Repórter Local

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VERMOIM R Serginho é Abu em musical com Luciana Abreu pág. 11

Nº 165 • ANO XIV • DEZEMBRO 2012 DIRECTOR: JOAQUIM FORTE

NATAL Sem dinheiro Reportagem • pág.22,23

Entrevista • pág. 20, 21

A crise também chegou à feira semanal de Joane

“O pessoal dá para sardinhas e quer comer lagostas”

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Padre de Joane

Ronfe • pág.10

Vermil • pág.03

Assembleia não acredita no Centro Escolar

Voluntários contam histórias às crianças do jardim infantil


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REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 3

NATAL

QUER CONTAR UMA HISTÓRIA ÀS CRIANÇAS? A i n i c i a t i v a “ E r a u m a Ve z . . .” t e r á c o n t i n u i d a d e em Janeiro e a organização aceita voluntários: os interessados podem inscrever-se n a a s s o c i a ç ã o “ D e s p e r t a r Ve r m i l ” o u n o jardim infantil.

Era uma vez...em Vermil queira ir mais longe. “Vermil tem jovens suficientes para conseguirmos prolongar isto até ao Verão, uma vez por semana. E podia alargar-se a outras idades, por exemplo, aos avós de Vermil que pudessem vir ler um conto tradicional ou transmitir uma vivência deles próprios”, sugere Dores Oliveira, educadora de infância. “Esta iniciativa permite fazer perceber aos meninos que há outro mundo além do jardim e da educadora”, considera Susana Faria. Para o Jardim de Infância a proposta veio de encontro ao projecto educativo deste ano, centrado no conto tradicional. “O objectivo é incutir hábitos de leitura, não só nas crianças mas principalmente nos pais, que fazem leituras com os filhos”, refere Dores Oliveira. LP

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E

ra uma vez… No Jardim de Infância de Vermil ouve-se por estes dias muitas vezes o início de histórias contadas às crianças. Jovens voluntários associam a criatividade à leitura e disponibilizam uma hora para lerem contos aos mais novos. Susana Faria foi a segunda voluntária a aderir à iniciativa da associação juvenil “Despertar Vermil”, em parceria com o jardim infantil. “Li um conto de dois irmãos: um acreditava no Pai Natal, o outro não. Os miúdos estiveram bastante atentos e fizeram perguntas”, conta a voluntária. A adesão inicial ao desafio da “Despertar” foi tímida. Mas aumentou com o tempo, de tal forma que os promotores decidiram prolongar a iniciativa pelo mês de Janeiro. E há quem


4 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER LOCAL

EM FOCO NATAL

MOGEGE | FESTA DE NATAL NAS ESCOLAS Danças de salão, palhaços e o Pai Natal: assim se resume a festa de Natal das crianças das escolas do primeiro ciclo de Mogege, realizada no passado dia 16. Organizada pela Associação de Pais, juntou 400 pessoas no salão paroquial de Mogege.

CASTELÕeS

MOGEGE

CARRIL distribui prendas pelas crianças da freguesia A Associação Desportiva Carril de Mogege realiza , no dia 24 de Dezembro, a distribuição de brinquedos pelas crianças da freguesia. Há 10 anos que a tradição se repete. A distribuição é feita por “pais natais” que, a partir das 13:30 horas, percorrem as ruas da freguesia .

RONFE

Iniciativa do agrupamento de escuteiros junta mais de 20 figurantes Luís Pereira

O

Papa veio recentemente a público anunciar que, afinal, o tradicional presépio de Natal não inclui a figura do burro. Indiferente às palavras de Bento XVI, o Agrupamento de escuteiros de Castelões continua a seguir a tradição: o presépio ao vivo deste ano apresenta não um mas dois burros! Tal como em anos anteriores, o presépio ergue-se numa casa devoluta perto da igreja. Foi preciso um mês de trabalho de muitos escuteiros para erguer esta

12ª edição, que abre ao público no dia de Natal e no domingo de Reis. Depois da limpeza do terreno, recorda Pedro Alves, da organização, seguiuse a recolha das madeiras junto da população local. Depois foi só encontrar os figurantes (21 no total) e os animais. A ideia, prossegue Pedro Alves, é que haja uma novidade em cada edição, “para chamar novos públicos”. E este ano, adianta, a novidade está na recreação de uma sinagoga. “No dia de Reis, substituímos o quadro da aparição do anjo e da anunciação (que estará representado

apenas no dia de Natal) por um quadro representativo da visita dos reis magos ao rei Herodes”, adianta o escuteiro. O presépio ao vivo de Castelões acontece num cenário rural e agrícola: na sua construção são usados restos de materias. O número de visitantes tem crescido de ano para ano. “Vem muita gente de fora. Este ano estamos a contar com, pelo menos, duas mil visitas”, avança Pedro Alves. A entrada para o presépio é gratuita. No local funciona um café, revertendo a receita para suportar as despesas com a iniciativa.

A recolha de bens alimentares junto do comércio, levada a cabo no dia 15 de Dezembro pela Junta de Ronfe, superou as expectativas. “ Fo i o m e l h o r a n o d e s e m p r e ” , a f i r m a A n t ó n i o Sousa , presidente da Junta . “ Pe n s á v a m o s q u e i r i a s e r o p i o r a n o f a c e à s dificuldades e ficámos impressionados com o sentido de solidariedade dos ronfenses”, confessa o autarca . O aumento está também relacionado com o envolvimento das escolas, que apelaram ao contributo dos pais das crianças. O resultado s e rá a g o ra d i s t r i b u í d o p o r f a m í l i a s c a r e n c i a d a s da vila , já sinalizadas. “É impossível avançar com um número real de beneficiários. Há agregados maiores que receberão mais e há pessoas sozinhas que recebem cabazes mais pequenos”, esclarece o autarca, adiantando que a distribuição dos cabazes é feita em sintonia com a Conferência Vicentina local.

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Presépio vivo não abdica do burro

Generosidade aumenta em tempo de crise


REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 5

NATAL

VERMIL | FEIRA DO LIVRO DE NATAL A A s s o c i a ç ã o “ D e s p e r t a r Ve r m i l ” p r o m o v e u m a Fe i r a do Livro de Natal, este sábado, dia 22, na sede da Junta , entre as 9:00 e as 22:00 horas. O objectivo é incentivar a leitura e a oferta de livros no Natal.

OLEIROS

POUSADA

Ceia de Natal com 100 idosos

Luís Pereira

M

ais de 60 idosos de Oleiros meteram os “pés de baixo da mesa”, no passado dia 16, em mais um almoço de Natal promovido pela autarquia local. Este poderá ter sido o último ano da iniciativa da Junta, face à nova realidade autárquica a partir de 2013, com a união de Oleiros, Leitões e Figueiredo. O autarca Joaquim Pereira,

contudo, não quer acreditar que a iniciativa se perca, “seria uma pena”, e acredita que quem vier a ter responsabilidades na nova União das Freguesias de Oleiros, Leitões e Figueiredo, dará continuidade à iniciativa “porque ela faz falta às pessoas, sobretudo nas freguesias com uma população idosa significativa, como é a de Oleiros”. A iniciativa contempla a oferta de um almoço de Natal e de animação mu-

sical durante o dia, num investimento da autarquia de 1.100 euros. “O investimento justifica-se pelo convívio. Quem vem a este almoço passa um ano sem ver os amigos, mesmo sendo da mesma terra, e esta é uma oportunidade para confraternizarem. Ninguém vem à procura de uma posta de bacalhau porque isso, felizmente, têm em casa, vêm à procura do convívio e da distracção”, considera Joaquim Pereira.

Natal no Centro Social de Joane O Centro Social de Joane assinalou o Natal junto das crianças da instituição através de contos de Natal em torno do nascimento de Jesus. O Centro quis transmitir valores, diminuindo a importância das prendas; dar a conhecer o p r e s é p i o ; m o s t r a r, a t r a v é s

de actividades de partilha e de ajuda com quem mais precisa, que mais import a n t e d o q u e r e c e b e r, é d a r. O Centro organizou ainda uma recolha de alimentos e uma exposição de presépios, patente nas instalações até este sábado, dia 22.

JOANE

Ceia de Natal da Fraternidade A Fraternidade Nun´ Álvares de Joane celebrou 29 anos, no passado dia 15, com a tradicional Ceia de Natal que reuniu antigos escuteiros e famílias. José Lima , presidente da Fraternidade, agradeceu os contributos dos joanenses para a “Festa do Menino”, que inclui a iluminação natalícia da igreja e fogo-de-artifício nos dias 25 de Dezembo e um de Janeiro.

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Almoço de Natal dos idosos

M a i s d e c e m i d o s o s d e Po u s a d a d e S a r a m a g o s participaram na tradicional Ceia de Natal da Conferência Vicentina , no Centro Social. Pa ra M a n u e l a Pe i xo t o , d a C o n f e r ê n c i a V i c e n tina , é “uma oportunidade única no ano” para que os idosos confraternizem. Já o pároco José Barbosa aponta o carácter solidário da ceia de Natal como “forma de quebrar a solidão dos idosos”. Para o presidente da Junta , António Sousa, é uma forma de retribuição pelo que “estas pessoas fizeram no desempenho da sua profissão e no trabalho colectivo”. A C o n f e r ê n c i a V i c e n t i n a d e Po u s a d a o l h a c o m expectativa para a abertura do lar da paróquia , considerando que pode ajudar a resolver necessidades dos idosos. O Lar continua de portas fechadas e, apesar de ter a noção dos desafios que se colocam ao nível da sua sustentabilidade, o pároco local aponta os benefícios “a nível humano” como “estimulador para um envelhecimento activo”.


6 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER LOCAL

OPINIÃO | PáginaS 16, 17 Luís Santos: “Viver acima das possibilidades”; Dominique Machado: “Prendas que brilham”.

