Índice A importância da ABCZ no Desenvolvimento do rebanho Brasileiro
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A contribuição das raças zebuínas no Brasil
Pág. 03
Brahman, a raça americana com raízes no Brasil
Pág. 04
Cangaian e punganor, exóticos e raros
Pág. 05
Na produção de leite, a raça Gir é campeã
Pág. 06
A raça Gir teve um grande impulso na década de 1960
Pág. 07
Você sabia que a maioria do leite e da carne que consumimos são de Zebu?
Pág. 08
É da raça Guzerá o primeiro touro a romper a marca dos 1000 quilos.
Pág. 09
Indubrasil a raça genuinamente brasileira.
Pág. 12
Na produção de carne, a raça Nelore se destaca.
Pág. 13
Outra raça indiana que chegou ao Brasil foi a Sindi. Diferente dos outros, o Sindi veio de avião. Pág. 14 Tabapuã, uma raça formada no Brasil, a partir de cruzamentos.
Pág. 15
Biotecnologia: inseminação artificial. Ajudando na multiplicação do Zebu no Brasil.
Pág. 16
Biotecnologia: fecundação in vitro (FIV). Transferindo qualidades em larga escala.
Pág. 17
Como não ter orgulho dessa associação?
Pág. 18
Redação: Lucas Alexandre Neres
Pág. 19
Redação: Carla Cristina Santos Silva
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A importância da ABCZ
no desenvolvimento do rebanho brasileiro
animais importados da Índia sejam continuamente melhorados nas suas qualidades genéticas. Tanto as vacas como os touros das raças zebuínas são muito importantes para o Brasil. Nesta edição, falaremos um pouco sobre cada uma das raças e contaremos histórias curiosas de alguns touros. Para início de conversa, é bom explicar a A A s s o c i a ç ã o B r a s i l e i r a d o s diferença entre "boi e touro". O touro Criadores de Zebu - ABCZ tem 83 é um animal reprodutor, utilizado anos de história que enche de para melhorar geneticamente o orgulho o Brasil, em especial aqueles rebanho. Já um boi, é um macho que que acreditaram e foram à longínqua não é utilizado para esta tarefa. Índia e trouxeram o gado Zebu. As Desde um passado distante, os raças Zebuínas vêm ao longo de touros foram empregados na melhomais de um século contribuindo para ria das raças, produzindo e imprimina consolidação da pecuária brasileira do em seus filhos as suas caracteríse levando alimentos às mesas dos ticas e qualidades. Hoje em dia, os brasileiros e de famílias de todo o touros são capazes de produzir mundo. milhares de filhos e as vacas, O principal objetivo que levou os centenas, ao longo de suas vidas. criadores a formarem essa institui- Mas como isto é possível? É o que ção foi fiscalizar e garantir que os iremos descobrir nas páginas descendentes daqueles primeiros seguintes. 02
A contribuição genética das raças zebuínas no Brasil Olá Amiguinhos, vocês sabiam que os bovinos chegaram ao Brasil cerca de 460 anos? Pouco depois do Descobrimento do Brasil, foram trazidos animais bovinos por colonizadores europeus. No entanto, nas décadas �inais do século XIX, foram importados da Índia os bovinos das raças Zebu. Esses se adaptaram muito bem ao clima tropical brasileiro, em função das semelhanças ambientais com o seu país de origem. É importante lembrar que o "Bos taurus indicus" ou sim-
plesmente Zebu, se divide em muitas raças. Na Índia são cerca de 40 e as que vieram para o Brasil são: Cangaian, Gir, Guzerá, Nelore e Sindi, ainda existem as raças de Zebu que foram formadas no Brasil, batizadas de Indubrasil e Tabapuã. Também importamos uma outra raça formada nos EUA, o Brahman. Os brasileiros foram buscar o Zebu na Índia, pois precisavam de bovinos para tração, produção de carne e leite, qualidades consideradas insatisfatórias nos animais que tinha no Brasil antes do Zebu. 03
Brahman, a raça americana com raízes no Brasil Existe uma nova raça de Zebu no Brasil, que não é nem indiana e nem b r a s i l e i r a . Tr a t a - s e d a r a ç a Brahman, desenvolvida nos EUA. Esta raça é híbrida das raças Gir, Guzerá e Nelore, mas teve também na sua composição a contribuição de outras raças de Zebu, como: Cangaiam, Indubrasil, Khrisna Valley, Sindi, Tharparkar, e talvez outras, bem como de taurinos. A base inicial da formação desta raça foi na década de 1920, com cerca de 300 zebuínos que chegaram aos EUA da Europa ou da Índia. Um aspecto da história do Brahman muito interessante, é que Uberaba contribuiu indiretamente na sua formação. Em 1923, depois de alguns anos que os uberabenses importaram Zebu da Índia, eles fizeram para o México a primeira exportação brasileira de Zebu. Neste contexto, o México passava por conflitos decorrentes da Revolução Mexicana. Isto fez com que muitos dos animais exportados atravessassem as fronteiras e fossem adquiridos por fazendeiros dos EUA. Um touro se destacou entre estes, um Guzerá de nome Aristocrata. Ele foi pai de Manso, o mais importante
Neto de Walter Hudigns apresenta a cabeça do touro Manso nos EUA. Fonte: Rancho Hudigns.
