TEÓRICO

Page 1

_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

INTRODUÇÃO ................................................................ ................................................................................................ ................................................................................................ ................................................................................................ ..................................................................... ..................................... 2 1.

A CRIANÇA NEGLIGENCIADA NEGLIGENCIADA ................................................................ ................................................................................................ ................................................................................................ ...................................................................... ...................................... 7 1.1 O ECA, CONANDA e as Instituições de Abrigamento. .....................................................................................................7 1.2 Parâmetros e Modalidades de Atendimento ....................................................................................................................9 1.2.1 Abrigo Institucional .................................................................................................................................................... 10 1.2.2 Casa de Passagem ................................................................................................................................................... 11 1.3 Princípios de Funcionamento ........................................................................................................................................ 12

2.

MARINGÁ E A ASSITÊNCIA ASSITÊNCIA À CRIANÇA E A JUVENTUDE JUVENTUDE ................................................................ ........................................................................................... ........................................................... 15 2.1 Correlatos Primários ..................................................................................................................................................... 15 2.1.1 Abrigo Provisório Municipal Aníbal Khouri Neto .......................................................................................................... 16 2.1.2 Casa Lar Betânia ....................................................................................................................................................... 19 2.2 Correlatos Secundários ................................................................................................................................................ 22 2.2.1 “Bed by Night’’ – Abrigo para Crianças Hannover – Alemanha (2002) ......................................................................... 22 2.2.2 DV Atelierhaus, Casa-Escritório dos arquitetos, Dachau – Alemanha (2004) ................................................................ 24

3.

CONDICIONANTES ................................................................ ................................................................................................ ................................................................................................ .................................................................................... .................................................... 26 3.1 Usuários e o Local ........................................................................................................................................................ 26 3.2 O Terreno Para Implantação do Abrigo ........................................................................................................................ 30 3.3 Normas e Legislação ...................................................................................................................................... ............33 3.4 O Sistema Construtivo .................................................................................................................................................. 33 3.5.1 Diretrizes de Projeto para Light Steel Frame ............................................................................................................... 35 3.5 Estudo de Caso ........................................................................................................................................................... 38 3.6 Partido Arquitetônico .................................................................................................................................................... 43

4.

PROJETO ................................................................ ................................................................................................ ................................................................................................ ................................................................................................ .................................................................. .................................. 48 4.1 O Programa de Necessidades..................................................................................................................................... 48 4.2 Memorial Descritivo e Justificativo ............................................................................................................................... 55 4.3 Conclusão .................................................................................................................................................................. 60 4.4 Bibliografia .................................................................................................................................................................. 55

__________________________________________________________________________________________________________

1


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO O tema “orfanato” mostrou-se um assunto ainda pouco abordado e explorado, principalmente quando se trata de trabalhos de conclusão de curso em arquitetura. A dificuldade na captação de informações sobre tal tema levou o autor persistir na pesquisa e direcionar seus estudos a outras áreas além da arquitetura, como a psicologia, a sociologia e a enfermagem, mergulhando em um universo até então desconhecido para o autor. Explorando o assunto, constatou-se que a cultura da institucionalização de crianças e adolescentes das classes populares é uma prática que data do período colonial, mas descobriu-se também que, de acordo com os estudos realizados pelas áreas acima citadas, a institucionalização prolongada acarreta graves conseqüências para o desenvolvimento psicológico, afetivo e cognitivo das crianças e adolescentes. Desse modo, segundo o Plano de Assistência Social (PNAS), “a ênfase da proteção social especial deve priorizar a reestruturação dos serviços de abrigamento dos indivíduos que, por uma série de fatores, não contam mais com a proteção e o cuidado de suas famílias, para as novas modalidades de atendimento. A história dos abrigos e asilos é antiga no Brasil, a colocação de crianças, adolescentes, pessoas com deficiências e idosos em instituições para protegê-los ou afastá-los do convívio social e familiar foi, durante muito tempo, materializada em grandes instituições de longa permanência, ou seja, espaços que atendiam a um grande número de pessoas, que lá permaneciam por longo período –

__________________________________________________________________________________________________________

2


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO às vezes a vida toda. São os chamados, popularmente, orfanatos, internatos, educandários, asilos, entre outros1”, tal conceito impregnou-se no decorrer do tempo, não apenas no discurso e prática governamental, mas também na sociedade em geral. Tal sistemática de atendimento, ainda aceita pela sociedade, desqualifica fortemente seu público e sua família por desrespeitar a individualidade, as potencialidades e a história de cada indivíduo, por não buscar preservar seus laços familiares e comunitários, revitimizando-os, ao invés de reparar, violando seus direitos, ao invés de protegê-los. Buscando conhecer o assunto e investigar o tema é que se propõe este Trabalho Final de Graduação, cujo foco vai além do fechamento de um ciclo da graduação e se apresenta como um caminho para a prática da pesquisa científica. O presente trabalho, intitulado “Casa de Passagem para Crianças e Adolescentes de 0 a 18 anos em Situação de Risco Social e Pessoal em Maringá”, aparece como resposta a um questionamento: Como deveriam ser as novas condições físicas para o cuidado de crianças e adolescentes negligenciados? A pergunta bem como a proposta arquitetônica que este TFG aborda são pertinentes porque “a experiência da criança em situação de abrigo pode dificultar o desenvolvimento de uma auto imagem positiva quando o abrigo não atende os princípios estabelecidos por lei. Os valores, as crenças, as imagens, as atitudes e o conjunto de informações vividas na infância delineiam a imagem que a criança tem de si 2”.

1

Orientações Técnicas para os Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, 2008, Pág. 06.

2

MONTES, Daniela Cristina. O Significado da Experiência de Abrigo e a AutoAuto-Imagem da Criança em Idade Escolar, Escolar 2006, Pág. 06.

__________________________________________________________________________________________________________

3


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO Marcante para a definição deste tema foi a infra-estrutura presente nas edificações desta natureza percebidas com visitas e análises prévias. Constatou-se que os abrigos existentes na cidade de Maringá, em sua função de proteção, nada contribuem para a formação de uma auto imagem3 condizente de crianças privadas da convivência familiar na cidade. A maioria das edificações são adaptadas, muitas vezes de forma precária, não possuindo um espaço centrado na criança, atendendo de forma deficiente às necessidades das crianças que perderam ou simplesmente nunca tiveram um ‘‘lar”. Se por um lado, o abrigo pode evitar ou reduzir os danos causados às crianças que, no âmbito familiar se encontrava em risco, a passagem por esta instituição pode ser prejudicial a sua estima. Desse modo, tão importante quanto atender as suas necessidades físicas é atender suas necessidades psicossociais, entre as quais, a percepção de si mesma e do ambiente em que vive. E aí pode colaborar a arquitetura. Diante deste fato, o foco principal deste trabalho se restringe à arquitetura, em especial à técnica construtiva em Steel Frame, escolhida por ser um sistema que possui componentes industrializados, com um grande controle sobre a obra, com precisão financeira, sendo uma construção limpa, sem grandes impactos ambientais além do ganho de tempo na construção.

3

Segundo Daniela Cristina Montes, o termo auto-imagem ou autoconceito inclui todas as noções, crenças e convicções que constituem um autoconhecimento individual e que

influenciam as relações do indivíduo com outras pessoas. Desenvolve-se através de experiências únicas de cada indivíduo, com outras pessoas e com as realidades do mundo. É referente a conciência de uma gama de autopercepções, como as próprias características físicas, capacidades, valores, ideais próprios, expectativas e uma idéia de si mesmo em relação aos outros, inculindo também uma imagem do próprio corpo, sexualidade e auto-estima.

__________________________________________________________________________________________________________

4


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO Desta forma, este trabalho busca subsidiar as ações voltadas ao atendimento da criança, apresentando um projeto que, ao mesmo tempo, fuja dos padrões mínimos de operacionalização mas reafirme os aspectos legais contidos na legislação específica do segmento, o ECA - Estatuto da Criança e do adolescente – Lei Federal 8.069 de 13 de julho de 1990. Considerando os objetivos acima descritos, o método utilizado para desenvolver esta pesquisa, tendo em vista que o estudo busca apreender a experiência e o cotidiano de um grupo social específico, abarcou leituras especializadas, visitas “in loco”, entrevistas com os tutores do conselho tutelar e supervisores das crianças dentro do abrigo, além da compreensão dos procedimentos e da rotina diária destas crianças. Foram também necessárias análises de trabalhos e edifícios correlatos com a finalidade de definir um programa de necessidades. A escolha do terreno para a implantação do projeto obedeceu critérios que visam a facilitar o deslocamento das crianças e dos funcionários, além de estar próximo a escolas, hospitais, ser servido pela rede de transporte público e permitir o entrosamento social com a vizinhança. A partir do estudo de tal problemática e da legislação pertinente, a proposta adota a condição que mais se aproxima do âmbito familiar, ou seja, aquela que restringe o número excessivo de crianças para evitar a massificação de sua identidade e que prioriza a convivência. Buscou-se seguir as normativas técnicas para serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, projetando espaços que atendam à programação bio-psico-pedagógica e que ofereçam condições para o desenvolvimento destas atividades bem como para o trabalho dos funcionários, e possam ser um dos indutores do desenvolvimento da sensibilidade, da capacidade de observar, descobrir e experimentar.

__________________________________________________________________________________________________________

5


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO Desta forma, propõe-se aqui um edifício que além de possuir um programa adequado às necessidades exigidas, resgate no imaginário infantil de elementos do lar, o lúdico, melhorando a auto-imagem que possuem de si mesmas, minimizando a experiência traumática de passar por um abrigo de forma temporária. O resultado final deste TFG será apresentado em três partes. A primeira tratará dos assuntos referentes ao abrigo: funcionamento, rotina de trabalho e análise de edifícios correlatos. A segunda se dedica a levantar e analisar condicionantes para o projeto de uma nova sede de abrigo temporário, visando à escolha do terreno, à definição do programa de necessidades e a elementos e sistemas construtivos. Posteriormente, será apresentada uma análise de sistemas construtivos mistos, estudando mais a fundo questões que envolvam a sistemática construtiva do aço e madeira. A terceira e última parte conterá o projeto arquitetônico, com suas respectivas representações gráficas.

__________________________________________________________________________________________________________

6


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

1.

