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ENTREVISTA - Pág. 15

FRANCISCO GONÇALO “Airão Santa Maria sairia a ganhar com a criação do concelho de Joane” www.facebook.com/reporterlocal/ Nº 142 • ANO XIII • JANEIRO 2011 DIRECTOR: JOAQUIM FORTE

EM FOCO • pág. 02 e 03

JOANE | p. 06 e 07

Joanense foi esfaqueado em Requião GNR apreende DVD´s piratas na feira VERMOIM | p. 14

ACV lança clube de Andebol POUSADA | p. 08

Adiado caso dos limites com Mogege RONFE | p. 07

Trabalhadoras suspendem contratos de trabalho VERMIL | p. 08 RL MAGAZINE • pág. 10

PESSOAS • pág. 09

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Rui Faria, investigador A colecção de joanense na revista mais de 200 copos de bagaço “Nature”

OPINIÃO • pág. 18 Sérgio Cortinhas | António Paiva

Ensino Privado vs Ensino Público

Parque de jogos entregue ao abandono


2 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

EM FOCO

INTERNET GRATUITA EM VERMIL A Junta de Freguesia de Vermil lança, esta semana, a primeira fase do projecto de cobertura de rede Wireless (Internet gratuita). Para já o acesso gratuito será possível numa área de 200 metros em torno da sede da Junta local.

Luís Pereira

D

Centro de Joane está mais arejado PUBLICIDADE

Largo 3 de Julho está pronto mas não há data de inauguração

ez meses depois do derrube das “barracas”, as obras no Largo 3 de Julho de Joane estão prontas a inaugurar. Ainda sem data para a inauguração, o vereador da Câmara de Famalicão com o pelouro das obras municipais, José Santos, adiantou ao RL que o empreiteiro deverá proceder em breve à entrega da obra. “É a obra possível. Haverá sempre quem goste ou não das lojas que foram construídas. Uma coisa é certa, Joane ficou a ganhar”, refere o vereador. A construção de quatro lojas comerciais no âmbito da renovação urbana do centro da vila nunca foi pacífica, tendo juntado poder e oposição local no coro de protestos. A decisão de construír no Largo um edifício comercial foi tomada na sequência do fracasso das negociações (em plena campanha eleitoral para as autárquicas em 2009) com três dos comerciantes das antigas lojas. José Santos revela que os lojistas já receberam luz verde para trata rem da ocupação dos espaços. Por revelar continua ainda o destino a dar à quarta loja. Sobre o assunto,


REPÓRTER LOCAL • JANEIRO DE 2011 • 3

EM FOCO o vereador de Joane assegura esta surgir, e se for em sentido que a Câmara ainda não tomou favorável à autarquia, é que a nenhuma decisão. renovação urbana pode avançar “ A o b r a d e u m u i t o t r a b a l h o . “Apesar de triste com o para a totalidade que constitui o A empresa construtora teve centro cívico da vila. p r o b l e m a s f i n a n c e i r o s e s ó atraso e com todos os É e s s a o b r a q u e o l í d e r d o P S D c o m p r e s s ã o é q u e c o n c l u i u o episódios que envolveram de Joane, Miguel Ribeiro, encara trabalho. Apesar de triste com o como forma de atenuar “a situatraso e com todos os episódios este processo, penso que, a ç ã o g r a v e d o s c o m e r c i a n t e s d o qu e e nvol ve ram e s t e p ro c e s s o , não sendo uma obra rica, coração de Joane”. penso que, não sendo uma obra é uma obra bonita. É a “Esta é a altura em que devemos rica, é uma obra bonita”, conpotencializar, criando um espaço obra possível. Haverá âncora com serviços públicos, que sidera o vereador. Na última edição do RL, demos sempre quem goste ou atraiam a população ao centro”, conta das críticas dos comerdefende, adiantando que é preciso ciantes do centro da vila quanto não das lojas que foram “ r e a v a l i a r t o d a a o r g a n i z a ç ã o à d e m o r a n o s t r a b a l h o s d a r e - construídas. Uma coisa daquele comércio”. novação urbana. é certa, Joane ficou a S o b r e a o b r a a g o r a c o n c l u í d a , A somar à saída da feira para o líder local dos “laranjas” não L a b o r i n s , o s c o m e r c i a n t e s ganhar”. demonstra entusiasmo, saúda“as queixavam-se que o atraso da alterações feitas” mas confessa renovação urbana estava a afas- José Santos que esperava “algo mais arrojat a r a i n d a m a i s a p o p u l a ç ã o d o Vereador na Câmara Municipal de da”. “Reconheço, no entanto, que centro da vila, contribuindo para Famalicão qualquer solução que possa vir a o agravamento da situação de ser encontrada estará inquinada grande dificuldade em que vive por aquilo que está nas costas da o comércio do centro de Joane. actual intervenção. Só ultrapassaA conclusão da obra (inicialdo este imbróglio é que teremos m e n t e p r e v i s t a p a r a O u t u b r o d o a n o p a s s a d o ) a verdadeira renovação urbana”, vinca. não coloca termo à renovação do centro da vila. A r e n o v a ç ã o u r b a n a n o l a r g o 3 d e J u l h o d a v i l a O processo em torno da hipoteca dos terrenos de Joane, que agora termina, custou 325 mil contíguos ao agora intervencionado, continua a e u r o s a o s c o f r e s d a C â m a r a M u n i c i p a l d e V i l a aguardar por uma decisão do tribunal. Só quando Nova de Famalicão.

OPINIÃO IVO SÁ MACHADO

Presidente da Junta de Joane

O Largo 3 de Julho Agora que se vislumbra o resultado final da intervenção parcial que a Câmara levou a cabo no antigo “campo da feira”, não resisto a lembrar factos, até porque alguns que se arvoram em defensores dos interesses de Joane, quando afinal, dão cobertura aos desmandos do município, quando se trata de investir na nossa terra . Em Outubro de 2008, numa audiência com o vereador José Santos, nado e crescido em Joane, lembrei a necessidade de a Câmara colocar dotação orçamental no seu Plano de Actividades para o arranjo do Largo e para resolver o problema dos lojistas. Este pedido caiu em saco roto. A 22 de Dezembro (ver acta da Assembleia Municipal), interpelei o Sr. Presidente da Câmara (P.Câmara) sobre o assunto, tendo solicitado 100 mil euros para resolver o problema dos lojistas: arrendar lojas ou indemnizar. O P. Câmara , a pedido de um “leva e traz”, negou o pedido, referindo que o problema era da Junta . Disse-lhe que a Junta não tinha verba , pelo que, se queria fazer a obra , teria de nos ajudar. Semanas depois, voltei a questionar. O “leva e traz” terá defendido que deveria ser o P. Câmara a negociar com os lojistas e não o Presidente da Junta , porque se não, este reclamaria o mérito da resolução. Assim foi. O Sr. P. Câmara anunciou que iria ser ele a negociar com os lojistas, pois entendia que 100 mil euros era uma verba elevada . Nessa altura “o leva e traz” foi incumbido de sondar e convocar os lojistas para uma reunião, facto que surpreendeu os mesmos. A preocupação de me tirar de cena era tal que tudo foi feito para dar visibilidade à Câmara e a mais alguém. O Sr. P. Câmara que achava 100 mil euros muito dinheiro, acabou por negociar com os lojistas, revelando-se ruinoso o negócio, por sinal elogiado pelo “leva e traz” que considerou a solução encontrada “um mal menor e que o Sr. Presidente da Junta deveria agradecer à Câmara”. Tamanha desfaçatez não lembraria ao diabo! Afinal quanto gastou a Câmara com as lojas e os lojistas? Indemnizações: 75000€; C o n s t r u ç ã o d a s l o j a s : 9 0 m i l e u ro s ; A l u g u e r d o s co n t e n t o r e s : ce r c a d e 1 2 5 0 0 € ; Re n d a m e n s a l a u m a d a s l o j i s t a s : 7 5 0 € , d u ra n t e 1 2 m e s e s ; C e d ê n c i a d e l o j a e m Fa m a l i c ã o a o S i n d i c a t o . O u s e j a , o n e g ó c i o d o S r. P. C â m a ra c u s t o u n o m í n i m o a o s co f r e s d o m u n i c í p i o , ce r c a d e 1 8 0 m i l e u ro s . A Ju n t a p e d i u 1 0 0 m i l p a ra r es o l ve r o a s s u n t o , n ã o co n s t r u i n d o l o j a s n o L a r go , p e l o q u e d e i xo à co n s i d e ra ç ã o d e t o d o s , o s j u í z o s q u e q u e i ra m f a z e r. Q u a n t o à o b ra e l a é , n o e s s e n c i a l , d o m e u a g ra d o ; s e m l o j a s a i n d a s e r i a m a i s i n t er e s s a n t e , m a s i s s o p o d e rá s e r r e m e d i a d o co m o a r ra n j o d a á r ea q u e s e e n co n t ra e m t e r ra e n a q u a l a C â m a ra n u n c a p ô s todo o empenho. Apesar da resposta dos j o a n e n s e s e m Ou t u b ro d e 2 0 0 9 , co n t i n ua m o s d o co s t u m e a d e s c u l p a r a Câ m ara , q u a n d o d e ve r i a m j u n t a r a s u a vo z à n o s s a , p a ra q u e a C â m a ra r e s p e i t e Jo an e e r e s o l va d e ve z a p a r t e r e s t a n t e d o L a r go . En q u a n t o t a l n ã o a co n t e ce r, n ã o f a z s e n t i d o f a l a r e m i n a u g u ra ç ã o . Jo a n e t e m d i r e i t o a t o d o o e s p a ç o d e v i d a m e nt e a r ra n j a d o e a C â m a ra , s e q u i s e r, t e m p o d e r n e go c i a l p a ra c u m p r i r o q u e p ro m e t e u a o s j o a n e n s e s . Pa ra j á o ce n á r i o q u e s e o fe r e ce a i n d a n ã o d i g n i f i c a Jo a n e . I m p õ e - s e vo n t a d e a o m u n i c í p i o e é p r e c i s o q u e t o d o s , s e m exce p ç ã o , o s a i b a m l e m b ra r e ex i g i r à C â m a ra !


