Ano 1 Num. 1 maio de 2008
A SOCIEDADE DIGITAL (P. 05)
FRAGILIDADE POLÍTICA EM JORGE ARAGÃO (P. 14)
DO PROLETARIADO AO NEOLIBERALISMO (p. 03)
ALGUÉM LIMPARÁ A BAGUNÇA? (p. 10)
OS MENINOS DO DINHEIRO VERDE GRACILIANO RAMOS: (p. 15) NA POLÍTICA E NA ARTE (p. 13)
COMIDA DE VERDADE (p. 07)
UM PROTAGONISTA DO SILENCIOSO (p. 12)
ASFALTO EM MOVIMENTO (p. 08)
Capa: Montagem de Fernanda Café sobre ilustração disponível no link: http://www.redsilas.com/illbig/latimes_polls.jpg
EDITORIAL No dicionário Aurélio a palavra liberdade significa: 1. Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação 2. Estado ou condição do homem livre. E, se procurarmos o que quer dizer a palavra opinar teremos: 1. Expor o que julga, conceito ou modo de ver. Na Declaração Universal de Direitos Humanos vemos que todo ser humano tem o direito de expressar o que pensa. A questão que levantamos aqui é por que esse direito é tão pouco utilizado e exigido? Os grandes meios de comunicação, que deveriam ser um espaço aberto de discussão, se limitam aos interesses de uma minoria dominada pela ganância. Fazendo dos veículos suas próprios que só deformam o papel da comunicação de “formadora de opinião” . Contrariando a comunicação de massa e exigindo o nosso espaço, nós da Revista Bula provamos que é possível construir um meio de informação livre, opinativo e de qualidade com
FOTOGRAFIA
A nossa Bula traz componentes explosivos, mas cabe ao
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ESPORTE
nosso cotidiano, satirizamos a realidade, construímos idéias, fizemos arte, praticamos a comunicação.
consciência crítica nunca dantes imaginada, e vir a se tornar
CULTURA
altamente aditiva. Por isso, recomenda-se o consumo vagaroso e repetitivo do conteúdo, pois a dose é única.
GERAL
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UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO
leitor decidir como usá-la. À este, fica apenas o aviso: a leitura da Bula pode causar o surgimento repentino de uma
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SOCIEDADE E COMPORTAMENTO
pouca estrutura a partir de uma revista laboratório. Desenlatamos a informação e produzimos. Opinamos sobre
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POLÍTICA
válvulas disseminadoras de ideologias e de interesses
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BULA AQUI
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EXPEDIENTE
Revista-laboratório produzida pelos estudantes do 5º período do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal de Alagoas. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista.
Coordenadora: Larissa Wilson | laricotinha@msn.com Capa: Fernanda Café Projeto Gráfico: Renato Medeiros Diagramação: Fernanda Café e Renato Medeiros Revisão: Klyvia Lima | klyvia.lima@yahoo.com.br e Shuellen Peixoto Colaboradores: Anny Rochelly | annyrochelly@bol.com.br Bruno Martins | brunomartinsgr@yahoo.com.br Cynthia Ferreira | cynthia_jornalista@yahoo.com.br Camilla Cahet | millacahet@hotmail.com Daniella Pontes | daniella_pontes@hotmail.com
Fernanda Café | nandacafe@gmail.com Isaac Moraes | isaacferreira7@oi.com.br Marcos Filipe Sousa | marcosfilipe.sousa@gmail.com Pei Fang Fon | peifangfon@yahoo.com.br Renato Medeiros | re_nato88@hotmail.com Salomão Miranda | salommbr@yahoo.com.br Shuellen Peixoto | shupeixoto@yahoo.com.br Victor Guerra | victorallves@yahoo.com Professor Orientador: Antônio Freitas | afrf@decos.ufal.br
Tiragem: 500 exemplares Impressão: Q Gráfic
Em 2002, após 32 anos de história, o Partido dos Trabalhadores (PT) chega ao poder, trazendo consigo toda a esperança popular de que melhores tempos viriam. O PT nasceu em 1980, fundado por grupos heterogêneos como lideranças sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação. Em especial da aproximação dos movimentos sindicais, que culminou na criação da Central Única dos Trabalhadores – CUT, entidade representativa dos trabalhadores nos anos 80 e 90. Esse partido foi protagonista das mobilizações e lutas da década de 80, como a campanha pelas Diretas Já e as greves do ABC paulista. Em 1989, aparece no cenário político brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, grande liderança dos movimentos sindicais, como candidato à presidência da República. Seu discurso envolvia medidas contrárias às políticas neoliberais, como o não pagamento da dívida externa, reforma agrária e urbana, entre outros posicionamentos de caráter popular. A candidatura de Lula resultou das intensas mobilizações trabalhistas que ocorreram nesse período. Os anos 90 foram marcados por grandes crises econômicas e violentos ataques de políticas neoliberais, como as privatizações que abriram caminho para empresas estrangeiras aprofundarem a exploração da classe trabalhadora. Nesse período, observa-se a conversão do PT em um partido que não busca mais as reivindicações que marcaram sua história, e sim um partido alinhado ao discurso neoliberal no intuito de conseguir atingir o poder. Em 2002, Lula vence as eleições presidenciais. Havia uma esperança popular de que seria um governo de contraposição ao neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso, presidente anterior. Achava-se que seria um governo de proximidade com os movimentos sociais e sindicais, já que Lula tinha inserção nestes. Pensava-se que seria um governo voltado para o povo e não para os grandes banqueiros. Mas ocorreu o contrário. O Lula e o PT de 2002 não são os mesmos da década de 80. Logo ao assumir, o petista lança a Carta aos Brasileiros, na qual expõe que seu governo não seria exatamente o que se esperava, que respeitaria todos os contratos nacionais e internacionais, inclusive o pagamento da dívida externa, mostrando o verdadeiro caráter de seu governo. A partir daí, observa-se no governo Lula o aprofundamento e a efetivação das medidas do governo de Fernando Henrique Cardoso. Reformas como a trabalhista, a sindical e da previdência, que não haviam sido efetivadas no governo FHC, são aprovadas. Isto ocorreu devido à inserção do ex-operário nos movimentos sociais e sindicais, o que desestabilizou e fragilizou os mesmos. Desta forma, reformas tão prejudiciais aos direitos da população passaram facilmente pelo parlamento e sem grandes mobilizações populares. A educação foi um dos setores mais afetados com esse governo. A reforma universitária foi aplicada aos poucos. O primeiro grande golpe foi o Programa Universidade Para Todos (PROUNI), no qual o governo compra, com dinheiro público, as vagas ociosas das universidades privadas, estimulando o crescimento destas e pauperizando a estrutura do ensino superior público.
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O auge dessas medidas de destruição da universidade pública ocorre com a criação do Plano de Reestruturação das Universidades Federais (REUNI), projeto que promete destinação de maiores verbas para a universidade em troca do cumprimento de metas propostas pelo governo. Entre essas metas estão a superlotação das salas de aulas, substituição de professores de dedicação exclusiva por professores equivalentes, entre outras. Metas que comprometem a continuidade do tripé ensino-pesquisa-extensão nas universidades públicas, posto que, o aumento de alunos sem o devido aumento de professores dedicados à pesquisa afeta o caráter da universidade produtora de conhecimento, transformando-a em um grande “Escolão Técnico”. Houve uma grande mobilização do Movimento Estudantil diante da imposição deste decreto, que por si só já afeta a autonomia universitária. Através de alianças políticas entre o governo federal e as reitorias, o REUNI foi aprovado em todas as universidades brasileiras, sem discussão alguma com a comunidade acadêmica e com a sociedade civil. As mobilizações estudantis foram duramente reprimidas. Pancadarias, a entrada de policiais nos campi universitários e processos administrativos tornaram-se recorrentes nos anos de 2007 e 2008 nas universidades brasileiras, remetendo à época da ditadura militar. Muitas reitorias foram ocupadas na tentativa de impedir que o decreto fosse implantado sem um processo amplo e democrático de discussão. As ocupações também foram duramente reprimidas, com perseguições políticas, processos jurídicos, mandatos de segurança e até, prisões de estudantes. Mas apesar da resistência dos estudantes, o REUNI foi aprovado, sob repressão, vale ressaltar que, em quase todas as universidades federais brasileiras. O ano de 2008 poderá representar uma enorme dor de cabeça para o governo Lula, que lidará com questionamentos em relação à forma antidemocrática de implantação do REUNI e terá que provar que tal projeto trará benefícios para a sociedade, e não apenas para os setores privados, como vem acontecendo em seu governo. Confira na próxima página uma entrevista com o professor doutor do curso de filosofia da Universidade Federal de Alagoas, Arthur Bispo, que foi da direção da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Alagoas (ADUFAL) no biênio 2005-2006.
