Revista Biomassa BR Ed 41

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Vol. 06 - Nº 41 - Jan/Fev 2019

www.revistabiomassabr.com

INCENTIVOS AS ENERGIAS RENOVÁVEIS IRÃO

IMPULSIONAR AINDA MAIS A GERAÇÃO DE

ENERGIA COM BIOMASSA

ISSN-2525-7129



Índice

Expediente

www.revistabiomassabr.com EDIÇÃO Grupo FRG Mídias & Eventos JORNALISTA RESPONSÁVEL Thayssen Ackler Bahls MTB 9276/PR GERÊNCIA Bianca Ramos DIREÇÃO COMERCIAL Tiago Fraga COMERCIAL Cláudio F. Oliveira CHEFE DE EDIÇÃO Dra. Suani Teixeira Coelho CONSELHO EDITORIAL Javier Escobar ― USP, Cássia Carneiro ― UFV, Fernando Santos ― UERS, José Dilcio Rocha ― EMBRAPA, Dimas Agostinho ― UFPR, Luziene Dantas ― UFRN, Alessandro Sanches ― USP, Horta Nogueira ― UNIFEI, Luiz A B Cortez ― Unicamp, Manoel Nogueira ― UFPA, Vanessa Pécora ― USP SUPERVISÃO Eliane T. Souza, Cristina Cardoso REVISÃO Maria Cristina Cardoso DISTRIBUIÇÃO Carlos Alberto Castilhos REDES SOCIAIS Matheus (WEB CONECTE) EDIÇÃO DE ARTE E PRODUÇÃO Gastão Neto - www.vorusdesign.com.br COLONISTAS/COLABORADORES Cláudia M. T. Rocha, Suani T. Coelho, Diogo Lorenzetti, Pedro Bet, Mauren G. B. Retto, Bianca M. Barbosa, Humberto F. de Siqueira, Carlos M. S. da Silva, Welliton L. Cândido, Fernando J. B. Gomes, Amélia G. Carvalho, Alex R. de Aguiar, Angélica de C. O. Carneiro, Jorge L. Colodette DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA Empresas, associações, câmaras e federações de indústrias, universidades, assinantes, feiras e eventos dos setores de biomassa, agronegócio, cana-de-açúcar, florestal, biocombustíveis, setor sucroenergético e meio ambiente.eventos do setor de energia solar, energias renováveis, construção sustentável e meio ambiente. VERSÕES:

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2019 deverá ser um ano incrível para o setor de Biomassa no Brasil! As diversas opções e variedades de geração de energia com biomassa tem aumentado a participação desta fonte da matriz energética nacional. Tudo indica que o setor de Pellets, cana de açúcar, biogás, terão suas participações incrementadas e aumentadas no que diz respeito a representatividade nas energias renováveis. A falta de políticas públicas ainda dificulta este crescimento, mas o setor já deu sinais de que vai se manter no topo! Tiago Fraga CEO – Grupo FRG Mídias & Eventos

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Considerações sobre o Potencial e limitações do uso da Biomassa para geração de energia

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Entrevista com Pedro Bet “PHB Solar”

CONTATO: Curitiba - PR - Brasil +55 (41) 3225.6693 - (41) 3222.6661 E-MAIL: comercial@biomassabr.com - comercial@grupofrg.com.br PARA REPRODUÇÃO PARCIAL OU COMPLETA DAS INFORMAÇÕES DA REVISTA BIOMASSABR É OBRIGATÓRIO A CITAÇÃO DA FONTE.

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Sistema de compensação de energia elétrica

A Revista Brasileira de Biomassa e Energia é uma publicação da OS ARTIGOS E MATÉRIAS ASSINADOS POR COLUNISTAS E OU COLABORADORES, NÃO CORRESPONDEM A OPINIÃO DA REVISTA BIOMASSABR, SENDO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DO AUTOR.

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Artigo

Análise do potencial e limitações do uso de biomassa para geração de energia em municípios com baixo índice de desenvolvimento humano (IDHM): estudo de caso Bahia e São Paulo Cláudia M. Treumann Rocha1*; Suani Teixeira Coelho1 1 – Grupo de Pesquisa em Bioenergia (GBio), Instituto de Energia e Ambiente (IEE), Universidade de São Paulo. * ctreumann@usp.br

RESUMO O desenvolvimento da civilização humana sempre esteve ligado à apropriação de energia pelo homem e o uso dessa energia trouxe impactos sociais, econômicos e ambientais às populações. Nesse processo, surgem desigualdades econômicas e sociais, que podem ser refletidas pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A biomassa, utilizada como primeira fonte de energia pelos seres humanos, é novamente importante e o uso de biomassa residual é visto como uma alternativa para a geração de energia renovável, colaborando para reduzir os problemas ambientais com a disposição incorreta dos resíduos. Utilizando a metodologia desenvolvida para o estudo anterior do projeto BREA (em Português: Resíduos de Biomassa como Fonte de Energia para Melhorar o Acesso à Energia e Atividade Econômica Local nas Regiões do Baixo IDH Brasil e Colômbia), o objetivo deste trabalho é verificar o potencial e limitações para o uso de biomassa residual para geração de energia para melhorar os padrões de vida. Será desenvolvido através de um estudo de caso comparativo entre dois municípios com baixo IDH: Itapicuru (BA), com IDH 0,486 e Ribeirão Branco (SP) com IDH 0,639. A avaliação da disponibilidade de biomassa residual e a estimativa do potencial de geração de energia a partir dos resíduos existentes permitirão o aumento do acesso à energia. O maior acesso à energia melhorará as atividades produtivas locais, com menores emissões de CO2 e melhor disposição do lixo, com impactos positivos no IDH dos municípios e redução da desigualdade social. Ao final, os resultados permitirão o desenvolvimento de um modelo para ser utilizado em outros municípios com baixo IDH no Brasil e em outros países em desenvolvimento. Neste artigo, serão apresentados os primeiros resultados obtidos pelos pesquisadores. Palavras-chave: biomassa residual, energia, qualidade de vida.

1. INTRODUÇÃO A história do homem na Terra se confunde com a apropriação da energia feita por ele de acordo com suas necessidades que se modificaram ao longo dos vários estágios de desenvolvimento da civilização, desde as sociedades caçadoras-coletoras, se modificando com a revolução agrícola e posteriormente com a industrial. A utilização de combustíveis fósseis possibilitou avanços tecnológicos com reflexos econômicos, sociais e ambientais e, com isso, todas as dimensões da vida humana sofreram impactos (GOLDEMBERG & LUCON, 2012). Surge nova ordem política, social e econômica no mundo, contribuindo bastante para a injustiça e desigualdade social. A sociedade moderna faz diferenciação entre ricos e pobres na utilização da energia. A desigualdade no mundo pode ser avaliada de várias formas, entre elas pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que considera indicadores em três dimensões: saúde, escolaridade e renda.

senvolvimento Sustentável (ODS), mais da metade tem participação direta da energia e o acesso universal à energia é fundamental (ONU, 2015; SE4ALL, 2011). O objetivo deste estudo, ainda em andamento e tema da minha pesquisa de doutorado, é verificar o potencial e as limitações do uso de biomassa residual na geração de energia complementar para elevação da qualidade de vida, através de um estudo de caso comparativo entre dois municípios com baixo IDH: Itapicuru (BA), com IDH 0,486 e Ribeirão Branco (SP) IDH 0,639 (UNDP, 2018). 2. METODOLOGIA

A coleta de dados foi feita em etapas: a primeira baseada em dados secundários de sítios eletrônicos (dados geográficos, econômicos, sociodemográficos, ambientais, entre outros) e de dados extraídos do projeto BREA – Biomass Residues as Energy Source to Improve Energy Access and Local Economic Activity in Low HDI Regions os Brazil and Colombia, financiado pelo GNESD - Global Network in Energy for Sustainable Development, situado em O Brasil, atualmente em 79° lugar (IDH: 0,754), pos- Kopenhagen, executado numa parceria entre o Grupo de sui grandes desigualdades regionais, socialmente constru- Pesquisa em Bioenergia – Gbio (IEE/USP), o Instituto Alída a partir da condição de Colônia de Portugal, em 1500 berto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de En(UNDP, 2018). Tratando-se de ingrediente essencial para genharia (COPPE/UFRJ), o Centro Brasileiro de Energia e o desenvolvimento, a dependência entre IDH e energia é Mudanças Climáticas (CBEM), o Instituto Energia e Deconfirmada pelo fato de que, dentre os Objetivos de De- senvolvimento Sustentável (INEDES) e com a Universidad 4

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de La Sabana (Colômbia) e coordenado no Brasil pela Profa. Dra. Suani Coelho, e serviu de base para a metodologia deste estudo (GNESD, 2015). A segunda etapa foi feita através de visita aos municípios da pesquisa, com entrevistas a munícipes, observação estruturada e registro fotográfico da realidade. As visitas foram realizadas em Itapicuru, município do nordeste baiano, distante 250 km da capital – Salvador, possuidor do menor IDHM do estado da Bahia em dezembro/2018 e em Ribeirão Branco, município do sul do Estado de São Paulo, distante 230 km da capital paulista e com o menor IDHM do Estado em Abril/2018 (Google maps, 2017). A proposta é fazer levantamento da disponibilidade de resíduos e as condições de acesso à energia elétrica nos municípios, identificando as melhores alternativas para geração de energia (combustão direta, gaseificação ou digestão anaeróbica), entendendo a percepção da sociedade local sobre dificuldades e benefícios, avaliando impactos ambiental, social e econômico em decorrência do aproveitamento energético dos resíduos de biomassa (enquanto energia renovável) existentes no município e verificando barreiras existentes com propostas políticas adequadas para sua implementação. Ao final do tratamento dos dados e análise dos resultados, partindo do levantamento da disponibilidade de biomassa residual, busca-se traçar possibilidades para e geração de energia permitindo eletrificação e melhoria das atividades produtivas locais, redução na emissão de CO2 e melhor disposição do lixo, impactando positivamente o desenvolvimento humano dos municípios estudados. 3. RESULTADOS 3.1 Caracterização dos municípios

3.2 Produção Agropecuária nos Municípios Dentre as pessoas com 18 anos ou mais, que estavam ocupadas nos municípios em 2010, percebe-se a vocação para o agronegócio nas duas cidades, seguida com certa folga pelo setor de serviços. Resíduos agrícolas são importante fonte de biomassa e a criação de animais, sejam para abate, produção de leite, ovos, ou como matrizes, geram resíduos (sólidos e líquidos) que também podem ser aproveitados para geração de energia. Vê-se nas tabelas 2 e 3, a produção agropecuária (lavoura permanente e temporária) dos produtos mais significativos para os municípios estudados.

