Roberto R. Roncarolo
Associação Paulista Sul da Igreja Adventista do Sétimo Dia São Paulo, SP
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2 A EDIÇÃO - REVISTA E ATUALIZADA - 2014 Tiragem: 5.000 Exemplares
Esta reedição é um tributo à memoria do autor, fiel e dedicado mordomo do Senhor.
ADMINISTRAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA SUL Presidente: Luiz Carlos Araujo Secretário: Ivo Suedekum Tesoureiro: Oséias Pereira Diretor de Comunicação: Carlos Enoc Pollheim Mordomia Cristã: Máuro Ségio Cardoso
PROJETO EDITORIAL Autor: Roberto R. Roncarolo Edição e Atualização de Conteúdo: Carlos Enoc Pollheim Revisão de Conteúdo: Ivan Canhadas Digitação: Albenir Almeida Pollheim Revisão de Texto: Priscilla Stehling Projeto Gráfico: Anny Elise Supervisão Gráfica: Christian Binemann Ilustrações: Sidney Santos Impressão e Acabamento: Meta Print Ltda.
IMPRESSO NO BRASIL/ Printed in Brazil
Apresentação Meu primeiro contato com este livro foi em março de 1985, quando pastor em Araguaína –TO. A leitura dele junto com Conselhos sobre Mordomia, influenciaram meu ministério para sempre. Com esta visão, construí todo o programa do distrito em cima das quatro áreas da Mordomia – tempo, templo, talentos e tesouros. Eu tive as bênçãos deste livro, mas muitos não conhecem seu conteúdo. Ignoram estas belas verdades e podem até estar errando por desconhecerem seu conteúdo. Sugeri ao tesoureiro da Associação Paulista Sul, Oséias Pereira, a reimpressão deste livro para doá-lo aos pastores, tesoureiros, anciãos e membros. Comvisão ampla ele acolheu a proposta desde o primeiro momento. Muito obrigado. Mas havia alguns desafios. O livro havia sido impresso em 1984 e precisava ser digitado novamente pois não havia originais. E, se houvesse, eles não serviriam. Minha gratidão à secretária Albenir de M. A. Pollheim que, com cuidado e carinho, digitou todo o livro para que ele pudesse ser impresso novamente.
A jornalista Priscilla Stehling empreendeu jornada dupla pois,
enquanto dava seus primeiros passos como mãe do Pedro Henrique, nascido em 22 de dezembro de 2013, revisava e atualizava a linguagem do livro original.
Anny Elise, recém-formada designer, realizou um excelente tra-
balho de diagramação, tornando sua leitura uma experiência agradável. Obrigado também a Christian Binemann pela eficiente supervisão gráfica do projeto.
Parabéns ao Sidney Santos que entendeu a mensagem de cada
capítulo e com suas ilustrações auxiliará os leitores na compreensão dos temas. Obrigado ao pastor Mauro Cardoso, diretor de Mordomia Cristã da Associação Paulista Sul, pelo apoio à realização deste projeto. Terminada a tarefa fica o desejo de que este livro continue a cumprir sua importante missão de esclarecer, orientar e inspirar a todos que o lerem a continuarem sendo fiéis.
Carlos Enoc Pollheim EDITOR
Prefácio Este livro foi preparado com o fervoroso desejo de que seja de utilidade e inspiração aos fiéis membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia que, pela graça de Deus, estão procurando compreender e praticar cada dia melhor a ordem bíblica do dízimo.
Quero deixar aqui expresso o reconhecimento a inúmeros
colaboradores anônimos que, através dos anos, por meio de diálogos, entrevistas, mesas-redondas, boletins, revistas denominacionais, etc., contribuiram para que muitas das perguntas apresentadas pudessem ser respondidas. E aqueles a quem pude individualizar vai também minha gratidão, assim como o devido reconhecimento autoral. Mas, em especial, desejo expressar uma palavra de particular apreço e gratidão aos seguintes pastores e obreiros que destinaram parte de seu valioso tempo para ler o material e fazer contribuições
e sugestões valiosas: D. Belvedere, G. Bokenkamp, G. Caballero, A. Holtz, R. Itin, E. Lombardi, C. Mascollier, G. Monroy, A. O. Moura, R. H. Nagel, D. Nestares, M. F. Perez, O. Pinho, V. Reis, P. Stabenow, J. Torres, B. Treyer, M. Veloso e R. N. Wensell. Por último, creio ser necessário mencionar que, embora o material aqui apresentado tente refletir o consenso da Igreja Adventista do Sétimo Dia, nem sempre representa o pensamento oficial da mesma. Isto ocorre pelo fato de que este livro não trata de uma doutrina em si, mas da prática de um aspecto da doutrina da Mordomia Cristã – a devolução do dízimo, a qual se baseia primordialmente numa relação íntima e particular entre o homem e seu Deus.
Roberto R. Roncarolo AUTOR
Lista de Abreviaturas de Obras Citadas (CBA) (CM) (DTN)
Comentário Bíblico Adventista - Vol 1 Comselhos Sobre Mordomia Desejado de Todas as Nações
(Ev.)
Evangelismo
(LA)
O Lar Adventista
(MI)
Manual da Igreja
(Ms.)
Manuscritos
(OE)
Obreiros Evangélicos
(PE)
Primeiros Escritos
(PJ)
Parábolas de Jesus
(PP)
Patriarcas e Profetas
(1T)
Testemunhos - Vol. 1
(TM)
Testemunho para Ministros
(I TS)
Testemunhos Seletos - Vol. 1
(III TS)
Testemunhos Seletos - Vol. 3
Sumário 1. Dízimo em Geral 2. História do Dízimo 3. Princípios e Fundamentos do Dízimo 4. O Que Dizimar 5. Como Dizimar 6. Quando Dizimar 7. Onde Dizimar 8. O Dízimo e Possíveis Pretextos 9. A Igreja e sua Relação com o Dízimo 10. As Organizações e Instituições da IASD e o Dízimo 11. Perguntas Diversas
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APÊNDICE A. A Influência do Espírito de Profecia no Restabelecimento do Dízimo na IASD, por Roberto R. Roncarolo
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B. Evolução do Sistema do Dízimo na IASD - Fatos Fundamentais, por Arthur L. White
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C. O Uso do Dízimo, por Ellen G. White
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Capítulo 1
OemDízimo Geral
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O Dízimoem Geral CONCEITO
O que é o dízimo? Etimologicamente dízimo significa a décima parte de algo. O uso normal desta palavra tem duas conotações: uma secular e outra religiosa, com significados e finalidades que variaram através do tempo. Em sua conotação secular, geralmente era aplicado a imposto de dez por cento que se pagava ao governante local sobre o valor de diversas mercadorias que se comerciavam.
A conotação religiosa cristã, abordada por este livro, refere-se
à décima parte dos lucros ou entradas que o crente destina para uma finalidade sagrada.
“Deus tem direito sobre nós e tudo o que temos. Seu direito está
acima de qualquer outro. E, em reconhecimento desse direito, ordena que Lhe devolvamos uma parte proporcional fixa de tudo o que Ele nos dá. Essa parte específica é o dízimo. Sob a direção do Senhor, foi-Lhe consagrado nos tempos mais remotos [...]” (CM,71).
OBRIGATORIEDADE
E´obrigatório dizimar? Deus estabeleceu a ordem do dízimo para o bem do homem. Destinou-o ao sustento do ministério da evangelização. Em consequência, é um dos caminhos voluntários onde devem transitar aqueles que O amam e desejam fazer Sua vontade. Por isso, como Deus não obriga ninguém
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a segui-Lo, esta determinação pode não ser ouvida. Mas, quem o fizer deve enfrentar as consequências.
“Ninguém é forçado a apresentar ao Senhor Seus dízimos
e ofertas. Mas com a mesma certeza com que a Palavra de Deus nos é dada, com essa mesma certeza requererá Ele, com juros, de todo ser humano”(CM, 82, 83).
Porém, se seguirmos o caminho de Deus, descobriremos que
as bênçãos são abundantes e que dizimar é um motivo de alegria e gratidão.
“O Senhor fez um concerto especial com o homem, de que se
eles separassem regularmente a parte destinada ao avanço do reino de Cristo, Ele os abençoaria abundantemente, de tal modo que não haveria mais lugar para receber-Lhe as dádivas”(CM, 77).
PROPÓSITO
Com que finalidade estabeleceu Deus o dízimo? Previamente convém fazer o seguinte esclarecimento: há uma diferença entre o propósito para o qual Deus instituiu o santo dízimo e seu destino ou emprego. 1. Um
Ao estabelecer o dízimo, Deus teve as seguintes finalidades:
fim supremo - o benefício do homem
“Nosso Pai celeste não instituiu o plano da Beneficência Sistemática com o intuito de enriquecer-Se, mas para que o mesmo fosse uma
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O Dízimoem Geral grande bênção ao homem. Viu que o referido sistema era exatamente o que o homem necessitava” (CM, 67,68). Desta maneira, o homem se beneficiaria: 1.1 Adquirindo
um caráter semelhante ao de Cristo
Com efeito, a prática reiterada da benevolência por meio do ato de dizimar contribuiria para eliminar pouco a pouco o egoísmo do coração, implantando em seu lugar o caráter generoso de Deus. “A glória do evangelho é ter base no princípio de restaurar na raça caída a imagem divina, por uma constante manifestação de beneficência” (CM, 14).
“Deus planejou o sistema de beneficência, a fim de que
o homem pudesse se tornar como seu Criador: de índole benevolente e abnegada, e ser finalmente coparticipante de Cristo, da eterna, gloriosa recompensa” (CM, 15).
“Vi que o sistema do dízimo desenvolverá o caráter e manifes-
tará o verdadeiro estado do coração” (1T, 237).
“O Senhor visava pôr o homem em íntima relação com Ele
e em simpatia e amor com seus semelhantes, quando sobre ele colocou responsabilidades em atos que haviam de neutralizar o egoísmo e fortalecer-lhe o amor para com Deus e o homem. O plano de haver sistema na beneficência foi destinado por Deus para o bem do homem, inclinado a ser egoísta, a fechar o coração a atos generosos. O Senhor requer que se deem dádivas em tempos determinados, sendo arranjado isto de maneira que o dar se torne um hábito, e sinta-se que a caridade é um dever cristão. O coração aberto por uma dádiva, não deve ter tempo de tornar-se egoísta, frio e fechar-se antes que a seguinte seja
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feita. A corrente deve estar continuamente fluindo, mantendo assim aberto o canal por atos de beneficência” (I TS, 372,373). 1.2 Recebendo
as bênçãos de Deus (Mal. 3:10-12)
“O Senhor fez um concerto especial com o homem, de que se eles separassem regularmente a parte destinada ao avanço do reino de Cristo, Ele os abençoaria abundantemente, de tal modo que não haveria mais lugar para receber-Lhe as dádivas” (CM, 77).
“Dever é dever, e deve ser realizado por amor a Ele. Mas
o Senhor tem compaixão de nós, na nossa condição caída, e acompanha Suas ordens de promessas. Ele convida Seu povo a prova-Lo, declarando que recompensará a obediência com as mais ricas bênçãos [...]” (CM, 90,91).
Fins subordinados - por meio do ato concreto de dizimar, o homem deveria demonstrar a Deus:
2.
2.1.
Lealdade e submissão à Sua vontade e soberania
“Exige Ele esse tributo (o dízimo) como prova de nossa fidelidade a Ele” (CM, 72).
“Quanto deves a meu Senhor?” (Lucas 16:5). É impossível
dizê-lo. Tudo o que temos provém de Deus. Ele coloca Suas mãos sobre nossas possessões, dizendo: “Eu Sou o dono legítimo de todo o universo; estes são Meus bens. Consagra-Me os dízimos e as ofertas.
Ao oferecer estes bens específicos como uma demonstração
de tua lealdade e submissão para Minha soberania, Minhas bênçãos serão multiplicadas e terão abundância” (9T, 245).
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O Dízimoem Geral 2.2 Reconhecimento
de que Ele é o dono ou doador de tudo (Gên. 28:22).
“Deus é o liberal doador de todo bem, e deseja que, da parte de quem recebe, haja reconhecimento dessas dádivas que proveem todas as necessidades do corpo e da alma. Deus só exige o que é Seu. A primeira parte é do Senhor, e deve ser usada como um tesouro que por Ele foi confiado” (CM, 72). 2.3
Disposição para aceitar a condição de mordomo
“Aqueles a quem Deus confiou Sua verdade, devem possuir o mesmo espírito bondoso manifestado por Cristo. Devem adotar os mesmos largos planos de ação. [...] Devem considerar tudo quanto têm – a propriedade, as faculdades da mente, as energias espirituais – como não lhes pertencendo, mas sendo-lhes emprestados apenas para o avanço da causa de Cristo na Terra. Como Cristo, não se devem evitar ao convívio de seus semelhantes, mas procurá-los com o desígnio de comunicar a outros os benefícios celestiais que têm recebido de Deus” (OE, 335). 2.4
Gratidão e amor
“No sistema bíblico de dízimos [...] não é o vulto da dádiva que torna a oferta aceitável a Deus, é o propósito do coração, o espírito de gratidão e amor que ela expressa” (CM, 73,74).
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DESTINO
Qual é a instrução que Deus tem dado em relação ao destino ou emprego do dízimo? Através dos tempos, Deus o tem reservado para Si (Lev. 27:30) e tem estabelecido que seja destinado ou empregado para fins religiosos. Na antiguidade foi destinado ao sustento dos levitas e sacerdotes (Num. 18:21,24) e, desde o primeiro século da era cristã até a atualidade, ao sustento do ministério de evangelização (I Cor. 9:14; I Tim. 5:18).
“O dízimo [...] deve ser unicamente dedicado ao sustento do
ministério evangélico” (CM, 81).
O SUSTENTO DO MINISTÉRIO EVANGÉLICO
Qual é o significado e o que compreende a expressão “O Sustento do Ministério Evangélico”? O meio da Igreja Adventista, através dos anos, entende-se que esta expressão significa que o dízimo é sagrado e deve ser destinado unicamente para apoiar: 1.
A obra do ministério
Abrange gastos não somente de manutenção mas também do cumprimento da função evangelizadora daqueles que, com exclusividade, dedicam todo o seu tempo a ministrar a outros o evangelho e/ou que desempenham uma atividade de apoio na tarefa de salvar vidas.
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O Dízimoem Geral
“O dízimo é separado para um uso especial. Não deve ser
considerado fundo para os pobres. Deve ser dedicado especialmente ao sustento dos que estão levando a mensagem de Deus ao mundo; e não deve ser desviado desse propósito” (CM, 103). 2.
O ensino da Bíblia
Abrange gastos de manutenção e cumprimento da função do ensino bíblico e da atividade pastoral correspondente à parte do tempo que os professores, preceptores e diretores de nossas escolas e colégios dedicam à tão nobre tarefa.
“Tem sido comunicada positiva luz para que os que minis-
tram em nossas escolas ensinando a Palavra de Deus, explicando as Escrituras, educando os alunos nas coisas divinas, sejam sustentados com o dinheiro do dízimo. Estas instruções foram dadas há muito tempo, e mais recentemente tem sido aqui e ali repetidas” (CM 103). 3.
Atendimento às igrejas
Abrange os gastos da denominação derivados do atendimento às igrejas, tanto pelas Associações ou Missões, bem como pelas Uniões, Divisões e Associação Geral. É compreensível que sejam saldados com dinheiro proveniente de dízimos, pois estão destinados a pagar salários, atividades, materiais e equipamentos de evangelismo e de escritório especificamente ligados com a obra do ministério e a ação evangelizadora.
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NECESSIDADES PARA AS QUAIS NÃO DEVE SER USADO
Quais são algumas necessidades da Igreja para as quais o dízimo não deve ser usado? 1. Não
é para gastos de igreja
“Seu povo de hoje precisa lembrar que a casa de culto é propriedade do Senhor, e que deve ser meticulosamente cuidada. Mas o fundo para essa obra não deve provir do dízimo” (CM, 102).
“Foi-me mostrado que é um erro usar o dízimo para atender
a despesas ocasionais da igreja. Neste ponto, tem havido um desvio dos métodos corretos. Seria muito melhor vestir de maneira menos dispendiosa, reduzir vossos desejos, praticar a abnegação à atender a essas despesas. Assim fazendo, tereis uma consciência limpa. Mas estais roubando a Deus cada vez que pondes a mão no tesouro a fim de tirar fundos para atender às despesas correntes da igreja.” – Testemunho especial para a igreja de Battle Creek, pág. 6 e 7 (agosto de 1896), (CM, 103). 2. Não
é para limpeza e manutenção em geral dos templos
“Aqueles que estão encarregados dos edifícios de nossas igrejas, deverão usar os meios necessários para manter esses edifícios em bom estado. Mas este dinheiro não é fornecido pelo dízimo” (MS, 82.1904). 3.
Não é para subvencionar escolas ou para sustentar colportores
“Uma mensagem muito clara, definida, me foi dada para nosso povo. É-me ordenado dizer-lhe que estão cometendo um erro em aplicar os dízimos a vários fins, os quais, embora bons em si mesmos, não são
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O Dízimoem Geral aquilo em que o Senhor disse que o dízimo deve ser aplicado. Os que assim o empregam, estão se afastando do plano de Deus. Ele os julgará por essas coisas. [...] Um raciocina que o dízimo pode ser aplicado para fins escolares. Outros argumentam ainda que os colportores devem ser sustentados com o dízimo. Comete-se grande erro quando se retira o dízimo do fim em que deve ser empregado – o sustento dos pastores [...]” (CM, 102). 4. Não
é para ajudar aos pobres
“O dízimo é separado para um uso especial. Não deve ser considerado fundo para os pobres. Deve ser dedicado especialmente ao sustento dos que estão levando a mensagem de Deus ao mundo; e não deve ser desviado desse propósito” (CM, 103). 5. Não
é para a educação de nossos estudantes nos colégios
“A consideração da educação de nossos estudantes em nossos colégios é uma boa ideia que deve ser realizada. Mas Deus proíbe que em lugar de praticar a abnegação e sacrifício como indivíduos (para fazer este trabalho) obtenhamos estes meios da porção que pertence ao Senhor. Esta tem sido reservada especialmente para o sustento dos ministros que se encontram em um labor ativo no campo de trabalho, além de também manter na Obra aqueles que têm sido ordenados para o trabalho [...] “Todas estas coisas devem ser levadas a cabo, como a proposta de ajudar aos estudantes a obter uma educação. Mas lhes perguntou: não deveríamos todos nós atuar de uma maneira mais desinteressada e generosa e criar um fundo para tais ocasiões? Mas este dinheiro não deve ser extraído do dízimo, e sim de um fundo separado para este propósito” (Carta 40, 1897).
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Não é para pagar os salários dos missionários e empregados que trabalham nas instituições
6.
Os missionários e empregados que trabalham nas instituições como hospitais, fábricas de alimentos, casas editoras, etc., não são pagos com fundos provenientes dos dízimos, mas dos lucros operativos de tais instituições.
NÃO É UM MEIO PARA SE OBTER MAIS DINHEIRO
Não será o dízimo uma maneira de obter mais dinheiro à Igreja? Se a Igreja estivesse interessada somente em conseguir dinheiro deixaria de lado as pessoas de recursos escassos e se concentraria exclusivamente nas pessoas ricas. O sistema do dízimo não foi inventado pelo homem ou pelos adventistas como um plano financeiro para sua Igreja. É uma clara ordem de Deus que encontramos reiteradamente exposta na Bíblia (Lev. 27:30,32; Mal. 3:8-10; Mat. 23:23).
“Não é este um pedido do homem; é uma das ordenanças
de Deus, pela qual Sua obra pode ser mantida e levada avante no mundo. Deus nos ajude a arrepender-nos. Tornai-vos para mim, diz Ele e Eu tornarei para vós. (Mal 3:7). Os homens que desejam cumprir o seu dever, têm-no declarado em linhas bem claras neste capítulo. Ninguém se pode escusar de dar seus dízimos e ofertas ao Senhor” (TM, 307).
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O Dízimoem Geral DIFERENÇA ENTRE O ATO DE DIZIMAR E A MORDOMIA
Qual a diferença entre o ato de dizimar e a mordomia?
Mordomia significa a administração dos bens e poderes que somente a Deus pertencem, mas que Ele colocou nas mãos do homem para que – usando-os de uma maneira sábia, desinteressada e desprovida de egoísmo – contribuam para alcançar seu próprio bem-estar felicidade e salvação, bem como a de seus semelhantes, tanto no presente quanto na eternidade. Em consequência, mordomia é a administração cristã de toda a nossa personalidade, nossos poderes e possessões. Enfim, é a administração de tudo o que somos e temos e que graciosamente Deus nos entregou com o objetivo de que cumpramos o propósito de nossa existência.
Qual é esse propósito? Ainda depois do pecado, continua sendo
o mesmo de quando o ser humano foi criado. Usando seu livre arbítrio o homem pode voluntariamente e pela graça do Altíssimo alcançar o que Deus lhe destinou (Rom. 8:29,30): fazer parte eternamente da família celestial.
“Deus criou o homem para Sua própria gloria, para que
depois da prova, a família humana pudesse chegar a ser uma com a família celestial. Era o propósito de Deus repovoar o céu com uma família humana” (Comentário de E. G. White, em I CBA, 1906).
Por sua vez, o ato de dizimar significa devolver a Deus
a décima parte dos lucros em reconhecimento de nossa mordomia e da propriedade de Deus sobre tudo o que possuímos. O dizimar é somente
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uma pequena parte da mordomia integral ou total da vida. Fazer do ato de dizimar um sinônimo de Mordomia Cristã é desvirtuar esta doutrina.
A Mordomia, embora inclua o ato de dizimar, vai muito além
do mesmo (I Tess. 5:23).
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Capítulo 2
História
Dízimo
do
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HistóriadoDízimo SUA INSTITUIÇÃO
Quem instituiu o dízimo e quando o fez? Deus mesmo o instituiu e sua origem se remonta aos primeiros tempos. “O sistema do dízimo foi ordenado por Deus, e havia sido observado desde os primitivos tempos. Abraão, o pai da fé, deu dízimo de tudo quanto possuía.” (DTN)
ANTECEDENTES ENTRE OS POVOS DA ANTIGUIDADE
Que antecedentes do dízimo existem entre os povos pagãos da antiguidade? A ideia do dízimo não se originou com os israelitas. Os vales do Nilo e do Eufrates foram o berço da civilização; os egípcios e caldeus, respectivamente, ocuparam-nos e ali dedicaram a seus deuses e governantes a décima parte de suas rendas.
Posteriormente, dizimar foi comumente praticado entre
os fenícios, árabes, cartagineses, pelasgos, chineses, gregos e romanos. O filósofo grego Aristóteles referiu-se ao dízimo indicando que em seus dias o mesmo era uma “lei antiga”. Também o mencionaram Xenofonte e Heródoto entre os gregos e Plínio e Cícero entre os romanos. Como povos tão diferentes e tão amplamente dispersos sobre a terra conheceram e praticaram o ato de dizimar? Por que davam dez por cento e não cinco ou quinze por cento? O mais provável é que os princípios do dízimo venham dos tempos de nossos primeiros pais.
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Falando a respeito, é conveniente recordar aqui que – conhe-
cendo bem o coração humano – Deus procurou proteger o homem, tanto antes quanto depois do pecado, para evitar que se esquecesse da soberania divina e a consequente propriedade de Deus sobre todos os seus bens. Para tal efeito, estabeleceu primeiro a proibição de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e depois a devolução do dízimo. Desta forma o homem estaria sempre reconhecendo o mesmo princípio sagrado: Deus é soberano e proprietário de tudo. A partir deste ponto é que muitos cristãos creem que o dízimo é mais que uma instituição espiritual. É uma instituição divina dada ao homem por revelação. Também é possível crer que dar os dez por cento foi um costume entre os pagãos da antiguidade como consequência daquela primeira revelação transmitida de geração em geração. Com efeito, depois da falida empresa da Torre de Babel, com a dispersão das pessoas e com o correr do tempo, o culto ao Deus verdadeiro foi se perdendo pouco a pouco e terminou sendo substituído em muitos lugares pela adoração a diversas divindades. O sistema do dízimo continuou não como reconhecimento da soberania e direito de propriedade de Deus, mas como um meio de apaziguar deuses e mostrar gratidão por sua proteção e provisão. O Espírito de Profecia faz sua contribuição ao tema com a seguinte declaração:
“O sistema do dízimo remonta para além dos dias de Moisés.
Requeria-se dos homens que oferecessem dons a Deus com intuitos religiosos, antes mesmo que o sistema definido fosse dado a Moisés – já desde os dias de Adão. Cumprindo o que Deus deles requer,
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HistóriadoDízimo deviam manifestar em ofertas a apreciação das misericórdias e bênçãos a eles concedidas. Isto continuou através de sucessivas gerações, e foi observado por Abraão, que deu dízimos a Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo” (CM, 69).
NO ANTIGO TESTAMENTO
O que diz o Antigo Testamento sobre o dízimo? A palavra dízimo e seus derivados aparecem 35 vezes no Antigo Testamento. As passagens são as seguintes: Gen. 14:20 Deut. 26:12 Gen. 28:22 I Sam. 8:15,17 Lev. 27:30,31,32
2 Cro. 31:5, 6,12
Núm. 18:21,24,26,28 Neem. 10:37,38; 12:44; 13:5; 13:12 Deut. 12:6 - 11,17
Amós 4:4;
Deut. 14; 22, 23,28 Mal. 3:8,10
1.
O dízimo antes da lei de Moisés
Antes que o dízimo fosse incorporado à legislação mosaica e independentemente da interpretação que alguns autores fazem de Gênesis 4 – no sentido de que o relato das ofertas de Caim e Abel se refere ao dízimo – a primeira menção específica se encontra em Gênesis 14:20, quando ao falar de Abraão, o relato conta que ele deu a Melquisedeque “o dízimo de tudo”.
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É interessante notar que no caso de Abraão a devolução do dízimo aparece sem explicações, como se fosse algo bem compreendido e efetivamente praticado desde muito tempo atrás.
A segunda referência ao dízimo está em Gêneses 28, quando
Jacó fez voto de dar o dízimo como plano para a sua vida, visto que não mais dependeria economicamente de seus pais. Aqui novamente se percebe o fato de que o dízimo era algo que os que adoravam ao Deus verdadeiro compreendiam bem. 2.
O dízimo sob o sistema levítico
No Sinai, além das muitas instruções, ordens e lei moral (o decálogo), Deus requereu de Seu povo que devolvesse o dízimo para o sustento dos Levitas. Esta ordem foi incorporada por Moisés em seu código de leis como algo natural que havia sido reconhecido durante séculos pelos patriarcas (Lev. 27:30-42; Num. 18:21-28). Deus solicitou ainda a seu povo um segundo dízimo (Veja Deut. 12,14 e 26, e a pergunta seguinte). Sob a reforma de Ezequias, foi designado aos sacerdotes e levitas que recebessem os dízimos não devolvidos oportunamente. Não há aqui mudanças no dizimar, mas a indicação da falta de fidelidade do povo em devolver o dízimo. Também faz menção do retorno da lealdade a Deus neste assunto, a tal ponto que houve necessidade de preparar espaço adicional no templo para colocar todo o dízimo recebido (2 Cron. 31:5,6,11 e 12).
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HistóriadoDízimo
O Antigo Testamento também menciona que quando o povo
de Deus voltou do cativeiro babilônico e reconstruiu Jerusalém, Neemias fez arranjos para receber o dízimo e prover lugar no segundo templo para guardá-lo (Neem. 10:37,38; 12:44; 13:5,12).
Finalmente em Amós 4:4 e Mal. 3:8-10 é revelado que
Israel nem sempre foi fiel em sua devolução e, por meio do profeta Malaquias, Deus o acusou de roubá-lo por ser negligente em entregar os dízimos e ofertas. Deus sempre considerou o dízimo como de grande importância e o requereu para que fosse usado em Sua Obra.
Nota: O dízimo, mencionado em I Sam. 8:15,17 nada tem que
ver com o dízimo do Senhor. É outro dízimo, adicional ao religioso. É o dos frutos, animais e colheitas que os reis tinham poder de tomar de seus súditos para sustentar a sua casa e as necessidades do reino.
DOIS DÍZIMOS EM ISRAEL
Foi solicitado ao povo de Israel mais de um dízimo? Sim, no Antigo Testamento são mencionados dois dízimos. O primeiro era destinado estritamente para o sustento dos levitas (Num.18:21,24) e dos sacerdotes (Num. 18:28). Os levitas recebiam o dízimo do povo e por sua vez devolviam o dízimo para o sustento dos sacerdotes (Num. 18:26-28). Deus havia disposto que todos os descendentes da tribo de Levi se dedicassem ao sacerdócio (Num. 18:20) ou ao serviço do templo (Num. 18:23,24,31). Não deviam ter possessões e em consequência deviam viver do dízimo, porque Deus havia determinado
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que os sacerdotes dedicassem inteiramente seu tempo a ministrar “em todo negócio do altar e no que estivesse dentro do véu” (Num. 18:7). Os levitas deviam ajudar aos sacerdotes em tudo o que fosse relativo ao ministério do tabernáculo (Num. 18:21).
A Bíblia menciona também o que chamamos de segundo dízimo
(Deut. 14:22-29 e 26:12-15). Não era o dízimo “levítico” ou dízimo requerido para o sustento tanto dos levitas como dos sacerdotes. Era um dízimo adicional que tinha todas as características de um gasto religioso que o hebreu devia fazer a fim de que se realizassem os serviços religiosos e as festas no lugar escolhido por Deus. Ele também era usado para proporcionar ajuda aos pobres. “A fim de promover a reunião do povo para o serviço religioso, bem como para se fazerem provisões aos pobres, exigia-se um segundo dízimo de todo o lucro” (PP, 565). Contudo, dependendo do lugar onde era usado/levado este “segundo dízimo” poderia ter finalidades diferentes. 1.
Quando era levado “diante de Jeová”, diante do santuário,
era usado para “realizar os serviços religiosos e as festas. Comiam juntos como famílias em comunhão diante do Senhor. Tais ocasiões tinham o propósito de promover a vida religiosa. Nessas ocasiões eram enfatizadas numerosas lições, tais como: a necessidade de dar conscientemente para propósitos religiosos e práticos; ser caridosos para com os necessitados (ver comentário Lev. 7:15); o sagrado companheirismo diante do Senhor; o fortalecimento dos vínculos familiares, etc.” (I CBA, 1.015).