4 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

DÁ QUE PENSAR!

Fórum

Alunos de Joane hospitalizados devido a excesso de álcool Dois alunos da escola Bernardino Machado de Joane foram transporta dos para o hospital de Famalicão, na tarde da passada sexta-feira, dia 28, alcoolizados. Os jovens de 15 anos são alunos do 9.º ano daquela escola. Segundo o relato do director da escola, Alfredo Lima, os alunos saíram do estabelecimento por volta das 13h30, no final das aulas, tendo regressado três horas depois sob o efeito do álcool. “A escola nestas situações serve como porto de abrigo para os alunos. Em vez de voltarem para casa, vieram de novo para a escola. Ao cruzar-se com os alunos, ainda fora do recinto esco lar, o director de turma apercebeu-se do estado e tratou de os trazer para

dentro da escola”, narra. Segundo a mesma fonte, apesar dos alunos não estarem “exageradamente alcoolizados”, a escola chamou a am bulância que os transportou para o hospital de Famalicão, na companhia de uma funcionária. “Não querendo minimizar, são situa ções que fazem parte do processo de experimentação que os adolescentes passam nesta fase da vida. Normalmente tentam sempre imitar o que vêm em contexto social”. A estadia no hospital de um dos jovens terá sido de curta-duração, tendo regressado a casa de imediato com a funcionária. O outro aluno permaneceu mais tempo e só regressou a casa já na companhia dos pais. LP

DIAS DE ONTEM

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Se tiver fotografias que mostrem aspectos que já desapareceram ou efeitos das alterações na paisagem da sua terra , e se as quiser partilhar com os leitores, envie por mail , geral@reporterlocal .com, ou por correio.

JOANE, 1998 Os leitores mais jovens não terão memória da Casa do Povo d e Jo a n e , m a s e l a f o i , d u ra n t e dezenas de anos, um centro de recreio e apoio social. Ali, a poucos metros do novo módulo de lojas do Largo 3 de Julho, a C a s a d o Povo o c u p ava u m edifício que foi demolido para - anunciava-se na altura - abrir c a m i n h o à r e n ova ç ã o d a z o n a central de Joane. A casa foi abaixo - como documenta a imagem - mas a renovação da zona esbarrou num monte de obstáculos. Da Casa do Povo resta a memória de todos aqueles que ali passaram algum do seu tempo, a jogar c a r t a s , b i l h a r, p i n g - p o n g , o u que recorreram à sua pequena biblioteca .

o que se diz A FRASE DO MÊS “Após a tomada de posse do Professor Cavaco Silva, em meados de Março, assistiremos à queda do Governo e teremos eleições Legislativas” Custódio Oliveira, dirigente da ATC, Opinião Pública “O PSD não é um partido de direita nem conservador, ainda que nos últimos tempos exista a tentação, até por parte de destacados militantes, de o encostar à direita e ao centro-direita. O espaço sociológico e político do PSD é o centroesquerda”. Edna Cardoso, O Povo Famalicense

“Manuel Alegre esteve em Famalicão e teve muita gente a recebê-lo. Só que entrou mudo e saiu calado. Saiu do carro, colocou flores na estátua de Bernardino Machado e foi-se embora, num desrespeito total pelos seus apoiantes” Mário Martins, apoiante de Manuel Alegre, O Povo Famalicense

“As obras de recuperação da zona do Castelo de Guimarães e Paço dos Duques, arrancam em Maio e terão um custo total de dois milhões de euros” Correio do Minho

” Jean-Luc Godard e Manoel de Oliveira são dois dos mais de vinte cineastas convidados a filmar para a Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura (CEC)” Público

“Esperança de vida da próxima geração de portugueses será inferior à actual” Título jornal Público

“O sistema de cunhas mudou. Já não se procura um santo influente no céu para obter uma graça divina. Pede-se a Deus a promoção de uma pessoa da respectiva família religiosa, levando-a a fazer um milagre que convença um tribunal científico e teológico. É normal pedir socorro e agradecer, mas não é preciso ser ridículo”. Frei Bento Domingues, Público


REPÓRTER LOCAL • JANEIRO DE 2011 • 5

editorial Joaquim Forte PAG. 15 ENTREVISTA Ao RL , Francisco Gonçalo, ex-presidente da Junta de Airão Santa Maria, fala da função de autarca e dos benefícios que resultariam para aquela localidade da criação do concelho de Joane e da fusão com a vizinha Airão S. João.

O Largo 3 de Julho e Airão Santa Maria

por tiago mendes (tiag0_mendez@hotmail.com)

cartoon rl

“Não sendo uma obra rica, é uma obra bonita”. “É a obra possível”. As palavras são de José Santos, vereador com o pelouro das Obras Municipais na Câmara Municipal de Famalicão. Um joanense. E foram ditas ao RL a propósito do arranjo do Largo 3 de Julho. Começa a ser um discurso muito colado a Joane e revelador de uma certa política da “mediania” que tem caracterizado a intervenção dos poderes locais. A Junta, já se sabia, é apologista deste tipo de acção: na feira semanal foi também a lógica da “obr a possível” que imperou. Assim se explica que a mudança (necessá ria, note-se) tenha sido trapalhona e que o recinto ainda exiba umas paredes por acabar. Na sede da Junta de Joane acabou por prevalecer o melhor remédio e não o mais eficaz, o desenrasca - “a obra possível” - e não a obra mere cida e pensada. A Câmara de Famalicão, pelos vis tos - e no que toca a Joane - parece seguir pelo o mesmo caminho. Ao invés de aproveitar a oportunidade para realizar na vila mais importante de Famalicão uma obra emblemá tica, que pudesse merecer elogios e marcar dentro e fora do concelho,

optou pela “obra possível”, que “não sendo uma obra rica, é uma obra bonita”. Repetimos agora o que já aqui se escreveu: o centro que vai ser inau gurado nada tem a ver com o que ex istia antes, com o estado em que estava (e esteve dezenas de anos) a “sala de visitas” de Joane. O arranjo é esteticamente apelativo (exceptu ando, claro, a discutível opção pelo módulo de lojas); os materiais são nobres - e aos “actores” locais (po pulação), não chega apontar o dedo como se nada lhes dissesse respeito na preservação do espaço. O ex-presidente da Junta de Airão Sa nta Maria, Francisco Gonçalo, diz que a população desta localidade do concelho de Guimarães ficaria a ga nhar com a criação do concelho de Joane. Uma forma de dizer, com a serenidade que caracteriza este exau tarca do PS, que aquela zona periférica do concelho continua “lon ge” da sede do Município. Da mesma forma, vai directo ao assunto, sem tibiezas, quando diz que Airão Santa Maria e Airão S. João ficariam a ganhar se se juntassem numa só freguesia, pois “com cerca de 2.500 eleitores, teria outra força”.

protagonistas RUI FARIA A prova de que Portugal tem cérebros: Rui Faria, de Joane, integra a equipa de investigadores responsável por um artigo publicado na prestigiada revista mundial “Nature” e que está a merecer a atenção de especialistas mundiais. francisco gonçalo Da entrevista deste ex-presidente da Junta de Airão Santa Maria ficam duas ideias: que a freguesia ficaria a ganhar se integrasse um futuro concelho de Joane; e que faz mais sentido a fusão com a vizinha Airão S. João. casos de polícia O cardápio arrepia: um jovem de Joane foi esfaqueado em Requião; a GNR apreendeu centenas de DVD´s piratas na feira semanal e dois alunos de uma escola da vila foram parar ao hospital com excesso de álcool.

andebol vermoim Sempre que há uma notícia do aparecimento de um clube que não seja do reino de futebol, só podemos aplaudir. Em Vermoim, está para ser apresentado o Clube de Andebol “Os Craques”. Uma boa notícia. parque de jogos vermil Já foi um dos grandes centros de actividade desportiva na região. Hoje, o Parque de Jogos de Vermil é uma nódoa, votado ao abandono, palco de vandalismo e de toxicodependentes. Fala-se na sua revitalização, mas falta saber se haverá engenho e arte (e acima de tudo dinheiro) para tal empreitada. DOMINGOS FERNANDES Mais um coleccionador da região: neste caso, de cálices de aguardente. A colecção de Domingos Fernandes, de Airão Santa Maria, conta mais de 200.