Em visita de campo aos dois municípios, em 2018, foi possível visualizarmelhor a qualidade de vida oferecida Itapicuru, designado município em 1728, situa-se no aos munícipes, pela condição insuficiente de infraestrutunordeste baiano e faz divisa com Sergipe. Ribeirão Branco ra nas áreas de saúde e educação. tornou-se município em 1906 e está localizado na região fisiológica do Paranapiacaba. Dados apresentados na tabeCom relação à renda, o país enfrentou muitas dificulla 1. dades econômicas nas últimas duas décadas do século XX, com alta inflação e endividamento, o que penalizou muito Em Itapicuru, embora a população seja bem distribu- a população pobre. Embora seja um país com muitos reída em termos de gênero, há grande predomínio de habi- cursos naturais e humanos, trata-se de um país de pobres. tação na zona rural, o que, juntamente com a densidade A herança de injustiça social de uma sociedade excludente, demográfica, dá indicativos das dificuldades para ações tem ainda como desafio permitir acesso a parte de sua povoltadas à elevação da qualidade de vida da população. Já pulação às condições mínimas de dignidade e cidadania. em Ribeirão Branco, a dispersão populacional também é A instabilidade econômica e política teve seus efeitos, ora bem distribuída em termos de gênero, e há grande número positivos, ora negativos, fazendo os indicadores de pobrede moradores na zona rural, denotando característica eco- za oscilarem. Se a partir do ano 2000 os programas sociais nômica dos municípios voltado ao agronegócio. aumentaram a distribuição de renda, a situação político-econômica dos últimos anos fez o país regredir (BARROS et Embora tenha havido crescimento do IDHM, uma al, 2000; SANTOS, 2017). tendência nacional, na dimensão longevidade ainda se vê desigualdade. A dimensão renda apresenta grande defaO aumento da oferta de energia, através do aproveitasagem, mas é na educação que o contraste entre os dois mento da biomassa residual, pode proporcionar melhores municípios é mais significativo, embora esta dimensão seja índices de oferta de energia. O programa Luz Para Todos uma dificuldade nacional. Neste caso, o indicador possui (LPT), lançado pelo Governo Federal em 2003, pretendia grande inércia, uma vez que as pessoas mais velhas têm promover acesso à eletricidade a populações rurais (apropeso importante, e as iniciativas positivas em educação ximadamente dois milhões de habitantes) até 2008. Com vão mostrar resultado apenas com o passar dos anos. as dificuldades encontradas, o programa foi prorrogado 6

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adequados de iluminação, água potável, cuidados com a saúde, comunicação além de educação e renda. A biomassa “moderna” (biogás de aterros, bioetanol e biodiesel) por sua vez, também é fonte renovável de energia, sendo que a utilização de resíduos através de tecnologias aperfeiçoadas coloca a biomassa residual (proveniente de resíduos agrícolas e orgânicos, rurais e urbanos) como importante fonte para geração alternativa de energia, devido ao seu custo quase nulo (resíduos são subprodutos de outros processos) e disponibilidade por serem gerados em meio urbano (material de aterros, resíduos de podas, esgotamento sanitário, entre outros) ou rural ( resíduos agrícolas e dejetos de animais) (GOLDEMBERG & LUCON, 2012). Outra questão, onde o uso desses resíduos deve ser cogitado, é a ambiental pois a disposição desses materiais, tanto urbanos como rurais, torna-se de difícil equacionamento, principalmente para municípios pequenos e sem recursos para seu tratamento e disposição adequada, causando invariavelmente problemas como contaminação dos recursos hídricos e do solo, além de serem propícios à propagação de agravos à saúde (GOUVEIA, 2012).

para término em 2011 e posteriormente para 2018. Resultados oficiais mostram um percentual de mais de 99% da população urbana (dados A BIOMASSA “MODERNA” (BIOGÁS DE ATERROS, nacionais) e 15,6 milhões de moradores de zonas rurais BIOETANOL E BIODIESEL) POR SUA VEZ, TAMBÉM com acesso à energia elétrica, com 92,9% dos beneficiados É FONTE RENOVÁVEL DE ENERGIA, SENDO do programa relatando aumento na qualidade de vida, QUE A UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS ATRAVÉS ratificando a percepção sobre o tema (BRASIL - MME, DE TECNOLOGIAS APERFEIÇOADAS COLOCA 2017).

Assim, a utilização de biomassa residual, além de possibilitar a geração complementar de energia, corroboraria na disposição desses resíduos que são potenciais agentes causadores de problemas ao ecossistema (PAVAN, 2010), sendo então uma possível solução para municípios pobres melhorarem seus indicadores de qualidade de vida, entre eles seu IDHM.

A BIOMASSA RESIDUAL (PROVENIENTE DE O acesso à energia tem um peso crítico no desenvolO uso da biomassa para vimento econômico para mi- RESÍDUOS AGRÍCOLAS E ORGÂNICOS, RURAIS geração de eletricidade tem nimizar a pobreza energética como principais vantagens que é um flagelo mundial. E URBANOS) COMO IMPORTANTE FONTE PARA as baixas/nulas emissões de Mas a que preço essa energia gases efeito estufa (principalchega aos municípios, princimente se for residual), melhoGERAÇÃO ALTERNATIVA DE ENERGIA... palmente os que apresentam res práticas agroindustriais, uma situação tão desfavorágeração de empregos, diversivel, é a grande questão. A oferta de energia deve ser discu- ficação da matriz energética entre outros. Por outro lado, é tida sob diferentes pontos de vista: uma coisa é ter energia preciso avaliar os custos de produção e transporte da biopara cobrir necessidades básicas, como para iluminação, massa até o local da geração de energia (caso não sejam os cocção e aquecimento, que demanda entre 50 e 100 kWh mesmos), as limitações tecnológicas decorrentes da eficiper capita por ano. A partir dessa fase, as pessoas começam ência de conversão energética da biomassa envolvida que a demandar por mais energia para satisfazer outras neces- pode ser tão baixa a ponto de comprometer a viabilidade sidades advindas do desejo por máquinas e equipamentos econômica, e, por fim, a questão da sustentabilidade envolalimentados à energia, como utensílios domésticos e apa- vida no processo, olhada sob o ponto de vista ambiental, relhos para comunicação entre outros, sendo o aumento social e econômica (WALTER & NOGUEIRA, 2008). dessa demanda então um novo problema a ser solucionado. A demanda para energia “produtiva”, utilizada para A próxima etapa do estudo é calcular o quanto de processos agrícolas e irrigação, produção de artesanato, energia seria possível se obter com o aproveitamento da alimentos regionais entre outros consome entre 500 e 1000 biomassa residual, escolhendo as melhores tecnologias kWh per capita por ano (COELHO et al., 2015). Partin- para cada caso (combustão direta, gaseificação e digestão do do acesso à eletricidade, é possível proporcionar níveis anaeróbica), permitindo eletrificação e melhoria das ativi8

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dades produtivas locais, impactando positivamente o desenvolvimento humano desses municípios estudados. Espera-se, também, identificar as dificuldades econômicas, técnicas, políticas e geográficas para esse aproveitamento, propondo algumas alternativas para a geração de energia a partir da biomassa residual, apontada como alternativa para contribuir com elevação de IDH, permitindo maior acesso à energia para usos produtivos, redução na emissão de CO2 e melhor disposição do lixo. 4. CONCLUSÕES Este artigo é parte da Tese de Doutorado em andamento, intitulada “Análise do potencial e limitações do uso de biomassa para geração de energia em municípios com baixo índice de desenvolvimento humano (IDHM): estudo de caso Bahia e São Paulo”. São apresentados aqui os primeiros resultados e, ao final, espera-se trazer alternativas para geração de energia complementar através da biomassa residual, elevando a qualidade de vida das populações de municípios com baixo IDHM. Agradecimentos: Os autores desse artigo agradecem o apoio da Shell Brasil e FAPESP por meio do “Research Centre for Gas Innovation – RCGI” (FAPESP Proc. 2014/50279-4), promovido pela Universidade de São Paulo – USP e com apoio financeiro da Capes. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. 5. REFERÊNCIAS

GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. Energia, Meio Ambiente & Desenvolvimento. 3. Ed. São Paulo: EDUSP, 2012. 400 p. GOOGLE. Google Maps. Disponível em: < https://www. google.com.br/maps>. Acesso em 23 dez. 2017. GOUVEIA, N. Resíduos sólidos urbanos: impactos socioambientais e perspectiva de manejo sustentável com inclusão social. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.17, n.6, p. 1503 – 1510, 2012. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?pid=S1413-81232012000600014&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 20 set. 2017. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades Brasileiras. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov. br/>. Acesso em 23 dez. 2017. ONU. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Nova Iorque: ONU, 2015. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/Docs/ TransformandoNossoMundo.pdf>. Acesso em: 11 set. 2016. PAVAN, M. C. O. Geração de Energia a Partir de Resíduos Sólidos Urbanos: Avaliação e Diretrizes para Tecnologias Potencialmente Aplicáveis no Brasil. Tese de doutorado. 186 p. Universidade de São Paulo. Programa de Pós-Graduação em Energia. São Paulo, 2010.

