ResVISTA 9

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Revista bimestral | nº 9 | ABRIL 2015 | https://www.facebook.com/resvistaonline

Alzheimer e alimentação

pág’s 6-7

Importância da memória

pág 8

Envelhecer e reabilitar

pág’s 10/11

Toque do bebé

pág’s 12/13

pág 25

"A vida é a memória do povo, a consciência coletiva da continuidade histórica, a maneira de pensar e de viver." Milan Kundera

direitos reservados

Pedro Chagas Freitas

25 de abril... 25 de abril... 41 anos

2541deanos abril... sobre 41 anos a revolução Outros mundos... Viagens ao património severense

Conhecer Marrocos

pág’s 18-19

Combustíveis simples

pág’s 20-22

pág’s 16-17

Surge a ambição de materializar um espaço comum de leitura, aprendizagem, enriquecimento e saber. Um sítio físico que espelhe em palavras e ideias o panorama atual e as preocupações que o acompanham, apontando possíveis caminhos e alternativas. Surge a sua Rés abr./mai. 2015 VISTA...porque o saber é a melhor forma de prevenção, de combate e de ajuda ao próximo. Desfrute, boas leituras! revista | Rés Vista 01


Ajude-nos a quebrar o anonimato, fortaleça a nossa identidade. Damos o nosso rosto pelas pessoas, dê o seu por nós.

Pe. Licínio Manuel Figueiredo Cardoso Presidente da Direção & Diretor Técnico

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www.mariadagloria.org

02 | abr./mai. 2015

NIB 003507770000112943031

revista | Rés Vista design | rui pires da silva


Licínio Cardoso

Diretora científica | Coordenadora

Índice

Diretor executivo

Saúde e Bem-Estar Alzheimer e alimentação

pág. 06

Importância da memória

pág. 08

Envelhecer e reabilitar

pág. 10

Toque do bebé

pág. 12

Bárbara da Silva Costa

Conceção gráfica e design

Gestão Financeira Combustíveis simples

Rui Pires da Silva

Paginação e finalização para online

pág. 16

Outros Mundos... LOST IN Marrocos

pág. 18

Viagens ao património severense

pág. 20

Ana Filipa Soares

Revisão

Aculturar Mª Madalena T. da Silva

Colaboradores:

Ângela Amaral David Nóbrega Dina Marli Nóbrega Diogo Veiga Elsa Nóbrega Feliciano Angélico Joana Coutinho Jorge Freitas Luís Silva Mário Silva Pedro Chagas Freitas

Pedro Chagas Freitas

pág. 25

Fotogaleria

Memórias...o álbum das nossas

pág. 28

expiriências

Propriedade:

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Nota de redação: relativamente ao acordo ortográfico, a Rés Vista respeita a opção dos seus colaboradores

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“O 25 de abril foi, para todos nós, o fim da ditadura. Os heróicos militares que prepararam e executaram a revolta realizaram um acto de libertação de si mesmos, mas consigo mesmos quiseram libertar Portugal inteiro.” Francisco Sá Carneiro

“O que é que ficou da revolução do 25 de abril? Ficou uma grande disponibilidade para as pessoas se organizarem.” Natália Correia

“Não se preocupem com o local onde sepultar o meu corpo. Preocupem-se é com aqueles que querem sepultar o que ajudei a construir.” Salgueiro Maia

“Em cada esquina um amigo. Em cada rosto igualdade. Grândola, vila morena Terra da fraternidade.” Zeca Afonso

25 de abril de 1974 04 | abr./mai. 2015

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Memórias puristas. Pequenas doses de história, de vidas que alimentam o amago da memória. Há sorrisos, estados, momentos, pessoas que se eternizam em recordações singelamente embutidas em baús mentais. Que preciosidade o poder viajar entre elas, recuar no tempo, recuar nos factos. Preservar, manter quase que intacta.