NA REDE http://www.jf-casteloes.com/ O sítio na Internet da Junta de Freguesia de Castelões disponibiliza informação sobre os serviços prestados e dá nota das principais intervenções realizadas pela autarquia. Por outro lado, permite aceder à revista “O Castrejo” em versão PDF (embora a publicação não esteja actualizada), que propõe uma viagem pela freguesia através de imagens. Festividades (S. Tiago e Santo António). E permite o acesso a vários documentos da actividade da Junta e a actas das sessões da Assembleia de Freguesia. Também importante é o facto de permitir subscrever a Newsletter. Repórter Local | Propriedade e Editor - Tamanho das Palavras, Lda, Rua das Balias, 65, 4805-476 Stª Mª de Airão Telefone 252 099 279 E-mail geral@reporterlocal.com Membros detentores com mais de 10 % capital Joaquim Forte e Luís Pereira Director Joaquim Forte ( joaquimforte@reporterlocal.com) | Redacção Luís Pereira (luispereira@reporterlocal.com) | Paginação Filipa Maia | Colaboradores Ana Margarida Cardoso; AnalisaNeto; Custódio Oliveira; Elisa Ribeiro; João Monteiro; Luís Santos; Miguel Azevedo; Luciano Silva; Sérgio Cortinhas; Joana Cunha; António Oliveira | Impressão Gráfica Diário do Minho | Tiragem 4000 ex. Jornal de distribuição gratuita | Distribuição: Alberto Fernandes Registo ICS 122048 | NIPC 508 419 514


6 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

NOvas oportunidades em castelões

LOCALIDADES

O C entro Novas O portunidades da sec undária Padre B enjamim Salgado, de Joane, realiza , dia 9 de Fe vereiro, 19 horas, na Junta de Castelões, uma sessão de esclarecimento sobre ofertas educativas-formativas para adultos.

joanE • polícia

GNR apreendeu DVD´s piratas O material apreendido estava a ser comercializado no recinto da feira semanal por um cidadão marroquino Luís Pereira | Texto e Foto

A

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GNR de Joane apreendeu mais de 600 dvd´s de filmes pirateados e cerca de quatro dezenas de cd´s musicais, também contrafeitos. A apreensão foi feita no âmbito de uma operação de rotina à feira semanal de Joane, no dia 22 de Janeiro (sábado), e envolveu cinco militares da Guarda joanense. O material contrafeito apreendido estava a ser comercializado no Parque de Laborins (no recinto da nova feira semanal) por um cidadão de nacionalidade marroquina que, ao que o RL apurou , será reincidente nesta actividade ilícita. O individuo foi constituído arguido ficando a aguardar pelo respectivo inquérito judicial. A apreensão decorreu sem grande aparato, não tendo o individuo oferecido qualquer resistência ao trabalho da GNR. Segundo fonte desta força, estas iniciativas ocor rem esporadicamente e têm como

FILMES PIRATEADOS A GNR de Joane não teve grandes dificuldades na apreensão de 600 dvd´s de filmes pirateados. A Junta de Joane diz que tem apertado a fiscalização a fim de evitar a venda de material contrafeito na feira semanal.

finalidade a “dissuasão da venda de material contrafeito”. Um objectivo difícil de alcançar, uma ve z que a venda de material pirateado - filmes e músicas, principalmente - é uma constante nas feiras da região. Contactado pelo RL, António Oliveira, vice-presidente da Junta de Freguesia joanense, entidade responsável pela atribuição dos espaços aos feirantes, assegura que a autarquia tem apertado a fiscalização a fim de evitar a venda de material contrafeito. “Para efeitos de atribuição do espaço na feira, a Junta de Joane exige aos comerciantes toda a do cumentação legal inerente a esta actividade”, argumenta António Oliveira. Por outro lado, adianta, “temos seguranças privados em dias de feira que são incumbidos de assegurar a normalidade da feira semanal. Acontece que, quando lá não estão, alguns vendedores aproveitam-se e acabam por desrespeitar determinadas normas”, argumenta o autarca joanense.


REPÓRTER LOCAL • JANEIRO DE 2011 • 7

LOCALIDADES joane • caso

Jovem esfaqueado em Requião O joanense Simão Rodrigues terá sido agredido pelo ex-companheiro da namorada Luís Pereira

U

m jovem de 21 anos, Simão Rodrigues, de Joane, foi esfaqueado nas costas e no abdómen no passado dia 24, na freguesia de Requião, alegadamente pelo ex-namorado da sua actual companheira. À data desta reportagem o jovem já não corria perigo de vida, continuando internado no hospital de F amalicão, onde foi sujeito a duas intervenções cirúrgicas aos pulmões. “Ele já andava a ser ameaçado há algum tempo com chamadas anónimas. Na segunda-feira o ex-namorado da namorada dele ligou-lhe a dizer que queria conversar e marcou o encontro para Requião”, narra, ao RL, Eduardo Rodrigues, irmão da vítima. Na expectativa de colocar termo às ameaças, Simão terá resolvido aceder ao encontro, levando consigo um amigo e a p ró p r i a n a m o r a d a . N o l o c a l , o agressor estaria acompanhado por um vizinho.

“Quando lá chegou, pouca ou nenhuma conversa houve. O meu irmão apercebeu-se de imediato da faca e ao afastar-se tropeçou. Foi então que o rapaz lhe desferiu duas facadas”, descreve Eduardo. O amigo e a namorada transportaram Simão ao hospital de Famalicão (foto), enquanto o alegado agressor abandonava o local. Pouco tempo depois, um

outro irmão da vítima deslocouse à residência do alegado agressor onde tanto o ex-namorado como o indivíduo que o acompanhou negaram a autoria das facadas, assegurando que não tinham saído de casa. Só depois é que irmão e namorada da vítima se deslocaram à GNR de Famalicão, que os acompanhou numa segunda ida à resi dência do alegado agressor. “Foram recebidos pela mãe que disse que ele não estava em casa desde as 22h00 e que estaria acompanhado pelo pai”, narra Eduardo. O RL apurou entretanto, junto de fonte da GNR de Vila Nova de Famalicão, que o caso não mereceu imediatamente a atenção devida porque houve “falha de comunicação” por parte dos acompanhantes da vítima e também da parte do hospital de Famalicão. Segundo a mesma fonte, o caso reveste-se de muita gravidade já que pôs em risco a vida de um jovem, pelo que foi encaminhado para a Polícia Judiciária, a quem compete dar andamento às investigações.

ninguém arranja piso esburacado da secundária

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Não há quem queira reparar o piso da entrada da escola secundária de Joane. O pavimento está há muito tempo completamente esburacado mas nem escola, nem Câmara, nem Junta assumem a reparação. “Pensei que no dia das eleições os políticos que por lá passassem iriam ficar sensibilizados, mas perece que não”, desabafa o director da escola, Alfredo Mendes. José Santos, vereador das Obras Municipais, alega que “o espaço em questão pode ser da responsabilidade do Estado”. No jogo de empurra, também a Junta se coloca de lado. “A Junta não tem responsabilidade naquele local. Temos direccionado os pedidos à Câmara”, frisa António Oliveira, vice-presidente da Junta.

RONFE Trabalhadoras suspendem contratos

As trabalhadoras da confecção de ca misas Mendes Pereira , de Ronfe, sus penderam os contratos de trabalho por falta de pagamento do salário de De zembro e do subsídio de Natal. Ao todo são 29 operários que voltam a estar numa situação de impasse e que, se a empresa não pagar os ordenados até Março, vão requerer o subsídio de desemprego. Esta não é a primeira vez que a empresa atrasa os pagamentos. Em Setembro, o R L deu eco da gre ve por falta de pagamento dos vencimentos de A gosto e metade do subsídio de férias, num protesto acompanhado pelo Sindicato Têxtil do Minho, que serviu de intermediário nas conversações com a entidade patronal. Depois da promessa de pagamento, as trabalhadoras voltaram ao trabalho. Desta vez , o protesto foi além da greve. A s operárias accionaram, a 13 de Janeiro, os meios legais de suspensão do contrato de trabalho. A s trabalhadoras dizem que não há sinais de abertura ao diálogo por parte da empresa , o que indicia a intenção de encerrar. O prazo legal para pagamento dos ordenados em atraso termina em Março. Caso tal não aconteça , as funcionárias vão requerer o fundo de desemprego. A conf irmar-se o mais que provável encerramento, são mais 29 pessoas, sobretudo mulheres que residem em Ronfe, que irão para o desemprego en grossar as estatísticas do f lagelo que assola o Vale do Ave.


8 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

LOCALIDADES vemil • caso

BREVES mogege e pousada

adiada sessão das alegações finais do caso dos limites

Parque de Jogos abandonado Degradação tomou conta do ringue propriedade da Comissão Fabriqueira Luís Pereira

O

Parque de Jogos de Ve rmil está votado ao abandono. A degrada ção tomou conta deste espaço, outrora pólo de atracção da juventude de Vermil e das freguesias vizinhas. Até meados da década de 90 era, na região, um dos poucos espaços disponí veis para os jovens darem dois chutos na bola. Recebeu a taça Padre Flávio, festivais de folclo res e festas dive rsas. Hoje, está entregue ao abandono. “Já andei por todo o lado para arranjar forma de dinamizar aquilo. Hoje abre-se uma porta mas amanhã fecham-na logo”, lamenta o pároco local, José Castro. “O problema é falta de dinheiro. Temos um projecto para cobrir o ringue por completo, mas é muito caro e não há quem o financie e a paróquia não tem a mínima hipótese de o suportar”, refere. Nos anos 90, adianta, a Comissão

“Já andei por todo o lado para arranjar forma de dinamizar aquilo. Hoje abre-se uma porta mas amanhã fecham-na logo”

Fabriqueira (proprietária do parque) foi forçada a demolir os antigos balneários devido a vandalismo e toxicodependência. Terá sido esse o princípio do fim do ringue. “As instalações deterioraram-se e já não ofereciam segurança. Para não piorar as coisas, resolveu-se demolir os balneários, cortar a luz e fechar o campo”, refere o pároco. A Câmara de Guimarães, no âmbito da ampliação da escola (junto ao parque), chegou a pensar num protocolo com a paróquia para

usar o parque como complemento à escola. O pároco nega, contudo, a existência de qualquer contacto. Pessimista quanto à concretização desta alternativa, Marçal Mendes, secretário da Junta, considera que “mais cedo ou mais tarde, a escola de Vermil vai fechar e os alunos vão ter de ir para Ronfe” e por isso “a pretensão da Câmara não sairá do plano de intenções”. Marçal critica também o projecto da paróquia, que considera “megalómano”. “A Fabriqueira já mostrou não ter visão e revela desinteresse pelo campo.Cabe à sociedade civil organizar-se numa associação e dinamizar o parque”, aponta Marçal Mendes, revelando que estão a ser elaborados estatutos para que uma associação venha a gerir o equipamento. O pároco aplaude a determinação e espera que “apareça gente para dinamizar o Parque. Seria uma boa solução para aquele espaço”.