touro americano na formação da raça Brahman. Manso era de propriedade de Walter Hudgins, do Texas. Oficialmente, a raça Brahman entrou no Brasil somente em 1994, quando houve a primeira importação vinda dos Estados Unidos. Atualmente, o Brahman está presente em 70 países. 04
Cangaiam e Punganor, exóticos e raros. Existem outras duas raças de Zebu, o Cangaiam e Punganor, que foram importadas da Índia, junto com animais da famosa importação da década de 1960. Hoje, existem pouquíssimos criadores dessas duas raças no Brasil. O rebanho puro dessas raças exóticas está concentrado na Fazenda Haras Barreiro, em Ituiutaba/MG, de Arlindo Drummond. Os chifres do Cangaian parecem com os de um Antílope africano. Já o Punganor é um zebuzinho miniatura, o menor Zebu do mundo, quase do tamanho de um cachorro grande.
Arlindo Drummond na Fazenda e Haras Barreiro, em Ituiutaba com, o pequeno Punganor. Fonte: Fazenda e Haras Barreiro
Veja como é bonito o Cangaiam da Fazenda Haras Barreiro. Fonte: Fazenda e Haras Barreiro
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Na produção de leite, a raça
Gir
é campeã. U m a r a ç a m i l e n a r. N a Í n d i a , existem rebanhos com linhagens de mais de 300 anos, sendo que os produtores utilizam o melhoramento desta raça para produção leiteira, visando o abastecimento de sua gigantesca população.Os primeiros registros da entrada da raça Gir no Brasil são de 1911. Mas foi com as importações que ocorreram entre 1914 e 1919, que entraram animais de mais expressão. Foi na década de 1930, na busca de aperfeiçoar o rebanho com animais de origem indiana pura, que o Gir se tornou a principal raça de Zebu registrada no Brasil, mantendo esta liderança até 1967, segundo registros da ABCZ.
Uma história emocionante é a do touro chamado Chave de Ouro. Resultado de anos de trabalho árduo, feito pelo criador Rodolfo Machado Borges, que selecionou por gerações para chegar ao animal ideal. Quando este animal nasceu, o Sr. Rodolfo comemorou: Este animal fecha uma era e abrirá outra, com "Chave de Ouro"! E, na verdade, foi isto o que aconteceu. "Chave de Ouro" além de ser um belo animal, gerou vários �ilhos e �ilhas que �izeram a diferença zootécinca e produtiva dentro da raça. Ele está embalsamado. Quer conhecê-lo? Visite o Museu do Zebu, em Uberaba". Outros antigos reprodutores que se destacaram nessa raça foram: Alambique, Gaiolão, Gandhi, Hindostan, Krishna, Lobisomen, Naidu, Rajá e Vijaya.