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Saúde e Bem-Estar

Alzheimer e alimentação

David Nóbrega Licenciado em ciências da saúde Faculdade de medicina, U. Coimbra

DR

Quando falamos de Alzheimer, surge outro conceito: demência. E para organizar estes 2 conceitos dizemos que Alzheimer é uma demência, aliás é a mais comum (50%). Por demência entendemos em linhas gerais perda de capacidades cognitivas, no caso particular da doença de Alzheimer perda de memória, alterações da funcionalidade, da personalidade, de forma progressiva. É mais frequente no idoso, mas convém alertar para que não devemos aceitar como normal perda de memória no idoso, nem perda de memória no idoso significa ter a Alzheimer. Significa isso sim a necessidade de avaliação médica. Na base desta patologia estão fenómenos de deposição de substâncias (beta amiloide) a nível neuronal, estando ainda envolvidos fenómenos de inflamação e oxidação, estes últimos não se sabe ainda se são causa ou consequência, mas o resultado final é perda de função neuronal das áreas afetadas, assim como perda de sinapses que leva á perda das capacidades cognitivas já referidas. Nesta altura apraz-me imaginar o que será sentir aquilo que nos define – personalidade – desaparecer lentamente, juntamente com memórias que ao fim ao cabo a suportam. Tanto para o doente como para a família serão situações de complicada gestão emocional. Ainda para mais os tratamentos farmacológicos atuais não conseguem reverter, nem muitas vezes alterar o rumo dos acontecimentos. Por todas estas razões há que apostar na prevenção, mais concretamente, segundo alguns estudos através da alimentação e estilos de vida. Como?

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Saúde e Bem-Estar

1. Diminuir o consumo de gorduras, nomeadamente saturadas, que se encontram num supermercado perto de si, na maior parte das comidas processadas, assim como nas carnes vermelhas e gorduras de origem animal (ex: manteiga)! 2. Aumentar o consumo de vegetais, fruta, leguminosas, frutos secos preferencialmente ricos em vitamina E (ex: couve, maça, amêndoa) e vitamina C (por terem efeitos anti oxidantes e anti-inflamatórios)! 3. Incluir na dieta o consumo regular de ácidos gordos ómega-3: peixe, e frutos secos. Algumas fontes referem mesmo uma redução do risco de desenvolver Alzheimer decresce 60% com o consumo de pelo menos uma refeição contendo peixe por semana. 4. Realizar exercício físico regular, e o controlar os valores lipídicos .

DR

Mais boas notícias? Estas dicas servem não só para ajudar na prevenção do aparecimento de Alzheimer , como para manter a boas funções cognitivas, e prevenir doenças cardiovasculares! Para além disso, os nutrientes importantes referidos obtém-se perfeitamente com a inclusão destes alimentos, sendo considerados mais eficazes em relação a suplementos alimentares.

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Saúde e Bem-Estar

Já pensou na importância da memória? Joana Coutinho Licenciada em enfermagem

E se hoje olhasse para a sua mãe ou o seu filho e simplesmente não os reconhecesse? Se saísse de casa e não soubesse qual o caminho de regresso? Alguma vez se questionou do que seria a sua vida sem as memórias que guarda acerca do seu passado, da sua família, amigos, escolaridade, opções de vida, viagens, fotografias, entre outros? A psicóloga Margaret W. Martin descreveu memória como “o processo de retenção de informações ao longo do tempo” já Spear & Mueller definiram memória da seguinte forma: " É uma representação multi-dimensional de um episódio em um organismo (e não um processo)". Quando me foi proposto escrever este artigo, surgiu-me imediatamente o nome de uma doença diretamente relacionada com a perda de memória, a Doença de Alzheimer e que me é muito familiar, uma vez que lidei muito de perto com a mesma num determinado período da minha vida. A doença de Alzheimer de acordo com o que está descrito no livro Piso 3 Quarto 313 escrito pelo jornalista Fernando Correia e publicado no corrente ano, que desde já aconselho a ler se tiver curiosidade acerca da doença e da forma como um familiar lida com a mesma, foi descoberta em 1907 pelo alemão Alois Alzheimer, afecta cerca de 15 milhões de pessoas em todo o mundo e provoca uma 08 | abr./mai. 2015

deterioração das diversas funções cognitivas. O doente de Alzheirmer ao longo do tempo vai perdendo a memória, concentração, pensamento atualizado, linguagem, noções de alegria ou tristeza entre outras funções. Ler, realizar jogos como o sudoku, jogo das diferenças, sopa de letras, ver filmes, conversar, praticar exercício físico, ter uma alimentação saudável, realizar uma lista para o supermercado, mas tentar não a consultar durante as compras, tentar lembrar-se de nomes, sítios, receitas entre outros por exemplo enquanto toma banho, são alguns exemplos de exercícios/atividades que pode realizar para manter a sua memória ativa. De alguma forma, podemos dizer que nós somos o espelho da nossa memória. Aquilo que vivenciamos, valorizamos ou experimentamos, tem sempre como base aquilo que a nossa memória nos sugere. Se nos preocupamos com pequenas questões relacionadas com a saúde como a obesidade, a tensão arterial, a visão, os problemas cardíacos, etc., porque não também preocuparmo-nos com aquilo que é essencial a tudo o resto, a memória. Não nos devemos esquecer que o cérebro é o órgão mais difícil de estudar e para o qual há mais duvidas e incertezas quanto às suas patologias e possíveis curas. Se assim é, temos que prevenir que determinados problemas surjam, por isso vamos todos trabalhar em prol da nossa memória… revista | Rés Vista