.bula|Quais eram as expectativas no meio acadêmico em 2002 com relação à eleição de Lula?
universidades privadas o número de vagas ociosas, atendendo uma parcela da população que não tem acesso às universidades (como os negros e os pobres), ao mesmo tempo em que ataca a universidade pública dizendo que só tem acesso à burguesia, que tem condições de passar.
Arthur Bispo|O que se esperava era que o governo Lula daria um tratamento diferenciado em relação ao orçamento do Estado e o Ensino Superior e não trataria este da mesma maneira que FHC, que foi o desmonte e o sucateamento da universidade pública, e conseqüentemente, a valorização da privada. Nós vamos ver durante o período FHC muitas aposentadorias de professores por conta da mudança das regras neste processo: os docentes aposentavam-se temendo perder mais direitos e, conseqüentemente, eram substituídos por professores não efetivos, que têm seu trabalho precarizado e não recebem nem ¼ do salário de um professor de dedicação exclusiva.Tudo isso vai alterar a produtividade e a qualidade.Ao mesmo tempo em que o FHC cria sistemas de avaliação como o Provão sem dar as devidas condições, também cria mecanismos para a abertura de convênios como parcerias público-privadas e uma série de questões. Com o governo Lula, achava-se que pelo menos haveria um tratamento diferenciado, haja vista, ser um governo que se dizia contrário às reformas neoliberais. O que vamos ter é exatamente o contrário.
.bula|O que representou o ano de 2007, do ponto de vista das lutas, com aprovação do REUNI, às mobilizações estudantis? AB|Olhando do ponto de vista da luta do movimento sindical e estudantil, não foi um ano de conquistas. Do ponto de vista do movimento docente não houve conquista nenhuma, pelo contrario, só houve perda de direitos. A mais recente é a reforma sindical que estabelece que as centrais podem negociar a revelia dos sindicatos e da sua base. Então a gente só teve perda de direitos, eu não lembro de ter conseguido grandes coisas em 2007 não. Gostaria muito de lembrar (risos).
.bula|Na sua opinião, porque as reitorias das universidades brasileiras responderam com tanta truculência e violência, inclusive física, ao processo de luta contra o REUNI, chegando a remontar os tempos da ditadura? AB|Mostra que o processo de destruição da universidade está a serviço da lógica do capital, que há interesses ideológicos e econômicos envolvidos nisto. E onde tiver interesses econômicos em jogo, entram questões do estado que estão claramente colocadas, como a violência. É evidente que aqueles que defendem o REUNI calorosamente têm interesses financeiros em jogo, e esses interesses não são da coletividade, e sim particulares, que estão colocados a serviço do privado. Para garantir os interesses privados em detrimento dos interesses públicos, usa-se a violência. A força de uma maioria, os estudantes, contra uma minoria privilegiada, dos setores privados, para fazer valer seus interesses e transformar a educação em mercadoria, tende ao requerimento do uso da força e da polícia, seja ela federal ou estadual.A transformação da educação em mercadoria não acontece de forma pacífica porque a universidade é um dos poucos lugares onde há movimento resistente a isso, e ela não foi privatizada ainda por conta dessa resistência. O que governo vem tentando fazer é quebrar essa oposição. Mas como essa resistência ainda persiste, usa-se a truculência e todos os instrumentos de poder como a coerção, a ameaça e a articulação com a justiça, através de mandatos de segurança e ordens de despejo, na tentativa de garantir a “ordem” da universidade que tem atendido cada vez mais os interesses privados.
.bula|E os sindicatos e associações, como a ANDES e a ADUFAL, qual era a expectativa?
AB|Em relação à ADUFAL não sei dizer ao certo, mas o setor que estava na direção nesta época era o PcdoB, que certamente tinha uma posição de apoio ao governo Lula. Mas o ANDES sempre teve uma posição crítica em relação ao FHC e também em relação ao governo Lula, pois já era conhecedor das suas bandeiras e do seu atrelamento de honrar os compromissos com a política de ajustes do FMI, entre outros. Em relação ao ANDES, evidentemente, logo que o governo assume não houve greve durante o período de dois anos.Apenas no fim de 2004 acontece a primeira greve, quando se torna clara a política do governo Lula para a Universidade, depois de dois anos sem reajuste e com a Reforma Universitária sendo aplicada fatiadamente. O que FHC não conseguiu fazer Lula conseguiu. Graças à imagem de governo popular e democrático que tinha, ele conseguiu implantar toda uma política de desmonte e sucateamento da universidade.
.bula|Qual foi o primeiro golpe de Lula ao Ensino superior? AB|É difícil responder isso, pois o governo Lula não fez as coisas na base do choque, ele foi aplicando suas políticas aos poucos, para que a população não sentisse, a exemplo do REUNI. Tarso Genro, enquanto ministro da Educação, chamou a UNE, o movimento sindical, e representações do ensino superior ligadas ao ensino privado para discutir a Reforma Universitária, prometendo o aumento da assistência universitária, que e realmente aconteceu. Não se pode dizer que nesse governo não se tenha obtido qualquer ganho, pelo contrário, o setor privado saiu muito fortalecido. O primeiro grande golpe do governo Lula para o ensino superior foi o PROUNI, que estabelece o sistema de cotas e compra vagas nas universidades privadas, anistiando as universidades privadas de suas dívidas, alegando que com isso faria justiça aos negros.Acho que o primeiro golpe foi esse, mas veja que há um poder de manobra muito grande: ele compra e salva nas
.bula|O que fazer? O que o Movimento Estudantil e Sindical deve fazer?
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AB|O que tem feito, existido. O governo tem tentado desmobilizar os movimentos, tanto o docente quanto o estudantil, mas o movimento estudantil por seu caráter mais dinâmico tem conseguido dar uma boa resposta a esta tentativa de desmobilização. Acho que no ano passado e neste ano, o que tem sido mais significativo é a resistência do movimento estudantil, em particular, os processos de ocupações das reitorias em diferentes estados, é isso o que eu acho importante. Porque quem está no poder só aparece para negociar quando se altera o curso normal das coisas, do contrário não há negociação.
