Revista Elos . Junho - Julho de 2013

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Publicação bimestral da Associação Recriar | Ano 01 . nº10 . Junho – Julho 2013 Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | elos@igrejadorecreio.org.br

Ilha de Manhattan, NY, destroços do World Trade Center, tarde de 11 de setembro de 2001. Foto: JimMacMillan

Sylvio Macri

Limites constroem cidadãos

Wesley Cavalheiro

Gestão contemporânea

Isaltino Gomes

Felicidade não é suficiente



Uma publicação bimestral da Associação Recriar. É proibida a venda de exemplares. Distribuição gratuita e dirigida.

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Diretor executivo

Editor de conteúdo Utahy Caetano dos Santos Filho MTB 52730-080RJ utahysantos@gmail.com

Publicidade Carolina Carneiro carolina@igrejadorecreio.org.br

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Redação

. destaques

Carolina Carneiro; Marcelo Belchior Dhiego Almeida; Felipe Leão

Colaboraram nesta edição George Heinrichs; Paulo Moura; Edvar Gimenes Dercinei Figueiredo; Israel Belo de Azevedo Rafael Mattos; Josué Ebenézer; Josias Menezes Cacau de Brito; Silvino Netto; Lécio Dornas Sylvio Macri; Karolyne Reis; Isaltino Gomes Joel Leandro; Wesley Cavalheiro Ruth Honório; Paulo Pancote; Marcelly Neves Samuel Rodrigues; João Cardoso

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Conselho editorial Tamar Souza; Daladier Carlos; Carlos Novaes Adalberto Sousa; Lília Marianno

Projeto gráfico

destaques

Wander Ferreira Gomes wander@igrejadorecreio.org.br

Marcelo Belchior marcelo@igrejadorecreio.org.br

CTP e Gráfica Ediouro Gráfica e Editora 21. 3882.8230 | atendimento@ediouro.com.br

Tiragem 10.000 exemplares Distribuição dirigida aos moradores do Recreio, Barra da Tijuca e adjacências

O homem é o lobo do homem

32 . Megaigrejas

Informações

Paulo Pancote . Página 16

Lécio Dornas

Igreja do Recreio Rua Helena Manela, 101 . Recreio 21. 2437.3015 Ramais 220 a 222 elos@igrejadorecreio.org.br

05 . Empregados domésticos

40 . Cartão de Crédito

Ruth Maria Honório

Joel Leandro

O conteúdo e informações contidos nas matérias e artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores. É necessária prévia autorização, e devida citação do veículo, para reprodução total ou parcial do conteúdo.

14 . Metáfora do futebol

44 . Ginástica para o cérebro

João Cardoso

Samuel Rodrigues

23 . Humildade

46 . Leitura

Dercinei Figueiredo

Adalberto Sousa

28 . Adolescência e a família

48 . Mães que sofrem

Paulo Moura

Edvar Gimenes

As publicidades veiculadas nesta edição são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes.

Revista Elos | Edição 10 . Junho –Julho 2013 |

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Espertos

e trouxas

Utahy Santos

Editor de conteúdo . utahysantos@gmail.com

Em maio morreram dois expoentes da imprensa brasileira: Ruy Mesquita (21/5) e Roberto Civita (26/5).

editorial

editorial .

Mesquita criou o Jornal da Tarde. Diz a lenda que ganhou-o como um mimo de família. Isso é irrelevante. O vespertino conduzido por Mesquita era um jornal notável, brilhante. Na década de 80, lia-o diariamente. Era um jornal bonito, arejado e com conteúdo de primeira. Os textos eram analíticos e redigidos com apuro. O Jornal da Tarde acabou em 31/10/2012, longe do apogeu, mas foi influência marcante na imprensa brasileira. Civita foi o capitão da Abril, o cérebro por trás de VEJA. A revista, criada em 11/9/1968, durante alguns anos operou no vermelho, mas Civita acreditou em sua publicação e a manteve. Veja, hoje, é o maior semanário fora dos Estados Unidos. Outra característica que admiro em VEJA, e isso se deve a Civita, é a clareza de sua linha editorial. É conservadora, de direita. Lê a revista quem quer. As publicações impressas ainda são as de maior prestígio e credibilidade. Jornais como O Globo, Estadão, Folha de S.Paulo, El País e The New York Times investem pesado em internet, mas não descuidam de suas versões impressas. São estas, por enquanto, que contam. No futuro, talvez, a situação mude. Quem pode dizer, no entanto, quanto tempo levará para chegarmos ao futuro? Enquanto estamos no bom presente, aproveitemos para ler esta nova edição de ELOS, a de número 10. Desde o número anterior deixamos de ser uma revista mensal e passamos a circular bimestralmente. Estamos nos adaptando à nova periodicidade e cremos que a próxima ELOS chegará

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às mãos do leitor pronta. Este ainda é um número de transição. Estamos em transição, porém, os textos continuam de altíssima qualidade. “Talvez um dos mais terríveis aspectos que manifestamos seja a capacidade de cometer ações perversas e cruéis contra a nossa própria espécie, que têm sido impostas ao longo dos séculos.” O trecho é parte do texto de Paulo Pancote, “O homem é o lobo do homem”. Pancote analisa a terrível capacidade do homem de destruir seus semelhantes sem, aparentemente, aprender com os erros do passado. “Os novos direitos dos empregados domésticos”, escrito por Ruth Maria Honório, traz orientações sobre assunto que ainda está sendo discutido na imprensa. “Felicidade não é suficiente para mim!”, de Isaltino Gomes Coelho Filho discute o hedonismo da fé cristã. Seria o Evangelho garantia de vida alegre e feliz? Os três textos mencionados valem a revista, mas há mais. “O livro que não se acaba nunca de ler...”, de Josué Ebenezer, ressalta a importância da leitura da Bíblia. Uma vez dentro da igreja, tendo aceitado Jesus Cristo como Senhor e Salvador, o novo convertido deve debruçar-se sobre a Palavra de Deus. É bom para a vida cotidiana e uma garantia de que não será presa fácil de predadores religiosos. Minha vovó sempre dizia: “O que seria dos espertos se não existissem os trouxas”. Revistas como ELOS circulam por muitas razões, uma delas, sem dúvida, é deixar seus leitores menos ingênuos. Daqui a dois meses voltaremos. Deleite-se.

Morre jornalista

Agência Brasil

Ruy Mesquita,

diretor do ‘Estadão’ Daniel Mello Repórter da Agência Brasil Edição – Fábio Massalli

São Paulo – O jornalista e diretor do jornal O Estado de S. Paulo, Ruy Mesquita, morreu na noite de 21 de maio. Segundo nota publicada pelo jornal, Mesquita foi vítima de um câncer de base de língua, que foi diagnosticado em abril. Ele estava internado desde o último dia 25 no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Mesquita tinha 88 anos e desde a morte do irmão, Julio de Mesquita Neto, assumiu a autoria do editorial do jornal. Como jornalista, acompanhou momentos importantes da história do país e do mundo, como a chegada de Fidel Castro ao poder em Cuba durante a Revolução Cubana, na década de 50, e foi homenageado pelos irmãos Castro. Filho do jornalista Júlio de Mesquita Filho, Ruy Mesquita cursou a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), mas acabou trocando os estudos jurídicos pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Ele deixa a mulher, Laura Maria Sampaio Lara Mesquita; os filhos Ruy, Fernão, Rodrigo e João; 12 netos e um bisneto.


Twitter ganha

popularidade com adolescentes

Uma das razões para o aumento da popularidade do Twitter entre adolescentes é a fuga do Facebook, e do “drama” de serem seguidos pelos pais na página.

Agência Brasil

Dilma Rousseff alcançou essa posição depois de Hillary Clinton ter deixado a secretaria de Estado americana. Por dois anos seguidos, a presidente brasileira ocupou a terceira posição da lista. A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, aparece no 18º lugar do ranking da Forbes.

O ranking anual da revista Forbes aponta a presidente Dilma como a segunda mulher mais poderosa do mundo, atrás apenas da chanceler alemã Angela Merkel, que lidera pelo terceiro ano consecutivo.

A lista anual inclui mulheres influentes na política, negócios, imprensa, entretenimento, tecnologia e organizações sem fins lucrativos, classificadas por “fortuna, presença na mídia e impacto”, segundo a revista. Entre as empresárias da lista estão a CEO da Hewlett-Packard Meg Whitman (nº 15), assim como uma das principais diretoras do Facebook, Sheryl Sandberg (nº 6), e a CEO do Yahoo! Marissa Mayer (nº 32). (Jornal do Brasil)

Muro

O das Lamentações vai crescer Mulheres não podem rezar no Muro das Lamentações. A questão é controversa e divide a população. Israel busca solução que agrade as alas ortodoxas e liberais do judaísmo para incluir mulheres nas rezas. Mulheres judias ainda são detidas no local mais sagrado para o judaísmo, em Jerusalém, por realizarem práticas proibidas pelo rabinato ortodoxo, como entoar orações em voz alta e vestir indumentárias masculinas. Recentemente, dez mulheres foram detidas e, só mediante pagamento de fiança, liberadas.

. curta nota

Forbes: Dilma Rousseff é a segunda mulher mais poderosa do mundo

media.npr.org

Uma pesquisa revelou que 24% dos adolescentes estão usando o Twitter, em comparação a 16% ano passado. Porém, mesmo com o crescimento, o Facebook continua sendo o mais popular entre eles, uma vez que 77% dos adolescentes entrevistados disseram possuir uma conta na mídia social.

Outras razões foram citadas. Um dos adolescentes, de 14 anos, entrevistado, disse “o Facebook é muito divertido, mas é um lugar onde as pessoas não dizem o que realmente pensam”. Para outra adolescente, de 16 anos, há outras mídias sociais que dividem o público. Ela lembrou que, hoje, o Instagram é mais voltado para as fotos e que o Twitter é mais para as pessoas dizerem o que estão pensando. Já o Facebook traz as duas possibilidades – e que, por isso, compartilha-se um pouco de cada coisa.

curta nota

Ana Lis Soares . UOL

O Governo deve sugerir a ampliação do Muro e propor a divisão do espaço entre liberais e ortodoxos. Hoje, mulheres podem entoar rezas em voz alta numa área chamada Arco de Robinson, adjacente ao Muro sagrado. Arqueólogos e religiosos concordam que o Arco é continuação da mesma muralha de pedras milenares que forma o Muro das Lamentações. Se as facções do judaísmo da Terra Santa concordarem em ficar cada uma em seu quadrado, se resolverá um problema antigo. Sabemos, no entanto, que isso não acontecerá. Conservadores, reformistas e ortodoxos (que controlam a religião) continuarão se estranhando. Revista Elos | Edição 10 . Junho –Julho 2013 |

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Photopedia

Cuidado com os

piolhos Noruega busca homem com voz grave para afugentar

ursos polares BBCBrasil.com

curta nota

curta nota .

Um conjunto de ilhas na Noruega está buscando homens interessados em monitorar o aparecimento de ursos polares e afugentá-los aos gritos. Segundo os requerimentos da vaga, o candidato ideal precisa ter voz grave e poderosa. A oferta de trabalho foi anunciada pelo governador do arquipélago de Svalbard, no Ártico norueguês. Segundo ele, quem for contratado precisará estar atento a qualquer sinal de um urso polar. O objetivo é proteger os cientistas que desenvolvem pesquisas na região. Ao contrário de outras partes do mundo, as ilhas norueguesas vêm registrando um aumento do número de ursos polares. Estima-se que a região abrigue 3 mil ursos e apenas 2,4 mil habitantes. Dentro dos povoados, é raro alguém se deparar com o animal, mas a

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possibilidade aumenta em locais com menor presença humana. De acordo com o Instituto Polar Norueguês, os ursos polares, que pesam entre 400 e 600 quilos e alcançam velocidades de até 30 km/h, podem tornar-se perigosos. Em geral, os ursos polares não veem os humanos como alimento, embora sejam naturalmente curiosos e revirem tudo que esteja ao seu alcance em busca de comida. Mesmo assim, os noruegueses reforçam o alerta. “Um urso verdadeiramente faminto comerá o que for”, dizem as placas destinadas aos visitantes do arquipélago de Svalbard. Por essa razão, não causa surpresa que os cientistas que trabalham concentrados e em silêncio necessitem de alguém para monitorar a presença desses grandes animais. Os ursos polares são protegidos por lei na Noruega e só se admite feri-los em legítima defesa.

Saiu em O Globo: “A catadora de piolho Ana Paula Braga costuma dizer que o inseto foi a terceira praga do Egito e de lá para cá nada funcionou para exterminá-lo, por isso ela não usa remédios, cata a cabeça fio a fio e cobra R$ 70,00 por hora, atendendo em domicílio. Isso mesmo, catar piolhos virou uma ocupação, tamanho desespero e a falta de tempo dos pais que enfrentam a temporada de infestação nessa época do ano”. No frio fica todo mundo mais juntinho e aí mora o perigo. A garotada, solidária, troca piolhos, principalmente na escola, leva para casa e presenteia a família. A catadora Ana Paula dá uma dica de como evitar a reinfestação dos que conseguem liquidar a piolhada: “Tem que ir para a escola de cabelo preso. Notou que a amiga fica pressionando o lápis na cabeça, estilo pensando, fique longe porque o piolho está ali”. O artigo em O Globo relata o caso de um menino de 7 anos que passou nove meses com piolho. A mãe cortou o cabelo da criança, passou vinagre, xampus, alfazema e nada. Os antigos diziam que para acabar com piolho somente querosene e fogo... É brincadeira, por favor. A pediatra Samura Barreto informa em O Globo que o tratamento eficaz é catar os piolhos. Há substâncias que matam a maioria, mas não todos. Importante é a criança saber que ter um criadouro de piolhos na cabeça não está relacionado com falta de higiene.


Senadora Benedita da Silva, relatora da PEC dos trabalhadores domésticos, fala durante discussão da proposta sobre os novos direitos. Foto: José Cruz - Agência Brasil

Ruth Maria Honorio

Advogada . ruthmaria.honorio@facebook.com

Fui surpreendida pelo recente Estatuto da Igualdade ou a Lei das Empregadas Domésticas.

