Circuito Moda Minas :: Ed. 02

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2016


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editorial / expediente

Quem vê uma coleção de moda nas araras não imagina o que se esconde por trás dela. Além de muita pesquisa, é preciso muito conhecimento técnico e uma gestão de negócios eficiente. Trabalhar com moda é, antes de tudo, trabalhar em equipe. Pensando nisso, mostramos para você quem são os estilistas que se desdobram na criação de marcas de peso, como DTA, Kalandra, Fátima Scofield, entre muitas outras. Como a moda vive do novo, não podíamos deixar de mostrar as iniciativas que apoiam e descobrem novos talentos. O concurso Ready to Go, promovido pelo Sindivest-MG e realizado durante o Minas Trend é um deles. Contamos um pouco sobre ele e também sobre um novo modelo de comercialização e divulgação desses novos talentos, que se reúnem em espaços independentes para mostrar seu trabalho. Outro mercado que também está se revelando é o da moda plus size. A ditadura da magreza está perdendo o sentido e as confecções já perceberam isso, estendendo sua numeração até o 54. As exportações também estão em alta e aproveitamos para abordar o tema nesta edição, na matéria “Sem fronteiras”. Valléria Melo e Luisa Vautier foram as experts que nos guiaram pelo assunto. No mais, aproveite nossas dicas para arrasar nas redes sociais e se inspire nos nossos editoriais de moda, feito por uma turma que entende do assunto.

Ana Helena Miranda

| Editora-chefe

Diretoria Célia Pyramo, Jamile Lage e Janaína Mara Editora de Jornalismo Ana Helena Miranda Jornalismo Sabrina Dutra Editora de Moda Inês Yamaguchi Conselho Editorial Arízio Melo, Heloisa Aline, Marta Machado Consultora de Moda Patrícia Kuratti Projeto Gráfico Rafael Maia Criação Allysson Franco, Carla Marin Colaboradores Anna Carolina Ludendorff, Bruno Cândido, Déa Januzzi, Dinalva Barros, Heloisa Aline, Izabela Ventura, Lorena Milo, Luisa Reiff, Mary Figueiredo Arantes, Nathália Matos, Tereza Cristina Horn e Titita Motta Tratamento de imagens Márcio Martins Revisão Nayara Garófalo Fotógrafos Álvaro Fráguas, Breno da Matta, Carol Thusek, Gustavo Marx, Márcio Rodrigues e Weber Pádua Operações Marcella Belisário Assessoria Jurídica Toffalini Maia Carneiro Sociedade de Advogados Gráfica Rona Editora Tiragem desta edição 12.000 exemplares

Foto Marcio Rodrigues Styling Inês Yamaguchi Beleza Bruno Cândido Isabel Hickmann (Way Model) veste top Patogê, short DTA e calça Caos

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A revista Circuito Moda é uma publicação Voice Rua Pirapetinga, 322, sala 304/305, Serra. CEP 30220-150. Belo Horizonte, MG comercial@voicedesign.com.br | TEL: 31 3261 2608


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índice

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Colaboradores

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Vitrines

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Fashion News

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Estilistas

Incansáveis criadores

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M i n a s Tr e n d

Em busca de novos talentos

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Plus Size

Moda sem limites

44

Quem usa

Elas usam Fabiana Milazzo

46

Te n d ê n c i a s

Frango, batata doce e moda

52

Iniciativa

Um novo jeito de mostrar (e vender) moda

58

Per fil Fashion

Básico e casual

62

Editorial

Assimetria total

70

Editorial

Av e c e l e g a n c e

78

Editorial

A regra do jogo

86

Negócios

Sem fronteiras

90

Mídias Sociais

Redes sociais sem mistério

94

Negócios

Crise impulsiona investimento em outlets

97

Agenda

98

Reflexão

P o r Te r e z a C r i s t i n a H o r n

100

Beauty

Beleza indispensável

104

Casa do Estilista

Refúgio urbano

107

Dicas de beauté

Te n d ê n c i a s p a r a 2 0 1 6

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Paparazzo

110

Endereços

112

Reflexão

100

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Por Mary Figueiredo Arantes

70


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Fotos Álvaro Frágua e divulgação Edição Dinalva Barros Produção Ana Gabriella Sarmento

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Fotos Álvaro Frágua e divulgação Edição Dinalva Barros Produção Ana Gabriella Sarmento

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Desiree


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fashion news

Em sua coleção de Primavera Verão 2017 que será apresentada no Minas Trend, a marca de moda Infinita explora um novo lado da artista mexicana Frida Kahlo. Intitulada “Magdalena” – primeiro nome da artista – a marca se inspira em sua determinação e coragem para criar peças recheadas de bordados com flores e bichos, rendas coloridas e uma cartela de cores que faz referência à famosa “Casa Azul”, onde Frida viveu. “As cores traduzem seu universo colorido, mas de uma forma mais suave, com tons mais claros”, explica a diretora de criação Miriam Lima.

Dobradinhas da Printing Será inaugurada no primeiro semestre, em São Paulo, a nova empreitada da Printing em parceria com a também mineira Coven. A loja fica na rua Peixoto Gomide com Oscar Freire, nos Jardins, e vai receber as coleções completas das duas grifes. Até então, as clientes paulistanas só encontravam parte das criações em multimarcas. “Lá temos excelentes parceiros, mas sentíamos falta de uma loja própria. Ninguém melhor que nós mesmas para explicar a proposta ao cliente final, sugerir como usar as peças. Vamos oferecer desde uma moda para o dia a dia até roupa de festa, habillé”, explica Márcia Queiroz, diretora criativa da Printing. Aliás, a marca promete outra dobradinha: em junho, durante o circuito Dmais Design, em Belo Horizonte, será lançada a segunda coleção de suas estampas-desejo aplicadas aos móveis da Sava.

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Fotos Álvaro Fráguas, Gustavo Marx, Antônio Andrade e Breno Mayer

Um novo olhar sobre Frida Kahlo


Para coroar seus 20 anos de moda, a stylist Ticha Ribeiro começou a investir em um trabalho paralelo: a montagem de mesas decoradas. Ela sempre gostou de decorar mesas, mas a coisa ficou “séria” depois que amigos – entre eles, uma jornalista, um fotógrafo e uma diretora de arte – a incentivaram a criar um site (inventandomesa.com.br), no ar desde outubro passado. As pessoas se encantaram pelo projeto, que foi ganhando força pelo Instagram @inventandomesa, já compartilhado por Maison Valentino, Lacroix e Stephen Jones. Para a criação de cada mesa, Ticha procura o zeitgeist: “tendências se convergem no design, na arte e na moda, que vai muito além do vestir. Quase todas as peças são do meu acervo e gosto de misturar o que chamo de ‘joias de mesa’ com elementos corriqueiros”, conta Ticha. Na Mesa Praia (foto), a canga virou toalha e a bolsa de abacaxi, um jarro.

fashion news

Alta costura à mesa

Patchoulee aposta em linha casual Referência quando se trata de moda festa, a Patchoulee investe também em sua nova linha casual. “Sempre tivemos a linha Cocktail Dress que os clientes amam e, com o tempo, eles começaram a pedir uma linha Day by Day. Surgiu, então, a oportunidade de agregar o casual na marca e ficamos muito felizes em desenvolver a coleção, o desafio é muito gratificante”, afirma Ayla Lopes, diretora da marca, junto com Aline Lopes. Peças de alfaiataria com pegada rocker e blusas de renda com inspiração vitoriana fazem parte da coleção de Inverno 2016, que possui também maxi vestidos estampados. Tudo sem deixar de lado o jeito Patchoulee de ser: “tivemos o cuidado de transportar nosso DNA para a roupa e o resultado foi uma coleção atemporal e magnífica”, diz Ayla.

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estilistas

Por Heloísa Aline

INCANSÁVEIS CRIADORES Os estilistas a seguir transitam com muito estilo entre várias grifes mineiras e têm como maior desafio o respeito ao DNA de cada marca para a qual trabalham Eles são a alma de uma marca. Transitam com agilidade entre as empresas, traduzindo estilos diferentes, carregando nas costas a responsabilidade de acertar sempre na elaboração das coleções, cujo resultado é contabilizado em boas vendas. Fruto da evolução do mercado de moda, passaram a ocupar papel de relevância a partir dos anos 1980, com a implantação dos cursos universitários no país e com a consequente profissionalização do setor. Mais do que desenhar croquis, suas habilidades são múltiplas, a começar pela sensibilidade de captar o mood do momento, o que significa estar antenado com o que acontece no mundo, dos ateliers de alta costura ao comportamento das ruas. Cultura geral é outra exigência da profissão: a fonte de inspiração pode vir de um quadro no museu ou de uma banda cool, das tradições de um país longínquo ou de um livro especial, da arquitetura, fotografia ou botânica.

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Escolher um caminho entre tantas opções e percorrê-lo com coerência e criatividade em um universo globalizado, saturado de informações e de imagens, criando algo novo em tempos de internet e de redes sociais exige uma reinvenção constante. A lista de aptidões que um estilista precisa trazer na bagagem não para aí: inclui, entre outros elementos, conhecimento de tecidos, modelagem, estamparia, bordados, acabamento e produção. A maioria desses profissionais ganha a vida trabalhando em duas ou três fábricas, simultaneamente, sempre com o desafio de traduzir, através do estilo, o perfil de cada marca... haja fôlego! Cássio Vital, Daniel Correia, Fernando Silva, Rochele Gonçalves, Eduardo Suppes, Guilherme Marconi, Antonio Diniz e Thalita Rodrigues contam aqui um pouco da sua história, como chegaram ao mercado da moda e os desafios do ofício que escolheram.


Foto Gustavo Marx Agradecimento Estúdio Daniel Mansur

O primeiro ensaio de Antonio Diniz no setor de confecção foi na alfaiataria do Hermano Alves, o alfaiate dos elegantes de Beagá, já no finalzinho da década de 1980. Tinha na bagagem apenas um curso de modelagem e a experiência de produtor de moda. O que era para ser uma espécie de estágio, prolongou-se e ele ficou com a família durante dez anos – logo após foi trabalhar na Blade Runner, com Marcelo Blade, filho de Hermano, marca especializada em moda masculina. Lá deu os primeiros passos no estilo. “Aprendi muito com eles, principalmente com relação ao corte industrial, e isto foi muito importante para minha carreira”, conta o estilista. O encontro com o feminino aconteceu com a sua entrada na iniciante Disritmia/DTA. Mais do que isto, a oportunidade fez com que mergulhasse no universo específico do jeanswear, acumulando experiências que levaria para a Fourteen, empresa já extinta, onde trabalhou seis anos. “Então a Skunk me convidou para cuidar da parte fashion das suas coleções. Fiquei 12 anos na estrada, entre Juiz de Fora e Belo Horizonte, dividindo-me entre outras fábricas daqui, como a Graça Ottoni e a Padronagem”, relata. A Padronagem foi uma rica experiência no currículo de Antonio. Foi a primeira vez que se aventurou no estilo plus size e suas sutilezas. Junto à Ana Paula e Cristina Vereza, donas da marca, conseguiu imprimir um estilo jovem e elegante à mesma. “Nunca tinha feito roupas para tamanhos maiores, mas também não tinha preconceito. Provamos que, observados certos critérios e limitações, as coleções ficam lindas e fazem sucesso”, detecta. A parceria é tão produtiva que já dura 16 anos. O estilista também passou um tempo na Fleche D’or, voltada para uma mulher, digamos, mais over, com um tempero sensual e estampas vibrantes. Atualmente, presta serviços para Victor Dzenk, que dispensa apresentações. “O Victor tem um estilo bem autoral, entre o casual chique e fes-

estilistas

A ntonio Di n i z

ta, com cara de Brasil. Puxa pelo tropical, daí que as cariocas adoram”. Numa terceira fábrica, a Desirée, Diniz vem renovando o carro-chefe da grife: as camisetas, desenvolvendo novos temas e estampas contemporâneas. No total, são 28 anos de mercado. Crítico com relação ao rumo que a mídia de moda tem tomado no Brasil, com a extinção da crítica especializada, Toninho, como os amigos o chamam, se distingue pela gentileza e boa convivência com colegas e equipes: “Nosso trabalho já é bem estressante. Temos que estar felizes com ele. Além da responsabilidade comercial nas nossas mãos, penso sempre na responsabilidade social, em quantas pessoas que dependem do sucesso do que criamos”.

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estilistas

Cás s i o Vi ta l

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Muita gente não consegue vislumbrar o mundo sem a internet e nem imaginar como a moda era feita antes do advento da tecnologia de comunicação. Cássio Vital sabe contar essa história muito bem. Mineiro de Juiz de Fora, sua primeira oportunidade, quando chegou a Belo Horizonte, aos 20 anos, foi na IMA Têxtil, especializada no atacado de tecidos, com grande destaque na década de 1980. Época em que as revistas importadas – que custavam para chegar ao Brasil – e os caros bureaux de tendências, constituíam as fontes de informação do mercado. Além de vender tecidos, a IMA era um centro importante de referência fashion, oferecendo, gratuitamente, esses materiais para os clientes. Cássio já fazia ilustrações para a seção feminina de um jornal de Juiz de Fora e ficou sabendo que Sheila Araújo, responsável pelo comercial da casa, estava precisando de um assessor. Enviou seus desenhos e ganhou o emprego. “Não entendia nada de tecidos, mas a empresa era um ponto de vanguarda, frequentada pelos nomes importantes da moda local. Lá tive a chance de visitar importantes tecelagens brasileiras, de aprender tudo sobre os processo de confecção, estar em contato com os desfiles internacionais, além de construir muitos relacionamentos”, recorda. Ali conheceu Edna Thibau, um “caso de amor” que dura até hoje, que o convidou para trabalhar na Cena 7 e, em seguida, na Alphorria. Um dos traços que marcam a carreira do estilista é a sua longevidade nas fábricas. No caso da Alphorria, nos nove primeiros anos, acompanhou a história da empresa, seu crescimento, os desfiles no Fashion Rio e na São Paulo Fashion Week. O mesmo aconteceu na Madrepérola, cuja parceria está completan-

do 12 anos. “Além de me identificar com essas marcas, o que me prende a elas é a liberdade de criação que me oferecem. Fico feliz com o resultado e elas também”, resume. No intervalo de sua saída da Alphorria, para a qual retornou há cinco anos, integrou a equipe da Regina Salomão e da Divina Pele. “O que me encantou na Divina Pele foi a chance de reposicioná-la no mercado. Ganhei carta branca para dar um upgrade no produto e direcioná-lo para outro público, outro cliente. Isto, nos seis anos que passei por lá, foi muito estimulante”. Discreto, avesso à badalações, focado, Cássio é daqueles que acredita no trabalho e nos resultados. “Ele fala pela gente”, ressalta. E usa sua criatividade a favor das empresas, não mais de duas de cada vez, para que possa se dedicar completamente a elas. O segredo do sucesso, de acordo com o estilista, é não se dispersar, não perder de vista o DNA da marca. Em tempos de informação online, simultânea – a maior mudança ressaltada por ele em 30 anos de mercado – , esse tem que ser, cada vez mais, o mandamento número um.


