ANO 1
EDIÇÃO 04 NOV/DEZ 2008
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
NA ROTA DA CULTURA
São José ganha novos espaços culturais
CINEMA REGIONAL
Rio Paraíba do Sul ganha destaque em produções cinematográficas
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS Hábito popular proporciona uma grande viagem por outras culturas
EDITORIAL
EXPEDIENTE
A cidade de São José dos Campos ganhou em 2008 a Revista Almanaque Cultural. Com um papel fundamental de difundir arte, cultura e conhecimento, ela vem cumprindo seu objetivo. Neste 4º exemplar, encerramos o ano com muito otimismo e alegria! Um bom motivo para os leitores comemorar, são os novos espaços culturais que a cidade de São José ganhou! Alguns ainda estão por vir, mas o movimento sócio cultural da cidade, promete ser diferente no próximo ano. Por isso, nosso destaque é a para o aquecimento cultural da região. Nossos leitores ainda poderão desfrutar de conteúdos sobre cinema regional, hábito popular de contar histórias, arte contemporânea, centenário do mestre Machado de Assis, roteiro para as férias e ainda entender o que são unidades de conservação e onde elas se localizam. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores. Os colaboradores não possuem nenhum vínculo empregatício com a revista.
Impressão: Editora Mogiana Tiragem: 7 mil exemplares Distribuição: Gratuita e Dirigida
ENVIE SUA OPINIÃO e-mail: revista.almanaquecultural@gmail.com Tel.: (12) 3302-6545/ Móbile (12) 8131-6866 / ID Nextel 53604*2
End.: Rua José Augusto dos Santos, 108 – Sala 502 Jd. Satélite – CEP 12230-085 São José dos Campos –SP
Coordenação Geral Renata Campos e
Renata Del Vecchio.
Gestão em Renata Campos. Marketing/Comercial Jornalista Responsável Renata Del Vecchio (MTB 48521). Projeto Gráfico e Wilson Junior. Diagramação Textos Renata Campos (MTB 48522) e
Renata Del Vecchio (MTB 48521).
Revisão Renata Maria Adriano Tosetto. Colaboradores Ana Paula Fonseca,
Célia Barros, Cláudio Nogueira, Marcelo Henrique Zardo, Paulo Pacini, Ricardo Augusto Serapião.
Fotos Revista Almanaque Cultural,
Cláudio Vieira, René Novaes Jr., FCCR, SESC e divulgação.
Aproveitem! A equipe Almanaque Cultural deseja a todos Boas festas e um Feliz 2009!
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e-mail: revista.almanaquecultural@gmail.com Tel.: (12) 3302-6545/ Móbile (12) 8131-6866 / Nextel (12) 7898-1193 - ID 53604*2
Promoção válida até 22 de Dezembro de 2008
CHICO OLIVEIRA
ÍNDICE
ARTE CONTEMPORÂNEA
pág
04
pág
17
Uma lente que foca no tempo presente.
MACHADO DE ASSIS: O MESTRE DAS LETRAS 2008: ano do centenário do escritor brasileiro de todos os tempos.
“O PÃO DE CADA DIA”
pág
03
Época festiva ressalta significado religioso do pão.
CAPA
NA ROTA DA CULTURA
pág
08
SUSTENTABILIDADE
pág
10
pág
18
Unidades de Conservação: O que são e onde estão?
AGENDA
Fique por dentro e participe do que acontece na região.
OPINIÃO DO LEITOR
Francisco Carlos de Oliveira 24/05/1953 Piedade - SP Meu pai, Jazz, Bossa Nova, etc. Miles Davis, Freddy Hubbart, Hermeto Pascoal, Antonio Carlos Jobim. Formação: Conservatório João Baptista Julião – Sorocaba - SP CD que curte atualmente: Giant Steps – Woody Hermman Nome completo: Nascimento: Naturalidade: Referências musicais: Ídolos:
- Porque você escolheu São José dos Campos para morar? Em 1972 a convite do Maestro Sérgio Weiss vim para trabalhar na Banda de baile “Brasília Modern Six” e adotei São José como minha cidade.
vários cantores e instrumentistas, tais como Arthur Maia, Márcio Montarroyos, Hermeto Pascoal, Jota Moraes, João Donato, Gilberto Gil, Djavan, Ivan Lins, Alcione, Marina Lima, Leila Pinheiro, Jorge Ben Jor, Elba Ramalho, entre outros.
- Quando surgiu sua paixão pela música? Nasci apaixonado por música.
- Como surgiu a “Big Band Metalmanera”? Por ser um instrumentista de sopro, uma das minhas referências são as Big Bands. Sempre foi minha vontade participar de uma, então resolvi criar com amigos instrumentistas a “Metalmanera”, nome este sugerido por Jô Soares.
- Pode-se dizer que seu talento é de família? Minha família é toda constituída por músicos. - Quais instrumentos você toca? O trompete é o seu preferido? Meu instrumento de vocação sempre foi o trompete, mas por curiosidade e necessidade, também gosto de guitarra, violão de sete cordas (sou apaixonado por chorinho), entre outros. - Como é seu trabalho como arranjador e produtor musical? Por conta da minha vivência musical em estúdios de gravação, adquiri algumas experiências na área de arranjos e produção, que gosto muito, por ser um exercício de criação. - Antes de fazer parte do Sexteto do Jô, como era sua trajetória? Trabalhei muito tempo com bandas de baile e com minha ida para o Rio de Janeiro tive oportunidade de acompanhar e gravar com
São José ganha novos espaços culturais.
“Gostei muito da revista. É de facíl leitura, parabéns !!!” LUIZ FISCHER Assessor de Imprensa da Secretaria de Habitação e Secretaria de Obras
PERFIL
- Durante sua carreira, quais experiências gostaria de ressaltar como “inesquecíveis”? Participação em show com Hermeto Pascoal, Free Jazz e viagens pelo mundo, onde tive oportunidade de conhecer vários países e músicos que admiro. - Como é trabalhar com o Jô Soares? Não considero como um “trabalho” porque gostando do que faço é sempre um prazer fazer música e sendo com Jô Soares, a satisfação ainda é maior por ser um profissional que admira e respeita a arte de uma forma geral.