Assim como o trabalho de cuidar e administrar casa não é lá tão reconhecido pelos da casa, o trabalho dos empregados domésticos também. Sempre tido como aquele que não exige qualificação e de menor importância. Este quadro começou sua mudança quando nós mulheres saímos de casa para estudar e

O contrato de trabalho sempre admitiu a forma verbal, ou seja, para ser empregado de alguém basta um trato e era assim que acontecia com

os empregados domésticos, muitos trabalhavam sem carteira assinada. Muitas vezes até, a remuneração do trabalho se traduzia em comida e lugar para dormir. Essa informalidade levava o contrato de trabalho dos empregados domésticos a ser alterado rotineiramente: “Será que você pode sair mais tarde hoje?”; “Você pode me ajudar no almoço de domingo?” (hora extra); “A partir de hoje você não precisa mais trabalhar aos sábados” (mudança na jornada). E assim o contrato de trabalho mudava, sempre para pior, e isso não consistia obrigatoriamente em aumento da remuneração. A nova lei fez a sociedade refletir sobre o contrato de trabalho

. ruth maria

Recebi um telefonema de minha tia perguntando: “E aí, já decidiu como vai fazer com sua empregada? Minha filha já dispensou uma delas. A partir dessa pergunta, inúmeras outras surgiram em minha cabeça e, acredito, na sua também.

trabalhar. Nós sabemos o quanto elas nos fazem falta. Esta ideia de um trabalho “menor” ajudava a estender no tempo alguns desequilíbrios e injustiças nesta relação patroa e empregada doméstica, tendo a necessidade da intervenção do Estado para equilibrá-lo. Assim, direitos foram acrescidos tornando o empregado doméstico igual a qualquer outro trabalhador, contudo, necessitando ainda alguns ajustes, pois os empregadores não estavam acostumados a cumprirem tantas exigências.

ruth maria

novos direitos

Os dos empregados domésticos

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deste empregado imprescindível à administração mais tranquila da casa e à necessidade de se estabelecer, previamente, as regras desse serviço. Então vejamos o que mudou nesta relação patroa e empregada doméstica, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego: Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS devidamente anotada (data de admissão, salário ajustado e condições especiais, se houver). Recomendo ainda que seja feito um contrato para detalhamento do serviço, jornada de trabalho, horas extras e sua compensação (banco de horas ou pagamento etc).

Feriados civis e religiosos – Os trabalhadores domésticos passaram a ter direito aos feriados civis e religiosos, caso haja trabalho

ruth maria

ruth maria .

Salário-mínimo fixado em lei – Aqui, atenção para o salário mínimo estadual, no Rio de Janeiro este ano o valor é de R$803,52.

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em feriado civil ou religioso o empregador deve proceder com o pagamento do dia em dobro ou conceder uma folga compensatória em outro dia da semana.

admissão. Tal período, fixado a critério do(a) empregador(a), deverá ser concedido nos 12 meses subsequentes à data em que o(a) empregado (a) tiver adquirido o direito.

Irredutibilidade salarial – 13º salário – Esta gratificação é concedida anualmente, em duas parcelas. A primeira, entre os meses de fevereiro e novembro, no valor correspondente à metade do salário do mês anterior, e a segunda, até o dia 20 de dezembro, no valor da remuneração de dezembro, descontado o adiantamento feito. Se o(a) empregado(a) quiser receber o adiantamento, por ocasião das férias, deverá requerer no mês de janeiro do ano correspondente.

Férias proporcionais, no término do contrato de trabalho.

Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.

Vale-Transporte.

Férias de 30 dias – Remuneradas com pelo menos 1/3 a mais que o salário normal, após cada período de 12 meses de serviço prestado à mesma pessoa ou família, contado da data da

Estabilidade no emprego em razão da gravidez. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário. Licença-paternidade de 5 dias corridos. Auxílio-doença pago pelo INSS Aviso-prévio de, no mínimo, 30 dias. Aposentadoria. Aposentadoria por invalidez. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e seguro-desemprego ainda dependem de regulamentação. Faça a contratação sempre por escrito, isso resguarda tanto o empregador como o empregado. Reporterbrasil.org.br


Wallbeam.com

A manutenção das

brasileiras: imoralidade? Rafael Mattos

Professor, doutor em Saúde Coletiva . profmattos2010@gmail.com

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elabora periodicamente um “mapa de pobreza e desigualdade”. Na pesquisa de 2010 sobre os indicadores sociais municipais, constatou-se que 25% da população brasileira recebe até R$ 188,00 mensalmente. Certamente que diante desse contexto usamos expressões como “Isso é imoral” ou “Isso é antiético”. Assim, vou apresentar a você uma visão atual e objetiva da ética e da moral. Ciente disso, podemos tomar decisões mais adequadas e coerentes em nosso cotidiano. Aristóteles (384-322 a.C), pensador da antiguidade, afirmava que deveríamos compreender a ética para nos tornarmos pessoas melhores. Logo, a ética trata da ação humana.

Só o ser humano tem o cuidado de tomar uma boa decisão para agir fazendo distinção entre o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto. A ética não lida simplesmente com o agir, mas com o agir bem humano. Os animais não agem sob uma ética, mas conforme seus instintos e leis que a natureza determina. O que devo fazer? Como devo viver? O que torna uma ação correta? Que fins devemos buscar em nossas ações? Essas são perguntas que pertencem ao campo da ética. São questões que pertencem a nós seres humanos que saímos de casa para trabalhar, passear, enfim, lidar com outras pessoas em diversos locais. Como devo agir diante do meu filho? Qual é a ação correta a se tomar diante do meu chefe? Que finalidades devo buscar ao lidar com clientes no meu trabalho?

. rafael mattos

Um deputado federal no Brasil recebe salário de R$ 26.700,00. Além desse vencimento há uma verba para despesas no valor de R$ 38.600,00 e auxílio-moradia de R$ 2.800,00. Se fizermos o cálculo por deputado, ficaremos perplexos. Isso num país onde os níveis de pobreza, desnutrição, mortalidade infantil, fome e violência são extremamente elevados. Só na região Sudeste, temos quase 20% de população pobre, chegando a quase 50% no Nordeste.

rafael mattos

desigualdadessociais

A palavra “ética” é originada de ethos, palavra grega que significa hábito e de éthos, outro significante grego que significa “caráter” ou “costume”. A identidade entre os termos ética e moral foi atribuída em função da língua latina. Moral é oriunda do latim moeurs. O ethos que desenvolvemos é o produto da constante repetição dos mesmos atos; disposição habitual para Revista Elos | Edição 10 . Junho –Julho 2013 |

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rafael mattos

rafael mattos . 8

agir de uma certa maneira. Daí vem a ideia de virtude. As virtudes morais não surgem em nós por natureza. Como seres humanos precisamos ser educados para agir bem. O hábito de agir virtuosamente nos torna virtuosos. A formação de uma criança é fundamental para que se possa gerar nela um ethos virtuoso levando-a a praticar atos bons, justos e honestos. Por isso, ensinar a criança o caminho em que deve andar é agir de maneira eticamente responsável. Para Aristóteles, o agir bem, o agir virtuoso tem uma finalidade máxima que é a felicidade (eudaimonia, em grego). A felicidade é o fim último de nossas ações. Aristóteles nos ajuda a compreender que há uma totalidade na qual o ser humano está inscrito. O homem é gregário por natureza, ele não vive isolado. Deus cria a natureza e o homem é colocado nela para buscar a excelência, a plenitude, a felicidade. A vida moral é entendida como prática das virtudes tendo em vista um bem maior. O cristianismo é, em parte, aristotélico, porque considera que a felicidade só pode ser vivida em comunhão com outros seres humanos. Não há felicidade no isolamento e solidão. A felicidade depende de nossos atos em cada situação que se apresenta. Essa ideia de totalidade e função desaparece na Modernidade com o que chamamos de individualismo. A moralidade moderna é predominantemente deontológica e tem em Kant seu principal defensor. Kant é um pensador moderno, de origem protestante, que pensou a moral a partir de outro contexto social e histórico. Isto significa que a moral é fundamentada na noção de dever. Para Kant, todo ser humano deveria agir racionalmente, de maneira imparcial, para estar de acordo com a moral. Devo me perguntar como outro ser humano agiria no meu lugar e se todos os seres humanos agiriam assim. Se eu decido ser desonesto em meus negócios estou abrindo a possibilidade de

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que todos os seres humanos sejam desonestos em seus próprios negócios. Isso contribui para um mundo mais justo? Isso melhora a vida social? Quando agimos por dever dizemos que nossa ação é moral. Quando agimos de acordo com o dever nossa ação é legal. Ou seja, a moralidade é o cumprimento interno da lei moral, enquanto a legalidade é o cumprimento externo. Quando ensinamos aos nossos filhos que não devem mentir, ensinamos que a mentira é uma conduta errada, mesmo que ninguém saiba que é mentira. Nossas crianças precisam aprender a agir conforme uma máxima moral, isto é, conforme aquilo que pode ser universalizado na forma de lei moral: a) Não matarás; b) Não adulterarás; c) Não furtarás; d) Não cobiçarás; e) Não dirás falso testemunho. Uma vida de retidão moral não é um testemunho vivo de que somos pessoas comprometidas com o bem-estar do próximo e com a vida coletiva. Ao defender o que é correto e, sobretudo, fazê-lo, estamos contribuindo para minimizar injustiças. Uma das principais características da ética na concepção aristotélica é o caráter voluntário da ação. Ademais, a capacidade de escolher por certas razões, de preferir isso a aquilo, isto é, a capacidade de agir intencionalmente. Com Aristóteles, aprendemos que voluntariamente decidimos agir de forma certa ou errada. Somos responsáveis pelas nossas condutas. Com Kant aprendermos que ao deixar de cumprir o meu dever não estou apenas prejudicando o meu próximo ou a mim mesmo, mas a humanidade em geral. A minha conduta deve ser generalizada e universalizada de tal maneira que as pessoas possam olhar para mim como exemplo.


Como se fossem

forasteiros Israel Belo de Azevedo Pastor . israelbelo@gmail.com

O evangelho não tem futuro porque vivê-lo implica negar a submissão aos instintos, aos desejos e aos ideais próprios. O evangelho não tem futuro porque recomenda aos seus seguidores para serem os últimos da fila. O evangelho não tem futuro porque espera que seus adeptos carreguem suas cruzes. O evangelho não tem futuro porque, quando garante recompensa aos que são fiéis, promete-lhes também a perseguição.

. israel belo

O evangelho não tem futuro porque incomoda.

israel belo

Thidage.com

Assim mesmo, há homens e mulheres que não se dobram diante dos convites do seu tempo, que não se importam em não receber aplausos, que não lamentam em tomar suas cruzes (sejam missões para a alma ou espinhos na carne), que não temem a perseguição ou a rejeição, uma vez que seus olhos estão grudados no Autor de suas vidas. Estes homens não estão preocupados com os seus futuros, mas apenas em viver como embaixadores da paz.

Revista RevistaElos Elos||Edição Edição10 10..Junho Junho––Julho Julho 2013 |

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Livros

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enfrentado, desde o fim da Guerra Fria, as consequências dramáticas do antagonismo entre os interesses geopolíticos das grandes potências e os direitos e garantias mais básicos dos habitantes do planeta. Em parceria com Nader Mousavideh, seu ex-assessor e respeitado especialista em relações internacionais, o vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2001 expõe os bastidores do jogo geopolítico mundial por meio de uma interpretação lúcida e honesta dos acontecimentos históricos de que foi testemunha e protagonista.

Intervenções – Uma vida de guerra e paz Kofi Annan e Nader Mousavizadeh, Companhia das Letras Primeiro funcionário de carreira da ONU a ser eleito para o cargo de secretário-geral, primeiro africano negro a comandar a maior organização multilateral do mundo, à frente de um orçamento de 10 bilhões de dólares e de mais de 40 mil funcionários em diversos países, o ganense Kofi Annan dedicou a maior parte de sua vida à defesa da paz mundial e à promoção dos direitos humanos. Annan exerceu dois mandatos marcados por êxitos significativos na solução de conflitos armados e no combate ao desrespeito dos direitos humanos – mas também por lamentáveis fracassos como o genocídio em Ruanda (1998) e as “guerras contra o terror” deflagradas pelos atentados de 11 de setembro de 2001. Como ele mesmo avalia nestas aguardadas memórias, a ONU tem

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uma realidade que não parece muito promissora. Com o pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a aceitar revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida.

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Tom Jobim histórias de canções O lado bom da vida Matthew Quick, Intrínseca Pat Peoples, um ex-professor na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele “lugar ruim”, Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um “tempo separados”. Tentando recompor o quebra-cabeça de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar

Wagner Homem e Luiz Roberto Oliveira, Leya A história da música brasileira e da Bossa Nova passa pelo piano e o talento de Tom Jobim. Canções como Garota de Ipanema, Chega de Saudade, Retrato em Branco e Preto, Águas de Março e tantas outras, foram compostas por ele em parceria com célebres nomes, dentre os quais Newton Mendonça, Chico Buarque e Vinicius de Moraes. A trajetória de Tom Jobim é apresentada por meio de curiosidades sobre as músicas que o tornaram famoso e admirado em todo o mundo.


Devianart.com

Vazio Karolyne Reis

Há muito tempo um homem teve a oportunidade de ver de modo palpável e pela fé o sentimento de vazio, a falta de vida, de ânimo, de sensibilidade do coração, da esperança. Esse homem, que se chamava Ezequiel, viu montes de ossos que, pelo tempo que estavam expostos sem a proteção da carne, se tornaram ossos muito secos.

Os ossos secos precisaram se permitir ganhar vida. E nós só recebemos a vida, o ânimo, a esperança por meio da obediência e da fé no dono das nossas vidas: Deus. É preciso fugir da acomodação dos nossos erros e fazer nossa parte em tomar a iniciativa de se submeter, de se deixar ser moldado por Deus.

Passamos por fases em que nos sentimos inúteis. Não vemos sentido na vida e nem em nós. Nossos olhos se cegam para um sonho e a mente nos convence de que tudo é como se fosse um nada. Nos tornamos ossos secos, onde não há mais o fervor da vida.

Ter a vida que Deus tem para cada um de nós não é tarefa pra qualquer um, embora isso seja o sonho de Deus para todos. É difícil, doloroso. Essa nova vida não se limita em decorar versículos da Bíblia ou viver das emoções de um culto, de uma mensagem, de uma música. Para ter essa vida, é preciso ter confiança em Deus. E essa confiança não depende das nossas emoções ou sentimentos. Muitas vezes será uma escolha racional.

Mas, por meio desse fato, é como se Deus falasse para nós: “Eu posso te dar vida e vida de verdade! Eu

Alcançar a plenitude da vida é estar perto de Deus quando estamos bem ou mal. É confiar nas promessas dEle

sem impôr limites, condições, sem tentar manipulá-lo. É viver segundo Ele, para Ele, por Ele! Continuando com o direito de sonhar, de escolher, de querer, mas com a consciência de que, agora, não somos nós os nossos donos, mas sim Deus! Receber essa vida é sinônimo de ação e não de contemplação. Se essa vida nos foi dada, devemos compartilhála com quem ainda não teve esse privilégio. Um dos maiores erros que poderíamos cometer é ficar parado esperando que tudo venha de Deus, quando Ele nos dá o direito de tomar iniciativas com as ferramentas disponíveis dentro do plano dEle. Não somos capazes de sequer imaginar a imensidão do poder de Deus, mas o pouquíssimo que podemos é suficiente para saber que só Ele pode animar um coração abatido, dar esperança a quem tudo já perdeu. É somente Ele que nos faz enxergar a alegria que precisamos ter para nos sentirmos plenos, completos nEle. E estando completos nEle, não há mais vazio em nós porque recebemos vida, recebemos A vida, e vida em abundância!

