Revista Biomassa BR Ed 34

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Vol. 06 - Nº 34 - Nov/Dez 2017

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Geração de Energia com BIOMASSA foi destaque na MATRIZ ENERGÉTICA em 2017

ISSN-2525-7129



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DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA Empresas, associações, câmaras e federações de indústrias, universidades, assinantes, feiras e eventos dos setores de biomassa, agronegócio, cana-de-açúcar, florestal, biocombustíveis, setor sucroenergético e meio ambiente.eventos do setor de energia solar, energias renováveis, construção sustentável e meio ambiente.

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Rotulagem ambiental para fontes energéticas

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Resíduos sólidos urbanos para geração de Eletricidade

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Entrevista com Leonardo Curionni e Jackson Chirollo da SICES Solar

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Avaliação do Ciclo de Vida e Rotulagem Ambiental para

Fontes Energéticas

Marcelo Langer, Dimas Agostinho da Silva

O

s atuais modelos de desenvolvimento e padrões de vida humana, a alta demanda por produtos de bens e consumos, a necessidade de recursos naturais e a energia para manter as produções industriais e de bens mundiais são as causas da aceleração das mudanças climáticas. A geração e o consumo de energia (elétrica, calorífica e cinética) são os principais fatores contribuintes para o aumento das concentrações dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Esse aumento de concentração dos GEE devido a geração e consumo de Energia gera o questionamento da Sociedade sobre qual fonte de Energia é a desejável e mais sustentável, que causa menor impacto ao meio ambiente e ao bem-estar humano? A extração derivados do petróleo, carvão mineral, gás natural; a mobilização de terras para produção de biocombustíveis; a formação de represas para geração de energia elétrica; a geração de poluentes pela queima de matérias-primas; a emissões de GEE resultantes dos processos de extração, produção e consumo dessas fontes energéticas, podem causar alterações climáticas, degradações ambientais, perdas de biodiversidade e perdas da qualidade de vida local e global. Então, como res-

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ponder aos questionamentos da Sociedade sobre os reais impactos e benefícios das diferentes fontes de energia, renováveis e não-renováveis? Nessa busca pela fonte de energia renovável (desejável ou de baixo carbono), que agrega maiores benefícios e menores impactos à Sociedade e ao Meio Ambiente, Governos e Sociedades têm dúvidas sobre quais são os as fontes energéticas mais eficientes e melhor cumpre com os princípios do Desenvolvimento Sustentável? Como é possível mensurar esses benefícios e impactos? E, como assegurar ao consumidor que a fonte energética, por ele escolhida, é realmente a melhor atende à esses princípios? A oferta mundial de energia De acordo com a Agencia Internacional de Energia (IEA, 2016), durante o período de 1971 e 2014, a produção de energia mundial multiplicou cerca de 2,5 vezes nesse período, passando de 5.523Mtep em 1971 para 13.800Mtep (milhões de toneladas equivalentes de petróleo), desse total, 81,2% correspondia ao uso de fontes fósseis para a geração de energia. Porém, nas últimas quadro décadas esse cenário de produção energética está apresentando mudanças, com as energias oriundas de fontes renováveis (geotérmica, solar, fotovol-



taica e eólica) aumentando suas participações na matriz energética mundial, conforme é possível observar na figura 1, ainda que a participação dessas fontes seja muito baixa (cerca de 1% do total mundial de energia produzida).

O aumento ocorreu principalmente após o ano de 2004, e em 2006, atingiu a autossuficiência, graças aos investimentos nas energias renováveis hidrelétrica e álcool. Porém, ainda há forte dependência aos derivados de petróleo para produção energética, principalmente para transporte e indústria (IEA, 2016). Segundo o World Energy Outlook (2006), o governo brasileiro durante o período de 1980 a 2004 realizou diversas ações nacionais e internacionais para promover o debate mundial sobre as mudanças climáticas e a importância de adotar energias renováveis para mitigar as mudanças climáticas globais e assim aumentar a participação das energias renováveis na matriz energética nacional brasileira.

Contudo, o incremento da produção e consumo de energias não-renováveis determinou um significativo e preocupante aumento nas emissões Figura 1. Mudanças anuais na produção de energia mundial, brasileiras de CO2eq. (equivalentes em dióxido de por fonte de energia. Fonte: Adaptado de IEA (2016). * Inclui turfa e xisto de petróleo como carvão. carbono) passando de 178 (em 1980) para 323Mt ** Inclui energias geotérmicas, solar, fotovoltaicas, eólicas. CO2eq1. Segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC (2016) o dióxido de carbono Para 2015, a IEA previa redução de 0,5% na é o principal gás de efeito estufa (GEE), seguido do produção de energia mundial derivada de fós- metano (CH4) e do Dióxido de Nitrogênio (NO2). seis, continuando como os derivados do petróleo como principal fonte energética, entretanto sua Em 2016, o total de emissões antrópicas assoparticipação em 2015, cairia de 44% para 31% e as ciadas à matriz energética brasileira atingiu 428,95 energias renováveis aumentariam sua participação Mt CO2.eq (milhões de toneladas de dióxido de neste mesmo ano. Todavia, esse aumento não re- carbono equivalente), sendo a maior parte (194,3 presentaria mudanças significativas na composi- Mt CO2.eq) das emissões gerada no setor de transção da matriz energética mundial, e o gás natural portes (BEN, 2016). A intensidade de carbono na se tornaria a maior fonte de energia em 2014 (IEA, economia brasileira foi de 0,15 kg CO2/US$ppp 2016). (World Bank, 2016). Considerando os 10 maiores países produtores de energia, em 2014, a China foi o país que mais aumentou sua contribuição, passando de 7% para 22%, tornando-se responsável pela produção de 3.052Mtep. Em 2014 a produção de energia no Brasil era da ordem dos 303Mtep, sendo responsável por 2% do total mundial de energia produzido em 2014 (IEA, 2016). Em 1971 o Brasil contribuía com 1% do total mundial. Apesar desse percentual brasileiro ser baixo em relação ao mundial, em termos relativos a matriz energética brasileira cresceu de 552,3Mtep (1971) para 2.760Mtep (2014), muito superior ao aumento mundial, para o mesmo período.

O Brasil, em 2016, permanecia apresentando menor taxas de emissão de carbono do que as economias europeias (-11%); 50% menor do que a norte-americana; e, 70% a menos do que a chinesa, de acordo com os dados da IEA de 2014. O setor elétrico brasileiro emitiu, em média, 101,3 kg CO2 para produzir 1 MWh, índice muito baixo quando comparado aos países da União Europeia, EUA e China. Segundo o Balanço Energético Nacional, de 2016, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a oferta energética interna brasileira foi de 260.684x10³tep e as fontes renováveis foram responsáveis por 41,2% deste total ofertado, caracterizando-se como o país com maior oferta de energias renováveis no mundo. A oferta média mundial de energia renovável é de 13,5%.

O aumento ocorreu principalmente após o ano de 2004, e em 2006, atingiu a autossuficiência, graças aos investimentos nas energias renováveis hidrelétrica e álcool... 6

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Nesses valores não estão consideradas as emissões oriundas do uso da terra: desmatamento e mudanças no uso da terra.


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No setor florestal e de geração de energia os selos positivos são os mais utilizados, por empregarem processos de certificação independente de plantações florestais e manejo de florestas nativas. Esse aumento de demanda e oferta brasileira de energia, renovável e não-renovável, associado aos problemas climáticos associados ao aumento das emissões de GEE registrados até 2014 e aos compromissos brasileiros assumidos na Cúpula Mundial do Clima, levou pesquisadores, governo, sociedade e empresários ao seguinte questionamento “Qual a fonte de energia que poderá apresentar maior contribuição para avanços técnicos e políticos capazes de contribuir para o desenvolvimento sustentável nacional e mundial? E considerando os princípios da sustentabilidade e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, qual o sistema de geração, armazenamento e consumo de Energia mais eficiente, de acordo com esses princípios?”