BARROS, R.P.; HENRIQUES, R.; MENDONÇA, R. Desigualdade e Pobreza no Brasil: retrato de uma estabilidade PNUD. Atlas do desenvolvimento Humano no Brasil. inaceitável. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.15, n. Acesso em: <http://atlasbrasil.org.br>. Acesso em: 22 dez. 42, 2000, pp.123-142. Disponível em: <http://www.scielo. 2017. br/pdf/rbcsoc/v15n42/1741>. Acesso em 02 jan. 2018.

PNUD. Sobre o PNUD. Disponível em: <http://www. BRASIL – MME (Ministério das Minas e Energia). Programa Luz para Todos – O programa. Disponível em: br.undp.org/>. Acesso em: 22 dez. 2017. < http://luzparatodos.mme.gov.br/luzparatodos/asp/>. SANTOS, J. S. Questão social (livro eletrônico): particulaAcesso em 15 set. 2017. ridades do Brasil. 1. Ed. São Paulo: Cortez, 2017. Coleção COELHO, S. T. et al. Biomass Residues as Electricity Ge- Biblioteca Básica de Serviço Social, v.6, 1,9 Mb. neration Source for Residential and Productive Uses: An Analysis of Poverty Alleviation, Energy Access, and Car- SEE4ALL (Sustainable Energy for all). Universal Energy bon Footprint in Low Human Development Index Regions Access. New York: ONU, 2011. Disponível em: < http:// of Brazil. In: The XI Latin-American Congress on Elec- www.se4all.org/our-vision/our-objectives/universal-enertricity Generation and Transmission – CLAGTEE. São gy/>. Acesso em: 10 set. 2017. José dos Campos, 2015. UNPD. United Nations Development Program. InternaGNESD – Global Network on Energy for Sustainable De- tional Human Development Indicators. Disponível em: velopment. Biomass Residues as Energy Source to Improve Energy Access and Local Economic Activity in <http://hdr.undp.org/en/countries>. Acesso em: 05 jan. Low HDI Regions of Brazil and Colombia (BREA). Re- 2018. vised Final Report. Copenhagen: set. 2015, 368 p. WALTER, A.; NOGUEIRA, L. A. H. Produção de eletriciGODFRAY, H.C.J. et al. Food Security: The Challenge of dade a partir da biomassa. In: CORTEZ, L. A. B.; LORA, E. Feeding 9 Billion People. Science, 327(5967), 812-818, E. S.; GOMEZ, E. O. Biomassa para Energia. Campinas: 2010. Unicamp, 2008. 736p.

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Entrevista

A Revista Biomassa BR traz uma entrevista exclusiva com JOEL ROSA, diretor da Gell Gaboardi Energia Limpa LTDA A empresa é um dos grandes destaques do setor de Biomassa e Energia no Brasil!!

A GELL CONTA COM INFRAESTRUTURA PRÓPRIA E MODERNA, COMPREENDENDO ENGENHARIA, FABRICAÇÃO, MONTAGEM, START-UP, TREINAMENTO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA. Revista Biomassa BR - Nos fale um pouco sobre a história da empresa e seus fundadores? Joel Rosa - A GELL é uma empresa pertencente ao Grupo Gaboardi, que atua na fabricação de equipamentos desde 1957, o qual desde sua fundação, vem diversificando e inovando sua área de atuação, primando pela qualidade e excelência no atendimento ao cliente. Revista Biomassa BR - O que o setor de Biomassa precisava, para continuar crescendo e até aumentar sua participação na matriz energética brasileira? Principal contribuição está na fomentação do produto e do consumo, onde atuamos fortemente neste meio. Revista Biomassa BR - Quais os planos da empresa para este ano de 2019? Além de Know-how próprio, somos lastreados pela tecnologia europeia, com uma vasta experiência no ramo de peletização de madeira, tornando a GELL uma das empresas líderes deste setor aqui no Brasil. 12 Revista Biomassa BR

Revista Biomassa BR - Quais os principais diferenciais dos produtos e serviços oferecidos pela empresa ao setor de Biomassa? A GELL conta com infraestrutura própria e moderna, compreendendo engenharia, fabricação, montagem, start-up, treinamento e assistência técnica. Este diferencial nos proporciona controle total sobre a tecnologia, implementando-se melhorias de forma dinâmica e contínua, de acordo com as necessidades de nossos clientes. Revista Biomassa BR - Aponte os principais projetos desenvolvidos pela empresa em 2019? Desenvolvimento de uma linha compacta para 500kg/h, também o projeto da máquina 4,0t/h para atendimento a modulações de grande capacidade produtiva. Revista Biomassa BR - Pergunta sugestão da empresa, abordando algum tema fundamental? Constituição de uma entidade especifica, para fins de defender os pleitos e interesses dos produtores de pellets no Brasil.



Entrevista

A RBS Magazine traz uma entrevista especial com PEDRO BET, Gerente de Vendas da empresa PHB SOLAR.

Revista Biomassa BR - Nos conte um pouco sobre sua formação profissional e também há quantos anos você está atuando no setor de energia solar fotovoltaica?

Também estamos focando nossos esforços no desenvolvimento de soluções de inversores Híbridos e Armazenamento de energia em baterias de Liton Ion.

Minha formação profissional é em Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), com conclusão do curso no final de 2011. Durante a trajetória profissional trabalhei em algumas empresas como estagiário. Uma delas foi a PHB Eletrônica, onde atuei como assistente de estoque, recebimento de materiais, controle de qualidade, auxiliar de produção e engenharia de produtos. No entanto, buscando aperfeiçoar meu currículo e aprendizado coorporativo, fui trabalhar na matriz do Banco Bradesco, onde fiquei alguns anos até me tornar efetivo. Em 2014, a PHB Eletrônica me ofereceu a oportunidade de começar um novo negócio, a PHB Solar, braço voltado à energia fotovoltaica. O objetivo era posicionar a empresa no mercado, então desenvolvi a criação da imagem da marca, a relação com fornecedores e a organização da linha de produção. Posteriormente, surgiu a necessidade de fortalecer o comercial da empresa, momento que iniciei a coordenação da área. Logo após realizamos a nossa primeira venda de sistema fotovoltaico para um cliente no Rio Grande do Sul, que até hoje atua como parceiro da PHB Solar.

O inversor fotovoltaico híbrido PHB opera com módulos FV, baterias (Lítio-íon/Chumbo-ácido) e rede elétrica. Traz as vantagens da geração FV (on-grid) e na ausência de rede elétrica opera como no-break solar (off-grid) alimentando as cargas prioritárias da residência, utilizando a energia gerada pelos módulos FV, aumentando a autonomia da bateria. Possui tamanho compacto (tudo em um único produto).

Sendo assim, atuo no setor de energia solar fotovoltaico desde o início da trajetória da PHB Solar. Revista Biomassa BR - Quais são os planos e novidades da PHB para o ano de 2019? A principal novidade é o lançamento da Academia PHB Solar, curso desenvolvido com o objetivo de disseminar conhecimento técnico de qualidade e fortalecer o relacionamento com nossos parceiros. O curso será realizado em diversas regiões do país, sendo a primeira em Belo Horizonte – MG no dia 19/02, aproveitando o fórum GD, que será nos dias 20 e 21 de Fevereiro. A PHB Solar esta investindo em novas instalações em 2019, buscando melhorar o tempo de entrega dos produtos. O processo logístico da empresa está em expansão visando garantir maior vazão aos equipamentos e, consequentemente, menor prazo de entrega para nossos clientes.

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O novo sistema híbrido bidirecional da PHB opera com módulos FV, baterias de lítio-íon e rede elétrica de forma descentralizada, com conversores/inversores individuais, garantindo uma melhor performance e modularidade da solução. Agrega ainda o benefício de permitir modos de operações simultâneos com conceito All-in-One (Tudo em um mesmo produto).


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Entrevista

A PHB SOLAR ACREDITA QUE O ARMAZENAMENTO DE ENERGIA SERÁ DE GRANDE IMPORTÂNCIA PARA OS PRÓXIMOS ANOS

O Inversor Fotovoltaico Híbrido Off-Grid é uma solução modular (redundante) que opera tanto com módulos FV quanto tensão CA (gerador). A seleção da fonte de energia que alimenta os retificadores / controladores de carga é realizada pela unidade de supervisão que controla o seletor de fonte de energia, no qual direciona a fonte de alimentação mais adequada a ser utilizada pelos conversores.