FOLK
CULINÁRIA
DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA: Um país de todas as Raças.
O PÃO DE CADA DIA:
Época festiva ressalta significado religioso do pão. Pode ser pão de leite, pão de queijo, pão de ló, pão de milho, pão de batata, pão preto ou pão sírio. O pão é um alimento universal reconhecido por toda humanidade e está intrínseco nos mais diferentes significados. Segundo J.C. Panetta, a palavra pão é uma poderosa forma de expressão: remete ao significado religioso (pão do céu, pão bento), relação entre duas pessoas (pão-de-rosca), sustento diário (pão de cada dia), grau de instrução (pão do espírito), característica de personalidade (pão-durismo), trabalho (amassar o pão com o suor do rosto), sofrimento (comer o pão que o diabo amassou), castigo (tratar a pão e água), e tantos outros vocábulos, simples ou compostos, com centenas de significados. O pão é denominado pelas famílias como um alimento básico. Desde que começou a ser produzido, sua fabricação e variedade só aumentaram. “O pão está presente em qualquer mesa, nas mais diversas condições. É um alimento saboroso e fácil de encontrar”, opinou a professora Maria Cirene Teberga Norberto. Nesta época festiva, o conceito de maior força do pão é o religioso. A Eucaristia é uma celebração que utiliza o pão, sendo realizada em memória da morte sacrificial e ressurreição de Jesus Cristo, mais conhecida como “Comunhão”. Durante este ritual, Cristo tomando um pão,
Comemorada há 35 anos, data lembra a resistência do negro à escravidão.
tendo dado graças, o partiu e entregou aos seus apóstolos dizendo: “Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da Nova Aliança, ou Novo Pacto, no meu sangue derramado em favor de vós.” No catolicismo, os cristãos recebem o pão e o vinho, repetindo o que cristo fez na ùltima Ceia, antes de ser entregue aos romanos por Judas Iscariotes, conforme consta no Evangélio. “O pão usado nas celebrações é o corpo de Cristo que se entregou na cruz para a salvação dos pecadores”, explicou Maria Cirene, Catequista. No Leite ao Pé da Vaca o sabor dos pães é especial. O Pão de Batata, por exemplo, é feito com leite puro da fazenda, trigo especial e ovos caipira. A proprietária Inês Oliveira Dias oferece a dica para quem passar por lá: “Esse pãozinho fica bom tanto com acompanhamento doce ou salgado. Sugiro geléia de framboesa ou queijo de cabra. Para beber a opção vai desde um bom suco até um saboroso café com leite”. Quem visitar o Leite na Pista poderá saborear estas delícias em um lindo deck com vista panorâmica para uma represa, onde a tranquilidade reina. Em breve, o estabelecimento irá oferecer novidades para o verão: pão italiano, pão de tapioca e ciabata.
Receita
Preto, branco, pardo, amarelo ou índio. Essas são as classificações dadas pelo censo do IBGE ao povo brasileiro, quando na verdade o Brasil é um país de tantas misturas, cultura de tantas culturas, povo de tantos povos. “Se essa terra recebeu de braços abertos portugueses, italianos, africanos, japoneses, alemães, entre outros, que chegam por aqui até hoje, o preconceito não pode existir”, ressalta o empresário Márcio Luiz Batista. Para conscientizar a população, foi escolhida uma data intitulada O Dia da Consciencia Negra, celebrado em 20 de novembro, dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. O Mestre Jongueiro Laudenir de Souza, lembra que a concientização deve iniciar nas escolas, através de debates com os alunos para que o preconceito racial diminua. “É muito importante conversar com as crianças sobre o negro, uma raça tão sacrificada e dona de uma cultura tão rica”. Comemorado há 35 anos, esta data lembra a resistência do negro à escravidão e o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro em 1594. O dia escolhido é uma homenagem a Zumbi dos Palmares – considerado o mais importante dos líderes do quilombo dos Palmares (AL) - assassinado e morto em 1695. O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos
fundadores fez o quilombo se tornar uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros, fugiam em direção ao tal quilombo cheio de palmeiras. Para o Coordenador Cultural do Espaço Eugênia da Silva, Marcos Paulo Berto, a conscientização não deve ser feita somente em um dia, mas sim lembrada durante o ano. “É importante reafirmar a identidade do negro, combater preconceitos, promover a igualdade e enriquecer a discussão todos os dias, não apenas em dia estipulado”. Atualmente, a data é celebrada com debates entre comunidades negras, discutindo tópicos que ganham evidência - inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda, beleza negra e oficinas da cultura negra com Jongo, Capoeira, entre outros. O Empresário Márcio Luiz Batista, afirma que a discriminação racial existe e que as cotas nas Universidades, por exemplo, é uma forma de dividir a população através de etnias. “Hoje são feitas cotas para negros, amanhã para índios e assim por diante. Os negros não são menos inteligentes que nenhuma outra raça para ter média inferior nas faculdades”, opinou. O ponto culminante desta data é mostrar que o Brasil possui uma mistura de credos, raças e costumes. “A riqueza fruto de misturas étnicas faz do Brasil um país caloroso, encantador, que conquista qualquer um que chega por aqui”, declarou a jornalista Ana Paula Fonseca.
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Ingredientes: - 1kg de farinha de trigo; - 80g de fermento biológico fresco; - 150g de açúcar ; - 400g de batata cozida(s);
- 30g de sal; - 100g de margarina; - 2 unidade(s) de ovo; - Quanto baste de leite.