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Saúde e Bem-Estar

Mar de idades: Envelhecer e Reabilitar

Ângela Amaral Mestre em psicologia clínica

Envelhecer: processo desenvolvimental

sempre as suas necessidades, expetativas e idiossincra-

O envelhecimento assume uma visão pluridisciplinar,

sias, pois idosos resilientes tendem a reportar uma me-

encontrando-se associado a um conjunto de alterações

lhor qualidade relacional, integração social e estratégias

biológicas, psicológicas e sociais que ocorrem no decur-

de coping ajustadas.

so da nossa trajetória desenvolvimental, devendo estar centrado nas caraterísticas da pessoa que envelhece e nas medidas preventivas de controlo e redução das perdas.

Ajustamento da população de idade adulta avançada: prevenir e intervir

Assim, o envelhecimento assume-se como um processo

Assim, o processo de envelhecimento deve ser viven-

desenvolvimental que visa o incremento da longevidade,

ciado com a melhor capacidade funcional possível, quer

a promoção da saúde, independência, funcionalidade e

a nível psicológico, físico, social, psicomotor e médico,

nos conduz progressivamente a uma visão teórica e prá-

sendo fulcral ceder enfoque à prevenção da deterioração

tica de um envelhecimento ativo.

das capacidades psicomotoras e cognitivas. O domínio atencional, mnésico, percetivo, emocional

Envelhecimento ativo: mar de idades

deve ser alvo de avaliação, a fim de compreender de que

Ser ativo envolve a estimulação cognitiva, a qualidade

forma as capacidades cognitivas, o comportamento e as

da saúde mental, as competências sociais na interação

estruturas/regiões cerebrais podem estar relacionadas

com os outros, comportamentos múltiplos saudáveis e de

e contribuir para uma maior prevenção e intervenção.

uma autoestima ajustada, desenvolvendo e promovendo

Neste sentido, a plasticidade cognitiva e neuronal assume

fatores protetores face ao isolamento, solidão, violência

particular interesse, podendo o nosso próprio cérebro ser

e psicopatológicas caraterísticas da população adulta de

agente ativo na reabilitação.

idade avançada.

A fim de possibilitar uma maior compreensibilidade

Assim, torna-se pertinente dignificar o envelhecimen-

face ao processo de envelhecimento de uma determinada

to ativo, otimizar oportunidades para a saúde e melhorar

pessoa, importa compreender se este processo é norma-

a qualidade de vida holística de cada pessoa, respeitando

tivo em termos de funcionamento ou se há défices, even-

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DR

tuais lesões e comprometimentos. Caso haja será profícuo intervir o mais precocemente possível, caso não haja será de toda a relevância realizar um trabalho de prevenção cognitiva, acautelando o aparecimento de eventuais défices cognitivos.

Contributos da Psicogerontologia: prevenir é intervir As atividades de estimulação cognitiva visam prevenir e potenciar uma maior independência/autonomia, regulação emocional, socialização e estimulação de atividades psicomotoras, ocupacionais e cognitivas. Concomitantemente, este processo encontra maior eficácia quando há recurso a estratégias comunicacionais e de respeito face às necessidades, dificuldades e expetativas do idoso. O programa de reabilitação deve ser adequado a cada idoso em específico, recorrendo a exercícios que sejam do agrado daquele idoso em particular, através de um vocabulário simples, adequado e de fácil compreensão, fomentar uma aprendizagem sem erro e reajustar, sempre que tal justifique ser necessário, o programa de reabilitação e estimulação. Também o técnico deve adaptar-se a cada idoso, adequando a linguagem usada e motivando constantemente o idoso. Numa linhagem reflexiva poder-se-á, nem que mais não seja metaforicamente, comparar a vida humana a um relógio composto por tempos! Tempos infinitos, tempos de saudade, momentos em que se partilham pensamentos, experiências, afetos e comportamentos, ou seja, momentos em que se comunica, partilhando e consolidando existências, envelhecendo compreensiva e ativamente. abr./mai. 2015

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Saúde e Bem-Estar

toque do bebé O toque no Bebé e a Massagem infantil. O nascimento de um bebé é normalmente motivo de grande alegria, mas ao mesmo tempo de grande incerteza e o despertar de muita ansiedade. O bebé quando nasce vem dotado de capacidades que se vão desenvolvendo ao longo da vida sendo assim, ele vê, ouve, cheira, sente e saboreia. Ao pensarmos nos 5 sentidos damos grande importância à visão e à audição, esquecendo-nos de todos os outros, contudo o bebé quando nasce tem um sistema visual e auditivo ainda pouco preparado para o mundo exterior, no entanto apresenta os sistema táctil, olfativo e gustativo preparados para a sobrevivência. O Tacto assume assim, um papel muito importante no desenvolvimento dos nossos bebés. A criança nos primeiros tempos de vida explora o mundo levando à boca tudo aquilo que a rodeia, é através da pele que se vai processando a aprendizagem. A massagem infantil permite através da utilização das nossas mãos aprofundar o conhecimento entre os pais e o bebé. O toque tem um papel fundamental no desenvolvimento saudável do bebé.

