Dossiê - MODA | CULTURA | VIDA - 4ª edição

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Moda Cultura Vida

CORPUS URBIS ARTE URBANA NO MEIO DO MUNDO

EMPREENDEDORISMO MATERNO MISSÃO: MÃE & EMPRESÁRIA

MODA NA AMAZÔNIA É POSSÍVEL?

ESPAÇO CAOS

Nº 04 - NOVEMBRO 2016

UM ALIADO DA CENA INDEPENDENTE

Sammliz Um coração selvagem e suave no rock’n’roll


FIQUE CONOSCO E BOA LEITURA Moda Cultura Vida


Moda Cultura Vida

NOVEMBRO 2016

EDITORA CHEFE Camila K. Ferreira

CAPA DESTA EDIÇÃO Sammliz

COLUNISTAS Hanna Paulino Karinny Ramada Maíse de Oliveira

COLABORADORES Lara Utzig Paula Rodrigues Lívia Almeida Josi Rizzari Karen Pimenta Vanessa Albino Paula Monteiro André Mont’Alverne Jhimmy Feiches Kelly Náiad JJ Nunes Jean Roger

DESIGNER Fabrício Góes

FALE CONOSCO dossierevista@gmail.com

PARA ANUNCIAR AQUI (96) 98113-1997


Moda Cultura Vida

COLUNISTAS

Hanna Paulino, “Cantora e compositora. Do metal à mpb. O que pulsa é a música verdadeira, aquela que arrepia e causa emoções diversas! Black Power, carão e divonismo!”

Karinny Ramada, “Advogada e Assessora Jurídica por formação! Apaixonada por no trato e pela velha e boa educação! Incursionei pelo estudo da Etiqueta, Cerimonial e Protocolo em cursos promovidos pela Associação Brasileira de Cerimonial e Protocolo.”

Maíse de Oliveira, ’’Blogueira selvagem e professora de História da rede pública. Adora descontos e promoções, moda engajada e funcional. Para essa balzaquiana, moda é liberdade e não prisão!’’



Carta da Editora

Moda Cultura Vida

A música e a moda são melhores amigas. E, para mim, uma das vertentes que costumo dizer que me salvou foi o rock´n roll. Sim, me salvou porque, a partir do momento em que ouvi aqueles acordes da introdução de “Smells like teen spirit”, senti algo tão incrível, que tenho certeza: me apaixonei. Nunca vou esquecer. Foi libertador, um impacto na minha alma, não só musicalmente falando, mas também na minha vida. Foi ali que comecei a perceber quem eu era e vários porquês foram respondidos. Percebi também que todo o bullyng que sofri por ter uma atitude fora do padrão que toda menina deveria seguir não era algo anormal e, sim, porque tinha minha personalidade. A música também permitiu que eu conhecesse outros tipos de visual, versos e atitudes que me trouxeram uma paz por saber que tudo que eu sentia fazia muito sentido. O rock´n roll me deu força e coragem, porém não posso explicar. E nesta 4ª edição, trouxemos a Sammliz, com atitude rocker de sobra e um coração selvagem nortista que tem muito para mostrar, assim como você, eu e todos. E, por último, não menos importante: Mudamos! Para quem nos acompanha, percebeu a mudança da logo, porém, nosso foco é o mesmo: Moda, Cultura e Vida. Depois de várias conversas e mudanças de perspectivas, desapegamos do passado e focamos no presente/futuro. Sentimos um amadurecimento em nossos objetivos e isso refletiu em nossa marca que é a nossa cara, não é à toa que existe o ditado: “mudar é preciso”. Foi o que fizemos e o resultado vocês poderão conferir durante o passeio em nossas páginas. Continuem conosco e até a próxima edição!

Editora


Sumário: 07 Box Braids 11

Moda na Amazônia

Espaço Caos

13 Eu e minhas negas 18 A moda e o homem do séc. XXI 20 A genialidade de Alexander McQueen

24

Nossa capa: Sammliz Entrevista

30

Moda sonora

44

Topíssimo

46

Andrew Punk

48

A diversão virou coisa séria

Lívia Mendes Folk do norte

54

59 Minha liberdade 64

Pimavera nos dentes

Corpus Urbis

66 Indico Filmes 68 Durmam com esse barulho 70 Empreendedorismo materno

72


Arte: Nicky

MODA [

^

]

? l e v í s s É po O QUE FALTA PARA A Arte: Isla Paraíso

REGIÃO NORTE EMPLACAR NO CENÁRIO FASHION? Por: Maíse de Oliveira

Moda Cultura Vida

07


D

e poucos anos para cá, falar de moda tornou-se corriqueiro (mas não fácil) na Amazônia. Atribuo a isso o acesso à informação através da internet, o aumento da renda para viajar e conhecer outros lugares e logo estreitar o contato com tendências de comportamento e estilo. Devo também reconhecer a importância do jovem antenado e voraz pelo novo, que administra muito bem as redes sociais e não teme em expor sua opinião. Blogs, documentários, revistas de moda, desfiles e a presença de grandes marcas nacionais e internacionais, personalidades do mundo da moda aqui em nossa floresta, ajudam a melhorar o cenário da moda no Norte do país. Entretanto, sinto falta de algo... Talvez de um espaço permanente do Norte nos grandes palcos da moda nacional. Mas como conseguir isso? Por onde devemos começar?

’’

Esses questionamentos não são feitos em tom de angústia e sim de reflexão!

’’

Acredito que devemos começar pela base, e a base é o estudo. Procurar cursos de moda nas grandes capitais e fortalecer/sedimentar os cursos de moda já existentes na Amazônia. Qualificar-se. Deve-se também respeitar as divisões de trabalho de cada profissional do ramo: fotógrafo, vitrinista, designer, ilustrador, estilista, consultor de moda, publicitários, cool Hunter, curador de conteúdo de moda, jornalistas e tantos outros profissionais que movimentam essa indústria bilionária. Logo, uma das soluções é deixar a moda nortista com caráter mais profissional e menos amador. Algumas capitais amazônicas já estão nesse caminho, outras ainda têm uma árdua jornada...


Maíse Oliveira e o estilista mineiro Ronaldo Fraga, na Semana da Moda do Amapá, promovida por um shopping de Macapá/AP, em 2014.

Costanza Pascolato e Paulo Borges (organizador do São Paulo Fashion Week), num bate papo sobre moda em Belém/PA.

A modelo paraense Caroline Ribeiro fez parte do time de top models brasileiras em meados de 2000. O estilista americano Tom Ford considerou seu rosto um mix de culturas.

Portanto, considero um desafio fazer e viver de moda no norte do Brasil! Para que isso ocorra deve-se (re)estruturar o setor em nossa selva. Mais profissionais e valorização deles. Respeito para esse profissional que se qualificou e merece um salário justo. Em consonância a esse fato, precisamos rever algumas posturas; os empresários do ramo devem acompanhar a tendência de trazer os clientes e público - alvo para suas lojas; respeitar o trabalho dos blogueiros, entender o poder dos influenciadores digitais, ter ideias criativas em momento de crise. Interessados em fomentar o mercado de moda devem fazer parcerias com outros setores de negócios para fortalecer a cena e promover eventos de modo que as pessoas (do mundo) vejam o Norte.

As mudanças de posturas supracitadas não são fáceis e muito menos rápidas. Demandam tempo e trabalho árduo. Deve-se ir além da boa vontade, do desejo de “fazer moda”, tem que gritar, fazer barulho (falo isso por experiência própria), se engajar na causa, mostrar que a Amazônia produz moda e que temos potencial para emplacar em diversos cenários. Se não nos derem oportunidades, faremos as nossas.

Desfile da coleção de Ronaldo Fraga inspirado no Pará.



BOX BRAIDS: Entrançamento de Atitude e Estilo Por: Hanna Paulino

A

sensação de liberdade advinda do ato de fazer um Big Shop* é algo indescritível, mas que acaba trazendo para algumas pessoas certa insegurança em

expor seus cabelos de forma curtinha e com cachos não muito definidos. Não se assuste com essa sensação, é normal! E para dirimir um pouco desse medo nós vamos te mostrar uma forma prática e super fashion de aguardar com muita calma o crescimento do tão sonhado black power. E a solução para seus problemas pós-transição capilar se chama BOX BRAID!