Foi uma vez mais adiada a sessão das alegações f inais em torno do processo dos limites territoriais das freguesias de Pousada de Sa ramagos e Mogege, concelho de Famalicão. A questão “ tem barbas” e opõe as duas autarquias, que reclamam para cada uma o território da zona de Outeiro. O desentendi mento constante le vou as duas Juntas a disputar aquele território em tribunal, num processo que já dura há alguns anos. A audiência que se fazia adivinhar como desfecho, estava marcada para o passado dia 28, no Tribunal Administrativo de Braga , mas, por falta do juiz titular do processo, foi uma vez mais adia da . Os advogados das autarquias, ao que apurou o R L , terão dialogado no sentido de encontrar uma data a propor para resolver o caso. Ambas as partes têm a expectativa de verem o assunto resolvido ainda durante o mês de Fe vereiro.

joane

acip festejou dia de reis A ACIP – Ave Cooperativa de Intervenção Psico-Social realizou a Festa de Reis na Casa das A rtes de Famalicão, com as participações do A grupamento CNE 364 de Vale de S. Cosme, alunos e professores do Agrupamento de Escolas Júlio Brandão e crianças, jovens e técnicos da ACIP.


REPÓRTER LOCAL • JANEIRO DE 2011 • 9

Janeiro AIRÃO SANTA MARIA

Domingos Fernandes

coleccionador Luís Pereira

ESCULTURA NA CASA DAS ARTES A Associação de Escultura e Arte Contemporânea organiza a exposição “ O Feminino” de Manuel Cruz Prada. Inaugura dia 1 de Fevereiro, 22 horas, na Casa das Artes de Famalicão. As 22 esculturas serão leiloadas no dia 26 de Fevereiro e 10% do valor reverte a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Apreciador confesso de bagaço, Domingos Fernandes, de Airão Santa Maria, é dono de uma colecção de mais de 200 cálices da bebida. A colecção começou há 6 anos por mero passatempo. “ Toda a gente faz colecção de qualquer coisa . Uma altura , estava de férias na Suíça , fui a uma feira de velharias e foi aí que desafiei a minha mulher a começar a colecção”, refere Domingos Fernandes. Não há muita oferta destes cálices (“encontram-se pouquinhos”, salienta) pelo que, as duas centenas que compõem a colecção, sem repetição, são dignas de registo e do orgulho de Domingos Fernandes. “Procuro-os em feiras de entulho, nas Taipas, por exemplo. Tenho também a sorte de ter f ilhas e o u t ro s f a m i l i a r e s q u e v i a j a m m u i t o p e l o m u n d o f o ra e , sabendo deste meu gosto, trazem-me alguns”, relata . E como colecção que se preze exige ser mostrada , Fernandes construiu uma casa em miniatura , tipo estante, em madeira , q u e f i xo u n a p a r e d e d o e x t e r i o r d a s u a h a b i t a ç ã o e o n d e estão guardados e cuidados os diferentes cálices. O hábito de beber bagaço foi-se perdendo à medida que a s t a s c a s t ra d i c i o n a i s fo ra m fe c h a n d o . D o m i n g o s Fe r n a n d e s d i z q u e é ra ro e n co n t ra r c á l i c e s d i f e r e n t e s e m c a f é s . “ Q u e m o s t e m , t e m a m o r p o r e l e s e n ã o o s q u e r d a r. H á cálices que chegam a custar mais de 5 euros a unidade, o que é um exagero tendo em conta que falamos de um mini-copo”, sublinha . Quanto ao bagaço, o coleccionador entendido na matéria deixa o conselho. “O bagaço, para ser bom, tem de ser ou muito velho ou então de ve saber ao alambique (aparelho de destilação). Há bagaço feito de sal e a martelo, esse não presta”, assegura .


10 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

BI

RUI FARIA Natural de Joane. Nasceu a 27 de Setembro de 1977. Licenciado em Biologia e Doutorado em Ciências Biológicas. Está a fazer pósdoutoramento no Centro de Investigação em Biodiversidade em Recursos Genéticos, na Universidade do Porto, e no Instituto de Biologia Evolutiva, na Universidade Pompeu Fabra, Barcelona.

perfil

RUI FARIA, de Joane para a revista Nature Investigador integra equipa que sequenciou o genoma de vários orangotangos cação inicial até à publicação. Tratou-se de sequenciar o genoma completo (mais de 3 ui Faria, antigo presidente do Centro b i l i õ e s d e b a s e s d e A D N p o r i n d i v í d u o ) d e de Apoio Local, de Joane, Licenciado v á r i o s o r a n g o t a n g o s . T e n t a m o s n o f u n d o e m B i o l o g i a e D o u t o r a d o e m C i ê n - descodificar a informação presente no genoma c i a s B i o l ó g i c a s p e l a U n i v e r s i d a d e através da interpretação de padrões. É como do Porto, integra a equipa de investigadores resolver um puzzle. r e s p o n s á v e l p o r u m a r t i g o p uQue importância blicado na prestigiada revista tem a descobermundial “Nature” e que está a “O facto de se submeter um ta do genoma do merecer a atenção de especiaorangotango para artigo a uma revista cien- o mundo? lis tas mundiais. tífica, significa que o tra- Essa é uma pergun Rui Faria está a fazer pósdoutoramento no Centro de balho vai ser avaliado por t a c o m p l i c a d a . O Investigação em Biodiversidade mundo quer saber outros investigadores inde- de implicações imeem Recursos Genéticos, na Universidade do Porto, e no diatas, mas a ciência pendentes e credenciados” Instituto de Biologia Evolutiva, e o conhecimento na Universidade Pompeu Fabra, são uma construção Ba rcelona. gradual e muitas Tem apresentado o seu trabalho em vários vezes baseados em detalhes publicados ao c ong re s s o s int e rnac ionais e p u bl ic o u vários l o ng o d os ano s . De u m mo d o re s u mid o , t e m a r t i g o s e m r e v i s t a s i n t e r n a c i o n a i s n a s u a uma importância em termos de conserva ção área de investigação: biologia evolutiva. Recentemente viu um projecto aprovado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no valor de 189.000 euros, para estudar processos de formação de novas espécies.

Luís Pereira

R

Como surgiu esta investigação agora publicada na revista “Nature”? Em 2007 foi feito um convite ao grupo onde eu estava a trabalhar (em Barcelona) para trabalhar no projecto. Nessa altura não sabíamos se e onde iria ser publicado o trabalho. Se o trabalho é bom e os resultados interess antes e com grande relevância internacional, é pos sível que possam ser publicados em revistas mais prestigiadas como a Nature. No caso da Nature, é muito competitivo e por isso muito difícil de publicar, mas neste caso, foi aceite. No fundo, o trabalho do cientista (e o próprio) está em constante avaliação. Mas é assim que o conhecimento se constrói através do método científico. O artigo é o resultado de um trabalho de investigação. Pode resumir um pouco o trabalho que foi feito? É o sumário do trabalho de mais de 30 equipas de investigação de sete países diferentes e durou cerca de cinco anos desde a planifi-

de uma espécie ameaçada. A publicação do artigo na “Nature” é a credibilização da descoberta? Sim claro. Se descobres ou descreves algo pela primeira vez, isso só será útil quando o colocas à consideração de todos os investigadore s, p ara que e ste s possam validar ou até contrariar as tuas descobertas e colocar novas questões. O facto de se submeter um artigo a uma revista científica, significa que o trabalho vai ser avaliado por outros inves tigadores independentes e credenciados na área, e pelo editor da revista que decidem se tem qualidade na revista a que submetemos. Sendo numa revista como a Nature, os revisores são muito fortes e o “crivo” muito apertado. Para ser biólogo e obter reconhecimento é preciso sair de Portugal? Não é necessário, mas é bom e recomendável, do ponto de vista científico, em certas áreas, menos avançadas em Portugal. Mas há boas instituições de investigação em Portugal. Nem tudo é mau, tal como costumamos pensar.


REPÓRTER LOCAL • JANEIRO DE 2011 • 11

JÁ SOMOS 2600!

Ângela Machado: Será que um jogo da selecção tem tanta abstenção, será mesmo a CONFRARIA DOS BOMBOS descrença no sistema, ou a desculpa confortável que prefere não participar e deixar as A Confraria dos Bo decisões nas mãos dos outros? presidenciais

ELEIÇÕES e a alta abstenção registada

Nuno Santos: Espero por uma de duas coisas: ou a renovação dos políticos ou o fim deste sistema “democrático” em que podemos escolher livremente...entre as duas pessoas que foram colocadas nas lideranças ou do PS ou do PSD. Carlos Rodrigues: Esta abstenção alta revela apatia do eleitor em relação à política.