Quando Daniel Correia chegou a Belo Horizonte, vindo de Carmo da Mata, no interior de Minas, trazia consigo o sonho de trabalhar com moda. E a fada madrinha que o conduziu para o mercado foi a tia Sinhá, mãe de Inácio Ribeiro, dono da marca anglo-brasileira Clements Ribeiro, em Londres. Um telefonema dela para Mabel Magalhães fez com que a estilista se animasse a receber aquele jovem, que adorava desenhar roupas. E só. “Ela me perguntou se eu entendia de estilo e fiquei sem saber o que responder. Olhou os desenhos, achou que eram bons, mas observou que, apesar de eu ter feeling, não entendia nada do processo de confecção”, conta Daniel. Nessa reunião, ele ganhou o cargo de estagiário não

remunerado e iniciou uma carreira bem-sucedida como designer.“Agarrei a oportunidade e, pouco depois, fui contratado. Mabel me fez passar por todos os setores da fábrica. Queria desenhar, mas entendi que aquela era a melhor maneira de aprender. Trabalhar ali foi a minha escola”, constata. Ter como professora uma profissional exigente como Mabel e a chance do contato direto com o chão de fábrica eliminou seu desejo de entrar para o curso técnico de Estilismo e Modelagem do Vestuário da UFMG, o único que existia em Belo Horizonte. Naquela época, a Mabel Magalhães investia no casual chic, coleções mais clássicas e minimalistas, com tons e estampas neutras, pintura à mão... A opção pelo segmento festa veio bem mais tarde. Quando Mabel adoeceu, Daniel estava preparado para levar a coleção em curso adiante. Com sua morte, assumiu a direção de estilo da marca. “Não foi difícil, aceitei o desafio de mudar a imagem daquela mulher mais clássica para outra mais contemporânea”, relata. Foram mais de 15 anos na empresa, da qual se desligou em novembro de 2015. Mas, paralelamente à Mabel Magalhães, o estilista passou por outras fábricas, com outros perfis, como a Batom Blue, Primeira Etapa, Última Hora e Fátima Scofield, onde está há quase quatro anos. Chegou quando Fátima tinha desfeito uma sociedade e com a proposta de mudar a direção das coleções, investindo em novas modelagens, introduzindo mais estampas, evitando bordados excessivos. “Cada marca tem uma pegada e o estilista tem que respeitar isto. O importante é que a roupa seja bem-feita, com bom tecidos, bom corte e acabamento e um toque atemporal. Acho que esse é o luxo hoje”.

estilistas

Fotos Gustavo Marx

Daniel Co r re i a

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estilistas

Roch e l e Go n çalves

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As mãos de Rochele Gonçalves nasceram para inventar. Suas habilidades manuais se manifestaram, precocemente, em forma de desenhos, bordados, customizações e tudo que envolvesse criação. Aliado a isso, desde muito cedo tinha uma veia especial para ganhar seu próprio dinheiro. Fazia arranjos de cabelo para os colegas de escola, forrava sapatos e já bordava muito bem. A mãe, costureira em Pirapora, onde foi criada, deu corda para o dom da filha, reconhecendo que a sua criatividade era incomum para a idade. E a apoiou quando, aos 13 anos, matriculou-se no primeiro curso de desenho. Logo após, seu talento despertou o interesse da dona de um atelier sob medida, onde a sociedade elegante da cidade se vestia, famoso também por criar os vestidos para os concursos de miss. “Fiquei conhecida na região pelos meus bordados diferenciados”, revela

Parte do que ganhava era reservado para concretizar o sonho de vir para Belo Horizonte trabalhar com moda. Quando chegou à capital mineira, em 1999, trazia consigo uma boa bagagem, repertório e experiência. “Enviei meus desenhos para o Patrus, da Casa das Fábricas, e consegui o emprego para trabalhar no atelier que ele mantinha na loja, no ano seguinte”, conta Rochele, cuja filosofia é aprimoramento constante. Para isto, foi estudar moda no curso de Estilismo e Modelagem do Vestuário, da UFMG, depois entrou na faculdade Cimo, terminando a graduação na UNA. Seu currículo aponta cursos complementares de modelagem, corte e costura, moulage, com Júnia Melo, consultorias de moda e visagismo no Senac, entre outros. Rochele faz parte do time de colegas de profissão que se dividem entre várias marcas: está na Cajo Fashion (casual e festa), na Helô Bicalho (casual chique) e na Simplicitá (casual). Trabalhou na Bárbara Design, Kalandra, Traquinage e Dylles... Entre muitos talentos, é daquelas que executa um risco para bordado à mão livre com perfeição. Ética, considera segredo industrial tudo que acontece dentro de uma fábrica: “A confiança é essencial nesse trabalho. Cada cliente tem uma estratégia, um perfil, e isso já nos dá um direcionamento para distinguir um do outro, respeitando, sobretudo, o perfil do consumidor final. O que se espera é que usemos nosso conhecimento, técnicas e habilidades para prestar um ótimo serviço”, acredita. Segundo ela, quando o estilista se identifica com a marca, a troca de energia é sempre muito boa. “O profissional tem que ter consistência, olhar cada peça da coleção com cuidado, observar o ponto de ligação com o tema proposto, sem esquecer o chão de fábrica”, garante.


Apaixonado por moda e arte, Fernando Silva sabe como ninguém usar esse casamento na elaboração das coleções que assina. Nome importante da nova geração de talentos mineiros, sua atuação vai muito além da pesquisa, desenhos e processos da confecção, mas se reflete diretamente na definição e concepção das imagens das campanhas das empresas às quais está associado. Exemplo recente? Em novembro, viajou para a Holanda para fotografar a coleção inverno 2016 da Ellizabeth Marques, escolhendo como locação o suntuoso Castelo de Keukenhof, cenário perfeito para as “princesas contemporâneas” que idealizou para a marca mineira de moda festa. Formado pelo curso de Estilismo e Modelagem do Vestuário da UFMG, ainda estudante, seu traço preciso e criativo chamou a atenção de Ném Campos (da extinta IBZ), com quem foi trabalhar. Foi a sua primeira mentora. Preocupado com o aperfeiçoamento, passou pelo Marangoni para estudar modelagem e é famoso pela exigência com relação ao acabamento da roupa. Se seu diálogo começa com o responsável pela marca, chega também ao chão de fábrica, que ele classifica como o “campo de batalha”. “Circulo por todos os setores, tenho uma comunicação com quem faz – modelistas, pilotistas, cortadeiras, costureiras – e com quem vende. O comercial é um interlocutor importante para o sucesso da coleção”. Outro prazer confesso é o desenvolvimento de materiais. Entrar nas tecelagens, acompanhar o desenvolvimento das estampas, faz parte das suas funções e ele faz questão de executá-las com o mesmo rigor que observava quando teve suas próprias marcas: a Fleche D’or e a Fernando Silva. Embora tenha uma queda pessoal pelo estilo barroco/rococó, aprendeu, com a experiência de dez anos de mercado, a ser versátil e flexível. Quando passou pela Patogê, como estilista júnior, o campo de ação era o jeanswear; na Alphorria e na Victor Dzenk, criou coleções so-

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Fotos Gustavo Marx

Fernando S i l va

fisticadas e femininas. Passou ainda pelo Grupo Morena Rosa, como coordenador de estilo. Não importa qual seja o perfil da marca, Fernando sabe ser camaleônico. Prova disto é o trabalho desenvolvido para a Verosenso, especializada em couro, que foi apresentado na última Minas Trend. Seu desafio agora é o plus size para a Dani Salomão. “Fiz uma primeira coleção, mais contida. A de inverno 2016, já chegou forte, com muito apelo jovem e fashion para as mulheres que usam numeração maior”, explica. O trabalho do estilista repercute: recentemente, foi convidado pela tecelagem TexPrima para prestar uma consultoria de estilo, o que inclui a seleção de tecidos que serão usados no inverno 2017.

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Guilherme Marconi costuma brincar que em suas veias corre sangue azul. Com toda razão. Ao longo de 20 anos de carreira, tornouse um especialista em jeanswear, com passagens por várias empresas importantes do setor. Mas tudo começou quando ele, formado em design industrial pela antiga Fuma, em 1996, fez uma entrevista para o cargo de design gráfico na Disritmia, hoje DTA. Por dez anos, o menino do interior, que ganhou sua primeira chance na marca mineira, dedicou-se a ela e aprendeu tudo que sabe. Tinha 19 anos. “Foi a minha faculdade. Estar dentro de uma empresa verticalizada, me ensinou, muito além da moda, sobre organização, produto, estilo, comercialização de coleções que precisam bater metas”, explica. Responsável, a princípio, pela criação de etiquetas, botões, estampas, logo estava participando da equipe de estilo. “O jeanswear é um universo diferenciado, exige conhecimento de máquinas especializadas, escolher matérias-primas, modelagem, o processo de costura, lavagens, tudo é muito particular”, ensina Guilherme, que hoje presta serviços para a DBZ, do mesmo segmento, e já passou também pela capixaba Presidium. A bagagem acumulada fez que, com o tempo, ampliasse sua área de atuação: paralelamente à DBZ, há muitos anos é estilista da Fiat Fashion, cujas coleções estão diretamente relacionadas com o lançamento dos novos modelos da Fiat Crysler Automobolis. Sua impressão digital está também na Kaster, que faz o que ele chama de “roupa jovem,

feliz, com design e tempero sexy”, e está há dois anos no mercado. Já esteve também na Madame V, especializada em lingerie e acessórios de luxo, com base em Londres, na Iorane, na Tráffico Z, na Divina Pele, e participou da elaboração de coleções da Lei Básica, Vide Bula, Ellus, Zoomp, Contatos Jeans (de Divinópolis), Bruna Jeans. “Quando entro em uma empresa, não quero mudar seu estilo, mas melhorar o DNA, observando o público, sempre antenado com a equipe de vendas”, enfatiza. Outro ponto importante, segundo Guilherme, é a ética: ele não trabalha para duas empresas do mesmo segmento e afirma que se divide com tranquilidade entre as marcas: “Isto exige muita informação, mas acho que ativa a criatividade, o contato com outras equipes é uma troca muito rica”.

Foto Gustavo Marx

estilistas

G ui l h e r m e Marco n i


Ele é workholic e já chegou a desenhar 12 coleções em uma mesma estação, mas ficou conhecido em todo Brasil quando a sua marca, Eduardo Suppes, desfilou em semanas de moda, começando pelo Rio Fashion e, já na temporada seguinte, na São Paulo Fashion Week, onde estacionou por sete edições. As melhores tops brasileiras vestiram suas criações: Shirley Mallmann, Isabeli Fontana, Luciana Curtis, Michelle Alves, Ana Cláudia Michels, Carolina Ribeiro, Carol Trentini, Marcelle Bittar... Mas a cereja do bolo foi a presença de Naomi Campbell na sua passarela na primavera-verão 2005/2006. Formado pelo curso de Estilismo e Modelagem do Vestuário da UFMG, Dudu, como é conhecido, também foi um dos alunos do curso de moda e estilo ministrado por Fanny Litt-

mann. Sua primeira experiência profissional foi na alternativa De Jay’s, por onde passaram também Jotta Sybbalena, Cristiane Mesquita (Kekei), e a própria Fanny. Depois, veio a Caos (que se chamava Caos dos Trópicos), ainda com showroom no Barro Preto, de quem ele nunca se desvinculou. Francis Parreira, dona da Caos, viu seu trabalho em um desfile promovido pelo jornalista Wagner Penna e, a partir daí, iniciaram uma parceria de sucesso. São 20 anos de mercado ou mais, segundo Suppes. Na ótica autoral, a receita imbatível da sua marca, criada em 1998, era misturar brilhos, feminilidade com pitadas da influência punk. E mesmo nesse período, o estilista nunca deixou de desenhar para outras grifes, sempre observando o DNA de cada uma delas. Depois de dez anos de mercado, ele encerrou a Eduardo Suppes em prol de uma melhor qualidade de vida e para se dedicar plenamente a criação. “Esse é meu dom”, afirma o estilista. E não está errado: do casual à moda festa, Dudu é uma fonte inesgotável de ideias. Tanto é que, na sua agenda, não há uma dia vago: além da Caos, atende, atualmente, à Regina Salomão, Divina Pele, Strass, Razzo, Tamara Capelão. “Tento respeitar o olhar de cada uma, tentando lapidar sempre. Tento interpretar o perfil de cada marca com respeito”. Fruto da maturidade, o estilista se considera mais tolerante e paciente: “Sei entender o lado do empresário, minha própria experiência foi importante para conseguir isto. E sei o que quero: uma mulher mais bonita e coleções que vendam”.

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Foto Victor Bravo

Edu ard o S uppes

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Graduada em design gráfico pela FUMA, Thalita Rodrigues nunca exerceu a profissão. Ainda nos tempos da faculdade, já manifestava um profundo interesse pela moda, particularmente pela estamparia. Logo depois de formada, abriu um pequeno atelier em seu apartamento, no bairro Santo Antonio, e seu trabalho chamou atenção de Paulo Haddad, dono das lojas Metrópole, cujo grupo comercial havia lançado a marca Ollium. Foi uma das suas primeiras experiências profissionais - daí para frente, teve como clientes marcas ainda pequenas do Barro Preto, entre elas a DBZ, que dava seus primeiros passos no mercado. Com a mudança de foco do polo de moda belo-horizontino para o bairro do Prado, ali passou a ser o seu quartel general, até que foi convidada para integrar a equipe da Alphorria. Encarregada do setor de jeans, no início, sentiu necessidade de ampliar a linha de produtos, o que originou a Alphorria Cult, com um mix completo, para atender uma clientela mais jovem e ávida por novidades. Ficou lá por sete anos. “Sempre trabalhei com o jeans com uma pitada fashion, uma linha bem butique”, explica. Outra empresa com a qual mantém uma relação estreita é a Caos: na primeira passagem pela marca, ficou cinco anos. Retornou há três e conhece como ninguém o estilo da grife, que preza uma mulher feminina, com uma pitada sexy e provocante. Há cerca de dois anos, foi chamada para uma nova proposta: dar uma reciclada na Brasil em Gotas, cujas coleções são direcionadas exclusivamente para as lojas. Sem perder o foco na proposta da empresa, uma clientela mais madura, Thalita, com o seu bom gosto e elegância, desempoeirou a marca,

revitalizando-a com delicadeza, feminilidade e informação de moda. O resultado é visível e repercute em boas vendas. “É uma experiência muito interessante, tenho liberdade total para criar e desenvolver o produto”. A estilista teve também uma excelente atuação na Áurea Prates, assinando, inclusive, todos os desfiles dos quais ela participou no Minas Trend. “Trabalhar em duas ou mais empresas é interessante porque enriquece tanto o repertório do profissional quanto o delas. Cada uma é uma história diferente, o que nos obriga a mergulhar em universos bem particulares”. Thalita presta ainda assessoria para empresas do Sul e pretende abrir um escritório especializado em consultoria de moda com o objetivo de amplificar as suas ações no mercado.

