas abertas pelo programa até agora não foram preenchidas, segundo auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União
C
Acompanhamento de Controle Social do Prouni). No ABC, a estimativa da comissão aponta taxa de ociosidade similar à média brasileira. Varia entre 25% e os mesmos 30% do País. Segundo levantamento do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo), a taxa é ainda maior se forem contadas apenas as vagas do Estado: 36%. Ao todo, o programa possui 1,6 mil instituições de ensino credenciadas em todo o Brasil. Em troca das vagas, cerca de 10% da carga total disponibilizada pela instituição, o governo federal concede benefícios fiscais às universidades. Na tentativa de diminuir a quantidade de vagas abertas, o governo vem sinalizando algumas frentes, uma delas extinguir as bolsas parciais (entre 25% e 50% de desconto). Assim, se um aluno que procura a bolsa de estudo concedida por meio do ProUni é um estudante que não tem condições de bancar os estudos, pelo menos na teoria ele não teria condições de pagar uma mensalidade, mesmo que parte dela. Para atrair adesões, o MEC (Ministério da Educação) sinalizou em 2011 a extinção das bolsas não integrais, a partir de 2012. Outra medida é dar isenção fiscal às instituições de ensino superior de acordo com o número de vagas preenchidas, ao invés de ofertadas.
onsiderado um dos principais benefícios voltados ao estudante de baixa renda no Brasil, o Prouni (Programa Universidade para Todos) parece ainda não ter caído, definitivamente, nas graças do universitário brasileiro. Criado no governo Lula, em 2004, para garantir bolsa de estudos ao aluno da rede pública que pretende estudar em universidades particulares, o programa conta com considerável taxa de ociosidade. Auditoria realizada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em março de 2011 mostrou que aproximadamente 30% do total de vagas abertas até hoje (919 mil até o segundo semestre de 2011) não foram preenchidas. Na prática, isso significa que um a cada 10 alunos que não têm como frequentar universidade paga – mas que poderia se beneficiar com o programa – passa longe do ensino superior. Quem vive de perto o problema atribui o fato à ausência de divulgação. O ‘hiato’ ocorre nas duas pontas do processo. “É um efeito automático. As escolas não estão plenamente envolvidas. O candidato ao Prouni é do ensino médio, logo, falta um trabalho de divulgação maior juntos às escolas, de região em região do País, com as faculdades que possuem convênio”, afirma o sociólogo Walmor Bolan, presidente da Conap (Comissão Nacional de
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A Conap também está de olho na ociosidade de vagas com a criação das Colaps, as comissões locais do órgão nas universidades. “A gente quer fazer uma marcação cerrada nas vagas, nos alunos em relação a taxas de evasão e também nas próprias universidades. Serão micro divulgações em cada escola para atrair atenção do aluno. É um trabalho mais detalhado, que não adianta só passar propaganda na televisão”, garante Bolan. Para se candidatar ao Prouni, o estudante deve necessariamente ter estudado em escola pública ou ter sido bolsista integral em alguma instituição particular, além de necessariamente ter realizado prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que serve como parâmetro para a concessão ou não do Prouni. EVASÃO – Se por um lado parte das vagas oferecidas pelo Prouni tem histórico de ociosidade, por outro a média de evasão de quem contava com a bolsa do programa foi menor nos últimos anos. A comparação foi feita pelo MEC via Inep
(Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em relação com demais estudantes da rede privada de ensino superior. Nos últimos dois anos, 15,6% dos que estudavam em universidade particular do País abortaram os planos de se formar. No mesmo período, 4% dos estudantes beneficiados pelo Prouni largaram os estudos.
Ofertas na região 2010 Santo André: 2.159 São Bernardo: 1.965 São Caetano: 754 Diadema: 282 Mauá: 116 Ribeirão Pires: 58 Rio Grande da Serra: 0
2011 Santo André: 1.932 São Bernardo: 2.299 São Caetano: 460 Diadema: 286 Mauá : 143 Ribeirão Pires: 3 Rio Grande da Serra: 0
Informações para o candidato: www.siteprouni.mec.gov.br ou tel. 0800-616161
Inadimplência
Lei do calote está na berlinda
"As escolas poderiam rever valores se não tivesse essa lei” Oswana Fameli
"O maior problema é o pai peverso, esperto, o pipoca” Henrique Zaremba
Em 2010, o índice de inadimplência no ABC - o menor do Estado - foi de 7% e este ano, a média ficou em 4,5%, segundo o Seeesp.