20 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER

A

editorial JOAQUIM FORTE

Tempode reflexão Os tempos não correm fáceis para a generalidade dos portugueses. O Natal terá sabor amargo para muita gente. O novo ano que se avizinha perspectiva-se ainda mais duro. Mesmo assim, em nome da equipa deste jornal, votos de um Feliz Natal e que 2013 seja um ano de reflexão. O Presidente da República, Cavaco Silva, na sua mensagem de cumprimentos ao Governo, esta semana, proferiu palavras que merecem consideração (penintenciandose, talvez, dos seus incómodos silêncios dos últimos tempos). A quadra natalícia - disse o Presidente convida à reflexão sobre o que se fez e sobre o que não se devia ter feito. “O aproximar de um fim de ano, é um tempo para pararmos um pouco, olharmos à nossa volta e reflectirmos sobre aquilo que fizemos, aquilo que deixámos de fazer, aquilo que não devíamos ter feito, aquilo que podíamos ter feito melhor. Essa reflexão é com certeza uma reflexão para que no

Sérginho ferreira O jovem actor de Vermoim, que o RL ajudou a promover, continua a dar mostras do seu talento e empenho. Desta vez , fez parte do elenco do musical no gelo “Aladino na Gruta Mágica”, ao lado de Luciana “Floribela” Abreu. A temporada no Rivoli, no Porto, registou 34 mil entradas. Família machado Em Joane, o futuro da festa de S. Bento passa pela união familiar. Com a crise que se verifica tradicionalmente na formação das comissões de festas, o que tem valido são os esforços de famílias. A de 2012 foi organizada pela família Machado. E a de 2013 seguirá um figurino semelhante. Além da festa, a família Machado ainda arranjou dinheiro para recuperar a capela.

MANUEL SOUSA E SILVA Gerações oco de Joane há 59. Te m 8 3 a n o s e é p á r sta entrenheceram outro. Ne de joanenses não co ar a capela o que falta para pag vista fala do dinheir ectos paroquiais. mortuária e de proj

obra da Capela Mortuária está pronta e custou 120 mil a euros. O que responde cara? quem a considera de de Houve a necessida e não fazer adaptações qu e pre estavam inicialment , tivevistas. No concurso assemos a preocupaçã o de es gurar que os concorrent meio não a deixariam a os porque isso aumentaria quem custos. Entregámo s a camos fez mais barato. Fi em contentes por ser uma foi não mas terra presa da a. Há beneficiada em nad ão t s e e u q sempre pessoas empre à margem e falam s e não sabem as exigências . Não para fazer uma obra acho caro, pelo contrário. de Joane, difiMas tem havido Manuel Sousa e SIlva, pároco njar culdade em arra dinheiro para a pagar... crise e Estamos em tempo de o pessoal está-se a encolher já muito. Até ao momento, Luís Pereira lar de 50 a r a m â C a mo- E s t a m o s a f a com os apoios d . No Nas missas cai muita uimos anos de construção e da Junta, conseg edinha preta de cêntimo! começou O PSD de Joane afirmou estacada princípio, quem 67 mil euros. Não que o Cheguei a pedir que hava numa Assemblei a orque a trabalhar cá gan mos preocupados p eles um desse um euro, quem posFRASES senhor soube por do. O vinte escudos. É im as pessoas vão dan e que , s os nos dera que assim fosse, do apoio da Junta quem “O POBRE É GENEROSO sível calcular todo juntavae pobre é o generoso, não tudo para dava r esa Junta e a Paróquia á. Era dinheiros. A melho QUEM MAIS TEM, MEmais tem, menos d um se para as obras. O pessoal terão conversad o sobre desse mativa é chamar i t quer e DÁ. bom que cada família NOS dá para sardinhas para a obra… a mil mestre-de-obras 100 euros. Fiz a conta ncomer lagosta. aróquia sempre co o órgão de P s i ó a A S m . r s a a i t l i a u v m a o ã s u , s d família , que cus A Igreja de Joane A CÂMARA NÃO PODE versou com a Junta menos tubos que eu ofereci mas calculei que pelo 50 anos a construir mil io na medida rou BEMo p (60 a o PELO u e e g contos d SÓ n o l mil á t 12 s E OLHAR n u e tou estas dariam. ades, e há quem conti das suas possibilid oucos r t o euros). ESTAR DAS POPULAÇÕES de chegar mas aos p o novo apoio no a criticar um ce religioprometend Há três festas vamos lá. emos DA CIDADE, A PERIFERIA luxo… e. O que próximo ano. Não t a Câde - s a s e m J o a n Os 25 mil euros d As igrejas ou se fazem três TAMBÉM DEVE TER O qualquer queixa. pensa da fusão das mara foram justos? iar a pressa e ficam um barraco MESMO TRATAMENTO. A Capela fez ad dado, festas? m a c i f e o p Foi pouco, deveria ter m e t m salão? a v ou le intervenç ão no ro. A Quem me dera! O problepelo menos, o dob que uma obra de arte. A nossa da um está só As pessoas julgam arte. m a é q u e c a NÃO HÁ DINHEIRO PARA Câmara não pode olhar om a igreja é uma obra de u canto, à o salão se arranja c tam- p e g a d o a o s e pelo bem-estar das populapela! TUDO. SÓ EM HÓSTIAS, As casas das pessoas u santo. mesma verba da ca e sua festa e ao se ções da cidade, a periferia de bém melhoraram muito GASTÁMOS MIL EUROS heio essa Precisamos de muitas tem A p o i a v a e m c também deve ter o mesmo um templo como este a e o adro POR ANO. zenas de milhar de contos. cemirte. fusão. A igrej tratamento . A par dos equide estar ligado à a A manutenção dos a Jun grandes, cabem todos. térios, é a Câmara e u i t o o r g u l h o n a são óquia é m r a o P h n a e d T s o t n e m ente, dava a s t a e MUIn t p s o e s e Ficaria c NAS MISSAS CAI ta que administram as igreja que construímo caríssima e não há dinheiro huma A PRETA o minha esmola e tirava , equipamentos. Nen s empregue MOEDINH a i t s TA ó bem h m por e ó S dou . o d de consepara tu fazer tou. consumições delas se adiantou a s por dinheiro que se gas DE CÊNTIMO. PEDI QUE povo para gastámos mil euro mos o mui - g u i r a r r a n j a r a Capela, nós tínha ários Tem vindo gente de das três, CADA UM DESSE UM ano. Já consultei v . . Há a s c o m i s s õ e s terreno e avançámos to longe visitar-nos or outro empreiteiro s, é necessário EURO MAS O PESSOAL DÁ de t o d o s o s a n o s . P E o apoio da Junta? da do pouco tempo veio gente as pessoas retirar a massa to pelo l a d o , a l i vi a va PARA SARDINHAS E QUER Também não têm dinheiro, Viana, aconselhad a ios porque r ó edifício e voltar a encher, t i d e p chegariam s o d Nunca coitados! COMER LAGOSTA. bispo de lá que deu a nossa dir para pintar e substituir alguma a passam uns a pe a ter 20 mil euros porque igreja como de interesse ados caixilharia. uma festa e, pass vão gastando em pequenas ção visitar. O bispo de Aveiro, sam outros A IGREJA TEM DE DAR Será uma reconstru reja oito dias, pas obras, nos caminhos… chegou a meio da ig o povo não ou um edifício novo? O EXEMPLO DE CONs cá para outra, e Está garantida a utiliza! Não e disse que tínhamo o. A Nunca a demolição uária pode dar para tud TENÇÃO E NÃO O DÁ ção da Casa Mort uma catedral. O D. Eurico, dar exemfaz sentido e não reuniria que i g r e j a t e m d e pelos não crentes? QUANDO, NAS FESTAS, o em brincadeira , dizia consenso. país, plo de contenção e não Sé a DIDO Em nenhuma parte do u mudava g e PARTE dia s a a d qualquer as, a A MAIOR Está garanti ja, foi dá quando, nas fest em capelas da Igre de Braga para aqui. o dinheiro NHEIRO VAI PARA FOrança do salão? velar dos maior parte d alguma vez rejeitado ura e Há valores apura A armação está seg ente. GUETES”. t o u vai para foguetes. um defunto não cr co de de quanto se gas ue uia tem um não há qualquer ris q q ó e r n a a o p J A m e á r e s o? Não té foi com a construçã uma resegurança. Aliás, a ás, na con- projecto para isso acontecerá. Ali Não. Íamos gastando por uma viga. com idosos reforçada de houve já sidência eiro. Capela de S. Bento, nas soante vinha o dinh Tem havido quebras e não pessoas veladas qu esmolas nas missas? tinham prática religiosa.

“O pessoal dá para sardinhas e quer comer lagosta”

próximo ano possamos trilhar um caminho melhor”. Disse ainda o Presidente: “Os tempos próximos não serão fáceis para os portugueses, que esperam que em 2013 o Governo trilhe um caminho que lhes traga uma esperança renovada, querem voltar a ter esperança e confiança no futuro”. Que essa reflexão se faça. Esta edição apresenta boas razões para que o leitor perca algum do seu tempo na leitura do RL. Por exemplo: a reportagem sobre a feira semanal de Joane. No terreno, em conversa com os feirantes, o RL ouviu queixumes variados - mais do que dirigidos à falta de condições do novo espaço (e o desagrado ouve-se aqui e ali) eles centram-se mais na “maldita crise” que assola o País. Em síntese: Há clientes mas não se fazem negócios. E os que se fazem são os que envolvem valores mais baixos. “O povo anda sem dinheiro”, dizem os feirantes.

protagonistas AMÂNCIO GONÇALVES Conhecido pelas suas opiniões desempoeiradas, Amâncio Gonçalves, de Ronfe, aventurou-se na escrita. O primeiro livro, “Nariz Entupido”, tem saída prevista para Janeiro. Uma vsão sobre a vida, com muita política à mistura

LOCAL

ENTREVISTA

PAG. 20, 21 | ENTREVISTA O pároco de Joane diz que os paroquianos não podem exigir lagosta quando pagam apenas para terem sardinha. Uma entrevista que não deve perder.