O que são? Como são? Bem, box braids não são nada além de “tranças em caixa” feitas a partir de técnicas de entrançamento de fibras sintéticas aos cabelos naturais. São conhecidas também como tranças Rastafari, que podem ser feitas com materiais como jumbo*, as mais famosas de Kanekalon* e também com fios de lã. Moda Cultura Vida

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O resultado é um misto de charme, elegância e muita atitude. Um estilo aprovado por várias celebridades do mundo da música, moda e entretenimento, como: Beyoncé, Rihanna, Cris Viana e Karol Conka. No entanto, não é tão simples segurar o poder de um visual com tranças sintéticas, sendo necessários cuidados redobrados com a manutenção do aplique e a saúde do cabelo natural. Quer usar box braids? Sim! Então se liga nas dicas para segu rar um “visu” bem cuidado por um período que varia de 10 a 12 semanas: Lavar os fios da raiz às pontas uma vez por semana com shampoo diluído em água; Hidratar a raiz com creme de pentear diluído em água; Massagear o couro cabeludo com um pouco de óleo extra virgem (exemplos: óleo de coco, rícino, argan, dentre outros); Dormir utilizando fronha ou touca de cetim. A retirada das tranças deve ser feita com uso da solução de água e condicionador, assim o cabelo sintético vai sair mais facilmente, deixando a fibra natural, sem nós! Para voltar a colocar a trança postiça, o ideal é aguardar o espaço de 10 a 15 dias e, nesse período, fortalecer a cabeleira fazendo uso de uma rotina capilar com hidratações profundas. Agora é só escolher seu tipo de fibra, tamanho e cor... Pronto! Vai lá “divar” com carão, poder e vrá*! (rimou haha). Até a próxima!

Glossário Dossiê: *Big Shop: processo de retirada total dos fios danificados por processos químicos como relaxamentos e alisamentos. *Kanekalon/Jumbo: fibra sintética japonesa que se parece muito com cabelo, tanto na textura, quanto no visual e no toque. *Vrá: reprodução do som de um leque sendo aberto. Termo muito utilizado por Drag Queens.


CA Um espaço de desordem que trouxe boas consequências à cena independente do Amapá

A

Por: Lívia Almeida

formações, pois foi assim que ele surgiu: da forma-

ntigamente, era muito comum ouvir

ção. Formação que começou com os grupos

em Macapá: “Não tem nada pra fazer nessa cidade!”.

Festival Imagem-Movimento (FIM), Clube de

Hoje a frase mais comum é: “Pra onde eu vou pri-

Cinema, Fotógrafos Anônimos, Coletivo AP

meiro?” E isso se deve ao envolvimento de muitos

Quadrinhos e Liberdade ao Rock. Os grupos tinham

agentes culturais, entusiastas, coletivos que foram

o Museu da Imagem e do Som no Amapá como

crescendo na capital de uma maneira muito

uma sede, mas devido a mudanças no quadro do

autônoma, esperando cada vez menos do poder

Museu, os grupos preferiram continuar os trabalhos

público e agindo muito mais por conta própria. Um

de maneira independente.

desses coletivos é o Espaço CAOS ‒ Arte e Cultura.

Em uma reunião extraordinária, os membros dos

Em 2016, o Caos completa 03 anos de existência, e

grupos se reuniram e, em uma noite, as regras do

por que não dizer resistência? Pois quem se envolve

local e como seriam desenvolvidas as atividades de

ainda que minimamente na cultura amapaense sabe

cada coletivo dentro da futura sede foram definidos.

que é difícil manter um projeto, independente do

O objetivo seria dar continuidade ao trabalho e ter

segmento, seja do marabaixo, seja do hip hop, por

um local onde programações artísticas e culturais

exemplo. E o Caos tem conseguido se superar a

pudessem acontecer, como forma de ter na capital

cada ano, passando por transformações e novas

mais um espaço para os artistas realizarem exposi-

Moda Cultura Vida

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ções, seminários, workshops, exibições, encontros.


AOS B

Seguido disso, veio a votação para o nome da sede,

Por ser um espaço independente, os membros

uma junção de três (ou dois) dos vários nomes

ajudam como podem, seja na limpeza ou no

sugeridos. A ideia da palavra caos veio da relação

pagamento do aluguel e de outras despesas da

com sua origem “desordem, confusão e tudo aquilo

casa. Assim o Caos vem resistindo, como uma

que está em desequilíbrio” e também da teoria que

montanha-russa que vem só subindo. O resul-

permeia esse estado, uma ação ínfima, que poderia

tado disso pôde ser acompanhado desde o

acarretar em grandes consequências. E o Caos era

último ano, quando eventos realizados no espaço

e se tornou exatamente o que o nome descreve,

foram um sucesso, a exemplo do baile de carnaval

uma grande confusão que levou a uma ação que

“Quanto riso. Oh! Quanta alegria”, que reúne ban-

gerou grandes consequências, positivas conse-

das que embalam o público com marchinhas de

quências; uma colheita que resultou em bons

carnaval, misturadas ao ritmo nortista. O “Arca

frutos.

Peralta”, idealizado para atrair as crianças da comunidade do bairro-sede do Caos, que acabou atraindo crianças de toda a cidade com uma mistura de atividades e brincadeiras lúdicas, a fim de tirar a criança um pouco do mundo tecnológico e trazê-la pra sua infância, de fato. E o “Tá na Roça”, que resgata as músicas tradicionais de quadrilha ao som de bandas alternativas. O Clube de Cinema, com suas exibições quinzenais, que sempre instiga


o público a discutir sobre temas abordados em pro-

cursos de serigrafia, encontros do Ciranda Materna

duções cinematográficas alternativas. O Muro Vivo,

(grupo de apoio à maternidade que existe na

que permite artistas ou qualquer pessoa ter a

capital). E além de oferecer esse espaço, dá todo

oportunidade de grafitar, pintar ou desenhar em

suporte aos eventos, com os integrantes do Caos

um muro. Além das oficinas e workshops dos mais

sempre ajudando durante as programações.

diversos segmentos, desde a fotografia até a dança. Tudo com um preço acessível.

Quem vive nessa cidade sabe que persistir e resistir é difícil quando se trata de manter e apoiar a cena

Hoje o espaço também conta com o Estúdio Caos,

underground, mas, quem vive nessa cidade pôde

que além dos ensaios, dá oportunidade às bandas

ver no Caos uma esperança, um espelho para a

novas no cenário musical. O Studio Corsário tam-

criação de novos espaços que apoiem essa rede

bém integra a casa, que além do trabalho artístico,

de artistas e projetos que precisam de suporte

realiza oficinas de serigrafia.

para acontecer e, principalmente, para enri-

O Caos abre suas portas para os mais diversos mo-

quecer nosso estado de cultura, de pessoas que

vimentos, além de apoiar várias ações na capital e

conheçam os fotógrafos, os artistas plásticos,

no estado, a exemplo de shows e exposições de

os músicos, as bandas daqui do meio do mundo.

artistas independentes, batalhas de HIP HOP,


`


EU E MINHAS NEGAS: CULTURA, AMOR E ANCESTRALIDADE MASSAI. Um universo em cores, texturas e feminilidade, tudo isso aliado ao aprendizado oriundo de uma vida voltada para a apreciação e produção de arte. Tais fatores deram forma ao trabalho artístico intitulado “Eu e minhas negas”, produzido pela artista plástica Marcia Braga. Marcia: Essa exaltação vem de sangue, corpo e alma. Minha mãe era uma negra linda e meus filhos são negros. Dossiê: Falando sobre a cena local de arte, qual sua visão sobre a valorização das artes visuais no Amapá? Marcia: Tenho participado de feiras culturais por muitos estados, e digo: o Amapá tem os melho-

N

ascida no Pará, Marcia vem de uma família de pintores: pai, avô e bisavô. Toda essa influência foi potencializada a partir de sua chegada ao estado do Amapá, onde pôde conviver ativamente com artistas locais, os quais acolheram e motivaram a formação de suas veias artísticas.

res artistas! Música, teatro, pintura... Caramba! É muita luz, muita energia. No entanto, falta quem nos olhe como merecemos. Somos bons! Vivemos de arte? Não. Vivemos para a arte. Mas falta o incentivo para os cérebros mágicos dessa terra. Todo artista espera e quer ser valorizado. O estado

A Revista Dossiê teve a oportunidade de conhecer o trabalho do Amapá é abençoado em artes visuais, porém, dessa amapaense de coração e ficamos encantados com as a valorização não é como deveria de fato ser. formas que foram dadas à exaltação da mulher negra em tons e texturas que transitam do rústico ao erudito. Dossiê: Todos os artistas possuem aquele mote, Fique agora com nossa entrevista e conheça um pouco mais sobre “Eu e minhas negas”.

aquele estalo de ideias. Para você, quais concei-

Dossiê: Marcia, seu trabalho traz um diferencial

escola pessoal?

dentro das artes plásticas locais no que tange ao

Marcia: Sou autodidata, leio muito, e durante

olhar voltado às características étnicas. Sob essa

algum tempo estudei uma tribo em especial: Os

visão, nos conte o porquê da escolha pela exalta-

Massai, povo localizado nas regiões do Quênia e

ção da cultura afro em suas peças.