A
lei nº 9.870/1999, que trata das mensalidades escolares para os ensinos básico e superior, permite aos estudantes inadimplentes a permanecerem nas escolas até o final do contrato. Para os empresários de educação, a situação causa grande prejuízo às instituições de ensino, que se tornam refém do aluno. A reclamação é que a lei cria estímulo à inadimplência, tanto que recebeu o apelido de lei do calote. “Temos feito ações para criar uma moralização explícita, porque alguém paga essa conta”, afirma Oswana Famelli, presidente da Associação das Escolas Particulares do Grande ABC (AESP-ABC) e diretora regional do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp). Oswana diz que tem conversado com todas as esferas públicas com objetivo de fomentar mobilização para mudar a legislação. Mas para ser alterada, a medida precisa encontrar eco também no Congresso Nacional. O principal argumento de quem é contra a lei do calote é a comparação com os procedimentos na área da saúde. Nesta, o contratante que deixar de pagar mais de duas mensalidades terá seu contrato automaticamente rescindido. O artigo 6º da Constituição Federal de 1988 versa
sobre os direitos sociais, que são aqueles considerados essenciais, os quais devem ser assegurados aos cidadãos. Apesar de a Carta Magna tratar os dois temas de forma idêntica, equiparandoos sob o prisma da importância, na prática, existe essa “incoerência”. Nos dois temas, cabe ao Poder Público garantir a prestação dos serviços essenciais de saúde e educação, os quais podem, ainda, ser prestados pela iniciativa privada, conforme expressamente previsto no texto constitucional. Nessa vertente, não se justifica, portanto, segundo Oswana, a divergência entre o regramento da assistência privada à saúde e o dos serviços privados de educação no que diz respeito ao tratamento da inadimplência. “Tenho certeza que as escolas poderiam rever os valores se não existisse a lei do calote”, destaca Famelli. “Tudo fica mais caro, porque nós recolhemos impostos até mesmo por aqueles que não pagam”, lembra, ao exemplificar que a “conta não fecha” sem uma mensalidade nos atuais patamares. Segundo o diretor de assuntos econômicosda Federação Nacional das Escolas Particulares, Henrique Zaremba, não se pode generalizar os inadimplentes. Para o dirigente, o que deve
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Planos de saúde são alvo de comparação
ficar claro é que existem dois tipos de inadimplentes. Um é aquele que sempre existiu, o devedor circunstancial: um pai que perdeu o emprego, um caso de doença na família. Com estes, a escola sempre se deu bem, resolveu o problema e nunca teve nenhum conflito maior. “No entanto, existe outro tipo de devedor, o perverso, o institucional, que a medida provisória nº1930 de 1999 criou. É o pai esperto ou pai pipoca, que muda o filho de escola todos os anos e vai se beneficiando da lei, sem pagar as mensalidades”., afirma o diretor da Federação Nacional das Escolas Particulares. ABC - Felizmente, as escolas particulares da região possuem o menor índice de inadimplência do Estado, segundo levantamento do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp). Em 2010, o índice regional foi de 7% e no ano passado, a média ficou em 4,5%. Na cidade de São Paulo, a média de 2011 sinalizou para 11%. “As escolas não querem punir as famílias que deixam de pagar as mensalidades, mas sim, dialogar sobre o papel fundamental que as escolas exercem na formação do estudante. É um trabalho de conscientização”, ressalta Oswana Fameli.
O inciso II do parágrafo único do art. 13 da lei dos planos de saúde (lei nº 9.656/98), com a redação dada, pela medida provisória nº 2.177-44/2001 contempla a possibilidade de rescisão contratual por inadimplemento superior a 60 dias, consecutivos ou não, nos 12 últimos meses do contrato No caso da assistência à saúde, é permitido às empresas do setor se defenderem da inadimplência ao protagonizar a suspensão ou rescisão contratual pelo não-pagamento. Para Oswana Famelli, não permitir às instituições de educação superior privadas dispor de meios efetivos de conter o problema, através da suspensão ou rescisão contratual por inadimplência sob o argumento de ser educação um direito público social é, no mínimo, uma afronta ao princípio constitucional da igualdade. Os defensores do fim da lei do calote apregoam alteração e tratamento diferenciados a alunos que estudam em cursos superiores visando a permitir não só a rescisão contratual como a desobrigação da entrega de diplomas para alunos inadimplentes em virtude do não pagamento da mensalidade.
