Visanet e Rede Globo

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CHARLATANISMO

COMO O MINISTRO AYRES BRITTO FOI LEVADO A CONDENAR OS BEM-TE-VIS

retrato

WWW.RETRATODOBRASIL.COM.BR | R$ 9,50 | NO 66 | JANEIRO DE 2013

doBRASIL

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SÉRGIO MIRANDA (1947-2012), NOSSO DIRETOR, UM REVOLUCIONÁRIO COMO POUCOS

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Mensal達o

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ESCĂ‚NDALO?!

A REDE GLOBO FICOU COM O DINHEIRO DESVIADO DO BANCO DO BRASIL? Que conclusĂŁo o prezado leitor tiraria ao saber de lista com grandes depĂłsitos feitos pelo famoso Marcos ValĂŠrio na conta da maior emissora de TV do PaĂ­s? por Lia Imanishi

OS MINISTROS DO Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Penal 470, a do chamado mensalĂŁo, consideraram ser uma “balbĂşrdiaâ€? a gestĂŁo da Diretoria de Marketing do Banco do Brasil (BB), a partir da qual teriam desaparecido 73,8 milhĂľes de reais tidos como a viga mestra do tal escândalo. Parodiando esses ministros, depois de meses de pesquisa nos autos da AP 470 para avaliar a propriedade do julgamento feito, poderĂ­amos dizer que essa documentação ĂŠ uma “balbĂşrdiaâ€?. Ela ĂŠ gigantesca. Tem cerca de 50 mil pĂĄginas. E ĂŠ formada, em grande parte, por documentos de auditorias feitas pelo prĂłprio Banco do Brasil para investigar a existĂŞncia do tal desvio e por material de incursĂľes da PolĂ­cia Federal nos arquivos da Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (CBMP). Nos arquivos dessa empresa, cujo nome fantasia era Visanet KRMH &LHOR Ă€ FDYDP RV FRPSURYDQWHV GH pagamentos feitos com o uso do Fundo de ,QFHQWLYRV 9LVDQHW ),9 TXH Ă€ QDQFLDYD as açþes de marketing do BB para vender cartĂľes de bandeira Visa. É a Globo no mensalĂŁo? Na pĂĄgina ao lado, no fundo, uma planilha de inserçþes de anĂşncios feitos pela empresa de Marcos ValĂŠrio, para promoção dos cartĂľes de bandeira Visa do Banco do Brasil, nos principais programas da TV Globo, em BrasĂ­lia e em Belo Horizonte. Sobrepostos Ă planilha, recibos de quatro depĂłsitos feitos pela empresa, a DNA Propaganda Ltda., na conta da TV Globo Ltda.

Na edição de Retrato do Brasil de nÂş 65, dezembro, em “A prova do erro do STFâ€?, publicamos uma lista, feita a partir de documento de escritĂłrio de advocacia da Visanet, dando conta de que a tese bĂĄsica aprovada pelo STF, a de que o desvio de 73,8 milhĂľes existiu, ĂŠ despropositada: atravĂŠs de seus advogados, a Visanet diz, em documento para a Receita Federal, que a empresa de ValĂŠrio realizou todos os trabalhos de promoção listados, num valor total basicamente igual ao montante do suposto desvio. Para esta reportagem, D Ă€ P GH VDEHU VH RV MXt]HV GR 67) WLQKDP como tomar conhecimento da existĂŞncia desses eventos, investigamos, nos autos, provas de sua execução. Procuramos um dos eventos da lista da Visanet que publicamos. Como jĂĄ dissemos em ediçþes anteriores, eles sĂŁo descritos em “notas WpFQLFDVÂľ QDV TXDLV Ă€ FDYDP UHJLVWUDGDV as açþes de promoção e marketing programadas pelo BB. No caso, procuramos a NT 2004-3165 PT 2004-2274. NT ĂŠ, obviamente, Nota TĂŠcnica;Íž 2004 ĂŠ o ano em que a ação foi decidida;Íž 3165 ĂŠ o nĂşmero da ação;Íž e 2274 ĂŠ o nĂşmero do protocolo (PT) da ação naquele ano. É difĂ­cil explorar a documentação relativa ao desvio de dinheiro do BB nos DXWRV GD $3 1RWDV Ă€ VFDLV FRUUHVSRQ dentes a uma ação estĂŁo em um apenso diferente da ação em si. NĂŁo se respeita a ordem cronolĂłgica dos fatos. Documentos se repetem ou sĂŁo mal copiados. Falta XPD FODVVLĂ€ FDomR EiVLFD H XP tQGLFH GR processo;Íž e por aĂ­ vai. Mas, de inĂ­cio, seguimos a regra. Buscar o dinheiro. E vimos