HAJA SAÚDE ELISA RIBEIRO médicA

hipertensão arterial A hipertensão arterial é uma doença que se estima que afecte 40% da população portuguesa . A pressão arterial é a pressão com que o sangue circula dentro das artérias do corpo. Quando esta pressão está elevada de forma crónica , estamos perante a Hipertensão Arterial. A pressão arterial corresponde a 2 valores, a pressão sistólica e a diastólica , às quais vulgarmente se chamam a pressão máxima e a mínima , respectivamente. Quando estes valores estão acima de 140 ou 90, em duas ocasiões diferentes, estamos perante uma hipertensão. É um problema de saúde muito frequente e que normalmente não causa mal-estar. Mesmo assim, é muito importante tratá-la , pois se não o f izermos, com o passar do tempo, pode provocar vários problemas de saúde, danif icando o coração, os rins, as artérias, o cérebro e os olhos. As complicações mais conhecidas da HTA são o enfarte cardíaco e o

AVC , vulgarmente conhecido por trombose. Para evitar a hipertensão, ou ajudar a controlar, no caso de se ser hipertenso, é importante tomar algumas medidas, tais como: diminuir o consumo de sal, quer o adicionado na comida , quer os alimentos ricos em sal, tais como os enlatados e os enchidos; deve também evitar as gorduras, privilegiando as frutas e os vegetais. Se tiver excesso de peso deve perdê-lo, podendo ajudar através da realização de exercício físico regularmente, com pelo menos 20 minutos diários. A caminhada é um excelente exercício; também não deve fumar. Se já for hipertenso, não se esqueça de ir as consultas de vigilância , quer com o seu médico, quer com o seu enfermeiro de família . Deve cumprir, além das medidas referidas, a toma da medicação, caso o médico a tiver prescrito. Todos os anos deve fazer exames de rotina que estão def inidos para os doentes hipertensos, para vigiar e também antever o surgimento de complicações.

A importância do pequeno-almoço

NUTRIÇÃO ANALISE NETO NUTRICIONISTA

J á i m a g i n o u e s t a r 1 4 h o ra s o u m a i s em jejum? É o que acontece quando não tomamos o pequeno-almoço (PA ). De ve ser a primeira refeição do dia e de ve ser realizada na primeira hora após o acordar. De ve fornecer ao organismo 20, 25% da energia total diária . Esta refeição funciona como um “carregador de baterias”. Se for equilibrada , estamos a reduzir um terço de probabilidades de obesidade e de desenvolver colesterol ele vado. O organismo nunca pára de trabalhar, nem mesmo quando dormimos, pois é n e c e s s á r i a e n e r g i a p a ra m a n t e r a temperatura corporal, para o proc e s s o d e r e s p i ra ç ã o e o b a t i m e n t o cardíaco.

Com as reservas de energia em baixo, o organismo sente-se num estado de f ra q u e z a , q u e s e r e f l e c t e e m p e r d a de concentração, diminuição nos reflexos e qualidade do trabalho físico e intelectual. Um bom PA de ve conter : leite e de rivados (fornecem cálcio, proteínas e vitaminas); cereais e derivados (açúcares que nos dão energia, proteínas vegetais, ferro, vitamin as e fibras); fruta (rica em vitaminas, beta-carotenos e f ibras). Conselho To m e o P A e m c a s a . C o m e r f o r a duplica as probabilidades de vir a sofrer de obesidade, porque, se ainda não comeu, vai estar mais vulnerável à tentação de provar um capricho!

Custódio Oliveira Manual de gestão “Como gerir bem a sua instituição” é o título de um livro coordenado por Custódio Oliveira, presidente da ATC de Joane e Consultor de Comunicação, que foi apresentado há duas semanas, em Braga. “Trata-se de uma publicação sobre gestão pensada para os dirigentes das Instituições do Terceiro Sector Social”, refere o autor ao RL, lembrando que “este sector, entre nós, representa já mais de 4% do PIB”. O livro funciona como “um manual de gestão”no qual colaboram especialistas nas áreas jurídica, gestão da qualidade, gestão económica e financeira, comunicação, etc. O coordenador do livro reconhece que as Instituições vivem com muitas dificuldades, “porque muitos dirigentes não tiveram formação nesta área e porque outros não têm qualquer experiência de gestão. Todos procuram gerir bem, mas a verdade é que com mais conhecimentos teóricos e práticos é possível fazer melhor”, assinala Custódio Oliveira. “O livro procura ser um contributo sólido numa lógica proactiva de melhoria contínua”, adianta o também presidente da ATC de Joane, autor, por exemplo, de várias peças de teatro, entre elas “O Cego da Igreja Velha”. De resto, Oliveira confessa que sente saudades do teatro, mas “neste período da minha vida, o tempo é o principal impedimento para concretizar algumas ideias. As três frentes em que me encontro (estudos, empresa e ATC) não me deixam tempo para mais nada. Sinto uma grande saudade do teatro, de escrever e de encenar”, conclui. “Como gerir bem a sua Instituição”, de Custódio Oliveira , Coord. Edição Omnisinal


12 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL


ALDRABÕES E SOBREDOTADOS Em todo o mundo, cada comunidade nacio nal tem uma representação mental das es pecificidades das outras nacionalidades. Os espanhóis fazem boa paella e dançam sevi lhanas. Os franceses têm bons queijos. Os italianos têm boa pasta e pizza. Na Ucrânia e na Rússia bebe-se boa vodka. Na Suíça há bons chocolates e relógios. E Portugal? Bom, Portugal é reconhecido por muitas coisas. José Mourinho é uma delas. O vinho do Por to, obviamente, e a cortiça, por exemplo. Mas se há algo em que Portugal é indiscuti velmente bom, é em aldrabar. Não há volta a dar: somos um país em brulhado na aldrabice pura e dura, a todos os níveis. Os políticos aldrabam nas promessas, os bancos e banqueiros aldrabam os clien tes, aldraba-se no pagamento de impostos, aldraba-se na justiça e aldraba-se em todo o lado. Aqui há um par de anos, a aldrabice chegou à educação, pelo nome de Novas Oportuni dades: um plano para tornar a população portuguesa numa população mais qualifica da. Em que consiste? Bom, dá oportunidades a pessoas que, por algum motivo, não concluíram os níveis básicos e secundários de educação, de voltar à escola para concluir a sua formação. Et voilá! Combater a desistência escolar nunca foi tão fácil. Indivíduos com o grau de formação académica equivalente ao 9ºano podem concluir o secundário num ou dois pares de meses. Um portefóliozinho, umas fichas de leitura e já está. Três anos em três meses. Conclusão: eu sou uma tremenda idiota por

Somos um país embrulhado na aldrabice pura e dura. Os políticos aldrabam nas promessas, os bancos aldrabam os clientes, aldrabase no pagamento de impostos, aldraba-se na justiça e aldrabase em todo o lado.

ter gasto três anos da minha vida no ensino secundário, a estudar História, Geografia, Inglês, Filosofia, Matemática, Informátic a e outras. Devia era ter começado a trabalh ar, ter ganho dinheiro para as propinas universitárias e inscrever-me nas Novas Oportuni dades ou num EFA (Educação e Formação de Adultos) que, por sinal, são pagos pelo Esta do (e bem pago, a julgar pela quantidade de gente que conheço que já anda há uns anos largos em formações deste género) e só de pois ter vindo para a Universidade. Três me ses e poupava-me a todo o trabalho e estudo pelo qual tive de passar no ensino secundá rio. Já podia estar licenciada a esta hora, e era considerada uma menina-prodígio. E é isso que temos, hoje em dia, em Portu gal: uma população prodígio. De repente, to dos temos o ensino secundário. De repente, a educação é fácil, chegando a ser ridícula. Por isso, vou ser muito franca relativamen -

te a este assunto: não é possível comparar a formação de uma pessoa que faz o percurso “normal”, e a formação de uma pessoa com o curso “Express”. Querem mesmo fazer acre ditar que temos as mesmas competências? E não me venham falar em equivalências de competências pelos anos de trabalho. Não me venham dizer que o vosso trabalho vos ensina a ler cartas meteorológicas de pres são barométrica, que vos ensina história mundial e nacional em termos tão específi cos, que vos ensina química e física e biolo gia como é ensinada no ensino secundário. Que, no vosso conhecimento do dia-a-dia, sabem fazer equações e calcular estatística. Que o vosso trabalho vos obrigou a uma análise profunda dos sermões de Padre António Vieira, poemas de Fernando Pessoa, peças de Frei Luís de Sousa e textos do José Sa ramago. Não me venham dizer que o vosso trabalho vos fez alguma fez reflectir sobre os pensamentos de Fernando Savater. Porque, se o disserem, é uma grande aldra bice, à semelhança de quase tudo o que se diz neste país. A ideia por detrás de cursos deste género é apenas esta: cumprir objec tivos estabelecidos pela Comissão Europeia. Em 2010, 85% das pessoas com 22 anos na UE deveriam ter completado o ensino secun dário. Portugal está, claramente, a fazer a sua parte – à sua maneira aldrabada de sem pre. Não é verdadeiramente a qualidade da formação que importa aqui, é a quantidade. Está errado, obviamente. É uma falsa qua lificação, e é quase insultuoso para quem, como eu, estudou arduamente três anos para obter o mesmo grau de formação.