Então, os “Encontros de Massagem Infantil”... o que são? São encontros, habitualmente semanais, em horário pré acordado, onde se encontram mães/casais com o fisioterapeuta e onde se pratica a massagem, debate-se a sua importância, quais os benefícios que daí advêm para os pais e para o bebé, debatem-se vários temas relacionados com o desenvolvimento da criança, importância das rotinas, sono, choro, etc. É um momento em que se esclarecem dúvidas no sentido de facilitar o vínculo entre ambos e se ensina a técnica da massagem ao longo de todo o corpo do bebé. Tudo isto no sentido de potenciar de uma forma saudável através do toque a relação pais-bebé.

Para que servem? Durante estes encontros terá a oportunidade de: • Praticar a massagem no bebé. • Aprender massagem para alívio das cólicas. • Aprender as diferentes posições que pode efetuar a massagem. • Conhecer/perceber melhor os seus filhos. • Identificar as pistas que o bebé dá (para continuar ou parar). • Facilitar a comunicação e o vínculo com o bebé. • Ter um momento relaxante e libertador de ansiedade. • Identificar as etapas de desenvolvimento do seu bebé, permitindo assim saber como e quando estimulá-lo. • Aprender a adaptar o toque às diferentes idades. • Ser orientado na escolha do material e local mais adequados para as várias atividades com o seu bebé, como a muda da fralda, o banho, a amamentação etc. de forma a prevenir as tão inconvenientes dores nas costas.

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Saúde e Bem-Estar

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Quando se devem iniciar os encontros de massagem infantil? Este curso poderá iniciar-se a partir do 1º mês de idade do bebé podendo no entanto ser ministrado em qualquer outra altura preferencialmente até aos 8/9 meses de idade O curso é semanal e tem uma duração de 6 sessões.

Qualquer pessoa pode frequentar? Todo e qualquer casal, só a mãe, ou qualquer outro elemento (amigo ou familiar)poderá frequentar estes encontros, sendo sempre mais vantajoso para quem está mais perto do bebé e por conseguinte poderá fazer-lhe a massagem. Recomenda-se que ambos os progenitores aprendam a massagem, pois este é um momento de conhecimento através do cheiro, do toque, da visão e da audição, entre o bebé e os pais.

Existem contra indicações para a realização da massagem? Normalmente todos os bebés podem participar. Contudo existem algumas situações em que a massagem está contra indicada, como sejam algumas patologias cardíacas, hemofilia, situações de infeção. Nestes casos é importante ter a avaliação do pediatra, além da avaliação do fisioterapeuta. Quando a massagem por qualquer razão está contraindicada, existe sempre a alternativa de colocar as mãos. Este colocar das mãos é importante para confortar, passar sentimentos de amor e segurança. abr./mai. 2015

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Gestão Financeira

e a lei sobre os combustíveis simples? Luís Silva Licenciado em economia

Foi aprovada, no dia 16 de janeiro do corrente ano, a lei que obriga todos os postos de abastecimento a comercializar combustíveis simples. Esta legislação, que está em vigor desde o passado dia 17 de abril, não coloca quaisquer entraves à comercialização de combustíveis aditivados. No entanto, o consumidor tem de ser informado do tipo de aditivos usados. Na altura da publicação desta lei, a opinião pública julgou ser uma boa medida. Os consumidores teriam acesso a combustíveis a preços mais acessíveis e com mais opções de escolha. Contudo, as empresas introduziram este “novo produto” em detrimento de outras ofertas. Enquanto a maioria das empresas mantiveram o segmento “premium” e que, por sua vez, substituíram o dito combustível normal por combustível simples, outras empresas substituíram o combustível “premium ” por combustível simples, mantendo, também, o combustível normal. Quanto ao preço, após a entrada em vigor da nova legislação, a sua queda não foi tão significativa como esperado. Assim sendo, os combustíveis simples não são, portanto, combustíveis “Low Cost”. Os combustíveis “Low Cost”, normalmente praticados pelas grandes superfícies comerciais, estão assentes numa gestão de redução máxima dos custos operacionais. Assim e de acordo com a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas “os postos low-cost dos supermercados não são o negócio nuclear do complexo comercial onde se inserem, funcionando em muitos casos como um gerador de tráfego para a ven-