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HistóriadoDízimo
Este tipo de “segundo dízimo” devia ser dado durante dois
anos seguidos, pois no terceiro ano (e também no sexto) seria dado de acordo com as indicações de Deut. 14:28,29. Convém esclarecer que durante o sétimo ano não havia solicitação de dízimos, pois era o ano sabático ou de descanso da terra e, em consequência, não havia colheitas (Lev. 25:1-7). O Espírito de Profecia esclarece melhor tudo isto quando diz: “Este dízimo, ou o seu equivalente em dinheiro, deviam por dois anos trazer ao lugar em que estava estabelecido o santuário. Depois de apresentarem uma oferta de agradecimento a Deus, e uma especificada porção ao sacerdote, os ofertantes deviam fazer uso do que restava para uma festa religiosa, da qual deviam participar os levitas, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Assim, tomavam-se providências para as ações de graças e festas nas solenidades anuais e o povo era trazido à associação com os sacerdotes e levitas, para que pudesse receber instrução e animação no serviço de Deus” (PP, 565). 2.
Quando este “segundo dízimo” era usado na casa do crente
(Deut. 13:28-29), devia satisfazer às necessidades dos levitas e dos pobres, o que acontecia a cada terceiro e sexto ano. “Em cada terceiro ano, entretanto, este segundo dízimo devia ser usado em casa, hospedando os levitas e os pobres, conforme Moisés dissera: “Para que comam dentro das tuas portas, e se fartem. (Deut. 26:12.) Este dízimo proveria fundos para caridade e hospitalidade.” (PP, 565).
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NO NOVO TESTAMENTO
O que diz o Novo Testamento sobre o dízimo? Dízimo e seus derivados aparecem dez vezes no Novo Testamento: Mat. 23:23 Luc. 18:12 Luc. 11:42
Heb. 7:2,4,5,6,8 e 9
Os evangelhos registram palavras de Cristo nos átrios do templo em Mateus 23:23. Em Lucas 11:42 elas são repetidas quando Jesus estava na casa de um fariseu em Peréia. Ao examinar estas passagens e a de Lucas 18:12, notamos que Jesus falou pouco sobre o dízimo, embora Sua conduta fosse altamente significativa a respeito. Vejamos: 1.
Jesus procedia de um lar onde seguramente viu constante prática
do dízimo. 2. Jesus
amava as Escrituras (o Antigo Testamento) e as citou muitas
vezes. Quando se referiu indiretamente ao dízimo, apoiou sem dúvida alguma, a ideia firme de que este deveria continuar sendo observado. 3.
O Talmude proíbe aos fariseus sentarem-se à mesa de alguém que
não fosse dizimista. E vários fariseus comeram com Jesus. 4. Sabemos
que os fariseus eram meticulosos em muitas coisas de sua
religião, entre elas a questão do dízimo. Qual dos inimigos de Jesus não gostaria de tê-Lo apanhado em falta no tocante à prática do mesmo? Mas o Novo Testamento não registra uma só acusação a respeito.
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HistóriadoDízimo
Nas duas primeiras passagens (Mat. 23:23 e Luc. 11:42) Jesus
não condena o ato de dizimar dos fariseus. Ele não estava falando do dízimo. Reprovou os líderes religiosos porque, havendo perdido a verdadeira perspectiva dos valores divinos, obedeciam com cuidadoso detalhe até aos menores requerimentos de Deus, mas ao mesmo tempo deixavam de lado responsabilidades tão importantes como a justiça, a misericórdia e a fé. Estavam preocupados com os mínimos detalhes do dízimo, mas indiferentes à pratica de tão nobres virtudes. Com esta reprovação, Jesus deixou bem claro que o dízimo não pode ocupar o lugar da justiça, da misericórdia e do amor, mas tampouco pode ser desprezado. Ao contrário, confirmou-o com palavras enérgicas: “Fazer estas coisas, sem omitir aquelas”.
Em Lucas 18:12, Jesus tambem não está falando do dízimo, mas
do contraste da atitude do fariseu e do publicano diante de Deus. Cristo denuncia o legalismo do fariseu, mas não condena ou exclui o dízimo; pelo contrário, lhe dá uma clara aprovação ao denunciar seu mau uso, pois foi dado por Deus não para obter favores divinos, mas para que fosse uma bênção ao doador através do desenvolvimento da benevolência.
Finalmente, diremos que as passagens de Hebreus que
mostram a autoridade de Cristo sobre o sacerdócio levítico, não se referem ao dízimo. Parece-nos que é forçar uma interpretação sustentar a ideia de que se na época era um privilégio levar os dízimos a Melquisedeque e aos levitas, hoje este privilégio se torna maior ainda por podermos depositá-lo aos pés do incomparável sacerdote Cristo Jesus. Isto é é forçar sua interpretação. No entanto, devemos, reconhecer que o princípio do dízimo está aprovado explicitamente no versículo 8.
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Os autores restantes do Novo Testamento não mencionam o dízimo. São Paulo, um judeu convertido que conhecia muito bem o sistema do dízimo e seu destino, apresenta a referência indireta mais forte em 1 Cor. 9:13 e 14, quando diz que o Senhor ordenou “aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho”. Em realidade, os escritores do Novo Testamento entendiam que o cristianismo estava baseado nas Escrituras de seu tempo, que continuamente citavam. Quer dizer, o Novo Testamento completa o Antigo. A Bíblia é uma só. Concluímos, pois, que embora o Novo Testamento pouco diga sobre o dízimo, não o condena ou desaprova. “O Novo Testamento não dá novamente a lei do dízimo, bem como também não dá a do Sábado, pois pressupõe a validade de ambos e explica sua profunda importância espiritual [...]” (CM 66). “Se a lei exigia dízimos e ofertas milhares de anos atrás, quão mais necessários são eles agora! Se ricos e pobres deviam dar uma importância proporcional à sua prosperidade na economia judaica, isso agora é duplamente indispensável” (CM, 68).
NA IGREJA PÓS-APOSTÓLICA
Qual foi a posição da Igreja Pós-Apostólica em relação ao dízimo? Muitos dos pais como Irineu (120-202 AD), Orígenes (185-253 AD), Cipriano (200-258 AD), Ambrósio (340-397 AD), Agustim (354-430 AD) Crisóstomo (347-407 SD), entre outros, ensinaram e se preocuparam com a prática do dizimar entre os fiéis. A Constituição dos Santos Apóstolos que acredita-se ter sido escrita no final do terceiro século, fala definitivamente do dízimo e dos primeiros frutos ou primícias.
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HistóriadoDízimo De todos os concílios da igreja cristã até quase o final do século VIII, dez deles ordenaram que os cristãos devolvessem o dízimo sob uma base voluntária.
DESDE A IDADE MÉDIA ATÉ A REFORMA
Que práticas do dízimo houve desde a Idade Média até a Reforma? No ano 785, o Imperador Carlos Magno decretou a obrigatoriedade do dízimo em todos os seus domínios com o propósito de sustentar a igreja. Somente assim pôde a igreja a partir de então, receber regularmente os dízimos. No entanto, seu propósito foi se desvirtuando pouco a pouco, pois à sua obrigatoriedade se agregaram outras práticas nefastas. Com efeito, a luta na era medieval pelo poder político e espiritual em vários países da Europa (entre os senhores feudais e o papado), afetou também o dízimo. Este passou a ser requerido por governantes ou papas ora alternadamente, ora conjuntamente, tanto para fins religiosos quanto para fins civis. Esta situação gerou intermináveis abusos, quer seja em sua percepção, bem como em seu destino. Em países de forte influência política e religiosa como França e Alemanha, os senhores feudais mais de uma vez arrancaram das mãos do papado o direito de recebê-lo ao negar-lhe seu apoio; outras vezes o compraram em troca de favores. Por sua vez, com frequência o papado negociou sua percepção através de concessões com particulares ou com os mesmos senhores feudais ou nações. Nos últimos séculos da Idade Média, o papado
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concedeu a franceses, alemães e espanhóis a concessão de dízimos extraordinários ou porcentagens diversas do dízimo comum. Muitas autoridades civis os usaram para comprar cargos religiosos. Esta secularização do dízimo o desvirtuou e provocou através dos séculos muitas queixas, lutas pessoais e até insurreições populares. No fim da era medieval o dízimo estava tão em descrédito que quase foi abandonado na Europa, passando a ser, pouco depois, um simples imposto civil com aplicação religiosa.
A Inglaterra foi exceção a isto. Ali o dízimo foi considerado
um dos direitos invioláveis da igreja.
A PARTIR DA REFORMA
Qual foi a prática do dízimo da Reforma em diante? A Reforma trouxe poucas mudanças com relação ao dízimo. Lutero pensava que os dízimos deviam ser entregues aos governos ou poder temporal. Zwínglio não partilhou desta posição. Como em vários países as igrejas protestantes logo passaram a ser igrejas do Estado (anglicana, luterana, presbiteriana, etc.), os fiéis continuaram entregando os dízimos ao Estado como vinha sendo feito até então. A diferença que houve com a Reforma foi simplesmente que os dissidentes (católicos ou protestantes) deviam devolver seus dízimos à igreja oficial através do Estado. Isto trouxe muitos problemas e logo depois deu-se início à “guerra dos dízimos”. Os que eram de uma confissão negavam-se a sustentar a outra com seus dízimos.
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HistóriadoDízimo Como resultado houve uma grande diminuição na entrada de dízimos. A França aboliu-o na época da Revolução em 1793. No século XIX os diferentes países católicos e protestantes fizeram o mesmo. Em sua substituição, como objetivo de sustentar o culto e as propriedades das igrejas, muitos estados europeus que tinham uma religião oficial adotaram, até o dia de hoje, os tributos ou taxas obrigatórias incluídos no orçamento nacional de culto, que se distribui entre as religiões cristãs majoritárias. Nos países em que a igreja está separada do Estado, os fiéis devem contribuir para sustentá-la. Cabe acrescentar por último, que a guerra dos dízimos fez com que imigrantes de diferentes confissões religiosas (que se estabeleceram nos EUA por vários séculos) lutassem pelo sustento voluntário de suas congregações e ministros. Eles excluíram o sistema do dízimo por temor que ocorresse lá o que havia acontecido na Europa. No final do século XIX começou o movimento a favor do dízimo voluntário. Este chegou até aos dias atuais tanto na América quanto na Europa. Em geral, diferentes denominações religiosas reconhecem sua validez bíblica.
A ATITUDE DA IGREJA CATÓLICA
Qual a posição da Igreja Católica em relação ao dízimo? A Igreja Católica (assim como outras denominações religiosas) sofreu as consequências da inflação, do desemprego e da recessão
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presentes na década de 80. Por esta razão, houve um ressurgimento da teoria e prática do dízimo e das ofertas. Nos países desenvolvidos há vários anos se fala e ensina definitivamente acerca do dízimo dentro do contexto da Mordomia Cristã, como o faz a Igreja Adventista. Nos países em desenvolvimento, como os sul-americanos, também há uma permanente promoção em favor do dízimo. No entanto, o conceito de dízimo como dez por cento dos lucros é relativo. É aceito como algo bom e ideal, mas não para ser observado por todos. Em geral, as promoções são a favor de 1% dos lucros e a isto chamam dízimos. Para se ter ideia, encontramos na revista A Família Cristã, as seguintes declarações ao comentar a famosa Pastoral do Dízimo dada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em 1975:
“É claro que não se pede (nem se pedirá) aos católicos
que paguem a décima parte de seus salários ou de suas entradas (a qual seria excessiva), mas somente a centésima parte. Quem não pode pagar nem a centésima parte, contribua com uma quantidade menor que esteja a seu alcance ou, em caso extremo, não pague nada” (novembro de 1976, pág. 470). Igual apreciação faz Roger Pilote em seu livro Pastoral do Dízimo:
Quando falamos sobre o sentido da palavra dízimo, dizemos
que ele significa a décima parte de alguma coisa. Em nosso caso seria a décima parte da entrada (renda) mensal, significando que entregaremos a Deus a décima parte de tudo o que recebemos dEle. Devido ao fato de que é a pessoa quem resolve, por vontade
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HistóriadoDízimo própria, se deve ou não pagar o dízimo, pensamos que não é conveniente que se fixe uma porcentagem. Se fosse assim teríamos a impressão de que se eliminaria a espontaneidade das pessoas e se imporia um modo de pensar podendo incorrer ao erro de transformar o dízimo em uma campanha financeira, o que nunca pretendemos. Por esse motivo, pensamos que é importante a liberdade de decisão sobre o que cada um pagará, ou com quanto contribuirá para o desempenho da comunidade. Mas, tendo em conta o fato de que várias pessoas pediram uma base para sua contribuição, tomamos a liberdade de sugerir 1% (um por cento) de sua entrada mensal. Reiteramos que esta é apenas uma sugestão, pois não nos compete controlar a renda de cada pessoa e impor-lhes o que sugerimos. Cada um é livre para decidir sua participação e a quantidade com a qual contribuirá” (São Paulo, Edição Paulinas, 1982, págs. 24-26).
PONTO DE VISTA DAS CONGREGAÇÕES CRISTÃS
Como consideram a maioria das congregações cristãs o dízimo na atualidade? Consideram o dízimo como a quantidade mínima ou aceitável para começar a dar a Deus. Em outras palavras, é considerado como uma medida de dádiva que – baseada na prática do povo de Deus da antiguidade – os cristãos fariam bem em adotar, a fim de começarem a desenvolver a virtude de dar. Dessa forma, em vez de considerar o dízimo como algo que pertence exclusivamente a Deus como dono de tudo e em consequência como algo que deve ser devolvido pelo homem, a maiorias das
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congregações cristãs o consideram como pertencente ao homem e do qual podem dispor para começar a dar a Deus.
O QUE SATANÁS TEM FEITO
Como podemos resumir a conduta de Satanás para eliminar da mente dos homens o fundamento do dízimo que consiste no reconhecimento de Deus como proprietário de todas as coisas? O inimigo de Deus conseguiu que: 1.
Os pagãos da antiguidade dessem o dízimo: a.
Para apaziguar a ira de seus deuses;
b.
Como ofertas de gratidão pela proteção recebida.
2.
Por longos períodos o povo de Israel fosse infiel em sua devolução.
3.
Os judeus contemporâneos de Jesus tivessem tantas disposições le-
gais para sua aplicação, que se tornou difícil a devolução. 4.
Durante a Idade Média chegasse a ser não somente uma exigência
religiosa, mas também fosse exigido legalmente pelo Estado, para fins tanto civis como religiosos. 5.
Os reformadores não se preocupassem definitivamente em reesta-
belecer seu caráter voluntário. 6.
Os colonizadores da América do Norte e as gerações sucessivas
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HistóriadoDízimo o rejeitassem por temor de que repetissem os mesmos abusos que existiram na Europa nos séculos anteriores. 7.
Por meio do restabelecimento dos dízimos nos últimos 180 anos,
a maioria das congregações cristãs chegassem a considerá-lo não como algo que devia ser devolvido por pertencer exclusivamente a Deus, dono de tudo o que existe, mas como algo que o homem devia dar a Deus.
NA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
Como e quando a Igreja Adventista do Sétimo Dia reestabeleceu o dízimo bíblico? No congresso especial da Associação Geral de 1876, pela primeira vez a Igreja Adventista delineou claramente o conceito do dízimo bíblico. Na ocasião, foi estabelecido que o mesmo era a décima parte de todas as entradas, quaisquer que fossem suas origens. No congresso de 1878 consolidou-se este princípio.
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Capítulo 3
Princípios e Fundamentos
Dízimo
do
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Princípios e FundamentosdoDízimo UM PRINCÍPIO SÁBIO
Dizimar é um princípio sábio? Sim. Foi Deus quem nos deu o sistema do dízimo. Não nos compete discutí-lo. É um plano sábio e uma bênção tanto para o doador como para a proclamação do Evangelho.
“O sistema especial de dízimos baseia-se em um princípio tão
duradouro como a lei de Deus. Esse sistema foi uma bênção ao povo judeu. Caso contrário, o Senhor não teria dado. Assim será igualmente uma bênção aos que o observarem até o fim dos tempos. Nosso Pai Celeste não instituiu o plano da Beneficência Sistemática com o intuito de enriquecer-Se, mas para que o mesmo fosse uma grande bênção ao homem. Viu que o referido sistema era exatamente o que o homem necessitava” (CM, 67,68).
UM ATO DE ADORAÇÃO
Devolver o dízimo é um ato de adoração? Sim. Podemos adorar a Deus com nossos dízimos de igual maneira como quando cantamos, oramos ou escutamos Sua Palavra. Este ato de adoração é uma evidência de que os bens materias que possuímos são, em certo sentido, o resultado do uso de inumeráveis dons que Deus nos deu, cujos efeitos práticos se resumem em três áreas da vida: tempo, talentos e saúde física.
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O que seria de nossos bens materiais sem o uso de um corpo sadio, do tempo ou dos talentos para obtê-los? Por isso há uma relação muito íntima entre o que possuímos e o que somos. Em grande medida, o que possuímos é parte do que somos.
Ao Jacó devolver seus dízimos ao Senhor, estava adorando-O
(Gên. 28:22). O povo de Israel levava parte de seus bens como parte de sua adoração a Deus (Êxodo 23:15; Deut. 16:16).
Ao nos apresentarmos diante do Senhor com “nossos” bens
na forma de dízimos, estamos nos identificando com os patriarcas bíblicos que assim o fizeram. Através dos nossos recursos pessoais estamos entregando a Deus parte de nossa própria vida como um reconhecimento de Sua propriedade, de nossa mordomia e do desejo que temos de que sirvam ao propósito para o qual são destinados. Por isto é que podemos honrar a Deus com os dízimos.
ADMITIR OU DEMONSTRAR QUE DEUS É O PROPRIETÁRIO
Há alguma diferença entre admitir e demonstrar que Deus é o dono de tudo? Muita gente admite a propriedade de Deus ao ponto de dizer: “Tudo o que tenho é de Deus”. Mas não o demonstra de uma maneira tangível e concreta. Pelo contrário, o adorador sincero e consequente se compraz em mostrar seu reconhecimento separando e reservando a porção de suas entradas que Deus tem determinado para tal efeito.
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Princípios e FundamentosdoDízimo Não basta falar sobre isto, mas agir (Veja Isaías 29:13; Rom. 10:10; 15:6). “Dá-se o mesmo com as reivindicações de Deus a nosso respeito. Ele deposita Seus tesouros nas mãos dos homens. Porém, requer deles que separem fielmente a décima parte para a Sua obra. Ordena que essa porção seja recolhida à casa do Seu tesouro e a Ele entregue como propriedade Sua. Esta porção é sagrada e deve ser usada para fins santos, para o sustento dos que levam a Sua mensagem ao mundo. Deus Se reserva essa parte para que não faltem recursos em Sua casa e para que a luz da verdade possa ser levada, tanto aos que estão distantes, bem como aos que estão perto. Pela obediência cuidadosa dessa ordem, reconhecemos que todas as coisas pertencem ao Senhor” (3 TS, 37).
O ROUBO A DEUS
Por que razão se dá tanta ênfase ao fato de roubar a Deus nos dízimos? O roubo, em qualquer de suas formas, é uma ofensa a Deus e será severamente castigado. A menos que haja arrependimento, sua ação acarretará ao transgressor perdas neste mundo e no mundo vindouro. Perderá o que ganhou fraudulosamente e ainda o que foi adquirido honestamente. E, ao final, será excluído do céu (Veja I Cor. 6:9, 10).
“Todo aquele que, para o seu próprio uso, se apropria da parte
que Deus tem reservado, está se demonstrando mordomo infiel. Não somente perderá o que reteve de Deus, mas também o que lhe fora confiado, como sendo seu mesmo” (CM, 88).
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Rouba-se a Deus de diferentes maneiras. Podemos roubá-Lo por meio de nosso tempo, nossos talentos ou nossa vida, pelo abuso de nossa saúde ou o descuido dela. Qualquer recurso ou, meio espiritual ou material, conhecido e intencionalmente retido ou recusado para Seu serviço, Deus considera como sendo um roubo (Veja PJ, 325,326).
Aqui o princípio é a honestidade. Em nenhuma parte se ensina
com tanta firmeza como no sistema dos dízimos e ofertas e em nenhuma parte as consequências são tão grandes e finais. A cada semana ou a cada mês, o mordomo cristão se encontra frente a frente com este princípio. O dízimo é utilizado para pagar o custo de ganhar almas. Quando uma alma se perde, não se pode recuperá-la (Sal. 49:6-9). Tal perda é a maior que pode ocorrer. Roubar das possessões materiais de outro é um grande pecado. Roubar a vida eterna de alguém é o maior de todos os pecados. Todo roubo é pecado, mas “defraudar a Deus (nos dízimos e ofertas que privam as almas da vida eterna) é o maior crime do qual um homem pode ser culpado” (CM, 86). Enquanto o maior dos crimes deverá receber o maior dos castigos, a maior fidelidade receberá a maior recompensa (Apoc. 22:12).
DIFERENÇA ENTRE DIZIMAR E OFERTAR
Que diferença existe entre dizimar e ofertar?
Tudo pertence ao Senhor e Ele é o único proprietário do que existe, incluindo o homem (Sal. 24:1), por direito de criação (Isa. 45:12),
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Princípios e FundamentosdoDízimo redenção (I Cor. 6:20; Col. 1:19.20) e manutenção ou preservação (Col. 1:17;Heb. 1:3).
A fim de que a raça humana cumprisse o propósito de sua
existência, a divindade compartilhou com ela Sua criação desde o começo. Mas nunca lhe entregou o direito de propriedade de tudo. Desde então o homem pode fazer o uso do mundo e de sua vida, de tudo o que é e tem, mas somente em sua condição de administrador ou mordomo (Sal. 8:6-9; Gên. 1:26,28; 2:15). Por esta razão, embora tenha sido criado como mordomo, somente chega a sê-lo em plenitude quando aceita o senhorio de Cristo sobre sua vida e o mundo que o rodeia. Nos planos divinos, esta sempre foi a relação correta e apropriada do homem com Deus e Sua criação, a fim de alcançar o bem-estar e a felicidade tanto presente quanto eterna. Mas, poderia ser que o homem dissesse em seu coração: “A minha força e a fortaleza de meu braço me adquiriram este poder” (Deut. 8:17). Dessa forma, ele esquecesse a Deus como Criador e dono de tudo. Por isso a fim de possibilitar a formação de um caráter à imagem e semelhança de Cristo, Deus Se valeu, entre outros recursos, do sistema da Benevolência Sistemática (Veja CM, 13 e 14). Com efeito, o Espírito de Profecia nos diz que por meio deste sistema o homem se beneficiaria, dado que “era exatamente o que o homem necessitava” (CM, 68) para fortalecer progressivamente o espírito de abnegação, liberalidade e sacrifício em seu coração (Veja Ms., 20, 30,178) e, por sua vez, reconhecer a Deus como proprietário e doador de tudo (Veja CM, 65,66).
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Este sistema inclui, entre outras coisas, dízimos e ofertas com
os quais, ao entregá-los por amor, o crente dá provas concretas não somente desse reconhecimento, mas também de uma nova e nascente natureza benevolente. Contudo, quando o homem entrega dízimos nos parece que é um pouco diferente de quando entrega ofertas. Com efeito, embora tudo seja de Deus, o crente, como bom mordomo, pode usar tudo menos o dízimo. Por que? Porque “todas as dízimas do campo [...] são do Senhor” (Lev. 27:30). Quer dizer que Deus deseja exercer sobre uma quantidade determinada de seus bens (os dez por cento das entradas) um domínio pleno, exclusivo e irrestrito, de modo que Ele possa dar o uso específico que deseja (Lev. 18:21). Por isso o reclama para Si e pede ao homem que o consagre. Desta forma, o dízimo chega a ser a restrição imposta por Deus ao homem no exercício da mordomia de seus bens, assim como foi o fruto da árvore no Éden. O homem pode fazer uso de tudo, menos dos dez por cento de suas entradas. Este uso está reservado para um fim sagrado, o sustento do ministério evangélico. No contexto desta restrição não se permite ao crente considerar o dízimo como próprio, dado que em sua condição de mordomo não pode usá-lo como ele gostaria, como o faz com os restantes noventa por cento de suas entradas. É PROPRIEDADE DE DEUS. Esta restrição, explica a existência da palavra SÃO na passagem de Levítico 27:30.
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Princípios e FundamentosdoDízimo
Por tudo isto é que não nos inclinamos a dizer que estamos
dando o dízimo a Deus. Preferimos expressar-nos dizendo que estamos “devolvendo” o dízimo. Entendemos que devolvemos aquilo que não é nosso e damos somente o que é nosso. Em realidade damos do que Deus nos permite considerar como “nosso”, pois podemos usá-lo conforme a nossa vontade. Mas, como poderemos dar o dízimo daquilo que sob nenhum aspecto é nosso, visto que não temos nem o direito de propriedade e nem sequer o direito de usá-lo como queremos?
A partir daí, como adventistas, cremos que um cristão
começa a dar a Deus e a seus semelhantes depois de haver devolvido o dízimo. Faz isto através de suas ofertas. Por isso cremos ser correto o que alguns cristãos ensinam, quando dizem que o dízimo é o mínimo aceitável para começar a dar a Deus.
“Não devemos apenas devolver fielmente a Deus os nossos
dízimos, que Ele reclama como Seus, mas também devemos trazer à Sua tesouraria um tributo como oferta de gratidão” (CM, 18).
O Dízimo 1.
Propriedade de Deus (Lev. 27:30)
Por isso devolvemos o dízimo: é propriedade de Deus e Ele o reclama como Seu. 2.
Obediência ao pedido de Deus (Mal. 3:10 e Deut. 14:22)
Demonstra nossa obediência ao pedido específico de Deus. Nisto, igual ao sábado, não temos a opção de escolher (mais ou menos da décima parte).
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3.
O amor a Deus (João 14:15; 15:10)
É o amor que nos leva a cumprir nosso dever ou responsabilidade para com Deus. 4.
Deus aceita tanto o bom quanto o mau (Le. 27:32-33.)
Deus Se preocupa com a qualidade, mas Ele valoriza muito mais a quantidade da parte que reclama como Sua.
As Ofertas 1.
“Propriedade” do homem (Deut. 16:10)
Deus permite que o que resta depois de devolver o dízimo, consideremos como “nosso”. Disso podemos ofertar voluntariamente. Por isso damos ofertas. 2.
Obediência ao critério de avaliação do homem
Decidimos QUANTO vamos dar conforme a avaliação que fazemos das bênçãos recebidas de Deus. Nisto, temos a opção de escolher. 3.
Amor a Deus (João 3:16; I João 3:16; João 15:13)
É o amor que vai além do amor que cumpre o dever ou responsabilidade. Como Jesus é a oferta divina que o céu não foi obrigado a dar, assim também nós damos nossas ofertas para expressar um amor a Deus que vai além do cumprimento de nosso dever para com Ele. 4.
Deus aceita somente o PERFEITO (Lev. 22:21-22)
Deus Se preocupa pela qualidade das ofertas. Embora a repreensão de Deus em Malaquias seja pela retenção de dízimos e ofertas, a grande CENSURA tem que ver com a QUALIDADE das ofertas (Mal. 1:8).
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Princípios e FundamentosdoDízimo
Nota: Aos numerosos textos do Espírito de Profecia e de
outros autores de língua inglesa em que o dízimo foi traduzido como pagar, cremos que, sem forçar o texto, poderíamos compreendê-lo como devolver.
NÃO ESTÁ ENTRE OS DEZ MANDAMENTOS
Por que o dízimo não se encontra entre os Dez Mandamentos? Não está expressamente mencionado no Decálogo, mas como bem sabemos, sua não devolução é uma violação implícita do oitavo mandamento e pode sê-lo também do décimo (Veja I Tim. 6:10; Col. 3:5). O fato do dízimo não estar explícito não quer dizer que não deva ser cumprido pelo cristão fiel. Com efeito, assim como o dízimo, a Bíblia conta com muitas outras ordenanças, práticas e ritos importantes dados por Deus e cumpridos por Seus filhos que, quer sejam implícitos ou não, se encontram nas tábuas da lei. Por exemplo: a oração, o batismo, o amor, o perdão, o regime alimentar, a abstenção de fumar, de beber e de ingerir drogas, o serviço de comunhão, o rito da humildade, o não unir-se em jugo com os infiéis, etc. Levítico 27:34 diz: “Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai” . Foi no mesmo lugar onde foram dados os Dez Mandamentos que o mesmo Deus, através do mesmo homem, deu a ordenança dos dízimos. A respeito, nos é dito:
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“Não é este um pedido do homem; é das ordenanças de Deus, pela
qual Sua obra pode ser mantida e levada avante no mundo” (TM, 307).
“O sistema ordenado aos hebreus não foi rejeitado ou
afrouxado por Aquele que lhe deu origem. Em vez de haver perdido agora seu vigor, deve ser mais plenamente cumprido e dilatado, pois a salvação em Cristo unicamente deve ser apresentada em maior plenitude na era cristã” (CM 75,76).
SUA DIFERENÇA COM O SÁBADO COMO PROVA DE DISCIPULADO
Por que o dízimo não é prova de discipulado como o sábado?
O Cumprimento execução de trabalho comum no sábado é motivo de separação do corpo de Cristo, pois constitui uma violação do mandamento do sábado. Mas, deixar de devolver o dízimo nem sempre se deve a uma causa completamente definida.
Pode ser que a pessoa esteja sem trabalho ou devolva somente
parte do que deve devolver; ou, como acontece com os agricultores, que às vezes devolvem o dízimo no final do ano.
Por outro lado, não se considera sua devolução como requisito
para ser membro da Igreja Adventista, embora a mesma reconheça o dizimar como uma obrigação bíblica que todo crente deve praticar antes de seu batismo, pois é um benefício para sua própria vida espiritual, para a salvação de outros e para o término da obra de Deus neste mundo.