Tanzânia. Minha vontade era passar para a tela a

Moda Cultura Vida

18

tos de arte ao redor do mundo formaram sua

beleza da mulher Massai, juntamente com a beleza


das minhas filhas e mãe. Por isso o nome “Eu e minhas negas”. “Negas” no sentido mais íntimo, como o carinho de colo e alma da ancestralidade. Dossiê: Para finalizarmos, vamos pensar em uma lista de desejos... Nisto, quais são suas ambições e planos para o futuro do projeto? Marcia: Tenho um desejo enorme de montar um “ateliê degustação”, onde crianças e jovens passariam momentos em contato com a arte. Montei o projeto e no próximo ano começo a construção desse local em minha cidade natal. É finalidade máxima de minha missão de transmitir o belo.

A artista traz em sua bagagem mais de 15 (quinze) anos de experiência. Sua primeira exposição foi em Marabá/PA. Hoje faz exposições no Amapá e participa de feiras e congressos de cultura negra por todo o país.

Acompanhe suas aventuras por meio do Instragram @eueminhasnegas

Até a próxima edição!

Por: Hanna Paulino


A MODA e o homem do sĂŠc. XXI Moda Cultura Vida

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Por: Jhimmy Feiches

Há muito tempo se discute a existência de regras rígidas para a moda masculina assim como na moda feminina. Hoje em dia, após tantas discussões e argumentos que defendem a existência de uma tendência fashion feita para homens, podemos dizer que o homem moderno não tem como fugir. O homem do século XXI está inserido no mundo da moda!

L

embrando que o fato de estarmos inseridos

isso acaba sendo extremamente positivo, pois

no mundo da moda não exclui a lei da liberdade,

podemos misturar o que já temos de bom, com o

ou seja, estar confortável e bem consigo mesmo

bom gosto do resto do mundo. Semana passada

ainda são os pontos principais antes de seguir

em uma roda de amigos, mencionamos essa tal

qualquer tendência da última estação. E para a

influência externa que passamos a adquirir de uns

maioria dos homens, estar confortável é o essencial.

tempos pra cá. Um exemplo claro é a internet, pela

Não podemos negar que, assim como as mulheres, nós homens somos muito vaidosos. Estamos sempre querendo explorar nossa melhor versão pra sair nas ruas, e isso é um super ponto positivo, pois agora sentimos que há uma liberdade muito maior pra ousar e experimentar looks, coisas que os homens das gerações anteriores se recusavam

web sempre foi muito fácil perceber as coisas que, supostamente, nunca funcionariam por aqui. Mas hoje em dia, com a chegada de grandes lojas de departamento e a facilidade de compras pela internet, o homem tucuju passou a se moldar, não só com a necessidade de se vestir bem, mas também pela vontade de experimentar. Com toda essa loucura que é o nosso clima tropical,

até mesmo a discutir. Percebemos que a moda descreve o contexto social de uma geração e lugar, e no Amapá a coisa não é diferente. Refletindo o guarda-roupa masculino do amapaense, percebemos que os caras do Norte

às vezes fica quase impossível acompanhar tendências e marcas com frequência. Mas com as adaptações necessárias, até as peças mais ousadas já fazem parte do vestuário masculino.

também estão sujeitos a influências externas, e

ʼʼ

s, io c n ú n a m e s e õ ç a rm fo esse bombardeio de in

Com todo shoppings e outdoors, o amapaense ficou cada vez mais exigente mo e não aceita mais a camiseta de malha co a única peça confortável.

ʼʼ


AS CAMISAS ESTAMPADAS

-

As camisas estampadas refletem toda essa fuga da sobriedade que reinou na moda masculina durante muito tempo. O clima do norte pode parecer um pouco compli-

essa fuga da sobriedade que reinou na moda para

cado na hora de se vestir, pois muitas vezes acabá-

homens durante muito tempo.

vamos substituindo uma camisa de tecido mais

É fácil perceber que os homens estão arriscando em

sofisticado pela insuperável camiseta de malha.

peças e acessórios cada vez mais ousados, e mesmo

Porém, com todo esse bombardeio de informações

nas cores mais neutras. Estamos vivendo uma tran-

em anúncios, shoppings e outdoors, o amapaense

sição fashion em que todos nós estamos dispostos a

ficou cada vez mais exigente e não aceita mais a

experimentar. E acredito que esse é um dos princi-

camiseta de malha como a única peça confortável.

pais pontos da moda: Arriscar sem deixar de se sentir

Até as camisas estampadas, que antes eram o terror

confortável e bem vestido. Então, os primeiros passos

dos homens mais tradicionais, hoje estão domi-

já foram dados.

nando o guarda-roupa masculino, pois reflete toda



A genialidade de

Alexander Mcqueen Por: Josi Rizzari

e fora dos do ia nc re fe di te en lm ta to ho Muito dedicado e com trabal acar e fazer st de se ra pa o it mu u ro mo de o padrões daquela época, nã com a Gucci. parte da Givenchy e parceria Moda Cultura Vida

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Q

uem tem o mínimo interesse por moda ou apenas tenta acompanhar de maneira mais despretensiosa em blogs sobre comportamento e estilo ou até mídias mais voltadas para arte em geral, já deve ter se deparado com o nome de Alexander McQueen em algum momento, mesmo que seja só folheando revistas, lendo algum post sobre o que alguma celebridade vestiu em uma premiação da vida. O nome fácil de gravar e que lembra nome de rockstar é de um dos estilista mais diferenciados no longo hall de tradicionais Maison, estilistas e talvez um dos últimos grandes atos na história da moda em geral que não é curta, não. Ele inaugura uma fase contemporânea nesse meio, trazendo uma era nova que começa desde sua aparição nos principais eventos de moda, em meados dos anos 90, sendo que ele já estava trabalhando desde o fim dos anos 80 em casas de moda de menos destaque e se aperfeiçoando para ser o estilista de peso que conhecemos hoje.

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McQueen e Isabella Blow

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McQueen começou muito cedo no mundo da costura, com apenas 16 anos já tinha largado a escola porque era uma lugar que não se sentia bem e provavelmente sufocava sua genialidade e foi se dedicar inteiramente a criação de roupas. Logo se especializou e seu mestrado foi inspirado em “Jack, o Estripador” atraindo uma certa atenção, especialmente daquela que o descobriu e o transportou pra dentro do aparentemente glamoroso, mundo da moda, a estilista Isabella Blow.

Diferencial e Fama Muito dedicado e com trabalho totalmente diferenciado e fora dos padrões daquela época, não demorou muito para se destacar e fazer parte da Givenchy e parceria com a Gucci. Claro que McQueen chamaria atenção! Ele trouxe uma tipo de estética numa época em que tudo era minimalista e menos era mais, dominada por grandes casas como a Channel, Dior e Calvin Klein com tradição em ser simples ou chic, mas sem chamar muita atenção.


McQueen vai na contramão e suas criações eram como obras de arte grotescas e exageradas, seus trabalhos eram feitos com acabamento minucioso de alfaiataria e alta costura, como as grandes marcas, mas com uma carga dramática e estética de um mundo fantástico e uma mente genial. Criada através de um conceito crítico sobre o mundo, seja numa visão mais romântica, trágica, social, futurista, ou mesmo inspiradas no passado, na época medieval, ou no seu pensamento sobre aquele momento que ele vivia, serviam de inspirações pra criar peças de roupas únicas. O que acontecia no mundo também o influenciava, como as questões de sustentabilidade e meio ambiente. Ia além de criar roupas, criava conceitos.

------------------------Ligava a moda a outras artes como a música ou mesmo o cinema. Também ligava a moda a filosofia. Seu último desfile realizado tinha como tema: “Atlântida de Platão”, inspirada na obra literária do filosofo, sobre uma cidade perdida no fundo do mar. O desfile aconteceu meses antes da sua morte.

Coleção Atlantis

A imaginação aliada aos conflitos internos e externos eram marca registradas em suas criações, talvez seja por isso mesmo, por fazer seu trabalho um reflexo dele mesmo, incompreendido até hoje, apesar da áurea de mistério e genialidade. O que gera certa curiosidade ao mesmo tempo.

