Jornal Repórter Local

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p. 09

Ana Dias: jovem de 17 anos, de Vermil, já fez 30 retratos Nº 148 • ANO XIII • JULHO 2011 DIRECTOR: JOAQUIM FORTE

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O dia em que o fumo e o fogo cobriram Vermil

Não há memória de tal cenário em Vermil. O incêndio do passado dia 27 assumiu proporções nunca vistas por aqueles lados. “Parecia um vulcão”, descreveu o pároco local.

JOANE | p. 07

Casa Mortuária arranca em Setembro sem financiamento garantido VERMOIM | p. 08

PS defende instalação da sede de Junta na ex-fiação RL MAGAZINE • p. 10 e 11 FUSÃO DE FREGUESIAS

Nenhuma freguesia quer ‘desaparecer’ a favor do vizinho mais forte

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EM FOCO • p. 03 e 04

OPINIÃO | PAULO CUNHA

“A fusão não deve ser feita por questões de poupança mas por ajustamento de competências”

FUTEBOL | p. 14

À quinta foi de vez: Rui Ribeiro é o líder do GD Joane Desportivo de Ronfe conta com nove reforços para a nova época



REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 3

EM FOCO

AS FREGuesias em alguns concelhos Famalicão tem 49; Guimarães tem 68; Barcelos tem 89; Braga tem 62 freguesias, Lisboa tem 53, Arcos de Valdevez tem 51, Ponte de Lima tem 51, Chaves tem 50.

facebook Fundir freguesiaS? O RL desafiou os “amigos” no Facebook a dizerem o que pensam da fusão de freguesias no nosso País. Eis algumas das opiniões.

José .

Luís Pereira

C

de 2012 há muito tempo”, afirma Paulo Cunha, vice-presidente da Câmara Municipal de Famalicão, realçando, porém, que “algumas estão desajustadas da realidade”. Mesmo assim, prossegue, “a fusão não deve ser feita por questões de poupança mas por ajustamento de competências”.

omo era expectável, o projecto de reforma administrativa que prevê diminuir o número de freguesias vai dar água pelas barbas. Na teoria, a medida que consta do memorando de entendimento assinado pela “troika” e pelo Governo Português, parece ser de HÁ 4259 FREGUESIAS fácil aplicação; na prática, vai gerar um verdadeiro O a c o r d o e n t r e o G o v e r n o e a ‘ t r o i k a ’ r e f e r e q u e “quebra-cabeças” e um coro de reservas. Portugal terá de reduzir a partir de Julho de 2012 Basta atentar na reacção dos autarcas ouvidos o número de autarquias e juntas de freguesias, p e l o R L ( v e r p á g i n a 4 ) : n e n h u m a c h a q u e a s u a actualmente 308 e 4.259 respectivamente, reduções freguesia possa “perder” protagonismo em relação q u e t e r ã o d e e s t a r c o n c r e t i z a d a s n a s p r ó x i m a s à vizinha. eleições autárquicas, em 2013. Entre 1000 e 1500 “A alterar-se alguma coisa em Vermoim, parece-me freguesias irão ser suprimidas. evidente que será apenas No memorando, a rena condição de freguesia organização do mapa acolhedora”, diz Xavier administrativo do país Forte, presidente da Junta tem um calendário de Algumas freguesias estão de Vermoim. O vizinho finido: até meados do desajustadas da realidade, mas Manuel Pimenta, de Mogepróximo ano, o Governo ge, segue o mesmo rumo: terá de apresentar um a fusão não deve ser feita por “ninguém tem coragem plano para reorganizar questões de poupança mas por de pôr em causa a nossa e “reduzir significatiindependência em relação vamente” o número de ajustamento de competências”, a quem quer que seja, até municípios e de frediz Paulo Cunha porque somos das fregueguesias. sias com maior rendimento As mudanças no pocolectável”. der local (que passam Outro ponto em que todos ainda por duros cortes parecem estar de acordo, quando não colocam orçamentais e de funcionários) estão longe de r e s e r v a s à “ f u s ã o ” , é n a v i n c a d a d e f e s a d e q u e reunir consenso. Em Lisboa, a Câmara aprovou um este pocesso, a concretizar-se, não se limite a ser n o v o m a p a q u e d i m i n u i d e 5 3 p a r a 2 4 o n ú m e r o a aplicação da régua e esquadro ou do critério do freguesias. Mas não faltam críticas. número de habitantes. “Cada Junta tem formas distintas de trabalhar e “Te rá de ser pensado caso a caso e nunca de uma n ã o m e p a r e c e q u e a m e d i d a v e n h a a b e n e f i c i a r forma aritmética. Tem de existir um conhecimento a g e s t ã o a u t á r q u i c a ” , v a t i c i n a A r m a n d o V i d a l , profundo de cada Junta de Freguesia e até Junho autarca do PSD da freguesia de Vermil.

Carlos Moura Abreu Há concelhos com menos habitantes que algumas freguesias de Lisboa ou Porto. Para quê juntas de freguesia nas sedes dos concelhos? Quanto à questão de juntar freguesias de concelhos diferentes, parece-me perfeitamente lógico, isso já foi feito no novo concelho de Vizela, que tem freguesias que eram de Felgueiras e outras de Guimarães. O que importa é agilizar serviços e dar respostas às populações, seja A ou B a fazê-lo. Fernando Freitas Não estou a ver um vimaranense a querer mudar de concelho. É muito mais fácil Airão S. João fundir-se com Airão Santa Maria, até porque dividem já o pároco e o nome, do que se fundir com Joane... Também não é nada que não tenha já ocorrido pois Airão Santa Maria é já uma fusão de duas freguesias. Outros exemplos, Oleiros com Vermil, Brito com Leitões... Paulo Freitas Devem fundir freguesias da cidade, pois têm a Câmara Municipal e todos os seus serviços mais próximos. Freguesias mais distantes do centro da cidade, não, pois se assim já têm muito pouco auxílio dos serviços da Câmara, se forem fundidas, ainda passam ao esquecimento. Henrique Fernandes Estou de acordo de se juntar algumas freguesias de Famalicão: Seide S. Paio a Seide S. Miguel, Lemenhe a Mouquim. Requião é uma freguesia muito mal dividida apesar de nela habitar. Amâncio Gonçalves O país é demasiado pequeno para tantos “executivos”! A regionalização bem estudada e conseguida poderia ser a solução. Caso tal não seja possível, que remédio teremos de nos juntar várias terras à sombra de uma única Junta, mas esta poderia ser composta por representantes de todas elas. Miguel Carvalho Isso vai dar barraca. Hugo Machado Acho que é o futuro. Isto é nada face àquilo que tem de ser feito. Emilia Monteiro Vamos ter nova revolta da Maria da Fonte! Miguel Paulo Mais importante seria definir as competências. A partir daí «rasgar» os novos limites. Número de habitantes não me parece o critério mais importante. Manuel Cunha Acho que será razoável também discutir as competências dos órgãos a sair dessa revisão. O que pode trazer grandes vantagens para as populações é a participação dessas populações na vida colectiva das suas comunidades. Fernando Castro Martins Agrada-me a possibilidade de se dar dimensão e escala às freguesias. As suas circunscrições obedecem a uma realidade que já não temos. São demasiado pequenas, não têm massa crítica suficiente e estão, assim, mais expostas ao caciquismo. Em alguns casos trata-se, até, de re-unir o que fora dividido: casos das freguesias homónimas de Airão, Oliveira, Seide, Vale, Arnoso, ou seja, duas freguesias com o mesmo nome. Em Guimarães há quatro ou cinco “Sande”. Há que sensibilizar as populações para as vantagens de pertencerem a uma unidade maior, mais eficiente e mais barata. Eu que sou Joanense, deixo a minha preferência: juntar Joane com Pousada de Saramagos.


FRASE

4 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

EM FOCO

Sá MACHADO | opinião, Pag. 17 “Ninguém falou na criação do Concelho de Joane. Falou-se, à boleia da reforma administrativa preconizada pela famosa “ Troika”, em formarem-se grupos de freguesias, que viessem a dispor de mais meios financeiros e mais competências”.

freguesias | opiniões

“Fusão de freguesias não deve ser feita de forma aritmética” RL ouviu autarcas sobre a revisão do mapa administrativo do país, que prevê a redução do número de freguesias.

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Paulo Cunha ; Sá M achado; Xavier Forte; Armando Vidal; M anuel Pimenta .

Luís Pereira

Paul o Cunha Vice-presidente da Câmara de Famalicão “A fusão das freguesias terá de ser pensada caso a caso e nunca de uma forma aritmética. Tem de existir um conhecimento profundo de cada Junta de Freguesia e até Junho de 2012 há muito tempo ainda para se poder reflectir porque as Juntas têm um papel que, caso seja reforçado, conseguem executar com maior eficácia. Algumas freguesias estão desajustadas da realidade embora entenda que a fusão não deva ser feita por questões de poupança mas por ajustamento de competências”. SÁ MACHADO Presidente da Junta de Joane “Ainda no tempo de Agostinho Fernandes o concelho foi dividido por núcleos urbanos. Faria, por isso, todo o sentido que a fusão de freguesias incidisse sobre essa divisão. Se assim for, Castelões, Vermoim, Pousada e Mogege fundir-se-iam com Joane. A ideia que ganha terreno é a de fusão administrativa. As f re g u e s ias mant ê m-s e , f u nd e mse os serviços. O que interessa neste modelo é a tal autonomia financeira que falo. Com a fusão, as freguesias deverão ser refor çadas nas suas competências e nos seus meios para serem elas a decidirem onde e como investem nessas localidades. Obviamente que o Estado precaverá formas

eleitorais que garantam a representatividade de todas as freguesias. Mas ninguém sabe, até à data, que moldes é que as fusões seguirão. Pode ser que seja feita num princípio mínimo de pop ulação”. XAVIER FORTE Presidente da Junta de Vermoim “A alterar-se alguma coisa em Vermoim, parece-me evidente que será apenas na condição de freguesia acolhedora. As fusões seriam desnecessárias se este país tivesse sido bem governado porque quem o desgraçou não foram, certamente, as freguesias que acabam por ser, agora, bodes expiatórios. Não me parece que a medida vá diminuir gastos da administração pública, pelo contrário. Se se fundem freguesias, o número de inscritos aumenta, logo aumenta também o serviço, o que obriga à contratação de mais pessoal. Não haverá, creio, alterações na nossa região, as fusões incidirão, sobretudo, nas freguesias de núcleos urbanos, como o caso das freguesias que estão à volta das cidades de Guimarães e Famalicão”. ARMANDO VIDAL Presidente da Junta de Vermil “Creio que a fusão abrangerá apenas as freguesias com menos de mil eleitores. Se assim for, Vermil não será afectada. Cada Junta tem formas distintas de

trabalhar e não me parece que a medida irá beneficiar a gestão autárquica. Digo isto, não porque esteja amarrado ao poder, como muitos presidentes. Para mim acaba por ser indiferente mas, a acontecer, o povo de Vermil vai notar diferenças”. MANUEL PIMENTA Presidente da Junta de Mogege “Considero um desperdício de te mpo falar daquilo que se de s conhece, no entanto, pode ser que, a exemplo da redução dos ministros e aumento dos secretários de Estado, reduzam as Câmaras Municipais e aumentem as freguesias! Mogege, pela sua dimensão, situação geográfica, dinamismo, movimento associativo; pelo tecido empresarial e ainda pelas infra-estruturas básicas que já tem, seria uma terra muito aliciante, mas ninguém tem coragem de pôr em causa a nossa independência em relação a quem quer que seja, até porque somos das freguesias com maior rendimento colectável. Esta região precisa de falar a uma só voz no que respeita a um Centro de Saúde de raiz e deixarmos de ser comandados por Delães. A variante a Joane com um “gancho” às principais indústrias de Mogege, obra prometida há décadas, a conclusão da VIM até Braga, a tão propalada ambulância para a região, a Associação do Vale do Pele, estes e outros temas deviam estar sempre na ordem do dia”.