que dezenas de apensos do processo estĂŁo UHFKHDGRV GH QRWDV Ă€ VFDLV H FRPSURYDQ tes bancĂĄrios de pagamentos feitos pela DNA, a agĂŞncia do publicitĂĄrio Marcos ValĂŠrio, por meio da qual o BB realizava as açþes de promoção e propaganda pagas com os recursos do FIV. A NT-3165, em resumo, ĂŠ a proposta de um gasto de 11,5 milhĂľes de reais para a promoção dos cartĂľes de bandeira Visa do BB em 2004. Ela ocupa seis pĂĄginas do apenso 423 entre as pĂĄginas 28.353 e QD QXPHUDomR RĂ€ FLDO GRV DXWRV 2 texto da nota diz que ela dĂĄ continuidade Ă campanha feita no ano anterior de GLYXOJDomR GR FDUWmR 2XURFDUG XP GRV cartĂľes de bandeira Visa do BB. Diz que, entre os bancos emissores de cartĂŁo de crĂŠdito e dĂŠbito, o BB mantinha a liderança em faturamento, com 16,39% do mercado, sendo seguido por Bradesco, com 13,64%, ItaĂş, com 13,11%, Unibanco, com 7,35%, e ABN, com 5,48%. Diz que a estratĂŠgia do BB na campanha era substituir os cartĂľes BB Visa ElecWURQ SHOR FDUWmR 2XURFDUG GH P~OWLSODV IXQo}HV ² FUpGLWR H GpELWR 2 %% WLQKD uma base de 11,6 milhĂľes de clientes com cartĂľes. Desses, apenas 5 milhĂľes tinham a função crĂŠdito ativada, diz a nota. A expectativa, com a campanha, era ativar essa função nos 6,6 milhĂľes de cartĂľes restantes. Para isso, a Diretoria de Varejo, do banco, encarregada da venda dos cartĂľes, propunha que fossem aplicados 7 milhĂľes de reais em mĂ­dia aeroportuĂĄria e exterior e 4,5 milhĂľes em mĂ­dia televisiva, impressa, de rĂĄdio e 66 retratodoBRASIL

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LQWHUQHW 2 GLQKHLUR IRL DSOLFDGR PHVPR nessas atividades? Enfrentando a, vale repetir, “balburdiaâ€? da documentação da AP 470 relativa ao Fundo de Incentivo Visanet, RB foi em busca das provas. Encontramos os primeiros comprovantes de pagamento no apenso 381, bem longe do 483, no qual estĂĄ a NT 3165. Chamou nossa atenção uma nota Ă€VFDO GD 79 *ORER SDUD D '1$ SRU conta de um serviço de 42.033,31 reais. E em outro local, na pĂĄgina 17.278 do mesmo apenso, um comprovante de transferĂŞncia eletrĂ´nica bancĂĄria, uma TED, da conta da DNA Propaganda /WGD SDUD XPD FRQWD GD 79 *ORER Ltda., no mesmo valor, com data, hora e local do depĂłsito. Algumas pĂĄginas depois, aparece atĂŠ um documento de recolhimento de DARF, ou seja, o recolhimento de Imposto de Renda que o BB faz por conta do pagamento feito Ă *ORER QR FDVR XP LPSRVWR GH UHDLV FRP UHIHUrQFLD j QRWD Ă€VFDO GH Qž HPLWLGD SHOD *ORER SDUD receber os 42.033,31 reais. SĂŁo muitos os depĂłsitos da DNA para HPSUHVDV GDV RUJDQL]Do}HV *ORER D GH TV e outras. No apenso 447, outra TED FHUWLĂ€FD TXH D '1$ WUDQVIHULX PLOKmR GH UHDLV SDUD D 79 *ORER HP GH outubro de 2004. No apenso 457, outro comprovante mostra depĂłsito de 276,9 mil reais para a emissora, trĂŞs dias antes. Nesse mesmo apenso, mais duas TEDs PRVWUDP GHSyVLWRV SDUD D (GLWRUD *ORER S.A., de 113,6 mil reais, em 15 de outubro de 2004, e 49,5 mil, em 1Âş de novembro do mesmo ano. Depois de mais algumas horas em meio Ă confusĂŁo dos autos, no apenso 384 localizamos planilhas detalhando LQVHUo}HV GH SURSDJDQGD GR FDUWmR 2Xrocard em vĂĄrias emissoras de televisĂŁo. No alto das pĂĄginas, Ă direita, o nĂşmero do protocolo PT 2004-2274 garante que ela ĂŠ relacionada Ă NT 3165. Na pĂĄgina VH Yr XPD SODQLOKD GD 79 *ORER dando conta de 18 inserçþes de anĂşncios nas transmissĂľes da emissora para a capital paulista, no valor de 487,7 mil reais. A planilha mostra que o anĂşncio, de 90 segundos, passou em intervalos dos programas Big Brother Brasil, DomingĂŁo GR )DXVWmR -RUQDO GD *ORER -RUQDO +RMH Jornal Nacional, Novela I, Novela III, Praça TV 2ÂŞ Edição e Zorra Total. A veiculação no intervalo do Jornal Nacional, a mais cara da emissora, saiu por 57,83 mil reais. No intervalo da novela das nove, custou 57,36 mil reais. 20