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As escolas particulares da região possuem o menor índice de inadimplência do Estado
Pais
Excesso de liberdade à criança desafia educadores
M Olga Aparecida Luiz acredita que é possível exercer vários papéis sem ser permissiva, porque isso é importante para a filha Bianca
Sudeste, ao menos 27,95% das mulheres são economicamente ativas. Outro trabalho, Retratos das Desigualdades de Gênero e Raça, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, indicou que 2,2 milhões de brasileiras em 2006 já chefiavam a casa. A mudança na organização da estrutura familiar foi radical e os pais passaram a contar com participação de parentes na criação dos filhos. Isso resultou num novo modelo de comportamento. A educação rígida, ficou permissiva, liberal. “Esse contexto chegou à escola”, diz Cleonice Lussitch, professora do Estado. Segundo a educadora, a ausência dos pais é minimizada com presentes e omissão. “As crianças fazem leitura própria e manipulam a situação”, lamenta. Ao contrário desse contexto Olga Aparecida Luiz, empresária e mãe de Bianca, estudante da 6° série, defende que é possível não ser permissiva. “Acho importante impor limites e regras”, conta. Josenilda Oliveira decidiu deixar o cargo de promotora de vendas para cuidar do filho Gabriel Henrique, hoje com 10 anos, após acidente com o menino. O maior tempo em casa refletiu nas notas de Gabriel. “Antes ele tirava sete e agora é só 10”, conta a mãe, que hoje é podóloga.
ãe, mulher, profissional, dona de casa, esposa, estudante, voluntária. A mulher do século 21 sofre as consequências de conquistas desde os manifestos iniciados por Simone de Beuavoir, filósofa e feminista francesa, que decidiu ser professora antes de se tornar uma das maiores escritoras do mundo. O direito de construir carreira trouxe à mulher desafios, como trabalhar fora e ao mesmo tempo cuidar da educação da prole. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, realizada em 2009, revela que na região
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"Pais devem passar valores e não a escola" Apesar de muitos atribuírem à escola a função de passar valores, os educadores dizem que esse papel tem de vir de casa. Como disse Jean Piaget, defensor da Teoria de Estágios, que contrapunha o ensino autoritário, herdado no século 19, o professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Teresa Helena Schoen, responsável pelo setor de Psicopedagogia do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), reclama que muitos pais passaram a responsabilidade da educação para a escola. “Quando a criança chega à sala de aula questiona por que tem de fazer aquilo, se em casa recebe tudo na mão, por que tem de ficar na carteira se em casa ele faz o que quer. Vivemos numa época em que não se pode dizer não para a criança”, lamenta a especialista da Unifesp.
O segredo para resgatar a disciplina, segundo Teresa Helena Schoen é colocar regras e exigências. “Elas são importantes para a convivência e para a formação”, conta. A psicopedagoga defende, no entanto, que não devem ser levadas ao extremo as regras e compara a imposição à pescaria em alto mar, em que é necessário soltar e puxar a rede para conseguir fisgar o peixe. Teresa Helena Schoen e Cleonice de Almeida Cunha Lussitch dizem que é preciso repensar a forma de passar o conteúdo ao aluno, como optar por aulas menos expositivas, pois dificultam a bagunça, ou mesmo formar fila antes de entrar na sala de aula. “A criança começa a entender que tem o seu espaço e que precisa respeitar o do próximo”, afirma Teresa. Ensinar o estudante desde pequeno a fazer as tarefas sozinho e a trabalhar em grupo também ajudam, segundo a psicopedagoga.