Foto Antônio Andrade

estilistas

Th al i ta Ro dr i gu es



Por Titita Motta FOTOS Agência Fotosite

ready to go

EM BUSCA DE NOVOS TALENTOS

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LLAS

A i n c l u s ã o d e n ovo s e st i l i st a s n o m e rc a d o é o o b j e t i vo d o c o n c u rs o Re a d y t o G o, q u e o f e re c e t a m b é m c o n s u l t o r i a d e d e s i g n , e st i l o e g e st ã o

Entrar no disputado mercado de confecções de moda vestuário e se destacar dentro dele não é tarefa fácil. Quem empreende no setor sabe bem disso. Não basta apenas possuir talento para o design e produzir um mostruário bacana dentro das chamadas tendências de cada estação da moda. É preciso muito mais além da criação, pois o mercado exige competência na conquista de clientes para o produto, marketing e gestão adequada do negócio para que o empreendimento conquiste permanência e sustentabilidade. Para possibilitar a inclusão de novos talentos e marcas no setor mineiro é que surgiu, em 2013, o projeto Ready to go, nome em inglês que significa “pronto para ir”, que é hoje o concurso mais significativo do mercado: uma promoção do Sindivest-MG, realizado pelo TS Studio dentro do evento Minas Trend, que acontece em duas edições por ano, em abril e outubro, no Expominas, em Belo Horizonte. O que distingue o Ready to go de outras iniciativas do gênero é o conjunto de ações envolvidas no projeto. A estilista Tereza Santos e sua equipe do TS Studio identificam, nas confecções de Belo Horizonte, jovens talentos emergentes para participar de cada edição do Minas Trend, possibilitando a exposição de suas coleções no estande coletivo patrocinado pelo Sindivest-MG. São 12 escolhidos que recebem estímulo para o empreendedorismo e para a inovação, na definição de Tereza Santos. “Procuramos identificar a criatividade vocacional no mostruário do candidato e levá-lo a entender o que está fazendo no sentido de produzir uma moda sustentável para o futuro da marca”, explica. Os participantes recebem ainda orientações relativas ao padrão de qualidade e refinamento do produto e à gestão e marketing do negócio.

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ANNE EST FOLIE

ANNE EST FOLIE

“Procuramos identificar a criatividade vocacional no mostruário do candidato e levá-lo a entender o que está fazendo no sentido de produzir uma moda sustentável para o futuro da marca”.

ready to go

Cada estilista selecionado tem direito a pelo menos duas participações no evento, com a exposição da sua coleção para compradores no estande coletivo do Sindivest-MG durante a feira. Os eleitos por um júri de especialistas composto por designers, jornalistas e formadores de opinião da área ganham como premiação, eventualmente, a oportunidade de desfile, além de muita exposição na mídia. O estande coletivo tem projeto cenográfico sempre renovado a cada edição, assinado pelo arquiteto Alexandre Rousset. Segundo Michel Aburachid, presidente do Sindivest-MG, o concurso coloca no Minas Trend novas empresas com capacidade criativa para gerar negócios.

Tereza Santos, estilista da TS Studio

marcas e s e u des e m pe n h o Já passaram pelo Ready to go por volta de 53 novas marcas. A Llas, das irmãs Laura e Lorena Andrade, foi a vencedora da primeira edição, com a coleção verão 2014, em que desenvolveram moulage sobre a seda, rendas e tule e ainda mereceram um estande exclusivo na edição seguinte do evento. Hoje, elas estão representadas pelo showroom de Maria Eugênia Leite na capital paulista e sediaram a confecção em Sorocaba (SP). Além disso, a Llas desfilou no São Paulo Fashion Week a coleção verão 2015/2016 e no Minas Trend a coleção inverno 2016. A segunda colocada no concurso foi a Jardin, de Bhárbara Renault, cuja coleção foi inspirada na arquitetura de Oscar Niemeyer, destacando suas linhas, curvas e formas abstratas. Um dos melhores exemplos de marcas bem-sucedidas a partir do Ready to go no entanto é a Thais Temponi, que integrou a primeira edição. A grife de moda festa da jovem estilista decolou com uma coleção de apenas 21 peças do verão 2014 de tal forma que na edição seguinte já estava presente em 41 pontos de venda e em 2015 forneceu para 87 multimarcas de primeira linha no país. “Foi uma surpresa. Para produzir a segunda coleção tive que tomar empréstimo em banco, meu noivo tornou-se meu sócio e hoje a comercialização é empreendida no Minas Trend e no Casa Moda de São Paulo”, explica Thais, que produz em torno de mil peças por coleção, o que é muito em se tratando de roupa de festa em tecidos nobres e bordados.

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ready to go

Na segunda edição do Ready to go, os contemplados com o primeiro lugar foram a Anne est Folle, das irmãs Renata e Ludmila Manso, e Lucas Magalhães com sua marca homônima. A vencedora do terceiro concurso foi a marca Grama, de Ana Sudano, que traz o conceito ecossustentável para a moda. A estilista, que já trabalhou para as marcas Graça Ottoni, Animale, Renata Campos e Infinita, tem como sócio o marido, o publicitário Rafael Morais. Realiza sua produção em Nova Lima (MG) com associações locais de artesãos e elege matérias-primas como algodão orgânico ou 100% reciclado, lãs e linho, além de tecidos com mix de pet e tingimento com pigmentos naturais. Em março de 2015, desfilou a coleção apresentada no Minas Trend na Vancouver Fashion Week (Canadá) como única marca brasileira convidada.

lucas magalhães

A vencedora do quarto concurso foi a estilista Laila Porto, da marca Mix N’Match, voltada para a malharia em t-shirts e vestidos. Na edição seguinte, em março de 2015, as vencedoras foram as estilistas Mariana Marrara e Luiza Miranda, com a marca Tropicale, de echarpes e pareôs de seda pura com estampas exclusivas. Destacaram-se ainda, nessa edição, as marcas TT Beachwear e Raquel Mattar, que já desfilaram nas passarelas do evento. A sexta edição, a do inverno 2016, premiou as estilistas Rita Cassini da marca homônima e a M Tee de Amanda Bicalho e Bárbara Gomides.

m arca s p rese ntes n a s éti m a e d i çã o d o Re a d y to G o

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Tyyli

Sabor de Hortelã

Lu Tolentino

Ana Barros Brand

Camilla Torres

Molett

Ronaldo Silvestre

Regina Misk

Fernanda Farah


TOKYOTOSAKA Weber Pádua

NOVO

SUMO-SIZED

PHOTOJOURNAL DE

WEBER PÁDUA JÁ NAS “BANCAS”


Por Titita Motta

MODA SEM LIMITES

A Elegance Plus Size, de Santa Catarina, é referência no mercado curvy

Um novo olhar sobre os parâmetros estabelecidos pela moda convencional em relação ao tamanho real da população feminina que consome moda vem se intensificando. As chamadas plus size ou curvy decretam uma verdadeira revolução no mercado. A demanda por produtos desenvolvidos segundo as últimas tendências de moda para esse segmento cresceu, pois o contingente feminino mudou de corpo nas duas últimas décadas. As marcas de moda, antenadas com o fenômeno, ampliaram as grades das suas coleções para os tamanhos acima do 46, decretando que quase tudo que as magras usam, as plus size podem adotar. E por que não? “Afinal, ninguém quer roupa de dona”, declara Ana Flávia Castro, estilista e proprietária da marca Kalandra.

Grandes redes de varejo, como a C&A, e marcas de moda íntima, como a DuLoren, foram pioneiras no lançamento de coleções plus size. Em seguida, marcas de pequeno porte aderiram. Confecções dedicadas ao segmento vieram registrando aumento de 20% a 30% no seu faturamento nos últimos anos, segundo o Sebrae. E as previsões são de que o contingente das curvy girls cresça ou pelo menos se mantenha estável, mesmo com todo o valor conferido à boa forma, que está focada nos tamanhos que vão do 36 ao 42. Para empresárias do setor, o mercado da moda plus size tem encontrado um cenário favorável, atendendo aos desejos das mulheres que vestem manequins entre 46 e 58 e que, até o início dos anos 2000, não encontravam no varejo itens com valor agregado de moda para o seu tamanho.

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Foto Pedrita Junckes

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Na última década, a moda feminina plus size cresceu e se tornou um dos grandes nichos do mercado nacional


Fotos Álvaro Fráguas

Sintonizadas com a demanda latente, muitas marcas decolaram na última década, desenvolvendo modelagem e estilo para as plus size fashionistas ou mesmo mulheres comuns em busca de uma imagem atualizada. O domínio sobre os recursos da maquiagem, da estética e da cirurgia plástica colabora nesse contexto. Bem maquiadas e penteadas, vestindo looks da moda e construindo uma imagem sensual e confiante, as blogueiras e modelos do segmento trabalham para campanhas das marcas dirigidas às plus size e faturam nesse mercado, assim como no da beleza. As mineiras Rafa Coelho e Silvia Neves, do site DasPlus, no portal Uai, utilizam também as redes sociais para a divulgação dos serviços que oferecem especificamente para o mercado da moda tamanhos extra G ou GG, tais como, consultoria de imagem pessoal, personal shopping, desenvolvimento de produtos, palestras e workshops. Rafa, 35 anos, manequim 48, graduou-se em Jornalismo, Administração de Empresas e fez pós na PUC Minas em Gestão de Marcas e Identidade Corporativa, enquanto trabalhava no comércio de moda. Silvia é modelo e foi Miss Brasil Plus Size Sênior 2014. É um mulherão, como ela se define. Veste 46 e faz diversas campanhas de moda, eventos e assessorias em parceria com a Rafa. As duas já prestaram consultoria para a Kalandra e Elvira Matilde, e fotografaram campanha para Marcia Morais. “Foi uma assessoria mais focada na modelagem e nas necessidades das plus size que não gostam de roupa larga. É importante acentuar a cintura e desenvolver algo dentro do imaginário feminino, como a silhueta ampulheta, para favorecer a mulher”, observa Rafa, lembrando que as consumidoras dos tamanhos maiores, que vão até o 60, possuem variedade de padrões corporais e a modelagem da roupa torna-se o grande desafio para as confecções.

plus size

faturando n o s eto r

A grife mineira Marcia Morais atua há 20 anos no mercado plus size

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col e çõ es do s e g m e nto

A Elegance Plus Size, de Joinvile (SC), nasceu em 1999 e só cresce. Segundo a gerente de marketing Renata Holtz, desde 2010, identificou-se uma procura pelos tamanhos grandes. As coleções de verão e inverno, com beldades plus size em suas campanhas, alcançam 320 modelos em tecidos planos, malhas e denim, dirigidas a 850 lojistas multimarcas. “Nossa consumidora tem espírito jovem e é ligada em moda. Gosta de seguir tendências e tem pegada sensual”, define Renata.

Fotos Divulgação

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Ana Flávia, da Kalandra – marca de roupa festa, com sede em Belo Horizonte – conta que começaram, nos anos 1980, com numeração do 38 ao 46, mas, com a crescente demanda por modelagens maiores, hoje o mostruário vai até o 54. “Nossa roupa tem informação de moda, é moderna e atende às exigências das clientes: o vestido não pode ter muita transparência, deve ter um decote que comporte o sutiã e manga estratégica em certos casos”, explica. No inverno 2016, recortes, fendas acentuadas, efeitos metalizados, aplicações e bordados adornam os vestidos com shapes amplos ou ajustados, comprimentos mídi e alongados. A grande novidade da estação é o minimal dress. Os catálogos das últimas coleções da Kalandra trazem modelo Bárbara Zanco, manequim 38. No entanto, segundo a estilista, 80% das vendas são de modelos acima do 46. “Nossa grade é democrática e estamos repensando a questão de utilizar modelo plus size”. Pelo visto, o marketing tem funcionado, pois as coleções de 60 modelos a cada temporada possuem clientes lojistas em todo o país.

Rafa Coelho foi a modelo da coleção plus size da Kalandra

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Atelie Claudio Menezes

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Dani Salomão assinava marcas de bolsas, mas optou pelo mercado plus size em 2013, logo que identificou o nicho atraente para uma moda antenada. “Usamos recortes verticais para emagrecer, decotes quadrados, em V ou redondos, que destacam os seios, aquilo que a mulher tem de especial”, explica a empresária. Com o objetivo de desmistificar o plus size e inseri-lo no contexto fashion, a próxima estação explora peças versáteis com silhuetas bem femininas, em combinações e sobreposições hi-lo. A Padronagem lança duas grandes coleções, inverno e verão, e outras intermediárias, mas não se considera fast fashion, já que o objetivo é oferecer uma roupa atemporal, de qualidade, valorizando o corpo feminino e os conceitos de elegância e contemporaneidade. Com showrooms em Belo Horizonte e São Paulo, a marca trabalha com modelos pluz size desde sua fundação, em 1997. Além do casual chic, a marca lançou a linha Padronagem Label, no segmento festa. “O perfil da nossa consumidora é a mulher sofisticada, entre 20 e 70 anos, do tamanho 38 ao 50, que procura se sentir confortável com ela mesma”, aponta a proprietária e estilista Marcela Vereza. A Cia da Moda, da estilista Aparecida Lacerda, migrou para o plus size. Na capital mineira desde 1986, hoje fabrica peças do manequim 40 ao 50. Tudo em tecidos planos, malhas de ponta, musselines, rendas, estampas exclusivas e looks planejados para explorar a sensualidade das mulheres curvy. Animal print misturado à renda negra e transparências, além de modelagem envelope e estampas vintage, brilham no inverno 2016 da marca. A grife mineira Marcia Morais, com quase 20 anos de mercado plus size, busca atender a todas as silhuetas, agregando valores de autoestima e bem-estar. Até mesmo a Think, marca de moda jovem estabelecida em Belo Horizonte há 15 anos, introduziu o segmento dedicado às curvy nas últimas coleções. “Nossa clientela pediu e desenvolvemos uma série de modelos nos tamanhos maiores, que tiveram excelente aceitação”, observa Mirian Bedran, diretora da etiqueta.