Larissa Wilson
Isaac Moraes
A interação do homem com a Internet. Como esse meio universal vem interferindo na natureza e no perfil das relações interpessoais. O homem moderno é ávido por rapidez e dinamicidade, características fortes e dominantes na atual era pela qual passa a humanidade. Naturalmente, quando se trata da informação e da diversão, ele buscará o meio que pode lhe proporcionar tais privilégios de forma mais confortável e objetiva. Um desses meios é a Internet. O mundo hoje é controlado por computadores. A digitalização tomou conta das vidas, propondo, ou às vezes impondo, mudanças radicais. Até parece ser obrigado seguir a onda da informação instantânea, rápida e voraz, da simplificação das tarefas e da transposição de limites que muitas vezes pergunta-se ser realmente necessário superá-los. A Internet, com sua capacidade de interação e exclusão caminhando juntas, veio para reunir diversas tarefas em um só lugar. Hoje se pode conversar, ouvir música, digitar a monografia, bisbilhotar a vida alheia e visitar o Louvre apreciando com detalhes suas obras sem sair do lugar. Essa dimensão e possibilidade de ações assustam e fascinam. Estudos comprovam que os brasileiros ficam conectados por dia à Internet 23 horas e 62 minutos cada um. Resta saber como dividem essas horas, para que e qual a qualidade social e cultural dessa conexão. Desde o ano passado, o acesso à Internet cresceu 43%, e hoje são 30 milhões de brasileiros com acesso a ela através de computador doméstico. Levando em consideração os que não possuem computador, mas acessam através de lan houses e cyber cafés, esse número triplica. Para a enfermeira Ana Lucia Ferreira, avó de Beatriz Ferreira de sete anos e que já sabe desenhar e escrever no computador, toda escola deveria oferecer computadores e iniciar as crianças no mundo da informática desde cedo, como também o acesso à Internet. “Facilitaria o aprendizado, não só para fazer os trabalhos como também para a socialização das
crianças, inserindo-as em um mundo onde, sem o acesso e a vivência com a tecnologia, elas não terão espaço” afirma. Por outro lado existem os solitários da Web. São aqueles usuários que não conseguem absorver e digerir a noção de tempo e espaço quando estão em contato com todo um mundo num mesmo momento, tantas possibilidades de realizações e um universo digital inteiro ao seu dispor. A vida real perde todo sentido e valor quando se pode construir uma realidade inteiramente nova e da forma que lhes convier. Afinal, você é apenas mais um endereço IP, mais uma máquina a interagir com outras milhares, um amontoado de bites e de conexões que pensa, pergunta, responde e age da forma que quiser, protegido muitas vezes pelo anonimato. Os solitários da Web perdem todo e qualquer interesse pelo contato com o mundo real e que lhes está acessível. Retraem-se e dedicam todas as suas horas ao uso do computador. Os amigos se resumem a um número vasto de pessoas virtuais a preencher as listas de sites de relacionamento e de serviços de mensagens instantâneas. A psicóloga Camila Alves explica melhor esse comportamento: “Não poderia se afirmar que o indivíduo ao utilizar a Internet realiza introspecção, pode-se sim, dizer que é a falta de introspecção, pois se vive em um mundo de fantasias, onde não se entra em contato consigo mesmo, ele vive no mundo em que fantasia”. Camila cita como exemplo os jogos em rede, onde os jogadores morrem na vida real, mas ainda estão vivos virtualmente, “ainda estão vivos na vida real, porém essa sensação obtida através do virtual muitas vezes vem pelo sentimento real do fracasso e impotência, onde então traz esses sentimentos para seus relacionamentos reais, não discernindo o que é real do que é fantasia” afirma. A facilidade com que se encontra o que se quer e
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Larissa Wilson
as informações que se deseja é um dos atrativos mais fortes da Internet. A barreira geográfica foi ultrapassada e o telefone perdeu seu cargo chefe de meio rápido e objetivo. Na Internet podemos ter conhecimento das notícias segundos depois de ocorridas. Para o administrador de empresas Clayton Nazareth, a possibilidade de cultura e de conhecimento é vasta. “Bem, a internet é uma forma de diversão cultural no meu caso, amo ter a possibilidade de me ver em vários mundos diferentes ao mesmo tempo, sem ter que sair de casa, realizar pesquisas, sejam elas as mais absurdas possíveis, sobre os mais diversos prismas, sem ter que obrigatoriamente ir atrás de inúmeras pessoas”, afirma. O grande e vasto campo de atuação dos serviços da Internet possibilita
POP é uma palavra que tem vários sentidos. Todos querem ser POP. Ser POP é sinônimo de ser ídolo, admirado pelos outros. E eu quero ser! Como é uma pessoa POP? Antes de tudo, mudar o visual. É preciso ter estilo, mudar roupas e seguir as tendências dos círculos de Paris e Milão. Montar visuais para que os
realizações e grandes êxitos para a sociedade. A dicotomia que existe em relação a sua expansão e a forma que está sendo utilizada não impede a grande demanda por computadores, por cursos de i n fo r m á t i c a e o s u r g i m e n t o desordenado de jogos e programas de computador. Através da internet se faz arte, publicidade, jornalismo, literatura, vendas, compras, namorase e viaja-se o mundo inteiro. Entretanto, o uso desenfreado pode causar sérios danos físicos, psicológicos, mudanças radicais de comportamento nocivas à
saúde e expansão de uma cultura da não-escrita e da facilitação dos estudos, diminuindo o contato dos estudantes com os livros e aumentando a futilidade e narcisismos exagerados. O veterinário Carlos Eduardo Penfold diz manter uma relação grande com a Internet a ponto de não conhecer todos com os quais se relaciona. Afirma que sua relação com a Internet é bem intensa e a usa todos os dias. Não conhece todos com os quais mantém contato, ficando cerca de 3 a 4 horas por dia conectado, além das conversas utiliza também o serviço para se manter atualizado de notícias novas a cada instante do dia e visitar sites sobre os assuntos que gosta. O crescimento das lan-houses nas comunidades pobres tem aumentado a inclusão digital. Porém não se tem feito um estudo a cerca da qualidade cultural dessas conexões e sobre as necessidades tecnológicas dessas pessoas. É mais uma vez a Internet como uma “faca de dois gumes”, sem nem mesmo uma legislação própria que reja e dê segurança a seus usuários. O mesmo meio que possibilita transpor limites se encarrega muitas vezes de também cerceá-los. Cabe a toda sociedade a perspicácia e a capacidade de percebê-los bons ou nocivos.
Marcos Filipe Sousa
outros lhe sigam é fundamental. Principalmente se você for trabalhar como protagonista da novela das oito. Não pode esquecer de ir para as baladas mais chiques e descoladas. Elas são um ótimo meio de divulgação. Quais são as atitudes de quem é POP? Primeiro é chegar ao sucesso. Depois mostrar a calcinha em público e virar dependente química. É mudar a cor da pele e ser acusado de molestar crianças. Além de acabar com toda a fortuna. Caso chegue aos 50 anos 06
fazendo sucesso, coloque um colant roxo e saia dançando em uma pista de dança. Quem sabe apresentar programa dia de domingo com todo tipo de besteirol, como passatempo de quem não tem o que fazer mesmo. E o mais importante: como chegar a ser POP? Entre no BBB. Depois disso, até o porteiro do prédio daquela sua prima de segundo grau vai saber quem você é. Caso nada disso adiante, você só tem duas escolhas: 1. Fazer um filme pornô antes de fazer sucesso. Pra depois ser motivo de polêmica na sua carreira de apresentadora infantil. 2. Ou faça esse filme no final de carreira. Dá pra descolar um trocado legal.
A campanha da Fraternidade deste ano tem como tema Fraternidade e Defesa da Vida Humana. Trata-se de uma campanha contra a legalização da eutanásia, pesquisas com célulastronco e, principalmente, do aborto. A Igreja tem investido em comerciais com famílias alegres e jovens com síndrome de Down (mostrando que a deficiência não é empecilho para felicidade). Não me surpreende este tipo de apelação, até porque, para a igreja, a mulher sempre foi um mero objeto reprodutor, tanto é que a Igreja se coloca contra os métodos contraceptivos. A justificativa mais ouvida é que se trata de uma vida, de uma alma, que a partir da fecundação do óvulo já há vida, que o aborto seria um assassinato. É uma justificativa válida, quando não se leva em consideração que cerca de 70.000 mulheres por ano morrem vítimas de aborto ou que cerca de 137 milhões não têm acesso a métodos contraceptivos. É óbvio que existem vários métodos contraceptivos, mas o que não existe é uma educação sexual massiva.Além disso, estamos inseridos em uma sociedade cheia de receios moralistas. Os pais não conversam com suas filhas sobre sexo e nem as levam ao ginecologista por achar que estão incentivando que as mesmas saiam transando com todo mundo.As meninas não carregam camisinhas na bolsa porque podem achar que elas só pensam “naquilo”. Não podemos deixar de argumentar sobre o direito da mulher sobre o seu corpo, mesmo sabendo que este é ilusório, já que, dentro da sociedade patriarcal em que estamos inseridos este direito não existe. Por exemplo, a mulher não é dona do seu corpo quando tem que ter relações com o seu marido, mesmo não querendo, por achar que é sua obrigação satisfazê-lo. No Brasil é crime abortar, à exceção de mulheres que sofreram estupro ou quando o feto é mal-formado, mesmo assim é necessário entrar com um recurso para que a justiça permita. As outras mulheres, que abortam em uma atitude de desespero por não poder e nem querer colocar no mundo mais uma vida sem a menor condição de sobrevivência, são consideradas criminosas. E só as mulheres são criminosas, em momento algum é lembrado que aquela criança tem um pai.