Modo de Preparo: Numa bacia ou na batedeira, faça uma esponja com 100 gramas de farinha de trigo, o fermento e um pouquinho de água. Deixe descansar durante 15 minutos. Após este descanso, misture todos os ingredientes e faça uma massa bem macia. Espere o crescimento da massa durante 30 minutos. Depois, modele em bolinhas de 70 gramas cada uma, coloque nas assadeiras previamente untadas, espere novamente o crescimento durante uns 40 minutos, aproximadamente, e leve para assar na temperatura de 200°.
DICA: Nesta época festiva, você pode fazer o pão de batata em formato de trança ou rosca. Acrescente um creme, frutas cristalizadas ou nozes!
Revista Almanaque Cultural | ano 1 | edição 4 - Pág 03
PLÁSTICO
ARQUITETURA
ARTE CONTEMPORÂNEA: Uma lente que foca no tempo presente.
Biblioteca Municipal de São José dos Campos surpreende pela construção e acervo.
Por Célia Barros
Misterioso conceito de dúbia definição que difere de sujeito para sujeito, “arte” é um desses termos que se alteram com o tempo e se modificam segundo a cultura e a experiência de cada um. Aparece nas mais variadas formas da cultura, é uma presença constante nas atividades humanas desde que nos tornamos conscientes da nossa existência. Parece estranho, por isso, que a construção da civilização tenda a afastá-la do nosso cotidiano transformando aquilo que é uma expressão inerente ao ser humano, numa coisa de elite, que apenas alguns podem compreender o seu significado e que menos ainda podem ter o “dom” de exercê-la. “Isso até o meu filho faz!”. Esta frase sem dono, que tantas vezes ouvimos dissimulada ou até desbocadamente, não é mais do que uma verdade, que de tão simples, parece assustadora. Pois afinal, não apenas as crianças, mas todos nós temos essa faculdade. É triste, portanto, que releguemos esse poder para as crianças ou para os tais “dotados”. E que se nos consideramos adultos e “normais” somos forçados a lançar mão das propriedades da linguagem artística.
Aprender a ver, depois de aprender a ler. Saber compreender as imagens deveria fazer parte da nossa educação, paralelamente à matemática e à escrita. Não precisamos ser engenheiros para poder usufruir da matemática em nossa vida. Da mesma forma que escrever pequenas anotações, diários e cartas, não exige que sejamos escritores ou poetas.
PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO RICO EM CONTEÚDO:
O uso dessas linguagens amplia o nosso reportório de conhecimentos e por conseguinte a nossa experiência se estende permitindo contornar melhor os acontecimentos da vida. É preciso compreender que a arte é uma área do conhecimento humano e que não faz parte do ócio. O prazer que é possível sentir pelo contato com a arte vem do saber, da tomada de consciência, é um sorriso profundo, diferente daquele que soltamos num jardim ou em frente ao mar. Enfim, é uma linguagem que se transforma a cada vivência, contemporânea do seu tempo, memória dos trajetos humanos, legitima os avanços e retrocessos do pensamento. A arte contemporânea é uma lente que foca no tempo presente. Quando o tempo passa, desfoca e precisamos de outra lente. A lente que usamos para ver a arte contemporânea de outros tempos é aquela da história e da experiência humana. A lente que nos serve para a produção atual é a da humildade de perceber em que época vivemos. Célia Barros, artista plástica portuguesa, realiza em colaboração com Paulo Pacini o projeto e curadoria das exposições INSUSTENTÁVEIS do Yázigi. Para entrar em contato: celocas@yahoo.es
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Com arquitetura atraente e mais de 90 anos de idade, o prédio localizado no centro da cidade de São José dos Campos, abriga a Biblioteca Municipal com acervo de cerca de 70 mil livros para pesquisa e leitura. O prédio com construção datada da década de 10 e 20, é classificado como estilo eclético. Segundo o wikipédia, este conceito mistura estilos arquitetônicos do passado para a criação de uma nova linguagem arquitetônica. “Apesar de ter ocorrido várias misturas de estilos durante a história da arquitetura, o termo arquitetura eclética é usado em referência aos estilos surgidos durante o século XIX que exibiam combinações de elementos que podiam vir da arquitetura clássica, medieval, renascentista, barroca e neoclássica”, explica o artigo. A construção foi resultado de uma comissão municipal que em 1907 propôs a criação de um teatro para a cidade. E logo aconteceu, com o entusiasmo do proprietário Bertolino Leite Machado. Foi construído pelo Major de Finis e teve como mestre de obras, Graciano Fachini. Em 24 de dezembro de 1910 foi inaugurado o “Theatro São José” - o primeiro teatro do município - durante a década de 10 e 20 foi o centro da vida cultural da cidade, funcionando como cinema, local para bailes populares, além de teatro. A Prefeitura de São José dos Campos adquiriu, em 1934, os prédios onde ficavam instalados o Teatro, o “Bar do Teatro” e mais um terreno anexo. O espaço foi reformado e ficou sendo a sede da prefeitura, em 1941. A Câmara Municipal também funcionou no local, por 19 anos, até ser transferida para outro endereço. Na década de 70, o edifício recebeu a Biblioteca Municipal e agregados, reduzindo o espaço para os serviços da mesma. Com a criação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural – Comphac - e da legislação de patrimônio, em 1984, o edifício passou a ser o primeiro imóvel preservado por lei pelo Município, dois anos mais tarde. O Prédio passou por restauração das fachadas, adaptações internas para o uso da biblioteca e antigos anexos foram demolidos. O local que sempre atraiu turistas e moradores da região pela arquitetura, atualmente recebe novos visitantes podem utilizar o novo espaço criado após a reforma, como salas de exposições e de leitura de jornais e revistas, auditório, laboratório de computação, biblioteca infanto-juvenil, videoteca e ainda ganhará uma praça.
Biblioteca Pública Cassiano Ricardo funciona: - Segunda a Sexta-feira das 8h15 às 17h; - Sábados das 8h15 às 13h.
