Revista ALTRI

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EDITORIAL Eu poderia dizer que Tina Brown, editora da Vanity Fair de 1984 a 1992, foi a grande inspiração para a edição da Altri. Divido com Brown o estranho vício por bancas de revista e uma vontade imensa de voltar para 1919 e sentar na “round table” do Hotel Algonquin, em Nova Iorque, onde Dorothy Parker comandava as conversas deliciosas de um grupo de jornalistas e escritores que se auto-intitulava “The Vicious Circle”. Mas não se faz uma revista com uma grande inspiração. No mundo todo, associações ligadas ao mercado da revista impressa fazem campanha pela sobrevivência de um meio que parece competir com conteúdo gratuito que está em todas as partes, de elevadores à internet. Os números usados nestas campanhas são significativos: 93% dos adultos norte-americanos ainda lêem revistas. No Brasil, são mais de 4500 títulos onde os textos duram mais e a publicidade idem. Um leitor fica em média 43 minutos com sua revista, e ao contrário do que acontece com outras mídias, a atenção, nestes 43 minutos, não é dividida com outras atividades. Estar com uma revista, esta coisa estranha feita de tinta e papel, é embarcar em uma experiência imersiva. Durante a leitura, não nos levantamos para pegar um copo de água, não estamos dirigindo, não abrimos outra página enquanto aguardamos um download. Ainda assim, ao fechar esta edição ainda não tínhamos certeza de que ela seria realmente impressa. Impressa ou não, a Altri está pronta. Tina Brown, que hoje edita o The Daily Beast, disse certa vez que editar é muito parecido com produzir: é juntar talentos, puxar os fios certos, convencer as pessoas a trazer seus trabalhos para a página de uma revista. A equipe da Altri conseguiu isto. Tentamos juntar o melhor da experiência – nos textos, na fotografia, na editoração - com o melhor dos novos talentos que despontam por aí. O resultado esta aí, esperamos, nas suas mãos. Boa leitura!

MONIQUE VANDRESEN

A revista Altri é uma publicação de caráter informativo com circulação gratuita e dirigida. Todos os direitos reservados.

CAPA: Styling: Juliane Biz, Luisa Letti,Valdecir Babinski Fotografia: Ramón Rodriguez Modelo: Laura Coachmann

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COLABORADORES

Caio Cezar, Fotógrafo

Dauro Veras, Jornalista

Walmor Oliveira, Fotógrafo

Carlos May, Fotógrafo

Maurício Oliveira, Jornalista

Fabio Cabral, Fotógrafo

Vanessa Schreiner, Redação

NOSSA EQUIPE

Renata Vivan, Redação

Milton Schubert, Redação

Ana Luiza Reitz, Redação

Marcos Scheidt, Designer Gráfico

Naiane Salvi, Redação

Maria F. Lento, Redação

AGRADECIMENTOS

Bruna Baratieri, Modeline

Sandra Rech, Futuro do Presente

Luciana Dornbusch Lopes, Modeline

Carolina Carioni, Modeline

Bruna Medeiros, Modeline

Cássia Guerra, Blog We Fashion You

Aline Padaratz, Modeline

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altri ÍNDICE variedades ousadia musical 07 Buttina: a cara de São Paulo 08

Islândia: moda um eguia 09 séries 11

moda e comportamento indefinidos 12 dualidade singular 13

tamanho G 16 pense moda 18

faça amor, não faça a barba! 19

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Annie Hall 20 166 crush 28 iMake 36


Foto: Caio Cezar

40 coolhunting 43 profissão: blogueiro 45 forever young

udesc

47 48 49 50 51 52 53 54

SCMC projeto ecomoda teciteca modeline biotêxteis futuro do presente modateca moda e arte sem fronteiras

textos

56 os livros, as bibliotecas e eu 57 o último romântico 58 enrolar brigadeiros altri 5 altri5


AGENDA 25 a 27 de Novembro de 2011: Maratona Cultural- Florianópolis, SC. Com base nas Maratonas Culturais que já acontecem em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Manaus, Florianópolis terá a primeira edição de sua Maratona Cultural, a qual contará com sete palcos montados ao longo da cidade, além de seis teatros, oito espaços culturais e mais. Serão, ao todo 27 palcos que movimentarão a cidade. O evento terá a participação de atrações locais e nacionais e conta com o apoio da Florianópolis Convention&Visitors Bureau e Secretaria do Estado de Turismo, Cultura e Esportes. Para maiores informações, visite http://www.maratonacultural.com

10 a 14 de Janeiro de 2012: Fashion Rio – Rio de Janeiro, RJ.

Opera, Lars Jan, Jeremy Mendes, Leanne Allison, Marco Brambilla Molle industria, Nonny de la Peña Gingger Shankar, Mridu Chandra and David Liang, Brent Green, Hank Willis Thomas & Chris Johnson, Eva & Franco Mattes e Ho Tzu Nyen. O evento terá a curadoria de Shari Frilot. Para maiores informações, visite http://www.sundance.org/newfrontier.

13 a 20 de Abril de 2012: Coachella Indio – California - Estados Unidos O Coachella é um evento anual de música e arte, localizado na cidade de Indio, Califórnia, e reúne mais de cem shows de artistas da cena alternativa, do rock, do hip hop e da música eletrônica. O Festival conta com diversos palcos e tendas espalhadas no local. Ainda não existem confirmações para esta edição, mas para maiores informações, visite http://coachella.com

A semana de moda carioca acontecerá, mais uma vez, no Píer Mauá, com patrocínio de grandes empresas como Melissa, Hering, Coca-Cola, entre outras, além, é claro do apoio cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro e do Governo do Estado. Visite http://ffw.com.br/fashionrio/ e confiramaisinformações.

21 a 23 de Outubro de 2012: IDEMI

18 a 20 de Janeiro de 2012: Bread &Butter – Berlim, Alemanha.

Florianópolis, SC.

É a feira de moda jovem por excelência e uma presença obrigatória para todos os fashion victims. Arrojada, original, a Bred&Butter é uma aposta recente do setor português de calçado. Seis empresas deverão marcar presença na edição de Janeiro. A Bread &Butter é o principal evento mundial do setor jeanswear. Um evento ultra seletivo com diversos expositores e muitos visitantes que ditam as novidades da moda jeanswear no mundo inteiro. As principais marcas da moda urbanwear ou streetwear, grandes de designers e estilistas apresentam suas coleções neste evento, época na qual Berlim se torna a capital mundial da moda por uma semana. São mais de 650 expositores fazendo do evento um acontecimento único em vários aspectos, tais quais geração de negócios, lançamento e confirmação de tendências, informação, networking e diversão. A Bread and Butter é dividida em vários setores: Denim Base, onde ficam as principais marcas de jeans, Urban Superior,Lock, Sport & Street, Fashion Now, Street Fashion e Style Society. Para maiores informações, visite http://www.breadandbutter.com

19 a 24 de Janeiro de 2012: São Paulo Fashion Week - São Paulo, SP. A edição Inverno 2012 do São Paulo Fashion Week acontecerá no Parque Ibirapuera com o patrocínio de marcas com Melissa, Chilli Beans, Risqué, O Boticário, entre outras e apoio da Prefeitura de São Paulo, além de AssociaçõesTêxteis e de Criação. Visite http://ffw.com.br/spfw/ para maiores informações.

20 a 28 de Janeiro de 2012: Sundance Festival de Filmes Park City - Utah, EstadosUnidos. Nova Fronteira é um espaço social e criativo, criado para enriquecer o ambiente do festival e expandir a cultura do cinema por mostrar instalações de mídia, performances multimídia, experiências transmidiáticas e painéis de discussão que explorem a convergência de arte, tecnologia e narrativas. A programação dessa edição do evento explora a ideia de um futuro normal. Entre os artistas participantes estão Paul Abacus, Early Morning

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(Conferência Internacional de Integração de Design, Engenharia e Controle de Inovação) – Com o patrocínio da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e da Universidade Federal (UFSC), a segundaedição do IDEMI acontecerá em Florianópolis. O primeiro evento ocorreu em Porto, Portugal, em 2009 e foi um grande sucesso. O objetivo é juntar profissionais das áreas de Design, Engenharia e Administração para conversarem e discutirem sobre inovações, tanto em produtos quanto em serviços.

lado B

Documentário Vinylmania, de Paolo Campana, mostra paixão que fez vendas de LPs crescerem 300% entre 2006 e 2010.

Vinylmania é um documentário de 75 minutos que faz uma verdadeira declaração de amor ao vinil. Dirigido pelo DJ italiano Paolo Campana, o filme agora tenta arrecadar recursos no Kickstarter para que seja distribuído internacionalmente e transformado em DVD. Para Campana, a diferença entre o som de um MP3 e de um vinil pode ser comparada à diferença entre fazer uma refeição em um restaurante cinco estrelas e comer qualquer coisa em um fast food: “o som é mais quente. O vinil é a slow food da experiência musical”, explica. Campana não está sozinho. O mercado de vinil cresceu 300% entre 2006 e o ano passado, e as vendas continuam aumentando. O mais surpreendente é que os responsáveis por este crescimento são jovens que já cresceram num mundo digital. Para o escritor Owen McCafferty, um dos entrevistados na produção, a geração que cresceu com a música digital cresceu vendo a música como algo imaterial e intangível: “O vinil satisfaz esta necessidade de conexão”. O documentário tem como cenário 11 diferentes cidades ao redor do globo, com personagens fascinantes que dividem a mesma paixão pelos discos que tem um lado A e um lado B. Entre os entrevistados está também o vinil-maníaco Klaus Flouride, baixista do Dead Kennedys, e Winston Smith, que trabalhou em alguns álbuns do Green Day.


OUSADIA MUSICAL Nando Reis voltou aos palcos com nova turnê esse ano por Renata Vivan Temos muitos gênios na música brasileira e um deles, com toda certeza, é Nando Reis. O ruivo é compositor de sucessos como Diariamente, Relicário, Segundo Sol, Resposta, Do seu lado, Onde você mora?,entre outras. Isso só citando sucessos que foram gravados por outros artistas. Nando é notavelmente um poeta e está de volta aos palcos com a turnê MTV Ao Vivo Bailão do Ruivão – Nando Reis e os Infernais. O CD e DVD foram gravados em agosto de 2010 em São Paulo. Nando conta que “o Bailão é uma colcha, como as colchas de crochê coloridas que minha mãe fazia e enfeitavam minha cama e dos meus irmãos. O Bailão é um apelido que surgiu para uma parte do show que eu já fazia e descobri que abria uma porta para o passado. É o que eu ouvia na infância e adolescência. (...) Eu só lembrava dos refrões. ‘Eu ontem chorei, pensando...’ é um exemplo claríssimo, que não tem nada a ver com a ideia do que é brega hoje em dia, mas fazem parte do Bailão. (...) O Bailão é como uma espécie de alívio também, um distanciamento de mim. Porque tocar a musica dos outros é como se eu também me desincumbisse do fato de ter que constantemente viver comigo”. Já sobre o repertório, ele diz que “havia músicas que eu gostaria de tocar, que fazem sentido na minha cabeça e poderiam estar dentro do projeto. Mas não adianta vontade se não encontrar o arranjo certo. (...) As músicas se juntam na minha cabeça por associação, são as mais diversas possíveis e, às vezes, não há nada de musical nisso, no sentido de não precisar ter uma harmonia idêntica, o mesmo assunto. Talvez seja simplesmente o tipo de emoção que ela desperte”. Nando diz que “quando a gente estreia um show, tem que parar, olhar, respirar, concentrar. (...) A gente tem que curtir, é o nosso som, estar feliz. Eu fico nervoso sempre. Gosto de ficar nervoso. Especialmente num show como esse, com tanta coisa envolvida. A começar por cantar um repertório que eu nunca tinha apresentado ao vivo, com um monte de canções que não são minhas. E isso para mim já era um risco. (...) Toca numa questão muito crucial da minha relação com a música, tanto naquilo que eu sou muito seguro, quanto naquilo que eu sou mais frágil. Eu penso: ‘Relaxa e vamos nessa!’”. O novo trabalho do Ruivão é muito surpreendente, nos faz esquecer, ou tentarmos, pelo menos, do preconceito com outros gêneros musicais. Como disse Diogo Gameiro, o bateirista dos Infernais, “Estou até conhecendo coisas que não faziam parte do meu conhecimento musical”. Ainda para reforçar esse discurso, o guitarrista Carlos Pontual conta que “não tivemos preconceito com o estilo, sem forçar a barra com coisas que a gente não domina a linguagem, que nunca tinha tocado”. Foto: Divulgação/Agência Cartaz

Vale muito a pena conferir essa nova joia da música brasileira. ■

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BUTTINA

A CARA DE SÃO PAULO

Restaurante de gastronomia italiana completa 15 anos em 2011

Foto: Divulgação/Agência Cartaz

Desenhos feitos com pincel atômico por Oscar Niemeyer em duas das paredes do restaurante fazem deste charmoso casarão da década de 40, preservado com suas características originais, um dos endereços mais gostosos de São Paulo. Como se a arquitetura em si já não fosse mágica, o casarão ainda abriga o Buttina, restaurante de culinária italiana idealizado por Filomena Chiarella, chef e proprietária do restaurante. Os menus seguem as características dos tradicionais pratos servidos no sul da Itália, principalmente em Palazzo San Gervasio, Basilicata, onde nasceu Filomena. “Quando o Buttina foi inaugurado, ainda morávamos com nossa família no andar de cima da casa, e contava apenas com um ajudante. O primeiro cardápio era enxuto e contava apenas com dez pratos. Com o passar dos anos e minha paixão pela culinária, fui aperfeiçoando o menu e criando novas receitas baseadas na minha vivência italiana.”, conta a chef Filomena Chiarella. Reconhecido pelo Governo italiano com a Estrela de Identidade Italiana, a cozinha do Buttina é rica em ingredientes nobres e elaboração artesanal das massas e molhos, com exceção do, spaghetti, farfalle, rigatonie penne, importados da Itália. Todo esse cuidado da chef se reflete no sabor, formatos e texturas dos pratos. À disposição dos clientes, o restaurante também oferece nos almoços de terça à sexta, opções de pratos a la carte e um Buffet Frio com saladas e sobremesas ou Completo com salada, pratos quentes e sobremesas. No jantar e fim de semana, a casa oferece somente o serviço a la carte. Dentre as deliciosas opções do menu, um grande destaque é o Orecchietealla Basilicata, uma especialidade elaborada artesanalmente por Maria Palumbo Chiarella, mãe da Chef Filomena Chiarella, servido somente às terças, quartas e quintas. O Gnocchi do Buttina já foi escolhido como o melhor da cidade, feito artesanalmente e servido diariamente e principalmente no dia 29, tradição italiana, que traz prosperidade. Uma peculiaridade do menu é Spaguettinidicacao – massa fresca de cacau, com molho de mascarpone e presunto cru, uma saborosa combinação de ingredientes com sabor marcante. “Não abro mão da qualidade de nossos produtos, os molhos do Buttina são feitos com tomates italianos, e em nossa cozinha só utilizamos azeites puros e extra virgem italianos.”, explica a chef Filomena.