A CRIANÇA NEGLIGENCIADA NEGLIGENCIADA

Neste capítulo haverá uma contextualização sobre os direitos da criança e do adolescente, as formas, modalidades e princípios de atendimento existentes atualmente, para um melhor entendimento do real significado da palavra “Abrigo”. 1.1 O ECA, CONANDA e as Instituições de Abrigamento. Somente em 13 de julho de 1990, com a implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, é que crianças e adolescentes passaram a ser notados como sujeitos em fase de desenvolvimento, peculiares, com direitos específicos. A partir disto, buscou-se também romper com a cultura de institucionalização, passando a ser uma medida excepcional, de modo que a situação de pobreza da família não mais constitui um motivo para o afastamento da criança e do adolescente do convívio familiar4. Assim, os serviços de acolhimento passaram a ser vistos como medida de proteção, de caráter único e provisório5. Pesquisas realizadas pelo IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas e CONANDA - Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente em 20036, levando em consideração os direitos assegurados pelo ECA, identificou um descompasso entre a legislação e a realidade nos serviços de acolhimento em abrigos para crianças e adolescentes. Este foi um dos primeiros indicativos de uma maior preocupação por parte do estado brasileiro com tal situação. Desta

Cf. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1990, artigo 23. Idem, artigos 92 e 101. 6 Orientações Técnicas para os Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, 2008, Pág. 29. 4 5

__________________________________________________________________________________________________________

7


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO forma o Estatuto passou a exigir o registro das instituições que ofereciam “programas de abrigo” no conselho municipal dos direitos da criança e adolescente7 e estabeleceu os princípios de organização para tais serviços8. Tal processo iniciou-se em 2002, através da Caravana da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Ganhou impulso em 2004, quando surgiu por decreto presidencial uma comissão intersetorial para construir subsídios para elaboração do “Plano Nacional de Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária”. Através da Resolução conjunta N.º1 do CONANDA e do CNAS, de 13 de dezembro de 2006, este plano foi aprovado. A PNAS - Política Nacional de Assistência Social, aprovada em pelo CNAS em 2004, vem com o objetivo de concretizar os direitos assegurados na Constituição Federal (1988) e na Lei Orgânica de Assistência Social (1993), organizando a matriz de funcionamento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), reorganizando os projetos, programas, serviços e benefícios da Assistência Social, garantindo a articulação da rede socio-assistencial com as demais políticas públicas e o Sistema de Garantia de Direitos. Tal organização está hierarquizada em proteção social básica e proteção social especial de média e alta complexidade, tendo a família como referência. Sendo assim, os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes encontram-se inseridos na Proteção Social Especial de Alta Complexidade.

7 8

Cf. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1990, artigo 90. Idem, artigo 92.

__________________________________________________________________________________________________________

8


___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CASA DE ACOLHIMENTO Desta a forma, a cartilha de orientações técnicas para serviço de acolhimento de crianças e adolescentes aparece como forma de ruptura de uma antiga lógica de atendimento anterior, incompatível com as legislações atuais existentes. existentes Esta cartilha visa a estabelecer er parâmetros de funcionamento e oferecer orientações metodológicas para que os serviços de acolhimento venham a cumprir umprir sua função protetiva, re restabelecendo stabelecendo os direitos, fortalecendo os vínculos familiares e comunitários e desenvolvendo a potencialidade b bem em como a conquista de um maior grau de independência individual das crianças e adolescentes atendidos, tendidos, até que ocorra sua volta na família de origem, substitutiva ou, ou em último caso, a adoção. 1.2 Parâmetros Parâ metros e Modalidades de Atendimento Segundo CONANDA e o CNAS, quando se constata a necessidade de afastamento da família de origem, a criança e o adolescente devem ser acomodados em locais que o ofereçam condições favoráveis is ao seu desenvolvimento de forma saudável, sendo este uma medida provisória, buscando ssempre empre a reintegração à família de origem, ou na sua impossibilidade, o encaminhamento para família substituta. Os serviços de atendimento à criança e ao adolescente podem ser ofertados em diferentes difere modalidades, sendo estas: 1. Abrigos institucionais, instituciona 2. Casas-Lares, 3. Famílias Acolhedoras, e 4. Repúblicas. Tal Figura 1 – Sistema de Serviços para Crianças sob Cuidados Fonte: O Direito à Convivência Familiar miliar e Comunitária: Os Abrigos

organização

tem como

objetivo

uma

melhor

distribuição de tais serviços em diferentes modalidades,

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

9


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO atendendo as demandas do público infanto-juvenil de forma mais adequada, analisando-se a situação familiar, sua idade, histórico de vida, aspectos culturais, motivos do acolhimento, previsão do menor tempo necessário para viabilizar soluções de caráter permanente (reintegração familiar ou adoção), condições emocionais e de desenvolvimento, bem como condições específicas que precisem ser observadas (crianças e adolescentes com diferentes graus de deficiência, crianças e adolescentes que estejam em processo de saída da rua, com histórico de uso, abuso ou dependência de álcool ou dentre outras drogas), traçando assim o perfil de cada criança ou adolescente e de seu processo de desenvolvimento, indicando qual modalidade atenderá de forma mais eficaz às suas necessidades. Para os fins deste trabalho, a categoria escolhida está inserida na primeira opção: os abrigos institucionais. Estes abrigos subdividem-se em outras categorias, quais sejam: Abrigos especializados no acolhimento de adolescentes grávidas ou com filhos; Abrigos especializados no acolhimento de adolescentes sem vínculos familiares; Abrigos especializados no atendimento a crianças e adolescentes em situação de rua; Casa de Passagem. Esta última categoria é a que será abordada por este trabalho. 1.2.1 Abrigo Institucional Segundo a cartilha desenvolvida pelo CONANDA, abrigos institucionais têm a seguinte definição: “Serviço que oferece acolhimento, cuidado e espaço de desenvolvimento para grupos de crianças e adolescente em situação de abandono ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção. Oferece atendimento especializado e condições institucionais para o acolhimento em

__________________________________________________________________________________________________________

10


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO padrões de dignidade, funcionando como moradia provisória até que seja viabilizado o retorno à família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família substituta9". Tal instituição deve oferecer serviços personalizados para pequenos grupos, favorecendo a convencia familiar e comunitária, atendendo um número máximo de 20 crianças e adolescentes. Deve estar próximo de áreas residenciais, sem distanciar-se excessivamente, no ponto de vista geográfico e sócio-econômico, da comunidade de origem das crianças e adolescentes atendidos. E deve ter aspecto semelhante a uma residência. 1.2.2 Casa de Passagem Com a criação de uma casa de passagem, tem-se como objetivo fornecer acolhimento emergencial, de caráter provisório, com espaços adequados e profissionais qualificados para lidar com crianças e adolescentes em qualquer horário do dia ou da noite. Diante de uma necessidade de acolhimento imediato, é necessário uma análise de cada caso específico, traçando um diagnóstico o mais rápido possível do indivíduo, verificando se é possível restaurar a convivência familiar ou a permanecer em situação de abrigamento provisório até que seja resolvida sua situação através da reaproximaç. No caso de impossibilidade imediata de reintegração familiar, é necessário destinar espaço físico especificamente para o acolhimento daqueles que estão chegando, podendo ocorrer a qualquer momento, inclusive no período noturno, dispondo assim de profissionais qualificados e capazes de dialogar sensivelmente com crianças e adolescentes nesse momento que envolve ruptura, incerteza, insegurança e transição, auxiliando-os a significar a vivência do afastamento provisório.

9

Orientações Técnicas para os Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes, 2008, Pág. 29.

__________________________________________________________________________________________________________

11


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO Especializações ou atendimentos exclusivos devem ser evitados, tais como adotar faixa etárias muito estreitas, direcionar o atendimento para apenas determinado sexo, atender exclusivamente (ou não atender) crianças e adolescentes com deficiência ou soro positivos, entre outros. Contudo, havendo atendimento geral no município, torna-se possível desenvolver serviços especializados, desde que tal atendimento não prejudique a convivência de crianças e adolescentes, e se justifique pela possibilidade de atenção diferenciada a vulnerabilidades específicas. 1.3 Princípios de Funcionamento Segundo a cartilha desenvolvida pelo CONANDA, “Orientações Técnicas para o Serviço de Acolhimento a Criança e ao Adolescente”, as recomendações para o atendimento à criança e ao adolescente são estruturadas através de alguns princípios, sendo estes: Primeiro, ela prevê que qualquer tipo de afastamento seja uma medida excepcional, somente nos casos em que a situação represente graves riscos a integridade física e psíquica da criança. Assim, ela estabelece que este afastamento tenha o menor tempo possível. E garante o retorno e fortalecimento ao convívio familiar, prioritariamente à família de origem e, excepcionalmente, em família substitutiva, já que esses vínculos são fundamentais nesta etapa do desenvolvimento humano, para garantir o desenvolvimento saudável e favorecer a formação da identidade do menor, constituindo-o como sujeito e cidadão.

__________________________________________________________________________________________________________

12


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO O tempo de acolhimento pode ser definido em três categorias. Emergencial, com duração de até um mês, curta permanência, até seis meses, média permanência, até dois anos, e longa permanência, superior a dois anos, porém todos os esforços devem ser feitos a fim de reduzir a permanência na instituição, garantindo sua reintegração familiar ou família substitutiva. A permanência da criança nos serviços de acolhimento por um período superior a dois anos tem caráter excepcional, destinado somente em situações onde existe um grave problema familiar, como pena privada de liberdade, longos períodos de hospitalização ou situações que os privem de cuidados regulares, existindo ainda o vínculo familiar. A outra situação encontramos crianças e adolescentes órfãos ou destituídos do poder familiar por alguma razão, com perfil de difícil adoção, permanecendo no abrigo por mais tempo até sua colocação familiar ou conquista da autonomia. Segundo, ela prevê que todo serviço de atendimento deve ser ofertado a grupos pequenos, garantindo espaços privados, objetos pessoais e registros, inclusive fotográficos, sobre sua história. Tais serviços de acolhimento prestados deverão ser de qualidade, condizentes com os direitos e as necessidades físicas, psicológicas e sociais da criança e do adolescente. Eles devem também garantir a liberdade de crença e religião. Terceiro, a instituição de acolhimento deve proporcionar o fortalecimento gradativo da autonomia das crianças e adolescentes, de forma condizente com o desenvolvimento e aquisição de habilidades nas diferentes faixas etárias. Todas as decisões tomadas pelos educadores devem garantir o direito de opinião, através de meios condizentes com seu grau de desenvolvimento, garantindo assim decisões adequadas que repercutiram em sua trajetória de vida e seu

__________________________________________________________________________________________________________

13


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO desenvolvimento, envolvendo desde a identificação de seu interesse pela participação em atividades na comunidade, até mudanças relativas à sua situação familiar ou desligamento do serviço de acolhimento. Por fim e mais importante, toda criança ou adolescente terá garantia de acesso e respeito à diversidade e não discriminação. Isso garante que nenhuma delas fique sem atendimento e combate qualquer forma de discriminação baseadas em condição sócio-econômica, arranjo familiar, etnia, religião, gênero, orientação sexual, presença de deficiência, soros positivos ou outras necessidades específicas de saúde. Evitando também especializações de atendimento, as quais só devem ocorrer em situações excepcionais, cujo quadro clínico exija ambiente diferenciado.

__________________________________________________________________________________________________________

14


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

2.

MARINGÁ E A ASSITÊNCIA À CRIANÇA E A JUVENTUDE

O trabalho de assistência à criança e ao adolescente em Maringá é feito de forma multidisciplinar, compreendendo diversos órgãos, como o próprio Conselho Tutelar, a Promotoria de Defesa à Criança e à Juventude e o Centro de Referência da Criança e do Adolescente. Cada um executa determinado tipo de ação, complementando-se entre si. Em Maringá, encontramos quatro instituições atualmente registradas e em funcionamento: o Abrigo Aníbal Khoury Neto, a Casa Lar Bethânia, a Casa Lar Talita e o Lar Preservação da Vida. Com a necessidade do entendimento de uma casa de passagem, descartou-se a necessidades de visitas a duas outras instituições de Maringá por atenderem demandas específicas, sendo a Casa Lar Preservação da Vida, que atende adolescentes grávidas e a Casa Lar Talita, que faz o atendimento somente de crianças e adolescentes do sexo feminino. 2.1 Correlatos Primários Serão apresentados e analisados aqui os correlatos primários, ou seja, estudos feitos através de visitas a edificações que apresentam afinidade com o tema da proposta. Isso serve para a melhor compreensão do funcionamento e do programa de necessidades de um abrigo. Os correlatos primários apresentados são o Abrigo Provisório Municipal Aníbal Khouri Neto, que se enquadra perfeitamente dentro do tema proposto e a Casa Lar Bethânia. Infelizmente, eles não servem como referencial arquitetônico, mas sim como análise da realidade local e entendimento da dinâmica própria deste tipo de instituição.