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TURISMO
SÃO SEBASTIÃO
O clima tropical úmido com temperaturas entre 18 e 35 graus é um convite para aproveitar o mar durante todo o ano. E aquela praia em que você sonha passar o fim de semana está na cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Atrações históricas, bares e restaurantes para todos os gostos. O antigo e o moderno contrastam no centro de São Sebastião, com quarteirões e edifícios tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional e construções - dentre as quais se destacam a Câmara Municipal, a capela de São Gonçalo e o prédio da antiga cadeia de São Sebastião - conservam um núcleo arquitetônico colonial, com construções renascentistas. No total, o centro tem sete quarteirões tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional, além de reunir alguns dos melhores restaurantes e lanchonetes da cidade. É um verdadeiro ponto de encontro para moradores locais e turistas que visitam a cidade, principalmente no verão. A cidade esconde uma reserva natural - Parque Estadual da Serra do Mar, praias de águas cristalinas, algumas ainda selvagens e outras com várias opções de atividades esportivas
- onde é possível fazer trilhas ou mergulhar em cachoeiras de água doce. É um território montanhoso coberto pela Mata Atlântica e com mais de 10 praias distribuídas ao longo da rodovia Rio-Santos, entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico. As famílias podem aproveitar a tranqüilidade para descansar em Juquehy. Já os que gostam de agito podem curtir praias como Camburi, Maresias e Boiçucanga, eleitas pelos jovens que curtem o surfe, como as melhores em hospedagem, restaurantes e “point’s”. As ilhas são uma beleza à parte, como o Arquipélago de Alcatrazes e as Ilhas das Couves, dos Gatos, Montão de Trigo e Toque-Toque. A primeira é um santuário ecológico comparável a Abrolhos, onde milhares de aves marinhas se reproduzem anualmente e o arquipélago, localizado a 33 km da costa, é rota de baleias e outros animais marinhos durante sua migração sazonal. É um paraíso para mergulhadores. A diversa não pára e São Sebastião oferece aos amantes da natureza trilhas interpretativas (caminhos abertos em áreas naturais), Trekking (caminhadas longas) e Hiking (caminhadas curtas com pouca dificuldade).
COMO CHEGAR
ONDE COMER
Saindo de São José dos Campos – cerca de 1h20. Siga pela Rodovia dos Tamoios, desça a Serra do Mar e passe por Caraguatatuba e siga em direção a São Sebastião.
MANACÁ Especialidade: Frutos-do-mar. *Local bonito, bom atendimento e serviço. End.: Rua do Manacá, 102 – Camburizinho - 43km. Tel. (12)3865-1566.
PASSEIOS Trilhas Ecológicas e Rappel (descida de cachoeiras com corda) - Av. Altino Arantes, 174, praia do Centro. Tel.: (12) 3452-1808. Todos os dias: 9h às 18h. Canoagem e Up River Boat - Marina Canoa: Av. Magno Passos Bittencourt, 326, tel.: (12) 3467-1313. Todos os dias: 8h às 22h. Passeios de canoa na Barra do Una e Up River Boat (bote) no rio Una. Passeios de Escuna - Fragatas Turismo: Rua Duque de Caxias, 179, tel.: (12)3452-3572/3452-1212. Seg. a sex. e dom.: 9h às 18h30h. Sáb.: 9h às 12h. Passeios de escuna entre São Sebastião e Ilhabela com reservas antecipadas.
ACQUA Especialidade: Pratos inspirados na cozinha italiana, frutos-do-mar e sabores característicos do país. *Local bonito e vista maravilhosa, bom atendimento e serviço. End.: Estrada do Camburi,2000 – Camburi – 42km. Tel. (12)3865-1866. OGAN Especialidade: Comida contemporânea, oferece peixes e Frutos-do-mar, além de massas e carnes. *Local bonito e vista maravilhosa, bom atendimento e serviço End.: estrada do Camburi, 1650 – Camburi - 42km. Tel. (12)3865-2388.
Maresiastur: Av. Francisco Loup, 1122, tel.: (12) 3465-6966. Todos os dias, das 9h às 17h (até 21h, durante a temporada). Passeios turísticos de caiaque, escuna, lancha e jipe por praias de São Sebastião. Atração principal: passeio de lancha pelas ilhas da região.
COMPRAS
Rappel (descida de cachoeiras com corda) - Av. Altino Arantes, 174, praia do Centro, tel.: (12) 3452-1808. Todos os dias: 9h às 18h.
INFORMAÇÕES:
Capelas Caiçaras Praias da Enseada, Toque-toque Grande, Maresias, Paúba e Barra do Sahy. Mais informações no Centro de Informações Turísticas de São Sebastião. Av. Altino Arantes, 174, praia do Centro, tel.: (12) 3452-1808. Todos os dias: 9h às 18h.
Feira de Artesanato - Pça. do Artesão Av. da Praia, Centro de São Sebastião.