Fotos Álvaro Fráguas

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A valorização das formas femininas guia a moda plus size de Dani Salomão



ELAS USAM FABIANA MILAZZO 1

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Fotos Divulgação

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22 19 Conheça algumas das celebridades que não abrem mão de uma peça statement da marca em seu closet

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1 Isabella Fiorentino 2 Paloma Bernardi 3 Thássia Naves 4 Isabeli Fontana 5 Marina Ruy Barbosa 6 Manu Carvalho 7 Lala Noleto 8 Flávia Pavanelli 9 Luiza Possi 10 Monique Alfradique 11 Eliana 12 Helena Lunardelli 13 Claudia Leitte 14 Renata Kuerten 15 Karina Bacchi 16 Sophia Abrahão 17 Giovanna Lancelotti 18 Adriane Galisteu 19 Karina Bacchi, Luiza Possi, Giovanna Lancelotti, Adriane Galisteu, Sophia Abrahão e Lala Noleto com Fabiana 20 Bruna Linzmeyer 21 Vera Viel 22 Sophia Alckimin 23 Adriana Birolli 24 Fabiana Justus

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Fotos Divulgação

Por Luísa Reiff Guimarães

FRANGO, BATATA DOCE E MODA A moda ganha mais uma vertente. Desta vez, ela está mais perto das academias de ginástica do que da primeira fila dos desfiles

As blusas antigas do Nirvana que você usava na adolescência vão precisar de uma nova utilidade. A desculpa de usá-las na academia, bem ou mal, não cola mais. A hora do treino virou um compromisso semelhante aos outros que compõem o dia e merecem um outfit escolhido à altura. Aquelas camisas largas de propaganda e o short preto que ficavam no cantinho da gaveta não vão passear mais no treinamento funcional.

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Juju Norremose, blogueira

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“A mulher de hoje não tem tempo e muitas vezes tem que fazer mil e uma coisas antes de ir para a academia, então as roupas devem se adaptar a qualquer ambiente. Além disso, ser saudável e ativo está na moda e a mulher que usa moda fitness se mostra antenada”. Por falar em gaveta, de uns tempos pra cá, passou a existir uma nova categoria na hora de arrumar o closet: as roupas para malhar. Isso porque a atividade física se infiltrou fortemente no cotidiano das pessoas. Basta um clique no site oficial do país (brasil.gov.br) para descobrir que, entre 2009 e 2013, houve um aumento de 11% no número de pessoas que praticam atividades físicas em seu tempo livre. E os números têm aumentado junto às academias que pipocam nas ruas. Ainda há um fator que começou pequeno, despercebido, e que dá mais uma carga à prática: as blogueiras fitness. Elas democratizaram a academia, inspiram milhões de seguidores em suas redes sociais a fazerem parte do lifestyle, dão dicas de alimentação, malhação e vários outros “ãos” em seus blogs superacessados. E blogueira que é blogueira não fica longe da moda. Nem o mercado, que também reparou nesta demanda e se voltou para os praticantes de esportes com um leque de novas possibilidades.

da acad e m i a a o s upe r m e rca d o Juju Norremose é malhadíssima e soma 200 mil seguidores no Instagram. A academia é uma parcela relevante do seu dia e as roupas de malhar não podem mais ser tão restritivas. Precisam se adequar ao shopping, salão de beleza, supermercado e ao dia a dia como um todo, de acordo com ela. “A mulher de hoje não tem tempo e muitas vezes tem que fazer mil e uma coisas antes de ir para a academia, então as roupas devem se adaptar a qualquer ambiente. Além disso, ser saudável e ativo está na moda e a mulher que usa moda fitness se mostra antenada” conclui. Foi mirando exatamente nestas mulheres que a marca Brenda Vaz incluiu a moda fitness em sua loja, que inicialmente trabalhava apenas com biquínis. Marcela Mendes é sócia-proprie-

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A Patogê, tradicional marca de jeans, mira também o mercado fitness

tária e diz que não existe mais um perfil de cliente de moda fitness. São pessoas diferentes, mas todas com um interesse comum em conforto e modelagem. O gosto pessoal é que dita o uso de decotes, estampas e cores vibrantes ou não. A empresária de 43 anos diz que vai à academia todos os dias para musculação e treino funcional. “Uso normalmente fuseau estampada ou com texturas, tops e regatas mais soltinhas. Assim, aproveito e passo o dia inteiro com as peças. Além de confortável, fico sempre arrumada”, detalha Marcela.

Essa adesão crescente ao estilo de vida mais saudável impulsiona marcas de outros segmentos a entrarem no universo fitness também. Foi o caso da Patogê, etiqueta conhecida pelo denim, que lançou no início do ano a sua primeira linha de moda fitness. E como não perder a identidade e se desvirtuar do carro-chefe? Patrícia Castro, diretora de marca da Patogê, conta que as leggings e joggings feitas em malha ganharam estampa digital criada a partir da fotografia de calças jeans. Os bolsos, costuras e detalhes que remetem ao denim vieram de modelos jeans reais da marca e passaram suas características para as peças de outros tecidos através da estamparia a laser. Outro investimento tecnológico foi o moletom denim. Ele tem a construção maleável e macia do moletom, mas a aparência e o comportamento do jeans. Por ser pra lá de flexível, pode ser usado na academia sem problemas, e de lá já ganha aval para qualquer outro compromisso, porque se passa por calça jeans tranquilamente.

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Foto Sérgio de Rezende

de o l h o n o m e rca d o f i t n ess


modelos: Gabriela Koehler e Indyra Carvalho produção de moda: Andreia Pimenta make: Bruno Cândido

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Foto Divulgação

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A Nike lançou linha exclusiva para praticantes de yoga

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Patrícia esclarece que a motivação principal da marca foi satisfazer as necessidades de seu público. “A mulher que veste Patogê é muito vaidosa, gosta de valorizar o corpo, as curvas. Houve uma pesquisa sobre o dia a dia das nossas clientes e vimos que elas passavam muitas horas na academia. Queríamos fazer parte deste momento também”. E não só as atividades clássicas de academia ganham atenção. Yoga e pilates, por exemplo, atraem cada vez mais praticantes. Ou seja, pessoas que precisam fazer compras e se vestir para este novo compromisso na agenda. A Nike incluiu uma aba dedicada exclusivamente à yoga ao lado de esportes como basquete, futebol, lacrosse, volei e ciclismo, que estão lá há tempos. Tudo acessível a um clique do cliente online. Outra jogada inteligente da marca que mostra como o fitness entrou de vez no mundo fashion, foi a colaboração com grandes estilistas, como Riccardo Tisci, responsável pela produção criativa da Givenchy e com o rapper Kanye West, entre outros nomes de peso. A Adidas, é claro, não deixaria a concorrente ser a única a inovar. O cantor absolutamente cotado, cantado, dançado e fotografado Pharrell Williams é garoto propaganda da marca. Ele assina uma coleção de jaquetas, camisas e tênis. E sim, essa parceria pode ser considerada uma das responsáveis pelo revival do clássico tênis Adidas que você provavelmente usou na escola e agora está nos pés dos fashionistas do mundo. Por falar em tênis, o sapato em cor branca tem sido item fundamental no guarda-roupa dos antenadíssimos na moda. Desta vez, não apenas em moods esportivos, também acompanha roupas de festa, jaquetas de couro e, sim, roupas sociais. A demanda pelo activewear vive o seu boom agora, mas existe quem esteja no mercado há tempos. A Jump, uma das marcas do grupo Cila, existe desde 1983 e surgiu para acompanhar um outro momento fitness, as aulas de ginástica aeróbica. Desde então, o público fiel recorre à marca como companhia para a academia e atividades outdoor. Cila Borges, proprietária da marca, ressalta o quanto a tecnologia é um pilar que dá sustentação à marca. “Trabalhamos com microfibras de última geração que trazem benefícios como secagem rápida e conforto térmico. Algumas peças usam tecnologia de compressão, que reduz a fadiga muscular. Outros modelos têm proteção UV e ação antibactérias e fungos”. A sustentabilidade também é um fator relevante. “O lançamento mais recente é a tecnologia Eco Soul, fio de poliamida biodegradável. Ele é totalmente eliminado do planeta em menos de três anos, reduzindo o impacto ambiental”, diz. Saúde para você e para o planeta.


Surpreendente.

Foto Jomar Braganรงa

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iniciativa

Por Heloisa Aline

NUU Shoes

UM NOVO JEITO DE MOSTRAR (E VENDER) MODA

Gente jovem, com talento, mil ideias na cabeça e buscando uma oportunidade no competitivo mundo da moda... quem já não ouviu essa história? Após a formatura, uma interrogação invade a cabeça da maioria dos alunos graduados em Design de Moda. Com exceção dos poucos que foram absorvidos pelo mercado quando ainda estudantes, a dificuldade para encontrar um trabalho permeia a vida do restante. Os currículos enviados ficam sem resposta, as marcas querem profissionais que já tenham uma experiência real e que possam contribuir efetivamente em suas equipes. A solução para boa parte desses estilistas em início de carreira é empreender, investir na própria marca, fugindo do modelo tradicional de comercialização nas grandes feiras, salões privês ou showrooms sofisticados, inviáveis economicamente. Sem aporte financeiro para bancar o investimento, a alternativa tem sido vender seus produtos diretamente para o consumidor final em eventos itinerantes, que agregam pessoas na mesma situação, faixa etária, e, não raro, envolvem outras manifestações culturais. É nesse caldeirão

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Foto Thaís Vandanezo

Jovens estilistas da capital mineira se unem para mostrar seu trabalho em ações inusitadas baseadas no compartilhamento e na troca de ideias


Foto Fernando Biagioni

alfaiataria

iniciativa

fervilhante de ideias, regado com a energia da juventude, e acreditando no coletivo, que as marcas vão se tornando conhecidas do público e negócios são realizados. Case que exemplifica bem esse movimento é a galeria de moda AMDO (www.amdo.com.br), que reúne sete nomes da novíssima geração de estilistas da cidade: Ana Barros, Camila Interlandi, Gui Legnani, Carlos Penna (acessórios), Nuu Shoes (sapatos), Matheus Couto e Mínima (acessórios). A curadoria é do jornalista Bernardo Biagioni. Foi fotografando os desfiles do Fumec Forma Moda, evento no qual alunos da universidade apresentam seus trabalhos de conclusão de curso (TCC), que ele se deparou com alguns formandos talentosos, que lhe chamaram a atenção. Daí veio a proposta de formação de um grupo para que pudessem efetuar ações comerciais e de marketing. Bernardo, um jovem apaixonado por Belo Horizonte, cuja primeira experiência no jornalismo aconteceu na revista Ragga e no jornal Ragga Dropz, deixou de lado a profissão para se dedicar a propostas que envolvessem e projetassem a cultura local. Em 2012, criou a galeria de arte contemporânea quartoamado, formada por artistas promissores. “Comecei documentando seus trabalhos e, com o tempo, fui percebendo que faltava uma ponte que os conectasse com o lado comercial”, explica.

A AMDO (anagrama de amado), “uma irmãzinha do quartoamado”, segundo ele, estreou em abril de 2015, com um desfile performático na inauguração de A Alfaiataria, endereço que abrigou o atelier do renomado alfaiate Hermano, e que funcionou até dezembro, com a proposta de ser um espaço colaborativo de desenvolvimento de ideias e projetos. Tornou-se um ponto cool dos antenados e criativos de Beagá. “Nosso principal objetivo é criar e ampliar espaços e perspectivas para jovens designers locais, articulando um movimento efervescentes de criadores mineiros que, por falta de estímulo, por vezes não perseveram em criações experimentais e autorais”. Ali os novos estilistas receberam corners para expor suas coleções cápsulas, convivendo com outras manifestações artístico-culturais. Bernardo explica que, com o encerramento das atividades de A Alfaiataria, “a galeria AMDO seguirá itinerante, criando e resignificando lugares da cidade para a realização de desfiles, exposições, palestras e workshops direcionados à articulação deste slow fashion local”, afirma.

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iniciativa

Filha da sapateira Paula Bahia, Marcela Bahia seguiu os passos da mãe e lançou a NUU Shoes em sociedade com Marina Lerbach, em abril do ano passado, na Benfeitoria, um galpão mix de galeria de arte, casa de shows e bar, no bairro Floresta. O imóvel foi escolhido pelo coletivo Benfeitoria depois que a casa que o grupo mantinha na região ficou pequena para seus eventos, que incluem uma feira de design e artesanato. Desde o princípio, a ideia da dupla era explorar minicoleções de sapatos a partir de criações atemporais, voltadas para “mulheres com estilo pessoal, que gostam de moda, mas não se prendem às tendências”. Apesar de apostar forte no e-commerce e nas redes sociais, elas optaram também, nesse primeiro momento, pelas vendas no varejo. Por isto, a participação no projeto A Alfaiataria foi fundamental para a aproximação com o público. “Clientes e amigos puderam ver a coleção e experimentar as peças. Como foram realizados vários eventos no local, houve grande trânsito de pessoas, que se identificaram com nossa proposta. Isso além do reconhecimento da empresa no cenário local”, afirma Marcela. Integrante da galeria AMDO, Marcela considera revitalizante conviver e trocar ideias com outros designers, ajudando-se mutuamente. Pouco a pouco, a NUU vem conseguindo se introduzir em multimarcas – já está no Rio, São Paulo e interior de São Paulo. “Mas, por enquanto, vamos continuar vendendo online e em pontos físicos temporários, que dialogarem com o perfil do público da NUU. Acabamos de participar da Cluster, no Rio de Janeiro, com esse mesmo objetivo”, conclui.