__________________________________________________________________________________________________________

15


___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CASA DE ACOLHIMENTO 2.1.1 Abrigo Provisório Municipal Aníbal Khouri Neto O abrigo Aníbal Khoury Neto foi criado como um programa que baseado no livro II do ECA. Criado C em 1996, ele funciona 24 horas por dia, com o objetivo de abrigar temporariamente crianças e adolescentes de até 17 anos, anos de ambos os sexos, que se encontrasse em “situação de risco” até serem tomadas as medidas políticas icas e legais cabíveis no que se refere ao retorno do menor a sua família de origem origem.

Figura 2 – Vista Panorâmica do Abrigo Provisório Municipal Anibal Khouri Neto Fonte: Arquivo do Autor, 2009.

A instituição tem capacidade para 20 crianças e adolescentes adolescentes,, quantidade ideal recomendada pelo CONANDA e em regime de permanência breve,, seguindo o artigo 101, parágrafo único do Estatuto da Criança e Adolescente. Adolescente São acomodados em quartos divididos por sexo, idade o ou o que a direção achar melhor e são assistidos pelo SASC Secretária de Assistência Social e Cidadania do Município de Maringá.

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

16


___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CASA DE ACOLHIMENTO

Figura 3 – Vista Panorâmica da Área de Convivênvia juntamente com os educadores. Fonte: Arquivo do Autor. 2009

O quadro de funcionários conta com uma Psicóloga e com uma Pedagoga, sendo dirigidas por uma Assistente Social. Também fazem parte integrante da manutenção do Abrigo os Auxiliares de Serviços Gerais, divididos nas áreas de limpeza e de cozinha, ha, também com escala de revezamento, e por um Auxiliar Administrativo, que cuida da parte burocrática da instituição. Os cuidados dos das crianças e adolescentes ficam a cargo dos Educadores de Base. Estes funcionários funci revezam-se em plantões de 12 horas de trabalho abalho por 36 de descanso, ininterruptamente, inclu incluindo fins-de--semana e feriados. Todo o abrigo é mantido pela prefeitura, que também é tutor temporário dos internos internos.

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

17


___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CASA DE ACOLHIMENTO O abrigo Aníbal Khoury Neto é uma instituição diferenciada por busca sempre resolver a situação crítica cr da criança ou adolescente. Através de ajuda aos pais com encaminhamento para tratamentos toxicológicos, toxicoló exames médicos e psicológicos, buscando ajuda de parentes ou amigos da família que possam se responsabilizar bilizar do cuidado destes sem que esta fique por um longo período no abrigo.

Figura 4 – Vista Panorâmica do Patio Interno Coberto e Descoberto. Fonte: Arquivo do Autor, 2009.

Constata-se que a atual estrutura do abrigo é ineficaz. F Ficando icando evidente problemas de setorização, conforto térmico, até mesmo sua própria rópria tipologia construtiva, já que o projeto foi feito para suprir o programa grama de necessidades nece de uma fábrica de caça-níqueis níqueis e não um abrigo temporário temporário. Desta forma, não serve como parâmetro ou modelo.

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

18


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO 2.1.2 Casa Lar Betânia A instituição foi fundada em 15 de julho 1965 pelo casal Ayrton Aquilles Justus e Maria Arlene de Lima Justus. Eles optaram pelo sistema Casas-Lares, onde a convivência diária de meninos e meninas cria ambiência familiar essencial para o desenvolvimento, adaptação e integração das crianças a comunidade.

Figura 5 – Vista Panorâmica do Patio Interno Coberto e Descoberto. Fonte: Arquivo do Autor, 2009.

A instituição localizada na Avenida Guedner, n° 541 possuí estrutura física para atender até 50 crianças. Segundo a diretora da entidade, Marli de Freitas, “Só o convívio familiar, onde exista atenção, carinho e amor devolverão à criança abandonada e carente a segurança emocional que ela precisa para vencer na vida. E, o sistema Casa-Lar é o único sistema que poderá moldar uma vida perdida e descrente”.

__________________________________________________________________________________________________________

19


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO O Lar Betânia recebe em sua instituição crianças até doze anos que lá permanecem até os dezoito anos. A triagem é feita pelo Juizado de Menores que encaminha as crianças ao Lar. A mesma é encaminhada para os exames médicos que se façam necessários e, daí em diante, os cuidados ficam a cargo das “Tias” que fazem a integração do órfão na comunidade Betânia.

Figura 6 – Vista Panorâmica do Patio Interno Coberto e Descoberto. Fonte: Arquivo do Autor, 2009.

Os casais que são escolhidos para tornarem-se pais adotivos recebem de início treinamento elementar, não apenas no trato com a criança, como para a casa que passarão a administrar como se fosse o seu próprio lar. As crianças são entregues à responsabilidade desse casal que as educa e as orienta. O casal não recebe qualquer remuneração pelos

__________________________________________________________________________________________________________

20


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO serviços prestados à entidade. O marido trabalha, enquanto a esposa cuida do Lar e das crianças que lhe são confiadas. A única recompensa para o casal é a casa para morar e a alimentação fornecida pela instituição. Os casais responsáveis pelas Casas-Lares são entrevistados, recebem visitas de observação dos trabalhos, palestras, treinamentos, e o compromisso escrito de desempenho de suas funções. A diretoria fica somente responsável pela supervisão do casal e a interferência em possíveis casos que necessitem de sua participação, além da parte administrativa e jurídica. A instituição é mantida pela igreja Missionária. Com relação à estrutura física, a instituição possuí sete casas, sendo quatro para o funcionamento das casas-lares, uma para a administração e depósito de doações, uma para biblioteca e outra para depósito de materiais para manutenção do abrigo. O quadro de funcionários necessário para o atendimento das 50 crianças é composto por uma diretora, elegida pela igreja missionária, quatro mães sociais, um auxiliar para cuidar das doações, um auxiliar de serviços gerais responsável pela manutenção da instituição, um motorista e uma secretária. Contudo, a instituição ainda não possui uma assistente social e uma psicóloga. As crianças que vivem no Lar, além dos momentos de lazer, possuem os mesmos direitos e deveres que uma criança comum tem, freqüentando as escolas, creches, centros esportivos, participando da vida comunitária do local em que está inserida. Desta forma, conclui-se que mesmo tendo características físicas diferentes de uma casa de passagem, a Casa Lar Betânia possuí aspectos conceptivos tanto formais como espaciais que servem como base para escolha do local a ser implantado e a tipologia a ser adotada para a criação do projeto do autor.

__________________________________________________________________________________________________________

21


___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CASA DE ACOLHIMENTO 2. 2 Correlatos Secundário Secundários ários As obras apresentadas resentadas aqui servem como parâ parâmetro metro para o desenvolvimento da proposta para um novo abrigo na cidade de Maringá. Diferentemente iferentemente dos primários, estas não foram visitadas in locu,, portanto, as análises ocorrem através de publicações técnicas. Mesmo assim, geram subsídios para elaboração ração do projeto, sanando dúvidas dú em relação ao funcionamento requisitados e a definição dos espaços. 2. 2.1 “Bed by Night’’ – Abrigo para Crianças Hannover – Alemanha (2002) O mais interessante neste edifício é a proximidade com o tema aqui apresentado, atendendo a mesma faixa etária et e programa de necessidades. O que chama atenção, atenção principalmente, é sua solução formal. Figura 7 – Vista Externa com Caixa D´água. Fonte: http://blog.bellostes.com/?p=1155

Desde 1996, o centro de acolhimento himento “Bed by Night” oferece as crianças e adolescentes de rua

de Hanover over acomodações para sua estad estada temporária. Projetado pelo arquiteto Han Slawik, trata-se de uma arquitetura estandardizada, que se apropria de um módulo já existente e pré-fabricado em m grandes quantida quantidades, “containeres de transporte”. Com 40 anos de uso, eles es foram desenquadrados de sua função e, servindo mais do que um sistema revolucionário de frete pela água e terra, sua mobilidade e dimensões atuaram neste projeto como uma “grande pedra de construção” para o edifício. Figura 08 – Vista Interna Edificio Fonte:http://blog.bellostes.com/ onte:http://blog.bellostes.com/

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

22


___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CASA DE ACOLHIMENTO “Bed by Night” é resultado de um concurso cujo tema é “novos usos’’, p presenteando resenteando Hanover com um edifício de arquitetura temporária com muito charme charme. Sendo endo concebido para uma vida útil de 10 anos, o júri atestou que a arquitetura efêmera mera espelha exata e despretensiosamente o conteúdo da tarefa, a atmosfera e provavelmente a condição de seus habitantes. O estabelecimento apresenta sua solução formal como casa container iner (Casa Recipiente) por questões de orçamento apertado, ado, exigências de segurança e praticidade ligadas a seu sistema construtivo. A resolução do programa de necessidades oscila entre traduzir a forma mais adequada de morar através de contêineres cheios de cores e crianças e adolescentes carregados de problemas, mas, fazendo a mediação entre usuário x edifício, que aco acontece ntece tanto dentro como fora do edifício10. Em dezenove contêineres de moradia que foram reparados e pintados de vermelho, amarelo, verde, azul e branco, integrados em um complexo de dois andares, sobrepostos brepostos e justapostos, delimitados por um fechamento de estrutura modular de vigas e pilares de madeira, com telhado plano e clarabóias, o fechamento se dá através de vidro translúcido tipo “U”, o que confere transparência e luminosidade ao edifício e re revela de forma indireta as cores do projeto.

Figura 09 – Vista noturna do edifício Fonte: http://blog.bellostes.com/?p=1155

Meldungen, Alle. Bed by night – Container – Wohnanlage für obdachlose obdachlose jugendliche in Hannover eröffnet, eröffnet 2002. Tradução Eduardo Verri. 10

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

23


_____________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO Este edifício encontra-se inserido em um local com grandes áreas verdes, próximo a um pequeno parque de topografia plana, fornecendo uma área adequada para as atividades desenvolvidas pelos educadores para a socialização entre crianças e adolescentes. O hall, de pé-direito duplo é o centro da casa, marcando o espaço de convivência. É o núcleo de proteção dentro, antes dos jovens deixarem novamente a casa de acolhimento, em direção ao âmago familiar. Nota-se que tal edificação não possui nenhuma comunicação visual, desfavorecendo assim, a criação de estigmas e pré-conceitos sobre os usuários. 2.2 2. 2.2 DV Atelierhaus, CasaCasa -Escritório dos arquitetos, Dachau – Alemanha (2004) O motivo da escolha deste projeto foi sua solução estética. O DV Atelierhaus é uma casa/escritório localizada em Kern, o centro de Dachau, na Alemanha, no qual o cliente eram os próprios arquitetos. O terreno é ocupado por metade de uma árvore gigante, tornando a propriedade especial. Assim, esta árvore, uma tília, tornou-se referência principal do projeto, que tomou como partido arquitetônico para as diretrizes de organização espacial e da fachada. A casa de 8 metros de largura está posicionada diretamente no alinhamento do passeio público e rua, na face norte. O ponto médio do terreno, a sua volta, configura-se uma praça interna, orientando todos seus ambientes de permanência para leste, voltados para árvore, desta forma, o escritório localizaFigura 10 – Protótipo Conceitual Fonte: www.aknds.de/fileadmin/pdf/staatsp06/seite_12-14.pdf __________________________________________________________________________________________________________

24


___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ CASA DE ACOLHIMENTO se embaixo da tília, o apartamento entre os galhos, terraço e cobertura na c copa opa da árvore, a oeste voltado para construções vizinhas, encontra-se se o caminho para entrada entrada,, onde o único resquício da antiga construção é o muro de tijolos. Com relação à composição plástica da fachada, a tília é novamente motivo. A casa recua recua-se atrás da árvore, contudo, pode-se se não somente ver a árvore real, bem como sua projeção na fachada e seu reflexo no vidro, confundindo--se opticamente com painéis de plástico reforçado com fibra de vidro laminados à mão, que foram estampados com o motivo da árvore ore dentro das lâminas.