Chave de Ouro morreu no ano de 1967. O fato foi notícia nacional pelo então famoso "Repórter Esso"
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A raça Gir teve um grande impulso na década de 1960 Com as importações da Índia, o criador de Londrina/PR, Celso Garcia Cid se tornou grande amigo do Marajá de Bhavnagar, que tinha um plantel riquíssimo. Celso conseguiu adquirir raros exemplares, com a promessa de utilizar estes animais somente para melhorar o rebanho brasileiro. Com um verdadeiro patrimônio em suas mãos, ele cumpriu a sua promessa. Anos depois, pouco antes do seu falecimento, o Marajá deixou uma carta-testamento doando o seu rebanho de Gir para o amigo Celso Garcia Cid. Na década de 1940, surgiram os primeiros exemplares de Gir Mocho, ou seja, "sem chifres". Somente no ano de 1973 é que foi aberto o registro da raça Gir Mocho na ABCZ. Atualmente, o gado Gir Mocho está em franca expansão e preserva as mesmas características reprodutivas da raça. Hoje uma vaca Gir campeã é capaz de produzir 50,6 quilos de leite em um concurso leiteiro da ABCZ. A Krishna morreu em 1961 e também foi genética brasileira é tão aperfeiçoa- embalsamado para a posteridade pelo grande da que até os indianos estão buscan- entusiasta da raça, Celso Garcia Cid. Herdeira e filha de Celso Garcia Cid, Beatriz Garcia Cid do atualmente animais Gir de volta mantém o touro embalsamado na sala de estar da fazenda Cachoeira 2C. para a Índia. 07
Vocês sabiam que a maioria do leite e da carne que consumimos são de
Zebu?
Imagem do jovem touro Lontra, um dos primeiros zebuínos a chegar em Uberaba, em 1889. Fonte: Museu do Zebu.
Vestígios arqueológicos com representações do gado Guzerá de Mohenjo-daro e Harappa, cerca de 2600 AC. Fonte: Harappa.com
Verdade, é o Zebu e seus cruzamentos que produzem a maior parte da proteína animal que consumimos.
Uma das mais antigas raças de Zebu utilizadas na pecuária é a Guzerá. Existem vestígios de sua criação nas primeiras civilizações da humanidade há cerca de 5 mil anos, encontrados em sítios arqueológicos na Índia. A raça Guzerá também foi uma das primeiras a chegar ao Brasil. Um dos introdutores do Guzerá no Brasil, na década de 1870, foi o Barão de Duas Barras. Logo, o Guzerá tomou espaço nas fazendas dos Barões do Café da região do Vale do Paraíba, no Estado do Rio de Janeiro. Surgia, portanto, como solução para serviços de tração, transporte, e também para produção de leite e carne.
Existe uma história interessante de um touro desta raça chamado «Lontra». Ele foi um marco importante entre os primeiros Zebus em Uberaba. O memorialista Hidelbrando Pontes conta que Lontra chegou em novembro de 1889 a Uberaba, trazido por Joaquim Veloso de Resende, que o adquiriu em Porto Novo da Cunha, Rio de Janeiro, para Antônio Borges de Araújo e José Borges de Araújo. O animal �icou muito famoso porque os proprietários rejeitaram uma oferta milionária pelo touro, feita por Manoel de Paula Lemos, a magní�ica soma de 42 contos de réis. Para se ter uma ideia, a despesa anual da época para a Câmara Municipal de Uberaba era de pouco mais de 20 contos de réis. 08
É da raça Guzerá o primeiro touro a romper a marca dos 1000 quilos.
O Grande Campeão Pavilhão foi utilizado por João de Abreu Jr, para provar que o Zebu era um animal muito manso, derrubando assim o preconceito da época que pregava ser o Zebu um animal bravo. Fonte: Guzerá J.A.
Outra história interessante sobre a raça Guzerá é a de um touro chamado Pavilhão. Quando o Zebu ainda não era reconhecido, havia uma severa campanha contra o gado indiano, promovida principalmente pela imprensa paulista. O Z ebu passou a ser repudiado e não era aceito em muitas exposições. Em 1922, aconteceu a Grande Exposição Nacional do Rio de Janeiro, a maior de todos os tempos,
pois seria realizada junto à fantástica Exposição Universal. O touro Pavilhão, de propriedade do criador João de Abreu Júnior, do interior do estado do Rio de Janeiro, foi levado a esta exposição. Lá, Pavilhão se consagrou como o primeiro touro no Brasil a romper a barreira limite de 1000 Kg da época, chegando a pesar 1050 Kg. Foi o Grande Campeão do evento e se tornou um mito nacional.