OPINIÃO reforma do mapa administrativo: avançar com coragem Marçal Salazar

Secretário da Junta de Freguesia de Vermil (PSD)

É premente um novo modelo de governação das autarquias, imple mentando uma reforma adminis trativa que dê expressão plena aos princípios da descentralização e da valorização do poder local. Esta não é uma reforma que se desenhe a ré gua e esquadro. É uma reforma que respeite os espaços de identidade locais. As Juntas de Freguesia ( J F) depa ram-se com problemas de diversa índole: desiguais, de débil desem penho, baixo nível de autonomia , parcos recursos e considerável dependência municipal. Ademais, a excessiva arbitrariedade que marca a delegação de competências dos municípios para as freguesias, an seiam um processo de transforma ção que melhore a ef iciência e a ef icácia no desempenho da gestão autárquica . Em contraste com esta situação de “conf lituosidade” entre Câmaras Municipais ( CM) e JF, apu ra-se a boa relação destas com a comunidade, de volvida em conf iança , embora a escassez de recursos muito restrinja esta potencialidade. O que se pretende é uma melhor dis tribuição e gestão do dinheiro pú blico. Perante a e vidência actual de contração, há equipamentos e obras que de verão ser adequados a uma lógica mais global, que transborde o sentimento de pertença enraizado na comunidade rural. Existem JF com capacidade de atuação e aptas a receber novas compe tências (as grandes), mas a maioria tem manifesta falta de dimensão e de recursos. Se, na urbe, temos JF cujas competências e rele vância para as populações se encontram esvaziadas pela respectiva CM, e que mais facilmente se agrupam, encontramos o oposto nas fregue sias rurais em que o presidente desempenha papel fundamental. Dotando as freguesias de maior escala , propõe-se a redef inição do ter ritório, através da estruturação de JF (que implica extinção dos órgãos de algumas) com claro reforço das atribuições e recursos, via processos de delegação e de desconcentração de competências operacionais, direc cionando responsabilidades para o poder local. Este reforço de verá potenciar a colaboração da sociedade civil, envolvendo-a no processo de gestão participativa . O desaf io que se impõe a quem tem a capacidade de agir, é a responsabilidade de fa zê-lo com coragem, salvaguardando a auscultação do povo.


REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 5

PAG. 12 | RL MAGAZINE Renato Mendes, de Ronfe, foi considerado o melhor árbitro da Associação de Futebol de Braga na época 2010-2011

ReguiLa

editorial joaquim forte

Cortar. Fundir. Acabar.

tiago mendes (tiag0_mendez@hotmail.com)

cartoon rl

1 - Daqui a um ano teremos menos freguesias. A reforma do mapa ad ministrativo imposta pela “troika” prevê a redução de municípios e de freguesias. Se no que toca à redução do número de municípios são muitas as dúvidas sobr e a sua aplicação (os interesses das Câmaras são mais fortes do que os das freguesias), já no que toca aos “mais pequenos” órgãos autár quicos, ela deverá mesmo avançar. Mas não será pacífica. Na teoria, parece ser de fácil apli cação; na prática, vai gerar (está a gerar) um verdadeiro “quebra-cabeças” e um coro de reservas. Tome-se como exemplo o proces so de definição da toponímia (dar nome às ruas) em qualquer freguesia: é das matérias que mais discus são geram ao nível de uma fregue sia - e nem sempre o resultado é do agrado das populações. Imagine-se, agora, fundir ou “rebaptizar” freguesias... “A fusão das freguesias terá de ser pensada caso a caso e nunca de uma forma aritmética. Não deve ser fei ta por questões de poupança mas por ajustamento de competências”, diz, nesta edição, o vice-presidente da Câmara de Famalicão. Que as -

sim seja, até porque o argumento da poupança não é muito sólido: um David à beira de outras gorduras mais Golias (veja-se o que se passa com as nomeações para a Caixa Geral de Depósitos, por exemplo). 2 - O Grupo Desportivo de Joane encontrou uma solução para a sua direcção. Mas ainda não é a solução esperada: ao fim de várias tentati vas infrutíferas, que deixavam antever a inevitabilidade de o clube fechar portas ou mudar de vida, Rui Ribeiro aceitou liderar a Comissão Administrativa. Às vezes dá a impressão de que o clube apresenta um quadro patoló gico de esquizofrenia: ora é notícia por projectos gigantescos de cons trução de um novo estádio, como logo a seguir não tem dinheiro para tratar da relva! A crise não ajuda e ao clube, tal como a outros, colocase a questão: continuar a apostar na competição ou nortear atenções para a vertente da formação? Caberá a Rui Ribeiro liderar a equi pa que terá como missão manter o Joane à tona da sobrevivência. Cá está “o querido mês de Agosto”. Boas férias!

A PRATA DA CASA NÃO tem lugar nas festas? Julho e Agosto são meses de festas. Santa Marinha em Mogege, S. Bento em Joane, Santo António em Castelões e Joane e S. Tiago em Ronfe. Este ano os cartazes têm repetido artistas conhecidos. Em Ronfe, Quim Barreiros actuou no S. Pedro; uma semana depois em Brito. Também em Ronfe, o padre Borga abriu as festividades de S. Tiago; duas semanas antes esteve nas festas de S. Bento de Joane. A aposta na prata da casa, nas bandas com talento, tem sido esquecida. A população tem saído a ganhar com o maior mediatismo das vedetas contratadas, mas talvez fosse possível conciliar num cartaz nomes mais ou menos sonantes, importados, com outros mais “caseiros”.

protagonistas FREGUESIAS A discussão ainda agora começou: o Governo vai reduzir o número de freguesias, uma medida imposta pela “troika” e que visa cortar em gastos na administração pública. À parte as reservas no que toca à poupança, a medida está a gerar um coro de reticências por parte de autarcas: ninguém quer ser “engolido” pela freguesia vizinha. RENATO MENDES É caso para dizer: filho de peixe sabe nadar. No caso, Renato Mendes, filho de árbitro (Adão Mendes), sabe arbitrar. Ele foi considerado o melhor árbitro da Associação de Futebol de Braga. ARmindo e machado Os presidentes da Câmara de Famalicão e da Junta de Joane conseguiram passar cerca de uma hora, durante a visita ao novo Centro Escolar, quase sem troca-

rem uma palavra. Começa a parecer uma novela da TVI: nunca mais acaba e a história começa a ser repetida. ANA DIAS Mais um talento no RL: esta jovem de 17 anos, de Vermil, já pintou 30 retratos. É uma paixão, mas pode morrer por falta de alento, já que Ana Dias confessa que não gosta de estudar e que, por isso, será difícil conseguir seguir uma carreira. É pena. DESPORTIVO DE RONFE O clube não passa ao lado da crise: para a época 2011-2012, a equipa treinada por Eduardo Pereira conta com 20 jogadores, nove dos quais são “caras novas” em Ronfe. Com restrições orçamentais, a equipa de futebol vai lutar apenas pela manutenção. A subida de divisão, pelo que representa de aumento de gastos, está fora dos objectivos.

Repórter Local | Propriedade e Editor - Tamanho das Palavras, Lda, Rua das Balias, 65, 4805-476 Stª Mª de Airão Telefone 252 099 279 E-mail geral@reporterlocal.com Membros detentores com mais de 10 % capital Joaquim Forte e Luís Pereira Director Joaquim Forte ( joaquimforte@reporterlocal.com) | Redacção Luís Pereira (luispereira@reporterlocal.com) | Paginação Filipa Maia | Colaboradores Ana Margarida Cardoso; Analisa Neto; Custódio Oliveira; Elisa Ribeiro; Fernando Castro Martins; João Monteiro; Luís Santos; Miguel Azevedo; Luciano Silva; Sérgio Cortinhas | Impressão Gráfica Diário do Minho | Tiragem 4000 ex. | Jornal de distribuição gratuita | Distribuição: Alberto Fernandes | Registo ICS 122048 | NIPC 508 419 514


6 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

POUSADA | ARPO no grande prémio de telhado A secção de atletismo da ARPO participou no dia 30 de Julho no I Grande Prémio de Atletismo de Telhado. Por equipas obteve o 2º lugar. Joaquim Silva ficou em 2.º ( Veteranos 1), Tiago Silva (Minis), Bruno Sampaio (Iniciados) e Paulo Carvalho ( Veteranos 2) ficaram em 3.º. Carlos Ferreira, Joaquim Costa, Álvaro Sousa, Manuel Ribeiro, José Magalhães e José Silva foram os restantes atletas d ARPO resentes na prova.

DÁ QUE PENSAR!

Fórum

Violador de professora de Riba d´Ave condenado a 18 anos A professora foi violada na bagageira do seu carro Os factos datam de Junho de 2009, mas a professora ainda hoje vive com a vergonha e o medo de sair sozinha à rua. Em Riba D’Ave, co ncelho de Famalicão, onde morava, o caso acabou por ser do conhecimento público e foram muitos os que souberam dos contornos das violações. O Supremo Tribunal de Justiça deu agora por encerrado o processo: condenou três homens a 18, 15 e 12 anos de cadeia. Os três responderam por roubos, sequestro e agressões. Apenas um era acusado da violação. A professora foi violada na bagageira do seu carro, enquanto os comparsas

do violador se dirigiam ao multibanco para levantar dinheiro da sua conta. Foi espancada e insultada. Implorou pela vida, foi abandonada seminua num local ermo, não muito longe da sua casa. Foi escolhida de forma aleatória - apenas porque estava sozinha - e o objectivo do grupo era assaltá-la. No recurso interposto para o Supremo Tribunal de Justiça, os arguidos reclamam do elevado cúmulo jurídico. Consideram as penas demasiado altas. O condenado por violação diz mesmo que no máximo deveria cumprir 14 anos de cadeia e assegura que está arrependido.