Quando se fala de passarela, McQueen também foi inovador criando momentos únicos e desfiles impactantes, dignos de obras de arte. Momentos como quando, em 1999 pra mostrar sua coleção Primavera/Verão colocou a modelo, Shalom Harlow no centro da passarela em um círculo de madeira giratório, cercada por dois robôs que espirravam spray no vestido branco que ela usava. Cena impactante que gerava um questionamento sobre o homem e a dominação e avanço da máquina.

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l a c i s u M o i e M o n a i c n Influê Saindo das passarelas, McQueen trabalhava com nomes gigantes de outros meios e ganhou fama de ícone fashion, mesmo na indústria da música. Ele foi criador de muitos conceitos de artistas, como o icônico cantor, David Bowie, já bastante conhecido por empregar a sua música um valor estético e conceitual e ser um verdadeiro camaleão. O estilista que ainda não era tão conhecido no meio pop da moda foi procurado pelo cantor para fazer a roupa que Bowie usaria na capa do disco “Earthing” de 1997, inspirado na “Union Jack” uma mistura de bandeira da Inglaterra, mas coberto por marcas de cigarros. O cantor já era um admirador e cliente de

Lady Gaga desde seu início na indústria da música, afirmava constantemente que McQueen era uma de suas maiores inspirações e ídolos.

McQueen que já tinha desenhado roupas para uma

Não por menos, usou peças do estilistas inúmeras

turnê de Bowie.

vezes, seja em videoclipes como “Bad Romance”,

Björk também foi um dos grandes nomes da música que procurou o estilista para a criação do conceito da capa do seu álbum “Homogenic”. Coincidência ou não, também lançado no mesmo ano de 1997.

onde ela usa os famosos “sapatos-tatu” que virou uma marca registrada da cantora e uma das principais criações de McQueen. Lady além de consumir muita coisa de McQueen, também já prestou várias homenagens públicas ao estilista pôs morte, editorias de moda inspirado nele e afirma que McQueen foi uma das principais inspirações na criação de um dos discos mais sombrios da cantora, “Born This Way”.


As Tragédias Pessoais

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Mesmo com todo o sucesso, fama, dinheiro e reconhecimento, o drama constante nas criações de McQueen parecia também ser algo sempre presente na sua vida. O mundo da moda talvez não seja um lugar tão glamoroso quando olhamos a sua história e as tragédias pessoais mais conhecidas da vida do estilista, como o suicídio da sua amiga, Isabella Blow, a mesma que descobriu ele no começo da carreira. McQueen nunca soube lidar com a perda da amiga que assim como ele, enfrentou problemas de depressão e tinha uma relação profissional e intima, mas sempre conturbada com o estilista. Isabella cometeu suicídio em Maio de 2007 após ingerir Paraquat. Mas o impacto mais forte se deu quando a mãe do estilista morreu no início de 2010. Após a morte da mãe ele entrou em um profunda tristeza e não conseguia sair de McQueen e Isabella Blow na V Magazine

casa, sua mãe era sua principal parceira de trabalho e

além de tudo, melhor amiga. O amor entre os dois era sempre registrados em entrevistas. McQueen não escondia o quanto sua mãe era importante em sua vida. Ele já havia afirmado que não conseguiria viver em um mundo onde sua mãe não estivesse. Após o funeral da Mãe, McQueen foi encontrado morto dentro de um armário, em 11 de Fevereiro de 2010. Assim como entrou cedo no mundo da moda, partiu prematuramente. Seu último trabalho seria inspirado no roqueiro Kurt Cobain, líder do Nirvana que também cometeu suicídio no início dos anos 90. O desfile foi cancelado em decorrência do suicídio de McQueen.

Com a mãe, Joyce McQueen

E assim a história da moda fica aberta e ansiosamente a espera de um novo gênio, que chegue a ser tão diferenciado quanto McQueen foi para sua época e, tão influente nos dias atuais já que seu trabalho é atemporal.

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AMMLIZ Con ira o bate-papo com nossa capa desta 4ª ediçã o, a cantora e compositora paraense, que, apó s a experiê ncia de alguns anos na banda Madame Saatan, agora segue com seu trabalho solo ’’MAMBA’’, alé m de manter outro talento na Rá dio Cultura do Pará , onde apresenta o programa diá rio Conexã o Cultura, com dicas e entrevistas.

Fotogra ia: Camila K. Ferreira Apoio de produçã o: Lanna Patrıćia Locaçã o: Agê ncia Ovelha Negra (Lú Couto)

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A

certamos todo o processo virtualmente com a Sammliz, a entrevista e o ensaio fotográfico. Nunca tivemos nenhum contato e felizmente ela respondeu ao nosso contato prontamente. Foi uma grata surpresa, afinal, não é todo artista que tem essa gentileza. Fomos até Belém do Pará, e contamos com nossa amiga/apoiadora Lanna Patrícia, que conseguiu um espaço incrível para as fotos: a agência Ovelha Negra, da Lú Couto (que também foi incrivelmente parceira). Como esperávamos, a tarde estava tipicamente do norte, sol e mais sol. Sammliz chegou, e parecia que já éramos amigas há tempos. Iniciamos as fotos e a conversa que durou algumas horas e aquela ideia inicial que nos deixou até mesmo com receio de que tudo desse certo, foi totalmente desmistificada pela simplicidade e carisma natural da pessoa Sammliz, que tem sim “um coração selvagem”, como ela mesma define, mas também um brilho essencial de quem é artista no melhor sentido da palavra. Dossiê: O disco "Mamba" saiu, conta para os leitores da Dossiê como foi o processo musical e claro, porque o nome? Sammliz: Comecei a esboçar o disco quando ainda estava morando em São Paulo, trabalhando com o

LHER pra U M s i a m a ’’Mand . Torço o c u o p a t e gravina qu ulheres por mais m eus discos, s o d n i z u d pro mixando, , s a s e m e atrás d do P.A’s, n a r e p o , o d masterizan utivos. c e x e s o g r em ca lhando e a b a r t s o m Esta . o pra isso’’ d n a h n i m a c

gente sabe os caminhos que passou, é uma espécie de alívio. Agora estou pilhada para voltar aos palcos. Estou muito saudosa.

Madame Saatan. Havia ideias de letras, monte de rabiscos, esboços de músicas gravadas no celular e quando voltei pra Belém, na missão de fazer ele

Dossiê: O que a artista/mulher/cantora passou para chegar ao "Mamba"?

acontecer, foram reconstruídas e embaladas em

Sammliz: Fica bem difícil apontar um punhado de

uma nova cama musical que também veio sendo

artistas que absorvi até chegar a esse momento, e

trabalhada naturalmente junto. Processo longo.

eu sou péssima em fazer listas. Prefiro dizer que

Mamba é sobre a morte e o renascimento pro novo

tudo que ouvi desde a infância (rock, pop, música

desconhecido, o zero e o tudo. Troca de pele. É o

brasileira/regional), li, passei e observei, foi deter-

amor e passagem do tempo.

minante pra fazer o disco.

Dossiê: Quais as emoções você pode descrever sobre esta nova fase? Sammliz: Feliz. Lançar um trabalho novo, que só a

Dossiê: Quais as influências deste novo trabalho? Sammliz: Stoner, darkwave, industrial, post-punk, bregas antigos, eletrônica, pop.



Dossiê: Alguma canção do álbum que seja a favorita? Sammliz: Não. Sou apegada à todas. Dossiê: O que a SammLiz tem a dizer além da música, quais histórias as letras contam? Sammliz: É um disco um tanto pessoal. Exorcismos diversos passando pelos bons e mal amares, o tempo, provocações com meu lado espiritual, de onde corro e também pra onde corro. Há a força Dossiê: E qual é a sua relação com a moda? O que ela diz para você e o que você com a moda?

do feminino todo entranhado nele, nas entidades espirituais e forças da natureza sugeridas ou invo-

Sammliz: Adoro moda, é mais uma forma de dialo-

cadas claramente em algumas letras.

gar com o mundo. Não sigo tendências e basica-

Dossiê: A mulher no cenário musical ainda encontra barreiras veladas e outras explicitas, o que você acredita que melhorou e o que ainda pode melhorar?

mente me visto de preto na grande maioria das vezes. Meu guarda roupa é o da Mônica, só que ao invés de vestidinhos vermelhos, tem um monte de

Sammliz: Há ainda um longo caminho a percorrer

roupa preta parecida. Em seguida vou no branco,

em relação ao papel desempenhado pela mulheres

cinza ,flerto com vermelho, e muito raramente saio

no mundo da música, e a uma maior participação

dessa zona. Mas saio. Gosto de peças estranhas e

dela em todas as etapas da produção e do mercado.

de brilho, pluma, paetês, sou dessas. Também fis-

Há muitas cantoras, produtoras de eventos, e eu

surada em botas e saltos bem altos, couro, látex,

gostaria de ver cada vez mais musicistas gravando.

que acho bacana usar com peças simples e

Manda mais mulher pra gravina que ta pouco. Torço

clássicas. Moda pra mim é conhecer seu corpo e

por mais mulheres produzindo seus discos, atrás de

traduzir a personalidade em peças que tragam,

mesas, mixando, masterizando, operando P.As, em

além da beleza, conforto e que também possam

cargos executivos. Estamos trabalhando e cami-

te tirar do lugar comum de vez em quando. Ou

nhando pra isso.

sempre. Dossiê: Quem foi a Sammliz e quem ela é agora? Sammliz: Ser em mutação.

