Revista Estratégia nº 10

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Já pensou em investir em cultura?

os tistas mostram to Empresas e ar en im st ve in e s dest bons caminho

Entrevista GV) Hugo Abreu (F

Planejamento: resultado Estratégia com

Música e ismo empreendedor e harmonizam qu Os empresários o e ritmo profissionalism



SUMÁRIO

CAPA

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Já pensou em investir em cultura?

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planejar minha empresa em 08 Como 2013? Por Hugo Abreu (FVG)

HOBBY O outro lado dos empresários

Posso trabalhar em casa! para implementar o 22 Dicas home office

06 Redes Informa

• Feira do empreendedor • Reunião do comitê diretivo • ISO 9001

25 Boas práticas • Imerys • Alubar • Alunorte • Vale • Albras • Colossus • Norte Energia • Alcoa

28 Dicas

• Site: Saia do lugar • Cursos de MBA da FGV • Dica do Consultor

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EDITORIAL Primeiramente, quero agradecê-los pelos feedbacks positivos sobre as últimas edições da Estratégica. Fiquei muito feliz com as manifestações positivas sobre a nova formatação da revista e temas abordados. Mas essa conquista não é só nossa, pois esse projeto só é possível graças à quantidade e qualidade do conteúdo que dispomos, e que vêm de vocês! Um dos nossos objetivos estratégicos para esse ano é fortalecer a cultura da inovação. Em cada passo que damos, tentamos fazer de forma diferente e melhor. Imbuídos desse espírito, preparamos essa edição chamando a sua atenção para temas que estão na “crista da onda”, iniciativas que podem contribuir de forma inteligente para sua organização inovar e se diferenciar. O Imposto Cultural é um deles. Apesar de existir há algum tempo, ainda não foi amplamente adotado, principalmente no Pará. Contudo, aqueles que lançaram mão dessa poderosa ferramenta revelam o retorno positivo para a imagem da organização, sem falar na contribuição para o desenvolvimento local. Tenho reuniões diárias com empresários e líderes, que sempre se questionam sobre o retorno e a destinação dos impostos que pagamos. O Imposto Cultural é uma excelente alternativa para você tomar as “rédeas” desse processo e decidir como, quando e onde vão ser aplicados os seus impostos e, ao mesmo tempo, beneficiar sua organização, ou seja, utilizar os impostos ao seu favor. Melhor que isso, só mesmo tomar um açaí depois do almoço de domingo. Além disso, trazemos outros temas importantes, como os resultados da Feira do Empreendedor, que realizamos em parceria com o Sebrae, Resultados da REDES em 2012, os benefícios do Home Office, os hobbies dos nossos parceiros, Importância do Planejamento Estratégico e as importantes iniciativas de nossas mantenedoras, apoiadoras e parceiros. Desejo a todos uma excelente leitura. Forte abraço!

Luiz Pinto Foto Bruno Carachesti

Coordenador Geral da Redes

Estratégica - Gestão e Negócios é uma publicação bimestral da REDE DE DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES DO PARÁ (REDES). Jornalista responsável Nathalia Petta DRT-2426 Produção e textos Sâmia Maffra Revisão Ana Lídia Campos Foto de capa Júnior Franch Direção de arte e diagramação Comunicação REDES

Publicidade: (91) 4009-4863 / 4865 (91) 9100-5611 nathalia.petta@fiepa.org.br samia.maffra@fiepa.org.br

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REDES INFORMA

Texto Sâmia Maffra • Fotos Comunicação REDES / Bruno Carachesti

REDES INFORMA

Feira do Empreendedor Diante da grande participação das micro e pequenas empresas na economia local, a Redes (Rede de Desenvolvimento de Fornecedores do Pará) realizou pela primeira vez uma rodada de negócios exclusiva para este segmento. O evento integrou a 7ª edição da Feira do Empreendedor, do Sebrae. Aproximadamente 50 empresários apresentaram seus portfólios, diferenciais competitivos e conversaram com os setores de compras da Alcoa, Imerys, Dow Corning, Vale e Hydro. Ao todo, 16 setores foram mapeados antecipadamente pelas mantenedoras - entre eles o de informática, telefonia e locação de equipamentos. O segmento mais procurado pelos empresários foi o de transportes. Em média, foram feitos 115 contatos de negócios entre microempresários e mantenedoras da Redes. O coordenador da Redes, Luiz Pinto, destacou a exclusividade da rodada para micro e pequenos que representam 85% do banco de dados da Redes e também traçou um panorama sobre as compras no Pará. “Comprar localmente é responsabilidade de todos, não podemos transferir isso para ninguém. Comprar localmente é obrigação de todos e gera renda, empregos e impostos”, sinalizou o coordenador, que também frisou a importância de um evento como esse para gerar