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O cardápio de sobremesas é um capitulo a parte, deliciosas combinações apetecem todos os paladares como o característico Zucca e limone – rocambole recheado de abobora em calda quente com sorvete de limão e a Pastieradi grano, torta de ricota com grãos de trigo, uva passas e frutas cristalizadas, somente aos fins de semana. Há também opções de sobremesas diet como o Muffindi fruta dellapassione – muffin de maracujá com calda de maracujá e cacau. O restaurante ainda conta com uma seleção de sorvetes artesanais, também produzidos na casa, e sabores que vão do clássico creme, aos autorais como, abacaxi com pimenta, chocolate com conhaque, figo verde e manjericão. O restaurante ainda conta com uma adega climatizada e 200 rótulos, 80 italianos de quase todas as regiões, além de franceses, portugueses, espanhóis, chilenos, argentinos, uruguaios, australianos, africanos e brasileiros, que são comprados pessoalmente pelo proprietário da casa, José Otávio Scharlach. Uma curiosidade do restaurante é a variada seleção de cachaças, bebida brasileira por excelência, presente na carta de bebidas desde a abertura da casa. “O Buttina nasceu da idéia de recuperar a fiel gastronomia italiana, com um preço acessível e ótimas opções., resume o proprietário José Otávio Scharlach. O envolvimento do casal Filomena e José Otavio com a arte e a cultura, propicia aos clientes do Buttina exposições diversas, atualmente com curadoria da Galeria Choque Cultural. Pioneiro em incluir atrativos culturais nos restaurantes, o Buttina também recebe apresentações musicais periódicas. ■ Buttina Endereço: Rua João Moura, 976, Pinheiros, São Paulo/SP. Funcionamento: de terça a quinta das 12h às 14h30 e das 20h às 23h30h. Aos sábados sem intervalo das 13:00 até 0h30 e domingos apenas almoço das 13:00 até as 17h. Aceita cheque; Cartões: Mastercard, American Express, Visa, Dinners. Estacionamento: R$ 8,00 almoços de terça a sexta e R$ 15,00 nos demais horários. Telefone: (11) 3083-5991 e 3088-6840 Site: www.buttina.com.br. Email: restaurante@buttina.com.br


ISLÂNDIA: um guia

por Monique Vandresen e Fernanda Lento

All rights reserved - Copyright © Skarphéðinn Þráinsson

Sempre fui péssima em Geografia. Acho que soube que a Islândia existia em 1992, quando conheci uma feminista islandesa que, como eu, fazia mestrado na Holanda. A paisagem é única, marcada por vulcões ativos e geleiras que ora se impõem, ora se escondem. A natureza é a maior atração do país, que tem uma população menor que a de Florianópolis. Viajantes mais aventureiros podem andar de bicicleta por vilas de pescadores, tomar banho em lagos de água mineral e conhecer estradas montanhosas.

Moda:

Os islandeses são terrivelmente estilosos, fotogênicos e bonitos. O país produziu três misses Universo e modelos como Kolfinna K. O país é socialista, e não é, portanto, um destino para quem vai fazer compras. São poucos shopping centers e os produtos de moda são, em geral, bem mais caros que no resto da Europa. Os preços altos não se limitam à moda: de acordo com o índice Big Mac do The Economist, tem o Big mac mais caro do mundo: $7.61 U.S.

Desenhado para mulheres, por Quando ir: Para aproveitar tudo o que a Islândia tem a oferecer, o melhor é planejar a viagem entre junho e agosto. Nos meses de verão o céu nunca escurece completamente, e a capital, Reykjavík, é uma festa. O verão não chega a mulheres: A Islândia tem um dos movimentos feministas mais fortes do planeta e um grande número de mulheres ocupando cargos eletivos: quase ser quente, as temperaturas variam entre 11˚C e 14 ˚C.

Como se comunicar: O Islandês é uma lingua nórdica que se desenvolveu no século IX na Noruega e chegou a sua forma presente na

Islândia do século XII. É uma forma muito pura do antigo norueguês falado pelos Vikings. Mas pode se tranqüilizar: a maioria dos islandeses, especialmente os que têm menos de 35, falam Inglês.

METADE do parlamento é composto por mulheres. É o quarto, no ranking que avalia, entre 130 países o “international gender gap index”, ficando atrás apenas da Noruega, Finlândia e Suécia. A Primeira Ministra, Johanna Sigurðardottir, é a primeira chefe de estado a assumir publicamente sua homosexualidade. Não é à toa que, no design, a preocupação com o gênero seja também uma constante. ■

Como Chegar:

Icelandair, Lufthansa, SAS e KLM fazem vôos diários de várias cidades européias. Embora existam promoções e seja possível comprar a passagem por EU$0,99, o preço da tarifa cheia é cerca de US$ 300,00.

Comida e Bebida:

As dificuldades de um clima gelado fizeram com que os islandeses aprendessem a valorizar tudo o que pudesse ser transformado em conserva, seco ou defumado. Mas agora, com métodos mais modernos e a introdução da culinária asiática pelos imigrantes, não se pode dizer que o cardápio islandês seja “sem sal”. Há uma variedade de vegetais cultivados em estufas, os peixes que estão lá desde sempre, e uma variedade de queijos que faria qualquer holandês suspirar. A tradição ainda está presente em opções como o skyr, uma mistura de iogurte com qualhada, e o hangikjot, um sanduíche de cordeiro defumado. A bebida nacional é o brennivín, um “schnapps” feito de batata que tem o apelido de “Black Death.”

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GAGA SKORRDAL: DO EXÓTICO AO ENGRAÇADO A marca GAGA (iniciais da estilista e de suas irmãs), nascida de uma galeria de arte, faz de tudo. O processo criativo da artista não segue padrões pré-estabelecidos e algo que começa como um chapéu pode evoluir até para um vestido. Suas criações procuram um público de idades variadas, mas que queiram ser diferentes e se sentir únicos. A marca se mantém somente com a mão-de-obra da estilista que produz todas as peças à mão. Seus produtos têm uma aceitação tão grande que suas peças, chapéus de inverno, por exemplo, vendem até no verão Altri: Como você espera que a consumidora se sinta vestindo Gaga? Gaga: Quando uma mulher vem a minha loja, eu a olho e rapidamente percebo que roupas ela deveria comprar. Frequentemente elas vêm até mim infelizes com seus corpos, então eu digo a elas para agradecerem por sua saúde e as levo para o espelho e digo que aquele espelho está dizendo que está vendo o mais belo pedaço de arte que já viu, e isso é verdade! Também digo a elas que eu não acho que elas têm as roupas certas porque se alguma dessas mulheres comprar algo e ela ou suas amigas não acham que ficou bom, então nenhuma delas voltará a loja. Uma mulher comprando a minha roupa GAGA deve ser um pouco GAGA e eu realmente acho que a maioria das mulheres são. Uma mulher deve se sentir especial quando usa as minhas roupas. É por isso que todas as minhas roupas são únicas. Altri: Como você decidiu se tornar uma estilista? Gaga: Eu nasci com grande habilidade para criação. Posso fazer quase qualquer coisa e é fácil, para mim, ver o que as pessoas deveriam usar. Eu sempre fiz coisas diferentes, alguns pensam que é estranho, mas outros pensam ser legal. Quando a minha filha faleceu em 1999, o que me reconfortou foi ser capaz de fazer algo que pudesse fazer rir. Então eu percebi que deveria abrir uma loja com os meus produtos para que outras pessoas pudessem rir também. Foi assim que consegui fazer com que as pessoas rissem e se vestissem de forma diferente.

Criações da estilista

Altri: Como você se inspira? Gaga: Quando eu viajo, vejo muito daquele país, seja qual for. Mas como não tenho muitas oportunidades de viajar para outros países, minha inspiração é a própria Islândia. Temos muitas criaturas misteriosas. Altri: Quais lugares da Islândia um estudante de moda deve visitar, na sua opinião? Gaga: Você deveria visitar o planalto da Islândia porque lá você veria cores e criaturas misteriosas na areia, nas pedras, nas montanhas, nos lagos, nos musgos e em antigas casas em ruínas. Meu lugar preferido é Sprengisandur e seu ambiente. Altri: O que se passa na sua cabeça ao fazer uma criação? Gaga: Não é difícil descrever o jeito que eu trabalho. Quando algo cai em minha mesa, eu uso ou pego o mais próximo de mim. Não jogo nada fora. Vejo oportunidade em tudo. Quando estou criando me imagino viajando a algum lugar bonito e vejo um vestido, casaco ou chapéu perfeito para aquele ambiente e o transfiro para realidade. Você pode rir de mim, mas me acho rica por ter tudo isso na minha mente. Altri: O que você diria à próxima geração, especialmente àqueles que pretendem seguir seus passos? Gaga: À próxima geração e especialmente aqueles que gostariam de ser estilistas, eu gostaria de dizer: “Não tenham medo de tentar algo, façam o que vier à cabeça. É sempre possível mudar a roupa se ela não vender. Se você apenas pensar no que pode usar, então nem todo mundo pode usar suas criações porque nós somos todos diferentes. Eu já tive amigos que vieram juntos fazer compras e um ia comprar algo mas foi o outro que saiu com uma sacola cheia, e eles sempre voltam. Eles estão felizes.” Trabalho de 16 a 18h por dia. Faço tudo sozinha. O que me faz feliz é quando meus clientes estão felizes. Eu não deixo os outros terem influência sobre mim. Eu digo para não pensar no que os outros estão criando. Seja como um cavalo que tem uma venda do lado de cada olho e faça o que o seu coração mandar, é assim que sua linha especial se desenvolverá. ■

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“Quando estou criando, me imagino viajando a algum lugar bonito e se vejo um vestido, casaco ou chapéu perfeito para aquele ambiente, torno essa imaginação realidade. Você pode rir de mim,mas me acho rica por ter tudo isso na minha mente”.


MODA e SÉRIES

por Renata Vivan

Se fossem irmãs, a moda e as séries de televisão certamente não seriam como Caim e Abel, ou melhor, vamos sair dos termos bíblicos e entrar nos televisivos. Elas seriam irmãs como os Walkers, de Brothers and Sisters, já que intrigas acontecem, mas a união permanece acima de tudo. Há um responsável por isso, certo? Sim, tanto na série quanto no nosso assunto, ambos são unidos por suas mães, Nora Walker para o caso da trama produzida pela emissora norte-americana ABC e exibida aqui no Brasil pelo Universal Channel, e a sociedade em nosso assunto central: a relação entre a moda e as séries. Por que isso acontece? Pelo simples motivo de que a forma mais fácil de disseminar as tendências e tentar fazer as pessoas entenderem moda é pela televisão. Um clássico exemplo disso é a série Sex and the City, produzida pela HBO americana e exibida em diversos canais aqui no Brasil. Sobre o que é a história? É uma comédia que evidencia as relações íntimas de 4 amigas solteiras que vivem em Manhattan. A série, considerada progressiva para sua época, década de 90, tocou em assuntos delicados, como câncer de mama, posição da mulher na sociedade, entre outros.

Mad Men ganhou o Emmy de Melhor Série Dramática em 2009, 2010 e 2011, e na mesma categoria, ganhou o Globo de Ouro em 2008, 2009, 2010. Claro que o enredo tem muito a ver com isso, o roteiro, o elenco, mas o figurino impecável criado pela equipe liderada por Katherine também tem seu mérito nessas vitórias. Outro exemplo de série que é referência por seu figurino é Pushing Daisies, produzida pela ABC e exibida no Brasil pelo Warner Channel. O mundo de Pushing Daisies é completamente lúdico e colorido, o que dá um toque mais especial ao figurino, que tem um ar cinquentinha e sessentinha, apesar da série se passar nos dias atuais. A história gira em torno de Ned, um jovem confeiteiro que tem o dom de fazer coisas mortas reviverem, mas se ficarem vivos por mais de um minuto, outra coisa deve morrer, é uma espécie de equilíbrio para o universo. Ele ressuscita sua antiga paixão de infância e os dois passam a viver juntos, mas sem poder se tocar, já que no segundo toque, a morte será eterna. Enquanto isso, investigam casos de assassinatos junto ao excêntrico detetive particular Emerson Cod.

Mas o real destaque da série é no mundo da moda, já que ela virou um must-see da área. As amigas Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte inseriram no vocabulário leigo muitos nomes que ficam restritos apenas ao mundinho fashion, como Dior, Manolo Blahnik e até mesmo a consagrada revista Vogue. Sem contar o destaque às roupas da fashionista Carrie Bradshaw, que são referência de estilo até hoje.

O figurino dá o tom aos personagens, então é imprescindível falar de Pushing Daisies sem falar do figurino da série. Se a história não lhe encantar, certamente a estética do vídeo o fará e você só conseguirá parar quando chegar ao triste momento de se despedir dos amáveis personagens de Um Toque de Vida – nome brasileiro da série.

Outra série que é referência por seu figurino é Mad Men, a aclamada história da emissora AMC e que é exibida no Brasil pela HBO. O enredo se dá em volta da vida pessoal e profissional dos sócios da firma Sterling Cooper Draper Pryce e primeiramente da agência publicitária Sterling Cooper. É através destas interações que vemos as mudanças morais e sociais dos Estados Unidos na década de 60.

Falando em despedida, vou ficando por aqui. Sem a moda, com toda a certeza, as séries não exerceriam todo o encanto que sabemos que elas conseguem exercer nas pessoas. Por outro lado, sem as séries, a moda não se difundiria com tanta facilidade. E quem une as duas e ganha com isso é a sociedade, que pode se divertir com as histórias e se atualizar com as tendências.

Anos 60 já diz tudo, não é mesmo? Muita saia tulipa, muito salto scarpin, muitos chapéus, muita saia rodada, muito vestido e é claro que os terninhos não poderiam faltar. Já para os homens temos muito terno, calça de corte reto e coletes. Tudo isso é trabalho do maravilhoso departamento de figurino, o qual é comandado por Katherine Jane Bryant.