Continuando o destaque da última edição, prosseguimos a análise em torno das eleições autárquicas de 2013, percorrendo as freguesias onde se anuncia maior agitação. Caso de Joane, onde se fala agora no aparecimento de uma lista de independentes - certamente não passará do habitual fogo rasteiro do costume. O pároco de Joane, Manuel Sousa e Silva, é entrevistado nesta edição. Entre outras afirmações, no seu jeito peculiar, queixa-se da falta de contributos dos fiéis e mostra-se um entusiasta da fusão das três festas religiosas da vila numa só. Seria, diz, uma forma de poupar dinheiro em foguetório. Esta edição do seu jornal sai alguns dias antes de mais um Natal. Aproveitamos para Agradecer aos anunciantes, aos colaboradores e, claro, aos leitores que continuam a ser a principal razão da existência do jornal. Bom Natal.

o que se diz JOÃO MOURA A nossa região continua a revelar novos talentos na área da escrita. Nesta edição (página 17) regressamos a João Moura , autor de Joane, que lançou “Nos destroços de um naufrágio”, um “fastbook”, nas suas próprias palavras. Aos 30 anos, com uma licenciatura em comunicação social, João Moura cedeu aos conselhos de vários professores e escreveu esta p r i m e i r a o b r a , q u e f a l a “d a s pequenas coisas do dia-adia” e é, ao mesm o tempo, “uma chamada à realidade” com “algo de sonhador”.

Propriedade e Editor - Tamanho das Palavras, Lda. Rua das Balias, 65, 4805-476 Stª Mª de Airão Telefone 252 099 279 E-mail geral@reporterlocal.com Membros detentores de mais de 10 % capital Joaquim Forte e Luís Pereira Director Joaquim Forte Redacção Luís Pereira (luispereira@reporterlocal.com) | Paginação Filipa Maia | Impressão Gráfica Diário do Minho | Tiragem 4000 ex. | Jornal de distribuição gratuita Distribuição: Alberto Fernandes | Registo ICS 122048 | NIPC 508 419 514

“GNR EM FORÇA NAS ESTRADAS DURANTE O NATAL” Expresso.

“O PS tem-se revelado um partido de valores e de humanismo. Isso confortou-me para aceitar o desafio de ser candidato à Câmara”

“Pensionistas sofrem corte a partir de Fevereiro”

António Peixoto, candidato à Câmara

“O mundo vai acabar, mas não será a 21 de Dezembro de 2012”

“Câmara Municipal de Guimarães admite dificuldades para continuar a apoiar famílias carenciadas. Presidente da Câmara revelou que os serviços municipais recebem uma média de 20 pedidos de subsídio de arrendamento por mês”

Público

Guimarães Digital

Correio da Manhã

“Privatização da TAP cai por terra” Correio da Manhã

“Estádio D. Afonso Henriques será palco do Portugal - Equador, a seis de Fevereiro”

“Assembleia redução de 29 para 23 no número de freguesias”

Guimarães Digital

Rádio Antena Minho

“Cabras ainda não fazem limpeza de terrenos em todas as freguesias previstas (do concelho de Guimarães)”

“Denúncias abrem quatro casos de abusos na Igreja” Jornal de Notícias

O Povo


REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 7

LOCALIDADES

VERMOIM | ELEIÇÕES NA JS Realizam-se no dia 29 de Dezembro, na Junta de Freg u e s i a d e Ve r m o i m , d a s 1 4 : 0 0 à s 1 8 : 0 0 h o r a s , a s e l e i ç õ e s para o Secretariado do Núcleo da Juventude Socialista d e Ve r m o i m . D a n i e l a C a r v a l h o e n c a b e ç a a l i s t a .

JOANE • Assembleia de freguesia

Esmolas, pinos e piruetas

A

saída de Jorge Carvalho da vereação camarária foi o “ponto de viragem” no relacionamento entre a Junta de Freguesia de Joane e a Câmara Municipal de Famalicão. Esta é, pelo menos, a conclusão de Sá Machado, presidente da Junta joanense, revelada na última Assembleia de Freguesia, dia 12. O autarca afirmou que alguém da coligação “disse-me dentro de um gabinete na Câmara que, enquanto eu fosse presidente, não viria nada para esta terra”. Em resposta a uma intervenção de José Carlos Fernandes, do PSD-PP. Na sessão, a maioria PS aprovou o orçamento de 2013, classificado como “uma desilusão” pela coligação. “Em 18 acções que permitiriam a pavimenta-

ção de vias, oito transitam de 2011. Os joanenses vão ficar a pensar onde se gastaram 1,4 milhões de euros em quatro anos. É um orçamento pessimista e sem arrojo”, justificou o eleito Miguel Coelho, que até elogiou a Junta por apresentar uma dívida de apenas três mil euros: “nem em 2001 consegui-

mos ter uma dívida tão baixa”, disse. Às críticas ao orçamento, Sá Machado voltou a responsabilizar a Câmara de Famalicão. “Só falta pedirem-nos para fazer o pino ou a pirueta. Sem dinheiro não se pode fazer nada. Há 12 anos que a Câmara transfere a mesma verba livre. Se a aumen-

tasse 10 por cento ao ano teríamos mais arrojo”, atirou o autarca. José Carlos Fernandes sublinhou que ao autarca, mais do que fazer o pino, basta “aumentar a receita” e “cumprir o prometido”, através, por exemplo, da rentabilização do espaço da nova feira com eventos, “o que

nunca foi feito”. Miguel Coelho acusou o executivo de não cumprir o programa eleitoral de 2009 em 80 por cento, gerando contestação de Sá Machado. O autarca disse que a Junta fez muito “em presença das esmolas que tivemos da Câmara” e deu o exemplo da Escola Sénior: “Ao contrário do que dizem, foi feita e estão aqui cidadãos que o podem confirmar”, rebateu o autarca, contando com o apoio do público. “Andei lá seis anos”, confirmou uma cidadã. O PSD-PP insistiu no pedido dos documentos da aquisição do terreno do corredor pedonal, pretensão recusada pela Junta. “O que temos é um protocolo, não há escritura nem contrato de compra e venda. Se querem o documento, têm de pedir o documento que vinculam as partes”, justificou Machado. PUBLICIDADE

Luís Pereira


Jornal Repórter Local edição 165 21 de Dezembro de 2012 C A R TÓ R I O N O TA R I A L d e L i c . A N Í B A L C A S T R O D A C O S TA Rua Conselheiro Santos Viegas, Edifício Domus III, l o j a s 3 e 4 , V I L A N O VA D E FA M A L I C Ã O

Certifico, para efeitos de publicação que, por escritura de hoje, lavrada de fls. 144 a fls. 146, do livro de notas para “escrituras diversas” número 197-A, deste C a r t ó r i o , C a r l o s M a n u e l C a r d o s o d e A z e v e d o , s o l t e i r o , m a i o r, n a t u r a l d a f r e g u e s i a d e Ve r m o i m , c o n c e l h o d e V i l a N o v a d e Fa m a l i c ã o , o n d e r e s i d e n a A v e n i d a Além do Ribeiro, n.º 105, José Maria Soares de Carvalho, casado, natural da d i t a f r e g u e s i a d e Ve r m o i m , o n d e r e s i d e n a R u a d a s F l o r e s , n . º 2 4 4 , 1 . º D t . º , e S é r g i o B r u n o A z e v e d o d a S i l v a , c a s a d o , n a t u r a l d a d i t a f r e g u e s i a d e Ve r m o i m , onde reside na Rua da Capela , Edifício da Capela , n.º 40, Bloco C , 1.º Dt .º, em n o m e e r e p r e s e n t a ç ã o d a “A C V – A S S O C I A Ç Ã O C U LT U R A L D E V E R M O I M ” , N . I . P. C . 5 0 1 . 8 6 9 . 2 4 7 , c o m s e d e n a R u a d e V i n h ó , n . º 1 0 9 , f r e g u e s i a d e Ve r m o i m , c o n c e l h o d e V i l a N o v a d e Fa m a l i c ã o , d e c l a r a r a m , q u e a “A C V – A S S O C I A Ç Ã O C U LT U R A L DE VERMOIM”, sua representada , é dona e legítima possuidora , com exclusão de outrém, do PRÉDIO URBANO, composto por Campo de Futebol, e junto edifício para Balneários e Salão de Apoio, com a área coberta de cento e onze metros quadrados e com área descoberta de mil setecentos e setenta e um vírgula dez m e t r o s q u a d r a d o s , s i t o n a R u a d e V i n h ó , f r e g u e s i a d e Ve r m o i m , c o n c e l h o d e V i l a N o v a d e Fa m a l i c ã o , a c o n f r o n t a r d o n o r t e e d o n a s c e n t e c o m M B A g r i c u l t o r e s , Lda , do sul com Rua de Vinhó, e do poente com Caminho de servidão, OMISSO n a C o n s e r v a t ó r i a d o R e g i s t o P r e d i a l d e V i l a N o v a d e Fa m a l i c ã o , i n s c r i t o n a r e s pectiva matriz em nome da sua representada sob o artigo 1.527 (desconhecem quaisquer artigos matriciais anteriores), com o valor patrimonial e atribuído de D E Z A S S E T E M I L C E N T O E N O V E N TA e u r o s , Q u e a “A C V – A S S O C I A Ç Ã O C U LT U R A L D E V E R M O I M ” , s u a r e p r e s e n t a d a , n ã o é detentora de qualquer título formal que legitime o domínio do referido prédio, tendo-o adquirido o solo no ano de mil novecentos e oitenta e seis, por doação v e r b a l d e F ra n c i s co Ro d r i g u e s d a S i l va e m u l h e r M a r i a d e L u r d e s Fa r i a d a S i l v a , r e s i d e n t e s q u e f o r a m n o l u g a r d e Po ç a d o M o n t e , f r e g u e s i a d e Ve r m o i m , co n c e l h o d e V i l a N o va d e Fa m a l i c ã o , n ã o c h e g a n d o , t o d a v i a , a r e a l i z a r - s e a projectada escritura de doação. Q u e , d e s d e a q u e l a d a t a d a a q u i s i ç ã o , a “A C V – A S S O C I A Ç Ã O C U LT U R A L D E V E R MOIM”, tem usufruído em nome próprio o referido prédio, construindo o edifício, utilizando-o em prol do povo da freguesia , organizando provas desportivas e de lazer e espectáculos culturais, utilizando-o para campeonatos de futebol e outras provas desportivas, fazendo obras de conservação e adaptação para a realização dos referidos eventos, gozando de todas as utilidades por ele proporcionadas, pagando as respectivas contribuições e impostos, com ânimo de quem exercita direito próprio, sendo reconhecida como sua dona por toda a gente, fazendo-o de boa fé, por ignorar lesar direito alheio, pacificamente, porque sem violência , continua e publicamente, à vista e com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém. Que a posse assim exercida e mantida durante mais de VINTE ANOS, lhes facultou á “ A C V – A S S O C I A Ç Ã O C U LT U R A L D E V E R M O I M ” , q u e r e p r e s e n t a m , a a q u i s i ç ã o do direito de propriedade do dito prédio por USUCAPIÃO, que, expressamente invocam para efeitos do Registo Predial, uma vez que não é susceptível de ser comprovada por qualquer outro título formal extrajudicial, esta forma de aquisição. E S TÁ C O N F O R M E E C O N F E R E C O M O O R I G I N A L N A PA R T E T R A N S C R I TA V i l a N o v a d e Fa m a l i c ã o , d e z a n o v e d e D e z e m b r o d e d o i s m i l e d o z e . O Notário (Lic. Aníbal Castro da Costa) Conta registada sob o n.º 2/2422 E m i t i d a Fa c t u r a / R e c i b o n . º 2 4 2 2 / 0 0 1 / 2 0 1 2 .