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da de outros produtos. Não existe, portanto, preocupação com a rentabilidade do posto isoladamente, pois o importante é a rentabilidade consolidada dos vários negócios.” Já em termos de qualidade dos combustíveis as opiniões são divergentes. Quando os combustíveis simples começaram a ter uma quota significativa no mercado, a DECO - Defesa do Consumidor fez um estudo “às cegas” que consistia no percurso diário com quatro viaturas e, cada uma delas, com quatro tipos de gasóleo (2 simples, 1 normal e 1 premium). Terminado o estudo, verificou que, afinal, a acumulação de depósitos e o desgaste do núcleo vi-

tal do motor foi semelhante. Por sua vez, Vítor Machado, Coordenador do Centro de Produtos e Serviços da DECO garante que “não existem diferenças entre os combustíveis a não ser no preço”. A DECO – Defesa do Consumidor considera que “não há nada a temer em relação à qualidade dos combustíveis simples” e que “não existe nenhum indicador que leve a pensar que têm menos qualidade, que podem danificar ou prejudicar o motor nem que são mais poluentes”, considerando que “nessas três vertentes não se verificaram diferenças que justificassem o preço superior que era praticado”. revista | Rés Vista


Gestão Financeira Em matéria ambiental, a Quercus defende que “não existe informação científica suficiente sobre o impacto ambiental da utilização destes combustíveis aditivados, seja para o ar, seja para os solos ou para a água ou mesmo para a saúde”. Mas, segundo Luís Serrano, professor do curso de Engenharia Automóvel no Instituto Politécnico de Leiria, em entrevista ao jornal Público, defende que “os aditivos estão lá por alguma razão. Existem porque são úteis para o motor”. Defende ainda que a “opção por combustíveis simples pode, em alguns casos, acarretar problemas de lubrificação ou aumento de consumo e perda de eficiência do motor. Não tenho problemas mecânicos, mas posso ter de carregar mais no acelerador”, exemplifica. O professor Luís Serrano ressalva, porém, que, quanto à qualidade do combustível, a utilidade dos aditivos varia consoante as viaturas e que são as mais recentes que têm, por sua vez, tendência a ser mais exigentes. O director do curso de Engenharia Mecânica Automóvel no Instituto Superior de Engenharia do Porto, Fernando José Ferreira, assegura que os aditivos têm utilidade. “Os fabricantes não os põem lá à toa”. Mas, de qualquer modo, o benefício que trazem “é discutível” e salienta ainda que “todos os combustíveis que são vendidos são necessariamente bons, porque cumprem requisitos”. Apesar destas opiniões, qualquer combustível cumpre os parâmetros definidos por lei e nenhum fabricante de automóveis menciona na sua literatura que determinado veículo deve ser abastecido com combustível normal ou aditivado. Assim, esta medida apesar de ter sido apresentada como a generalização dos produtos “low cost”, o impacto desta lei é ainda uma incógnita em termos de preço e qualidade.

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Por Jorge Freitas LOST IN Marrocos

LOST IN Marrocos durante 5 dias é um roteiro pequeno que, apesar de não permitir visitar muitos lugares, é suficiente para ficar com uma ideia deste país fascinante. A viagem começa na cidade de Marraquexe, onde vale a pena investir 3 dias. Depois, sugiro uma excursão organizada de 2 dias pelas montanhas do Atlas até ao deserto, para andar de camelo e dormir num acampamento Berber.

Os Souks (zocos) Quando se pensa em Marraquexe a palavra “compras” vem logo ao pensamento. Pois bem, realmente esta cidade é um mercado a céu aberto. Aquela ideia de cores intensas, cheiros fortes e grande azáfama comercial define os souks. Um misto de oportunidade de negócio fácil para os marroquinos com um desejo desenfreado de comprar pechinchas por parte dos turistas fazem com que Marraquexe não se livre da fama de ser dos mercados mais concorridos do norte de África. O comércio é bem agressivo; basta o vulgo turista olhar ou tocar em algo exposto que o marroquino avança logo com um preço (quase sempre alto) na tentativa de fazer o melhor negócio. Aqui entra a arte de “marralhar” preços! Quem mais discute melhor negócio faz! É mesmo este o espírito do comércio dos souks marroquinos. Os produtos são mais que muitos mas o grande destaque são as especiarias, os incensos, os chás, os produtos de cosmética (óleo de argão!), os tapetes, as peças em couro e os artigos de iluminação. Vai ser difícil escolher! Os souks têm uma estrutura bastante labiríntica e, para ajudar, as poucas ruas identificadas com nome estão em árabe. Pedir ajuda a algum local para encontrar o caminho pode ser perigoso (falo por experiência própria!) e não dispensa o pagamento final de alguns dirahms. Aliás, toda e qualquer simpatia por parte do povo marroquino costuma ter como propósito alguns dirahms! Acima de tudo está o negócio! Existe uma zona central, a praça Jemaa el-Fna (Património Mundial da UNESCO), também comercial e rodeada de pequenos restaurantes típicos, onde podem ser encontrados os conhecidíssimos encantadores de serpentes. As cobras estão mesmo a solta e, para susto de quem não gosta desses répteis, por vezes eles vem coloca-las no pescoço dos turistas e só as tiram quando sacam uma nota! Bonito de ver… de longe! Com o cair da noite, a praça de Jemaa el-Fna ganha novas cores porque os comércios ficam abertos até bem tarde!

