Revista Postos & Serviços - Fevereiro/2020

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ICMS é tributo de competência estadual

O consultor em Formação do Custo e do Preço de Venda de Combustíveis, Elias Motta, diretor da Mota Assessoria Empresarial, disse a Postos & Serviços que não é possível concluir que haveria redução de preço no combustível para o consumidor mesmo após a reforma tributária. “Pelo contrário. Em todas as propostas apresentadas até o momento o objetivo tem sido a tentativa de unificação e simplificação da forma de tributação e não propriamente a diminuição do imposto visto que nenhuma unidade federada aceita a redução de receita”.

"Preço não cai" O presidente Jair Bolsonaro reclamou de o preço da gasolina nas bombas não cair mesmo quando a Petrobras baixa o custo na refinaria. “Estamos querendo mostrar que a responsabilidade final do preço não é do governo federal. Temos PIS, Cofins, mas temos que ter uma parcela de responsabilidade dos governadores no preço final do combustível”, completou.

Análise O consultor Mota aponta obstáculos para que a proposta avance. “O ICMS é um tributo de competência estadual. Logo, cada estado possui regras próprias em relação a definição dos percentuais de alíquotas e da base de cálculo na qual será aplicada a alíquota de ICMS para se chegar no valor cobrado por litro a título de ICMS por cada Unidade da Federação”. Atualmente, a maioria dos estados estabelece como base de cálculo o Preço Médio Ponderado Final (PMPF) que tem o nome popular de preço final de bomba e sobre este valor presumido aplica-se a alíquota de ICMS para obter o valor do imposto a ser arrecadado por litro. “A cobrança do tributo na gasolina e no óleo diesel é realizada de forma centralizada pelos produtores e importadores através da chamada Substituição Tributária”, continua o consultor. Este é o modelo em que a cobrança antecipada do imposto ocorre ainda nas refinarias sobre um preço de referência definido pelos estados. O objetivo é facilitar a fiscalização diante de um setor que tem 40 mil postos de serviços em todo o País. Assim, a cobrança de ICMS permanece dividida entre o produtor e o distribuidor apenas no caso do etanol, sendo a tributação repassada para o preço final da mesma forma, independente de quem seja o responsável pelo recolhimento.

Mota acha difícil que alteração do ICMS saia do papel

PINGUE-PONGUE Postos & Serviços - Qual a razão dos preços altos dos combustíveis no Brasil? Elias Mota - São diversos fatores que podem interferir no preço final além dos impostos, como por exemplo a precificação atrelada ao mercado internacional, os custos de produção, logística, armazenamento, equipamentos sofisticados para evitar fraudes e garantir a qualidade do produto para o consumidor, alto risco de roubo de carga que demandam a contratação de seguros em valores elevados, além das diversas exigências impostas ao setor que demandam grandes investimentos para manutenção e atuação na atividade, fazendo com que o seguimento se torne demasiadamente caro para o empresário e todos estes custos acabem sendo repassados para o preço de venda do produto. POSTOS & SERVIÇOS | 07

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