Para ouvir o álbum ’’MAMBA’’ e conhecer o trabalho de SAMMLIZ, acesse: http://samliz.com.br/newsite/











Por: Vanessa Albino

Música e moda são fenômenos culturais que se influenciam e se fundem, ambos dotados de uma imensa carga histórica e emocional. É fato que os movimentos de juventude representam, de acordo com suas diferenças, os fatos sociais, as manifestações culturais de uma época e quase sempre estão ligados a determinada moda ou música.

Moda Cultura Vida

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SONORA

MODA


A relação entre a música e a moda se aprimorou com os primeiros videoclipes na década de 50, com as cenas de Gene Kelly em Cantando na Chuva de 1952, Elvis Presley em Jailhouse Rock de 1957 e principalmente a partir dos anos 60, quando a banda The Beatles popularizou de vez a estética dos clipes. Aliando som, letra e imagem, os videoclipes se tornaram cada vez mais difusores de moda a partir da década de 80, quando estrelas do pop como Madonna e Michael Jackson exibiam seus figurinos bem elaborados através de uma música forte e envolvente. Mas o que podemos a falar do norte? Vemos essa relação aqui? Sim, há essa relação, pois a música é algo indispensável nos meios de comunicação, nas artes e na vida das pessoas. Como em todo lugar as pessoas em nossa região se unem de acordo com os gostos em comum e é assim também em relação a gosto musical, o que torna a moda mais acessível. Hoje a moda é ter sua própria expressão. Cada um procura ser o mais autêntico possível, com cortes de cabelos modernos e roupas compradas em brechó, para assim ser peça única e porque ser “vintage is cool”. Entretanto, esse jeito é importado e todos nós sabemos que no norte o que pulsa é o tecnobrega, um ritmo sensual e claro, originali. Temos como exemplo a banda Gang do Eletro e o cantor Jaloo. Muitos podem falar que não há estilo no norte ou que as roupas usadas aqui são impostas pela moda nacional e que nem sempre condiz com nosso clima, mas o tecnobrega demonstra o contrário. Nossa região prega liberdade do corpo em sua moda, principalmente às mulheres e em tempos onde o feminismo se tornou o debate central, o tecnobrega reforça bandeiras sobre roupas sem gênero e que todos são livres para vestir o que quiser. Mesmo que você que discorde do que é falado nesse texto, há de concordar que temos originalidade de sobra. Se um dia ser brega era algo vexaminoso, hoje é sinônimo de moda. Ditamos moda SIM e a moda é ser livre.


l

’’ TOPiSSIMO’’ Cultura. Pense numa palavra manjada. Todo mundo fala, mas será que entende o conceito desse termo? Bem, vamos começar falando o que NÃO é cultura.

Por: Lara Utzig

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C

ultura não é gosto musical. Cultura

Quando pensamos em cultura, a última coisa que

não é grau de escolaridade. Cultura

deve vir à mente é tentar um processo de homoge-

não é apontar o dedo e dizer que

neização. Quando pensamos em cultura, a primeira

aquilo que o coleguinha aprecia

palavra que deve vir à mente é RESPEITO.

não presta.

Então não faz sentido posar de alternativo, mas, na

Muitos teóricos tentam definir o vocábulo "cultura" em diferentes pontos de vista. Mas hoje vamos utilizar a visão antropológica de Edward Burnett Tylor, que entende cultura como "o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte,

pelo homem como membro da sociedade".

Respeito pelas diversas vivências e influências históricas, geográficas, religiosas, políticas... pois tudo isso constrói as culturas, no plural. A cultura, sendo dinâmica, está em constante

morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos

festa da família, se rasgar na aparelhagem.

evolução e transformação (assim

como a língua, por exemplo). Os pseudo discursos de sem cultura E são amores, pei pei. x com cultura são apenas mais um mecanismo

de opressão em cima do pobre. Isso explica o ódio Logo, pode-se dizer que cultura é identidade. É

exacerbado por estilos como o funk, o melody, o brega, e outras manifestações populares

símbolo. É herança. É o que nos humaniza. Agora me diz... Que que

que, na maioria dos casos, são prestigiadas por classes menos favorecidas. Aí caímos em outro termo bastante batido

isso tem a ver com querer

já, a "cultura de massa".

se achar melhor que os outros porque ouve uma bandinha hipster desconhecida? Pois é. Essa visão, um tanto elitista, só reforça o sistema de desigualdade entre classes sociais, fortemente presente no Brasil. Pessoas analfabetas têm cultura sim; a diferença está no acesso (ou na falta dele) à erudição, algo tão inalcançável quanto a norma culta. Um ideal, leia-se... Uma viagem.


ANDREW PUNK Andrew Victor das Chagas Lobato ou apenas Andrew Punk, para quem ainda não conhece, é o dono de um talento notável das terras tucujus. Ele também é quase bacharel design e trabalha com criação desde 1999. Em uma entrevista exclusiva para a Dossiê, Punk respondeu às nossas perguntas sob um prisma inovador. Confira!

Dossiê: Conte um pouco sobre como você iniciou o trabalho com design/desenho: Punk: Desde pequeno sempre desenhei, com o tempo percebi que isso poderia se tornar rentável de alguma forma. Minha mãe era professora de pré-escolar, então comecei a ajuda-la com murais e atividades ganhando alguns trocados de vez em quando. Acredito que esse foi o ponto de partida. Mais tarde, comecei a praticar mais minhas ilustrações e fazer alguns trabalhos pequenos. Quando

Dossiê: A pergunta clichê tem que rolar:

passei na faculdade de Design as disciplinas da área

Quais suas influências e ídolos?

de Gráfico me fizeram seguir esse caminho, assim comecei a profissionalizar meus desenhos e criações.

Punk: Não tenho como não citar Maurício de Souza. Um cara que apenas rabiscava, hoje em dia possui

Dossiê: Você estudou e se aperfeiçoou na teoria.

diversos empreendimentos e uma bela história dentro

Qual foi seu maior aprendizado?

do mundo dos quadrinhos. Continuando na área dos

Punk: Acredito que o maior dos aprendizados é

HQ's sempre gostei muito de analisar os traços de

sempre evoluir. Você jamais pode deixar de apren-

John Romita Jr, um dos melhores desenhistas que já

der, seguir tendências, buscar conhecimento e ca-

passaram pelas revistas do Homem-Aranha. Hoje em

pacitação. O mundo se modifica a cada instante e

dia existem grandes nomes nas duas áreas, tanto de

evoluir, através do conhecimento, faz com que

design como de desenhos, mas o que gosto mesmo

você acompanhe as mudanças sem muitas preo-

é de buscar o que aquele profissional faz de melhor,

cupações.

analisando seus projetos e tentando trazer pequenos

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detalhes do que faz ele único para meus trabalhos.


Eu acredito que há espaço para crescer. O mercado só fica parado se o profissional não acreditar que pode movê-lo. Dossiê: Como você avalia o mercado da Região Norte para esta área? Punk: Eu acredito que há espaço para crescer. O mercado só fica parado se o profissional não acreditar que pode movê-lo. Como disse antes, o conhecimento e a capacitação podem te trazer grandes coisas. Não adianta deixar de acreditar no lugar que você está sem ao menos tentar fazer cresce-lo junto com você. Dossiê: Você já tem um nome consolidado, um traço com personalidade Andrew. Notou o momento que isso aconteceu ou te pegou de surpresa? Punk: Alguns amigos chamam de estilo Punk, não que tenha a ver com o movimento do estilo musical mas, pelo apelido e nome que levo para meus trabalhos. Acredito que apesar de alguns anos nesta área, ainda não consolidei meu nome em 100%, ainda quero mais. Pra isso um passo de cada vez é muito importante. O mais legal é ver que as pessoas reconhecem o meu trabalho e o elogiam por isso, isso que te faz querer ser melhor ainda e, obviamente, consolidá-lo fazendo alguma boa história. Dossiê: O que você ainda almeja na profissão? Punk: Fazer algo por ela. Ser um bom profissional é acreditar que tudo pode ser melhor e jamais estar satisfeito.