. karolyne reis

Não há nada de mais em ver ossos secos. Mas vê-los ganhando vida é surreal para nós. E foi exatamente isso que Ezequiel viu. Deus o conduziu até um lugar com todos aqueles ossos e permitiu que Ezequiel presenciasse o ressurgimento da vida, onde todos os ossos ganharam tendões, carne, pele e espírito! Tudo isso pela fé… fé em Deus.

sei quais são seus medos, seus problemas, eu entendo a sua dor. Eu tenho a solução!” Para ossos secos, Deus dá um corpo, uma alma. Para nós, ele dá uma vida completa e plena, dá o Espírito.

karolyne reis

Estudante e técnico em turismo . contatokarolreis@hotmail.com

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Adolescente

não precisa de cadeia, Cacau de Brito

Advogado . cacaubri@terra.com.br

cacau de brito

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O Congresso Nacional está iniciando os estudos para promover mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente. São 12 projetos em tramitação, sendo que um deles foi apresentado recentemente pelo próprio Governador do Estado de São Paulo e logo uma comissão especial foi formada para apresentar propostas e o presidente é do mesmo estado e do mesmo partido do Governador. A grande mídia, propriedade das elites brasileiras, tenta nos convencer de que o Estatuto da Criança e do Adolescente favorece a impunidade. Palavras de ordem superficiais, daquelas que se usa em palanques e púlpitos vazios por este Brasil afora ajudam a formar a opinião pública, como por exemplo: “a sociedade tem o dever de reagir”, ou “precisamos responder com urgência ao desespero da sociedade brasileira”, “se a lei é muito paternalista e está induzindo o adolescente a cometer crimes, vamos mudar a Lei”. Ora, como resultado desta influência da mídia e, em meio à forte comoção popular face aos últimos atos de violência cometidos por adolescentes

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infratores, 93% da população se declara favorável ao endurecimento da Lei. Mas, será que o Estatuto da Criança e do Adolescente é assim tão bonzinho com os adolescentes infratores? Vejamos: A pena mais severa para crimes contra a vida é a internação (leiase, prisão) em regime fechado por três anos nestes “abrigos”, sob condições pouco divulgadas. Estes “abrigos” são, na verdade, depósitos de pessoas. Oprimem, violentam a dignidade do ser humano e em nada contribuem para a recuperação dos nossos adolescentes. Este tempo de privação da liberdade não é sinônimo de impunidade, é uma penalidade substancial. Apenas para comparar, um adulto que cometa um crime de assassinato simples pode até não ser penalizado com este tempo em regime fechado. Além destes anos de internação, o ECA ainda prevê que o adolescente pode passar para a semiliberdade e depois para a liberdade assistida, sempre acompanhado pelos agentes do Estado. Ora, tornar os adolescentes de 16 anos responsáveis penalmente só vai aumentar o número de

encarcerados nestas prisões desumanas e a violência não vai diminuir porque a sociedade vai continuar fabricando as condições para ela aumentar: concentração de renda, o não acesso ao lazer, à cultura, à moradia, à alimentação, à saúde e também à educação. Apesar de tantos avanços, ainda somos um dos países mais desiguais e onde faltam oportunidades para estes adolescentes se tornarem cidadãos de direito e de fato. Tem muita gente boa defendendo que as prisões devam mesmo ser superlotadas, fétidas, servindo comida estragada, que aos poucos vai matando o cidadão. Isto tem cheiro de pena de morte. Isto não é fazer justiça, mas é um ato de vingança. Já podemos antever as propostas que surgirão desta comissão especial do Congresso: internação de até 8 anos para adolescentes a partir dos 12 anos, internação compulsória no caso de doença mental por prazo indeterminado e a idade máxima para o interno deixar o sistema será de 26 anos. Parece que tem gente com saudade do Código de Menores de 1979! Lá já se previa internação dos 14 aos 21 anos, ou seja, 7 anos


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mais, não se muda uma legislação impulsionado pela emoção do que se assiste na TV. Mas, o que é mesmo o Estatuto da Criança e Adolescente? Um diploma legal repleto de civilidade e que surpreendeu o mundo à época de sua promulgação. Uma lei garantidora de direitos, que infelizmente o Estado brasileiro nunca conseguiu tornar realidade. O Brasil não precisa mudar a Lei, precisa cumpri-la. Se a Lei garante alimentação, saúde, educação, cultura e oportunidades de uma vida digna, então, que o Poder Público se organize para cumprir a sua parte. Se o adolescente recebe um tratamento diferenciado no Estatuto da Criança e do Adolescente é porque estamos falando de uma pessoa em formação. Ele sabe o que é certo e o que é errado? Claro que sabe, mas está em formação e precisa ter uma oportunidade de pensar nos seus erros e receber ajuda para acertar e dar um novo rumo para a sua vida. É muito fácil julgar uma pessoa a partir da infração cometida, do desatino, ou da ação violenta sob forte pressão das circunstâncias. Mas, por trás de cada número das

estatísticas da violência existe uma história, uma vida, um sobrevivente da exclusão, do abandono, da violência familiar e dos vícios. Em geral, são membros de famílias destroçadas, sofridas, famintas e sem qualquer visão de futuro. Se hoje a sociedade está querendo mandar para a cadeia seus adolescentes infratores como uma forma de vingança é porque já não tem mais esperança de que as famílias e o Poder Público consigam fazer a sua parte: acolher, educar, alimentar, dar saúde, diversão, emprego digno e oportunidades iguais para todos. A partir de uma visão pragmática, dá menos trabalho encher as prisões e esconder o problema real do que garantir direitos, distribuir renda, educar, alimentar e oferecer oportunidades. Vamos trocar o medo pela esperança e fazer nossa parte como igrejas e como discípulos de Jesus. Um dia, quem sabe, todos os adolescentes terão oportunidades de construir o seu futuro, protegidos, amparados, com educação e saúde de qualidade, assim como fazemos para nossos filhos e netos. Eu acredito! E por este sonho quero continuar lutando.

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em regime fechado! O número de adolescentes em instituições de correção triplicou em uma década: de 7.600, em 2002, passou para 22.000, em 2011, mas precisamos lembrar que apenas 1,3% destes adolescentes estão presos por crime contra a vida, a grande maioria está internada por tráfico de drogas, roubo e furto. Não devemos esquecer que o governador de São Paulo, ao apresentar mais um projeto de Lei que altere o Estatuto da Criança e do Adolescente o fez porque precisa de uma proposta qualquer para agradar seus eleitores e tentar interferir nos índices de violência que ele não consegue baixar e que podem prejudicá-lo nas eleições do próximo ano! Sim, prezado(a) leitor(a), o adolescente está falhando, mas antes a sua família, a escola e a sociedade também falharam. Somos um país com uma das piores distribuições de renda do Planeta, para ser mais específico, temos a décima pior distribuição de renda. Não adianta o Poder Público fazer leis cada vez mais duras para o cidadão, ou para os adolescentes, uma vez que o próprio Estado não cumpre a sua parte. Além do

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precisa de cidadania

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Metáfora do futebol João Cardoso

Empresário e Psicólogo . jvcnet@terra.com.br

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Era dia 20 de dezembro de 2000, eu estava na casa do meu cunhado Luís (português e obviamente vascaíno) assistindo à final da Copa Mercosul. Ao término do primeiro tempo, com o Vasco perdendo de 3 a 0, ele estava aflito, desesperado, impaciente... Desistiu e foi dormir. Eu fiquei até o final do jogo e pude presenciar a mais bela virada da história do futebol: Vasco 4x3 Palmeiras. Foi um jogo emblemático. Agora, imaginem o meu cunhado (e os vascaínos em geral), assistindo ao VT deste mesmo jogo, já sabendo o resultado, qual seria o comportamento dele? Ele ficaria aflito, desesperado, triste? Como ele reagiria revendo o primeiro tempo do jogo, a cada gol marcado pelo adversário, ganhando por três a zero? Ele desistiria ou permaneceria assistindo confiante, feliz, já sabendo que, ao final, a vitória estaria garantida? Desafio você, leitor, a se colocar

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no lugar do Luis ou imaginar uma situação vivida semelhantemente, onde o fato de ter alcançado a vitória no final fez com que as dificuldades passadas durante a batalha fossem atenuadas ou menosprezadas. O objetivo desta ilustração é nos lembrar que a nossa maior vitória já está garantida, a Palavra de Deus nos diz que somos mais que vencedores, portanto, vivamos em Paz e agradecidos por isto: “Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.37-39). Na Bíblia, Jesus nos diz também que, ainda que tenhamos tribulações, ele

nos garante a vitória: “Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (Jo 16.33). Você está vivendo uma situação difícil? Imagine-se como um vascaíno assistindo ao VT do primeiro tempo da final da Copa Sulamericana de 2000 (Vasco perdendo por 3 a 0) e já comemorando o resultado final (4 a 3). Passe a comemorar a sua vitória! Você só deve se preocupar caso ainda não faça parte do time de Jesus, pois ele já nos adiantou o placar final, para os que estão na sua equipe: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia” (Sl 37.5-6). Deus já nos disse o resultado final do nosso jogo da vida, comemore! Mesmo que aos seus olhos pareça impossível!


Agência Brasil

Dilma indica Luís Roberto Barroso para o Supremo Reprodução internet

O incentivo do Bolsa

Família Renan Truffi

Luana Lourenço e Débora Zampier Repórteres da Agência Brasil

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff indicou em 23 de maio o advogado constitucionalista Luís Roberto Barroso para o Supremo Tribunal Federal (STF). Barroso vai ocupar a vaga do ex-ministro Carlos Ayres Britto, que deixou o tribunal em novembro de 2012. O anúncio foi feito pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, após reunião entre Dilma e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O novo ministro do STF é professor de direito constitucional e procurador do estado do Rio de Janeiro. “O professor Luís Roberto Barroso cumpre todos os requisitos necessários para o exercício do mais elevado cargo da magistratura do país”, diz nota divulgada pela Presidência. A indicação de Barroso será encaminhada nas próximas horas ao Senado Federal, onde o futuro ministro passará por sabatina. Barroso é o quarto indicado por Dilma para o Supremo Tribunal Federal – os três primeiros indicados por ela foram os ministros Luiz Fux, Rosa Weber e Teori Zavascki.

Luís Roberto Barroso é natural de Vassouras (RJ) e se formou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ele advoga desde 1981 e é especialista em direito constitucional. Seu nome já havia sido cotado para o Supremo. Em diversos julgamentos, especialmente os ligados a temas socais, os ministros costumam fazer referência a suas ideias para fundamentar decisões. Barroso ganhou projeção nacional devido à atuação no Supremo em vários processos de repercussão. Ele defendeu o ex-ativista político italiano Cesare Battisti, as uniões estáveis homoafetivas, as pesquisas com células-tronco embrionárias, a interrupção da gestação de fetos anencéfalos e a proibição do nepotismo. Em todos esses casos, as teses de Barroso saíram vitoriosas.

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Os alunos do Norte e Nordeste que são beneficiários do programa Bolsa Família passam mais de ano do que o resto dos estudantes brasileiros no ensino médio, de acordo com dados divulgados pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello. No Norte e Nordeste, a taxa de aprovação é, respectivamente, 82,3% e 82,7%. Enquanto que no restante do Brasil o número é de 75,2%. A conclusão de que houve elevação da taxa de aprovação entre adolescentes que recebem ajuda do governo é do cruzamento de dados do último Censo Escolar, de 2011, com números da pasta gerida por Tereza. A divulgação foi feita durante o 14º Fórum dos Dirigentes Municipais de Educação, em Mata de São João, na Bahia. “Assim que o Bolsa Família se tornou realidade, passou a ser conjunto para garantir essas crianças na escola. Não só taxa de abandono caiu, como taxa de aprovação melhorou. Pela primeira vez no Brasil, indicadores sociais iguais são melhores do que média nacional. É pouco, mas salto deste tamanho em 10 anos é um espetáculo. São os mais pobres que estão empurrando esses indicadores para cima”, disse a ministra a uma plateia com cerca de mil secretários de educação do país. Noticias.terra.com.br

curta nota

IG

Recentemente, na condição de procurador do estado do Rio de Janeiro, conseguiu que o STF suspendesse os efeitos da Lei dos Royalties, que estabeleceria novo regime de partilha dos valores obtidos pela exploração de petróleo e gás natural. Revista Elos | Edição 10 . Junho –Julho 2013 |

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homem

é o lobo do homem Paulo Pancote

provável que aquilo que melhor represente ou sintetize toda a barbárie causada por humanos contra outros humanos seja a palavra genocídio. Até a Segunda Guerra Mundial essa palavra não existia. Ela foi criada pelo jurista judeu Raphael Lemkin em 1944, para descrever o assassínio de uma “raça” (genos, em grego), que logo foi usada para definir a matança contra os judeus efetuada por Hitler. Apesar de a palavra em si ser relativamente nova, o conceito já existia e era bem conhecido da humanidade – a intenção deliberada de destruir um grupo étnico, racial ou religioso. Ao longo da história humana, não foram poucas as vezes em que as ações genocidas ocorreram; foram tantas, tão diversificadas e nas mais diferentes regiões do planeta, que seria impossível abordá-las todas neste artigo.