Serviço permanente 24h


REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 9

VERMOIM | RUAS PAVIMENTADAS A Junta de Freguesia de Vermoim deu por terminada a obra de pavimentação das ruas de S. João e da Presa . A intervenção custou 30 mil euros e contemplou também a instalação da rede de abastecimento de água e águas pluviais.

LOCALIDADES

região • autárquicas 2013

As peças começam a encaixar mas o puzzle autárquico ainda está incompleto Luís Pereira

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(cabeça de lista em 2005) nem António Gonçalves (em 2009) estarão na linha da frente em 2013. “Existem dois ou três nomes em cima da mesa mas só um círculo muito restrito de pessoas sabe quem são, e não é nenhum empresário”, afirma Luís Gonçalves ao RL. O BE vai apresentar candidatura em Ronfe mas não é certo que seja João Ferreira.“Estou sempre disponível mas ainda não sei se serei o número um. Vai depender de muitos factores”, refere Ferreira.

as dez freguesias cobertas pelo RL, seis dos actuais presidentes estão impedidos de encabeçar novas candidaturas, pelo menos nas freguesias que actualmente gerem, por terem ocupado o cargo por três mandatos consecutivos: são eles Sá Machado (Joane); Domingos Forte (Airão S. João); Francisco Sá (Castelões); Joaquim Pereira (Oleiros); Xavier Forte (Vermoim) e Manuel Pimenta (Mogege). Nas freguesias do RL, do lado de Famalicão nada será alterado; no concelho de Guimarães, apenas Ronfe se manterá como está. Nas restantes, tudo muda. A irões e V ermil Se for por diante a lei da reforma administrativa, em 2013 os eleitores de Airão Santa Maria, Airão S. João e Vermil elegerão uma única Assembleia, que por sua vez elegerá um único executivo para esta União de Freguesias que terá sede em Santa Maria, por ser a mais populosa. O processo de escolha de candidatos está condicionado pelas decisões de Vermil, que está contra a agregação. Apesar de Santa Maria ser a que tem mais eleitores, o candidato à Junta que vier a ser escolhido terá de contar com os votos dos eleitores de Vermil e de Airão S. João. António Carvalho, actual presidente da Junta de Airão Santa Maria, deverá ser a escolha provável para encabeçar a lista do PS. O autarca não esconde esse desejo: “Pareceme uma evidência que caberá a Santa Maria a indicação do candidato, mas o assunto ainda não foi pensado. Estarei disponível”, diz Carvalho. A elaboração da lista do PS pode, contudo, não ser tão pacífica, até porque

haverá mais interessados. Caso de Domingos Forte, actual presidente da Junta, que já em Agosto, ao RL, manifestava “total disponibilidade” para ser candidato. A representatividade de Vermil na lista socialista está também por decidir. O cabeça de lista em 2009, Domingos Barros, não gostou da determinação do PS, em Guimarães, na definição do mapa das ag re g açõe s e g arant e ao RL que, no final do mandato, fica “reformado para a política”. Assim, a opção do PS pode passar por convencer o actual presidente da Junta, Armando Vidal, a trocar o PSD pelo PS. A ideia, negada por Domingos Bragança, líder da concelhia PS, é confirmada por fonte da actual equipa de Armando Vidal, que alude a um “intensificar” dos contactos. Ao RL, Armando Vidal diz que está “cheio das consumições” da Junta e que só vai até ao fim do mandato para terminar a Casa Mortuária. Depois, garante, “vou deixar a política”. No PSD/PP, ainda não está definido o candidato para a união das três

freguesias. Marçal Mendes, secretário da Junta Vermil, é o preferido, mas mostra-se disponível para fazer parte da lista, não para a liderar. A solução poderá passar por Ângela Oliveira, candidata PSDPP em 2009, em Airão Santa Maria. “Está tudo num estado muito embrionário”, diz a advogada. Fora das escolhas estará Filipe Machado, eleito do PP em Vermil, por certo ainda lembrado do “episódio” de 2005, quando o PSD o “trocou” por Armando Vidal. “Não fui nem conto ser abordado”, diz Filipe Machado, lançando a sugestão de “uma lista independente, só com pessoas de Vermil”. OLEIROS No novo mapa concelhio de Guimarães, Oleiros será agregada com Leitões e Figueiredo. Joaquim Pereira (PS) aguarda pelo lugar que lhe resevarão na lista. “Ainda não está nada decidido. Pensava retirar-me mas as pessoas têm insistido comigo”, disse ao RL. VERMOIM O actual secretário da Junta de Freguesia de Ver-

moim, Manuel Carvalho, deverá ser a aposta da coligação PSD/PP para 2013. Para já conta com o apoio de do actual presidente, Xavier Forte. A escolha de Carvalho, contudo, não é consensual, pois há quem prefira Licínio Pinto, tesoureiro do actual executivo. Para Vermoim, o PS deve repetir a aposta em José Azevedo, acompanhado por elementos da equipa actual e por “gente nova”. C A S T E LÕ E S O presidente da Junta, Francisco Sá, está de saída. O próximo candidato do PS será Bruno Campos, actual secretário do executivo. O anúncio deverá ser feito durante o mês de Janeiro. RONFE António Sousa diz-se “disponível para ser candidato” ao cargo que ocupa desde a saída de Daniel Rodrigues. O processo, diz Sousa, será o mesmo de eleições anteriores: ouvir os militantes do PSD e apoiantes. Do lado do PS, alguns nomes foram sondados para a missão, mas parece um dado adquirido que nem Luís Gonçalves

JOANE A revelação de Xavier Oliveira como candidato do PSD-PP em 2013 trouxe nova agitação à vida política. Os membros do PS local estão ainda a digerir a escolha de um exsocialista. Mesmo que se confirme a candidatura de António Oliveira, actual número dois de Sá Machado, o episódio Xavier Oliveira veio espevitar o debate. O nome não gera unanimidade nas hostes socialistas e o anúncio d o candidato não ocorrerá tão cedo. Para baralhar o cenário, começam a surgir rumores sobre a possibilidade de uma lista independente, impulsionada por figuras ligadas a partidos de esquerda que confirmaram ao RL a existência de convites. “A lista vinha a ser preparada há meses e ganhou novo alento depois do anúncio de Xavier Oliveira”, disse um dos convidados. Para tentar impedir esse “baralhar de contas”, nos últimos dias uma SMS assinada por Xavier Oliveira chegou aos telemóveis de alguns protagonistas da vida política local. A mensagem, enigmática, diz “tu queres o que eu quero, o melhor para Joane”. Já o BE tem-se desdobrado em convites, um dos quais endereçado a Alberto Fernandes, candidato em 2009.


10 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER LOCAL

LOCALIDADES

Centro Escolar não convence PS e CDU contestam afectação, no Orçamento de 2013, de 3500 euros só para comunicações Luís Pereira

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a esquerda à direita, não há membro da Assembleia de Freguesia que acredite na concretização do Centro Escolar de Ronfe. Temendo que o projecto não saia do papel, o executivo quer a clarificação do processo por parte da Câmara de Guimarães para definir o que fazer quanto ao futuro da escola de Gemunde. “É ou não a solução de futuro para o ensino de Ronfe? Se for, é urgente a sua recuperação”, considerou António Sousa, presidente da Junta, no decorrer da última Assembleia, no passado dia 16. Encerradas as escolas da Ermida e Lourinha, a de Gemunde tem vindo a acolher as crianças do primeiro ciclo. O anúncio da Câmara, em 2009, da intenção de construir o Centro Escolar fez com que a escola de Gemunde fosse vista como “de transição”. Depois de ter escolhido o terreno (junto à escola Abel Salazar), o Município aprovou o projecto em Março de 2011 e chegou a abrir, em Setembro do mesmo ano, concurso para a obra de 3,6 milhões de euros. Mais de um ano depois, a obra aguarda financiamento.

“Não há dinheiro para investir na educação em Ronfe mas houve para fazer as piscinas em Moreira de Cónegos. Assuma-se que não o vão fazer e invista-se na escola de Gemunde”, criticou Benjamim Mendes, do PSD. Luís Gonçalves, do PS, mostrou-se favorável a uma intervenção em Gemunde mas responsabilizou o governo PSD-PP pela falta de financiamento na educação. “Se não há dinheiro para construir o Centro Escolar, a culpa não é da Câmara mas do governo do vosso partido que cortou com o financiamento nestes equipamentos”, acusou o eleito. No encontro, a maioria “laranja” aprovou o or-

çamento de 144 mil euros para 2013. António Sousa mostrou-se preocupadoi quanto à sua execução, “uma vez que a Câmara dedica apenas cinco por cento do seu orçamento para distribuir pelas freguesias”. “Se até aqui, 30 mil euros já eram insuficientes, receio que a verba diminua ainda mais”, considerou. O autarca espera, porém, que em 2013, ano de eleições, haja “condescendência para Ronfe” por parte da Câmara. E desafiou o eleito do PS, Luís Gonçalves, a empenhar-se nessa tarefa, deixando de fazer “terrorismo junto da Câmara”. Na resposta, Gonçalves acusou o presidente de

usar de “má-fé” e de “pôr em causa a honra das pessoas de forma gratuita”, lembrando que sempre se disponibilizou para ajudar a resolver junto da Câmara determinados problemas”. O eleito do PS referiuse ainda ao Orçamento da Junta para 2013, partilhando das críticas da eleita da CDU, Fátima Mendes, quanto às despesas previstas para comunicações, estudos e pareceres (3.500 euros em cada uma das rubricas, num total de 7.000 euros). O executivo anunciou ainda que no próximo ano será formalizada a transferência da Junta para a Casa do Povo .