Sex and The City já acabou faz tempo, desde 2004 que não são feitos episódios novos. Foram produzidos apenas dois filmes, o primeiro em 2008 e o segundo em 2010. Pushing Daisies foi cancelada em 2009 devido à baixa audiência. E Brothers and Sisters teve seu fim em 2011. Das séries comentadas, apenas Mad Men continua produzindo novos episódios. ■

Foto: Divulgação/HBO

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INDEFINIDOS

Do que se trata a androginia? Bruna Gomes

A moda está ligada as esferas do ser e parecer, articulando-se principalmente sobre as questões de classe e de gênero. É uma plataforma para experimentação, assim como uma encenação, na qual apresentamos cotidianamente uns para os outros as diversas facetas que esta nos permite assumir. Não é só a cada peça que colocamos sobre o corpo ou até mesmo quando nos desnudamos, é algo que vai além do cobrir e despir: são significados e anseios do que queremos ser e de como queremos ser percebidos. A moda permite a efemeridade e a transmutação do ser. Posso acordar punk, almoçar como um gótico e ao jantar tornar-me hippie, no dia seguinte quem sabe? É a possibilidade do “supermercado de estilos”, termo cunhado pelo historiador inglês Ted Polhemus. Entretanto, com as possibilidades exacerbadas pela liquidez da contemporaneidade, atualmente, e não de uma maneira massificada ainda, o homem permite a si mesmo um leque de possibilidades para sua auto experimentação. Abandonando valores estéticos, de gênero e ideais, antes tidos como tradicionais, ele parte em busca de novas possibilidades. O mercado da moda propicia novas aberturas para o olhar misturando padrões e expectativas. Os conceitos do que é belo tornam-se amplos. Procura-se desacostumar o olhar do que já é familiar e conhecido, há uma valorização do que é comum e do que é diferente, o ideal de beleza onírica é deixado um pouco de lado. O consumidor quer se ver ao assistir uma propaganda, não mais enxergar a modelo como algo inatingível para si, e sim alguém que poderia ser ele(a). O Wall Street Journal fala sobre o fato de “Na era da perfeição cosmética e digital em que vivemos dentes separados (diastema) – bem como cicatrizes e tatuagens – são sinais de autenticidade. É o espírito do tempo”. E Fabiana Gomes, maquiadora sênior da MAC, decreta “A gente está na época da verdade”. E agora muito além de se ver, o espectador que ver o que está escondido. A modelo transsexual brasileira Lea T., musa de Riccardo Tisci na Givenchy e a única estrela feminina na última campanha da Blue Man; o modelo andrógino Andrej Pejic lançado por Jean Paul Gaultier, e eleito uma das 100 mulheres mais sexies do mundo; Rick Genest, ou Rico Zombie, lançado por Nicola Formichetti, no desfile da Thierry Mugler, em Paris, uma espécie de esqueleto vivo, com transformações corporais e tatuagens e Stephen Thompson o modelo albino que estrela a campanha de verão 2011 da Givenchy - cada um destes ganha destaque por possuir ca-

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racterísticas extramamente diferenciadas e superar a fragilidade do antigo sistema que o homem tentava buscar definições exatas para assumir identidades flexíveis e estéticas plurais. O stylist carioca José Camarano define a tendência andrógina como um terceiro boom de padrão estético na moda. “Primeiro, tivemos as bombshells, as mulheres gostosonas. Depois, a moda começou a celebrar mulheres esquálidas, sem sexualidade e até feias. Atualmente, estamos em uma terceira etapa que enaltece a androginia, que não distingue um sexo do outro. Isso tem a ver com globalização, que deixa tudo mais unificado. Talvez o público leigo não esteja preparado para receber essa moda andrógina, mas isso é que é legal. É mais uma novidade para eles, e moda vive de novidade”, completa. Com uma visão mais crítica, Cathy Horyn do New York Times, fala sobre a atual exploração das questões de gênero e da sexualidade na mídia como apenas mais uma manipulação da indústria da moda, buscando atiçar a curiosidade e os tabus da sociedade, como ela fala “Things are a bit frozen. Many of the designers who could truly communicate ideas — Martin Margiela, Helmut Lang, Alexander McQueen — are gone from the scene.” Quando utilizar a sexualidade seria uma forma de suprimir a falta de criatividade da moda atual. Por outro lado, a mesma Horyn nos lembra das possibilidades permitidas pela internet, a valorização desse poder criativo individual, a possibilidade do recortar e colar, da ressignificação de si mesmo, tanto fisicamente quanto virtualmente. A tecnologia e o maior acesso a informação permitem a ampliação das definições de beleza e, o que hoje temos como um modismo, pode ser também uma maneira impulso para a renovação de padrões e possibilidades. Como fala Ted Polhemus “A beleza é vista cada vez mais como apropriação, decisão individual e autoconstrução. Da pele como tela digital à roupa como “outdoor de signos e marcas”. A ideia do que é ser homem ou mulher é algo mutante e passível de experimentação, a ambiguidade, e o mistério de não se saber ao certo o que é ou não, há a necessidade do “inacabado” da disponibilidade para que surjam novas combinações, um homem possível para experimentações de si mesmo, em contínua modificação. A humanidade, agora, compartilha características e comportamentos, sem necessidade de estereótipos imutáveis. ■


DUALIDADE SINGULAR A moda redescobre a androginia

Milton Schubert

Em meio a tantas discussões sobre a relação de gêneros existentes na sociedade, fica difícil entender a diferença das nomenclaturas criadas para tais. Contudo, partindo desta ligação entre o homem e sua sexualidade, uma questão tratada geralmente de forma errada está em voga no atual mundo da moda. Androginia nada tem a ver com homossexualidade, bissexualidade ou outras orientações sexuais. De acordo com os estudos da Biologia, andrógino é quem possui os dois sexos ao mesmo tempo, sendo capaz de se reproduzir sozinho - excetuando-se, desta forma, os seres humanos. Simplificando, é quase o mesmo que hermafrodita. Todavia, para os psicológos, médicos e até designers de moda, a androginia é, acima de tudo, um fenômeno cultural. É possível afirmar, segundo a designer Tatiana Blaas, que o visual andrógino e a moda se concatenaram, efetivamente, ao final da década de 1970. Nesses anos, a música impulsionou um visual controverso por unir as características masculinas às femininas - seja nas roupas usadas, seja na forma de agir e se comportar perante a sociedade. Ainda assim, a androginia já vem sido discutida desde a Grécia Antiga, passando por obras de arte de Da Vinci e pelo vestuário da nobreza europeia, até os trajes de Coco Chanel e Marlene Dietrich. Chegados os anos 2000, o novo milênio repaginou tendências e reviveu estilos que marcaram o passado. Em 2008, Jean Paul Gaultier e Alexandre Herchcovitch apresentaram coleções com influências andróginas. A partir daí, diversos estilistas beberam da mesma fonte em suas criações. Entretanto, só depois de 2010 que o visual dúbio tornou-se tendência nas passarelas das grandes grifes. Paul Smith investiu em mulheres masculinizadas em seus trajes impecáveis, Vivenne Westwood pintou a boca dos meninos com batons vermelho, vinho e cor-de-rosa, e, no Brasil, viu-se nas coleções da Osklen e de João Pimenta a união da dicotomia do sexo. O stylist carioca José Caramano define a tendência andrógina como um terceiro boom de padrão estético na moda. “Primeiro, tivemos as bombshells, as mulheres com corpo escultural. Depois, a moda começou a celebrar as mulheres esquálidas, sem apelo sexual. Atualmente, estamos em uma terceira etapa, que enaltece a an-

droginia, não distinguindo um sexo do outro”. Caramano ainda explica o porquê dessa nova tendência: “Isso tem a ver com a globalização, que deixa tudo mais unificado. Talvez o público não esteja preparado para essa moda andrógina, é mais uma novidade para a sociedade. E a moda vive de novidades”, conclui ele. Um dos modelos mais requisitados no momento atende por Andrej Pejic. O sérvio de 19 anos de idade é dono de traços extremamente delicados e femininos. Seu visual andrógino foi suficiente para que ele atraísse a atenção de várias grifes, confirmando mais uma vez a influência da mistura de sexos na moda. Apesar do rápido reconhecimento, quem impulsionou ainda mais sua carreira aos olhos do mundo foi Gaultier. O estilista transformou o modelo em uma mulher para desfilar sua nova coleção masculina, inspirada em James Bond. Além de Pejic, a brasileira Lea T. também ganhou destaque nas últimas temporadas. A modelo transexual, que possui uma aparência feminina num corpo de homem, já foi rosto de importantes campanhas nacionais, como a da marca Blue Man. Em 1988, A empresária e consultora de moda Costanza Pascolato declarou numa entrevista o que já parecia anunciar a onda angrógena que estaria no porvir. “A moda contemporânea não pára de brincar com as diferenças entre os gêneros. Com isso expressamos nossas idéias mutantes sobre o que é ser homem ou mulher”. Hoje, Costanza acrescenta: “Um ligeiro toque de ambiguidade aumenta o lado sensual das pessoas. O masculino e o feminino exagerados são menos sexy. Há uma qualidade misteriosa em Marlene Dietrich e Greta Garbo, por exemplo, que vem em parte da sugestão de virilidade lá no fundo de sua personalidade”, explica. A androginia configura uma ideia mutante e passível de experimentação do que é ser homem ou mulher. Esse questionamento traz sempre ambiguidade a cada nova resposta. Não haver um final, tampouco uma conclusão, traz o mistério e a dúvida. A humanidade, enfim, passa a compartilhar características e comportamentos. Sem a necessidade de esteriótipos imutáveis.■

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AFTER-GAY:

Um bate-papo com Monique Vandresen e Mara Rúbia Sant’Anna-Muller. Altri: A androginia no vestir está na humanidade desde quando? Mara Rúbia: Com este conceito, ela é recente, a partir dos anos 60. Monique: Lembro que na China antiga, homens que interpretavam papéis femininos na Ópera de Pequim, como MeiLanfang, chegaram a ser aclamados internacionalmente. Altri: Vocês podem dar exemplos de algumas culturas e como elas representavam essa flexibilidade de gênero? Mara Rúbia: Não sou antropóloga e por isso não tenho muita certeza, mas mesmo as culturas pré-civilização construíram maneiras diferentes de vestir os corpos femininos e masculinos e os travestimentossaopossiveis de serem observados ao longo de toda a historia, como no caso da Joana D’Arc que para lutar no exercito francês durante a guerra dos 100 anos se vestiu de homem. Altri: A diferença entre roupa “de homem” e roupa “de mulher” foi estabelecida quando? Mara Rúbia: Ela sempre existiu, entre grupos sociais de menor prestigio, como os escravos da roma antiga, ela era menos visivel, mas nem por isso “igual”. Historicamente se data do sec XII a maior diferenciaçao produzida no ocidente, quando as tunicassao abandonadas pelo masculino e passam a fazer parte apenas do trajar feminino. Por quê? Essa mudança citada diz respeito ainstauraçao da moda e consequentemente das estrategias de seduçao entre os sexos baseadas nao mais na força, mas na beleza. Isso tem relaçao estreita com o humanismo e o amor cortes. Monique: Como a Mara disse, as diferenças entre a indumentária feminina e masculina estão presentes em várias culturas, mas acho que é importante lembrar também quea partir do século XVIII, no mundo ocidental, a moda passa a ser mais efetivamente utilizada como ferramenta de distinção social e de gênero. Se observarmos, por exemplo, o rei Luis XIV, com suas pernas expostas e saltos altos, veremos que naquele período estes “sinais” retratavam riqueza, poder, autoridade e também, por incrível que isto nos pareça hoje,masculinidade. Os acontecimentos sociais influenciam o desenvolvimento e os significados do que vestimos. Depois da Revolução Francesa, por exemplo, os dois sexos pararam de usar saltos em função da associação que se fazia entre saltos altos e as idéias pré-revolucionárias. Altri: As roupas das crianças, por muito tempo, foram unissex. É lembrança do tempo em que não havia tanta diferença no vestir? Mara Rúbia: Sim,mais determinando pelo sentido que a infância tinha na sociedade, as do seculo XVI a infância nao era revestida de tanto valor e por isso as crianças nao era entendidas como um ser humano completo, o que tbem reverberava na sua maneira de vestir. A partir dos 8 anos o menino passava a ser vestido como um jovem e mais tarde como um homem, enqto as meninas ja adotavam as roupas das mulheres, pois elas e as adultas eram todas entendidas como seres de menor importância social e logo nao precisavam serem “formadas”, ou seja; passarem por fases transitorias até se tornarem “adultas” Altri: O que representa a androginia na moda atual? Mara Rúbia: Um questionamento profundo dos modelos culturais firmados na divisao sexual biologica. Monique: Podemos interpretar os sinais desta androginia de diversas formas. Em primeiro lugar, embora estas imagens pareçam sugerir uma total ausência de atividade erótica, estes modelos representam um momento da moda atual: uma extrema ausência de “corpo” para permitir uma máxima definição da “roupa”. Podemos também nos perguntar se não é uma evolução do papel masculino na contemporaneidade. Estes “sinais” observados nas passarelas e nas peças publicitárias já estão presentes há algum tempo,em campanhas da Louis Vuitton e Marc Jacobs, por exemplo. Um modelo bastante representativo é Cole Mohr, que em 2008 aparece tanto nas campanhas masculinas quanto femininas, para Marc Jacobs, fotografado por Juergen Teller. Altri: O início do século XX era conservador. Quando acontece o “cross over” entre os guarda-roupas masculino e feminino? Monique: A escritora Georges Sand é uma das figuras que me parece bem representativas nesta discussão. Ela usava roupas masculinas em público,alegando que eram mais confortáveis, práticas e baratas que as roupas femininas. Além disso, esta vestimenta permitia que elaandasse mais livremente pela cidade de Paris, com

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acesso a lugares em que outras mulheres de sua classe não poderiam freqüentar na época. As duas guerras mundiais também têm uma influência importante na utilização de cores, materiais e silhuetas mais masculinas na roupa feminina. Oscar Wilde também propunha uma reforma nos trajes masculinos. Outro exemplo marcante é AmeliaBloomer, que propôs o uso de calças pelas mulheres em 1850. Altri: Quem adere primeiro à androginia no século XX? O homem ou a mulher? Monique: Eu acredito que tenham sido as mulheres. Já no século XIX itens do vestuário masculino começaram a ser incorporados no guarda-roupa feminino, sugerindo uma afirmação simbólica de um novo papel social da mulher. Altri: Em 1940, quando o machismo era grande, qual o significado político de uma mulher usar ombreiras? Monique: Até a década de 30 as ombreiras eram usadas apenas em paletós masculinos. A atriz norte-americana Joan Crawford ganhou do estilista Adrian um paletó com ombreiras para compor seu visual de mulher poderosa no início de 1930. Esse artifício ainda perdurou na moda até os anos 1940 e nos anos 1980 as ombreiras voltaram e ganharam tamanhos exagerados. Elsa Schiaparelli é outra estilistaconhecida por criar as ombreiras, em 1931. Coincidentemente, dois dos estilistas mais influenciados por Schiaparelli são YSL e Moschino, que nas décadas de 70 e 80 também trabalharam com ícones da androginia como o smoking feminino e as ombreiras. Altri: Qual a diferença de simbolismo entre homens usarem roupas femininas e mulheres usarem roupas masculinas hoje em dia? Monique: As peças do guarda-roupa masculino estão presentes no guarda-roupa feminino desde o século XIX,mas a utilização de elementos do vestuário feminino no masculino é uma novidade. Vemos perfumes que servem para homens e mulheres, mas também bolsas grandes desenhadas para o público masculino, bem como plataformas, jaquetas Chanel, jóias, maquiagem. Mara: Existe um sentimento, me parece, de conformidade com esta feminilidade do novo homem, ainda que esta não seja a única regra, que o homem contemporâneo não tenha apenas uma faceta. Altri: Como a moda representa os modos, pode-se inferir, a partir das passarelas, que a flexibilidade de gênero já interfere no comportamento das pessoas? Monique: Sim. Idependente de se encaixar nos padrões deste “after-gay”, como alguns estão chamando, o homem contemporâneo não se importa mais em carregar a sacola do bebê, por exemplo. Altri: Vocês poderiam citar ícones deste cross over para cada uma das seguintes décadas: 1930, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1990, 2000? Mara: Na década de 1920 a melindrosa (chamada La Garçonne em francês) substitui a matrona voluptuosa como ideal feminino. A melindrosa uma moça que parece um garoto. O final da I Guerra também coincide com o hábito de vestir-se como um homem associado à subcultura lésbica de NY, Londres e Paris. Outros exemplos são Josephine Baker e Louise Brooks. Na década de 1930, acho que um bom exemplo éMarlene Dietrich no filme Morocco.

