REPÓRTER LOCAL

Page 1

PUBLICIDADE

AIRÃO S. JOÃO •

pág. 10

Marco Oliveira a pintura é mais do que um passatempo Nº 147 • ANO XIII • JUNHO 2011 DIRECTOR: JOAQUIM FORTE

www.facebook.com/reporterlocal/

25 anos de VILA • pág. 05

Joanenses ausentes da festa

Junta propõe à Câmara compra dos terrenos da estamparia por 1,5 milhões de euros

XXV

Desportivo assaltado três vezes em Junho MOGEGE | p. 09

Ainda há muito a fazer para Joane ser vila de corpo inteiro

Ana e Sofia, duas campeãs de Kickboxing

Especial de quatro páginas sobre os 25 anos da elevação a Vila. Opiniões, entrevista e imagens de ontem e de hoje.

Parque de Lazer é um sucesso de Verão

ENTREVISTA | SÁ MACHADO

EM FOCO • p. 03 a 06 PUBLICIDADE

RONFE | p. 08

“É de prever que algumas freguesias de Famalicão se fundam com Joane”

OLEIROS | p. 11

VERMOIM | p. 13

Junta apoia idosos mais carenciados



REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 3

EM FOCO

programa dos 25 anos de vila O programa das comemorações dos 25 anos de elevação de joane a Vila contou com BTT, torneio de xadrez, lançamento da primeira pedra do Corredor Pedonal, a sessão solene, a feira social da Comissão Inter-Freguesias e o Festival de Folclore do Grupo Infantil e Juvenil de joane

dia 3 de julho

Vila, 25 anos depois José .

Luís Pereira

A

3 de Julho de 1986, a Assembleia da República confirmou o estatuto de vila a Joane. Passaram 25 anos: o que mudou? O que ganhou Joane com este estatuto? As opiniões variam entre visões optimistas e olhares mais negativos. O ensino é uma das conquistas que o estatuto de vila trouxe a Joane. Manuel Cunha, ex-eleito na Assembleia de Freguesia (CDU), é crítico do desenvolvimento de Joane, mas reconhece essa conquista. “O ensino é digno de uma vila”, diz. O Parque da Ribeira é apontado pelo pároco, Manuel Silva, como o que de melhor se fez nestes 25 anos. “É um verdadeiro respiradouro para as pessoas. Pecou por não ter sido construído no dobro do terreno”, afirma, elogiando ainda o novo Centro Escolar, “uma conquista importante que vai oferecer melhores condições”. José Santos, joanense, vereador da Câmara de Famalicão, lembra que o Centro Escolar e outras infraestruturas só foram instaladas em Joane por causa do estatuto de vila. “Apesar de simbólico, ele era importante para que Joane ganhasse ao longo dos 25 anos a importância que hoje indiscutivelmente tem no concelho de Famalicão e até na região”, diz o vereador. José Santos recusa, no entanto, a ideia de que Joane ganharia com a autonomia financeira ou com a criação de um concelho. “Não teria capacidade dentro de uma lógica de economia de escala. Basta ver

O pároco Manuel Silva defende a saída do estádio do GD Joane. “A quinta da Mata seria uma boa opção, fazia com que zonas periféricas crescessem”, argumenta.

o quão atrapalhados estão os pequenos concelhos, como Vizela”, argumenta. JOANE E O FUTURO Nos últimos três anos Joane viu nascer obras que durante décadas teimavam em não sair do papel. O quartel da GNR, o arranjo no Largo 3 de Julho, a Casa Mortuária (arranca em Agosto). Peristem, contudo, problemas, e investimentos adiados. Orlando Oliveira era presidente da Junta em 1986. Apesar de afirmar que só por má-fé se pode negar o desenvolvimento da vila, o agora vereador sem pelouro na Câmara famalicense diz que há muito por fazer. “Dois terços de Joane são área florestal e não têm sido cuidados. Foi esquecida a variante do Rio Pele à estrada nacional. Falta participação cívica, veja-se o caso do GD de Joane. Os partidos andam arredados da discussão e nisso a Junta tem a sua quota-parte de culpa. É preciso um plano de pormenor e um centro de saúde

de raiz”, advoga. Manuel Cunha associa este período a 25 anos de “explosão imobiliária quase sem regras, ao sabor do lucro fácil dos promotores com boas relações com os autarcas” e aponta erros ambientais. “O que se tornou a Serra da Curviã revela desleixo. O presidente da junta não usou diplomacia e engenho junto da Câmara para atrair o que faz falta, mas ruído, para se fazer notado no seu clube partidário”. Já José Santos fala na demora da intervenção na antiga estamparia. “Em 1999 fez-se um acordo com os proprietários. A empresa saiu para dar novo alento ao centro mas pouco ou nada foi feito. Este atraso tem comprometido o desenvolvimento da vila”. Sobre a possibilidade da Câmara comprar o terreno, considera que a ideia “é interessante” mas duvida da capacidade financeira do município. “Em tempos seria uma boa compra. Hoje o terreno vale muito e duvido que a Câmara possa comprá-lo”, conclui. Numa perspectiva de futuro, o pároco Manuel Silva defende um lar de idosos, o arranjo e alargamento da avenida de acesso à igreja e a saída do estádio do GD Joane para a periferia. “A quinta da Mata seria uma boa opção, fazia com que zonas periféricas crescessem”, considera. O líder do PSD de Joane, Miguel Ribeiro, lamenta que estes 25 anos “não tenham sido acompanhados pelo desenvolvimento expectável”, considerando que Joane cresceu de forma desorganizada, tendo “muito potencial que tem sido desperdiçado”.

facebook como vejo joane? O RL desafiou os “amigos” do RL no Facebook a dizerem o que pensam dos 25 anos de Joane como vila. Aqui ficam algumas opiniões. Nuno Silva Basicamente falta tudo, o centro por acabar, um parque sem condições, estradas com buracos (Avenida da Igreja, por exemplo). Marcelina Silva Um dia destes Joane é um” dormitório“. Andreia Campos Precisamos de grandes mudanças a nivel politico, religioso, cultural e cidadania. Débora Moura Inciativas culturais vai havendo algumas, principalmente através da ATC. Vejo é que muitas vezes as pessoas nem lá vão. Luis M. Duarte Talvez a freguesia/vila com mais potencial num grande raio de km, e no entanto com uma taxa de crescimento mínima, fruto porventura das diferentes cores políticas da Junta e da Câmara. O conformismo da população e da paróquia também é evidente. Joane, merece mais investimento, precisa de maior entendimento entre Junta e Câmara, com isso virá o crescimento. Miguel Paulo Em vez de fazer um caminho de progresso parece que regrediu e aproxima-se mais do título de «freguesia». Mas isso parece não incomodar as pessoas, afinal as eleições fazem-me ver que estou errado. Joaquim Coelho É pena os responsáveis autarquicos não se entenderem, seria melhor para todos os joanenses. Rogério Simões O mesmo presidente que há uns anos recusava a ideia de Joane ser concelho vem agora reclamar independencia administrativa. Tanto a Câmara como a Junta têm constantemente vivido na mentira para todos os joanenses. Onde está a ambulância, o os CTT, a corporação de bombeiros prometida por Nuno Melo? O conformismo das pessoas é gritante. Ainda bem que nas próximas eleições tudo vai mudar. Amélia Martins O que está a faltar em Joane é um bom debate de ideias.

João Rafael Os joanenses fazem uma coisa muito bem: não se mexem para nada. O que falta a Joane é apenas iniciativa e trabalho. Quem se queixa que não há iniciativas culturais já alguma vez organi.zou alguma? Quem se queixa que há obras para fazer alguma vez foi a uma assembleia da junta discutir isso? Quem se queixa que há falta de equipamentos, já tentou, por voluntarismo, fazer algo para melhorar os equipamentos? Já alguma vez fizeram alguma coisa para melhorar Joane? Então por que se queixam tanto?


EM FOCO

P&R

4 JUNHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

O SEU FUTURO PASSA PELA CÂMARA DE FAMALICÃO? “O PS de Famalicão vai definir em Outubro a sua estratégia para 2013. Até lá não contribuo para alimentar rumores porque nada está discutido embora saiba que o PSD anda muito nervoso, basta ver o que o Dr. Paulo Cunha tem dito a propósito da minha actividade política”.

Entrevista | SÁ MACHADO

sá machado

“É de prever fusão de algumas freguesias de Famalicão com Joane”

“não é fácil governar joane”

Presidente da Junta defende autonomia financeira: “Quando Joane é tratado com desprezo pela Câmara, concluímos que não nos querem”

Luís Pereira

A

os 25 anos costuma-se sair da casa dos pais. É isso que quer para Joane com a autonomia financeira? Não me passa pela cabeça a criação do concelho de Joane. No âmbito da troika fala-se na fusão de fre guesias e não me parece que seja Joane a desaparecer mas outras a fundirem-se com Joane, se ca lhar a fusão só irá acontecer com freguesias de Famalicão. Quando Joane é tratado com desprezo pela Câmara, concluímos que não nos querem, por isso falei em autonomia financeira. Em 10 anos de Armindo Costa na Câmara, Ribeirão recebeu 995 mil euros em protocolos. Joane recebeu 301 mil euros! A Câmara não faz um plano de repavimen tações em Joane mas deu, só em 2010, 234 mil euros a Ribeirão! É desconsideração! Desde 2007 que Armindo Costa não vem às comemorações da vila e não vem porque tem a consciência pesada, sabe muito bem o que anda a fazer a Joane! Desde que Paulo Cunha (vice-presidente) assu miu o PSD de Famalicão que a est ratégia é só uma para Joane: secar, secar e secar! Mas esta Câmara construiu um Centro Escolar de 3 milhões de euros, renovou o centro, colocou a rede de água e saneamento e foi com ela que o quartel da GNR apareceu… Com o quartel, a Câmara não gastou um cêntimo, o terreno foi tratado por Agostinho Fernandes e resultou de contrapartidas. O Centro Escolar, 50% do valor vem de fundos comunitários. A Câmara gastou 1,5 milhões de euros mas começou a construí-lo em 2009