Apesar dos selos positivos serem conhecidos como “selos verdes”, todas essas três categorias de selos compõem os processos chamados de Rotulagem Ambiental e levam em consideração as diferentes etapas de produção de um produto. Entretanto nem todos esses selos consideram em suas avaliações o ciclo de vida total de um produto, desde a exploração das matérias-primas, seu processo produtivo, distribuição, consumo e descarte final.

E para melhorar as certezas dos consumidores em todos os pontos de manipulação e consumo do produto, o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) criou e vem promovendo a técnica de Avaliação do Ciclo de Vida do Segundo Ferraz da UFRRJ (2017) e a COP23 Produto, por entender a necessidade da avaliação (Conferência das Nações Unidas para Mudanças de um produto desde o seu berço (origem da maClimáticas - Conferência das Partes) realizada na téria-prima) até o seu túmulo (reuso, reciclagem, cidade alemã de Bonn neste ano, a biomassa flores- recuperação energética e descarte final). tal pode ser esta fonte e pode integrar efetivamente No setor florestal e de geração de energia os a matriz energética brasileira e mundial, gerando ganhos ambientais, sociais e econômicos. Contudo, selos positivos são os mais utilizados, por emprea fonte de matéria-prima florestal deve ser oriunda garem processos de certificação independente de de plantações florestais certificadas, assegurando plantações florestais e manejo de florestas nativas. sua origem, benefícios e menores impactos. Dentre esses processos estão os selos FSC, A certificação como garantia dos benefícios da PEFC/CERFLOR para a origem da matéria-prima; os selos CE, FSC para sistemas produtivos de probiomassa florestal dutos madeireiros (incluindo biomassa para bioOs selos que atestam os produtos podem ser energia), entretanto, essas ferramentas de gestão não estão elaboradas para gerar resultados numéde três tipos – positivos, neutros e negativos. ricos. E a partir de 1990, surgirão então, as ferramentas de apoio à tomada de decisão: as chamadas Os positivos enaltecem o patécnicas de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para drão de qualidade de um produto, rotulagem e declaração Ambiental dos Produtos, como por exemplo, os selos da ISO, que tomaram força a partir de 2002 com a criação FSC, PEFC/CERFLOR, CE, IBD, do Life Cycle Programme do PNUD e SETAC. PROCEL. Os selos neutros apenas informam características técnicas de Os processos de certificaum produto, por exemplo, material compostos de ção de declaração e rotulagem plástico reciclável. E os selos negativos que inforambiental, estão definidos pelas mam perigos de um produto, como cargas explosinormas ABNT NBR ISO 14020, vas, químicas, transgênicas, radioativas. 14021, 14022, 14024 e 14025 também chamados de RotulaEsses selos são fornecidos por gem Ecológicos Tipos I, II e III, agências certificadoras independentes, assegurando o atendimento de ri- e ABNT NBR ISO 14040 e 14044 que definem os gorosos padrões de produção, conhe- princípios e procedimentos para a técnica de Avacidos como processos de certificação liação do Ciclo de Vida, conforme apresentadas no quadro 1. de empresas e produtos.

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Quadro 1. Relação das Normas técnicas que determinam os processos de Rotulagem e declarações ambientais e a técnica de Avaliação do Ciclo de Vida do Produto.

tiative e que está ganhando maior espaço, força e credibilidade no mercado e na gestão de processos produtivos, devido a sua capacidade de apresentar informações qualitativas e quantitativas relacionadas a cada local de produção e consumo das fontes energéticas; aos aspectos da sustentabilidade (inclusive os culturais, geográficos e tecnológicos); a mensuração e determinação dos resultados com maior precisão e maior certeza para os tomadores de decisão gerencial. A ACV e a Rotulagem Ambiental podem gerar as informações necessárias para garantir qual a fonte energética mais eficiente e que melhor cumpre com os princípios e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Essas ferramentas gerenciais consideram em todas as etapas de produção de um produto, todas as unidades de consumo ambiental, social e econômico (ENTRADAS de processo), todos os impactos gerados pelas emissões sólidas, líquidas e gasosas e todos os benefícios sociais, ambientais e econômicos de um produto (SAÍDAS do processo), realizando esses procedimentos por meio de modelos e métodos de mensuração reconhecidos e aprovados cientifica e internacionalmente.

A Avaliação do Ciclo de Vida e a Rotulagem Ambiental Desde 1990 grandes esforços mundiais vêm sendo aplicados por vários governos e instituições internacionais para controlar os efeitos nocivos do crescimento da população humana mundial e o seu desenvolvimento econômico. Muitas tentativas para limitar as perdas ambientais, humanas e econômicas estão sendo discutidas, planejadas e transformadas em ações globais, contudo as incertezas dessas ações levam a busca de ferramentas mais eficientes para a mensuração correta dos impactos, predição de resultados e construção de cenários futuros. A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta gerencial que vem sendo desenvolvida pela PNUD (UNEP) e SETAC por meio do Life Cycle Ini-

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Desse modo, é possível eliminar incertezas, gerar informações precisas e assegurar resultados positivos para as escolhas dos consumidores, intermediários e finais. A ACV e a Rotulagem Ambiental podem determinar e responder com enorme segurança e precisão qual é a fonte de energia capaz de gerar menor impacto negativo e maior benefício para um consumidor em seu local exato de consumo. As Rotulagens Ambientais dos Tipos I, II e III ainda são adotadas voluntariamente no Brasil, porém, seguindo a tendência dos países industrializados, logo aqui no Brasil a ACV passará a ser obrigatória para os produtos do mercado interno e, bem como, para os produtos de exportação, inclusive já se tem informação e registro de algumas empresas agroflorestais que estão sendo obrigadas a apresentar a ACV de seus processos e produtos. Portanto, o momento é ideal para as empresas brasileiras apresentarem a ACV dos seus produtos.



GASEIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS PARA A GERAÇÃO DE ELETRICIDADE

ASilva, C H. F., Daniel, A. C., Palacio, J. C. E., Lora, E. E. S. chomero@cemig.com.br, alessandra.daniell@cemig.com.br, jocescobar@unifei.edu.br, electo@unifei.edu.br

G O gerenciamento dos custos dos resíduos sólidos deverá aumentar drasticamente (quatro vezes) em países de baixa ou média renda...

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um tratamento alternativo complementar para os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), uma vez que permite a recuperação e reutilização de resíduos de tipo inorgânico, que podem ser comercializados como novas matérias-primas, evitando o consumo de reEm escala global, 70% desses re- cursos adicionais não renováveis para síduos são depositados em aterros produzi-los. sanitários, 19% são reciclados e apeA cadeia de fornecimento das nas 11% são utilizados em tecnologias que permitem o aproveitamento ener- tecnologias WtE fornecem um mégético dos resíduos (Waste to Energy todo para abordar simultaneamente problemas de demanda de energia, -WtE). gerenciamento de resíduos e emissões O gerenciamento dos custos dos de Gases de Efeito Estufa (GEE), para resíduos sólidos deverá aumentar alcançar um Sistema de Economia drasticamente (quatro vezes) em pa- Circular (CES). Em outras palavras, o íses de baixa ou média renda, como CES é baseado em uma filosofia "gaÍndia e Brasil, e será ainda maior em nha-ganha", afirmando que uma ecopaíses de baixa renda (cinco vezes). nomia prospera e um ambiente saudáPortanto, a necessidade de gerencia- vel podem coexistir. A incineração tem sido utilizada mento de resíduos sólidos é muito imcomo método para o tratamento dos portante em uma escala global. As políticas governamentais são RSU (Resíduos Sólidos Urbanos), esatualmente destinadas, em um núme- pecialmente nos países desenvolvidos, ro crescente de países, a reduzir a dis- já que reduz peso e volume de RSU e posição final de resíduos em aterros pode também recuperar energia dos sanitários e em muitas nações estão se mesmos. voltando para tecnologias WtE. Uma das principais limitações da As alternativas comercialmente incineração com recuperação energédisponíveis incluem processos térmi- tica é que sua viabilidade econômica cos, tais como incineração, pirólise e depende do tamanho da planta e sogaseificação e processos biológicos, mente é justificado sua utilização em como a digestão anaeróbica. A reci- capacidades de 500 tRSU/d, o que liclagem também é considerada como mitaria a aplicação desta tecnologia

lobalmente, mais de 4 bilhões de toneladas métricas (mt) de resíduos sólidos são gerados a cada ano por seres humanos, dos quais entre 1,6 bilhões e 2,0 bilhões de toneladas correspondem a MSW (Municipal Solid Waste).