Fo n t e : CO R R E I O DA M A N H Ã

o que se diz A FRASE DO MÊS “Se o Governo quiser vir, faremos uma inauguração solene, se não, estaremos cá nós”. Armindo Costa, presidente da Câmara Municipal de Famalicão, durante a visita ao Centro Escolar de Joane, que deve abrir em Setembro.

“Podíamos falar sobre aqueles que não sabem usar o Parque da Ribeira (...) Também sobre a má e feia construção no centro da Vila (de Joane): construção realizada por trolhas encartados em empreiteiros destituídos de qualquer nível técnico, cultural e moral para a função” Carlos Rego, eleito do PS na Assembleia de Freguesia de Joane, em artigo de opinião, Entrevilas

“Na página do RL no Facebook podem ler-se várias opiniões sobre os 25 anos de Vila (de Joane): maioritariamente inócuas, repetitivas, e mais do mesmo, outras a não negarem os credos políticos de quem as proferiu, algumas almas ressabiadas se podem encontrar também”. Idem

“Depois queixam-se que o GD Joane não é notícia nos meios de comunicação social, quando, simplesmente, não nos deixam trabalhar”.

Se tiver fotografias que mostrem aspectos que já desapareceram ou efeitos das alterações na paisagem da sua terra , e se as quiser partilhar com os leitores, envie por mail , geral@reporterlocal .com, ou por correio.

AIRÃO SANTA MARIA , 2001 Assim vista , a escola primária de Airão Santa Maria não se distingue de centenas de outras escolas “Estado Novo” existentes na região (umas em melhor estado do que outras): a presença da pedra, a cor bra nc a da s pa re de s, o t el ha do tradicional, os canteiros de flores e não falta até o anexo pré-fabricado. Mas esta imagem “já era”. Hoje, a e s co l a d e s t a l o c a l i d a d e e s t á diferente, maior, com mais va lências - mas ainda apresenta sinais da pequena escolinha que recebeu gerações e gerações de crianças locais, ao longo de muitos anos.

Entrevilas

“A Parceria Público-Privada (para construção da Cidade Desportiva de Famalicão) não está morta mas está ligada à máquina” Armindo Costa, presidente da Câmara Municipal de Famalicão, O Povo Famalicense

“O que este morticínio de seres humanos (na Norugea) mostra é a infinita banalidade e idiotia do mal e da violência, tantas vezes mostrados envoltos em sedução. (...) É uma vergonha, embora inevitável, registar na memória o nome do assassino norueguês e não os das suas vítimas”. Frase do escritor italiano Claudio Magris citada no jornal Público por Jorge Almeida Fernandes

“Não me atreveria a propor amar o próximo, amar o teu irmão de outra religião — seria provavelmente considerado multicultural demais, relativista demais, efeminado demais, politicamente correto demais — e essas são as grandes vergonhas da nossa época, segundo parece”. Rui Tavares, eurodeputado português, Público

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DIAS DE ONTEM


REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 7

LOCALIDADES

joane | XII Famalicão - joane a 25 de setembro Realiza-se a 25 de Setembro o XII Famalicão-Joane. Em tempo de crise, a inscrição baixa de cinco para dois euros. Mantem-se o sorteio (10 bicicletas, 1 computador e 1 Scooter) e a oferta de doces, uma t-shirt . As inscrições podem ser feitas até ao dia 15 de Setembro, na sede da ATC.

JOANE • projecto

Casa Mortuária arranca em Setembro Projecto custa 122 mil euros e a paróquia ainda não tem garantia de financiamento Luís Pereira

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construção da Casa Mortuária de Joane arranca em Setembro mas ainda não existem garantias quanto ao seu financiamento. O investimento é da paróquia, que assinou, no início de Julho, a adjudicação da obra à empresa joanense Ribeiro da Silva, Lda., pelo valor de 122 mil euros. A empresa já começou a vedar o terreno junto à torre da igreja velha. A paróquia procura ainda garantir verbas para pagar o equipamento. “Para já avançamos com o apoio da Junta de Freguesia e de alguns benfeitores. A Câmara Municipal ofereceu o projecto, ainda não garantiu apoio financeiro, mas contamos com ele, à semelhança do apoio que, em circunstâncias iguais, o município tem dado noutras freguesias”, adianta, ao RL, António Cardoso da Comissão Fabriqueira. O valor contratado não inclui o restauro da torre da igreja velha, ao contrário das intenções que chegaram a ser anunciadas, em 2009, não só pela paróquia mas pelo Município. “Convinha que a Câmara Municipal avançasse ao mesmo tempo com o restauro da torre. Para já, ainda não sabemos de nada”, assegura

O valor contratado não inclui o restauro da torre da igreja velha, ao contrário das intenções que chegaram a ser anunciadas em 2009, não só pela paróquia mas pelo Município famalicense.

António Cardoso. Em última análise, a Paróquia de Joane confia na “generosidade” da população para ajudar a pagar a obra. “Todos devem ajudar. Crentes e não crentes, já que a Casa Mortuária vai estar ao dispor de todos”, argumenta. Este responsável da Comissão Fabriqueira avança que a obra terá um prazo de execução de 180 dias, embora acredite que ela fique pronta ainda este ano.

Armindo Costa visitou Centro Escolar de Joane “O C entro E scolar de Joane está em condições pa ra abrir em Setembro”. A garantia foi dada por Armindo Costa , presidente da Câmara de Famalicão, durante a visita de trabalho àquele equipamento, no passado dia 27. “ Tem equipamento moderno, grandes espaços para recreio e segurança para os miúdos. Até me atre vo a dizer que tem espaço a mais. Se o Gover no quiser vir, faremos uma inauguração solene, se não, estaremos cá nós. Não podemos ter um equipamento parado, pago com muito esforço do município”, disse o autarca . Armindo C osta conf irmou ainda a atribuição ao movimento associativo das escolas que f icarão vazias com a abertura do Centro Escolar. “ Vamos ne gociar com a Junta para que ha ja consenso. Se houver espaços para todos, daremos a todos, caso contrário, a atribuição terá de seguir critérios, dando a quem mais precisar ”, adiantou. Armindo Costa referiu ainda que não está nada def inido quanto à abertura do Centro Escolar a alunos de outras freguesias, mas ressalvou que nã o vê qualquer inconveniente. “Isto de um aluno de Pousada ter que ir para a escola de Pousada tende a acabar. Este centro está dotado de exce lentes condições e são os próprios pais a quere-

rem colocar cá os seus f ilhos, sobretudo os que residem nos limites com Joane. Mas foi pensado, em primeiro lugar, para as necessidades de Joa ne”, disse. Para Alfredo Lima , director do agrupamento Bernardino Machado, que também participou na vi sita , a nova escola , que concentrará cerca de 400 crianças (pré-escolar e primeiro ciclo), vai exigir maior qualidade de ensino ”para obter melhores resultados”.

VERMIL casa mortuária pronta apenas em setembro 2012

A C a s a M o r t u á r i a d e Ve r m i l , i n vestimento de 112,5 mil euros, d e v e rá f i c a r co n c l u í d a e m S e t e m bro de 2012, segundo a Junta de Freguesia . Ao RL , Armando Vidal, presidente da autarquia, referiu que em Setembro deste ano arrancam as obras de estrutura de f e r ro e co l o c a ç ã o d o m á r m o r e . “ Q u e r e m o s i r co m a c a l m a e co m o d i n h e i ro q u e t i v e r m o s . A C â m a ra Municipal de Guimarães fez um novo protocolo connosco, de 10 m i l e u ro s ( o a n o p a s s a d o j á t i n h a f e i t o u m d e va l o r i d ê n t i co ) , o q u e permite que avancemos, para já, co m a e s t r u t u ra . D e p o i s , à m e d i d a q u e f o r d a n d o m a i s a p o i o , va m o s a c a b a n d o a o b ra . Te r e m o s t e m p o até Setembro do próximo ano”, referiu o autarca . Armando Vidal diz perceber as r e s t r i ç õ e s f i n a n c e i ra s d o m u n i c í p i o e p o r i s s o n ã o q u e r “c h a t e a r muito” o poder municipal, mas assegura que dentro de um ano a o b ra , j u n t o a o S a l ã o Pa ro q u i a l , e s t a rá p ro n t a a i n a u g u ra r.

À M ARGEM CENTRO ESCOLAR DE JOANE E AUTARCAS “ ZANGADOS” O Centro Escolar de Joane tem a ironia de juntar autarcas que andam de costas voltadas. Desde o lançamento da obra do Largo 3 de Julho, em 2009, que Armindo Cos ta e Sá Machado não estavam jun tos em iniciativas públicas em Joane (pelo menos promovidas pela Câmara e pela Junta). Na visita do dia 27, quase dois anos depois, os dois voltaram a estar juntos num e vento público, mas foi e vidente que e vitaram os contactos. Cumprimentaram-se à entrada e à saída mas, durante a visita , não trocaram uma palavra . É sabido que as relações entre os presidentes não são das melhores e desde o processo das lojas do Largo 3 de Julho, f icaram seria mente comprometidas. O autarca de Joane tem, desde então, cerrado ataques a Armindo Costa e este tem procurado não responder ou contra-atacar.


8 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

localidades

JOANE | ATC COOPERA COM GUINÉ-BISSAU Mariama Sanhá, primeira-dama da Guiné-Bissau e presidente da Fundação Ninho da Criança, esteve, a 13 de Julho, na ATC de Joane à procura de ajudas de cooperação. A Fundação Ninho da Criança actua em todo o território guineense em prol das crianças e no apoio a mães em dificuldades. A ATC mostrou abertura para cooperar ao nível do acolhimento temporário de crianças guineenses.