FAMALICÃO

PSD e CDS/PP de novo juntos em 2013 A s c o n c e l h i a s d e Fa m a l i cão do PSD e do PP firmaram, no passado dia 11, a coligação para as autárquicas de 2013. O anúncio foi feito na Casa d o Te r r i t ó r i o d o Pa r q u e da Devesa pelos presidentes das concelhias, Vítor Moreira (PSD) e Ricardo Mendes (PP). “Não é uma renovação automática, cómoda. É uma renovação que resulta de um processo que foi sendo debatido e construído, informal e formalmente, entre os dois partidos”, disse Ricardo Mendes. O nome que encabeçará a lista da coligação à C â m a ra d e Fa m a l i c ã o c o n t i n u a p o r r e v e l a r, embora seja praticamente certo que venha a ser Paulo Cunha , actual número dois do executivo.

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JOANE • Assembleia de freguesia


REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 11

CAMILO EM SELO DOS CORREIOS Os CTT lançaram um selo evocativo dos 150 anos da publicação do romance “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco. O selo, no canto superior direito, inclui o rosto estilizado do romancista elaborado por António Antunes.

Sérginho

Abu no gelo N ve para fazer a minha personagem adoeceu. Alguém da produtora lembrou-se de mim, fui fazer o casting e cinco dias depois estava em cima do gelo a representar, logo eu que nunca tinha andado no gelo”, conta Serginho ao RL. O espectáculo esteve em cena no Teatro Rivoli (Porto) entre 14 de Novembro e 16 de Dezembro. As 56 apresentações registaram

34 mil espectadores. “Dei autógrafos a milhares de crianças e tirei mais de cinco mil fotos”, descreve o actor, que fez de macaco Abu, o melhor amigo de Aladino. “Tinha cinco dias de ensaio quando todo o resto do elenco teve mais de mês e meio. Foi incrível ouvir elogios do director do Teatro Rivoli à minha prestação assim como poder trabalhar com o autor Paulo Sousa Costa”, diz Sérginho. Sobre Luciana Abreu, o actor tece-lhe elogios: “Carinhosa, simpática e cheia de talento. Ao contrário do que se diz, ela trata toda a gente por igual. Tenho a certeza absoluta que ganhei uma amiga para toda a vida”, assegura. O jovem espera que agora se abram mais portas no mundo do espectáculo, enquanto colabora com uma companhia de teatro de Braga. “Acredito num futuro radioso”, diz.

Luís Pereira

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ão é todos os dias que um jovem actor de uma pequena localidade tem a oportunidade de contracenar com Luciana Abreu, uma estrela mediática da TV e do teatro. “Serginho” fez parte do elenco do musical no gelo “Aladino e a Gruta Mágica”, protagonizado por Luciana “Floribela” Abreu. “A cinco dias da estreia, o actor que este-


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REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 13

Dezassete grupos participarm no quinto encontro da Confraria dos Bombos de Airão Santa Maria. Foram 400 a rufar pela freguesia.

airão santa maria

Cerca de 400 tocadores participaram, no passado dia 15 de Dezembro, no quinto encontro de bombos organizado pela Confraria dos Bombos de Airão Santa Maria. Na hora do balanço, a organização diz que a adesão ultrapassou as expectativas e salienta a presença, pela primeira vez, de grupos de fora da freguesia. “Não é normal neste tipo de eventos concentrar 17 grupos”, considera André Cunha, da Confraria. Terminado o encontro, as atenções da Confraria dos Bombos voltam-se agora para a organização da segunda edição do “Rock no Rio”, ao mesmo tempo que continua a angariar fundos para compra de uma ambulância para servir a população de Santa Maria. “Não desistimos da ambulância mas sabemos que a ambição é grande e será aos poucos que lá chegaremos. A caixa que está na sede da Confraria já pesa bem e isso é um bom sinal”, adianta o responsável.

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Bombos sairam à rua



REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 15

Amâncio gonçalves “Dá-me a impressão que a candidatura de Xavier Oliveira à Junta de Joane, serve para abafar qualquer coisa que se passa n o Te a t ro C o n s t r u ç ã o , q u e é u m a m o n a r q u i a , s ó a f a m í l i a O l i v e i r a é q u e m a n d a l á .”

Amâncio estreia literária

Colunista polémico, Amâncio Gonçalves pôs a visão do que o rodeia em livro

Luís Pereira

“Nariz entupido” é o primeiro livro de Amâncio Gonçalves, de Ronfe, com saída prevista para Janeiro.A visão do autor sobre a região, com especial destaque para Joane e Ronfe, misturando drama , romance e muita crítica política. “É um testemunho de alg u é m q u e e s t e ve s e i s m e s e s i n t e rnado de hospital para hospital”, descreve Amâncio Gonçalves. A obra foi escrita na fase de recuperação após ter sido operado ao coração. “Recebi uma segunda oportunidade de vida. O l i v ro é t a m b é m u m d i á r i o e u m testemunho de vida”, acrescenta . Amâncio Gonçalves tornou-se familiar dos leitores de jornais graças aos seus artigos de opinião. A v e i a d e e s c r i t o r a t i ro u - o a g o r a p a r a o s l i v ro s . Anda com vontade de trazer o p i n d a b a n d e i ra d e Po r t u g a l ao peito? A p e s a r d e t u d o , s i m . Te n h o m u i t a vontade de ver este governo na s a r g e t a , m a s Po r t u g a l e s t á a c i m a . E s t e é o g ove r n o m a i s à d i r e i t a que a história já conheceu? Não me importa se é de direita ou de esquerda , importa-me a sua capacidade. O que este governo f a z n ã o é a d m i n i s t r a r, é d e s t r u i r t u d o o q u e f o i c o n s e g u i d o . P ro meteu mundos e fundos e falhou com tudo de uma forma abusiva . Como se define politicamente? Eu sou por aquilo que acredito e acredito sobretudo na justiça

social. Temos que ser uma espécie de irmãos que se respeitam e que por isso não andam a dar esmolas a ninguém. Acredito no respeito p e l a d i g n i d a d e d a s p e s s o a s , co i s a que este governo não tem. É ronfense mas tem uma predilecção por Joane… Na verdade sou natural de Garf e , Pó v o a d e L a n h o s o . G o s t o d e Ronfe, onde vivo há 72 anos, e de Joane, porque é onde faço muita da minha vida. Sá Machado foi um bom presidente de Junta? Não. Limitou-se a andar e a aproveitar o facto de quem lá está ser sempre reeleito. X av i e r O l i v e i r a d a r i a u m b o m presidente de Junta? Não. Dá-me a impressão que esta candidatura serve para abafar qualquer coisa que se passa no Te a t r o C o n s t r u ç ã o , q u e é u m a monarquia , só a família Oliveira é que manda lá. O Xavier é muito boa pessoa mas não lhe reconheço essa capacidade para uma Junta . At é e n t e n d o o i n t e r e s s e e m o P S D e o partido da boleia irem buscar um homem para quebrar o ritmo m a s p e l o m e n o s q u e e s co l h e s s e m alguém que valesse a pena . E A n t ó n i o O l i ve i ra ? Não conheço. C o m o vê a p o l í t i c a e m Ro n f e ? O ex-presidente (Daniel Rodrigues) está à frente da Casa do Povo, não sei porque obra e graça . A C a s a d o Po v o é o c a n c r o q u e aconteceu em Ronfe. Mas porque fala na Casa do Po vo q u a n d o l h e p e r g u n t o d a

Junta? Porque agora está tudo misturado e u m a co i s a d á p a ra t a p a r a o u t ra . Sempre se mostrou crítico de D a n i e l Ro d r i g u e s … Tenho razões e o tempo só veio reforçar as minhas críticas quando ele se demitiu por falta de tempo para a Junta e logo de seguida s e m e t e u n a C a s a d o Po v o . É u m engano total aos ronfenses. O Daniel foi eleito sem experiência e deixou-se levar por uma certa i m o l a ç ã o . É u m p o l í t i co p o p u l i s t a que em parte é popular porque há muita gente a gostar dele. E António Sousa? N ã o l h e r e co n h e ç o c a p a c i d a d e . O D a n i e l p e l o m e n o s e ra a d vo g a d o . M a s é p r e c i s o s e r - s e a d vo g a d o p a ra s e r p r e s i d e n t e d e J u n t a ? Não, mas o Daniel, apesar de tudo, sempre ia aparecendo aqui e acolá, na tasca, no café e o António Sousa não. E do lado do PS, há alternativas? Pe n s o q u e t ê m u m c a n d i d a t o m a s que nem está cá, o Manuel Azevedo (da família dos Barrosos). Comenta-se, não tenho nada com o assunto porque não sou socialista. Foi seminarista . Como olha p a ra a I g r e j a d o s d i a s d e h o j e ? Te n h o a m e s m a v i s ã o q u e t i n h a nos anos de seminarista. Sou muito conservador porque as verdades da fé e a doutrina social da Igreja já estão expressas mesmo antes de termos nascido, a única coisa que muda são os seus agentes.



REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 17

JOANE | CEIA DE NATAL DA EARO A Ceia de Natal da Escola de Atletismo Rosa Oliveira , de Joane, contou com a presença das atletas olímpicas Jéssica Augusto e Inês Monteiro. Durante a iniciativa , com a presença de Paulo Cunha , vice-presidente da Câmara de Fa m a l i c ã o , f o r a m e n t r e g u e s l e m b r a n ç a s a o s a t l e t a s e a o s patrocinadores.