e só o inaugura em 2011. Nestes três anos os joanenses pagaram em impostos para o município 3,6 milhões de euros, fora os 5% de IRS. Armindo Costa está na Câmara há 10 anos. Se em cada ano tivesse recebido um milhão de euros dos joanenses, seriam 10 milhões. Se a Junta tivesse rece bido esse dinheiro directamente, juntamente com comparticipações, seriam 15 milhões que em 10 anos teríamos investido em Joane. A Câmara não investiu nem metade! Mas há uma lógica de solidariedade na distribuição de verbas pelo concelho… Parece só funcionar para Ribeirão. Também não se compreende como é que Vermoim tem o dobro do valor em protocolos, mesmo tendo apenas 1/3 da população. É isso a solidariedade? A mim disseram-me que em 2010 não haveria protocolos com as freguesias, mas chegámos ao final do ano e verificámos que foram realizados 1, 643 milhões de euros em protocolos. Resolve-se, portanto, com autonomia financeira… Não só, também com nova legis lação que imponha mais regras. Justiça seria a Câmara em matéria de rede viária atribuír verbas por quilómetro, dando às Juntas a responsabilidade de as fazer. Se assim fosse, garanto que o acesso à igreja não estava a vergonha que está. A obra no Largo 3 de Julho está pronta, a Casa Mortuária ficará pronta este ano e o Centr o Escolar abre também em 2011… O Largo não está pronto. Há uma parte que se arrasta em tribunal. Quanto à Casa Mortuária, vai ser bonito ver até que ponto a palavra

da Câmara se mantém. Temo que mais uma vez dê o dito por não dito. A obra, para já, arranca com apoio da Junta e dos paroquianos. Qual será a próxima grande obra que Joane poderá lutar? Há várias mas o Centro de Saúde de raiz é uma necessidade, o actual é exíguo. E terreno para isso? Há algumas alternativas, a nossa aposta é no centro. Seria interessante ter o edifício da Junta virado para a rua de baixo e o Centro de Saúde virado para a rua de cima. Está apostado em reduzir o passivo da autarquia (35 mil euros). Nos próximos dois anos a Junta não apresentará obra? As pessoas estão à espera do dinheiro e nós temos que pagar. Cerca de 10 mil euros ainda são da nova feira. Vamos ter receita que dará para algum investimento; a Câmara continua a não celebrar protocolos connosco , espero que em 2012, com o aproximar das eleições, abra a torneira para Joane. Joane vai ficar mais uma década com o cenário da antiga estamparia? A Câmara tem aqui uma oportunidade se quiser ser ambiciosa. Basta propor a aquisição dos terrenos. Nesta altura seria um excelente negócio. Se para tal Joane tiver que esperar 10 anos por uma sede de Junta, eu preferia. Não deve ser bem planeado para evitar erros do passado? O centro deve ter serviços públicos e zona de lazer. Não queremos habitação com densidade. Podemos simplesmente comprar os terrenos, colocar relva em toda a extensão e, com tempo e dinheiro, planear o que lá colocar.

A quarta loja do Largo 3 de Julho já tem destino definido? Fizemos uma proposta para instalar serviços públicos. Somos donos do terreno, ainda não assinámos o direito de superfície e já lá estão três lojistas, por isso não aceitamos que a Câmara ponha e disponha sem dar cavaco a ninguém. Como está o processo dos terrenos hipotecados do Largo 3 de Julho? Há uma acção principal mas sem julgamento marcado. O Município deveria ser mais intransigente, avançar com o arruamento do Largo ao Parque da Ribeira . O centro está condenado a ter por muitos anos aquele prédio devoluto como imagem de fundo? Se a Câmara não tivesse medo e invocasse o interesse público, o problema estaria resolvido. Ninguém responde pela insegurança do prédio, só falta dizer que a culpa é da Junta . Já há decisões quanto à ocupação das escolas primárias? Propusemos à Câmara que a de Mato d a S e n ra f i q u e p a ra a L o j a S o c i a l , a de Cima de Pele para a ACIP e as restantes para associações sem sede. Abandonaram a ideia de um museu etnográfico? E o espólio do padre Benjamim Salgado? O Museu está previsto numa das salas. A questão do espólio nunca se colocou, deve ficar na secundária ou na biblioteca municipal. Está posta de parte a ideia de alienar uma das escolas? Sim, é uma boa notícia para Joane que o Município tenha abandonado essa hipótese. A dois anos de sair, o que fica como frustração de não ter conseguido? A compra do prédio ao lado da antiga sede de Junta . Na altura (1997) foi-nos oferecido por 25 mil contos. Pedi a Agostinho Fernandes que me disse não. Senti-me derrotado mas co m co n s c i ê n c i a d e t u d o t e r f e i t o para o comprar. Hoje Joane teria uma excelente sede de Junta . O q u e e s p e r a d e 2 0 1 3 ? Po d e m aparecer mais candidaturas? Sempre se falou em independentes e na divisão do PS. Assisto de camarote embora apoie publicamente o candidato escolhido pelo PS. António Oliveira é um independente claramente identif icado com o PS. A sua experiência pode pesar. Mas anda por aí muita gente nervosa . Não se pense que é fácil governar Joane. Peço desculpa se estou a ser presunçoso mas eu questiono: quem melhor do que eu saberá quem tem melhores condições para ocupar o cargo? O António é um excelente candidato mas é preciso que o PS assim o entenda e também que os que se acham capazes se apresentem para serem feitas escolhas.


REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 5

6.249

número de habitantes em 1991

EM FOCO

7.528

habitantes em 2001

8.200

25%

número (provisório) de ha- crescimento populacional de bitantes de Joane, segundo o Joane em 20 anos. Censos 2011

sessão solene

Joanenses ausentes da festa Junta propõe à Câmara compra dos terrenos da estamparia por 1,5 milhões de euros Luís Pereira

A

s comemorações dos 25 anos da elevação de Joane a vila foram marcadas pelo lançamento da primeira pedra do corredor pedonal e pelos recados de Sá Machado à Câmara de Famalicão. O corredor, entre a Rua da Lameira e o Parque da Ribeira, vai ser criado num terreno adquirido pela Junta em 2009 e pretende servir de complemento ao Parque. Trata-se de um investimento de 7 mil euros, que inclui a construção de muro junto ao Ribeiro de Cães. As cerimónias dos 25 anos não conseguiram captar a atenção dos joanenses. No Parque da Ribeira estiveram sobretudo individualidades e políticos da vila que neste dia não deixam de aparecer. Poucos foram os populares presentes. Sá Machado criticou duramente a Câmara de Famalicão, repetindo que Joane está a ser mal tratada pelo município. A falta de protocolos, os impostos pagos pelos joanenses, a autonomia financeira da vila e a comparação com Ribeirão voltaram a ser a tónica do discurso. “A Câmara não pode esquecer que Joane existe. Nos últimos tempos o município não tem distribuído com rigor as verbas”, acusou. O autarca falou em novos investimentos, propondo à Câmara

a aquisição dos terrenos da exestamparia. “Seria uma oportunidade para engrandecer a vila”, disse. Um milhão e meio de euros é o valor do negócio e consta da proposta entregue ao vice-presidente da Câmara. “Analisaremos a proposta e depois faremos chegar a resposta à Junta”, declarou Paulo Cunha. O vereador não quis comentar a oportunidade que Sá Machado escolheu para tecer críticas à Câmara - “os joanenses têm consciência do investimento que temos feito em Joane” - e lembrou que há outras formas de investir. “O presidente sabe do conjunto de intervenções que a Câmara fez di-

rectamente em Joane, como a rede de água e saneamento e o Centro Escolar. Temos apoiado muito as muitas associações de Joane. Ainda recentemente apoiámos as obras nas valências sociais da ATC num valor acima de 250 mil euros”, disse Paulo Cunha. Já o PSD de Joane considerou o discurso do Presidente da Junta como “impróprio” e “deselegante” a forma como o vice-presidente da Câmara foi tratado. “Para viabilizar a cooperação entre Junta e Câmara é preciso que Sá Machado coloque o interesse da freguesia à frente dos seus interesses político-pessoais, o que não tem acontecido”.

juliana cunha

nascida a 3 de julho Juliana Cunha é de Joane. Celebra o seu aniversário natalício no mesmo dia em que a terra que a viu nascer festeja a elevação a vila (3 de Julho). Mesmo não se tendo apercebido dessa coincidência , Juliana é uma jovem atenta ao que acontece em Joane e por isso o RL quis saber o que pensa da sua vila . “Gosto de viver numa vila que oferece alguns privilégios como respirar o ar puro e usufruir de uma liberdade diferente daquela que se vive nos centros urbanos. A terra que me viu nascer e crescer tem muita natureza , belas paisagens, e aquelas coisas que a vida no campo nos pode oferecer, embora estes recursos não tenham sido explorados devidamente pelas autoridades competentes”. Juliana Cunha destaca a facilidade e a rapidez com que, a partir de Joane, se pode deslocar a quatro grandes centros urbanos. “Esta facilidade é atractiva sobretudo para os jovens porque rapidamente se deslocam para cidades próximas onde podem compensar a falta de movimento que a vila tem”, salienta . A falta de dinamismo é o principal problema . “Comparativamente com vilas vizinhas, Joane parece ter parado no tempo, desenvolvendo-se muito lenta e desordenadamente. Noto falta de interesse e de paixão por parte daqueles que têm o destino da nossa vila nas mãos”.

Economia

O trunfo da centralidade Em tempos de incertezas, Joane continua a ser escolhida por pequenos investidores que abrem aqui os seus negócios. A maior empregadora é a empresa de componen tes de automóveis Coindu. A instalação recente do supermercado Bolama criou 87 postos de trabalho. Em Joane abundam cafés, mercearias, talhos, padarias, restaurantes e pequenos negócios de vestuário e calçado. Tem seis instituições bancárias e micro-empresas (papelarias, agências de viagens, gabinetes de contabilidade, entre outras). O negócio do ouro veio para ficar: Joane já tem seis casas de venda de ouro. Bruno Miranda é um pequeno investidor que escolheu Joane para fixar a sua clínica. O dentista de Matosinhos nunca teve ligação à vila mas no momento de escolher, não hesitou. “Estava indeciso entre Taipas e Joane. Acabei por escolher a segunda porque está perto de tudo, de Braga, Famalicão, Guimarães e mesmo do Porto”, refere. Sem conhecer minimamente a vila, ins -

talou o negócio em Laborins, com muitas dificuldades iniciais. “Joane ainda tem complexos de inferioridade. As pessoas têm muita oferta em Joane mas acham que encontram melhor no Porto, em Braga ou em outras cidades. Os primeiros tempos foram complicados porque vinha de fora e a população é muito desconfiada no início. Depois de conhecer, não poderia encontrar povo mais afável”. Apesar de conhecer Joane há apenas dois anos, Bruno Miranda acompanhou importantes desenvolvimentos como a renovação do Largo 3 de Julho. “Quando cá cheguei assustei-me com aquele cen tro, lembro-me de me ter questionado se aquele seria mesmo o ponto central da vila. Hoje noto que Joane está empe nhado em desenvolver-se e fico agradado quando ouço notícias para um hospital, por exemplo. Outro dos aspectos que me impressiona é a actividade associativa. Joane tem mais associações do que Espi nho, a cidade onde actualmente resido”, comenta.