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Princípios e FundamentosdoDízimo
A Igreja Adventista não crê que seja sua missão a de fiscalizar
as entradas dos membros para saber se o devolvem ou não. A prática do dízimo é somente um dos tantos frutos da salvação que chegam à vida do crente pela graça de Deus através da fé em Cristo Jesus (Efésios 2:8). De modo que, pelas muitas variações que existem nas relações financeiras com a Igreja, não se considera o aspecto financeiro como prova de discipulado. A Igreja não investiga sobre a quantidade devolvida. “Dos meios confiados ao homem Deus reivindica determinada porção – o dízimo; mas, Ele deixa todos livres para dizerem quanto seja o dízimo” (2 TS, 40). Se a igreja se preocupa pela falta de regularidade na devolução dos dízimos dos membros que recebem alários periódicos, isto é somente pelo fato de que a reiterada experiência pastoral mostra que geralmente tal proceder por parte dos membros é um dos sintomas mais reveladores de que há problemas espirituais em suas vidas, e não basicamente por outra razão. É por isso que a liderança de igreja se preocupa de forma especial com os que estão em tal condição.
NÃO FOI ABOLIDO COM A LEI CERIMONIAL
Se a lei cerimonial foi abolida na cruz do Calvário, por que não foi abolida a ordenança do dízimo? Pelas seguintes razões: 1.
Porque embora o dízimo tenha sido incorporado à legislação
levítica, sua prática data desde os tempos patriarcais e “baseia-se em
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um princípio tão duradouro quanto a lei de Deus” (CM, 67): o do reconhecimento de Deus como Criador, Senhor e único dono de todas as coisas. Por isso, ainda antes do pecado, o princípio do dízimo estava implícito no ato de não comer o fruto proibido. Dessa forma, sua instituição e princípio são muito anteriores ao código levítico e em nenhum sentido fez parte da lei cerimonial. Nem esteve, em consequência, entre as “sombras” que deveriam desaparecer com a morte do Senhor. Abraão devolveu os dízimos a Melquisedeque muito antes de ser dada a lei cerimonial (Gên. 14:20: Heb. 7:4). 2.
Porque nunca foi uma medida de contribuição levítica dentro do
grupo de leis civis que Deus deu a Seu povo no Sinai. Pelo contrário, sempre foi uma responsabilidade ou dever religioso que Deus colocou e coloca até hoje diante de Seus filhos, destinando-o a um fim sagrado, para o próprio bem espiritual destes. 3.
Porque o princípio imutável do reconhecimento de que Deus
é o Criador, Senhor e dono de tudo, vai além da validez temporal da lei cerimonial hebréia, estendendo-se desde a cruz até ao fim do tempo. “Esse sistema foi uma bênção ao povo judeu, do contrário o Senhor não lho haveria dado. Assim será igualmente uma bênção aos que o observarem até ao fim do tempo” (CM, 67). 4.
Porque enquanto Deus tiver um povo neste mundo Ele não cederá
Seus direitos de dono. Ele espera esse reconhecimento da parte de Seus filhos através da pratica do dízimo. “Tal (referindo-se à experiência de Abraão e de Jacó ao darem o dízimo) era a prática dos patriarcas
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Princípios e FundamentosdoDízimo e profetas antes do estabelecimento dos judeus como nação. Mas quando Israel se tornou um povo distinto, o Senhor lhe deu definida instrução sobre esse ponto. ‘Todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor’ (Lev. 27:30). Essa lei não deveria ser anulada com as ordenanças e ofertas sacrificiais que tipificavam a Cristo. Enquanto Deus tiver um povo na Terra, Suas reivindicações sobre eles serão as mesmas” (CM, 67).
NÃO ESTIMULA O DESCUIDO DOS 90% RESTANTES
O princípio do dízimo estimula o descuido e negligência na administração dos noventa por cento restantes?
A ideia de que os 10% das entradas são do Senhor e os 90% restantes são nossos para usarmos como bem nos agrada, é contrária à ideia de uma correta mordomia. Na verdade, geralmente o dizimista é um bom mordomo dos 90% restantes (Mat. 24:45,46). A questão de como gerenciar corretamente esses 90% não está especificamente determinada pela bíblia. Em consequência, deveríamos guiar-nos pelos princípios gerais da orientação divina. Em primeiro lugar, desses 90% o cristão genuíno determina uma parte para ofertas generosas e liberais a fim de satisfazer as grandes necessidades da obra de Deus em diferentes lugares e suprir as necessidades de outros. “Depois de ser o dízimo posto à parte, sejam as dádivas e ofertas proporcionais: segundo a sua prosperidade” (CM, 81).
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Em segundo lugar, o homem não tem que perguntar a Deus
se é correto comprar alimentos, abrigo, etc., mas deveria exercer o bom senso, economia e simplicidade cristã na escolha de suas necessidades. Em terceiro lugar, a devolução do dízimo em si é um reconhecimento de que tudo o que resta, ou seja, os 90%, são de Deus que o tem dado por Sua abundância e misericordioso amor. Em outras palavras, o dízimo é um ato de fé do crente, através do qual reconhece concretamente que a totalidade do que possui pertence a Deus. Por último, ao adquirir bens materiais, o cristão genuíno procurará usá-los de acordo com a vontade divina a fim de que sejam instrumentos para servir ao propósito salvador de Deus (Lucas 19:10; 10:29-37).
Os cristãos estão seguros ao adquirir dinheiro na forma em que
Deus indica e usá-lo de maneira que Ele os possa abençoar. “Deus nos permite usar Seus bens somente para Sua glória, para nos abençoar, a fim de que possamos abençoar aos outros” (CM 141). “A propriedade será por ele (o cristão sincero) apreciada, mas não acumulada, estimada apenas enquanto possa ser usada para levar avante a verdade, para trabalhar como Cristo trabalhou quando esteve na Terra, para abençoar a humanidade” (CM,159). Devolvendo os 10% do Senhor, o dizimista cristão tende a ser melhor mordomo dos outros nove décimos em lugar de descuidá-los.
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Princípios e FundamentosdoDízimo NÃO É INJUSTO PARA COM O POBRE
O dízimo é injusto para com o pobre?
Não, porque “para o pobre, o dízimo será de uma importância comparativamente pequena, e suas dádivas serão de acordo com a sua possibilidade” (CM, 73). Por esta razão nos é dito que “o plano divino do sistema do dízimo é belo em sua simplicidade e equidade” (CM, 73), visto que a devolução proporcional às entradas aponta à justiça do sistema divino. Dessa forma, o dízimo não tem a ver com pobreza ou riqueza, mas com a relação do homem com Deus, com “o propósito do coração, o espírito de gratidão e amor que ela expressa” (CM, 74). Se forem fiéis, os dizimistas receberão não somente bênçãos espirituais, mas também, poderão receber bênçãos materiais, conforme o grande discernimento de Deus.
“Não é devolver ao Senhor o que é Seu que torna o homem
pobre; reter é que leva à pobreza.” (CM, 36).
“Frequentemente os que recebem a verdade se acham entre
os pobres do mundo; [...] E quando Ele vê um fiel cumprimento do dever na devolução do dízimo, muitas vezes, em Sua sábia providência, proporciona meios pelos quais este seja aumentado” (OE, 222,223). O pobre que dizima nunca protesta pelo fato de dar demasiado. A pessoa que protesta pelo dízimo que o pobre deve devolver, possivelmente está procurando levantar uma cortina de fumaça atrás da qual esconde a sua própria cobiça.
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PARA QUEM É MAIS DIFÍCIL DIZIMAR?
E´mais difícil dizimar: para o pobre ou para o rico? É tão fácil e tão difícil tanto para um quanto para o outro. A devolução do dízimo não é nada fácil para quem, quer seja rico ou pobre, não está disposto a reconhecer por amor, a propriedade de Deus sobre suas posses, nem ser obediente a Seus requerimentos. Somente o amor de Deus leva tanto o pobre quanto o rico ao reconhecimento e à obediência. Sem amor o “pobre” não estará disposto a devolver o dízimo do pouco que possui. E, também, sem amor o “rico” não se dispõe a devolver o dízimo de seus lucros, que nunca lhe parecem suficientes. O sistema bíblico do dízimo é belo em sua simplicidade. “Todos podem dele lançar mão com fé e ânimo, pois é divino em sua origem. Nele se aliam a simplicidade e a utilidade, e não exige profundidade de saber o compreendê-lo e executá-lo. Todos podem sentir que lhes é possível ter parte em promover a preciosa obra de salvação” (CM, 73).
A DIFICULDADE DE POBRES E RICOS
Que dificuldade encontra uma pessoa rica para dizimar? À primeira vista parece que uma pessoa rica não tem dificuldade para dizimar. Mas o rico está sujeito às grandes tentações da cobiça e do egoísmo. Diríamos que, assim como o pobre em sua pobreza é tentado a não dizimar porque tem pouco, o rico é tentado em sua riqueza
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Princípios e FundamentosdoDízimo porque tem muito e, normalmente quem mais tem, mais quer. Contudo, se realmente ama e teme a Deus, vai ser fácil dizimar.
“Se ama e teme a Deus, aquele a quem Ele tem confiado grande
capital não considerará um fardo pesado atender às exigências de uma consciência iluminada segundo os ditames de Deus. Será o rico tentado a entregar-se ao egoísmo e à avareza, e a recusar dar ao Senhor o que Lhe pertence. Mas o que é fiel a Deus, ao ser tentado, responderá a Satanás: ‘Está escrito’: ‘Roubará o homem a Deus? (Mal 3:8) ’Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?’” (Mat. 16:26) (CM, 74).
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CapĂtulo 4
O Que
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O Que
Dizimar
SUA RELAÇÃO COM A CONSCIÊNCIA HONESTA E O BOM SENSO
Considerando que Deus especificou a décima parte dos lucros como a quantia para dizimar, que papel desempenham a consciência e o bom senso ao calcular e devolver o dízimo a Deus? Quando um cristão se dispõe a dizimar e decide seguir o plano de Deus é uma questão de consciência honrada e generosa decidir basicamente duas coisas: 1-
Quais entradas são lucros. Isto é, determinar a quantidade sobre
a qual o dízimo será devolvido. 2-
Devolver a décima parte dos lucros como seu dízimo, e não uma
porção menor. Ao tomar estas decisões ninguém deve ser consciência do outro, pois cada um deveria ser seu próprio assessor. A respeito, o Espírito de Profecia diz:
“Quanto à importância exigida, Deus especificou um décimo
da renda. Isto fica com a consciência e beneficência dos homens, cujo juízo nesse sistema dizimal deve ser livre. E ao passo que isto fica com a consciência, foi estabelecido um plano bastante definido para todos. Não se exige compulsão” (I TS, 373).
“Senhor pede que Seu dízimo seja entregue em Seu tesouro.
Estrita, honesta e fielmente” (CM, 82).
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SALÁRIO E OUTROS LUCROS
O dízimo inclui também o 13° salário e/ou outras entradas? Certa vez os fariseus perguntaram a Jesus se era lícito pagar tributo a César, Ele lhes disse: “Trazei-me uma moeda, para que a veja. E eles lha trouxeram. E disse-lhes: De quem é esta imagem e inscrição? E eles disseram: De César. E Jesus respondendo, disse-lhes: Daí, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mar. 12:15-17).
Aqui está a resposta baseada em uma linguagem clara e obje-
tiva. O crente paga sua contribuição ao fundo de aposentadoria e o imposto de renda do 13º salário ou de qualquer outra entrada que tenha. Por que não deveria separar o dízimo do 13º salário e/ou outras entradas adicionais ao salário? Não são lucros? Os judeus do tempo de Jesus devolviam o dízimo até da menta, do endro, do cominho, etc. Neste sentido davam bom exemplo (Mar. 23:23). A ordem de Jesus foi: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mat. 22:21). O dízimo é de Deus e não deve ser absorvido por César. Jacó disse: “De tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gên. 28:22). “Jacó deu o dízimo de tudo que possuía, e depois calculou o dízimo que usara, e deu ao Senhor o benefício daquilo que estivera usando para o próprio proveito durante o tempo em que estivera em terra pagã, e não pudera pagar seu voto. Isto representava uma grande soma; no entanto ele não hesitou; o que votara ao Senhor, não considerava como seu, mas do Senhor”(CM, 99).
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O Que
Dizimar
Por isso, o dízimo do crente fiel será devolvido de todo tipo de
lucros ou entradas que tenham. “O dízimo de toda a nossa renda é do Senhor” (CM, 87). “Também todas as dízimas do campo [...] e todas as dízimas de vacas e ovelhas [...] será santo ao Senhor” (Lev. 27:30-32).
DÍZIMO DA APOSENTADORIA
Deve-se dizimar a quantia da aposentadoria, visto que esta foi formada com dinheiro já dizimado? Do ponto de vista técnico-contábil parece que a resposta é não. Mas vejamos as diferentes variações às quais poderíamos chegar seguindo tal conduta. Em primeiro lugar, o capital que se formou para o pagamento da aposentadoria não foi constituído somente das contribuições dizimadas do interessado, mas também das quantias não dizimadas do patrão. Nesse caso, cada vez que recebe sua aposentadoria, o aposentado deveria dizimar pelo menos a quantia do patrão. Em segundo lugar, quando depois de vários anos o aposentado terminar de receber através de sua aposentadoria as quantias dizimadas por ele no passado, logicamente deverá começar a dizimar o total da aposentadoria cada vez que a receber. Em terceiro lugar, se já é complicado fazer os respectivos cálculos nos casos acima mencionados, muito mais será fazê-lo nos países que, nas últimas décadas, têm sofrido flutuantes índices de inflação.
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Por tais motivos é aconselhável dizimar sobre a aposentado-
ria. “Porém o Senhor disse a Moisés: Seria, pois encurtada a mão do Senhor?” (Núm. 11:23). Mas se alguém está disposto a fazer todos estes complicados cálculos e começar a dizimar de sua aposentadoria, segundo a técnica contábil o determine, cremos que tampouco erra.
HERANÇAS, PRESENTES E DINHEIRO ACHADO
Devo dizimar o que recebi por herança, presentes ou dinheiro achado? Como o Senhor ensina em Sua Palavra que de nossos lucros devemos devolver o dízimo, e sendo que a herança e os presentes constituem um aumento ou lucro patrimonial, deveríamos devolver o dízimo correspondente. Se os presentes ou herança são em dinheiro, deveríamos devolver a décima parte; em caso de serem objetos, a sugestão é que se calcule seu valor (se em geral são do tipo que poderiam haver sido adquiridos pelo beneficiário para seu próprio uso) e seja devolvido o dízimo em dinheiro, todo de uma só vez. Para o caso de bens móveis ou imóveis de alto valor pode ser feito em plano de devolução sistemática e regular. Caso os presentes não sejam úteis para o beneficiário, fica livre a sua consciência. No caso de dinheiro encontrado que não possa ser devolvido a seu legítimo dono por ser impossível sua identificação, se incorporado ao patrimônio de quem o encontrou, cabe devolver o dízimo do mesmo.
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O Que
Dizimar
PROPRIEDADE
No passado comprei uma propriedade, devo devolver o dízimo do valor que ela tem? Se for adquirida com dinheiro previamente dizimado, é logico que não. Mas se foi adquirida com recursos não previamente dizimados, seria correto dizimar seu valor. Deveria ser avaliada e sobre esse valor fazer um plano de devolução do dízimo.
“Como Abraão, devem dar o dízimo de tudo quanto possuem
e de tudo o que recebem” (CM, 66).
DEVOLVER MAIS DE 10%
Posso devolver mais de dez por cento de meus lucros em conceito de dízimo? Se você devolve mais de dez por cento de seus lucros como dízimo está devolvendo mais que o dízimo, porque o dízimo é exatamente dez por cento de seus lucros, nem mais nem menos. Mas isto não significa que, se você quer entregar mais de dez por cento para o sustento do ministério evangélico, não possa fazê-lo. Está em suas mãos querer e poder fazê-lo. Se você quer ir além dos dez por cento nem o Senhor, nem seus semelhantes irão se opor a isto. Mas lembre-se de que Deus pede a devolução de somente dez por cento. Se você deseja ser um fiel cristão, o que não poderia fazer é devolver menos de dez por cento, pois esta porcentagem é a quantidade que Deus reserva para Si.
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“O dízimo de todas as nossas rendas é do Senhor. Reservou-o
para Si, para ser empregado em fins religiosos. Santo é. Nada menos que isso aceitou Ele em qualquer dispensação” (CM, 67).
DEVOLVER SEM DESCONTAR OS IMPOSTOS
Deve-se descontar os impostos antes de calcular o dízimo? Não deveríamos descontar os impostos antes de calcular o dízimo, porque quer sejam nacionais, estaduais ou municipais, os impostos são um meio que as autoridades têm para obter dinheiro que reverterá à população através de serviços públicos. Estes melhoram a vida em comunidade. Ainda deveríamos reconhecer que recebemos alguns benefícios indiretos do governo, financiados com recursos fora dos impostos.
Por essa razão, os adventistas são incentivados a considerar
os serviços governamentais como benefícios. Em consequência, deve ser dizimado o dinheiro destinado a pagar impostos que proporcionam tais serviços. Em seu Concílio Anual de 1943, a Associação Geral deu cuidadosa atenção e estudo a este assunto. Na ocasião ela aprovou a seguinte recomendação mundial para a Igreja Adventista:
“Aconselhamos a todos nossos crentes que de acordo com
o nosso melhor conhecimento, deveríamos continuar sob o princípio sobre o qual esta denominação tem levado adiante sua obra desde os dias de seu começo, e não permitir que os impostos ou qualquer
74
O Que
Dizimar
outro gasto descontado do salário afete assim a porção reservada por Deus para Si mesmo. Isto significa que se deveria devolver o dízimo sobre o total do salário e outros lucros obtidos, antes de fazer qualquer desconto ou pagamento para impostos”.
Por sua vez, o Espírito de Profecia diz: “As reinvindicações
de Deus têm a primazia. Não fazemos Sua vontade quando Lhe consagramos aquilo que resta de nossas reais ou supostas necessidades. Antes de gastarmos uma só parcela de nossos rendimentos devemos separar e oferecer a Deus a parte que de nós requer. [...] Se dermos a Deus o que Ele pede, o restante será santificado e abençoado em proveito nosso. Porém, se um homem rouba a Deus retendo a parte que Ele requer, a maldição recai sobre tudo que possui” (I TS, 554, 555).
CALCULAR SOBRE O TOTAL
Deveríamos devolver o dízimo sobre o salário líquido (isto é sobre o que resta depois de haver aposentadoria, seguros, serviços sociais, etc.) ou sobre o salário total ou bruto sem fazer redução alguma? Muitos dos que devolvem o dízimo de suas entradas líquidas justificam sua decisão com os seguintes pensamentos: 1.
Devolvem o dízimo fielmente sobre a quantia de dinheiro que
passou por suas mãos; 2.
Determinados descontos como aposentadoria, serviços sociais
e outros são obrigatórios e não os consideram como lucro ou parte do salário real;
75
3.
Estão dispostos a devolver o dízimo das somas retidas pelo empre-
gador para a aposentadoria, tão logo comecem a recebê-las. Aqueles que devolvem o dízimo sobre o total, justificam sua decisão da seguinte maneira: 1.
Há quantias de dinheiro que não passam pelas mãos do beneficiário
mas que, igualmente são um lucro. Em consequência, são parte do salário real. O imposto de renda, por exemplo, é um lucro indireto, como já foi explicado na pergunta anterior. Serviços sociais, da mesma forma são lucros pois o beneficiário recebe ao realizar atendimento médico, compra de medicamentos, assistência a lugares de recreação e de descanso. 2.
Possivelmente não vivam mais quando aquilo que foi descontado
por seu empregador lhes seja devolvido. Neste caso, para assegurar-se de que Deus receba o que é justo, enquanto eles têm vida devolvem o dízimo total de todas as suas entradas.
As perguntas que devemos fazer são: quando Deus receberá
o que Lhe pertence em dízimos e ofertas? Quando estaremos relacionados corretamente com Ele: agora, mais adiante ou nunca? A mesma verdade se mantém a respeito de testamentos e legados. Deve-se fazer testamentos. Mas é preciso avaliar a pessoal compreensão a cerca do que é liberalidade caso os fundos estejam sendo mantidos em depósito por anos, enquanto a obra se enfraquece e milhões perecem.
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O Que
Dizimar
Ellen G. White declara: “Os servos de Deus devem dispor de seus bens todos os dias em boas obras e ofertas liberais ao Senhor. Não devem contentar-se com dar a Deus uma porção desproporcionadamente pequena, em comparação ao que gastam para si mesmos. [...] Os que negligenciam deveres de que estão perfeitamente inteirados, deixando de corresponder às reinvindicações que Deus lhes faz nesta vida, e procurando acalmar a consciência com o propósito de na sua morte estabelecer um legado, não terão da parte do Mestre nem louvor nem recompensa. Estes não praticam nenhuma renúncia, mas retêm seus meios enquanto podem, renunciando-os só porque o exige a morte” (CM 326,325). É neste tempo que a causa de Deus necessita de serviços e recursos. Reter os recursos que não são necessários para as coisas relacionadas com a vida e a família, esperando o momento da morte, enquanto milhões vão ao descanso sem Cristo, faz com que as intenções do mordomo cristão sejam suspeitosas. A medida que entendemos, invertemos; e quanto mais profunda é nossa crença, maior é nossa inversão. O céu creu em nós. Sua inversão incluiu tudo o que o céu possuía. Isto foi concedido, não em um momento de necessidade, mas muito antes de que se levantassem as necessidades. Somos chamados por Deus para segui-Lo (I João 2:6). Dizimar sobre as entradas líquidas ou dizimar sobre o total de nossas rendas, fazer testamentos a cada dia ou somente ao morrer, são fatos que decidem o destino eterno. O mordomo cristão buscará e seguirá o conselho da Santa Palavra de Deus, a Bíblia. Enquanto vacilamos ou postergamos milhões perecem.
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Por tudo isto sugerimos enfaticamente que devemos devolver
o dízimo do total sem fazer nenhum desconto, salvo os gastos significativos em que hajamos incorrido a fim de obter o correspondente salário.
O DÍZIMO E A DECLARAÇÃO DE BENS
Posso calcular o dízimo de meus lucros baseado na declaração de rendas que faço cada ano ao governo? Nem todos os países exigem de seus habitantes fazer anualmente uma declaração de rendas. Mas, há duas formas de calcular nossa renda ou lucro: segundo o propósito dos impostos e segundo o propósito do dízimo.
A determinação do que é lucro aos olhos de Deus – para calcular
honestamente o dízimo que Lhe pertence – não pode estar baseada sobre os métodos do governo para computar nossos lucros. Com efeito, o governo permite descontar de nossos lucros certos gastos, como por exemplo, o aluguel da casa em que vivemos, remédios, cirurgias, consultas médicas, pessoas sob nossos cuidados, etc. Estas quantias não incidem sobre o correspondente imposto. Mas no plano de nossa relação com Deus o assunto é diferente. Lucro é tudo aquilo que se incorpora ao nosso patrimônio, seja ou não previamente dizimado, depois de descontar somente o que se gastou para produzir tal lucro.
Por isso, não seria honesto diante de Deus calcular o dízimo
sobre os lucros baseado na declaração de rendas que faz ao governo.
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EMPRÉSTIMOS
Deve-se dizimar o dinheiro recebido em empréstimos? Não, porque o dinheiro emprestado não é um lucro. Caso a pessoa obtenha lucros com o dinheiro que recebeu emprestado, então sim, deveria dizimar esse lucro. Um caso semelhante é o de uma pessoa que toma dinheiro emprestado a juros de terceiro, quer seja um banco, uma financeira, etc., para realizar um negócio ou operação financeira que lhe produza um lucro monetário. Do produto da operação deve separar o dinheiro que deve ser devolvido, mais os juros correspondentes. Do que sobra, que é o lucro propriamente dito, corresponde devolver ao Senhor o dízimo.
COMPRA DE BENS COM DINHEIRO NÃO DIZIMADO
Desejo acrescentar uma máquina nova às que tenho para trabalhar com mais eficiência em meu estabelecimento. Assim obterei melhores resultados financeiros e, em consequência, devolverei maiores dízimos ao Senhor. E´correto que a compre com meus lucros antes de descontar o dízimo correspondente? Não é correto, por mais louvável que seja o fim. O princípio do dízimo demanda que toda melhora de capital patrimonial (compra de terras, equipamentos, máquinas, etc.) deva ser feita com o dinheiro proveniente dos lucros previamente dizimados.
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LUCROS DA VENDA DE BENS E CADERNETA DE POUPANÇA
a) Deve-se dizimar o lucro da venda de um bem ou imóvel que foi adquirido com dinheiro dizimado? Sim, deve-se dizimar, podendo-se agir das seguintes maneiras: Caso a moeda do país seja estável (portanto não havendo inflação) dizima-se o lucro da venda. Ex.: um membro que adquiriu um imóvel por 300 mil reais, com dinheiro já dizimado, e o vende por 400 mil
1.
reais, tem um lucro de 100 mil reais, os quais devem ser dizimados; 2.
Havendo inflação, deve-se fazer a correção monetária. Se houver
lucro, dizima-se o mesmo. Não havendo lucro, não há necessidade de dizimar.
b) Como dizimar sobre o que rende a Caderneta de Poupança? O investidor que aplicou seu dinheiro na Caderneta de Poupança recebe juros, mais correção monetária que podem ser dizimados das seguintes maneiras: 1.
Dizimar tanto os juros como a correção monetária, modo ideal;
2.
Dizimar somente os juros, porque a correção monetária não é con-
siderada lucro, mas apenas um reajuste.
Tanto a primeira opção como a segunda estão certas. Portanto,
fica na consciência de cada um a decisão de escolher qual das duas seguir.
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O Que
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BENEFÍCIOS/AUXÍLIOS EMPRESARIAIS
Deve-se dizimar auxílios recebidos sobre o salário? Os benefícios dados sobre o salário são geralmente em reforço ou suplemento do mesmo que, para certos efeitos legais, muitas vezes não fazem parte dele. Normalmente são dados por razões administrativas ou laborais, impositivas de clima, salubridade, custo de vida, etc. Outras vezes são dados como uma forma indireta de compensar uma baixa remuneração. Por isso, de uma forma ou de outra, na maioria dos casos são uma extensão parcial do salário, devendo ser considerados lucros e, portanto sujeitos ao dízimo.
Por outro lado, é bom recordar que todo auxílio está dentro
das três seguintes categorias: 1.
Auxílio que para o beneficiário significa somente um lucro líquido;
2.
Auxílio que para o beneficiário significa em parte, um lucro líquido
3.
em parte, um reembolso de gastos;
4.
Auxílio que para o beneficiários significa em parte reembolso de
gastos e, em parte, uma compensação. Assim, é sugerida a seguinte regra como um guia na determinação para saber se os benefícios devem ser dizimados ou não: É lucro (e portanto dizimável) qualquer auxílio ou benefício que o funcionário receba de seu empregador por gastos que teria igualmente embora não existisse tal relação contratual de trabalho.
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EXEMPLOS MAIS COMUNS DE AUXÍLIOS
Tendo em conta a resposta anterior, poderiam ser numerados os auxílios mais comuns que as empresas ou companhias dão a seus empregados? Por ser este assunto (o dízimo dos benefícios) uma questão pouco conhecida e praticada, apresentaremos dois conceitos que podem ajudar vários cristãos ao fazerem suas decisões no futuro: Nossa consciência cristã e um critério maduro deveriam ser usados para estabelecer o que é ou não dizimável;
1.
“Ao determinar a proporção da oferta a dar para a causa de Deus, deveis de preferência exceder às exigências do dever a cumpri-las. Considerai a quem a oferta é destinada. Esta reflexão banirá a cobiça.” (I TS. 563). A seguir listamos os principais auxílios:
2.
1. Auxílio
- Transporte
O dinheiro do benefício que excede aos gastos periódicos reais (quinzenais, mensais) de transporte (gasolina, óleo, passagem de ônibus, táxi, metrô, avião, etc.) deveria ser considerado como um lucro e, em consequência, dizimável; 2.
Auxílio - Combustível/ Depreciação Veículo
Caso o empregado use o veículo de sua propriedade unicamente para realizar seu trabalho (coisa pouco provável), o dinheiro recebido não será um auxílio mas um reembolso de gastos. Mas geralmente usa-se o veículo também para atividades particulares. Neste caso, o benefício
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O Que
Dizimar
deve ser considerado como lucro e, em consequência, deve-se dizimar a importância que corresponda proporcionalmente ao uso particular do veículo. 3. Auxílio
- Saúde
Muitas empresas e companhias dão um auxílio porcentual sobre gastos com planos de saúde, atendimentos odontológicos, compra de remédios, óculos de grau, etc. Considerando que o empregado de igual maneira haveria tido esses gastos (embora não existisse essa relação de dependência) essa ajuda é considerada como lucro ou remuneração adicional a ser dizimada; 4.
Auxílio - Viagem
O pagamento (por parte da empresa) dos gastos de viagem (ajuda de custo e alojamento) do empregado em cumprimento de suas funções é considerado reembolso de gastos. Quando o valor pago é superior às despesas, esse excedente é considerado lucro e, portanto, deve ser dizimado; 5.
Auxílio - Moradia
Deixamos este tipo de auxílio por último por ser muito discutido. Há empregados cujas empresas lhes dão casa gratuita para morar ou cobram um aluguel simbólico. Parece-nos que nestes casos os empregados estão tendo lucros, pela seguinte razão: ao viver em uma casa de empresa, ou em outra que é paga por ela, ou ao pagar um aluguel simbólico, o empregado está recebendo em realidade: uma ajuda de aluguel equivalente ao valor atual do aluguel da casa. Ou uma ajuda equivalente ao valor da casa menos a parte que ele já está pagando.
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Se ele não trabalhasse nessa empresa teria que fazer um gasto
equivalente à soma recebida como bonificação a fim de viver em casa semelhante, alugada por ele. Em consequência, o empregado deveria considerar estas bonificações como lucros, e sujeitas a serem dizimadas.
DÍZIMO DOS FILHOS
Um filho que depende financeiramente dos pais, deveria dizimar? É saudável para a própria vida espiritual do filho, além de ser um meio educativo e de conscientização, devolver o dízimo do dinheiro que recebe para o uso pessoal, ainda que o mesmo já tenha sido previamente dizimado por seus pais.
DINHEIRO DAS ESPOSAS
O dinheiro que os maridos dão a suas esposas que não trabalham fora também deve ser dizimado? Muitas vezes, homens e mulheres interessados na prática fiel do dízimo, fazem esta pergunta. É uma pergunta simples, mas que merece especial atenção. Nem todos os casos são iguais, portanto, não pode haver uma resposta definitiva para todos eles. Por exemplo: tratando-se de dinheiro de esposo crente que devolve o dízimo de todas as suas entradas, a esposa não necessita dizimá-la. Mas, se num gesto de liberalidade ela deseja devolver o dízimo, não erra. Se o dinheiro provém de uma
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O Que
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entrada não dizimada (seja o esposo crente ou não) é evidente que sobre esse dinheiro corresponde entregar o dízimo a seu legítimo dono, o Senhor.
