Os melhores CDs do mês • Lisa Batiashvili • Richard Eyre Daniel Hope • Reverberações: a influência de Steve Reich
CONCERTO Guia mensal de música clássica Março 2011 vidas musicais Maria Callas
ROTEIRO MUSICAL LIVROS • CDs • DVDs
Palco Helder Trefzger
Atrás da pauta por Júlio Medaglia
teatro municipal de SP Abel Rocha assume direção artística
temporadas 2011 OSB, TMRJ, Osusp, Tucca e outras
O Carnaval A festa que inspirou compositores ao longo da história terá enredos clássicos
entrevista com cláudio cruz Para além do violino, maestro estreia La Bohème em Ribeirão Preto
r$ 11,90 ISSN 1413-2052 - ANO XVI - Nº 170
e os clássicos
marin alsop Osesp apresenta nova regente titular; Maestro Celso Antunes será associado
Grandes nomes fazem parte da temporada 2011. Mas, para nós, o mais precioso é o seu. FAçA A SUA ASSINATURA PARA A NOVA TEMPORADA DA OSB. SÉRIE TOPÁZIO - Sábados,16h
SÉRIE TuRmalIna PIanISTaS - Sábados,16h
9 de abril Roberto Minczuk, regência Ana Botafogo, bailarina Alex Neoral, bailarino OSB Jovem • Guerra-Peixe | Tributo a Portinari • David Parsons, coreografia | O Pintor, sobre o Adágio para Cordas de Samuel Barber • Mussorgsky/Ravel | Quadros de uma Exposição
30 de abril Cristina Ortiz, piano Roberto Tibiriçá, regência OSB Jovem • Guarnieri | Três Danças Brasileiras • Mozart | Concerto para piano nº 17 em Sol maior, K 453 • Brahms | Cinco Intermezzos, Op. 117 nº 2; Op. 118 nºs 1, 2 e 6; Op. 119 nº 1 • Liszt - 200 anos de nascimento | Concerto nº 2 em Lá maior, S 125
27 de agosto Roberto Minczuk, regência Joshua Bell, violino • Brahms | Concerto para violino em Ré maior, Op. 77 • Haydn | Sinfonia nº 104 em Ré maior • Prokofiev | Sinfonia nº 1 em Ré maior - Clássica 17 de setembro James Judd, regência Luiz Garcia, trompa • Mozart | Sinfonia nº 35 em Ré maior, K 385 - Haffner • R. Strauss | Concerto nº 2 para trompa em Mi bemol maior • Ives | A pergunta não respondida • Mendelssohn | Sinfonia nº 4 em Lá maior, Op. 90 - Italiana 8 de outubro Roberto Minczuk, regência Yamandú Costa, violão Hamilton de Holanda, bandolim - estreia com a OSB • Schubert | Sinfonia em ré menor, D 759 - Inacabada • Bernard Herrmann - 100 anos de nascimento | Vertigo Suíte - Um corpo que cai - estreia brasileira • Yamandú/Holanda | Fantasia Brasileira para bandolim e violão - estreia mundial (orq. Paulo Aragão) - obra comissionada pela OSB 26 de novembro José Luis Gomez, regência - estreia brasileira (1º Lugar no Concurso Georg Solti 2010) Sarah Chang, violino - estreia com a OSB • Weber | O franco-atirador, Abertura • Villa-Lobos | Choros nº 6 • Sibelius | Concerto para violino em ré menor, Op. 47
3 de setembro Cyprien Katsaris, piano Roberto Minczuk, regência • Katsaris | Improvisação sobre temas de Liszt • Beethoven | Concerto para piano nº 5 em Mi bemol maior, Op. 73 - Imperador • Rubens Ricciardi | Itaparica - estreia mundial • Ravel | Concerto em Sol 29 de outubro Nobuyuki Tsujii, piano - estreia brasileira
(Vencedor do Concurso Internacional Van Cliburn 2009)
Luis Gustavo Petri, regência • Liszt - 200 anos de nascimento | Un sospiro • Liszt | Paráfrase sobre Rigoletto • Mozart | Concerto para piano nº 21 em Dó maior, K 467 • Chopin | Concerto para piano nº 1 em mi menor, Op. 11 5 de novembro Gabriela Montero, piano - estreia com a OSB Marcos Arakaki, regência • Recital • Beethoven | Concerto para piano nº 1 em Dó maior, Op. 15 • Ricardo Tacuchian | Biguás • Prokofiev | Concerto para piano nº 3, Op. 26 3 de dezembro Sasha Grynyuk, piano (Vencedor do I Concurso Internacional BNDES de Piano) Lanfranco Marcelletti Jr., regência • Friedrich Gulda | Play Piano Play • Mozart | Concerto para piano nº 19 em Fá maior, K 459 • Marlos Nobre | Abertura Festiva • Rachmaninov | Rapsódia sobre um tema de Paganini, Op. 43
23 de setembro Roberto Minczuk, regência Stewart Goodyear, piano OSB Jovem • Bernstein | On the Town • Gershwin | Concerto em Fá • Revueltas | A Noite dos Maias
20 de agosto FESTIVAL BEETHOVEN Kurt Masur e Roberto Minczuk, regência Gabriella Pace, soprano Edinéia de Oliveira, contralto Fernando Portari, tenor Licio Bruno, barítono Coro de Crianças da OSB Coro Sinfônico do Rio de Janeiro • Beethoven | Sinfonia nº 8 em Fá maior, Op. 93 • Beethoven | Sinfonia nº 9 em ré menor, Op. 125 - Coral
21 de outubro Alberto Veronesi, regência Nina Kotova, violoncelo - estreia com a OSB • Ligeti | Melodien • Kodály | Danças de Galanta • Dvorák | Concerto para violoncelo em si menor, Op. 104 18 de novembro ÓPERA EM CONCERTO Roberto Minczuk, regência Denis Sedov, Salieri - estreia brasileira Fernando Portari, Mozart Rosana Lamosa, soprano Edinéia de Oliveira, contralto Coro Sinfônico do Rio de Janeiro • Rimsky-Korsakov | Ópera Mozart e Salieri, Op. 48 (primeira audição no Rio de Janeiro)