São Sebastião – Tel:(12) 3852-1808 www.saosebastiao.sp.gov.br
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CAPA
NA ROTA DA CULTURA: Novidades prometem ampliar opções e aumentar movimento cultural na região. Por Ana Paula Fonseca São José é tradicionalmente uma cidade industrial e tecnológica e por ter destaque nesses fatores, o lado cultural ficou a sombra durante algum tempo. Mas os joseenses que estavam reclamando da agenda vazia podem começar a preparar espaço para a de 2009. Além de, diversos eventos públicos em praças e parques, entre festivais que acontecem de tempos em tempos durante o ano, São José ganha novos espaços culturais. Um dos principais estímulos para o aquecimento cultural local é a inauguração do novo prédio do Sesc São José, que ocorreu na primeira semana de dezembro. Além disso, a cidade ganhará novos teatros, sendo um no Shopping Colinas, previsto inaugurar em dezembro de 2008 e o Teatro Municipal, que por problemas com a empresa vencedora da licitação, teve que adiar a construção, previsto, assim, para inaugurar só em 2010. Para a presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, Antônia Varotto, São José está cada vez mais dando oportunidades para novos talentos e incentivando grupos de artistas a trocarem experiências, além de ter aumentado o número de entidades culturais que fomentam o setor na região. Ela afirma que a Fundação tenta atingir todas as classes sociais. “Fizemos todo o esforço para que a população joseense tivesse acesso às mais variadas formas de expressão artística, com ampliação da oferta de oficinas, com parceiros em locais onde não possuímos Espaços Culturais, com o Show
na Praça – que além de, contemplar 12 praças em vários pontos da cidade, ainda abre espaço para artistas locais. Além disso, o aumento constante e marcante do público em todas as ocasiões, como no Revelando São Paulo, que teve 600 mil pessoas em cinco dias, nos faz crer e afirmar que melhorou”, diz. O superintende do Shopping Colinas, Khallil Alves de Paiva, partilha o otimismo sobre o crescimento cultural de São José. Para ele a cidade está criando várias ferramentas que ajudam o movimento cultural chegar a população. “Acredito que a cidade está no caminho certo em relação aos conceitos de disseminação cultural. Além do Teatro Colinas, em breve teremos a abertura do Teatro Municipal, o que certamente irá ampliar as opções para a nossa população. Acredito que a tendência a partir de 2009 e no máximo em 2010, a cidade entre numa curva ascendente em relação à cultura”, afirma.
NOVO SESC SÃO JOSÉ Depois de 5 anos esperando, São José recebe uma grande área de lazer – o SESC São José dos Campos. Adaptado aos tempos atuais, o projeto arquitetônico é bem cuidado e funcional. Contempla um auditório com 130 lugares, área de convivência, espaços para eventos e exposições, sala de Internet Livre, área para leitura, salas para cursos de ginástica e dança e oficinas de criatividade, ginásio de esportes e quadras, piscinas aquecidas e clínica odontológica, além
dos serviços de apoio necessários. O novo prédio protege a natureza, contando com reaproveitamento de água e aquecimento solar. Para o gerente da unidade, Oswaldo Almeida Júnior, o “objetivo é contribuir para o desenvolvimento sociocultural da comunidade, trabalhando em parceria com as instituições já existentes e propondo também novos modelos de atuação”. Ele complementa afirmando que “o diferencial do Sesc é a democratização do acesso ao lazer, à cultura e ao esporte, junto ao estímulo para a convivência intergeracional e à aceitação das diferenças”. Para o próximo ano, a programação trará à cidade manifestações artísticas contemporâneas, ao mesmo tempo em que irá incentivar e valorizar a produção local e regional. Os objetivos, de acordo com Oswaldo Almeida Jr., são o de oferecer opções de lazer e desenvolvimento cultural para as diversas faixas etárias - criança, jovem, adulto, idoso -, e propiciar aos freqüentadores melhor conhecimento corporal, além de discutir a relação do cidadão com o meio urbano.
TEATRO SHOPPING COLINAS Outra novidade no cenário cultural de São José é o teatro do Shopping Colinas. O público interessado em cultura vai poder desfrutar de um teatro moderno, aproveitando para ir às compras e fazer uma parada na praça de alimentação. O teatro oferece 300 lugares e tem 1.100 metros quadrados que receberão em breve grandes peças teatrais no cenário brasileiro. “O Teatro Colinas vai contribuir para que o público joseense tenha mais um espaço destinado à disseminação cultural. A cidade ainda carece de mais espaços para espetáculos teatrais. Devido às opções restritas, atualmente
os bons espetáculos contam apenas com apresentações aos finais de semana, e sem muita regularidade, o que é definitivamente muito pouco para o padrão cultural do público joseense.”, afirma Khallil Alves de Paiva, superintende do Shopping.
TEATRO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ Parte de mais uma das obras pública paradas na cidade, o tão esperado Teatro Municipal de São José vai deixar o público esperar mais um pouco pelo primeiro ato. A empresa que ganhou a concorrência foi retirada por ineficiência e quebra de contrato e a prefeitura abrirá uma nova licitação em 2009. Mas levando em consideração o que o projeto promete vale a pena esperar. O teatro será uma das salas mais bem equipadas do país. Seu projeto arquitetônico contempla todas as atividades culturais, como teatro, dança, concertos sinfônicos, óperas e shows. Sua localização e versatilidade vem contribuir decisivamente para a vinda de grandes espetáculos à cidade, assim como a formação de grupos de teatro, dança, cenógrafos e técnicos, dado a proximidade com as escolas e a sede da orquestra sinfônica da Fundação Cultural. Com uma platéia de 900 lugares, viabiliza o acesso de mais pessoas aos espetáculos, e disponibiliza o mais moderno equipamento para esse fim.
TEATRO MUNICIPAL - A sala contará com equipamento de ar condicionado; - As dependências de apoio vão oferecer acomodações amplas de foyer, cafeteria, loja, guarda volume e sanitários; - Os acessos contarão com elevadores para o público; - As companhias de teatro e dança, assim como as orquestras terão a disposição confortáveis salas de ensaio, camarins e equipamentos; - O projeto acústico obedece rigorosamente as normas e a qualidade de som, assim como o equipamento de vídeo e som da sala de espetáculos;
SERVIÇO SESC SÃO JOSÉ DOS CAMPOS: Funcionamento geral de terça a sexta-feira, das 13h às 22h; sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h. Localizado na Avenida Adhemar de Barros, 999. Tel.: (12) 3904-2000.
- O acesso ao teatro será feito pelo interior do Parque da Cidade Roberto Burle Marx, com um grande estacionamento de 450 lugares na 1ª fase e 900 lugares na implantação final.
SHOPPING COLINAS: Avenida São João, 2200, Jardim das Colinas Tel.: (12) 3904-2000
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SUSTENTABILIDADE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: O que são e onde estão?
