EU QUE FIZ POR FÁBIO CRAZY
Desde seu início, a filosofia da banda foi pautada sob a égide do anarquismo prático: no repertório, no palco, na entrevista, onde fosse! Não poderia ser diferente com o álbum de estreia, nascido no fluxo das leis de Murphy, produzido por Beto Villares, através do antropólogo Hermano Viana. Um registro de ensaio em que foram debu-lhadas com fúria, potência, cinismo e deboche, dez canções das quais muitas viraram hits clássicos: Maluco Regulão, Forró do Molambo, In Memoriam, Saint Chá. Apesar de cru e visceral, o álbum foi realizado com muito esmero e rigor, e havia uma enorme potência coletiva empurrando-o conosco para a existência: 72 www.revistarevestres.com.br
Foto: Alexander Galvão
E
ra 1998 no Brasil. Fernando Henrique era presidente em um governo de centro-direita. Em Teresina, o baculejo da polícia era tão violento quanto o de hoje, e um falso ostracismo cultural contrastava com iminentes manifestações artísticas cuspidas do underground da cidade. Somadas ao calor, cultivava perfeito ambiente para a eclosão do Narguilé Hidromecânico.
aqueles que estavam envolvidos diretamente na feitura do disco, e aqueles que acompanhavam os incendiários concertinhos de boteco. O álbum foi lançado pela Barulho Discos. Naquele mesmo ano, venderia no Nordeste mais do que o também recém lançado Sozinho, de Caetano Veloso. Um grande feito para uma banda de quatro punks delinquentes o que misturavam que fosse a uma música pautada por farras hedonistas, pulsões de vida e morte, confissões criminais, cultura canábica, amor livre, celebração do ócio poético, e, sobretudo, desprezo por tudo que fosse contra a liberdade.
FICHA TÉCNICA
Gravado ao vivo na Texto & Música, com estúdio móvel do projeto Música do Brasil, produzido por Beto Vilares Produção Executiva por Bernardo Paulo
Design Gráfico por Marleide Lins Fábio Crazy - vocal
Nando Chá - guitarra
Júnior B - baixo
Cláudio Hammer - bateria