somente em grandes centros urbanos. Baseados nas premissas anteriormente mencionadas foi realizado o projeto “Projeto P&D Cemig GT 418: Gaseificação de Resíduos Sólidos Urbanos para a Geração de Eletricidade” que permitiu a construção de uma planta de gaseificação de RSU, que permite a recuperação energética da energia contida nos resíduos que chegam ao aterro sanitário da cidade de Itajubá-MG. Existem no mundo alguns projetos que realizam este tipo de aproveitamento energético, principalmente no Japão. No entanto, não existe nenhum tipo de projeto semelhante no Brasil, sendo a experiência obtida no projeto de vital importância para a implementação deste tipo de tecnologia no país. Um dos principais benefícios da tecnologia de gaseificação é que ela pode ser potencialmente utilizada em zonas isoladas e/ou em plantas de pequena escala. Além disso, ela pode ser empregada de forma termicamente mais eficiente do que a incineração, porque as temperaturas de operação são menores, consequentemente os poluentes emitidos na gaseificação são menores do que na incineração. Através da realização de uma abordagem teórico/experimental de um sistema de gaseificação de RSU para geração de eletricidade, foi identificado o estado da arte atual das diferentes tecnologias utilizadas no projeto e identificados os principais problemas decorrentes da operação dos mesmos nas condições brasileiras. Através dos modelos de simulação desenvolvidos foi possível validar os resultados experimentais obtidos para os sistemas de gaseificação, e portanto, a obtenção de uma ferramenta de análise teórica que pode auxiliar na análise e desenvolvimento deste tipo de instalações no Brasil. A CEMIG, com este projeto, concretiza seu pioneirismo na implementação de soluções para a recuperação energética dos RSU através de alternativas com menores impactos ambientais que a recuperação energética realizada em aterros a partir do aproveitamento do biogás em Motores de Combustão Interna-MCI. A Figura 1 mostra a planta de briquetagem montada e os briquetes produzidos a partir dos RSU.

Figura 1. Planta de briquetagem dos RSU para produção de CDR.

A Figura 2 apresenta o modelo de simulação construído para a planta e o resultado do balanço energético da mesma.

Figura 2. Esquema de planta de gaseificação de RSU desenvolvida e resultados do balanço energético. Revista Biomassa BR

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Ceará, Terra da Luz, do Sol e dos Ventos

O Ceará é muito conhecido como Terra da Luz, por ter sido o primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão, e também pela referência direta à radiante luz do sol. Pode-se estender a frase para: Ceará, Terra da Luz, do Sol e dos Ventos, considerando-se o grande potencial para aproveitamento das energias renováveis eólica e solar.

Joaquim Rolim – Coordenador do Núcleo de Energia da FIEC

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Estado do Ceará está localizado na região Nordeste do Brasil. Faz divisa, ao norte, com o oceano Atlântico; São 573 quilômetros de litoral. Tem uma área total de 148.886,308 km², o que equivale a 9,57% da área pertencente à região Nordeste e 1,74% da área do Brasil. Assim, o estado do Ceará tem a quarta extensão territorial da região Nordeste. Possui um PIB – Produto Interno Bruto de US$ 39,8 bilhões (2016), 2,2% do PIB total do Brasil. O segmento industrial representa 19,2% do total do PIB total do estado. A Capital do Estado, Fortaleza, é a 5ª maior cidade do Brasil, e detém o maior PIB da região Nordeste do Brasil. Tem uma localização privilegiada; é um dos pontos do Brasil mais próximos da Europa, dos Estados Unidos, da África e do canal do Panamá, com aeroporto operado por uma das maiores empresas mundiais do setor, com grande número de voos internacionais, e infraestrutura portuária diferenciada, permitindo atração de navios post-panamax e integrado a um complexo industrial com a única Zona de Processamento de Exportações em funcionamento no Brasil. Além das imensas belezas naturais, o Estado do Ceará possui condições estruturais e logísticas diferenciadas, um povo trabalhador, que 14 Revista Biomassa BR

gosta de estudar, de aprender e com reconhecida hospitalidade e alegria. Também possui ótima governança no Setor de Energia, pela interação constante entre o Governo do Estado e o Setor Privado, através do Núcleo de Energia da FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará, do Sindienergia/CE e da Câmara Setorial de Energias Renováveis. Importante ressaltar que o Ceará foi pioneiro em diversas ações relacionadas com energias renováveis. Atualmente, as lideranças do Estado buscam aprimorar as condições para o aproveitamento ótimo dos recursos naturais e renováveis, tão abundantes no Estado. Cronologia das principais ações já realizadas no Setor de Energia: 1996 – Foi implantado o Parque Eólico do Mucuripe; 1998 – Foi realizada a 1ª Concorrência Nacional de Energias Renováveis, com a contratação dos parques eólicos da Prainha e Taíba; 2000 – Foi desenvolvido o Atlas Eólico do Ceará, o primeiro do Brasil; 2002 – Inaugurada a fábrica de pás para aerogeradores da Wobben Wind Power, no Pecém; 2003 – O Governo Federal implantou o PROINFA: O Ceará foi o principal estado com 35% do total dos projetos eólicos;

2005 - Lançamento pelo Governo do Ceará do PROEÓLICA; 2011 – Foi implantada a Usina Solar de Tauá (1MW) – a primeira do Brasil; 2012 – Inaugurada a fábrica de pás para aerogeradores da AERIS, no Pecém. Foi ampliada em 2016; 2015 - A ADECE – Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará criou a Câmara Setorial de Energias Renováveis; 2016 - Inaugurada a unidade de produção de aerogeradores da Vestas em Aquiraz; 2016 – Conectada a maior Usina Solar de Geração Distribuída do Brasil, do Grupo Telles, em Aquiraz, com 3 MW; 2017 – Conectadas às duas maiores Usinas Eólicas de Geração Distribuída do Brasil, do Grupo FCGPar, em Aquiraz, com 5 MW cada; O Desempenho do aproveitamento das energias renováveis no Ceará foi muito relevante até 2011, quando atingiu 34,7% da capacidade total instalada de energia eólica em operação no Brasil. A partir de então outros estados também começaram a se destacar. No momento atual, o Estado do Ceará concentra 14,5% das usinas eólicas em operação no Brasil, totalizando 1,75GW, tendo ainda mais 300 MW em construção (10,1% do to-



Figura 1 – Mapa de recurso de vento do Ceará, a 95 m acima do solo

Figura 2 – Matriz Energética do Ceará em 2020

Figura 3 – Atlas de Energia Solar do Brasil

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tal no Brasil) e mais 205 MW contratados (9,1% do total no Brasil). Os empreendimentos em implementação devem propiciar investimentos da ordem de R$ 2,2 bilhões e criação de 7.500 empregos. Pelo PDE – Plano Decenal de Expansão 2026, da EPE – Empresa de Planejamento Energético, do MME – Ministério de Minas e Energia, está prevista a contratação de mais 10GW em usinas eólicas. Considerando-se apenas a manutenção da atual participação, projetamos até 2026 a instalação de mais 1,4 GW, propiciando investimentos de R$ 6,3 bilhões e criação de 21.000 empregos. O Ceará possui um potencial eólico de 80 GW (recentemente divulgado pela Vestas, importante fabricante mundial de aerogeradores), conforme apresentado na figura a seguir, na qual são mostradas as velocidades dos ventos no Estado do Ceará. A escala do lado direito da figura mostra as cores correspondentes às velocidades dos ventos no território cearense, em ordem crescente. A partir da cor verde, são mostrados os locais com aproveitamento economicamente viável para a geração de energia elétrica. Isto corresponde a ventos com velocidade superior a 7 m/s. Importante registrar que a geração eólica de energia pode ser aproveitada tanto na Geração Centralizada, os parques de maior porte, quanto na Geração Distribuída de Energia, aquela na qual cada consumidor pode gerar sua própria energia. O potencial eólico estimado para o Ceará, 80 GW, representa 16% do potencial total no Brasil, estimado pela ABEEólica). 23,8% do potencial eólico do Ceará são providos com ventos de altíssima produtividade, em velocidades de ventos acima de 8,5 m/s. O Estado do Ceará apresentou em 2016 um fator de capacidade médio de 47,6%, bem acima da média nacional que situou-se em 40,7%. Em termos de Geração Centralizada de Energia Solar Fotovoltaica, o Estado do Ceará conta com 240 MW contratados (7,5% do total no Brasil). Considerando-se apenas a manutenção desta participação, projetamos até 2026 (também usando dados do PDE 2026) a instalação de mais 525 MW instalados, propiciando investimentos de R$ 2,1 bilhões e criação de 7.800 empregos. Com isso, a matriz elétrica projetada para 2020, é de predominância renovável, com 56% do total da capacidade instalada, conforme mostrado na figura a seguir: No segmento de GD - Geração Distribuída de Energia, o Ceará apresenta atualmente 21,2 MW em potência instalada,