Por Marcelo Zardo – Engenheiro Florestal
Uma Unidade de Conservação (UC) é definida pelo SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação – Lei 9.985/00) como sendo um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público. Tem como objetivos o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para garantir maior benefício às atuais e futuras gerações, garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. Todas as UC têm um regime especial de administração, contempladas no seu Plano de Manejo, que é um documento técnico mediante o qual se estabelece o zoneamento, as normas que regem o uso e ocupação da área, o manejo dos recursos naturais e a implantação de estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. Basicamente existem duas modalidades de Unidades de Conservação, as Unidades de Uso Sustentável (UUS) e as Unidades de Proteção Integral (UPI). Elas diferem na forma de utilização dos recursos naturais. Nas UPI, o objetivo é a manutenção dos ecossistemas, livres de alterações antrópicas, admitindo-se apenas o uso indireto dos atributos naturais, que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. . Nelas é permitida a visitação pública quando com objetivo educacional e a pesquisa científica, regidos por normas específicas. As Unidades de Proteção Integral são cinco: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. Cada uma dessas categorias têm objetivos e diretrizes de usos específicos Nas Unidades de Uso Sustentável é preconizada a exploração do ambiente, de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. As Unidades de Uso Sustentável são sete: Área de Proteção
Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. Essa última categoria é a única de domínio privado, as outras todas são de domínio público ou misto. Segundos levantamentos do WWF, no Estado de São Paulo existem 662 unidades de conservação que somam mais de 53 milhões de hectares. No Brasil existem 252 unidades de conservação federais cujas áreas totalizam mais de 58 milhões de hectares, protegendo os biomas da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Campos Sulinos, Zonas Costeiras e Marítimas. Talvez o leitor desconheça, mas aqui na região do Vale do Paraíba, Serra do Mar e da Mantiqueira, temos várias Unidades de Conservação, as quais reservam belezas naturais únicas aos visitantes, permitem um maior contato com a natureza e conservam a vida silvestre nos domínios da Mata Atlântica. São Exemplos: • Parque Nacional do Itatiaia (Resende – RJ): primeira UC do Brasil. • Parque Estadual da Serra do Mar (315 mil ha): Caraguatatuba, Ubatuba e mais 23 municípios. • PE Campos do Jordão (8.300 ha): Campos do Jordão – SP. • Floresta Nacional de Lorena (250 ha): Lorena - SP • ARIE Pedra Branca (635 ha): Tremembé – SP. • Estação Ecológica de Bananal (884 ha): Bananal • RPPN Fazenda San Michele (41 ha): São José dos Campos – SP. • RPPN Sítio Primavera (19,3 ha): São Luis do Paraitinga. • APA Serra da Mantiqueira (94 mil ha): Campos do Jordão, Cruzeiro, Queluz, Pindamonhangaba, Lavrinhas, Cruzeiro e Sto Ant. do Pinhal. • APA Bacia Paraíba do Sul (367 mil ha): 35 municípios contemplados por essa bacia hidrográfica.
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QUEM INDICA
CINEMA CD DVD
Jean Carlo Araújo
“Skin and Bones” Foo Fighters Estilo: Rock
CINEMA REGIONAL:
Rio Paraíba do Sul ganha destaque.
“O Labirinto do Fauno” Dir.: Guillermo Del Toro Estilo: Drama
Vocalista da banda CAOS, 25 anos
CD DVD Fábio Fernandes
“Baladas do Asfalto e Outros Blues - Ao vivo” Zeca Baleiro Estilo: MPB “Meu nome não é Johnny” Dir.: Mauro Lima Estilo: Drama
Publicitário e Jornalista, 28 anos
CD DVD Silvio Mathias Empresário, 40 anos
“The Best So Far” Ben Harper Estilo: Surf Music “Cidade dos Anjos” Dir.: Brad Silberling Estilo: Drama
O cinema regional tem motivos para comemorar! Os filmes “Nas Redes de uma Saudade” (2007) e “Nas Águas do Rio Paraíba” (2008), ambos do diretor Dalmir Ribeiro, tem levado o nome Vale do Paraíba para o cenário cinematográfico. Produzidas com apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, as obras são inscritas em diferentes festivais e no mês de novembro a produção “Nas Redes de uma Saudade” foi selecionada para a V Mostra Competitiva de Vídeos do Interior de São Paulo, o que suscita um grande estímulo para a difusão e incentivo à produção audiovisual da região. O primeiro filme do projeto foi produzido na cidade de São José dos Campos em 2007, com depoimentos e histórias dos pescadores da localidade. “O vídeo enfocou a memória dos entrevistados buscando os principais elementos que constituem o cotidiano e a tradição do piraquara”, contou o diretor Dalmir Ribeiro. “Nas Águas do Paraíba” é a segunda fase do projeto finalizado em 2008. O foco narrativo deste documentário, de 52 minutos, é o imaginário religioso e as histórias pessoais dos pescadores frente aos impactos ambientais do Rio Paraíba do Sul. O trecho escolhido para as gravações foi de Jacareí até Aparecida do Norte. Além dos dois documentários, Dalmir Ribeiro parte para sua terceira produção cinematográfica, que visa mostrar em 2009 a cultura piraquara da região, através da obra “Nas Raízes D’água” – que será gravado na região do Alto Paraíba, partindo da nascente do rio e finalizando na represa de Paraibuna. “Nessa região onde os afluentes do Paraíba se congregam é possível encontrar
pescador artesanal exercendo sua profissão em águas ainda não tão poluídas, que oferecem pescado em maior número”, acrescentou Dalmir. Todos os filmes contaram com a produção de Kelly Cavalheiro, bióloga e produtora, que acompanha o projeto realizando levantamentos das condições ambientais do rio Paraíba do Sul. “Nestes tempos de mudança de perspectiva nas sociedades contemporâneas sobre as questões ambientais e principalmente sobre o uso sustentável dos recursos hídricos, é necessário perceber quem está à margem deste processo de suposto desenvolvimento tecnológico”, afirmou a produtora. Ela ainda explicou que o piraquara é uma testemunha do processo histórico de crescimento das cidades do interior paulista que vem sendo esquecida às margens da discussão sócioambiental. “Ele é o primeiro a sentir os impactos causados pelos diversos processos de interferência humana que causaram a degradação do ecossistema vale paraibano. É através de sua fala que podemos escutar a voz do rio Paraíba do Sul”. Os vídeos são distribuídos gratuitamente nas bibliotecas estaduais e nos centros culturais da região, com o objetivo de divulgar e valorizar a rica cultura regional. “As exibições visam principalmente os moradores das comunidades participantes e os estudantes da rede de ensino público”, explicou a produtora Kelly Cavalheiro. Informações sobre o projeto: http://docpiraquara.blogspot.com
