C
O
L U
N A
#AutistaEmTodoLugar
POR QUE A MAIORIA DOS MÉDICOS PEDIATRAS NÃO ESTÁ PRONTA PARA DIAGNOSTICAR O AUTISMO?
Pediatria no Autismo
Thiago Castro
Ilustração: Alexandre Beraldo -
drthiagocastro.com.br @dr.thiagocastro
xandeberaldo
é pai do Noah (TEA), médico pediatra, pós-graduando em tratamento do autismo e pósgraduado em emergências e urgências pediátricas.
R EVI STA AUTI SMO
30
Eu já pertenci a essa parcela de médicos e a minha história pode te ajudar a compreender o motivo pelo qual isso acontece. Um médico, e principalmente o pediatra, deveria estar pronto para atender o autismo. Nos anos 2010, lembro-me da grade curricular rica em disciplinas empolgantes para um acadêmico de medicina: farmacologia, imunologia, fisiologia, entre outras. Em meio a tantas matérias havia uma perdida, de não mais de 40 minutos, pouco “interessante”, sobre o transtorno do espectro autista. Durante a especialização em pediatria, aprendemos muitas coisas, mas sobre o autismo o ensino é falho, a base em neurologia foi toda hospitalar: doenças como neurotoxoplasmose, sequelas de meningite, paralisia cerebral e crises epilépticas — conhecimento importantíssimo —, mas lembro de ser muito pouco sobre o TEA.
Recordo-me dos meus primeiros plantões médicos. Houve uma noite em que uma mãe me perguntou sobre seu filho de 2 anos que não falava. A minha resposta foi: “É normal ter atraso, ele ainda tem 2 anos”. Hoje, é exatamente essa atitude médica que mais reprovo. Não tive oportunidade de pedir perdão àquela mãe e carrego um peso em minha memória, ao lembrar do menino. Eu me formei e, como a maioria dos pediatras, meu conhecimento era pífio. Aprendi sobre autismo porque Deus viu em mim um propósito e me permitiu viver o diagnóstico do meu filho e, através dele, fazer diferença na vida de outras famílias. Não desejo que o médico precise viver o diagnóstico em sua própria casa para que possa aprender mais sobre ele. Desejo que a cada dia aumente a conscientização sobre a relevância do pediatra e médico da Unidade Básica