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Existe um ditado em latim, que aprendi com o meu saudoso pai, calcado na antiga sabedoria dos romanos da época do império, que traduzido significa: o homem é o lobo do homem. Verdadeiramente esse é um ditado muito apropriado, mostrando que a sabedoria humana, nascida da experiência adquirida com a arte de observar a vida, chega a desoladoras conclusões quanto a algumas tristes características que temos como seres humanos. Talvez um dos mais terríveis aspectos que manifestamos seja a capacidade de cometer ações perversas e cruéis contra a nossa própria espécie, que têm sido impostas ao longo dos séculos. Se criássemos uma lista com os horrores cometidos, apenas do século 20 em diante, iríamos surpreender-nos com a quantidade de atrocidades que já aconteceram nesses cento e poucos anos. É

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Pastor e escritor . ppancote53@gmail.com

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Contudo, gostaria de destacar alguns episódios trágicos e chocantes, que maculam a raça humana, e acabam distorcendo o conceito de humanidade que supomos ter. Considerando “apenas” o século 20, temos abundantes relatos do extermínio de seres humanos efetuados por outros seres humanos (seriam realmente humanos?). No início do século, em 1915, o Império Otomano comandou na Turquia o massacre estimado em um milhão e meio de armênios e 500 mil assírios. Entre 1932-1933, houve na Ucrânia o Holodomor, expressão ucraniana que significa “matar pela fome”, quando houve uma grande fome no país, além de haver ocorrido uma ação deliberada de extermínio do povo ucraniano, desencadeada pelo regime soviético na época onde, de acordo com estimativas moderadas, morreram entre três a três milhões e meio de pessoas. Conforme afirmamos mais acima, Hitler entre 1939 e 1945, patrocinou a morte de aproximadamente seis milhões de judeus, em uma tentativa de exterminar a raça judaica – genocídio, na mais pura e ampla

extensão da palavra – mas não apenas isso, como também massacrou um número incontável de ciganos, poloneses, ucranianos, russos e outras etnias, que ele considerava como “raças inferiores”. Na década de 1970, ocorreu o genocídio realizado pelo Khmer Vermelho, de Pol Pot, no Camboja, com provavelmente um milhão e meio a dois milhões de mortos (estimativa ponderada), que correspondia a um quinto da população do país na época. Há também o genocídio acontecido na antiga Iugoslávia, durante quase toda a década de 1990,

onde sérvios e croatas tentaram aniquilar-se mutuamente usando como eufemismo para a matança, a expressão “limpeza étnica”, sendo que além deles morreram bósnios e cossovares, num total de 300 mil pessoas. Ocorreu em Ruanda, na África, onde em 1994, durante apenas três meses, 800 mil pessoas foram massacradas, quando o principal grupo étnico do país aniquilou o outro, que era minoritário. A verdade é que, mesmo não conhecendo todas as atrocidades, conhecemos mais do que o suficiente para nos horrorizarmos. Mesmo não sendo classificados


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a verdade é que, mesmo não conhecendo todas as atrocidades, conhecemos mais do que o suficiente para nos horrorizarmos

como genocídio, não podemos nos esquecer do grande sofrimento que o apartheid causou aos negros sul-africanos, com o detalhe que a inspiração que implantou o perverso regime veio da Igreja Evangélica Reformada Holandesa. Houve ainda os terríveis sofrimentos que os cristãos enfrentaram nos antigos países comunistas – Romênia, Bulgária, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Rússia, China, onde muitos foram mortos, torturados, presos etc. Como não lembrarmos os horrores causados pela guerra civil em Angola e também em Moçambique, onde milhares e milhares morreram e outros milhares ficaram mutilados? Como esquecer a horrível guerra, na província nigeriana de Biafra, que no final da década de 1960 chocou o mundo? Como não lembrar as guerras da Coreia (início da década de 1950) e do Vietnã, que atravessou duas décadas (1955-1975)? Como deixar de lado o massacre de Sabra e Chatila, quando tropas israelenses invadiram esses campos de refugiados palestinos, liquidando centenas de civis indefesos? Como fingir que não aconteceu o atentado na vila olímpica de Munique, nos Jogos Olímpicos de 1972, quando palestinos invadiram as instalações esportivas alemãs, executando vários atletas israelenses? Como deixar de lado a guerra civil do Líbano, que depois de vários anos liquidou com um país próspero e muitas vidas se perderam? Como esquecer as guerrilhas urbanas da Colômbia, do Peru, de El Salvador, que levaram estes países ao caos e sofrimento? De que maneira apagar da memória os atentados terroristas aos Estados Unidos, em setembro de 2001? Como ficar impassível diante dos ataques anglo-americanos ao Afeganistão e Iraque?

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E como fazer de conta que não aconteceu nada em Darfur, no Sudão, quando de 2001 a 2003, mais de 200 mil não muçulmanos foram exterminados e até hoje a situação não está totalmente resolvida, em uma região paupérrima, com alternância de secas e inundações? Tudo isto faz com que sejamos levados a refletir o que, de fato, caracteriza a humanidade – não é a solidariedade, o amor, o altruísmo, a compreensão, a simpatia e outras características positivas

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que conhecemos – mas a nossa realidade é outra. Somos maus e cruéis, concebidos em pecado, e a nossa natureza humana é corrupta, como diz a Bíblia. Não há quem faça o bem; nenhum sequer, afirma o Salmo 14.3. O texto de Paulo aos Romanos, no capítulo 3, versículo 23, mostra que todos pecaram e separados estão de Deus. Essa é realidade do ser humano; estamos perdidos; não temos saída – nossas más atitudes só refletem o que somos.

Como diz o ditado latino, o homem é o lobo do homem, ou seja, o maior predador do homem é o próprio homem! A única solução para o ser humano é Cristo – é o único escape que realmente temos para quebrar a maldição que pesa sobre a raça humana – o pecado. O texto de 1Coríntios 15.57 garantenos: Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso senhor Jesus Cristo. Não há outra esperança para nós. Somente Jesus.


O livro que não

se acaba nunca de ler Josué Ebenézer

Adquiri nos anos 80, da Editora Nova Fronteira, uma coleção de livros da famigerada autora do gênero policial, Agatha Christie, que devorei à época, tal o envolvimento que seus enredos propõem. Relendo, em minhas últimas férias, um dos 12 volumes da coleção, pude ouvir de meu filho Lucas um relato curioso. Antes de passar ao relato, devo dizer que já faz um tempo que ele se interessou pela coleção, apropriou-se dela, lendo também todos os seus volumes. Só que ele os levava para a escola, lendo-os nos intervalos e nas folgas disponíveis. Os livros eram todos idênticos, de capa dura, na cor vermelha, com inscrições e ilustrações douradas na capa.

- Você não vai acabar de ler este livro, não? O que o colega de Lucas não sabia é que não era o mesmo livro. Lucas tinha sempre um livro novo, com

Lembrei-me de outra versão em que o jabuti venceu, porque ele contou com o concurso de outros companheiros de espécie, posicionados ao longo do percurso. A lebre se intrigava com o que estava acontecendo, mas não conseguia decifrar a trapaça do malandro jabuti. Havia vários jabutis no percurso. Tentei encontrar esta versão da fábula na Internet, mas não achei (será que eu que inventei isso?). Mas, o fato é que os vários livros que Lucas ia lendo o habilitavam a conhecer mais a obra da autora, bem como melhorar seu vocabulário. Como nestas fábulas sempre tem uma “moral da história”, a da lebre e o jabuti é algo assim: “Você pode não ser bom em tudo, mas nunca desista” e também esta: “não subestime sua força de vontade”. Ler é

. josué ebenézer

A única diferenciação dos volumes da coleção era o título do livro, colocado no meio da lombada. Mas esse era apenas um detalhe que um colega de escola não observaria nunca, diante do fato recorrente de o Lucas estar lendo o mesmo livro, meses a fio, ao longo de um ano inteiro. O que o levou a perguntar, e foi isso que meu filho contou-me:

aparência igual ao anterior, para ler quando acabava o que estava lendo. Não sei por que, mas enquanto pensava no que ele ia relatando, lembrei-me da fábula da lebre e do jabuti. Na versão oficial, o jabuti venceu a lebre, porque ela era tão presunçosa que achando fácil o desafio da disputa de uma corrida com o lerdo cágado, acabou dormindo, enquanto o jabuti, lento, mas constante, prosseguiu na sua jornada.

josué ebenézer

Jornalista . josuebenezer@hotmail.com

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o principal caminho para a aprendizagem. Quem lê constrói sua educação a partir das escolhas que faz do que lê. Infelizmente, ler não é o principal foco dos jovens de nossos dias. Mas quem, insistentemente, coloca na leitura sua fonte de aprendizagem faz descortinar diante de si um horizonte de possibilidades.

josué ebenézer

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Este episódio de um livro que não se acaba nunca de ler porque os observadores não se deram conta de que o livro não era o mesmo, me fez perguntar se existe mesmo um livro que não se acaba nunca de ler e, se existe, qual seria ele. Concluí que este livro seria a Bíblia. O Livro Sagrado poderia ter este título pelo motivo inglório de ser um livro extenso, com diagramação pobre e leitura nada fácil. Para muitos, entediante. Mas, não é essa a razão que me acomete. Este argumento é derrubado por muitos, como meu pai, que leu a Bíblia toda mais de 110 vezes enquanto esteve entre nós. Agora ele lê a Bíblia Viva nos céus. Refiro-me ao fato de a Bíblia ser um livro do qual não se deve separar-se jamais. Por isso, um livro que não se acaba nunca de ler. É o chamado “livro de cabeceira”. Livro de consulta, que orienta, instrui, inspira. Que possui sábios conselhos a dar para quem o consulta com interesse. A Bíblia é livro para seminaristas, pastores, cristãos, indivíduos que almejam conhecer a Deus e fazer a sua vontade; alcançar o caminho da eternidade.

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A Bíblia é livro que não se acaba nunca de ler, pois seu conteúdo não tem prazo de validade: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35). A Bíblia não envelhece, pois ela fere o cerne do problema do homem que é moral e espiritual desde sempre. É bússola para os viajantes, farol para os navegantes, GPS para os condutores, satélite para os comunicadores, cartão de memória para os esquecidos, rede social para os solitários. Quem a busca de coração (Jr 29.13) encontra paz, conforto, segurança, conselho e vida eterna. Por mais que a conheçamos, sempre a buscaremos como fonte de vida eterna. Por mais que a tenhamos de cor em nossos corações como o salmista (Sl 119.11), sua leitura nos aquieta, nos tranquiliza, nos encoraja. Lê-la sempre é sinal de confiança. Meditar em seu conteúdo é abrir-se para as possibilidades de Deus para nosso presente e nosso futuro. Pois Deus fala sempre e de várias maneiras (Hb 1.1), principalmente pelo seu Filho que é o motivo maior da busca da sua Palavra pelo que crê. E novos tempos de vida representam novos momentos espirituais, psicológicos e sociais que requerem novas apreensões do conteúdo sagrado para atendimento daquele momento específico. Que a Palavra de Deus na sua vida seja saborosa como o mel e mais preciosa que o ouro (Sl 19.10) ao ponto de tê-la sempre perto de você; para preservar e desfrutar. Que Deus para tanto nos abençoe!


Dercinei Figueiredo

Pastor . dercinei@gmail.com | www.excursos.tumblr.com

Humildade não é humilhação: ser humilde não é ser humilhado ou fazer alguma coisa humilhante. Como escreveu o dr. Cecil Osborne: “Nenhum serviço humilde é humilhante, exceto para os que têm baixa autoestima”. E humildade não é baixa autoestima.

. dercinei figueiredo

Por outro lado, não confunda humildade com desprezo para com conquistas, méritos e qualidades. Ter dificuldade em receber elogios indica falta de amor-próprio. E recebê-los imerecidamente é próprio dos canalhas, cretinos e cínicos.

dercinei figueiredo

humildade Humildade não é acomodação, não é timidez, não é covardia. Humildade não é abrir mão de direitos. Ser humilde não é ser idiota ou otário. Não confunda pobreza, fraqueza ou ignorância com humildade. Ser humilde não é ser saco de pancada ou joão-bobo. Ser humilde é ter consciência de quem se é. Por exemplo, os que se superestimam, tanto quanto os que se subestimam, têm uma visão distorcida de si mesmos, e veem todos e tudo ao seu redor de maneira igualmente distorcida. O virtuosamente humilde o é diante de quaisquer um, independente de quem sejam, do que tenham ou em que posição estejam. E coisa alguma faz por vaidade, competição predatória ou pensando apenas naquilo que é propriamente seu.

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Projeto solidário leva

jovens ao abrigo Maria Bazani

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Marcelly Neves . Jornalista

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Os 37 moradores do abrigo Maria Vieira Bazani, no Recreio dos Bandeirantes, acostumados a rotinas tranquilas, ficaram animados com a visita surpresa de cerca de 30 jovens da Primeira Igreja Batista do Recreio, no dia 12 de abril. O projeto, que tem como objetivo levar carinho, atenção, entretenimento e compartilhar o amor, é realizado uma vez por mês em parceria com a direção da casa. Segundo o idealizador do projeto, o pastor de jovens da PIB do Recreio, Miquéias Lima, a ideia das visitações surgiu quando ele percebeu que era preciso estender o alcance social: “Fazíamos um trabalho com crianças na comunidade Luz Divina, e pensei que se tivéssemos outras áreas de atuação, poderíamos envolver mais jovens no serviço”, declarou.

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A ideia de realizar visitas ao abrigo nasceu no retiro de carnaval dos jovens, em 2012. O desafio foi lançado pelo pastor Miquéias Lima com o objetivo de dar apoio mensal aos idosos. Logo no primeiro momento, cerca de 20 jovens se comprometeram com a ideia e, já no mês seguinte, foi realizada a primeira visita inaugural. “Fui no mesmo mês ao abrigo e conversei com a diretora Rosangela Lopes. Ela falou que eles necessitavam de muito carinho e atenção, e que seria extremamente importante dar continuidade às visitas”, contou o pastor. O abrigo, que completou três anos no dia 19 de março, hospeda os idosos de forma temporária, enquanto eles aguardam por decisão judicial de diversas esferas ou vagas em abrigos definitivos –

casas particulares que atuam em parceria com a prefeitura da cidade. A maioria dos idosos da instituição não recebe visita de amigos ou parentes e é carente de coisas básicas para o dia a dia. Por isso, os jovens da PIB do Recreio realizam uma campanha de arrecadação de material de higiene pessoal que, no dia da visita, é distribuído entre os idosos. Além disso, os hóspedes participam de embelezamento das unhas, no caso das mulheres, e corte de cabelo, para os homens. “O abrigo conta com idosos que não têm mais ninguém que possa olhar por eles. Criamos um vínculo. Compartilhamos do que temos, e eles compartilham do que têm conosco. Eles se sentem queridos e amados por dedicarmos tempo a eles. Fazemos isso porque entendemos


Segundo a direção do asilo, momentos como esse são de muita emoção para os idosos. “São muito importantes essas visitas, esse companheirismo, esse amor que

O asilo Maria Vieira Bazani conta com assistência médica, que é disponibilizada por postos de saúde da região, além de educadores sociais,

Marina é recém-chegada ao abrigo e a mais a idosa de todos. Com 96 anos, ela contou que se sentiu mais feliz ao receber a visita: “Estou aqui tem mais ou menos um mês e já fiz vários amigos. Agora tenho vocês

No final da visita, os funcionários do abrigo prepararam um lanche especial para todos. O dia de lazer e solidariedade só foi possível por causa da iniciativa de pessoas como Cristiane Lins, que desde o início do projeto ajuda a coordenar as visitas, e Tassia Almeida, que participou das três primeiras visitas, se afastou

do projeto por motivos pessoais, e agora está retomando suas atividades na campanha. “Depois que cheguei de viagem, já participei de duas visitas. Minha irmã Juliana foi pela primeira vez, e adorou poder participar!”, disse Tassia. Os jovens pretendem aumentar o número de participantes do projeto cada vez mais e tornar as visitações semanais. O acolhimento e o carinho são essenciais para uma vida saudável e feliz. Para participar desse lindo projeto, basta entrar em contato com o pastor da rede de Jovens, Miquéias Lima, através do e-mail miqueias@ igrejadorecreio.org.br.