Look da estilista Ana Barros

slow fa s h i o n A maioria dos fashion designers iniciantes, que optaram por esse caminho, são adeptos do slow fashion, que tem muitos seguidores. São pessoas que gostam de comprar em locais alternativos com produção pautada pela exclusividade. E apreciam roupas que têm uma história, com edição limitada – se forem de autoria de alguém que conhecem ou pertencerem à cultura local, terão um significado especial: o valor afetivo aumenta, mesmo que custem mais caro do que em loja convencional. Camila Interlandi, que se formou na Fumec, há pouco mais de um ano – junto com Gui Legnani (moda masculina) e Ana Barros –, acredita nisso.

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Fotos Fernando Biagioni e Thaís Vandanezo

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MARCIORODRIGUESPHOTO.COM MARCIORODRIGUESPHOTO


iniciativa

Camila Interlandi e Gui Legnani criam coleções genderless

“Criamos e as pessoas compram aquilo com que se identificam, independentemente se são homens ou mulheres”. Camila Interlandi, estilista

Em São Paulo, para onde se mudou recentemente, ela se matriculou em uma pósgraduação em Empreendedorismo sustentável em moda, na universidade Anhembi-Morumbi. Na sua concepção, isso vai ajudá-la a gerenciar melhor a sua marca e a continuar no segmento do slow fashion, pensando na questão sustentável da moda, particularmente no consumo sustentável. “Não quero fazer parte dessas marcas que vendem roupas descartáveis. Quero que as pessoas desejem ter uma peça minha no guarda-roupa, que ela seja atemporal, que a guardem com carinho, como antigamente acontecia. Muito da minha roupa e da minha produção passam pela questão do afeto e acho que as pessoas estão perdendo isto”. Nesta filosofia, Ana está à procura de pontos comerciais e showrooms que combinem com a sua proposta de moda festa autoral, onde o público busque esse tipo de produto, valorize bons tecidos, pontos artesanais de bordados, bom acabamento. “Penso que com todo o investimento que fiz na minha marca e no meu nome, vou dar continuidade ao meu projeto com mais facilidade e resultado”. Apesar de distante, ela salienta que não sairá da galeria AMDO, um braço importante em Beagá.

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Fotos Fernando Biagioni

Participou, como os dois colegas, do desfile de inauguração de A Alfaiataria. “Foi minha primeira experiência, um laboratório, um aprendizado. Recebi o convite, desdobrei as peças que fiz para o TCC em outros looks e, quando vi, estava mostrando, vendendo meu trabalho e percebendo como ele estava sendo recebido”, conta. Na sequência, em novembro, ela se uniu a Gui Legnani para lançar o Projeto Motus, cujas coleções cápsulas são voltadas para um público “sem gênero”. “Criamos e as pessoas compram aquilo com que se identificam, independentemente se são homens ou mulheres”, explica, frisando que a ideia foi sucesso. Tanto é que, no momento, Camila e Gui optaram por dar uma pausa em suas coleções particulares para se exercitarem a quatro mãos. A possibilidade de se expressar a partir do que pensa sobre moda, estilo e roupas também conquistou Ana Barros, um nome para se prestar atenção. No pouco tempo entre a saída da universidade e a vida de estilista, deu passos gigantes para uma iniciante: desfilou a coleção de graduação na 36ª Casa dos Criadores, foi escolhida entre os 22 melhores jovens designers internacionais para desfilar uma nova coleção no projeto Mittelmoda, na Itália, recebeu convite para desfilar na semana de moda de Vancouver, no Canadá. E ainda: selecionada para o estande coletivo do Sindivest-MG, no Minas Trend, ficou em segundo lugar no concurso Ready to Go, que revela novos talentos para o mercado.



Por Sabrina Dutra Fotos Breno da Matta

perfil fashion

Casal low profile e bem família, o ex-jogador de futebol e hoje empresário esportivo Lincoln Soares e Raquel Boska Soares abrem seu guarda-roupas, que prioriza um estilo básico, mas recheado por peças de grife

BÁSICO PLUS

Ela adora um jeans bem despojado, eleito peça-chave do seu closet. Ele brinca que seu estilo é um “básico plus”, pois, às vezes, inventa uma moda. Raquel e Lincoln Soares já se conheciam de vista, em Belo Horizonte, mas se encontraram mesmo na Europa, em 2007, quando ele, craque do futebol, se transferia da Alemanha para a Turquia e ela modelava por lá. O astral leve dos dois tem tudo a ver com o que gostam de vestir. “Misturo jeans com uma camisa, se quero estar mais arrumadinha, ou com camiseta, se a proposta for casual”, fala Raquel, em total sintonia com o marido. Lincoln gosta de dar um toque diferente ao look, como usar tênis (ao invés de sapato social) com terno. “Mas, no dia a dia, quase sempre visto jeans e camiseta. Para uma reunião de negócios, coloco uma camisa de botão”, conta o empresário. Nem dos acessórios o casal abusa. Raquel curte joias discretas, que normalmente ganha de presente do marido, em ocasiões especiais. “Não tenho essa paixão toda por joias, mas que mulher não gosta?” Já Lincoln só usa a aliança de casamento, além de seu vício, os relógios: “Sair sem relógio, para mim, é pior do que sem telefone”. Raquel também curte relógios, mas sua queda mesmo é por bolsas. “É um acessório que pode mudar todo o look, principalmente para quem se veste de forma mais básica. Nem salto alto uso mais. Prefiro tênis e rasteiras, até para um evento social, quando opto por um modelo com pedras. Para acompanhar meu filho de cinco anos, desço para o parquinho de jeans e chinelo. Sempre me vesti assim, priorizando o conforto”, revela a ex-modelo.

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Sempre básica, Raquel curte uma proposta hi-lo, como o vestido Zara com brincos H.Stern, colar Manoel Bernardes e sandália Capodarte

Para um look mais social, Lincoln elege camisa Armani, blazer Ricardo Almeida e jeans Diesel

perfil fashion

Itens que o casal adora: perfumes Love Me Victoria’s Secret e 212 VIP Carolina Herrera, relógio de aço Fossil, lenço Burberry, perfume Bvlgari pour Homme, bolsa Karl Lagerfeld, vela aromática Portus Cale, relógio azul claro Audemars Piguet, óculos Dolce&Gabanna e Roberto Cavalli, relógio preto Bvlgari, perfumes CH Carolina Herrera, Olympéa Paco Rabanne, Daisy Marc Jacobs e Gucci by Gucci

Marcas preferidas ELE: Gosto dos jeans Diesel e True Religion e das camisetas Dolce&Gabbana, que caem muito bem, mas não me prendo a marcas. ELA: O legal é usar o que te faz se sentir bem, independentemente se é de grife ou não. Mas admiro Roberto Cavalli, acho original. Ícone fashion ELE: David Beckham. Ele tem um estilo com o qual me identifico: é mais casual, usa jeans, camiseta, boné e óculos. ELA: Gisele Bündchen, que veste muito jeans, uma calça mais larguinha com camiseta. É disso que gosto no meu dia a dia. Wish list ELE: Não tenho muito disso. Às vezes experimento uma camiseta, gosto e levo outras três de cores diferentes, só pra não ter que passar em mais uma loja. ELA: A jaqueta de couro vinho que vi no desfile de primavera/verão da Cavalli. Achei linda!

estilo p ró pr i o Na verdade, o guarda-roupa do casal não fica todo no apartamento em Belo Horizonte, mas dividido entre as outras duas residências da família: o sítio em São Brás do Suaçuí (MG), terra natal dele, e na casa em Florianópolis (SC), onde guardam as peças de inverno mais pesadas, compradas quando viviam na Europa. Aliás, foi na Alemanha que o ex-jogador despertou seu lado fashion. “No Brasil, você entra no vestiário e 80% dos homens estão iguais. Lá, cada um se veste no seu estilo. Considero moda algo bem particular. Por mais que existam as tendências, cada um tem seu jeito de interpretá-las”, avalia Lincoln. A última aquisição memorável do empresário foi na loja Ricardo Almeida, estilista que fez seu terno de casamento. “Conheci o Ricardo em São Paulo e rodei a fábrica com ele, que é uma pessoa muito simples e legal”, lembra Lincoln. Desde quando voltaram ao Brasil, em 2010, ele e Raquel não têm comprado muita roupa, até porque trouxeram bastante da Europa. Uma curiosidade? Na Turquia, o povo é tão fanático por futebol que os jogadores mal conseguem sair às ruas. Então, as multimarcas iam até a casa deles. “Já sabiam do que a gente gostava e montavam praticamente uma loja na nossa sala. Prefiro comprar com calma e lá era impossível irmos a um shopping”, recorda o ex-jogador.

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UMA REVISTA FEITA SOB MEDIDA PARA SEU NEGÓCIO

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MODA por Inês Yamaguchi

Assimetria Total

Looks que vão do sexy ao minimal com uma pitada oriental são a aposta da vez.

Avec Elegance

Transparências, rendas e bordados são a pedida da temporada para as produções de festa.

Regra do Jogo

O esporte com mood dos anos 90 é o novo queridinho da momento. Aposte já!

Colete Marcia Morais, saia Artsy, pulseira Lu Gazire e botas Plural


Direção Criativa Natália Matos Maquiagem Bruno Cândido / Modelo Sheila Klein (JOY Management) / Produção Letícia Sanábio Assistente Ana Gabriella Sarmento / Agradecimentos Fernando Franco (Engefranco), Elisa Dias (Ponte de Pedra) e Deck Sol

assimetria tot al Fotos Gustavo Marx Styling Inês Yamaguchi


Túnica Plural, calça Patricia Motta, colar Essa Mulher e botas Paula Bahia



Na página anterior Túnica Fátima Scofield, blusa E.Store, calça Lume, colar Lázara Design, bolsa La Spezia e sapatos Nuu Shoes Nesta página Túnica Rogério Costa, colete Renata Campos, calça Jardin e sapatos Plural



Na página anterior Blusa Anne Fernandes, hot pants Cila, brincos Aramez e botas Plural Nesta página Vestido Renata Campos, obi Patricia Motta, anel Simone Salles e bolsa Rogério Lima



Na página anterior Vestido Maddie, obi Patricia Motta e colar Aramez Nesta página Vestido Lucas Magalhães, saia Fátima Scofield, brincos Aramez e bolsa Rogério Lima


Fotos Weber Pádua

Styling Inês Yamaguchi


Direção Criativa Natalia Matos / Beleza Bruno Cândido / Modelo Nathalia Oliveira (Ford Models) / Produção de moda Ana Gabriella Sarmento / Assistente Leticia Sanábio / Assistente fotografia Fernanda Mann / Agradecimento Solar Presentes Vestido Alfreda, calcinha PMG, brincos Claudia Marisguia e sandálias Schutz


Nesta pรกgina Vestido Cosh, casaco Arte Sacra, calcinha PMG, brincos Claudia Marisguia, meia-calรงa Lupo e sapatilhas Junia Gomes Na pรกgina seguinte Vestido Tutta, tiara Raquel Braga e scarpins Anna Barroso



Nesta página Vestido Vivaz, calcinha Ouseuse, brincos Sorelle e sapatos Junia Gomes Na página seguinte Vestido Madrepérola, tiara Raquel Braga e pulseira Claudia Marisguia



Nesta página Blusa Infinita Couture, calcinha Potti Romã, brincos Raquel Braga, anel Claudia Marisguia, meias Lupo Na página seguinte Vestido Kalandra, calcinha Água Fresca, bolsa Isla e sapatilhas Covenant



_ Fotos Márcio Rodrigues Styling Inês Yamaguchi

Direção Criativa Natalia Matos / Beleza Bruno Cândido / Modelo Isabel Hickmann (Way Model) / Produção de moda Ana Gabriella Sarmento Assistente Leticia Sanábio / Assistente fotografia Pepo / Agradecimentos Tedson Cézar, Mariana Sucupira e Museu do Cotidiano/Antônio Carlos Figueiredo


Top jeans Bwana, blusa A.Cult, calรงa Lafe e botas Cavage



Na página anterior Biquíni PMG, jaqueta Claudia Rabelo, saia Lucas Magalhães e gargantilha Claudia Marisguia Nesta página Blusa Romaria Jaqueta R Vasconcellus Calça Beejeans Short Cajo


Nesta página Top Patogê, blusa PMG, casaco Lore, hot pants Marca Brasil, gargantilha Claudia Marisguia e botas Cavage Na próxima página Body Faven, short Nana Kokaev, calça Civil e braceletes Lázara design



Nesta página Blusa M’adri, saia Patogê, jaqueta R. Vasconcellus, meia-calça Lupo, bolsa Isla e botas Cavage Na próxima página Top Marca Brasil, jaqueta Fátima Scofield, bermuda Bwana e tênis Converse personalized by Rafael Motta



Por Lorena Milo

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SEM FRONTEIRAS

Com um DNA marcado pelo feito à mão, a moda mineira pede passagem e brilha, cada vez mais, internacionalmente

É como disse Drummond, em seu Poema de Sete Faces, o mundo é vasto. E assim tem sido com a moda mineira que, por meio de ações como o Minas Trend, tem levado suas marcas mundo afora. Com características fortes como o handmade, que vai do bordado ao tricô, os produtos made in Minas estão fazendo sucesso além das fronteiras nacionais. Nova no pedaço, a Cajo, grife casual e festa, já leva suas coleções para países do Mercosul e EUA. A gerente comercial da marca, Cláudia Abreu, conta que tudo começou a partir da procura externa, aliada à assessoria da Fiemg (Federação das indústrias do Estado de Minas Gerais). “A partir do momento em que a Cajo passou a ter maior visibilidade no mercado nacional, começamos a perceber uma procura por lojistas de outros países que pesquisam marcas em ascensão dentro do Brasil”, explica a dirigente.

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Outro fato que tem ajudado a Cajo e outras marcas a entrarem no mercado externo é o planejamento e construção da marca. Para Luísa Vautier Franco, o nome por trás da Vautier Communications, saber quem você é no mercado é essencial. Luísa explica que o processo de internacionalização de uma marca começa pela sua identidade. “Se a empresa possui um setor de marketing estruturado, a caminhada para a exportação será mais fácil e levará de um a três meses, em média”. Ainda sobre o quesito identidade, Luísa ressalta que os materiais de divulgação trabalhados nacionalmente nem sempre serão reaproveitados para a exportação. “Já aconteceu de fotografarmos um lookbook novamente. Isso ocorre por causa das diferenças de mercado. É um fator cultural. Um europeu enxerga a moda de uma maneira diferente”, explica Luísa, que mora em Londres há oito anos.