• Mozart | Réquiem, K 626
9 de dezembro Roberto Minczuk, regência Ludmilla Bauerfeldt, soprano (vencedora do Concurso Vozes do Brasil) Nancy Fabiola Herrera, mezzo-soprano - estreia brasileira Atalla Ayan, tenor Rodolfo Giugliani, barítono (vencedor do Concurso Vozes do Brasil) Coro de Crianças da OSB Coro Sinfônico do Rio de Janeiro • Bizet | Carmen - Coros, Árias e Ensembles • Beethoven | Sinfonia nº 9 em ré menor, Op. 125 - Coral
1 de outubro Roberto Minczuk, regência Rodolfo Mederos, bandoneón • R. Strauss | Serenata em Mi bemol maior, Op. 7 • Mozart | Sinfonia nº 40 em sol menor, K 550 • Piazzolla | Concerto Aconcagua • Piazzolla | Tangos 12 de novembro Roberto Minczuk, regência Erin Wall, soprano • R. Strauss | Quatro Últimas Canções • Mahler - 100 anos de morte | Sinfonia nº 4 em Sol maior
DPZ
25 de junho Roberto Minczuk, regência OSB Jovem • Bernard Herrmann - 100 anos de nascimento | Psicose Suíte • Hitchcock /Herrmann | Psicose - Projeção do filme, com música ao vivo
Programação sujeita a alteração.
3 de junho Alastair Willis, regência Simone Lamsma, violino - estreia com a OSB OSB Jovem • Dvorák | Sinfonia nº 8 em Sol maior, Op. 88 • Massenet | Meditação, da ópera Thaís • Khachaturian | Concerto para violino
livre para todos os públicos
SÉRIE AMETISTA - Sábados, 20h
L
SÉRIE ÔNIX - Sextas, 20h
17 de dezembro CINEMA ESPETACULAR - Ano Itália no Brasil Roberto Minczuk, regência • Trilhas sonoras de Ennio Morricone e Nino Rota - 100 anos de nascimento Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro
FAçA A SuA ASSINATuRA (Série Safira: venda de assinaturas a partir de abril) Valores (5 concertos): Galeria - R$ 80,00 Balcão Superior - R$ 270,00 Balcão Nobre - R$ 515,00 Plateia - R$ 515,00
Formas de compra: • Internet: www.osb.com.br • Telefone: (21) 2505-8383 (seg-sex: 8h às 20h/sáb: das 8h às 18h)
• Livraria da Travessa (Barra da Tijuca, Shopping Leblon e Sete de Setembro)
Fases de atendimento: • 11 a 20 de março: exclusivo para assinantes 2010 • 21 a 24 de março: exclusivo para troca e aquisição de novas assinaturas, para assinantes 2010 • 25 de março a 2 de abril: novos assinantes Patrocinadores:
Apoio:
Apoio Institucional:
Ministério da Cultura
Prezado Leitor, Foi movimentado o verão musical brasileiro. Fora os festivais e eventos já previstos – entre eles o Festival de Música de Santa Catarina, Femusc, que agita a pacata Jaraguá do Sul nessa época do ano (confira a seção Brasil Musical na página 22) –, tivemos importantes notícias nas principais orquestras paulistas. Do lado bom, a Osesp anunciou a sua nova regente titular para as temporadas de 2012 a 2016, a norte-americana Marin Alsop (leia mais na página 6). Em um processo aberto e plural, o comitê de busca da Fundação Osesp soube filtrar critérios para uma decisão que pareceu bem democrática. Todos que lutamos pelo fortalecimento da Osesp e pelo desenvolvimento da cultura no Brasil ficamos orgulhosos com o resultado, mesmo que eventualmente tivéssemos outras preferências. Por outro lado, assistimos a mais um desdobramento da crônica crise do Teatro Municipal de São Paulo, que se encontra fechado para reformas. Descontente com a estrutura da instituição (“uma grande confusão burocrática”), o maestro e oboísta Alex Klein pediu demissão da direção artística da casa, sem completar cinco meses no cargo. A Secretaria Municipal de Cultura reagiu rapidamente e substituiu Klein pelo maestro Abel Rocha. Apesar dessa ótima escolha, todos os esforços empreendidos não conseguem esconder o fato de que o arcabouço institucional do Teatro Municipal está falido. A Secretaria de Cultura promete transformar o teatro em uma fundação pública, um projeto, contudo, que avança a passos lentos. Nossa expectativa é de que em setembro – mês em que o Teatro Municipal completa cem anos – possamos comemorar, além de sua reabertura, também a sua nova organização jurídica e administrativa. Só assim será possível tornar realidade essa aspiração da principal metrópole do país: um teatro de ópera saudável, gerador de cultura, enraizado na cidade e articulado no mundo. Em clima de Carnaval, nosso colaborador Leonardo Martinelli aborda a festa das festas no artigo de capa desta edição. Desde a sua origem, passando pelos inúmeros compositores que o usaram de inspiração até chegar aos blocos e samba-enredos atuais – Martinelli apresenta uma panorâmica sobre essa que é uma das maiores celebrações mundiais, o Carnaval (página 32).