O ano de 1941 ainda hoje se encontra esculpido no topo do Salão Paroquial, lembrando a data da sua construção. Foi erguido há precisamente 70 anos, num terreno doado pelo padre Adão Salgado. À data , era motivo de orgulho. Re c e b e u t e a t ro , co n c e r t o s , e ra p o n t o d e e n co n t ro d e jovens e movimentos numa altura em que pouco existia . Hoje a degradação faz corar de vergonha a vila de Joane. O pároco Manuel Silva diz que a paróquia , proprietária do edifício, tem reservados 75 mil euros para começar a recuperação. Apesar de reconhecer a urgência na intervenção, o sacerdote rejeita que o edifício ponha e m c a u s a a s e g u ra n ç a d a s p e s s o a s q u e o f r e q u e n t a m . “O salão não cai, tem estrutura segura . É certo que está feio, precisa de ser renovado e é isso que queremos fazer. Por vezes as pessoas pensam que é muito simples criar do nada condições para avançar mas as coisas levam o seu tempo e nem sempre é o tempo que desejamos”, argumenta o pároco.


6 JUNHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

JOANE E AS SUAS IGREJAS No princípio era “a igreja velha”, imóvel classificado, condenado ao longo de anos a uma degradação comum em Portugal, até que, em 1978, pela alvorada, foi demolida. Hoje, é a nova igreja, começada a construír em 1955. Da “velha” resta apenas a torre sineira à espera do anunciado plano de reabilitação.

EM FOCO

JOANE ONTEM E HOJE

CENTRO SOCIAL O antigo campo de jogos e o Centro Social e Paroquial que surgiu no seu lugar.

RUA DE LEOGNAN Construção da EB2,3 e Complexo de Piscinas

O que era e o que é. As fotograf ias registam as mudanç as das terras. Joane mudou: umas vezes para melhor, outras nem por isso. Fotos Arquivo R L | Ju n t a d e Fr e g u e s i a d e Jo a n e

“A dependência de Joane face à Câmara de Famalicão ainda é grande e nós, Junta , gostávamos que assim não fosse” . SÁ MAC HA D O, 04-03-199 3 , in Comércio do Porto

“Mais autonomia e mais verbas para resonder aos anseios da população. O poder municipal não tem sido justo para os joanenses “ S Á M ACH ADO , 2 9 - 0 6 - 2 0 1 1 , in Opinião Pública

MUDANÇAS EM JOANE Arranjo da Avenida Pedro Hispano; Rua do Souto ainda por alargar e obras para abertura da rotunda da Via Inter-Municipal (VIM). PARQUE DA RIBEIRA O espaço agrícola e o Parque já aberto aos joanenses

LARGO 3 DE JULHO As “barracas” e o novo arranjo, com lojas ao fundo

Av. PADRE SILVA REGO Alargamento da via e os prédios de hoje


REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 7 R LOCAL REPÓRTE

• JUNHO DE

2011 • 17

ão e os de Famalic o seu as da Cidade caninos , para NSE) s e a jardinad dos dejecto s (O POVO FAMALICE zonas relvada recolha onal da ades nas | MÁRIO MARTINS S DOS CÃES suas necessidde ver cívico e educaci do”. o a fazer as f im destina continu am marimb ando” para recipien te a esse “Os cães ão no “estão-s e a sua colocaç seus donos ento e para ensacam

OS DEJECTO

OPINIÃO OPINIÃO

m tes, gosta adas, exigen as inform te. Não são pesso oniosamen Os joanenses crescer harm eza. e de a ver e a sua grand da sua terra respeita Joane quem não s estão e serviço gostam de

editorial

as

Sérgio Cortinh Professor.

a Filosofia Sócrates, e o País!

io O comérc semanal escolar . . A feira terras lantados ponto de refee outras bem imp m o que Joane s graças a a ser u ou mesm continu É injusto e , d e p e n d a m d a o. Ganh do pio e do an na regiã para Pa criação como Jo ilosofia do municí e m t e r r ê n c i a a com a os -me vontad e studar F der dinâmic eorganização d reendeu e da boa tes vai e para po r - nova s e surp ue ue Sócra idente, , equipa spaço e u muito idero q ícia de q seu pres nas ruas arques novo e a. Cons preende o. 1. A not mentos ano sur a notíci exempl s p vê-se também nte um uma bo feirant es. melhora ou novo seguir o is ris dura e este Mas foi sociais de uma terra veriam ento ma a mim. mentos s lhe de associa tivo,s s o c i a onhecim a por A força s ento também . político eas de c ue, quer ser tratada sua pelo movim t e e m J o a n e . A outros e jardins a das ár nheço q s a muitos ias devem al de um a for ade reco social e polític is, rancho eração a ofission continu As fregues umanid e ão em consid tivas e cultura Como pr cional. ria da h cutista, ganizaç largada e popula na histó ções despor , m o v i m e n t o e s igual, tendo el da or aposta a fica santigas geográ er a nív sistema sse uma do poder f o l c l ó r i c o s s, atleti ssoal qu e houve dimens ão no nosso opulare estar à mercê nível pe ganhar s a, seja santos p ilosófica dos costumes e vivo e em ríamos a mação f festas a Não podem contin ua ran de uma Câmar muito te ruturada na for o é mau. s ovo de b s i p BTT…J oane nte. e m t o u s c i e mo, discric ionário , os vo acrít melhor a mais s, diz-se for. ade consta motivo de Os project os um po o. Somo e valoriz ela qual são sempre p o r f o r t e s activid para fazer. irão bém som povo qu uitos de ensin icaçõe s muito há amos m ou , mas tam o autêntico, um Mas 25 anos ve Mas as o. Form ne pass as reivind referên cia so é bom c c te a m s e u u o i s o o J a p p i . g o o a o viária v s h l pen m po ecno são muitos Joane é uma orgul o s. A re de Somos u que o “ser”, que ente as novas t ável. Os tem uma io crític o prosse guir. de Famali cão, transfo rmaçõe nto assinal bilm raciocín as, o “ter” d olvime ho desapa inam ha ssar um sistema ade própri s no concel um desenv que dom ormular e expre elhor ou o pior quase que s n s, identid e O civ e terra . e o l d j a f em t m uma foram aberta pazes de turado sobre o import ânciae r t r a t a d o c o m caminh os entos de ue adas, são inca ru e novas vias e s fundam do “Porq s inform ente est centra lidade. e merec recera m sobre os geração ore de devidam são pessoa lítico ou uma nova o a s o f e r t a s n a oal. É a ram a op s ico ou po joanen ses gostam da sua terra Não criand o b l ou pess não tive económ presaria e m h o j e io, ATL, ensino rdaçada ões que tica, em exigen tes, harmo niosam ente. Joane t ár ram amo dar um as geraç são polí Joane secunque vive por outr pré-prim e respeit a ducada a ver crescer creche, atório e sofia ou fica pod sim!”, e quem não , p r e p a r e foram sendo nder filo formação filosó losofia i o e de f i r r p á m a e e m i e d u e pr a ent L gostam grande za. ça. Porq tunidad , políedo. Ora aralelam do e AT sua a mudan nómicas no do m dário. P de estu ra e a to para ue, cas, eco sob o sig centros rios ext adas e q contribu teorias filosófi criados os horá s ou err ortante m a á p t tos e h r n h m e o i e c c ã n m n e e u t rg -se que que pre utamen azões/a o aprende as absol r boas r mas e n científic procura s proble r ticas ou rtante é uado do u recusa , o impo to adeq aceitar o ma por isso es hecimen res para e que u s no con pensado rende-s ão que as relaçõ apoiado grandes sofia ap de posiç feito para nho dos Em Filo tomada testemu eorias. tudo tem e-se que ge uma respeito nadas t tido exi . Aprend Freguesia determi com sen umentos r isso, teremos o absoluto êntica e A Junta de bons arg po volvam sem vida aut osofia l e que, oiada em prejuízo . Em fil cançáve ida e ap ípio se desen curiosos des, com eta inal esclarec carar e m n e s munic a o a o c m i e u t entida s ee é com te crí , aprend as um sinal o às duas a verdad entemen esponde perman l que é devid queza m as coisas, que se r para que que ser e de fra mais do instituciona perguntar tre outr a atitud unta-se n é g e m r u , m para e a e o i p f m m o ho caso dos? em filos a não co is, que o a Joane. É a dúvid á agora, são igua e human passar atesta oria. E j óbvio para homens ignidad de sabed senão para e que a d todos os umano. -se que um meio uer ser h de Joane o aprende mo e não trínseco a qualq governa atament m si mes serve a Junta n em nos arem tr um fim e ter essencial e i elege qu elhores. denunci ác a e quem stariam bem m , teiros a é um car e s govern xpresso ado para sia tudo quem no mundo e o país da ao E censur ável.u n t a d e F r e g u e nos Ora, se diz-se prepar concedi , o s com J mas não e actual e assim trevista as relaçõe Curios amente Enfim, a ndênci a sociedad s do o pensass uma en para que a indepe que “na ecisamo ho. mago n olvam sem tem feito reclam ar toridade os sé Sara nsar, pr u e o m desenv a um concel p a J a v , que se ar o m o ã u ã x pio cional m alg ideias n os refle para reclam e. a o municí respeit o institu e s , c o m dizia, co Falta-n que sem ias par osofia. rece-me absolu to s d u a s e n t i d a d Não se perceb ar notíc falta fil sar e pa ia é cri o à o de pen h Joane. l a é devid Se a ide b uiu. a r o para t a.” conseg o é cas a alegan o óbvio nenhum o eu. aparec er, rtament osita a parte smo, dig indepe ndênci m e n t e a prejuíz e compo ra que serve a rda dep mos me Com est Reivin dicari n a ç ã o r e l a t i v a ro pa a esque E não va senão imo rido. Espe im lguma d rguntar n a r í a e s c p s s m e i o Joane a o a d p r t n i a o de m s p e d s é sia da dire ra que o a de ser reguesia de Fregue a gente outras coisas, ibuir pa ue acab os? o outras f a . Junta 2. Muit de contr verno q Para iss revela, entre comem ora eográfic passar atestad a no Go o país e futuro. e dículo e edade g confianç paz de levantar , a para altura em que Joane elhor no onsável oraçõe s solidari xemplo ca a vida m rda resp falta de das comem o s u m e, por e e Numa que seja ham um de esque o o apoio quase de prata e-se qu abruge s eses ten alta-n posição nd Imagin ro gar de L portugu se as bodasa ç ã o a V i l a , f m uma o ar à stranha osé Segu ão do lu Junta e conto co mbora e oporcion elev ntónio J populaç também az de pr inada pela i n d e p e n - d a dança. E vo e mu ejo em A a popu tivo cap ra da mu alista, v ngue no ões que sente discrim qu e re r a . execu promoto de lho soci razer sa tuguês e as condiç p a ra “ re Ridículo 25 anos do apare e pode t tico por fregue sia p re p a ra rativa”. que após massivo o PS qu ma polí . dminist se dentro lação merece e política no siste o líder d , r a i S u . t n P u a impordência a f o d n a existir um tes e cid do tenta censes e os foram mportan rcício d vila já deviam Sá Macha e t e r o s F a m a l i uase tod em danças i temente no exe pre 5 anos q as não t ntr en do actual , Destes 2 njado m do PS, e consequ coisas sérias. neficiou stá arra sabilid ade inação e e b m e com i o r n ã c a n s o i respon o da brinca de d era-se ira em J o arranj moral ilações matéria da Junta. vila. Esp go da Fe te e, como tal, as suas sident e Mas em autorid ade ção. entro da 3. O Lar n não tem que retire s ã o ó b v i a s - a atrai ge sta situa ntes do c Cada um esta Junta omercia da. Não ões volta a e i c s v a s u l o r sido ação c , a o n d t o n a tem as c ome a Associ de par para falar. a mas até ao m sta de Joane iativida pouco tempo vimento acusav a ção e cr Junta sociali Ainda há esenvol e: imagina ução (ATC) de ter ave ao d ra Joan Teatro Constr sia de Joane p a r a u m e n t r selho pa Fregue Um con tória da vila. Junta de crimina a Junta. tude dis substit uam uma ati institu ição. os escucom aquela t e m e n t e f o r a m en Mais rec