Luiz Carlos Franco, criador de Guzerá de Uberaba, vendeu 20 novilhas e 1 touro para o amigo do Rio de Janeiro, Armin Lederman. Dentre as novilhas, estava Mestre de MF, que quando adulta foi acasalada com o touro Guaropé, dando origem à fêmea Mesada. Depois, Mesada foi acasalada com o touro Atômico e pariu no ano de 1980 o grande campeão chamado Mestre Atômico. Seu nome foi uma homenagem à sua avó e a seu pai. Naquela época, Armin estava se tornando um dos maiores criadores de Guzerá no Brasil, negociando com Luiz Carlos Franco alguns animais, dentre eles o pequeno Mestre Atômico, que foi escolhido e voltou para a fazenda São Geraldo, em Uberaba, e se tornou um grande nome entre os principais reprodutores da raça. 09
Indubrasil a raça genuinamente brasileira.
Uberaba, a cidade brasileira conhecida como a "Capital do Zebu", também teve sua contribuição na formação de uma nova raça, que se chama Indubrasil, desenvolvida na década de 1920. Ela foi formada principalmente pelos acasalamentos entre as raças Gir, Guzerá e Nelore. Tornou-se por muitas décadas uma das principais raças de Zebu, o famoso Zebu das orelhas grandes. O Indubrasil foi exportado para outros países e hoje é forte principalmente no México e na Indonésia.
Um dos principais responsáveis pela formação do Indubrasil foi o Coronel José Caetano Borges, um pioneiro criador de Zebu que financiou muitas das primeiras importações da Índia. Além de sua beleza característica, o Indubrasil é um Zebu resistente, e é bom produtor de carne e de leite. 1º touro marcado pelo Presidente da República Getúlio Vargas, como início do registro genealógico da raça Indubrasil, oficializado pelo Ministério da Agricultura em 1938. FONTE: Museu do Zebu
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Na produção de carne, a raça Nelore se destaca.
Todos têm a sua importância, mas um em especial ficou muito famoso: o touro Karvadi, a lenda do Nelore. Ele foi escolhido na Índia por um Alguns touros que vieram da Índia, brasileiro chamado José da Silva, o que chamamos de genearcas, foram Dico, especialista que soube identifimuito importantes na formação do car na Índia excelentes reprodutores. rebanho brasileiro. A raça Nelore "Ele era o dono do olho que identificavem de Andhra Pradesh, local onde o va os melhores animais de longe", nome de origem do Nelore é Ongole. segundo o patrão Torres Homem Um nome muito importante foi o do Rodrigues da Cunha, que organizou suíço Manoel Ubelhart Lemgruber, expedição ao continente asiático. que importou animais de mercadores Karvadi, que já era tetracampeão europeus. Mais importações ocor- indiano e grande campeão asiático, rem no início do século XX e animais veio para o Brasil pelas mão de Dico. Nelore vieram juntos com outras De acordo com os seus relatos, e raças. Hoje, a raça Nelore é a mais superando as expectativas, comprar numerosa, cerca de 80% do rebanho o touro não foi o aspecto mais difícil, brasileiro. Conheçam os principais mas sim resolver os trâmites buroreprodutores que se destacaram nas cráticos de ambos os países. Karvadi importantes importações da década chegou aos 7 anos de idade no de 1960 realizadas por Celso Garcia B r a s i l , e m 1 9 6 2 , n a c i d a d e Cid, Nenê Costa, Rubens Andrade Araçatuba/SP. Foi intensamente de Carvalho e Torres Homem utilizado, deixando um grande Rodrigues da Cunha. São eles: número de descendentes. Arjum, Bima, Brahmine, Godar, 45 anos após sua morte, a genética G o d h a v a r i , G o l i a s , G o n t h u r, Karvadi ainda está presente no Karvadi, Kurupathy, K. Island, rebanho zebuíno registrado pela Marduk, Nagpur, Padhu, Rastã, ABCZ. Podemos chamá-lo, então, de Suvarna, Taj Mahal e V. Narayana. o "Pai do Nelore moderno brasileiro". 13
Imagem do Karvadi, campeão indiano de 1961, com o seu antigo proprietário, o indiano Polavarpu Hamumaiah (3º à direita). O 2º à direita é o PrimeiroMinistro indiano Nehru. Isto mostra a importância deste touro antes mesmo de vir para o Brasil. Fonte: Ongole Bull http://ongolebulls.wikifoundry.com
Outra raça indiana que chegou ao Brasil foi a Sindi. Diferente dos outros, o Sindi veio de avião.