100% para 2019. Revista Biomassa BR - Na sua opinião, quais os principais diferenciais que a PHB oferece ao mercado e que vem sustentando a empresa como uma das principais provedoras de soluções e distribuição de equipamentos do setor do Brasil? Primeiramente a PHB Solar não atua como um simples distribuidor de material. Possuímos total conhecimento de todos os produtos e equipamentos que vendemos aos nossos parceiros, repassando um grau altíssimo de confiança tanto ao parceiro instalador como ao cliente final. A engenharia da PHB oferece respostas rápidas e não depende de uma consulta internacional, sendo uma empresa precursora na geração de energia elétrica através de fontes renováveis. Outro ponto forte que a PHB Solar oferece aos seus parceiros é a questão da garantia dos equipamentos. Todos os equipamentos vendidos pela empresa que apresentem algum defeito, tanto de instalação como fabricação, serão resolvidos pela PHB Solar de acordo com os termos de garantia. Diferentemente de um simples distribuidor que repassa a garantia de apenas seis meses e o restante o cliente deve contatar o fabricante. Com cunho tecnológico desde sua fundação a PHB Solar trouxe para o mercado inovações que realmente contribuíram para o desenvolvimento do setor de forma segura: 1º Desenvolvemos o KIT FOTOVOLTAICO mais COMPLETO do mercado! A PHB fornece além dos itens comuns (Estrutura, Cabos Preto e Vermelho, Inversor, Módulos FV, Conectores e String Box cc), oferecemos os seguintes itens a mais no kit COMPLETO: - Kit Aterramento de módulos FV, que dispensa a fiação módulo a módulo.

As baterias de lítio-íon possuem alta densidade energética, longa vida cíclica e são livres de manutenção. O BMS (Battery Management System) integrado gerencia todos parâmetros da bateria (tensão, corrente, temperatura, estado de carga e estado de saúde) e controla o balanceamento das células durante os ciclos de carga e descarga, aumentando sua vida útil. A PHB Solar acredita que o armazenamento de energia será de grande importância para os próximos anos. A característica intermitente da energia solar em especial, a tarifa branca e o back up da energia serão os grandes drivers deste novo mercado de baterias de lítio íon, e a PHB, com sua visão estratégica, novamente estará presente neste mercado. Revista Biomassa BR - Comente um pouco sobre sua perspectiva para o crescimento do setor de energia solar fotovoltaica no Brasil em 2019. Em 2018 foram conectados 30.760 instalações de Geradores Fotovoltaicos (GFV) a rede eletrica contra 13.680 em 2017. Minha expectativa é que tenhamos um crescimento de mais de

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- Cabo Solar com dupla isolação Verde e Amarelo para o aterramento da estrutura. - String Box CC e Quadro de proteção CA, que além do lado de proteção contra surtos por parte do inversor (CC) possui o lado de proteção (CA) para a rede. - Todos os modelos de Inversores certificados junto ao INMETRO. - Nossa estrutura é feita em alumínio anodizado, sendo o mesmo material do FRAME do modulo FV com todos os parafusos e periféricos em aço INOX 304, o que garante à durabilidade da estrutura acompanhando a vida útil do modulo FV. 2º Primeira empresa a ofertar KIT FOTOVOLTAICOS com código FINAME, possibilitando aos parceiros e instaladores utilizarem a linha de financiamento do BNDES com taxas de juros atrativas. 3º Desenvolvimento de estruturas de sustentação para módulos Fotovoltaicos para TELHADO, SOLO, LAJE e ESTACIONAMENTO (CARPORT), produzidas NACIONALMENTE em alumínio anodizado com vida útil acima de 25 anos, alem


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Entrevista de conter com o sistema único de ATERRAMENTO da PHB Solar.

res. Os professores contaram com aulas práticas e teóricas com os melhores profissionais da PHB

4º Sistema de Aterramento para Módulos FV e Estrutura de sustentação é uma exclusividade da PHB Solar. O sistema é fundamental para proteção contra descargas atmosféricas, atuando em conjunto com o DPS CC;

9° Financiamento para parceiros com condições especiais!

Necessário para que o inversor possa proteger o instalador e usuário de choques elétricos devido ao contato em partes metálicas quando ocorre falha de isolação na instalação.

Revista Biomassa BR - A PHB será patrocinadora de todos os Fóruns Regionais de Geração Distribuída e também do CBGD 2019 e 4ª Expo GD. Qual a expectativa da empresa da empresa para os eventos que cobrem todo o calendário de 2019 e também os lançamentos que serão efetivados pela empresa nesses eventos?

Inclusive as instalações que usam módulos sem frame também precisam ter toda a estrutura de fixação aterrada, porque há o risco de ter falha de isolação na estrutura. Nem todos os inversores possuem o circuito que monitora a resistência de isolação, ou seja, o usuário final e os instaladores podem correr riscos! 5º Software para ajuste de tensão de acordo com as normas exigidas pelas concessionárias de energia. Ajuste a tensão de conexão com a rede elétrica DOS INVERSORES PHB com apenas 1 CLICK! 6º Sistema de Monitoramento próprio para gestão de dados e informações relacionadas à produção e utilização de energia com sistema WIFI homologado pela ANATEL. 7º Treinamento exclusivo e gratuito para parceiros PHB Solar. O curso é teórico e prático. Os participantes têm a oportunidade de comissionar um sistema fotovoltaico real e conectado à rede. Durante as aulas, são apresentadas as ferramentas, os equipamentos de proteção e os métodos e normas de trabalho. 8° Parceria em treinamentos com o SENAI! A PHB Solar além de fornecer treinamentos para parceiros instaladores, também atua com uma forte parceria com as unidades dos SENAI, oferecendo a capacitação técnica dos professo-

INVERSOR FOTOVOLTAICO HÍBRIDO

PARA ALIMENTAÇÃO DE CARGAS PRIORITÁRIAS COM SISTEMA DE BACKUP

18 Revista Biomassa BR

Oferecemos formas de financiamento para alavancar os negócios de nossos parceiros.

Nossa participação em todos os eventos deste ano de 2019 tem como intuito estreitar nossa relação com todos os parceiros e fortalecer nossa relação comercial. Buscamos aumentar nossa participação de mercado e consequentemente fortalecer nossos parceiros para que os mesmos tenham um crescimento robusto e solido, tornando-se um grande player no setor. Acreditamos que se o parceiro crescer em sua região, consequentemente a PHB Solar também irá aumentar seu Market Share, isso sempre em parceria com nossos integradores. Todo esse investimento que planejamos para o ano de 2019, também tem como objetivo levar grande conhecimento e informações de qualidade, possibilitando que o marcado de Geração Distribuída cresça mais ainda. Neste ano vamos levar nossa Academia PHB Solar junto aos eventos mencionados. Isso será a grande novidade que vamos abordar nos principais eventos do setor. A PHB Solar apoia os eventos do Grupo FRG desde sua primeira edição em Curitiba. Acreditamos que a parceria entre empresas que realmente fazem a diferença para o setor é fundamental.



Artigo

CONVALIDAÇÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS NO ÂMBITO DO ICMS E O SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM MODELOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA: NOVOS DESAFIOS Mauren Gomes Bragança Retto1

O Imposto incidente sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), a Contribuição Social para o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) são tributos que contribuem para o elevado valor da conta de energia elétrica no país. Estudo comparativo com 33 países encomendado pela Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee) aponta que, para valores tarifários de 2017, o Brasil ocupou o 4º (quarto) lugar com a maior carga tributária na conta de luz. De acordo com o estudo, a Região Sudeste suporta a maior parcela de encargos equivalente a R$ 63/MWh para um custo médio de energia de R$ 470/ MWh2. Tramitava perante o Senado Federal o Projeto de Lei (PL) nº 249/2014, de autoria do Senador Valdir Raupp, de Rondônia, que previa a modificação da Lei Complementar 87, de 13 de setembro de 1996, para prever, expressamente, a “não incidência” do ICMS nas operações de compensação de energia elétrica. No entanto, desde dezembro de 2018, a proposição foi arquivada por ausência de renovação de mandato de seu autor. O desarqui-

vamento só será possível se 1/3 (um terço) dos Senadores requererem a continuidade da tramitação, no prazo de até 60 (sessenta) dias após o início da primeira sessão legislativa da atual composição.

acesso de micro e minigeração distribuída aos Sistemas de Distribuição de Energia Elétrica e ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Sob a redação da REN ANEEL nº 687, de 24 de novembro de 2015, a REN ANEEL nº 482/2012 ampliou o conceito de Nesse contexto, os benefícios Sistema de Compensação de Energia fiscais concedidos pelos Estados e Elétrica4, regulamentando novos moDistrito Federal no âmbito do ICMS delos de geração de energia: o autoao setor de energia elétrica tornam- consumo remoto e a geração compar-se relevantes mecanismos para tilhada5. fomentar a expansão de fontes renováveis. No autoconsumo remoto, permite-se que o consumidor instale a Na esfera estadual e distrital, os central geradora em sua propriedade entes tributantes firmaram Convênio e, desde que esteja na mesma área de ICMS 16, de 22 de abril de 2015, au- concessão, ou permissão, usufrua dos torizando a concessão de isenção nas créditos em outra unidade consumioperações internas relativas à circu- dora de sua titularidade. lação de energia elétrica sujeitas ao Sistema de Compensação de Energia Já na geração compartilhada, perElétrica. mite-se a associação em cooperativa, ou a reunião de unidades consumidoOs últimos Estados a aderirem ras em consórcio, para a instalação de ao Convênio ICMS 16/2015 foram empreendimento de minigeração, ou Paraná, Santa Catarina e Amazonas microgeração distribuída. Esse modee o fizeram por meio do Convênio lo admite que a unidade geradora esteICMS 42/2018, a partir de 1º de julho ja situada em locais distantes daqueles de 2018. Com isso, todos os Estados em que houver o consumo, desde que e o Distrito Federal estão autorizados pertençam a mesma área de concesa conceder isenção do ICMS sobre a são ou permissão. Trata-se de geração energia elétrica fornecida pela distri- distribuída de pequeno porte e que buidora à unidade consumidora no viabiliza a expansão da geração renocorrespondente à soma da energia vável, porquanto fracionar o custo na injetada na rede de distribuição pela manutenção do empreendimento. mesma unidade consumidora e com créditos excedentes de energia ativa Sob o aspecto quantitativo, a REN originados na mesma unidade consu- Art. 2º […] II - minigeração distribuída: central geradomidora, ou em outra unidade consu- ra de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5MW e que utilize cogeração midora do mesmo titular3. 6

http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-12/brasil-ocupa-4deg-lugar-em-ranking-de-tributos-na-conta-de-luz <acesso em 28 de janeiro de 2019> 3 https://www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/convenios/2015/CV016_15 <acesso em 25 de janeiro de 2019> 4 Art. 2º Para efeitos desta Resolução, ficam adotadas as seguintes definições: [...] III - sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual a energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa; http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ ren2012482.pdf <acesso em 25 de janeiro de 2019> 5 http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf <acesso em 25 de janeiro de 2019> 2