MARCAS

VERMOIM• política

RIOPELE investe três milhões RIOPELE facturou 6,5 milhões

Sede da Junta na antiga fiação PS de Vermoim quer que a Câmara compre o imóvel e evite a especulação imobiliária Luís Pereira

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PS de Vermoim quer que a Câmara Municipal de Famalicão adquira a ex-fiação da freguesia para instalar a sede da Junta e vários equipamentos para servir a população. A unidade fabril vai ser posta em hasta pública e José Azevedo, do PS local, entende que esta é “a última oportunidade” para criar “uma centralidade essencial para o desenvolvimento de Vermoim”. A Câmara de Famalicão, através do vice-presidente Paulo Cunha, já classificou a proposta de “mal intencionada” e o presidente da Junta, Xavier Forte, foi mais curto nas palavras: “O PS de Vermoim não vive neste mundo”. Numa conferência de imprensa em que estiveram presentes Fernando Moniz, líder da Concelhia de Famalicão do PS e Nuno Sá, deputado do partido na Assembleia de República, os socialistas

locais apresentaram o projecto para a antiga fiação. “É necessário evitar a especulação imobiliária. A inércia desta Câmara permitiu que fosse aprovado um projecto com quatro lotes de construção com três ou quatro pisos, que não interessa ao desenvolvimento de Vermoim”, critica o PS local. Em vez de construção, propõe a compra da fiação para ali instalar a sede de Junta, uma “incubadora” de empresas, espaço para associações e outro para espectáculos ao ar livre e convívio - Praça Gentes de Vermoim. José Azevedo lembra que essa ideia chegou a ser defendida pelos actuais executivos autárquicos (na Junta de Vermoim e na Câmara de Famalicão) quando estavam na oposição. Na altura, Junta e Câmara defendiam a aquisição, que à data custava 755 mil euros. “Chegaram ao ponto de fazer abaixo-assinados. O actual presidente da Câmara considerou

que era um bom preço. Actualmente, o valor ainda é mais baixo e, em vez de gastarem 250 mil euros só em publicidade para o Parque da Cidade, a Câmara tem a oportunidade de adquirir um espaço para colocá-lo ao serviço do concelho”, desafiou Fernando Moniz. Contactado pelo RL, Paulo Cunha, vice-presidente da Câmara, considerou a proposta socialista “mal-intencionada”. “Apresentar dois ou três dias antes do fim do prazo para venda em hasta pública da ex-fiação e propor, em reunião de Câmara, a sua aquisição a meia dúzia de horas do fim do prazo é, no mínimo, uma proposta malintencionada, e o PS sabe-o. A fiação já esteve na ambição desta Câmara mas acabou por não dar fruto, a Câmara encontrou outros terrenos para os equipamentos que estavam previstos, caso do pavilhão gimnodesportivo”, referiu Paulo Cunha.

A empresa Riopele vai investir três milhões de euros na aquisição de 14 novos teares, segundo anunciou, a 28 de Julho, o presidente da Rio pele, José Oliveira . “Nos dias que correm é um investimento considerável para quem acredita no sector têxtil”, explicou o gestor. Entretanto, o grupo Riopele Fashion Solutions (lojas) facturou 6,5 milhões euros no primeiro semestre do ano. Em dia de balanço, foram entregues os certif icados de 9.º e 12.º ano de escolaridade a 45 colaboradores que frequentaram formações no âmbito do programa Novas Oportunidades, numa parceria com o CNO da secundária de Joane.

hermotor recebe prémio ford A empresa Hermotor, concessionária Ford na região, foi distingui da pela marca de automóveis com o ‘Chairman’s Award ’. Trata-se do mais importante galardão daquela marca . A Hermotor foi distinguida (pela oitava vez) pela qualidade do ser viço prestado aos clientes em 2010. A Hermotor, com sede em Guimarães, “é o concessionário Ford que mais tem satisfeito os clientes”, segundo fonte do concessionário.


REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 9

ANA DIAS: retrato de uma jovem artista Ana Dias já fez 30 retratos (foto), sobretudo de colegas de trabalho da mãe, que “encomendam” o serviço. Os interessados em conhecer o trabalho da jovem vermilense poderão contactá-la directamente através do número de telemóvel 914126725.

Julho

RETRATO DE UMA ARTISTA ENQUANTO JOVEM Ana Dias, de Vermil, é uma apaixonada pelo retrato. Com 17 anos, ela conta já com 30 trabalhos no curriculo. Em Outubro vai fazer a primeira exposição, em Pousada.

anA DIAS | vermil

A mãe de Ana Dias é a principal divulgadora do talento da f ilha de 17 a n o s . Fo i a t r a v é s d a r e d e s o c i a l Fa c e b o o k q u e a m ã e d e A n a c o n s e guiu um convite para a f ilha expor, em Outubro, os seus trabalhos na biblioteca de Pousada de Saramagos. A primeira oportunidade para dar a conhecer o seu talento surge, a s s i m , d e f o ra d a f r e g u e s i a d e Ve r m i l , o n d e r e s i d e . A n a D i a s l a m e n t a esta persistência do ditado “santos da casa não fazem milagres”. Ana Dias desde sempre mostrou habilidade na área do desenho. “Sempre tive talento. Faço retratos de pessoas mas, para apurar o talento, faço diversas coisas, nomeadamente, desenho mítico, Ana confessa que não gosta como a mistura de animal de estudar e não tem grandes e humano”, explica ao RL . Já fez três dezenas de retraambições profissionais na t o s , s o b r e t u d o d e co l e g a s área da pintura e do desenho. de trabalho da mãe, que “encomendam” o serviço. “ D i z e m q u e t e n h o f u t u ro , que o retrato parece uma fotograf ia autêntica”, refere. Lápis, lápis de cor, aguarelas e carvão são os materiais que utiliza , mas s ó q u a n d o h á i n s p i ra ç ã o . A n a d e m o ra u m d i a p a ra r e t ra t a r u m ro s t o e m b o ra , e m c a s o s m a i s e l a b o ra d o s , c h e g u e a d e d i c a r - s e m a i s d o q u e uma semana à arte. “Começo por fazer os traços da cara e as sombras d o s o l h o s . Te m q u e s e a c e r t a r n a s s o m b ra s p a ra q u e s e j a p e r c e p t í ve l q u e é a p e s s o a q u e e s t á a s e r d e s e n h a d a . I n s p i ro - m e a o u v i r m ú s i c a . Há dias que não há inspiração e aí mais vale nem tentar ”. “ N e m s e m p r e e n co n t ra m o s a s p e s s o a s c e r t a s e a m a i o r i a d a s p e s s o a s não liga nenhuma a isto”, lamenta-se.

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CAPELA ST. ANTÓNIO, RONFE, séc. XVII

O QUE FAZER COM ESTE PATRIMÓNIO

O R L continua a dar destaque ao patrim ó nio existente nas nossas freguesias . U ma forma de dar a conhecer imóveis de interesse . Neste nú mero, viajamos até Ronfe. S e g u n d o s e l ê n o l i v ro “ A V i l a de Ronfe - apontamentos para a sua monograf ia” , da autoria de Hilário Oliveira da Silva (Guimarães, 2005), a Capela de Santo António foi mandada edificar por João Machado e Manuel João do Couto, em 1679, no lugar do Souto, perto da ponte de Serves. Mais tarde, seria reedif icada no lugar de Requeixo, tal como se pode ver numa placa existente no seu frontispício. A n t e s d e f a l e c e r, a 2 d e Ju n h o de 1697, Manuel João do Couto, deixou disposição testamental para que o seu corpo fosse se pultado na capela e que fossem rezadas duas missas por ano pela sua alma . A capela , de resto, sempre teve estreita ligação com a igreja , ao longo de décadas foi mudando

de proprietário, mas sempre no seio da igreja . Com o passar dos anos, o imóvel conheceu adiantados estados de degradação, que viriam a s e r i n t e r ro m p i d o s n a s e g u n d a metade do século XIX por acção do padre António Torrinha . Com o seu falecimento, em Janeiro de 1911, a propriedade f icou para o padre António José Ferreira , pároco de Mogege, Famalicão, com a obrigação de conservar a capela e celebrar nela uma missa no dia 13 de Junho de cada ano. Este sacerdote faleceu em 1958 e legou a dita propriedade à Fábrica da Igreja de Ronfe, com a mesma obrigação. D e v i d o à s d e s p e s a s co m a s u a manutenção, a capela acabou por ser alienada .


10 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

O INCÊNDIO QUE ASSOLOU A REGIÃO FOI INTENSAMENTE COMENTADO NO FACEBOOK DO RL. AQUI FICAM ALGUMAS DAS OPINIÕES.

Marisa Fonseca É muito triste ver a nossa natureza desaparecer! :((( Marçal Salazar A autarquia de Vermil agiu preventivamente, através da notificação à população e consequente limpeza de algumas matas, para acautelar este tipo de catástrofes.

Angela Silva Só tenho pena destes bombeiros que arriscam a sua vida. Tânia Fernandes Quando não há prevenção é no que dá. Está na hora de se responsabilizar as pessoas certas antes de acontecer a tragédia.

Medo e aflição. O fogo deixou populaç Incêndio de grandes dimensões atingiu Monte de S. Miguel, em Vermil, Brito, Ronfe e Joane. Nas operações estiveram 68 bombeiros, 21 viaturas das corporações de Guimarães, Vizela, Taipas, Riba D`Ave, Famalicão e Barcelinhos.

N

ão há memória de tal cenário em Vermil. A população está habituada a ver, de tempos a tempos, o seu monte a arder - há, até, uma profecia entre os vermilenses segundo a qual, a cada cinco anos, o monte de S. Miguel-o-Anjo arde. Mas o incêndio do passado dia 27 assumiu proporções que desafiaram a resistência humana. “Parecia um vulcão”. A imagem é dada pelo pároco local, José Castro, que assistiu ao início de um acontecimento que tão cedo não será esquecido em Vermil. “Já vi muitos incêndios mas como esta imagem nunca. Pareciam cogumelos a subirem de uma espécie de vulcão. Era uma imagem trágica mas, simultaneamente, bonita. Fiquei chateado também porque quando fui à capela, só estava lá um homem e uma capela deve ser protegida como uma casa. Quando lá chegaram já o lume tinha passado”, descreveu ao RL. Com a hora do almoço chegou a intensidade do calor e o vento, esse terrível inimigo para os bombeiros. A essa hora a força do lume e o preto do fumo, que se avistava por detrás da igreja, mostravam a imponência do triste espectáculo. Não fosse a intervenção dos bombeiros e a capela no a lto do monte e o campo de formação escutista padre Flávio, teriam desaparecido. Acabaram por ficar “chamuscados”.