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oportunidades de negócios. “Algumas empresas se perguntam: ‘Será que sou muito pequeno para um projeto tão grande?’. Comprovamos que sim, existem muitas oportunidades para micro e pequenos no Estado. Mas nem sempre vender para uma grande indústria é a saída. As oportunidades também estão ao longo da cadeia”, completou o coordenador. Na feira, a Redes também esteve presente no stand permanente ‘Pará de Oportunidades’, juntamente com o Sebrae e parceiros, como o governo do Estado, apresentando tendências e oportunidades de negócios levantadas por meio do estudo Pará Negócios. “Este ano, trazemos as informações atualizadas da publicação ‘Pará Investimentos’, onde mapeamos os investimentos que acontecerão no Pará até 2016. São mais de 139 bilhões de reais que se transformarão nas mais diversas oportunidades”, disse Luiz. Outro diferencial foi a edição especial da revista Estratégica focada nas melhores práticas para MPEs. Os temas abordados foram oportunidades de negócios para este segmento ao longo da cadeia produtiva dos projetos, como evitar a inadimplência, o outro lado dos empresários, além de dicas e informativos da Redes.


processos, aprendizagem / crescimento e finanças. O volume de compras locais feitas pelas mantenedoras, que é o principal indicador da Redes dentro da perspectiva clientes, ainda está em fase de conclusão. Os dados serão divulgados em 2013, com a entrega do Prêmio Redes de Desenvolvimento.

Reunião do comitê diretivo Com indicadores como o aumento de compras locais, investimentos em capacitação da equipe e a confiança de fornecedores e mantenedoras no trabalho desenvolvido, a Redes atingiu 103,11% das metas previstas para 2012. Os dados são referentes aos meses de janeiro até outubro. Os resultados foram apresentados durante a reunião anual do comitê diretivo no dia 29 de novembro. O evento contou com a presença de representantes da Vale, Hydro, Alcoa, Sinobras, Mineração Rio do Norte, Imerys, Norte Energia, Dow Corning e CAP. Também estiveram presentes o secretário de Indústria e Comércio e Mineração do Governo Estadual, David Leal, o presidente da Fiepa, José Conrado, e o superintendente do Sebrae, Wilson Shuber. Para medir os resultados, a Redes utiliza a metodologia do Balanced Score Card, que divide as perspectivas em clientes,

O destaque da perspectiva processos foi a pesquisa de percepção feita com mantenedoras e fornecedores. A pesquisa apontou que 93,8% dos entrevistados confiam no trabalho desenvolvido pela Redes, 92,5% afirmaram que a marca transmite boa imagem, além de conhecimento sobre os objetivos da Redes, como o desenvolvimento da cadeia produtiva ser um elo entre mantenedores e fornecedores, promover negócios e integrar agentes estratégicos. Outro ponto positivo de 2012 foram os investimentos em aprendizagem para a equipe e em tecnologia para o escritório entre eles avaliação por desempenho, definição de competências essenciais, capacitações, diagnóstico para coordenadores e harmonização do ambiente. Na reunião, os participantes aprovaram as metas da Redes para 2013 e parabenizaram a equipe pelos resultados de 2012. Para 2013, a Redes busca ser referência nacional em sustentabilidade econômica no Pará através da missão de ser uma rede integradora de agentes estratégicos, para promover a sustentabilidade econômica no ambiente de negócios do Estado.

Uma das formas de se chegar a uma gestão de qualidade é obter a certificação ISO 9001, que ajuda todos os tipos de organizações a obter sucesso através de uma melhora na satisfação dos seus clientes, detalhamento e rapidez na realização de processos internos, motivação dos colaboradores e a melhoria contínua, contribuindo para a redução de custos e o aumento dos lucros. Desde junho de 2012, a Redes participa do processo de certificação da ISO 9001 e, em janeiro, avança para a 3ª fase da normatização. A conclusão de todas as etapas da ISO - e possível certificação - será em setembro. Esta fase consiste no mapeamento das necessidades dos clientes (empresas mantenedoras), estabelecendo prazos, obtendo informações sobre produtos e orçamento. A ISO 9001 é um diferencial competitivo imprescindível para potencializar a participação de empresas paraenses no ambiente de negócios no Pará. “Sem dúvida, quem tem a certificação ISO 9001 é visto com outros olhos diante das empresas mantenedoras ou durante um processo concorrencial”, explica Marcel Souza, coordenador da Redes Norte. As empresas mais conceituadas já foram certificadas. No Brasil, são 8.200 empresas certificadas e, no Pará, aproximadamente 200.