Andrej Pejic (primeira página); Editorial Feito pelas alunas Manoela Ferreira, Marjory Balbino, Bárbara Pavei e Maria Luiza Bughay e fotografado por Guilherme Dimatos (segunda página); Tilda Swinton Para The Room (página anterior); Boy George (acima); Marlene Dietrich (à esquerda).

Monique: Na década de 40 são interessantes as fotos de Herman Landshoff eMartin Munkacsi. Também acho interessante ver Gary Grant vestido de mulher em”IWas a Male War Bride”, de 49. Na década de 50, acho que o mais ex´pressivo é o personagem de Sal Mineo em Juventude Transviada e na década de 60, Shirley McLaine, PenelopeTree e Twiggy. Mara: Nos anos 70, podemos lembrar de David Bowie, Bianca Jaggerusando smoking YSL em seu casamento, em 71, e , claro, as fotos de Helmut Newton para o Smoking de Yves Saint Laurent. Monique: Acho que nos anos 80, além das ombreiras, a coleção deDolce&Gababba de 1989, Boy George, Grace Jones.b Em 90 há uma campanha Campanha da coleção pilotada por Tom Ford para Gucci, acho que de 96, fotografada por Mario testino. Também são importantes a coleção de 94 de Gaultier entituladaThe Big Journey, e os terninhos de MasakiMatsushima de 98. Mara: mais recentemente, a atraz Tilda Swinton e algumas coleções da Prada, KeanEtro, Neil Banet, Comme dês Garçons e Gaultier. Altri: Modelos como AndrePejic são muito requisitados, tanto para desfiles masculinos como femininos. A androginia é uma tendência da moda? Monique: Você pode verificar esta tendência de várias formas. A liberdade da construção de um papel próprio- para homens e mulheres-e de cada dia tornar-se um novo personagem é uma característica importante de nosso tempo.. Aidéia da quebra entre os gêneros traz consigo o questionamento de antigas fórmulas de feminino ou o masculino. Mara: Os conceitos de performance de gênero e as experiências limiares da sexualidade levam a esta “indeterminaçao”. O termo “queers” é bastante expressivo disto. ■

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Tamanho G Chegou a vez das mulheres que não brigam com a balança Milton Schubert e Ana Reitz Dos corpos de miss à magreza das modelos: não é novidade que os padrões da moda têm mudado de acordo com o tempo. Contudo, o acesso à informação e à globalização rompeu preconceitos e a democracia deu voz a todos. As mulheres passaram a perceber que a ditadura da magreza não precisa, necessariamente, ser seguida e os estereótipos de corpos esquálidos começaram a ser desobedecidos. Prova disso é o novo segmento no mercado da moda, as modelagens Plus Size, que tem ganhado cada vez mais força e aquecido a economia do setor. Grandes e pequenas marcas começam a perceber que o consumidor normalmente não se enquadra ao tamanho P, e procura roupas maiores, sem perder o estilo. A representante comercial Yara Barbosa afirma que é difícil adaptar tendências de cada temporada quando está acima do peso. “As lojas e as vendedoras ainda não estão preparadas para lidar com quem trava uma briga com a balança; mas, felizmente, aos poucos os tamanhos maiores vão preenchendo as araras. Você tem poder aquisitivo suficiente para comprar, mas não existia opção de escolha. Tomara que isso continue mudando para melhor”, diz Barbosa. Se para as consumidoras as opções começam a aumentar no momento da compra, para o mundo da moda criou-se mais uma profissão. Muitas marcas têm apostado em coleções especiais para gordinhas. E, junto das coleções, vêm as modelos com corpo específico para acompanhar o público-alvo. É o caso de Flúvia Lacerda, uma das modelos Plus Size mais bem pagas do mundo. Ela chega a ganhar trinta mil reais por dia de trabalho e diz que as gordinhas estão finalmente ganhando seu espaço merecido. “Ninguém no mundo é igual ao outro. O grande barato é a não padronização. Vivemos num país miscigenado, e que bom que é assim! Luto para que sejamos respeitadas com o DNA que temos. Não faço apologia à gordura, mas à autoestima. É possível ser feliz acima do manequim 42, garante Lacerda.

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Segundo o professor de Comunicação Toby Miller, da Universidade da California em Riverside, o sobrepeso é a última fronteira dos direitos civis. E embora as coisas estejam mudando, não ter um manequim 34 ainda não é tarefa das mais fáceis: em setembro, a norte-americana Nancy Upton resolveu responder com ironia a um concurso para modelos plus size da marca American Apparel: “Para mim, o concurso dizia que uma mulher gorda nunca poderia ganhar um emprego regular de modelo ou uma competição de beleza. Insinuava que uma mulher de tamanho grande não pode ser notada por seus próprios méritos sem a ajuda ou a direção de um produto ou uma companhia”. A história recebeu espaço na mídia, incrementando a votação. No final da competição, Nancy ficou em primeiro lugar entre 991 candidatas, mas a empresa resolveu dar o prêmio a outra candidata, no que deve ficar marcado como um dos piores erros de Comunicação Institucional da história. As grandes publicações impressas da moda também têm apostado neste novo nicho e apoiado da moda Plus Size. A edição inglesa da revista Vogue trouxe na capa de outubro a cantora Adele, que está acima do peso. Outras publicações, como as revistas Glamour, Marie Claire e V Magazine, também têm aberto espaço em suas páginas às gordinhas, bem como revistas direcionadas especialmente a esse público, como a Plus Size Magazine. A moda tem cravado uma marca de democracia na história, por permitir que padrões sejam, aos poucos, desfeitos, refeitos e mudados. A repaginação dos estereótipos existentes até então é essencial para que exista maior valorização da mulher real. Mulher esta que tem curvas, celulite e não rejeita o prazer de uma barra de chocolate. →


JEANS PARA MULHERES COM CURVAS É NOVIDADE NA MODA Em agosto de 2010 a marca estadunidense Levi’s lançou a linha de jeans chamada Curve ID, criando uma revolução no mercado feminino de jeanswear. A coleção propõe vestir a mulher não por seu tamanho, mas, sim, conforme as curvas de seu corpo. Depois de pesquisar 60 mil corpos femininos em 18 países, durante um ano e meio, a marca de Levi Strauss diz ter criado o jeans perfeito para cada tipo de mulher. Com os três primeiros lançamentos – chamados de Slight Curve, Demi Curve e Bold Curve -, a Levi’s conseguiu atender 80% dos tipos de curvas femininas e, desde seu lançamento, mais de um milhão de mulheres encontraram o jeans com caimento perfeito para seu corpo. Entretanto, não satisfeita, para atender a parcela restante da população feminina, a marca está lançando a Levi’s Supreme Curve. O modelo novo foi desenvolvido para acabar com as frustrações das mulheres mais curvilíneas, independente de seu tamanho, chegando até às mais gordinhas. “Mulheres com um corpo realmente curvilíneo têm muita dificuldade em encontrar um jeans com bom caimento, pois a maioria dos modelos são muito baixos nas costas, proporcionando desconforto”, diz Robert Hanson, presidente global da marca Levi’s. “Nós testamos a Levi’s Supreme Curve em mulheres no mundo todo e a resposta foi incrível”, completa. Após este lançamento, de acordo com Hanson, a marca espera atender 90% da população feminina mundial. ■

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Não apenas use moda,

PENSE MODA

Aconteceu nos dias 4, 5 e 6 de outubro, no Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo, o Pense Moda, que é um seminário anual sobre moda em geral. São chamados vários profissionais nacionais e internacionais que tem ligação com o mundo da moda, com o objetivo de enriquecer e buscar novos caminhos para a moda brasileira. E estivemos lá conferindo tudo o que aconteceu no dia 6, no qual tivemos Gloria Kalil e Charles Cosac discutindo o legado de Diana Vreeland para o mundo da moda, além de um bate-papo muito bem humorado com o estilista Phillip Lim. A noite começou com a conversa sobre a grande editora de moda Diana Vreeland. Gloria e Charles primeiramente apresentaram o livro que foi lançado em outubro pela editora Cosac Naify, que é uma compilação feita por Diana, pouco tempo antes de falecer, de suas imagens favoritas e é claro que seus comentários ácidos não poderiam ficar de fora. A obra, inédita no Brasil, tem seu prefácio é escrito por ninguém mais, ninguém menos que Marc Jacobs. Gloria Kalil disse que esse é um livro sobre o que é estilo, não o estilo de Diana, mas estilo num todo, já que essa obra reúne todas as imagens que a instigava. Kalil ainda disse que estilo é escolha, e devido a estas escolhas, quando você termina de ler o livro, você entende o olhar de Diana, o estilo dela. Se você não sabe quem foi Diana Vreeland, saiba que ela iniciou a carreira como colunista das Harper’sBazaar em 1936, e mais tarde se tornou editora da revista por 25 anos. Tornou-se editora-chefe da Vogue em 1962, onde ficou durante 9 anos, já que devido à seu jeito inovador, estava levando a revista à falência. Jackie Onassis era sua grande amiga e a levou a ser consultora de moda do Metropolitan Museu (MET), onde ficou de 1972 até 1984. Veio a falecer em 1989, cega e com sérios problemas financeiros. Charles também comentou sobre excentricidade, já que a editora tinha essa personalidade. Ele diz que ser excêntrico é fácil, uma vez que “se todos estão indo para a direita e você for para a esquerda, você está sendo excêntrico”. E a partir de uma série de frases, as “Whydon’tyou?“, podemos ver essa tendência em Diana, uma mulher interessada não só em moda, mas também em dança, história, política… A pulverização da moda, fazendo-a não ser mais apenas uma coisa de elite, também tem o dedo de Diana. Hoje a moda nos permite mostrar quem somos, isso é algo novo, mas Diana sempre fez isso, com seu cabelo negro, sua paixão pela cor vermelha, o blush levado até as orelhas, entre outras coisas. O mundo da moda deve muito à Diana Vreeland e se não fosse por ela, teríamos uma noção completamente diferente do que é moda e estilo. E para fechar a noite, tivemos Phillip Lim sendo apresentado por Maria Prata. A conversa começou com ele contando sua relação com o mundo da moda e o início de sua carreira, dando ainda detalhes como a resistência de seus pais no momento em que ele largou a faculdade de administração para se dedicar a moda. Sobre suas inspirações, ele diz que não tem ninguém em especial, o que existe é um copo com seus musos e ao chacoalha-lo, ele tem a ideia que o leva ao resul-

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tado final. E isso nos leva ao produto dele, o qual tem preço acessível, mas não é fastfashion, algo que pudemos sentir que não é apreciado pelo estilista. Ele disse que parte seu coração saber que, hoje em dia, uma roupa tem o prazo de validade de três meses ou menos. Se é o que você pode pagar, tudo bem, mas não pense que aquilo é interessante. Bom mesmo são roupas que duram 5 ou 10 anos. Ele nunca deixou que as barreiras o abatessem. Quando alguém o pergunta “Por quê?” no momento da criação, ele é enfático e responde “Por que não?”, isso é o que torna sua moda tão apreciada. Ele não tem medo de ousar ou mostrar quem realmente é. Entre a coleção feminina e a infantil, o estilista também tem destaque no meio masculino, onde a moda nunca foi muito levada à sério, faz pouco tempo que os homens acordaram para este fenômeno. Phillip acredita que todo homem deve, ao menos, entender de moda para impressionar o parceiro (sem conotação de gênero sexual). Se no mundo animal os machos se enfeitam para chamar atenção da fêmea, porque os seres humanos não podem fazer o mesmo? Apesar de suas origens, ele acredita que não é muito influenciado pela cultura chinesa, o que o influenciou de maneira significativa foi a mãe e os consertos que ela fazia nas roupas. Fora isso, não há muitos genes chineses em sua criação. Com essa constatação o bate-papo de Phillip Lim, Maria Prata e os convidados acabou. Foi uma palestra muito gostosa de assistir, confesso que não conhecia muito o trabalho de Phillip, mas me encantei pelo seu jeito e sua paixão ao que faz. Num todo, o evento foi um grande sucesso e uma oportunidade única para quem pode comparecer e presenciar os debates, as conversas, enfim, o mundo paralelo no qual o MuBE se tornou durante estes três dias. Ano que vem poderia ser agora, assim teríamos a chance de sermos arrebatados por estes grandes nomes mais uma vez. ■


FAÇA AMOR, NÃO FAÇA A BARBA!