Figura 4 – Estados com mais conexões em GD (dez/17)

Figura 5 – Estados com mais potência instalada em GD (dez/17)

Figura 6 – Estados do Nordeste - conexões em GD (dez/17)

Figura 7 – Estados do Nordeste – potência instalada em GD (dez/17)

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correspondendo a 10,5% do total no Brasil, ocupando o sétimo lugar no país em quantidade de consumidores gerando sua própria energia, e na terceira posição a nível nacional em potência instalada. A Geração Distribuída de Energia atualmente utiliza essencialmente a geração solar. Neste aspecto, Fortaleza é a única cidade do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes situada dentro do cinturão solar do Brasil, região com índices de irradiação solar diferenciados. Focando o Mercado da Região Nordeste, o destaque do Ceará se amplia, com 30% da quantidade de consumidores que gera sua própria energia, e contando com 55% da potência instalada em GD no Nordeste. Considerando-se a manutenção desta participação atual no mercado de GD do Brasil, projeta-se (usando-se dados do PDE 2026) a possibilidade de se obter mais 338 MW instalados no Ceará até 2026, propiciando investimentos de R$ 1,5 bilhões e criação de 10.100 empregos. Importante ressaltar que esse segmento de Geração Distribuída de Energia é o que gera mais empregos no Setor de Energia, cerca de 30 empregos por MW instalado. Diante desses resultados, mas reconhecendo o potencial do segmento no estado em poder ir muito além, estão sendo desenvolvidas inúmeras ações conjuntas entre o poder público e a iniciativa privada visando ampliar as possibilidades de desenvolvimento para o Setor de Energia no Estado do Ceará. A FIEC – Federação das Indústrias do Estado do Ceará tem sido uma grande incentivadora das energias renováveis e do setor de geração distribuída. Para isto, foram criados núcleos estratégicos para produção de estudos, geração de conhecimento e promoção de parcerias, sendo um deles específico para o Setor de Energia, visando contribuir para o desenvolvimento da cadeia produtiva do setor de energia no Ceará. Definido como um dos 13 setores de maior potencial para a economia do Ceará, o setor de Energia tem merecido especial atenção do Programa para Desenvolvimento da Indústria, inciativa da FIEC, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável da indústria cearense por meio de conjunto de projetos integrados que envolvem ações incisivas para promoção da competitividade, prospecção de futuro, inteligência competitiva e articulação com diversos atores em prol da cooperação para o desenvolvimento industrial, estímulo ao empreendedorismo e à eficiência produtiva. As principais ações identificadas nas Rotas Estratégicas de Energia da FIEC, e desenvolvidas em conjunto com o Governo do



No último dia 08 de dezembro foi assinado o Convênio da FIEC com a ADECE e SEBRAE para a elaboração do Novo Atlas Eólico e Solar do Ceará.

Estado e demais entidades são: a) Avaliação comparativa com os outros estados produtores de energias renováveis e melhorias no Processo de Licenciamento Ambiental; b) Estudo Prospectivo quanto às Redes de Transmissão da Rede Básica de Energia Elétrica do Estado e pleitos junto à EPE – Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia, ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico e ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica para a Melhoria da Capacidade de Escoamento de Energia no Estado; c) Interação com as entidades financeiras para Melhorias no Processo de Financiamento para as Fontes Renováveis, principalmente no segmento de Geração de Distribuída de Energia; d) Mapeamento e a Divulgação da Cadeia Produtiva de Energia em todos os seus segmentos (Formação e Capacitação, Serviços, Consultoria, Fabricação, Produção de Energia, etc); e) Interação Empresas/Academia para o desenvolvimento de projetos de inovação. Uma outra ação muito importante

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refere-se ao desenvolvimento do Atlas Eólico e Solar, através de um projeto conjunto da FIEC com o SEBRAE/ CE, ADECE – Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará e outros parceiros apoiadores deste importante projeto. O Atlas Eólico do Ceará é no ano de 2000. O potencial eólico estimado na época foi de 24,9 GW para torres de 50m. Se percebeu então a necessidade de se elaborar o mapeamento do recurso eólico em alturas maiores, acompanhando os últimos avanços nas tecnologias. No que se refere a mapeamentos de potencial solar, em 2010 foi lançado pela FUNCEME o primeiro Atlas Solarimétrico do Ceará. Apesar da contribuição dada por este Atlas, se percebeu uma necessidade de atualização e aprimoramento das informações fornecidas. Tanto para o Atlas Eólico quanto para o Solarimétrico foi também verificada a necessidade de se melhorar a interação com o usuário. Para isto, está previsto um Simulador Eólico/ Solar voltado para o desenvolvimento de negócios de Geração Distribuída de Energia, segmento formado predominantemente por micro e pequenas empresas, ampliando-se as possibilidades de geração de emprego e renda. Como resultado do mapeamento, serão identificadas com maior precisão e detalhadas as áreas mais promissoras para aproveitamento eólico

e solar no Ceará, estimando-se o potencial energético de geração em cada local, e constituindo-se um insumo indispensável ao desenvolvimento do aproveitamento do enorme potencial energético no Estado. O trabalho deverá também servir de ferramenta para atrair e acelerar investimentos de geração eólio-elétrica e solar-elétrica nas áreas identificadas como mais promissoras. No último dia 08 de dezembro foi assinado o Convênio da FIEC com a ADECE e SEBRAE para a elaboração do Novo Atlas Eólico e Solar do Ceará. A expectativa é já nos próximos seis meses se terem as primeiras informações disponíveis. Importante registrar também a parceria com as Entidades do Setor de Energia. Aqui registramos os trabalhos desenvolvidos pela FIEC, Sindienergia e Câmara Setorial de Energias Renováveis, juntamente com a ABGD – Associação Brasileira de Geração Distribuída e FRG Grupo FRG Mídias & Eventos na organização do CBGD – Congresso Brasileiro de Geração Distribuída, que ocorreu em 2017 na FIEC, tendo sido um sucesso absoluto, com 700 inscritos, 25 expositores e 62 palestras. O CBGD 2018 já está novamente programado para ser realizado no Ceará, com mais intensidade, sendo esperado um sucesso ainda maior.


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OPORTUNIDADE DE NOVO NEGÓCIO APLICANDO BIOMASSA NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO E SUL DA BAHIA EIRAS, Kátia Maria Morais (1); FERREIRA, Vitor (2); SACRAMENTO, Eloiza Silva (2); PEREIRA, Marielle de Oliveira (2) (1)

Profª. Drª. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) (katia.eiras@ufes.br) (2) Graduando em Engenharia de Produção Ceunes/UFES

PALAVRAS-CHAVE: briquetes, empreendedorismo, indústria, madeira, resíduos, aproveitamento.