Porém, devemos ser prudentes no caso em que um dos
cônjuges não seja crente. Se a espossa dizimar o dinheiro contra a vontade do marido, por exemplo, poderá acarretar problemas conjugais e familiares. Diante de uma situação assim é preferível que ela desista de fazê-lo. Isto evitará males maiores e ajudará esta esposa a seguir trabalhando pela conversão de seu marido.
DÍZIMO DA ESPOSA QUE TRABALHA REMUNERADAMENTE
A esposa deveria dizimar o salário que obtém de seu trabalho, se o esposo se opõe a isso? Este caso é um pouco diferente do anterior, e cremos que a esposa deveria extremar os cuidados para ser fiel a Deus.
DEVOLUÇÃO AO REGRESSAR À DEUS
Alguém que após seu período de renegação ou apostasia do Evangelho renova sua comunhão com Cristo deve restituir os dízimos que não devolveu durante o tempo de abandono religioso? Existe diferença entre o que peca por ignorância e o que comete pecado voluntariamente. Da mesma maneira existe diferença entre quem conhece a vontade de Deus e quem a ignora (Num. 15:27-31). Aquele
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que apostata, renuncia ou deserta, encontra-se no grupo que possui o conhecimento, não no grupo que o ignora. Portanto, é responsável por suas ações (Luc. 12:47, 48). O conselho bíblico é: “Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na sua justiça, praticar iniquidade, não virão em memória todas as suas justiças, mas na sua iniquidade, que pratica, ele morrerá. Quando eu também disser ao ímpio: Certamente morrerás; se ele se converter do seu pecado, e fizer juízo e justiça, restituindo esse ímpio o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida, e não praticando iniquidade, certamente viverá, não morrerá” (Ezequiel 33:14,15). Ellen White declara: “Onde quer que tenha havido qualquer negligência de vossa parte em restituir ao Senhor o que Lhe pertence, arrependei-vos, com contrição de alma, e fazei restituição, para que Sua maldição não recaia sobre vós [...]. Quando tiverdes feito o possível, de vossa parte, não retendo nada do que pertence a vosso Criador, poderia pedir-Lhe que proveja os meios para enviar ao mundo a mensagem da verdade” (CM, 98). Outra declaração inspirada manifesta: “Caso tenhais roubado ao Senhor, fazei restituição. Tanto quanto possível, endireitai o passado, e então pedi ao Salvador que vos perdoe” (CM, 98).
As recomendações proporcionadas aqui são dadas aos que tem
o conhecimento da vontade de Deus. Não pode haver um verdadeiro arrependimento sem uma restituição. A restituição é a evidência de que o arrependimento é de coração e até que ocorra o arrependimento não há reformas na vida ou redenção para o pecador. No entanto,
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O Que
Dizimar
pelo descuido, a dívida do dízimo pode exceder às possibilidades financeiras da alma arrependida dificultando sua restituição. Aqui é onde a honestidade, sinceridade e integridade entram em jogo.
Até onde seja possível, deve-se corrigir o passado e pedir perdão
ao Senhor por aquilo que não pode ser restituído. Reter o que poderia ser restituído não somente tornaria evidente a desonestidade, mas o engano e desprezo para com Deus abririam as comportas do desastre. Ele nos tem dado orientações claras e definidas para o arrependimento e restituição. Ao segui-las fielmente não somente teremos uma consciência clara e uma mente cheia de paz, mas ao final, a vida eterna.
DÍZIMOS ATRASADOS
Estou muito atrasado em meus dízimos e por mais que me esforce nunca poderei devolvê-los. Que posso fazer? Em primeiro lugar deve fazer o possível para restituir todo o dízimo atrasado. Caso não consiga, com um coração contrito e cheio de arrependimento, deve pedir ao Senhor que o perdoe e lhe dê renovadas forças para não atrasar novamente na devolução de algo que não lhe pertence.
“Se tiverdes recusado lidar honestamente com Deus, eu vos
suplico que penseis em vossa deficiência, e, sendo possível, façais a restituição. Caso não seja possível fazê-lo, com humilde arrependimento orai para que Deus vos perdoe, por amor de Cristo, a grande dívida” (CM, 100).
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Se tem recursos econômicos, pode fazer o seguinte, de acordo com o conselho de Ellen G. White em Conselhos Sobre Mordomia, págs. 95 e 96: Calcular o montante de todos os dízimos atrasados com as correções pela inflação que sejam necessárias, escrevendo-os em uma folha de papel e fazendo sua decisão de devolver tudo de uma vez ou em 1.
partes conforme Deus o haja abençoado; Uma promessa formal por escrito diante da tesouraria da igreja. Pelas bênçãos recebidas no passado, prometo devolver meus dízimos atrasados que somam R$................................................................................. Pagarei em..................................mensalidades, ou pagarei de uma só vez. Nome:...................................................... End:................................................ Celular...................................................... Data:...............................................
2.
O QUE FAZER EM CASO DE DÚVIDA
Estou em dúvida se devo ou não dizimar, pois não estou realmente seguro se o que recebo é lucro ou não. Que devo fazer? Há situações sutis e complicadas que, pela subjetividade de interpretação, resultam em que, para algumas pessoas, certas quantias recebidas são um lucro e para outras não. Nestes casos é muito válido o conselho do Espírito de Profecia, quando diz: “Ao determinar a proporção da oferta a dar para a causa de Deus, deveis de preferência exceder às exigências do dever a não cumpri-las” (I TS, 563).
88
O Que
Dizimar
Em caso de dúvida é preferível “errar” do lado da fidelidade e generosidade e não da mesquinhez e avareza, pois Deus é generoso com Seus filhos.
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CapĂtulo 5
Como
Dizimar
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ComoDizimar Como fazer para devolver o dízimo
Como dizimar?
Antes de fazer qualquer gasto, separar a décima parte de todas as entradas e colocar essa quantia em um envelope de dízimo.
No caso de toda a família pertencer à mesma fé, recomenda-se
que o dízimo seja separado em presença da esposa e dos filhos. Depois, então, devem ser separadas as ofertas que serão entregues a Deus na semana ou durante o mês. Em seguida deve-se agradecer a Deus por esse dinheiro e entregá-lo à tesouraria da igreja durante a hora do culto divino.
“Não somente reclama o Senhor o dízimo como sendo Seu,
mas também nos diz como deve ser reservado para Ele. Diz: ‘Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de todas as tuas rendas’ (Prov. 3:9). Não nos ensina isso que devemos gastar nossos meios com nós mesmos, levando ao Senhor o restante, muito embora seja, quanto ao mais, um dízimo honesto. Seja a parte de Deus separada em primeiro lugar. Não Lhe devemos consagrar o que resta de nossas rendas, depois que todas as nossas necessidades reais ou imaginárias tenham sido satisfeitas; mas antes de qualquer parte ser gasta devemos pôr aquilo à parte que Deus especificou como Seu” (CM, 81).
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O SIGNIFICADO DE DIZIMAR REGULAR, PROPORCIONAL E SISTEMATICAMENTE
O que significa dizer que o crente deve dizimar de forma regular, proporcional e sistemática? 1.
Regular: que o crente deve dizimar periodicamente, continuamente;
2.
Proporcional: que o crente deve dizimar proporcionalmente às en-
tradas ou lucros. Mais entradas, mais dízimo. Menos entrada, menos dízimo; 3.
Sistemática: Antes de dispor de qualquer lucro, o crente deve se-
parar em primeiro lugar dez por cento do recebido e entregá-lo à tesouraria para o sustento do ministério evangélico. Ou seja, o crente deve dizimar de acordo com o sistema.
DIFICULDADES NA PRÁTICA DE DIZIMAR
Não sinto a alegria que outras pessoas têm ao dizimar. Por que devolver o dízimo é tão difícil para mim? Dizimar é difícil não pelas quantidades em jogo, mas pelos motivos. Se você sente que dizimar lhe é difícil, pode ser que esteja dizimando por motivos errôneos. Eis alguns deles: 1.
Dizimar porque algum outro o faz. O motivo é se comparar à alguma
outra pessoa e não fazer a vontade de Deus;
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ComoDizimar Dizimar porque tem a esperança de ser escolhido como oficial da igreja. O motivo é a popularidade e não o amor perfeito; 2.
Dizimar porque a Igreja necessita de dinheiro. O dízimo é feito um motivo de caridade e não um sinal de consagração;
3.
Dizimar para deixar de ter problemas na vida. O motivo é obter benefícios egoistas e não a salvação de seus semelhantes;
4.
Dizimar para livrar-se da morte eterna. O motivo é o temor egoísta e não o amor a adoração;
5.
Dizimar para poder ir ao céu. O motivo é uma esperança egoísta e não um serviço de louvor, reconhecimento, adoração;
6.
Dizimar com o objetivo de se tornar rico e próspero. O motivo é lucrar, fazer negócios com Deus, em lugar de servi-Lo por amor;
7.
Dizimar para agradar ao pastor da igreja. O motivo é agradar ao homem e não a Deus;
8.
Dizimar porque Deus diz que deve fazê-lo. O motivo é somente um cumprimento do dever e está deixando de lado a melhor parte, a adoração, o reconhecimento.
9.
Mas, se você está dizimando porque seu amor a Deus o leva a cumprir esta responsabilidade e porque ama as almas que se perdem, seu motivo é puro, espiritual e desinteressado. Assim, você descobrirá que o dízimo é um caminho de vida comovedor e abundantemente recompensador. Fica em má situação o homem que tem suficiente religião para saber que deve dizimar, mas que não tem suficiente graça
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para regozijar-se ao dizimar. Os motivos corretos fazem dizimistas satisfeitos.
NÃO APELA A MOTIVOS MESQUINHOS
O fato de dizimar não apela a motivos interessados e egoístas? Os mandamentos de Deus frequentemente são respaldados com recompensas especiais para todos que os guardam. Da mesma maneira têm advertências especiais para todos que os quebram. Deus promete misericórdias aos que guardam Seus preceitos e adverte de juízos aos que O desobedecem (Êxodo 20:5,6). O princípio do dízimo não está isento de recompensas e castigos. Sua Palavra promete janelas abertas, bênçãos copiosas, melhores condições de colheita e o favor dos demais a todos os que devolvem o dízimo (Mal. 3:1-12). Da mesma maneira, todos aqueles que roubam a Deus nos dízimos estão sob a maldição divina (Mal. 3:9). A Palavra de Deus frequentemente promete bênçãos materiais aos que são liberais e generosos em suas dádivas: “Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescentará mais; e outros que retém mais do que é justo, mas é para a sua perda” (Prov. 11:24). “Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares” (Prov. 3:9,10). “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mat. 6:33). “Dai, e ser-vos-á dado, boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo” (Luc. 6:38).
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ComoDizimar A verdade é que as bênçãos materiais e as espirituais estão tão entrelaçadas que se torna difícil separá-las e desnecessário fazê-lo. O dízimo não apela a motivos egoístas porque quando o homem dizima está: 1.
Colocando a Deus em primeiro lugar;
Relacionando-se corretamente com Deus ao reconhecê-lo como proprietário e aceitando para si a condição de mordomo. Quando o homem não dizima coloca-se em primeiro lugar, assumindo a condição de dono. Reter o dízimo ou dizimar com a finalidade de “fazer negócios” com Deus demonstra o interesse e o egoísmo do homem.
2.
O EMPREGADO
Como deve dizimar um empregado? Se recebe salário regular e não tem despesas ou inversão significativas para obtê-lo, deverá destinar a décima parte do salário como dízimo. É bom lembrar que além do dízimo Deus espera uma oferta percentual, planejada e sistemática.
O EMPRESÁRIO
Como um adm. de empresas deve dizimar? Um empresário deve descontar das entradas brutas as despesas de escritório incluindo o aluguel do mesmo, o salário de empregados, materiais, etc., e dizimar o saldo.
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Este princípio pode ser aplicado às entradas de profissionais em geral. No entanto, no caso de ser o proprietário do escritório, não é necessário incluir o aluguel ao determinar as despesas fixas gerais. Neste caso poderá acrescentar à lista de despesas o seguro sobre o edifício, como também sua depreciação. As despesas com o veículo e sua depreciação poderão ser incluídas se a mesma for utilizada somente em tarefas profissionais. Suponhamos que o veículo rode um total de 2.400 km em um mês – 800 km para uso pessoal e 1.600km para fins comerciais. Então, 2/3 dos gastos operativos mensais do carro, tais como gasolina, óleo, reparos, depreciação e seguro correspondente ao mês, poderão ser incluídos como despesas.
PROPRIETÁRIO DE IMÓVEIS EM ALUGUEL
Como deve dizimar donos de imóveis locados?
O que aluga um bem imóvel deve descontar o custo de manutenção do mesmo, do montante recebido como aluguel, e dizimar o resto. Também poderá descontar o seguro sobre a propriedade e a depreciação.
PECUARISTA, AGRICULTOR, ETC.
Como deve dizimar quem se dedica a atividades agropecuárias e/ou semelhantes? Deve fazer um registro da venda de seus produtos e acrescentar a este total o valor dos produtos do estabelecimento consumidos em seu lar, bem como as rendas ou aluguéis recebidos de outros. Isto
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ComoDizimar constituirá a renda bruta. Depois deverá descontar todas as despesas. O resultado é o lucro que deverá ser dizimado.
COMERCIANTE
Como um comerciante deve dizimar? Um comerciante não deveria devolver o dízimo do lucro bruto, e sim, do lucro líquido. Para calcular este lucro, em primeiro lugar deve somar as vendas do mês com outras rendas, tais como: juros por dinheiro investido, aluguéis de propriedades, etc. Do total apurado deve subtrair o custo das mercadorias vendidas, as despesas operacionais (para fazer funcionar ou operar o comércio) e quaisquer outras despesas que tiver com relação à sua atividade comercial. Esta diferença corresponderá ao lucro líquido sobre o qual deverá devolver o dízimo. Caso o comerciante retire dinheiro adiantado de suas vendas para despesas pessoais ou familiares, em nenhuma circunstância deve isto aparecer como despesas, já que correspondem às rendas que espera alcançar.
EXEMPLOS DE FAZENDEIROS, AGRICULTORES, ETC.
Poderia apresentar alguns exemplos concretos sobre a maneira como alguns fazendeiros, agricultores ou comerciantes devolvem periodicamente o dízimo? 1.
Devolução do dízimo de salários fixados pelo próprio dono. Alguns
proprietários adventistas retiram mensalmente um salário para
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si mesmo e para os demais membros da família que trabalham com eles. Isto lhes provê uma entrada mensal e lhes permite devolver regularmente o dízimo e dar suas ofertas. Estes salários estão baseados na média dos lucros dos últimos anos. Periodicamente (uma vez por ano ou a cada seis meses, etc.) computam os lucros e ajustam qualquer diferença que possa haver. 2.
Devolução de dízimo a cada vez que acontece venda de produtos.
Outros proprietários adventistas preferem devolver o dízimo todas as vezes que recebem o pagamento pelas vendas de seus produtos. Para fazê-lo eles calculam seus lucros baseados nos lucros médios dos mesmos produtos nos últimos anos. Geralmente uma vez ao ano fazem o cálculo final dos lucros e ajustam qualquer diferença a respeito do dízimo dado. 3.
Devolução do dízimo de empréstimos concedidos para o cultivo.
Há adventistas que, com o fim de cultivar seus campos, obtém um empréstimo particular ou bancário dando como penhor a futura colheita.
Desta quantia emprestada, retiram mensalmente uma
parte para as despesas pessoais e da família, sobre a qual devolvem o dízimo e dão suas ofertas. Uma vez vendida a colheita e feito o balanço, determinam os lucros e ajustam qualquer diferença para mais ou para menos com respeito ao dízimo anteriormente dado.
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ComoDizimar VENDEDOR AMBULANTE
Como proceder para devolver o dízimo quando não se calcula exatamente os lucros mensais, como por exemplo, no caso dos comerciantes ambulantes? Antes de realizar qualquer despesa, o comerciante ambulante deveria separar o dízimo calculando-o da diferença entre o total das vendas e o total das mercadorias desse dia, semana, etc. Se houver despesas como transportes, armazenagem, etc., pode descontá-las e dizimar a diferença.
INDUSTRIAL
Como deve dizimar um industrial que comprou máquinas com um empréstimo bancário? Deve seguir o mesmo critério aconselhado na pergunta anterior relacionada ao dízimo do comerciante. Este porém, segue a ressalva; de devolver mensalmente o dízimo da parte da prestação mensal que paga ao banco e que corresponde à amortização do capital emprestado (a parte da prestação mensal que corresponde a juros pode ser considerada como uma despesa e, em consequência, não sujeita ao dízimo). Este esclarecimento é necessário porque muitas pessoas consideram esta prestação mensal como um gasto. Em consequência, a descontam dos lucros líquidos da empresa, sem perceber que a incorporação das máquinas ao ativo fixo da empresa significa um aumento ou lucro patrimonial para o industrial, o qual está sujeito ao dízimo que o Senhor requer.
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Igual critério deveria seguir um taxista que compra um veículo com um empréstimo bancário, um técnico ou profissional que compra em iguais condições seu equipamento para trabalhar, etc.
SUA RELAÇÃO COM UM PACTO ESCRITO
Se creio no princípio do dízimo e tenho sido um dizimista por anos, por que razão me solicitam que assine um compromisso ou um pacto para dizimar? Em primeiro lugar, você crê nas promessas assinadas. Você assina um documento quando solicita um empréstimo para comprar sua casa. Assina documentos no banco quando deposita dinheiro para cobrir os cheques que emitirá. Assina sua declaração de imposto de renda. Assina muitas coisas para pagar tudo o que necessita para viver. Também assina um documento quando se casa. Então, por que não assinar uma promessa para dizimar fielmente? Se dizima regularmente, por que incomodar-se quando escuta o convite para continuar dizimando? Ou se é um membro novo que começou a dizimar, por que vacilar quando é convidado a assinar uma promessa de ser fiel a Deus? Fazer um compromisso para dizimar: 1. compromete-nos de uma maneira espiritual e bíblica; 2. sustém-nos em nossa santa responsabilidade; 3. aproxima-nos de Deus e distancia-nos de nosso ego e de Satanás; 4. fortifica a santidade de nosso testemunho; e. oferece-nos o gozo genuíno de estar em dia com os registros de Deus; 5. abre-nos caminho a um estilo de vida gratificante.
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ComoDizimar
“Um espírito mesquinho e egoísta impede os homens de da-
rem a Deus o que Lhe pertence. O Senhor fez um concerto com o homem, de que se eles separassem regularmente a parte destinada ao avanço do reino de Cristo, Ele os abençoaria abundantemente, de tal modo que não haveria mais lugar para receber-Lhe as dádivas. Mas se os homens retiverem o que pertence a Deus, o Senhor declara abertamente: ‘Com maldição sois amaldiçoados [...]’(Mal. 3:9).” (CM, 77). Se apesar do mencionado você continua crendo na impossibilidade de fazer um compromisso ou pacto escrito para dízimos, deve sentir-se livre para não fazê-lo. Em seu lugar, procure renová-lo periodicamente (anualmente, por exemplo) por meio de um compromisso pessoal e íntimo entre você e seu Deus.
ENSINO ÀS CRIANÇAS
Deveria ser ensinado às crianças dizimarem seus escassos recursos? Cada um deveria dizimar, não importa quão abundantes sejam seus recursos. Em geral, toda pessoa que tem idade suficiente para entender geralmente tem uma pequena quantidade de dinheiro e é responsável diante de Deus pela maneira como administra. Dizimar é o melhor plano para cada pessoa, porque é o plano de Deus. Deve-se ensinar as crianças a dizimarem desde seus primeiros anos. John D. Rockfeller disse que sua mãe lhe havia ensinado a dizimar quando era pequeno e trabalhava para ajudá-la a sustentar-se.
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Anos mais tarde declarou: “Se não houvesse dizimado o primeiro
dólar que obtive não me haveria sido possível dizimar o primeiro milhão de dólares que ganhei. Diga aos leitores que ensinem os meninos a dizimar e os verão crescer como mordomos fiéis do Senhor”. No capítulo 63 de O Lar Adventista, intitulado: “Instrução às Crianças Sobre Como Ganhar e Usar Dinheiro”, há um subtítulo que diz: “Ensina as crianças a Darem Dízimo e Ofertas”. A parte final deste trecho diz:
“As indicações dadas pelo Espírito Santo por intermédio
do apóstolo Paulo sobre ofertas apresenta um princípio que se aplica também ao dízimo. ‘No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade. ’ Pais e filhos estão aqui incluídos” (La, 389).
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CapĂtulo 6
Quando
Dizimar
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Quando Dizimar DEVOLVÊ-LO UMA SÓ VEZ AO ANO
E correto devolver meu dízimo de uma só vez no final do ano? Não seria o melhor, por três principais razões: 1.
A adoração a Deus é um dos conceitos mais importantes ao dizimar.
Por certo a adoração ficará incompleta, se durante todo o ano eu não apresentar o dízimo a cada mês ou sábado. 2.
A Associação ou Missão que recebe seus dizimos, tem obrigações
constantes e conta com o dízimo das bênçãos que diariamente Deus lhe provê. 3 . Em alguns países a inflação pode reduzir seu valor de forma acentuada.
Outro fato, não é uma atitude correta reter o dízimo durante todo o ano, pois quem assim procede esta negociando com dinheiro que não é seu mas de Deus.
Você pode cair nesta armadilha e reincidir. Além disso, há
perigo de uma simplificação excessiva. As pessoas têm dinheiro durante todo o ano para comprar alimentos, roupas, combustível, móveis e muitas outras coisas. Portanto, é fundamental que devolvam mensalmente seu dízimo, ou a cada vez que estejam em condições de fazê-lo, não esperando até que termine a colheita ou feche o balanço de seu negócio.
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“Algumas pessoas têm por muito tempo negligenciado tra-
tar honestamente com seu Criador. Deixando de separar o dízimo semanalmente, permitiram que este se acumulasse até alcançar uma grande quantia. Agora muito relutam em endireitar a questão. Conservam esse dízimo atrasado, usando-o como se fosse deles. Mas é a propriedade de Deus, que eles têm recusado pôr no Seu tesouro” (CM, 96).
“Lembrem-se os que se tornam descuidados e indiferentes
e que estão retendo os dízimos e ofertas, que estão bloqueando o caminho, de modo que a verdade não pode ir às regiões distantes. É-me ordenado apelar ao povo de Deus para que redima sua honra dando a Deus dízimo fiel” (CM, 96).
INSISTIR EM SUA PRÁTICA
Comecei a dizimar em uma oportunidade mas não pude continuar. E´aconselhável que procure fazê-lo novamente? Por todos os meios procure fazê-lo novamente quantas vezes puder. Acaso as crianças que caem enquanto começam a caminhar deixam de tentá-lo e passam o resto de seus dias em cadeiras de rodas? Cada vez que se levantam tentam de novo. Eventualmente algumas delas poderão chegar a escalar o Monte Everest ou correr 100 metros em menos de 10 segundos. Se você começou a dizimar mas não pôde continuar, procure fazê-lo novamente o quanto antes. O segredo é perseverar na mão de Deus.
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Quando Dizimar DEVOLVÊ-LO DEPOIS DE CADA TRANSAÇÃO COMERCIAL
Devido à índole de minhas atividades comerciais, durante o mês formalizo várias transações. Deveria descontar o dízimo cada vez que faço um negócio ou poderia esperar para fazê-lo até o fechamento do balanço anual?
Assim como não esperamos até ter o balanço final do ano para comprar um carro, máquinas, roupas ou alimentos com os lucros já obtidos, assim também nos parece que o dízimo deveria ser devolvido embora não necessariamente com total exatidão, ao concluir cada transação comercial. No final do ano, no encerramento do balanço se fará o ajuste final.
Quando se desconta o dízimo somente no encerramento do
balanço, pode ocorrer que certos negócios e seus correspondentes lucros, em parte, tenham sido feitos com o que pertence ao Senhor.
“Assim cantarei salmos ao teu nome perpetuamente para
pagar os meus votos de dia em dia” (Salmo 61:8).
NÃO SE RECOMENDA A POSTERGAÇÃO
Levítico 27:30 e 31 autoriza a retenção dos dízimos (quer seja por uma causa de necessidade ou por razão de força maior) com a condição de que mais tarde o mesmo seja devolvido com o adicional da quinta parte? O antigo povo de Deus muitas vezes devolvia o dízimo com produtos ou mercadorias. Note que o dízimo mencionado era aquele que o homem podia “redimir” ou resgatar. Ou seja, “da semente da terra
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como do fruto das árvores”. Tanto é que os versículos 32 e 33 não autorizam sob nenhum aspecto redimir o dízimo do rebanho e do gado. Este resgate era permitido quando o crente necessitava do fruto ou do grão para usá-lo como alimento, ou para semeá-lo para a próxima colheita. Nessas condições (e havendo avaliado previamente o valor do dízimo que correspondia devolver) o mesmo podia ser redimido pagando seu valor em dinheiro ou em algum outro produto equivalente, mais uma quinta parte de seu valor.
Aqui não se encontra desculpa alguma para adiar a devolução
do dízimo. O propósito de Deus não foi dar a opção de postergar a devolução a quem quisesse assim o fazer, seja lá quais forem os motivos. O adiamento da devolução era uma opção apenas àqueles que tinham extrema necessidade alimentícia ou para ser usado em plantação futura, conforme já foi explicado. Em consequência, Levítico 27:30 e 31 de maneira alguma autoriza, em nossos dias, que um fiel filho de Deus retenha a devolução de seu dízimo por algum tempo, mesmo com a condição de devolvê-lo com o acréscimo de um quinto de seu valor.
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CapĂtulo 7
Onde
Dizimar
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Onde Dizimar DEVOLVÊ-LO NA CONGREGAÇÃO DA QUAL É MEMBRO
Devo devolver meu dízimo na igreja onde sou membro?
Sim, deve devolver seu dízimo na igreja da qual você é membro. Alguns pensam: “Dou o dízimo onde mais me agrada”. E enviam seu dízimo a diferentes lugares. Às vezes, por exemplo, entregam uma parte à tesouraria da igreja local, outra à uma Missão pobre e que necessita de mais obreiros, outra vez enviam para manter instrutores bíblicos voluntários em campanhas evangelísticas, entre outras finalidades.
Pensar e atuar deste modo, não somente revela um senso muito
pobre e falta de confiança na liderança da igreja, mas também denota desobediência à ordem do Senhor. Com efeito, a Bíblia é clara com respeito ao lugar onde devem ser levados os dízimos: “à Casa do Tesouro” (Mal. 3:10). A Casa do Tesouro é a igreja local onde você assiste para adorar a Deus. O Manual da Igreja estabelece isto claramente na página 194: “A prática da denominação é que o dízimo seja entregue à igreja local, da qual a pessoa é membro. Todo desvio dessa prática deve efetuar-se apenas por arranjo especial efetivado pela Associação ou Missão interessada, com base em circunstâncias e condições que tornem aconselhável esse afastamento da prática geral” (MI 194, Edição 1974).
“O Senhor pede que Seu dizimo seja entregue em Seu tesouro.
Estrita, honesta e fielmente, seja-Lhe devolvida esta parte” (CM. 82).
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DEVOLVÊ-LO, EMBORA NÃO ASSISTA À IGREJA
Necessito devolver o dízimo, embora não assista a igreja?
Sim. Deus diz que devemos levar todos os dízimos à Casa do Tesouro (Mal. 3:10). Paga você o aluguel de sua casa ou os impostos quando está de férias e não vive em sua casa? Paga as prestações do carro embora não o use? Temos que considerar três pontos: 1. Os gastos que demandam o sustento do ministério da evangelização continuam quando você está presente e quando não está; 2. Deus espera que você dizime seus lucros cada vez que os receba, independente de estar ou não em condições de ir à igreja. Dizimar é uma prova do reconhecimento da soberania e propriedade de Deus sobre tudo o que existe e nada tem que ver com a possibilidade física de assistir ou não à igreja. Lamentavelmente é uma triste realidade o fato de que quem deixa de dizimar, pouco a pouco vai deixando de assistir à igreja. Isto é uma prova de que o dízimo genuíno é resultado de uma profunda experiência espiritual com Deus. “[...] Aquele a quem Ele tem confiado grande capital não considerará um fardo pesado atender aos reclamos de uma consciência iluminada segundo os ditames de Deus” (CM, 74); 3. Se permanecendo ocasionalmente ausente da igreja você pode “economizar” dinheiro ao não dizimar, está aumentando a tentação de permanecer ausente todo o tempo e “economizar” todos os dízimos de Deus para você.
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Onde Dizimar SEU USO FOI ESTABELECIDO POR DEUS
Poderia eu mesmo usar o dízimo em vez de levá-lo à igreja? Não, porque sua igreja necessita do dízimo. A regra é esta: nunca faça alguma coisa que, se fosse feita por todos os membros, causaria debilidade ou atraso à igreja. Se todos os membros usassem seus dízimos como melhor lhes parecessem, embora com o melhor dos propósitos cristãos, a anarquia financeira e administrativa prevaleceria na igreja.
Aqui poderia ser aplicado o princípio: “Mas faça-se tudo
decentemente e com ordem” (Cor. 14:40).
“Uma mensagem muito clara, definida, me foi dada para nosso
povo. É-me ordenado dizer-lhes que estão cometendo um erro em aplicar os dízimos a vários fins, os quais, embora bons em si mesmos, não são aquilo em que o Senhor disse que o dízimo deve ser aplicado. Os que assim o empregam, estão se afastando do plano de Deus. Ele os julgará por essas coisas” (CM, 102). Mas ainda, o mesmo Espírito de Profecia diz que Deus “não pode suster os que pensam poder fazer o que querem com o que Lhe pertence” (CM, 106). Devolva seus dízimos ao Senhor por meio da tesouraria da igreja da qual você é membro (este é o ensinamento da Bíblia e o melhor sistema), e não os use para dar ofertas. As ofertas não devem vir da parte que Deus reserva para Si, mas dos noventa por cento restantes de nossos lucros.
“Ninguém se sinta na liberdade de reter o dízimo, para em-
pregá-lo seguindo seu próprio juízo. Não devem servir-se dele numa
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emergência, nem usá-lo segundo lhes pareça justo, mesmo no que possam considerar como obra do Senhor [...]. Eles devem ser postos em Seu tesouro, e mantidos sagrados para o serviço dEle, de acordo com o que designou” (CM, 101).