joaquim forte

PAG. 16,17 e 18 | OPINIÃO Luís Santos, Miguel Azevedo, Sérgio Cortinhas e Fernando Castro Martins.

ReguiLa

Pais e filhos. Joane e Famalicão

tiago mendes (tiag0_mendez@hotmail.com)

cartoon rl

O relacionamento entre pais e filhos é algo complexo. É matéria que tem merecido atenção de especialistas e que ganha maior acuidade a cada novo caso que evidencia o conflito entre uns e outros. À medida que vão crescendo, os fi lhos vão revelando novas aspira ções. Quando adultos, é natural que queiram autonomia. Conseguila pode passar por sair de casa dos pais ou então po r ter mais dinheiro. Nos dias que correm - de preocu pante crise e de ascensão ao poder de um neoliberalismo de fazer mos sa - sair de casa é difícil e cada vez algo mais adiado. Ter mais dinheiro também não pa rece ser solução de fácil aplicabili dade. O que resta? A c onciliação ou então pais e filhos andarem às turras. Os pais, com a sua autoridade, não podem usar e abusar dos ultimatos, do género: “se não obedeceres, não és p remiado” ou “enquanto estive res debaixo das nossas telhas, obe deces e não recebes mais nada”. Os filhos, numa idade dada à in submissão, fazem finca-pé, querem dinheiro para as necessidades, para investir no futuro... E quando não

há consenso, tornam-se rebeldes. O resultado varia: tanto dá para que os filhos permaneçam em casa vi vendo à custa do orçamento, magro que seja, dos pais, passando algu mas dificuldades; ou que ameacem bater com a porta. Qualquer especialista familiar aconselhará ponderação e bom senso. Não é necessário recorrer a medidas ex tremas. Os filhos podem de facto ter auto nomia e mais mesada, mas também têm que dar mostras de entendi mento com os pais, de cooperação. Embarcar apenas numa repetida vo zearia, que serve para mostrar aos amigos do grupo que se tem certa virilidade, não será o caminho mais certo. Os pais não devem olhar para um filho com aspereza só porque ele é da do a dizer o que lhe vai na alma (e muitas vezes com razão). O uso da au toridade conferida pelo estatuto de pais não pode servir para tudo. E os pais não podem mostrar pre ferências por outros filhos, a quem presenteiam com mesadas bem mais avultadas e brinquedos muito mais caros. Haja entendimento. Caso contrário, não haverá paz.

UM POSTAL POUCO AGRADÁVEL! Quem chega a Airão Santa Maria pela Rua de Ruivos ( Joane), a primeira imagem que tem da freguesia é este imóvel completamente degradado. O edifício, que até ostenta a placa com o nome da Rua Fonte de Goda, há anos que se encontra naquele local a “pedir” intervenção. A casa devoluta é propriedade privada e um dos muitos casos de degradação visíveis pela região, com casas que parecem “falecer” aos poucos. Quanto mais não seja por parecer mal, dar mau aspecto na entrada de uma freguesia, o poder público ( junta e Câmara de Guimarães) deveria reunir esforços para convencer os privados que não é esta a imagem da paisagem de uma freguesia que se quer asseada e atractiva.

protagonistas JOANE vila Joane é vila há 25 anos. Para muitos, o estatuto não cola com a realidade de Joane: caminhos esburacados, falta de planeamento, obras adiadas; para outros, a vila está à vista nos equipamentos escolares, no Parque da Ribeira e no dinamismo económico e social da Vila. Sem prejuízo de se reconhecer estas últimas qualidades, parece evidente que a Joane falta ainda muito para ser uma vila quarto de século. E a culpa não será apenas da Junta, que tem recebido mandatos consecutivos dos Joanenses. SÁ MACHADO O presidente da Junta de Joane sabe como criar “parangonas” para os jornais. A questão da “autonomia financeira” que veio defender é pelo menos coerente no seu discurso: já a defendia em 1993. Na entrevista ao RL foca ainda um assunto oportu-

no à luz das novas directrizes do Governo PSD-PP: a previsível fusão com Joane de outras freguesias, mais pequenas, do concelho de Famalicão. A consumar-se, mesmo sem ser concelho, Joane pode “crescer” e desempenhar lugar central. OLEIROS Das pequenas localidades surgem muitas vezes os bons exemplos: o parque de merendas de Oleiros foi construído pela “prata da casa” (o presidente e alguns voluntários) e tem-se revelado, nestes dias de calor, a escolha de muitos habitantes. MARCO OLIVEIRA O RL continua a promover e a revelar jovens artistas da região. É o caso de Marco Oliveira, um jovem de 21 anos, de Airão S. João, autor de um conjunto considerável de pinturas que tem mostrado em estabelecimentos comerciais da região e em museus.

Repórter Local | Propriedade e Editor - Tamanho das Palavras, Lda, Rua das Balias, 65, 4805-476 Stª Mª de Airão Telefone 252 099 279 E-mail geral@reporterlocal.com Membros detentores com mais de 10 % capital Joaquim Forte e Luís Pereira Director Joaquim Forte ( joaquimforte@reporterlocal.com) | Redacção Luís Pereira (luispereira@reporterlocal.com) | Paginação Filipa Maia | Colaboradores Ana Margarida Cardoso; Analisa Neto; Custódio Oliveira; Elisa Ribeiro; Fernando Castro Martins; João Monteiro; Luís Santos; Miguel Azevedo; Luciano Silva; Sérgio Cortinhas | Impressão Gráfica Diário do Minho | Tiragem 4000 ex. | Jornal de distribuição gratuita | Distribuição: Alberto Fernandes | Registo ICS 122048 | NIPC 508 419 514


8 JUNHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

CASTELÕES | NOVA DIRECÇÃO ADECA Sérgio Ferreira é o novo presidente da Associação Desportiva de Castelões (ADECA), que festeja o seu 18.º aniversário no próximo sábado, 9 de Julho. A festa inclui jogos de futsal e o tradicional bolo de aniversário.

Instalações do Desportivo de Ronfe assaltadas três vezes em Junho Grelhador, bebidas e pastilhas elásticas na mira dos assaltantes As instalações do Desportivo de Ronfe foram assaltadas duas vezes durante o mês de Junho e, já depois de instalado o sistema de alarme, os larápios tentaram uma terceira vez, sem sucesso. A primeira “invasão” ocorreu no início do mês. Levaram um grelhador e a máquina registadora do bar, que não tinha dinheiro (mais tarde, apurou o RL, a máquina apareceu na GNR de Famalicão). O segundo assalto aconteceu poucos dias depois. Resultado: bebidas e pastilhas elásticas. Os dois assaltos levaram a que o clube instalasse um alarme que impediu o terceiro assalto. Ao forçarem uma porta, o alarme disparou afugentando os larápios. Os assaltos aconteceram sempre de madrugada. A GNR esteve no local bem como o Núcleo de Investigação Criminal de Guimarães.

A FRASE DO MÊS “Os governos são como os melões, têm que ser abertos para ver se são bons” Custódio Oliveira, presidente da ATC de Joane, jornal Opinião Pública, a propósito do novo governo liderado por Pedro Passos Coelho.

“Lar de Santa Apolónia (Pousada de Saramagos) custou 1 milhão de euros e está pronto para receber idosos” Opinião Pública

“Pais em dificuldades estão a ‘entregar’ os filhos. 2731 famílias pediram ajuda, alegando carências e falta de controlo”. “O Governo PSD/CDS pretende regulamentar o Código do Trabalho “para garantir a possibilidade de alteração das datas de alguns feriados, de modo a diminuir as pontes demasiado longas e aumentar a produtividade”. Público

“Nesse quadro de catástrofe anunciada, é preciso afirmar mais uma vez, alto e bom som, que esta não é a altura de aplicar em Portugal uma coisa obscena chamada Acordo Ortográfico!”.