RESUMO Segmentos industriais que tem a madeira como matéria-prima tendem a gerar resíduos sólidos que, se processados para o uso energético, geram lucro, racionalizam os recursos florestais e reduzem o passivo ambiental [1]. Em 2014, 8,82% da geração de energia elétrica por fontes renováveis foi creditado ao uso de biomassa brasileira [2]. Em 2016, 504 empreendimentos em operação utilizavam a biomassa para geração de 13 milhões em kW, mas apenas 2,84 % eram provenientes de resíduos de madeira [3]. Por outro lado, foi registrado registrou aumento em 168% (US$ FOB) nas exportações de resíduos de madeira transformados [4]. O centro-norte do Espírito Santo e o sul da Bahia são regiões privilegiadas quanto a geração de biomassa florestal - são quase 600 mil hectares plantados para abastecer as fábricas de celulose, madeira serrada e moirões nesta região [5]. O propósito foi investigar e analisar os dados referentes à origem e à disponibilidade de resíduos de biomassa junto aos custos de implantação de uma unidade de fabricação de briquetes no norte do ES. Foram elegidos os fornecedores de matéria-prima e seus potenciais volumétricos de geração de resíduos, com vistas à estimativa de produção de briquetes numa nova planta. Investigou junto aos gestores dessas indústrias, o interesse da respectiva unidade em destinar os resíduos de biomassa para a produção de briquetes. Estimou-se o custo de instalação e realizou-se um estudo do potencial de venda para o mercado, a análise final culminou na proposição de instalação da planta. Foram contabilizadas doze empresas de médio e pequeno porte que, somadas, geram 230 toneladas de resíduo por dia, ainda sem destinação determinada. Estimou-

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-se a produção de 4 toneladas de briquete/hora em duas briquetadeiras cuja capacidade nominal é de 48 toneladas/hora. A pesquisa realizada junto a estabelecimentos comerciais e de cerâmicas mostrou o desconhecimento da alternativa energética na região. O potencial de venda para tais estabelecimentos foi determinado com base nos valores atuais de consumo de lenha (2560 m³/mês) e GLP (388 botijas/mês). Convertendo os dados para lenha e desta para briquete estimou-se economia de R$ 8.000 em lenha ou R$ 18.800 em GLP nesses estabelecimentos. A pesquisa mostra o potencial de instalação de uma nova planta de briquetes e a respectiva absorção do produto industrializado no mercado interno. [1] WIECHETECK, M. Uso de resíduos florestais para fins energéticos. Revista da Madeira, p. 44–52, 2016. [2] EPE - MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Balanço energético nacional - BEN 2015. Brasília: [s.n.]. Disponível em: https://ben.epe.gov.br/ downloads/Relatorio_Final _BEN_ 2015.pdf>. [3] ANEEL. Banco de Informações da Geração (BIG). Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/ aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.cfm. [4] Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, MIDIC, 2016. [5] IBA. Anuário Iba. http://www.ipef.br/estatisticas/relatorios/anuario-iba_2014.pdf


COMPARAÇÃO ENTRE CANA-DE-AÇÚCAR E SORGO SACARINO NA PRODUTIVIDADE DE MEGAWATT POR HECTARE Sandro Ciaramello(1), Luccas Emílio Giachini(1), Raúl Andres Martinez Uribe(2), Gustavo Henrique Gravatim Costa(1) 1 Universidade do Sagrado Coração, Rua Irmã Arminda, 10-50 - Jardim Brasil, Bauru - SP. 2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Tupã, Rua Domingos da Costa Lopes, 780 - Jardim Itaipu, Tupã - SP. *E-mail autor correspondente: san.ciaramello@gmail.com

RESUMO Atualmente o Brasil apresenta elevada demanda por energia elétrica, resultante principalmente do aumento populacional e do avanço tecnológico. Neste sentido, novas fontes de energia, como as usinas termoelétricas devem ser estudadas. Devido ao enorme potencial de produção de eletricidade do nosso país através da utilização da biomassa o setor sucroenergético tem investido em novas matérias-primas, que apresentam elevada produtividade por área, assim como elevado poder calorífico, que pode resultar em acentuada produção de energia. Neste sentido, destaca-se o sorgo sacarino, que apresenta ciclo vegetativo de 3-4 meses e é cultivado em áreas de renovação de canaviais. Além disso, esse contém em sua constituição tecnológica, além de açúcares, elevado percentual de fibra (celulose, hemicelulose e lignina). Desta maneira, o objetivo do trabalho foi comparar a quantidade de energia produzida por hectare de cana-de-açúcar e sorgo sacarino. As amostras de cana-de-açúcar (variedade RB867515) e sorgo sacarino (Genótipo Malibu 2190) foram coletados de áreas experimentais da região de Bauru-SP. Primeiramente, determinou-se em campo a produtividade (tonelada), umidade (%) e tonelada de massa seca (TMS) por hectare das matérias-primas. A seguir, essas foram trituradas até granulometria inferior a 0,2mm, secas em estufa a 65°C

até peso constante, sendo posteriormente avaliado o poder calorífico em calorímetro IKA C2000 basic. A partir desses resultados, determinou-se a quantidade de MW produzido por hectare. O experimento foi inteiramente casualizado, com 2 tratamentos (cana-de-açúcar e sorgo sacarino) e três repetições. Os dados foram submetidos a análise de variância pelo teste F, e as médias comparadas segundo teste de Tukey (5%). Observou-se que o sorgo sacarino apresentou poder calorífico 0,7% maior que a cana-de-açúcar. Entretanto, a cana produziu 16 toneladas de matéria-seca por hectare a mais. Desta maneira, a quantidade de energia (MW) gerada por hectare foi de 241MW para a cana e de 166MW para o sorgo sacarino. Deve-se ressaltar ainda que a realização de duas safras anuais desta nova matéria-prima pode resultar na produção de 27% a mais de energia por hectare. Conclui-se que a cana-de-açúcar produz mais energia por hectare em relação ao sorgo sacarino, considerando-se apenas uma safra de produção. Palavras-chave: bioenergia, poder calorífico, biomassa, calorímetro.

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CARACTERIZAÇÃO E COMPACTAÇÃO DO RESÍDUO MATE DE UMA INDÚSTRIA DE EXTRATOS PARA PRODUÇÃO DE BRIQUETES 1

Maria Clara Vieceli 1; Cristiano Sapelini 2; Ozair Souza 2; Noeli Sellin 2* Departamento de Engenharia Química; 2 Mestrado em Engenharia de Processos, Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, * E-mail: nsellin@yahoo.com.br

RESUMO Visando à produção de briquetes para geração de energia, resíduo de mate gerado no processo de extração de uma indústria de aromas foi caracterizado por análises química aproximada e elementar, poder calorífico superior, densidade aparente e suas propriedades visco-elásticas foram avaliadas sob diferentes temperaturas (30, 60, 90 e 120 °C) e pressões de compactação (60, 90 e 120 Mpa). O resíduo apresentou alto teor de umidade (66,27%), necessitando de secagem prévia para os ensaios de compactação e uso posterior como briquetes. Devido ao poder calorífico elevado (17,1 MJ/kg) e baixos teores de enxofre e nitrogênio apresenta grande potencialidade para uso como biomassa combustível. A temperatura e a pressão exerceram efeitos positivos nas propriedades visco-elásticas do mate durante a compactação. O módulo de compactação e o volume de vazios diminuíram e foram obtidos briquetes densos e de qualidade. Palavras-chave: Biomassa; briquetagem; geração de energia.