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O Convênio ICMS 16/2015 faz referência ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica estabelecido pela Resolução Normativa (REN) nº 482, de 17 de abril de 2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. A REN ANEEL nº 482/2012, estabelece as condições gerais para o

qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, ou fontes renováveis de energia elétrica, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf <acesso em 25 de janeiro de 2019> 7 http://www.aneel.gov.br/consultas-publicas <acesso em 28 de janeiro de 2019> 8 Cláusula primeira […] I - aplica-se somente à compensação de energia elétrica produzida por microgeração e minigeração definidas na referida resolução, cuja potência instalada seja, respectivamente, menor ou igual a 75 kW e superior a 75 kW e menor ou igual a 1 MW; https:// www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/convenios/2015/ CV016_15 <acesso em 25 de janeiro de 2019> 9 Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal


Artigo

16/15, admitindo, expressamente, Secretaria Executiva do CONFAZ, na microgeração o limite máximo com publicação no Portal Nacional da de potência de 5 MW (art. 8°-C, da Transparência. Lei 6.763/75, sob a redação da Lei Foram, ainda, fixados prazos para 22.549/2017). a publicação na imprensa oficial por Ocorre que, em matéria de con- cada ente federado e para o registro e cessão de benefícios fiscais no âmbito depósito. do ICMS, a Constituição Federal eleO Convênio ICMS 190/17 tamgeu a lei complementar como veículo autorizado a dispor sobre a forma de bém disciplinou que devem ser redeliberação dos entes políticos9. Com vogados até 28 de dezembro de 2018 a finalidade de regular conflitos de os atos normativos e atos concessivos competência, em consonância com de benefícios fiscais que não atendam o artigo 146, inciso I, da CF/88, a lei essas condições. Por seu turno, foi aucomplementar nº 24, de 7 de janeiro torizado às unidades federativas que Ocorre que, o alcance da isen- de 1975, em seu artigo 1.º10 , atribuiu atenderem as condições impostas, ção de que trata o Convênio ICMS ao convênio a função permissiva para concederem e prorrogarem benefícios 16/2015, limitou-se à potência instala- que Estados e o Distrito Federal exer- fiscais entre 31 de dezembro de 2018 a da menor ou igual a 75 kW e superior çam em cada legislação interna a con- 31 de dezembro de 2032, a depender do enquadramento da atividade. a 75 kW e menor ou igual a 1MW8. cessão de benefícios fiscais. A partir desse limite é que Estados e Outro mecanismo importante Porém, diversos benefícios fisDistrito Federal estão autorizados a conceder isenção de ICMS-energia cais foram concedidos à revelia do instituído pelas normas de convalidaart. 155, §2º, inciso XII, alínea g, e em ção é a possibilidade de extensão dos em seu âmbito de competência. detrimento do art. 1º, da LC 24/75, benefícios fiscais concedidos ou prorInobstante, a legislação de Mi- inaugurando o cenário de guerra fis- rogados pelos Estados pertencentes à nas Gerais instituiu isenção de ICMS cal entre Estados-membros e Distrito mesma Região11. que ultrapassa os limites quantitativos Federal. estabelecidos pelo Convênio ICMS Desta feita, tendo em vista que o No contexto da guerra fiscal e vi- Estado de Minas Gerais reinstituiu a instituir impostos sobre: sando atenuar seus efeitos e preservar isenção nas operações internas rela[…] § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: o pacto federativo, foi aprovada a LC tivas à circulação de energia elétrica […] XII - cabe à lei complementar: 160/17 e o Convênio ICMS 190/17 sujeitas ao Sistema de Compensa[...] g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e be(convalidação). De acordo com essas ção de Energia Elétrica, no limite de nefícios fiscais serão concedidos e revogados. http://www. normas, foram impostas condições potência foi fixado entre 75 KW a 5 planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompià convalidação dos benefícios fiscais MW (RICMS/MG – atualizado pelo lado.htm <acesso em 25 de janeiro de 2019> Art. 1º - As isenções do imposto sobre operações relativas instituídos e concedidos à revelia da Dec. N. 47.601, de 28 de dezembro à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogalegislação e do Conselho Nacional de de 2018), ficam os demais Estados da das nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei. Política Fazendária (CONFAZ). Região Sudeste autorizados a instituParágrafo único - O disposto neste artigo também se írem o benefício fiscal em seus terriaplica: Dentre essas condições estão: (i) tórios. I - à redução da base de cálculo; II - à devolução total ou parcial, direta ou indireta, condia publicação na imprensa oficial da cionada ou não, do tributo, ao contribuinte, a responsável relação de todos os atos normativos Essa possibilidade inaugura não ou a terceiros; III - à concessão de créditos presumidos; que instituíram isenções, benefícios, só novos desafios aos Estados pertenIV - à quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou ou incentivos fiscais, e de atos con- centes à Região Sudeste, mas também financeiro-fiscais, concedidos com base no Imposto de cessivos, à revelia da CF/88; (ii) o re- proporciona maiores oportunidades Circulação de Mercadorias, dos quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus;”. Disgistro e o depósito da documentação para a expansão de modelos de geraponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ comprobatória dos atos normativos ção de energia: como o autoconsumo LCP/Lcp24.htm>. Acesso em: 14 set. 2018. <https://www.confaz.fazenda.gov.br/legislacao/convee concessivos de benefícios fiscais na remoto e a geração compartilhada. ANEEL nº 482/2012, com a redação que lhe fora dada em 2015, definiu microgeração distribuída como a central geradora de energia elétrica com potência instalada menor ou igual a 75kW em cogeração qualificada. No que se refere à minigeração distribuída, com a REN ANEEL nº 786, de 17 de outubro de 2017, o limite de potência foi fixado entre 75 KW a 5 MW6. Desde 2018, iniciou-se o processo de revisão da REN ANEEL nº 482/2012, em que se discute a forma de compensação da energia na geração distribuição7.

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nios/2017/CV190_17> acesso em 14 de setembro de 2018;

Advogada, sócia do escritório Bragança Retto Advogados Associados. Mestre em Direito Tributário pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Especialista em Direito Tributário pela Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (COGEAE/SP – PUC/SP). Juíza do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo. Professora do curso de Especialização em Direito Tributário do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET/SP). Autora de diversos artigos relacionados a temas de Direito Tributário.

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INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DE LIGNINA KRAFT NAS PROPRIEDADES DE PELLETS PRODUZIDOS A PARTIR DE MISTURAS DE EUCALIPTO E RESÍDUOS DE MILHO Bianca Moreira Barbosa1*, Humberto Fauller de Siqueira2, Carlos Miguel Simões da Silva2, Welliton Lelis Cândido2, Fernando José Borges Gomes, Amélia Guimarães Carvalho4, Alex Ramos de Aguiar1, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro2, Jorge Luiz Colodette2. Department of Chemistry, Federal University of Viçosa, Avenida Peter Henry Rolfs, s/n, 36570-900, Viçosa, MG, Brazil, *biancamoreirabarbosa@gmail.com 2 Department of Forest Engineering, Federal University of Viçosa, Avenida Peter Henry Rolfs, s/n, 36570-900, Viçosa, MG, Brazil 3 Federal Rural University of Rio de Janeiro, Department of Forest Products, 23.897-000, Seropédica, RJ, Brazil, e-mail: fernandogomes@ufrrj.br 4 Department of Forest Engineering, Federal University of Uberlândia, 38500-000 Monte Carmelo, MG, Brazil. 1