Originário do Kohistan, na parte norte da província de Sind, no atual Paquistão, país vizinho da Índia. Naquela época, o Paquistão ainda era integrado ao território da Índia. Acredita-se ter sido provavelmente Sindi um único reprodutor recebido na Bahia, em 1850, pelo Visconde de Paraguaçu. Em 1930, os importadores Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata trouxeram alguns exemplares para o Brasil. O agrônomo Felisberto de Camargo trouxe 31 animais, em 1952. Diferente das outras raças que vieram em navios, o Sindi veio para o Brasil por meio de viagens aéreas. Por muito tempo, esta raça de Zebu era pouco conhecida entre os zebuzeiros. Um dos pecuaristas que mantém a criação da raça Sindi é Adaldio José de Castilho Filho, que herdou de seu tio José Cesário de Castilho, conhecido como Cito, e do pai Adaldio José de Castilho, a paixão pelo Sindi. Eram tão raros os
criadores e animais dessa raça, que nem na ExpoZebu havia julgamentos desde 1975. Porém, Adaldio Filho, sabendo que tinha um ouro nas mãos, trouxe em 2005 um casal de Sindi para a ExpoZebu, em Uberaba. O criador resolveu passear pelo Parque Fernando Costa com estes belos animais de cor vermelha, chamando atenção de todos os zebuzeiros. Em 2006, houve o julgamento da raça Sindi, sendo os grandes campeões da raça, Jangada e Uirapuru. A raça passou a provar o quanto é produtiva para carne e leite, mesmo em condições difíceis como no clima do Semiárido brasileiro. Ao longo da história do Sindi, destacaram-se os touros importados da Índia: Athari, Mughal e Sala II , além dos touros brasileiros: os campeões Índio da Estiva e Uirapuru da Estiva, sendo este último recordista de venda sêmen na história da raça. 14
Tabapuã, uma raça formada no Brasil, a partir de cruzamentos.
Touro Mestiço T-O que contribuiu para formar a raça Tabapuã. Fonte: Faz. Medalha Milagrosa. Imagem da década de 1940.
Na raça Nelore existe também o Nelore sem chifres, ou Nelore Mocho. Esta característica foi desenvolvida aqui no Brasil e o primeiro registro genealógico da raça foi realizado pela Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, atual ABCZ, no ano de 1961. Por volta de 1930, alguns criadores começaram a fazer novos cruzamentos com animais das raças Gir e Guzerá. Mas o Nelore foi a principal raça que contribuiu na formação de outra inteiramente brasileira, o Tabapuã,
cujo nome é uma homenagem à cidade do estado de São Paulo que leva o mesmo nome deste Zebuzinho. Para contar melhor esta história, é importante lembrar do especial ano de 1943, quando Alberto Ortenblad, da Fazenda Água Milagrosa, em Tabapuã, separou cem vacas Nelore para cruzar com um único touro mestiço, chamado de T-O. Outros núcleos de formação da raça também se destacaram, como aqueles do estado da Bahia, Goiás, Minas Gerais e Paraná. 15
Biotecnologia: inseminação artificial. Ajudando na multiplicação do Zebu no Brasil.