hectares de área florestal do Monte de S. Miguel consumidos pelas chamas

APOIO AÉREO DETERMINANTE

A tarde trouxe do pior que se temia. As chamas ultrapassaram os limites da freguesia, o drama deixava de ser exclusivo de Vermil. Airão S. João, Brito, Figueiredo, Ronfe e até parte de Joane (Tapada) viram o fogo ameaçar casas e espalhar o medo. Do outro lado, outro concelho, outra distância, imagem igual. “ S o u d e Ve r m o i m e o f u m o j á s e a l a s t r o u a t é a qu i , e p e n s o q u e já está a chegar à cidade de Famalicão”. “É horrível, de Requião consigo ver em Joane e Vermil”, descreviam Vítor Peixoto e Carla Sá no Facebook do RL que bateu recordes de comentários durante esse dia. O apoio aéreo, a meio da tarde, foi determinante nas operações. A piscina de uma habitação, na fronteira com Brito (onde se instalou o comando das operações e os jornalistas), serviu de abastecimento ao helicóptero especial. O pesadelo só terminou por volta das 17:00 horas, mas durante toda a madrugada os bombeiros estiveram a vigiar a encosta d o m o n t e ve rm i l e n s e . “ Is t o é a l m o ç o , l a n c h e e j a n t a r ” , d i z i a , à noite, ao RL, um bombeiro em serviço, filho da terra, já o reló gio da torre da igreja fixava os ponteiros nas doze. O prego no pão que ele e mais cinco bombeiros comiam na pastelaria antes de subirem ao monte, serviu para enganar o estômago antes de aguentarem mais uma noite em nome da segurança da população. L.P

BENTO MARQUES

COMANDANTE DOS BOMBEIROS DE GUIMARÃES AO RL “A d e n s i d a d e f l o r e s t a l , a f a l t a d e l i m p e z a e o s f ra co s a ce s s o s d i f i c u l t a ra m o t ra b a l h o d o s b o m b e i ro s q u e t ê m q u e d e fe n d e r a s c a s a s a n t e s d e e fe c t u a r e m o a t a q u e d i r e c t o a o i n c ê n d i o . A dada altura fez-se sentir um vento muito forte que corria mais d o q u e n ó s . T i ve m o s vá r i a s s i t u a ç õ e s d e c a s a s e m p e r i go m a s a c a b á m o s p o r i m p e d i r q u e t a l a co n t e ce s s e . O a p o i o a é r e o fo i d e t e r m i n a n t e n o f i m d a o p e ra ç ã o e m b o ra p r e c i s á s s e m o s d e l e noutras situações mas há muitas ocorrências a acontecer e compreende-se que não chega para todos”.


REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 11

Carlos Gonçalves Isto é um assassinato à natureza e ao meio-ambiente! Quem faz uma coisa destas deveria ser punido severamente. Susana Pereira Isto tomou proporções horripilantes. Já vi o monte a arder muitas vezes, mas nunca como hoje. Carlos Rego Quem percorrer os montes pela Primavera

rapidamente conclui que chegado o verão as probabilidades de incêndio são mais que muitas, tal a sujidade em que os montes se encontram. Os madeireiros e, principalmente, os donos dos terrenos não se preocupam com a limpeza das matas. Vários culpados existem para que esta miséria esteja a acontecer.

Carla Sá É horrivel, daqui de Requião consigo ver fogos em Joane, Vermil... Carlos Freitas De minha casa (Pousada), parece aqui mesmo à porta. Só para terem uma ideia: o carro lá fora tá cheio de faulhas desse incêndio.

ções com o credo na boca A página do RL no Facebook registou dezenas de comentários de leitores sobre o incêndio de Vermil e arredores. Vários leitores enviaram mesmo, em resposta ao desafio do RL, fotografias do terrível incêndio.


12 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

EXPosição no átrio da Câmara de famalicão Está patente até ao final de Outubro, no átrio da Câmara Municipal de Famalicão, a exposição dedicada ao edifício dos Paços do Concelho, intitulada “Percursos (1835-1961)”. A expoisção reúne documentos históricos que retratam factos e episódios ligados ao edifício, da autoria do arquitecto Januário Godinho.

RENATO MENDES

Quem sai aos seus... Renato Mendes, de Ronfe, tem seguido as pisadas do pai, Adão Mendes, e há 10 anos que apita jogos de futebol Luís Pereira

É

filho de um conhecido dirigente sindical que se notabilizou também na arbitragem. Renato Mendes tem seguido as pisadas do pai, Adão Mendes, e há 10 anos que anda na arte de apitar jogos de futebol. Na próxima época, muda-se da arbitragem no campeonato dis trital para o nacional da III divisão. Foi o melhor entre 80 árbitros que arbitram o s j o g o s d a p ri m e i r a d i vi s ã o d a A F B ra g a e isso valeu-lhe o acesso directo ao escalão nacional, que não lhe é de todo desconheci do. “Há uns anos fui promovido e tive duas épocas no nacional mas acabei por ser despromovido há cerca de dois anos. Fui muito a baixo quando tive de regressar à distrital. Ponderei mesmo abandonar, mas o bichinho falou mais alto, esforcei-me e para o ano lá estarei novamente”, refere ao RL. A promoção de um árbitro resulta da média das notas de cada jogo atribuída pelos observadores e por provas físicas e escritas que o árbitro vai e fe ctuando. “Só por amor à camisola é que um árbitro apita nos campeonatos distritais. São dois ou três jogos por fim-de-semana, dois dias de treino por semana, no centro de estágio e mais as horas do ginásio. No limite, um árbitro da distrital, que por mês apite 10 jogos, recebe 300 euros mensalmente. Nos campeonatos nacionais as condições são outras e então no topo (I Liga), nem há comparação”, refere.

AD E P TO S M A I S C A L M O S

Árbitro que é árbitro, dificilmente tem o carinho dos adeptos. Apesar disso, o árbitro de Ronfe diz já ter saído de um jogo aplau dido por todos. “É raríssimo, mas aconteceu. Não consigo estar a arbitrar e a olhar para a bancada. O nível de concentração é tal que o que se passa fora das quatro linhas passa-me completamente ao lado”, confessa. Quem não se consegue abstrair dos insultos vindos da bancada é a noiva e a mãe. “A minha mãe, já no tempo em que o meu pai arbitrava, enervava-se muito e ao fim de 10 minutos tinha de sair. O meu pai de vez em quando vai ve r-me mas aparece de surpresa,

“A minha mãe, já no tempo em que o meu pai arbitrava, enervavase muito e ao fim de 10 minutos tinha de sair. O meu pai de vez em quando vai ver-me mas aparece de surpresa, não me avisa e eu agradeço, por questões de concentração”.

não me avisa e eu agradeço, por questões de concentração”. Apesar dos insultos, Renato Mendes acredita que o comportamento dos adeptos e dos jo gadores tem vindo a sofrer melhorias, o que facilita a função do árbitro. “A mentalidade dos adeptos é outra e, apesar de tudo, são mais compreensíveis e moderados”, afirma. Foi uma lesão grave que afastou Renato Mendes da prática do futebol. A ligação a este desporto, no entanto, era grande e, apesar de sempre ter dito que não seguiria o caminho do pai, o “bichinho” acabou por trocar-lhe as voltas. “Na altura da lesão, o meu pai insistiu que fosse tirar o curso de árbitro. Fui mas sempre disse que não iria para a arbitragem, quando dei por ela lá estava a apitar jogos”, recorda. EM CONSTANTE AVALIAÇÃO

Há muito a fazer ainda pela arbitragem em Portugal. Apesar de salientar as melhorias, Renato Mendes fala das discrepâncias nas condições, quer financeiras quer técnicas, que existem na arbitragem dos diferentes campeonatos e recusa a ideia de impunidade na classe. “É profundamente errada a ideia que passa de que, façam o que fizerem, os árbitros não são punidos. Somos constantemente avaliados e, em caso de mau trabalho, somos penalizados com despromoções e ficamos sem jogos para arbitrar, logo, não recebemos”, sublinha Renato. “Se um jogador tiver um jogo menos feliz em que não teve rentabilidade fica sem receber?”, atira. Renato Mendes considera que existem “leis a mais” no futebol e defende a introdução de tecnologia para auxílio dos árbitros. “O futebol é dos poucos desportos em que os praticantes desconhecem as leis. Há muitos pormenores que são desconhecidos e há muitas leis que ficam à interpretação do árbitro. É aí que residem os problemas”, refere. O árbitro de Ronfe já só pensa no seu regresso à arbitragem nacional e, mesmo reconhecendo a pouca probabilidade de concretização, assegura que irá continuar a trabalhar até chegar um dia à arbitragem da liga principal do futebol português.


REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 13

LOCALIDADES

VERMOIM | M ILHAR E S NA FESTA DO ATL ETIS MO Mais de mil pessoas participaram (23 de Julho) na IV prova “ Terras de Vermoim” da A MV E. Na corrida em cadeiras de rodas, o atleta da A MVE Alberto Batista foi vencedor. Manuel M agalhães, do Núcleo de Atletismo de Joane e C láudia Pereira , do B raga , ganharam na prova principal. O dia terminou com a homenagem aos atletas Rosa Mota , Dulce Félix , Cláudia Pereira , Alberto B aptista , Augusto Antunes e C arlos Costa .

POUSADA • cultura

GUIMARÂES DEOLINDA E AÚREA NAS GUALTERIANAS de 5 a 8 de Agosto

Castro das Eiras europeu

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Castro das Eiras pode vir a ser Património Europeu. A candidatu ra à UNESCO (Organi zação das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) foi anunciada pelo director científico do Gabinete Municipal de Arque ologia de Famalicão, Armando Coelho, no passado dia 18. A candidatura surge depois de abandonada uma outra, para

classificação mundial, por exigir requis itos mais complexos. O Castro das Eiras será integrado numa candidatura alargada de castros peninsulares e unirá Espanha e Portugal. O Centro de Arqueologia e Estudos Célticos, a Sociedade Martins Sarmento, o Museu D. Diogo de Sousa, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, a Xunta da Galiza e o Governo das

Astúrias são algumas das entida des envolvidas na candidatura, que deverá ser apresentada no âmbito da Capital Europeia da Cultura 2012, em Guimarães. O anúncio da candidatura decorreu à margem das escavações realizadas em Julho, iniciativa da Yupi, Câmara de Famalicão e Instituto Português da Juventude quelevou duas dezena s de jovens ao Castro das Eiras.