RESUMO Os pellets vêm se tornando uma importante fonte renovável de energia para utilização industrial e doméstica. O mercado consumidor está cada vez mais exigente quanto à qualidade do produto e esta pode ser melhorada por meio da utilização de diferentes aditivos, como por exemplo a lignina kraft. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade dos pellets produzidos a partir de misturas de eucalipto e resíduo de milho com adição de diferentes percentagens de lignina kraft. A matéria-prima utilizada para produção de pellets foi madeira com casca de um híbrido de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, com aproximadamente 6 anos de idade, proveniente de plantio experimental e resíduo de milho proveniente de processamento industrial. As seguintes proporções do resíduo de milho na mistura de eucalipto e resíduo de milho foram 0, 20, 25 e 30% e excluindo-se a testemunha (0% de lignina), adicionou-se 2 e 5% de lignina kraft, em relação à massa seca da matéria-prima nas 4 diferentes misturas. Os pellets foram produzidos em uma prensa peletizadora laboratorial com matriz circular horizontal. Foram avaliadas as seguintes propriedades dos pellets: umidade base úmida, poder calorífico superior, densidade a granel, teor de cinzas, comprimento e diâmetro, dureza, durabilidade mecânica e teor de finos. A adição de lignina kraft em pellets da mistura de eucalipto com o resíduo de milho melhorou as propriedades, tanto de densidade a granel quanto teor de finos e durabilidade mecânica e a adição do resíduo de milho ao processo produtivo implica na redução de custos de matéria-prima e agrega valor ao resíduo agrícola, com isso, quantidades semelhantes ao tratamento com a proporção de 80% eucalipto e 20% resíduo de milho, pode ser uma alternativa viável tecnológica e economicamente à produção de pellets. Palavra-chave: aditivo; combustível sólido; resistência mecânica; resíduo agrícola. ABSTRACT The pellets are becoming an important source of renewable energy for industrial and domestic use. The consumer market is increasingly demanding as to the quality of the product and can be improved through the use of various additives, such as kraft lignin. Thus, the objective of this study was to evaluate the quality of pellets produced from mixtures of eucalyptus and corn with the addition of different percentages of kraft lignin. The raw material used for production of pellets was wood with hybrid of a Eucalyptus grandis x E. urophylla clone, with approximately 6 years of age, from experimental planting corn and waste from industrial processing. The following proportions of the corn stalk residue in the mixture of eucalyptus and corn residue were 0, 20, 25 and 30% and excluding the control (0% lignin) was added 2 to 5% Kraft lignin, relative the dry mass of raw material 4 in the different mixtures. The pellets were produced in a laboratory press pelletizer with horizontal circular array. The following properties of the pellets were evaluated: wet basis moisture, high calorific power, bulk density, ash content, length and diameter, hardness, mechanical durability and fines content. The addition of kraft lignin pellets eucalyptus mixed with maize residue improved the properties of both bulk density and fines content and mechanical durability and the addition of the corn stalk residue in the production process involves the reduction of material costs press and adds value to agricultural waste, therefore, amounts similar to treatment with the proportion of 80% eucalyptus and 20% corn residue, may be a viable technological alternative and economically for the production of pellets. Keywords: additive; solid fuel; mechanical strength, agricultural waste.

1. INTRODUÇÃO Na busca de novas fontes energéticas que sejam competitivas frente aos atuais combustíveis utilizados, os resíduos lignocelulósicos tornaram-se uma das opções mais promissoras, como formas alternativas de energia e surgindo a necessidade de reduzir desperdícios agrícolas como a casca de arroz, a palha e sabugo de milho entre outras alternativas. Os resíduos florestais, por exemplo, madeira residual da colheita e processamento 22 Revista Biomassa BR

pode ser utilizada diretamente como bustão quando comparadas a biomassas agrícolas (STELTE et al., 2012). combustíveis. A madeira é a matéria-prima mais utilizada para a produção energética, uma vez que o Brasil destaca-se pelo grande potencial florestal, que totalizaram 7,8 milhões de hectares em 2015 (IBÁ, 2016), sendo 5,6 milhões ocupados por plantios de eucalipto. Ressalta-se o uso do eucalipto para fins energético devido, principalmente, à baixa geração de cinzas e menor corrosão em equipamentos de com-

Contudo, existe a necessidade de um pré-tratamento dos materiais lignocelulósicos onde os mesmos são densificados utilizando na maioria das vezes temperatura e pressão, obtendo um material com homogeneidade granulométrica, maior densidade e resistência à geração de finos, denominado peletização. O aumento da temperatura, segundo Chen et al. (2009) faz com que a lignina se torne



“plasticizada” e atue como ligante natural das partículas após a compactação das partículas. Pode-se, também, melhorar a qualidade dos pellets por meio da utilização de aditivos com propriedades adesivas à matéria-prima (AHN et al., 2014). A lignina kraft é obtida do licor negro de fábricas de polpa celulósica pelo processo Kraft, onde produzem excedente de energia que é obtida por meio da queima do licor negro. Para aproveitamento do licor negro, além de geração de energia elétrica e vapor, uma das alternativas a serem adotadas é a extração da lignina kraft e sua utilização como aditivo para pellets, dentre outros usos, aplicando-se, portanto, o conceito de biorrefinaria na indústria florestal. Uma vez que, a separação e a purificação podem ser feitas por diversos processos industriais, esta seria uma alternativa promissora como aditivo à para produção de pellets. Isto porque a lignina é uma macromolécula que faz parte da constituição química da madeira e atua na adesão das partículas para a formação dos pellets. As propriedades da lignina kraft são especificas do processo de extração e irão afetar positiva ou negativamente as propriedades dos pellets (BERGHEL et al., 2013).

partículas in natura As matérias-primas utilizadas para produção dos pellets foi madeira com casca de um clone de um híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla, com aproximadamente 6 anos de idade, proveniente de plantio experimental e resíduo de milho proveniente de processamento industrial. A lignina kraft utilizada foi extraída do licor negro pelo processo LignoBoost e é uma amostra comercial adquirida no mercado brasileiro. Este processo, de acordo com Berghel et al. (2013), baseia-se na precipitação da lignina pela redução gradual do pH do licor negro, seguida de filtração, lavagem e desidratação. A umidade base seca das partículas foram determinadas em uma balança determinadora de umidade, modelo MB35 Halogen. Segundo Paula et al. (2011), a umidade ideal da matéria-prima para fins de densificação da biomassa deve estar entre 8 e 15% para obter sucesso na aglomeração das partículas, facilitando a plasticização da lignina e evitando possíveis fraturas nos pellets produzidos.

O poder calorífico superior (PCS) foi obtido de acordo com a norma da DIN EN 14918 (Deutsches Institut Nesse contexto, os pellets podem Für Normung, 2010b). Para tal, utiser uma alternativa importante para lizou-se uma bomba calorimétrica transformação da biomassa em pro- adiabática marca IKA® modelo 300. duto de maior valor agregado utilizado para fins energéticos. Os pellets 2.2. Produção dos pellets são um novo tipo de combustível compactado que possibilita a utilizaOs pellets foram produzidos em ção em equipamentos de queima mais uma prensa peletizadora laboratorial modernos e que viabiliza a logística de transporte da biomassa a grandes distâncias. Diante da importância em diversificar a matriz energética brasileira com a introdução de fontes renováveis de energia e de potencializar o uso de resíduos florestais e agrícolas, para redução de custos, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade dos pellets de um mix de resíduos lignocelulósicos (eucalipto e milho), produzidos com adição de diferentes percentagens de lignina kraft. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Materiais e propriedades das 24 Revista Biomassa BR

com matriz circular horizontal da marca AmandusKahl, modelo 14-175 com capacidade para produção de 50 kg.h-1. As dimensões dos canais de compressão da matriz consistiam em diâmetro interno de 6,0 mm e o comprimento de 20,0 mm. Produziram-se aproximadamente 1,5 kg de pellets por lote, sendo 3 lotes por tratamento. Para alimentação da peletizadora, utilizou-se um sistema composto por um motor elétrico, um controlador de 38 velocidades e uma rosca sem fim. A temperatura de peletização variou de 95 a 100 ºC e a velocidade de rotação dos roletes foi de 1500 rpm. A partir disso, produziram-se pellets com 4 diferentes proporções da mistura das duas biomassas, eucalipto e resíduo do milho e 3 proporções da lignina kraft adicionada, sendo 12 tratamentos com 3 repetições, totalizando 36 lotes de pellets. Na tabela 1 exprime o plano experimental realizado. 2.3. Classificação dos Pellets de acordo com Normas de Qualidade Os pellets da mistura de eucalipto e resíduo de milho foram classificados como pellets não-madeireiros, cujas especificações de qualidade estão na norma DIN EN 14961-6 (Deutsches Institut Für Normung, 2012) (Tabela 2). Esta norma refere-se à da qualidade de pellets não-madeireiros para uso não industrial e foi utilizada para classificação dos pellets, na classe A ou B.


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a dureza de trinta pellets por lote. O diâmetro (mm) e comprimento (mm) dos pellets foram obtidos conforme a norma DIN EN 16127 (Deutsches Institut Für Normung, 2012), com medição realizada em paquímetro digital. 2.5. Análise de dados O experimento foi realizado segundo um delineamento inteiramente casualizado, com 12 tratamentos e três repetições (lotes de pellets). Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), para verificação das diferenças existentes entre os tratamentos. Quando estabelecidas diferenças significativas entre eles, aplicou-se o teste Tukey em nível de 95% de significância. 2.4. Avaliação das propriedades dos pellets