SUA RETENÇÃO
Se estou em desacordo com a maneira como a igreja usa os dízimos, poderia reter os meus? É evidente que você não deve reter os dízimos. Nunca deve nem sequer pensar em tal coisa. Deus instituiu o dízimo para o seu bem espiritual e a salvação de outros, pois determinou que seu valor fosse destinado ao sustento do ministério da evangelização.
A Igreja de Deus é a sua igreja. Sendo sua igreja, é seu
glorioso privilégio e responsabilidade cristã sustentá-la com seus dízimos, ofertas, orações, assistência, trabalho, testemunho, além de outras formas possíveis. Mesmo não sendo escolhido para ocupar algum cargo ou responsabilidade na igreja, lembre-se de que ainda é sua igreja. Se em relação ao uso dos dízimos você crê que certas coisas necessitam melhorar ou mudar, você pode partilhar sua carga com espirito santificado de cooperação e coração humilde. Isto pode ser feito através dos meios regulares que sua igreja tem para tais fins. Entretanto, não perca as bênçãos reservadas ao dizimista fiel.
“Alguns se têm sentido mal-satisfeitos, e dito: ‘não devolverei
mais o dízimo; pois não confio na maneira por que as coisas são
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Onde Dizimar administradas na sede da obra’. Roubareis porém, a Deus, por pensardes que a administração da obra não é correta? Apresentai vossa queixa franca e abertamente, no devido espírito às pessoas competentes. Solicitai em vossas petições que se ajustem as coisas e ponham em ordem; mas não vos retireis da obra de Deus, nem vos demonstreis infiéis porque outros não estejam fazendo o que é correto” (CM, 93, 94, apud OE, pág 226).
“Oferece a Deus sacrifício de louvor, e paga ao Altíssimo
os teus votos” (Sal. 50:14).
117
118
Capítulo 8
Dízimo
O e os possíveis
Pretextos
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O
e os possíveis
Dízimo Pretextos
“TENHO DÍVIDAS”
Devo dizimar apesar de minhas dívidas? Sim, pois nossa primeira e maior dívida é com Deus, que nos dá todas as coisas. Aqui cabe mais uma vez o princípio do dízimo: primeiro Deus. Mas é importante relembrar que todo o cuidado deve ser tomado para evitar as dívidas. Independentemente das obrigações financeiras com seus semelhantes, o dizimista cristão inteligente e fiel sempre se considera endividado em primeiro lugar com Deus, pois Ele é o proprietário de tudo o que lhe confiou em mordomia. É um grande erro usar o dízimo de Deus para pagar dívidas a seres humanos. Não se pode pagar roubando a outros.
“‘Roubará o homem a Deus?’ A consequência de assim fazer
é francamente declarada e eu não me arriscaria a sofrê-la. Todos os que assumirem a posição sincera e decidida de obedecer a Deus; que não tomarem os fundos de reserva do Senhor – Seu dinheiro – para liquidar os débitos; que derem ao Senhor a parte que Ele reclama como Sua, receberão as bênçãos de Deus prometidas a todos os que Lhe obedecem” (CM 92,93). Uma pessoa provavelmente terminará suas dívidas mais rápida e facilmente sendo fiel e honrado a Deus. A seguinte experiência da sra. Ellen G. White sobre o assunto é contundente: “Depois de haver eu falado com grande franqueza à igreja de Sydney (Austrália), e estar colocandomeu casaco, no vestuário, foi-me feita a pergunta: ‘Irmã White, acha que meu pai deve devolver o dízimo? Recentemente teve grande
121
prejuízo, e diz que logo que liquidar sua dívida, devolverá o dízimo.’ Perguntei: ‘Como considerais nossa obrigação para com Deus, que nos dá a vida e a respiração, e todas as bênçãos que gozamos? Quereríeis que nossa dívida para com Deus fosse continuamente aumentando? Roubar-lhe-íeis a parte que Ele nunca nos deu para usar para qualquer outro propósito que não o de fazer Sua obra avançar, manter-Lhe os servos no ministério? Em resposta à vossa pergunta, interroga o profeta Malaquias: Roubará o homem a Deus? Todavia vós Me roubais e dizeis: Em que Te roubamos? Como se não houvesse vontade de entender essa questão. Vem a resposta: Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, porque Me roubais a Mim, vós, toda a nação. Depois de tal declaração, ousaria eu dizer-vos: Não precisais dar o dízimo enquanto estiverdes devendo? Quer que eu vos diga que certamente deveis pagar tudo o que deveis a qualquer homem, embora roubeis a Deus, para fazê-lo?’” (CM, 92).
“NÃO É SUFICIENTE PARA EU VIVER”
O que ganho é muito pouco e não é suficiente para minhas necessidades. Devo devolver o dízimo? Muitos têm sentido este problema vivamente. Mas o Senhor não nos pede que dizimemos do que não temos, mas do que possuímos. O dízimo é uma instituição divina, baseada em princípios tão justos que o torna possível para todos os crentes, seja qual for sua condição social ou financeira. À luz da Bíblia, do Espírito de Profecia e da experiência cristã, nenhum crente (por pobre que seja) tem direito a esquivar-se do dever
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e os possíveis
Dízimo Pretextos
sagrado de devolver o dízimo, embora viva do auxílio da própria igreja da qual é membro. Se do pouco que temos devolvemos sinceramente o dízimo, ficaremos surpreendidos ao comprovar como Deus nos capacitará e ajudará para obter mais recursos. Existe algum pobre que ficou mais pobre ainda ao dizimar? Se do pouco que possuímos dizimamos, de acordo com a Bíblia, somos tão aprovados por Deus como aquele que devolve o dízimo de suas muitas riquezas. Isto porque dizimar é um ato de fé. A Bíblia não exime ao pobre de dizimar. Jesus não observa tanto a quantidade de dízimo, mas a proporção do mesmo em relação às posses, e, sobretudo, o motivo pelo qual dizimamos. Este princípio fica ilustrado com o incidente da viúva que, como oferta, “colocou duas moedas”. “Em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento.” (Mar. 12:41-44). O Espírito de Profecia aprova o dízimo dos pobres quando diz: “Não devem permitir que a pobreza os impeça de depositar um tesouro no Céu. As bênçãos ao alcance do rico, acham-se também ao seu alcance. [...] Ele pede como Sua a décima parte de suas rendas, sejam elas grandes ou pequenas; [...] Ainda que a igreja seja composta, na maioria, de irmãos pobres, o assunto da liberalidade sistemática deve ser plenamente exposto, e o plano adotado de coração [...]. Aquele que segue o plano de Deus no pouco que lhe foi dado, receberá a mesma recompensa que aquele que oferta de sua abundância” (OE, 222, 223).
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“MINHA FAMÍLIA ESTÁ EM PRIMEIRO LUGAR”
Deveria dizimar quando minha primeira obrigação é com a minha família? Paulo diz: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel” (I Tim. 5:8). Mas, Jesus disse: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim”. (Mat. 10:37). Aqui não há conflito. Jesus e Paulo nos dão os dois lados da moeda do dever cristão. O responsável deve prover o necessário para sua família, mas nunca permitir que esta lhe impeça de fazer a vontade de Deus.
“Algumas pessoas se sentem sob sagrado dever para com
os filhos. A cada um devem dar seu quinhão, mas se acham incapazes de conseguir meios para auxiliar a causa de Deus. Dão a desculpa de que têm um dever para com os filhos. Pode isso ser certo, mas seu primeiro dever é para com Deus. [...] Não permitais que vossos filhos roubem vossas ofertas do altar de Deus, usando-as para seu próprio proveito” (CM, 94).
“Os que retêm do tesouro de Deus, e acumulam os meios de
que dispõem para seus filhos, põem em risco o interesse espiritual dos mesmos. Colocam suas propriedades, que são pedra de tropeço para eles, no caminho dos filhos, de modo a que nela tropecem para perdição” (I TS, 379).
Ambos os aspectos são importantes. Quem é negligente
e abusa de sua família, dificilmente será leal a Deus. Mas a pessoa que ama plenamente a Deus e Lhe serve fielmente cuidará também de sua
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e os possíveis
Dízimo Pretextos
família. Embora seja necessário manter a família com mais economia, devemos dizimar. Ao devolver os dízimos descobriremos que os nove décimos restantes alcançam muito mais. “Sempre têm provado que nove décimos valem mais para eles do que dez décimos” (CM, 68).
“TENHO RAZÕES PARTICULARES PARA NÃO DEVOLVÊ-LO”
Tenho razões particulares para não dizimar. Certamente não se espera que deva dizimar, verdade?
Não. Deus espera que você dizime. Jesus explorou esta pergunta muitos séculos atrás, quando descreveu um banquete ao qual convidados não compareceram por várias razões particulares (Lucas 14:15-24). Um havia adquirido uma fazenda, outro havia comprado alguns bois que desejava provar e outro se encontrava em lua de mel. Embora fossem somente desculpas, não eram tão absurdas como as que se apresentam hoje para não aceitar a realidade da devolução do dízimo. Certo agricultor perguntou a seu vizinho: - Empresta-me o teu machado? – Não – foi a resposta – amanhã tenho que ir à cidade. Mais tarde alguém lhe perguntou: - Que relação tem a sua viagem à cidade com o empréstimo do machado? - Nenhuma – Respondeu. – Quando não se tem o desejo de emprestar, uma desculpa é tão boa quanto a outra. Muitos estão empregando a mesma lógica como desculpa para não dizimar. Um cristão que havia feito muitas objeções para dizimar, mais tarde declarou: “Quando se está de acordo ou se compreende que o princípio do dízimo é correto, é notável quão rapidamente
125
todos os problemas e perguntas desaparecem”. Talvez existam duas razões básicas pelas quais as pessoas rejeitam o princípio de dizimar: Creem erroneamente que o dízimo realmente lhes pertence em lugar de reconhecer que o mesmo pertence a Deus como expressa Levítico 27:30. “Exigia um décimo, e isto Ele requer como o mínimo que o homem Lhe deve devolver. Diz: Dou-vos nove décimos, ao passo que exijo um décimo; este é Meu. Quando os homens o retêm, estão roubando a Deus” (I TS, 373);
1.
Creem que podem roubar a Deus sem ser descobertos (Mal. 3:8). “Tudo quanto é retido daquilo que Deus requer a décima parte do rendimento, é registrado nos livros do Céu como roubo a Ele feito” (I TS, 373).
2.
“NÃO VEJO RAZÃO PARA DEVOLVER ALGO A DEUS QUANDO ME CUSTOU TANTO GANHÁ-LO”
Se este dinheiro é meu porque trabalhei duramente para obtê-lo, por que tenho que devolvê-lo em conceito de dízimo? Esse dinheiro é realmente seu? Se você é um agricultor, quem lhe provê o sol, a chuva e o gérmen de vida que está na semente? “Do Senhor é a Terra” (Salmo 24:1). Observe como cresce e amadurece o grão que Deus lhe dá. Se você é um mecânico, Deus deu o trabalho (que você algum dia deixará). Tudo que você faz em seu trabalho é somente aproveitar as oportunidades que Deus lhe tem concedido.
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Dízimo Pretextos
Deus deseja que aceitemos o conceito de que tudo Lhe per-
tence, inclusive nós mesmos. Deus criou o mundo e o colocou aqui. Tudo é de Deus, nada é nosso. Nós somente somos mordomos, administradores de Deus. Ele deseja que conheçamos Seu direito de propriedade sobre nosso corpo, nossas oportunidades, sobretudo o que somos e temos. Ele quer que não somente o admitamos, mas que Lhe demonstremos diariamente nosso gozo e completa entrega a Ele devolvendo os dez por cento de nossas rendas à tesouraria de Sua igreja.
“ENTREGO MINHA CAPACIDADE E SERVIÇOS EM TROCA”
Posso deixar de devolver o dízimo se entrego à igreja meus talentos e meus serviços? Um oficial da igreja que estava relutando em devolver o dízimo, pensava que poderia descontar cinco reais de seu dízimo cada vez que cantava no coral, dez reais cada vez que cantava um solo vocal e quinze reais cada vez que dirigia os cânticos. Alguém calculou que, de acordo com a sua ideia, poderia descontar mil reais por semana para pastorear a congregação local. Congregação esta que tinha um dízimo potencial semelhante à metade dessa quantia. Deus não está solicitando nosso dízimo ou nossos talentos. Ele quer nosso dízimo e nossos talentos. Salomão disse: “Não sejas sábio a teus próprios olhos” (Prov. 3:7).
Há cristãos que dão de seu tempo e de seus talentos com des-
prendimento à causa de Deus. Eles inclusive dão somas de ofertas para construção de templos, programas radiofônicos e/ou televisão, etc., mas não devolvem o dízimo.
127
Nossa responsabilidade diante de Deus não se esgota sendo fiéis em uma ou mais áreas da vida. Devemos sê-lo em todas. E na dos bens, corresponde dar a Deus o primeiro lugar, devolvendo-Lhe o que é Seu. “Grandes ou pequenas que sejam as posses de qualquer indivíduo, [...] por sua força, habilidade, tempo, talentos, oportunidades e recursos, tem que prestar contas a Deus. É esse um trabalho individual” (CM, 22).
“SUBSTITUO-O COM MINHAS ORAÇÕES”
Oro devotamente a Deus e estou sempre unido a Ele pela oração. Isto substitui o dízimo? O dízimo é um mandamento para nosso próprio bem e para o avanço da Igreja no cumprimento de sua missão neste mundo. O Espírito de Profecia é contundente em relação a isto quando declara: “Por mais frequentes e fervorosas que sejam as orações feitas, jamais serão aceitas por Deus em lugar de nosso dízimo. A oração não paga nossas dívidas para com o Senhor” (CM, 99).
“SUBSTITUO-O COM MINHAS OFERTAS”
Estou ofertando regularmente, mas não dizimo. Se procurar ser mais liberal do que tenho sido até o momento, não seria suficiente? Liberal em que? Você não devolve o dízimo! A liberalidade não começa até que seja pago o que se deve. Os dizimistas nunca são doadores liberais enquanto não ultrapassam o dízimo. Até esse ponto são
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e os possíveis
Dízimo Pretextos
pagadores de dívidas. Dizer que seria mais liberal sem dizimar é uma contradição. É evidente que você pode incrementar suas ofertas, mas se ainda não está devolvendo o dízimo continua roubando a Deus. Embora dê mais, está roubando-O; enquanto não Lhe devolver o dízimo completo em Sua tesouraria, estará roubando. O dízimo significa dez por cento. Por que não aceita colocar a Deus em primeiro lugar? Ele disse: “Porque eu, o Senhor, não mudo” (Mal. 3:6, p.p.). Deus não aceita nada em lugar do dízimo. As ofertas não podem pagar nossa dívida com Deus.
”NÃO DEVEMOS PREOCUPAR-NOS TANTO”
Se devemos tudo a Deus, por que preocupar-nos tanto com o dízimo? Realmente, devemos a Deus cada coisa, incluindo o dízimo. Tudo Lhe pertence e nos foi confiado para que sejamos Seus mordomos ou administradores. Deus não nos pede que Lhe devolvamos tudo; somente que Lhe devolvamos os dez por cento como um reconhecimento de Sua propriedade e nossa mordomia. Cada pessoa deverá decidir se dizimará ou não. Mas, dizimar é nossa resposta de amor para com o proprietário de tudo o que temos, incluindo a nós mesmos.
Quando uma pessoa honesta reconhece que Deus é o dono de
tudo, inclusive dela mesma, está bem encaminhada para chegar a ser uma dizimista fiel e feliz. Dizimar como um dever legal não é a maneira de demonstrar que Deus é o dono de tudo; o caminho é dizimar por
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amor a Deus, baseado na compreensão do amor de Deus (II Cor. 5:14), um amor que obedece com alegria e determinação à Sua ordem: “Trazei todos os dízimos ao tesouro”.
Poderia um esposo exemplar comprar um terno para si no
valor de R$ 1.500,00 e depois gastar somente R$ 250,00 em algo para sua esposa e voltar cantando e dizendo: “Eu amo a minha querida”? Não! Tampouco poderia um cristão genuíno gastar para si mesmo as bênçãos financeiras que o Céu lhe dá, colocar somente um bilhete ocasional na cesta de ofertas e cantar: “Oh! Quanto amo a Cristo”
“NÃO SEI SE PODERIA CONTINUAR A DEVOLVÊ-LO”
Creio no princípio do dízimo, mas não desejo começar a dizimar, pois não sei se poderei manter-me nessa linha. Posso começar a devolver mais adiante? Ao entender claramente um dever é tempo de começar a cumprí-lo. Postergar seu cumprimento não somente é perigoso, mas pode ser fatal para a alma. A única maneira de cumprir um dever cristão é começar a fazê-lo imediatamente e seguir adiante sem preocupar-se com as consequências. Esperar até ver o caminho claro, pode ocasionar uma irreparável queda espiritual. Não será fácil devolver o dizimo mais adiante. Ao contrário, será difícil. Quando um cristão posterga em devolver o dízimo, quem ganha é Satanás. Todos sofrem especialmente a pessoa que posterga a fazer a vontade de Deus. Não postergue seu dever! Comece agora. O Senhor premiará sua determinação e fidelidade.
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O
e os possíveis
Dízimo Pretextos
Afinal, Jesus mesmo disse: “Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e segue-me” (Lucas 9:23). O princípio de cumprir “cada dia” o dever está aqui claramente enunciado.
131
132
Capítulo 9
Igreja
A e Sua
Relação com o
Dízimo
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A
Igrejae a Sua Relaçãocom oDízimo
SUA DEVOLUÇÃO E A CONDIÇÃO DE MEMBROS DA IGREJA
Dizimar é um requisito para pertencer à Igreja Adventista? A Igreja Adventista do Sétimo Dia não faz do ato de dizimar uma prova de discípulo. Contudo, crê que é uma obrigação bíblica e que seus membros devem procurar, pela graça de Deus, cumprir para seu próprio bem espiritual. Isto os levará a receber a plenitude das bênçãos e experiências cristãs, bem como também contribuir para o avanço da Igreja do Senhor neste mundo. “Embora o ato de devolver o dízimo não constitua prova de discipulado, é ele reconhecido como uma obrigação bíblica que todo crente tem para com Deus, e como uma das práticas espirituais em que deve ter parte ao reclamar pela fé a plenitude da bênção da vida e da experiência cristãs” (MI, 165, Edição 1981).
Por isso, através do voto batismal, o membro que vai ser
batizado manifesta diante da congregação o propósito de sustentar a Igreja com seus dízimos (veja MI, pág. 56, ponto 9), o que já deverá estar praticando antes do batismo. É responsabilidade da Igreja instruir devidamente o membro sobre este tema.
SUA NÃO DEVOLUÇÃO E A PERDA DA CONDIÇÃO DE MEMBRO DA IGREJA
Pode alguém ser eliminado dos livros da Igreja por não dizimar? Não, pelas seguintes razões:
135
1.
Por não ser uma prova de discipulado, ninguém pode ser eliminado
dos registros da Igreja por não dizimar. “Membros não podem ser removidos por razões financeiras, conquanto os membros devam sustentar a obra da igreja tanto quanto possam, nunca poderão ser removidos por causa de sua incapacidade ou falha em contribuir financeiramente com a igreja” (MI, pag. 68); 2.
Porque embora o não dizimar seja o descumprimento a uma ordem
bíblica que (como algumas outras) supõe firmemente a violação de um ou mais mandamentos, este ato não é considerado pela Igreja Adventista como uma violação aberta da Lei de Deus que traga opróbrio à Sua causa e Igreja. Em consequência, não é motivo de disciplina eclesiástica; 3.
Porque não é missão da Igreja fiscalizar se seus membros são fiéis
ou não na devolução dos dízimos. Disciplinar a um membro por tal razão poderia dar a impressão de que a Igreja Adventista aparta de seu seio a quem não contribui financeiramente.
É interessante notar que, depois de falar do problema do dízimo em Israel, o profeta Malaquias assinala a existência de um “livro de memória” em que se registram os nomes “dos que temem ao Senhor” (Mal. 3:6). Queira Deus que nosso nome esteja registrado ali, e não somente nos livros da Igreja!
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A
Igrejae a Sua Relaçãocom oDízimo
SUA DEVOLUÇÃO E A CONDIÇÃO DE SER OFICIAL DA IGREJA
Pode ser oficial da Igreja alguém que não é fiel nos dízimos? Por certo que não. Deus deu o dízimo para que o homem tenha uma experiência espiritual mais rica com Cristo por meio de um caráter cada vez mais semelhante ao dEle, e para que o mesmo seja destinado ao sustento do ministério e progresso de Sua igreja. Não vemos como alguém que despreza estas oportunidades negligentemente possa ser escolhido como líder em alguma responsabilidade da Igreja. O Manual da Igreja, ao fazer referência que o ancião é responsável pela promoção do dízimo na igreja, diz por extenso o seguinte: “O homem que deixa de dar exemplo neste assunto importante, não deve ser escolhido para o cargo de ancião nem para cargo algum da igreja”. Também na página 139, ao falar que os obreiros da Associação e os dirigentes da Igreja devem dar o exemplo na devolução do dizimo, diz: “Espera-se que anciãos e outros oficiais, bem como o pastor e os servidores da Associação, deem um bom exemplo de liderança por meio da devolução do dízimo. Aquele que não se ajustar a esse padrão de liderança não deve ser mantido como um oficial da igreja ou como obreiro da Associação.”
Por isso, o princípio que Paulo seguia em sua conduta é muito
oportuno: “Pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (I Cor. 9:27).
137
ENCARREGADOS DE SUA PROMOÇÃO NA IGREJA
Quem são os responsáveis por incentivar a fidelidade na devolução do santo dízimo na igreja? De acordo com o Manual da Igreja, os responsáveis são: 1. 2. 3. 4.
o pastor o ancião o tesoureiro o diretor do departamento de Mordomia
RESPONSABILIDADE DO TESOUREIRO DA IGREJA
Qual é a responsabilidade imediata do tesoureiro da Igreja ao receber o dízimo dos membros?
Deve dar o quanto antes o recibo correspondente. O Manual da Igreja diz o seguinte: “Devem ser emitidos recibos com prntidão de todo dinheiro recebido dos membros, não importa quão pequena seja a quantia, e feita pelo tesoureiro uma estrita prestação de contas de todos os recibos e pagamentos.”(MI, Pag. 87 - Ed. 2010) O membro tem todo o direito de solicitar seu recibo se, por uma razão qualquer, não lhe for devolvido em tempo razoável.
RESPONSABILIDADE DO MEMBRO DA IGREJA
Qual é a responsabilidade do membro ao devolver o dízimo? Sua responsabilidade consiste em: 1.
Devolver o dízimo dentro do envelope de dízimos e ofertas;
138
A
Igrejae a Sua Relaçãocom oDízimo
2.
Anotar no espaço correspondente a quantia que está devolvendo;
3.
Assegurar-se de que a quantia que entrega como dízimo coincida
com o que anota; 4.
Assinar e colocar seu nome, telefone e e-mail (se tiver);
5.
Preparar o dízimo e as ofertas em casa (I Cor. 16:2), junto com
a família; 6.
Colocar o envelope no local destinado ao mesmo no momento refe-
rente aos os dízimos e ofertas, na hora do culto divino, como um ato de adoração.
Só excepcionalmente se aconselha entregá-lo pessoalmente
ao tesoureiro.
“Deve todo homem trazer livre, voluntaria e alegremente
os dízimos e ofertas à casa do tesouro do Senhor, [...]” (CM, pág. 67).
SUA DEVOLUÇÃO EM PRODUTOS, ANIMAIS, ETC.
Que deveria fazer o tesoureiro da igreja local quando recebe dízimos em produtos, animais, etc.?
Pode fazer várias coisas. Sugerimos aqui algumas: Pedir ao membro da igreja que venda os produtos, animais, etc., pagando o preço conforme o valor no mercado;
1.
2.
No caso do membro insistir em deixar os produtos ou animais, que
139
a comissão da igreja designe dois ou mais irmãos para os venderem no mercado pelo melhor preço. Obs.: Em qualquer dos casos anteriores a venda nunca deverá ser efetuada no sábado.
O ideal é que o pastor distrital não esteja envolvido direta-
mente na venda desses bens, a fim de não dar a aparência de comércio. Além disso, ele também deve ficar livre para a pregação do evangelho, sem dedicar tempo para as atividades rotineiras da igreja.
CUIDADOS E DISCRIÇÃO EM SEU CONHECIMENTO
Qual deve ser a conduta das pessoas que têm conhecimento das quantias específicas de dízimos devolvidos pelos irmãos?
As pessoas que sabem o valor do dízimo devolvido pelos membros devem portar-se com muito cuidado e discrição. Conforme o Manual da Igreja, as pessoas que podem ter acesso ao livro da tesouraria da igreja e em consequência a estas cifras são as seguintes: 1.
o tesoureiro da Associação/Missão local;
2.
o revisor ou outra pessoa autorizada pela comissão da associação;
3.
o tesoureiro da igreja;
4.
o pastor da igreja ou distrito;
140
A
Igrejae a Sua Relaçãocom oDízimo
5.
o(s) ajudante(s) da tesouraria;
6.
o primeiro ancião da igreja;
7.
outras pessoas designadas pala Comissão da Igreja.
O Manual da Igreja diz do tesoureiro da igreja: “O tesoureiro
deve lembrar sempre que suas relações com os membros da igreja são estritamente confidenciais. Deve ele ser cuidadoso em não fazer jamais comentários quanto ao dízimo pago por algum membro, nem sobre as entradas ou outra coisa que com isto se relacione, exceto com os que com ela partilham da responsabilidade da obra. Pode ser causado grande dano se esta norma não for observada” (MI, 88).
A PRIMEIRA RESPONSABILIDADE DO PASTOR
Qual é a primeira responsabilidade do pastor em relação ao dízimo? Como bons mordomos de Deus, os pastores devem ser os primeiros em cumprir a responsabilidade de devolver o dízimo que Deus reclama como Seu. Esta foi a instrução que Deus deu no passado (Núm. 18:26,28; Neem. 10:38), e hoje não pode ser diferente. Sobre este assunto o Manual da Igreja diz o seguinte:
“Os obreiros da Associação ou Missão e os anciãos e outros
oficiais da igreja, bem como os diretores das instituições, devem reconhecer que é princípio de boa direção na obra de Deus, que se dê um bom exemplo neste assunto da entrega do dízimo” (1˚ parágrafo da pág. 139, Edição, 2010).
141
Com fins práticos, tanto os pastores como os demais obreiros devolvemseus dízimos à organização ou instituição onde desempenham suas atividades, por meio de um desconto prévio e automático que é feito em seus salários, desconto este autorizado por eles. Assim, estes dízimos se unem aos demais, dos muitos dizimistas de todas as igrejas e congregações do campo, e são utilizados conforme o conselho e a prática da igreja.
OUTRA OBRIGAÇÃO DO PASTOR
Qual é a outra importante obrigação do pastor acerca do dízimo? O pastor deve ensinar e pregar sobre o dízimo. Deve animar a grandes e pequenos a dizimar, e não vacilar ao empenhar-se no assunto, nem envergonhar-se por isso. Deve ensinar a igreja a devolver o que pertence a Deus e a fazê-lo com liberalidade, fidelidade e gozo; não somente como um dever originado no amor que leva ao cumprimento do mesmo, mas como um privilégio e um prazer. O dízimo é parte da adoração e é lógico que um crente receba bênçãos quando dizima como quando ora ou testifica. Deverá pregar clara e definitivamente sobre o assunto. Um só sermão não será suficiente. Ao pregar sobre o dízimo, o ministro não deve preocupar-se tanto com as finanças, mas em ganhar almas e transformá-las da avareza para uma vida espiritual, usando os recursos que provém do dízimo.
Acontece às vezes, que alguns pastores não pregam muito
sobre o dízimo por temor de que a congregação chegue a pensar
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que fazem isto porque vivem do dízimo. Crasso erro! O pastor deve anunciar “todo o conselho de Deus” (Atos 20:27) a fim de edificar espiritualmente o membro e a congregação. Como podem os membros chegar a desfrutar das bênçãos de Deus se nunca ninguém lhes ensina o que fazer para alcançá-las? Como pode ser honesta uma congregação se não lhe é ensinado respeitar os direitos de Deus e as obrigações do homem? Os membros da igreja devem pedir a seus pastores que lhes preguem e ensinem sobre o dízimo e os demais aspectos da Mordomia Cristã, pois é para o próprio bem da congregação e a salvação de muitas almas. “O ministro deve, por preceito e exemplo, ensinar o povo a considerar o dízimo como sagrado [...]. Não deve apoiar qualquer plano para desviar de seu legítimo emprego os dízimos e ofertas dedicados a Deus! Eles devem ser postos em Seu tesouro, e mantidos sagrados para o serviço dEle, de acordo com o que designou” (CM, 101). “É uma parte da obra do ministro ensinar os que aceitam a verdade mediante seus esforços, a trazerem os dízimos ao tesouro, como testemunho de que reconhecem sua dependência de Deus. Os recém-conversos devem ser plenamente esclarecidos com relação ao seu dever de devolver ao Senhor o que Lhe pertence” (CM, 105). “Se os pastores não se demonstrarem aptos para o cargo, se deixarem de apresentar à igreja a importância de devolver ao Senhor o que Lhe pertence, se não cuidarem de que os oficiais que estão sob suas ordens sejam fiéis, e que o dízimo seja trazido, estão em perigo. Estão negligenciando uma questão que envolve uma bênção ou maldição para a igreja. Devem ser alijados de sua responsabilidade, e outros homens devem ser experimentados e provados” (CM, 106).
143
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capítulo 10
Organizações Instituições daIgreja Adventista eo Dízimo
As e
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Organizaçõese InstituiçõesdaIgrejaAdventistae oDízimo
As
SEU DESTINO
A que se destinam os 10% do total dos dízimos que cada Organização recebe e envia à seguinte? Os 10% do total dos dízimos que cada Organização recebe e envia à seguinte são destinados para: 1. Enviar, por sua vez, os 10% à organização seguinte (com exceção da Associação Geral). Isto está em harmonia com o princípio de Números 18:26 e Neemias 10:37 e 38; 2. As despesas que demandam o sustento do ministério e a direção da obra de Deus nessa organização.