Nas outras emissoras as planilhas mostram inserção de anĂşncios em diversas capitais brasileiras, tambĂŠm nos seus mais famosos programas, embora a preços unitĂĄrios e valores totais bem PHQRUHV $ *ORER WHP D PDLRU DXGLrQFLD entre as emissoras. É natural que tenha VH EHQHĂ€FLDGR PDLV FRP DV YHUEDV GD

Visanet. AlĂŠm da campanha programada pela NT 3165, outras trĂŞs campanhas da *ORER Ă€JXUDP QD OLVWD GH HYHQWRV FRQĂ€UPDGRV SHOD 9LVDQHW TXH SXEOLFDPRV na edição passada. Uma ĂŠ a Campanha 2XURFDUG *HVWRV 'LD GRV 3DLV TXH FXVWRX PLO 2XWUD D &DPSDQKD 2XURFDUG *HVWRV 'LD GDV &ULDQoDV DR FXVWR

NO BB, DEVERIAM SER CONDENADOS 20 E NĂƒO APENAS 1? O STF acha que o desvio existiu. Deveria, entĂŁo, punir todos Uma “nota tĂŠcnicaâ€? do banco do Brasil (a NT 3165, veja no texto ao lado) ĂŠ o maior investimento feito na gestĂŁo de Henrique Pizzolato, o diretor de Marketing do BB condenado pelo suposto desvio de 73,8 milhĂľes de reais do banco. Contrariando a tese apresentada pelo ministro Barbosa no STF, de que Pizzolato teria autorizado, sozinho, o adiantamento do dinheiro para a DNA, a nota ĂŠ assinada por mais de 20 pessoas do BB, do ComitĂŞ de Comunicação, da Diretoria de Marketing, da Diretoria de Varejo, no documento ao lado. É assinada, inclusive, pelo prĂłprio Conselho Diretor do BB, como se vĂŞ por anotação da secretĂĄria da diretoria, Ă qual a NT 3165 foi submetida em 31 de agosto de 2004. Esse conselho era composto, na ĂŠpoca, pelo presidente do banco, CĂĄssio Casseb, e por seus sete vice-presidentes: Rossano MaranhĂŁo (ĂĄrea Internacional), Cerqueira CĂŠsar (Tecnologia e Informação), Edson Monteiro (Varejo e Distribuição), Luiz Eduardo (Finanças), Luiz Osvaldo Santiago (Recursos Humanos), Ricardo Conceição (AgronegĂłcios) e Lima Neto (Corporativo). Teriam todos esses diretores e o presidente participado, junto com Pizzolato, do desvio do dinheiro da Visanet? Deveriam ser todos eles acusados e condenados como Pizzolato? Ă“bvio que nĂŁo, porque o desvio, de fato, nĂŁo existiu.