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A comida rápida, mais conhecida como fast-food, é uma das grandes inimigas da sociedade. Sua boa aparência engana o consumidor. Um Big Mac, por exemplo, esconde enormes quantidades calóricas que provocam a obesidade e, com isso, aumentam o risco de enfartos, diabetes e hipertensão. Não é mais exagero afirmar que o consumo desmedido deste tipo de alimentação provoca tantos riscos à saúde quanto o cigarro e o álcool. Estudo realizado em uma escola pública no Rio de Janeiro indica que, se não tomarmos cuidado, alcançaremos os Estados Unidos nos índices de obesidade. Foram analisados 260 alunos de 10 a 19 anos e o resultado não poderia ser mais alarmante: 15,6% estavam acima do peso recomendado para a sua faixa etária e 11,7% já poderiam ser considerados obesos. A geração jovem brasileira tem um padrão alimentar similar a dos americanos devido ao grande consumo de açúcar e carboidratos. Sedentarismo e má alimentação formam uma mistura altamente perigosa. As crianças não mais saem às ruas para brincar como antigamente. Preferem ficar em casa assistindo TV ou jogando videogame. É necessária uma mudança nas estruturas das duas mais importantes instituições para o desenvolvimento do ser humano: a família e a escola. Cabe a elas estimular as crianças ao esporte e à alimentação saudável, rica em variedades como frutas, verduras, fibras e proteínas. O tema “alimentação saudável” conseguiu atingir os vários meios de comunicação. Na TV a cabo, por exemplo, encontramos o reality show Você é o que você come, protagonizado pela nutricionista Gillian McKeith. No programa, McKeith desenvolve um esquema nutricional que mexe de pontacabeça com os maus hábitos alimentares de seus voluntários. Já na Internet, encontramos movimentos contrários ao crescimento das redes de lanchonetes fastfood no mundo, um deles é o Slow Food. A instituição já possui mais de 80 mil associados espalhados por todo o mundo. Sua principal missão é o incentivo à ecogastronomia, resgatando assim hábitos alimentares perdidos com o passar dos anos. Nossos paladares estão afetados. Preferimos os lanches a uma dieta balanceada, e a agitação da vida urbana nos impede de executarmos uma refeição decente. Toda uma tradição alimentar fora jogada no lixo. A dieta orgânica, fresca e natural foi substituída por produtos enlatados e industrializados. E o resultado de tudo isso está ao nosso redor: uma juventude obesa, maior quantidade de abortos espontâneos, disfunções hormonais, diabetes, cânceres, entre outros. A próxima geração corre um perigo ainda maior. Doenças se manifestarão mais cedo que o comum e a expectativa de vida humana está ameaçada pelas guloseimas, frituras e massas. Não é tarde para reverter o quadro. Comecemos investindo em uma alimentação variada, rica em nutrientes, cheia de sabor e de ingredientes frescos. Uma reeducação alimentar é preciso. Nosso corpo agradece.
Larissa Wilson e Pei Fang Fon
Alagoas, terra dos Marechais, dos currais eleitorais e seus votos de cabrestro. Que histórico! Esta mesma localidade vive um dos momentos mais conturbados quando o assunto é o futebol do estado.A maior parte dos problemas está fora das quatro linhas, domínio exercido pela F e d e r a ç ã o Alagoana de Futebol (FAF) e os dirigentes dos clubes filiados a ela. Por causa deles, o campeonato alagoano de 2008 tornou-se uma grande novela que está prestes a acabar, mas ainda não chegou ao seu clímax. Provavelmente, novos fatos surgirão. O primeiro capítulo desse enredo aconteceu na primeira rodada da competição, quando o Penedense, mandante do jogo contra o CRB, entrou na Justiça Comum para anular uma decisão da Justiça Desportiva estadual que proibia a realização da partida em seu estádio, Alfredo Leahy. O clube só pode entrar na Justiça Comum após percorrer todas as instâncias esportivas. Como isso não ocorreu, depois de idas e vindas do Penedense na com-petição, a Assembléia Geral dos Clubes decidiu que o time ribeirinho ficará suspenso durante dois anos. Posteriormente, a Federação retirou os pontos de quem havia jogado com o clube. O primeiro turno transcorreu com essa pendência
O Museu dos Esportes, localizado no bairro do Trapiche da Barra, agregado ao Estádio Rei Pelé (palco de grandes partidas), é uma das atrações destinadas à cultura do Estado de Alagoas. Fundado em 08 de agosto de 1993, por seu diretor Lauthenay Perdigão, a maioria dos alagoanos desconhece este espaço. Se a população mal visita outros complexos mais acessíveis difusores da história alagoana, imagine este que fica em um lugar não muito freqüentado a não ser pelas ambulâncias da Unidade de Emergência Afrânio Lages. Mediante a tantas dificuldades, o Museu, batizado de Edvaldo Alves Santa Rosa (Dida) – alagoano que começou a jogar no CSA e passou doze anos no Flamengo – oferece grandes relíquias desconhecidas por grande parte da
supracitada, mas nada fora do normal. Já o segundo, deu margem a uma tragédia já anunciada para quem tinha conhecimento da tabela do certame.ASA e Corinthians, que decidiram o turno inicial, tiveram que jogar quatro vezes em um período de uma semana. Os times estavam em campo em menos de 48 horas depois da decisão! Mas para isso a Federação tem explicação: com a participação do CRB na Segunda Divisão nacional e o Corinthians alagoano disputando a Copa do Brasil, fatos que deveriam ter sido levados em conta antes de assinar o regulamento, os jogos tiveram que ser espremidos no calendário para que os dois clubes alagoanos não tenham prejuízo nas disputas nacionais. É desumano colocar os jogadores em condições para jogar nessa maratona. Mas, dirigente só assina regulamento e vai para reunião, não entra em campo. Nesse ínterim, mais algumas confusões ocorreram.Após uma partida entre Corinthians e Coruripe ser cancelada por falta de ambulância no estádio é que a Federação, por determinação do Ministério Público, fixou um acordo com o Corpo de Bombeiros para que em cada jogo sejam disponibilizadas uma ou duas ambulâncias em cada estádio. Seria normal se o campeonato não estivesse próximo do fim. Para fechar o caixão dos organizadores do futebol do estado, no dia dois de abril o Presidente da FAF, o senhor Gustavo Feijó, baixou uma resolução que altera alguns erros de digitação no regulamento do campeonato, no que diz respeito aos critérios do rebaixamento e a decisão do segundo turno. A competição termina no início de maio. E olhe que eu nem citei a batalha judicial do atual Presidente com a gestão passada. Após três meses no comando da instituição Gustavo Feijó declarou:“Já passou pela minha cabeça desistir da Federação”. Não é que a idéia é boa? Mas se for sair, limpa a bagunça.
população. São fotos, troféus, faixas, jornais, revistas, camisas (inclusive a que o Pelé usou no jogo final da Copa de 1958 na Suécia), escudos, flâmulas, taças, diplomas, fitas de áudio e vídeo, discos e outros registros que documentam a historicidade do esporte e sua importância para Alagoas. Grandes nomes do futebol já visitaram o Museu, campeões do mundo como Dida, Orlando Peçanha, Nilton Santos e Zagallo, este último por duas vezes. A alagoana Marta não pôde
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ficar de fora, foi homenageada por sua conquista como a Melhor jogadora do Mundo, escolhida pela FIFA, deixando suas marcas no Museu. Não só de futebol vive o Museu, para os amantes de outras modalidades – natação, basquete, vôlei, futsal e outros – podem encontrar, também, os destaques em suas categorias esportivas. É ir lá e conferir. O horário de funcionamento do Museu é de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h30 e das 15h às 17h30, aos sábados, de 9h as 11h30. Fica a cargo de cada um procurar conhecer um pouco do que move o nosso Estado e estar ciente de que a cultura de Alagoas é importante para o crescimento da nossa identidade.