Por Cássia Guerra Do Blog Wefashionyou.com

Foi passando os olhos por diversos aglomerados de 140 caracteres vazios, que uma frase me chamou atenção. Um twitteiro suplicou faça amor, não faça a barba, sem saber que horas mais tarde a frase iria se tornar título de uma publicação em um site de moda e por ela mais de 20 mil pessoas ergueriam bandeira – no caso virtual, clicariam like. Fui eu quem publicou no site WeFashionYou.com a matéria intitulada com a tal súplica do internauta desconhecido, e ainda aproveitei a deixa para indicar um tumblr totalmente dedicado a homens barbados, o Beardboys.tumblr.com. E foi assim que pude ter uma melhor ideia de quantas pessoas compartilham da mesma paixão que eu: homens barbados. É, são dezenas, centenas, milhares de beard lovers ao redor do Brasil – o site possui alcance nacional, então imagina só ao redor do globo. Na postagem no We Fashion You, a gente brinca Desculpem-me os “desbarbados”, mas barba é fundamental, mas é claro que é uma questão de gosto. Porém, com a repercussão da publicação e com uma vaga ideia do número de sites dedicados a esses curiosos pelos no rosto, a gente não pode negar que barba é tendência, não é? E, para aqueles que vestem a camisa Faça amor, não faça a barba, valem as indicações abaixo: O Beardboys.tumblr.com, já indicado acima, e o Boyswithbeards.tumblr.com, são dicas inspiracionais com imagens moderninhas de “boys magia barbados”. Ótimos para dar aquele follow esperto e reblogar diversas fotografias. Pesquisando mais a fundo encontrei um site sobre campeonatos mundiais de Beard and Moustache (barba e bigode). Sim, existem campeonatos para encontrar os pelos faciais mais bem cuidados e o endereço virtual é WorldBeardandMoustacheChampionships.com. Uma coisa me deixou curiosa: quais serão os critérios de avaliação? Porque, na minha opinião, os participantes são bastante excêntricos. Deu para perceber que tem aquela galera que gosta de olhar, aquela outra que é mais atrevida e gosta de passar a mão, outra que acha curioso e ainda aquela que leva super a sério. Gostos a parte, o fato é que as barbas estão dando o que falar por aí, não se pode negar! ■

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ANNIE HALL

Editorial de moda com inspiração na mulher masculinizada da década de 70, tão bem representada em Annie Hall, filme de 1977 de Woody Allen. Aqui, ela troca os ares estadunidenses pela tropicalidade brasileira que explode em cores, formas leves e estamparia constrastante.

Fotografia: Carlos May Produção de Moda: Juliane Biz, Luisa Letti, Letícia Marcondes e Valdecir Babinski Jr. Make Up & Hair: Vanessa Garcia Modelos: Flávia Rosa e Aline Marquez (Versace Agency) Peças: Modateca UDESC, Rouparia UDESC e acervo pessoal

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166 CRUSH

FOTÓGRAFO: WALMOR DE OLIVEIRA

PRODUÇÃO: ANA LUIZA BATISTA, GABRIELA NAGEL, JULIANA BATTISTI, MARIANA CESAR, TAINÁ MARASCHINI MODELOS: NATALIE MACHADO E SUELEN STAHELIN (FORD MODELS) AGRADECIMENTOS: CABELO E MAQUIAGEM: NETO CASSAB JOIAS: RAFAELA ANDRADE E LOJA BIANNA RIO BOLSAS: AREZZO 28 8 2 altri


BLUSA: BELMONDO TURBANTE: ACERVO PESSOAL

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BOLSA: AREZZO

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SAIA: ACERVO PESSOAL BLUSA: DOC DOG

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CAMISA: CHICLÉ SHORT: M.OFFICER BOLSA: AREZZO PULSEIRA: EVIDÊNCIA ACESSÓRIOS

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VESTIDO: BIANNA RIO/ AFGHAN PULSEIRAS: ACERVO PESSOAL E RAFAELA ANDRADE CINTO: ACERVO PESSOAL

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BLUSA: BELMONDO TURBANTE: ACERVO PESSOAL ÓCULOS: YSL - ACERVO PESSOAL

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iMAKE Dita Von Teese, Angelina Jolie, Charlie Chaplin... Quem você quer ser? Com a tecnologia e a maquiagem, você pode inventar uma nova identidade de repente mais ousada ou mais interessante. Seja quem você deseja. Fotógrafo: Fábio Cabral Produção: Bruna Baratieri, Daniel Kumagai, Raisa Balona e Renata Vivan. Modelos: Djenifer Marques, Cláudia de Liz, Mayara Canonica, Stephanie Pontes e Victoria Amaral. Maquiagem: Alex Piran Cabelo: Helenice Costa Unhas: Vanessa Adriana Goulart Acessórios: Bijuterias ULM

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COOLHUNTING:

Está aberta a temporada de caça às tendências O portal de consuloria de moda WGSN anuncia: a tendência é ir atrás das tendências. Exemplificando, o mundo da moda tem observando cada vez mais o comportamento do homem, absorvendo seus novos hábitos e traduzindo-os no que será moda a cada nova estação. Atualmente, o responsável por reunir influências sociais e reescrevê-las como tendência é o profissional cool hunter. Ser um caçador de tendências é procurar o que as pessoas anseiam e levar tais vontades às empresas, que utilizarão estas informações para desenvolver produtos que satisfaçam o cliente.

Altri: Como você vê o cronograma atual da cadeia têxtil atualmente e quais foram os desafios que os profissionais de pesquisa de tendências, assim como os birôs enfrentaram frente a essa aceleração do ritmo produtivo?

Contudo, a busca do cool hunter não se baseia tão-somente na moda. O profissional da área busca o que está em voga no design, nas artes, na arquitetura. Sem se esquecer de todas as camadas sociais. Esta pesquisa minuciosa torna-se fundamental para o sucesso de uma marca.

FPLab: o atual cronograma da cadeia têxtil sofreu uma inversão na sua hierarquia: antigamente, o produtor orientava a compra do consumidor, contudo, atualmente, é o cliente final que determina a produção desde a matéria-prima. Assim, elementos como moda, design, tendências regem a produção. Consequentemente, o trabalho dos pesquisadores de moda é fundamental nesse novo cenário.

O termo coolhunting não é novo no vocabulário fashion. Foi criado na década de 1990 e, primeiramente, referia-se às tendências de moda. Hoje, diz respeito à atividade de observação de comportamentos que será traduzida em novas criações, sob análise prévia de sociologos, antropólogos e designers. A PROFISSÃO. A busca pelo que é propenso a cair no gosto popular pode ser feita de diversas maneiras. Seja pela internet, por meio de blogs, fóruns e sites especializados; seja pela observação nas ruas, método mais usual, de acordo com os portais de tendências; seja com representantes em inúmeros lugares do planeta, que se encarregam de julgar se as novidades locais podem ou não influenciar o mundo. De acordo com a consltora de moda Gloria Kalil, é essencial antecipar as tendências de consumo, devido a redução dos ciclos de vida dos produtos. A grande rotatividade do comércio fashion faz com que tendências tornem-se obsoletas e esquecidas de uma estação à outra. Para conquistar novos mercados e clientes é necessário criar uma identidade com o consumidor e seus respectivos desejos. O mercado do coolhunting ainda está em formação, muito embora qualquer pessoa possa se intituluar como cool hunter. Há carência de cursos profissionalizantes, especialmente no Brasil, o que gera o não reconhecimento - e até desconhecimento - da profissão. Em São Paulo, o Instituto Europeo Di Design (IED), oferece periodicamente curso de coolhunting. Maiores informações pelo site http://www.iedbrasil.com.br.

MS Identificar tendências é uma tarefa da área de marketing das empresas, que tradicionalmente vem sendo executada com o auxílio de institutos de pesquisa e agências de publicidade. Contar com o apoio de profissionais “intuitivos” e confiar em processos mais subjetivos de avaliação é a novidade.

Dario Caldas: A aceleração é inveitável e a própria ideia de “cronograma” esta cada vez mais curtocircuitada, na cadeia têxtil. Diria que, do ponto de vista dos serviços que o ODES presta, o resultado final é positivo, porque as empresas sentem maior necessidade de orientação.

Altri: Como está o cenário do mercado de trabalho do coolhunter atual com a chegada das novas mídias, como rede sociais e blogs? Dario Caldas: O coolhunter tende a incorporar as mídias digitais como ferramenta de trabalho. O mercado neste momento se sente (com razão) muito influenciado pelas redes sociais, daí que esse tipo de profissional está em alta. FPLab: o obejto de pesquisa do FPLab é a blogosfera, termo que compreende blogs e suas conexões. É importante ressaltar que a blogosfera funciona como um fenômeno social , enquanto as páginas dos bogs são essencialmente páginas da web. Logo, o coolhuner deve ter em mente que a internet é uma rede de pessoas, não de computadores. Altri: Como acredita ser possível o coolhunter ter um trabalho diferenciado e com informações inovadoras em meio ao compartilhamento cada vez maior e mais rápido de descoberta de tendências? Dario Caldas: No nível das microtendências, realmente há pouca diferenciação possível. O profissional que se destaca, no meu ponto de vista, é aquele que consegue ter uma visão mais abrangente, que inclui fenômenos e movimentos de outras ordens. FPLab: isso é possível a partir do momento que o coolhunter consegue associar vários links e fazer muitas conexões, fugindo do óbvio, do senso comum, daquilo que qualquer pessoa poderia fazer. Ele tem que ir além do “conhecido”, fazendo uso de métodos e ferramentas próprias para prospecções de cenários futuros. Altri: Como acredita estar o mercado atual de coolhunting? O que é procurado em um profissional dessa área? Dario Caldas: Como disse, há um interesse atualmente por esse tipo de profissional. Pelo que constatamos, as empresas procuram alguém “jovem e antenado”, que lhes garanta acesso a certo tipo de informação, e por extensão, de mercado.

Para falar um pouco sobre esta tarefa- cada vez mais difícil em função da redução dos ciclos de vida dos produtos- a Altri resolveu conversar com o sociólogo Dario Caldas, pioneiro da pesquisa em tendências no país e Diretor do Observatório dos Sinais, e com a Professora Sandra Rech, Coordenadora do Projeto Futuro do Presente, da Universidade do Estado de Santa Catarina.

FPLab: o esperado de um coolhunter é que ele “pense “ além do quadrado, isto é, consiga estabelecer conexões, fazer analogias, tentando sempre buscar o “inesperado”.

Altri: Quais foram os impactos que a hipermodernidade e a aceleração cada vez maior do tempo de produção e desenvolvimento trouxeram para a pesquisa de tendências?

Altri: Como o estudante pode se aperfeiçoar e quais habilidades ele tem que buscar?

Dario Caldas: A produção de microtendências e de fenômenos de moda em geral também se aceleraram, tornando a pesquisa mais complexa nesse nível, sobretudo para difrenciar o que realmente importa do que não tem importância nenhuma. FPLab: O acesso à informação cada vez mais veloz e o tempo reduzido da produção industrial fez com que a pesquisa de moda se tornasse mais importante nos dias atuais, uma vez que, a partir dela, o designer poderá desenvolver produtos baseado em dados pontuais do consumidor, ou seja, o que denominamos “quick response” , o produto certo, no momento certo, para o cliente certo.

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Dario Caldas: Esse perfil está se “commoditizando” rapidamente, para usar uma expressão na moda. Cada vez mais, o que vai diferenciar o bom profissionail é boa base de cultura geral, formação, repertório e o domínio de operações bem mais complexas do que aquelas realizadas no facebook, como saber expressar-se, escrever e ter capacidade analítica - tudo isso, claro, com o domínio de bons fundamentos metodológicos. FPLab: o estudante deve pensar como um profissional polivalente, multidisciplinar, com várias áreas de interesse, além de fazer uso sistemático de metodologias de pesquisa. →


VOCÊ APOSTARIA? Nós, da Revista Altri, decidimos apostar em três tendências que acreditamos que podem nortear o mundinho fashion logo, logo. E para exemplificarmos, nada melhor que mostrar imagens referências de cada uma, para provar que o ditado popular tem fundamento, uma imagem fala mais que mil palavras.

DOWN TO EARTH

No universo da publicidade, o desejo por uma vida mais real já corre o mundo. Do “’Fight the LOLs and OMGs; fight the little white headphones” , da Bacardi ao ‘Like it Live, Like it Together’, que transformou os “likes” do Facebook em experiências da vida real, esta atmosfera paira entre o neo-luddismo e os Bourjois Bohemians, e retrata um consumidor que está cansado da quantidade de imagens e informações que recebe diariamente. Os junkies digitais estão indo para o rehab. Tanto no TED quanto nas palestras do Cannes Lions 2011, profissionais da área criativa foram estimulados a desconectar-se e a interagir mais com outros seres humanos no mundo real. →

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DECENT

A última campanha do Chrysler 300 é um retrato desta tendência. O slogan “Luxury feels better earned” (o luxo é mais gostosos quando merecido) e o texto “nothing is too good for those Who work hard” (nada é bom demais para quem trabalha duro) refletem esta vontade de valorizar o trabalho, o cavalheirismo e o mérito. Há também o tom cínico de series como 2 Broke Girls, em que o tom reflete como uma nova geração de mulheres aprendeu graças à recessão: Carrie Bradshaw não mora mais aqui.

RISK/DARE

Arriscar. Tentar. Olhar para o novo. Sair dos padrões. Procurar novos horizontes. Isso tudo pode parecer assustador, já que nos sentimos bem apenas quando estamos dentro de nossa zona de conforto. Mas quebrar a rotina, os padrões, a mesmice de nossa vida, pode ser algo produtivo. Essa tendência busca que você dê um passo rumo ao desconhecido, que você se arrisque, sem medo do que pode acontecer depois. Afinal o presente já nos traz preocupações suficientes, não precisamos perder tempo com suposições que podem nem vir a acontecer. Desafiamos você a encarar o desconhecido. ■

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PROFISSÃO BLOGUEIRO

Pesquisa encomendada pelo Google revela que, atualmente, há blogueiros que ganham até R$30 mil por mês por manterem seus sites atualizados na rede, como Shawn Hogan, criador do DigitalPoint – um blog que fala sobre novidades tecnológicas. Sites que tratam de estilo, moda e comportamento também estão na lista dos que possuem maior rendimento na internet; e, no Brasil, os blogs desses temas são os que mais dão dinheiro. Falar de moda não é mais exclusividade de publicações impressas e programas de televisão; os blogs vêm ganhando cada vez mais espaço e são responsáveis pela promoção de diversos produtos de beleza e vestuário, movimentando a indústria fashion. Hoje, possuir um blog de moda com grande popularidade significa, automaticamente, ter a chance de lançar tendências e moldar o comportamento de uma geração.