João Moura Os destroços de um autor “Nos destroços de um naufrágio” é o livro do jovem joanense que relata “pequenas coisas do dia-a-dia”.

Se o leitor é daquelas pessoas que gosta de oferecer livros no Natal, e se ainda não fez as compras todas, aqui fica uma sugestão: “Nos destroços de um naufrágio”, do escritor joanense João Moura. Um “fast-book”, nas palavras do autor, de leitura fácil para a quadra natalícia. Aos 30 anos, com uma licenciatura em comunicação social, João Moura cedeu aos conselhos de vários professores e escreveu a sua primeira obra. “Fala das pequenas coisas do dia-a-dia. É uma chamada à realidade, embora tenha algo de sonhador. Deixa a mensagem de que, quando a vida dá um bocado para o torto, convém que as pessoas façam o melhor que conseguirem, a partir dos seus destroços”, descreve o autor. Recheado de drama (“foi um erro não colocar muito amor, vendia mais entre

as mulheres”), o livro está à venda desde Maio e já foi apresentado em Braga, Guimarães e Leiria. “O título é metafórico. Retrata as nossas vidas quando chegam a uma altura em que as coisas não correm muito bem e as pessoas ficam nos seus próprios destroços a naufragar”. O livro contém passagens pessoais do autor, o que comoveu a família. De resto, João Moura faz questão de sublinhar que a obra é também uma homenagem ao falecido pai. “Dediquei-lhe uns textos e ele sempre quis escrever um livro mas não o chegou a fazer”, revela. Uma segunda obra não está nos horizontes do autor que prefere “digerir” o efeito da primeira. O livro pode ser adquirido na internet , na FNAC, Bertrand e Centésima Página, em Braga.



REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 19

“Foi um ano muito árduo de trabalho mas não é assim tão difícil amealhar o dinheiro, como outras c o m i s s õ e s q u e r e m d a r a e n t e n d e r. O s j o a n e n s e s ainda colaboram, mesmo gente que se calhar precisa do dinheiro que dá”, refere Américo Machado.

joane

Famílias evitam fim da festa de S. Bento Família Machado organizou a festa de 2012 e ainda angariou dinheiro para arranjar a capela Luís Pereira

A

dedicação e o trabalho da Comissão de Festas de S. Bento deste ano p e r m i t i ra m a r e s t a u ra ç ã o d a pequena capela em honra do santo. A Comissão não se contentou em realizar a f e s t a e , co m p a r t e d o d i n h e i ro que recolheu, fez obras no telhado e participou no processo de ampliação do a d ro , c o n t í g u o à c a p e l a . As intervenções resultaram, em grande parte, da mão de-obra e da boa vontade dos sete elementos da uma família que vive nas redondezas e que abraçou a tarefa de realizar a festa no passado mês de Junho. “Quando aceitámos organizar a festa, tivemos a intenção de precaver parte do dinheiro para restaurar o telhado da capela. De início queríamos mexer apenas no telhado do a l p e n d r e m a s q u a n d o co m e çámos a trabalhar reparámos que toda a madeira estava podre e por isso tivemos que restaurar o telhado todo”, explica António, um dos Machados da comissão. Para reduzir os custos, a família Machado ofereceu a mão-de-obra . Só o trabalho de carpintaria foi contratado. A Junta de Freguesia de Joane apoiou a empreitada , garantindo a renovação do largo da capela, onde

costuma ficar o palco das festas. As duas intervenções c u s t a ra m 4 . 5 0 0 e u ro s , a q u e se somam os 25 mil euros da organização da festa . “Foi um ano muito árduo de trabalho mas não é assim tão difícil amealhar o dinheiro, como outras comissões querem dar a e n t e n d e r. O s j o a n e n s e s ainda colaboram, mesmo gente que se calhar precisa d o d i n h e i ro q u e d á ” , r e f e r e Américo Machado. Po r i ro n i a , o r e s t a u ro s u r g e numa altura em que a Ca-

pela de S. Bento deixará de ter uso tão intenso, já que d e i xa rá d e s e r o e s p a ç o p a ra velar os mortos por força da inauguração da Capela Mortuária. Durante décadas, lembra António Machado, “foi a c a s a m o r t u á r i a d e Jo a n e ” , o que ajudou à sua degradaç ã o . “ To d a a g e n t e e n t r a v a e estragava . Até terra havia lá dentro! Apelava-se aos contributos das pessoas para a manutenção mas a caixa de esmolas nunca tinha nada”, apontam os

Machados. Nos tempos que correm é cada vez mais difícil encontrar pessoas disponíveis para organizar uma festa como a de S. Bento. Para um fim-de-semana de festa é n e c e s s á r i o u m a n o i n t e i ro de trabalho para angariar fundos, através de peditórios “porta-a-porta” e de outras iniciativas. A festa já chegou a ser organizada só por mulheres. Pe l a p r i m e i r a v e z , e m 2 0 1 2 foi feita por uma comissão constituída por uma só

família . A de 2013 seguirá os mesmos moldes. Desta forma evita-se a o fim da tradição. “A c o m i s s ã o d e 2 0 1 2 p a r t i u de uma ideia familiar entre primos e irmãos. Sempre morámos junto da capela , mas nunca tínhamos feito parte da organização. O bichinho começou a mexer connosco e avançámos. Nestes tempos, a melhor solução é a das famílias. Funciona bem porque há cumplicidade”, assegura António Machado.

“De início queríamos mexer apenas no telhado do alpendre mas quando começámos a trabalhar reparámos que toda a madeira estava podre e por isso tivemos que restaurar o telhado todo”.


20 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER LOCAL

MANUEL SOUSA E SILVA Te m 8 3 a n o s e é p á r o c o d e J o a n e h á 5 9 . G e r a ç õ e s de joanenses não conheceram outro. Nesta entrevista fala do dinheiro que falta para pagar a capela mortuária e de projectos paroquiais.

ENTREVISTA

A

obra da Capela Mortuária está pronta e custou 120 mil euros. O que responde a quem a considera cara? Houve a necessidade de fazer adaptações que não estavam inicialmente pre vistas. No concurso, tivemos a preocupação de assegurar que os concorrentes não a deixariam a meio porque isso aumentaria os custos. Entregámos a quem fez mais barato. Ficamos contentes por se r uma em presa da terra mas não foi beneficiada em nada. Há sempre pessoas que estão à margem e falam sempre e nã o sabem as exigências para fazer uma obra. Não acho caro, pelo contrário. Mas tem havido dificuldade em arranjar dinheiro para a pagar... Estamos em tempo de crise e o pessoal está-se a encolher muito. Até ao momento, já com os apoios da Câmara e da Junta, conseguimos 67 mil euros. Não estamos preocupados porque as pessoas vão dando. O pobre é o generoso, quem mais tem, menos dá. Era bom que cada família desse 100 euros. Fiz a conta a mil famílias, são muitas mais mas calculei que pelo menos estas dariam. Está longe de chegar mas aos poucos vamos lá. Os 25 mil euros da Câmara foram justos? Foi pouco, deveria ter dado, pelo menos, o dobro. A Câmara não pode olhar só pelo bem-estar das populações da cidade, a periferia também deve ter o mesmo tratamento. A par dos cemitérios, é a Câmara e a Jun ta que administram estes equipamentos. Nenhuma delas se adiantou a fazer a Capela, nós tínhamos o terreno e avançámos. E o apoio da Junta? Também não têm dinheiro, coitados! Nunca chegariam a ter 20 mil euros porque vão gastando em pequenas obras, nos caminhos… Está garantida a utilização da Casa Mortuária pelos não crentes? Em nenhuma parte do país, em capelas da Igreja, foi alguma vez rejeitado velar um defunto não crente. Não será em Joane que isso acontecerá. Aliás, na Capela de S. Bento, já houve pessoas veladas que não tinh am prática religiosa.

“O pessoal dá para sardinhas e quer comer lagosta” Manuel Sousa e SIlva, pároco de Joane,

Luís Pereira

O PSD de Joane afirmou numa Assembleia que o senhor soube por eles do apoio da Junta e que a Junta e a Paróquia não terão conversado sobre a obra… A Paróquia sempre conversou com a Junta, que deu o apoio na medida das suas possibilidades, prometendo novo apoio no próximo ano. Não temos qualquer queixa. A Capela fez adiar a intervenção no salão? As pessoas julgam que o salão se arranja com a mesma verba da capela! Precisamos de muitas de zenas de milhar de contos. A manutenção dos equipamentos da Paróquia é caríssima e não há dinheiro para tudo. Só em hóstias, gastámos mil euros por ano. Já consultei vários empreiteiros, é necessário retirar a massa toda do edifício e voltar a encher, pintar e substituir alguma caixilharia. Será uma reconstrução ou um edifício novo? Nunca a demolição! Não faz sentido e não reuniria consenso. Está garantida a segurança do salão? A armação está segura e não há qualquer risco de segurança. Aliás, até foi reforçada por uma viga. Tem havido quebras nas esmolas nas missas?

FRASES “O pobre é generoso, quem mais tem, menos dá. A Câmara não pode olhar só pelo bemestar das populações da cidade, a periferia também deve ter o mesmo tratamento. não há dinheiro para tudo. Só em hóstias, gastámos mil euros por ano. nas missas cai muita moedinha preta de cêntimo. pedi que cada um desse um euro MAS O pessoal dá para sardinhas e quer comer lagosta. A igreja tem de dar O exemplo de contenção e não o dá quando, nas festas, a maior parte do dinheiro vai para foGUETES”.

Nas missas cai muita mo edinha preta de cêntimo! Cheguei a pedir que cada um desse um euro, quem nos dera que assim fosse, dava para tudo e juntavase para as obras. O pessoal dá para sardinhas e quer comer lagosta. A Igreja de Joane durou 50 anos a construir e há quem continue a criticar um certo luxo… As igrejas ou se fazem de pressa e ficam um barraco ou levam tempo e ficam uma obra de arte. A nossa igreja é uma obra de arte. As casas das pessoas também melhoraram muito e um templo como este tem de estar ligado à arte. Tenho muito orgulho na igreja que construímos e dou por bem empregue o dinheiro que se gastou. Tem vindo gente de mui to longe visitar-nos. Há pouco tempo veio gente de Viana, aconselhada pelo bispo de lá que deu a nossa igreja como de interesse a visitar. O bispo de Aveiro, chegou a meio da igreja e disse que tínhamos cá uma catedral. O D. Eurico, em brincadeira, dizia que qualquer dia mudava a Sé de Braga para aqui. Há valores apurados de quanto se gastou com a construção? Não. Íamos gastando consoante vinha o dinheiro.