’’


Dossiê: Se pudesse dar um único conselho para os que estão começando agora, qual seria? Punk: Pratiquem, estudem, leiam, entendam , conheçam. Acreditem que seu trabalho sempre pode crescer, evoluir. Faça com que seu profissionalismo seja reconhecido e valorizado. Ser apenas mais um não adianta, seja sempre o melhor e acredite principalmente em si mesmo. Dossiê: Você se considera design/ desenhista ou um cara com muitas ideias e habilidade para colocar isso no papel em formas e cores?

’’

Pratiquem, estudem, leiam, entendam, conheçam.

Acreditem que seu trabalho sempre

Punk: Eu prefiro usar o termo: Criativo. Acredito que

pode

este conceito é mais completo, engloba algo que

crescer, evoluir.

você pode utilizar tanto na profissão, o que é fundamental, quanto no seu dia a dia. Aliás, criatividade é a válvula de escape para qualquer situação.





Lívia Mendes Entrevista: Paula Rodrigues Fotos: Camila K. Ferreira

Compõe suas próprias canções e define seu estilo musical como ’’fofolks’’. Conheça um pouco mais desta cantora paraense com alma folk. Moda Cultura Vida

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Lívia canta e encanta corações despretensiosos, trocando experiências, produzindo, ganhando seu público e firmando seu espaço na cena musical de Belém/PA. Na entrevista a seguir, concedida numa tarde ensolarada no Mangal das Garças, ponto turístico de Belém, entre um click e outro a cantora revela mais sobre seus projetos e sua carreira promissora.


Lívia: Nasci numa família musical, guiada pelo meu avô materno que era multi-instrumentista. Todos meus tios e tias tocam ou cantam e isso se perpetuou através das gerações. Eu sempre cantava desde pequena em casa e, na adolescência, um dos meus primos me ensinou os primeiros acordes do violão. Foi quando eu comecei a compor e a cantar mais. Dossiê: Como é fazer parte do cenário de música popular paraense? Lívia: É muito importante fazer parte da cena atual do Pará, que está cada vez mais vibrante. Tem muita banda boa fazendo som autoral, muitas cantoras sendo reconhecidas nacionalmente e poder estar no meio dessa galera trocando experiências e produzindo é muito gratificante. Ainda me sinto meio embrionária em meio a tanta gente talentosa, mas acredito que aos poucos vou ganhando meu público e meu espaço.

’’

Dossiê: Qual seu primeiro contato com o mundo da música?

Foto: Paula Rodrigues

Minha banda e eu costumamos dizer que somos fofolks, qué uma coisa meio ternurinha, meio música pra se sentir bem.’’


’’ Meu foco agora é circular meu EP, fazendo shows e sentindo a resposta do público. Em 2017 quero começar a pré-produção do meu primeiro disco, que é um grande sonho para mim.’’


Dossiê: Como você definiria o seu estilo musical? Lívia: Acho que o som que eu faço tem uma pegada folk misturada a um apelo pop que eu gosto muito. Minha banda e eu costumamos dizer que somos fofolks, que é uma coisa meio ternurinha, meio música para se sentir bem. Dossiê: Suas inspirações? Lívia: Meu primeiro EP é todo autobiográfico, assim como a maioria das minhas canções. Eu vejo um filme, leio alguma coisa ou penso em algo que estou vivendo e anoto frases aleatórias no celular. Depois releio e transformo em música, é basicamente assim que meu processo de composição funciona. É bem natural e despretensioso. Dossiê: Projetos que julga importantes na sua carreira? Lívia: Meu foco agora é circular meu EP fazendo show e sentindo a resposta do público. Em 2017 quero começar a pré-produção do meu disco, que é um grande sonho para mim. Dossiê: E quanto aos projetos em andamento? Lívia: No momento tenho me dedicado a ouvir e compor coisa nova, pensando no disco lá na frente. Como meu EP tá fresquinho no streaming, ainda estou curtindo o gosto de ter um material recém lançado. Dossiê: Pra finalizar... o que a música representa para você? Lívia: Música para mim é mensagem. É você conseguir se expressar e transmitir o que tem dentro para as pessoas. Toda alma sensível ama música e isso é encantador. Você encontra o trabalho de Lívia Mendes em várias plataformas on line. Recomendamos! facebook.com/liviamendesmusic Instagram: @livimendes Twitter: @livimendes Pra ouvir o EP Lívia Mendes

Youtube: https://goo.gl/qLDmus Soundcloud: https://goo.gl/8yB6m2 Spotify: https://goo.gl/91NezR Deezer: http://goo.gl/RGdrwK


NOS DENTES Por: Jean Roger / JJ Nunes

T

imothy Leary dizia que quem controla a pupila, controla a mente, a própria e a dos outros. Os olhos são a janela da alma e por ela passa o mundo, como naqueles vídeos de um carro em movimento com a paisagem ao lado passando na tela. Por isso temos celulares e telas em todos os lados. Sugestionando o que vemos e o que pensamos. A realidade 3D é falsa e o universo é compacto, todo o resto é um holograma. O tempo e o espaço, todos falsos. Vivemos presos na realidade que criamos e nos corpos que imaginamos.

Pensando em coisas assim, após realizarem uma exposição coletiva numa escola de artes na cidade de Macapá, algumas pessoas se reuniram buscando discursos da realidade que não tivessem espaço dentro da compreensão generalizada de mundo, tentando acessar uma micro linguagem. As ideias iam de intervenções artísticas na paisagem urbana a ações sociais voluntárias. Por pura diversão, porque certeza é quando você coloca o corpo em alguma coisa que você diz.

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As palavras dão nome a tudo que existe, fecham o

simples de imaginar, o tempo deixa suas marcas sem

conceito do que tentam descrever, o que não tem

ser visto, e é óbvio que suas impressões vão além da

nome não se conhece, logo, não existe. O mais per-

imagem do corpo jovem que vai morrendo. Senti-

tinente não é conhecer se o mundo em que vive-

mos o tempo passando de vários jeitos, e às vezes

mos é artificial, mas sim, como podemos criar novos

não sentimos.

mundos, novos espaços para nós mesmos e tudo

Os senhores e senhoras do abrigo sempre falavam

que conhecemos. Vamos avançar realidade afora,

do imenso tédio que viviam lá, o esmagador “nada

como os primeiros seres aquáticos a sair das águas

pra fazer” era bastante repetido. Eles não podiam

pra arriscar uma vida terrestre, tentando nos divertir

sair do abrigo sem a companhia dos familiares, em-

e esquecendo de voltar, até ficarmos lá para sempre,

bora alguns tivessem essa capacidade, a grande

talvez tenha sido assim que chegamos aqui, e parti-

maioria do tempo ficavam lá dentro, apesar de

remos daqui jogando Pokemon Go. O ponto central

muito bem cuidados, a acessibilidade à entreteni-

é se podemos ver algo que não conhecemos.

mento que auxiliasse a elaboração de suas emoções,

Durante 12 semanas frequentamos o Abrigo São

era notável, desconsiderando que a experiência da

José de Macapá, pra conhecer a realidade do lugar,

arte é transformadora de indivíduo e sociedade. E de

e demos de cara com os contornos da velhice. De

fato para eles estar velho era reflexo disso, desdém

início, nos apresentamos como um grupo afim de

do mundo, espera e ócio. Verdades são constructos

modificar o espaço físico do lugar, pra tentar tirar

lógicos.

um pouco do aspecto sedante da grande maioria

No fim, alguns empecilhos políticos dificultaram a

de prédios públicos da cidade de Macapá, pensando

vitalidade de nosso trabalho dentro do abrigo, tive-

em pinturas em algumas paredes e bancos, e algu-

mos de abandonar ideias incompletas, deixando

mas plantas num lugar arborizado pra dar aos idosos

para trás algumas boas construções inacabadas. A

contato mais profundo com a terra. Também de

honestidade e força de uma ideia é facilmente que-

início fomos apoiados pelos servidores do lugar,

brada, assim como a infecção por ela é facilmente

conseguimos um bocado de material pra fazer

passada em frente. Dessa angustiante experiência

quase todos nossos planos, através de doações dos

surgiu um fanzine intitulado DO NADA, com algu-

empresários em torno do abrigo, conversando e

mas fotos ilustradas dos memoráveis moradores do

explicando que queríamos intervir na realidade

abrigo, tentando uma reflexão breve sobre o trân-

daquele lugar e conseguir uma experiência criativa

sito da vida. A arte desvela as coisas: estamos ma-

com a velhice.