Segundo dados do Ibope, o número de pessoas conectadas à internet no Brasil ultrapassou a marca dos 67,5 milhões em dezembro de 2009. Desse número, 27,3 milhões de internautas brasileiros costumam ler pelo menos um blog regularmente. Em todo o mundo, o número de blogs que tem a moda entre uma das suas temáticas, de acordo com dados do Google, chega a 13 milhões. Um dos motivos para essa constante multiplicação são as facilidades oferecidas, como acesso livre e gratuidade dos serviços. Ao questionado sobre sua profissão, Vitor Pereira não hesita e responde: “sou blogueiro”. Há dois anos, ele criou o blog It Guy (http://www.portalps.com.br/blogs/itguy) e contabiliza quase um milhão de acessos. Ele já firmou parcerias com diversas lojas e sites de compras on-line, e alega que esse pode ser um diferencial para ter um blog mais conhecido. “É ótimo intermediar a relação entre as empresas e as clientes, até porque eu mesmo já fui e sou cliente de muitos desses parceiros que formei com o blog”, diz Pereira, que atualmente também colabora com o site Petiscos, da publicitária Julia Petit. Rodrigo Perek, blogueiro do Garoto de Grife (http://www.garotodegrife.com), confirma: “para ter um blog popular é necessário fazer parcerias, mas o retorno financeiro ainda não é suficiente para me sustentar - e nem tenho essa intenção”, diz ele. Com quase dois milhões de acessos, o Garoto de Grife existe há pouco mais de dois anos e é referência aos meninos que procuram dicas de como se vestir bem.

Vitor Pereira - Blogueiro

Estima-se que, atualmente, existam mais de 13 milhões de blogs de moda no mundo, e este número só tem aumentado. “A ideia de manter um blog destinado ao mundo fashion tem sido um bom negócio. Dedicação é fundamental; assim, os bons resultados são inevitáveis”, conclui Pereira.

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ENTREVISTA COM RAFAELA CARDOSO: BLOGUEIRA DE MODA Rafaela Cardoso tem 21 anos, estuda jornalismo e é natural de Torres, Rio Grande do Sul. É ela quem comanda um dos perfis mais populares da moda no Brasil, o @StrikeTwoPoses (http://www.twitter.com/striketwoposes). No microblog, Rafaela posta as últimas novidades das top models, seja campanhas recém lançadas, seja editoriais incríveis, seja simplesmente um pouquinho do lifestyle de quem sobe às passarelas. Muita informação foi o segredo para cativar muita gente no mundo fashion em tão pouco tempo. Rafaela conta à ALTRI um pouco mais sobre rotina, moda e o @StrikeTwoPoses. Altri: O que é o StrikeTwoPoses e quando ele surgiu?

Rafaela: Strike2Poses é a forma que encontrei de compartilhar com outras pessoas tudo que está acontecendo na moda. Costumo defini-lo como ‘fashion news hunter’. Ele surgiu em um surto de tédio em dezembro do ano passado. Altri: Por que ele recebeu esse nome? Rafaela: Inicialmente eu iria criar um fan-twitter para a Martha Streck [uma modelo brasileira], e tinha pensando no trocadilho ‘Streck a Pose’. Mas como eu amo muitas modelos, não só ela, seria melhor criar um lugar para falar de todas. Strike a pose é uma expressão muito usada e também eternizada pela Madonna, na música ‘Vogue’; então, para fazer diferente, coloquei um 2 no meio, afinal nem todo mundo se gosta na primeira foto. Altri: No que consiste o seu trabalho e como é sua rotina diária? Rafaela: Basicamente, procuro os trabalhos recentes e as últimas notícias de todas modelos, nacionais e internacionais. Mas também procuro sobre alguma celebs mais fashionistas. Posto tudo que o meu público supostamente gostaria de ver. Minha rotina com o Strike começa quando eu acordo e ligo o computador , e só termina quando vou dormir. Não importa o que estiver fazendo, eu sempre dou um jeito de conseguir atualizá-lo. →

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Rafaela: Moda vai além da tendência da estação e da capa do mês da Vogue, moda é a forma mais bonita da arte. Não sei dizer se minha opinião mudou, mas com certeza a minha visão expandiu-se. Até hoje só a vivenciei através da internet, nunca tive nenhum contato real com fashion weeks ou exposições, tenho muito o que aprender ainda. Altri: Desde a criação do S2P, quais foram suas maiores conquistas trazidas por ele, se é que existiram? Rafaela: Minha maior conquista é o reconhecimento. Ser chamada pelo nome por várias modelos e por pessoas do meio não poderia me deixar mais feliz. Conquistas financeiras ou materiais não tive, mas se um dia tiver, será com tempo e com muito mais esforço. Altri: É muito difícil iniciar e manter um espaço na internet que fale de moda sem cair na mesmice. Qual é o seu diferencial? Em algum momento pensou em desistir? O que faz você se manter fiel às atualizações do S2P? Rafaela: Acredito que o diferencial do Strike seja a rapidez, sempre procuro postar quase imediatamente que o fato acontece. Eu penso em desistir todos os dias, não é fácil mantê-lo. É preciso de muita paciência, uma qualidade que não tenho. Mas continuo porque recebo apoio de pessoas que nunca vi pessoalmente, mas que me mandam mensagens lindas de carinho. É por elas que eu me mantenho fiel às atualizações. Altri: Desde o início do S2P, qual você considera o ponto alto, o ponto baixo e o momento mais inusitado que você já passou como blogueira? Rafaela: O ponto alto foi a entrevista com a Susana Barbosa [Editora de moda da Revista Elle], ela é a maior fonte de inspiração para mim, exemplo de pessoa e profissional. Ponto baixo foi no verão quando eu tive que parar de postar, porque trabalhava doze horas por dia. Inusitado eu acho que não tive, mas ser constantemente chamada de ‘querido’, ‘amado’ e ‘vocês’ é bem engraçado. Altri: Qual o melhor conselho para quem está ingressando com um blog de moda? Qual é a postura que você toma com o S2P que pode ser considerada inspiradora a quem está ainda começando? Rafaela: O maior conselho é acreditar no que está fazendo e não esperar nada em troca, fazer por amor à moda. Ser paciente, muito paciente. E pensar se gostaria de ler o que você está postando, caso você fosse o leitor. Altri: Quais suas perspectivas para o S2P no futuro? Rafaela: Eu pretendo expandi-lo algum dia, colocar mais minha opinião e minha cara. E espero que ele me abra algumas portas, principalmente de backstages (risos). ■

Rafaela Cardoso - Blogueira de moda

Altri: É sabido que muitas garotas sonham, desde novas, em ser modelo. Contudo, poucas almejam estar do lado dos bastidores da moda. Quando surgiu seu interesse pelo mundo fashion? Você já pensou em subir nas passarelas? Rafaela: Desde pequena eu amava revistas, mas não entendia o porquê, só lembro de folhear várias vezes e dizer o que eu gostava ou não. Há três anos descobri que tinha um certo dom para fotografia, e buscava referência novamente nas revistas. Foi quando comecei a prestar mais atenção nas modelos e a participar de fóruns de moda. Aí me encontrei. Quando eu tinha uns 12 anos, queria ser modelo, mas não fui abençoada com muita beleza, posso dizer que tenho uma modelo frustrada dentro de mim (risos). Altri: A concorrência é um problema em diversas profissões. Você possui concorrentes? Como lida com eles? Rafaela: O ramo é grande e há espaço pra todos, o importante é ter respeito. Anna Wintour disse em uma entrevista que para ter sucesso, você ter que ser fiel a si mesmo e escutar a opinião de quem você respeita, sem se preocupar com que os outros estão fazendo. Levo isso como lição de vida. Altri: Há diversas definições sobre o que é moda, sobre como usar a moda e sobre o que está na moda. Para você, o que é moda? Sua opinião mudou antes e depois do S2P?

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FOREVER YOUNG

Parando para pensar, nós sempre achamos que gente de estilo é, geralmente, gente nova. Só quem é jovem pode usar tudo quanto é tendência, abusar de modelagens diferentes e fazer aparições fashion com as mais diferentes padronagens e estampas. Ledo engano. O blog Advanced Style (http://www. advancedstyle.blogspot.com) é um projeto criado pelo fotógrafo Ari Seth Cohen, que clica looks inspiradores de senhores e senhoras de idade pelas ruas de Nova Iorque. Ao navegar pelas páginas do Advanced Style, o leitor irá se deparar com velhinhas de cem anos fazendo pilates, com tutoriais de como amarrar um turbante feito por uma senhorinha de mais de oito décadas e, principalmente, com inspirações atemporais, reinvenções do clássico e adaptações felizes para quem já não consegue mais subir em saltos vertiginosos. “Respeite os mais velhos e deixe essas senhoras e senhores ensinarem algumas coisas sobre viver a vida. ‘Advanced Style’ oferece prova de que o estilo avança com a idade”, afirma Cohen em seu perfil no blog. Alguém discorda?

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Em Florianópolis, inspirado no conteúdo produzido pelo Advanced Style, o blog Ziperama (http://www.ziperama.com) também quis provar que estilo não tem idade. Para isso, fotografou Maria Barbosa, uma senhora de 82 anos de idade. “Eu me senti honrada quando recebi o convite para as fotos. Chegar aos oitenta e ainda ser modelo é para poucas”, diz ela, sorrindo. Em meio a corpos macérrimos e modelos cada vez mais jovens, a experiência foi o diferencial. “A maturidade também conta pontos, afinal, a gente envelhece, mas não perde a vaidade”, conclui.

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SCMC:

Projeto estimula parceria entre estudantes e mercado

Por Vanessa Schreiner

Quando estamos na faculdade, parece um sonho conseguir unir uma empresa à nossas criações, mas há um projeto que torna essa utopia real. O Santa Catarina Moda Contemporânea (SCMC), evento que está em sua sexta edição, é responsável por estudos sobre as diversas manifestações comportamentais relacionadas a Design, Retail, Web, Comportamento e Comunicação. O objetivo desses estudos é gerar entendimento sobre os processos criativos globais e verificar para onde os mesmos estão sendo direcionados. Para isso, foram selecionados estudantes das faculdades de Design de Moda para atuarem sob a direção e conteúdo de Jackson Araújo, formando, desta forma, equipes voltadas para o estudo de tendências e comportamentos sociais. Para participar, os alunos tiveram que estar cursando os últimos semestres do curso e elaborar um projeto de estudo, a ser entregue no ato de inscrição. Os projetos foram primeiramente analisados por bancas formada sem cada uma das universidades participantes e depois seguiram para avaliação e seleção pela equipe do SCMC. Foram formadas equipes criativas compostas por um professor, um coordenador e até cinco profissionais das empresas parceiras. Diferentemente de edições anteriores, o sexto ano do SCMC não contou com apresentação de desfiles, mas sim com uma exposição onde cada um dos times criativos proporcionaram uma experiência imersiva dentro de um container de madeira de reflorestamento. Cada uma das equipes criativas assinou sua concepção de instalação e uma time capsule collection de cinco produtos inovadores em design e processos de produção. A proposta baseou-se em uma imersão nos valores locais de Santa Catarina e no storytelling de cada uma das empresas participantes, com o objetivo de enfatizar conceitos e valores como Colaboratividade, Interatividade e Upcycling, gerando inovação na atuação da indústria de moda de Santa Catarina. O projeto visa a união entre conhecimento, concentrado nas universidades, e a realidade empresarial do setor. A busca pela gestão do conhecimento, para a criação de inovação, com a colocaboração ativa das escolas regionais e capacidade produtiva das empresas e indústrias. Proporcionando uma experiência única para alunos, professores, colaboradores e empresários do setor. As instituições de ensino que participaram desta edição do evento foram: ASSEVIM (Associação Educacional do Vale do Itajaí-Mirim); FURB (Universidade da Região de Blumenau); UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina); UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí) e a UNIVILLE (Universidade da Região de Joinville). O projeto ainda contou com o patrocínio total do SENAI de Jaraguá do Sul, Joinville, Brusque e Blumenau. Representando as instituições de ensino, tivemos os seguintes times de professores: Alessandra Lila e Marcelo Rodrigo Campos (SENAI Blumenau); Bianka Frisoni e Monica Krinke (UNIVALI); Edio Bertoldi (ASSEVIM); Elen Padilha e Val Gruber (UNIVILLE); Eliana Gonçalves (UDESC); Felipe Colvara Teixeira e Carol Hadlich (UNIASSELVI); Márcia Bronnemann (FURB); Marcio Paasch e Karin Bisoni (SENAI Jaraguá); Patricia B. Lima (SENAI Brusque); Regina Santos (SENAI Joinville). Todos sob a coordenação geral da professora Maria Izabel Costa, Gestora de Integração entre Universidade e Empresa do SCMC. ■

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PROJETO ECOMODA O programa EcoModa surgiu em 2004 com os objetivos de disseminar o conceitode sustentabilidade ambiental através da produção e consumo consciente, promovera interação entre os acadêmicos e a comunidade contribuindo para a questão sócio-ambiental e pesquisar a adequação dos produtos ligados ao universo da moda para umcontexto de menor impacto ambiental. A maioria das ações acontece em Florianópolis,mas o programa ao longo dos seus 7 anos tem participado de desfiles e palestras emoutros estados e outros países da Europa e America Latina. Este ano, em agosto, o EcoModa participou do Paraty Eco fashion, em Paraty, no Rio deJaneiro. O Tema escolhido foram as rendas de bilro, típicas de Ilha de Santa Catarina.A renda de bilro surgiu no século XV, na Itália. Anos depois, esta arte manual chegou àFrança invadindo a Corte do Rei Luís XIV e os centros produtores de Portugal. Com acolonização portuguesa, esta arte chegou ao Brasil. O evento foi um grande encontro de estilistas, designers e estudantes de Moda, quetêm como propósito a Eco Moda. A idéia do evento é fortalecer o desenvolvimentosustentável a partir da conscientização do momento que o Planeta está passando e daeducação ambiental. A peça que encerrou o desfile do EcoModa foi um vestido de noiva desenvolvido por Jamilly Machado, formanda do Curso de Moda da UDESC que criou sua coleção de encerramento de curso em parceria com o projeto. Outra vitória do EcoModa em 2011 foi o prêmio Greenbest 2011na categoria materiaisinovadores, recebido por um dos parceiros do Programa, a Ecosimple. A empresa, dogrupo Simpletex de Americana/SP, recebeu o primeiro prêmio de consumo e iniciativassustentáveis com abrangência nacional. O objetivo dessa premiação é ressaltar asmelhores iniciativas, atuações e os melhores produtos e projetos para, assim, criar exemplos capazes de guiar este mercado da sustentabilidade que vem crescendo e se aprimorando dia a dia. ■

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“Poder fazer parte deste projeto me tornou uma profissional mais consciente e criativa. Trabalhar transformando o artesanato em produto de moda sustentável foi desafiante e o resultado compensador.” Jamilly Machado 48 8 4 altri


TECITECA

Projeto é referência nacional para instituições de ensino A Teciteca do CEART é um programa de extensão com o objetivo geral de fornecer subsídios aos profissionais da área de moda e à comunidade em geral, para que possam atuar em processos da cadeia produtiva têxtil. Também tem o objetivo de divulgar as informações técnico/científicas e atualizadas do substrato têxtil à comunidade empresarial, acadêmicos e profissionais da moda. O projeto foi criado em 1996, pela Professora Maria Izabel Costa, para servir como suporte acadêmico junto ao Curso de Moda da Universade do Estado de Santa Catarina. É a pioneira no Estado no quesito teciteca e serve de referência para todas as outras tecitecas que vieram sendo abertas ao longo dos anos, não só no âmbito estadual, mas nacional também. Ela conta com dois projetos: “Novas tendências têxteis, Manutenção e Atualização do Acervo da Teciteca” e “Teciteca Virtual”. No primeiro são desenvolvidas ações referentes à organização e atualização permanente do acervo, estudos técnicos e de tendência têxtil e assessoria permanente ao usuário. Já no Projeto Teciteca Virtual as ações são desenvolvidas de modo a disseminar informações técnico/ científicas e de tendência têxtil via online, através do site do projeto. Através da comunicação via internet, a Teciteca tem se correspondido com outras instituições e empresas de todo o território nacional bem como com centros de pesquisa de outros países. Além desses projetos, o programa conta também com ações eventuais que estão organizadas em forma de cursos e oficinas para a qualificação profissional. Seu acervo conta com 1693 bandeiras têxteis.

