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Pneumonia aspirativa - Maria Luiza Severo Locatelli

A Pneumonia aspirativa

O que vem a ser esse tipo de pneumonia que é cada vez mais comum na prática clínica? Confira na reportagem da Fonoaudióloga Maria Luiza Severo Locatelli

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Trata-se de um tipo de Pneumonia que acontece quando há a aspiração, que é a entrada de um corpo estranho, saliva contaminada e/ou retorno do alimento do estômago que entra pela traqueia, indo diretamente para os pulmões instalando-se nos alvéolos que é o local onde acontecem as trocas gasosas. Quando o indivíduo não consegue expelir esse resíduo, o mesmo se acumula no local, causando infecção.

Esse tipo de pneumonia está normalmente associada com alterações da deglutição, inabilidade do disparo do reflexo, falta de proteção das vias aéreas inferiores, reflexo de tosse inadequado. Desta forma costuma acontecer com mais frequência em bebês, idosos, pessoas que apresentam alguma doença de base e/ou pessoas que respiram com ajuda de aparelhos, pessoas debilitadas, hospitalizadas - estes entram para o grupo de risco, que exigem mais cuidados por apresentarem um sistema imune muito fragilizado, necessitando de cuidados de uma equipe multiprofissional. A pneumonia aspirativa, apesar ter algumas limitações no diagnóstico, deve ter seu tratamento iniciado rapidamente para prevenir complicações, sendo que ele é medicamentoso.

Existem fatores de risco de para esse tipo de pneumonia, nos quais destaco:

• Deglutição prejudicada causada por doença de base, comprometimento esofágico, ou motor (disfagia, câncer, estenose), doença pulmonar obstrutiva crônica, extubação da ventilação mecânica, doenças neurológicas como esclerose múltipla, parkinson, acidente vascular cerebral, demência entre outras.

• Rebaixamento da consciência: pertinente com doença neurológica (acidente vascular cerebral) consumo excessivo de álcool, uso de medicamentos como sedativos e caso de cirurgias e anestesia geral.

• Problemas cardíacos, como uma parada, podem causar aspiração do conteúdo gástrico durante a reanimação.

• Risco de o conteúdo gástrico atingir o pulmão: por refluxo e/ou alimentação por sonda (principalmente quando associada a outros fatores de risco, por isso deve ser restrita em pacientes com demência).

• Reflexo da tosse prejudicado: por medicamentos, consumo de bebidas alcoólicas, demência, doença neurológica degenerativa e rebaixamento da consciência.

DIAGNÓSTICO

É difícil diagnosticar esse tipo de pneumonia com exatidão e, também, de distingui-la de outras síndromes de aspiração e outros tipos de pneumonias. O diagnóstico deve ser avaliado em contextos clínicos adequados em pacientes com risco de aspiração e em exames clínicos e radiográficos específicos. A doença comumente é aguda, com sintomatologia em poucas horas ou alguns dias após algum episódio.

Os exames radiográficos contêm infiltrados, que geralmente são prolixos nos segmentos pulmonares, de acordo com o agravamento do quadro. Entretanto, a radiografia de tórax pode ser normal no início da pneumonia. Além disso, a pessoa acometida de um edema pulmonar causado por pressão contrária natural a respiração em uma via aérea fechada após anestesia geral, asfixia ou afogamento, podem ser confundido com pneumonia aspirativa, por isso é muito importante ressaltarmos sempre a necessidade da prevenção dos riscos.

FOTO | DANIEL TATSCH PREVENÇÃO

Nossa prática clínica e hospitalar nos permite algumas orientações para os cuidadores e/ou equipe de cuidado com o paciente no campo da prevenção:

• Avaliação da deglutição após acidente vascular cerebral (AVC) e após extubação por ventilação mecânica

• Higiene oral é imprescindível, com escovação e remoção de dentes mal mantidos (em caso de CTI a presença de um dentista é de extrema importância)

• Alimentação em posição semi deitada para pacientes após AVC e paciente pós-cirúrgicos

• Exercícios de deglutição para pacientes com disfagia. Para pacientes com distúrbios da deglutição, principalmente os que apresentam quadros neurológicos é necessária uma avaliação completa da fala e da deglutição. Devem ser feitos empenhos para promover a alimentação oral em vez da enteral, pois o papel das sondas nasogástricas na prevenção da pneumonia aspirativa ainda é incerto. Recomenda- -se em alguns casos a alimentação mista até que o paciente esteja reabilitado em suas funções motoras da deglutição.

O tratamento é medicamentoso com a administração de antibióticos, nos quais a equipe médica estará apta em saber qual o tipo de antibioticoterapia combaterá o patógeno sem prejuízo ao paciente.

Fonte: Conhecimentos essenciais em atender bem em Fonoaudiologia Hospitalar; Manual Prático de Disfagia Diagnóstico e Tratamento.

• Motricidade Orofacial • Labirintopatias • Disfagia • Linguagem • Saúde do Idoso • Treinamento Auditivo • Especialista em Saúde Coletiva

Rua Carlos Barbosa, 288 Carazinho/RS (54) 98163-5139

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