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POR SYLVIA CAROLINNE

de uma parte da história da arte, até o momento, pouco explorada pelas instituições holandesas. A costura histórica apresentada pela exposição somente foi possível com a participação de curadores externos convidados, que enriqueceram o debate através de seus conhecimentos do cenário artístico surinamês, passado e atual. O acesso a materiais de pesquisa e obras a expor foi viabilizado pela colaboração de coleções privadas, captação de histórias orais, buscas nos arquivos e fundações locais, além de contatos com organizações especializadas na preservação e disseminação desse conhecimento.

ZAALOPNAME SURINAAMSE SCHOOL: PINTANDO DE PARAMARIBO À AMSTERDÃ O OLHAR DE GERAÇÕES

Em tempos de pandemia, toda exposição que nos permita uma experiência imersiva em sua expografia é bem-vinda. Mais ainda quando conseguimos perceber as escolhas curatoriais e as mensagens codificadas das obras, através de um excelente painel sobre o momento histórico em que tais obras foram executadas. Este é o caso da exposição que está acontecendo atualmente no Stedelijk Museum, Amsterdã –

. Já no nome a exibição se posiciona de forma ampla, reivindicando ao Suriname a multiplicidade da educação na arte, do grupo para o indivíduo. Com 35 artistas em mais de 100 obras expostas, datadas majoritariamente entre o período de 1910 e meados dos anos 1980, a exposição foi pensada originalmente para abranger trabalhos da artista de origem holandesa Nola Hatterman e os estudantes dela. Na década de 1950, quando se mudou para Paramaribo, Hatterman realizou finalmente o sonho de criar uma escola de arte, cujos alunos se tornaram notáveis artistas. Por esse motivo, a exposição acabou por crescer dentro do próprio material, incluindo muitos dos alunos de Hatterman, e se converteu em um projeto muito mais amplo: o de cruzamento entre a arte holandesa e a surinamesa e de resgate

O corpo maior da mostra são as pinturas. Trata-se do suporte artístico mais comumente utilizado, uma vez que, somente a partir dos anos 1980, os artistas surinameses ensaiaram obras fora desse tipo de suporte. Para além das pinturas, pode-se também ter acesso ao trabalho das irmãs Curiel, Augusta e Anna, com fotografias que captavam imagens, não só da sociedade colonial local, mas também de viagens por regiões do Caribe e da Europa. Além de Hatterman, temos a possibilidade de conferir o trabalho de Gerrit Schouten, considerado o primeiro artista autônomo surinamês, profissionalmente ativo no país. Seguimos com obras de Armand Baag, aluno brilhante de Hatterman e criador do seu próprio movimento, o . A mostra prossegue com obras de Erwin de Vries, um dos poucos artistas a terem sido inseridos à coleção do museu desde as primeiras produções, e Guillaume Lo-A-Njoe, que em 1959 se tornou o único artista surinamês, até os dias atuais, a receber o Prêmio Real (Holandês) de Pintura Moderna. Com um passado recente de colonização entre Holanda e Suriname, a exibição, para além de marcar os 45 anos de independência do Suriname e reivindicar o seu lugar na história da arte, oferece a visão do país por seus próprios artistas e curadores. Esta exposição não deve ser vista apenas como uma exibição de artistas selecionados, mas uma plataforma de apresentação das correlações existentes entre os dois países e da dinâmica de trabalho de inúmeras gerações de artistas. Segundo as novas diretrizes, o Stedeljk Museum, através da mostra Surinaamese School, deixa uma clara mensagem para o futuro. Este é um tema em andamento e, quanto a novas exibições nesta linha: .

Sylvia Carolinne é artista visual, graduada em Engenharia civil, Ilustração, Moda e correspondente internacinal da Dasartes.

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