Figura 11 – Esquema de Montagem da Fachada através de Módulos Fonte: www.aknds.de/fileadmin/pdf/staatsp06/seite_12 atsp06/seite_12-14.pdf

O motivo se apresenta como uma tatuagem profunda na fachada de forma modular e contínua. A tecnologia utilizada para a execução da fachada foi alcançada através de protótipos realizados pelo escritório, já que o material usado não é tão comum na construção de fachadas. fachadas Assim, a casa atelier torna-se se um componente vivo, ativo, extrapolando seu espaço interno. interno

Figura 12 – Vista do portão de acesso residêncial Fonte: www.aknds.de/fileadmin/pdf/staatsp06/seite_12 www.aknds.de/fileadmin/pdf/staatsp06/seite_12-14.pdf

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

25


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

3.

CONDICIONANTES 3.1 Usuários e o Local

O público a ser atendido no abrigo a ser proposto abrange crianças e adolescentes de 0 a 18 anos sob medida protetiva de abrigo, conforme no artigo 101, inciso VII, do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, somente quando esgotadas as possibilidades de fortalecimento dos vínculos familiares, ou quando não existir nenhum vínculo desta natureza. Pesquisas realizadas pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)11 mostram que dentre as crianças e os adolescentes abrigados em âmbito estadual, 12.1% tinham de zero a três anos; 10.6%, de quatro a seis anos; 17.3%, de sete a nove anos; 22.2%, de dez a doze anos; 20.7%, de treze a quinze anos; e 12.3% tinham entre dezesseis e dezoito anos incompletos. Dentre os principais motivos para o abrigamento no Paraná, 11.3% se dá por carência de recursos materiais da família ou responsável, 21% por abandono pelos pais ou responsáveis, 15.5% por violência doméstica, 12.6% possuí pais ou responsáveis dependentes químico-alcoólicos, 5.4% vivem nas ruas, 2.9% possuí pais ou responsáveis presidiários, 7.4%

O Direito à Convivência Familiar e Comunitária: Os Abrigos para Crianças e Adolescentes, Pág. 22. 2008. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/082/08201004.jsp?ttCD_CHAVE=2386

11

__________________________________________________________________________________________________________

26


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

são encaminhados por abuso sexual, reafirmando que o abrigo torna-se provisório à medida que as dificuldades apresentadas acima sejam resolvidas de fato, levando a criança ao seu âmbito familiar o mais rápido possível, contudo, há subfatores, mais específicos e complexos, sendo que 3.2% se dão por ausência dos pais ou responsável por motivo doença, 5.3% possuí pais sem condições de cuidar de crianças/adolescente portadores de deficiência metal, 2.7% por alguma deficiência, 1.6 % por serem submetidos a trabalho, tráfico ou mendicância, 2.6% por deficiência físicas, 0.6% por serem soro positivo, 1.2% por serem dependentes químicos e não possuírem condições para sustentar os cuidados e por fim, 0.9% por serem submetidos à exploração sexual e apenas 4.9% caracterizam-se em órfãos de fato. A escolha do local de implantação para um abrigo provisório deve seguir orientações desenvolvidas pelo CONANDA. Desse modo, os serviços de abrigamento devem ser locados, preferencialmente, em áreas residenciais, sem distanciar-se excessivamente, do ponto de vista geográfico e sócio-econômico, do contexto de origem das crianças e adolescentes, evitando que o acolhimento implique não somente o afastamento da família, mas também de seus amigos, vizinhos, escola e as atividades realizadas na comunidade de origem. Contudo, torna-se impossível a escolha do terreno pautandose nesta orientação, haja vista que o edifício atende à demanda de toda cidade. Desta forma, há crianças de todas as regiões, não havendo delimitação de uma área de abrangência para o edifício. A passagem pelo abrigo não significa privar seus usuários do direito à convivência comunitária. Para tanto, os educadores, junto com a rede de assistência social local e a comunidade, deverão empreender esforços para estabelecer um contato positivo e a construção de vínculos significativos entre crianças, adolescentes e comunidade.

__________________________________________________________________________________________________________

27


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

O edifício, ainda segundo as recomendações do CONANDA, deve evitar a concentração de serviços de outra natureza, como atendimento médico, odontológico, educação infantil (“creche”), assim como espaços de lazer, como quadras esportivas. Deve, entretanto, buscar locais onde haja tais equipamentos à sua disposição, favorecendo seu envolvimento com a comunidade. Através de serviços como educação, saúde, cultura, esportes e lazer disponíveis na rede pública, com o objetivo de inserir a criança e adolescente em atividades que possam continuar após a reintegração familiar. Uniformes de serviço não devem ser utilizados, evitando assim a estigmatização de seus usuários. Crianças e adolescentes devem circular pela vizinhança de modo semelhante àqueles de sua mesma faixa etária, caminhando, usando transporte público ou bicicletas, e em certos casos, contando com a presença de cuidadores/educadores quando seu grau de desenvolvimento ou situação exigir. (Isto não implica que os educadores não devem impor restrições a estas, essenciais à segurança). A passagem pela instituição deve proporcionar experiências individualizadas, através do convívio com a comunidade, nas quais as crianças e adolescentes possam tanto receber seus colegas nas dependências do serviço como participar, por exemplo, de festas de aniversário e da vida comunitária do bairro. Vale ressaltar que visitas recebidas devem ser precedidas de preparação, analisando caso a caso, assegurando que estas não sejam prejudiciais às crianças e aos adolescentes, como visitas esporádicas daqueles que não mantém vínculo significativo e frequentemente sequer retornam uma segunda vez ao serviço de acolhimento. Isto dificulta, inclusive o aprendizado sobre a construção de vínculos afetivos estáveis e duradouros no futuro, essenciais para seu desenvolvimento. Para isto, existem programas de apadrinhamento afetivo, porém isto ocorre quando dispuserem de __________________________________________________________________________________________________________

28


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

metodologia com cadastramento prévio, seleção, preparação e acompanhamento de padrinhos e afilhados por uma equipe interprofissional. Prioritariamente, devem ser inseridas neste programa, crianças e adolescentes com remotas perspectivas de retorno ao convívio familiar ou adoção, desta forma, os vínculos com a comunidade serão essenciais, favorecendo-as sobretudo quando houver o desligamento da instituição, porém, sempre com critérios. Desta forma, para a escolha definitiva da área onde será implantado o projeto, e de acordo com as condicionantes já mencionadas, buscou-se traçar uma metodologia para encontrar a região que apresentasse melhores condições de atendimento. Assim, a análise contou com mapas de transporte público e mobilidade viária, de equipamentos públicos como escolas, postos de saúde, creches, hospitais, centros esportivos e o mapa de terrenos públicos livres, levando em consideração barreiras naturais e espaciais de forma a não expor as crianças a risco de vida, além de considerar as funções do edifício e as leis de ocupação urbana. O mapa a seguir mostra pontualmente todas as ZEIS12 presentes no plano diretor de Maringá, e em destaque a zona de interesse do autor.

Lei Complementar n° 565, Art. 67: “As Zonas de Especiais de Interesse Social são porções do território destinadas prioritariamente à urbanização e produção de Habitação de Interesse Social”.

12

__________________________________________________________________________________________________________

29


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

LEGENDA Terrenos destinados a ZEIS ZEIS escolhida pelo autor Terreno escolhido N Sem Escala

Figura 13 – Mapa com a locação das ZEIS em Maringá Fonte: Observatório das Metrópoles com modificações do autor, 2009. __________________________________________________________________________________________________________

30


__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________CASA DE ACOLHIMENTO

3.2 O Terreno Para Implantação do Abrigo O lote escolhido localiza-se se no Jardim Carolina, ent entre as ruas Lazaro B. Carnielli, Kingston e uma rua projetada, ainda em diretriz, na quadra 137, lote 1. A escolha do terreno neste local se deu pelas condicionantes de seu entorno. Ele fica próximo a vários equipamentos urbanos de importância regional, como a U Universidade niversidade Estadual de Maringá Marin e o Hospital Universitário, com toda infra-estrutura estrutura necessária às crianças e os adolescentes, como atendimento médico, odontológico e psico-social (CAPS – Centro de Atendimento Psico Social) Social). Há também um centro esportivo o em frente ao lote, sendo prop propício o para exercícios e atividades físicas próximos pr ao abrigo. Dentro de um raio de 900 metros, encontram encontram-se duas escolas estaduais, uma escola municipal, duas creches, e um posto de saúde, úde, propiciando deslocamento a curtas distâncias dos usuários e funcionários.

Figura 20 – Terreno Proposto – Detalhe da Ocupação irregular à Frente Fonte: Arquivo do Autor

Figura 14 – Panoramica do Terreno Proposto – Detalhe da Ocupação irregular à Frente Fonte: Arquivo do Autor, 2009.

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

31


__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________CASA DE ACOLHIMENTO

Esta área está classificada como zona re residencial 2, portanto, de uso predominantemente residencial, resid com padrão de ocupação unifamiliar ou u bifamiliar de baixa densidade, sendo propícia para tal atividade. Tendo endo por volta de 3.480 m², estando a menos de cem metros da Avenida Mandacar Mandacaru,, importante eixo de comércio e serviço que recebe as linhas de ônibus e veículos de passeio. Contudo, para uma melhor inserção do projeto no entorno, o autor optou fazer um recorte no terreno, ficando com 840 m².

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

UEM

CRECHE

TERRENO

ESCOLA ESTADUAL

CENTRO ESPORTIVO

Figura 15 – Terreno Proposto na Área Selecionada com Locação de Alguns Equipamentos Urbanos Fonte: Google Earth, junho ho 2005. Com modificações feitas pelo autor. ____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

32


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

A região caracteriza-se por uma estrutura social composta por disparidades, com tipologias residenciais de média densidade com baixos gabaritos, ocupada por casas uni familiares isoladas e geminadas. Próximo ao terreno há uma ocupação irregular de catadores de papel. Os eixos de comércio e serviço possuem tipologias próprias para tal uso. Com relação ao sítio físico, o terreno apresenta pouca declividade por estar próximo do espigão ao qual se encontra a Avenida Mandacaru, não necessitando assim de grandes modificações. 3.3 Normas e Legislação Para a realização deste trabalho serão utilizado as Leis do Município de Maringá Nº. 335/99 que dispõem sobre o projeto, a execução e as características das edificações e a Lei Nº. 333/99 de Uso e Ocupação do Solo, que define os parâmetros de ocupação do solo para o terreno da proposta (Vide Tabela 1). Zonas ZR2

Dimensões mín. Lotes

Altura Máx. Edif.