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O PIOR CEGO: O STF NĂƒO QUIS VER QUE ERROU No quadro acima estĂŁo seis imagens: 1) a de um ponto de Ă´nibus no Rio, com propaganda do cartĂŁo Visa do Banco do Brasil, de janeiro de 2005; 2) a de um anĂşncio em pĂĄgina dupla na revista Época, publicado em janeiro de 2005, para anunciar o que ĂŠ considerado o “maior evento do tĂŞnis na AmĂŠrica Latinaâ€?, com patrocĂ­nio da Petrobras e do cartĂŁo Ou-

de 1,8 milhão. A terceira, a Campanha 2XURFDUG *HVWRV 1DWDO GH PLO Somando as três, são mais 3,3 milhþes de reais que saíram da conta da DNA para D GD *ORER ( LVVR QmR p WXGR *UDQGH parte dos eventos culturais promovidos pelo Banco do Brasil com uso de recursos do fundo da Visanet têm publicidade pela televisão. Para calcular quanto, no total, a *ORER OHYRX GRV UHFXUVRV GR ),9 VHULD necessårio organizar a documentação da AP 470 com outro propósito, não, como jå dissemos, o dos procuradores-gerais da República encarregados de investigar o mensalão e o do ministro hoje presidente do STF, Joaquim Barbosa. 2V SURFXUDGRUHV H %DUERVD FRPR Mi dissemos na edição anterior, se comportaram como investigadores e juiz de um processo medieval. Não partiram para a comprovação material do crime, em priPHLUR OXJDU 2XYLUDP GL]HU TXH D EUX[D tinha matado o santo papa. E não foram ver se o papa estava morto, para provar 22

rocard, o “Brasil Open da Costa do SauĂ­peâ€?, Bahia, de 12 a 20 de fevereiro daquele ano; 3) um pĂ´ster gigante do Ourocard, no Shopping Taguatinga, do Distrito Federal; 4) um anĂşncio publicado na Folha de S. Paulo, em julho de 2003, com promoção do cartĂŁo Ourocard, a propĂłsito do Festival de Inverno de Campos do JordĂŁo, patrocinado pelo governo do Estado de SĂŁo Paulo e pelo BB; 5) um anĂşncio no jornal DCI (DiĂĄrio

que o crime, de fato, existia. Se tivessem feito isso, se tivessem primeiro buscado provar a materialidade do crime, achariam nos autos abundantes indĂ­cios de que os serviços tinham sido realizados e de que o crime, o desvio, nĂŁo existia. Como os procuradores e Barbosa partiram, como nos tempos medievais, primeiro em busca dos criminosos, nĂŁo lhes interessava ver esses comprovantes de que o crime nĂŁo existiu. De que forma poderiam interpretar os depĂłsitos na FRQWD GD 79 *ORER" ,ULDP GL]HU TXH D empresa deu recibos frios, que pegou o dinheiro do BB e repassou para a tal quaGULOKD TXH VHULD FKHĂ€DGD SHOR H[ PLQLVWUR da Casa Civil JosĂŠ Dirceu, do governo Lula, comprar deputados? 2V PLQLVWURV QHP VHTXHU ROKDUDP direito os autos. E deveriam ter ido alĂŠm dos autos, para entender o que foi a promoção e publicidade para a venda dos cartĂľes de bandeira Visa do BB. A procuradoria apresentou durante a

fase processual, como testemunha para avaliar os documentos desses serviços, um engenheiro que entendia tĂŁo pouco de publicidade que foi desqualificado como perito pelo STF. RB entrevistou uma pessoa que entende dos serviços feitos. “Todo publicitĂĄrio sabe que ĂŠ impossĂ­vel desviar 73 milhĂľes de um banco com campanhas publicitĂĄriasâ€?, diz um ex-executivo da DNA, na nova agĂŞncia HP TXH HOH WUDEDOKD HP %HOR +RUL]RQWH “Como vocĂŞ vai falsificar um recibo GD *ORER GD 6%7"Âľ (OH WUDEDOKDYD Ki dez anos para o BB, quando estourou o escândalo do mensalĂŁo. A DNA era a DJrQFLD PDLV SUHPLDGD GH 0LQDV *DQKRX todos os prĂŞmios importantes no Brasil. Teve peças selecionadas para o Festival de Cannes de publicidade. “TĂ­nhamos 120 IXQFLRQiULRV 2 TXH PDLV PH HQWULVWHFH p ver uma agĂŞncia que era um sonho para muita gente acabar desse jeito. A DNA ganhou, em 2003, a medalha de prata no 19Âş PrĂŞmio Colunistas BrasĂ­lia, na categoria