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cozinheira, auxiliar de serviços gerais e nutricionista. O cardápio alimentar da instituição é preparado de forma criteriosa, de acordo com a dieta especial de cada idoso, e é orientado semanalmente pela nutricionista.

eles sentem nas pessoas. Para eles, receber a visita de tantos jovens assim muda totalmente o olhar a respeito da vida. Durante a semana, eles ficam mais animados e felizes”, comemorou a educadora social de plantão, Francisca de Assis Costa.

também. Não tem como não estar feliz”, celebrou.

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que existe um Deus que nos ama e que se deu por nós através de Jesus. Portanto, é nossa responsabilidade estender esse amor e nos doar para atender às necessidades de outras pessoas”, declarou o pastor Miquéias.

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sylvio macri

sylvio macri .

Limites

uma ferramenta para construir cidadãos Sylvio Macri

Pastor . sylmacri@gmail.com

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Portanto, não há dúvida de que os pais cristãos têm não somente o direito, mas o dever de estabelecer limites. E não é só uma questão de hierarquia ou autoridade, mas de sabedoria e de amor aos filhos. Contudo, ao estabelecer limites, os pais criam uma situação de conflito potencial: o limite não pode ser ultrapassado, e se o for, deverá haver punição, caso contrário a autoridade dos pais fica desmoralizada. A punição pode ser desde uma simples

Desde os primeiros dias a criança testa a autoridade dos pais. Por exemplo, quando resolve estabelecer os seus próprios horários de comer e dormir. Dizem os especialistas em comportamento que se os pais começarem a ceder já nessa época, perderão a autoridade sobre os filhos. Portanto, quanto a isto não deve haver nenhum tipo de sentimentalismo, mas atitudes firmes e decisivas, para que as crianças saibam desde já quem detém a autoridade e aprendam a respeitála. Se não são educadas sob limites claros, as crianças tornam-se incapazes pelo resto da vida de distinguir entre o que é certo e o que é errado. Não esqueçamos que seus conceitos e seu caráter estão em formação. Alguém precisa mostrar a elas de maneira simples e direta quando estão errando e quando estão acertando. Viver sob limites faz com que elas aprendam a exercer seus direitos sem descumprir seus deveres. Mas lembrem-se os pais cristãos de que não podem errar neste ponto: o conhecimento do que é certo e do que é errado vem da Palavra de Deus. Se há algo com que a sociedade e suas instituições possam contribuir a este respeito, podem ter certeza que essa contribuição já está lá na Bíblia. Por isto os pais crentes não necessitam de outro padrão de ensino. Uma das grandes tragédias da sociedade atual é justamente a impunidade, ou a percepção dela, o que acaba contribuindo para o aumento da violência e da criminalidade. Os pais cristãos têm uma grande missão a desempenhar neste sentido: criar filhos disciplinados, que sirvam de exemplo para essa sociedade sem rumo e sem esperança, inculcando neles os princípios de justiça estabelecidos na Bíblia.

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Quando falamos de estabelecer limites, referimo-nos a exercer disciplina. A esse respeito temos um rico ensino no livro de Provérbios. Lá aprendemos que “as repreensões da disciplina são o caminho da vida” (6.23); que, ao contrário do que se possa pensar, quem ama verdadeiramente os filhos castigaos (13.24); que a criança não pode dirigir-se a si mesma, pois não tem sabedoria para tomar decisões, tendo uma tendência natural para cometer tolices, e por isso é preciso corrigi-la (29.15; 22.15); e que a disciplina não é uma coisa negativa e sim positiva (23.13,14 – a linguagem aqui pitoresca: o sábio diz que ao disciplinarmos não estamos “matando” os filhos, e sim, “salvando a sua vida”).

advertência até um castigo severo, dependendo das circunstâncias, mas deverá acontecer, para que os filhos não desenvolvam a noção de que as leis existem para serem transgredidas, e que não há problema algum em transgredi-las, já que não existe punição para os transgressores.

sylvio macri

Um dos grandes problemas quanto à educação dos filhos hoje em dia é o estabelecimento de limites. Alguns pais acham que devem usá-los, outros não. Alguns gostariam, não sabem como fazê-lo. Outros são indiferentes a essa questão. Que, aliás, tem sido amplamente discutida nos meios de comunicação, porém, nem sempre de uma maneira aceitável para os cristãos autênticos. Do ponto de vista da família cristã, a abordagem desse assunto tem fundamento na Bíblia, e ela é muito clara quanto a isto: existe uma hierarquia a ser respeitada na família. Nessa hierarquia o papel dos filhos é obedecer aos pais, o que para Paulo significa “honrar os pais”, cumprir o quinto mandamento. Mas não se trata de uma ditadura, pois o apóstolo adverte aos pais que “não provoquem a ira dos filhos, mas os eduquem dentro da disciplina e admoestação do Senhor” (Ef.6.1-4; Cl.3.20,21).

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paulo moura

paulo moura .

Adolescência

Transformação da família Paulo Moura

Pastor e Psicólogo . paulo@igrejadorecreio.org.br

Quem tem ou já teve adolescente em casa vai se identificar muito bem com o que vai ler agora. Os conceitos e experiências abaixo são fruto de estudo, observação e, principalmente, da minha vivência familiar. Eu e minha esposa recebemos do Senhor uma herança muito preciosa – temos dois filhos: um menino adolescente e uma menina quase adolescente, que são bem diferentes um do outro e aprender a lidar com eles não é como usar uma receita de bolo. Trata-se, na realidade, de um grande desafio. Já deu para imaginar a mudança que essa nova fase nos trouxe e se há uma palavra que combina muito bem com a adolescência, ela se chama “transformação”.

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Quando nossos filhos eram crianças, as coisas eram bem mais simples e fáceis. Um pedido era atendido sem muito questionamento (agora eles dizem o seguinte: “depois eu vou!”). Uma ordem dada era mais bem compreendida (agora eles questionam assim: “Mas, para que eu tenho que fazer isso?”). Um gesto de carinho era logo correspondido (agora eles acham que estão “pagando mico”, principalmente se for na frente dos colegas). Assim é a vida, temos filhos adolescentes. Sem contar as expressões próprias que na maioria das vezes só eles entendem: “tipo assim”, que significa “a exemplo de”. “Tá ligado?”, que significa “você entendeu?”. “Aquele maluco”, que significa “aquela pessoa”. Divirto-me quando


Além do vocabulário típico, eles possuem as próprias preferências musicais e de entretenimento, as roupas precisam estar na moda e nem sempre, na mente deles, os pais são compreensíveis e amigos. E é exatamente aí que pode morar todo o perigo. Hoje em dia há um sem número de adolescentes que perdeu o prazer de estar em casa na companhia dos pais e preferem se refugiar em outros lugares, no estranho desejo de pertencer ou de se sentirem aceitos e protegidos por outros grupos. A partir das más influências, os pais são surpreendidos quando os filhos começam a mudar de atitude dentro de casa, muitos perdem totalmente o controle da situação e isso se tornou o maior desafio nessa importante relação.

O maior erro que muitos pais cometem com seus filhos, desde quando nascem, é não saber estabelecer limites. Quando chega a adolescência, essa falha se torna muito evidente, pois é o primeiro momento em que, realmente, os filhos se deparam com a liberdade e passam a dar os primeiros voos solo. Uma criança que não aprendeu a valorizar a disciplina e que não aprendeu a importância do “não”, terá sérias dificuldades quando chegar à adolescência. Os filhos necessitam de alguém que os matricule na escola da vida e os pais são os principais responsáveis por essa iniciativa. O adolescente precisa ouvir claramente a voz do pai e da mãe ou do responsável mais próximo a ele, que vai determinar e fixar os seus

Para muitos pais é difícil entender e entrar no universo adolescente, mas nunca impossível. Lidando com adolescentes, dentro e fora de casa, compreendi que eles são todos iguais, o que muda é só o endereço. Fico impressionado ao analisar esse típico comportamento e para comprovar listo a seguir as principais características, dentre muitas, que extraí e adaptei de um livro chamado: “Limites para Adolescentes”, do Dr. John Townsend, da Editora Vida. Peço que você compare com que frequência o seu adolescente se comporta da mesma maneira:

• Tem atitude desrespeitosa para com os pais e parentes próximos, questionando pedidos e regras;

• É preguiçoso e descuidado com as responsabilidades domésticas e escolares;

• Não tem motivação para a escola e não consegue manter as notas boas;

• É mesquinho com os irmãos ou com os amigos; • Costuma escolher amigos entre pessoas que você desaprova;

• Mente e engana sobre as atividades que realiza sozinho

ou em grupo, isso inclui o uso da internet, por exemplo;

• Afasta-se dos eventos de família e quer ficar somente com os amigos;

• Tem alterações repentinas de humor, às vezes explode em acessos de raiva;

• Acha que nunca será influenciado negativamente,

principalmente quando o assunto é álcool ou drogas;

• Tem pouco interesse nas questões espirituais. Se você se deparou com a mesma realidade em sua casa, o meu conselho é o seguinte: anime-se. Esqueça o mito da família perfeita. A minha não é nem a sua. Não sofra com o estigma de ser um pai ou mãe fracassados. Vença o desânimo e mãos à obra. Todos esses problemas são passageiros e, se bem tratados, têm solução. Muitos filhos que passam pela fase da adolescência com todas as suas demandas amadurecem e experimentam mudanças positivas na vida, restabelecem o vínculo com os pais em níveis que jamais imaginaram. Quero deixar alguns conselhos bem práticos e simples e que podem servir de base para você também.

. paulo moura

De fato, a adolescência é o período mais importante da transição das etapas do desenvolvimento humano e essa metamorfose afeta toda a família, que é iniciada pela puberdade dos filhos, trazendo alterações no corpo, nas emoções, nas atitudes, nas relações humanas, e na nova maneira de lidar com a liberdade e a responsabilidade. Vale também lembrar que nesse mesmo período os pais entram na meia-idade, onde muitos são levados à insegurança ao perceberem que a juventude já passou. Essa crise pode ser desencadeada por vários motivos relacionados à sensação de envelhecimento, insatisfação com a carreira profissional, saída dos filhos de casa, problemas no casamento, etc. Quando pais e filhos passam por transformações no mesmo momento da vida e se essa realidade não for bem trabalhada, pode acarretar no surgimento de crises ainda maiores.

direitos e também as suas obrigações. O que os filhos mais necessitam nessa idade é de orientação.

paulo moura

encerram um diálogo qualquer usando expressões como “já é, já era ou já foi”, que juntos significam uma espécie de código secreto ou simplesmente “tudo bem”, “fica combinado assim” ou “nada disso”. Dia desses, meu filho conversando com minha filha disse o seguinte: “tá tirando onda com a minha face”. Como eu estava prestando a atenção na conversa deles, logo traduzi para “você não está me compreendendo” ou “você não está prestando a atenção em mim” ou ainda “você está de brincadeira comigo”. Mas o engraçado nessa história toda é que eles sempre se entendem. A bem da verdade, os adolescentes sempre se entendem. Os pais é que nem sempre os entendem, e vice-versa.

Seu adolescente é uma bênção de Deus: Ter filhos, poder criá-los e educá-los é um grande privilégio que Deus concede àqueles que Ele sabe que têm capacidade e competência para fazê-lo. Às vezes me pego olhando para meus filhos e comento com minha esposa: “Como eles cresceram!” Lembro do dia do nascimento de cada um deles e me emociono quando recordo de todas as etapas das nossas vidas até aqui: sorrisos e lágrimas, alegrias e tristezas, conquistas e fracassos. Mas confesso que faríamos tudo de novo, viveríamos tudo outra vez. Valeu muito a Revista Elos | Edição 10 . Junho –Julho 2013 |

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pena. Sinto-me honrado por Deus em poder ser chamado de “pai”. O seu adolescente é uma bênção do Senhor, uma herança de muito valor que não pode ser esquecida nem depreciada. Acredite e invista nessa ideia.

paulo moura

paulo moura .

Lembre-se de que você um dia também foi adolescente: Como é fácil esquecer o passado, principalmente quando ele não traz boas recordações. Pelo bem do seu filho adolescente, lembre-se da sua adolescência. Quanto mais você conseguir se lembrar de como você se comportava com seus pais, mais compreensivo e coerente será com seu filho. Não forje na mente dele a falsa imagem de que você é perfeito e que nunca cometeu uma falha ou deslize com seus pais. Isso não significa que você deva contar todos os “podres” da sua adolescência, mas simplesmente criar uma identificação positiva com ele. Daí ele se sentirá encorajado a abrir o coração e compartilhar com você os próprios erros, temores e frustrações. Se você cometer um erro na frente do seu filho, admita e peça perdão. Essa simples atitude enobrece a relação e ele aprenderá uma grande virtude. Pai e mãe são exemplos de parceria para seus filhos: Bons pais são inicialmente bons cônjuges. Marido e mulher, numa relação conjugal ajustada e saudável, conseguirão êxito no relacionamento com seus filhos. Pais precisam ser exemplos de conduta, a partir das pequenas decisões tomadas dentro de casa. Os adolescentes precisam se sentir protegidos em um lar onde Deus é honrado e colocado sempre em primeiro lugar; onde o ambiente da casa exala o amor, o respeito, a confiança e onde o compromisso da aliança entre seus pais é preservado. Está comprovado que quando os filhos olham para o casamento de seus pais

com bons olhos, eles se sentem mais seguros e terão, no futuro, o desejo de construir um lar, baseado no exemplo aprendido dentro de casa. Não delegue responsabilidades que são suas: Nunca terceirize aquilo que somente você pode fazer. Para muitos pais é fácil transferir para a escola ou a igreja, por exemplo, a missão de ensinar e educar os filhos. Quando pai e mãe, juntos, se encarregam de fazer o que Deus lhes determinou, as coisas ficam bem mais fáceis. Sente com seu adolescente, converse e brinque com ele, descubra as suas preferências, preocupe-se com o ensino e o ajude nas lições de casa, procure saber com quem está andando e que lugares frequenta, busque conhecer as suas preferências e aspirações futuras. Encoraje e abençoe seu filho adolescente: Quando tirar boas notas na escola ou fazer algo digno, dê-lhe uma recompensa como forma de reconhecimento e valorização da conquista. Elogie o esforço, não a perfeição, e incentive-o a ir além. Quando ele falhar ou cair, encoraje e ame assim mesmo. Seja coerente na disciplina e não abra mão da sua autoridade. Ore por ele e com ele. Saiba que não criamos filhos para o inferno, mas sim para povoar o céu. Invoque ao Senhor a bênção sobre os seus descendentes. A primeira imagem que o filho tem de Deus é a vida de seus pais, portanto creia que dentro em breve você perceberá mudanças positivas no comportamento dele. Preciso confessar que, apesar de termos filhos nessa faixa etária, eu e minha esposa estamos vivendo esses anos e aprendendo a lidar com eles da melhor maneira possível. Contudo, só Deus sabe como será o nosso futuro. Até lá, estamos nos esforçando para colocar em prática o que