Sobre a qualidade dos produtos, Bhárbara Renault, proprietária e estilista da Jardin, se diz atenta a cada detalhe das peças que, hoje, exporta para a Alemanha e Havaí. “Levar a moda casual pra fora do país é mais difícil. Então, um dos diferenciais é o cuidado com o acabamento e escolha de tecidos. A Jardin só trabalha com seda e fibras naturais”. Toda essa atenção faz com que Bhárbara se sobressaia às marcas chinesas, fortes concorrentes quando o assunto é moda casual.

d i ca s p a ra ex p o r ta çã o Experts na exportação, Luísa Vautier Franco (foto) e Valléria Melo indicam a produção de sites em dois idiomas, de preferência português e inglês. Isso é essencial para que os compradores conheçam a sua marca. Além disso, também esteja atento para um bom posicionamento nas redes sociais. Sabe quando você acessa o Instagram de uma grife e se apaixona pelas imagens e textos? Acredite: esses cuidados fazem toda a diferença!

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Foto Rhaiffe Ortiz

Para Valléria Melo, responsável pelo setor de negócios de moda da U.Stock, além de um setor de comunicação e marketing alinhado, a produção precisa estar apta às demandas exigidas para a exportação. “Poucos empresários analisam, por exemplo, o controle organizacional sobre sua produção e o quanto a fábrica consegue exportar”, ressalta. A empresária chama a atenção para o cuidado com o controle de qualidade das peças antes da saída, de forma a conferir o acabamento, as etiquetas de composição e embalagens.

Nem sempre o que faz sucesso aqui, dá certo lá fora A coleção da sua marca fez sucesso no Brasil? Então, não se assuste se você precisar fazer adaptações para o mercado externo. Luísa Vaultier explica que, no Brasil, as coleções são maiores e com cores fortes, além de muita estampa. Então, quando uma marca parte para a exportação, a coleção encolhe, e algumas peças pontuais saem. Outro fator é que o mercado europeu, em que ela mais transita, por mais que goste das características brasileiras, tende a consumir cores mais sóbrias. Com shapes retos, um pouco diferentes dos padrões vistos por aqui, a Jardin não encontra muita dificuldade para se adaptar ao mercado alemão e havaiano. Para Bhárbara, as peças são bem aceitas principalmente no Havaí, em que o clima é parecido com o brasileiro. “Os tecidos são leves e isso favorece a demanda. Nossa experiência tem sido muito satisfatória”. O mesmo acontece com a Cajo. Cláudia Abreu diz que os EUA recebem bem o DNA brasileiro, diferentemente do mercado europeu. “Nossa coleção de vestidos de festa e peças mais elaboradas da coleção casual fazem mais sucesso. O lojista de fora valoriza a nossa cartela de cores, nossos bordados e nossas estampas exclusivas”. Aqui, uma curiosidade: de acordo com Valléria Melo, os Emirados Árabes buscam por bordados luxuosos e tecidos nobres, o que faz com que a moda mineira encha os olhos desses compradores. Muitos deles até pedem que os vestidos sejam ainda mais enfeitados.

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Já as feiras de pedido, como o Minas Trend, recebem compradores com incentivo da Apex Brasil e, por isso, a variação de países é maior. No ranking estão Portugal, França, Inglaterra, Emirados Árabes, Estados Unidos e Canadá.

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E quais países mais procuram a moda mineira? Valléria Melo explica que a pronta entrega recebe constantemente compradores de locais como Guiana, Angola, Venezuela, Argentina e Estados Unidos, já que os empresários são brasileiros e residem no país.

Se a cotação do dólar tem feito muita gente perder o sono, o mesmo não tem acontecido para quem quer entrar no mercado da exportação. Luísa Vaultier e Valléria Mello chamam a atenção para o bom momento, válido também para quem quer entrar na zona do euro. Elas explicam que a variação propicia que os nossos produtos estejam mais atrativos aos compradores estrangeiros. “Este é o momento da empresa iniciar um planejamento para exportação, já que, como explicado anteriormente, o caminho pode ser um pouco comprido. Para quem já exporta, é a hora de dar um up na quantidade de produtos a serem negociados”, explica Valléria Melo. Todo esse movimento é comprovado pelos dados divulgados pela ABEST (Associação Brasileira de Estilistas), que, desde 2003, promove a moda brasileira através de programas de exportações como o Fashion Label Brasil, realizado em parceria com a Apex -Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Juntas, suas marcas, em 2015, cresceram 9,5% em relação a 2014, totalizando negócios na ordem de US$ 12,4 milhões. O que isso representa? 6,5% das exportações do setor dos segmentos de roupas, calçados e acessórios. Além disso, o número de destinos das exportações também cresceu, passando de 57 para 67 países. Estados Unidos, Japão e Portugal lideram o ranking dos países que mais compraram a moda nacional. É pra comemorar!

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Foto Divulgação

dó l ar n as al t u ra s e ex p o r ta çã o e m a lta


SINDIVEST-MG COMPLETA 60 ANOS

Fotos Divulgação

Quando surgiu, em 1956, o Sindivest-MG tinha como objetivo ajudar as empresas de vestuário em suas relações trabalhistas. “Há cerca de 15 anos, o sindicato entendeu que sua atuação não estava restrita apenas a essas discussões, seu papel era também e, principalmente, o de um indutor do progresso do setor”, explica Michel Aburachid, presidente do Sindivest-MG. A partir de então, houve um investimento forte em atividades que conferissem mais impulsividade ao setor. Uma parceria com o Senai-Modatec foi firmada, oferecendo cursos de aprimoramento de mão de obra, outra com o Sebrae disponibilizou consultoria de negócios e a parceria com a Fiemg, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, permitiu que as confecções mostrassem seu trabalho para o Brasil e para o mundo. “Um dos grandes passos do mercado foi a criação do Minas Trend, que ressuscitou o setor de vestuário mineiro”, afirma Aburachid. No Minas Trend, um dos projetos do Sindivest-MG de maior destaque é o concurso Ready to Go, dedicado aos novos talentos. A

Olavo Machado Junior e Michel Aburachid

cada edição, 12 marcas e/ou estilistas são selecionados para mostrar seu trabalho. O vencedor ganha um estande para apresentar sua coleção no próximo Minas Trend, além de orientação na gestão de negócios, produção e comercialização. O efeito de uma iniciativa como essa é multiplicador, segundo Michel Aburachid. “A cada edição, colocamos 12 novas empresas no mercado”, afirma. Outro grande passo para o crescimento da atuação do Sindivest-MG foi o reconhecimento do governo do Estado. “O próprio governo passou a enxergar o setor como um gerador de empregos”, explica. Atualmente, são cerca de 400 confecções afiliadas ao sindicato. No total, o mercado mineiro da moda é responsável pela geração de 180 mil empregos. Apesar desse reconhecimento, alguns fatores ainda interferem no seu crescimento. “É necessário que o vestuário seja considerado um setor de primeira necessidade, com alíquotas menores e uma tributação diferenciada”, completa. Nada que atrapalhe as comemorações do sindicato, que prepara um evento para o mês de outubro.

história

Sindicato das Indústrias do Vestuário no Estado de Minas Gerais continua firme na proposta de oferecer apoio para os empresários do setor e quebra barreiras ao dinamizar todo o mercado da moda mineira

Posse da atual diretoria do Sindivest MG

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REDES SOCIAIS SEM MISTÉRIO

mídias sociais

É Facebook, Instagram, Snapchat, Pinterest... ufa! Mas, calma lá. Antes de sair criando perfil em todas as redes existentes, pare, respire fundo e leia esta matéria

A gente bem que tentou descobrir o caminho das pedras para ter sucesso no fantástico mundo das redes sociais. Mas a caminhada é árdua, já que as novidades sobre o assunto surgem a todo o momento. Então, afinal, o que é preciso para uma marca ser “a” queridinha desse universo tão essencial para uma boa estratégia de marketing? Conversamos com profissionais – experts – da área e você confere agora!

qual a melhor rede para a minha marca? Conheça o seu público. Pode parecer óbvio, mas a maioria das estratégias de marketing não dão certo a partir desse pequeno (grande) detalhe. Trocadilhos à parte, saber para quem você fala é essencial. Shymenne Siqueira, jornalista e especialista em marketing digital, explica. “A chave do sucesso de uma empresa no ambiente digital está em conhecer o seu público, seus hábitos e descobrir onde ele está! Não adianta nada você ter uma linda campanha no LinkedIn se o seu público está no Snapchat”.

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Por

Lorena Milo


mídias sociais

E já que estamos falando sobre a área da moda, vale a pena levar em conta algumas considerações. Carolina Rocha, Emilia Coelho e Izabella Vasconcelos, sócias da Sete Oitavos, agência especializada em moda, contam que priorizar redes sociais que têm como foco o uso de imagens é essencial. “O Instagram é a rede social da moda, já que é uma rede visual. Ele é perfeito e é uma escolha certeira”. O Pinterest, rede de imagens inspiracionais – e um lugarzinho que muita gente queria morar – também vale ser estudado. Nele, a marca monta o seu lifestyle através de fotos separadas por álbuns como “coleções” e “desfiles”. E o Facebook? Qual é a sacada da rede? As meninas do Sete Oitavo explicam que a rede possui alcance considerável e, por isso, deve ser trabalhada a partir de estratégias de anúncio e campanhas. Quem também frisa a importância do Facebook é Bia Vianna, diretora e criadora do À Moda da Casa, nome que cuida das redes sociais do SPFW. De acordo com ela, o Facebook ainda é a rede que dá maior resultado aos clientes. Já o Snapchat, claro, não poderia ficar de fora. O aplicativo é o queridinho do momento. Por ele, você posta fotos e vídeos em tempo real. Após 24 horas, o conteúdo desaparece. Utilize-o para contar as novidades da marca, mostrar o dia a dia da criação, fazer jogos de perguntas e respostas sobre tendências e, até mesmo, convidar um digital influencer para comandar o perfil da marca por um dia. Só não se esqueça de adequar tudo isso ao seu DNA, viu? Para finalizar esse tópico, anote a dica da Shymenne Siqueira e cole no seu cantinho de trabalho: “conheça o seu público. Converse com ele. Ouça suas dúvidas e suas queixas. As pessoas querem ser percebidas pelas marcas não apenas como consumidores, mas de uma forma humanizada”.

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não s ai a posta n d o t u d o o que vi e r à ca b e ça

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Lembre-se: independente das redes sociais escolhidas para mostrar sua marca ao mundo, você deve planejar e pensar cada post. A partir de agora, tudo o que estiver nas redes sociais da sua loja será refletido em engajamento e vendas. Então, fique de fora de assuntos como política e religião. Evite polêmica nas redes. Sobre o número de postagens ao dia, isso varia de acordo com o público e a marca. O ideal é de um a três posts ao dia. Já para os horários, Bia Vianna, diretora do À Moda da Casa, dá a dica: “essa questão varia por canal e é sempre importante cruzar com os dados do cliente que você está atendendo. Porém, no geral, em dados recentes podemos dizer que o Instagram tem seu pico entre 19 e 20 horas, Facebook de 11 às 12 horas e Twitter de 23 às 0 horas”. E outra coisinha que vale ficar esperto. Sabe a palavra “engajamento”? Ela não é usada à toa. Um post nunca será apenas um post. Você precisa passar uma mensagem ao seu público, não apenas uma imagem. Faça com que as pessoas interajam com o perfil.

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use as # ce r ta s Uma hashtag não é apenas uma hashtag. Grave isso e não encha o seu post com várias delas. As hashtags não são enfeites, elas servem para catalogar os assuntos mais buscados e comentados na internet. O indicado é listar, no máximo, cinco. Colocar mais do que o necessário dificulta a busca nas redes. Pesquise pelas hashtags que têm mais a ver com o assunto do qual você está falando, além de, claro, criar as suas próprias e fazer ações para que o seu público abrace a ideia.


s e j a cur i os o!

i m age m co m q u a li d a d e e c ré d i tos Já falamos, logo de cara, que a imagem conta muito para a área da moda. Então, gente, por favor: imagens de qualidade. Nada de fotos com resolução ruim. No Instagram, quando você posta uma foto, o próprio aplicativo já reduz a qualidade da figura. E por falar em fotos, é sempre indicado colocar os créditos do fotógrafo. Sabe aquele profissional bafo que você escolheu a dedo para fotografar a sua campanha? Ele merece ser citado e marcado nas postagens. O mesmo vale para outros profissionais. Um exemplo clássico é citar toda a equipe responsável pela sua nova campanha. Isso gera um engajamento incrível!

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A internet tem uma velocidade fora do normal. Não como mosca. Fique de olho em tudo, tudinho mesmo, que está acontecendo nas redes. Sabe aquele meme que todos estão compartilhando por aí? Ele pode ser perfeito para aumentar o engajamento da sua marca. Para Bia Vianna, dominar a linguagem da internet também é fundamental. Entender sobre o que se escreve e dominar a língua utilizada em seu conteúdo vai fazer com que a mensagem chegue de forma clara a quem te segue. Ela também reforça a importância de estar atento a todas as inovações da área. Sabe aquele novo recurso do Instagram que acabaram de lançar? Você precisa estar por dentro. E já que estamos falando de moda, acompanhar as tendências, celebridades e buxixos do momento também ajuda... e muito na hora de produzir conteúdo! Para isso, as meninas do Sete Oitavos, Izabella, Carol e Emilia, indicam seguir veículos segmentados, jornalistas especializados e demais formadores de opinião como as bloggers.

m exa co m s enti m e ntos, de fo r m a s au d á ve l Outro fator importante, lembrado pelas meninas do Sete Oitavos, é que a moda exige uma sensibilidade diferente dos outros mercados. Nela, a gente lida, diariamente, com a autoestima e o bem estar das mulheres. Por isso, o campo emocional surge com mais força que o lado racional. Então, faça postagens para cima, que estimule suas clientes a se sentirem bonitas e aceitas como elas são. Nada de focar em fotos irreais! Vale postar a foto de uma modelo 36, mas também é importante publicar imagens com todos os biótipos de corpos, assim como cabelos e peles. Afinal, todos querem se ver representados. Bom, depois de todas essas dicas, garantimos que você já pode mergulhar, com tudo, no marketing digital. Também aconselhamos a buscar profissionais da área para te auxiliar da melhor forma. Afinal, eles lidam a todo o momento com tudo o que surge na área, estudam e estão mais que aptos a jogar sua marca lá em cima!