Milhares nos Dinossauros em Guimarães Cerca de 35 mil pessoas já visitaram a exposição “O Mundo dos Dinossauros”, que permanece no M u l t i u s o s d e G u i m a rã e s a t é a o d i a 2 7 d e Fe vereiro. Provenientes de várias localidades do País, com especial destaque para as zonas norte e centro, e da vizinha Espanha os visitantes têm sido surpreendidos com a dinâmica e interactividade da exposição. Os dinossauros (à escala real) reagindo com movimento e som à presença dos visitantes, os cenários e o atelier de paleontologia são a l g u n s d o s m o t i vo s q u e s u r p r e e n d e m . A d e s ã o

signif icativa tem registado também o programa d i r e cc i o n a d o p a ra a s e s co l a s . At é a o m o m e n t o j á v i s i t a ra m o u t ê m d e s l o c a ç õ e s p ro g ra m a d a s grupos escolares de Guimarães, Famalicão, Gondomar, Vila do Conde, Maia , Santo Tirso, Braga , Barcelos, Esposende, Viana do Castelo, Monção, Po n t e d e L i m a , Póvo a d e L a n h o s o , V i z e l a , Fa fe e Cabeceiras de Basto. “O Mundo dos Dinossauros” funciona diariamente até 27 de Fevereiro - 2ª a 5ª: das 10h00 às 18h00; 6ª, sáb: das 10h00 às 23h30 e Domingos e feriados: das 10h00 às 19h00.


14 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

vermoim • andebol

JOANE • futebol

Projecto pioneiro Luís Pereira

Em Vermoim vai nascer um pro jecto pioneiro que tem por f inalidade a promoção e a prática do andebol. Paulo Costa , de Joane e Luís Pinto, de Oleiros S. Vicente, são dois de quatro autores da iniciativa que terá o apoio da Associação Cultural de Vermoim ( ACV ). Os dois rapazes são ex-alunos da escola secundária Padre Benjamim Salgado e faziam parte da equipa de andebol da escola . Os alunos, foram agora desaf iados pela professora Alcina Monteiro, da EB1 de Montelhão, Joane, para incutirem nas crianças o gosto pela prática de andebol.

Trata-se de um projecto pioneiro no concelho de Famalicão já que em matéria de andebol, não existe qualquer equipa da modalidade

“Com o apoio da ACV, iremos pelas escolas do agrupamento Bernar dino Machado desaf iar as crian ças a participar numa competição inter-escolas que estamos a organizar. Nesse mini-campeonato, es taremos lá para ensinar as regras básicas e captar os melhores para formar uma espécie de escola de andebol”, explica Paulo Costa . O torneio está pre visto arrancar no dia 9 de Abril no pavilhão Terras de Vermoim. “Apresentamos a ideia à ACV que a acolheu desde

logo. É importante ter uma associação que nos apoie na divulga ção e na logística . Pensamos também em angariar patrocinadores de forma a adquirir-mos material para que as crianças possam praticar a modalidade”, refere Luís Pinto. Trata-se de um projecto pioneiro no concelho de Famalicão já que em matéria de andebol, não existe qualquer equipa da modalidade. “Quando saí da secundária queria jogar numa equipa e não tinha , a não ser na Francisco de Holanda , em G uimarães ou em Braga”, la mentam. Os jovens estão empenhados no projecto e têm grandes expecta tivas quanto à adesão. “Sabemos que não será fácil. Vai ser um desaf io grande, em primeiro lugar, explicar o que é andebol a miúdos entre os 7 e os 10 anos. Mas, com a a juda dos pais, acho que tere mos sucesso”, referem

GD Joane venceu paredes Depois do empate frente ao Leça F.C . na última jornada , o GDJoane conseguiu, no passado domingo, conquistar três pontos na deslocação ao recinto do União de Paredes. Um jogo que se adivinhava difícil, onde o Joane acabou por ser vitorioso com dois golos apontados por Sócrates.

joane • atletismo

rosa oliveira e naj no pódio Rosa Oliveira venceu a prova de 7000 metros da XX Estafeta Mista e Mártir Tirso. Hermínia Pereira , também da Associa ção Escola de Atletismo Rosa Oliveira , f icou em 8ºlugar. Doroteia Peixoto, do Núcleo de Atletismo de Joane, sagrouse campeã do Norte em pista coberta , ao obter o primeiro lugar nos 3000 metros , numa competição realizada na cidade de Braga, no dia 16 de Janeiro.

RONFe • judo

clube de judo apurado para nacional No passado dia 29 realizou-se no Porto o Apuramento de Juniores da Zona Norte para o Campeonato Nacional de Juniores, marcado para 20 de Fevereiro, em Lisboa. O torneio contou com mais de 200 atletas do Norte de Portugal. A Casa do Povo de Ronfe fez-se representar por Rui Rodrigues (– 60kg, José Dias (– 73kg) e Diana Costa (+70kg). e conquistou dois segundos lugares, apurando os seus três atletas.


REPÓRTER LOCAL • JANEIRO DE 2011 • 15

ENTREVISTA

DÊ-NOS A SUA SUGESTÃO Se acha que há pessoas que deveriam ser entrevistadas pelo RL, envie-nos a sua sugestão para reporterlocal@hotmail.com

Francisco gonçalo

“As pessoas de Santa Maria sairiam a ganhar com a criação do concelho de Joane” Ex-presidente da Junta de Airão Sta. Maria entre 1993 e 2001 (PS), vê com bons olhos fusão da freguesia com S. João Luís Pereira

D

o que é que sente mais saudades do tempo de presidente da Junta? Não tenho saudades. Saí no tempo exacto. Quando se fica demasiado tempo no poder, o poder fica desinteressante e isso prejudica, neste caso, a freguesia. Há quem diga que o presidente da Junta é o “parente pobre” dos órgãos políticos locais. Concorda? Quantas e quantas vezes tinha que andar de chapéu na mão a mendigar na Câmara para ver se trazia alguma coisa! E foram muitas as vezes em que saí de lá chateado por não me darem. Por isso, é falso quando dizem que se formos da mesma cor política somos beneficiados; só com persistência e diálogo é que se conseguiam as coisas. O senhor foi ta mbém árbitro de futebol e é actualmente secretário da associação de arbitragem de Braga. São diferentes? A diferença é que numa (presidente) tinha de andar muito de chapéu na mão e na outra não. Nunca tive pressões enquanto f u i árbit ro (20 a nos ). C he g u e i à I Divisão e só lá chega quem é sério naquilo que faz. Qual a obra que mais o orgulha? A escola EB1 foi a que mais vontade e gozo me deu em lutar por ela. Antes disso, a conquista da cantina escolar na sede de Junta foi também importante. E o apoio social. Conseguimos muitas aprovações de subsídios para os idosos sem reformas. Graças ao nosso trabalho, muitos ainda hoje recebem esse subsídio. Apesar da praia fluvial também ter sido importante, foi sobretudo na educação e na área social que deixei a minha marca. O facto de Santa Maria ficar no extremo do concelho faz com que a Câmara tenha menos atenção? Não creio. As freguesias em redor da cidade, naturalmente que be -

francisco gonçalo

“freguesias pequenas vão acabar” ex-autarca considera que a fusão de airão e santa maria numa só freguesia daria mais força às populações locais

neficiam mais por uma lógica de serem complementos da própria cidade. Contudo, uma freguesia como Santa Maria é a prova que, mesmo distante, pode ficar bem servida com equipamentos públicos. Quais são, para si, as principais c arências da freguesia? Santa Maria precisa de um centro de dia, para deixar de estar dependente de outras freguesias, e de uma casa mortuária. Tanto num caso como no outro, a paróquia tem espaços e terrenos. Para a casa mortuária tem o terreno ao lado da igreja, parte dele doado por um privado. Para o centro de d i a , t e m d o i s s a l õ e s p a ro qu i a i s , um dos quais só é ocupado ao sábado. É uma questão de reunir vontades. Através do diálogo, a solução pode ser encontrada. De que forma se pode resolver o problema da capela de Santa Luzia?

Já houve algumas tentativas. Tentou-se comprar o terreno ao lado da capela mas a proprietária não aceitou - embora na última campanha eleitoral se tenha ouvido dizer que, se ganhasse o PSD, a senhora voltaria atrás! A Câmara sempre foi reticente e acha que a capela não deve sair do local. A alternativa que chegou a ser estudada passava por desviar o trânsito. Mas a solução em que a Câmara chegou a apostar - fazer o trânsito confluir na estrada para Oleiros - iria mexer com vários terrenos, sendo difícil a aprova ção de todos os proprietários. A solução deveria ser a que vem de Airão S. João, a seguir à curva, abrindo estrada por esse lado, onde só teriam que se entender c o m u m p r o p r i e t á r i o q u e até poderia ter interesse nisso, em troca de viabilidade de construção. Mas, não me parece que tão cedo, o problema se resolva.

O que acha da criação do concelho de Joane, integrando as freguesias de Santa Maria e S. João? Chegou-se a fazer uma petição nesse sentido e Santa Maria era capaz de sair beneficiada. Quando ia com o chapéu na mão à Câmara de Guimarães e ela não me dava o que queria, cheguei-lhes muitas vezes a atirar com isso e o concelho de Joane era assunto que os irritava. Apesar de achar que todos ganharíamos com isso, esse assunto nunca irá por diante. O bairrismo é o pior inimigo do concelho de Joane. As freguesias de Guimarães não iriam aceitar porque o bairrismo é muito grande. As pessoas sairiam a ganhar. Em vez de serem obrigadas a percorrer 15 km para tratarem de assuntos de dia-a-dia, ficariam com a possibilidade de resolvê-los quase sem sair de casa. A convivência com Airão S. João é positiva? Sempre tivemos as melhores relações, porque nunca nenhuma das Juntas se intrometeu no trabalho da outra . Acha que as duas freguesias se poderiam fundir numa só, uma vez que são pequenas e vizinhas? O difícil seria encontrar o nome que agradasse às duas. Mas penso que sim, ficaria uma freguesia boa, com cerca de 2.500 eleitores, teria outra força . O assunto, contudo, nunca foi discutido mas considero que a tendência das freguesias pequenas é para acabar. Se lhe oferecessem a possibilidade de construir uma piscina em Santa Maria, avançava? Descoberta, não faz sentido. É um investimento muito grande para tão curto espaço de tempo. Trocava por outras coisas mais importantes.