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ComÊrcio e Indústria) da campanha de Natal de promoção do cartão de bandeira Visa do BB; e 6) o roteiro do anúncio para a promoção do cartão Ourocard Visa veiculado nos intervalos do Domingão do Faustão para as TVs do estado de São Paulo, em janeiro de 2005. Todas as seis são imagens do Arquivo da Propaganda, uma empresa sediada em São Paulo que acompanha a realização das campanhas de publicidade

VHUYLoRV Ă€QDQFHLURV H GH VHJXURV FRP D campanha ‘Investimentos BB’. Em 2004, ganhou o grande prĂŞmio de comercial do ano da 20ÂŞ edição do mesmo prĂŞmio, com a peça ‘Banda’, e a medalha de bronze, com a peça ‘FamĂ­lia’. E mais inĂşmeros outros prĂŞmiosâ€?, ele conta. 2 SXEOLFLWiULR QmR TXHU VH LGHQWLĂ€FDU 7HP UD]mR SRUTXH FRPR VH YLX QR Ă€QDO do ano que passou, a fĂşria punitiva do STF ainda nĂŁo passou. Tem ministro querendo processar atĂŠ o presidente da Câmara dos Deputados se ele nĂŁo cassar os deputados condenados na AP 470. Mas ele explicou detalhes tĂŠcnicos das campanhas de promoção e publicidade para a venda dos cartĂľes do BB de bandeira Visa. Como se pode concluir da lista de eventos desse perĂ­odo, do total dos 73,8 milhĂľes de reais para os anos 2003-2004, mais de 30% foram gastos em “mĂ­dia exterior e aeroportuĂĄriaâ€?, aĂ­ inclusos os 7,5 milhĂľes, jĂĄ citados, e alocados para este Ă€P SHOD 17 RB pede ao publicitĂĄ-

para ajudar as agências do ramo a controlarem os trabalhos dos veículos que utilizam e para terem conhecimento do que estão fazendo os seus concorrentes. Se quisesse ver, de fato, se as promoçþes com os recursos do Fundo de Incentivos Visanet tinham sido realizadas, bastava ao STF ter consultado o Arquivo da Propaganda. Mas o Supremo agiu como o pior cego: não quis ver.

rio para explicar o que sĂŁo essas mĂ­dias. Em mĂ­dia exterior se inclui “mobiliĂĄrio urbanoâ€?. Durante o julgamento, muita JHQWH QmR HQWHQGHX R TXH p LVVR +RXYH quem achasse que a DNA teria comprado mĂłveis com o dinheiro da Visanet, o que foi considerado totalmente descabido. 2 SXEOLFLWiULR H[SOLFD TXH PHVPR D compra de mĂłveis Ă s vezes ĂŠ necessĂĄria para uma determinada promoção. Mas, no caso, mobiliĂĄrio urbano, quer dizer locais, QD FLGDGH RQGH SRGHP VHU Ă€[DGRV FDUWDzes e exibidos diversos tipos de propaJDQGD HP RXWURV IRUPDWRV FRPR Ă€OPHV H vĂ­deos. “Isso ĂŠ regido por leis municipais. (P JHUDO SRGH VH DĂ€[DU SURSDJDQGD HP bancas de jornais, fachadas laterais de edifĂ­cios, relĂłgios de tempo e temperatura, placas de rua e painĂŠis back light, os iluminados por luzes internas. TambĂŠm ĂŠ FRQVLGHUDGD PtGLD H[WHULRU DTXHOD DĂ€[DGD em outdoors e a que envelopa Ă´nibus e tĂĄxisâ€?, diz ele. “JĂĄ a mĂ­dia aeroportuĂĄria aparece em painĂŠis nas salas e portas

das salas de embarque e desembarque, nas portas de aeroportos, nas esteiras de bagagem, em painĂŠis chamados carrossel, back light e escadas rolantesâ€?. 2V DXWRV GD $3 HVWmR FKHLRV GH documentos sobre as campanhas de mĂ­dia exterior e aeroportuĂĄria. Alguns exemplos: ‡ 1R DSHQVR SODQLOKDV GH LQVHUçþes de propaganda do BB em aeroportos. A empresa responsĂĄvel pela inserção ĂŠ a Meta 29. ‡ 1R DSHQVR FRPSURYDQWHV GH YHLFXODomR GH Ă€OPHV SXEOLFLWiULRV HP DSDrelhos de vĂ­deo de aeroportos, localizados na ĂĄrea comercial e nas salas de embarque. 8PD YHULĂ€FDomR IHLWD HP ž GH IHYHUHLUR de 2005, por exemplo, dĂĄ conta de 298 registros de exibição de propaganda do BB, das 4h da madrugada Ă s 23h59. ‡ 1R DSHQVR UHFLERV GH PLO e 319 mil e comprovante de depĂłsito na conta corrente de 430,1 mil reais para a empresa CarrĂŠ Advertising Ltda., 66 retratodoBRASIL