Estamos a falar de 50 anos de construção. No princípio, quem começou a trabalhar cá ganhava vinte escudos. É impossível calcular todos os dinheiros. A melhor estimativa é chamar um mestre-de-obras para avaliar. Só o órgão de tubos que eu ofereci cus tou 12 mil contos (60 mil euros). Há três festas religiosas em Joane. O que pensa da fusão das três festas? Quem me dera! O problema é que cada um está pegado ao seu canto, à sua festa e ao seu santo. Apoiava em cheio essa fusão. A igreja e o adro são grandes, cabem todos. Ficaria contente, dava a minha esmola e tirava as consumições de conseguir arranjar povo para as comissões das três, todos os anos. Por outro l a d o , a l i vi a va a s p e s s o a s dos peditórios porque passam uns a pedir para uma festa e, passados oito dias, passam outros para outra, e o povo não pode dar para tudo. A igreja tem de dar exemplo de contenção e não o dá quando, nas festas, a maior parte do dinheiro vai para foguetes. A paróquia tem um projecto para uma residência de idosos com


REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 21

MANUEL SOUSA E SILVA “Custódio Fernandes não tem as portas abertas na igreja porque nunca se retratou do que disse”.

EM FOCO

hospital de retaguarda. Em que é que se distingue da Casa de Giestais? Será mais personalizado, com melhor acolhimento, mais moderno – embora a Casa de Giestais seja um óptimo lar. Enquanto o Estado não aprovar a comparticipação não conseguimos arrancar. Temos o terreno (junto ao Centro Escolar); é preciso não ter pressa porque os apoios para a protecção social estão a encolher . A quem se destina o lar? Às pessoas com menos possibilidades. Não nos inte ressa fazer lares para ricos porque esses defendem-se. A Câmara entregou uma escola à Paróquia que por sua vez a entregou aos escuteiros. Isso pode ser visto como o golpe final no salão? Não! O lugar que era ocu pado pelos escuteiros foi ocupado pelas Guias, que continuam a zelar pelo salão da mesma forma. Os escuteiros sempre foram a prioridade para ocupar a escola? Havia muita gente que a queria mas os escuteiros são o maior movimento. Não há discriminação, outros movimentos ficaram com novos e maiores espaços no salão. A escola é da paróquia, se mpre que for necessária estará ao dispor. Está em Joane há 59 anos. Como olha hoje para esta terra? Está completamente transformada. Desenvolveu-se, perdeu o cariz rural. Está muito bem situada e servida de equipamentos mas deve pedir mais para não ficar parada.

ENTREVISTA | Pároco de joane

“O nosso povo ainda se prende muito com coisinhas pequenas” É fácil gerir uma paró quia desta dimensão? É difícil porque as mentalidades nem sempre recebem bem qualquer mudança que se queira fazer. Qualquer obra é sempre criticada. O nosso povo ainda se prende muito com as coisinhas pequenas em vez de ter grandes objectivos e pensamento aberto. Luto sempre con tra os pensamentos das tais “festinhas”, “o meu santo”, “o meu grupo”. Todos estamos ao serviço da comunidade. O episódio que envolveu Custódio Fernandes e o grupo coral, por altura da inauguração da igreja, foi o que mais o abalou nos últimos anos de pároco? Foi uma coisa muito infeliz mas que está esquecida. Pus um ponto final, deitei para trás das costas. Mas têm portas abertas na igreja? Não, porque ele nunca se retratou do que disse. Tentou subverter a Paróquia, lançando panfletos du-

rante a noite e semeando calúnias. Por causa disso, fomos inspeccionados pelas finanças. Não sofremos penalizações porque estava tudo em ordem. Eu perdoo, tem é que pedir desculpas e retractar-se. Há hoje menos ovelhas no rebanho? As pessoas têm-se afastado da Igreja? Não direi isso. Há muita fé no povo, existem formas diferentes de a expressar. Nos grandes momentos da vida - baptismo, casamentos, funerais - as pessoas continuam a recorrer à Igreja. Continuo a ver a igreja composta nas missas, embora os costumes tenham mudado. Aos 83 anos sente-se com saúde para continuar a dirigir a paróquia? Tenho uma doença incurável: a dos 83 anos. De resto, não me queixo. Há tempos senti o coração mais agitado e fui ao médico, ao fim de 12 anos. Não voltei lá porque não me dói nada.

Aos 75 anos pediu a resignação, que foi recusada. Entretanto, voltou a equacionar essa hipótese? Há muita falta de clero, nessa altura o bispo entendeu que ainda tinha saúde e condições para continuar. Nada disso se alterou entretanto pelo que não voltei a pedir. Como vê as unidades pastorais? São inevitáveis em Joane? Vejo coisas boas e más. Será o único remédio nos dias que correm face à carência de vocações. C o m b a t e a s o l i d ã o d e a lguns padres. É possível que, se não dermos uma volta grande às vocações, no futuro Joane também tenha que entrar nesse mod elo. Mas o serviço de muitos párocos vai além do serviço religioso, administram também centros sociais… A administração dos bens temporais da Paróquia é serviço dos leigos. Considera-se um pá-

roco próximo das pessoas? Procuro dar atenção a todos mas as pessoas é que devem fazer essa avaliação. Ao domingo, no fim das missas, tento vir ao adro para conversar com as pessoas. Sente-se acarinhado pelos joanense? Não estou descontente, face ao que vejo à volta. Quem desejava que o sucedesse? Um padre zeloso. Pode ser, ou não, um joanense, a decisão cabe ao bispo. Não tenho preferências. Continua a haver necessidades na vila? Há sempre. Falta concluir o centro, aumentar o Parque da Ribeira - fizeram um parque grande em Famalicão, que se diz que é do concelho, mas quem é que vai daqui para lá para caminhar um pouco? É essencialmente um parque para os da cidade e para os que estão lá perto. Pelo menos as vilas do concelho deveriam ter um parque desses (da Devesa).


22 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER LOCAL

REPORTAGEM

VERMOIM | AMVE ena s. silvestre de braga A A s s o c i a ç ã o M o i n h o d e Ve r m o i m p a r t i c i p o u n a S . S i l v e s t r e d e B ra g a . C l á u d i a Pe r e i ra , n a e s t r e i a co m a s co r e s d a A M V E , f i c o u e m n o n o l u g a r. E n t r e t a n t o , a A M V E v a i estar presente este fim-de-semana na S. Silvestre da Juventude, em Castelões.

Feira de Joane

Por entre queixas e crise!

H

á feirantes que não pagam a taxa mensal de ocupação do espaço da feira de Joane. A acusação é feita por comerciantes que responsabilizam a Junta de Freguesia, proprietária e gestora do recinto, de promover “concorrência desleal”. “A Junta deve exigir que todos os feirantes paguem o lugar. É um roubo que estão a fazer à vila, e quem está à frente da Junta não está a olhar por isto como deve ser”, acusa José Pereira, feirante há mais de 15 anos em Joane. A Junta admite atrasos superiores a dois meses mas garante que são “ca-

sos pontuais” que estão a ser acompanhados. “Ao fim de dois meses consecutivos sem pagar, a Junta notifica o comerciante para que faça o pagamento, e mantém contactos regulares a fim de obter boa cobrança. Em último caso, como está previsto em regulamento, a Junta pode expulsar os incumpridores”, assegura António Oliveira, vicepresidente da Junta. A verdade é que, até à data, nenhum dos cerca de 150 feirantes foi expulso por falta de pagamento. A feira semanal representa um encaixe financeiro de 86 mil euros para o orçamento anual da Junta, mas poderia render mais, segundo os feirantes ou-

vidos pelo RL. “Se houvesse mais fiscalização poderia render mais à Junta e nós poderíamos pagar menos se todos pagassem”, atira Abel Lopes, outro feirante. A Junta refuta a acusação de falta de fiscalização, salientando que todos os sábados tem um fiscal no Parque de Laborins. “Ele conhece cada um dos feirantes e detecta quem ocupa os lugares sem permissão, acabando por expulsá-los, como já aconteceu”, garante António Oliveira. Os feirantes sugerem a adopção de um controlo semelhante ao que existe em feiras vizinhas: identificação de cada comerciante e vinhetas das

mensaliades colocadas no cartão. “Quem não estiver com a situação regularizada, simplesmente não entra”, atira um dos feirantes. FEIRANTES ESPERAM U M N ATA L A M A R G O

“Este ano foi todo mau e nesta altura do Natal, que devíamos estar com mais movimento, estamos parados. Estou preocupado porque só haverá mais uma feira antes do Natal e não se vê clientes a comprar”, queixa-se Abel Lopes. “O Natal costuma a ser melhor mas este ano não sentimos melhoras nenhumas”, corrobora José Silva. A maioria dos comerciantes reconheceu ao RL que a crise trouxe

à feira joanense novos públicos. Gente da chamada “classe média”, que há poucos anos não frequentava a feira, “vem, sobretudo agora no Natal, para as prendas. Mas a maioria continua a ser pessoas com poucos recursos”. Apesar de todos os problemas inerentes à organização, a que se soma a tão falada crise, a feira joanense continua a ser apetecível aos olhos dos feirantes. A prová-lo estão, segundo a Junta de Joane, as dezenas de feirantes que se encontram em lista de espera para conseguirem os lugares deixados vagos. No momento, apenas existe um espaço de vago para tantos candidatos.

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Luís Pereira | Texto e fotos


REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 23

CASTELÕES | S. SILVESTRE DA JUVENTUDE Realiza-se este Domingo, em Castelões, a S. Silvestre da Juventude, organizada pela ADECA . Na prova , que começa às 10:00 horas, estão já inscritos 450 atletas, entre os q u a i s D u l c e Fé l i x e R u i Pe d ro S i l va . N o S á b a d o , r e a l i z a s e a “ R o t a d a s Ta s c a s N a t a l í c i a s ” : u m a p r o v a B T T c o m paragens em 10 tascas da região.