16 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

por D. VIRINHA

b uracos e mais buracos ! A Junta de F reguesia de Joane diz que não senhor, não tem nada que arranjar ; a Câmara Municipal de Famalicão assina por baixo: isso é com o Governo. É n este “ping-pong ” que se vê metido o simpático director da es cola secundária de Joane, Alfredo Mendes. A entrada principal da escola parece um queijo suiço, cheia de buracos que dão cabo das suspensões automóveis e das musculaturas dos peões, mas de nada valem os pedidos de Alfredo Mendes para que o problema se resol va . Nem o facto ser joanense o vereador das Obras Municipais parece valer de muito. Os buracos lá vão continuar por muito tempo. E este caso, não sei porquê, faz lembrar aquele conhecido ditado: “a vingança serve-se fria”. a via sinuosa da estrada nacional 206 Por falar em buracos: quem circula na Estrada Nacional 206, entre Joane e Famalic ão, já deu por certo pela proliferação deles. O piso desta movimentada via há muito que anseia por uma intervenção de vulto. Senhores autarcas, unam-se, puxem dos galões e exijam do Poder Central a renovação do piso.

CARTAS ABERTAS Comendador APARECIDO

EXMO. Sr. presidente da JUNTA DE JOANE Tal como o camarada Manuel Alegre, poeta e dono de uma voz tonitruante (agora mais murcha por causa da derota), também eu sou amante do ga tilho. Umas perdizes, uns fai sões, assestar a mira, e pum!, lá vai chumbo na passarada. Pois bem, fiquei deveras es pantado - e eu, com esta idade, já n ão sou homem de me espan tar facilmente - com a existên cia da Zona de Caça Municipal em Joane, anunciada numa tabuleta ali na desembocadu ra da antiga sede da Junta e

do Café Central. Ainda estra nhei, mas depressa entranhei a mensagem, já a pensar numa jornada de caça com a malta amiga, concluída com um tinto do Douro de fazer estalar a língua. Quem sabe até se com a presença do prezado presidente da Junta de Joane e do Ilustre presidente da Câmara de Famalicão. Assim como as sim, os dois já andam habitua dos a “tiroteios”, certo? Aceite os melhores cumpri mentos deste que se assina Comendador Aparecido


REPÓRTER LOCAL • JANEIRO DE 2011 • 17

PRESI DENCIAIS Cavaco Silva te ve em Oleiros a maior votação (76,6%) e em Pousada a vitória menos expressiva (50,5%). M anuel Alegre te ve 24,7% dos votos em Joane.Vermoim te ve a abstenção mais ele vada (46,2%) e Vermil a mais baixa (33,09%).

OPINIÃO Os artigos de Opinião são da responsabilidade dos seus autores opinião

Lisboa não é o país real Luís Santos

Membro da Junta de Freguesia de Joane | PS

As sondagens de hoje, quando feitas por empresas credíveis, dão-nos desde logo uma antevisão daquilo que serão os resultados eleitorais. E então, quando feitas à boca das urnas, a certeza é ainda maior. Este conhecimento prévio da tendência dos eleitores pode de alguma forma condicionar os resultados finais. Uns, porque os resultados espelham os seus desejos sentem que não é necessário votar e outros, porque sendo os resultados contrários às suas pretensões, sentem que pouco se poderá fazer para alterar esta tendência. Se aqui adicionarmos a crescente margem de portugueses

que estão cada vez mais afastados da política e dos políticos, chega mos rapidamente aos números que hoje atingem a abstenção. É preocupante que uma eleição em Portugal tenha mais de 50% de abstenção. Seja ela autárquica, legislativa ou presidencial. O alheamento e a descrença dos portugueses em relação à política são um mau ponto de partida para uma recuperação económica. E mais grave se torna ainda, quando a recuperação que Portugal tem que fazer é gigantesca. Aquilo que espero, e que penso todos esperam, é que Presidência da Republica e Governo consigam encontrar as pontes de entendimento necessárias para o bem comum. Ambas as eleições foram democráticas, tanto a que elegeu o Presidente da Republica, como a que elegeu o Primeiro-ministro. Ambos têm a legitimidade dada

“As TV´s deviam perguntar às pessoas da nossa terra como sobrevivem com 450€ mensais”

pelos portugueses para fazerem “o que ainda não foi feito”. Que é tirar Portugal desta profunda crise económica e criar bases sólidas para que no futuro não sejamos obrigados a passar por situações tão difíceis como esta, que afecta toda a sociedade portuguesa. Mas como é óbvio, quem mais sente é quem tem os mais baixos rendim e nt o s . E p a rt e d e s s a p o p u l a ç ã o com os mais baixos rendimentos encontra-se na nossa área: Fa-

malicão, Guimarães, Santo Tirso - no chamado Vale-do-Ave. É no têxtil, e mais concretamente nas confecções e secções produtivas que os salários são mais baixos. Às ve ze s me i o a b ri nc a r d i g o qu e do Porto para baixo não existe salário mínimo nacional. Na televisão aparecem pessoas com salários de 1500, 1800, 2000 euros que não sabem como vão sobreviver com os cortes que os seus salários sofreram. Já não falo nos escândalos frequentes de ordenados inacreditáveis em diversos sectores do Estado. As televisões deviam perguntar também à s p e s s o a s , m u i t as a qu i d a no s s a terra, como sobrevivem com 450 euros mensais, ou com 1000 euros por casal. Muitos com dois e três filhos. As televisões e os jornais centram-se demasiado na “capital” e esquecem as dificuldades sérias do país real. Lisboa e os centros urbanos não são o país real.

Asbtenção involuntária Miguel Azevedo

Membro da Comissão Política do Núcleo de Joane do PSD

Nas eleições de 23 de Janeiro, Cavaco Silva foi eleito com clara maioria, 53% dos votos. Em Joane venceu, claramente, com pouco mais de 51% dos votos. Uma vitória expressiva, uma vez que a amplitude da diferença de votos relativamente ao candidato do PS (ou do BE, dependendo dos dias), Manuel Alegre, foi bastante considerável (26 pontos percentuais). Os restantes candidatos, que, diga-se, não apresentaram nenhuma alternativa credível, foram eleitoralmente esmagados e demonstrou-se que não basta lançar atoardas contra os opositores para ganhar eleições. Ganhou Cavaco Silva e ganhou o PSD porque foi e leito o candidato que apoiou, que é também, seu militante e ex-líder. Perdeu, em toda a linha, o PS. Mais uma vez

estas eleições demonstraram que, ao contrário do que muita gente pensa, o mito da invencibilidade do PS em Joane não existe. Ainda bem! Os Joanenses têm maturidade política e demonstraram-no. A abstenção nacional foi a mais alta de sempre em presidenciais, mas, apesar de tudo, os Joanenses sou beram dar um sinal de vitalidade democrática, e compareceram nas urnas para votar. A abstenção em Joane foi cerca de 7 pontos percentuais inferior à média nacional, o que é positivo. Compareceram e votaram maciçamente em Cavaco Silva, à semelhança do que já tinham feito em 2006. Deram um sinal claro de que querem a estabilidade política, numa altura em que o país enfrenta uma grave crise económica e a pressão para recor rer a ajuda externa. Mas, como no resto do País, em Joane, um sem número de pessoas tiveram problemas em votar como pretendiam, por dificuldade de acesso ao processo administrativo que lhes permitiria votar. Muitas não puderam mesmo votar. Foi confrangedor ver a confusão instalada junto ao único posto de apoio ao acto eleitoral disponibi lizado pela Junta de Freguesia, o que causou uma longa fila e

“Ao contrário do que muita gente pensa, o mito da invencibilidade do PS em Joane não existe” muito tempo de espera aos eleitores com o Cartão de Cidadão na mão, para obter novo número de recenseamento. Os meios electró nicos para esclarecer os eleitores funcionaram de forma deficiente. O Portal do Eleitor bloqueou; o número gratuito de informações estava ocupado; o serviço de SMS demorava horas a responder. A responsabilidade não foi da Junta, mas parece-me que um posto de atendimento é manifestamente insuficiente para um universo de 6747 eleitores inscritos. Não ajudou nada, pelo contrário, o facto de duas das salas com grande previsibilidade de haver recurso ao posto de atendimento se situarem num pavilhão distinto, distante das restantes e do posto

de atendimento. Com isto tudo muitos Joanenses deixaram de exercer o seu voto. É um fenómeno novo. A abstenção involuntária provocada pelo choque tecnológico do PS que pôs em causa a democracia. O próprio presidente da Comissão Nacional de Eleições não tem dúvida de que a abstenção foi influenciada pelos problemas administrativos e que é impossível saber qual o peso deste problema no resultado final. Sabe-se que milhares de portugueses quiseram votar e não o puderam fazer por razões administrativas. Dados os problemas registados no exercício do voto, a abstenção não se pode comparar com a de outras eleições. Rui Pereira, ministro da Administração Interna tem de ser res ponsabilizado e não pode vir com justificações banais de “afluxo anormal” de pedidos. Espero que se apurem responsabilidades. O mais importante é que o Presi dente está eleito à primeira volta e que os portugueses escolheram a via da continuidade e da estabilidade. Mas como disse Pedro Passos Coelho “a vida em Portugal será mais segura e mais confiante, mas não será mais fácil”.