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PALCO
MÚSICA
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS: Uma grande viagem por outras culturas
A arte de contar histórias é um hábito popular, desde que existe a linguagem, o ser humano possui a necessidade de trocar informações. As histórias fazem parte de cada pessoa, porém contá-las e envolver o espectador fazendo com que ele viaje por outras culturas, épocas e lugares, é habilidade de um verdadeiro contador de histórias. Os especialistas Flávia D’avila e Paulo Barja do grupo “Conto com Você”, trabalham com a arte de contar histórias de diferentes origens, com o objetivo de proporcionar o contato do público com outras formas de encarar a vida. “Além da valorização da diversidade, elas mostram que estamos integrados a outras culturas. A divulgação da riqueza do folclore brasileiro e mundial norteia nosso trabalho”, revelou o grupo Conto com Você. Nas apresentações da dupla, o objetivo é trazer ao público uma amostra da diversidade presente na cultura popular, com narrativas intrigantes, mágicas, brincadeiras de palavras, poesia e sabedoria, continuamente reinventadas através dos tempos. A presença de elementos musicais é indispensável e ajuda a envolver o público, dando leveza à palavra e fluência à narrativa. Através do seu trabalho, Paulo Barja explica que compartilhando histórias, a vontade do espectador de partilhar sua própria experiência nasce. Ele esclarece que para se tornar um contador de histórias é necessário ter apenas alguém para ouvir e não ter vergonha na hora de contar. Flávia D’avila acrescenta: “Quem ouve uma história é desafiado a sugerir possíveis soluções para problemas que as personagens enfrentam, por exemplo. Essa relação
de cumplicidade com as personagens também permite às pessoas compreenderem melhor a própria vida e o universo que as cerca”. Conhecer novas histórias e participar de encontros com outras pessoas que tenham algo a contar são fatos importantes na vida de um contador. “Antigamente, as histórias eram o principal meio para se transmitir o conhecimento. Hoje, há muita informação nos livros, na internet, mas as histórias continuam desempenhando sua função, mostrando que os valores mais importantes da vida não têm fronteiras”, esclareceu Paulo Barja. Além de contar histórias, Flávia e Paulo também desenvolvem um trabalho com produção e veiculação de literatura de cordel. Ele escreve as histórias e ela desenha as capas. “Como passamos boa parte do tempo pesquisando histórias, suas origens e formas, também temos participado de eventos em que podemos expor essas pesquisas”, acrescentou Flavia D’avila. Em dezembro, o grupo participa do XXII Encuentro de Contadores de Histórias y Leyendas na Colômbia. Quando voltarem, estarão com um trabalho de músicas e contos africanos. A primeira apresentação ocorrerá em 29 de novembro, às 9h, na Biblioteca Municipal de São José dos Campos. Para 2009, o grupo Conto com Você pretende estabelecer parcerias para adquirir uma sede e montar neste espaço uma biblioteca comunitária e ainda ministrar cursos, promover palestras, além de criar um ambiente permanente de narração de histórias.
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VALE DE MÚSICOS:
A riqueza da musicalidade vale paraibana mantida por artistas da região.
O Vale do Paraíba sempre foi uma terra de passagem. Desde a época das Bandeiras, passando pela rota dos tropeiros, até a criação da Via Dutra, a região sempre recebeu um variado de informações, costumes e ideologias. Na música não poderia ser diferente: Lourival dos Santos, Elpídio dos Santos, Anacleto Rosa Junior, Déo Lopes, Braz da Viola, Eduardo Rennó, entre outros, transformaram os valores culturais da região em composições. O trabalho dos artistas, carregado de elementos da música folclórica, brasileira e de raiz, são desenvolvidos desde os primórdios e a principal preocupação é a disseminação da história do povo. “Uma das mais fortes características do Vale é a artística”, escreve Edmundo de Carvalho em opinião no livro “Vale, Violões e Violas – Uma fotografia Musical do Vale do Paraíba”, da jornalista Vana Allas. Na publicação ele afirma: “Aqui desponta o saber popular, crendices, folclore, e o rumo da história - Cantorias, ritmos instrumentais e o manejo da viola realçam nossos sons, melodia, harmonia e a força da poesia musical”. Braz da Viola trabalha profissionalmente com música há 18 anos. Ele explica que por ser da região, seu trabalho é desenvolvido a partir de elementos regionais experimentando a mistura com outros ritmos. “O que eu faço é experimentar ritmos como blues, jazz e misturar com as características da música caipira”, explicou. O Engenheiro Eletricista pós-graduado...., Ricardo Augusto Serapião, faz uma importante observação sobre a história musical do Vale do Paraíba. “Os filmes de Mazzaroppi e a
dupla caipira Brinquinho e Brioso – de São José dos Campos que estourou no cenário musical durante os anos de 1930 e 1950 – foram grandes colaboradores para a ascensão musical da região”. A música ‘Romaria’, escrita por Renato Teixeira, também pode ser batizada como a responsável por evidenciar a cultura regional para o país. O compositor, com voz marcante e inconfundível, morou na cidade de Taubaté por anos e descreve a beleza do homem e da natureza com uma maestria em suas canções. O Grupo Rio Acima, de Paraibuna, é outro exemplo de representação autêntica da sonoridade do Vale do Paraíba. Com forte identificação na preservação ambiental, suas apresentações estão voltadas para movimentos ecológicos, culturais e históricos. Segundo Eduardo Rennó, um dos fundadores do Rio Acima, o músico regional não é direcionado por tendências de mercado, pois possui autorias espontâneas, priorizando a região, a identidade musical e cultural. “Os músicos são conhecidos por sua originalidade, repertórios próprios e conceitos artísticos diferenciados que contribuem para a valorização da música popular brasileira”, acrescentou o músico. “É papel da sociedade valorizar a música do Vale do Paraíba mantendo a tradição cultural. Prestigiar músicas que são sinônimos do que somos e vivemos significa conhecer a história do Vale do Paraíba”, finalizou Alexandre Souza de Oliveira, admirador da música de raiz.