©iStockphoto.com/Brasil2
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Camila Frésca, jornalista e pesquisadora Irineu Franco Perpetuo, jornalista e crítico musical Flávia Camargo Toni, professora e pesquisadora do IEB-USP João Marcos Coelho, jornalista e crítico musical Júlio Medaglia, maestro Leonardo Martinelli, jornalista e compositor
ACONTECEU EM março
Cláudio Cruz é um músico extraordinário. Todos conhecemos o seu brilhantismo como violinista e sua bem-sucedida carreira (aqui vale lembrar que, este mês, Cláudio apresenta-se solo na série Encontros Clássicos, dia 26, para o lançamento de seu CD com obras de Flausino Vale). Mas o que até hoje nem todos realizaram – talvez justamente por seu virtuosismo instrumental –, é que Cláudio Cruz também é um talentoso maestro. Há dez anos ele é diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, com a qual estreia, neste mês, uma nova montagem da ópera La Bohème, de Puccini. Cláudio Cruz concedeu entrevista à Revista CONCERTO (página 20), para falar de seu trabalho e de suas experiências e atividades como regente.
Nascimentos
Como todos os meses, a Revista CONCERTO publica a seção Gramophone com uma seleção de artigos da prestigiosa revista inglesa (página 50). Além dos melhores lançamentos do mercado fonográfico internacional, publicamos uma matéria com o violinista Daniel Hope (que foi colega de Antonio Meneses no antigo Trio Beaux Arts), uma reflexão do diretor Richard Eyre e uma reportagem especial com o compositor norte-americano Steve Reich, que em 2011 completa 75 anos.
Falecimentos
Ainda nesta edição, você se informa sobre a programação das temporadas musicais, acompanha a agenda de concertos de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras, lê as colunas de nossos articulistas maestro Júlio Medaglia e jornalista João Marcos Coelho, bem como a opinião da pesquisadora Flávia Toni sobre o novo livro de Manoel Aranha Corrêa do Lago. Notícias do mundo musical, roteiro de eventos, lançamentos de CDs, DVDs e livros e muito mais: leia a Revista CONCERTO e fique por dentro de tudo que se passa no mundo dos clássicos!
Nelson Rubens Kunze diretor-editor 2 Março 2011 CONCERTO
Antonio Vivaldi, compositor 4 de março de 1678 Carl Philipp Emanuel Bach, compositor 8 de março de 1714 Edino Krieger, compositor 17 de março de 1928 Osvaldo Lacerda, compositor 23 de março de 1927
Franz Benda, compositor e violinista 7 de março de 1786 Thomas Beechmam, maestro 8 de março de 1961 Giovanni Battista Pergolesi, compositor 16 de março de 1736 Alexander Glazunov, maestro e compositor 21 de março de 1936 Estreias 2 de março de 1961 Ariadne de Bohuslav Martinu, na Alemanha 9 de março de 1886, O carnaval dos animais de Camille Saint-Saëns, em Paris 11 de março de 1886, Manfred de Piotr Ilyitch Tchaikvosky, em Moscou 13 de março de 1861, Tannhäuser de Richard Wagner, na Ópera de Paris
CONCERTO Março de 2011 nº 170
2 Carta ao Leitor
26
4 Cartas 6 Contraponto Notícias do mundo musical 14 Temporadas 2011 18 Atrás da Pauta Coluna mensal do maestro Júlio Medaglia
28 32
60
20 Em Conversa Entrevista com o maestro e violinista Cláudio Cruz 22 Brasil Musical Música nos ares do sul 24 Música Viva João Marcos Coelho escreve sobre Milton Babbitt
28
58
26 Vidas Musicais Maria Callas, por Camila Frésca 28 Palco Helder Trefzger, diretor artístico e regente titular da Filarmônica do Espírito Santo
30 Opinião Flávia Toni reflete sobre o livro mais recente do musicólogo Manoel Aranha Corrêa do Lago
54
20
32 Capa A festa das festas, por Leonardo Martinelli 36 Roteiro Musical Destaques da programação musical no Brasil
Uma seleção exclusiva do melhor da revista Gramophone
37 Roteiro Musical São Paulo
50 Notas Sonoras Notícias internacionais – Lisa Batiashvili
47 Roteiro Musical Outras Cidades
51 A escolha do editor James Inverne aponta os dez melhores CDs do mês 52 Entrevista – Daniel Hope e seu novo álbum 53 Internacional – Os melhores eventos pelo mundo 54 Reportagem Reverberações: a influência de Steve Reich 57 Improviso Richard Eyre reflete sobre diretores e regentes
44 Roteiro Musical Rio de Janeiro
50 Gramophone Uma seleção exclusiva do melhor da revista Gramophone 58 CDs e DVDs 61 Livros 62 Outros Eventos 63 Classificados 64 Minha Música A música que inspira o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim
CONCERTO Março 2011 3
Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo Tivemos em fevereiro mais um concerto sem divulgação do Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo, que em outubro 2010 foi aclamado, nos Estados Unidos, como o “quarteto que conquistou Chicago”. Não mais de 20 pessoas foram a Sala Olida assisti-lo. O concerto teve divulgação zero. Um concerto magnífico, tocado por esse conjunto que, citando a imprensa norteamericana, deveria ser orgulho da cidade. Um fenômeno que vem se repetindo nos últimos anos, relegando cada vez mais ao esquecimento os corpos estáveis do Teatro Municipal de São Paulo. Difícil entender a causa, num esquema no qual certamente não faltam funcionários que bem poderiam cuidar da divulgação dos concertos. Surge a pergunta: é descaso com a cultura? Ou é incompetência da administração? Qualquer que seja o motivo, é urgente mudar o rumo dessa política cultural! Os cidadãos de São Paulo têm o direito de ficar sabendo da agenda de eventos musicais, para poder prestigiar seus artistas. Eva Milkó Kunath, por e-mail Nota da redação: A Revista CONCERTO publica regularmente a agenda de concertos dos corpos estáveis do Teatro Municipal, em especial de seu Quarteto de Cordas. Todas as programações clássicas são divulgadas na Revista CONCERTO, desde que elas nos sejam enviadas até o dia 10 do mês anterior ao mês do evento.