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A ASSOCIAĂ‡ĂƒO DOS MAGISTRADOS DO BRASIL DESVIOU DINHEIRO DA VISANET? Eram 3 mil juĂ­zes, lĂĄ estava atĂŠ a Daniela Mercury. SerĂĄ que isso tambĂŠm nĂŁo existiu? Na lista das açþes executadas pela Diretoria de Marketing do BB com o dinheiro do Fundo Visanet, consta o patrocĂ­nio ao XVIII Congresso Brasileiro dos Magistrados, que aconteceu entre 22 e 25 de outubro de 2003, no Centro de Convençþes de Salvador, na Bahia. O patrocĂ­nio foi de 200 mil reais. O congresso reuniu mais de 3 mil magistrados na capital baiana e foi notĂ­cia nos maiores jornais do PaĂ­s. O Correio da Bahia deu matĂŠria destacando que “a tĂ´nica do evento ĂŠ uma renovação no JudiciĂĄrio do PaĂ­s, tanto criticado pela morosidade e por muitas vezes nĂŁo fazer a devida justiçaâ€?. O encontro dos juĂ­zes em Salvador foi notĂ­cia ainda nos jornais Folha de S.Paulo, Valor EconĂ´mico, Gazeta Mercantil, Jornal do Commercio (RJ), Jornal de Santa Catarina e A Tarde (BA). AlĂŠm disso, mais de 7 mil internautas acompanharam o evento pela internet, atravĂŠs de câmeras instaladas no centro de convençþes. No evento, organizado pela DNA, houve debate com o publicitĂĄrio Duda Mendonça e palestra do economista Luiz Gonzaga Beluzzo sobre os efeitos das mudanças propostas pelo governo petista na reforma da

uma das maiores no setor de mĂ­dia aeroportuĂĄria. ‡ 1R DSHQVR YiULDV QRWDV Ă€VFDLV da Clear Chanel Adshel, grande empresa do setor de mobiliĂĄrio urbano, referente Ă instalação de propaganda nos relĂłgios de rua do Rio de Janeiro, uma de 46,9 mil reais, outra de 168 mil e, mais adiante, outra de 337 mil reais. ‡ 1R DSHQVR Ki XPD OLVWD GHWDlhando as ruas principais de SĂŁo Paulo para o trĂĄfego de Ă´nibus com as sua transversais mais prĂłximas dos 540 pontos de abrigos para passageiros onde foram colocados materiais de promoção dos cartĂľes do BB. 2 SXEOLFLWiULR PLQHLUR GL] j RB que existe uma forma ainda mais simples GH YHULĂ€FDU VH GHWHUPLQDGD FDPSDQKD publicitĂĄria foi feita, e que ela poderia ter sido usada pelos ministros do STF. Ela se chama Arquivo da Propaganda e ĂŠ o maior acervo publicitĂĄrio do Brasil. Ele coleta e arquiva todas as campanhas de propaganda de TV, revistas, jornais, internet, rĂĄdio e mĂ­dia exterior. A empresa foi fundada em 1972, pelo publicitĂĄrio e artista plĂĄstico Newton Carvalho. Fica na capital paulista, na avenida Jabaquara, 2.940, 1Âş andar. Ela tem uma engenharia de software prĂłpria e uma infraestrutura de internet com sistemas de pesquisa online. Tem aplicativos para disponibilização na rede ou intranet do cliente e ferramentas para anĂĄlises quantitativas. Qualquer um pode acessar o material do Arquivo da 26

