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O CRIADOR DO MÓVEL MODERNO BRASILEIRO
COM PEÇAS CELEBRADAS PELO ESTILO INOVADOR E DE QUALIDADE ARTESANAL, A TRAJETÓRIA DE SÉRGIO RODRIGUES É COMPLEMENTAR À HISTÓRIA DO DESIGN NACIONAL.
Éimpossível falar de design brasileiro e não citar Sérgio Rodrigues (19272014), o carioca que revolucionou a estética dos mobiliários produzidos em nosso país. Seu interesse pela área surgiu após uma série de vivências que começaram durante sua infância, quando morava em um palacete próximo à praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. O contato com a madeira surgiu através de seu tio, dono da enorme casa que abrigava no porão uma oficina, onde marceneiros portugueses criavam mobiliários enquanto o menino brincava em meio aos sarrafos. Longe das ferramentas - um tanto quanto perigosas para uma criança - ele desenhava aviões e pedia para que os funcionários reproduzissem seus rabiscos com as sobras de materiais. Assim foi despertando sua criatividade, através dos brinquedos, os pequenos aviões de madeira. Seu sonho até então era ingressar na aeronáutica, mas seguiu outro rumo ao se matricular no curso de Arquitetura e Urbanismo da atual UFRJ, onde conheceu o professor David Xavier de Azambuja, que havia retornado dos Estados Unidos após estudos. No quinto ano do curso, Sérgio foi convidado por David para integrar a equipe do projeto para o Centro Cívico de Curitiba e ficou encarregado do Palácio das Secretarias, um edifício de 30 pavimentos. Enquanto as obras aconteciam, Sérgio, morando na capital paranaense, abriu sua primeira loja de mobiliários e, assim, iniciou sua paixão pelo design. Em 1954, ao se mudar para São Paulo, foi convidado para chefiar o departamento de criação de arquitetura de interiores da loja Forma, onde se aproximou de Lina Bo Bardi, Vilanova Artigas e de Gregori Warchavchik. No ano seguinte criou a Oca, loja no Rio de Janeiro, que rapidamente se tornou um espaço de experimentação e criação, onde pode dar vida às suas ideias ousadas e revolucionárias, sempre com a preocupação para que o conforto fosse o guia de seus projetos. Foi nesse período que ele apresentou ao mundo a Poltrona Mole, criação que desafiava as convenções do design de móveis, combinando formas orgânicas, madeira maciça e couro de maneira inovadora. A peça hoje faz parte do acervo do MoMA em Nova Iorque, isso demonstra a potência criativa de Sérgio. Sua influência regional desempenhou um papel fundamental em sua carreira. Seu trabalho muitas vezes incorporava elementos do folclore brasileiro e da cultura local, tornando suas peças distintamente brasileiras. Esse compromisso com suas raízes culturais permitiu que seus mais de 1200 mobiliários transcendessem as tendências passageiras e se tornassem clássicos intemporais. O banco Mocho, as poltronas Vivi, Chifruda, entre outras peças, perduram com muita bossa e se tornam verdadeiros destaques nos projetos de interiores até os dias atuais. A trajetória de Sérgio Rodrigues é um lembrete inspirador de que a paixão e a dedicação podem transformar uma simples cadeira em uma obra de arte funcional que atravessa gerações. Seu legado continua vivo através da influência que exerce sobre os designers contemporâneos e seu nome sempre será sinônimo de elegância, criatividade e autenticidade.
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design de interiores | Juliana Cascaes
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