A Koutoubia A Koutoubia é a maior mesquita da cidade de Marraquexe e um dos seus monumentos mais representativos, sendo também o edifício mais alto (a torre alcança os 69 metros de altura e 12,8 de largura). Situa-se junto à praça Jemaa el-Fna e serviu de modelo para as mesquitas de Rabat e Sevilha. O nome deriva do árabe al-Koutoubiyyin, que significa bibliotecário, pois a mesquita costumava estar rodeada por vendedores de manuscritos. Hoje em dia está rodeada de jardins onde alguns artesãos vendem trabalhos em couro, estatuetas, pinturas e adereços de bijuteria.

Jardim de Majorelle O Jardim de Majorelle é um dos lugares mais visitados em Marrocos e foi, também, o meu lugar de eleição nesta viagem. A sua construção, a cargo do pintor francês Jacques Majorelle, demorou 40 anos e é um autêntico oásis no coração da cidade vermelha. Foi adquirido por Yves Saint Laurent, em 1980, e posteriormente oferecido à cidade de Marraquexe. Depois da morte de YSL, em 2008, as suas cinzas foram espalhadas pelo jardim. O complexo é formado por uma casa em estilo Art Déco com influência árabe e uma série de fontes e jardins. O que mais chama a atenção são as cores, sendo o azul, de tonalidade forte e pouco habitual, o mais caraterístico

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conhecer Marrocos – azul de Majorelle. São mais de 300 espécies de plantas dos cinco continentes, havendo uma zona com cactos de todo o mundo, vários tipos de palmeiras, nenúfares, lótus, bambus… um verdadeiro paraíso! Este jardim alberga o Museu de Arte Islâmica de Marraquexe, com cerca de 600 artefatos e jóias da cultura Berber. Existe, ainda, a galeria “Love”, com obras da autoria de YSL.

Jardins de Menara

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A Menara, um vasto jardim, com oliveiras centenárias, irrigado por um enorme lago, onde se encontra um elegante pavilhão construído, em 1870, pelos Saadianos. Os jardins de Menara, com as montanhas do Atlas como pano de fundo, são uma das imagens postal da cidade.

Montanhas do Atlas Uma visita a Marrocos não dispensa uma passagem pelas Montanhas do Atlas. Estas montanhas atingem mais de 4 mil metros de altitude – o ponto mais alto tem 4164 metros, o pico Jbel Toubkal, no sul do país. O território estende-se, também, por terras argelinas e tunisinas. Para quem está em Marraquexe, uma das coisas mais impressionantes é o contraste de estar com um calor infernal na cidade e ver, ao longe, os picos das montanhas do Atlas cobertos de neve.

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Ouarzazate e Aït-Ben-Haddou Depois de umas 4h de viagem, já na descida do Atlas e marcando o início do deserto do Saara, entra-se numa região conhecida pelo grande número de produções cinematográficas. Ouarzazate e arredores é um dos locais de Marrocos mais usados como cenário por realizadores de cinema de todo o mundo. Além das paisagens únicas, a qualidade da luz (com um sol brilhante pelos menos durante 300 dias por ano) é outro dos grandes atrativos da área. Nos anos 60, Ouarzazate começou a ser um lugar de rodagem de filmes históricos, entre os quais o célebre “Lawrence da Arábia” (1962), filmado em Aït-Ben-Haddou, uma pequena aldeia classificada como Património Mundial da UNESCO, em 1987.