Dois concertos, com os Deolinda e Áurea , e a Marcha , são alguns dos destaques de mais uma edição das Festas Gualterianas, que decorrem em Guimarães de 5 a 8 de Agosto. O cartaz inclui ainda cantares ao desaf io, arruadas e encontros de tocadores de concertinas, a fei ra de gado e concurso pecuário, a corrida de cavalos, o desf ile de charretes antigas e a procissão de S. Gualter. A Marcha Gualteriana volta a en cerrar as festas, no dia 8. Os concertos de Áurea , no dia 5, e dos Deolinda , no dia 6 (ambos às 22:00 horas, no Largo João Franco) têm entrada livre. As festas decorrem num cenário de obras no centro da cidade, com vista à Capital Europeia da Cultura Guimarães 2012, mas a Câmara Municipal assegura que não será por isso que elas deixarão de ter o brilho habitual. As festas em honra de São Gualter, santo padroeiro de Guimarães, têm um orçamento de 180 mil euros e são organizadas pela Of icina , cooperativa municipal de cultura .


14 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

ronfe • futebol

Plantel com nove reforços Em tempo de crise, manutenção é o objectivo do clube

ronfe • futebol

Rui Ribeiro, novo presidente do Joane Rui Ribeiro é sócio do GD Joane há vários anos e aceitou o projecto que lhe foi lançado por dirigentes e pelo presidente da Mesa da Assembleia-Geral, Orlando Oliveira. A solução só surgiu ao fim de várias reuniões de sócios que não conseguiram eleger ninguém.

Luís Pereira

O p l a n t e l d o D e s p o r t i vo d e Ro n f e p a ra a é p o c a 2 0 1 1 / 2 0 1 2 a p r e s e n t a n ove n ov i d a d e s . D o s 20 atletas, sete chegam de out ro s c l u b e s e d o i s d a e q u i p a d e juniores. “ É o p l a n t e l p o s s í ve l , d e n t ro d a s co n d i ç õ e s f i n a n c e i ra s . S e m e s t a r a t i ra r o va l o r a o s r e f o r ç o s , o p l a n t e l i n i c i a l e ra o d e s e j áve l m a s t e ve d e s e r r e f o r ç a d o co m a s s a í d a s ” , d i z E d u a r d o Pe r e i ra , q u e s e m a n t é m a t r e i n a d o r. O g u a r d a - r e d e s Jo t a ( e x- S . C o s m e ) ; o e x- Po l vo r e i ra N a n d i n h o e C u n h a ( e x- R u i va n e n s e ) n a d e f e s a ; o s m é d i o s Pa u l i n h o e L a p i n h a e o s ava n ç a d o s C o s t e a d o ( e x- P ra d o ) e H é l d e r ( e x- Jo a n e ) s ã o a s n ova s c a ra s d o c l u b e , a que se juntam os médios Diogo e Pe d r i n h o , v i n d o s d o s e s c a l õ e s júniores. A l u t a p e l a s u b i d a e s t á f o ra d o s o b j e c t i vo s . “ O Ro n f e a i n d a n ã o t e m e s t r u t u ra s u f i c i e n t e p a ra a m b i c i o n a r m a i s q u e a p e r m a n ê n c i a . Te m o s co n d i ç õ e s d e t ra b a l h o m a s a s ve r b a s s ã o i n s u f i c i e n t e s p a ra o u t ra s a m b i ções. É um clube honesto, que c u m p r e co m o q u e s e co m p ro m e t e , m a s p a ra p e n s a r n u m a subida temos que ter um plant e l co m a l g o m a i s ” , a s s u m i u o

treinador na apresentação do plantel aos jornalistas. O plantel reduzido (20 jogador e s ) co l o c a d ú v i d a s a E d u a r d o Pe r e i ra q u a n t o à e f i c á c i a e m campo. “Não sei se tenho mass a h u m a n a s u f i c i e n t e p a ra f a z e r um bom campeonato, apesar d e t e r e s s a e x p e c t a t i va . Te m o s j o g a d o r e m e i o p a ra c a d a p o s i ç ã o , e m b o ra a l g u n s d e l e s s e j a m m u l t i f u n ç õ e s ” , r e f e r e o t é c n i co . H e n r i q u e B a r ro s , d a d i r e c ç ã o d o D e s p o r t i vo , n ã o e xc l u i a v i n d a d e m a i s u m j o g a d o r. “ E s taremos abertos, no máximo, a mais um reforço e só em caso de necessidade”, adianta . O d i r i g e n t e co r ro b o ra d o s o b j e c t i vo s d o t r e i n a d o r q u a n t o à rá p i d a co n q u i s t a d e p o n t o s p a ra a s s e g u ra r a m a n u t e n ç ã o . “A s e x p e c t a t i va s p a s s a m p o r p r e s t i g i a r e h o n ra r o s í m b o l o d o c l u b e . Q u e r e m o s co n s e g u i r, ra p i d a m e n t e , o s 4 0 p o n t o s q u e d e ve m s e r s u f i c i e n t e s p a ra a m a n u t e n ç ã o ” , d i z B a r ro s . A n ova t e m p o ra d a d o c l u b e co n t a rá co m u m o r ç a m e n t o a ro n d a r o s 1 0 0 m i l e u ro s . Pa ra o r e s t o , a d i r e c ç ã o co n t a co m o apoio dos sócios e pais dos atletas das camadas de formaç ã o e p r e vê a n g a r i a r f u n d o s co m i n i c i a t i va s a r e a l i z a r a o longo da época .

O GD Joane resolveu o impasse directivo. Rui Ribeiro aceitou lide rar a Comissão Administrativa que gere o clube. Rui Ribeiro é sócio do GD Joane há vários anos e aceitou o projecto que lhe foi lançado por dirigentes e pelo antigo presidente da Mesa da AssembleiaGeral, Orlando Oliveira . A solução foi encontrada ao f inal da tarde de segunda-feira , dia 1 de Agosto, numa reunião promovida por Orlando Oliveira e que juntou cerca de uma dezena de antigos dirigentes do clube. “Não tenho experiência e só aceitei porque foi assegurado o apoio de vários ex-directores do clube”, disse ao RL o novo líder do clube de Barreiros. No mês de Julho intensif icaramse as reuniões de associados (ao todo foram quatro assembleias, sendo que a de 17 de Julho bateu recordes de participação de sócios) mas nenhuma delas acabou com o vazio directivo. Os ex-presidentes Sérgio Trovisqueira e José Campos mantive ram-se irredutíveis e declinaram o apelo dos sócios para que assumissem a gestão do GDJ. No passado domingo, dia 31, es tava convocada nova reunião de sócios mas acabou por não se concretizar. Por essa altura , Orlando Oliveira desdobrou-se em contactos que culminaram com a aceitação de Rui Ribeiro. E ste sócio regista apenas uma passagem pela direcção do clube, há dois anos, tendo a seu cargo as cama -

das de formação do clube. “ Todos disseram que tinha de ser eu porque era a pessoa ideal e acabaram por me convencer ”, explicou o joanense. Já ontem, terça-feira , o novo lí der (que de verá tomar posse nos próximos quinze dias), este ve em reuniões com ex-dirigentes para se inteirar da situação do clube. À sua espera terá um passivo na ordem dos 35 mil euros (o que provocou acaloradas discussões nas Assembleias) e algum trabalho de pacif icação interna , uma vez que foram visíveis, ao longo dos últimos dias, os desentendimentos entre ex-directores. A nova época está à porta . Será uma luta contra o tempo para que a equipa chef iada por Rui Ribeiro consiga formar o plantel da equipa principal e def inir o treinador. “Já me foi dito que alguns jogado res estavam à espera que o Joane encontrasse a nova direcção. Vamos conversar com eles e, junta mente com alguns juniores, penso que conseguiremos formar uma equipa”, avança Rui Ribeiro. Contenção será a palavra de or dem que o novo dirigente quer impor. “A próxima época terá um orça mento longe do da época passada (cerca de 275 mil euros). Tem de haver contenção”. O novo presidente diz ainda que o processo da construção de um novo estádio vai f icar na gaveta e que a prioridade é dar seguimento à colocação do relvado sintético.

NOTA DA REDACÇÃO As assembleias-gerais d e q u a l q u e r instituição são, à par t i d a , re u n i õ e s destinadas a sócios. Co n t u d o , q u a n d o uma instituição envia a co nvo c a t ó r i a a um jornal, entende- s e q u e s e e s t á perante um convite pa ra q u e e s t e j a presente para fazer a co b e r t u ra j o rnalística . O GD Joane s e m p re a s s i m agiu. E o RL sempre ma rco u p re s e n ç a para efectuar o trabalh o j o r n a l í s t i co , sem registo de qualq u e r p ro b l e m a . Até à data . Numa das últimas re u n i õ e s d e a ssociados, o RL marcou p re s e n ç a . N o início da reunião, Or l a n d o O l i ve i ra convidou as pessoas q u e n ã o e ra m sócias para saírem da s a l a . N o s e -

g u i m e n t o d e s ta o rd e m , u m s ó c i o i n s u rg i u - s e co n t ra a p re s e n ç a d o j o r n a l i s ta d o R L . O r l a n d o O l i ve i ra a c a b o u , i m p l i c i ta m e n t e , p o r co nv i d a r o j o rn a l i s ta a re t i ra r - s e . O R L l a m e n ta o s u ced i d o e reg i s ta o i n é d i t o d a s i t u a ç ã o , fa z e n d o vo t o s p a ra q u e , n o f u t u ro , o c l u b e , q u e a go ra t e m u m a n o va eq u i p a d i r i g e n t e , s e j a m a i s e s c l a re ced o r q u a n d o e nv i a co nvo c a t ó r i a s p a ra o R L . Po r n ó s , co n t i n u a re m o s a e n c a ra r o G D J co m o uma das mais emblemáticas instituiç õ e s d e Jo a n e , a d a r co n ta d o s s e u s re s u l ta d o s d e s p o r t i vo s , m a s ta m b é m a l a n ç a r o d e b a t e q u a n d o ta l s e j u st i f i c a r. É i s s o q u e e s p e ra m o s n o s s o s l e i t o re s e o s Jo a n e n s e s .


REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 15

Q U E N T E S E B OA S !

por D. VIRINHA

NÃO HAVERÁ NEM UM SUB-SUB-SECRETÁRIO DE ESTADO? O presidente da Câmara de Famalicão espera que o Governo de Passos Coelho se faça representar na inauguração do C entro E scolar de Joane. “Se não vier ninguém, estamos cá nós”, disse o edil na visita que fez ao equipamento. Mau será, presidente, que não ha ja um sub-sec retário de E stado ou um chefe de gabinete que esteja disponível! O Governo só tem 11 ministros mas não faltam secretários e sub-secretários de Estado. Quanto mais não seja , pode vir a Assunção Cristas, ministra da Agricultura e de uns quantos mais pelouros, ou algum dos seus a judantes sem gravata ...

LEGENDAS BRINCALHONAS!