EM FOCO REPORTAGEM

José Silva

Manuel Gonçalves

Fiado chegou à feira Há clientes que compram hoje e pagam nas semanas seguintes. A crise está a trazer a classe média à feira.

A

quinze dias do Natal, o RL visitou a feira semanal de Joane e ouviu os feirantes quanto aos negócios. A maioria dos entrevistados não notou quebras no número de clientes. Já quanto às vendas, a história é bem diferente. “A mudança do local da feira afastou algumas

dem calçado há mais de 20 anos em Joane. Natural de Felgueiras, o casal continua a ver na feira joanense uma oportunidade de um negócio que já viu melhores dias. “Nos primeiros tempos, a mudança da feira fez com que se vendesse mais mas depois foi por aí a baixo e agora está mesmo muito mal. Vem na mesma muita gente mas compram muito menos, deve ser da crise. Sempre me regatearam

os preços, só que agora compram o calçado mais barato, de cinco e 10 euros”, diz o feirante. Abel Lopes diz que a redução de clientes tem a ver com a mudança do local. “As pessoas compram menos. Lá em cima era melhor, era central”, considera o feirante, revelando uma quebra de vendas de 70 por cento. “As pessoas querem preços mais baixos ainda. Não têm dinheiro. O governo

quer-nos impor facturas, vejo o cenário muito negro”, atira. Quase três anos depois da transferência da feira semanal para Laborins, as críticas ao novo espaço continuam presentes em alguns comerciantes. “Apesar de nova, a feira foi feita de uma maneira atabalhoada. Quando chove é só charcos, não acautelaram o escoamento da água”, critica José Pereira.

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Luís Pereira | Texto e fotos

pessoas que iam ao centro e agora não vêm cá baixo, mas também surgiram pessoas de novo. As vendas é que baixaram bastante mas isso não acontece só em Joane. As pessoas regateiam mais os preços e há mais casos de vendas a fiado: os clientes levam hoje e pagam na semana seguinte ou depois”, afiança Manuel Gonçalves, feirante de vestuário. José Silva e a esposa ven-


24 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER LOCAL

OPINIÃO opinião

Membro da Junta de Freguesia de Joane (PS)

De entre as diversas razões que nos levaram a esta lamentável situação em que Portugal se encontra, dos problemas dos défices, dos juros, do endividamento, das troikas, frequentemente ouvimos o argumento que os Portugueses vivem acima das suas possibilidades. Mas, o que é na verdade viver acima das possibilidades? Será justo que questionemos quem viveu ou vive acima das possibilidades? Penso que será não só justo como é de elementar justiça exigir respostas, porque são esses que deveriam ser responsabi-

lizados pela crise, a esses é que deve ser aplicada a austeridade. Não pode haver portugueses que foram irresponsáveis, conscientemente irresponsáveis, que durante anos viveram num país de sonho vidas muito superiores ao que na realidade podiam porque sempre souberam que mais tarde alguém iria pagar. Não viveram acima das possibilidades, aqueles que mesmo sem receberem ordenados chorudos conseguiram gerar mensalmente alguma poupança. Não viveram acimas das possibilidades todos os que pensaram em ter

uma casa melhor, mas recusaram o crédito fácil e o endividamento e optaram por investimento consciente. Não viveram acima das possibilidades aqueles que resistiram a fazer férias duas e três vezes por ano ou recusaram viagens a crédito para paraísos que muitos outros conhecem apenas das revistas, e que não têm casa de praia ou casa de campo. Não viveram acima das possibilidades, aqueles que não trocaram de carro sempre que saiu um modelo novo. Não viveram acima das possibilidades aqueles que conseguiram

a árdua tarefa de explicar aos filhos que não podiam ter tudo, ainda que estes insistissem até à exaustão. E todos sabemos como é difícil hoje resistir à compra fácil, à publicidade que diariamente nos invade a caixa de correio ou os intervalos dos programas de televisão. E foram tantos os que viveram esta vida e tão poucos os que a podiam efectivamente viver. A verdade é que não há distinção entre uns e outros. Não há prémio nem castigo. A austeridade chega a todos na mesma medida e proporção. E

muitos dos que resistiram à “irresponsabilidade” questionam-se se essa foi a escolha acertada, ou não teria sido preferível o caminho mais fácil. E há sempre um caminho mais fácil. As notícias mais recentes da nossa política local assim o confirmam. Mas na vida como na política, não são todos os que conseguem resistir ao facilitismo, à ilusão e às promessas. “São precisas forças para resistir à corrente, não para a seguir”. Um bom Natal, e um 2013 carregado de esperança, optimismo e oportunidades para todos.

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Luís Santos

Viver acima das possibilidades


REPÓRTER LOCAL • DEZEMBRO DE 2012 • 25

OPINIÃO

POUSADA | ARPO VENCEU FC VERMOIM A equipa de iniciados da ARPO venceu, Sábado, 15 de D e z e m b r o , o F u t e b o l C l u b e d e Ve r m o i m , p o r 4 - 3 , e m j o g o a contar para a sétima jornada do campeonato distrital d e f u t s a l . O j o g o d e c o r r e u n o p a v i l h ã o m u n i c i p a l Te r r a s d e Ve r m o i m .

Prendas que brilham

O Sítio do Pica-Pau Amarelo Crónicas do Brasil Dominique Machado Fotos: Renata Truyts

Sentado à mesa, atiro-me v o ra z m e n t e a o p e r u , a o c h e s t e r e a o t e n d e r, p o r q u e a f o m e a p e r t a . E s t o u em fase de crescimento. É uma época curiosa de comida e bebida , de puro e duro consumismo e de luzes que piscam freneticamente. Pa z e a m o r s e r ã o o u t r o s a s s u n t o s . O natal é fixe! Curioso é que, mesmo os não católicos partilham e vivem o espírito natalício. São aquelas pessoas que fumam, bebem e festejam o natal “socialmente” – novo paradigma da acção humana . É uma altura linda onde o amor

t r e p a a t é a o n o s s o p e q u e n o c é r e b ro que indica à boca (através dos neurotransmissores – serotonina), para sorrir e dizer uma ou duas frases aparvalhadas. O ar fica carregado de emoção e os mais sensíveis abraçam-se, esquecem mágoas (até ao dia seguinte), c h e g a n d o m e s m o a c h o r a r, v e j a se. No Brasil, esta contemplação também existe. A diferença é que o N a t a l é c e l e b r a d o e m p l e n o Ve r ã o , altura em que o calor se expressa algures entre os 30 e os 40 graus. Curiosamente não se encontra um

prato típico nacional assumido como ícone natalício, caso do b a c a l h a u e m t e r r a s l u s a s . Fa l a - s e , contudo, em rabanadas, tradição deixada pelos portugueses. Boca entreaberta também se comenta , c o m o e m Po r t u g a l , d a m e s a f a l t a – porque falta de tudo: falta dinheiro para encher a mesa e comprar prendas que deixam as pessoas sem palavras. Um postal a dizer “bom natal - adoro-te; és o melhor pai do mundo e quando for grande quero ser como tu” não é prenda , deixem de ser ridículos miúdos.


26 DEZEMBRO DE 2012 • REPÓRTER LOCAL

por D. VIRINHA

Q U E N T E S E B OA S! C an t inh o da Filosof ia

MAQUIAV E L : OS FINS E O S M E I O S Nasceu em 1469, em Florença . A sua obra mais célebre, “O P r í n c i p e ” , é e n c a ra d a , p o r u n s , co m o u m M a n u a l d e G ove r n o ; e, por outros, como um Manual para Mafiosos. É famosa , e muito seguida, a sua célebre máxima segundo a qual “os fins justificam os meios”. De resto, a obra é pródiga em máximas para políticos: em política deve praticar-se o bem quanto possível, mas fazer o mal sempre que necessário. Citando o p ró p r i o : “ C o n vé m f a z e r o m a l t o d o d e u m a ve z , p a ra q u e , p o r ser suportado durante menos tempo, pareça menos amargo, e o bem pouco a pouco, para melhor se saborear”.

U M A F E STA MUITO T Í MIDA A apresentação do candidato do PS à Câmara Municipal de Famalicão mais pareceu uma sessão de terapia num consultório privado. Além do candidato, António Peixoto, estiveram presentes pouco mais de cinco pessoas da habitual “família” PS de Fa m a l i c ã o . N ã o f o s s e m a l g u n s jornalistas da praça e a sala pareceria mesmo vazia .

Além do “histórico” Fernando Moniz e do deputado e líder da co n c e l h i a N u n o S á , l á e s t ava Re i s C a m p o s , o a n t e r i o r “g a n h a d o r ” do PS. O Mosquito, que passou por lá, teve que perguntar se era de facto a sessão de apresentação ou um encontro de auto-ajuda! A julgar por este primeiro sinal de vida, parece que o PS de Fa m a l i c ã o e s t á a a p o s t a d o e m cumprir calendário.

U M T I RO NO PÉ ... JOANE, 2026... Na última assembleia de freguesia, o eleito Miguel Coelho, do PSD-PP acusou a Junta PS de ter falhado nas promessas. E deu como exemplo a E s c o l a S é n i o r. S a i u - l h e o t i r o pela culatra . O presidente da Junta , Sá Machado, lembrou-lhe que a escola tinha sido lançada . A ajudar à festa, o autarca co n t o u co m o a p o i o p ro v i d e n c i a l do público: uma joanense que fez questão de dizer que, sim s e n h o r, t i n h a a n d a d o p o r l á !

Agora que tanto falam do fim do mundo, nada melhor do que lembrar os poderes de a d i v i n h a ç ã o d a D. V i r i n h a . Em 2002, nas suas previsões neste jornal, a D. Virinha perspectivava o ano de 2026 em Joane. Referindo-se a uma certa c e r i m ó n i a n a v i l a , a D. V i r i n h a relatava que na dita cerimónia estava presente o presidente da Ju n t a d e Jo a n e . . . . X av i e r O l i v e i ra ! Hmmm, deve ser do fim do mundo!




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