que 3,15 mm) foram determinadas utilizando-se o equipamento Ligno-Tester, Holmen®, de acordo com a norma O teor de umidade em base úmida DIN EN 15210-1 (Deutsches Institut dos pellets, após acondicionados por Für Normung, 2010d) e instruções do sete dias, foi determinada de acordo equipamento. As amostras de pellets com a metodologia descrita na norma são ventiladas por meio de um jato de DIN EN 14774-1 (Deutsches Institut ar que simula a destruição natural dos Für Normung, 2010a), em estufa a 105 pellets durante o transporte e manuseio, em uma câmara com formato de ± 2ºC. pirâmide quadrangular invertida. Para Para a determinação do teor de a determinação da porcentagem de ficinzas e poder calorífico superior nos, o fluxo de ar tinha pressão de 30 (PCS) as amostras foram reduzidas a mbar e duração de 30 segundos e utiserragem, utilizando-se um moinho lizou-se uma amostra de 0,300 kg de de laboratório tipo Wiley, de acordo pellets. Posteriormente, as amostras com a norma TAPPI 257 cm-85 (Te- sem finos foram submetidas a outro chnical Association of the Pulp and fluxo de ar controlado (70 mbar) duPaper Industry, 1985), seguidos de rante 60 segundos para determinação peneiramento para classificação, uti- da durabilidade mecânica, utilizandolizando as partes que passaram pela -se 0,100 kg de pellets. peneira de 40 mesh e ficaram retidas A determinação da densidade a na de 60 mesh. granel dos pellets foi determinada de A análise do teor de cinzas foi de- acordo com a norma DIN EN 15103 terminada conforme procedimento (Deutsches Institut Für Normung, estabelecido na norma ASTM, D1762- 2010c). 84 (American Society for Testing MaA dureza, em kg, foi determinada terials, 2001). O poder calorífico superior (PCS) foi obtido de acordo com a pelo ensaio de compressão diametral norma da DIN EN 14918 (Deutsches do pellet em um durômetro manual Institut Für Normung, 2010b). Para com escala de 0 a 100 kg, da marca tal, utilizou-se uma bomba calorimé- Amandus Kahl. Um pellet, por vez, foi trica adiabática marca IKA® modelo inserido no durômetro e foi aplicada carga crescente, até fratura da amos300. tra. Então, fez-se a leitura da carga A durabilidade mecânica e a por- máxima, em kg, que um pellet pode centagem de finos (partículas menores suportar antes de rachar. Foi avaliada 26 Revista Biomassa BR

As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa STATISTICA 10.0 (Statsoft, 2010). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Propriedades da Biomassa A partir dos resultados obtidos as propriedades da biomassa, observou-se que o teor de umidade para as partículas de eucalipto foi, em média, de 19,0% e das partículas do resíduo de milho foi, em média, de 8,82%. Desta forma, o teor de umidade adequa-se ao intervalo sugerido por demais autores para produção de pellets, sendo este variando entre 8-15% (Paula et al., 2011). Observou-se que o valor de PCS para as partículas do resíduo do milho foi, de 19,2 MJ.kg-1 e 18,9 MJ.kg-1 para o eucalipto e 26,3 MJ.kg-1 para a lignina kraft. 3.2. Propriedades dos pellets A partir dos resultados obtidos para algumas propriedades dos pellets, observou-se que somente para as propriedades teor de finos e teor de cinzas que não houve diferença estatística entre os tratamentos avaliados. As demais propriedades dos pellets estão dispostas na Tabela 3 e nas demais figuras que se segue ao lado. O PCS dos pellets foi semelhante


CONFIRA A PROGRAMAÇÃO

27 . MAR 15h . Prof. Doádi Brena A situação atual e as perspectivas futuras do setor produtivo da base florestal

16h . Eng. Florestal Daniel Chies Eng. Florestal Rafael Ferreira

(SINDIMADEIRA/AGEFLOR)

Plantios Florestais no Rio Grande do Sul X Aspectos Legais

17h . Eng. Heloise Coutinho (HLC CONSULTORIA E EXECUÇÃO LTDA) Certificação e Utilização do Selo FSC - Rastreabilidade da matéria prima florestal

28 . MAR 15h . Professor Dr. José Afonso B. Portocarrero 16h . Dra. Mauren Lazzaretti (SEMA-MT) Confirme a sua participação por meio do credenciamento antecipado. INFORMAÇÕES: atendimento@fimma.com.br . + 55 54 2102.2450

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Para a percentagem de finos, não houve diferença estatística entre os tratamentos avaliados, evidenciando que a adição tanto de resíduos de milho quanto de lignina kraft não influenciaram nessa propriedade dos pellets (Figura 2). Independente do tratamento ficou abaixo do máximo permitido pela norma alemã que estipula valores inferiores a 2% e estes foram classificados como pellets tipo A, de acordo com a Norma DIN EN 14961-1(2012), por estarem abaixo do limite de 2%. A durabilidade mecânica dos pellets, que simula a resistência dos pellets à impactos mecânicos durante o armazenamento e transporte, deve ser maior ou igual a 97,5%, de acordo com a norma de classificação de pelpara todos os tratamentos, não haven- trapartida, não apresentou efeito sig- lets DIN EN 14961-2 (Deutsches Insdo efeito do resíduo de milho e nem nificativo nos dados. Os pellets com titut Für Normung, 2011). Na Figura da adição de lignina kraft no PCS dos 30% de adição de resíduo de milho 4, com zero 0% de resíduo de milho pellets (Tabela 3). Segundo Demirbas não atenderam a norma de qualidade apenas os pellets produzidos com 2 % (2002), maiores teores de lignina con- DIN EN 14961-1(2012), que deve ser de lignina atenderam a norma e foram tribuem para o aumento do poder ca- maior que 600 kg.m-3. classificados como pellets do tipo B. lorífico superior do combustível porque o PCS da lignina de 26,3 MJ.kg-1 Na adição de 20% de resíduos Para o teor de umidade base é maior que dos outros componentes úmida (Figura 2), observa-se que os de milho os pellets com 2% de ligniprimários da madeira. Porém, como valores de umidade de equilíbrio hi- na foram classificados como do tipo foi observado o valor de PCS para as groscópico, base úmida, dos pellets A e não houve diferença significativa partículas do resíduo do milho foi de tenderam a aumentar em função das quando comparado a proporção de 19,2 MJ.kg-1 e 18,9 MJ.kg-1 para o maiores proporções de resíduos de 5% de lignina, porém 0% de lignina eucalipto. Portanto, o PCS da lignina milho na mistura. A adição de ligni- para esta proporção não atendeu a não foi suficientemente elevado para na, por sua vez, não apresentou efeito norma. contribuir para o aumento do PCS com tendências significativas. Todos dos pellets, visto que a percentagem os tratamentos atenderam a norma Para a proporção de 25% de resímáxima de lignina adicionada foi de DIN EN 14961-6 (2012) que indica duos de milho a porcentagem que re5%. um valor de umidade máximo de 12% sultou nos melhores pellets foi a com adição de 5% de lignina. Os pellets para pellets Tipo A. Em relação à dureza (Tabela 3), observa-se um aumento com a redução da percentagem do resíduo do milho adicionado. De acordo com Zamorano et al. (2011) a resistência à compressão dos pellets está relacionada com as forças de adesão entre as partículas. Então, provavelmente, como o eucalipto possui maior a quantidade de lignina, mais pontos de contato entre as partículas que compõe os pellets, maior a adesão e portanto, maior a dureza. Na Figura 1, estão dispostos os resultados da densidade a granel de todos os tratamentos avaliados e observa-se uma tendência de redução da densidade a granel à medida que se aumentou a proporção do resíduo de milho. A adição de lignina, em con28 Revista Biomassa BR


produzidos com 0% de lignina foram classificados como do tipo B e com 2% de lignina não atendeu a norma. A porcentagem de 30% de milho foi a que melhor produziu pellets de alta durabilidade, segundo a norma sendo classificados como de alta qualidade, uma vez, que para as três proporções de lignina não houve diferença significativa. Na figura 5 estão dispostos os resultados dos teores de cinzas dos pellets. Apesar de não ter havido uma diferença significativa entre os tratamentos quanto ao teor de cinzas, houve uma tendência de aumento no teor de cinzas à medida que houve um aumento na proporção de resíduos de milho e na porcentagem de lignina, em virtude destes constituintes possuir um teor de cinzas e que é transmitido ao produto gerado a partir destas matérias primas, neste caso os pellets. A adição de lignina pode aumentar ou diminuir a qualidade dos pellets (BERGHEL et al., 2013), pois teores de cinza elevados são indesejáveis para pellets, já que são inversamente proporcional ao PCS, além de ser o resíduo da combustão e dependendo da constituição química das cinzas, pode-se formar incrustações nos equipamentos de combustão (OBERNBERGER & THEK, 2010). Os valores de diâmetro (5 – 7 mm) e comprimento (3,15 – 40 mm) estão de acordo com as exigências da norma de classificação dos pellets DIN EN 14961-2 (Deutsches Institut Für Normung, 2011), conforme Figuras 6 e 7. A adição de lignina kraft não teve nenhum efeito nas dimensões dos pellets. De acordo com Narra et al. (2010) as dimensões e forma dos pellets devem ser homogêneas para o melhor funcionamento de fornalhas de pequena escala e equipamentos automáticos de aquecimento. Pode-se notar uma tendência de aumento do diâmetro dos pellets em virtude do acréscimo na proporção de resíduos em sua estrutura. Este comportamento está ligado as características da matéria prima do resíduo de milho, por possuir baixa densidade durante a formação dos pellets promovem certa compactação, mas que após a saída da matriz ocorre um certa resiliência do material, ou seja, tende a descompacRevista Biomassa BR