Coef. de Aproveit.

Taxa de Ocupação

12/300

Térreo + 1

1,4

70% 90 % subsolo

Afastamento Mínimo (m) Frontal 3m

Lateral 1.5 m

Fundo 1.5 m

Figura16 - Tabela de Parâmetros de Ocupação do Solo. Fonte: Lei do Município de Maringá Nº. 331/99, Anexo II.

3.4 O Sistema Construtivo A escolha da técnica construtiva do sistema Light Steel Frame aparece como condicionante final para o projeto, gerando diretrizes projetuais. Tal escolha busca o aprofundamento do autor nesta técnica construtiva, haja vista que este ainda é __________________________________________________________________________________________________________

33


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

um período de experimentações. Deste modo, este trabalho oferece uma alternativa à cultura nacional de construções em sistemas convencionais de alvenaria, muito comum em Maringá. Os sistemas convencionais configuram-se como uma indústria de caráter nômade, pois não é seriada, onde não se aplica conceitos de produção em grande escala. É realizada sob intempéries, utilizando mão-de-obra intensiva, com pouca qualificação e com alta rotatividade. Possuí grande grau de variabilidade dos produtos que a constituem, com pouca especificação técnica e baixo grau de precisão, se comparado com o sistema aqui proposto. Desta forma, o uso do sistema Light Steel Frame para o abrigo se dá por ser uma tecnologia atual, que vem ganhando cada vez mais espaço no mercado da construção civil, atendendo aos seus interesses. Como aumento da produtividade, o atendimento de uma demanda cada vez maior de construções, o que diminui o uso de recursos naturais e consequentemente o desperdício, além de proporcionar uma arquitetura e estética contemporânea de construção a seco. Os produtos que constituem o sistema Light Steel Frame são padronizados e de tecnologia avançada. Seus elementos construtivos são produzidos industrialmente, havendo a facilidade de obtenção dos perfis formados a frio, cuja matéria prima, processo de fabricação, características técnicas e acabamento passam por rigorosos controles de qualidade, permitindo maior precisão dimensional e melhor desempenho da estrutura. A durabilidade e longevidade da estrutura proporcionada pelo processo de galvanização das chapas e perfis de aço exibem maior estabilidade dimensional. Ao contrário da madeira, não empenam, sendo um material incombustível, não trincando por causa da dilatação. __________________________________________________________________________________________________________

34


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

Além de ser altamente resistente à corrosão, este sistema construtivo alivia a carga das fundações devido ao peso reduzido e sua uniforme distribuição dos esforços através de paredes leves e portantes. Isto proporciona custo por metro quadrado de 20% a 30% inferior ao convencional. Apresenta facilidade e rapidez na montagem, execução das ligações, manuseio e no transporte devido à leveza dos materiais. Pode-se contar ainda com a utilização de perfis perfurados previamente e a utilização dos painéis de gesso acartonado, que facilitam as instalações elétricas e hidráulicas. O edifício apresenta melhores níveis de desempenho termo-acústico, que podem ser alcançados através da combinação de materiais de fechamento e isolamento. Devido à sua comprovada resistência, o aço é capaz de vencer grandes vãos, eliminando colunas e paredes intermediárias, oferecendo maiores espaços, garantindo flexibilidade no projeto arquitetônico, além de ser reciclável, podendo ser utilizadas posteriormente várias vezes sem perder suas propriedades. A racionalização da construção vai contra os desperdícios de materiais e mão de obra, busca utilizar de forma mais eficiente os recursos financeiros, aplicando princípios de planejamento, organização e gestão, visando eliminar a casualidade nas decisões e incrementar a produtividade do processo. Tal processo apresentar inúmeras vantagens, apresentadas acima, porém, há algumas diretrizes de projeto, que serão apresentadas a seguir. 3.5.1 3.5.1 Diretrizes de Projeto para Light Steel Frame Seguindo diretrizes estabelecidas pelo Manual de Construção em Aço – Steel Framing: Arquitetura, desenvolvido pelo instituto Brasileiro de Siderurgia, para se explorar o potencial do Light Steel Framing como um sistema construtivo __________________________________________________________________________________________________________

35


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

industrializado. É necessário que o arquiteto, além de dominar a tecnologia, incorpore ao projeto arquitetônico as ferramentas indispensáveis ao processo de industrialização da construção. Essas ferramentas proporcionam uma maior eficiência e produtividade na execução da obra resultando em construções de qualidade, com baixo potencial de patologias e consequentemente uma maior satisfação por parte do usuário final, já que o processo de industrialização da construção se inicia na concepção do projeto arquitetônico, é nessa etapa que as decisões tomadas representam mais de 70% dos custos da construção13 sendo este responsável, em media, por 40 a 45% pelas “falhas de serviço” em edifícios14. Por isso, é fundamental que o projeto seja pensado em conformidade com todas as suas condicionantes desde a sua concepção, pois sistemas industrializados são incompatíveis com improvisações no canteiro de obras, onde a reparação dos erros pode acarretar em prejuízos tanto financeiros como de qualidade do produto final. Desta forma o processo final deve resultar assim apenas do gerenciamento das operações de montagem, ajustagem e acabamento.

O

sistema

Light Steel Framing apresenta dois níveis de produção de edificações: 1. Produção de uma edificação através da montagem da estrutura “in loco” e da instalação posterior dos demais subsistemas como fechamentos, elétrico-hidráulico, esquadrias, revestimentos, entre outros. Ou seja, a edificação é subdividida em uma série de componentes elementares que se combinam e a execução é dada em uma sucessão de 13

CAMBIAGHI, H. Projeto frente às novas tecnologias. Disponível em http://www.asbea.org.br/midia/artigos/cambiaghi/projtech Acesso em: Abril 2009

__________________________________________________________________________________________________________

36


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

etapas ocorridas no canteiro. Nesse nível, vários componentes podem ser industrializados, porém alguns processos ainda acontecem de forma convencional. 2. Sistemas modulares pré-fabricados, cujos módulos ou unidades produzidos pela indústria são transportados ao local da obra e podem vir com todos os subsistemas já instalados. Essas unidades podem constituir toda a edificação ou apenas parte dela, como ocorre com os banheiros pré-fabricados. Quanto maior o nível de industrialização no processo de construção dessas edificações, menor a quantidade de atividades no canteiro, resumindo-as a montagem e interligação das unidades, formando um sistema estrutural único. O processo de racionalização começa ainda na fase de concepção, análise e especificação dos componentes, na compatibilização dos subsistemas, no detalhamento, e continua no processo de construção. Os recursos ou ações a serem aplicadas para a racionalização no processo de projeto ocorrem através do planejamento de todas as etapas do processo, desde a definição do produto, projetos, suprimentos, execução, até a entrega da obra. A indústria da construção divide-se em duas partes: a da edificação propriamente dita e a de materiais de construção subsidiaria da primeira. Uma das finalidades da racionalização é integrar as duas indústrias. Para que isso ocorra, devemse formular princípios comuns que estabeleçam uma disciplina conceitual e pragmática que permita transformar os materiais de construção em componentes construtivos de catálogo. Uma condição fundamental é a adoção do sistema de coordenação modular, como base para a normalização dos componentes construtivos.

__________________________________________________________________________________________________________

37


__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________CASA DE ACOLHIMENTO

3.5 Estudo de Caso Uma obra de referência é analisada e apresentada aqui, por estar

intrinsecamente secamente

ligada

ao

sistema

construtivo c

escolhido pelo autor. O refúgio São Chico, localizado na cidade serrana serr de São Francisco de Paula, 100 km de Porto Alegre, Rio Grande do Figura Figura21 17––Implantação Implantação Fonte: Revista Fonte: RevistaAU AU177 177

Sul, possui um terreno de cerca de 1 mil m², tomado inteiramente pela mata atlântica e por araucárias, e com

uma série de restrições de construção. O cliente exigiu a mínima interferência na vegetação, rejeitando os padrões de construção trução existentes na região, feitos com madeira escura e vermelha (pinho), e telhados de águas inclinadas. O foco principal deste trabalho foi apresentar uma casa industrializada que servisse como módulo de morar, podendo ser implantado em qualquer sítio físico. P Por este motivo o escritório evitou u referências campestres, tendo como inspiração a arquitetura moderna, com sua imparcialidade e clareza estética, sendo extremamente simples,

Figura 18 – Varanda Coberta

Fonte: Revista AU 177 ____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

38


__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________CASA DE ACOLHIMENTO

ortogonal e planar. Antes da a escolha do sistema Light Steel Frame, o proprietário, juntamente com o escritório escritório, optaram pela estrutura em madeira, contudo, diante dos problemas relativos à umidade, somados à falta de mão-de-obra obra especializada foram fatores definitivos para a mudança, optando por uma casa realmente industrializada, com qualidade técnica desde a fábrica, ica, desta forma o aço leve, ou light ssteel frame foi o escolhido como sistema stema construtivo mais compatíve compatível com os anseios do proprietário, resultando em uma casa de 82 m², desconsiderando o tempo necessário para a cura da laje de concreto, a obra do refúgio o foi executada em pouco mais de dois meses.

Figura 19 – Vista Externa Fonte: Revista AU 177

A organização espacial do refugio é feita de forma longitudinal, através de três volumes englobando duas áreas básicas, a social, funcionando como centro aglutinador das atividades em família e abriga estar e cozinha, e a área íntima, dos quartos quartos, dispostos nas extremidades da planta, totalmente revestidos de telha metálica, criando uma idéia de vagão ou contêiner, entrando em contat contato direto com a paisagem externa através de uma fita transparente e um pequeno tterraço que quase toca os troncos das árvores, já a área social possuí revestimento em pínus Figura 20 – Vista ta Interna da janela Estar Fonte: Revista AU 177

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

39


__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________CASA DE ACOLHIMENTO

auto clavado, por dentro e por fora (madeira usada inclusive no mobiliário) e o avanço das janelas de vidro laminado duplo em direção à mata. Sua característica de recipiente ente hermético é descon desconstruído truído por uma estratégica varanda entre a sala e um dos quartos, que projeta um deck de e madeira em balanço sob o solo, a luz é filtrada por uma cobertura de acrílico alveolar translúcido, e o espaço configura-se se como o meio caminho, a transição possível entre a casa de aço e a mata fechada lá fora. Passo a Passo da Obra Seguindo os procedimentos básicos para construções em light steel frame, foi modulada em 1.20 m x 1.20 m. A primeira etapa da obra se dá pela execução da base para recebimento de toda estrutura de steel frame, frame para isto, foi determinado que a fundação fosse executada através de embasamento, executado com pedra grés e blocos de concreto, por permitir a elevação do volume do solo e evitar contato com a umidad umidade, e, insetos e pequenos animais, animais desta forma, após tal procedimento iniciam-se se os trabalhos de execução da laje de concreto armado, procedimento que levou cinco dias para ser concluído, do, levando vinte dias para o concreto curar e estar pronto para o recebimen recebimento to dos painéis.

Figura 21 – Construção o embasamento Fonte: Revista AU 177 ____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

40


__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________CASA DE ACOLHIMENTO

Primeira e Segunda Semana: este período período, foram preparados na Semana: Neste fábrica os perfis estruturais de aço galvanizado e placas de OSB, que será transportado até o local para sua montagem. Cada painel recebe uma fita neoprene (banda acústica) na soleira inferior, evitando assim contato direto da estrutura com a laje, compensando as imperfeições existentes no concreto, além de conferir estanqueidade às paredes paredes.