Mônica Waldvogel Como leitora assídua da Revista CONCERTO desde as primeiras edições, fiquei muito feliz ao ler a matéria com a famosa jornalista e querida Mônica Waldvogel. Ela conta como foi sua iniciação musical, influenciada pelo ambiente familiar, e o período em que foi minha aluna de piano. Lembro-me com saudade da menina talentosa que vinha todas as semanas à minha casa, com sua irmã, para tomar aulas de piano. Ambas tocaram em minhas audições de alunos e foram muito aplaudidas. Mais tarde, Mônica tornou-se conhecida e notabilizou-se como jornalista em programas de televisão, continuando sua trajetória de sucesso. Em seu depoimento à Revista CONCERTO, Mônica confirmou o que sempre digo aos meus alunos: mesmo não sendo para seguir uma carreira pianística, o estudo da música só traz benefícios, tornando o dia a dia mais tranquilo, elevando o espírito e dando mais colorido à vida. Obrigada, minha aluna sempre lembrada, pela bonita entrevista que você nos ofereceu. Cumprimento também o jornalista Leonardo Martinelli pelo importante texto em Vidas Musicais, sobre Franz Liszt em seu bicentenário de nascimento. Eny da Rocha, pianista, por e-mail Errata: Por um descuido do jornalista João Luiz Sampaio e de nossa revisão, publicamos em nossa edição de janeiro-fevereiro de 2011 (nº 169) que a ópera Yerma montada no Festival Amazonas de Ópera foi regida por Luiz Fernando Malheiro. Na realidade, o título foi regido pelo maestro Marcelo de Jesus, diretor artístico adjunto do FAO.
Melhores coros Discordo da relação dos 20 melhores coros do mundo elaborada pela revista Gramophone. Faltou nessa lista o mundialmente admirado Mormon Tabernacle Choir, coro conhecido pelo seu maravilhoso timbre e por centenas de gravações. Estive em Salt Lake City, Utah, e tive a rara oportunidade de ouvi-lo ao vivo. É realmente inacreditável o som que ele projeta. Foi um concerto que jamais esquecerei. Antonio Carlos de Oliveira, por e-mail
e-mail: cartas@concerto.com.br Cartas para esta seção devem ser remetidas por e-mail: cartas@concerto.com.br, fax (11) 3539-0046 ou correio (Rua João Álvares Soares, 1.404 – CEP 04609-003 São Paulo, SP), com nome e telefone. Escreva para nós e dê sua opinião! A cada mês uma correspondência será premiada com um CD de música clássica. (Em razão do espaço disponível, reservamo-nos o direito de editar as cartas.)
Site e Revista CONCERTO. A boa música mais perto de você.
Atualize e complemente as informações da Revista CONCERTO em nosso site
Guia mensal de música clássica www.concerto.com.br março 2011 Ano XVI – Número 170 Periodicidade mensal ISSN 1413-2052 Redação e Publicidade Rua João Álvares Soares, 1.404 04609-003 São Paulo, SP Tel. (11) 3539-0045 – Fax (11) 3539-0046 e-mail: concerto@concerto.com.br Realização diretor-editor Nelson Rubens Kunze (MTb-32719) editoras executivas Cornelia Rosenthal Mirian Maruyama Croce reportagens Camila Frésca revisão Thais Rimkus site e projetos especiais Marcos Fecchio apoio de produção Kátia Sabino, Luciana Alfredo Oliveira, Priscila Martins, Vanessa Solis da Silva, Vânia Ferreira Monteiro projeto gráfico BVDA Brasil Verde editoração e produção gráfica Lume Artes Gráficas / Gilberto Duobles As datas e programações de concertos são fornecidas pelas próprias entidades promotoras, não nos cabendo responsabilidade por alterações e/ou incorreções de informações. Inserções de eventos são gratuitas e devem ser enviadas à redação até o dia 10 do mês anterior ao da edição, por fax (11) 3539-0046 ou e-mail: concerto@concerto.com.br. Artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião da redação. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução por qualquer meio sem a prévia autorização.
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CONCERTO é uma publicação de Clássicos Editorial Ltda.
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4 Março 2011 CONCERTO
A Clássicos Editorial Ltda, consciente das questões ambientais e sociais utiliza papéis com certificação FSC (Forest Stewardship Council) na impressão deste material. A certificação FSC garante que uma matéria-prima florestal provenha de um manejo considerado social, ambiental e economicamente adequado e outras fontes controladas. Impresso na IBEP Gráfica Ltda. certificada na cadeia de custódia - FSC.