18 JANEIRO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

Opinião - debate financiamento do ensino privado

“Que interessa ao Estado, a todos nós, que os privados façam algo q u e é d o i n t e r e s s e p ú b l i co , s e o E s t a d o o f a z i g u a l m e n t e b e m ou melhor? (e, sobretudo nos tempos que correm, mais barato)” D o m i n go s Fa r i n h o , w w w. j u g u l a r. b l ogs.sapo.pt

O erro de Sócrates Sérgio Cortinhas

Presidente da Assembleia Geral da Associação de Professores das Escolas Particulares e Cooperativas com Contrato de Associação

E s c ol a s c o m c o n t rato de associação (ECA) são escolas particulares ou coo p e r a t i v a s f i n a n ciadas pelo Estado porque prestam o serviço público de educação (2º e 3º ciclo e Secundário) nas mesmas condições que as escolas do Estado. São escolas públicas sem f i n s l u c r a t i v o s q ue integram a rede pública de ensino tendo surgido a sua maioria a partir dos anos 80 para s e r v i r z o n a s o n d e não h avia o f e rt a d e e s c o l a s d o E s t ado. Estas escolas n ã o p o d e m r e c u s ar a frequência de a l u n o s d a s u a á r e a de implantação e e s t e s t ê m a g r a t u itidade de ensino. São escolas para todos: pobres, remediados ou ricos considerando a referida gratuitidade e o serviço p ú b l ic o a qu e e s t ão obrigadas. Além d i s s o , s ã o e s c o l a s de qualidade re conhecida ao nível dos resultados escolares (as duas melhores nos rankings dos exames nacionais do S e c un d á r i o 2 0 1 0 do nosso concelho s ã o E C A - D i d a x i s S. Cosme e Exter nato Delfim Ferreira), ao nível da

qualidade do corpo docente e ao nível da qualidade das infra-estruturas físicas e equipamentos. São escolas que ficam mais baratas do que as escolas do Estado. Um estudo de 2010 da OCDE revela que Portugal gastou cerca de 5200 euros/ano com cada aluno no sector público, mais mil euros do que nas ECA. Perante estas evidências o actual Governo resolveu, sem qualquer critério racional, desferir um duro golpe a estas escolas asfixiando-as financeiramente e criando barreiras ao desenvolvimento dos seus projectos educativos. Impôs contratos de associação apenas por ciclos (dois ou três anos) e reduziu em cerca de 30% o financiamento (as escolas do Estado sofreram apenas um corte de 10%) tornando muitas delas inviáveis e às portas de fechar. Tratou-se de uma forma cega, ideologicamente inquinada de gerir o dinheiro dos nossos impostos. Estas medidas tiveram um único objectivo: deportar alunos para a Escola do Estado, mesmo contra a vontade dos pais. Os pais devem ter o direito de escolher o tipo de ensino que querem para os seus fi lhos e essa escolha pode passar pela liberdade de escolher um serviço público prestado pelo Estado e um serviço público prestado por outras instituições apoiadas pelo Estado.

O que o Estado tem é que garantir que o dinheiro dos n o s s o s i m p o s t o s é canalizado para o b e m c o m u m e é devidamente aplica d o n o i n t e r e s s e e satisfação das necessidades dos cidadãos. Esse serviço p ú blico p ode ser prestado por ins t i t u i ç õ e s p r i v adas desde que estas, em comparação com as do Estado, n ã o g a s t e m m a i s dinheiro, tenham a mesma ou melhor qualidade e garanta m i g u a l d a d e d e tratamento aos cida d ã o s . É i s s o qu e fazem as ECA. E são e s t e s p r o j e c t o s bem sucedidos que o G o v e r n o e s t á a querer eliminar enq u a n t o v a i i n a ugurando requalifica ç õ e s d e E s c o l a s Se cundárias pública s q u e c u s t a r ã o cada uma anualmen t e c e r c a d e 5 0 0 mil euros, renda que o Estado tem que pagar durante 10 anos à empresa pública “Parque Esc o l a r ” – a qu i n t a mais endividada do país. Claro que há excepções à regra e s i t u a ç õ e s d e m á aplicação dos financ i a m e n t o s . M a s serão esses os casos que o Estado deve fiscalizar, punir ou encaminhar para a justiça. Não s o m o s a s s i m t ã o ricos para acabar co m p r o j e c t o s d e reconhecida qualidade e desbaratar um património físico e humano construído ao longo de 30 anos. É um erro crasso de José Sócrates e do Governo ao desm o r o n a r u m e d ifício da educação qu e o P S a j u d o u a construir. Isso revela desorientação, incompetência e pa c o v i c e p o l í t i c a .

Uma falsa questão? António José Paiva

Professor EB 2,3 Bernardino Machado - Joane

Em tempos atribulados como os que hoje atravessamos, falar do papel do Estado em sectores da sociedade como a Educação, a Saúde e a Justiça conduz inevita velmente ao agudizar de tensões e ao extremar de opiniões relativamente a temas fundamentais que, mais do que unir, separam os cidadãos. A polémica à volta do modelo de financiamento do ensino privado - ensino público, longe de ser nova, traz exaltado o país, à boleia de outros problemas que esperam com impaciência a sua vez para saltarem para as primeiras páginas dos jornais. Em primeiro lugar, importa lem brar que não foi a Educação que c o n d u z i u o p a í s a o p o n t o e m qu e este se encontra actualmente. Muito menos os professores, as

famílias e os alunos. Mas até parece, a julgar pela forma como apontam o dedo acusador uns aos outros. Depois, porque o Ensino, seja ele privado ou público, sairá (ainda) mais fragilizado com tudo isto. Saem fragilizados os alunos, que assistem a mais uma de muitas reformas curriculares (esta mais subserviente às taxas de juro e afins do que qualquer outra anterior); saem fragilizados os professores e pessoal não docente ao verem os seus vencimentos reduzidos, incapazes de evitarem a aproximação do desemprego que atingirá a curto prazo, diz-se, 40.000. E por fim as famílias, que começam a sentir cada vez mais dificuldades na gestão diária de um bem que deveria ser, desde o primeiro momento, gratuito - os subsídios de apoio social são retirados, almoçar na escola deixa de ser possível se os alunos passarem a frequentar a escola por turnos. A par destes cortes financeiros directos, eventualmente justificáveis, outros cortes irão afectar directamente os alunos: o desaparecimento de disciplinas como o Estudo Acompanhado, local privilegiado para o reforço de saberes no domínio da Matemática e do Português (e a única

alternativa para muitas famílias poderem contornar os centros de explicação); o fim da disciplina de Área de Projecto, tida como fundamental na articulação com os documentos estruturantes das escolas (Projectos Educativos, Projectos Curriculares de Escola), a redução das horas destinadas ao Desporto Escolar, o fim da leccionação em par pedagógico em Educação Visual e Tecnológica… Por tudo isto, o momento deveria ser de união e não de desavença. Mas agora estamos divididos, mais uma vez. As escolas deveriam defender os seus alunos e as suas comunidades educativas porque são eles a sua razão de ser: as crianças com necessidades educativas especiais, as crianças com dificuldades de aprendizagem, as crianças com problemas sociais cada vez mais preocupantes precisam da escola pública e da escola privada. A escola pública e a escola privada precisam ambas de bons alunos. Contudo, se a igualdade no acesso a uma e outra for, em algum mo mento, posta em causa, qualquer que seja a razão invocada, o papel d o E st ad o s o cial e o s e u ap o io às escolas deixa de fazer sentido. E esta já não é uma falsa questão.

OPINIÃO

Ensino particular ou fundamentalismo Ao deslocar-me para um jantar de apoiantes do Manuel Alegre, passei pelo meio de uma manifestação de crianças, jovens, professores e pais do ensino particular. Defendiam a sua visão, de forma correcta . Passavam, com inteligência , a mensagem repetida em muitos cartazes apenas com as letras SOS. De seguida , ouvi opiniões de alguém que dizia : se querem ter ensino privado que o paguem. Não tem qualquer sentido que seja o Estado a pagar, diziam-me. O ensino público, universal, laico, gratuito e obrigatório, à primeira vista , deveria ser o único a ser pago pelo Estado. Teríamos assim um modelo de ensino único estatal. Esta concepção contraria os princípios básicos da organização da nossa sociedade. Poria em causa a liberdade de escolha . Aniquilaria o princípio da subsidiariedade. Correríamos o risco de uma espécie de ensino totalitário ao sabor das orientações ideológicas dos governantes. O ensino único estatal só existe nas sociedades governadas por fundamentalismos com regimes totalitários onde as liberdades não existem. Decorre daqui que o Estado tem o dever de apoiar o ensino particular. Os apoios que concede, por aluno, são muito inferiores aos custos do ensino público, por aluno. O Estado, de acordo com a Constituição (número 2, do artigo 75º), deve reconhecer e fiscalizar o ensino particular e cooperativo. Fiscalização para evitar abusos de qualquer espécie. Reconhecer através dos apoios indispensáveis ao seu funcionamento. Parece-me que o Estado, em tempos de crise, e quando faz cortes elevados nos vencimentos dos professores do ensino público, tem legitimidade para diminuir racionalmente os apoios aos ensino particular. É normal que os atingidos com as reduções mostrem o seu descontentamento. Atingir aqui o justo equilíbrio é o mais difícil.

CUSTÓDIO OLIVEIRA Consultor de Comunicação; Presidente da Associação Teatro Construção de Joane




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