“Quando a criança chega à sala de aula questiona por que tem de fazer aquilo, se em casa recebe tudo na mão"? Teresa Helena Shoen
Meio Ambiente
Educação ambiental começa com os pequenos
MARLENE BERTELLI DE SOUZA "O trabalho vira parte do conteúdo interdisciplinar"
HEMILY RIGO "Devemos fazer o aluno colocar a mão na massa"
C
onsiderado bandeira mundial entre países e lideranças mundiais, o tema meio ambiente tem criado raízes na educação brasileira. Antes superficial nas escolas, hoje a educação ambiental é prática constante e com peso e, principalmente, gerado resultados, mesmo que ainda distantes de conscientização geral dos mais jovens. No ABC, a educação ambiental é praticada na sala de aula desde cedo em toda a rede de ensino, pública e particular . “A gente acredita que é preciso fazer esse trabalho desde cedo com as crianças, envolvendo também os pais”, afirma Marlene Bertelli de Souza, coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio Singular. Desde 2002, a escola trabalha com atividades voltadas ao meio ambiente, do reaproveitamento de materiais, para a elaboração de brinquedos, até amostras de qualidade da água, plantio de árvores e reciclagem. Conforme o aluno avança, o conteúdo é aprofundado na sala de aula, durante o ensino médio. “O trabalho vira parte de conteúdo interdisciplinar. A gente tem essa expectativa de que eles (alunos) sejam mais conscientes quando adultos”, diz Marlene. De fato, a educação ambiental só começou a sair do discurso e
tomar espaço nas salas de aula no Brasil a partir de abril de 1999. À época, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei 9.795, que instituía política nacional e cobrava a promoção do tema nas escolas. Segundo a legislação, as escolas devem, obrigatoriamente, fomentar o tema a partir da educação básica até o ensino médio. “Quanto mais cedo, melhor; e de preferência na prática. Não adianta colocar uma criança ou adolescente numa sala de aula e começarmos a dizer pra eles quanto tempo o metal demora pra se degradar na natureza. Devemos fazer com que eles ‘coloquem a mão na massa’”, afirma a engenheira ambiental Hemily Rigo, que também considera fundamental a introdução da educação ambiental desde cedo. A prática já é disseminada em quem estuda o tema. “Lá atrás, na faculdade, fizemos um diagnóstico de água numa escola de São Sebastião. Explicamos como eram feitas as análises de água e o porquê ela ia se degradando desde a nascente até o mar. Mostramos que a perda da qualidade era, em grande parte, culpa da comunidade que descartava o lixo errado. Acredito que plantamos uma "sementinha" nas crianças, pois todas saíram conscientes que faziam parte do problema e poderiam também fazer parte da solução”, afirma.
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Tema é modismo no meio corporativo
Projetos Escolas Sustentáveis, da Evoluir, é voltado para crianças de 6 a 14 anos
A prática de ações ambientais não se resume apenas à área de ensino. No mundo corporativo, a valorização do meio ambiente é prática comum. Considerado importante para o setor, o tema virou obrigação e até modismo. “Há uma cobrança grande do mercado, da legislação em si, com certificações ISOs, além de uma exigência internacional. Mas nem sempre as empresas entendem essa importância, fazem algum tipo de promoção ao meio ambiente por obrigação legal ou uma ação de marketing”, garante Aílton Pinto Alves Filho, professor e coordenador do curso de pós-graduação em Gestão Ambiental e Empresarial da FEI (Fundação Educacional Inaciana). Para o professor, esse tipo de iniciativa tem de ser contínua. "Senão não entra na cultura da empresa”, conclui. Exemplo de ações permanentes é feito no Grand Plaza, em Santo André, que possui sistema próprio de tratamento de esgoto e reuso de água. Desde 2008, o shopping trata cerca de 4 milhões de litros de água por mês, reutilizada na rega de jardins, lavagem de pisos e descargas sanitárias. O resultado é economia de 25% do consumo de água e R$ 1,2 milhões a menos de gastos desde que o shopping center iniciou o projeto. O mesmo procedimento ocorre na Bridgestone, que trata 100% da própria água utilizada e a reutiliza na linha de produção da fábrica. A educação ambiental voltada aos funcionários da indústria, em ambos os casos, ainda não é prioridade. “Quem cria uma cultura ambiental tem ganhos, que nem sempre financeiramente são os mais importantes. A imagem da empresa cresce no mercado, além de melhorar a relação com o consumidor”, garante o professor da FEI.