Notícias do mundo musical
Osesp anuncia norte-americana Marin Alsop nova regente titular A destacada maestrina norte-americana terá contrato de cinco anos, a partir de 2012, e regerá dez programas por temporada; maestro brasileiro Celso Antunes é nomeado regente associado
Celso Antunes será regente associado
divulgação / grant leighton
6 Março 2011 CONCERTO
divulgação / thomas brill
A
maestrina norte-americana Marin Alsop, diretora musical da Sinfônica de Baltimore nos Estados Unidos e um dos grandes nomes da regência mundial, será a nova titular da Osesp. O anúncio foi oficializado no último dia 12 de fevereiro, em coletiva de imprensa que reuniu a cúpula da Fundação Osesp na Sala São Paulo. A maestrina assume em 2012 em substituição a Yan Pascal Tortelier, que nos dois anos seguintes passará a ser convidado de honra da orquestra. Na mesma oportunidade, a Osesp anunciou o maestro brasileiro Celso Antunes como regente associado. Trata-se de uma ótima notícia para a vida musical brasileira. Alsop, além de reconhecida como regente de primeira grandeza, tem forte compromisso com projetos educacionais e comunitários. Ela, que se apresentou com a Osesp no ano passado dirigindo Mahler e Bernstein, deverá reger ao menos dez programas diferentes a cada ano, portanto mais de trinta concertos por temporada. A maestrina também fará turnês, gravará CDs e se envolverá nas atividades pedagógicas e de formação de plateia da Osesp. Luiz Schwarcz, conselheiro da Osesp e líder do comitê de busca – que além de conselheiros, músicos e diretores da orquestra também contou com a consultoria internacional do norte-americano Henry Fogel e do inglês Timothy Walker –, expressou a satisfação de todos no processo que culminou na escolha de Marin Alsop. A maestrina, por sua vez, disse estar muito feliz com o convite: “No ano passado, fiquei maravilhosamente surpresa com essa orquestra, com a vontade de crescer, com o engajamento de seus músicos e a disposição apaixonada de fazer música. Além
O maestro paulistano Celso Antunes, radicado na Europa há mais de vinte anos, foi nomeado regente associado da Osesp também por um período de cinco anos a partir de 2012. O contrato prevê que ele regerá pelo menos dois programas diferentes com a orquestra por temporada e um programa com o coro, sua especialidade. Antunes, que é regente titular do Coro da Rádio da Holanda e professor de regência coral no Conservatório de Genebra, formou-se pela Escola Superior de Música de Colônia. Seu amplo repertório cobre música coral da Renascença, trabalhos orquestrais dos séculos 18 e 19 e música contemporânea. O maestro já trabalhou com artistas como Simon Rattle, Zubin Mehta, Mariss Janssons, Peter Eötvös e a própria Marin Alsop.
disso, há uma direção e um conselho, que vim a conhecer, incríveis. É nessa atmosfera que eu gosto de trabalhar, é isso que me interessa. Vamos criar um novo tipo de futuro para um novo tipo de mundo, o mundo do século XXI”. E completou, simpática e bem humorada: “Teremos como objetivo ser a melhor orquestra do mundo – é, a melhor orquestra do mundo, por que não?”. Nascida em Nova York, Marin Alsop estudou na Universidade de Yale e na Juilliard School. Ela foi a primeira mulher a ser premiada com o Koussevitsky Conducting Prize de Tanglewood, onde foi aluna de Leonard Bernstein. Foi regente titular da Orquestra Sinfônica de Bournemouth (2002-2008) e da Sinfônica do Colorado (1993-2005). Como regente convidada, trabalha regularmente com as Filarmônicas de Nova York e Los Angeles e com a Orquestra da Filadélfia. Na Europa apresenta-se com a Royal Concertgebouw, Tonhalle de Zurique, Orquestra de Paris, Filarmônica de Munique, Scala de Milão, Sinfônica e Filarmônica de Londres. Um dos grandes diferenciais de Alsop é seu engajamento em projetos de cunho educacional e comunitário. Desde que assumiu o posto em Baltimore, em 2007, ela liderou atividades educacionais que hoje atingem mais de 60 mil alunos e, em 2008, lançou o OrchKids, um programa destinado a prover educação musical e instrumentos a jovens menos favorecidos.
Centro Cultural lança hotsite de música contemporânea O Centro Cultural São Paulo acaba de lançar o hotsite do projeto Música Contemporânea Brasileira, que trouxe para a internet, com acesso livre, o trabalho de cinco compositores brasileiros que tiveram suas partituras editadas, CDs gravados, e sua obra catalogada. No endereço da web (www.centrocultural.sp.gov.br/musica_ contemporanea/) estão disponíveis os materiais e músicas de Almeida Prado, Edino Krieger, Edmundo Villani-Côrtes, Gilberto Mendes e Rodolfo Coelho de Souza. O material faz parte da coleção homônima lançada há três anos. Os cadernos e CDs físicos do projeto ainda podem ser adquiridos na Loja CLÁSSICOS (www.lojaclassicos.com.br).
Quarteto Brasileiro de Violões retorna de turnê e lança CD “Brazilian Guitar Quartet plays Villa-Lobos” é o nome do novo CD do Quarteto Brasileiro de Violões, lançado pelo selo norte-americano Delos International. O grupo acaba de retornar de uma turnê de três semanas pelos Estados Unidos, que incluiu concertos com salas lotadas em séries de música de câmara como Dumbarton Concerts, em Washington, Chamber Music Society of Salt Lake City e Bach Festival Society de Winter Park, na Flórida, entre outras. Com uma carreira internacional que inclui mais de 300 concertos em quatro continentes, o Quarteto Brasileiro de Violões conta em sua formação com Everton Gloeden, Tadeu do Amaral, Luiz Mantovani e Gustavo Costa. O grupo explora um repertório arrojado, com violões de 6 cordas e violões de 8 cordas de tessitura expandida.
Emilio Terraza falece em Natal, aos 82 anos Faleceu no dia 14 de janeiro, em Natal, o maestro e compositor argentino Emilio Terraza, que foi professor do departamento de música da Universidade de Brasília. Nascido em 1929, e desde 1958 no Brasil, foi diretor suplente da Orquestra Sinfônica Universitária do Rio de Janeiro, organizou o serviço de documentação musical da Ordem dos Músicos do Brasil, foi professor do Instituto Villa-Lobos e criou o setor de artes e departamento de música da Universidade Federal do Piauí. Terraza escreveu dezenas de peças para piano, duos e trios; dois quartetos de cordas e obras para conjunto de câmara. Sua Pequena marcha infantil, para orquestra, de 1952, foi estreada no Rio de Janeiro em 1960.