E AS LUTAS CONTINUAM! 2007 foi um ano de lutas para as universidades brasileiras. O combate à Reforma Universitária do governo Lula foi exaustivo, mas não acabou ainda. Até porque o sucateamento do ensino superior público vem de longa data. Desde a Ditadura Militar, as universidades são bombardeadas com golpes apenas repaginados. O projeto Universidade Nova, o Reuni, os sistemas de avaliação como o antigo Enade e o Sinaes... todos eles são farinha do mesmo saco. No Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, o Reuni – Decreto 6.096/07, que é parte do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), apesar do discurso de respeito à autonomia universitária, os decretos pressionaram os dirigentes universitários a aderirem às suas regras com a promessa de aumento de verbas. Os prazos foram tão autoritários que não permitiram a discussão com a comunidade acadêmica. Um outro golpe à educação pública foi a Lei de Inovação Tecnológica (Lei nº 10.973, de 02.12.2004), que permite a utilização do corpo docente e da estrutura física de universidades e outras instituições públicas de pesquisa por empresas privadas, por meio de convênios, para a “geração de produtos e processos inovadores”. Juntos, o Reuni e a Lei de Inovação Tecnológica constituem um verdadeiro desmonte da educação pública. Enquanto o Reuni maquia dados estatísticos que comprovam o aumento da proporção professor versus aluno, aumenta a porcentagem mínima de aprovação e o crescimento desmedido do número de vagas, a Lei 10.973 incentiva a pesquisa direcionada apenas à demanda do mercado, utilizando as instituições públicas para tal. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão formam o tripé que sustenta o conceito de universidade, contudo, seguindo os moldes da Reforma Universitária travestida em outro nome, tudo isso vai por água abaixo. E como ficam os estudantes? Eis a resposta: assistindo aulas em salas apertadas, com carência de professores – e, diga-se de passagem, professores substitutos, ou seja, que não possuem vínculo com a universidade e têm baixos salários -, sem exercer a pesquisa e a extensão, pois não são professores para tal, entre outras coisas.
Mas há a falácia dos dados. Na Ufal mesmo, as “reformas” já começaram. São fachadas de reitoria sendo arrumadas, quebra-molas implementados, novos blocos sendo construídos e, até mesmo, edital para concurso público sendo lançado. Isso tudo é o Reuni? Não, não é. O Reuni é o R.U. (Restaurante Universitário) que não comporta o número de alunos que precisam fazer suas refeições lá; é também a Residência Universitária precária; é a pouca produção acadêmica voltada para a comunidade e o descaso com a débil situação do ensino público. Então, o que é possível fazer para mudar? Continuar na luta. Lutar como se lutou no ano de 2007, ocupando reitorias, fazendo vigílias, exigindo o aumento do número de comensais do R.U., implantando cursos voltados para as necessidades dos movimentos sociais e não se omitindo diante das situações postas.
Renato Medeiros A personagem principal de O Pianista do Silencioso, de Carlos Nealdo dos Santos, é o cinema e não um pianista. O autor se apropria da literatura para homenagear a sétima arte em seu livro de estréia, publicado em 2007 e vencedor do prêmio Alagoas em Cena 2006, na categoria Literatura. Al Jolson é um ator americano em ascensão que aporta em Recife após seu navio, com destino à Inglaterra, ser obrigado a desviar o percurso até o Brasil, por causa da 1ª guerra mundial. Em solo estrangeiro, o ator entra em contato com diversos elementos da cultura do país após conhecer Caetano, que o leva para Rio Branco. É nessa cidade do interior de Pernambuco que a narrativa se desenvolve, a partir da instalação do Cine Rio Branco, primeiro cinematógrafo do município. Surgem então as personagens que irão preencher a maior parte das páginas do romance, inclusive Dago, o pianista do título. Carlos Nealdo dos Santos não conta a história do pianista, mas sim a história do cinema — e de um cinema. Dago é apenas mais uma personagem e está longe de ser o principal. Mesmo que o título do livro indique que o texto fala sobre ele, o foco está mesmo é no silencioso, isto é, no cinema. Inclusive, a influência de Dago consegue ser menor do que a de outras personagens consideradas secundárias ou coadjuvantes. Algumas delas até poderiam assumir tranquilamente o papel de protagonista, como Al Jolson. Logo de início, o primeiro deslize: Al
Jolson, uma figura carismática e cativante, sai de cena antes da metade da obra.Tudo o que o ator vive ao chegar à Recife, em 1917, indica que ele será a personagem principal, já que toda a carga ficcional converge em sua direção. Ele teria uma experiência curiosa a viver no Brasil, mas logo é banido e em poucas linhas some da narrativa. O leitor, que já começava a se empolgar com as aventuras do americano, sente-se frustrado e logo perceberá que o autor tem a difícil tarefa de preencher o vazio que foi gerado, com apenas o ameno Dago. A abundância de dados históricos dá ao livro ar de jornalismo. São informações sobre o cinema e outros relatos históricos, como a gripe espanhola em Pernambuco, no início do século XX; ou o cangaço no nordeste do mesmo período. Vários parágrafos saem do campo estritamente ficcional e se tornam informativos, referenciais, reportando ao leitor detalhes de acontecimentos do passado. É como se em pouco mais ou pouco menos de 50 páginas, Carlos Nealdo dos Santos só estivesse preocupado em recuperar esses fatos e fazer suas personagens vivêlos. Porém, é nessa reconstituição histórica que o escritor deixa transparecer o seu amor pelo cinema. Ele menciona algumas personalidades, como Charles Chaplin, Griffth, os irmãos Lumière e os irmãos Bros; e alguns marcos, como a criação de Hollywood, a ascensão dos filmes falados e a recepção que a sétima arte teve no Brasil, quando o público chegando freqüentemente a
agredir a tela ou a sala de exibição, por não conseguir separar ficção de realidade. O livro é leve e parece não ter outro intuito a não ser entreter. Não há, por exemplo, reflexões sobre a existência humana, nem críticas diretas à condição de vida do sertanejo. Carlos Nealdo dos Santos apenas conta uma história e homenageia o cinema. Mistura ficção e fatos reais, o que muitas vezes não permite que o leitor identifique o que foi real e o que foi inventado. Porém, no fim, o próprio escritor adverte que todas as situações, fatos e pessoas, como Lampião e o próprio Al Jolson, foram tratadas de forma ficcional. Isso leva a crer que pouco do que é relatado pode ser levado ao pé da letra, o que é uma boa característica, pois permite liberdade à imaginação. Pode-se dizer que Carlos Nealdo dos Santos escreve de forma clara, correta e não brinca com a língua, ou seja, não faz experimentações. Mas também não faz feio. A leitura flui muito tranquilamente. Aliás, todo o romance é tranqüilo, sereno, sem cenas chocantes ou que se pretendam quebrar paradigmas. O que fica mesmo é uma leve sensação, prazerosa, de que o cinema é realmente detentor de um poder transformador. O Pianista do Silencioso é humilde, no melhor sentido da palavra, Não é um livro arrogante ou pretensioso. Dá o seu recado sem forçar a barra para se tornar uma grande obra prima da literatura mundial.