Fazendo referência direta a isto, o Manual da Igreja, na página
138, diz: “Assim, o dízimo de todas as igrejas flui para a tesouraria da Associação e percentuais são encaminhados para o nível organizacional seguinte, de acordo com os regulamentos da Associação Geral e da Divisão, para atender os gastos da condução da obra de Deus em suas respectivas esferas de responsabilidade e ação”.
SEU USO NOS CAMPOS LOCAIS
Como é usado o dízimo que o campo local (Associação/Missão) recebe, e em que porcentagem? Com modalidades e necessidades que variam um pouco de um campo para outro, a Igreja Adventista geralmente usa o dízimo que recebe de todas as igrejas da seguinte maneira:
147
- 10% Divisão Sul Americana da IASD; - 10% União Central Brasileira da IASD; - 1,5% Ensino Superior; - 2,0% Ensino Médio; - 2,5% Novo Tempo.
AS INSTITUIÇÕES E SUA DEVOLUÇÃO
Instituições da Igreja Adventista como hospitais, fábricas de alimentos editoras etc., devolvem o dízimo de seus lucros? Não tem sido prática da Igreja Adventista que suas instituições devolvam o dízimo de seus lucros. Isto porque seria estranho se a Igreja devolvesse o dízimo a si mesmo, dado que suas instituições fazem parte dela. O que estas instituições fazem quando tem lucros é o seguinte: participam com um mínimo de 10% dos mesmos com a organização da qual dependem administrativamente, quer seja Associação, União ou Divisão.
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CapĂtulo 11
Perguntas
Diversas
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Perguntas Diversas O DÍZIMO DE DINHEIRO GANHO ILICITAMENTE
Deveria a Igreja receber o dízimo de dinheiro obtido ilicitamente como o produto de fraudes, assaltos, roubos, logros, etc.? A igreja não foi estabelecida por Deus como departamento de investigações para determinar quais dízimos provêm de dinheiro obtido ilicitamente e quais não. Mas, se o dizimista der a conhecer a origem ilícita do dinheiro, deverá ser ajudado a ver que o dízimo que pretende devolver, assim como o restante, precisa ser restituído a seu legítimo dono e, portanto, não deve ser recebido.
O DÍZIMO DO NÃO CRENTE OU DO PRODUTO DE ATIVIDADES DUVIDOSAS
Deveria a Igreja receber do produto de atividades que estão em aberta transgressão aos ditames de Deus ou de uma pessoa que não é crente? Geralmente estas pessoas procedem assim porque de alguma maneira conhecem a vontade de Deus com relação ao dízimo e desejam fazer Sua vontade neste aspecto, embora sejam transgressores de outras ordens divinas. Talvez, inclusive, manifestem que não são crentes. E quem está autorizado a impedir que alguém faça a vontade de Deus? Talvez isto possa ser o meio inicial pelo qual cheguem a arrepender-se totalmente e se convertam ao Senhor.
Às vezes é alegado que esse dízimo é dinheiro sujo e indigno,
porque provém, de fontes duvidosas ou de pessoas que vivem em
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desacordo com os princípios de vida cristã. Em consequênica, alegam que este dinheiro não é digno de ser recebido por Deus. Mas, na realidade, não há dinheiro limpo ou sujo, digno ou indigno. O dinheiro em si mesmo é neutro. Sujos ou indignos são os meios usados para obtê-lo, não o dinheiro. Por conseguinte, quando o dinheiro é dedicado a Deus pode ser legitimamente recebido, salvo no caso excepcional mencionado na pergunta anterior ou situações semelhantes.
A preocupação da Igreja deveria ser a de procurar corrigir
a conduta desviada do dizimista e não o destino do dízimo.
O DÍZIMO DE CULTIVOS IMPRÓPRIOS PARA UM ADVENTISTA
Deveriam ser recebidos dízimos de culturas de tabaco, café, erva mate, uva para vinificar, dormideira, coca, etc.?
Embora sejam legais ou toleradas pela sociedade, estas plantações não são convenientes para qualquer membro da Igreja Adventista pela simples razão de que o uso que delas faz hoje o homem é, em sua maior parte, nocivo para a saúde. Em consequência, como filho de Deus deveriamos abster-nos de favorecer o uso ou cultivo dos mesmos. Novamente desejamos destacar aqui que o problema não está no dinheiro ou nas culturas em si, mas nos meios errados que usa o homem para obter o dinheiro e no uso equivocado, contrário ao plano de Deus, que faz de tais cultivos.
Por isso, nossa primeira preocupação deveria ser que as pessoas
que estão nesta situação – sejam membros da igreja ou não – pela
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Perguntas Diversas graça de Deus e nossa ajuda, modifiquem sua conduta. A melhor forma de fazê-lo é orientá-las, animá-las e ajudá-las a abandonar tais culturas e a se dedicarem a outras atividades diferentes. Em última instância, o dízimo é uma questão de consciência entre o homem e Deus, e esses dízimos podem continuar sendo recebidos. Se a pessoa persiste em sua conduta mesmo depois de a Igreja ter feito tudo que estava ao seu alcance para mudá-la, não se deve impedir que a mesma devolva o dízimo, pois não cabe à igreja julgar se pode ou não fazê-lo. Impedi-la de dizimar seria o mesmo que proibir a entrada no templo de algum proprietário dessa cultura que desejasse guardar o sábado e frequentar a igreja nesse dia.
CRENTES RICOS, MAS INFIÉIS
A Bíblia ensina que Deus abençoa o crente que dizima e amaldiçoa ao que não devolve o dízimo. Como explicar o fato de que há crentes que foram pobres, mas chegaram a ser ricos, sem haver devolvido o dízimo? Esta é uma pergunta difícil de responder e, sem dúvida, abrange um assunto bastante complexo. É possível que isto se encontre entre as coisas que somente pertencem ao Senhor, conforme Deuteronômio 29:29. É conveniente esclarecer e recordar que nem sempre quem é membro de uma igreja, é crente. Muitos chegam a ocupar o mais alto grau da hierarquia eclesiástica, mas nunca chegam a experimentar a graça da regeneração. Pode ser membro da igreja, oficial ou obreiro, mas é fingido!
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Por esta razão a pessoa não devolve o dízimo e com isso dá mau testemunho do Evangelho. Acumulou riqueza usando procedimento ilícito ou lícito, como procede qualquer pessoa crente. Sua riqueza não foi uma bênção especial de Deus. Ela foi adquirida normalmente à semelhança das riquezas dos ímpios. Isto, naturalmente, quando se trata de um crente nominal. O dia de ajuste de contas com o Senhor chegará, não tanto por causa dos dízimos retidos, mas pelo seu desqualificado fingimento. E ele sentirá que não transgrediu impunimente os preceitos do Senhor.
Por outro lado, aquele que é crente mas retém os dízimos
e sendo pobre se torna rico, tarde ou cedo sua riqueza se desmoronará. Disto não há duvidas. A riqueza adquirida com retenção de dízimos, quando se trata de um crente, é comparada a uma casa construída sobre areia – não tem estabilidade. Em outras palavras, não tem “seguro divino”, contra acidentes. E ainda mais, traz consigo a ameaça da dissolução pelo “sopro” do Senhor (Ageu 1:9). No entanto, a misericórdia de Deus não tem limites. Talvez, pela ignorância daquele que retém o dízimo ou por causa de Sua misericórdia, Deus dispensa Sua complacência sem aplicar de imediato a correção. Contudo, mais cedo ou tarde, ela certamente virá.
“Homens há a quem Deus tem abençoado e a quem está
provando, para ver que resposta darão aos Seus benefícios. Têm retido seus dízimos e ofertas até sua dívida para com o Senhor Deus dos exércitos se ter tornado tão grande que eles empalideceram ao pensar
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Perguntas Diversas em dar ao Senhor o que Lhe pertence - dízimo justo. Apressai-vos, irmãos, tendes agora a oportunidade de ser honestos para com Deus; não demoreis” (CM, 97). Se o crente vê casos como estes e tenta desacreditar com eles a Palavra de Deus, sem dúvida está transitando um caminho muito perigoso. Ninguém escarnece de Deus (Gálatas 6:7).
RECOLHEMOS OU RECEBEMOS OS DÍZIMOS?
E´preferível usar o termo “recolher” os dízimos ou a expressão “receber os dízimos”? Usar a palavra recolher ou alguma outra semelhante como retirar, arrecadar, etc., pode dar a ideia de que o dízimo é algo obrigatório, uma espécie de imposição, tributo ou imposto. Assim, cremos que seria mais apropriado usar a palavra receber, aceitar ou outra semelhante. Eis aqui algumas frases sugestivas que mais se harmonizam com o espírito e a finalidade do dízimo:
“A seguir, os diáconos passarão para receber em nome do
Senhor, os sagrados dízimos e as ofertas voluntárias que os irmãos trouxeram hoje à Sua casa.”
“Os diáconos passarão a seguir para aceitar, em nome de
Deus, os sagrados dízimos e as ofertas liberais que os adoradores trouxeram à casa do Senhor.”
“É um previlégio apresentar-nos a cada sábado na hora do
culto divino com os dízimos e as ofertas. Os encarregados de recebê-los em nome do Senhor passarão, a seguir, para fazê-lo.”
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DEDICAÇÃO DE UM TEMPLO CONSTRUÍDO COM DÍZIMOS
“Deve” ou “pode” ser dedicado um templo que foi construído com dízimos? Não “pode” e nem “deve”. Assim como apresentar a Deus uma casa de culto com uma dívida constitui uma negação de nossa fé (porque fala de uma mordomia infiel) de igual maneira, se não pior, será o fato de se construir um templo utilizando a porção do Senhor. O Espírito de Profecia diz: “Mas estais roubando a Deus cada vez que pondes a mão no tesouro a fim de tirar fundos para atender às despesas correntes da igreja” (CM, 103).
Portanto, não se deveria construir nenhum templo com fun-
dos de dízimos. Se em algum lugar for feito, antes da dedicação deve fazer-se a devida restituição dos dízimos que foram usados para a construção. E ainda mais, toda dívida pendente deveria ser saldada antes da dedicação.
DÍZIMO DA VENDA DE CONTRABANDO E ARTIGOS PROIBIDOS
Podem ser recebidos dízimos da venda de artigos comercializados na fronteira ou de artigos proibidos pela lei?
Cremos que seria prudente em qualquer dos dois casos não recebê-los,
pois o conhecimento da origem ilícita destes dízimos com violação da lei, faria com que quem os recebesse fosse cúmplice no delito praticado.
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Perguntas Diversas DÍZIMO DE LOTERIA ESPORTIVA, RIFAS, LOTO, QUINA, ETC.
Podem receber dízimos de dinheiro ganho na loteria esportiva, rifas, loto, quina, etc.? Tratando-se de pessoas que não são membros da Igreja, podem ser recebidos, pois em quase todos os países estes meios de obter dinheiro são lícitos e aprovados por lei.
A Igreja não aprova a participação em loteria esportiva,
rifas, jogo do bicho, quina, loto, etc., de modo que um bom membro da Igreja não participa dessas atividades. Se, por ignorância ou outra razão, participou e obteve um prêmio, e deseja dizimá-lo, é decisão e problema de consciência dele.
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APÊNDICE A
A Influência do Espírito de Profecia no Restabelecimento do Dízimo na Igreja Adventista do Sétimo Dia Roberto R. Roncarolo
Os grandes empreendimentos requerem altos ideais. Quando a empresa é a de Deus, os ideais transcendem tudo aquilo que é meramente humano. Com este tipo de ideais os adventistas trabalhavam depois da decepção de 1844, após haverem aceitado as verdades do santuário e do sábado. Embora os recursos fossem poucos, lançaram-se à conquista do coração de todos que haviam escutado a mensagem que eles pregavam. E o Senhor os abençoou dando-lhes em poucos anos centenas de vidas salvas para o reino dos céus. Em seus próprios dias puderam ver um crescimento líquido de 18,6% na década 1870-1880. Mas, o começo não foi fácil. O Senhor necessitava refinar no fogo da luta e do sacrifício toda a geração de pioneiros, para estabelecer um fundamento firme para Sua igreja remanescente. Sem organização ou identificação oficial, sem um ministério estabelecido, sem fundos regulares e sem um corpo de doutrinas, esses
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homens e mulheres de Deus se lançaram pela fé à tarefa (humanamente quase impossível) da proclamação da mensagem do terceiro anjo. A colaboração de uns com os outros foi estreita e muitas vezes sem limites. Assim, unindo meios e talentos, nossos primeiros líderes e crentes começaram a empresa final de Deus sobre esta terra.
SACRIFÍCIO DOS PRIMEIROS ADVENTISTAS Em nossa história denominacional se registram inumeráveis atos de desinteresse e sacrifício dos primeiros crentes. Eles sempre fizeram tudo com o intenso desejo de sustentar e adiantar a obra de Deus. O Pastor James White nos conta que “um membro da igreja de Jackson, Michigan, era ferreiro e havia abraçado a verdade do sábado graças ao trabalho do Pastor José Bates. Em certa oportunidade sentiu que devia ajudar a sustentar a causa de Deus. A partir de então, cada vez que os pastores visitantes se alojavam em sua casa, recebiam de suas mãos a liberal soma de cinco dólares.
“E quando lhe eram solicitados recursos para comprar ten-
das para a evangelização, para a manutenção dos equipamentos de evangelização, para imprimir materiais ou para enviar missionários a novos lugares, as doações de D. R. Palmer eram sempre tão grandes como as do membro mais generoso, e muitas vezes a maior.” Sabemos que este ferreiro foi o irmão D. R. Palmer. Deste tipo de membros era composta nossa Igreja dos primeiros anos. Em sua Story of the Advent Message (História da Mensagem Adventista), M. A. Andross nos diz:
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“Aqueles eram dias da verdadeira abnegação e sacrifício.
Uma irmã de Massachusetts, por exemplo, vendeu o único tapete que possuía, para que o Pastor Bates pudesse obter o dinheiro necessário para distribuir o folheto por ele preparado sobre a segunda vinda de Cristo. “Soou o alarme – escreveu um crente de Jackson, Michigan, a um dos pioneiros no ministério – e permitamos que a mensagem se difunda. Penso que é a última mensagem ao remanescente. Enviamos-lhe dez dólares para a difusão da verdade. Se o necessita todo, use-o; se não, gostaria que o Pastor Bates pudesse viajar com uma parte do dinheiro. Uma quantidade significativa de crentes entregaram suas chácaras para fundar esta Obra. Estes casos são somente uns poucos dos muitos, cujo dinheiro foi dedicado a propagar a mensagem. Leigos e ministros uniram suas mãos em sacrifício e serviço, e Deus lhes deu prosperidade. Esta mesma liberalidade se manifestou na época em que a mensagem começou a ser pregada em tendas. O Pastor Loughborough nos relata o seguinte incidente interessante: “Enquanto se preparava o jantar, o irmão Tiago White falou ao irmão Clover sobre o interesse surgido na localidade de Locke, e o que poderia ser feito se tivessemos uma tenda. O irmão Clover pediu licença e se retirou da conversação por uns minutos. Logo voltou e entregou ao irmão Tiago White 35 dólares (quantia consideravel na época) dizendo-lhe: ‘Isto é o que penso sobre o assunto. Avance.’ Então nos dirigimos à localidade de Jackson, vimos o irmão Kellogg e depois de informar-lhe o motivo de nossa visita,
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ele entregou ao irmão Tiago White 35 dólares e lhe disse: ‘Vejam a Dan Palmer e Cypenish Smith, pois penso que darão o mesmo que eu dei. A propósito, quanto pensam que pode custar uma tenda totalmente equipada e pronta para começar as reuniões?’ O Pastor Tiago White lhe respondeu: ‘Penso que ao redor de 200 dólares.’ ‘Bem’ – disse o irmão Kellogg. ‘Lhes direi algo, mas por agora não comentem. Procurem obter dos irmãos Palmer e Smith o que possam e eu adiantarei o que faltar para completar os 200 dólares, enquanto vocês recolhem os dólares dos irmãos. E aqui estão estes dois cavalos e o carro para que possam transportar a tenda durante o verão. E aqui está meu filho Alberto, o menor, para que seja o encarregado da tenda’. Os irmãos Palmer e Smith ouviram os planos e cada um deu 35 dólares e depois nós fomos orar no meio do campo para receber orientação. Oh, como as bênçãos do Senhor eram derramadas à medida que pediamos Sua direção sobre este assunto! Basta dizer que no dia seguinte, ao meio dia, M. E. Cornel estava no trem com o dinheiro no bolso dirigindo-se a Rochester para comprar a tenda. E quando as tendas deviam ser transportadas a um novo lugar de evangelização, o mesmo espírito era manifestado. O Pastor José Bates escreveu assim para a Review and Herald (Revista Adventista):
“Esta é a reunião número doze desde que começamos a tem-
porada. Os irmãos em cada lugar têm pagado o transporte da tenda. Em Berlim e Middletown, Connecticut, os irmãos nos solicitaram ter o privilégio de ajudar-nos com seus recursos para pagar o transporte da tenda”.
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SACRIFÍCIO DOS PIONEIROS Se houve irmãos generosos que contribuíram liberalmente para o crescimento da Igreja seu começo, não menos foram generosos e abnegados os pioneiros da Igreja. Salvo alguns poucos como José Bates e Hiran Edson que inverteram todos os seus recursos na obra, a maioria vivia do trabalho de suas mãos. Enquanto mudaram daqui para ali como pregadores itinerantes, realizavam mil e uma tarefas diferentes a fim de sustentar-se com as famílias. Onde iam, geralmente os irmãos lhes davam alojamento e comida. Se consideravam afortunados quando recebiam algum dinheiro para os gastos de viagem ou pessoais. Quando podiam, os irmãos lhes remuneravam com produtos de suas colheitas e chácaras. O pastor Loughborough disse que, por visitar as igrejas de Michigan durante o inverno de 1857-1858, recebeu: “Três tortas de 4 quilos cada uma, dez barris de trigo, cinco de maçãs, cinco de batatas e quatro dólares em dinheiro”. E, referindo-se à sua campanha evangelizadora com tenda em 1856, disse: “Nos estados de Nova Iorque e Pensilvânia, os recursos não foram suficientes para realizar o trabalho com a tenda, de modo que durante o tempo de cega e da colheita trabalhamos no campo quatro dias e meio por semana, pelos quais recebíamos um dólar por dia; dessa maneira podíamos ter reuniões durante os sábados e domingos”. Muitas vezes, quando os pioneiros adoeciam, deviam ser socorridos pelos irmãos. A Review and Herald (Revista Adventista) de 3 de março de 1854 fez o seguinte reconhecimento público:
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“Mais abaixo aparecem os nomes das pessoas que enviam
algum dinheiro a este escritório para o irmão Andrews. Outros que desejem fazer o mesmo, sintam-se livres em fazê-lo [...]. Como ‘o obreiro é digno de salário’, tomamos a liberdade de mencionar seu caso àqueles que se beneficiaram por seus labores incessantes. Doação para J. N. A.: Below, 3 dólares; JU. P. Kellogg, 2,42 dólares; M. G. Kellogg, 0,50 centavos de dólar; D. P. Palmer, 3 dólares; O. Dickinson, 1 dólar”. Outros emprestavam de seus recursos para fazer progredir a Obra, mas quando deles necessitavam nem sempre os tinham em mãos.
Assim foram os primeiros líderes e pioneiros adventistas.
Sempre colocavam os interesses da causa, que tanto amavam, antes de seus próprios interesses, embora seja justo reconhecer que nem todos participaram desse mesmo espírito. Geramente os que tinham tal espírito não eram os que estavam em melhor condição econômica.
ANOS DUROS Com o novo sistema de evangelismo em tenda, iniciado em 1854, o movimento adventista presenciou a conversão de dezenas e dezenas de pessoas. Durante o biênio 1854-1855 foram realizadas 42 grandes campanhas de verão em tendas. Durante o biênio seguinte a cifra se elevou para 51, segundo dados obtidos da Review and Herald (Revista Adventista) durante esses quatro anos. Os irmãos sempre apoiaram essas campanhas, mas em 1857 ocorreram duas crises: uma na evangelização (devido ao fato de um
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bom número de pregadores ter abandonado as tarefas) e outra nas finanças (porque os recursos para o prosseguimento da Obra foram diminuídos e mais difíceis de serem conseguidos).
A primeira crise teve origem complexa. Mas, resumindo,
podemos dizer que suas principais causas foram: 1.
O lento processo de desgaste físico dos principais evangelistas
e obreiros devido ao intenso trabalho com as tendas nos anos anteriores; 2.
As precárias condições de saúde de um bom número deles que
seguiam um sistema de alimentação e cuidado com o corpo quase idêntico ao que as pessoas conheciam e praticavam até então, pois ainda não haviam recebido as instruções sobre a reforma pró-saúde; 3.
Na medida em que as igrejas e congregações aumentavam e os no-
vos conversos se uniam ao povo de Deus, cresciam os cuidados, interesses e problemas. Em consequência, os obreiros tinham que dedicar mais tempo às igrejas. Isto lhes impedia de continuar trabalhando como vinham fazendo, a fim de manterem-se economicamente.
A segunda crise se produziu pelos baixos preços pagos
naquele ano pelas colheitas. Isto trouxe dificuldades econômicas tanto nas finanças dos obreiros como nas da igreja, especialmente para a obra de evangelização.
“O dinheiro não foi fácil de ganhar no inverno de 1857-1858.
A temporada havia sido favorável para as colheitas e em consequência mais abundantes, mas os preços foram baixos. Por esta razão nossos obreiros em vários estados se viram na necessidade de ajustarem-se
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em suas finanças, mais que nunca, a fim de passar o inverno da melhor forma possível.” Mas Deus tem caminhos que o homem não conhece. Estes “anos duros” foram o trampolim que permitiu a nosso movimento dar o grande salto para uma época de relativa estabilidade econômica.
EM BUSCA DE UMA SOLUÇÃO O Espírito de Profecia nos diz que “o limite das possibilidades do homem é a oportunidade de Deus”. Isto, precisamente, foi o que aconteceu a nossos irmãos durante o cruel inverno de 1857-1858. Os líderes da Obra e os poucos pregadores que ficaram, passaram esse inverno sob situações financeiras difíceis. E nas igrejas havia pouco dinheiro para prosseguir com as atividades regulares.
Por isso, em abril de 1858 os pastores Andrews e Loughbo-
rough, que residiam provisoriamente em Battle Creek, formaram uma classe bíblica presidida por Andrews na casa do Pastor Loughborough para tentar achar na Bíblia alguma orientação ou plano financeiro para o sustento dos obreiros ou ministros. Poucos meses depois a irmã White “lhe mostrou em visão que a Bíblia continha tal plano e foi determinação deles encontrá-lo”. Nossos líderes redobraram seus esforços em tal sentido. O Pastor Loughborough, testemunha presencial deste acontecimento, escreveu no início do século o seguinte em relação a isto:
“No inverno de 1858-1859, foi dada a instrução de que
a Bíblia continha um sistema completo para o sustento do ministério,
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e que se nosso povo estudasse a questão desde um ponto de vista bíblico, encontraria esse sistema”.
Como resultado desses estudos, os irmãos descobriram que
o sistema bíblico se baseava em duplo princípio: 1) dar regularmente; 2) dar proporcionalmente. Chamaram a isso Benevolência Sistemática.
A principal igreja adventista de então, Battle Creek, adotou tal
sistema em 29 de janeiro de 1859 e recomendou a todas as demais que fizessem o mesmo. Desta forma, foi solicitado a cada membro entre 18 e 60 anos de idade que desse a cada semana de 5 a 12 centavos de dólar se fosse homem, e de 2 a 10 centavos se fosse mulher. Ainda, os que tinham propriedades, que dessem de 1 a 5 centavos por semana correspondente a cada 100 dólares do valor da propriedade. Como vemos, não foi falado nada sobre dízimos, pelo menos de forma direta. Foi pedida tão somente uma contribuição regular e sistemática para o sustento da Obra. Mas, parece que o princípio do dízimo já estava na mente dos que haviam estudado o assunto e proposto o plano, pois pouco tempo depois, no começo de 1861, foi feita referência ao mesmo em forma direta, embora somente aplicado às propriedades (Para mais informações, veja - Apêndice B).
Assim, pouco a pouco, foi descoberta a instituição bíblica do
dízimo no seio da Igreja Adventista do Sétimo Dia, tal qual outras verdades da fé cristã como o sábado, a segunda vinda, o santuário, etc. O papel desempenhado pelo Espírito de Profecia foi importante, embora sempre guardasse a mesma sequência quanto ao redescobrimento destas verdades; nossos pioneiros estudavam estas doutrinas até tê-las bem formadas e claras e depois o Espírito de
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Profecia confirmava essas conclusões. O mesmo aconteceu com o dízimo. O Espírito de Profecia orientou sua busca, mas foram os filhos de Deus que, com humildade e oração, esquadrinharam a Bíblia, e achando na mesma, e somente nela, os princípios básicos do sustento do ministério. Damos graças a Deus pelos homens do passado que colocaram um fundamento firme para esta Igreja. Porém, mais graças damos ainda ao nosso bom Deus, que lhes deu Seu Santo Espírito para iluminar suas mentes a fim de que redescobrissem estas grandes verdades. Ele deu à Sua Igreja o dom profético que orientou a busca e confirmou o que foi descoberto.
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APÊNDICE B
História do Desenvolvimento do Sistema do Dízimo na Igreja Adventista do Sétimo Dia Arthur L. White
A Benevolência Sistemática, tal como originalmente proposta e adotada pelos adventistas que observavam o sábado em 1859, incluía separar uma oferta semanal de 5 a 25 centavos para os homens e de 2 a 10 centavos para as mulheres. Também consistia em separar semanalmente de 1 a 5 centavos para cada 100 dólares do valor das posses (Review end Herald - Revista Adventista - 3 de fevereiro de 1859, pág. 84). Em 1864 o plano assinalava o pagamento de uma oferta mensal de 10 centavos para os homens, 5 centavos para as mulheres e um donativo semanal de 2 centavos para cada $100 do valor das propriedades. Foi argumentado que o uso que uma pessoa fazia de sua propriedade, podia ser calculado na base de dez por cento de seu valor por ano, e que os dez por cento desta soma pertenciam ao Senhor. A Benevolência Sistemática, portanto, compreendia um plano sistemático de dar não somente sobre uma base de porcentagem,
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mas também de ofertas voluntárias. No final da década de 1870, foi enfatizado o cálculo do dízimo sobre a porcentagem de entradas.
ALGUNS DOCUMENTOS SOBRE A BENEVOLÊNCIA SISTEMÁTICA E O DÍZIMO (1859) 1.
Que cada irmão de dezoito a sessenta anos separe no primeiro dia
de cada semana, de 5 a 25 centavos. 2.
Que cada irmã de dezoito a sessenta anos, separe a cada primeiro
dia da semana de 2 a 10 centavos. 3.
Que cada irmão e irmã separe no primeiro dia de cada semana de
1 a 5 centavos de cada 100 dólares dos bens que possuem. “As somas mais baixas estabelecidas são tão pequenas, que quem esteja nas piores circunstâncias (com as poucas exceções de algumas viúvas fracas e de idade avançada) poderá cumprir com o plano, e quem estiver em melhores condições, cumprirá com sua mordomia no temor de Deus dando o máximo das somas estabelecidas ou ainda mais, de acordo com o que eles considerem que seja seu dever.” (Review and Herald, 3 de fevereiro de 1859, pág. 84. Adotado na Associação Geral, 4 de junho de 1859, Publicado na Review and Herald 9 de junho de 1859, pág. 20).
O QUE SE FARÁ COM O DÍZIMO? Quando as igrejas começaram a responder ao plano adotado em Battle Creek, foi levantada uma pergunta quanto ao uso que se daria
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ao dinheiro assim reunido. Tiago White respondeu à pergunta na Review and Herald de 9 de março de 1859:
“O irmão I. C. Vaughn escreve de Hillsdale, Michigan, que
a Igreja nesse lugar está cumprindo com o plano da Benevolência Sistemática e isso muito lhe agrada. Ele pergunta: ‘O que devemos fazer com o dinheiro no fim do mês? Sugerimos que cada igreja guarde pelo menos $5 na tesouraria com o fim de ajudar aos pregadores que os visitem ocasionalmente e trabalhem com eles. Isso parece ser necessário. A escassez de dinheiro é tal que nossos bons irmãos raras vezes estão preparados para ajudar um mensageiro em sua viagem. Permitamos que haja uns poucos dólares na tesouraria de cada igreja. Além disso, a dívida do projeto e da tenda, etc., requer todo o excedente da Benevolência Sistemática deste estado (Michigan)”. Em 29 de janeiro de 1861, Tiago White pôde informar da igreja de Battle Creek:
“Como resultado de haver cumprido estritamente o plano
do céu, há agora em nossa tesouraria $150 que estão à espera de um projeto de valor que realmente faça avançar a causa da verdade” (Review and Herald, 29 de janeiro de 1861).
INTRODUZINDO COMO “DÍZIMO” EM 1861 No mesmo mês, a Benevolência Sitemática foi referida como “o dízimo”.
“Propomos que os irmãos deem um dízimo de suas entradas,
estimando estas em dez por cento do que possuam” (O Bom Samaritano, nº 5, janeiro de 1861).
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Pouco depois deu as seguintes explicações adicionais:
“Quisemos dizer exatamente o que as igrejas estão adotando
em Michigan (referindo-se à sua declaração publicada no Bom Samaritano, nº 5). Eles consideram o uso de suas propriedades do mesmo valor que o dinheiro colocado a juros, 10% anual, e estimam estes 10% como o aumento que têm seus bens. O dízimo disso seria 1%, o que significaria quase 2 centavos por semana sobre cada dólar, os quais, por razões de conveniência, nossos irmãos estão unânimes em dar. Depois vem as doações pessoais. Que os homens jovens que não têm propriedades se apresentem nobremente. Assim também as mulheres jovens” (Tiago White, Review and Herald, 9 de abril de 1891, pág. 164).
RAZÕES DA ESCOLHA DO TERMO “BENEVOLÊNCIA SISTEMÁTICA” Embora o termo “dízimo” não apareça com frequência quando são apresentados os planos de benevolência sistemática, uma documentação completa deveria indicar que a fase principal e mais poderosa deste plano baseava-se difinidamente no princípio do dízimo, e que os passos dados duas décadas mais tarde eram apenas detalhes e acréscimos ao que se havia adotado em 1859. Não eram dois planos separados e diferentes.