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Deus acredita e investe tanto na família que preparou um lar especial para Jesus viver aqui na terra. Há um episódio muito curioso envolvendo Jesus, quando este era ainda um adolescente de 12 anos e seus pais. No Evangelho de Lucas, capítulo 2, versículos 41 a 52, Maria e José levaram Jesus ao templo para ser apresentado, seguindo um costume judaico. Terminados os dias de festa, voltaram para Nazaré, onde moravam, mas Jesus permaneceu em Jerusalém. Quando deram conta do esquecimento, resolveram voltar para procurá-Lo. Depois de três dias, O encontraram no templo, sentado entre os mestres. Quando questionado pelos seus pais sobre Sua permanência em Jerusalém, Jesus sabiamente respondeu: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?”. Essas palavras determinaram uma transformação na relação entre Jesus e seus pais. Ali eles deram conta de que, definitivamente, Jesus tinha uma missão especial. O exemplo de criação que José e Maria adotaram precisa ser a nossa base permanente. Eles tiveram o privilégio de criar e educar o próprio filho de Deus. Se você anda com dificuldades para lidar com seu filho adolescente, que tal experimentar utilizar as mesmas estratégias usadas por aqueles que foram e ainda são exemplos de pais para todos nós? Primeiramente José e

Maria não foram superprotetores nem permissivos demais. Eles educaram Jesus com liberdade e souberam mostrar autoridade. Em segundo lugar, eles não impediram a escolha do ministério de Jesus. Deus tinha um plano para a vida de Jesus e eles não interferiram. A Bíblia relata Maria presente no primeiro milagre de Jesus, mostrando apoio no início do Seu ministério, só voltando a aparecer por ocasião da Sua morte. Finalmente, a lição mais nobre que José e Maria nos mostram é que eles ensinaram a Jesus o caminho das Escrituras. Eles tinham o costume de cumprir a lei e levaram o Filho a fazer o mesmo, o que demonstrava preocupação e investimento na vida espiritual dEle. E é assim que devemos fazer. Somente com a ajuda do Alto, conseguiremos educar nossos filhos para que eles cresçam em sabedoria, estatura e graça. Que Deus abençoe você e sua família e que este período de transfomação causado pela adolescência dos seus filhos seja a melhor etapa da vida de vocês. Se você tem filhos adolescentes, chame-os para levarem um papo com você. Dê este artigo para eles lerem e depois perguntem: 1- Onde, como pai ou mãe, tenho “mandado bem”? 2- Onde estou “vacilando”? 3- Onde precisamos dar um gás no nosso relacionamento? Dicionário das gírias: Levar um papo = conversar, dialogar | Mandar bem = ir bem, fazer bem, acertar | Vacilar = errar | Dar um gás = melhorar, aperfeiçoar

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aprendemos e a Bíblia, o principal manual familiar, nos fornece lições valiosas.

. paulo moura Revista Elos | Edição 10 . Junho –Julho 2013 |

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Megaigrejas lécio dornas

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Lécio Dornas

Educador e Autor . LDornas@americanbible.org

Conversando informalmente com alguns líderes, recentemente, um deles mencionou um encontro de pastores onde o tema a ser tratado teria a ver com a saúde do pastor. Mostrei-me interessado e, ao perguntar como faria para participar, obtive a seguinte resposta: “Você não pode participar, pois o encontro é somente para pastores de megaigrejas”. Recolhi-me à minha evidente insignificância. Fiquei pensando sobre o que seria uma megaigreja. Recusava-me a pensar em estatísticas de número de membros etc., pois se fosse isso (e me pareceu que era), a coisa ficaria muito difícil: o referencial é muito variável. Por exemplo, uma igreja de 20 mil membros está para uma de 200 mil, como uma de 500 está para uma de 5 mil membros; ou uma de 50 para uma de 500. Pelo número de membros é muito difícil definir uma megaigreja.

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Também pela receita financeira a coisa ficaria complicada, pois há no mundo igrejas com menos de 1.000 membros muito ricas e igrejas de mais de 10 mil membros muito pobres. Qual seria a megaigreja, a de menos de 1000 ou a de mais 10 mil membros? Depois fiquei pensando nos pastores que participariam do referido encontro. Se eles se inscreveram foi porque se achavam líderes de megaigrejas; se foram indicados foi porque alguém os julgou pastores de megaigrejas. Em ambos os casos, qual foi ou quais foram os critérios ou os parâmetros? Foi aí que me lembrei de uma frase de um pastor americano, que impactou minha vida quando a li, ainda em 1995: “O que demonstra a força de uma igreja não é a quantidade de membros ou o valor de


Assim, uma megaigreja seria uma congregação que amadureceu na Palavra de Deus e na oração o suficiente para viver em função de cumprir a grande comissão, enviando e sustentando missionários em todos os cantos do mundo.

Uma megaigreja seria uma congregação que entendeu muito bem as, feitas indeléveis, palavras de Jim Elliot (1927-1956): “Aquele que dá o que não pode reter, para ganhar o que não pode perder, não é um tolo”. A propósito, será que um missionário como Jim Elliot teria assento naquele encontro que trataria da saúde do pastor? Ele nunca pastoreou uma igreja grande, mas diante dele não somos tão diminutos? “Chegou a hora de ele ocupar o centro das atenções e de eu chegar para o lado” (João 3.30 – A Mensagem).

. lécio dornas

Muitas igrejas, hoje consideradas mega, promovem grandes eventos, realizam grandes projetos, mas são extremamente tímidas quando se trata de enviar e sustentar missionários. No entanto, é exatamente quando uma igreja entende que deve enviar e assumir a responsabilidade de sustentar missionários, que demonstra a sua força e a abrangência da sua visão.

Uma megaigreja seria uma igreja com um megacoração cheio de amor pelas almas perdidas; e com uma megadisposição de existir onde está, para que, por seu intermédio, o Evangelho chegue onde ela talvêz jamais estará.

lécio dornas

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sua receita financeira, mas a sua capacidade de enviar e sustentar missionários.”

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Gestão

contemporânea Wesley Cavalheiro

Treinador comportamental . www.lumen4you.net

wesley cavalheiro

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Gestão é uma atividade comum a todos os seres humanos que estejam com um funcionamento suficiente de suas faculdades mentais, psicológicas e emocionais. Desde pequenos somos ensinados e gerir... coisas (a arrumar os brinquedos, por exemplo), animais (minhas filhas, quando crianças, ganharam uma cadela e por meio dela foram ensinadas a cuidar de um ser vivo), atividades relacionadas a responsabilidades (horários de escola, trabalhos de casa e outras). Os modelos de gestão se desenvolveram conforme as escolas administrativas foram se ajustando à evolução dos contextos temporais e regionais. Os modelos de impacto surgem a partir da revolução industrial, com uma abordagem mecânica, eminentemente lógica e cartesiana. O chefe manda, o subalterno obedece e cumpre rigorosamente a carga horária. A partir daí, foram gerados tantos modelos quanto a evolução dos cenários possibilitasse: a teoria clássica, das relações humanas, a neoclássica, a administração por objetivos, a estruturalista, a comportamental, a desenvolvimento organizacional, os sistemas. Com o advento do pós-modernismo, surge a teoria contingencial: não deve existir

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um único modelo de administração, mas sim a adoção daquele que melhor atende às circunstâncias e aos cenários. A partir dela, novas tendências: gestão libertária, ou seja, uma gestão política do indivíduo, na mais ampla acepção da palavra, que visa à transformação da sociedade por meio da empresa/instituição/ organização. A dinâmica da sociedade contemporânea requer criatividade e inovação no modo como se gerencia as organizações pessoais e as instituições. Os comportamentos das pessoas tendem a se moldar aos condicionamentos sociais, afetando de modo crítico os relacionamentos interpessoais e o das pessoas com as instituições. As demandas por um estilo de vida compulsório impõem desafios financeiros cada vez maiores. Neste contexto, fazer escolhas e tomar decisões se torna um ato cada vez mais complexo. O contexto atual requer não invencionices salvadoras de mais e/ou novos modelos de gestão, mas sim a inovação que respeite o contexto e a história de cada pessoa e organização, revisando os conceitos já conhecidos sob novos pontos de vista, efetuando ajustes, adaptações e inovação na quebra de paradigmas. Nosso tempo urge por uma gestão

contemporânea não no sentido de atualização ao tempo cronológico universal, mas ao tempo atual da pessoa/organização no contexto e circunstância em que está inserida. O ser humano do século 21 requer uma gestão, seja de processos, procedimentos, pessoas, materiais, ou qualquer outro objeto que o considere em sua inteireza, ou seja, que considere sua ‘espiritualidade’, sendo esta definida como a dimensão da vida humana que diz respeito à essência do ser humano, ao significado que dá a si mesmo e às suas circunstâncias. Aí estão incluídos seus valores, objetivos de vida e a qualidade de seus relacionamentos. Em geral, ‘espiritualidade’ é relacionada a aspectos religiosos, ou seja, a práticas de rituais, crenças em dogmas e comportamentos consensuais. Isto é diferente de espiritualidade. Uma abordagem espiritual da gestão deve levar o administrador a não optar por uma determinada teoria, ou abordagem, da administração. A abordagem espiritual deve: Primeiramente considerar os princípios envolvidos: senso de propósito, conexões saudáveis, valores éticos, responsabilidade social e contentamento. Em segundo lugar, considerar a época e o local no qual a organização


Por fim, devem-se considerar os elementos humanos que ocuparão as diversas funções na estrutura, especialmente as suas qualificações e competências. No começo deste ano, uma instituição de ensino iniciou um programa ousado, único, inovador e exclusivo: um Curso de Extensão em Gestão Contemporânea. Trata-se de um programa de educação continuada, modular, contendo a revisão de conteúdos, vivências e tutoria. É à distância, pela Internet, com opção de módulos semipresenciais para os que optarem pelas vivências e tutoria. O curso não tem a proposta de

formular metodologias e receitas para o sucesso, mas sim levar o participante a observar e perceber o seu ‘tempo’ e ele mesmo formular ações e metodologias para gerir seu negócio, sua organização, sua família, sua vida. Embora o cunho não seja religioso, os princípios basilares que utilizados sejam os da tradição judaico-cristã formuladas na Bíblia, se esmerando na isenção de interpretações doutrinárias ou ideológicas. Aqueles que quiserem fazer parte de uma geração que transcende “a normalidade” da mesmice, da vulgaridade, do efêmero e dar-se a oportunidade de encontrar valor, darse valor e transpirar valor estabeleçam contato que teremos prazer em prover informações detalhadas.

. wesley cavalheiro

Em terceiro, deve considerar os elementos necessários para ofertar e manter uma continuidade de oferta, seus produtos e serviços, bem como das conexões destes elementos entre si, de modo equilibradamente excelente e sustentável. Isto não é fácil e, normalmente, não há um elenco definitivo. Pelo contrário, o que se vê é uma busca incessante pelos elementos e suas conexões em um processo de aprendizagem e aperfeiçoamento contínuos.

Em quarto lugar, deve-se conceber a estrutura organizacional que abrigará e manterá os elementos e suas conexões, tanto a formal quanto a informal.

wesley cavalheiro

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está inserida, tendo-se um olhar crítico sobre como os princípios irão se expressar e se desenvolver. Em geral, isto é estabelecido pela escolha dos produtos e serviços a serem ofertados à sociedade (e/ou a Deus), e na declaração de missão, visão e valores.

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felicidade não é

isaltino gomes

suficiente para mim!

. isaltino gomes

Isaltino Gomes

Pastor . isaltinogomes@hotmail.com

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Uma amiga, cuja amizade me honra, evangelizou o homem com quem se casou. Ele se converteu. Ela, mais madura, começou a buscar uma igreja onde ele, um intelectual, se firmasse, sendo bem alimentado. Foram a uma igreja, mas ele não quis ficar porque a igreja era muito alegre. “Eu morreria de tanta alegria!”, disse ele. O ambiente era

O culto, para muita gente, só é bom se a pessoa tiver um transe de euforia. Ou sair suada do louvor aeróbico. E o evangelho só funciona se a pessoa for bastante feliz e ganhar muito dinheiro. A fé cristã se tornou uma filosofia hedonista, não um compromisso com Jesus Cristo, de viver sua mensagem e testemunhar dele. Os ideais de muitos cristãos são os mesmos ideais das pessoas sem Cristo: uma vida boa, tranquila e folgada, não uma vida de serviço a Jesus. Ter uma vida boa, tranquila e folgada é muito bom. Mas não é o alvo primeiro da vida de um seguidor de Jesus.

isaltino gomes

Já maduro, vez por outra leio algumas tiras em quadrinhos. Gosto do Calvin, um menino de seis anos. Se eu tivesse um filho como ele entraria em parafuso. Recebi, pela Internet, um quadro dele, no melhor estilo de alguns evangélicos, com braço erguido, e expressando-se como alguns evangélicos: “Felicidade não é suficiente para mim! Eu quero é euforia!”.

artificial, de alegria forçada (“Agora é hora de você dizer ao seu irmão que o ama!” e quejandos – que não tem a ver com queijo). A igreja deve ter sido formatada pelo “Rev. Calvin”…

Há um equívoco, hoje, que precisa ser desfeito: Nós não somos chamados à felicidade, mas à lealdade. Quem é leal a Jesus se realiza plenamente. Há crentes com anos de membros de igreja e com uma vida cristã opaca. Nunca se renderam ao Senhor, nem lhe deram sua vida, sua personalidade, seus talentos e bens. Frequentam igreja se der. Têm vidas aguadas porque buscam felicidade (que agora não basta – é preciso euforia, transe no culto) como alvo da vida. Ignoram que felicidade é subproduto da santidade. A pessoa que se rende completamente a Deus, honrando-o na vida, é feliz. O pr. Youcef quase foi morto por sua fé. No receituário da teologia da prosperidade, ele seria um fracassado. Para o evangelho, um homem realizado. Ele se deu todo a Jesus. Dispunha-se a morrer por ele.

. isaltino gomes

Dona Nelya Werdan, minha mãe, me ensinou a ler aos seis anos. Dela ganhei meu primeiro livro: “Pedrinho sozinho no mundo”. Eu o tive até meus 40 anos! Mas na minha distante infância, havia poucas opções de livros infantis. Eu esperava meu pai chegar do trabalho com quatro jornais: “O Dia”, “O Globo” (ainda existem), “A Notícia” e “Diário da Noite” (que não mais existem). Neles eu lia histórias em quadrinhos: Gabby Hayes, Pafúncio, O reizinho, Os sobrinhos do capitão (Hans e Fritz), Popeye, Mutt e Jeff, etc. Além dos livros, minha mãe comprava-me gibis. Flecha Ligeira, Flash Gordon, Tom Mix, Hopalong Cassidy, Cavaleiro Negro, Black Diamond, Fantasma e Mandrake estiveram na minha infância. Peguei gosto pela leitura. Quando terminei o primário tinha lido todas as obras de Monteiro Lobato, que retirava na Biblioteca da Escola Ceará, na rua D. Emília, em Inhaúma, bairro onde fui criado, no Rio de Janeiro.