Desde acervo, 785 são bandeiras de tecido plano, que são aqueles resultantes do entrelaçamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em ângulo reto; 356 bandeiras são de malha, que é uma superfície têxtil, formada pela interpenetração de laçadas que se apóiam lateral e verticalmente, provenientes de um ou mais fios; 31 bandeiras provenientes de técnicas de estamparia industrial; 18 delas foram doadas por estilistas brasileiros, tais como Mario Queiróz, Ronaldo Fraga, Jum Nakao, entre outros; 19 delas são resultado do projeto SCMC, que tem como objetivo criar a interação entre estudantes de Moda, empresas do ramo e formadores de opinião; 472 bandeiras de criação têxtil, feitas pelas alunas da sétima fase da graduação do curso de Bacharelado em Moda, sendo as criações divididas em quatro categorias: Procedimento Estrutural, que é a mudança no substrato têxtil, Procedimento Construtivo, que sobrepõe tecidos visando a ênfase ao relevo e à textura, Procedimento Colorístico, que transforma a matéria-prima têxtil através da agressão da cor e o Procedimento Combinado, o qual combina duas ou mais destas técnicas; 12 bandeiras de teares manuais; 284 periódicos; 93 books; 3 books de amostras têxteis de estamparia artesanal; 785 cartelas; 190 catálogos e 2 glossários de tecidos comerciais. Vale a pena conferir o acervo, o qual está localizado no andar térreo do prédio da Biblioteca Universitária Central do Campus I – Florianópolis, da UDESC. ■

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Fábrica da Renaux View, Em Brusque, Foto por Philippe Arruda

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Fábrica da Renaux View, Em Brusque, Foto por Philippe Arruda

PROGRAMA MODELINE Moda e extensão virtual

por Aline Padaratz Luciana Dornbusch Lopes, Bruna Baratieri, Bruna Medeiros, e Carolina Carioni O Programa Modeline - Moda e Extensão Virtual, coordenado pela Professora Luciana Dornbusch Lopes, iniciou suas atividades em março 2011 e está inserido no Laboratório de Sociedade e Moda, um ambiente integrador entre as ações e atividades de ensino/pesquisa e extensão, dentro do Curso de Bacharelado em Moda da UDESC. O Modeline foi criado com dois objetivos: primeiro o de promover a integração das ações virtuais relacionadas ao Curso de Moda através da criação de um Portal Virtual - Hipermoda. Inicialmente o site Hipermoda terá a função de ampliar a comunicação com a comunidade em geral. As pessoas poderão utilizar o site para obter mais informações sobre o curso de Moda, as atividades desenvolvidas e oferecidas. Algumas ações virtuais do curso de Moda já são hospedadas em sites na Internet, porém, cada uma se encontra em ambiente diverso, isso causa certa dispersão e não evidencia a identidade do Curso de Moda. É necessário reunir todas estas ações para que qualquer atividade desde informacional, institucional, cultural, artística, de ensino, de extensão e pesquisa sejam encontradas rapidamente a partir de um mesmo site, de um mesmo ponto. Ainda com relação ao site do Curso de Moda, o Modeline está participando na ação virtual e online de Extensão do Programa Modapalavra - Projeto da Revista Altri Fashion Magazine, sob coordenação da professora Monique Wandresen, inicialmente na etapa de diagnóstico para a criação da identidade de marca do Curso de Moda que está sendo desenvolvida com a empresa Glóbulo Célula Criativa a partir da metodologia interativa proposta pela empresa, junto com alunos e professores do Curso de Moda. O segundo objetivo do programa é iniciar, através do projeto EduLabline, ações de ensino à distância, tanto com conteúdos complementares à disciplinas teóricas e teórico-práticas oferecidas atualmente apenas na modalidade presencial no curso de graduação, quanto com cursos livres relacionados aos temas de Moda. Com esta ação o Programa de Extensão Modeline tem a intenção de virtualizar os processos educacionais e de ensino-aprendizagem por meio de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) para promover a flexibilização e disseminação do conhecimento. Inicialmente o EduLabline conta com a criação de dois cursos, que utilizam a plataforma Moodle como ambiente virtual e online de sala de aula, em parceria com o CEAD-UDESC (Centro de Educação à Distância): o curso de Desenho Técnico à Distância ministrado pela Professora Carolina Carioni Amorim, e o curso de Sustentabilidade e Moda ministrado pela Professora Neide K. Schulte. Em um primeiro momento, acredita-se que o EduLabline possa facilitar a continuação do aprendizado realizado em sala de aula, oferecendo ao aluno a possibilidade de adquirir maior autonomia para realização de suas tarefas, uma vez que o acesso ao conhecimento possa ser flexibilizado. Além da comunidade acadêmica do CEART, alunos de outras instituições poderão se beneficiar com estas ações, bem como a comunidade em geral com oferecimento de cursos de extensão na modalidade à distância. A criação deste programa se deu devido à necessidade de maior visibilidade para as ações que envolvem o Curso de Moda da UDESC. Através de um ambiente virtual de interação será possível também divulgar os trabalhos acadêmicos, entre outros, que, por muitas vezes, acabam restritos ao ambiente físico do Centro de Artes. Interatividade entre ensino, pesquisa e extensão, esta é a missão do Programa de Extensão Modeline.

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Desenhando à Distância No processo de Tecnologia dos Produtos do Vestuário e Moda são usados o desenho de ilustração, o desenho artístico e o desenho técnico como representação gráfica das idéias dos estilistas e designers como suporte de comunicação aos demais profissionais envolvidos no setor de criação, desenvolvimento e produção. O desenho técnico pode ser compreendido como (Definição de DT!) uma forma de expressão gráfica que não exige como pré-requisito, habilidades artísticas de representação por seguir normas técnicas e regras de proporção bem definidas, com o objetivo de transmitir informações gráficas objetivas de fácil compreensão e assimilação, sem margem para dupla interpretação. O Desenho Técnico, inserido no processo das confecções de produção em série e das indústrias têxteis e de confecção do vestuário, auxilia todos os profissionais envolvidos no projeto para que tenham uma visão unificada do que deverá ser executado, proporcionando o processo de leitura e interpretação das informações. Com a expansão da utilização dos espaços educacionais virtuais – rica alternativa de comunicação entre alunos e professores – muitas ferramentas surgiram para possibilitar esta maneira diferente de aprender e ensinar. Acredita-se que o uso de material didático hipermidiático é capaz de suprir algumas lacunas deixadas pela aprendizagem presencial. Para suprir esta demanda, o curso de Desenho Técnico Virtual oferecido pelo Programa Modeline - Moda e Extensão Virtual, criado e ministrado pela Professora Carolina Carioni Amorim e Coordenado pela Professora Luciana Dornbusch Lopes, visa apoiar o ensino presencial desta disciplina. As aulas são ministradas à distância e o ambiente virtual utilizado para hospedar os conteúdos é o Moodle, plataforma de ensino à distância oferecida através do CEAD - Centro de Educação à Distância da UDESC. Com duração de seis semanas, o curso objetiva a instrução do uso do software CorelDRAW® por meio de textos, imagens, e vídeo-aula com passo a passo dos procedimentos que mostram o uso das ferramentas mais utilizadas para o Desenho Técnico (Forma, Bézier, Zoom e Seleção). Em seguida são propostos exercícios práticos envolvendo a construção de desenhos técnicos sobre o boneco modelo. Entre as peças produzidas estão incluídas saias, vestidos, camisas, calças e tops. O público alvo do curso são alunos de Moda e Design, que já tiveram contato com o Software CorelDRAW® e que tem interesse em aprimorar seus conhecimentos em desenho técnico do vestuário. A primeira turma finalizou o curso no primeiro semestre deste ano, e a próxima turma está prevista para iniciar as aulas no segundo semestre. ■

Equipe Modeline | modeline.udesc@gmail.com Coord.a: Luciana Dornbusch Lopes Bolsistas: Aline Padaratz, Bruna Baratieri e Bruna Medeiros. Professoras: Carolina Carioni Amorim e Neide K. Schulte Designer Gráfico: Janaína Ramos


ROUPAS QUE CRESCEM EM CATIVEIRO por Fernanda Lento Hoje gastamos em média 8.000 litros de água para produzir um par de sapatos de couro e cerca de 2700 litros para produzir uma camiseta de algodão. Mas não precisa ser assim. Imagine se você pudesse fazer crescer roupas, criá-las em cativeiro. Esse era o objetivo inicial da estudante de moda britânica, Suzanne Lee. Seu projeto não deu certo por completo, mas ela conseguiu criar sua matéria-prima, seu tecido, em cativeiro, emergindo pronto de uma solução aguada. Essa descoberta a rendeu sua própria marca de roupa: BioCouture. O método já está sendo divulgado, e algumas peças já foram mostradas em exposições como “Trash Fashion: designing out of waste”, no Museu de Ciências de Londres, em junho deste ano. Para que possa haver a comercialização de um produto final, Susan diz que ainda é preciso aperfeiçoar certos pontos. O conceito da marca BioCouture surgiu durante a pesquisa para o livro de Suzanne “Fashioning The Future: tomorrow’s wardrobe”, depois de conversar com um biólogo e cientista de materiais Ao invés de explorar plantas e petroquímicos para conseguir matéria-prima para tecidos, a BioCouture está investigando o uso de micróbios para “fazer crescer” um biotêxtil. Certo tipo de bactéria faz girar microfibrilas de pura celulose durante a fermentação, que irão formar uma densa camada que pode ser recolhida e posta a secar para então ser usada. O processo, além de inovador, é sustentável. Em primeiro lugar, a matéria-prima, como o açúcar, pode vir do descarte de empresas ou de sobras, diminuindo o consumo e o impacto no meio ambiente. Além disso, para o crescimento da cultura, luz não é necessária e a água utilizada no crescimento da colônia pode ser reaproveitada para o crescimento de outra e a energia para que a colônia se desenvolva pode, dependendo do tempo do lugar, ser até eliminada, pois em dias frescos (com a temperatura abaixo de 30º C), a colônia pode ser desenvolvida ao ar livre. O tecido é biodegradável e o mais interessante é que só é cultivado aquilo que será usado. Ou seja, não há desperdício. ■

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FUTURO DO PRESENTE Espaço para observação, análise e interpretação de sinais por Profa. Dra. Sandra Rech

A pesquisa Futuro do Presente – espaço para observação, análise e interpretação de sinais focaliza a elaboração de um modelo referência para a captação, interpretação e análise de sinais emergentes dos modos de vida e, posterior, prospecção de tendências, bem como sua aplicação no design de produtos de moda dentro do contexto da compreensão do “por que” e como se manifestam. Logo, a pesquisa de tendências e prospectivas deve ser entendida como um processo, como uma “linguagem”, num diálogo constante com o consumidor, orientando os designers na criação de produtos de moda em sintonia com os desejos e necessidades do mercado. O ser humano possui uma fascinação pelo futuro. Desde as mais remotas civilizações, o futuro era um fator de grande importância e, amplamente, estudado, porém incerto. Nos dias atuais, não é diferente, o ser humano ainda possui o desejo e a curiosidade de saber o futuro. Atualmente, é possível prever, por exemplo, o que será consumido e adquirido dentro de cinco anos ou até mais, assim como o que será desejado e cobiçado pelas mais diversas classes sociais. É nesta área que a pesquisa de tendências atua. Embora o cenário do futuro seja hipotético, é possível chegar o mais perto possível de uma prospecção do que seja o “amanhã”. Para isso, faz-se necessário ter a sensibilidade de captar o “espírito do tempo”, que nada mais é do que os sinais emitidos por tudo o que circula pela sociedade e pelo dia-a-dia. É interessante ressaltar que profissionais capacitados podem identificar estas “pistas”, seja em uma propaganda na televisão, no que as pessoas estão vestindo ou comendo, em como certos grupos se comportam perante uma situação, isto é, observando ocorrências corriqueiras onde a sensibilidade para percebê-las e identificá-las é fundamental. A pesquisa de tendências foge da futilidade e da vaidade, e aprofunda-se na determinação e projeção do “espírito do tempo” que a sociedade vive, ou seja, o que vai ser almejado, como será o cotidiano das pessoas e como elas, provavelmente, se sentirão em relação aos acontecimentos, eventos e episódios ao seu redor e até como se sentirão em relação a si próprias. Portanto, não se trata de um processo