PrevidĂŞncia Social. O professor dividiu a mesa com o juiz Rodrigo Tolentino de Carvalho Collaço, presidente da Associação dos Magistrados de Santa Catarina. Na visĂŁo de Beluzzo, a proposta de reforma era resultado da falta de compreensĂŁo do governo petista em relação ao papel das carreiras de Estado, na medida em que trazia grande dose de insegurança para os futuros servidores pĂşblicos. “NĂŁo se pode entregar a aposentadoria desses servidores Ă incerteza de um fundo de pensĂŁo privado, pois se cria uma grande insegurança quanto ao futuroâ€?, argumentou Beluzzo. No encerramento do congresso houve show da cantora Daniela Mercury. SerĂĄ possĂ­vel que os 200 mil reais do patrocĂ­nio tenham ido parar em outro lugar que nĂŁo no congresso dos magistrados? Se o dinheiro da Visanet foi para a AMB e a entidade desviou o dinheiro para a supo sta quadrilha petista comprar deputados, os juĂ­zes da Associação dos Magistrados Brasileiros deveriam ser acusados pelo STF? Essa ĂŠ a pergunta que nĂŁo deveria calar para quem acredita que o desvio de dinheiro do BB existiu.

Propaganda, a partir de pedidos avulsos. TambĂŠm pode ser assinante. Nesse caso, seleciona os produtos ou serviços que deseja acompanhar, as mĂ­dias, a forma de recebimento e a periodicidade – mensal, quinzenal, semanal ou diĂĄria. Existe uma assinatura voltada exclusivamente para agĂŞncias de propaganda. Com ela ĂŠ possĂ­vel solicitar material sobre qualquer setor ou perĂ­odo. A agĂŞncia recebe uma planilha de computador do tipo Excel, e a partir dela lista e escolhe as campanhas que quer ver. Essa assinatura dĂĄ direito a uma cota de cĂłpias de anĂşncios ou comerciais e gravaçþes. A partir dessa cota, a agĂŞncia tem que pagar mais se TXLVHU LU DOpP 2 DUTXLYR GH FDPSDQKDV publicitĂĄrias estĂĄ catalogado por produto ou serviço, anunciante e perĂ­odo. AtravĂŠs desse arquivo tambĂŠm ĂŠ SRVVtYHO ID]HU R FRQWUROH H D Ă€VFDOL]DomR da veiculação das campanhas, com os locais e o nĂşmero de vezes que cada campanha foi veiculada. Esse controle pode ser feito para peças publicitĂĄrias de TV, mĂ­dia impressa, rĂĄdio ou mĂ­dia H[WHULRU 2 FOLHQWH IRUQHFH D JUDGH GH veiculação e o arquivo faz um relatĂłrio indicando se ela foi ou nĂŁo cumprida. $ Ă€VFDOL]DomR HP WHOHYLVmR FRQVLVWH QD YHULĂ€FDomR GD LQVHUomR GRV FRPHUFLDLV nos intervalos dos programas determinados. Se um comercial nĂŁo foi inserido conforme programado, o cliente pode solicitar a gravação do programa onde a inserção deveria ter ocorrido para

averiguação junto Ă emissora. No caso da mĂ­dia impressa, o arquivo confere a publicação nos jornais e revistas predeterminados e informa a publicação ou nĂŁo de cada anĂşncio programado. Enquanto a fiscalização se destina a monitorar as prĂłprias campanhas das agĂŞncias, o controle de veiculação permite Ă agĂŞncia acompanhar as campanhas dos seus concorrentes. 2 SXEOLFLWiULR FRQFOXL VXD HQWUHYLVWD D RB explicando como foi o fechamento da DNA e o que foi feito de seus arquivos. “Quando estourou o negĂłcio todo e veio a acusação de desvio de dinheiro da Visanet, fui ajudar a levantar tudo que existia. TĂ­nhamos todas as faturas de pagamento, as notas recebidas. Quando houve a mudança nas normas do Banco do Brasil, QR Ă€QDO GH Âľ GL] HOH UHIHULQGR VH Ă s reformas promovidas por Pizzolato, jĂĄ citadas por RB em ediçþes anteriores, WXGR Ă€FRX DLQGD PDLV ULJRURVR WXGR WLQKD que ser documentado. “No caso do BB, nĂŁo tenho dĂşvida de que o dinheiro foi utilizado em propaganda. Na auditoria feita pelo prĂłprio BB tem uma documentação muito completa sobre issoâ€?. Ele conta que, quando a DNA fechou, toda a documentação levantada por ele para auxiliar o BB nessa auditoria foi para um depĂłsito. A partir de certo momento, TXH HOH QmR VDEH HVSHFLĂ€FDU TXDQGR RV sĂłcios da DNA deixaram de pagar os custos do depĂłsito e perderam o acesso Ă documentação.

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