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Por

Izabela Ventura

negócios

CRISE IMPULSIONA INVESTIMENTO EM OUTLETS

Ótima opção para lojistas que querem fazer o seu estoque girar, o outlet se consolida como alternativa rentável para os tempos de crise Concebidos para custar pouco em todos os aspectos, os outlets oferecem benefícios instantâneos a empreendedores e consumidores, especialmente em tempos de orçamento apertado e crise econômica. Esse mercado está cada vez mais consolidado e promissor: segundo a Agência Brasileira de Outlets (About), há oito outlet centers no Brasil, dois deles em Minas Gerais. Em 2017, o faturamento do setor no país deve atingir R$ 4,5 bilhões. Mas não é preciso abrir um grande centro especializado para investir em outlets – uma simples arara promocional na loja já é uma boa estratégia para atrair clientes e fazer girar o estoque. De acordo com a About, ainda que os produtos sejam vendidos com descontos contínuos, a vantagem para os lojistas é significativa por causa do aumento no volume de vendas e do maior ticket médio gasto pelos consumidores.

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Além disso, o outlet é o lugar ideal para a venda de coleções antigas, peças novas afetadas por eventos climáticos (como quando não faz frio no inverno em determinadas regiões), produtos que não tiveram grande aceitação no canal regular de vendas e até mesmo itens produzidos especialmente para essa modalidade. A diretora da 221 Consultoria, Tereza Cristina Horn, conta que os outlets surgiram na Europa na década de 1930 e expandiram para os Estados Unidos, onde a tradição de lojas de desconto é muito forte. Acredita-se que tenham começado como uma loja de promoções para funcionários, onde produtos com pequenos defeitos e excedentes de produção eram vendidos a preços baixos. Depois da década de 1970, esse conceito se expandiu para outros públicos e, nos anos 1980 e 1990, se tornaram shoppings com crescimento de vendas bastante expressivo.


va nta g e n s Tereza Horn avalia que, no cenário de vendas incertas como o atual, com consumidores cada vez mais conscientes da necessidade de gerir os seus gastos, as vendas em outlets ganham força e as perspectivas desse nicho de mercado são de fato animadoras. Segundo o relações públicas Arízio Melo, que elabora projetos na área de moda, os outlets – sejam eles centros especializados, apenas um estabelecimento, ou simplesmente uma pequena parte da loja – permitem a renovação do mix de produtos. As peças que ficavam paradas nas fábricas e araras ganham giro, o que ainda ajuda a moda a se propagar. “Os consumidores também ganham ao comprar peças com preços mais acessíveis. Os produtos mais escolhidos são os atemporais; quem souber garimpar consegue itens maravilhosos por valores superbacanas”, destaca. O perfil de quem consome nos outlets é bastante eclético e abrangente, afinal, todos gostam de uma boa pechincha. As mercadorias mais consumidas são acessórios, roupas e peças “coringas”, fáceis de combinar entre si, como saias, calças, blusas básicas e agasalhos. De acordo com o dono do Só Marcas, se antes da crise o público mais frequente era o das chamadas classes B e C, agora a classe A, que tem viajado menos para o exterior, também está descobrindo nesses locais boas oportunidades de compras.

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No Brasil, um dos primeiros outlets foi aberto em 2009 em São Paulo, em que cerca de 60 lojas de grandes marcas mundiais estão reunidas. Em Minas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, há dois grandes empreendimentos, o Só Marcas Outlet e o BH Outlet Plus Shopping. O pioneiro foi o Só Marcas, inaugurado também em 2009. São 22 marcas vendidas em uma área de aproximadamente 15 mil metros no bairro Cidade Industrial, em Contagem. A About informa que, por questões estratégicas, os outlets devem ser construídos fora dos grandes centros. Por isso, eles têm papel importante no desenvolvimento econômico e social de pequenas e médias cidades. Essa tendência é mundial, conforme afirma o proprietário do Só Marcas, Mário Valadares, que classifica o empreendimento como “outlet urbano”. Segundo ele, pelo fato de as instalações serem menos sofisticadas, o custo de operação e o aluguel são menores.

“Os consumidores também ganham ao comprar peças com preços mais acessíveis. Os produtos mais escolhidos são os atemporais; quem souber garimpar consegue itens maravilhosos por valores superbacanas” 95


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Depois de entender a dinâmica de concepção, padrão e funcionamento dos outlets, chegou a hora de colocar a mão na massa e montar o próprio outlet. De acordo com Arízio Melo, um empresário da área de moda não precisa abrir outro estabelecimento apenas para essa modalidade: basta colocar uma arara promocional no interior da loja com uma chamada bacana para não ficar com as peças paradas no estoque. “Ele pode usar produtos que sobraram de outras estações, mas deve selecionar itens com diversidade de tamanhos para não frustrar o consumidor”, alerta. Caso tenha um mix de produtos bem vasto, o lojista tem mais opções para selecionar o que entra no outlet. Essa escolha, ensina a consultora Tereza Cristina Horn, depende do preço e da oportunidade oferecida ao consumidor. “Por exemplo, se há oferta de vestidos a preços irresistíveis, a venda desse grupo irá crescer. É uma lógica diferente da usada para a montagem do mix de produtos de uma loja tradicional; nela é preciso ter equilíbrio entre os grupos de produtos para que a venda aconteça. No caso de outlet, o importante é o preço baixo aliado à boa oferta de peças.” Conforme Tereza Horn, em média, o custo operacional para abertura de uma loja em um shopping especializado em outlet é um terço do custo em um shopping comum. O motivo é que os outlets normalmente não possuem escadas rolantes, ações de marketing e outros luxos que encarecem as taxas de condomínio e administração. Já a divulgação do negócio, é claro, deve ser principalmente focada no preço baixo, mas não exclusivamente nesse atributo. “Erro comum é pensar que o consumidor que procura um outlet quer apenas preço. Ele também busca atendimento satisfatório. É o famoso ‘consumidor mais por menos’, ou seja, ele quer mais, pagando menos. Boa dica é a entrega de mimos para que o cliente perceba a boa relação entre o custo e o benefício de sua compra”, finaliza.

Foto Agência Fotosite

dicas pa ra mo nta r s e u o utl et

Arízio Melo explica que é possível criar um outlet dentro de sua própria loja

“Erro comum é pensar que o consumidor que procura um outlet quer apenas preço. Ele também busca atendimento satisfatório”. Teresa Cristina Horn, consultora


AGENDA Os melhores eventos de moda brasileiros você encontra aqui

De 4 a 7 de abril Minas Trend Verão 2017 Expominas Belo Horizonte - MG minastrend.com.br

agenda

abr i l

De 25 a 29 de abril SPFW Verão 2017 Parque do Ibirapuera – Pavilhão da Fundação Bienal São Paulo - SP ffw.com.br/spfw De 25 a 29 de abril Novo show room Espaço Vila Verico São Paulo - SP De 26 a 29 de abril Casamoda Verão 2017 Hotel Unique São Paulo - SP casamoda.com.br

m ai o De 2 a 13 de maio BH a Porter Belo Horizonte - MG coopermoda.com.br

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reflexão

A FUNKEIRA E AS LIÇÕES DO BRANDING

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Definitivamente não sou funkeira e nem fã da Valesca Popozuda. Quem me conhece sabe que não faço o gênero. Mas sei detectar uma boa estratégia de branding. Afinal, esse é o meu trabalho. Para entender as lições desta funkeira, que hoje é disputada pelas revistas de moda e glamourizada pela mídia, é bom conhecer um pouco de sua história. Valesca Reis Santos, 38 anos, nasceu no Irajá, zona norte do Rio de Janeiro. Valesca Popozuda, como é conhecida, fundou em 2000 a Gaiola das Popozudas, um dos grupos pioneiros do neofeminismo no funk. E sempre foi alvo de polêmicas relacionadas ao conteúdo de suas letras por abusar de termos vulgares. Seu grupo chegou a fazer turnês internacionais, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Em 2012, Valesca desligou-se da Gaiola das Popozudas para se dedicar à sua carreira solo. No final de 2013, lançou o seu primeiro videoclipe com a música “Beijinho no Ombro”, que alcançou, em três dias, mais de um milhão de visualizações no YouTube. Com investimento de R$ 437 mil, este videoclipe marcou o início do processo de reposicionamento da cantora e nos dá a medida das ações bem-sucedidas que ajudaram a emplacar a carreira meteórica da Popozuda. As lições do seu reposicionamento são muitas, e vamos listar algumas delas. Em primeiro lugar, investiu numa espécie de repaginação de sua imagem para se tornar mais fashion e elegante, porém, mantendo seu estilo funk ostentação, com uso de acessórios e roupas de grife. Passou a frequentar as semanas de moda e a estrelar campanhas de marcas consagradas. Em 2014, ganhou as páginas das revistas e fotografou seu beijinho no ombro com ninguém menos que Gisele Bündchen.

Por Tereza Cristina Horn

Mas, se por um lado o investimento na gestão da imagem, divulgação e assimilação por um público mais amplo foi fundamental para a construção do seu reposicionamento, por outro lado isso só não basta, é preciso mais. E foi o que a funkeira percebeu. Simultaneamente, Valesca investiu na modificação de seu estilo musical, seus clipes e na estrutura de seus shows. Ou seja, melhorou e ampliou seu mix de produtos (músicas, shows e performances). Com este investimento pôde ampliar seu público-alvo para não se restringir à periferia e à classe C. Além de turbinar sua imagem e mix de produtos, a cantora ampliou seu espectro de parcerias com grandes nomes da música nacional e internacional. Vale lembrar que, em termos de construção de imagem, o ditado “Diga com quem tu andas que direi quem tu és” é válido e muito verdadeiro. E, para coroar todo esse conjunto de ações bem orquestradas, Valesca mantém a escuta aberta com seu público por meio das redes sociais, onde procura saber a opinião dos seus fãs sobre o seu trabalho. Ao que dizem (nunca liguei para saber), ela disponibiliza um número de celular para atender pessoalmente seu público. Por último e não menos importante, Valesca sempre esteve engajada em ações sociais de grande projeção, ligadas ao feminismo e defesa do meio ambiente. De frentista de posto de gasolina à diva do funk nacional, queridinha da mídia e da moda, Valesca Popozuda é um case bem-sucedido de reposicionamento concreto de marca. E, para finalizar, vai aí mais de suas dicas: “Beijinho no ombro pro recalque passar longe. Beijinho no ombro só pras invejosas de plantão.”


MAIS QUE MIL

PALAVRAS Documental e fine art. www.danielmansur.com.br www.studiopixel.com.br/galeria/documental www.studiopixel.com.br/galeria/fineart Rua ZodĂ­aco, 430, Santa LĂşcia - Belo Horizonte / MG 31 3293.7306 / 31 99976.4472 daniel.mansur / pixel@studiopixel.com.br


Por Anna Carolina Ludendorff Fotos Divulgação

BELEZA INDISPENSÁVEL Personalidades da moda mineira compartilham suas principais dicas de beauté e revelam qual é o seu produto queridinho da vez

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Tetê Vasconcelos, estilista da Cila e TT beachwear “Um produto que uso há mais ou menos um ano e amo é o hidratante facial da Clinique, o Gel Hydratant. O bom dele é a sua versatilidade de uso em vários momentos. Seja para logo após uma limpeza e tonificação diária do rosto – pois ele faz uma hidratação levíssima que ainda permite o uso de protetor solar –, ou para utilizá-lo na hora de dormir, antes do creme noturno. Uso muito também para momentos pré-maquiagem, pois a sua hidratação não tem toque e dá aquela textura boa! E uma outra forma de uso são para momentos que simplesmente você sente sua pele mais ressecada, pois ele proporciona uma sensação refrescante e

Laila Porto, proprietária da Mix’n’Match “Como estou grávida, os cuidados com a beleza se restringem muito e são bem específicos. Além dos básicos, como beber muito líquido e manter a pele sempre bem hidratada, tomo cuidado para evitar estrias, usando o creme Biovergetures, da Biotherm, e o óleo da Clarins. Nos cabelos, o meu fiel cabeleleiro Alécio, do LM Studio de Lourdes, faz uma hidratação reconstrutora com queratina da marca Q8 que é maravilhosa!”.

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Fotos Fernanda Sá Motta, Reysla Pereira e Divulgação

gostosa. Amo e não largo mais!”


Paula Rezende, sócia da Bo Concept “Já tinha ouvido falar dos benefícios do óleo de coco, mas nunca soube como usá-lo. Quando estava morando no Rio de Janeiro, uma amiga me falou das maravilhas do produto ao passar na pele, cabelo e debaixo dos olhos antes de vel, e, além do cheiro delicioso, ele seca rápido. Combate estrias e ajuda na cicatrização. No cabelo, o truque é aplicar com ele seco e deixar agir por no mínimo uma hora e depois

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dormir. A diferença na textura da pele é incrí-

lavar normalmente. Só tome cuidado para não ir para o sol com ele no cabelo! Você encontra o óleo de coco em qualquer supermercado, e seu preço é super em conta se comparado

Fotos Carolina Pimenta e Divulgação

com outros produtos de beleza”.

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Thássia Naves, blogueira “Aproveitando minha estação favorita, que é o verão, eu indico o pó bronzeador My Terracotta, da Guerlain. Ele tem uma cor linda, uma cobertura ótima e fica macontorno do rosto”.

Anna Luiza Barroso, blogueira “O protetor Solar Vichy 50-FPS toque seco com cor foi indicação do meu dermatologista, Dr. Francisco Duarte. Como tenho a pele oleosa, demorei para achar um protetor diário que não deixasse meu rosto brilhando no fim do dia. Com esse produto, eu nem preciso passar base no dia a dia. Passo somente ele e corretivo. Acho muito importante proteger a pele do sol para evitar envelhecimento cutanêo e câncer de pele”.