Figura 22 – Primeira e Segunda Fase Fonte: Revista AU 177

Terceira Semana: A modulação é posicionada icionada sobre a laje e fixada à pólvora com pinos. Esta sta união é feita por parafusos autobrocantes autobrocantes, complementados pelos chumbadores e cantoneiras de aço aço, completando a ancoragem das paredes.

Figura 2 23 – Terceira Semana Fonte: Revista AU 177

inicia-se a colocação das vigas de Quarta Semana: Semana: Com as paredes instaladas, inicia bordo de 15 m x 0,55 m e das teso tesouras, fixadas sobre as paredes, de uma lateral à outra, unindo o corpo principal da casa com a suíte. Sua função estrutural é determinada pela estética do projeto, ocultando a cobertura. A As tesouras são fixadas em intervalos de 1,20 m seguindo a modulação do projeto, com a colocação dos painéis de OSB completa, já se tinha a idéia aproximada da volumetria final da casa. Figura 24 – Quarta Semana Fonte: Revista Rev AU 177

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

41


__________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________ __________________CASA DE ACOLHIMENTO

Quinta Semana: Semana : Nesta etapa são instalados os equipamentos e tubulação hidráulica e elétrica. A membrana impermeabilizante também é instalada, insta garantindo a estanqueidade da estrutura, garantindo também a passagem do vapor gerado dentro da casa para fora, evitando umidade nas paredes internas. Figura 25 – Quinta Semana Fonte: Revista AU 177

Sexta Semana: As telhas trapezoidais do tipo sanduíche com miolo de EPS são instaladas na cobertura, que também feita de estrutura metálica.

Figura 26 – Sexta Semana Fonte: Revista AU 177

Sétima Semana: pós o término do envelopamento na sexta semana, inicia-se inicia agora a Semana: Após colocação dos lambris de p pínus nus autoclavados e a telha ondulada nas fachadas, havendo o arremate juntamente com a cobertura in instalando stalando em todo perímetro um capeamento em chapa galvalume dobrada, o mesmo acabamento foi aplicado sobre o volume de madeira permitindo o escoamento da chuva. Figura 27 – Sétima Semana Fonte: Revista AU 177

____________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________

42


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

Oitava Semana: Semana : Fixam-se as cantoneiras para vedação e melhor acabamento no encontro das telhas; são instaladas também as esquadrias das janelas e montada estrutura metálica de sustentação do deck. Figura 28 – Sexta Semana Fonte: Revista AU 177

Nona

Semana: Semana :

Finalmente, após toda montagem e aplicação dos

revestimentos externos, parte-se para os acabamentos das paredes internas com a instalação da lã de rocha e placas de dry wall, além dos serviços de marcenaria. Figura 29 – Nona Semana Fonte: Revista AU 177

3.6 Partido Arquitetônico A preocupação em criar a beleza é, sem dúvida, uma das mais evidentes do ser humano, em êxtase diante desse universo fascinante em que vive. Foi-se o tempo da planta de dentro para fora, do angulo reto, da máquina de habitar, da imposição dos sistemas construtivos. A forma plástica evoluiu na arquitetura em função das novas técnicas e dos novos __________________________________________________________________________________________________________

43


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

materiais que lhes dão aspectos diferentes e inovadores. Diante dessa evolução contínua e inevitável e dos programas que surgem, criados pela vida e pelo progresso, o arquiteto vem concebendo, através dos tempos, o seu projeto15. Atualmente é possível observar nas recentes obras de arquitetos como Frank Gehry, Zaha Hadid, Daniel Libeskind, entre outros, uma arquitetura que parece estar de pernas para o ar. No entanto, a mais elementar das tipologias seduz mesmo alguns grandes nomes de vanguarda. Isto quase um século após, em tese, de a arquitetura modernista ter banido o telhado, símbolo de atraso para o movimento, sendo substituído por platibandas e lajes planas, tornando-se questão de honra evitar a cobertura ancestral16. Para o autor deste raciocínio, Fernando Serapião, tal tipologia tem como antecedente desde as épocas mais remotas o plano inclinado, gerado por uma pequena cobertura de folhas de árvores ou peles de animais. Tempos depois, surgem os dois planos biapoiados, formando uma cabana, sendo que a parede marca a diferença entre cabana e casa; logo aparecem as telhas e telhados. Desta forma esta tipologia não foi utilizada somente em moradias, mas também em templos gregos, conformando soluções diversas de volumes semelhantes. Após tantas inovações tipológicas, a solução “primitiva” de duas águas permaneceu, mesmo contra vontade dos modernos. Com a sua crise, surgiu um resgate deste elemento histórico, marcado, nos últimos vinte anos, por uma 15

Nyemeyer, Oscar. Excertos de Arquitetura – A forma na Arquitetura, 1978.

16

SERAPIÃO, Fernando. Maisons finfin-dede -siècle. siècle Disponível em < http://www.arcoweb.com.br/artigos/fernando-serapiao-

maison-fin-de-siecle-17-03-2008.html>. Acessado no dia 02/03/2009 __________________________________________________________________________________________________________

44


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

pluralidade de manifestações arquitetônicas. E é dentro deste contexto que se encaixa a retomada da tipologia elementar descrita, sobretudo em residências unifamiliares. A renovação do arquétipo busca, em sua forma geral, organização e pormenores, o desejo de simplificação e, em muitos casos, a industrialização - uma das heranças do moderno. Moderna também é a busca pela forma elementar, no entanto, a raiz arquetípica e o partido repercutem o pós-modernismo, ou seja, são obras que retomam para a arquitetura a mensagem e a linguagem histórica. É uma síntese arquitetônica que assume ao mesmo tempo o passado e a capacidade de inovação de um modelo essencial, sendo estas renovações organizadas em cinco grupos. Em primeiro lugar encontramos edifícios que tem clara vinculação com o entorno, partindo de um contexto pré definido como construções vizinhas ou ruínas, dentro desta categoria encontramos a vila que o escultor Walter Pichler construiu para si na Áustria17, sendo uma série de edificações utilizando o arquétipo das casas, criando um conjunto instigante. Figura 30 – Vila criada pelo escultor Walter Pichler Fonte: Revista DOMUS

Depois, temos o grupo das construções cujo partido é uma interpretação histórica e das quais o chamariz se dá pelo vernáculo que, em certa medida, pode também ser classificado como regionalismo crítico, onde o uso da tipologia procura

17

CF. Domus n° 811, Pág. 19

__________________________________________________________________________________________________________

45


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

estabelecer uma identidade local, porém, é rotulado como “revival historicista”, a exemplo disto temos os tijolos ingleses servindo de base para expressão projetual dos arquitetos Bob Allies e Graham Morrison, na casa Morrison. O terceiro grupo foca-se no processo construtivo, a intenção de produzir um exemplar ligado ao modelo vernacular fica claro. Contudo, a tecnologia construtiva é mais importante quanto o ícone, assim temos como exemplo a casa MarikaAlderton, de 1991, onde o arquiteto Glenn Murcutt desenha para um artista aborígine. A residência une o high-tech, a expressão vernacular ocidental e costumes primitivos australianos. ``No quarto agrupamento temos o desejo de simplificação da forma elementar, o minimalismo em vez de perseguir formas abstratas, tem como suporte o simbolismo infantil da casa, utilizando o mesmo tipo de acabamento para cobertura e fechamento, que aparece no trabalho de Roberto Ercilla e Miguel Angel Campo, que exploram uma volumetria pura com requintes minimalistas cheia de recortes.

Figura 31 – Casa Morrison Fonte: www.alliesandmorrison.co.uk/

Em quinto e último lugar estão trabalhos que, apesar de por vezes recorrerem ao vernacular, focam-se mais na abstração formal, apropriando-se da tipologia apenas para desconstruí-la. Nota-se isto claramente no trabalho dos arquitetos Fernando Rihl Figura 32 – Casa Marika-Alderton, de Glenn Murcutt Fonte: www.architecture.about.com/od/houses/ss/marikaalderton.htm

__________________________________________________________________________________________________________

46


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

e Christopher Allen Procter, na casa Slice, em Porto Alegre, encontrando-se locada na área urbana da cidade onde o ponto forte do projeto é a deformação do desenho vernacular, utilizando empena de concreto combinada com fechamento de metal. Mesmo com todas as variações, o arquétipo primário e primitivo encontra-se intrínseco no imaginário do homem e, principalmente no infantil. Prova disso é que a leitura de uma criança para a o significado “casa”, quase sempre dada pela forma descrita acima, estando presente também nos brinquedos infantis como lego ou pequeno construtor.

Figura 33 – Casa Slice Fonte: www.procter-rihl.com

Assim, propõe-se aqui a aplicação de tal forma no projeto pela função que esta vem exercendo desde os primórdios da humanidade, como abrigo, feito desde peles de animais e folhas, até pedras e modernos sistemas tecnológicos da arquitetura contemporânea, buscando suprir a necessidade de acolhimento para crianças e adolescentes através de um arquétipo formal que tem um significado implícito.

Figura 34 – Casa Gardelegui Fonte: www.robertoercilla.com

__________________________________________________________________________________________________________

47


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

4.

PROJETO

4.1 O Programa de Necessidades O programa de necessidades apresentado aqui leva em consideração os estudos realizados das obras correlatas, além de leituras especializadas no segmento, buscando atender adequadamente às necessidades de um abrigo para 20 crianças e adolescentes. Há o excedente de 4 vagas para casos extremos de maoir demanda, muito comum nos abrigos. ADMINISTRAÇÃO

AMBIENTES

CAPACIDADE

ÁREA

Recepção, atendimento, controle do apoio técnico

Secretaria+Espera+Sanitário

X

25 m²

Responsável pela saúde mental na instituição

Sala da Psicologa

X

7 m²

Acompanhamento do crescimento e saúde das

Sala da Assistente Social

X

7 m²

crianças

(Diretora)

X

7m²

Local de atendimento pais ou responsáveis

Sala de Reuniões

X

10 m²

Execução e serviços burocráticos e administrativos

Sala Sociologa/Enfermaria

X

4 m²

Armazenamento de processos

Arquivo

X

Figura 35 – Tabela Setor Administrativo Fonte: Autor, 2009. __________________________________________________________________________________________________________

48


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

SERVIÇOS GERAIS

AMBIENTES

Preparação de refeições e armazenamento alimentos

Cozinha + Dpsto Alimentos

X

26 m²

Tratamento de roupa suja e materiais de limpeza

Lavanderia + Dpsto.

X

7.8 m²

X

6 m²

X

27.m²

X

37 m²

X

3.2 m²

Estoque de de ferramentas, materiais pedagogicos e

Limpeza

de escritório

Almoxerifado + Depósito

Manutenção geral

Pátio de Serviços

Descanso, higienização, guarda e troca de roupas

Sala + Banheiros dos Funcionários

Depósito de lixo e central de gás

Depósito de Lixo + Central

CAPACIDADE

ÁREA

X

de Gás

Figura 36 – Tabela Setor Serviços Gerais Fonte: Autor, 2009.