Pode ser oportuno sugerir aqui porque o termo não se des-
tacou mais ao princípio. Quando os pioneiros se mobilizaram nos assuntos referentes à organização da Igreja na década de 50, o fizeram
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dentro das normas de “ordem evangélica”. Buscaram o modelo no Novo Testamento. O encontraram em detalhe na escolha dos sete diáconos, mas não na escolha dos setenta anciãos por Moisés. A Sra. Ellen G. White, em 1854, começa seu primeiro artigo abrangendo este tema, com as seguintes palavras: “O Senhor tem mostrado que a ordem evangélica tem sido demasiado receada e negligenciada” (PE, pág. 97). No ano de 1853, Tiago White apresenta seu primeiro pedido de ajuda financeira para o ministério (dirigido aos adventistas observadores do sábado) sob o título de “A Ordem Evangélica”, apoiando-se no Novo Testamento. Em declarações posteriores, nas quais argumenta que a obrigação do dízimo continua depois da cruz, conclui que a princípio, em geral se presumia que a responsabilidade do dízimo havia cessado com a morte de Cristo e que, portanto, Malaquias 3 não impunha obrigações aos crentes de nossos dias (Ver J. N. Andrews em Review and Herald de 18 de maio de 1896). Em 1875, ao insistir acerca do assunto do dízimo (ver T. S. vol. I, págs. 374-375), Ellen G. White reconheceu: “Alguns classificarão isto como uma das rigorosas leis a que os hebreus estavam obrigados” (T. S., Vol. I, pag. 375). Ele ainda afirma: “O sistema especial de dízimos baseia-se em um princípio tão duradouro como a lei de Deus. Esse sistema foi uma bênção ao povo judeu, do contrário o Senhor não lho haveria dado. Assim será igualmente uma benção aos que observarem até ao fim do tempo. Nosso Pai Celeste não instituiu o plano da benevolência sistemática com o intuito de enriquecer-Se a Si mesmo, mas para que o mesmo fosse uma grande bênção ao homem. Viu que
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o referido sistema era exatamente o que o homem necessitava” (T. S. Vol. I pág. 385).
Por conseguinte, a força do argumento para o sustento da
obra de Deus veio primeiro do Novo Testamento. Mas ao calcular as obrigações do crente empregou-se o sistema do dízimo. Deveria notar-se que, embora a Benevolência Sistemática adotada por nossos antepassados era mais ampla que o dízimo, incluia o dízimo (Ver artigo de Tiago White sobre a Benevolência Sistemática na Review and Herald de 9 de abril de 1861). Ellen G. White muito logo uniu o dízimo à “Benevolência Sistemática”. Primeiro, ela assegurou à Igreja em junho de 1859: “O plano da Benevolência Sistemática é agradável a Deus” (IT, 190). E depois, em janeiro de 1861, em um artigo intitulado “A Benevolência Sistemática”, escreveu: “Não roubeis a Deus retendo Seus dízimos e ofertas”. O artigo termina com Malaquias 3:8-11 citado totalmente (IT, 221-222). Durante a década de 1860 as edições da Review and Herald apresentaram numerosos artigos que faziam referências à Benevolência Sistemática, informando acerca do êxito do plano e dando conselhos sobre seu procedimento.
REAFIRMADO O PLANO EM 1864 Tiago White reafirmou o plano em novembro de 1864, e ao fazê-lo ligou-o intimamente ao dízimo:
“Era requerido aos filhos de Israel que dessem o dízimo, ou
a décima parte de todos seus lucros [...]. E não é possível supor que
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o Senhor requeria menos de seu povo quando o tempo é enfaticamente breve, e deve ser cumprida uma grande tarefa com o uso de seus meios ao dar a última mensagem de misericórdia ao mundo”(Malaquias 3:8-10). Se o profeta Malaquias não está ensinando aqui como foi levado a cabo o sistema israelita do dízimo, está certamente enfatizando um dever da mesma natureza, e suas palavras podem chegar ao mais íntimo com plena força, e cumprir assim este princípio, obedecendo às palavras de Paulo: ‘No primeiro dia da semana, que cada um separe’, etc. Diz nosso Senhor em Lucas 11:42: ‘Mas ai de vós, farizeus, que dizimais a hortelã, e a arruda, e toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas, e não deixar as outras.’” Como podemos reduzir à prática estas excelentes sugestões? Recomendamos o seguinte plano que, com poucas exceções, todos podem adotar: ‘Se os irmãos dão um dízimo ou a décima parte de suas entradas, estimando estas em dez por cento do que possuem, chegar-se-a à soma aproximada de 2 centavos semanais sobre cada $100 de bens que possua. Além disso, que todos os que estejam em condições façam uma doação pessoal por semana, mais ou menos de acordo com sua capacidade. Isto é necessário para incluir aos que possuem poucos bens ou não possuem nenhum, mas, no entanto, têm capacidade para ganhar dinheiro e deveriam dar uma parte de seus lucros. Enquanto algumas viúvas e pessoas de idade ou enfermas deveriam ser eximidas de dar, os jovens e pessoas em atividade que não tenham bens ou tenham pouco, devem colocar semanalmente uma doação liberal, pessoal.
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Para aqueles cujas entradas são mais que os 10% de seus bens,
podem pagar mais, em proporção à quantidade de suas entradas. Um dízimo é exatamente um décimo do lucro de seus bens. Se um irmão ou irmã aumentou seus bens durante 1864 no valor de $1.000,00 o dízimo seria exatamente $100,00” (Review and Herald, 29 de novembro de 1864).
UM PLANO COM ALGUNS DEFEITOS No início nossos pioneiros não viram o sistema do dízimo em toda a sua beleza e plenitude, igual a outros aspectos da verdade que chegaram a converter-se nas doutrinas fundamentais dos adventistas. Tentaram encontrar um sistema financeiro que harmonizasse com a “ordem evangélica”. O Senhor os dirigiu somente com a rapidez com que eles podiam ver, aceitar e seguir as verdades bíblicas básicas reveladas. Houve um desenvolvimento gradual, tanto nas bases para determinar as obrigações dos crentes, como no uso preciso que deveria ser dado a esta fonte de entradas do evangelho. A grande necessidade era o sustento do ministério. Por isso os fundos produzidos pela Benevolência Sistemática, os quais incluiam tanto dízimos como ofertas, eram canalizados quase exclusivamente para o sustento ministerial. Com exceção dos empregados das casas publicadoras (e depois de 1866, os obreiros dos sanatórios que eram sustentados pelas entradas das instituições) tudo estava dentro do ramo ministerial.
Apenas é necessário mencionar as muitas referências sis-
temáticas aos dízimos durante os fins das décadas de 1860 e 1870.
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Ellen White, em Testemunhos nº 224, escrito em 1874 e publicado em janeiro de 1875, dedica 28 páginas a “Dízimos e Ofertas”, seguidas de cinco páginas sobre o título de “Benevolência Sistemática” (IT. Vol. I, págs. 359-389). Em 1876, os dirigentes da Igreja sentiram-se convencidos de que o plano tinha defeito, especialmente nas bases sobre as quais se haviam calculado o dízimo. Voltemos portanto ao que foi realizado na sessão especial da Associação Geral, levada a cabo no princípio daquele ano.
“Foram feitas observações sobre o tema da Benevolência
Sistemática pelo irmão Canright. Tomando certos fatos bem examinados como base, demonstrou que, se tudo acontecesse de acordo com o plano estabelecido na Bíblia Sagrada, o que fosse recebido de nossos irmãos chegaria à quantia de cento e cinquenta mil dólares anualmente, em vez de ao redor de quarenta mil. O Senhor disse: ‘trazei todos os dízimos à casa do tesouro’ e até que isto não se faça, o Senhor não será ‘provado’ a fim de que possamos ver se Ele derramará ou não uma bênção até que não haja suficiente lugar para recebê-la. O irmão White continuou com animadoras observações sobre o mesmo tema.
“O irmão Canright apresentou as seguintes resoluções sobre
o tema da Benevolência Sistemática, as quais foram unanimemente adotadas pela Associação e pela congregação:
”Resolvido, que consideremos que é o dever de todo irmão
e irmã, vivendo em consideração este importante assunto, apresentá-lo plena e fielmente diante de todos seus irmãos e instá-los a cumprir com os requisitos do Senhor nesta matéria.”
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“Proposto e levado adiante que o Presidente nomeia uma
comissão de três, fazendo ele mesmo parte da comissão, a fim de preparar um folheto sobre o tema da Benevolência Sistemática. O diretor nomeou a D. M. Canright e a U. Smith para que atuassem com ele nessa comissão.”
ATAS DA SESSÃO ESPECIAL DA ASSOCIAÇÃO GERAL, PUBLICADAS NA REVIEW AND HERALD DE 6 DE ABRIL DE 1876, PÁG. 108
Pelo ano de 1878 foi feita uma modificação no plano de cálculo da porcentagem do dízimo, mudando de aproximadamente 1% ao ano do valor total dos bens, para 10% da entrada real. É expresso claramente que foi considerado defeituoso o primeiro plano. Ao citar exemplos foi observado que em um caso do antigo plano o dízimo subiu a $10 por mês, enquanto que sob o novo plano, de 10% real de entradas o dízimo aumentou para $36 por mês.
O PLANO APERFEIÇOADO, DELINEADO EM UM PANFLETO De acordo com a resolução da Associação Geral este plano foi apresentado diante dos crentes em um panfleto que levava o significativo título de “Benevolência Sistemática ou o Plano Bíblico para o Sustento do Ministério”. Embora parecesse um plano inteiramente novo, totalmente diferente do anterior (como havia sido sugerido por alguns) não era mais que uma melhora, com uma forma mais apropriada de calcular o dízimo apresentando-o sob o título familiar de “Benevolência Sistemática.”
178
O plano da dádiva sistemática adotado originalmente era correto, embora os detalhes do mesmo não ficassem completos até após muitos anos de ter sido colocado em uso. A declaração introdutória do panfleto dizia o seguinte:
“O tema da Benevolência Sistemática tem estado sob conside-
ração prática pelos adventistas do sétimo dia por um período de vinte anos ou mais. Não se considerou que fosse necessário fazer mudanças materiais do primeiro sistema adotado, até dois anos depois. A razão para estas mudanças pode ser observada nas páginas seguintes.”
1878 - PANFLETO SOBRE A “BENEVOLÊNCIA SISTEMÁTICA” “UM DÍZIMO DE TODAS NOSSAS ENTRADAS” “Quanto devo dar para o sustento do evangelho?” Depois de haver examinado o tema de todos os ângulos, respondemos: um dízimo de todas as nossas entradas.
“Isto não significa uma décima parte do aumento anual
de nossos bens depois de haver pago o alimento, a roupa e outros gastos, mas, nove partes de nossas entradas devem fazer frente a todos estes gastos, enquanto que, a décima parte é do Senhor, para ser dedicada sagradamente ao sustento do ministério. Consideraremos que o plano de comprometer-se com uma soma igual ao 1% de nossos bens é “imperfeito” em vários aspectos: 1.
Porque não permite a devolução de um dízimo de nossas entradas.
[...] Estamos convencidos de que nosso povo roubou a Deus em mais da metade dos dízimos que Lhe pertencem quando seguiam o plano
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anterior, imperfeito, de devolver a quantia de somente 1% de seus bens por ano; Porque as palavras de Paulo ao tratar o tema: ‘segundo haja prosperado’, estão em estrita harmonia com o sistema do Antigo Testamento que demanda a décima parte de todas as entradas do povo do Senhor como Suas. Consideramos que o seguinte compromisso é bíblico e apropriado para ser levado a cabo por nosso povo: Prometemos solenemente, diante de Deus e dos demais, pagar conscienciosamente a caixa da Benevolência Sistemática o dízimo de todas as nossas entradas, a separá-lo como o recebamos e a pagá-lo no primeiro domingo dos quatro trimestres do ano; isto é, o primeiro domingo de janeiro, o primeiro domingo de abril, o pri-
2.
meiro domingo de julho e o primeiro domingo de outubro; 3. Porque os que tinham poucos bens ou nenhum mas ao mesmo tempo
desfrutavam de uma entrada considerável, em alguns casos roubavam ao Senhor quase todos ou grande parte dos dízimos de sua entrada real. Pelo plano bíblico ficava assegurado para a causa do Senhor um dólar de cada dez ganhos. Somente isso significará uma diferença de muitos milhões que serão colocados na tesouraria do Senhor para o sustento da causa de Deus. Não podemos ver as razões pelas quais nossas instituições, tais como casas publicadoras, escolas, sanatórios e associações, não deveriam colocar na tesouraria do Senhor o dízimo de todas as suas entradas. Estão em dívida com o Senhor e seus servos por sua vida e prosperidade. Como recebem o sustento da Associação Geral, seus dízimos deveriam ser enviados à tesouraria da Associação Geral. A soma anual que deveria ser recolhida de nossas instituições,
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somente em Battle Creek, não seria menos que quatro mil dólares, sem dúvida uma soma interessante para uma tesouraria que não somente está vazia, mas realmente em dívida. E se nossas associações também pagassem o dízimo de suas entradas à tesouraria da Associação Geral, seria suprida uma necessidade sentida durante muito tempo (Declaração preparada pela comissão nomeada na Associação Geral, 2-13 de outubro de 1878. A comissão esteve formada pelas seguintes pessoas: Tiago White, D. M. Canrihht, S. N. Haskell, J. N. Andrews, Uriah Smith. Publicado no panfleto Benevolência Sistemática, ou O Plano Bíblico para o Sustento do Ministério, Associação Publicadora Adventista do Sétimo Dia, Battle Creek, Michigan).
DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DO DEVIDO USO DO DÍZIMO Não somente se desenvolveu a compreensão “do que” constituía propriamente o dízimo, mas também se produziu um desenvolvimento da compreensão do uso que deveria ser dado a ele. O desenvolvimento histórico deste assunto é semelhante ao de outros. No princípio o Senhor não indicou por meio de uma visão a Ellen G. White cada detalhe. Ele dirigiu nossos antepassados, por meio de Seu Espírito, para a Bíblia Sagrada, a fim de encontrarem as bases de um sistema financeiro para a Igreja, dirigindo-os primeiro ao Novo Testamento e depois ao Antigo Testamento.
Quando foi adotado o plano de financiamento do evangelho
no final da década de 1850, os ramos de trabalho da Igreja eram limitados. Havia pessoas que serviam no trabalho ministerial e outras na obra de publicações. A obra de publicações era sustentada pela venda
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de livros e doações voluntárias. Nunca alguém pensou em canalizar os fundos da Benevolência Sistemática para este setor.
Quando a obra médica foi iniciada em 1866, formou-se uma
sociedade anônima e, a princípio, pensou-se que seria uma fábrica de dinheiro, rendendo nada menos que dez por cento do capital investido. Tampouco as escolas se dirigiam a essa fonte de recursos, já que nossa obra educativa começou no início do ano 1870. As três tentativas realizadas em uma época bem antecipada na obra de escolas de igreja foram antes dos dias da Benevolência Sistemática. Estas contavam com o pagamento da matrícula para seu sustento. Isto também aconteceu com a escola que Bell iniciou em Battle Creek, no final dos anos 60. A escola iniciada em Battle Creek em 1872, com apoio da Associação Geral, baseava-se no pagamento de uma cota pelo ensino. A única escola que funcionava antes do movimento de reorganização da Benevolência Sistemática era o Colégio de Battle Creek. Somente em 1882 iniciaram o Colégio Superior Heladsburg e o Colégio Secundário do Sul de Lancaster. Não há nenhuma indicação que mostre que utilizaram de alguma maneira fundos da Benevolência Sistemática ou fundos provenientes dos dízimos. De fato, as demandas do trabalho do ramo ministerial pressionavam fortemente sobre os fundos da Benevolência Sistemática, tal como o mostra o relatório.
SEM SEGREGAÇÃO DE FUNDOS Os fundos da Benevolência Sistemática proporcionados para a causa não eram divididos pelo doador ou pela igreja local em fundos correspondentes a dízimos e/ou ofertas. Nem eram separados nos livros de
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contabilidade das associações ou da Associação Geral. Os conselhos do Espírito de Profecia chamaram repetidamente à fidelidade, a fim de que o tesouro estivesse constatemente repleto. Mas, antes de 1880, as instruções não eram precisas sobre como deveriam ser usados os recursos da Benevolência Sistemática, nem impunham as restrições apresentadas anos posteriores. Na Review & Herald de 29 de novembro de 1864, Tiago White argumentou energicamente que todos os fundos da Benevolência Sistemática fossem colocados nas tesourarias locais ou na Associação Geral para sustentar a proclamação da mensagem do terceiro anjo”.
“Isto”, sustentou ele, “foi o propósito original para nosso plano
de benevolência, e consideramos que tenha sido um grande erro separarmos dele o mínimo que fosse”. No entanto, reconheceu que havia exceções e que parte desses fundos podia, corretamente, ser usada em gastos locais diferentes do sustento do evangelho.
“Aquelas igrejas que têm que edificar casas de culto e fazer
frente a gastos de luz, combustíveis, etc., e consideram que não lhes alcança a quantia estipulada no plano de Benevolência Sistemática, podem em sua reunião anual determinar através de um voto uma porcentagem do total dos fundos restantes da Benevolência Sistemática e aplicá-lo ao que eles considerem necessário. Supõe-se que os casos em que tal atitude seja indispensável sejam muito poucos “(Review and Herald, 29 de novembro de 1864).
Ao tornarmos a estudar o tema em 1878 e adotar o plano de
calcular o dízimo sobre a “entrada total”, as tesourarias foram melhor providas e o uso que deveria dar aos fundos da Benevolência Sistemática converteu-se em um assunto de estudo e discussão.
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DECLARAÇÃO DE ELLEN G. WHITE EM 1879 No final de 1879 Ellen G. White escreveu o artigo sobre “O Caráter Sagrado dos Votos” (TS, Vol. I, págs. 541-543). Neste artigo faz várias referências aos “dízimos e ofertas liberais” como um meio de sustentar diferentes aspectos da obra da Igreja. A seguir apresentaremos alguns trechos do artigo, referindo-se o primeiro às instituições quando tínhamos duas casas publicadoras, dois sanatórios e um colégio:
“O egoísmo e a fraude são diariamente praticados na
Igreja, no reter de Deus aquilo que Ele reclama, roubando-O assim e entravando suas disposições para difundir a luz e o conhecimento da verdade pela extensão e largura da terra. Em seus sábios planos, Deus fez com que o progresso de Sua obra fosse dependente dos esforços pessoais do Seu povo, e de suas ofertas voluntárias. Aceitando a cooperação do homem no grande plano da salvação, conferiu-lhe insigne honra. O pastor não pode pregar a menos que seja enviado. A obra de comunicar a luz não depende unicamente do pastor. Toda pessoa, ao tornar-se membro da Igreja, compromete-se a ser representante de Cristo mediante o viver a verdade que professa. Os seguidores de Cristo devem levar avante a obra que Ele lhes deixou a fazer quando ascendeu ao Céu. Importa que se apoiem as instituições que são intrumentos de Deus no promover Sua obra na Terra. Devem-se construir igrejas, estabelecer escolas, e aparelhar as casas editoras com os meios necessários à realização de uma grande obra na publicação da verdade a ser propagada por todas as partes do mundo. Essas instituições são ordenadas por Deus, e devem ser mantidas com dízimos e ofertas liberais.
184
À medida que a obra se dilata, necessitar-se-ão de meios para que ela avance em todos os seus ramos. Os que se converteram à verdade e se fizeram participantes de Sua graça, podem tornar-se coobreiros de Cristo mediante sacrifícios e ofertas a Ele feitos voluntariamente. E quando os membros da Igreja desejam, em seu coração, que não haja mais pedidos de meios, estão na realidade dizendo que ficam satisfeitos com a falta de progresso da causa de Deus” (TS, Vol. I, págs. 542,543).
O MINISTÉRIO DO EVANGELHO E A PÁGINA IMPRESSA Os dízimos e as ofertas deviam ser usados para sustentar o ministério e difundir a página impressa:
“Ao comissionar os discípulos a irem ‘por todo o mundo’
e pregarem ‘o evangelho a toda a criatura’, Cristo designou aos homens a obra de propagarem o evangelho. Enquanto, porém, alguns vão a pregar, Ele pede a outros que Lhe atendam às reivindicações quanto aos dízimos e ofertas com que se possa sustentar o ministério e disseminar a verdade impressa pela Terra inteira. Isto é o meio pelo qual Deus quer exaltar o homem. É justamente a obra de que ele necessita; pois moverá as mais profundas simpatias de seu coração, chamando à ação as mais elevadas faculdades do espírito” (TS, Vol. I págs. 551,552).
“O plano da Benevolência Sistemática foi uma disposição do
próprio Deus mas, com frequência se rejeita ou posterga o pagamento fiel dos pedidos de Deus como se as promessas solenes não tivessem
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importância. É devido a isto que os membros da Igreja são negligentes no pagamento dos dízimos e em fazer frente a Suas promessas, que nossas instituições não se veem livres de problemas. Se todos, tanto ricos como pobres trouxessem seus dízimos à casa do tesouro, haveria suficiente provisão de meios para aliviar à causa de problemas financeiros e levar adiante nobremente a obra missionária em seus diferentes departamentos. Deus pede aos que creem na verdade que entreguem a Ele as coisas que Lhe pertencem” (TS, Vol. 3, pág. 346).
PROPORÇÃO DE ENTRADAS E BENS Ao tratar dos pedidos de Benevolência ao povo de Israel, Ellen G. White escreveu:
“Segundo a importância concedida, será a soma requerida.
Quanto maior o capital confiado, tanto maior a dádiva que Deus requer Lhe seja devolvida. Caso um cristão possua dez ou vinte mil reais, os direitos de Deus sobre ele são imperativos no sentido de dar, não somente a proporção relativa ao sistema dizimal, mas de apresentar-Lhe as ofertas pelo pecado e as ofertas de gratidão. A dispensação levítica se caracterizava notadamente pela santificação da propriedade.
Quando falamos do dízimo como a norma de contribuição
dos judeus para fins religiosos, não falamos com compreensão. O Senhor colocava Seus direitos como o primeiro dever, e em quase todos os artigos era-lhes lembrado o Doador mediante o preceito de fazer-Lhe devoluções. Exigia-se-lhes que pagassem o resgate dos primogênitos, das primícias dos rebanhos e das colheitas. Cumpria-lhes deixar os cantos de suas searas para os destituídos de
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bens. Qualquer coisa que lhes caísse das mãos ao fazerem a sega, era deixado para os pobres e a cada sete anos, as terras deviam ser deixadas livres, ficando para os necessitados o que elas produzissem espontaneamente. Além disso havia as ofertas sacrificais, ofertas por ofensas, ofertas pelo pecado, e a remissão , a cada sete anos, de todas as dívidas. Havia também numerosas despesas com hospitalidades e dádivas aos pobres, e havia imposto sobre suas propriedades. A determinados períodos, a fim de conservar a integridade da lei, o povo era entrevistado quanto a sua fidelidade no cumprimento dos votos que haviam feito. Uma conscienciosa minoria devolvia a Deus cerca de um terço de toda a sua renda para benefício dos interesses religiosos e dos pobres. Essas exigências não se limitavam a uma classe particular do povo, tocavam a todos, sendo proporcionais às posses da pessoa. Além de todos esses donativos sistemáticos e regulares, havia objetivos especias que pediam ofertas voluntárias, como para o tabernáculo construído no deserto, e o templo erigido em Jerusalém. Esses pedidos vinham de Deus até o povo e tanto serviram para a manutenção de Seu serviço, quanto para o próprio bem deles” (TS, Vol. I, págs. 545, 545).
NOSSA OBRA NECESSITA DEZ PARTES MAIS “De todas nossas entradas devemos primeiro dar a Deus o que é Seu. No sistema de Benevolência ordenado aos judeus, requeria-se-lhes que trouxessem ao Senhor as primícias de todos os seus dons, quer fosse no aumento de seus rebanhos, ou no produto de seus campos, hortas e vinhas; ou então deviam redimi-lo substituindo-o por um equivalente. Quão mudada é a ordem das coisas em nossa época!
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Os requisitos e as exigências do Senhor não recebem nenhuma
atenção, ficam por último. No entanto, nossa obra necessita dez vezes mais de recursos agora do que o necessitado pelos judeus. A grande comissão dada aos apóstolos foi de ir por todo o mundo e pregar o evangelho. Isto mostra a extensão da obra e o aumento da responsabilidade que descansa sobre os que seguem a Cristo em nossa época. Se a lei requeria dízimos e ofertas há milhares de anos, quanto mais essenciais são agora! Se, na economia judaica, tanto os ricos como os pobres haviam de dar quantidades proporcionais aos bens que possuiam, isso agora é duplamente essencial.
“A maior parte dos que professam ser cristãos separam-se
de seus recursos de má vontade. Muitos deles não dão uma vigésima parte de suas entradas a Deus, e numerosos são os que dão ainda menos que isto; enquanto que há uma numerosa classe que rouba à Deus o pouco dízimo que Lhe pertence, e outros que dão somente o dízimo. Se todos os dízimos de nosso povo fluíssem à tesouraria do Senhor como deveriam, seriam recebidas tantas bênçãos que os dons e ofertas para os propósitos sagrados ficariam multiplicados dez vezes e assim se manteria aberto o conduto entre Deus e o homem. Os que seguem a Cristo não devem aguardar para obrar até que os despertem os comovedores apelos de cada semana, sejam poucos ou muitos, a voz de Deus e da consciência que, com autoridade, lhes exige as ofertas e os dízimos devidos ao Senhor” (TS, Vol. 3; págs. 344-345). Existem documentos que indicam que por volta de 1880 era da compreensão geral que tais fundos procediam dos dízimos e deviam ser dedicados exclusivamente (ou quase exclusivamente) para o sustento do ministério evangélico. Notemos o que diz Tiago White:
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“O dízimo é do Senhor – desde a queda do homem tem sido
necessário que haja homens que se dediquem inteiramente ao serviço de Deus. Baseado nesse princípio vê-se que o Senhor ensinou a Seu povo dedicar uma décima parte para o sustento de Seus ministros” (Review and Herald, 15 de janeiro de 1880). Em 1880, algumas igrejas deviam estar retirando dos fundos de dízimos para os gastos da igreja; pelo menos isto se deduz de um voto de 6 de outubro, na Comissão Diretiva da Associação Geral:
“Votado, que nenhuma igreja dedique parte alguma do dízi-
mo à edificação ou reparação de sua igreja, sem o livre consentimento da Mesa da Associação” (Review and Herald, 14 de outubro de 1880).
A Igreja ia tateando no caminho. Embora fosse compreensão
geral que os fundos de dízimos deveriam ser reservados para o ministério do evangelho, as demandas de uma obra crescente com recursos cada vez maiores levaram-na a uma posição mais liberal, que foi defendida pelo presidente da Associação Geral. Não há melhor forma para que isto fique claro do que citar o panfleto de George I Butler que não tem data, mas pelo que se pode deduzir foi publicado em 1884:
“Antes de 1878 tentamos levar a cabo um plano chamado
‘Benevolência Sistemática’. Cada pessoa estimava o valor de seus bens, considerando os dez por cento dos mesmos como suas entradas e, por sua vez, os dez por cento destas como dízimo que devia pagar sobre seus bens. Além disso eram realizadas doações semanais pessoais. Isto era, tal como o implica seu nome, Benevolência Sistemática; mas estava
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longe de ser o mesmo que um dízimo bíblico. O dízimo não é uma benevolência. Não é algo nosso que possamos dar, pois sempre pertenceu ao Senhor. O tema do dízimo foi levado ante a Associação Geral em outubro de 1878 e foi nomeada uma comissão composta de cinco pessoas para preparar um trabalho a respeito. Em geral nosso povo ceitou o princípio do dízimo e, desde então, o tem praticado até certo ponto. Mas nova luz foi iluminando o tema ano após ano. A obra A Honra devida a Deus’, editada pela Pacific Press, deu muita luz sobre o tema até então não publicado” (G. I. Butler, An Examination of the Tithing System from a Bible Standpoint [Um Exame sobre o Sistema do Dízimo desde o Ponto de Vista Bíblico], pág. 69). Nas páginas 71 e 72 o pastor Butler aborda o uso do dízimo: “Os assuntos na causa estão tomando um novo rumo. Aparecem mais e mais demandas no ramo de obreiros, e certamente é chegado o tempo em que devemos ser honestos com Deus e dar o que Lhe pertence.” Então, ao indicar a causa dessa necessidade fez a seguinte declaração:
“Até poucos anos, o dízimo era quase totalmente para o sus-
tento dos ministros do evangelho, aqueles que pregam do púlpito. De certo modo, parecia ser universalmente entendido que ninguém mais tinha direito a nenhuma parte do dízimo. No entanto, mais recentemente tornou-se costume pagar com o dízimo aos diretores departamentais de ação missionária, e nossas comissões de salários tem estabelecido para isso igual tratamento que para os ministros.
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Em numerosos casos, tem sido necessária muita argumentação para chegar a isto. Durante os últimos dois anos, outro tipo de obreiro tem trabalhado na causa, e se tem feito a seguinte pergunta: como se deve pagá-lo? Referimo-nos aos colportores e aos missionários de diferentes categorias que trabalham no campo ou na cidade. Em muitos casos foram pagos com dinheiro de dízimos. Mas em várias oportunidades tem sido uma carga pesada para a tesouraria e devido a isso, às vezes o ministério não tem recebido um sustento razoável. O assunto seguiu adiante em forma tão impetuosa que teve que ser enfrentado e tomada uma determinação. Muitos podem trabalhar efetivamente na obra missionária como colportores, obreiros ou como os que pregam do púlpito. Sem dúvida, muitos colportarão e pagarão seus gastos com os lucros das vendas, mas muitos cujos trabalhos são necessários para levar adiante a verdade, não podem ser sustentados dessa maneira. Como serão sustentados? Depois de haver refletido muito a respeito, temos esclarecido o assunto em nossa própria mente. Cremos que o dízimo é designado por Deus para a manutenção, chegue até onde chegue, de todos os obreiros que são chamados pela causa de Deus para dar seu tempo a esta obra. Não conhecemos outro sistema especial para este propósito” (G. I. Butler, An Examination of the Tithing System from a Bible Standpoint [Um Exame sobre o Sistema do Dízimo do Ponto de Vista Bíblico], págs. 71-72).