8 Março 2011 CONCERTO
Em razão do adiamento da reabertura do Teatro Municipal, a Sociedade de Cultura Artística transferiu para a Sala São Paulo os primeiros concertos de sua temporada 2011. A Orquestra do Festival de Budapeste, sob direção de Iván Fischer, se apresentará sábado 7 e domingo 8 de maio, às 11 horas. O pianista Caio Pagano foi indicado – pelo secretáriogeral das Relações Exteriores do Brasil – Cônsul Honorário na cidade de Phoenix, Estados Unidos, subordinado ao Consulado-Geral em Los Angeles. Faleceu a professora Hermínia Roubaud de Souza, que foi aluna de Isidor Phillip, em Paris, além de assistente chefe dos cursos de Magdalena Tagliaferro no Rio de Janeiro. A cantora Marília Siegl foi homenageada em janeiro com a comenda e diploma da Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes. A pianista e secretária-geral do Comitê Brasileiro de Música da Unesco, Maria Luiza Nobre, estreou uma nova coluna de música clássica no Jornal do Brasil. A 15ª edição do Festival Amazonas de Ópera, principal evento lírico do país, acontecerá entre os dias 21 de abril e 29 de maio, em Manaus. Estão sendo planejadas (ainda sem confirmação) montagens de Suor Angelica de Puccini (Luiz Fernando Malheiro e Maria Lucia Gurgel) dias 21 e 23 de abril; Condor de Carlos Gomes (em forma de concerto, com regência de Malheiro) dias 24 e 26 de abril; Dialogues des Carmèlites de Francis Poulenc (Marcelo de Jesus e William Pereira) dias 30 de abril e 3 de maio; Tristão e Isolda de Richard Wagner (Malheiro e Mietta Corli) dias 19 e 22 de maio; e Nabucco de Giuseppe Verdi, dia 29 de maio ao ar livre no Largo São Francisco, com direção cênica de André Heller-Lopes.
Maestro português é o novo diretor da Sinfônica do Paraná O maestro português Osvaldo Ferreira é o novo diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica do Paraná. Ferreira substitui Alessandro Sangiorgi, que estava no cargo desde 2002. Osvaldo Ferreira tem ligação com o Brasil desde 2008, quando assumiu a direção artística da tradicional Oficina de Música de Curitiba. Ele é formado em violino pelo Conservatório de Música do Porto e concluiu mestrado em direção de orquestra em Chicago (Estados Unidos) e pós-graduação no Conservatório de São Petersburgo (Rússia). Laureado em 1999 no Concurso Sergei Prokofiev, na Rússia, Ferreira recebeu o “Fellowship” do Aspen Music Festival nos Estados Unidos, onde frequentou a American Conductors Academy e conquistou o prêmio “Academy Conductor” em 2001. Foi assistente de Claudio Abbado em Salzburgo. Estudou ainda com Jorma Panula e David Zinman e foi bolsista do Ministério da Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian.
Notícias do mundo musical
Neschling deixa o Brasil; Companhia Brasileira de Ópera, contudo, planeja nova temporada Sem ver segurança na continuidade do projeto, Neschling se desliga da Companhia Brasileira de Ópera
E
m texto em seu blog, intitulado “Bye bye Brasil”, o maestro John Neschling anunciou sua mudança para a Europa e seu desligamento da Companhia Brasileira de Ópera – iniciativa idealizada por ele e por José Roberto Walker, que realizou uma produção itinerante da ópera O barbeiro de Sevilha por 15 cidades do país. Com apoio inédito do Ministério da Cultura, a CBO pretendia se firmar como companhia estável de difusão da música lírica. Com o novo governo eleito e a nova gestão no Ministério da Cultura, contudo, Neschling não vê possibilidades de dar continuidade ao projeto. Com sua habitual contundência, o maestro resumiu a experiência da seguinte maneira: “As restrições e dificuldades executivas e de produção que enfrentei durante esta fase limitaram o resultado artístico e a nossa capacidade de criação, e, se a relação custo/benefício do projeto foi generosa e saudável, a relação esforço/resultado deixou muito a desejar. [...] Uma Companhia de Ópera com as características que imaginei é ilusória se tiver que ser mantida pelo setor privado [...]. O investimento num projeto desse porte é altíssimo e o retorno não pode ser medido em termos de lucro financeiro, como numa empresa privada. [...] Nesse momento não há nenhuma segurança nem indicação de que o meu projeto seja
ainda uma das prioridades na política cultural do novo governo. No nosso país não existe, infelizmente, uma prática que se possa definir como política cultural, e muito menos uma continuidade dessa prática”. Mesmo com o desligamento do maestro Neschling, entretanto, a Companhia Brasileira de Ópera pretende dar sequência ao trabalho. Assim, neste início de 2011, a CBO continua a se apresentar, em récitas infantis, para completar o número de apresentações previstas originalmente na Temporada 2010. No dia 20 de março eles estarão na cidade de Piracicaba, no interior do estado de São Paulo, e no dia 10 de abril em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Segundo o diretor executivo José Roberto Walker, “a Companhia Brasileira de Ópera está viva, com elencos mobilizados e equipes trabalhando”. Mesmo antes de completar as récitas contratuais de O barbeiro de Sevilha, a próxima temporada já se encontra em desenvolvimento. E para que o grupo mantenha uma atividade regular no período entre as temporadas, há planos para um projeto intermediário, a ser divulgado em breve, com menor abrangência e com a participação de novos maestros.