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Deserto de Zagora Tendo chegado a Zagora, a aventura de “van” terminava para dar início a uma viagem de quase 3h de camelo. Deixando a cidade para trás e o sol cada vez mais longe, era hora de caminhar para Este em direção ao deserto, enquanto se contemplava o pôr-do-sol que ficava nas nossas costas. Para quem gosta de ver o sol em “slow motion” enquanto se esconde, o deserto acresce uma beleza especial. O “skyline” é dominado pelas dunas e palmeiras escuras em contraste com os tons de amarelo-alaranjado. Chegados ao acampamento no meio do deserto de Zagora (já pertencente ao Saara), fomos recebidos por habitantes locais com um “marrocan tea” e um fantástico “tagine de frango” (na verdade só era fantástico porque estava cheio de fome!). A música tradicional acompanhou todo o convívio. O entusiasmo por estar no meio do nada e longe de tudo não me deixava ir dormir. A sensação de liberdade e plenitude invade quem se aventura a dormir no deserto (pelo menos foi isso que senti!). Se o pôr-do-sol foi bonito, o nascer não ficou nada aquém! São momentos como estes que justificam uma excursão de 7h de “van” por estradas cheias de curvas e 3h de camelo! Este foi o LOST IN Marrocos!

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Leia mais em: https://lostintravelblog.wordpress.com | www.facebook.com/lostintravelblog revista | Rés Vista 19


VIAGENS AO PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO SEVERENSE Igreja de São João Batista de Silva Escura [ Parte II ]

Mário Silva

Licenciado em história Mestre em história moderna Prof. Agr. Escolas de Sever do Vouga

Já na segunda metade do século XX, o padre António Nogueira Gonçalves, no âmbito dos trabalhos de prospeção para o Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Aveiro, visita o templo pela primeira vez, deixando-nos a seguinte descrição: “As cantarias são do granito regional de mistura com os gneisses locais. Todavia, seguram o coro alto duas colunas de calcário, região ançanense, toscanas, com pia envolvente do fuste, marcando, numa boa zona de granitos, a estranha persistência e o prestígio do calcário coim¬brão. Poderão ter pertencido a obra anterior. O corpo e a capela-mor, elementos homogéneos, vin¬cados de pilastras nos cunhais, altos pináculos sobre estes, cimalhas de tipo diferente das que cortam a frontaria. As janelas são estreitas, altas, rectangulares, com duplo avoamento; duas em cada face da capela (mas tapadas as da esquerda); duas à direita do corpo e uma só ao outro lado. Singela a porta travessa, cortada à epístola. As faces do arco-cruzeiro são corridas de almofadas que um só traço assinala. A frontaria, de cimalhas descoordenadas com as do corpo, é, como de costume, a peça de aparato, mas den¬tro de categoria artificianal. Sobre as pilastras dos cunhais poisa a cimalha arquitravada que define a base da empena; os mesmos perfis revestem a linha angular da mesma. Duas janelas do coro ladeiam a parte alta do portal. Compõe-se este do conjunto do vão com o remate que forma nicho. Duas pilastras jónicas suportam o entablamento direito; poisa neste, entre os dois ramos do frontão curvo e interrompido, o referido nicho, que igual¬mente se compõe de pilastrazitas jónicas, entablamento e dos mesmos ramos de frontão. As duas janelas, de verga direita, com frontão triangular e interrompido, possuem avental em forma de dois SS opostos. Preenche o nicho a escultura do padroeiro, S. João Baptista, de calcário e oficina coimbrã, obra corrente do século XVII. A torre, na linha da frontaria e à esquerda, pelo menos reformada no alto nos fins do séc. XVIII ou no XIX, mostra duas ventanas na frente e uma nas outras faces, coruchéu em pirâmide octogonal e ainda fogaréus

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Moldura: trabalho gráfico. Pintura original do prof. Feliciano Angélico, técnica mista - aguarela e desenho à pena e tinta da china

Feliciano Angélico

Licenciado em educação visual e tecnológica Prof. Agr. Escolas de Sever do Vouga abr./mai. 2015