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ENSAIO
LETRA
HISTÓRIAS & ESTÓRIAS
MACHADO DE ASSIS:
O mestre das letras.
Luiz Paulo Costa
2008: ano do centenário do escritor brasileiro de todos os tempos
Não podia ver rabo-de-saia. Casado com uma cearense letrada, ele mineiro de poucas letras de Uberlândia mais de muito dinheiro. Era discreto com os seus romances. Até porque a cearense do sertão do Cariri era brava. Com os amigos tagarelava dos feitos amorosos. Usava até das amizades para arrumar desculpas para as suas escapadelas e estar com uma ou outra conquista. Esperta como só ela, a cearense não deixava nunca de desconfiar do marido. Trazia-o num cortado. Queria saber de tudo. Logo se meteu em seus negócios e, como advogada, encontrou um lugar na assessoria jurídica da firma. Só para acompanhar tudo de perto. Matava dois coelhos com uma cajadada só. Vigiava o marido e ficava por dentro dos negócios e dos ganhos. De suas idas e vindas a Fortaleza, o marido acabou fazendo negócio por lá, ampliando a sua empresa holding. Foi no Ceará também que ele conheceu um pistoleiro famoso do Vale do Jaguaribe. Já não era mais “matador de gente”, entretanto ainda vivia da intermediação. Conhecia muitos pistoleiros que vinham de sua região. E passou a ser dele compadre e a usar dos serviços do agenciador de pistoleiros. Em seus negócios sempre aparecia alguém que precisava sumir do mapa. Sua mulher até gostava das histórias da pistolagem: “O pistoleiro sempre vai para matar, não é pra brigar não. Antes de atirar, sempre me benzia com a arma para tudo dar certo. Depois do serviço realizado, ia a uma igreja pedir perdão. É que sou devoto de São Francisco das Chagas do Canindé, que mantém o meu corpo ‘fechado’!” E, orgulhoso, mostrava a medalha do santo milagreiro no pescoço. Um belo dia soube de um romance do marido. E justamente com uma sua amiga. “Que sem vergonha!”, esbravejou. Logo veio à mente contratar um “matador de gente”. E telefonou para o intermediário em Fortaleza, que foi logo dizendo: “Olha, é um prazer servir à esposa de meu amigo e compadre! É só fazer o depósito bancário, dizer o nome e o endereço de quem está perturbando a vida de vocês. Quando o dinheiro chegar aqui no banco, despacho o pistoleiro pra fazer o serviço!” Providenciou tudo e sentiu-se aliviada pelo corretivo que ia dar no seu marido: “Nunca mais ele vai se enrabichar com alguma mulher!”. Mas não é que o marido precisou telefonar para o Ceará e falou com o agenciador de pistoleiros! E este prontamente entregou: “Olha compadre, o pistoleiro contratado por sua esposa já saiu daqui pra fazer o serviço!” Quando soube que era pra matar a sua amante, tentou abortar o serviço do pistoleiro. “Não tem jeito, compadre. Você mesmo sabe que quando despacho pra fazer o serviço, deixo de ter qualquer contato com ele. Até por segurança. Ele só volta aqui com o serviço feito.” Não teve dúvida, desligou o telefone e saiu voando com o seu carro. Chegou na casa da amante esbaforido. “Olha, você tem que sair daqui já!”. “Mas o que aconteceu?!” “Eu te explico no caminho!” E levou a amante para lugar incerto e não sabido. Ninguém mais a viu na cidade. Mas não podia dizer nada em casa. Mesmo quando sua esposa perguntava pra si mesma: “Pôxa, eu nunca mais vi fulana! Você por acaso não sabe onde ela se encontra?”. E ele fingia que não estava ouvindo, preocupado e pensando nos seus problemas empresariais.
Cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, quem é esse gênio da palavra? É o carioca Joaquim Maria Machado de Assis, que completou este ano 100 anos de falecimento. Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 e faleceu em 29 de setembro de 1908. Filho de operário mestiço, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis; perdeu a mãe muito cedo e foi criado pela madrasta, Maria Inês, no morro do Livramento. Com vida simples, foi matriculado em escola pública pela madrasta, e empenhou-se em aprender francês, quando conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Aos 15 anos, Machado de Assis publicou o primeiro trabalho literário, o soneto “À Ilma D.P.J.A.”, no Periódico dos Pobres, em 3 de outubro de 1854. No ano seguinte, publicou o poema “Ela” - na revista Marmota Fluminense - que acolhia novos talentos da época. Dois anos mais tarde, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional - escrever durante o tempo livre - conhece o diretor Manuel Antônio de Almeida, que se torna seu protetor. Em 1858, Machado tornou - se revisor e colaborador no Correio Mercantil
e, em 60, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, na qual estreou como crítico teatral, a Semana Ilustrada e o Jornal das Famílias, publicou em especial contos. A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários, seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título “Queda que as mulheres têm para os tolos”, e não parou mais. Com Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901). Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meianoite (1873); os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico. Com estilo pouco convencional para a época, em 1881 publica – “Memórias Póstumas de Brás Cubas” - que foi considerado, juntamente com “O Mulato”, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira. Machado de Assis proporcionou uma grande fase das obrasprimas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa.
Luiz Paulo Costa é jornalista em São José dos Campos.
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