Notícias do mundo musical
Abel Rocha é o novo diretor artístico do Teatro Municipal Adiamento da abertura do Teatro Municipal, que há dois anos encontra-se fechado para reforma, precipitou a saída de Alex Klein; Abel Rocha afirma que parcerias firmadas serão mantidas
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escontente com a estrutura do Teatro Municipal de São Paulo, o maestro e oboísta Alex Klein pediu demissão da direção artística da casa. A decisão foi tomada após o adiamento da reabertura do teatro e desentendimentos em relação à programação de inauguração. O maestro se disse impossibilitado de trabalhar dentro daquilo que chamou de “malha enferma”. A Secretaria Municipal de Cultura refutou as declarações de Klein, alegando que “o maestro sabia, desde o início, que sua liberdade era limitada pelos compromissos assumidos”. Alex Klein ocupou o cargo por menos de cinco meses. Apenas alguns dias após a saída de Klein, a Secretaria anunciou o novo diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo, o maestro paulistano Abel Rocha. Aos 49 anos, Rocha tem se destacado como um dos principais maestros líricos brasileiros. Diplomado pela Unesp e doutor pela Unicamp, Abel Rocha formou-se em regência de ópera pela Escola Superior de Música Robert Schumann de Düsseldorf, na Alemanha. De 2004 a 2009, foi diretor e regente da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, com a qual realizou um trabalho que projetou o grupo como um dos mais interessantes do país. Em 2010, participou como maestro residente da ópera itinerante O barbeiro de Sevilha, da Companhia Brasileira de Ópera. O maestro Abel Rocha é um dos artistas mais preparados de nosso país e sua nomeação deve ser vivamente comemorada. Porém, em razão da estrutura antiquada e burocrática do Teatro, o maestro, como seus antecessores, enfrentará dificuldades. A esperança é a aprovação de um projeto em tramitação da Câmara Municipal que transformaria o teatro em uma fundação pública. Leia a seguir entrevista que o maestro Abel Rocha concedeu à Revista CONCERTO.
Entrevista com Abel Rocha Qual é a situação do Teatro Municipal?
O Teatro Municipal já tem um conjunto de parcerias institucionais firmadas para esta temporada artística, e essas parcerias serão respeitadas. Não é porque mudou o nome do diretor que toda a programação será arbitrariamente cancelada. Precisamos, inclusive, reverter esse tipo de mentalidade. Será necessário, porém, readequar a programação deste ano, pois em minhas conversas com o secretário de cultura sempre insisti que o teatro se dedique a seu talento original, que é ser um teatro de ópera, dança e, complementarmente, espetáculos vocais-sinfônicos. Temos de pensar a atividade em dois períodos: anterior e posterior à abertura do teatro. Hoje, a Orquestra Sinfônica Municipal necessita de um espaço adequado às suas dimensões e capacidades artística, e claramente a Sala Olido não faz jus à arte da orquestra. Será um desafio achar locais adequados para as apresentações da orquestra, pois já estamos com as boas salas de concerto tomadas. Quando e como será a reabertura do Teatro Municipal?
Neste momento, temos de garantir um cronograma de finalização das obras que inclua, principalmente, todos os treinamentos e testes necessários à plena utilização dos novos equipamentos, como os equipamentos de palco, as varas de luz e cenário, concha acústica, luzes, som etc. Para isso, estamos planejando um conjunto de concertos e espetáculos que permitam o treinamento dos técnicos e a utilização gradual desses equipamentos. Seria uma grande irresponsabilidade a obra ser entregue e, na semana seguinte, nos propormos a estrear uma ópera de grandes dimensões sem que todos os artistas e técnicos da casa estejam familiarizados e treinados com os novos recursos instalados. Então, voltando a sua pergunta, tão logo o cronograma de finalização das obras esteja definido, a data e a programação serão divulgadas.
Maestro Abel Rocha
divulgação / ding musa
E quanto à temporada, já há uma definição em relação aos títulos que serão apresentados?
10 Março 2011 CONCERTO
Há um conjunto de títulos que estão orçados e diversos artistas convidados. Porém, por razões que não nos interessa discutir nesse momento, a participação coral nesses títulos é minúscula. E isso não é adequado ao Teatro Municipal de São Paulo, que é mantenedor do mais espetacular coral lírico do país. Assim, será necessário repensar em parte a programação para que tenhamos um direcionamento musical à altura das características da casa. [NRK]
Notícias do mundo musical
Pianistas gravam obras de John Cage Pregos, parafusos, borracha, plásticos e outros objetos fizeram parte da apresentação realizada pelas pianistas paranaenses Lilian Nakahodo e Grace Torres em fevereiro na cidade de Curitiba. Na ocasião, elas gravaram 20 peças para piano preparado do compositor norte-americano John Cage, sendo 16 sonatas e 4 interlúdios. Aluno de Schönberg, John Cage foi um dos expoentes da música do século XX, um revolucionário que introduziu o acaso na estrutura musical e discutiu o silêncio e as sonoridades clássicas dos instrumentos. A preparação do piano de Cage é realizada com precisão, a partir de um desenho esquematizado, chamado por ele de “bula”, com cada pedaço de metal e demais materiais precisamente indicados entre as cordas e na caixa do piano.