mando nas tetas da morte. A vida é como é e exa-

Aspectos profundos do psiquismo estão envolvi-

tamente o que ocorre quando morremos.

dos no processo do envelhecimento; as pessoas

Pessoas desistem de viver quando percebem que

chegam a idades maiores, sendo esta uma experiên-

não vão conseguir aquilo que queriam ser; ser velho

cia relativamente nova para elas, sem muita referên-

é inadequação para se atualizar. Querem que fique-

cia de como foi para outros. A sensação de ter pouco

mos cada vez mais dependentes de celulares, que

menos de um século de vida não deve ser muito

tenhamos medo de envelhecer. Existe muito mais


além: forças abstratas. Se pudermos unificar as forças fundamentais da nossa imaginação, grande parte do trabalho foi atingido; imaginar as forças unificadas é começar a unificação. Tornar consciente é perigoso para qualquer opressão. É por estes caminhos de uma sensibilização que a temática do zine foi idealizada. Numa época em que a imagem do corpo vale mais que ele em si, foi pego como mote um antigo tema das artes, o autorretrato, em versão atual, mais democrática e enlouquecida: a selfie. Intitulada ʼʼPrevendo o outonoʼʼ, a oficina se utiliza de referenciais artísticos, textos e debates para estimular os participantes a produção artística. Para o lançamento oficial do zine e oficina, um local público no centro da cidade foi escolhido para ocupação: a praça Veiga Cabral. Porém, o grupo está disponível ao atendimento em espaços culturais e educativos, mediante agendamento. Já a aquisição do impresso está acessível nas lojas de Macapá, no valor de R$12.

Contato: grupoprimavera@gmail.com (96) 98116-7203


NĂƒO

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N

esses meses de solteira, eu passei por vários momentos em que percebo que

o machismo está ainda muito enraizado em nossa cultura, não apenas o lado da violência e opressão, até os ditos mais eruditos formadores de opinião têm esse lado obscuro que eles guardam para falar entre amigos na mesa de um bar, aquela piada de que

gosta da "fulana" por ela ser aberta a novas experiências, mas que não teria nada mais sério por ela não parecer querer um relacionamento. Esses homens, quando saem com mulheres que têm sua sexualidade mais bem explorada e sabem o que querem, pensam que têm o poder de decidir que é a hora de acontecer, e se não acontece, ficam com o discurso furado de que se deu para um, tem que dar para todos. Você não pode ter uma conversa de um cunho mais sexualizado que o alfa acha que toda a relação entre vocês vai estar fadada ao motel. Não tenho problema em fazer isso, mas não quer dizer que eu queira com você, muitos não entendem que na conquista e no sexo, para a mulher existem coisas mais fortes do que apenas a aparência. Só porque você agrada os meus olhos não quer dizer que vai agradar outras partes do meu corpo. Agora, se já aconteceu uma vez, mas não foi bom? Vocês dois já são amigos, um dia se empolgaram, mas no final, você ficou olhando pro teto pensando na pizza que queria estar comendo em vez de estar fazendo aquilo. Tudo bem, acontece, mas tem sempre aquele cara que acha que só porque te teve uma vez, é seu dono, e qualquer mensagem até aquela de chamar pra tomar uma cerveja e falar sobre a semana que vocês sempre tinham e ele já pensa que é o chamado da cama. É triste, mas é sempre bom deixar claras as suas intenções. Não se sinta obrigada a voltar para aquele momento constrangedor de não estar fazendo algo satisfatório. Quando aprenderem a nos respeitar como seres pensantes capazes de tomar decisões é que vão estar prontos para receber o que todas nós mulheres adultas temos de melhor.

Por: Kelly Náiad


Corpus Urbis promove arte urbana no Meio do Mundo Por: Paula Monteiro

D

urante três dias, a capital amapaense tornou-se o palco para artistas de vários cantos do Brasil com performances que chamaram a atenção pela abordagem e

criatividade das apresentações de arte urbana. De 11 a 13 de agosto, o Corpus Urbis realizou intervenções nos principais pontos turísticos de Macapá para expressar assuntos comuns de quem vive nas grandes cidades. As intervenções, carregadas de expressões corporais e atmosfera envolvente, mostraram a entrega dos 13 artistas que vieram de longe para um encontro consigo mesmo. É o caso do dentista Filipi Porto, 28 anos, de Palmas (TO). Ele apresenta a performance 'Shadenfreude - do luto à festa', que começou em agosto de 2015 e não tem previsão de acabar. “O trabalho é uma série autobiográfica onde me inspirei nas minhas experiências amorosas. Tive um relacionamento que não deu certo - o que representa o luto e sigo em frente - rumo aos dias de festa”, explicou. Porto usa um longo vestido preto que é bordado com lantejoulas vermelhas a cada apresentação. A vestimenta simboliza a construção da transição dos próprios sentimentos. Naldo Martins é professor de artes, tem experiência em teatro e se dedicou à performance desde 2012. Com mais de 20 trabalhos desenvolvidos, ele diz que a inspiração artística vem daquilo que o incomoda, como questões sociais e de gênero. Na intervenção 'Do Zero ao Infinito de Nós', ele usa o leite como símbolo do nascimento para provocar a reflexão sobre o distanciamento entre as pessoas no mundo contemporâneo. “As pessoas andam muito individualistas e distantes umas das outras por conta dos compromissos do dia a dia, além do uso excessivo da tecnologia. O leite remete ao nascimento e ao recomeço da vida. Devemos nos aproximar mais como a relação da mãe com o filho na amamentação”, explicou. Moda Cultura Vida

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Edições A primeira edição do Corpus Urbis ocorreu em agosto de 2015. Na Segunda edição, em 2016, o corpo e a cidade foram a inspiração da exposição, que também contou com mesas redondas e a troca de experiências entre os artístas que vieram de lugares como Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, além de acadêmicos e admiradores da arte.

De acordo com uma das organizadoras do evento, Cristiana Nogueira, que também se apresentou com a intervenção 'Como Morrer Lentamente'que trata sobre o luto - o evento é uma forma de expressar a arte urbana e promover o intercâmbio cultural. “No resto do Brasil, são muito comuns as performances, por isso tivemos a ideia de trabalhar a arte urbana aqui com artistas locais e abrir espaço para os de outros lugares. O Corpus Urbis foi pensado observando o comportamento do corpo na cidade”, finalizou.


INDICO: Filmes Por: André Mont’ Alverne

Adolf Hitler acorda no meio de um jardim em Berlim. Totalmente perdido, ele é visto por todos como um ator talentoso que nunca sai do personagem. Logo, ele se tornará uma celebridade. O filme foi baseado em um livro que tem o mesmo nome, escrito pelo alemão Timur Vermes. É uma comédia polêmica, divertida e surpreendente que, de forma muito inteligente, mostra como seria lta o v e d á t s ) e se Hitler, do nada, surgisse na Alemanha 5 1 0 Ele 2 ah n a dos dias atuais. (Alem edo M o lo d 2009) u g n Triâ Unido o (Rein

Jess é uma mãe solteira que está cansada da sua rotina. Então ela resolve aceitar um convite para velejar com alguns amigos. Tudo vai indo bem no passeio até que subitamente o vento para e logo em seguida acontece uma tempestade. O título e o cartaz do filme parecem ser de um filme de terror mais do mesmo, estilo Sexta-Feira 13. Um vilão mascarado, uma mulher assustada a n a u contin e u q e e aquela mesma história de sempre. Mas ilm f e d a o n p i i et term e u q s É aquel i não é! A ideia do filme é bem original e po e d a ç e b ca a forma como a narrativa é conduzida é muito interessante. Triângulo do Medo é um excelente filme de suspense com uma trama muito bem construída e uma produção cuidadosa. É aquele tipo de filme que continua na cabeça depois que termina. Moda Cultura Vida

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) 5 1 0 da - 2

The

n a l r I ( r e t s Lob

Um mundo onde ser solteiro é um crime, e as pessoas são transformadas em animais de acordo com a sua própria escolha. The Lobster narra a jornada de um homem abandonado pela mulher que junto com outras pessoas solteiras, fica confinado em um hotel por 45 dias com o objetivo de arrumar uma companheira para formar um casal. Embora a história se passe no futuro, a impressão que dá é de que esse mundo não é muito diferente do nosso, se não fosse por algumas intervenções surreais. Uma comédia atipicamente rica e substancial, recheada com grandes cenas e performances. Reúne atualidade, crítica social, romance, humor negro e humanidade.