Victor Guerra
Detalhes de ilustrações de Léo Villanova para o livro “O Pianista do Silencioso”:
O sentimento de orgulho pela cultura, por parte de regiões ou estados, pode criar verdadeiras relações de ódio e desdém entre diferentes e ricas culturas pelo Brasil. Esse processo, que a princípio parece ser uma tentativa de manter resistentes certas raízes, desenvolve uma espécie de arrogância nas pessoas que as impede de apreciar importantes manifestações populares por todo o território nacional. Essas eternas brigas podem ocasionar uma catástrofe para a cultura popular brasileira, principalmente, com o ataque da indústria tecnocrata advinda da globalização.
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Enquanto se discute quem poderia ser o melhor, a cultura baseada no dinheiro vai apagando nossas lembranças radicais (por isso leia-se: vindo da raiz). U m e xe m p l o c l á s s i c o d e s s a exacerbação são os pernambucanos, que poderiam originar uma guerra para defender a honra de sua cultura. Não é uma posição totalmente equivocada, pois ela age como uma proteção que arrasta no tempo as raízes populares, criando não apenas uma memória histórica, mas também uma pluralidade de manifestações culturais incrível, como se pode comprovar no carnaval e nas ruas de Pernambuco. O equívoco está, na verdade, em acreditar numa cultura auto-suficiente, que não dialoga com realidades de outras regiões, e que a produção do outro não possa despertar admiração e respeito. Essa é uma postura egoísta e vazia, nem um pouco digna, que acaba por dispersar uma importante e profunda construção chamada radicalmente de cultura popular brasileira e que abre
precedentes para o aparato tecnológico se apossar dela, transformando-a de tal modo que não lembraremos de muitos acontecimentos do nosso passado. Nomes como Guimarães Rosa, Mestre Venâncio, Capiba e manifestações como o catira, o guerreiro, o frevo e o chorinho mal são conhecidos pelos jovens, principais elementos capazes de perpetuar essas preciosidades no tempo. Em seus lugares, aparecem figuras baseadas no sucesso e no dinheiro, como: Stephen King, Britney Spears, Calypso, Bonde do Maluco, entre outras particularidades. Para reverter essa fúnebre situação de nossa cultura, é necessário entender todo o conjunto de acontecimentos que geram essas indústrias e que esfacelam a capacidade de pensamento de nossos jovens, ou seja, o sistema socioeconômico capitalista em que vivemos. Nele, tudo vira mercadoria para gerar mais lucros, e a Cultura não foge dessa lógica, é impossível concebê-la descolada da realidade. Não há
Possuidor de um estilo poético, incisivo e direto, Graciliano Ramos tornou-se figura ilustre da literatura brasileira. Por ser vivente numa época em que o mundo e a política do país se problematizaram ao extremo, Graciliano focalizou em suas obras os conflitos coletivos e individuais provenientes de choques ideológicos e desigualdades sociais. A literatura graciliana, através de suas intervenções diferenciadas no cenário político do Brasil, reafirma o estreito nexo existente entre a vida e a arte. Conciso do cenário intelectual de seu país, fo r t e m e n t e m a rc a d o p e l a m o l é s t i a d o analfabetismo, Graciliano soube que só tinha a seu favor suas "armas insignificantes, mas são armas". Sempre consciente da realidade e coerente com suas ideologias, filia-se em 1945 ao Partido Comunista Brasileiro, neste período o contexto histórico do país passa por um momento categórico que culminou na criação do Estado Novo. O ambiente épico brasileiro mostrou-se, simultaneamente, como personagem e cenário nos trabalhos do escritor alagoano, que também não abdicou o espaço autobiográfico de suas obras. "Nunca pude sair de mim mesmo. Só posso escrever o que sou". Para alguns essa afirmativa pode parecer um aspecto restrito, limitado a uma subjetividade que minimiza tudo a um valor extremamente particular. Porém, ao se deleitar em leituras como Angústia obra datada de 1936, época em que esteve preso, onde o narrador domina o romance, realizando um monólogo interior, re c u r s o n a rr a t i vo dominante-, e Infância -
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“arte pela arte”, ela também é reflexo de um momento histórico. Entretanto, também é preciso cessar essa medição de forças culturais que em nada colaboram no processo de sobrevivência da cultura popular brasileira. As manifestações pernambucanas, por exemplo, não competem contra as alagoanas, cada uma possui sua origem, seu desenvolvimento e sua diversidade, que por sua vez, constituem algo maior. E para os que acreditam que essas particularidades fazem parte do Brasil, fico com a irreverência de Ariano Suassuna comentando o chorinho de Capiba, em uma de suas aulasespetáculo: “Um país que tem uma música dessa, precisa fazer funk?”
publicado em 1943, onde observa-se recordações de Luís da Silva, personagem de Angústia, que coincidem com as reminiscências da infância do escritor - o leitor modifica completamente suas idéias. A ironia tão precisamente trabalhada por Machado de Assis apresenta-se nas obras de Graciliano, não com o caráter engraçado ou escancarado como é comum no gênero humorístico de escritores como Luís Fernando Veríssimo, mas sim de forma furtiva que ao ser detectada nas entrelinhas mostra-se ao leitor como uma espécie de supra-sumo da leitura. Romances como Vidas Secas reafirmam a sagacidade irônica das obras gracilianas. Vidas Secas, publicado em 1938, é o único romance de Graciliano narrado na terceira pessoa. A obra marca o plano literário descrevendo a saga de uma família de retirantes fugida da seca que percorre a trajetória de uma catástrofe cíclica, sem destino e sem esperanças de outras perspectivas para além da sobrevivência e do eterno retorno. Ao núcleo de Vidas Secas nota-se uma espécie de via dupla, que tanto indica a indigência da vida rural quanto permite um julgamento contundente das infrações do poder surgidas a partir do Estado Novo. Na obra os dramas focalizados desabrocham diante do leitor, permitindo que este formule um cenário completo. Nesse âmbito Graciliano desenvolve sua linguagem seca e poética, produzida quase que completamente nos monólogos internos dos personagens, principalmente dos animais, que em muitas passagens adquirem um caráter humano maior do que os demais personagens. A destreza de Graciliano em evidenciar cada personagem separadamente revela a imensa solidão e primitivismo do grupo, como produto da ineficácia dos meios de sociabilidade a que tiveram acesso. Nas chagas abertas de uma modernidade desiludida, o escritor alagoano, consciente em seu dever de ser contrário a apatia social, realiza de maneira singular a unificação da prática política coma literatura. Assim, Graciliano Ramos reinventa, recria, renova, refaz uma linguagem crítica comprometida não apenas em ser plena morfologicamente, como também socialmente, capaz de desbancar a amnésia histórica, tecendo com elementos presentes o tirocínio do passado.