INTRODUÇÃO A atual crise energética tornou-se uma séria ameaça para a sustentabilidade do planeta. Além disso, com o aumento da população mundial, é necessária a diversificação de fontes de energia. Esses são alguns dos principais fatores que estão motivando diversos países a migrarem para fontes alternativas de energias e mais limpas, como por exemplo, eólica, solar, biocombustíveis e biomassa (MEKHILEF et al., 2011; TOCK et al., 2010). A biomassa é uma das fontes para produção de energia com maior potencial de crescimento nos próximos anos, e é considerada uma das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e a consequente redução da dependência dos combustíveis fósseis (MAIA, 2013). A melhor forma de aproveitar a biomassa como fonte de energia é transformá-la em briquete a partir de sua compactação, promovendo uma série de vantagens, dentre elas, o aumento da densidade e poder calorífico, além da facilitação de armazenamento e manuseio (SOUZA, 2014). Os briquetes são blocos densos, obtidos a partir da compactação de materiais, com alta densidade energética. Estes podem ser produzidos a partir dos resíduos agroindustriais por

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um processo simples e de baixo custo, sendo transformados em uma excelente fonte de energia, ideal para a substituição de combustíveis fósseis em uso atualmente, com significativas vantagens econômicas e ambientais. Dentre as vantagens da utilização de briquetes destacam-se a redução do desmatamento, em função da substituição da madeira (geralmente empregada) por biomassa, a produção de energia mais barata, a redução do impacto ambiental causado pela grande quantidade de resíduos e a facilidade de transporte e logística da biomassa, pela compactação do material (GENTIL, 2008). No processo produtivo de uma indústria de aromas e extratos, são utilizadas diversas matérias primas de origem vegetal e lignocelulósicas e em grandes quantidades, como o mate, com 104 ton/ano. Após o processo de extração de aromas por meio de solventes específicos, uma parte dos resíduos gerados é geralmente armazenada e submetida ao processo de compostagem, sendo usada como adubo orgânico pela própria empresa no cultivo de diversas culturas. Porém, outra parte é encaminhada a aterros industriais. Visando ampliar o aproveitamento e agregar valor ao resíduo mate, bem como reduzir o impacto ambiental e o desperdício de matérias primas, este trabalho teve como objetivo avaliar a potencialidade do mesmo como biomassa combustível para produção de briquetes e geração de

energia a partir da caracterização física e química e de ensaios de compactação mecânica. MATERIAL E MÉTODOS As amostras do resíduo mate foram obtidas em uma indústria de aromas após o processo de extração empregando água como solvente. Antes desse processo, o resíduo havia sido submetido a pré-tratamentos de tostagem e moagem (partículas menores que 3 mm). Em função do alto teor de umidade, as amostras foram previamente secas a 105 ºC e caracterizadas por análises química aproximada (teores de umidade, materiais voláteis, carbono fixo e cinzas) e química elementar (teores de carbono, hidrogênio, nitrogênio e enxofre), poder calorífico superior e densidade energética. Os ensaios de compactação do resíduo foram realizados em um dispositivo (cilindro-pistão) de aço inoxidável, com aquecimento, adaptado para uma máquina universal de ensaios mecânicos, modelo EMIC DL1000, com célula de pressão TRD28 acoplada a um sistema de aquisição de dados via computador usando o software TESC 3.0. Os ensaios foram efetuados sob diferentes temperaturas (30, 60, 90 e 120 °C) e pressões (60, 90 e 120 Mpa) de compactação. As propriedades visco-elásticas (módulo de compactação, índice de porosidade, densidades crítica e final, energia e taxa de compactação) foram determinadas conforme descrito


em estudos de Faborode e O'Callaghan (1986) e Prá (2016). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão apresentados os resultados da análise química aproximada, teores de umidade (% U), materiais voláteis (% MV), cinzas (%) e carbono fixo (CF%); análise química elementar (CHNS); poder calorífico; e densidades aparente e energética das amostras de resíduo mate antes da compactação.

Segundo Protásio (2012), visando à utilização energética dos combustíveis de biomassa, é desejável alta densidade energética, ou seja, maior quantidade de energia por unidade de volume do material. Os briquetes produzidos Tabela 2 – Propriedades visco-elásticas do resíduo mate. com o resíduo mate apresentaram elevados valores de denEstadual Paulista “Júlio de Mesquita sidade energética, cerca de 500 a 900 sidade Filho”, Botucatu, SP. vezes maiores do que os do resíduo na KALIYAN, R. N. e MOREY, V. Factors affecforma de partículas, considerando os ting strength and durability of densified biodiferentes valores de pressão e tempera- mass products. Biomass and Bioenergy, v. 33, p. 337-359, 2009. tura de compactação. CONCLUSÃO

Tabela 1 – Parâmetros físicos e químicos do resíduo mate.

Pode-se verificar que na medida em que a temperatura aumenta, o módulo de compactação (k0) diminui, devido ao amolecimento da lignina, a qual diminui as propriedades elásticas do material, tornando-o mais plástico e com menor resistência à compactação (TUMULURU et al., 2011; KALIYAN e MOREY, 2009). Verifica-se também um aumento no índice de porosidade, ou seja, diminuição na fração de vazios, para pressões maiores (NDIEMA et al., 2002). A energia de compactação diminuiu com o aumento da temperatura e aumentou com o aumento da pressão, sendo este aumento menor para temperaturas mais elevadas. A temperatura influencia essencialmente no processo energético da compactação e não no processo físico de aglomeração das partículas da biomassa. Temperaturas mais elevadas ocasionam menor resistência do material à compactação, devido ao menor atrito e melhora a fluidez do material, exigindo menor energia para sua compactação (LARSSON et al., 2013). Houve aumento da taxa de compactação com o aumento da temperatura e da pressão, indicando maior facilidade de compactação das partículas.

O resíduo mate apresentou grande potencialidade para uso como biomassa combustível para geração de energia, devido ao alto teor de carbono fixo e carbono, elevado poder calorífico e baixos teores de enxofre e nitrogênio. No entanto, devido ao seu alto teor de umidade, em função de ser usada a água como solvente no processo de extração do aroma, necessita de secagem prévia à briquetagem e combustão. O aumento na temperatura e pressão de compactação ocasionaram melhoria nas propriedades visco-elásticas do material, diminuindo o módulo de compactação e proporcionando briquetes mais densos, devido à diminuição da fração do volume de vazios. AGRADECIMENTOS Ao CNPq e FAP/UNIVILLE pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS FABORODE, M. O.; O'CALLAGHAN, J. R. Theoretical analysis of the compression of fibrous agricultural material. Journal of Agricultural Engineering Research, v. 35, n. 3, p. 175-191, 1986. GENTIL, L. V. B. Tecnologia e economia do briquete de madeira. 2008. Tese (Doutorado) – Curso de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Universidade de Brasília, Brasília, DF. GONÇALVES, J. E. Avaliação energética e ambiental de briquetes produzidos com rejeitos de resíduos sólidos urbanos e madeira de Eucalyptus grandis. 2010. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Univer-

LARSSON, S. H., RUDOLFSSON, M., NORDWAEGER, M., OLOFSSON, I., SAMUELSSON, R. Effects of moisture content, torrefaction temperature, and die temperature in pilot scale pelletizing of torrefied Norway spruce. Applied Energy, v.102, p. 827–832, 2013. MAIA, B. G. O. Valorização de resíduos da bananicultura e da rizicultura na produção de briquetes. 2013. Dissertação (Mestrado) – Curso de Engenharia de Processos, Universidade da Região de Joinville, Joinville, SC. MEKHILEF, S.; SAIDUR, R.; SAFARI A.; MUSTAFFA, W. E. S. B. Biomass energy in Malaysia: Current state and prospects. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 15, p. 3360-3370, 2011. NDIEMA, C. K. W.; MANGA, P. N. e RUTTOH, C. R. Influence of die pressure on relaxation characteristics of briquetted biomass. Energy Conversion and Management, v. 43, p. 2157-2161, 2002. PRÁ, F. B. Avaliação do aproveitamento de folhas ressecadas de bananeira na produção de briquetes por extrusão. 2016. Dissertação (mestrado) – Engenharia de Processos, Universidade da Região de Joinville, Joinville, SC. PROTÁSIO, T. P.; BUFALINO, L.; MENDES, R. F.; RIBEIRO, M. X.; TRUGILHO, P.F; LEITE, E. R. S. Torrefação e carbonização de briquetes de resíduos do processamento dos grãos de café. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.16, n.11, p.1252– 1258, 2012. SOUZA, F. Avaliação da qualidade de briquetes produzidos com seis biomassas agroflorestais por métodos não destrutivos. Tese (Doutorado). Universidade de Brasília - Faculdade de Tecnologia – Departamento de Engenharia Florestal - Brasília, 2014 TOCK, J. Y.; LAI, C. L.; LEE K. T.; TAN K.; BHATIA S. Banana biomass as potential renewable energy resource: A Malaysian case study. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 14, p. 798-805, 2010. TUMULURU, J. S.; WRIGHT, T. C.; HESS, J. R; e KENNEY, K. L. A review of biomass densification systems to develop uniform feedstock commodities for bioenergy application. Biofuels, Bioproducts and Biorefining, v. 5, p. 683–707, 2011.

