4 minute read
Parauapebas na trilha da sustentabilidade
from Pará+ 260
O município cresce além da mineração e indústria, impulsionando a economia local com investimentos voltados à sustentabilidade
Você já ouviu falar em Parauapebas? Poderia dizer tão somente que é um município do sudeste paraense conhecido, por muitos, como a “Capital do Minério”, onde está localizada a maior mina de ferro a céu aberto do mundo, que possui os maiores índices de Produto Interno Bruto (PIB) e de geração de emprego do Brasil.
Sim! Podemos afirmar que Parauapebas é mesmo uma potência econômica, mas sua economia pujante vai muito além da mineração.
O município de 35 anos enfrenta desafios que facilmente podem ser comparados aos de grandes cidades e, para seguir em pleno desenvolvimento, investimentos estratégicos são essenciais. Parauapebas se prepara para se tornar um município turístico e para isso, a gestão municipal investe em infraestrutura e saneamento que também atraem empresas de diferentes portes nos setores de serviços e mineração.
As obras executadas pelo Programa de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Margens Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap) vão elevar as taxas de coleta e tratamento de água de 8% para 70%, colocando o município entre os 100 mais saneados do país. Recentemente, a prefeitura anunciou a construção de mais 14 km de rede de esgoto na etapa dois das obras no entorno do Igarapé Ilha do Coco, localizados na zona urbana.
Investidores
O Brasil e o mundo olham para Parauapebas e enxergam um município propício para grandes investimentos, que consequentemente geram emprego e renda para a população. O município que está no centro do eixo produtivo do sul e sudeste do Pará, conta com um polo industrial em expansão. Uma das 30 empresas de médio e grande porte instalada no complexo é a Construpav.
“A gente gera empregos aqui dentro do Polo Industrial, na comunidade do Cedere e na sede urbana de Parauapebas. Nós prestamos serviços em Canaã e também na obra de pavimentação asfáltica do governo do Estado”, explica Mateus Campos, encarregado de usina e transporte.
Outra gigante é a XCMG, empresa chinesa que já anunciou investimento em torno de US$ 24 milhões no município. A empresa instalará uma nova unidade da montadora para consolidar a produção de equipamentos destinados, principalmente, aos projetos e operações das mineradoras da região.
A instalação de empresas tecnológicas demanda mercado de mão de obra mais capacitada, e neste aspecto as universidades e instituições de ensino público e privado aproveitam a oportunidade para descentra- lizar suas operações nas capitais, contribuindo para a formação do tripé poderoso do desenvolvimento sustentável: economia, social e meio ambiente.
Parauapebas Mais Verde
A cidade, abençoada por uma abundância de recursos naturais, está explorando de maneira responsável e inteligente esses ativos para contribuições não apenas em seu desenvolvimento econômico, mas também na preservação do meio ambiente. Suas políticas públicas impulsionam a economia e estão alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Parauapebas possui 70% de áreas preservadas gerenciadas de forma integrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Por meio de um Acordo de Cooperação Técnica, que completa 30 anos em 2023, o ICMBio e a Prefeitura de Parauapebas desenvolvem ações de uso sustentável na Floresta Nacional de Carajás.
Entre os beneficiados estão os produtores rurais da região da APA do Igarapé Gelado, que vivem no entorno das áreas protegidas pelo Instituto. Eles recebem apoio técnico da prefeitura, que mantém uma área piloto com Sistema Agroflorestal aberto para pesquisas com alunos de universidades. A iniciativa dissemina boas práticas que contribuem para manutenção da floresta em pé gerando renda para muitas famílias.
“O projeto é muito importante porque abre um leque de opções para que outros professores e alunos desenvolvam trabalhos técnicos e pesquisas científica. Assim, a gente consegue divulgar esse potencial de Carajás para outras regiões do Brasil, para que eles conheçam nossa biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora da região”, disse Beatriz Palheta de Lima, agrônoma.
Ecoturismo
Os investimentos em infraestrutura turística também estão no centro da estratégia de Parauapebas para se tornarem um destino de referência no estado.
O ecoturismo é um segmento que cresce com empreendedores que apostam no turismo de aventura. Os passeios nas rotas proporcionam experiências únicas aos visitantes que contemplam cenários exuberantes. A Rota Carajás, por exemplo, oferece trilhas, lagoas, cavernas, cachoeiras, savana metalófila e o Bioparque.
A Rota das Águas, também muito procurada, conduz os visitantes a balneários e proporciona experiências gastronômicas. Outra atividade que atrai cada vez mais adeptos, principalmente de outros países, é a observação de aves (Birdwatching).
Em Parauapebas, mais de 600 espécies já foram catalogadas e são um verdadeiro atrativo para os apaixonados pela atividade. Entendendo que a natureza é para todos, Parauapebas conta com trilhas inclusivas, onde pessoas com deficiências podem aproveitar os encantos da floresta. O trabalho é resultado da parceria entre prefeitura, ICMBio e Vale. “É uma trilha sensorial onde tem placas de identificação e com o nome das árvores escritos em braile para que o deficiente visual possa chegar, ter o contato e saber ler todas as informações”, comenta Geová Botelho, da Coordenadoria da Pessoa Com Deficiência de Parauapebas.
O município está comprometido em equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente, adotando práticas que promovam a conservação da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais. Dessa forma, Parauapebas não se destaca apenas como um centro econômico regional, mas também como um exemplo inspirador de como o turismo pode ser uma força positiva para a natureza e as comunidades locais.
Bioeconomia
A imensidão da Floresta Nacional de Carajás proporciona renda para famílias que vivem entorno da Flona.
A Coex (Cooperativa dos Extrativistas da Flona de Carajás) trabalha com extração da folha do Jaborandi, da qual são produzidos remédios para glaucoma e câncer. Por ano, cerca de 35 toneladas de folhas são coletadas e comercializadas.
A produção de biojoias em Parauapebas é outro setor que se destaca pela originalidade e pelo seu design exclusivo. Esta prática combina a rica biodiversidade local com a habilidade artesanal da comunidade, resultando em peças únicas que refletem a beleza natural da região.
A diversidade de formas das sementes amazônicas, das fibras naturais e da textura das cascas de árvores são incorporadas de maneira criativa nas peças, resultando em joias que valorizam o que há de mais precioso na floresta.
Iniciativas de agricultura orgânica, extrativismo responsável e produção de alimentos fortalecem a conexão entre a comunidade e os visitantes interessados em boas práticas sustentáveis.
“Estamos nos posicionando de forma efetiva nas questões socioambientais para que cada vez mais a gente possa construir estratégias firmes e de sobrevivência para o nosso planeta”, ressalta o prefeito Darci Lermen.