Jorge Aragão está incluso no rol de excelência da música popular brasileira. O sambista tem diversas composições gravadas por Elza Soares, Ney Matogrosso, Beth Carvalho e tantos outros artistas. As músicas de Aragão possuem melodias agradáveis e letras bem construídas. Quando escreve e canta o amor, Aragão é profundo, metafórico e poético, a ponto de ser considerado “o poeta do samba”. Mas quando se trata de versar sobre temas políticos, enxergamos a pouca profundidade e o vazio das letras. É o caso de “Mutirão de Amor”. A proposta desta música, composta por Aragão e Zeca Pagodinho, é de se criar um mutirão de amor, o que já em si é algo muito vago, pois o amor é dessas coisas que a humanidade ainda não conseguiu definir. Então as propostas para o mutirão de amor são: cantar sempre que for possível / não ligar para os malvados / perdoar os pecados / saber que nem tudo é perdido / se manter respeitado / para poder ser amado. Ora, percebe-se aí o tom conformista da letra, pois essa história de não ligar pros malvados e de perdoar os pecados é a idéia de que devemos sempre ir “levando a vida” e aos pouquinhos as coisas vão se resolvendo, sempre esperando por algo ou alguém que virá para resolver nossas mazelas. Em “O Iraque é aqui”, Aragão escreve: O Iraque é aqui / tá pegando aqui dentro / o Iraque é aqui / o povo vai com medo / e há que se entender / crer / ê Carandiru (Bangu) / O Iraque é aqui / o gueto tá fervendo / pior que isso aqui / que a gente tá vivendo / é saber que o poder / pode poder / trocar de mão / fingir que até ficou de mal / sabe por quê? / aqui tudo é bom, aqui tudo é bom / toca bola e samba que eles baixam o som. Mais uma vez podemos enxergar visões políticas na letra. Há a idéia, reinante no senso comum, de que o poder formal, os representantes políticos do legislativo, executivo e judiciário, são os culpados por nossas contradições sociais e os únicos responsáveis por modificarem nossa atual estrutura e acabar com as mazelas que nos afligem. Pior que isso aqui / que a gente tá vivendo / é saber que o poder / pode poder.Aí aparece a idéia de que nós não somos responsáveis por tudo de ruim que atinge nossa sociedade. Há o desconhecimento do conceito de construção social, e se abandona a perspectiva de que todos nós fazemos a história e de que os governantes são apenas representantes de uma sociedade, demonstrando, no caso brasileiro, a fragilidade, a mediocridade e a corruptibilidade de nossa nação. Quando Jorge Aragão escreve sobre música, negritude e amor aí sim ele é feliz. Já escreveu críticas como tá chovendo de gente que fala de samba e não sabe o que diz e o sucesso é tudo parte de um processo . Já disse quem cede a vez não quer vitória / somos herança da memória / temos a cor da noite / filho de todo açoite / fato real de nossa história. Sobre o amor Aragão tem obras marcantes como preciso amar como quem quer compor e tudo que pude do amor eu tentei escrever / um sentimento imbatível pra sempre intocável. Jorge Aragão é como um poeta na hora de falar do amor, um leão na hora de defender o samba e a negritude, mas carece de bagagem intelectual nas propostas políticas. Das duas uma: ou o poeta do samba começa a freqüentar seminários de formação política, ou então continua escrevendo sobre samba, negritude e amor.
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Há cem anos, nossas bisavós tinham acesso à informação por meio da transmissão radiofônica. Naquela época, o rádio oferecia uma programação rica em notícias e música de qualidade. Ainda no tempo da ditadura militar no Brasil, com Getúlio Vargas, o nacionalismo era exaltado por meio das músicas populares brasileiras aliado ao programa Voz do Brasil, até hoje transmitido no rádio às 19h, como um resquício do populismo no nosso país. Atualmente, o radiojornalismo não é exercido de maneira plena na mídia radiofônica. Este campo se concentra em uma programação voltada quase que exclusivamente para a musicalidade e a publicidade. Experimente ouvir algum programa de rádio. Você vai perceber uma mesma seqüência de estilos musicais e depois um tempo maior destinado para a propaganda, e vale salientar que estas também se repetem indefinidamente. Se acontecer, por exemplo, um grande acidente aéreo, os locutores não vão noticiá-lo, isto é, só teremos acesso à informação por meio da televisão ou da Internet. O máximo que se observa no rádio é um intervalo de cerca de cinco minutos reservado para fofocas de pessoas famosas, preferencialmente holywoodianas, ou programas lançados pelo presidente Lula que deram certo. Este é o ponto chave. A questão é a facilidade que o rádio possui de abranger um grande público e que não está sendo aproveitada no sentido de informar o que seria de real interesse da comunidade. A função de propagandear feitos políticos sempre existiu. O que se discute aqui é a utilização do rádio como campo midiático e que, como tal, deveria ser constituído do lado objetivo do jornalista e de suas peculiaridades. A dificuldade encontrada por aqueles que se interessam em produzir bons programas radiofônicos se manifesta tanto nas prioridades dos donos desses mesmos meios como na concessão burocrática por parte do governo para quem não integra a elite brasileira.A responsabilidade de formar e informar, na contemporaneidade, se restringe à televisão, entretanto, o rádio carrega em si elementos similares, é óbvio que não na mesma proporção. O predomínio do uso das mídias televisivas e digital se constitui grande obstáculo no retrocesso que aqui se defende. O surgimento do mp3, por exemplo, propicia ao ouvinte a criação de sua própria programação, o que se apresenta como uma evolução da radiodifusão, já que neste último era necessário acompanhar a grade da emissora. Assim, se observa que a função do rádio está perdendo a cada dia mais a sua essência, que consiste, basicamente, em entretenimento e informação, para assumir papéis secundários, ou mesmo dispensáveis, em nosso cotidiano. É necessário entender que na relação entre mídia e sociedade existe um processo bidirecional, ou seja, ao mesmo tempo em que o rádio se adapta aos costumes e preferências da sociedade atual, esta última é influenciada pela programação diária do rádio. É um absurdo pensar que o rádio ou a televisão são completamente responsáveis pelo estilo de vida que temos hoje, sem que haja nenhuma participação nossa na construção da comunicação. Um retrocesso na programação do rádio que outrora se caracterizava como informativa e prazerosa seria um grande passo para uma diversidade midiática de qualidade, a qual seria capaz de criar uma sociedade pensante e com discernimento para escolher e comparar informações.
No clássico infantil de Maurice Druon,Tistou é um menino que tem o dedo verde. Isso significa que nascerão plantas em qualquer lugar que ele passar seu polegar. Auxiliado pelo jardineiro Bigode,Tistou enverdece na cadeia da cidade, na favela e no hospital. O menino do dedo verde é a cartilha de Waldeck Ornelas e agregados. Ele quer meter seu dedão nas grandes empresas e tirar flores dali. Para isso, ele e diversas organizações não-governamentais apresentaram o Projeto de Lei 5974/05, que pretende isentar do imposto de renda as companhias que doarem dinheiro para projetos sócio-ambientais. Muito ecológico. Ornelas é o Tistou brasileiro. Para quem não está lembrado, Waldeck Ornelas é aquele senhor que foi deposto do Ministério da Previdência e Assistência Social lá em 2001, na era do Fernando Henrique. Ser exonerado por F.H.C. mostra claramente que Previdência não era bem a área dele. Meioambiente também não, vide os participantes do grupo de trabalho para a elaboração do projeto. Uma das companheiras de Ornelas na autoria do PL é a organização nãogovernamental World Wide Fund for Nature, aquela do panda. Não faz muito tempo que a W.W.F. esteve envolvida em um escândalo fiscal na Holanda. Pensando bem, teve um na Inglaterra, outro na África do Sul... Diga-me com quem tu andas que te direi quem és. O que será que Nelson Mandela, um dos delatores mais entusiasma-
dos das irregularidades da O.N.G., pensaria se visse a versão brasileira do sítio virtual da WWF, que ostenta com orgulho um “Manifesto de Apoio à Ação pelo IR Ecológico”? São 7.165 assinaturas, 7.165 atestados de tolice fantasiada de brócolis. Dentre as empresas mais ávidas pela aprovação da isenção verde, estão a Vale (não mais do Rio Doce), a Aracruz Celulose e a Natura. A primeira empilha multas do Ibama no Pará, cometendo mais infrações ambientais do que o número de pessoas famosas que aparecem no seu último comercial. A Aracruz Celulose, como boa fabricante de papel que é, vem alargando a sua área de plantações de eucalipto, que como qualquer monocultura é prejudicial ao solo. Mas tudo bem, eles têm uma linha de papel reciclado. Por fim, a empresa que utiliza esse papel reciclado para produzir seus catálogos, se apropria da cultura indígena e do ecossistema amazonense para produzir cosméticos rejuvenescedores. Enquanto não rejuvenescem os animais nos quais os cosméticos eram testados até pouco tempo atrás, vão adquirindo a patente de diversas matérias-primas retiradas da flora do Norte do país. O curioso é que eles registram aquilo que deixava nossas Iracemas com lábios de mel muito antes da invenção da maquiagem, mas foram os gringos que descobriram o Brasil, não é mesmo?