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VIAGENS AO PATRIMÓNIO ARQUITETÓNICO SEVERENSE Igreja de São João Batista de Silva Escura angulares. Reservaram a parte baixa para baptistério, sobre a qual assenta a escada helicoidal, à qual dá acesso um lanço exterior, direito e encostado. Azulejos modernos (1936) revestem a frente, com três paineizitos assinados por Salgueiro e Limas. Na sacristia pequeno lavabo, lavrado de dois toscos golfinhos que lançam a água. São cinco os altares. Assenta o principal na costumada plataforma, com três degraus encaixotados. Tanto ele como os colaterais ao arco, de madeira, foram entalhados no fim do séc. XVIII; quatro colunas naquele e duas nes¬tes, postas de ângulo, o conjunto seguindo as linhas do costume, ornatos concheados; pintados de novo. O fundo dos nichos dos menores conserva a agradável e antiga pintura polícroma a ouro, de temas florais e concheado. Fecha o camarim do maior uma tela moderna. Encostam-se aos flancos dois retábulos pequenos, igualmente de madeira, do terceiro quartel do século XVII, já com falhas, mal repintados. Datam as mesas dos fins do século XVIII: em urna e decoração com con¬cheado. Compõem-se os mesmos de um corpo, ladeado de duas colunas coríntias, caneladas em espiral e terços ornados, e de pequeno remate do tipo comum. O pano ou espaço intercolunar é liso no da direita, porém subdi¬vidido por duas pilastras no da esquerda, que é mais decorado, e mostra nos pedestais dois pequenos relevos dos Santos Pedro e Paulo. O ornato é o espiralamento de acantos do tempo. As esculturas de madeira de S. João Baptista e S. José no altar-mor e a de S. Gonçalo de Amarante, da segunda metade do séc. XVIII, são movidas mas correntes. De calcário e oficinas coimbrãs, do séc. XVI final, as pequenas de Santo Amaro e Santa Luzia, relativamente gra¬ciosas. Um S. Francisco de barro, setecentista, desce já a nível popular. A bacia de padre do púlpito é setecentista. Ainda seis¬centista a pia baptismal, hemisférica e de colarete; no bojo e no pé, grosseiros relevos de querubins.”

Bibliografia: GONÇALVES, A. N., Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Aveiro, Zona Nordeste, Lisboa, 1991, pp. 148-149. RAMOS, Fernando Soares, Sever do Vouga – Uma viagem no tempo, Sever do Vouga, CMSV, 1998, pp. 359-360.

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A mulher senta-se na cama, costas contra a parede, abre o portátil, e escreve, enquanto vai limpando, como pode, as lágrimas que vão caindo no teclado. “Não sou mulher de meio copo. Se não está cheio: não o quero. Se não está cheio: nem sequer é um copo. Prefiro não beber do que beber apenas o possível. O possível que se dane. O possível é demasiado fácil para me arrebatar. Isto para te dizer que me perdeste no dia em que te foste. Sei exactamente como foi, sinto-o exactamente como o senti. Num minuto estavas e no outro minuto já não estavas. Magia negra, talvez. Falaste-me da vida, que tinha de ser assim, que as pessoas, por vezes, têm de tomar decisões. E tu decidiste partir. Há quem diga que tinha de ser, que as decisões mais difíceis são as mais importantes, que há que escolher, muitas vezes, entre o péssimo e o insuportável. Tu escolheste o péssimo e deixaste-me com o insuportável. Mas o que tem de bom o insuportável é que já está resolvido à partida. Não se suporta. E ponto final. Ao contrário do péssimo, o insuportável não te deixa esperança. Sabes que não o suportas, que não há maneira de o suportar. E procuras outros caminhos. O insuportável é muito mais humano do que o péssimo, sei-o agora, que te escrevo estas letras sabendo que estás a milhas daqui e que jamais voltarás. Não suporto a imagem do que fomos, o teu sorriso quando te dizia uma das minhas piadas a que mais ninguém achava piada, a maneira como me fazias rir quando tentavas cozinhar como vias os grandes chefs cozinharem na televisão, e, claro, a forma como a tua pele parecia descobrir a minha. Não suporto o que fomos e isso basta-me para estar pronta para o que quero ser. Um dia vais saber que amar à distância só acontece quando não se ama. Quando se ama, até a distância de abr./mai. 2015

um beijo é longe demais. Quiseste testar-nos, colocar-nos à prova. Fizeste promessas de amor eterno e depois o que ficou de ti foi tão pouco. Ficaste de ti. Custou-me, no começo, perceber como poderia existir a vida se não existias tu. Acordava, todos os dias, à procura do teu corpo, à procura do teu colo, à procura da tua mão, e acabava por ficar assim, toda a noite e todo o dia, à procura de ti em todos os locais em que fomos felizes. Nada magoa mais do que a felicidade que não volta, a felicidade que perdeste e que, sempre que a recordas, te martiriza em tão grande como em tão grande te deixou feliz. Mas passa. O melhor da vida é que tudo passa. Passou a procura, passou a mágoa. E ficou isto. Eu e isto. Eu e um buraco sem fundo no centro da vida. E a coragem chegou. Hoje mesmo, agora mesmo, neste momento mesmo. Vou-me embora da distância para sempre. Se temos de estar longe que nunca o corpo fique fora disso. Da outrora tua, Eu” A mulher levanta-se, veste-se, caminha até ao escritório ao lado do quarto, recolhe a folha que tinha acabado de imprimir, pousa-a em cima da cama, no local onde estava sentada há pouco, e vai-se embora, não mais de um minuto antes de o homem, ao abrir os olhos, perceber que está sozinho na cama e que tem uma folha de papel ao lado.

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