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tar parcialmente o que promove uma aumento na dimensões dos pellets. 4. CONCLUSÕES Conclui-se que o resíduo de processamento do milho apresenta potencial para ser integrado ao processo produtivo de pellets até a porcentagem de 20% deste resíduo na base produtiva deste biocombustível, associado ou não com aditivo de lignina kraft. A aplicação da lignina kraft como aditivo para a produção de pellets apresentou-se como favorável para melhorar as propriedades, tanto de densidade a granel quanto teor de finos e durabilidade mecânica, em todos os tratamentos, permitindo o transporte de maior quantidade de massa e energia, além de manter a integridade dos biocombustíveis durante o manuseio e uso. Além das vantagens técnica e operacional dos pellets frente a demais fontes de combustíveis, a associação com biomassas residuais ao processo produtivo torna o produto economicamente viável e com potencial de competição ao mercado consumidor de pellets. REFERÊNCIAS AMERICAN SOCIETY FOR TESTING MATERIALS - ASTM. D1762-84: Standard Test Method for Chemical Analysis of Wood Charcoal. Philadelphia: ASTM International, 2p. (2001). AHN, B. J.; CHANG, H. S.; LEE, S. M.; CHOI, D. H.; CHO, S. T.; HAN, G. S.; YANG, I. Effect of binders on the durability of wood pellets fabricated from Larix kaemferi C. and Liriodendron tulipifera L. sawdust. Renewable Energy, v. 62, p. 18-23, 2014. BERGHEL, J.; FRODESON, S.; GRANSTROM, K.; RENSTROM, R.; STAHL, M.; NORDGREN, D.; TOMANI, P. The effects of kraft lignin additives on wood fuel pellet quality, energy use and shelf life. Fuel Processing Technology, v. 112, p. 64-69, 2013. CHEN, L. J.; XING, L.; HANA, L.; Renewable energy from agro-residues in China: solid biofuels and biomass briqueting technology. Renewable & Sustainable Energy Reviews, Oxford, U.K., v.13, n. 9, p. 2689-2695. Dec. (2009). DEMIRBAS, A. Relationships between heating value and lignin, moisture, ash and extractive contents of biomass fuels. Energy, Exploration & Exploitation, v. 20, n. 1, p. 105-111. (2002). DEUTSCHES INSTITUT FÜR NORMUNG, D. I. N. DIN EN 14775: Determination of ash . Berlim: CEN, 2009. 12 p. ______DIN EN 14918: Determination of calorific value. Belim: CEN, 2010b. 63 p. ______DIN EN 15103: Determination of bulk density. Berlim: CEN, 2010c. 14 p. ______DIN EN 15210-1: Solid biofuels – Determination of mechanical durability of pellets and briquettes – Part 1: Pellets. Berlim: CEN, 2010d. 12 p. ______DIN EN 15104: Determination of total content of carbon, hydrogen and nitrogen – Instrumental methods. Berlim: CEN, 2011a. 15 p. ______DIN EN 15296: Conversion of analytical results from one basis to another. Berlim: CEN, 2011b. 15 p. ______DIN EN 14961-6: Solid biofuels – Fuel specifications and classes – Part 6: Non-woody pellets for non-industrial use. Berlim: CEN, 2012a. 16 p. ______DIN EN 16127: Determination of length and diameter of pellets. Berlim: CEN, 2012b. 11 p. INDÚSTRIA BRASILEIRA DE ÁRVORES – IBÁ. Relatório anual da Indústria Brasileira de Árvores, ano base 2015. Brasília: IBÁ, 100 p. (2016). NARRA, S.; TAO, Y.; GLASER, C.; GUSOVIUS, H. J.; AY, P. Increasing the Calorific Value of Rye Straw Pellets with Biogenous and Fossil Fuel Additives. Energy & Fuels, v. 24, p. 5228-5234. (2010). PAULA, L. E. R.; TRUGILHO, P. F.; REZENDE, R. N.; ASSIS, C. O.; BALIZA, A. E. R. Produção e avaliação de pellets de resíduos lignocelulósicos. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 31, n. 66, p. 103-112. (2011). TECHNICAL ASSOCIATION OF THE PULP AND PAPER INDUSTRY, T. A. P. P. I. T 257 cm-85: Sampling and preparing wood for analysis. Atlanta: TAPPI, 1985. 5 p. STATISTICA. (2010). StatSoft, Inc. version 10.0 (data analysis software system), http://www.statsoft.com. STELTE, W.; SANADI, A. R.; SHANG, L.; HOLM, J. K.; AHRENFELDT, J.; HENRIKSEN, U. B. Recent developments in biomass pelletization - a review. Bioresources, v. 7, n. 3, p. 4451-4490, 2012. OBERNBERGER, I.; THEK, G. The pellet handbook: The production and thermal utilisation of pellets. London: Earthscan, 2010. 593 p. ZAMORANO, M.; POPOV, V.; RODRÍGUEZ, M. L.; GARCÍA-MARAVER, A. A comparative study of quality properties of pelletized agricultural and forestry lopping residues. Renewable Energy, v. 36, n. 11, p. 3133-3140, (2011).

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Entrevista

A Revista Biomassa BR traz uma entrevista exclusiva com DIOGO LORENZETTI, da CONTROL UNION A empresa é especialista em certificações que envolvem o setor agrícola sustentável Revista Biomassa BR - Nos fale um pouco sobre a história da Union Control e sobre seus fundadores. Diogo Lorenzetti - Fundada em 1920 pela família Peterson em Rotterdam na Holanda, como uma empresa de inspeções agrícolas, cresceu até se tornar especialista absoluta em gerenciamento de riscos e soluções de logísticas. O escopo de suas atividades expandiu com o passar dos anos, aumentando a variedade de produtos e serviços atingindo um mercado cada vez mais globalizado. Além disso ampliou sua rede ao desenvolver um abrangente conhecimento em commodities e exigências específicas de nossos clientes. Até hoje Control Union continua sendo uma empresa familiar operando em mais de 70 países, empregando mais de 4.000 pessoas ao redor do mundo. Nossas experiências e conhecimentos aprofundados cobrem todos os aspectos da cadeia de suprimentos em diversos setores, desde a produção até o consumidor final. Revista Biomassa BR - Comente sobre as principais atuações e certificações desenvolvidas pela empresa em nível mundial. Atuamos basicamente em quatro grandes frentes: inspeções industriais e de commodities, certificações e garantias. Tratando especificamente de certificações, temos como filosofia de negócio "pensar fora da caixa" e oferecer um conjunto de soluções e customizações de programas conforme a necessidades individuais de nossos clientes.Com sua base na agricultura, a Control Union Certifications concentra os seus esforços em cerca de 100 programas de certificações nos temas: Meio Ambiente, Agricultura Orgânica, Aquicultura e Pesca, Tecidos Têxteis, Conformidade Social, Boas Práticas Agrícolas, Ração Animal, Segurança dos Alimentos, Sistema de Gestão da Qualidade, Sustentabilidade, Silvicultura, Biomassa, Bioenergia, entre outros.

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Revista Biomassa BR - Quais os principais objetivos, produtos e soluções que a Control Union tem a oferecer ao mercado brasileiro? Partindo da premissa que o negócio de certificações é fundamentado em transparência e imparcialidade, temos como objetivo principal expandir nossa rede de relacionamentos e contratos, e também fomentar o conhecimento e qualificação de nossos clientes. A Control Union possuem uma robusta atuação mundial nas soluções de: treinamentos, relatórios de acompanhamento e rastreabilidade de produto, due diligence e auditorias de certificações. Revista Biomassa BR - Na sua opinião, o que o setor de pellets e biomassa precisa para crescer ainda mais no Brasil? O mercado nacional está em franco crescimento devido a vários fatores. Um deles é que até 2020 existe uma “promessa” da União Europeia não consumir mais carvão, o que representará uma grande demanda externa. Sendo esse mercado rigoroso em qualidade e padronização, exigirá que fabricantes/traders cumpram com requisitos internacionais. Os mesmos ganham com isso considerando que as certificações proporcionarão maior transparência e segurança em seus produtos e organizações, podendo ainda atingir novos patamares para consumidores cada vez mais exigentes. Revista Biomassa BR - A Control Union é parceiras e patrocinadoras do CIBIO 2019 e 4ª Expobiomassa. Qual a importância de eventos segmentados para o desenvolvimento do setor? Eventos como esse são importantes porque nos proporciona oportunidade de ampliação de relacionamentos, tanto com clientes como parceiros. É um excelente canal de comunicação entre as organizações que participam, onde temos espaço significativo para divulgarmos e conhecermos as tendências de mercado. Somos

gratos pelo convite e oportunidade, esperamos que nossa participação agregue valor e resultados a todos. Revista Biomassa BR - Quais os protocolos de certificações são aplicáveis para o setor de Biomassa e qual a experiência da Control Union neste seguimento? A Control Union Certifications tem muita experiência em auditorias para padrões de biomassa sustentável e há anos somos o único organismo de certificação para os padrões Green Global (GGL). Esse padrão é feito para oferecer garantias de que produtos provenientes de biomassa são de uma fonte sustentável e leva em consideração tanto as informações da origem (manejo florestal ou agrícola) quanto da cadeia de suprimentos (energia e carbono). Além do GGL, a Control Union também é acreditada para realizar auditorias para os programas Sustainable Biomass Program (SBP) e ENPlus. O primeiro foi fundado pelas principais empresas europeias com a finalidade de certificar biomassa de madeira sustentável para uso como energia. A certificação SBP começa no produtor de biomassa e o objetivo é cumprir com os requisitos legais, regulatórios e sustentáveis da União Europeia. Esse padrão cobre toda a cadeia de suprimentos, da floresta ao consumidor oferecendo uma abordagem mais holística em seus requisitos e focando na implementação dos atuais desenvolvimentos da sociedade. É dada atenção especial à conformidade social, mudança no uso da terra e biodiversidade. O ENPlus, por sua vez, é uma certificação de qualidade para pellets de madeira. A certificação foi criada em 2010 na Alemanha e é focada em pellets de madeira direcionados ao mercado de queima. O objetivo é atingir uma cadeia consistente de qualidade no produto. O mercado alvo são produtores de pellets de madeira, bem como traders que entregam para o consumidor final.


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