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Fotos Caca Lanari, Rhaiffe Ortiz e Divulgação

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ravilhoso na pele. É perfeito para fazer o


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Por Anna Carolina Ludendorff Fotos Carol Thusek

casa do estilista

REFÚGIO URBANO

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Victor Dzenk abre as portas de seu apartamento em Belo Horizonte e apresenta um espaço cheio de personalidade, cores e objetos que contam um pouco de sua trajetória no mundo da moda Um porto seguro. É assim que o estilista mineiro Victor Dzenk define seu apartamento de aproximadamente 110 m², localizado na zona sul de Belo Horizonte. Com uma rotina intensa, que se divide entre viagens semanais para o Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras, ele acredita que esse é o único espaço onde consegue se desligar do mundo e recarregar as energias. “Tenho uma casa no Rio também, mas lá não consigo descansar. Já quando entro por essa porta, me sinto em meu cantinho”, revela.


riormente, desenvolvido pela Micheliny Martins. Ele tem um tom especial meio berinjela, entre o marrom e o cinza”, destaca. O bar é outro ponto de destaque no apartamento. Todo inspirado na marca francesa de champagne Veuve Clicquot, o estilista conta que fez questão de criar este ambiente sozinho. Em tom laranja, as paredes são em fórmica e a parte da marcenaria em laca. Um quadro com cores quentes do pintor Adelson do Prado também faz parte da composição, para dar ainda mais vida ao local.

casa do estilista

Com assinatura das arquitetas Juliana Boechat e Patrícia Nicácio, Dzenk afirma que a criação do apartamento foi feita a seis mãos. “Acredito que o trabalho do estilista e do arquiteto se complementam. Por isso, fiz questão de participar de todo o processo”, enfatiza. Morando neste local há nove anos, Victor conta que tudo começou com sua primeira participação no mundo da decoração, ao fazer uma coleção especial para a loja M&Guia, na Casa Cor de 2006. “No evento também havia um espaço inspirado em minhas obras, assinado pela Juliana e pela Patrícia. Por isso, não tive dúvidas de que seria uma ótima parceria”, diz. Para receber uma decoração cheia de cores e detalhes que, segundo o próprio Dzenk, são a sua cara, os móveis e paredes ganharam cores neutras e sóbrias. “O sofá da sala foi desenhado por mim e pela Ju (Boechat) e, poste-

d e co ra çã o a feti va Em meio ao luxo e ao bom gosto, a casa de Victor Dzenk possui um vasto acervo de peças de arte. O curioso é que a maioria delas

“Tenho uma casa no Rio também, mas lá não consigo descansar. Já quando entro por essa porta, me sinto em meu cantinho”. 105


casa do estilista

representa momentos marcantes de sua trajetória profissional e pessoal. Só na sala de estar, são 16 quadros na parede. E um deles foi o ponto de partida para a criação de todo o ambiente. Trata-se da obra do artista Fernando Pacheco, pintada especialmente para o cenário de seu primeiro desfile do Fashion Rio, em 2004. “Foi feita uma superampliação desta tela para ser utilizada em minha boca de cena. E, durante a desmontagem, tive a ideia de utilizar essa imagem na minha casa também”, relembra Dzenk. Além do quadro, foram elaboradas cortinas e almofadas com a mesma estampa. Outra paixão do estilista são os desenhos antigos, a maioria garimpada em leilões, os quais ele faz questão de ir pessoalmente. Porém, entre as peças de 1945 e década de 1970 espalhadas pela parede, há uma mais recente. “É um croqui que fiz para a Bebel Gilberto usar no filme ‘Rio, Eu Te Amo’ e quis eternizá-lo em uma moldura”, destaca. Na sala, há uma enorme estante trazida de seu espaço na Casa Cor, que ele chama de “Minhas Viagens”. Cada local visitado pelo estilista é simbolizado por um objeto ou livro e colocado nesse cantinho. “É mais um jeito da minha casa contar minha história. Olho para tudo isso e relembro de momentos importantes que já vivi”, completa.

O bar de Victor foi inspirado na marca de champagne Veuve Clicquot

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clima mineiro-carioca Apesar de mineiro, Victor Dzenk tem uma forte história com o Rio de Janeiro. “Está em meu DNA. Depois da loja de Belo Horizonte, a primeira que abri foi em Ipanema”, reforça. Desde sua estreia no Fashion Rio, foram 22 desfiles, além de trabalhos para o Projac (Centro de Produção da Rede Globo) e artistas de peso. Por conta destes compromissos profissionais, viaja para a capital fluminense com frequência, mas garante que consegue mesclar essas duas influências sem problema algum em suas duas casas. No apartamento em Belo Horizonte, ele tem quadros com paisagens do Rio de Janeiro. Já em seu segundo reduto, a influência barroca e dourada, características bem marcantes de sua terra natal, estão fortemente presentes. “Acho que a cultura mineira e a carioca se completam. Isso porque, ao mesmo tempo em que Minas traz uma formalidade, no Rio há aquele clima despojado por conta das praias”, conclui.

A famosa pantera de Leopoldo Martins recebe os convidados de Victor


Por Bruno Cândido

TEND ÊNCIAS PARA 2016

Fotos Divulgação

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Para a próxima temporada de moda, vão vigorar também makes um pouco mais elaborados, que ganham contornos sofisticados por meio de texturas e cores. A pele tem um perfume metalizado, às vezes super-hidratada, com pontos de luz. O diferencial está na cremosidade e no poder de hiper-hidratação dos produtos, que permitem um acabamento mais sofisticado.

As cores voltam com força, mas esqueça daquela pegada anos 1980. A ordem é caprichar na finalização. Explico: a beleza agora reside nos fundos cremosos e metalizados, que carregam um quê mais futurista.

Minha dica? Depois de fazer a pele bem iluminada, basta escolher o olho ou a boca para realçar com ponto de cor. Daí, é abusar da criatividade. O azul merece ser ressaltado e vem em diversas nuances e texturas. Delineadores coloridos aparecem até em dois tons diferentes. Sombras quentes vermelhas, bonina e fúcsia. As bocas estão bem marcadas, com a cartela indo do rosa chiclete ao violeta.

O destaque da vez é o batom dourado. Como referência, aponto o Ruffian Gold, da MAC. Aqui no Brasil, o tom é comumente chamado de capim dourado. Ele aparece nos lábios, nos olhos... enfim, está com tudo.

dicas de beauté

Como visto nos editoriais desta edição da CM, o normcore vem entrando na maquiagem com tudo! Trata-se do minimalismo, do simples e da naturalidade. Acontece que, em nosso meio, outras tendências também estão em voga. E para deixá-los bem informados, vamos falar neste espaço de um mix de passarela, rua e redes sociais, que vai dividir a cena com o normcore

Estamos numa pegada que oscila do natural, simples, ao alegre, vibrante. A tônica da temporada tem, sim, um quê de felicidade. Vamos aproveitar!

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DTA L A NÇA NOVA COL EÇÃO Isis Valverde foi a estrela escolhida para a campanha Outono Inverno 2016 da DTA, fotografada por Márcio Rodrigues. A mistura de étnico e urbano permeia a coleção, que possui denins com acabamentos versáteis, que variam dos azuis médios aos intensos, mesclados ao black denim. Tecidos fluidos e uma estamparia inspirada na tapeçaria oriental dão o toque final à coleção.

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1 Isis Valverde e Ton Reis se preparam para fotografar 2 Isis dá o seu toque final 3 A campanha já pode ser conferida no instagram da marca (@dtajeans) 4 Ermínio Vidal, Isis, Regina

paparazzo

Vidal e Adriana Vidal 5 Márcio Rodrigues 6 O resultado final da campanha

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Fotos Juliana de Souza

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CA J O L A N ÇA CO L EÇ ÃO L I B E RT Y

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A grife mineira Cajo organizou coquetel no badalado Restaurante Alma Chef para celebrar o lançamento da coleção inverno 2016. O evento, que aconteceu no dia 7 de março, teve o cardápio assinado pelo aclamado chef Felipe Rameh. E a noite não foi só de moda. Sempre atenta à saúde e ao bem-estar, a diretora da marca, Carol Caetano, convidou a musa fitness Gabriela Pugliesi para abrilhantar a ocasião e bater um papo com os convidados.

1 Alexia Carvalho 2 Débora Nogueira 3 Norah Lapertosa

paparazzo

4 Isabela Ribas 5 Gabi Pugliesi e Carol Caetano 6 Weber Pádua e Bruno Nascimento

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Fotos Leca Novo

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EN DE REÇOS

Argumento Comunicação Rua Erê, 23 Sl 1505 Prado - BH - MG Tel.: (31) 3335-1773/ (31) 99982-8271

endereços

Cajo Fashion Rua Turfa, 430 Prado - BH - MG Tel.: (31) 2551-7920 Cícera Gontijo Rua Rio Grande do Norte, 726 Sl 107 Funcionários - BH - MG Tel.: (31) 3261-5759 Claudio Menezes Rua Atenas, 245 Prado - BH - MG Tel.: (31) 2512-3335/ (31) 99125-4494 Dani Salomão Rua Cuiabá, 721 Prado - BH - MG Tel.: (31) 3334-4266/ (31) 3047-2697 Desireé Rua Chapecó, 552 Prado - BH - MG Tel.: (31) 3347-3925 Domani Av. Contorno, 6777, sl 1207 Santo Antônio - BH - MG Tel.: (31) 3296-0421 DTA Rua Paraíba, 1000 Funcionários - BH - MG Tel.: (31) 3261-1266

Fabiana Milazzo www.fabianamilazzo.com.br Alameda Lorena, 1909 Jardins - SP - SP Av. Rondon Pacheco, 405 Tel.: (11) 3081-6358 Maracanã - Uberlândia - MG Tel.: (34) 3231-6541 Fátima Scofield Rua Coletor Celso Werneck, 174 Santo Antônio - BH - MG Tel.: (31) 3296-0520 Gustavo Marx www.gusmarx.com www.instagram.com/gustavomarxny gustavo@gusmarx.com Tel.: (31) 98224-2725 Infinita Tr Unique Rua Plutão, 111 Santa Lúcia - BH - MG Atmo - BH - MG Av.Felipe Dos Santos, 531 Lourdes - BH - MG Av. dos Bandeirantes, 1436 Mangabeiras - BH - MG

Márcia Morais Rua Matias Cardoso, 300 Santo Agostinho - BH - MG Tel.: (31) 3291-3222 Márcio Rodrigues Rua Parentins, 321 Santa Lúcia - BH - MG Tel.: (31) 3337-0005/ (31) 9953-1533 Patchoulee Rua Turfa, 440 Prado - BH - MG Tel.: (31) 3377-5121 Renata Vilela www.renatavilela.com renata@renatavilela.com Tel.: (31) 99745-8670 Rogério Costa Rua Turfa, 920 Prado - BH - MG Tel.: (31) 3332-0145 Studio Box 55 Rua Lua, 207 Santa Lúcia - BH - MG Tel.: (31) 3656-0506/ (31) 3657-0407

Kalandra Rua Estácio de Sá, 49 Gutierrez - BH - MG www.kalandra.com.br contato@kalandra.com.br Tel.: (31) 3297-9322

Studio Pixel Rua Zodíaco, 430 Santa Lúcia - BH - MG Tel.: (31) 3293-7306/ (31) 3296-1990

Lazara Design Avenida Vicente Risola, 1409 Santa Inês - BH - MG Tel.: (31) 3488-8441

Vivaz Rua Prof. Antônio Aleixo, 578 Lourdes - BH - MG Tel.: (31) 3337-8122 Weber Pádua Rua Nova Era, 474 Sion - BH - MG Tel.: (31) 3031-5380

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reflexão

MODA E SENTIMENTO

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Anos atrás me pediram para dar uma palestra na PUC Minas sobre vida e processo criativo. A professora que me fez a encomenda recebia sempre nosso material de divulgação e percebeu que tudo tinha texto e poesia. Fiz um verdadeiro trabalho de regressão para buscar a origem poética, nesta que seria minha primeira palestra. Quando terminei, vieram as perguntas. A primeira pessoa que levantou a mão foi uma menina, que na verdade não me fez uma pergunta e, sim, uma constatação: nunca havia pensando que bijus pudessem ter sentimento! Bijus são minha forma de conversar com as mulheres. Sabia que colocadas em lugares tão especiais no corpo, como colo, dedos, orelha, pulso, ouvido como lugar da escuta, pulso como símbolo da força, anéis como referência do elo e compromisso, o colóquio viria em seguida, ou o silêncio. Como não associar a sobreposição destes produtos à pele feminina, ao afago e sentimento? Sempre acreditei que as pessoas vêm ao mundo com missões e dons. E dom é uma palavra que, segundo o filósofo Mário Sérgio Cortella, deveria ser chamada de dado, pois nunca é para quem o tem, é sempre para o outro. Adélia Prado disse, certa vez, que ela na poesia é apenas o cavalo, como na Umbanda, um meio. É assim que nós da criação deveríamos nos sentir, como missionários, operários do chão de fábrica, artífices do fazer. Antigamente, quando as joias eram apenas banhadas, eram chamadas de fantasia. Os mascates as vendiam em mercados e feiras municipais. Somos os mascates modernos, fazemos e vendemos “fantasias” para os outros, muitas vezes em eventos que também se chamam feiras. Há quem pense que moda é futilidade, glamour e passarela. Há quem faça moda e pense assim também, vive diariamente o que deveria ser apenas os 15 minutos de fama.

Por Mary Figueiredo Arantes

Cria personas e vive em função desta máscara, num verdadeiro teatro. Fazem dos cliques, chiliques, das caras e bocas, um verdadeiro laboratório do personagem criado. Se esquecem que somos humanos, falíveis e frágeis, fugazes como as próprias tendências da moda. Moda é coisa séria, é comportamento, modo de vida. A história da moda sempre dialogou com a história da humanidade. Li recentemente o livro da professora Geanneti Tavares, em que ela estuda a ironia na obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, através da vestimenta dos personagens. Um tratado de moda com profundidade. Perceber a diferença da calça jeans criada por Levi Strauss para os mineiros, para ser resistente, roupa de trabalho, e a calça jeans de hoje, é função de quem pensa a moda. A calça dura de ontem, hoje é usada com outra função. Vem lavada, com a sensação de que nos acaricia. Esgarçada, rasgada, com furos, respingos que querem nos dizer que aquela calça na verdade já nos pertenceu. E é esta sensação, que faz com que o encanto aconteça. Lembra algo, é um produto com memória. Recebi, recentemente, uma mensagem de uma cliente em tratamento de câncer, que muito me comoveu. A cada seção de quimioterapia, ela vai ao nosso showroom e se dá um colar de presente. Um presente extremamente significativo, para mim e para ela. Assim como as joias, as bijus marcam datas, nascimentos, aniversários e etapas vencidas. “Quando eu era criança, para não tirar a amídala, tive que tomar uma série de vacinas. A minha sorte é que a farmácia que tinha perto da minha casa, no segundo andar era só de brinquedos. Então eu tomava vacina e ganhava um brinquedo. Agora eu faço quimio e me dou um colar”, diz ela. Mais que vender produtos, precisamos vender sonhos, histórias por trás dos produtos. O cliente há de sentir, na pele, essa moda feita com amor.


domani

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Rua Matias Cardoso, 300 - Santo Agostinho Belo Horizonte - MG - Tel.: 31 3291-3222



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