O corpo administrativo principal necessário para o funcionamento da instituição se dá através de uma assistente social, responsável pela gestão da entidade, e da coordenação financeira, administrativa e logística. Uma psicóloga e uma socióloga, responsáveis pelo acompanhamento psicosocial dos usuários e suas respectivas famílias. Suas atividades abrangem visitas à família, para a reintegração familiar, apoio na seleção e capacitação dos cuidadores/educadores e __________________________________________________________________________________________________________

49


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

demais funcionários, fazendo também o encaminhamento e a discussão conjunta com outros atores da rede de serviços que garantem os direitos das intervenções necessárias ao acompanhamento das crianças e adolescentes e suas famílias. Elaborado em conjunto com a equipe técnica e demais colaboradores, o projeto pedagógico do serviço serve como base para a seleção e contratação e supervisão de toda equipe, organizando também as informações das crianças e adolescentes e respectivas famílias. USO COMUM

AMBIENTES

Estudos e Pesquisas

Sala de estudos + Internet

X

22 m²

Destinado a Brinquedos e equipamentos

Brinquedoteca

X

26 m²

Sala TV

X

27 m²

Sala Jantar (Refeitório)

X

34 m²

Playground

X

--------

X

--------

pedagógicos Área de descanso Local para alimentação e realização de atividades recreativas Área de Lazer

CAPACIDADE

ÁREA

Figura 37 – Tabela Setor de Uso Comum Fonte: Autor, 2009.

__________________________________________________________________________________________________________

50


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

A preparação da criança e adolescente para o desligamento da instituição é feita juntamente com o educador e psicólogo, do processo de aproximação e fortalecimento e construção do vínculo com a família de origem ou adotiva, responsáveis também pelos relatórios periódicos encaminhados a autoridades judiciárias e ministério público sobre a situação de cada criança e adolescente na entidade. Com relação aos educadores, fica estabelecido pelas orientações técnicas para os serviços de acolhimento para criança e adolescentes um profissional para cada dez usuários por turno, sendo aumentada essa quantidade quando houver usuários que demandem atenção específica de saúde ou idade inferior a um ano. ATENDIMENTO INFANTIL PARA 8 CRIANÇAS DE 0 - 6 ANOS

AMBIENTES

CAPACIDADE

ÁREA

Dormitório

1 Bercário (0 à 18 meses)

4

13.6 m²

Dormitório

1 Quarto (2 anos à 6 anos)

4

13.5 m²

Solário contiguo aos berçáros

Solário

-

13 m²

Higiênização

Fraldário+Sala de Banho

-

9.5 m²

Preparo e Amamentação

Lactário+Sala Amamentação

-

11 m²

Figura 38 – Tabela Setor Infantil de 0 a 6 anos Fonte: Autor, 2009.

__________________________________________________________________________________________________________

51


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

Para tanto, adota-se um cuidador para cada oito usuários quando houver um usuário com demandas específicas e um cuidador para cada seis usuários quando houver dois ou mais usuários com demandas específicas Estes cuidadores são responsáveis pelos cuidados básicos de higiene, proteção e alimentação, com relação afetiva personalizada e individualizada, organizando os ambientes (espaço físico e atividades adequadas ao grau de desenvolvimento de cada criança ou adolescente), auxiliando também a criança e o adolescente a lidar com sua história de vida, com o fortalecimento de sua auto-estima e construindo sua identidade. DORMITÓRIO - CRIANÇA E JUVENTUDE 06 -18 ANOS

Dormitório, higiênização, guarda e troca de roupas e de pertences individuais

AMBIENTES

CAPACIDADE

ÁREA

Suíte Meninos - 06 à 18 anos

6

16,5 m²

Suíte Meninas - 06 à 18 anos

6

21,5 m²

Suíte Especial - 06 à 18 anos

4

21,5 m²

Figura 39 – Tabela Área intíma de 06 a 18 anos Fonte: Autor, 2009.

O cuidador fica responsável por organizar também fotografias e registros individuais do desenvolvimento de cada indivíduo, de modo a preservar sua história; por acompanhar também nos serviços de saúde, escola e outros serviços de cotidiano; por oferecer apoio na preparação da criança ou adolescente para o desligamento, sendo para tanto orientado e supervisionado por um profissional de nível superior. __________________________________________________________________________________________________________

52


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

QUADRO GERAL DE ÁREAS

Dimensionamento Geral da Edificação

AMBIENTES

ÁREA APROX

Atendimento infantil de 0 a 6 anos

60,6 m²

Atendimento de 6 a 18 anos

59.5 m²

Uso Comum

109 m²

Serviços Gerais

107 m²

Administração

56 m²

Circulação (20 %)

78.4 m²

TOTAL ÁREA CONSTRUÍDA

541.16 m²

Figura 40 – Tabela Geral de Áreas Fonte: Autor, 2009.

A manutenção do abrigo fica a cargo dos auxiliares de cuidador/educador, sendo um profissional para cada 10 usuários, por turno, sendo que a quantidade de profissionais deverá ser aumentada tal qual os educadores quando houver usuários que demandem atenção específica. Apóiam às funções do cuidador, através da organização e limpeza dos ambientes e preparação dos alimentos. Contudo, é necessária a criação de uma área de convivência para os funcionários, reservado para as necessidades básicas e utilização nos intervalos de descanso. __________________________________________________________________________________________________________

53


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

A setorização dos ambientes de uso comum se dá principalmente para que haja a interação entre todas as idades, mesmo que cada indivíduo que passe pela entidade possua diferenças de classe, cor, sexo. Isso os ensina a respeitar as diferenças, pois todos que se encontram ali estão na mesma condição. Desta forma, a valorização da convivência é parte importante dentro do projeto, pois resgata valores e transforma os existentes. Para tanto, por ser um projeto de pequena área, o agrupamento de tais funções resultou na integração dos espaços, gerando áreas multifuncionais nas quais as crianças e adolescentes pudessem praticar as atividades psicopedagógicas realizadas dentro do abrigo. Porém, vale ressaltar que isto não priva as crianças e adolescentes da busca pela convivência com a comunidade. Por se tratar de um edifício pequeno, o autor separa o atendimento infantil para crianças de zero a seis anos baseando-se no programa de necessidades de uma creche. Porém, vale ressaltar que tal instituição não tem este papel, desta forma, locais como sala de amamentação e outras dependências não citadas abaixo se encontram “incorporadas” no projeto, haja vista que a instituição busca a similaridade com o lar da criança. A separação dos quartos por sexo é opção do autor. Porém, vale ressaltar que tal separação deve ser feita pelos educadores, sociólogos e psicólogos, por haver casos específicos, tais como irmãos ou primos com diferentes sexos18. Desta forma, cada caso deve ser analisado, não amarrando o projeto pedagógico da instituição em diretrizes arquitetônicas estabelecidas pelo autor.

18

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1990, artigo 92, Inciso V.

__________________________________________________________________________________________________________

54


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

4.2 Memorial Descritivo e Justificativo Com a definição do sistema estrutural e do partido arquitetônico, foi possível gerar subisídios para realizar o estudo apresentado. Como a tipologia foi pré determinada, optou-se pelo começo do projeto atráves de maquetes volumétricas, realizando estudos em cima de uma malha reticulada sobre o terreno de 50 cm x 50 cm, para que seja realizado o projeto estrutural de steel frame, de forma modular. A seguinte volumetria é resultado do agrupamento do projeto em duas zonas destintas. Na primeira, encontramos a parte de suporte da instituição, onde temos o setor administrativo juntamente com a área de serviços. Na segunda temos a casa, sendo isolada da área administrativa, com a intensão da máxima aproximação de residência, havendo somente dois pontos de acesso do setor administrativo para ela. Após este zoneamento, o autor propõe micro zoneamentos nessas duas macro zonas seguindo os preceitos do CONANDA e baseando-se juntamente nas visitas correlatas. Rua Kingston

Rua Kingston DORMIR

ABRIGO

ESTUDO BRINCAR

SERVIÇOO

Rua Projetada

BRINCAR DORMIR

CONVIVÊNCIA

SERVIÇOS

BRINCAR

ADM

Rua Projetada

Figura 41 – Esquema de macro e micro zoneamento do programa de necessidades no terreno proposto Fonte: Autor, 2009.

O layout foi pensado de forma que houvesse máxima integração entre os ambientes, tanto no setor administrativo quanto na residência. Contudo, houve a preocupação de isolar as funções de serviços como cozinha, lavanderia e depósitos por __________________________________________________________________________________________________________

55


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

questões de segurança, tanto para as crianças quanto para os adolescentes por conter produtos químicos e objetos cortantes. O setor administrativo e de serviços possuí entrada pela rua projetada. A infra estrutura conta com um acesso social controlado por interfone pela secretaria. Nela encontramos um banheiro para atender ao público, uma sala de espera, o balção de atendimento da secretária e o arquivo. Para permanecer na instituição, as crianças devem passar obrigatoriamente pela secretaria, pois é necessário que haja o registro e todos os procedimentos burocráticos previstos na lei, que são realizados pela diretora, psicóloga e socióloga. Há dois acessos de serviços restritos aos funcionários pela garagem, isolado do acesso social através de uma grade para que estranhos não entrem na área de serviço. É por ela que ocorre a carga e descarga de mercadorias e doações e onde encontramos três vagas de garagem. Ainda no setor administrativo, encontra-se uma sala de reuniões destinada a conversas com familiares ou outros agentes responsáveis pelo funcionamento da instituição. Destinou-se salas específicas para cada uma das três figuras mais importantes dentro da instituição: a psicóloga, a diretora (assistente social) e socióloga. Contudo, optou-se na junção da sala da socióloga com uma pequena enfermaria para pequenos casos de acidentes ou mal estar que pudessem ser cuidados dentro da instituição. Isto ocorre pois a socióloga é responsável pela parte jurídicas da instituição, não havendo tanta importância na criação de uma sala mais reservada como da psicóloga e diretora. A área de serviços foi projetada adaptando-se a equipamentos de grande capacidade de atendimento, caso a instituição esteja atuando em capacidade máxima. A cozinha possui 1 fogão industrial de seis bocas, duas geladeiras de 360 L para verduras, legumes e frutas e duas cubas juntamente com grandes bancadas de apoio para louçaria e cocção dos __________________________________________________________________________________________________________

56


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

alimentos. O depósito de alimentos possuí um local destinado a mantimentos não refrigerados e um freezer de 500 L para guardar alimentos congelados como carnes. A lavanderia, depósito e o almoxarifado foram instalados em uma forma linear. A lavanderia possuí uma lavadora e secadora industriais com capacidade para 20 kg de roupas. Ainda nesta área temos duas grandes bancadas de apoio para lavar e passar roupas. O depósito e o almoxerifado encontram-se diretamente ligados ao acesso principal da área de serviços para facilitar a armasenagem das cargas e descargas. Tanto a lavanderia, quanto o depósito de alimentos possuí uma porta com saída para o pátio de serviços, onde encontramos o depósito de lixo, estendal e a central de gás com três botijões. O abrigo foi pensado de forma que se aproximasse ao máximo de uma residência. O micro zoneamento de suas funções é pensado em torno das atividades comer, brincar, estudar e dormir. O acesso é feito de forma independente do setor administrativo pois, mesmo sendo uma casa de passagem que tem caráter transitório, algumas crianças podem permanecer na instituição por um tempo maior que o usual, criando vínculos com a comunidade em que a instituição se insere, tanto nas escolas, quanto nas creches, centros esportivos e afins. Assim, buscando minimizar a experiência do abrigo, é que se se propõe este acesso social da casa, controlado por interfone pelos educadores responsáveis, trazendo ao abrigo uma característica muito próximo da imagem de casa. O jogo de volumes é definido pelo micro zoneamento proposto. Na área central do terreno temos área de convivência que é definida por um grande espaço com pé direito de duplo. Neste local temos a sala de TV, o refeitório com duas mesas __________________________________________________________________________________________________________