MOSQUITO LEVADO A SÉRIO EM VERMIL Nunca O Mosquito pensou que pudesse ter tantos seguidores! Ali para os lados de Vermil, a venerável Assembleia de Fregue sia parece ter escolhido como principal assunto aquilo que vem publicado aqui n´O Mosquito! A culpa será, porventura , da hora matinal a que decorrem as reuniões. Na última sessão, alguns eleitos fartaram-se de discutir a “mosquitada” de há dois meses sobre o churrasco da Associação do Pombal. Razão tem o presidente Vidal para se espantar com os que não encaram o Mosquito como brincadeira . Caros eleitos pelo povo, um conselho: ´bora lá tratar do que é importante para Vermil e deixar brincadeiras inofensivas para outras alturas! VAI UMA SESSÃO DE FOTOGRAFIA , PRESIDENTE? O presidente da Junta de Joane tem sido presença assídua no Repórter, mas não abundam fotograias “risonhas” de Sá M achado. O melhor, presidente, será fazermos um “ booking ”. Pode ser?

CARTAS ABERTAS

“A mim o medo não me assiste”. Armindo C osta , presidente da Câmara M unicipal de Famalicão:

Comendador APARECIdo

EXMO. ReV. Pároco de joane Saiba Vossa reverendíssima que amiúde dou por mim a vasculhar os fundos da memória e deparo com velhas fotografias de antanho, carcomidas pelo tempo, pri meiras comunhões, comunhões solenes, lacinho ao pescoço e nos braços, vela na mão, roupinha melhorada para a festa, que, depois da cerimónia solene na igreja, metia rancho melhorado - vitela de Fafe assada com batata miúda, tostada como manda o manual - e direito a vinho espumante para os petizes. De estalo! São memórias tontas, dirá, desse tempo em que na já imponente igreja de Joane as pombas largavam lá do alto presen tes para o cocuruto da cabeça dos fiéis ou para os chumaços dos casaquinhos asser toados. Nessa divagação no mar da memória e das recordações - que mais resta a um velho? - também este escriba, que já só em esforço consegue ordenar algumas ideias, não esquece aquela triste e leda madrugada, quando máquinas frias e al guns homens família deitaram por terra a minha velha igreja, onde fui baptizado e que pisei inúmeras vezes nos domingos de missinha e sermão. A mágoa, o pesar acompanhar-me-ão para a tumba! Mas estava eu posto em sossego, debaixo do tamarindo, quando pessoa da família, numa daquelas visitas domingueiras a ver se o velho morre, se tornou portado ra de ecos do que se vai sabendo sobre o projecto da Casa Mortuária do burgo . Que peca por tardia é um facto, terriolas bem mais maneirinhas, pejadas de cami -

nhos de cabras, já há muito exibem, orgu lhosas, capelas mais ou menos modernas para as gentes velarem os seus mortos. Que haja falta de capital para tal em preitada não espanta, tal como o país vai já é de suspirar aliviado por não termos ainda sido rematados em saldo por uma agência de rating, e a trupe que nos go verna vai-se aboletando com as sinecuras do colectivo ao mesmo tempo que carrega nos impostos e nos cortes ao infeliz do nosso povo. Mas, como costuma dizer a minha coma dre Justina, “mulheres a dias virão”. Pois saiba, Reverendíssima, que pode sempre contar com os préstimos, modes tos é certo, deste vosso fiel servidor. Mes mo não sendo muito dado a genuflexões e rezas de contas entre os dedos, que deixo para a parte feminina da família que resta, não virarei nunca a cara ao apoio que sempre é devido a certas causas, impulsionado, ademais, pela garantia de que a supra Casa franqueará as portas a gentes de todos os credos. Compenetra do portanto desse desígnio, há que meter ombros ao trabalhoso desafio e esgra vatar onde possa existir um níquel, seja com quermesses, tômbolas ou uma can tinazinha de bons petiscos, que os temos por cá, e umas caixinhas de sortidinho - e por certo o que falta para a empreitada aparecerá. PS: Na Páscoa do ano que vem, mandarei o envelopezinho da praxe. Aceite os melhores cumprimentos deste que se assina, Comendador Aparecido.

SIGA-NOS! JÁ SOMOS 4000! OPINIÕES DOS LEITORES VIA FACEBOOK Nem só de grandes assuntos se faz a participação dos leitores através do Facebook do RL . Às vezes, são as pequenas coisas que merecem comentários. As festas em honra de S. Bento e a publicação de fotos antigas de Joane (antigo campo de futebol na Avenida) também foram comentados. Amélia Martins E s t i v e l á ( n a f e s t a d e S . B e n t o , e m Jo a n e ) , o sr. Padre Borga contou uma anedota que metia a Lili Caneças e umas ovelhas que afinal eram cabras...cantorias, música , esperança e fé em Deus... Tiago Monteiro Mas uma coisa é certa , a noite foi diferente e uma grande aposta para uma festa que há muito tem vindo a perder o brilho (típico de Joane)! Pois, mesmo com chuva , foi uma festa que atraiu muitos de votos! :) Joao Mirra Muitas partidas de futebol lá joguei (no c a m p o d a Av e n i d a ) . J á va i h á t a n t o s a n o s , ainda era um miudinho. Fátima Fonseca Machado E eu fartei-me de lá brincar, andar de bicicleta e...tomar banho no tanque do fontanário! Fantástica piscina! :) Luis Miguel Duarte J á m a l m e l e m b ro , m a s co m o e ra p e r t o d e casa , cheguei a jogar lá futebol e a brincar a n t e s e d e p o i s d a c a t e q u e s e . . . n a d a a v e r, agora .


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16 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

OPINIÃO Os artigos de Opinião são da responsabilidade dos seus autores

Luís Santos

Membro da Junta de Freguesia de Joane | PS

Joane foi, é e será sempre uma referência no concelho Joane celebrou 25 anos de Vila no passado mês de Julho. Fizeram eco disso mesmo os vários órgãos de informação local. É certo que as cerimónias oficiais foram pouco participadas, mas todos sabemos da pouca adesão das pessoas a cerimónias como esta e aos discursos políticos. Nada de novo, é assim em Joane, em Famalicão, em Guimarães e muito provavelmente noutras terras deste Portugal. Mas o que já não me parece correcto é tomar a parte pelo todo. O programa de aniversário dos 25 anos de vila compreendeu várias actividades como foram o

caso do basquetebol, do torneio de xadrez, do festival de folclore, do BTT e os insufláveis que fize ram as delícias dos mais novos no parque da Ribeira. Em todas estas actividades houve publico e houve participação. Foram várias centenas de pessoas que passaram pelo parque da Ribeira tanto no Sábado como no Domingo. E foi toda esta diversidade cultural e desportiva que celebrou os 25 anos de Vila em Joane. Estas celebrações e demonstrações de vitalidade do movimento cultural e desportivo de Joane são talvez mais importantes que alguns >>

Miguel Azevedo

Membro da Comissão Política do Núcleo de Joane do PSD

Comunidade do Vale do Pele Para racionalizar os custos com o poder local, o executivo de José Sócrates ponderou a fusão de freguesias com menos de mil eleitores. A troika impôs uma reorganização administrativa. Assim, em breve a Lei-Quadro de Criação de Autarquias Locais será revista para pôr em marcha a fusão de freguesias com dimensões mínimas. Passará a ser possível a fusão e e xt inção de Autarqu ias Locais que incluí as freguesias e os municípios. Centremo-nos nas freguesias. Era bom que se fizesse uma reforma administrativa eficaz e eficiente. Que acabe com o excesso de órgãos e com poucos meios e competências. A reestruturação que aí vem tem

que ser feita com muito cuidado. A extinção e fusão de freguesias em muitos casos é delicada porque em causa está a identidade das pessoas. Mas é também uma oportunidade para, do meu ponto de vista, dignificar a instituição freguesia, dando-lhe condições de escala para funcionar com dignidade. A reorganização não pode ser feita a régua e a esquadro. Creio que é preferível menos juntas mas a funcionar melhor. A fusão de freguesias apenas se justifica se for para a melhoria da qualidade do serviço público. Não faz sentido uma unidade administrativa servir só para passar atestados e certidões. O propósito da reestruturação >>


REPÓRTER LOCAL • JULHO DE 2011 • 17

ESTADO DA NAÇÃO | Mário SOARES (EXPRESSO)

OPINIÃO

“A l iberdade está condicionada . Toda a comunicação social e stá nas mãos da direita . E está condicionada pelo sistema f inanceiro.”

opinião A grandeza de uma terra, vê-se pelas suas gentes e não pelo poder político. Esse passará; poderá andar à esquerda ou à direita. Mas as pessoas, os joanenses, serão sempre os representantes máximos da sua terra discursos de oca sião. Confesso, no entanto, que gostei de ouvir o vice-presidente da câmara municipal dizer que “Joane é uma terra onde se vive com qualidade e onde existem pessoas e associações brilhantes que dignificam a vila e as suas gentes”. Contrariamente ao que outros “da terra” anunciam, o representante camarário, embora do mesmo par tido da oposição ao executivo da Junta de Joane não partilha desse discurso negativista. Esta é a realidade, Joane é desde há muitos anos, uma referência no concelho de Famalicão. Foi, é, e vai continuar a ser. Porque a grandeza de uma terra, vê-se pelas suas gentes e não pelo poder político. Esse passará de certeza e poderá andar à esquerda ou à direita. Mas as pessoas, os joanenses, serão

sempre os representantes máximos da sua terra. Poderei estar ou não num executivo de uma Junta de Freguesia, numa qualquer associação cultural ou desportiva, ou até mesmo numa esplanada do café, o que nunca farei é dizer mal da minha terra. Todos temos obrigação de a engrandecer. E a política não é seguramente o único meio para o fazer. A questão é querermos disponibilizar um bocadinho do nosso tempo, que não seja apenas para “postar” na Internet ou em qualquer tertúlia domingueira. Poderá dizer-se que uma terra que tem três festivais anuais de folclore, tem feiras sociais, tem santos populares e um festival de teatro que será provavelmente o festival de teatro mais antigo de Portugal, não tem oferta cultural? Claro que não se pode. Não é justo nem correcto. Mas tinha mais. Tinha uma Feira da Cultura, com mostras de artesanato, gastronomia e espectáculos musicais que a actual Câmara Municipal deixou de apoiar. Com a falta desse importante apoio a associação que a promovia deixou de ter meios que permitissem a sua continuidade. Estive na sua origem e não perdi a esperança de ver novamente a Feira da Cultura ser uma realidade na Vila de Joane.