Agora que você já conhece um pouco da história do Zebu, sabe como as raças e alguns animais foram fundamentais para o desenvolvimento do rebanho brasileiro, deixando sua genética nos plantéis que produzem carne e leite nos dias de hoje. Mas, como é possível que aproximadamente 7.000 animais importados da Índia, formaram 80% do rebanho bovino brasileiro? Além do papel dos velhos pioneiros do Zebu, como os importadores e da incrível adaptação dos zebuinos aos trópicos, isso foi possível graças a utilização de um processo chamado biotecnologia. A Biotecnologia é um ramo da ciência que aplica os conceitos da moderna engenharia genética na reprodução de animais melhoradores. Apenas um reprodutor, como é o caso do touro Karvadi, através da biotecnologia, pode dar origem a milhares de filhos, com importantes características, que fazem com que um grande rebanho seja melhorado. Isso tudo por intermédio das ferramentas utilizadas na biotecnologia da reprodução, que também ajudam na conservação desses animais.
Isso significa que os cientistas utilizam técnicas de laboratório e de campo, como o congelamento de gametas e embriões, a inseminação artificial e a transferência de embriões, que permitem armazenar, testar e disseminar um alto volume de material genético dos animais de um determinado grupo. A inseminação artificial é uma técnica em que o pesquisador introduz no útero da vaca os espermatozóides do touro. A maior vantagem dessa técnica é que o mesmo touro pode ter mais de 100 mil filhos. Se fosse no método natural, que é chamado de monta, um touro Zebu teria durante sua vida reprodutiva no máximo 400 filhos. Fonte: Adaptado de http://www.cpatu.embrapa.br
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Biotecnologia:
fecundação in vitro (FIV). Transferindo qualidades em larga escala.
A Fecundação in vitro (FIV) é uma biotecnologia que possibilita multiplicar as qualidades genéticas de um determinado touro ou vaca, fazendo com que o rebanho seja melhorado e padronizado, alcançando índice TOP na sua avaliação. O processo acontece assim: escolhe-se uma fêmea de qualidade superior, que é chamada doadora, que é submetida a tratamento com hormônios específicos para produzir muitos óvulos. Quando a doadora está pronta, é
inseminada por um touro de comprovada qualidade genética. Depois de 6 a 7 dias, é feita a coleta dos embriões já fecundados. Se ficar comprovado a boa qualidade genética, eles são congelados e vão para o banco de embriões ou são transferidos para receptoras. Dessa forma, uma vaca que geraria no máximo 1 bezerro por ano, pode produzir anualmente até 40 bezerros, sem que para isso tenha que passar por gestação e parto. Adaptado de: http://www.cnpgl.embrapa.br
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Como não ter orgulho dessa Associação?
Uma marca bem elaborada e duradoura geralmente acompanha a trajetória das entidades, e é fundamental para o fortalecimento e a longevidade da instituição. Nesse sentido, não é difícil entender como a ABCZ tornou-se a maior associação de classe, com sua logomarca reconhecida mundialmente entre os criadores de Zebu. Por trás da sua famosa marca, há muita história para contar. Durante toda a sua trajetória, a ABCZ se tornou referência mundial no que tange à criação de raças zebuínas, produz projetos e eventos relevantes para a sociedade, em seus mais diversos segmentos, estabelecendo metas e objetivos que permitem a produção sustentável, hoje o grande desafio da entidade. Acompanhe: Produção de carne/leite: o Brasil produz aproximadamente 10 milhões de toneladas de carne total do mercado. Exportou em 2016 1,4 milhão de toneladas, que renderam ao país US$ 5.5 bilhões. Foram produzidos 28.000.000 de litros de leite, e exportadas 55,10 mil toneladas em 2016. FONTE: Brazilian Cattle
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Aluno vencedor do concurso de redação
"O Zebu que trouxe riquezas para o Triângulo Mineiro" da Escola Municipal Totonho de Morais Aluno: Lucas Alexandre Neres - 9º ano Gestora: Roseli Cândido Felisberto Cardoso Professora Orientadora: Moábia Nangi
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Aluna vencedora do concurso de redação
"O Zebu que trouxe riquezas para o Triângulo Mineiro" da Escola Municipal José Marcus Cherém
Aluna: Carla Cristina Santos Silva - 9º ano Diretora: Beatriz Faustino Monteiro Professora Orientadora: Kellen Martins Dal Secco
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