DIAS DE ONTEM

Vasco Graça Moura, Diário de Notícias

RONFE, 2008 Foi durante anos campo de treinos do extinto Juventude de Ronfe. A urgência da paróquia na construção de um Centro Social capaz de melhora r o serviço de creche e criar um lar para idosos nos te rrenos onde o clube de Ronfe ocupava com o seu c a m p o r e l va d o , l e vo u a q u e o Desportivo de Ronfe (que surge em substituição do Juventude), saísse dos terrenos da paróquia e co n s t r u í s s e , j u n t o à E s t r a d a Nacional 206 um novo estádio. Custou 1 milhão de euros. A p a ró q u i a co n t i n u a à e s p e r a q u e o n ovo C e n t ro S o c i a l s e j a uma realidade. Se tiver fotografias que mostrem aspectos que já desapareceram ou efeitos das alterações na paisagem da sua terra , e se as quiser partilhar com os leitores, envie por mail , geral@reporterlocal .com, ou por correio.

o que se diz

“Governo de Passos Coelho corta 50 por cento do subsídio de Natal” Diário de Notícias

“Portugueses gastam 9 milhões de euros por dia em remédios” Título do Diário de Notícias “Ministro da Educação suspende fecho de escolas do primeiro ciclo” Título do jornal Público

“Nós não somos carneiros. O povo anda pacífico porque a austeridade ainda não apertou violentamente na barriga. Se houver milhões de pessoas a quem a austeridade tira o pão da mesa, não temos como nos admirar por ver em Portugal imagens idênticas às das ruas de Atenas. Paulo Baldaia, director da TSF, artigo de opinião no Diário de Notícias

“Fernando Nobre abandonou a Assembleia da República” Título do jornal Público

PUBLICIDADE

DÁ QUE PENSAR!

Fórum

VERMIL | Assembleia de freguesia A Assembleia de Freguesia de Vermil reúne no próximo domingo, dia 10, pelas 10:00 horas. O encontro terá lugar na sede da Junta de Vermil


REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 9

Junho

ana e Sofia oliveira CAMPEÃS NACIONAIS DE KICKBOXING

PUBLICIDADE

Ana e Sofia Oliveira são irmãs, 18 e 13 anos. Vivem em Mogege e têm sido, anos consecutivos, campeãs nacionais em kickboxing em diferentes escalões. A atleta mais velha compete no escalão sénior, a mais nova está nos iniciados. Dentro de cada escalão, as atletas entram em “sub-escalões” sendo o peso de cada uma a definir com que atletas competem. Ana é, por isso, campeã sénior com menos de 65kg e Sofia em iniciados com menos de 50kg.

Festival folclórico da rusga de joane No próximo sábado, 9 de Julho, realiza-se no Parque da Ribeira (21:00 horas) a 19.ª edição do festival de folclore da “Rusga” de Joane. Conta com a participação de ranchos de Leiria, Monção, Figueira da Foz e do Grupo de Danzas “Doña Urraca” de Zamora, Espanha.

A s l á g r i m a s d e A n a e S o f i a O l i v e i ra q u e c a í ra m d u ra n t e a e n t r e v i s t a que concederam ao RL espelham bem os efeitos que uma lesão faz aos sonhos de desportistas dedicados. “C omeçámos há 6 anos numa academia , em Ronfe. Como fechou, pas sámos a treinar no pólo de Guimarães da Universidade do Minho. Há 6 anos que competimos e temos sido campeãs regionais e nacionais”, conta Ana Oliveira . A s i r m ã s t r e i n a m d i a r i a m e n t e e m c a s a e n a Ac a d e m i a A r t e N o b r e e m Guimarães. Para estarem no mais alto nível, deslocam-se com regularidade a S. Torcato e à Lixa , onde existem melhores condições. O talento da atleta sénior já a fez arriscar um pouco mais na modali dade. Dentro do universo do kickboxing , Ana Oliveira pratica low-kick onde o tão temido KO pode acontecer. “ É p e r m i t i d o b a t e r n a a d v e r s á r i a co m t o d a a p o t ê n c i a m a s s e m j o e lhadas e cotoveladas. Em tempos de competição, chego a casa dos t r e i n o s co m u m a o u o u t ra n e g ra . I ro n i c a m e n t e , d e i x a - m e o r g u l h o s a porque sei que as pisaduras foram feitas por homens com mais idade e p e s o q u e e u e m e s m o a s s i m a c a b o p o r t r e i n a r d e i g u a l p a ra i g u a l ” , refere Ana Oliveira . O RL foi recebido em casa das atletas e toda a família participou na co n v e r s a . O p a i , D o m i n g o s , v i v e i n t e n s a m e n t e a v i d a d e s p o r t i va d a s f i l h a s e e s t a s vê e m n e l e u m a fo n t e d e i n s p i ra ç ã o . “ H á u n s a n o s v i u m homem a bater numa rapariga . A imagem f icou-me e sempre disse que, se viesse a ter f ilhas, iria arranjar formas delas aprenderem a defender-se desde cedo. Assim foi, procurei logo que andassem em artes marciais. N a a l t u ra , r e b e n t o u a b o m b a c á e m c a s a , a m i n h a m u l h e r s ó p e n s ava nas negras que as miúdas viessem a ter ”, conta o pai. A mãe continua com grandes preocupações mas já se rendeu à modali dade. Fã incondicional das f ilhas, é ela quem menos se conforma com a i n ju s ti ç a q ue r ece nt e me n t e a co n te ceu com a m a is ve l ha . D e po i s d a conquista do título nacional, uma campeã que tenha mais de 16 anos sonha com os europeus. Apesar de ser a natural escolha , em 2008 foi a vice-campeã a representar o país na Europa em detrimento da jovem de Mogege. “Há uma grande desorganização na Federação ao ponto de serem permitidas estas injustiças. Já protestei mas ninguém dá resposta”, lamenta a mãe. O desconsolo de falhar os europeus desta forma assume particular relevância para Ana Oliveira porque poderá ter sido a sua última oportunidade. É que, face a uma lesão recentemente detectada num o l h o , q u e a o b r i g a rá a f a z e r u m t ra n s p l a n t e , a c a r r e i ra d a a t l e t a e s t á seriamente comprometida , devendo afastar-se definitivamente da co m p e t i ç ã o . “ C u s t a m u i t o . N ã o é s ó a m o d a l i d a d e e m s i , é t o d o u m e s t i l o d e v i d a q u e s e va i a p r e n d e n d o a a d q u i r i r ” , d i z , e m o c i o n a d a , a atleta sénior que deposita na irmã as esperanças de continuar uma brilhante carreira no kickboxing. L .P.


10 JUNHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

DUAS FESTAS NUMA NOITE Numa noite apenas, 18 de Junho, lado a lado, Joane acolheu duas iniciativas: a noitada de Santo António, no Largo 3 de Julho e, a escassos metros, no Parque da Ribeira, o primeiro Festival For-

mação, Arte e Cultura, organizado pelo Centro de Novas Oportunidades da Escola Secundária. O director da escola alega que não foi informado da festa de Santo António, mas o pároco lembra que os festejos ficam marcados de ano

para ano. “Não havia necessidade de duas festas no mesmo dia. A festa de Santo António fica sempre marcada de um ano para o outro e ocorre sempre no fim-de-semana a seguir ao feriado. Todos o sabem”, diz o sacerdote.

A pintura de Marco Luís Pereira

C

om 21 anos, Marco Oliveira, de Airão S. João, já vende e expõe as suas pinturas. “Pinto imagens que me surgem, estados de espírito que tenho”, define-se o artista. Utiliza sobretudo acrílico embora também recorra a colagens, sprays e tinta plástica. Demora cerca de um mês a pintar uma tela: tudo depende da inspiração. “Um trabalho abstracto demora sempre menos. Se estiver com uma obra em progresso pinto uma, duas horas por dia. É difícil parar enquanto não pomos na tela o que queremos”, narra o jovem pintor. Marco Oliveira tem mostrado com regularidade os seus trabalhos em cafés e lojas comerciais. Até final do ano quer fazer uma exposição. Profissionalmente, trabalha como comercial e sabe bem que será difícil viver só da pintura. Passo a passo vai singrando na arte, mostrando o seu trabalho a fundações e museus que lhe reconhecem o valor. “Não há apoios governamentais para jovens pintores. Estamos sempre dependentes dos convites”, lamenta. “A inspiração é essencial para pintar. É importante ter imagem do que se quer na cabeça para a passar para a tela. Salvador Dali é um dos expoentes máximos da pintura. Consegue criar cenários que fascinam. O abstracto associo sempre ao pintor Jackson Pollock”. Os interessados em conhecer a obra de Marco Oliveira devem contactar com o próprio através do telemóvel 917 778 266.

O S. João do senhor João João Mendes, dono de um café de Ronfe, organiza por sua conta as festas de S. João. Este ano com direito a estrela musical: Quim Barreiros


REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 11

PARQUE DE LAZER EM OLEIROS À falta de praia, a população da freguesia de Oleiros, e das vizinhanças, delicia-se no parque de lazer e de merendas. Inaugurado a 12 de Junho, tem registado enchentes ao fim-desemana. O parque, com 850 m2, tem

sete mesas para piqueniques, baloiços e um riacho, além de uma área para jogos tradicionais. A Junta espera agora chegar a acordo com os proprietários dos terrenos para alargar o parque. Presente na inauguração, Domingos Bragança, vereador da Câmara de

T

Guimarães, mostrou-se surpreendido. “Nunca pensei que se pudesse fazer uma coisa destas em pouco terreno. É pequeno mas arranjadinho”, disse. O parque custou 20 mil euros. A Câmara vimaranense vai ajudar a pagar a obra com quatro mil euros.