Municípios buscam ajuda especializada
Outro exemplo de que a educação ambiental ganha espaço nas escolas da região fica por conta da parceria entre Santo André e São Bernardo com a empresa Evoluir Cultural. Ambas as cidades colocaram em prática o projeto Escolas Sustentáveis. São 10 escolas – abrangendo cinco mil alunos – apontadas pelos municípios para receber o programa, voltado ao consumo consciente. O projeto é bancado por empresas, via lei Rouanet. “São 200 AÍLTON PINTO ALVES escolas no Brasil, mais de mil professores e 50 mil FILHO alunos sob o programa. Há resultados espetacula"Quem cria cultura ambiental res em termos de comportamento de quem partem ganho, como ticipa. Os próprios alunos passam a cobrar das de imagem" escolas ecopontos. Há transformação no contexto do bairro também, com engajamento para cobrar o poder público”, garante Fernando Monteiro, WAVERLY NEUBERGER diretor da empresa. "A educação é um Na prática, a empresa faz diagnóstico a respeito processo reflexivo, que envolve o da demanda local, no que tange ao meio ambienhomem" te. Em seguida, os professores são capacitados, conforme a necessidade da escola. Similar aos casos do Singular, o Escolas Sustentáveis é voltado para crianças, entre 6 e 14 anos. No ABC, o projeto foi bancado pelo grupo Rhodia. “Estamos em conversa para ampliar o número de escolas atendidas , diz Monteiro. No Brasil, o projeto originário de Curitiba atende 200 escolas, totalizando cerca de mil professores e 50 mil alunos.
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"Foco migrou da prevenção para conservação" Se por um lado a prática de educação ambiental começa a virar rotina entre as escolas, por outro há quem garanta que o tema, na forma como é tratado em sala de aula, é ultrapassado. A explicação é relativamente simples: o que antes era tratado como ponto de partida para a preservação do meio ambiente, hoje já é visto como ponto distante diante das necessidades atuais. A avaliação é da coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Universidade Metodista de São Paulo, Waverly Neuberger. Para Waverly, a educação ambiental já é algo ultrapassado. “Se não houver um foco no ambiente das pessoas e da economia que as envolve isso vai acabar esbarrando na boa vontade do ser humano para trazer algum resultado”, afirma. O modelo, segundo a professora, adotado nas salas de aula está em processo de mudança. “Vejo com prazer que o foco migrou da prevenção para a conservação, que é poder manter a natureza com as pessoas, em convívio. Na década de 1980 era o contrário. Acho um erro pensar só no ponto de vista da natureza em si. A educação é um processo reflexivo, para organizar e ver ideias diferentes, que envolve o homem também”, cita. Mesmo com a mudança no foco da Educação Ambiental, Waverly acredita que ainda é cedo para apontar ganhos reais em relação aos alunos que
foram os primeiros da “turma”. Entretanto, ela vê com otimismo possíveis resultados do trabalho iniciado na década de 1990. “A educação ambiental ainda é muito recente. Hoje as primeiras crianças ligadas aos eixos transversais estão com idade para entrar na faculdade. É difícil ainda avaliar se há resultados. Percebe-se uma mudança de atitude, embora ainda não se sinta o efeito de fato”, aponta.
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Especialista diz ainda é cedo para colher resultados da política de educação ambiental iniciada na década de 1990
JOSÉ LUIZ ALBERTIN
trabalho
"O Brasil não forma líderes, forma apenas alunos".
DERVAL DOS SANTOS ROSA "O profissional de hoje tem de dominar até as questões sociais".
