Revista Autismo nº 19

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MALEFÍCIOS DO CAPACITISMO NOSSO DE CADA DIA

Ilustração: tio .faso -

@seeufalarnaosaidireito

Liga dos Autistas

@liga.dos.autistas

Érica Matos Araújo foi diagnosticada no TEA aos 35 anos; servidora pública, casada com o homem mais engraçado e compreensivo que já conheceu; apaixonada pelos pais; amiga dos irmãos e enteado, adora seriados, documentários investigativos e filmes; aventureira em culinária; amante dos pets da família (2 gatos, 5 cachorros); zoeira com colegas de trabalho (dizem).

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É comum pensar que pessoas com necessidades especiais são incapacitadas para realizar determinadas atividades. Em outras palavras, somos: pobres coitados, vítimas, frágeis, alienados, desprotegidos, inocentes, ingênuos, dentre outros adjetivos negativos e preconceituosos. Mas, é importante que todos, incluindo os próprios deficientes, saibam: deficiência não é algo a ser visualizado com desprezo, com sentimentos de pesar, com descrença, com exaltação exagerada ou até mesmo com a frase típica: Ah! É “especial”! Há deficiências visíveis e invisíveis, ou seja, é possível perceber algumas ao olhar o indivíduo e outras não ‒ a menos que seja dito para conhecimento, esclarecimento. Essas atitudes e falas sociais trazem malefícios e o principal deles é o capacitismo (segundo Lau Patrón, a ideia de que pessoas com deficiência são inferiores àquelas sem deficiência, tratadas como anormais, incapazes, em comparação com um referencial definido como “perfeito”). Tais manifestações são ofensivas e podem gerar malefícios comportamentais bem como sociais ao deficiente.

Incompreensão; dificuldade de aceitação; falta de conhecimento; incapacidade profissional; desvalorizar ou desqualificar a capacidade corporal e/ou cognitiva (aquisição de conhecimento); tratar como “especial”, ou seja, o centro das atenções, exaltar ou duvidar de tudo que a pessoa faça, negar que a pessoa possa ter relacionamento ou filhos, são situações frequentes na rotina e convivência familiar de deficientes. Esses comportamentos acarretam, em alguns, sentimentos de inferioridade, egocentrismo e manipulação, podendo fazer a pessoa querer exclusividade (ou não) em seus direitos e até em relação a outros na mesma condição. Ser preferencial não dá direito a ser arrogante, mal-educado, desrespeitoso e querer ser “o exclusivo” dentre todos os outros que estejam no contexto de preferencial ou não. É inadequado ameaçar, usar de xingamentos, e constranger para ter direitos garantidos. Tenho experiências com capacitismo no dia a dia e, principalmente, em local de trabalho com outros deficientes, mas recentemente a atitude de uma pessoa com


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