em o mesmo nome que o santo e a tradição começa precisamente por essa coincidência, aliada ao gosto pela música popular portuguesa. Há 9 anos que João Mendes, proprietário do Café do Alto, no Alto de Suzende, em Ronfe, organiza por sua conta as festas de S. João da freguesia. Este ano elevou a fasquia e trouxe o conhecido Quim Barreiros. Sete mil pessoas festejaram na noitada de 23 para 24 Julho. No final, a conta foi paga por João Mendes. “No início fazíamos umas cascatas de S. João e trazia umas bandazitas. O povo começou a aderir e eu comecei a investir mais um bocadi to. Não tenho apoios financeiros de nenhuma instituição porque também nunca os pedi. Todos os meus clientes arregaçam as mangas e ajudam, uns a fazer a cascata, outros tratam da iluminação e outros do asseamento”. Não lhe fica barata a festa mas nada paga a alegria que João Mendes transporta nesses dias. Este ano, os dois dias ficaram-lhe por 12 mil euros. Mais de metade levou o artista. E a multidão que esteve no recinto do café nessa noite não compensou o investimento. “Entre comes e bebes ganhámos mais do que aquilo que eu contava mas, mesmo assim, longe de dar para pagar a festa. A maior parte das pessoas nunca tomaram sequer um café no meu estabelecimento mas esse também não era um requi sito, tive gosto em receber todos”, assegura. Nem só de música se faz a festa do João ao João, o santo. Não dispensa a procissão com o santo e mar-

chantes devidamente trajados. No local, que engloba o espaço do café e o terreno/ campo de futebol em terra batida, anexado ao Café do Alto e do qual João Mendes é igualmente proprietário, é feito um tapete em flores, como nas procissões religiosas, por onde passa o andor. No dia seguinte, houve ainda a actuação de dois ranchos folclóricos. “Preparámos tudo um mês antes e montámos a festa numa semana. É uma festa popular mas não pretendo competir com as festas de S. Tiago, embora me tenham dito que, este ano, esta seria melhor do que a festa da freguesia”. Dois dias depois da actuação em Ronfe, Quim Barre iros ac t u o u na vizinha vil a d e Brit o nas festas em honra ao mesmo santo. Quando João Mendes contratou o artista, sabia disso e manteve segredo de todos os clientes sobre a contratação do artista. “O Quim tinha-me avisado que iria actuar em Brito. Só quis saber da data, se actuasse primeiro em Brito, não o contrataria, assim, veio primeiro a Ronfe para a surpresa de muitos mas não penso que tenha estragado a festa a Brito. Quem gosta de Quim Barreiros, vê-o todos os dias se for preciso”, explica. João Mendes já só pensa na festa do próximo ano e diz que já trabalha para ela. Depois do sucesso da edição deste ano, as expectativas são altas.


PUBLICIDADE


REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 13

LOCALIDADES

V ERM IL | FESTIVA L DE FOLCLOR E NO DIA 16 DE JUL HO O G r u po Folclórico Danças e C antares de Vermil realiza a 23ª edição do seu fe s t i va l no próximo dia 16 de Julho junto á sede de Junta . C omeça às 21:30 horas e co n t a com a participação de quatro grupos, além do anf itrião: Rancho de Man i q u e do Intendente; C eifeiras da Gafanha da E ncarnação; Lavradeiras e Jovim e R a n c h o de Gens (Gondomar).

VERMOIM • dia da freguesia

Junta apoia idosos doentes Na festa do Dia da Freguesia, Junta lembrou à Câmara necessidades urgentes

Luís Pereira

A

PUBLICIDADE

Junta de Freguesia de Vermoim decidiu cancelar o convívio sénior anual e canalizar o dinheiro gasto com a iniciativa para apoio aos idosos mais carenciados. A informação foi avançada pelo autarca local, Xavier Forte, durante o Dia da Freguesia (26 de Junho). “O dinheiro será canalizado para pagar medica-

mentos e mercearia aos idosos mais necessitados de Vermoim”, justificou Xavier Forte. O autarca aproveitou a presença de Leonel Rocha, vereador da Câmara de Famalicão, para lembrar necessidades antigas, como a conclusão da rede de água e saneamento, as obras no cemitério e o acesso ao pavilhão desportivo. No rol das urgências, destacou um novo arranjo urbanístico no adro, as rotundas na

EN 206 e um parque de lazer. “Sabemos que a Câmara sabe gerir bem os dinheiros e não pode esquecer que o tempo de dificuldades é também o tempo de oportunidades”, disse. Leonel Rocha acabou por não se comprometer na realização das necessidades e preferiu assegurar que o município está atento. “Estou a transpirar muito e não é só do calor que está na sala. Não sei como havemos de dar resposta a tudo quanto disse”, gracejou o vereador. Xavier Forte disse que Vermoim tem de “fazer as pazes consigo própria” e pautou o discurso por críticas ao seu antecessor, Joaquim Almeida. “A freguesia soube crescer e honrar os seus compromissos. A nave que comandamos, quando chegámos estava a precisar de combustível. Hoje Vermoim tem referências que antes não passavam de miragens”, sustentou. No final da cerimónia, a autarquia entregou a chave de ouro da freguesia à Câmara Municipal de Famalicão.

JOANE ATC academia de belas artes A Associação Teatro Construção vai ter uma Academia de Belas Artes. O projecto arranca em Se tembro e pretende juntar of icinas de escultura , pintura , música , dança , poesia , cinema e teatro. “ Vamos procurar ensinar com excelência e qualidade porque entendemos que a arte tem uma função determinante na forma ção e educação das crianças e jovens”, referiu Custódio Oliveira , presidente da ATC . A academia pretende potenciar futuros artistas a partir dos 6 anos de idade (o limite de idade ainda não está def inido) e funcionará em regime pós-escolar, incluindo sábados e férias escolares. A ATC está a def inir o leque de professores para cada área . O preço da inscrição andará à volta dos 30 euros mensais. “E ste tipo de projectos demora a af irmarse e por isso, a única expectati va que temos para já, é arrancar ”, af irma Custódio Oliveira . Entretanto, os 38 peregrinos da ATC já cumpriram a primeira etapa da caminhada a Santiago de Compostela , entre Lourdes e Pamplona .


14 JUNHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

POUSADA | PASSEIO A SAMIL O passeio anual da freguesia de Pousada de Saramagos realiza-se no próximo dia 16 e tem como destino a praia de Sa mil, em Vigo. Os interessados neste passeio-conví vio de verão inscre ver-se na sede da Junta de Freguesia

não tragas a lanterna O desconhecido é assustador. É uma verdade universal. É biológico – já nascemos a ter medo do que não conhecemos. Do que não sabemos. O não saber é infinitamente pior do que saber que as coisas não vão resultar. É por isso que as decisões são tão problemáticas. Se soubéssemos o que ia acontecer, era apenas uma escolha entre bom ou mau, correcto ou incorrecto, fácil ou difícil, simples ou complexo. Mas a verdade é que nunca sabemos. A nossa existência é um tiro no escuro, e nunca sabemos onde vai acertar. Tentar planear a vida é assustadoramente inútil – há demasiadas condicionantes que nunca adivinharemos. E eu nem sequer consigo programar convenientemente as minhas férias de Verão. Nunca tive medo do escuro. A sensação calma do negro que me abraça à noite embala-me. Mas nunca consegui caminhar nele. Tive sempre medo. Medo das sombras, medo dos obstáculos, medo de bater, cair e magoar-me. Até agora, fiz birra. Acendi sempre a luz, iluminei o caminho. Mas nem o mais potente dos holofotes pode iluminar aquele que é o percurso natural dos humanos.

Num certo ponto da nossa vida, simplesmente não fazemos a mais pálida ideia do que vai acontecer a seguir. E, aos 20 anos, isso consegue ser terrivelmente assustador. E então chegamos aquele ponto das nossas vidas em que, simplesmente, caminhamos num arame sem rede. Há a probabilidade de sermos bem sucedidos. Ouvimos palmas, congratulam-nos, dizem-nos que sempre acreditaram em nós: no nosso sucesso, no nosso trabalho, no nosso talento. Mas há a probabilidade de cairmos. O falhanço es-

Aqueles que ficam sempre atrás do pano, a ver o espectáculo da vida dos outros a desenrolar-se sem realmente fazer parte dele, nunca serão mais que audiência, passiva e inerte.

O QUE FAZER COM ESTE PATRIMÓNIO SOLAR DA BREIRA, VERMOIM, séc. XVI

maga-nos, a humilhação pesa-nos. Poucos ficam para nos consolar. Mas é um risco que temos de tomar. Aqueles que ficam sempre atrás do pano, a ver o espectáculo da vida dos outros a desenrolar-se sem realmente fazer parte dele, nunca serão mais que audiência, passiva e inerte. Nunca saberão o que é o sucesso, porque nunca falharam. A luz fundiu. Agora só há escuro. O que vai acontecer, não sei. A única coisa que sei é que não farei parte de uma multidão de espectadores. Estarei no centro da acção. Sorrirei, acenarei. Ficarei nervosa, caminharei no arame e provavelmente falharei. E depois de chorar e maldizer a minha má sorte, voltarei a tentar. Uma vez. Outra vez. Outra vez. Até conseguir acender a luz e tornar-me dona do meu próprio destino. (Por isso, não tragas a lanterna. Consigo ver as sombras no escuro. Se bater e cair, volto a levantar-me. É só até encontrar o interruptor, de qualquer das formas. E eu sei que ele está já aqui. Está já aqui ao pé. É só caminhar mais um pouco. Um pé à frente do outro, lentamente, devagarinho. Estás a vê-lo? Estou quase a agarrá-lo…).

O RL continua a dar destaque ao património existente nas nossas freguesias. Uma forma de dar a conhecer imóveis de interesse. Quem passa na Estrada Nacional 206 (que liga Guimarães e Famalicão), d e p a ra - s e , n a f re g u e s i a d e Ve r m o i m , co m u m a i m p o n e n t e m o ra d i a de tons claros com muitas janelas. Tra t a - s e d o S o l a r d a B re i a , u m a co n s t r u ç ã o co m f i s i o n o m i a n o b re i m p l a n t a d a n u m l o c a l p r i v i l e g i a d o , co m u m a v i s ã o “ a l t i va ” s o b re o vale das Terras de Vermoim. A informação histórica sobre esta Casa não abunda . Crê-se que terá sido, nos seus primórdios, o centro de uma exploração agrícola . O edifício está construído em granito, tem um muro com o com p r i m e n t o d e 1 5 m e t ro s , co m u m f ro n t ã o p re s i d i d o p o r u m b ra s ã o . A f a c h a d a t e m c i n co v ã o s , co n s t i t u í d o s p o r 4 j a n e l a s e u m a p o r t a , t u d o e m fo r m a re c t a n g u l a r, co m o s l i n t é i s m o l d u ra d o s e n fe i t a d o s , cada um por uma vieira . Não existem dados suf icientes para se conhecer a data de construção de raiz deste imóvel digno de realce. Estudiosos do património arquitectónico apontam-lhe elementos (como a cozinha) que pelas s u a s c a ra c t e r í s t i c a s n o s a p o n t a m p a ra o p e r í o d o e n t r e o s s é c u l o s XVI e XVII.


REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 15

por D. VIRINHA

Q U E N TES E BOAS! PRESID ENTE DE J OANE M ETE -SE COM OS MOSQUI TOS D E SANTA M ARI A! Eu não sei que mal é que os meus compatriotas mosquitos f izeram ao sr. Presidente da Junta de Jo ane, Sá Machado, para merecerem tanta desconsideração da sua parte! De veras ofendido f iquei quando sobre voava a As sembleia de Freguesia de Joane e ouvi-o referir-se à praia f luvial de Airão Santa M aria , respondendo ao líder da JSD Luís Fernandes que queria na sua terra uma igual, dizendo que a praia não é dig na desse nome porque não passa de uma “poceca cheia de mosquitos”. Olhe que nós não fazemos mal a ninguém e até so mos limpinhos, caro Ivo! A FUGA QUE PREOCU PA J OSÉ M ACHADO O ex-presidente do PSD de Joane, José M achado, anda empenhado em saber quem zumbiu a este mosquito sobre as criticas que fez no último plenário do partido e que aqui demos conta o mês passado. Entre telefonemas e conversas de corte de cabelo, são muitas as pessoas que estão sob o olhar de suspeita do também ex-director das piscinas da vila . Pa ra o a judar a eliminar hipóteses, as seguro-lhe que anda “ frio”, sr. Machado!

CARTAS ABERTAS

SOBRARAM C A D EIR A S N O ANI VERSÁRIO DA VILA

ATENDA O TELEMÓV EL , PRE SIDENTE ! Hoje poucos comuns mortais vivem sem telemóvel mas há quem ainda não tenha compreendido bem a funcionalidade prática destes equi pamentos ou, pelo menos, a tenha desaprendido. É o caso do autarca de Ronfe, Daniel Rodrigues, que desde há uns meses que tem como prática não atender telefonemas, pelo menos alguns deles. Faça lá uma pausa nos seus afazeres partidários e causídicos e atenda esse telemóvel!

Comendador APARECIdo

EXMO. SR. PRESIDENTE DA JUNTA DE JOANe Meu caro e douto amigo. Permita-me que partilhe com Vocelência a pueril preocupação (pueril mas muito madura, note-se) que me chegou de uma criancinha que se me dirigiu por carta. Os hábitos - é da cartilha - vão mudando, e ainda bem, embora ainda persistam cer tas práticas trogloditas, como o de aman dar umas escarretas para o chão. De vez em quando lá se ouve aquele barulho hor rível, rrrrrrrrrrrrrrrr, vindo lá das pro fundas da garganta, e depois uma substância esverdeada que voa até ao chão. Tão grave como isso é essoutro hábito de fazer da rua um caixote de lixo. Emba lagens de bebidas, papéis, tudo no chão. Mas, caro autarca, se este é um hábito que pode ser corrigido com certo civismo jun to dos que ainda acham perfeitamente normal atirar da janela dos carros a co riscazinha do cigarro, apesar de todos os bólides virem equipados com o respectivo cinzeiro, merece igualmente reparo a i ne ficácia das ent idades públicas, no cas o a Junta e a Câmara de Famalicão, que não cuidam de disseminar os devidos equipa mentos, como papeleiras.

É uma sessão de cinema para intelectuais? Um leilão de oferendas de uma festa popular? Ou a sala de espera ao ar livre de um posto médico? Não, nada disso. É apenas a “plateia” da sessão solene das comemorações dos 25 anos da ele vação de Joane a Vila . Vieram os “políticos” e alguns mirones; os joanenses, mesmo os que criticam tudo e todos, continuam afastados da vivência cí vica da sua terra .

Recebi há dias uma carta de uma petiz da escola de Montelhão, em Joane, merecedora de todos os encómios, e cujo conte údo gostaria de partilhar com o prezado amigo. Sei que tal como o velho autor destas cartas, também o caro autarca parti lha da máxima de que as crianças são o sol da vida. Na rua Cristo Rei, que liga o salão paro quial, o centro social e o seu infantário e ATL às escolas primárias, isto é, arru amento mui frequentado por criançada e outras pessoas, não existe uma única papeleira. Se a criança que circula em fila indiana da escola ao ATL quer desfazer-se de forma civilizada do caroço do ameixo ou da casca da banana ou da perniciosa chiclete, não vislumbra no trajecto um simples caixote de lixo! Para podermos assacar responsabilida des a quem tem estes hábitos, é preciso não dar o flanco. E uma ou duas papelei ras ou caixotes de lixo não custam assim tanto dinheiro! Aceite os melhores cumprimentos deste que se assina Comendador Aparecido.

SIGA-NOS! JÁ SOMOS 3700! OPINIÕE S DOS LEITORES VI A FACEB OOK Os 25 anos da elevação de Joane a Vila foi o assunto mais comentado (veja pag. 3). M a s o s co m e n t á r i o s n ã o s e f i c a ra m p o r este tema . Manuel Cunha Joane e os joanenses expiam por demais o pecado de terem votado Armindo Costa e Sá Machado. Teresa Guerreiro Considero-me apartidária e não sou defensora de políticos. No entanto, considero que o Sá Machado já deu provas em Joane. Se assim não fosse como estaria no cargo estes anos todos?! Serão os joanenses um bando de iletrados que não sabem o que fazem? Joane e s t á a s e r p r e j u d i c a d o e m vá r i o s a s p e c t o s p e l a s g u e r r i l h a s co m a C a m â ra l a ra n j a q u e quer mostrar poder... Nada mais! Amélia Martins Teresa , há situações concretas em Joane que provam, infelizmente, muita negligência da parte do Sá Machado. Uma delas, bastante signif icativa , é a falta da Casa Mortuária . Isabel Santos Boa iniciativa do Repórter Local em dar a conhecer os talentos locais. Parabéns. Continuem. Bento Machado Reabertura da piscina de Airão S. João. Parabéns para esta gente que está fazendo co i s a s p e l a n o s s a t e r ra co m o n i n g u é m fe z . Fico contentíssimo com isso.


16 JUNHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

OPINIÃO Os artigos de Opinião são da responsabilidade dos seus autores

Luís Santos

Membro da Junta de Freguesia de Joane | PS

Vinte e cinco anos de reivindicações Passaram 25 anos desde que Joane foi elevada à categoria de Vila. Muito há a mudar no sistema administrativo do território Português. Recentes determinações da “trói ka” anunciam a possibilidade de se extinguirem ou fundirem algumas freguesias e concelhos. Não sei se será este o caminh o a seguir pelo novo governo, mas algo terá que ser feito. Algumas freguesias, vilas e concelhos precisam de uma reforma es trutural, mas não necessariamente geográfica. Existem assimetrias

injustas para os cidadãos que moram nestas freguesias ou vilas. Tomemos como exemplo a nossa Vila, Joane. Estaremos por esta altura com 8.000 ou 9.000 habitantes. Brevemente irão ser divulgados os dados do Censos 2011. Em Portugal há vários con celhos com menos habitantes que a Vila de Joane. Isto só por si, não representa mal nenhum. A questão prende-se com a distribuição de verbas que possibilitam formular o orçamento anual para cada uma delas. >>

Miguel Azevedo

Membro da Comissão Política do Núcleo de Joane do PSD

Um conselho para Joane Há dias veio publicado no Jornal de Noticias que Joane reclama a independência. Segundo a notícia, o presidente da Junta, descontente com a falta de protocolos, acusa a Câmara Municipal de discriminação e diz-se preparado para “reclamar a independência administrativa da vila”. Vejamos. A Câmara Municipal tem duas formas de fazer investimento na f re g u e s i a . Po r p ro t o c o l o s , d e legando na Junta de Freguesia a obra, ou investindo directamente. A Câmara optou pelo investimento directo e em 2010 investiu em Jo ane cerca de 170.000€. Em 2011 o investimento já vai em 336.000€. Não tem razão o presidente da junta para se queixar de discriminação e só se entende a queixa por motivos político-partidários. Relativamente à ameaça velada, não é possível tornar uma freguesia independente sem que se autono mize sob a forma de concelho.

O presidente da Junta sabe disso e muito mais. Também sabe que para que tal aconteça é determinante a vontade dos Joanenses, que tem que ser expressa através dos órgãos autárquicos representativos e que estes têm que ser consultados nos termos da lei. Sá Machado sabe que não poderá ser criado um concelho porque, entre outros factores determinantes, Joane não tem eleitores suficientes, não tem área mínima e faltam infra-estruturas mínimas, como por exemplo, instalações de hotelaria e corporação de bombeiros. Em lugar algum da lei está prevista a criação de um concelho no caso de um presidente de Junta estar descontente com o município. O senhor presidente da Junta sabe disto tudo mas insiste em atirar areia para os olhos dos Joanenses. >>


REPÓRTER LOCAL • JUNHO DE 2011 • 17

os dejectos dos cães | Mário MArtins (O povo famalicense)

OPINIÃO

“ O s cães continuam a fazer as suas necessidades nas zonas relvadas e a jardinadas da Cidade de Famalicão e os s e u s donos “estão-se marimbando” para o de ver cívico e educacional da recolha dos dejectos caninos, para o seu e n s acamento e para a sua colocação no recipiente a esse f im destinado”.

opinião Os joanenses são pessoas informadas, exigentes, gostam da sua terra e de a ver crescer harmoniosamente. Não gostam de quem não respeita Joane e a sua grandeza.

Sérgio Cortinhas Professor.