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impositivo que é canalizado em seus resultados, mas sim da leitura de um contexto e projeção de uma perspectiva e de diversas possibilidades. O objetivo da pesquisa de tendências é entender estas influências exercidas para minimizar as incertezas do futuro. No campo do design de moda, a pesquisa de prospectivas ou sinais em suas diversas facetas – mercado, consumo, conceitos, entre outros – possibilita informações interessantes para o departamento de desenvolvimento de produto. É uma ferramenta utilizada pelas empresas para dar conta dessa exigência, visto que o futuro que se pretende, obstinadamente, prever é um futuro indeterminado e passível de inúmeras interpretações. O resultado esperado do estudo de prospectivas de tendências não é ratificar que somente uma direção a seguir é a correta, à maneira positivista, mas, de forma oposta, apresentar um leque de opções plausíveis referentes ao futuro. Com isso, busca-se pesquisar e analisar técnicas de prospecção que auxiliem no monitoramento e aplicação de tendências para orientar as organizações na construção de um processo de pesquisa e inovação. Os objetivos gerais do projeto são: (a) estruturar um modelo complexo para a pesquisa de sinais emergentes combinando elementos de pesquisa qualitativa interpretativa; (b) detectar sinais precursores das tendências emergentes e dos modos de vida, diferenciando fenômenos passageiros e tendências duradouras por meio da observação, análise e interpretação dos comportamentos, dos espaços, dos objetos e seus usos. A metodologia compreende: (a) coleta de dados empíricos por meio de premissas da pesquisa de observação participante; (b)procedimentos de codificação ou análise sócio-semiológica dos dados; (c) delimitação da teoria através do uso da crítica genética. ■ Maiores informações: www.futurodopresente.ceart.udesc.br ou futurodopresente@gmail.com


MODATECA Espaço para preservação de moda e de vestuário

Um espaço para guardar a identidade histórica e cultural de Santa Catarina, parece utópico, não? Mas é a mais pura realidade, a qual foi idealizada pelo professor do Departamento de Moda da Universidade do Estado de Santa Catarina José Alfredo Beirão. O local em questão se chama Modateca e se encontra nas dependências da Biblioteca Central do Campus de Florianópolis da UDESC. O motivo para a criação deste rico espaço é simples, não havia uma memória cultural têxtil nas instituições museológicas. O que havia eram apenas espaços que aliassem a formação de acervos têxteis e privilegiassem apenas os valores sociais da roupa, em detrimento de suas características técnicas e estéticas, tendo apenas roupa de personalidades importantes, o que afeta diretamente o modo como a moda e sua história é estudada. Tendo isso em vista, o Curso de Bacharelado em Moda do Centro de Artes da UDESC, com apoio de docentes, discentes e comunidade em geral, deu início à implantação deste espaço de memória têxtil catarinense. Claro que o boom da moda, que se iniciou em meados da década de 90, ajudou na criação deste projeto. A partir dessa época, a moda passou a ter valor nos ciclos sociais mais baixos e os produtos têxteis brasileiros, e principalmente catarinenses, passaram a serem apreciados internacionalmente por sua qualidade. Então, começaram a surgir várias escolas voltadas para a área da moda, criando profissionais habilitados a atuar nos mais diferentes segmentos da indústria têxtil. Estas novas escolas encontraram as mesmas dificuldades que o Curso de Moda estava enfrentando para a produção de conhecimento novo, faltavam bibliografias sobre o assunto, assim como elementos materiais do passado que caracterizem cada período da história têxtil e do vestuário catarinense. Esse espaço é tão especial por contribuir para a formação de uma memória social a partir da cultura material têxtil em Santa Catarina, além de disponibilizar à comunidade em geral um espaço para a pesquisa de moda e do vestuário. ■

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MODA E ARTE SEM FRONTEIRAS um tour por museus de moda do mundo por Juliana Cordeiro

Bem sabemos que os museus servem para guardar e contar histórias. Eles permitem que pessoas que estavam separadas pelo tempo e geografia se encontrem e compartilhem culturas. O que isso tem haver com moda? Simplesmente tudo. A moda fala por si só e conta histórias a respeito de cada sociedade que a viveu de um modo particular, além de avaliar e traduzir aspectos socioculturais de uma nação em diferentes períodos. Não é para menos, portanto, que ela resida dentro e fora dos museus. Sem dúvida, o valor da indumentária para a história é inquestionável, e é por isso que existem tantos museus e acervos de moda pelo mundo. Então para quem gosta de cultura, arte, moda, viagem ou afins, ficam registrados aqui lguns endereços obrigatórios para visita, nem que seja pela internet.

Musée Galliera – Musée de la Mode de la Ville de Paris Instalado num petit palais em estilo renascentista construído no final do século XIX para a Duquesa de Galliera, e transformado em museu de moda no ano 1977, detém em seu acervo mais de 60 mil itens desde o século XVIII até os nossos dias. Dentre eles, peças de Marie Antoniette e o vestido usado por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, filme de 1961). Infelizmente, devido à conservação das peças, o seu acervo não está exposto de forma permanente, abrindo suas portas duas vezes ao ano na ocasião das vertiginosas exposições temporárias. Se você pensa em visitá-lo pessoalmente, fique atento às datas em que ele presenteia os interessados com a abertura dos seus portões. Se você estiver à procura de mais informações, visite http://ww.museums-of-paris.com/musee_ en.php?code=422.

Musée Galliera (10, avenue Pierre-Ier-de-Serbie - Paris 16e.)

Musée Dior de Granville Já que estamos na França, que tal incluir em seu tour o delicado Musée Dior de Granville, com sua casa cor-de-rosa e seu lindo jardim? Apesar da estética delicada, carrega consigo exposições de peso e a alcunha de ser o único museu da França dedicado à um costureiro. Todo ano a casa contempla uma exposição temporária que se relaciona com a temática do Monsier Dior e sua Maison de Couture. Para não perder a viagem, consulte o horário em que a casa é aberta ao público ou simplesmente se delicie em http://www.musee-dior-granville.com.

Musée Christian Dior

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The Costume Institute Outra ótima opção para visitar museus é Nova York. Podemos encontrar museus de puro deleite, como o The Costume Institute (instalado nas dependências do Metropolitan Museum), dono de um dos maiores acervos de moda que abrange os cinco continentes. Possui exposições permanentes e ainda elege artistas do mundo da moda, aos quais referencia com belíssimas exposições temporárias. Neste ano, o homenageado foi Alexander McQueen, célebre ator de uma das exposições mais visitadas da história do museu: a Savage Beauty. Cabe lembrar que é nesse museu que acontece a Costume Institute Gala, uma das festas anuais mais badaladas da indústria fashion, encabeçada por ninguém menos que Anna Wintour (atual editora-chefe da edição norte-americana da revista Vogue). Pois bem, se você é daquelas pessoas que gostam de moda e festa e de quebra adoraria encontrar com Valentino ou mesmo Tom Ford, essa visita ao Met em noite de celebração seria uma opção interessante, se ao menos fossem distribuídos convites para meros mortais.

Imagem de uma das salas do Metropolitan que abrigam peças do estilista Alexandre McQueen

Entretanto, se você deseja apenas apreciar as exposições permanentes, não se esqueça de consultar o calendário para verificar os dias de visitação ao público, além de verificar o cronograma de futuras exposições temporárias no site do museu. http://www.metmuseum.org.

Fashion Institute of Technology Museum Ainda em Nova York, não se poderia deixar de fora um dos museus totalmente dedicados à moda. O Fashion Institute of Technology Museum – FIT (Museu do Instituto de Tecnologia e Moda) abriga uma das maiores coleções mundiais de trajes, têxteis e vestuário do século XVIII. Detentor de um vasto acervo que vai de roupas a acessórios e sapatos, o FIT renova seu material exposto a cada seis meses devido ao grande número de objetos disponíveis. Como se não bastasse, ainda guarda criações de Paul Poiret, Yves Saint Laurent e Vivienne Westwood. Não é à toa que esse museu é um dos “queridinhos” dentre os apaixonados por moda! Faça uma visita virtual em http://ww.fitnyc.edu. Por fim, gostaria de deixar o circuito internacional e aterrissar em nossa terrinha com dicas do primeiro museu de moda no Brasil. Posso apenas adiantar aos aficionados por moda de que se trata da casa da Marquesa de Santos, localizada no bairro carioca de São Cristóvão, prometida como sede da instituição que deverá ser inaugurada ao fim de 2012 e terá como maior atração o acervo da estilista Zuzu Angel. Pois bem; uma vez no Brasil, que tal uma passadinha em Santa Catarina para visitar o acervo de moda da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), através da Modateca? Você se depararia com peças de estilistas famosos do circuito local, além de prestigiar elementos representativos da cultura material e do vestuário catarinense. Eis um ótimo lugar para se descobrir que Florianópolis não é só mar. É moda também. Apesar da disseminação da cultura pela internet, o povo que ama arte e moda quer ir à lócus, ter o prazer de ver com os próprios olhos as deslumbrantes coleções ou objetos de estilistas que por algum motivo lhes marcou ou que marcaram época. Isso explica as memoráveis filas de dois quarteirões para os ingressos da exposição de Alexander McQuen no museu Metropolitan ou então as filas do Petit Pallais para o acesso ao seu acervo de moda. Enfim, são muitos os museus e acervos de moda pelo mundo que poderíamos comentar, no entanto, ficam aqui breves sugestões para você incluir no seu próximo roteiro e voilà - Boa viagem!

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Os livros, as bibliotecas e eu por Dauro Veras

Desde criança – muito antes de ter acesso ao debate sobre copyleft ou de fazer reflexões existenciais sobre o desapego – a idéia de “ter” um livro ou “ter” uma música sempre me parece estranha. Credito isso em parte ao fato de ter crescido num ambiente rodeado de música e gente: rádio ligado, irmãos cantarolando no chuveiro, LPs espalhados pela casa, fitas cassete no carro. Pra mim era mais que óbvio, o som estava no ar pra ser degustado na hora em que tocava. Cada pessoa que ouvia também passava a ser dona da música (aos seis passei a ser um dos donos dos Beatles). Com os livros foi um pouco parecido. Tive a sorte de mergulhar cedo no mundo maravilhoso das bibliotecas. Primeiro na escola primária no Recife, numa fase introspectiva aos sete anos – logo depois de passar vergonha porque uma menina contou pra toda a turma que eu tava sem cueca por baixo do calção, mas isso não vem ao caso. O fato é que a escola tinha uma biblioteca interessante, apesar de pequena, e lá eu me refugiei por um tempo na hora do recreio. Momentos de belas descobertas, como a série francesa Petit Nicolas e os livros de Orígenes Lessa. Aos doze, descobri na Biblioteca Pública de Natal um grande tesouro: a coleção completa de Tarzan, de Edgar Rice Burroughs. Passei tardes muito agradáveis ali, numa deliciosa solidão cheia de aventuras africanas, até ler os mais de vinte livros da série. Aí parti pras obras de Monteiro Lobato, de quem se pode dizer sem exagero: é um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. No ginásio tive um professor que escreveu certo por linhas tortas. Um dia eu fui à aula com meias verdes porque não tinha as meias pretas do uniforme. Ele me mandou de “castigo”. Adivinha pra onde?… Pra biblioteca! Não lhe guardo rancor nem o nome. Outros mestres vieram e me estimularam com mais inteligência. Como nunca tive grana sobrando pra comprar os livros e músicas que queria, precisei buscar alternativas. Bibliotecas públicas e de amigos, trocas, fotocópias, sebos… E mais recentemente os meios que a tecnologia oferece. Hoje já posso entrar numa livraria e levar um livro novo (é incrível que no Brasil e em tantos lugares isso ainda seja quase um luxo!), embora sempre deixe pra trás uns dez que também gostaria de ter comprado. A idéia de “ter” um livro ou uma música continua me parecendo tão bizarra quanto nos tempos de criança. Minha biblioteca virtual no LibraryThing é composta na maior parte por livros que não “tenho” no sentido físico. Na verdade, são os livros que me têm. p.s.1. Nunca roubei livros. E não foi por falta de oportunidade, e sim porque isso nunca fez sentido pra mim. Mas confesso que já tive vontade. p.s.2. Alguns livros marcantes (“disclaimer”: lista em eterna mutação). p.s.3. Quais são os seus cinco livros marcantes? Se quiser, conte o motivo. Lembrança de um antigo amor, de uma viagem, de um momento bacana? Presente de alguém especial? ■

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Tenho uma motivação secreta para caminhar na praia: a esperança de encontrar uma garrafa com a mensagem de alguém distante. Ciente de que as chances são mínimas, sempre fiz o possível para aumentá-las. Chego bem cedo, antes dos concorrentes, e vasculho com atenção os entulhos devolvidos pelo mar durante a noite. Já encontrei de tudo – pilhas, latas de sardinha, isqueiros, cabeças de boneca –, mas nunca a garrafa dos sonhos. Outro dia, imaginando como seria fascinante realizar esse desejo que me acompanha desde criança, tive a ideia de proporcionar a indescritível sensação a alguém. Escolhi uma boa garrafa – de plástico, para flutuar bem – e escrevi em três idiomas um bilhete dizendo quem sou e onde moro. Arrematei com um poeminha singelo do Mário Quintana e o meu e-mail de contato. Aproveitei então um passeio de escuna até a Ilha de Anhatomirim para lançar a garrafa ao mar. Dois dias depois, ao abrir minha caixa postal, deparei com a seguinte mensagem: “Achei a sua garrafa e já mandei para o lixo reciclável. Você sabe quanto tempo o plástico demora para se decompor?” ■

O ÚLTIMO ROMÂNTICO 7 5 altri57 altri


ENROLAR BRIGADEIROS Meu amor,

Hoje estamos completando dez anos de casamento. Passou tão rápido, né? Lembra como foi aquele dia? Tivemos que fazer tudo por conta própria: decorar a igreja, montar o buquê, instalar o aparelho de som... A gente não tinha um puto e ainda foi inventar de fazer festa! Lembra da véspera? Ficamos enrolando brigadeiro até de madrugada. Era brigadeiro que não acabava mais. E eu não te deixava comer unzinho! Achava que podia faltar. No final das contas sobrou tanto docinho que metade foi pro lixo... Fiquei pensando em tudo o que enfrentamos nesses dez anos juntos. A minha doença, a morte da tua mãe, nossas mudanças de cidade, de emprego, o meu MBA, a tua pós, a compra e a venda do apartamento, a reforma na casa, o acidente... Nossa, tá até parecendo comercial de seguradora. Você já percebeu que estamos sempre esperando chegar o momento perfeito e esse momento perfeito nunca chega? Passamos dez anos trabalhando feitos condenados, preocupados com as contas, adiando encontro com os amigos mais queridos, postergando a leitura daquele livro que parecia tão delicioso, pensando que em algum momento mágico do futuro será possível fazer tudo isso e, ainda por cima, ter um filho. Enquanto isso a vida vai passando como um sopro... Sabe, meu amor, a vida é como enrolar brigadeiros. A gente se prepara para uma grande festa e esquece de curtir os preparativos. A vida é o que acontece todos os dias, e não o que vai acontecer amanhã. Da próxima vez, vou deixar você comer quantos brigadeiros quiser, tá? E esta noite você não me escapa. Vamos fazer nosso filho. ■ 8 5 altri 58



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