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É valioso notar que os professores de escolas adventistas não estão mencionados. Não tínhamos nenhuma naquela época. Um assunto que poderia ser investigado é até que ponto as opiniões, tais como foram expressadas pelo pastor Butler, foram incorporadas ao livro de regulamentos da Igreja. O escritor não tem tal informação. Os registros aclaram que em meados do ano 1890, o Senhor, por meio de Sua mensageira, deu diretivas específicas apelando por uma regulamentação estrita em relação ao uso do dízimo. A seguir apresentaremos evidências disto tem um comunicado publicado pela Associação Geral (“Special Testimonies to Ministers and Workers” Testemunhos Especiais para Ministros e Obreiros, nº 10, folheto de 39 páginas publicado em 21 de maio de 1997): Cooranbong, NSW, 14 de março de 1897.
“Tem-me chegado cartas de Oakland e Battle Creek, com
perguntas quanto ao uso que se deve fazer do dízimo. Os escritores supunham que estavam autorizados a usar o dízimo para fazer frente aos gastos da igreja, pois estes gastos eram muito pesados. Pelo que me foi mostrado, o dízimo não deve ser retirado da tesouraria. Cada centavo deste dinheiro é propriedade do tesouro sagrado do Senhor, para ser aplicado para uso especial.
Houve uma época em que era muito pouco o trabalho mis-
sionário que se fazia e o dízimo se acumulava. Em alguns casos, era usado para fins semelhantes aos propostos agora. Quando o povo de Deus sentiu um despertar pela obra missionária em missões locais
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e estrangeiras, e viu a necessidade de enviar missionários a todas as partes do mundo, aqueles que manejavam os interesses sagrados deveriam haver tido um discernimento claro e santificado para compreender como deviam aplicar-se os meios. Quando se vê ministros trabalharem sem dinheiro para sustentar-se e a tesouraia vazia, então os recursos devem ser guardados zelosamente. Não se deve retirar dela nem um centavo. Os ministros têm tanto direito a seu salário como os obreiros empregados nos escritórios da Review and Herald e os obreiros da Pacific Press Publishing House. Tem-se cometido um grande roubo com os escassos salários pagos a alguns obreiros. Se eles dão seu tempo, reflexão e trabalho ao serviço do Mestre, deveriam ter salários suficientes para prover a sua família de alimentos e roupa.
A luz que o Senhor me tem dado sobre este tema, é que o di-
nheiro da tesouraria para a manutenção dos ministros nos diferentes campos não deve ser usado para outros propósitos. Se fosse pago um dízimo honesto, e se o dinheiro que entra à tesouraria fosse guardado cuidadosamente, os ministros receberiam um salário justo [...]. O ministro que trabalha deve ser mantido. Mas, apesar disto, os que estão oficiando nesta tarefa veem que não há dinheiro na tesouraria para pagar aos ministros. Estão retirando os dízimos para outros gastos – para suprir as necessidades da casa de reuniões ou alguma obra de caridade. Deus não é glorificado com um trabalho tal [...]. As pessoas devem trazer donativos e ofertas, pois têm o privilégio de ter casas de culto. Que o trabalho de casa em casa seja feito, apresentando às famílias de Battle Creek e Oakland o dever que elas têm de fazer frente
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a estes gastos, que podem ser chamados comuns ou seculares, e não permitir que a tesouraria seja roubada” (Special Testimonies, Série A, nº 10, publicado pela Mesa da Associação Geral, 21 de maio de 1897, págs. 16-19). Embora tenha deixado claro que as igrejas bem estabelecidas como a de Oakland e a de Battle Creek não deviam usar os fundos de dízimos para gastos de igreja, ao mesmo tempo ela reconheceu (1897) que havia casos excepcionais onde os fundos podiam ser usados para a construção de igrejas.
“Há casos excepcionais em que a pobreza é tão grande que
a fim de assegurar o lugar mais humilde de culto pode ser necessário lançar mão dos dízimos. Mas esse lugar não é nem Battle Creek nem Oakland. Que os que se reúnem para adorar a Deus considerem a negociação própria e o sacrifício de Jesus Cristo. Que aqueles irmãos que professam ser filhos de Deus, estudem como podem negar-se a si mesmos, como podem separar-se de alguns de seus ídolos e economizar cuidadosamente em cada linha. Em cada casa deveria haver uma caixa para fundos de igreja, para que sejam usados para as necessidades da igreja [...].
Que aos que lhes forem confiadas responsabilidades não
permitam que o dinheiro ordenado por Deus para manutenção dos ministros no campo de labor, seja roubado para suprir os gastos em que se há incorrido para manter em ordem e fazer cômoda a casa de Deus. Milhares e milhares de dólares tem sido tomados dos dízimos e usados para estes fins. Isto não deveria haver sido feito. As dádivas e as ofertas que têm custado alguma negação pessoal são as que devem
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ser recolhidas. Deveria instituir um fundo separado em cada lugar onde haja uma igreja para custear os gastos que todo membro deve partilhar de acordo com a sua capacidade” (Manuscrito 24, 1897). Esta mensagem produziu um intercâmbio de correspondência. C. H. Jones de Oakland, escreveu imediatamente a Ellen G. White dizendo que a igreja de Oakland não estava usando fundos de dízimos para gastos de igreja. A Sra. Ellen White, em resposta, escreveu extensamente a respeito em 27 de maio de 1897 e de novo insistiu na importância de reservar o fundo de dízimos para o propósito específico para o qual foi designado. Com relação a isto, ela declarou o seguinte: “Se há superávit de dízimos na tesouraria, há muitos lugares onde pode ser usado estritamente dentro dos ramos de tarefas indicadas.” (Carta 81, 1897. Esta carta foi tirada da cópia de um documento intitulado “O Uso do Dízimo”, págs. 12-15).
Houve uma discussão sobre este assunto em uma Mesa da
Associação Geral de 13 de outubro de 1896, nas reuniões de outono. Citamos das Atas:
“O pastor Breed pediu conselho em relação ao que devia
dizer-se às igrejas com respeito ao uso do dízimo em gastos e pagamento de dívidas da igreja. Demonstrou-se que, embora fosse um costume bastante geral de nossas igrejas manter os dízimos dentro dos canais regulares – o sustento do ministério – em alguns casos, especialmente em duas ou três das igrejas maiores da denominação, a prática usual com respeito a isto não era seguida. Os membros da Mesa expressaram pesar por esta situação e sugeriram que fossem tomadas medidas para remediar o mal
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tão logo fosse possível” (Atas da Mesa da Associação Geral, 13 de outubro de 1896). No ano seguinte Ellen G. White expôs novamente o problema de tal maneira que não deixou lugar a dúvidas:
“Os ministros de Deus são seus pastores, nomeados por Ele
para alimentar a seu rebanho. O dízimo é a provisão designada por Ele para a manutenção deles, e Ele determina que deve ser conservado sagradamente para este propósito” (Manuscrito, 139, 1898). Novamente, seis anos mais tarde reforçou este ponto:
“O dízimo deve ser usado para um propósito - o sustento dos
ministros que o Senhor tem nomeado para fazer Seu trabalho. Deve ser usado para sustentar os que falam as palavras de vida às pessoas e levam as cargas do rebanho de Deus [...]”. Está se fazendo cada vez mais comum a ideia de que a disposição sagrada do dízimo não existe mais. Muitos têm perdido o sentido do que requer o Senhor” (Manuscrito, 82, 1904).
O DESVIO DOS DÍZIMOS Em muitas de suas últimas declarações relacionadas ao uso do dízimo, Ellen G. White fala de como os fundos têm sido desviados para outras áreas para as quais os dízimos não devem ser dedicados, isto é, o sustento do ministério.
Ao ler os primeiros relatórios, encontramos que em 4 de maio
de 1898, uma Mesa da Associação Geral – reuniu os pastores Irwin, Jones, Evans Y Moon, quando o Dr. J. Kellog persuadiu-os a definir que fosse permitido que o dízimo pago pelos obreiros do Sanatório
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fosse dedicado, sob a direção da Associação Médico Missinária, ao sustento de obreiros e enfermeiras praparados para levar adiante a luz dos princípios da reforma pró-saúde nas diversas associações. Isto significava que ou os dízimos iriam diretamente do Sanatório ao campo, ou se devia ser pago à Associação Geral, e esta por sua vez, proporcionaria uma quantidade igual para este tipo de trabalho. Em 27 de março de 1900, a Associação Médico Missionária e de Benevolência enviou um relatório à Mesa da Associação Geral, que proporcionava “um detalhe de contas dos recibos e desembolsos dos dízimos da família do Sanatório, desde 25 de maio de 1898 até 31 de dezembro de 1899”. Junto com isto ia uma cópia da Ata de autorização de 4 de maio de 1898. Em 4 de abril de 1900, foi exposto o problema de ser ou não correto o procedimento aprovado em 4 de maio de 1898 e foi nomeada uma comissão para que desse uma recomendação quanto ao curso a seguir. A comissão apresentou seu relatório em 6 de abril de 1904, tomando a posição de que “eles não se sentiam livres para fazer uma recomendação definitiva neste momento”. E é muito interessante que, “por comum consentimento, a comissão julgou prudente que as coisas seguissem como estavam”. Aparentemente, não estavam preparados para discutir sobre isto com o Dr. Kellog.
Há um relatório que indica que, quando o irmão Semmens
foi enviado à Austrália como médico missionário, parte de seu salário provinha do dízimo proporcionado pela família do Sanatório de Battle Creek. No entanto, o sentimento geral refletido em vários e diversos
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documentos, indica que a igreja comumente entendia que o dízimo estava reservado especialmente para o ministério.
PRIMEIRA MEDIDA DA MESA DA ASSOCIAÇÃO GERAL SOBRE O USO DOS DÍZIMOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IGREJAS Na reunião de 28 de dezembro de 1889, à qual assistiram O. A. Olsen, W. C. White, R. M. Kilgore, E. W. Farnasworth e A. T. Jones, a Mesa da Associação Geral tomou a seguinte medida:
“Foi lida uma carta da irmã Gillett, de Graysville, Tennessee,
na qual solicitava que lhe permitisse reter seus dízimos durante um ano para ajudar na construção de uma capela. Depois de proposto, foi votado que a opinião desta Mesa sob nenhuma circunstância apoia a retenção de dízimos para tais propósitos. Segundo, que prometemos aos irmãos de Graysville um donativo para ajudar na construção de uma capela” (Atas da Mesa da Associação Geral, 28 de dezembro de 1889).
DÍZIMO PARA OS QUE TRABALHAM EM PALAVRA E DOUTRINA No final de 1890, Ellen G. White falou, em diversas ocasiões, acerca da remuneração da mulher que realiza trabalho evangelístico, quer seja na escrivaninha sagrada ou levando a mensagem de porta em porta:
“Grande é a obra a ser feita no mundo, e todo talento deve
ser empregado em harmonia com os retos princípios. Se uma mulher for designada pelo Senhor para fazer determinada obra, seu trabalho
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deve ser estimado segundo o seu valor. Todo o que trabalha deve receber o que lhe é devido, seja homem, seja muher. Os que trabalham diligente e abnegadamente, sejam eles homens ou mulheres, trazem molhos para o Mestre; e as pessoas convertidas por seus labores trarão seus dízimos ao tesouro” (EV, pág. 491). No ano seguinte, ela declarou:
“O dízimo deve ser para os que trabalham na Palavra e na
doutrina, sejam eles homens ou mulheres” (EV, 492, apud Manuscrito 149, 1899). No final de 1900, ao sair da imprensa o volume 6 de “Testimonies for the Church” (Testemunhos para a Igreja), o Espírito de Profecia apresentava vários apelos enérgicos em relação a extensão da obra e a necessidade de que fosse sustentada pelos dízimos. No capítulo A Administração das Escolas, ela declarou:
“Nossas Associações olham para as escolas em busca de
obreiros educados e bem preparados, e deviam dar-lhes, a essas escolas, um apoio mais caloroso e inteligente. Tem sido comunicada positiva luz para que os que ministram em nossas escolas ensinando a Palavra de Deus, explicando as Escrituras, educando os alunos nas coisas divinas, sejam sustentados com o dinheiro do dízimo. Estas instruções foram dadas há muito tempo, e mais recentemente têm sido aqui e ali repetidas” (TS, Vol. 2, pág. 473). Um capítulo completo intitulado “Dar a Deus o que Lhe Pertence”, foi dedicado a dízimos e ofertas, enfatizando energicamente nossa responsabilidade de sustentar com o dízimo os que levam a mensagem de salvação ao mundo:
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“Ele deposita Seus tesouros nas mãos dos homens, porém
requer deles que separem fielmente a décima parte para a Sua obra. Ordena que essa porção seja recolhida à casa do Seu tesouro. Há de ser-Lhe devolvida como propriedade Sua; é sagrada e deve empregar-se para fins sagrados, para o sustento dos que hão de proclamar a mensagem de salvação em todas as partes do mundo. Deus Se reserva essa parte para que não faltem recursos em Sua casa, e a luz da verdade possa ser levada a todos os que estão distantes e os que estão perto. Pela obediência escrupulosa dessa ordem, reconhecemos que todas as coisas pertencem ao Senhor [...]. Pondo a mão sobre as propriedades dos homens, lhes diz: “Sou Senhor de todo o universo, e esses bens são Meus. O dízimo que haveis retido, o reservava para sustentar a Meus servos em sua obra de explicar as Escrituras aos que moram em regiões escuras e não conhecem Minha lei. Empregando o Meu fundo de reserva para satisfazer vossos próprios desejos, roubastes às pessoas a luz que Eu lhes destinei. Dei-vos uma oportunidade, mas vós a rejeitastes. Tendes-Me roubado a Mim, subtraindo as Minhas reservas. Por isto, ‘com maldição sois amaldiçoados. (Malaquias 3:9) (TS, Vol. 3, págs. 37-38). E em seu pedido de “ajuda para os campos missionários”, especificou que o dízimo devia ser usado na obra missionária:
“Toda pessoa que se converte à verdade deveria ser instruída
acerca do que o Senhor requer quanto a dízimos e ofertas. Ao levantarem-se igrejas, é necessário tomar conta decididamente desta tarefa e levá-la avante com o espírito de Cristo. Tudo o que o homem desfruta, recebe da grande firma do Senhor, e Ele se compraz em que Seus
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herdeiros desfrutem de seus bens; mas todo aquele que permanece sob a bandeira imaculada do príncipe Emanuel, deve conhecer sua dependência de Deus e sua responsabilidade para com Ele devolvendo à tesouraria, certa parte como Sua própria. Isto deve ser invertido em trabalho missionário, no cumprimento da comissão dada pelo Filho de Deus a Seus discípulos” (Testimonies, Vol. 6 pág. 447).
A década que precedeu à publicação do volume 6 dos Tes-
timonies havia registrado uma importante expansão em nossa obra educativa.
Foram abertos colégios em Lincoln, Nebrasca, Walla Walla,
Washington e Cooranbong, Austrália. E é no volume 6 que encontramos a primeira e clara declaração quanto ao pagamento de professores de Bíblia com dinheiro procedente dos dízimos:
“O que houver de melhor no talento ministerial deve ser
usado no ensino de Bíblia em nossas escolas. Os que são escolhidos para essa obra, precisam ser acurados estudantes da Bíblia, e possuidores de profunda experiência cristã, sendo seu salário pago do fundo do dízimo” (TS, Vol. 2, pág. 415). Depois, no ano de 1890 encontramos conceitos mais claros em relação ao uso do dízimo:
“O dinheiro da tesouraria destinado ao sustento dos minis-
tros dos diferentes campos, não deve ser usado em nenhum outro propósito” (Special Testimonies, Séries A, 10, [1897]. Ver pág. 16 deste documento).
“[...] e a Ele entregue como propriedade Sua [...] para o sus-
tento dos que levam a Sua mensagem ao mundo” (TS, Vol. 3 pág. 37).
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Os professores de Bíblia representam os “possuidores de profunda experiência cristã, sendo seu salário pago do fundo do dízimo” (TS, Vol. 2, pág. 415).
A ênfase era então de que cada membro da Igreja continuasse
em uma mordomia fiel. “Se todos devolvessem fielmente seus dízimos e devotassem ao Senhor as primícias de seus proventos, não escasseariam os fundos para a Sua obra. Mas a lei de Deus deixou de ser respeitada ou obedecida, e daí a premente necessidade que a caracteriza” (TS, Vol. 3 pág. 36). No que se refere ao cuidado que se deve ter com o uso do dízimo se faz mais proeminente e teve que ser intensificado na década seguinte, década de expansão sem precedentes na obra da Igreja. Nessa época, na Escola Sabatina, recolhiam-se ofertas sobre bases regulares. A primeira foi em 1878 – o ano em que foi revisado o plano de dízimos – e foi utilizado para gastos locais da Escola Sabatina. Em 1885, as escolas sabatinas deram suas primeiras ofertas às missões. Em 1889 e 1890 as escolas sabatinas proporcionaram fundos para a construção de Pitcairn. Em 1904, a maioria das ofertas da Escola Sabatina era destinadas às missões estrangeiras.
OS DÍZIMOS E O SUSTENTO DAS ESCOLAS Foi nesta situação, e ao começar o novo século, que avançamos seriamente na obra de escolas adventistas. Houve várias sugestões e se estabeleceram discussões quanto a como este ramo de trabalho devia ser sustentado. Em 29 de julho de 1901, Ellen G. White escreveu:
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“O Senhor deseja que em todas partes, as igrejas desem-
penhem com maior diligência a obra de escolas adventistas, dando liberalmente para sustentar aos professores. Foi feita a seguinte pergunta: Não se poderia usar um segundo dízimo para o sustento do trabalho da escola adventista?” Não poderia ser usado para um propósito melhor” (Manuscrito 67, 1901). Em 29 de outubro de 1901, a Mesa da Associação Geral tomou um voto sobre o segundo dízimo, no qual se dispunha que certos fundos do segundo dízimo fossem devolvidos à União do Pacífico, mas sem especificar o uso. Quando o colégio de São Fernando foi aberto, em torno do ano 1904, foi proposto que a instituição fosse sustentada com o segundo dízimo. Por essa época, a Associação do Sul da Califórnia publicou dois panfletos: um, “O Segundo Dízimo, seu Fundamento Bíblico e seu Uso Legítimo”, escrito por R. S. Owen; e o outro, “O Segundo Dízimo”, Escrito por Clarence Santee e R. S. Owen. Mas, Ellen G. White escreveu em 27 de abril de 1904:
“Não vejo qual é o critério usado ao fazer depender a escola
do segundo dízimo para enfrentar tantos de seus gastos. Temo que se os irmãos confiem tanto nisso, levantarão dificuldade. Vocês deveriam trabalhar pacientemente para desenvolver aquelas indústrias por meio das quais os estudantes poderão, parcialmente, pagar seus estudos. Que cada família procure pagar os gastos dos estudantes que envia à escola” (Carta 167, 1904. 1904, dirigida aos irmãos Santee Y Owen). Em 7 de abril de 1905, Ellen G. White escreveu a E. S. Ballenger, que estava relacionado com nossa obra escolar:
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“Em relação a obra educativa, tenho recebido instruções de
que o plano de não cobrar aos alunos nenhuma cota pelo ensino, dependendo do segundo dízimo para o sustento da escola, sempre deixará a esta em uma situação de apuros financeiros. A primeira vez que ouvi acerca deste movimento, pensei deixar que seguisse adiante, mas agora devo dizer-lhes que a luz que me tem sido dada é que deverão fazer outros planos diferentes ao de sustentar às escolas com o segundo dízimo. Deveria ser cobrado dos alunos uma soma razoável pelo ensino. Haverá muitos lugares onde o segundo dízimo poderá ser usado para realizar diligentemente uma nova obra missionária” (Carta 103, 1905). E depois, em 4 de outubro de 1905, Ellen White escreveu ao pastor Clarence Santee:
“Agora estamos lutando com a dívida do Colégio de San Fer-
nando. Se nosso povo se encarregasse seriamente da venda do livro Parábolas de Jesus, muito poderia ser feito. Os planos para o sustento deste Colégio não foram, no passado, feitos com sabedoria. Espero que ninguém se empenhe em fazer o mesmo e se cometam erros semelhantes” (Carta 279, 1905). No contexto desses tempos, Ellen G. White escreveu em 1904 uma declaração sobre “O Uso do Dízimo”, Manuscrito 82, 1904. Algumas porções do mesmo fazem parte dos conselhos que, eventualmente, foram publicados no volume 9 de Testimonies sob o título de “Mordomia Fiel”. A declaração completa de 1904 aparece no Apêndice C. Tem-se dado considerável atenção ao parágrafo das páginas 248-249 do volume 9 de Testimonies em relação ao uso do dízimo para “propósitos educativos e sustento de ‘colportores’”:
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“Há os que argumentam que o dízimo pode ser aplicado para
fins educativos. Outros argumentam que os colportores deveriam ser sustentados com o dízimo. Mas se comete um grande erro quando se desvia o dízimo do objetivo para o qual deve ser usado - o sustento dos ministros. Deveria haver hoje no campo cem obreiros bem qualificados onde agora há apenas um.”
História da declaração em questão: 1.
Ao preparar uma apresentação a ser realizada em San José, Califórnia,
em janeiro de 1907, em um simpósio sobre o “Sustento do Reino de Deus na Terra”, Ellen G. White incorporou o parágrafo na parte principal do manuscrito que leria. 2.
O artigo de Ellen G. White do simpósio foi concluído em 1909
em Testimonies, vol. 9, págs. 245-251, no capítulo “Mordomia Fiel”. Assim, pois, o parágrafo em questão aparece três vezes: 1904, 1907, 1909.
NENHUM ACONTECIMENTO ESPECIAL OU CRISE APARENTE, COMO RESPONSÁVEL PELO CONSELHO Foi levantada uma pergunta a respeito de uma possível crise em nossa obra educativa em 1904 ou 1905. Ou talvez, esta pode ter ocorrido no ministério da colportagem, o que levou Ellen G. White a escrever como o fez. Um exame bem cuidadoso das Atas da Associação Geral, das correspondências entre Ellen G. White e obreiros e dirigentes da
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igreja (além dos próprios arquivos de Ellen G. White), não revelam que houve uma situação especial de crise que a levava a escrever como o fez. O panfleto de Cutler em 1884 – no qual expressa sua convicção de que o dinheiro do dízimo deveria ajudar a sustentar o ministério da colportagem recentemente estabelecido – estava, no entanto, em circulação em 1904, o ano que foi escrita a declaração em questão.
Quanto ao pagamento dos colportores, os relatórios de 1901
a 1904 não fazem referência à sugestão de que os colportores deveriam ser pagos com o dinheiro procedente do dízimo. Estes fatos servem de apoio à hipótese de que a declaração de Ellen G. White concernente aos “interesses educativos” e a “colportagem”, aparece em termos gerais no contexto de uma declaração que abrange o dízimo e seu uso. Ela foi escrita a fim de salvaguardar o uso do dízimo, mas não como resposta a nenhuma situação particular de crise. Sempre se deveria ter em conta que o peso de muitas declarações de Ellen G. White em relação ao uso do dízimo e o desvio destes fundos é de que haja uma ampla quantia na tesouraria, a fim de pagar de forma adequada aos ministros e sustentar o forte impulso evangélico através de todo o mundo. Ela escreveu: “Deveria haver abundância na tesouraria do Senhor, e a haveria, se corações e mãos egoístas não houvessem feito uso do dízimo para sustentar outros ramos de trabalho. Os recursos reservados a Deus não devem ser usados de forma tão imprevista. O dízimo é do Senhor, e os que disponham dele
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serão castigados com a perda de seu tesouro celestial, a menos que se arrependam. Que a obra não seja limitada por mais tempo por se haver desviado o dízimo a outros canais, diferentes dos que o Senhor indicou. Deve-se fazer provisões para estes outros ramos de trabalho. Devem ser mantidos, mas não com o dízimo. Deus não mudou; o dízimo ainda deve ser usado para o sustento do ministério. O começo da obra em novos campos requer mais eficácia ministerial do que a que temos agora, e tem que haver fundos na tesouraria” (Testemonies, Vol. 9, págs. 249-250). Nota: Esta análise foi preparada para proporcionar uma correlação entre a história do desenvolvimento do sistema do dízimo, tal como foi seguida pelos Adventistas do Sétimo Dia e a compilação de 18 páginas sobre “O Uso do Dízimo”, apresentado em 1952 pelo Centro White a pedido da Associação Geral. (Centro White, Washington D.C, EUA, 14 de outubro de 1975).
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APÊNDICE C
O Uso do Dízimo Ellen G. White
“Tu pois ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido para o candeeiro, para fazer arder as lâmpadas continuamente” (Êxodo 27:20). Esta devia ser uma oferta contínua para que a casa de Deus pudesse estar devidamente provida do que era necessário para o serviço do Senhor. Hoje Seu povo deve recordar que a casa de culto é propriedade do Senhor, e que deve ser cuidada municiosamente. Mas os fundos para esta tarefa não devem provir do dízimo. O dízimo deve ser usado para um propósito – o sustento dos ministros que o Senhor tem nomeado para fazer Seu trabalho. Deve ser usado para sustentar os que falam as palavras de vida às pessoas e levam as cargas do rebanho de Deus. Mas há ministros que têm sido roubados de seus salários. Não tem sido respeitada a provisão que Deus fez para eles. Os que estão encarregados de nossos edifícios de igrejas devem receber o dinheiro necessário para manter tais edifícios em boas condições. Mas este dinheiro não deve sair dos dízimos.
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Foi-me dada uma mensagem bem clara e definida para que
a apresente a nosso povo. Foi ordenado que lhes diga que estão cometendo um erro ao aplicar o dízimo a várias coisas que, embora boas em si mesmas, não são o propósito para o qual o Senhor tem dito que deve ser usado o dízimo. Os que o usam desta maneira estão se distanciando do que foi designado pelo Senhor. Deus julgará estas coisas. Há os que argumentam que o dízimo pode ser aplicado para fins educativos. Outros argumentam que os colportores deveriam ser mantidos com o dinheiro procedente do dízimo. Mas comete-se um grave erro quando se desvia o dízimo do propósito para o qual deve ser usado – o sustento dos ministros. Deveria hoje haver no campo cem obreiros bem qualificados onde agora há somente um. Deus não pode olhar a condição atual com aprovação, mas com condenação. Sua tesouraria tem sido privada dos meios que deveriam ser usados para o sustento do ministério evangélico nos campos próximos e distantes. Os que proclamam a mensagem da verdade diante de grandes congregações e o fazem também de porta em porta, estão fazendo dupla tarefa missionária e em nenhum caso se deve cortar-lhes o salário. O uso do dízimo deve ser considerado por nosso povo como algo sagrado. Devemos cuidar-nos estritamente contra tudo o que se oponha à mensagem dada agora.
Há escassez de ministros porque os ministros não têm
recebido alento. Alguns que são enviados a terras estrangeiras para penetrar em campos que nunca antes foram penetrados, têm recebido
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a seguinte instrução: “Deveis vos manter a vós mesmos. Não temos meios para manter-vos”. Isto não deveria acontecer e não aconteria se o dízimo, as dádivas e as ofertas fossem entregues à tesouraria. Quando um homem entra no ministério deve ser pago o suficiente para manter a sua família com o dinheiro do dízimo. Não deve sentir que é um mendigo. Cada vez mais se está tornando comum a ideia de que a ordem sagrada do dízimo não existe mais. Muitos têm perdido o sentido do que o Senhor requer. O dízimo é sagrado, reservado para Si mesmo por Deus. Deve ser entregue à Sua tesouraria a fim de ser usado para sustentar aos obreiros evangélicos em seu trabalho. Por muito tempo, o Senhor tem sido roubado pelo fato de que há os que não compreendem que o dízimo é a parte reservada para Deus. Muitos ministros têm baixado ao túmulo pela tristeza, pela decepção e pelas penalidades que os consumiram por não haverem recebido o suficiente por seus trabalhos. Lembremos que Deus é um Deus de justiça e equidade. Deveria haver hoje muitos obreiros mais no campo. Mas os tais não se sentem alentados para trabalhar. Muitos obreiros têm descido à tumba de coração quebrantado porque ao envelhecer puderam ver que eram considerados uma carga. Mas se os houvesse retido na obra e se lhes houvesse dado um lugar fácil, com salário completo ou parcial, poderiam ter cumprido uma boa tarefa. Quando esses homens estavam na ativa faziam um duplo trabalho. Sentiam uma responsabilidade tão grande pelas pessoas que não desejavam ser aliviados do excesso de trabalho. As pesadas cargas suportadas encurtaram suas
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vidas. As viúvas destes ministros nunca deverão ser esquecidas. elo contrário, devem ser pagas com o dinheiro dos dízimos. Leia cuidadosamente o terceiro capítulo de Malaquias e veja o que diz Deus sobre o dízimo. Se nossas igrejas cumprissem com a palavra de Deus e fossem fiéis no pagamento dos dízimos à tesouraria do Senhor, seus obreiros se sentiriam alentados a empenhar-se no trabalho ministerial. Mais homens se entregariam ao ministério se não lhes fosse dito que a tesouraria está esgotada. Deveria haver abundância na tesouraria do Senhor, e a haveria se corações e mãos egoístas não houvessem feito uso do dízimo para sustentar outros ramos de trabalho. Os recursos reservados de Deus não devem ser usados em forma tão imprevista. O dízimo é do Senhor e os que dispõem dele, serão castigados com a perda de seu tesouro celestial, a menos que se arrependam. A obra não deve ser limitada por mais tempo porque o dízimo tem sido desviado a outros canais, diferentes dos indicados pelo Senhor. Deve-se fazer provisões para estes outros ramos de trabalho. Devem ser sustentados, mas não com o dízimo. Deus não tem mudado; o dízimo ainda deve ser usado para o sustento do ministério. O começo da obra em novos campos requer mais eficácia ministerial do que a que temos agora, e tem que haver fundos na tesouraria (Ms., 82, 1904).
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O PROPÓSITO DO AUTOR FOI RESPONDER DE FORMA PRÁTICA E CONCRETA A CENTO E DEZ PERGUNTAS, DAS MAIS COMUNS, SOBRE O DÍZIMO. UM LIVRO AO ALCANCE DA COMPREENSÃO DE TODAS AS PESSOAS, A FIM DE DESFAZER QUALQUER DÚVIDA SOBRE ESTE ASSUNTO TÃO IMPORTANTE DA MORDOMIA DOS BENS MATERIAIS. APROPRIADO PARA PASTORES, LÍDERES DE MORDOMIA E OFICIAIS DE IGREJA EM GERAL.