Mercado de trabalho necessita de líderes
É Projetos com conceito multidisciplinar permitem aos futuros profissionais terem ampla visão do campo de aplicação
aptidão técnica aprofundada, o candidato precisa ter base de conhecimento que possibilite ampliar o escopo de atuação. “O profissional tem de dominar desde as mais recentes tecnologias até as questões sociais. Saber como usar o conhecimento para o bem da sociedade”, afirma Rosa. Criada há seis anos, a UFABC tem a grade baseada em apenas dois bacharelados: ciência e tecnologia, e ciência e humanidades. As disciplinas são organizadas por eixos de atuação, em que o aluno pode aprender sobre energia, estruturas das matérias, e também sobre comunicação e humanidades. O aluno tem liberdade de escolher se quer ou não aprender determinado assunto. “Esse tipo de formação respeita vontades e a sua possibilidade de acesso a diversas áreas do conhecimento”, afirma. Para o engenheiro José Luiz Albertin, diretor de Conhecimento da SAE BRASIL, o estudante que consegue aprender na prática tem grande diferencial no mercado. “O fato de as empresas e faculdades desenvolverem parcerias para fortalecer a formação é um caminho acertado, mas não resolve tudo”, adverte. Albertin aponta o ramo da engenharia em que os profissionais vêm de longa carreira de estudo, com cursos de excelência que exigem empenho no período integral e bom capital de investimen-
chegada a hora de buscar colocação no mercado de trabalho e, com isso, a responsabilidade de escolher boa carreira e faculdade ou escola que ofereça ensino satisfatório. Professores com alta qualificação, completa infraestrutura, ensino na prática. Tudo isso costuma ser tática comum das universidades para atrair candidatos aos exames vestibulares. Mas isso é suficiente? Para Derval dos Santos Rosa, pró-reitor da UFABC (Universidade Federal do ABC) , o mercado hoje exige formação ampla. Muito mais do que dominar um idioma estrangeiro, ter curso de graduação reconhecido, fazer estágios e oferecer
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Preparação às vezes começa cedo
to. São várias as chances para esse profissional, que mesmo com aprendizagem na prática, às vezes, não consegue se colocar no mercado de trabalho. Para Albertin, o engenheiro não pode estar voltado para o mundo interno da sua atuação, precisa estar voltado para a sociedade. “E para pensar dessa maneira o jovem teria de ter formação sobre o meio ambiente, fatores urbanos e conhecimento apurado sobre a cultura de onde vai atuar. O Brasil não forma líderes, apenas alunos. Bons alunos, mas que não têm esse conjunto”, diz. O executivo comenta que desde a pré-escola até a faculdade é raro ver projetos multidisciplinares em que se pode ter visão ampla do campo de aplicação. “Os cursos são muito acadêmicos, as faculdades esquecem que a função do estudante no mercado será servir a sociedade”, defende. Segundo Albertin, nos Estados Unidos, o engenheiro com três anos de faculdade pode dar um tempo, ir para o mercado de trabalho, ver na prática se é isso mesmo que quer e depois continuar com o curso. Alguns projetos como o Baja e o Aerodesign da SAE se destacam pelo fato de o estudante poder aprender na prática como se projeta e constrói um veículo funcional. “Não ganham pontos adicionais nas matérias, mas certamente uma visão diferenciada em qualquer empresa”, completa.
O mercado de trabalho está na pauta cada vez mais das escolas públicas e particulares. No Arbos, em Santo André, estudantes do ensino médio têm aulas de direito e empreendedorismo. “Queremos formar o aluno não apenas para o vestibular. Queremos ajudar nosso aluno a se tornar questionador, comunicativo”, afirma Mario Francisco Cia, diretor do colégio. Em São Caetano, a escola municipal Professora Alcina Dantas Feijão oferece a oportunidade da escolha entre fazer um curso só acadêmico ou em paralelo ao profissionalizante. As opções são logística, processamento de dados, administração, publicidade e contabilidade. A escola ainda possui parcerias com o Conselho Regional de Contabilidade, que premia os melhores alunos; e com a Bovespa que concede cursos nas bolsas de valores e promove desafios para os alunos elaborarem projetos. “Os formandos têm a tarefa de produzir monografia sobre o tema que quiserem. É outra maneira de incentivar a pesquisa aprofundada e preparar para o ambiente da universidade”, afirma a diretora Márcia Gallo.
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Projeto Baja da SAE Brasil estimula a aprender na prática o desenvolvimento e produção de um veículo off road funcional
3º Ciclo de Palestras RD Ideias
Mobilidade Urbana Março de 2012 – Santo André
Como o ABC pode alcançar uma mobilidade sustentável, acessível a todos? Para analisar o cenário e debater propostas e desafios, o Repórter Diário realizará o 3º Ciclo de Palestras RD Ideias - Mobilidade Urbana, com a participação de gestores e especialistas na área. Você está convidado.
Programa: INTEGRAÇÃO DE TRANSPORTES VIABILIDADE DO MONOTRILHO NO ABC LOGÍSTICA REGIONAL MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL
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