Não busque felicidade. Nem euforia. Seja leal a Jesus. Seja santo. Você descobrirá que “todas as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). E verá que ser leal a Jesus e ser santo enriquece tanto que nem buscará as outras coisas. Não é de euforia que precisamos. É entrega total à obra de Deus. Aí, que venha o que vier, que não fará diferença. Estaremos realizados.

Revista RevistaElos Elos||Edição Edição10 10..Junho Junho––Julho Julho 2013 |

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george heinrichs

george heinrichs .

O mundo não acabou,

mas isso deve estar perto de acontecer! George Heinrichs

Pastor . george@igrejadorecreio.org.br

Todas as pessoas, sem exceção, têm seus paradigmas, que são filtros pelos quais a mente analisa e qualifica informações, independe de ser bom ou mau, senso comum ou não. Paradigmas ditam a forma como as pessoas vivem e, isto sim, pode ser bom ou muito ruim. Não posso me dizer analista do comportamento humano, mas posso afirmar que meu hobby é observar o cotidiano das pessoas à minha volta e, saiba, não importa se você acha isto certo ou errado: todas as pessoas agem por interesse. Particular ou comunitário, egoísta ou doador, sempre há um interesse. O que está por trás dos interesses são os valores, estes baseados nos princípios (já falamos sobre isto em outro artigo). O que mais me causa estranheza é que os seres humanos conseguem declarar valores que não têm e praticam princípios que dizem não ter. É um tipo de “esquizofrenia social”. “Não suporto a mentira, mas minto para me dar bem”. Parece que está crescendo dentro das pessoas um

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sentimento de autossuficiência, de independência social. As pessoas parecem estar cada vez mais juntas para descobrir como podem se distanciar mais e cuidar dos seus próprios interesses. Estive, recentemente, num órgão estadual para cumprir as “buRRocracias” para a renovação de um documento. Enfrentei, para variar, uma fila quilométrica, num lugar pequeno, pouca circulação de ar, uma enorme letargia no atendimento, então, pessoas chegavam como se nada quisessem e assumiam o lugar do próximo na fila para atendimento. Folgado, maleducado, eram palavras que passavam pela minha cabeça, mas, sobretudo, egoísta, gente a buscar seu próprio interesse em detrimento do seu próximo, do seu semelhante. E não foi uma ou duas pessoas que fez isto. Alguns recebem suborno para simplesmente fechar os olhos para anomalias. O cidadão honesto espera horas na fila, depois de ter saído cedo de casa, vir em


george heinrichs

Divulgação . 2012

Quando olhamos o panorama social, parece que começa a se instalar no país um pânico generalizado. No Rio de Janeiro, por exemplo, muitas tragédias anunciadas estão se revelando no dia a dia. Em ato de desespero, os governos tentam estancar a sangria do crime, Proíbem películas em vidros de vans, limitam as rotas de veículos de transporte alternativo, etc. O Brasil está se preparando para receber grandes eventos. Gasta cifras astronômicas, para quê? “Esquizofrenia Social”. Viver numa esfera inexistente. Seria clichê falar aqui sobre a necessidade de investir na saúde, na

educação, etc., mas quero resumir dizendo que as pessoas perderam a noção de valor. As coisas se tornam mais importantes, o mundo não acabou, mas isso deve estar perto de acontecer! Se estivéssemos assistindo a uma antiga série de televisão, eu diria: “E agora, quem poderá nos defender?” Ainda bem que Deus existe, é poderoso e consegue colocar ordem no caos. Longe de mim profetizar aqui que o caos da humanidade se resolverá, mas o caos individual, este sim, tem jeito. Eu e você entramos em crise com algumas coisas que observamos no dia a dia. Achamonos parte de outro tempo outro espaço. Isto significa que dentro de você há, independentemente do seu credo, um clamor. Clamor este que pede por paz, harmonia, equilíbrio. Acredito que só encontraremos isto em Deus. Clame a Ele, peça para que, através de Jesus Cristo, faça morada no seu coração e lembre-se: o mundo não acabou, mas isto deve estar perto de acontecer!

. george heinrichs

ônibus lotado, levar as crianças à escola e pedir folga no trabalho, Se se esquecer de trazer a cópia daquele comprovante para simples conferência é obrigado a voltar para a casa por não cumprir as “exigências” da “buRRocracia». O que veio em carro bonito e dispôs de R$50,00 para o “fiscal”, ri do cidadão honesto. O mundo não acabou, mas isto deve estar perto de acontecer.

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Cartão de crédito cuidado com o pagamento mínimo da fatura Joel Leandro

Professor, especialista em finanças comportamentais . joelml@uol.com.br

joel leandro

joel leandro .

O seu orçamento está apertado e você acredita que não será capaz de quitar a fatura do seu cartão de crédito neste mês e resolve pagar o mínimo? Cuidado, pois no próximo mês, possivelmente, o seu salário será insuficiente para pagar o valor acumulado de dois meses e, assim, seus débitos tendem a aumentar, num efeito “bola de neve”. Muitas pessoas acabam nesta situação porque não entendem exatamente como funcionam os cartões de crédito, e acreditam que ao pagar ao menos o valor mínimo da fatura não têm que pagar juros, o que não é correto. Para orientá-lo melhor sobre como se dá o cálculo dos encargos, descrevo, passo a passo, como a dívida no cartão é composta. Fique atento e evite problemas! Você sabe calcular sua dívida no cartão de crédito? Para ilustrar melhor a evolução da dívida de um cartão de crédito, vamos tomar como base o caso de uma pessoa que possui saldo devedor de R$ 1.500 e cujo cartão cobra juros rotativos de 10% ao mês. Caso opte por efetuar apenas o pagamento mínimo, esta pessoa terá que desembolsar apenas R$

Reprodução internet

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300 do total da fatura (em geral, o valor mínimo a pagar é fixado em 20% do valor da fatura). Neste caso, o saldo da fatura que teria que ser financiado, por não ter sido pago, seria de R$ 1.200. Este valor será acrescido dos encargos pelo atraso no pagamento da dívida financiada. Além do juro rotativo, há ainda a multa por atraso (2% ao mês) e os juros de mora (1% ao mês). Calculando os respectivos valores, tem-se o juro do rotativo, em R$ 120 (R$ 1.200 x 10%), a multa por atraso, em R$ 24, e os juros de mora, em R$ 12. Em outras palavras: R$ 160 apenas em encargos a serem pagos na próxima fatura. No mês seguinte, portanto, a sua dívida, antes de R$ 1.200 no cartão, passou a valer cerca de R$ 1.360 (R$ 1.200 + R$ 160). Se, por mais uma vez, não for possível quitar a fatura inteira e você tiver que pagar apenas o valor mínimo (20% ou R$ 272), é bom saber que sobre o saldo restante, R$ 1.088, serão calculados novamente todos os encargos já mencionados. Vale ressaltar que, neste exemplo, assume-se que não houve novos gastos no mês seguinte, o que é improvável, uma vez que o uso do plástico está cada vez mais popularizado entre os

consumidores. Neste sentido, pense que a dívida real poderá ser ainda maior, contabilizando-se novos gastos no mês. Quebrar o cartão pode ser necessário, em alguns casos O cenário discutido aqui deixa claro o porquê de você ter que fugir de pagar o valor mínimo da fatura do cartão. Se notar um acúmulo de dívidas, não pense duas vezes em quebrar o cartão para evitar novos gastos. Procure o banco emissor do cartão e tente negociar condições de pagamento mais flexíveis com juros menores, pois os cobrados nos cartões de crédito são os maiores do mercado, geralmente acima de 10% ao mês. Finalmente, não esqueça da máxima que certamente sempre será a melhor dica para evitar o descontrole financeiro: a soma total dos seus gastos nunca pode ultrapassar o valor de sua renda. Aliás, esta é a regra número um da boa saúde financeira. Recomendo ainda que faça um esforço a mais, para tentar poupar um percentual do seu salário todo mês, visando constituir um fundo de reserva para situações emergenciais e também para realizar os seus sonhos. Deixo com o querido leitor de Elos a


Tortura era praticada na ditadura militar antes da luta armada

Luciano Nascimento . Repórter da Agência Brasil Edição: Carolina Pimentel

Brasília – A Comissão Nacional da Verdade informou que a tortura passou a ser prática sistemática da ditadura militar logo após o golpe, em 1964. Durante o balanço de um ano de atividades, os integrantes da comissão desmentiram a versão de que a prática tenha sido efetivada em resposta à luta armada contra a ditadura, iniciada em 1969.

“Duas crianças estavam patinando num lago congelado da Alemanha. Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, vendo seu amiguinho preso e congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e libertar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:

Nesse instante, o gênio Albert Einstein que passava pelo local, comentou: - Eu sei como ele conseguiu. Todos perguntaram: - Pode nos dizer como? - É simples, respondeu Einstein. - Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que não seria capaz. Lembre-se: Fazer ou não fazer algo diferente na vida só depende da nossa vontade e perseverança.”

O balanço divulgado pela comissão considera que o uso da violência política permitiu ao regime construir um Estado sem limites repressivos. “Fez da tortura força motriz da repressão no Brasil. E levou a uma política sistemática de assassinatos, desaparecimentos e sequestros.” A comissão revelou ainda que a Marinha ocultou informações sobre mortes na ditadura, quando foi questionada em 1993 pelo governo Itamar Franco. De acordo com levantamentos da Comissão da Verdade, cerca de 50 mil pessoas foram presas só no ano de 1964, em operações nos estados da Guanabara (atual Rio de Janeiro), de Minas Gerais, de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e de São Paulo. A comissão identificou prisões em massa em navios-presídios. A comissão também relatou ter identificado 36 centros de tortura em sete estados, inclusive em duas universidades – na Universidade Federal do Recife e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. “Nós identificamos que as pessoas foram presas dentro dos campus da universidade e as práticas de violência ocorreram dentro do campus”, disse Heloísa Starling. A historiadora disse que a comissão está no caminho de desmontar a tese de que a tortura foi praticada sem o consentimento do alto escalão militar. Ela apresentou um organograma de 1970, ano de criação do Centro de Operações de Defesa Interna (Codi), que mostra que as informações sobre o que ocorria no órgão eram de conhecimento do alto escalão do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

. curta nota

- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!

“A prática da tortura no Brasil como técnica de interrogatório nos quartéis é anterior ao período da luta armada, ela começa a ser praticada em 1964”, disse a historiadora Heloísa Starling, assessora da comissão. “O que é importante notar é que ao contrário do que supunha boa parte da nossa bibliografia, o que nós temos é a tortura sendo introduzida como padrão de interrogação nos quartéis em 64 e explodindo a partir de 69”, argumentou.

curta nota

história abaixo que li certa vez com o título: “A Lógica de Einstein”.

Toda a bibliografia, segundo a assessora, mostra que a estrutura de comando vai até o segundo nível, onde está o Centro de Informações da Aeronáutica (Cisa), Centro de Informações do Exército (CIE) e o Centro de Informações da Marinha. “É muito pouco provável que o general Médici [presidente Emílio Garrastazu Médici] não recebesse informações do seu ministro mais importante, que era o ministro do Exército, Orlando Geisel”, disse. Revista RevistaElos Elos||Edição Edição10 10..Junho Junho––Julho Julho 2013 |

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A irrelevância

relevante

Josias Menezes Pastor

josias menezes

josias menezes .

Li, recentemente, um pequeno livro de H. Nowen (O perfil do líder cristão do século 21, Editora Atos). Certamente, o menor e o melhor livro sobre liderança que já li. Nowen foi um sacerdote católico, exprofessor da Universidade de Harvard, que escolheu deixar a cátedra para viver e trabalhar numa comunidade para deficientes mentais. Ele relata como foi duro não ser mais relevante, importante, cortejado, admirado, solicitado... A partir dessa experiência, ele afirma que a maior tentação de um líder é a de ser “relevante”, de causar impacto, de fazer sucesso. Por isso, muitos líderes permanecem estancados na “zona de conforto”, ainda que o coração esteja mergulhado em grande desconforto e frustração. Mas, enquanto a alma definha, eles lutam na superfície: por mais uma foto oficial perto dos oficiais mais graduados; por mais uma vaga nos recantos de poder... A narrativa de Nowen tocou muito o meu coração, porque o “não-sucesso”

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é uma realidade que caracteriza minha produção pastoral nesse canto do mundo onde vivo hoje. Aqui a gente tem de descer do pináculo do templo e vivenciar o deserto. Aqui a gente não tem muita chance de saltar de lá, ser visto por milhares, ser amparado no ar por um anjo e, por consequência, ganhar os aplausos da audiência. Aqui, por falta de pirotecnia, o ego pira. Só a alma canta, enquanto o ego chora. Aqui a não-relevância é uma marca que desconstrói o caminho do sucesso que o sistema nos ensina a trilhar. Aqui, todos os dias, sou tentado a inverter a Escritura e perguntar: que adianta ganhar a alma e perder o mundo inteiro? Mas todos os dias, literalmente, a minha alma tem ficado mais nutrida, na mesma proporção que meu “sucesso” definha (2Co 4.16). Dói? Ô se dói! O ego murchando é como um cérebro com alzheimer: aos poucos vai perdendo seu brilho. As luzes vão se apagando, se apagando, se apag... Sinto que meu ego ainda tenta se manter no

“outdoor” como tentativa desesperada de não ser esquecido pela velha ordem. Um esforço para se manter relevante, importante, inserido... Então, jogo na vitrine do Facebook pequenas inserções pessoais, de pequenas conquistas, em pequenos eventos que denotam pequenos “sucessos”. Mas, aos poucos estou me entregando a esse processo de involução de minha imagem pública que, na verdade, nunca foi massivamente importante. É nesse ponto que se instala a salvação, pois “quem perder a vida, ganha-la-á”. Sim, é duro, mas descubro a cada dia que a salvação vem na contramão dos holofotes, do lugar público e dos aplausos. Até porque as mãos que aplaudem hoje são as mesmas que apedrejam amanhã. Nas horas em que me sinto irrelevante, lembro-me, então, de meu mito pessoal, fruto de um sonho que tive já faz alguns anos: o mito da casinha iluminada, que o céu ofereceu ao meu eu do avesso, em contraste com o centro de convenções que deslumbra meu eu de palco.


silvino netto

à Mãe adotiva Silvino Netto

Professor . scfnetto@gmail.com

Para você, Que não se revoltou contra Deus, Que não deixou morrer, Não abortou o amor, Mas se fez mãe... Para você, Que dilatou o coração Para dar vida à criança E luz ao filho de outra, Que sentiu as dores, Da criança órfã...