Peço licença ao velho Rubem Braga. Primeiramente, por me atrever a escrever e “adentrar” em uma área de seu brilhante domínio; segundo, por escrever sobre duas de suas paixões, temas recorrentes de suas crônicas: pássaros e mulheres. Entretanto, adianto não se tratar de quaisquer pássaros e muito menos de quaisquer mulheres.
O problema da falácia sócioambiental é que ela pega. O Banco Real aumentou em 30% o seu lucro desde que começou a investir nos brindes reciclados, e a moda lançada por ele – de utilizar apenas papel reciclado em seu material impresso – se espalhou p o ro u t ro s b a n c o s , e a t é o nacionalíssimo Banco do Brasil tem envelopes para depósito nesse tipo de papel. E o Banco do Brasil não declara imposto. Mas o IR Ecológico incentiva pessoas físicas a investirem em projetos e entidades sócioambientalmente responsáveis t a m bém. Enquanto o desconto para empresas só pode atingir 4% do valor declarado, o cidadão comum pode deduzir incríveis 6%. Acho que vou avisar ao leão que faço parte da coleta seletiva do município, deve me deduzir uns 0,5%. É o Ornelas metendo o dedo verde até no lixo.
freqüentador de toda palmeira ou pé de amêndoas, é a representação da simplicidade elegante do brasileiro, e mais especificamente nessa ocasião, do nordestino. Não que sabiás sejam exclusividade do Nordeste, mas garanto não ter visto nenhum enquanto estive no Sul. O canto elegante desse pássaro sulista me encheu de saudade dos meus sabiás tanto quanto duas moças loiras que vinham voltando de algum colégio da região me fizeram sentir falta das nossas morenas. Eram lindas, joviais, deviam ter seus 17 anos. Aliás, aos dezessete anos a mulher possui uma aura perigosa, de tragédia, como se estivesse prestes a alçar um grande vôo em direção ao coração do primeiro desavisado que surgir. São mortais dentro da sua beleza e juventude. Todo cuidado é pouco com moças na flor dos seus dezessete anos. Elas passaram risonhas e brancas, muito brancas dentro do seu uniforme de colégio justo e excitante. Gosto de loiras; achoas diferentemente lindas. Mas a beleza delas só me fez lembrar o quanto as morenas, as queimadas moças nordestinas, são também alegres, joviais e especiais. Mulher é mulher, concordo plenamente. Só acho que sentiria saudade se deixasse as moças das praias, com suas marquinhas de biquíni e um sotaque gostoso igual ao meu para trás. Mesmo se fosse por uma dessas lindas estudantes com pretensão a Gisele Bündchen. Fiquei pensando em pássaros e mulheres, até perceber ser o dia internacional da mulher. Parabenizei as que estavam ao meu Passeando por uma alcance no momento e continuei a lembrar de sabiás e morenas. cidade de aspecto A mulher também voa, bate asas, canta docemente e pode ser colonial, mas de clima bastante intempestiva. Mulheres, de qualquer canto do mundo, nunca tropical, escutei um pássaro dizem tudo, sempre percebem geral talvez por, como os cantar. Era um canto belo, pássaros, terem uma intuição e que nos faltou. É a junção doce, mas não consegui da razão e da emoção. Umaaguçada mulher com ódio é pior que mil identificar simples- homens, pois são Medeias e Marias, luz e escuridão, misteriosas mente por que não como os pássaros. Saí de onde estava com a certeza de não se estou em casa. Sim, na poder confiar em pássaros nem aprisionar, nunca, mulheres em minha Maceió eu costumo me gaiolas. Ambos têm naturezas parecidas. atrever a identificar cantos de O pássaro parou de cantar, as moças se foram, mas eu fiquei a pássaros, nem que seja na base do “chute”. Mas aqui em Vale Real, um lembrar das mulheres de minha família, referências fortes, das inferno gaúcho metido a paraíso amigas presentes e ausentes, de ex-namoradas e de como cada europeu, desconheço e nem me atrevo a uma parecia uma tigresa com alma de passarinho. Seriam capazes arriscar qualquer palpite. de matar ou amar cantando. No entanto um chapéu tem de ser O negócio é que o canto dele me fez tirado para elas, simplesmente por serem mais fortes e compreender o quanto os sabiazinhos da minha inteligentes que nós homens, pois temos o costume idiota de terra me são importantes. Num jeito meio Castro aprisionar passarinhos. Acho que o Velho Braga concordaria Alves de se expressar, o sabiá, esse pássaro malandro plenamente.
Memórias de Uma Gueixa, Dir. Rob Marshall, 2005
O filme conta a vida de uma pequena garota japonesa que, depois de separar de sua irmã durante a infância, aprende os mistérios e truques da arte de ser uma gueixa. Edukators, Dir. Hans Weintgartner, 2004
Dois jovens acreditam que podem mudar o mundo e se autodenominam “Os Educadores”. São rebeldes contemporâneos que expressam sua indignação de forma pacífica.
Ensaio sobre a cegueira, José Saramago, Cia. das Letras, 1995, 310 páginas.
Em Ensaio sobre a cegueira, José Saramago, único escritor de língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, tece uma suposição de como seria o mundo se todos os humanos ficassem cegos. O livro ainda deu origem ao filme Cegueira (2008), do diretor brasileiro Fernando Meireles. Iulana, Pablo de Carvalho, Edufal, 2007, 130 páginas.
O escritor alagoano Pablo de Carvalho compõe, em seu terceiro livro, um inusitado quadro surrealista em forma de Literatura. Publicado em 2007, Iulana é um dos vencedores do Prêmio Alagoas em Cena 2006, promovido pelo Governo de Alagoas.
O orvalho e os dias, Nilton Resende, Edufal, 2007, 86 páginas.
Reedição do livro de estréia do poeta, escritor e ator alagoano Nilton Resende. A obra também é uma das vencedoras do Prêmio Alagoas em Cena 2006 e ainda deu origem à performance poética Hóstia, que desde 2007 vem sendo apresentada nos mais variados espaços de Maceió.
Overpowered, Roisín Murphy, 2007
A ex-vocalista d a b a n d a Moloko lança seu segundo disco solo e se consolida no cenário pop alternativo. Seu mais recente trabalho é uma ótima combinação de pop, dance e música eletrônica. Destaque para a faixa-título.
O Político, Chico Buarque, 1991
Coletânea com as músicas de Chico B u a r q u e consideradas de cunho político. Entre as faixas estão clássicos, como “Construção”, “Meu Caro Amigo” e “Gota D'água”. Back to Black, Amy Winehouse, 2006
Segundo disco da polêmica cantora b r i t â n i c a A my Winehouse, que se popularizou em 2007 com a música “Rehab”. Além desse hit, o álbum conta com outros sucessos, como “You Know I'm No Good”, “Tears Dry On Their On” e “Back to Black”. Sonho de Rabeca, Mestre Salustiano, 1998
Mestre Salustiano é uma das figuras mais ilustres da Cultura Popular Pernambucana e o maior dançarino de cavalomarinho da região. No disco encontra-se maracatu, cavalo-marinho, forró pé-de-serra, coco, samba, marchas, entre outros ritmos. A contracapa é assinada por Ariano Suassuna.
Terceiro Mundo Festivo, Wado, 2008
Quarto álbum do cantor alagoano Wa d o . H á referências de samba, hip-hop, pop, rock e funk. O preço do CD é de apenas R$5,00. Destaque para as músicas “Pendurado”, “Reforma Agrária do Ar” e “Melhor”.
Ao Vivo Convida, Jorge Aragão, 2002
DVD de show ao vivo do sambista J o r g e A r a g ã o, gravado no Rio de Janeiro, em 2002. C o m a s participações de Elza Soares, Beth C a r v a l h o, Martinho da Vila, Fundo de Quintal, Alcione, entre outros.
Visite Museu do Esporte Localizado no Trapiche da Barra, no mesmo prédio do Estádio Rei Pelé aberto de seg. à sex. das 9h às 11h30 e 15h às 17h30 e aos sábados de 9h às 11h30
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