DUR M A M COM ESSE BARULHO!

Moda Cultura Vida

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Por: Karinny Ramada

“E

mbarcando” nos acordes de nossa

Trilhando por caminhos diametralmente opostos,

capa musical, que tal confrontarmos

agora me permitam falar de volume musical. Pen-

comportamento e música?

sando bem, nem tão opostos assim, já que se pode

Que a música exerce grande poder sobre humanos

mais uma vez invocar o tal RESPEITO. E aqui nem

ou não, todos concordamos. Que é capaz de me-

precisamos falar só de música. A conhecida Polui-

lhorar nossa saúde, alterar nosso humor, nos fazer

ção Sonora é um mal que se traduz em qualquer

rir ou chorar, ou até nos deixar perdidamente

ruído de nível elevado capaz de incomodar ou

apaixonados, ok! também é unanimidade.

mesmo trazer danos à saúde.

Agora, temas melodiosamente controversos são:

E esse assunto “desafina” tanto que existe até regra-

gosto e volume musical. E era a isso a que me re-

mento legal para colocar cada um de nós na altura

feria no primeiro parágrafo ao conjugar o verbo

que o outro merece. Por isso, cuidado ao regular sua

CONFRONTAR.

“aparelhagem”, caso contrário, você, além de come-

’’A depender de meu estado de espírito, posso sim escutar um bom modão cheio de “sofrência”, ou simplesmente dançar absolutamente sozinha pelo tapete da sala ao som dos melhores hits dos anos 80. Quem poderá me criticar!?!’’ Em se tratando de gosto musical, levanto a bandeira

ter crime ambiental, comete também um atentado

do pleno respeito, e penso que aqui cai como luva

contra o bom senso e a boa educação.

o famoso dito popular: Gosto não se discute! Sim...

Então, considerando que já entendemos que somos

Particularmente, ouço coisas que você jamais

livres para ouvir o que bem entendermos, que

imaginaria, e não tolero que me digam que me faz

apreendemos que Annita e Caetano cabem sim no

melhor ouvir ʼʼO Noturno número 2ʼʼ, de Frédéric

mesmo palco, mas que não somos obrigados a

Chopin, a ʼʼAo Pôr do Solʼʼ, cantada por Teddy Max.

concordar nisso, clamo: mantenhamos nossos

A depender de meu estado de espírito, posso sim

volumes sob controle! Lembremo-nos que nossos

escutar um bom modão cheio de “sofrência”, ou

vizinhos, colegas de trabalho ou mesmo simples

simplesmente dançar absolutamente sozinha pelo

passageiros do mesmo “buzão” não necessaria-

tapete da sala ao som dos melhores hits dos anos

mente gostarão de nossas playlists. É sempre de

80. Quem poderá me criticar!?!

Bom-Tom!


Mães,

Empreendedoras e EMPODERADAS Por: Karen Pimenta

V

ocê sai de casa antes das oito horas da

Derrubando as relações patriarcas, que ainda estão

manhã para trabalhar. Seu filho, ainda dorme. A

entranhadas na sociedade. Buscam um caminho

babá já prepara o café da manhã da criança. No

para mais autonomia, no que se refere ao controle

trabalho, horários malucos. Reuniões e mais reu-

dos seus corpos, sexualidade e o direito de ir e vir.

niões, que a impedem de ir almoçar com a família.

Esse empoderamento diário, para ascensão e reali-

Final do expediente. Trânsito. Engarrafamento.

zação profissional, a rotina surreal e inflexível que a

Estresse. Você chega em casa e seu filho já está

vida adulta e capitalista impõe, fez com que muitas

jantando, tomado banho e pronto para dormir.

mães delegassem a responsabilidade do cuidado de

Você o abraça e tenta aproveitar aquelas últimas

seus filhos a outras pessoas. Quando não, ao retor-

horinhas que lhe restam do dia, para ficar junto de

nar da licença maternidade, se deparam com uma

sua cria. Seu filho dorme. Você senta no sofá exaus-

realidade que não lhes proporciona mais satisfa-

ta e pensa: “Tive um dia tão produtivo no trabalho.

ção, e pedem demissão para se dedicar à sua

Fiz tantas coisas legais. Mas, não levei meu filho na

criança. E há ainda situações onde as próprias

escola. Não fiz seu lanche. Não estive com ele

empresas demitem essa mulher, após o retorno

quando chorou. Nem sequer dei um beijo de bom

da licença maternidade. Independente do cenário,

dia”.

a renda da família será afetada.

As mulheres lutam todos os dias por uma nova concepção de poder, baseada na igualdade, na responsabilidade compartilhada, mais democrática e justa.

Moda Cultura Vida

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O empreendedorismo materno surge nesse mo-

de ficar perto de suas filhas. “O que me motivou a

mento: a vontade de construir uma vida profissio-

abrir meu próprio negócio foi o amor pelas minhas

nal mais próxima da maternidade. Essa modalidade

filhas e a possibilidade de acompanhar o cresci-

de empreendedorismo engloba, em sua maior

mento delas sem ter que abrir mão de uma vida

parte, micro e pequenos negócios de mulheres que

profissional. Logo em seguida, o amor que vi nos

fizeram essa escolha profissional em decorrência

produtos que venderia. De alguma forma propor-

da maternidade.

cionaria a mães, pais e cuidadores uma criação

Estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe-

baseada no vínculo e apego com seus filhos”,

quenas Empresas (SEBRAE) aponta que existem hoje

conta Priscylla.

no país 7,3 milhões de mulheres que são donas do

Segundo ela, a força que o empreendedorismo

próprio negócio, ou 31% do total de empreendedo-

ganhou nos últimos anos deve-se à necessidade de

res brasileiros. Ao todo, 78% das empresárias são

maior presença dos pais na criação de seus filhos.

mães. Priscylla Resque, paraense (atualmente mora

“Essas mães conquistaram realização profissional,

em Macapá) é uma dessas empreendedoras. Mãe de

contudo, sacrificaram parte de sua maternidade.

duas meninas, Maria Luiza, 7, e Sofia, 1, Priscylla

Hoje, essas mesmas mulheres perceberam a impor-

comanda a “Natural Sling”, loja virtual especializada

tância de uma rotina mais flexível, que torne possí-

em produtos para bebês e crianças. A decisão de

vel uma participação mais ativa na criação e educa-

abrir um empreendimento veio também do desejo

ção de seus filhos”, concluiu.

---------------------------’’O empreendedorismo materno surge nesse momento: a vontade de construir uma vida profissional mais próxima da maternidade’’. ----------------------------

Foto: Karen Pimenta


Rede de Mães Empreendedoras

Pesquisa realizada pelo grupo Maternativa aponta que:

Vendas

78% das mulheres não eram empreendedoras antes da maternidade

78% das mulheres não eram empreen-

43% têm entre 31 e 35 anos

dedoras antes da maternidade 43% têm entre 31 e 35 anos

19% Ficar mais perto dos filhos

16% Ser dona do próprio tempo

A maior dificuldade está em gerenciar o tempo Os principais motivos para empreender são: 19% Ficar mais perto dos filhos 16% Ser dona do próprio tempo 16% Ter autonomia financeira

Pesquisa realizada originalmente pelo grupo Maternativa com 103 de 987 mães que participam do grupo. Dados colhidos entre julho e agosto de 2015. (Fonte: www.fb.com/groups/maternativabr).

À medida que esse movimento toma força, todos ganham! As mulheres, que buscam um novo sentido para suas vidas. Os filhos que serão beneficiados diretamente com uma participação mais ativa de suas mães, suas famílias. A sociedade, até mesmo as empresas, que com a evasão das mulheres, terão a oportunidade de reinventar e mudar o modelo de mercado tão ultrapassado, que não considera as necessidades do período inicial pós-maternidade.

DICAS PARA ABRIR SEU EMPREENDIMENTO 1 - Inspire-se em casos reais que deram certo. 2 - Descubra mais sobre você

7 - Você não vai trabalhar menos.

3 - Descubra seus talentos

8 - Não tente fazer isso sozinha.

4 - Busque apoio nos amigos e família

9 - Administre seu tempo.

5 - Tenha um propósito.

10 - Planeje-se.

6 - Não confunda empreendedorismo materno com

11 - Pratique Networking

a venda de produtos ou serviços ligados à maternidade.

12 - Profissionalize seu negócio


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