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SOBRE O FÓRUM GD: O Fórum Regional de Geração Distribuída com Fontes Renováveis é um evento organizado e realizado anualmente pelo Grupo FRG Mídias & Eventos e promovido pela Associação Brasileira de Geração Distribuída - ABGD, associação oficial das empresas do setor como provedores de soluções, EPCs, integradores, distribuidores, fabricantes, profissionais e acadêmicos, que possuem em comum a atuação direta ou indireta na geração distribuída oriunda de fontes renováveis de energia. O Fórum GD possui a parceira e apoio de algumas das principais entidades do setor no Brasil, tendo como objetivo principal tratar exclusivamente dos interesses das empresas de Geração Distribuída com fontes renováveis no país de forma regional. Em 2018 o Fórum focará nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Já em 2019 o evento será realizado na região Norte e Sudeste no país. A Geração Distribuída com Fontes Renováveis tem aumentado sua participação na matriz elétrica nacional de forma expressiva nos últimos anos e possui grandes possibilidades de um crescimento ainda mais acentuado. De olho nesse cenário é que o evento visa ser uma grande oportunidade de reunião estratégica para empresários do setor, possibilitando os mesmos de debaterem e discutirem os melhores rumos para um setor ainda mais forte e competitivo. OBJETIVO: O Fórum GD tem como objetivo reunir a cadeia produtiva do setor de Geração Distribuída com Fontes Renováveis do Sul do Brasil em 2018, incluindo os estados Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O evento irá atuar sob o enfoque de criar oportunidades de negócios, discutir barreiras regulatórias, impedimentos jurídicos, tecnologias inovadoras, novos entrantes e perspectivas de crescimento. PÚBLICO ALVO: O Público Alvo será composto por profissionais e empresários representantes da indústria, comércio e serviços, empresas ligadas ao setor da geração distribuída, energias renováveis, energia solar fotovoltaica, pesquisadores e instituições de ensino, profissionais liberais e interessados no segmento de geração distribuída com fontes renováveis de energia. SOBRE A EDIÇÃO 2018 DO FÓRUM GD – ABGD/ REGIÃO SUL: - 430 participantes 32 Revista Biomassa BR

- Envolvimento de toda cadeia produtiva da geração distribuída com fontes renováveis e energia solar fotovoltaica. - Somente palestras e apresentações, sem exposição! - Participação de empresas de 5 países. - Mais de 50 palestras de alguns dos principais especialistas do setor. - Fechamento de parcerias estratégicas para o desenvolvimento do setor GD no Sul do Brasil ( PR/SC/ RS). - Importantes debates sobre o futuro do setor. - Discussão de gargalos e desafios como: Mão de obra qualificada, capacitação, financiamento, entre outros.

INFORMAÇÕES GERAIS: Data: 17 e 18 de maio de 2018 Local: Hotel Plaza São Rafael Cidade: Porto Alegre - RS - Brasil email: comercial@grupofrg.com.br


REMOÇÃO DE COMPOSTOS NITROGENADOS E FOSFARADOS EM ÁGUA RESIDUAL POR TÉCNICA ADSORTIVA FERNANDES, Larissa Maria1; OLIVEIRA, Maria Clara Faria2; Daniel Costa SANTOS3; Carlos Frederico Silva da Costa Filho 4 1,2 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - campus Francisco Beltrão-Paraná 3 Universidade Federal do Paraná - Curitiba - Paraná Email: lmfernandes@utfpr.edu.br

RESUMO

A água é utilizada constantemente para os mais variados fins, desde o consumo humano até sua utilização em processos industriais. Após seu uso tem-se uma água residual (ou esgoto). Para que essa água residual retorne ao ambiente é necessário um tratamento, sendo que uma das etapas é tratar as altas concentrações de nutrientes como o fósforo e o nitrogênio, que estão presentes por causa de esgotos sanitários, devido aos detergentes superfosfatados e também resíduos de indústrias de fertilizantes. Com intuito de evitar a eutrofização do corpo aquático, que diminui o oxigênio dissolvido e compromete a qualidade de água do corpo hídrico, é que se faz necessária reduzir altas concentrações de fósforo e nitrogênio. A adsorção é utilizada como método de filtração e de purificação de diversos compostos, ocorre uma transferência de massa, onde certos sólidos concentram-se em sua superfície determinadas espécies químicas, separando esses componentes dos fluidos. Um bom adsorvente deve atender a critérios como possuir alta seletividade, alta capacidade de retenção, favorecer o transporte para uma rápida adsorção, possuir estabilidade química e térmica entre outros. O adsorvente estudado é a zeolita, um sólido que faz parte de uma família de alumínio-silicatos hidratados de metais alcalinos e alcalinos-terrosos. O estudo da adsorção em batelada fornece parâmetros de equilíbrio e dinâmica, importantes no estudo em leito fixo. Os testes foram realizados na incubadora. As rotações foram de 0, 50 e 150 rpm na temperatura de 20 e 30ºC. A proporção da á concentração da zeólita em agua cinza foram de 0,5:1, 1:1, 1,5:1, 3:1. O método analítico para quantificação do nitrogênio e do fósforo no teste de batela-

da foi o espectrofotômetro. Os resultados obtidos mostram que quanto maior a temperatura empregada no processo e a concentração de adsorvato, a remoção alcança valores mais elevados, quando comparados a temperaturas mais baixas e menores concentração do adsorvato. É possível observar que para os compostos nitrogenados a variável agitação tem a maior importância em relação as demais, e tem o comportamento linear. O aumento da concentração da zeolita também apresentou um comportamento linear em relação a variável resposta, mas com impacto menor na resposta. Em relação aos compostos fosforados, a rotação e a concentração apresentaram um comportamento quadrático, importante em relação a variável devido a compatibilidade de ions fosfato e nitrogênio com a superfície da zeolita utilizada. A coluna em leito fixo é composta de uma coluna em que partículas do adsorvente, com características específicas, são colocadas em contato com a solução a ser tratada. A coluna foi projetada com PCV com diâmetro de 50 mm e altura de 60 cm. Dentro da coluna utilizou-se zeólita entre telas fixas, seguidas de esperas de vidro. As vazões foram ajustadas a cada coleta de amostras. Os testes de concentração de fósforo e nitrogênio foram por meio de titulação. Os resultados obtidos indicam que com uma menor vazão a adsorção porque a água permanece um maior tempo em contato com o adsorvente, possibilitando uma maior remoção. Avaliou-se também que a zeólita funciona bem na remoção de compostos fosfatados e nitrogenados. PALAVRAS-CHAVE: adsorção, batelada, leitofixo, purificação, esgoto.

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Entrevista

A Revista Biomassa BR traz um especial com a opinião dos principais empresários dos setores de Energia Solar Fotovoltaica e Geração Distribuída no Brasil.