Uma extraordinária revelação de arte A pesquisadora e jornalista Camila Frésca, conhecida dos leitores da Revista CONCERTO como autora de diversas de nossas reportagens, lança neste mês o resultado de sua tese de mestrado defendida na ECA-USP sob orientação de Flávia Toni. Trata-se de um livro, um CD e uma edição da partitura dos 26 prelúdios característicos e concertantes para violino só, do compositor Flausino Vale (leia mais na seção Lançamentos desta edição). Camila Frésca, que dia 26 de março fará a introdução ao recital que Cláudio Cruz realiza nos Encontros Clássicos por ocasião do lançamento do CD “Flausino Vale e o violino brasileiro”, falou com a Revista CONCERTO.
Entrevista com Camila Frésca
Claudio Cohen assume Sinfônica de Brasília O violinista e maestro Claudio Cohen assumiu a direção artística e regência titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília. O maestro sucede a maestrina Elena Herrera, que assumira a direção após o desligamento de Ira Levin, em setembro passado. Cohen pretende revalorizar o papel da sinfônica dentro de Brasília, programando obras de autores brasileiros, convidando artistas locais e desenvolvendo programas de cunho social e educacional. Para março, Claudio Cohen programou dois ambiciosos programas, com obras de brasileiros como Claudio Santoro, Jorge Antunes e José Guerra Vicente, e as Quatro últimas canções de Richard Strauss.
Filarmônica de Minas Gerais lança concurso Estão abertas as incrições para o Festival Tinta Fresca 2011. Trata-se de um concurso de composição destinado à leitura e apresentação de obras inéditas. O vencedor receberá a encomenda de uma obra a ser estreada em 2012. Até o ano passado, o concurso destinava-se apenas a compositores residentes em Minas Gerais ou mineiros. A novidade desta edição é que o concurso agora é aberto a todos brasileiros ou naturalizados. Mais informações no site www.filarmonica.art.br. As inscrições vão até o dia 15 de abril.
Flausino Vale foi um violinista e compositor que nasceu em Barbacena, em 1894, e passou a vida adulta em Belo Horizonte. Ele foi advogado, publicou livros de poemas, mas seu maior interesse era a música: começou a aprender violino aos dez anos e, embora só tenha tido quatro anos e meio de aulas, tornou-se um virtuose do instrumento. Flausino tocava nas orquestras de cinema mudo em Belo Horizonte, como solista contratado das rádios da cidade e como spalla e solista da orquestra da Sociedade de Concertos Sinfônicos. Era também professor de história da música e folclore no antigo Conservatório Mineiro, que deu origem à escola de música da UFMG. Foi, enfim, uma das mais populares figuras da vida musical belorizontina da primeira metade do século XX. Ele morreu em 1954. Flausino também era compositor, certo?
Claro, ele escreveu algumas dezenas de obras para violino e piano, flauta e piano, canto e piano e para outras formações. Também deixou cerca de 70 arranjos ou transcrições para violino solo das mais variadas obras – indo de Tico-tico no fubá, de Zequinha de Abreu, até peças para violão de Tarrega e minuetos de Beethoven. Considero que sua obra mais importante é o conjunto de 26 prelúdios característicos e concertantes para violino só. Neles, há um prelúdio que foi tocado por grandes violinistas, como por exemplo Jascha Heifetz. Como Heifetz descobriu a obra de Flausino?
Os prelúdios “Casamento na roça” e “Ao pé da fogueira”, que integram a coleção dos 26 prelúdios, foram editados no Rio de Janeiro na década de 1930 e, ao que tudo indica, essa edição caiu nas mãos de Jascha Heifetz, que gostou especialmente de “Ao pé da fogueira”. Ele escreveu um acompanhamento de piano para a peça, gravou-a, editou-a e a apresentava com frequência em seus concertos. A partir dessa gravação, outros violinistas se interessaram. “Ao pé da fogueira” foi tocada por violinistas como Zino Francescatti, Isaac Stern e Itzhak Perlman e continua sendo gravada, na versão de Heifetz, até hoje. Qual a importância dos 26 prelúdios?
Compositor Marlos Nobre se destaca no Youtube Para quem acha que música “clássica” não é para as massas, vale a pena acessar o link do site Youtube www. youtube.com/user/marlosnobre. No dia 17 de fevereiro ele figurou na rede como um dos vídeos mais vistos, ao lado de rappers, pagodeiros e roqueiros, ficando na primeira página da categoria. 12 Março 2011 CONCERTO
Considero que os 26 prelúdios característicos e concertantes para violino só têm uma importância ímpar dentro do repertório para violino solo que possuímos no Brasil. São pequenas miniaturas virtuosísticas para o instrumento, que combinam o uso de temas populares com uma técnica avançada e procedimentos inusuais de escrita. São também peças agradáveis de se ouvir, de grande comunicabilidade e que retratam o ambiente em que Flausino cresceu – as matas, os pássaros, as serenatas etc. Além disso, não existe na literatura brasileira para o instrumento muitos conjuntos de peças para violino solo com tal fôlego e expressividade. Por tudo isso, só posso recomendar a gravação de Cláudio Cruz, o CD “Flausino Vale e o violino brasileiro”, patrocinado pela Petrobras. Ele é excepcional, vale a pena ouvir!
divulgação / lydia abud
Quem foi Flausino Vale?
BRADESCO SEGUROS apresenta..... apresenta
BACHIANA FILARMテ年ICA SESI SP
Temporada 2011
9
Sinfonias de Beethoven
0 anos de Astor Piazzolla
9
26 de marテァo
Sala Sテ」o Paulo
26 de abril
Teatro Bradesco
13 de junho
Teatro Bradesco
3 de julho
Sala Sテ」o Paulo
30 de agosto
Teatro Bradesco
24 de outubro
Teatro Bradesco
22 de novembro
Teatro Bradesco
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A boa música mais perto de você.
GUIA MENSAL DE MÚSICA CLÁSSICA