Para você, Que amamentou A criança faminta de amor, Que aqueceu no colo A criança fria de calor...

. silvino netto

Para você, que sonhou ser mãe, que orou, que clamou, que rogou e regou o ventre com lágrimas, mas nunca sentiu, dentro do ser, a semente nascer, a criança mexer-se...

Para você que embalou, que cantou, Que fez dormir, que beijou, Que enxugou lágrimas E fez sorrir... Para você, Que educou, Que apontou o caminho, Que tomou a pílula da fertilidade, Que gerou na esterilidade... Para você, Todas as honras e glórias da maternidade.

Reprodução internet

Revista RevistaElos Elos||Edição Edição10 10..Junho Junho––Julho Julho 2013 |

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Estudar é

ginástica para o cérebro na velhice Samuel Rodrigues de Souza Gerontólogo . samuelrods@ig.com.br

A doença está fortemente associada à idade, sendo incomum antes dos 50 anos, podendo, porém, afetar metade das pessoas na faixa dos 90 anos. Não podemos ficar impressionados e desanimados diante da complexidade desta enfermidade, supondo que vamos ficar fatalmente com alguma demência.

samuel rodrigues

Tudo quanto pudermos, o que estiver em nosso alcance, devemos fazer; procurando tratamentos alternativos, tendo a mente aberta para novos procedimentos terapêuticos, como acupuntura, homeopatia, checkups contínuos, cuidados com a alimentação, cursos, novos trabalhos, etc. Se tivermos descontinuidades, quer dizer, catástrofes, falecimento de parentes e amigos, problemas financeiros, enfermidades graves, cirurgias, volta de filhos com netos para morar novamente conosco, trazendo transtornos; devemos procurar ajuda de um conselheiro, psicólogo, amigo que possam nos ouvir e nos orientar. Reprodução internet

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Hoje é sobejamente conhecido que o nome correto desta doença cerebral é doença de Alzheimer, uma condição que provoca deficiência mental progressiva. É uma doença tratável, porém, ainda sem cura. A memória, principalmente a capacidade de reter novas informações, é a parte mais afetada. No entanto, várias outras funções cognitivas ou mentais, inclusive as de orientação, linguagem, julgamento, função social e habilidade de realizar tarefas motoras (práxis) também declinam à medida que a doença evolui.

samuel rodrigues . 44

Em tempos passados, quando um idoso começava a ficar ranzinza, esquecendose das coisas, fazendo comentários inadequados, dizia-se que ele estava esclerosado ou caduco.

Não devemos ser orgulhosos, supondo que podemos resolver tudo sozinhos, por nós mesmos, devemos procurar confiar em alguém com quem possamos compartilhar alegrias e dificuldades, sendo extremamente importante que tenhamos também uma diretriz religiosa segura.


Na terceira idade, o hábito de ler é vital para manter o cérebro em atividade. Quem além de ler, estuda, descobre um mundo que, até então, estava adormecido e esperando a hora certa de despertar. De acordo com a professora Vilma Câmara, doutora em Neurologia e Geriatria, além de docente aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF) desde 2009, aos 70 anos, a aquisição de conhecimento fortalece a atividade cerebral, protegendo o cérebro de uma degeneração mais rápida.

“Em 2004, aos 53 anos, comecei a sentir dificuldade de entender a linguagem de tecnologia, internet. Eu estimulava meus filhos a estudar informática, mas eu mesmo não ia. Daí, procurei a Faetec e me matriculei. Eu me sentia na obrigação de continuar estudando e saber da nova era digital”, argumenta Jorge Luiz, que estudou no Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante de São Gonçalo (Cetep)”. Em 2006, ele operou o coração e teve que parar de estudar. “Foi um período difícil, de recuperação e, quando comecei a reagir, vi que precisava lutar contra o alemão”, diverte-se, fazendo referência ao Mal de Alzheimer, uma doença

Somente aos 63 anos, a cabeleireira Nilce Barros de Moraes, retornou aos estudos. A união trabalho e estudo, na juventude, não deu certo. O sonho de voltar a estudar e descobrir coisas novas não morreu. Apesar de não receber apoio da família, que achava que ela estava velha demais para estudar, ela seguiu em frente e, hoje, é uma das alunas do Cetep. “Depois que me formei, fiquei em terceiro lugar em concurso de poesia do Liceu Nilo Peçanha e sempre tive vontade de aprender outro idioma e informática. Soube do Cetep e me inscrevi. Estudar é um bem que ninguém nunca vai me tirar. E sinto que ganhei muito em voltar a estudar. Beneficiei minha mente. Se você parar, a mente atrofia”, sustenta Nilce. Nem mesmo as barreiras impostas pela saúde fizeram a dona de casa Neuza Maria Lima Pena, 62, desistir de voltar a estudar e se entregar a sua grande paixão: língua portuguesa. “Parei de estudar com 15 anos e concluí meus estudos aos 57 anos, mas nunca deixei de ter contato com as letras, minha grande paixão, porque ensinava os filhos na hora do dever de casa. Sou vidrada em português. Mas queria mesmo era aprender mais. Depois do ensino médio concluído, fiz o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para saber como era. Tenho o maior orgulho em dizer que estudo e sinto que até minha saúde melhorou”, relata Neuza, que já fez informática e estuda inglês por conta própria em casa. Quando pergunta sobre o que representa estudar na terceira idade, a dona de casa Clemilce de Freitas Agnelo, 67, é direta: “um mundo se

abriu”. Da mesma forma como as demais, ela só concluiu os ensinos depois de casada, já aos 35 anos. Atualmente, missionária de uma igreja evangélica, sentiu a necessidade de ter o apoio das funções do computador nos trabalhos religiosos. Depois de concluído o ensino médio, a dona de casa se formou em Teologia. “A minha atividade na igreja exige interação com o computador. Faço o curso de informática e me sinto maravilhada. Minha memória melhorou muito. Estudar é maravilhoso e o próximo passo é entrar no inglês”, conta a missionária. Processo é mais lento na 3ª idade A professora doutora Vilma Câmara, que também foi presidente do Conselho Municipal dos Idosos de Niterói e diretora científica da Associação Brasileira de Alzheimer, atesta que os estudos trazem melhorias na qualidade de vida em qualquer idade. “Os benefícios são excelentes, principalmente para estudos que exigem criatividade. Existe, também no cérebro, o envelhecimento fisiológico igual para todos os órgãos e a memória, na sua capacidade de armazenar e expor, também fica mais lenta. Quanto mais estímulos usarmos, vamos ativar neurônios que nunca foram usados e desbloquear os que estiverem comprometidos”, explica a doutora. Para os que acham que estudar na terceira idade é perda de tempo, a neurologista e geriatra reforça. “Estudo na terceira idade pode ser de modo mais lento, mas dá para recuperar o tempo perdido”, afirma Vilma Câmara, que conta sua experiência com os livros. “Desde criança, compreendi que estudar era fundamental. Então, fiz desta minha bandeira de vida. Estudando o envelhecimento humano, aprendi a envelhecer”.

. samuel rodrigues

Com o objetivo de afastar a degeneração cerebral o agente comunitário de saúde Jorge Luiz de Medeiros, 60 anos, voltou aos estudos e não pretende parar. Tendo passado em 16º lugar no concurso público da Prefeitura de São Gonçalo, exerceu as atividades de agente comunitário em posto de saúde. Da conclusão da faculdade de Administração, em 1979, até 2004, ficou totalmente afastado dos estudos e se dedicava somente ao trabalho.

degenerativa que ataca o sistema nervoso central. “Do início do ano até agora, já fiz curso de digitação, computação gráfica, promotor de vendas, espanhol e inglês. Voltar a estudar foi como detonar um dispositivo de voltar à vida, de sentir os neurônios agindo”.

samuel rodrigues

Mas devemos ter um cuidado especial com a saúde mental, com procedimentos básicos e seguros, que nos proporcionarão mais qualidade de vida.

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adalberto sousa

adalberto sousa . Wallbeam.com

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Adalberto Sousa

Professor de Português . prof.aas@gmail.com

O entrevistado era um diretor de cursinho preparatório para concursos públicos. – O que é que mais reprova nesses concursos – perguntou a apresentadora. – Língua portuguesa, interpretação de texto e redação – foi a resposta imediata.

Um dia desses, enquanto um temporal desabava sobre a cidade, todos os eletrodomésticos da casa foram desligados. O pré-adolescente reagiu: – Que droga! Não tem nada para eu fazer. Não tem TV nem internet. Diante de uma estante repleta de livros, infantojuvenis, inclusive, alguém sugeriu: – Pega um livro aí pra ler. – Livro, não. Ler é muito chato. É claro que entre ler um livro e ver televisão, bater um papo na internet e um joguinho eletrônico, se a opção ficar por conta da criança, a leitura vai ser sempre deixada pra depois. Os responsáveis pela criança devem definir os horários das diversas atividades dela para que haja equilíbrio, e nenhuma fique prejudicada. A escola, ou melhor, a boa escola faz a sua parte, quando inclui leitura nas atividades obrigatórias. Mas cabe aos responsáveis tomar iniciativas que a levem a valorizar a leitura e a ler livros como um hábito. Esse é um processo que precisa começar bem antes que a criança aprenda a ler. Nessa fase ela precisa ter contato com livros ilustrados e

O adolescente que tenha adquirido o hábito da leitura na infância não terá dificuldade em perceber as diferenças existentes entre os diversos registros linguísticos com que se depara no dia a dia. Voltando à entrevista do diretor do cursinho, a falta dessa percepção está na base do mau desempenho dos candidatos, que dominam o registro informal do idioma, mas não têm qualquer intimidade com o formal, justamente aquele que se adquire pela leitura intensiva, paralela ao estudo teórico desenvolvido pela escola. O resultado é que, quando escrevem, produzem textos com problemas das mais diversas ordens.

. adalberto sousa

Quando paramos para tentar descobrir a causa dessa realidade, podemos chegar a algumas conclusões, mas acredito que a pouca importância que se dá à leitura seja a mais evidente.

ouvir as histórias contidas neles, acompanhando cada ilustração. Existem autores que se especializaram na arte de escrever para as diversas faixas etárias, portanto há sempre livros apropriados, qualquer que seja a idade. Muitos pais têm levado seus filhos de vez em quando para ver livros nas livrarias quando vão ao shopping. Um dia desses parei para ouvir uma criancinha que “lia” seu livrinho, sentada no chão em uma dessas lojas no Recreio. Ela ia virando as folhas e dizendo: “... cocó, au-au, miau...”.

adalberto sousa

Leitura Procure descobrir o gênero de leitura preferido de seu filho, ou pelo menos os assuntos em que ele “tá ligado” e incentive-o a ler todos os dias. A ler muito. A ler como se respira. Veja alguns exemplos: A palavra “através” – O dicionário registra: “de lado, de través, transversalmente, de atravessado”. Compare os sentidos da palavra dados pelo dicionário com os que ela passa a ter nestes exemplos: “Soube da notícia através (por intermédio) do porteiro”; “O problema foi resolvido através do (com o) uso de tecnologia de ponta”.

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Photofolia.com

mães que sofrem Edvar Gimenes

Pastor . egobrasil@hotamil.com

edvar gimenes

edvar gimenes .

“Então Rispa, filha de Aiá, pegou um pano de saco e o estendeu para si sobre uma rocha. Desde o início da colheita até cair chuva do céu sobre os corpos, ela não deixou que as aves de rapina os tocassem de dia, nem os animais selvagens à noite” (2Samuel 21.10). Ela não era responsável pelos problemas de Israel, pelo menos não no sentido que entendo. Na verdade, ela acabou sendo uma espécie de “bode expiatório”. Explico: Israel passava por um período de fome que já se prolongava por 3 anos, durante o reinado de Davi. A explicação para isso, de acordo com a cosmovisão reinante à época, era que Saul seria o responsável. Isso porque Israel, sob a liderança de Josué, havia feito um acordo com os gibeonitas (Josué 9) que se dispuseram a servi-lo para terem suas vidas poupadas. O acordo foi firmado a partir de uma mentira, é verdade, mas foi selado. Ocorre que Saul, em seu reinado, visando preservar os interesses de Israel decidiu exterminá-los. Não pesquisei a causa, mas não podemos descartar a hipótese de que isso se deu porque Saul, diferente de Josué, percebeu que os gibeonitas não eram de confiança. Erro ou acerto, o fato é que se cria firmemente que a fome era

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consequência da quebra do acordo (feito sob fundamentos de mentiras) e, se Israel não reparasse o erro de Saul, ela não acabaria. Davi deixou que os gibeonitas dissessem como o mal feito por Saul poderia ser reparado. Eles, então, pediram a execução de descendentes de Saul. Assim foi feito: Dois filhos de Mispa e cinco de Merabe, portanto, dois filhos e cinco netos de Saul. A consumação desse desejo não foi uma execução qualquer. Foi um ritual religioso em um monte, “perante o Senhor”, onde os corpos ficaram estendidos. Os gibeonitas que se deram bem mentindo para Josué, agora saem por cima, sacrificando sete descendentes de Saul a fim de que os tempos de fome passassem. O amor de mãe, entretanto, roubou a cena. Sofrendo muito, o que não é difícil de imaginar, Rispa estendeu um saco numa rocha e ficou ao lado dos corpos dos filhos, vigiando para que não fossem comidos por aves de rapina. Ela acabou sendo o“bode expiatório”, pois foi sobre seus ombros que recaiu todo o “pecado de Israel”, toda a dor pela perda dos filhos. Mesmo o sofrimento dos filhos sacrificados, certamente, não poderia ser comparado ao

sofrimento daquela que os acalentou por longos nove meses, os amamentou, os higienizou, os acariciou, os ensinou a falar e andar e os educou. Sim, seus filhos foram mortos, mas ela ficou com a dor, segundo a crença narrada, pelos pecados de Saul, pelos pecados de Israel. E Davi, nesse caso,uma espécie de protótipo de grande parte dos nossos atuais governantes, faz um gesto simbólico de consolo que não altera a realidade: resgata os ossos de Saul e Jonatas que estavam em mãos inimigas e os traz para Zela, terra de Benjamim. Isso continua ocorrendo sob nossos conformados olhares. Não mais por uma cosmovisão equivocada de Deus e da natureza, mas por um olhar ingênuo sobre as causas da violência e da impunidade reinantes em nosso país. Enquanto isso, milhares de mães, além de sofrerem a perda de seus filhos, se consomem lentamente pelo descaso dos que são altamente competentes sob os holofotes televisivos, visando “marketing político”, mas que, de fato, no cotidiano de seus poderes, parecenos passarem os dias arquitetando o que fazer, não em favor do povo, mas para manterem-se em seus poderosos e bem remunerados cargos nas eleições seguintes.




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