Joane tem a ganhar com a agregação de freguesias. Já é um pólo aglutinador e a reorganização pode dar-nos a dimensão que não temos apesar do estatuto de vila. Passaremos com certeza a ter mais força a nível regional. é economicista mas as verbas canalizadas para as freguesias representam apenas 0,1 por cento do orçamento de Estado deste ano. É justo dizer-se que não é pelas freguesias que as contas públicas estão desequilibradas. É de valorizar como importante o trabalho (quando exista) que as juntas desempenham enquanto instituições de proximidade. A vila de Joane e a região poderá beneficiar com a política de fusão de freguesias que está a ser deline ada. A reestruturação de freguesias deve ser feita com rigor e tendo em conta os interesses das populações numa lógica de gestão de meios e de afinidade identitária. Admito que Joane tem a ganhar com a agre gação de fre guesias. Joane já é um pólo aglutinador e a reorganização pode dar-nos a dimensão que não temos apesar do estatuto de vila. Passaremos com certeza a ter mais força a nível regional.

Será extemporâneo avançar com a discussão sobre a reorganização administrativa do concelho enquanto não houver enquadramento legislativo que estabeleça os objectivos e metas da prevista reestruturação, mas as populações de Joane, Mogege, Pousada de Saramagos, Vermoim e Castelões devem estar preparadas. Estas freguesias já estão directamente relacionadas entre si. Interagem com as suas valências inter-freguesias. Possuem infra-estruturas que se complementam e representam uma pequena “metrópole” com cerca de 17.000 habitantes. Juntas adquirem o músculo necessário para se afirmarem como importante pólo na região. Nesta agregação claro que Joane pela importância que já hoje assu me no universo destas freguesias assume papel preponderante e será naturalmente o motor. É meio caminho andado para uma forte comunidade do Vale do Pele.

Ivo Sá Machado

Presidente da Junta de Joane (PS)

A bafienta conversa do costume

A ideia há muito defendida, visando mais autonomia financeira e mais competências para o exercício diário de uma autarquia, foi entendida por alguns como reivindicação do Concelho de Joane. Não leram tudo e por isso e como de costume, apressaram-se a escrever asneiras. Ninguém falou na criação do Concelho de Joane. Falou-se, à boleia da reforma administrativa preconizada pela famosa “Troika”, em formarem-se grupos de freguesias, que viessem a dispor de mais meios financeiros e mais competências. Ao falar-se em autonomia financeira e administrativa, pretende-se que freguesias como Joane o u Ribe irão t e nham mais re c e it as p ró prias e mais competências por via legislativa ou por delegação de competências. Pretendeu-se falar de liberdade de escolha e de acção. Exemplificando, se a contribuição autárquica paga pelos proprietários dos prédios sitos em Joane fosse gerida pela Freguesia, obviamente teríamos mais liberdade para avançar com mais obras e, seguramente, com aquelas que sabemos ser as mais necessárias. Isto significa ter mais autonomia. Contudo, como é sabido, os impostos pagos pelos joanenses vão para a Câmara e esta, faz a gestão de acordo com a sua estratégia, ao ponto de perseguir uma terra que anualmente lhe entrega impostos no valor superior a 1,2 milhões de euros. Mas há alguns iluminados que ficam satisfeitos com o que a Câmara investe em Joane. Segundo alguém bem informado, Joane recebeu da Câmara, em dois anos, cerca de 537 mil euros. Bravo! Apesar do iluminado ter feito mal as contas, é bom lembrar que Joane entregou em impostos à Câmara de Famalicão mais de 2,4 milhões. Pena que este infeliz e submisso dirigente não tenha referido os valores de outras freguesias como Ribeirão. Iria corar de vergonha ao descobrir que Ribeirão recebeu o triplo (segundo o seu critério de investimento directo) de Joane no mesmo período. Vai ser ridicularizado e bem o merece, pois Joane não precisa desta estirpe para sua defesa. Esperase que em 2013, semelhante eminência parda, não venha dizer que pouco se fez. Semelhante inocente, ensaiou verborreia similar ao defender que a política de urbanismo seguida para Joane era culpa da Junta. Tamanha servidão ao p o d e r mu ni c i p a l , l e va a me nt e e m a p re ç o a t o ma r os joanenses por distraídos. Então quem faz planeamento e gestão urbanística senão o município? Quem licencia as construções e lo teamentos? Todos sabemos que a Câmara actual prometeu o Plano de Urbanização para Joane em 2001 e todos sabemos o quanto esse Plano é importante para o planeamento e definição urbanística de uma terra. Contudo, passados 10 anos a promessa não foi cumprida e nem vai ser até 2013! A propósito das bafientas críticas do costume, bom seria que alguns se dessem ao trabalho de verificar o que era Joane há 25 anos e o que é hoje. Já agora, sugiro leitura mais atenta sobre competências e legislação conexa, despida de falsas motivações. Quanto ao diálogo com a Câmara, sempre o procuramos e continuaremos a procurar. É vontade dos joanenses que ele exista. Reclamar o direito dos joanenses não é o f e n d e r n i n g u é m . E , a o c o n t r á r i o d o q u e o u t r o s c a n d i d a m e n t e sugeriram, é exactamente no dia de aniversário que deveremos lembrar os factos e apresentar os anseios. Se não aproveitarmos a presença dos responsáveis municipais no aniversário, apesar de convidados noutros momentos, estes nem vêm a Joane nem recebem a Junta, apesar dos vários pedidos de audiência. Há cerca de dois anos, um vereador não teve pejo em me dizer, em plena audiência, que “queriam ganhar Joane”. Quando um vereador o diz, certamente todos percebem o quanto é difícil ter um diálogo franco e leal, que sempre defendemos. Certamente, ninguém esqueceu o célebre episódio em que o candidato à Junta pelo PSD foi encarregue pela Câmara de falar com os lojistas da feira. O exercício do poder municipal não é isto, nem tem de ser isto! Para o diálogo franco e leal estaremos sempre disponíveis. Assim o queira o poder municipal, como de resto quis entre 2002 e 2005.


18 JULHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

PRIVATIZAR POR AÍ | Nicolau santos, expresso

OPINIÃO

“Portugal vai perder para sempre o controlo das redes de eletricidade, água , telecomunicações, correio e aeroportos. É um péssimo negócio”.

Cheirinho a férias Fernando Castro Martins

fernando.castro.martins@hotmail.com

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O mês de Agosto habituara-nos ao seu cheirinho a férias, à visita dos nossos emigrantes em França e ao sol e ao mar da Póvoa de Varzim. Eram estes os prazeres mínimos garantidos, durante décadas, à maioria das pessoas simples da nossa região, esmagadoramente constituída por operários têxteis. Também esta realidade mudou profundamente: os nossos emigrantes já pouco nos visitam; grande parte dos trabalhadores foi despedida; e até a quinzena habitual de uma família inteira num quartinho da Póvoa se tornou numa miragem para muitos. Pela primeira vez desde há muito tempo, esta mos num processo de regressão: até as classes médias, que voavam já um pouco mais alto, com férias no estrangeiro, estão geralmente com bastante menos rendimentos, quando não endividadas, quando não transformadas em novos pobres envergonhados, sem perspecti vas, nem sonhos, nem esperança. Muitos ainda vão disfarçando a sua nova situação: ainda se encontram alguns restaurantes cheios; ainda há, felizmente, quem ouse a evasão e parta para fora ou “para fora cá dentro”. Ainda bem. É preciso resistir e levantar a cabeça. De resto, alguns dos mais velhos ainda se lembram de tempos bem piores do que aqueles em que ainda estamos, nesta descida vertiginosa. Há tempos ouvi de uma velhinha a sua também muito velha história de férias: ela ia, ainda jovem, da nossa região para a Póvoa, sempre

em Outubro, depois das colheitas, levando no seu carro de bois todas as tralhas e víveres necessários, incluindo um pipo de vinho. Logicamente que ia sempre um elemento da família a pé, a guiar os animais. Para esta veneranda senhora, os tempos de agora ainda são “uma farturinha”. Contudo, ela tinha já os seus luxos relativos, pois aproveitava com a família os banhos quentes que estavam dispo níveis em certas casas especializadas da Póvoa, c re i o qu e p o r re c e i t a d o D o u t o r M a ri n h o , d e Joane, que tinha consultório ali para os lados de Vila Boa. Eram banhos com água do mar aqu e c i d a, t o mad o s e nt re as p are d e s d a c as a, pelo que nada incomodava aos banhistas o frio do Outono em que “iam a banhos”. Era assim que se dizia. Estes banhos quentes caí ram em desuso, creio que não se encontrarão já, pelo menos nos moldes antigos. Mas eles eram muito recomendados pelos médicos, a par dos banhos da praia propriamente dita – de mar e sol – e das dietas. Também eu me habituei a ser levado quinze dias anualmente (mas nem sempre) para a praia, em criança, por recomendação do Dr. Marinho a toda a família; a todas as famílias. Era um remédio muito natural e agradável de tomar. O que

É preciso resistir, é preciso lutar pela manutenção de direitos. E todos nós temos de despertar para a solidariedade e para o altruísmo da batalha pelo bem comum. Não queremos voltar aos tempos dos carros de bois.

não se recomendava ainda nessa altura era que se evitassem as queimaduras solares. A praia parecia não ter contra-indicações. E os banheiros nessa altura faziam mesmo justiça ao seu nome, pois eram pagos para dar banhos às crianças e eram o terror destas, que geralmente tinham muito medo do mar, incluindo eu. De há uns tempos a esta parte os direitos sociais foram evoluindo sempre, particularmente desde o glorioso 25 de Abril. Todos os trabalhadores passaram a ter cerca de um mês de férias, acompanhadas do respectivo subsídio, e a jornada semanal passou de 48 para 40 horas, o que permitia fins-de-semana de dois dias, particularmente aos operários fabris. Foram conquistas importantíssimas, já que as pessoas não foram criadas para burros de carga, e o trabalho foi inventado para o homem e não o homem para o trabalho. Mas agora, a malfadada Troika, a globalização da economia e muitos egoísmos e jogadas e spe culativas e stão a ame açar e stas e outras conquistas civilizacionais. Porém, não faz qualquer sentido que seja o factor trabalho a pagar as malfeitorias governativas e os crimes económico-financeiros, embora os governos temam taxar os grandes capitais para que estes não fujam para melhores paraísos na terra. E é m u i t o m a i s f á c i l b a t e r n o s d e b a i x o d o qu e nos de cima. É preciso resistir, é preciso lutar pela manu tenção de direitos; e procurar incansavelmente novas melhorias. Os sindicatos precisam de se reinventar e encontrar modelos novos de criatividade e eficiência. E todos nós temos de despertar para a solidariedade e para o altruísmo da batalha pelo bem comum.Não queremos voltar aos tempos dos carros de bois.




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