É injusto que Joane e outras terras como Joane, dependam das graças e da boa vontade do município e do seu presidente, para poderem ter melhoramentos nas ruas, equipamentos sociais ou novos parques e jardins. As freguesias devem ser tratadas por igual, tendo em consideração a sua dimensão geográfica e populacional. Não podem estar à mercê do poder discricionário de uma Câmara, seja ela qual for. Mas 25 anos são sempre motivo de orgulho. Joane passou por fortes transformaçõe s. A re de viária te ve um desenvolvimento assinalável. Os caminhos em terra quase que desapareceram e novas vias foram abertas, criando uma nova centralidade. Joane tem hoje boas ofertas na creche, pré-primário, ATL, ensino primário, preparatório e secundário. Paralelamente foram sendo criados centros de estudo e ATL que preenchem os horários extra

escolar. O comércio e serviços estão bem implantados. A feira semanal continua a ser um ponto de referência na região. Ganhou mesmo nova dinâmica com a criação do novo espaço e reorganização dos feirantes. A força de uma terra vê-se também pelo movimento associativo, e este continua forte em Joane. Associações desportivas e culturais, ranchos folclóricos, movimento escutista, festas a santos populares, atletismo, BTT…Joane continua vivo e em actividade constante. Mas muito há para fazer. Os projectos são muitos e as reivindicações irão prosseguir. Joane é uma referência no concelho de Famalicão, tem uma imp ortância e identidade próprias, e merece ser tratado com tal. Os joanenses são pessoas informadas, exigentes, gostam da sua terra e de a ver crescer harmoniosamente. Não gostam de quem não respeita Joane e a sua grandeza.

A Junta de Freguesia tudo tem feito para que as relações com o município se desenvolvam sem o absoluto respeito institucional que é devido às duas entidades, com prejuízo óbvio para Joane. É caso para perguntar para que serve a Junta de Joane senão para passar atestados? Curiosamente diz-se preparado para reclamar a independência mas não para reclamar um concelho. Não se percebe. Se a ideia é criar notícias para aparecer, conseguiu. Reiv indicar independência alegan do discriminação relativamente a outras freguesias é no mínimo ridículo e revela, entre outras coisas, falta de solidariedade geográfica. Imagine-se que, por exemplo, a população do lugar de Labruge se sente discriminada pela Junta e se p re p a ra p a ra “ re qu e re r a i n d e p e n dência administrativa”. Ridículo. Sá Machado tenta impor-se dentro do PS, entreter os Famalicenses e brinca com coisas sérias. Mas em matéria de discriminação esta Junta não tem autoridade moral para falar. Ainda há pouco tempo a Associação Teatro Construção (ATC) acusava a Junta de Freguesia de Joane de ter uma atitude discriminatória para com aquela instituição. Mais recentemente foram os escu-

teiros a denunciarem tratamento censurável. Enfim, a Junta de Freguesia tudo tem feito para que as relações com o município se desenvolvam sem o absoluto respeito institucional que é devido às duas entidades, com prejuízo óbvio para Joane. Com este comportamento é caso para perguntar para que serve a Jun ta de Freguesia de Joane senão para passar atestados? Numa altura em que Joane comemora as bodas de prata das comemorações da elevação a Vila, falta-nos um executivo capaz de proporcionar à freguesia as condições que a popu lação merece e que após 25 anos de vila já deviam existir. Destes 25 anos quase todos foram da responsabilidade do actual pre sidente da Junta. Cada um que retire as suas ilações mas as conclusões são óbvias - a Jun ta socialista de Joane tem sido um entrave ao desenvolvimento da vila. Um conselho para Joane: substituam a Junta.

Sócrates, a Filosofia e o País! 1. A notícia de que Sócrates vai estudar Filosofia para Paris durante um ano surpreendeu muitos e surpreendeu-me também a mim. Mas foi uma boa notícia. Considero que muitos outros políticos lhe deveriam seguir o exemplo. Como profissional de uma das áreas de conhecimento mais antigas na história da humanidade reconheço que, quer a nível pessoal quer a nível da organização social e política muito teríamos a ganhar se houvesse uma aposta alargada e melhor estruturada na formação filosófica no nosso sistema de ensino. Somos, diz-se, um povo de brandos costumes e isso é bom, mas também somos um povo acrítico e isso é mau. Somos um povo pouco autêntico, um povo que valoriza mais o “ter” do que o “ser”, que pensa pouco. Formamos muitos jovens que dominam habilmente as novas tecnologias mas são incapazes de formular e expressar um raciocínio crítico devidamente estruturado sobre o melhor ou o pior sistema económico ou político ou sobre os fundamentos de uma decisão política, empresarial ou pessoal. É a geração do “Porque sim!”, educada por outras gerações que não tiveram a oportunidade de aprender filosofia ou que viveram amordaçadas sob o signo do medo. Ora a formação filosófica pode dar um importante contributo para a mudança. Porque em filosofia aprende-se que não há teorias filosóficas, económicas, políticas ou científicas absolutamente certas ou erradas e que, por isso, o importante é procurar boas razões/argumentos apoiados no conhecimento adequado dos problemas e no testemunho dos grandes pensadores para aceitar ou recusar determinadas teorias. Em Filosofia aprende-se que uma vida autêntica e com sentido exige uma tomada de posição esclarecida e apoiada em bons argumentos. Aprende-se que a verdade é uma meta inalcançável e que, por isso, teremos que ser permanentemente críticos e curiosos. Em filosofia pergunta-se mais do que se responde, aprende-se a encarar a dúvida não como uma atitude de fraqueza mas um sinal de sabedoria. E já agora, em filosofia, entre outras coisas, aprende-se que todos os homens são iguais, que o homem é um fim em si mesmo e não um meio e que a dignidade humana é um carácter essencial e intrínseco a qualquer ser humano. Ora, se quem nos governa e quem elege quem nos governa pensasse assim, o mundo e o país estariam bem melhores. José Saramago numa entrevista concedida ao Expresso, dizia, com alguma autoridade que “na sociedade actual nos falta filosofia. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar e parece-me que sem ideias não vamos a parte nenhuma.” E não vamos mesmo, digo eu. 2. Muita gente da direita e alguma da esquerda deposita confiança no Governo que acaba de ser empossado. Espero que seja capaz de levantar o país e de contribuir para que os portugueses tenham uma vida melhor no futuro. Para isso também conto com uma oposição de esquerda responsável e promotora da mudança. Embora estranhando o apoio quase massivo do aparelho socialista, vejo em António José Seguro um futuro líder do PS que pode trazer sangue novo e mudanças importantes no PS, no sistema político português e consequentemente no exercício de cidadania política. 3. O Largo da Feira em Joane está arranjado mas não tem vida. Não atrai gente e, como tal, o arranjo não beneficiou, até ao momento, os comerciantes do centro da vila. Espera-se imaginação e criatividade para dar a volta a esta situação.


18 JUNHO DE 2011 • REPÓRTER LOCAL

RONFE | CONCURSO PECUÁRIO COM CHEGA DE bois e CARNEIROS

OPINIÃO

A 19.ª edição do C oncurso Pecuário de Raças Autóctones da Associação de Agricultores de Ronfe realiza-se a 31 de Julho, junto à escola Abel Salazar. O desf ile dos animais, que parte da C asa do Povo, e o concurso pecuário constituem os pontos altos. Da parte da tarde, a organização repete a chega de carneiros e a chega de bois. O concurso Pecuário foi já premiado 4 vezes consecutivas como o melhor concurso da região.

Trabalhadores Cristãos em Bodas de Diamante Fernando Castro Martins

fernando.castro.martins@hotmail.com

PUBLICIDADE

A LOC - Liga Operária Católica, também designada Movimento de Trabalhadores Cristãos está a comemorar 75 anos de vida e também de presença muito empe nhada e notada na nossa região. As freguesias de Joane, Ronfe, Airão Santa Maria, Mogege, Castelões, Brito e Vermoim, entre outras, habituaram-se a respeitar e a reconhecer a cidadania activa, embora discreta, das e dos militantes desta organização eclesial, sempre comprometidos a seu modo com as organizações promotoras da dignificação da pessoa humana (sindicatos, autarquias, associações de cultura), isto para lá da própria produção cultural e espiritual com a marca locista em inúmeras atividades de formação que levam a cabo. Esta nossa região contribuiu,

também, ao longo desta história de sete décadas e meia com dirigentes para os mais altos níveis da direcção da LOC/MTC nos planos diocesano, nacional, europeu e também internacional, sendo que esta singular instituição da Igreja e do mundo do trabalho está pre sente em muitas dezenas de países de todos os Continentes. Dispenso-me de nomear as pessoas que nesta região mais se destacaram ao longo dos tempos na edificação desta extraordinária construção de pedras tão vivas quanto invisíveis para olhos pouco despertos, até porque o espaço é curto. Mas devo registar aqui o nome desse operário-mor, que geralmente não sobe aos andaimes da visibilidade (porque o movimento é de leigos!), mas trabalha em permanência na sua base apontando sempre para a verticalidade e as alturas. Estou a fala r da figura do padre Avelino Cardoso, nado e criado em Ronfe e sempre abraçando a nossa região,

mesmo quando exerceu o seu mi nistério na França e na Inglaterra. O Movimento LOC/MTC nasceu em 1936 sob a orientação de um outro sacerdote, o padre-sociólogo Abel Varzim, natural de Cristelo, Barcelos, com formação superior na universidade de Lovaina (Bél g i c a ) e c o m u m va s t í s s i mo c u rrículo, onde se inclui o exercício de deputado da nação, professor, editor, cooperativista, fundador de associações de promoção humana, ligadas ou não à LOC/MTC. Abel Varzim vai estar muito pre sente nas comemorações dos 75 anos do movimento, não só por ser o fundador do mesmo – diríamos antes co-fundador, uma vez que a LOC/MTC foi gerada “entre os trabalhadores, por eles e para eles” -, mas, também, porque aquele eclesiástico tem uma vasta e impressionante obra publicada, ain da muito actual e também fecunda para os actuais dias da Igreja e do mundo do trabalho. Aconselho a todos as obras e os testemunhos

de vida desta magistral figura da Igreja, da cultura e da sociologia operária. As comemorações estão muito para além de qualquer conjunto de eventos saudosistas, antes pretendem reviver o caminho já feito para continuar a marcha his tórica desta parcela das mulheres e homens simples em busca da sua emancipação e salvação, sempre orientados superiormente por esse inestimável património imaterial que é o Ensino Social da Igreja. Por isso é que as mesmas celebrações se subordinam ao dístico: “Com a Audácia do Passado, Recriar a Humanização do Trabalho” Na nossa diocese houve já uma actividade no salão paroquial de S. Martinho de Candoso, no dia 3 de Julho. As comemorações por cul minam a 27 de Novembro no Porto, em encontro de nível nacional e com programa ainda em estudo. Se deseja colaborar ou participar pode crer que o seu contributo é bem-vindo e necessário.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.