Os entrevistados são LEONARDO CURIONNI e JACKSON CHIROLLO da “SICES SOLAR” principal provedora dos setores GD/FV no Brasil. Revista Biomassa BR - Desde o princípio do movimento do setor de Energia Solar Fotovoltaica e de Geração distribuída no Brasil, a SICES tem demonstrado que veio para buscar sempre a liderança e excelência. Como a empresa chegou neste patamar? - Com pioneirismo, transparência e inovação. A Sices sempre acreditou no potencial do mercado de Energia Solar Fotovoltaica no Brasil. Com isso desde o início da Regulamentação do Setor em 2012 (REN 482), tem investido na qualidade de seus produtos e serviços. Buscamos inovação absoluta nos produtos e serviços que oferecemos, garantindo vanguarda e maior competitividade a nossa rede de clientes e parceiros. Com o aumento de nosso Market Share, sentimos o tamanho de nossa responsabilidade no desenvolvimento desse mercado e temos trabalhado nisso sempre inovando, e investindo em tecnologia e atendimento. Somos hoje um verdadeiro provedor de soluções e não mais um simples distribuidor. Com isso conseguimos prover soluções que alavancam os negócios de nossos par34 Revista Biomassa BR

ceiros e clientes, transmitindo a eles do brasileiro? e ao consumidor final tranquilidade e confiança para implementação de As vantagens e benefícios em operar junto à SICES Solar são inúmeras seus projetos. e determinantes para o sucesso na Assim a SICES Brasil tornou-se a lí- implementação dos Sistemas Foder no mercado de geração distribu- tovoltaicos. O que contribuí para o ída, com fornecimento de Sistemas crescimento e bom desenvolvimenFotovoltaicos completos para apli- to de renomadas empresas integracações conectadas à rede em qual- doras em todo Brasil que contam quer porte, inclusive personalizan- conosco. do cada Sistema FV “on Demand” a cada cliente e parceiro e adaptando Dentre as soluções e diferenciais às mais variadas aplicações, aten- hoje estão: dendo com as melhores soluções • Todos os Sistemas Geradores técnicas e utilizando as melhores Fotovoltaicos contam com Semarcas, referências mundiais. guro de Risco de Engenharia e montagem no canteiro já inRevista Biomassa BR - Nos fale um cluso nos equipamentos SICES pouco sobre as soluções e diferenSolar. ciais da SICES SOLAR para o merca-


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• Gerenciamento financeiro e logístico centralizado, objetivando maior rentabilidade em suas operações, evitando acúmulo de funções na organização interna e eliminando pagamentos de impostos não recuperáveis e acumuláveis, Revista Biomassa BR

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dimento em campo e sob solicitação ate mesmo um projeto personalizado. • Redução de tempos e custos na entrega dos equipamentos aos clientes, evitando desgastes com fluxos logísticos internacionais e processos burocráticos para cada produto que compõe um Sistema FV. • Redução da estrutura organizacional interna dos Integradores, focando a equipe na sos clientes, porém ressaltamos em seu processo de vendas e que a Sices Solar tem o objetivo de alavancar seus parceiros e clientes. fechamentos de contratos. E que em 2018 trabalharemos ain• Assistência Técnica própria da mais neste sentido. Nosso foco com toda infra estrutura, dos não é o cliente final. Estamos direequipamentos fornecidos pela cionando nossos esforços para os integradores, eles sao nossos maioSices; res projetos. Assim o que podemos • Departamento de Suporte para dizer é que vamos fechar 2017 entregando mais de 100 MWp e fatufinanciamentos de projetos. ramento superior a 200 milhões de • Soluções personalizadas para reais em geração distribuída. Um projetos acima de 1MW: ope- número bastante expressivo em reracional, tributária, importa- lação ao desenvolvimento do merção, logística, projeto prelimi- cado de energia solar fotovoltaica. nar e parcerias TurnKey. Em relação a 2018 esperamos fe• Plataforma de Monitoramen- char com um faturamento de 450 to gratuita, no qual permite milhões. gerenciamento de todas as usinas dos integradores. In- Revista Biomassa BR - Quem são dependente de terem inver- os principais parceiros da empresa sores diferentes, conseguirão para fornecimento das soluções SImonitorar tudo em um único CES Solar? ambiente. Com emissão de relatórios técnicos e financeiros. Nossos principais parceiros para fornecimento de nossas soluções são • Plataforma Comercial e Téc- marcas já consolidadas no mercado nica gratuita. Essa plataforma e equipamentos de linha premium permite fazer desde o dimen- dos quais citamos algumas delas : sionamento do projeto até a • Canadian Solar; proposta comercial final do cliente. Ainda permite aos par• JA; ceiros e clientes formatarem suas cotações e automatiza• Fronius; rem suas compras com a Sices. Revista Biomassa BR - Quantos projetos em média, e quantos em (Mega Watts) a empresa instalou em 2017? Em qual a projeção para 2018?

• ABB; • Sungrow; • K2 System.

zados pela empresa? Hoje contamos com este diferencial que pode ser traduzido em segurança e tranquilidade no que se diz respeito a implementação de uma usina solar fotovoltaica, os seguros. Contamos hoje com 3 seguros: - SEGURO DE RISCO DE ENGENHARIA E MONTAGEM – Seguro contra danos materiais ocasionados à própria obra/ instalação por durante todo o período de implementação da usina: • Incêndio ; • Desmoronamento; • Queda acidental; • Vendaval • Granizo • Outras situações causadas durante a execução das obras de montagem do Sistema Solar Sices . Tudo em conformidade com as Condições Gerais e Especiais desse seguro. - SEGURO SICES SOLAR DE RESPONSABILIDADE CIVIL DE OBRAS – Seguro que garante os danos materiais e corporais causados a terceiros durante a execução da montagem do Sistema Solar Sices . Tudo em conformidade com as Condições Gerais e Especiais desse seguro.

- SEGURO SICES SOLAR ALL RISKS O ano de 2017 foi engrandecedor Revista Biomassa BR - Comente um – Comtempla a cobertura de quaispara a Sices Solar. Fizemos inume- pouco sobre o seguro SICES Solar quer eventos em relação a Usina ros projetos em parceria com nos- para os equipamentos comerciali- já implementada pelo período de 36 Revista Biomassa BR


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1 ano podendo ser renovado, por exemplo: • Incêndio; • Raio ou explosão de qualquer natureza; • Danos elétricos; • Roubo ou furto qualificado • Vendaval; • Granizo; • Outras situações previstas em apólice.

• Capacitação em Técnicas de Vendas Consultivas em Energia Solar Fotovoltaica.

Revista Biomassa BR - A SICES Solar tem um compromisso todo especial no que se diz respeito a formação e (Saiba mais em qualificação de mão de obra. Nos www.ctsicestaticas.com.br) fale sobre o Centro de Treinamento da empresa, que é considerado o Temos ainda outro projeto nessa maior do Brasil? área de capacitação, a Rota Solar. Um projeto idealizado pela Sices, A Sices tem um compromisso com o Academia Solar e Táticas Educação crescimento sustentável do merca- Corporativa, sendo a primeira iniciado de Energia Solar FV em Geração tiva organizada em escala nacional Distribuída no Brasil. Para isso acon- para levar conhecimento e informatecer, é fundamental o investimen- ção às principais capitais do país . to na capacitação da mão de obra e dos profissionais que ingressam no (saiba mais em setor. Com isso montamos o Primeiwww.rotasolar.com.br) ro Centro de Treinamento Sices na cidade de Belo Horizonte MG (esta- Revista Biomassa BR - Quais as do que mais se destaca no desenvol- principais novidades e lançamenvimento desse mercado). O CT Sices tos da SICES Solar para 2018? se destaca pela infraestrutura toda elaborada para o aprendizado lúdi- Sobre isso vamos preferir manter co de seus alunos. Contando com sigilo por enquanto, afim de não laboratórios externos e internos , gerar ansiedade no mercado e em salas de aula com toda estrutura de- nossos parceiros e clientes antes do dicada ao tipo de capacitação e es- tempo. Mas todos sabem que muipaço para convivência e networks. ta coisa boa está por vir e ninguém Com todos os cursos formatados perde por esperar. Sobre tudo vale por profissionais com sólida experi- ressaltar que nossa estratégia para ência e acompanhados por pedago- o próximo ano esta em fortalecer gos elaborando um aprendizado de o integrador. Fazendo com que o forma lúdica, apropriada ao apren- cliente final entenda a necessidade dizado de adultos. Em relação aos de ter um parceiro que use producursos, conta hoje com 3 Cursos: tos e soluções Sices Solar. Que 2018 seja um excelente ano para todos. • Capacitação em Dimensionamento, Projeto e Gestão de Usinas Fotovoltaicas com carga horária de 24 horas; • Capacitação em Instalação, Comissionamento e Manutenção de Usinas Fotovoltaicas; 38 Revista Biomassa BR

| Associado Fundador

A SICES TEM UM COMPROMISSO COM O CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DO MERCADO DE ENERGIA SOLAR FV E GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO BRASIL


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