57


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

que funcionam como uma sala de jantar e uma brinquedoteca. Localizado ainda no térreo está o setor que foi inteiramente destinado às crianças de 0 a 6 anos por se tratar de um público específico. Buscou-se dimensionar os espaços de acordo com as medidas antropométricas das crianças. Há uma brinquedoteca com brinquedos especifícos para a faixa etária, um roupeiro no corredor, uma sala de banhos e fraldário, um quarto com quatro camas que atende crianças de 1 a 6 anos de idade, um berçário com capacidade para quatro bebes. Contíguo ao berçário temos um solário, juntamente com um tatame localizado no chão para que a criança se desenvolva, com espelhos e equipamentos adequados a faixa etária. O autor procurou isolar a sala de amamentação por questões práticas, uma vez que isto ajuda a não interferir no sono dos outros bebês na hora da amamentação. Neste local encontramos também o lactário, feito para o preparo das mamadeiras. No oposto a esta área, temos uma suíte com medidas especiais com capacidade para atender dois cadeirantes. Contudo a suíte atende quatro pessoas, com duas beliches, havendo assim uma integração dos cadeirantes com outras crianças. Paralela à suíte temos a sala de estudos, local onde é possível ter acesso a internet e realizar estudos em local adequado. O andar superior é destinado para sala de descanso dos funcionários e duas suítes para crianças e adolescentes entre de 7 a 18 anos, separadas por sexo. Isto acontece por conta do jogo de volumes criado e para que houvesse mais espaço para área de lazer, uma vez que o autor busca fazer uma inserção coerente do edifício com seu entorno residencial através de um terreno pequeno, para que a edificação passe como uma residência comum e não como órgão institucional de abrigamento para as crianças, para que não haja estigmatização dos usuários. __________________________________________________________________________________________________________

58


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

Com o caimento de 1.80 m ao longo de todo terreno, o autor propõe um movimento de terra simples. O sentido de caimento fez com que os acessos fossem localizados nas extremidades dos terreno, tanto do abrigo quanto do setor administrativo. Desta forma, o ponto mais baixo de todo terreno localiza-se na esquina, assim estipulou-se o nível zero em um ponto intermediário do lote, havendo movimento de terra para nivelar todo terreno para que haja facilidade do acesso para deficientes físicos. Os vazios dentro da volumetria foram criados a fim de se revelar o espaço interno de forma dinamica, com as diferentes alturas dos volumes, estes vazios criam diferentes sensações espaciais. A integração visual na área de convivência foi importante para que a posição estratégica da área de convivência dos funcionários, que se localiza sobre o mezanino. Sua posição estratégica garante que mesmo nos momentos de descanso, é possível visualizar a dinâmica da instituição tanto no setor administrativo quanto no abrigo. A área de convivência dos funcionários foi feita pensando na reclusão dos educadores nos momentos de intervalos, garantindo um espaço para guardar objetos pessoais e uma área de convivência reservada para o corpo técnico, contudo sempre atentos ao movimento do local. Após a definição da volumetria, o autor buscou acabamentos que trouxessem a sensação de aconchego e acolhimento. Desta forma, o exterior do projeto teve volumes alternados hora com placas cimentícias brancas hora com painéis de deck de eucalípto tratado, servindo também como aparato para camuflagem de janelas indesejáveis na volumetria, como as janelas dos banheiros. Na parte interna, a especificação de materiais foi determinada de acordo com cada zona. Para as calçadas fica definido o revestimento com pavers. Os acessos da garagem, da secretaria, da residência e do estacionamento descoberto possuem um piso diferenciado, marcado por placas de concreto liso com tratamento para __________________________________________________________________________________________________________

59


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

impermeabilização. Os decks em madeira no piso definem as áreas de lazer externa das crianças e adolescentes, estando sempre próximas da área de convivência no abrigo. Internamente, os pisos foram definidos de acordo com a setorização dos ambientes. A área administrativa

é toda

revestida com porcelanato 60x60 branco fosco, a cozinha juntamente com a área de serviço e depósito são revestidas com porcelanato 40x40 branco polido, o pátio de serviços é revestido com ladrilho hidráulico. Contudo, na área interna do abrigo, inicialmente pensou-se em pisos de madeira. Por se tratar de um espaço voltado para crianças o autor acredita que obteria um melhor eficiência se fosse implantado um piso vinílico, desta forma fica definido como padrão para todos os ambientes coletivos no abrigo, inclusive quartos e a passarela o piso tarkett (linha ambienta referência 664 – Asper) que reproduz o formato do bambu, com superfície lisa, conferindo ao ambiente um toque mais natural e aconchegante. Os banheiros tanto do setor administrativo quanto do abrigo possuem revestimento padronizado de porcelanato 30x30 branco polido. 4.3 Conclusão A pesquisa que foi apresentada acima, juntamente com as visitas aos correlatos e a criação do projeto mostrou que tal temática proporciona uma experiência de vida para o autor. Foi possível entrar em contato com uma realidade totalmente desconhecida, entendendo suas peculiaridades para propor uma tipologia que busca através de uma forma simples o significado do lar.

__________________________________________________________________________________________________________

60


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

A importância do projeto para a cidade de Maringá foi constatada pela falta de infra estrutura adequada e má localização da instituição existente. O edifício aqui proposto busta inserção dentro de uma área adequada, com instalações coerentes para o desenvolvimento das crianças e adolescentes, buscando minimizar a experiência do abrigo vivenciada por estas. O autor conclui também que somente os conhecimentos acadêmicos não foram suficientes para a realização de um projeto estrutural em steel frame de forma detalhada para tais dimensões, sendo necessário um conhecimento técnico mais aprofundado para que houvesse maior facilidade no ato de projetar. A experiência com este trabalho foi gratificante, pois pude entender melhor os preceitos do sistema dentro das limitações encontradas.

__________________________________________________________________________________________________________

61


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

4.4 Bibliografia ABNT NORMA NBR 15253 - Perfis de Aço Formados a Frio, com Revestimento Metálico, para Painéis Reticulados em Edificações: Requisitos gerais, 2005. BRASILEIROS (AMB), Associação dos Magistrados. Abrigo Legal – Campanha da AMB em Favor Favor das Crianças que Vivem em Abrigos. Disponível em: www.amb.com.br/mudeumdestino/docs/Abrigo_Legal.pdf BELLOSTES, Judit. Centro de Acogia para http://blog.bellostes.com/?s=bed+by+night&x=14&y=7

ninõs

Bed

by

night. night

2008.

Disponível

em:

BEE, Helen. O Ciclo Vital. Vital Primeira edição. São Paulo: Click Books, 1997. CAMBIAGHI, H. Projeto frente às novas tecnologias. tecnologias Disponível em: http://www.asbea.org.br/midia/artigos/cambiaghi/projtech Acesso em: 28/04/2009. CARREIRÃO, Úrsula Lehmkuhl, Modalidade de Abrigos e a Busca pelo Direito à Convivência Familiar Familiar e Comunitária. Comunitária Disponível em: http://www.ipea.gov.br/Destaques/abrigos/capit11.pdf, acesso em 28/04/2009. FREITAS, Arlene Maria Sarmanho. Manual da Construção em Aço - Steel Framing: Arquitetura. Rio de Janeiro: 2006 JUNIOR, Vitor Paulo Pereira. Crianças e Adolescentes http://www.urutagua.uem.br//006/06paulojr.htm LEI

de

Rua

Abrigados:

Uma

Etnografia. Etnografia

Disponível

complementar n° 331/99, Município de Maringá. Disponível Maringá http://sapl.cmm.pr.gov.br:8080/sapl_documentos/norma_juridica/588_texto_integral Acessado no dia 15/03/2009.

em em:

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei Orgânica da Assistência Social N°8.742 N°8 .742, .742 de 7 de Dezembro de 1993. Disponível em: http://www.rebidia.org.br/noticias/social/loas.html

__________________________________________________________________________________________________________

62


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

MONTES, Daniela Cristina. O Significado da Experiência de Abrigo e a AutoAuto- Imagem da Criança em Idade Escolar, Escolar 2006. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7133/tde-02102006-155956/ MARTINEZ, Ana Laura Moraes.. Adolescentes no momento de saída do Abrigo: Abrigo : Um Olhar para os Sentidos Construídos. Construídos 2008 Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-01022007-121705/ MELDUNGEN, Alle. Bed by night – Container – Wohnanlage für obdachlose jugendliche in Hannover eröffnet, eröffnet 2002. Tradução Eduardo Verri. Disponível em: www.baunetz.de/meldungen/Meldungen_ContainerWohnanlage_fuer_obdachlose_Jugendliche_in_Hannover_eroeffnet_11753.html.

MARTINS, Edna; SZYMANSKI Heloisa. Brincando de casinha: significado de família para crianças institucionalizadas institucionalizadas. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-94X2004000100019&script=sci_arttext&tlng=pt, acesso no dia 26/03/2009. NYEMEYER, Oscar. Excertos de Arquitetura – A forma na www.dau.uem.br/professores/rlrego/niemeyer.pdf acesso no dia 27/04/2009.

Arquitetura, Arquitetura,

1978. 1978

Disponível

em:

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Orientações Técnicas para Serviços de Acolhimento para Cr Crianças ianças e Adolescentes. Adolescentes 2008 Disponível em: www.mj.gov.br/sedh/conanda/documentos/orientações_acolhimento_consulta_publica.pdf PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Abrigo para Crianças e Adolescentes – Manual de Orientações. Disponível em: www.mpdft.gov.br/joomla/pdf/cartilhas/Cartilha_Abrigos.pdf PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. ECA Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069, 8.069 de 13 de Julho de 1990, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_, acesso em 14/03/2009. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,, Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília, DF, 2006. Disponível em Convivência Comunitária http://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/.arquivos/pncfc.pdf, acesso em 13/03/2009. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,, O Direito à Convivência Familiar e Comunitária: Os Abrigos para Crianças Crianças e Adolescentes, Adolescentes 2008. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/082/08201004.jsp?ttCD_CHAVE=2386

__________________________________________________________________________________________________________

63


__________________________________________________________________________________________________CASA DE ACOLHIMENTO

Revista AU, Arquitetura e Urbanismo. Nº. 177. 177 São Paulo: Pini, 2008. SERAPIÃO, Fernando. Maisons finfin- dede- siècle. Disponível em < http://www.arcoweb.com.br/artigos/fernando-serapiao-maison-fin-desiecle-17-03-2008.html>. Acessado no dia 02/03/2009 SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia. monografia 4ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1997. SAYEGH, Simone. Abrigo atemporal. atemporal Disponível em: http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/177/artigo118587-1.asp SERRANO, Solange Aparecida. O Abrigamento de Crianças Cri anças de zero a seis anos de idade em Ribeirão Preto: Caracterizando esse contexto. 2008 Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-17122008-231246/ SOLON, Lilian de Almeida Guimarães. A Perspectiva da Criança sobre seu Processo de Adoção Adoção. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-23022007-171716/ WALLY, Clarissa Klabe. Centro de Apoio ao Menor Menor. enor Trabalho Final de Graduação - Universidade Federal de Pelotas. Pelotas: 2004 http://www.rebidia.org.br/noticias/social/principal.html

__________________________________________________________________________________________________________

64


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.