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ENTREVISTA ESPECIAL

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Texto Sâmia Maffra • Foto Bruno Carachesti

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É MELHOR TER PLANEJAMENTO!

PROFESSOR HUGO ABREU MOSTRA O BOM CAMINHO DO PLANEJAMENTO PARA AS EMPRESAS PARAENSES Mais do que um investimento, planejar é uma questão de sobrevivência. O desafio continua sendo sua implementação, que perpassa por avaliações de cenários econômicos, políticos, tecnológicos, sociais e outros fatores, como cultura sistemática na empresa, equipe competente e engajada com a missão e a visão organizacionais, além de um ambiente propício a inovação e melhoria contínua. “O principal gargalo para o planejamento é a má distribuição dos recursos entre os diversos setores da empresa, que acaba por promover uma guerra pela sua distribuição e o esquecimento do objetivo final, que é o alinhamento das estratégias funcionais com a estratégia maior da organização. Outro fator é a má comunicação ou falta de disseminação dos vetores estratégicos entre os profissionais de todos os setores da organização”, comentou Hugo Abreu, professor da Fundação Getúlio Vargas. Em entrevista à Revista Estratégica, o professor Hugo, mestre em administração de empresas pela COPPEAD/ UFRJ e extensão pelo Itam (Instituto Tecnológico Autônomo do México) e um amplo currículo de pós-graduações e experiência profissional, analisa o planejamento estratégico nas empresas, o cenário empresarial paraense, destaca ferramentas como o Balanced Score Card, a técnica moderna mais inovadora (a Estratégia do Oceano Azul), e afirma que o mais importante hoje é a excelência estratégica. Estratégica: Quais lições as empresas ainda devem aprender sobre planejamento estratégico? E quais já aprenderam? Hugo: A principal lição que as empresas já aprenderam é que é melhor ter algum planejamento do que não ter nenhum. E isso se deve às vantagens que a formulação da estratégia oferece: para prover direção e propósito, para melhor aproveitamento de

oportunidades, para permitir crescimento ordenado, para melhor entender e definir prioridades, para alinhar as decisões, para maior comprometimento de todos, para possibilitar empowerment e trabalho em equipe, para otimizar alocação e uso dos recursos, para aumentar a velocidade da implementação/ execução, para melhor integração e coordenação interdepartamental, para melhor controlar/ redirecionar o negócio. Agora mesmo surgiu uma ferramenta indispensável para aplicar com essas novas gerações que estão surgindo, a gamificação. Ela reformata as atividades dos profissionais internos, inserindo novas ferramentas em forma de games, que estimulam e motivam a realização do trabalho com muito mais afinco e interesse. São inseridos desafios e bônus no cotidiano de nossos profissionais, superíntimos destes ambientes competitivos, tornando muito mais prazerosa sua rotina. O Gartner prevê que 70% das empresas de ponta terão alguma ferramenta de gamificação em suas atividades até 2014. Estratégica: Diante da realidade das empresas paraenses, quais caminhos devem ser seguidos para que haja profissionalização da gestão das empresas através do planejamento estratégico? Hugo: Na nossa região, é preciso que tenhamos profissionais de ponta em nossas empresas. Isto significa não apenas contratar os melhores disponíveis, mas também treinar e atualizar o corpo gerencial com as melhores ferramentas disponíveis em nossas escolas de negócios mais qualificadas. As empresas sabem que não podem economizar, de forma alguma, com treinamento e qualificação. Mais do que uma questão de investimento, é uma questão de sobrevivência.

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ENTREVISTA ESPECIAL

Texto Sâmia Maffra • Foto Bruno Carachesti

Estratégica: No Pará, o Balanced Score Card ainda é pouco difundido nas empresas. É verdade ou mito que essa ferramenta serve apenas para grandes organizações? Hugo: O BSC – Balanced Score Card – foi uma ferramenta criada para fugirmos um pouco da ditadura do controle contábil (focadamente numérico) e visualizarmos a empresa de uma maneira sistêmica e multidisciplinar, principalmente levando em conta os aspectos humanos internos e externos às empresas. O objetivo do BSC é traduzir a estratégia da organização em medidas sob quatro perspectivas equilibradas: finanças; clientes; processos internos; e aprendizagem e crescimento do funcionário. É um sistema de medição, controle e comunicação que alinha e focaliza a organização inteira enquanto introduz e aperfeiçoa sua estratégia. Toda empresa deve ser gerenciada através de números. Sabemos que tudo o que não se mede não se controla. O importante aqui é entendermos que a principal avaliação de nossos processos pode e deve ser desenvolvida através de indicadores próprios, criados pelos mesmos funcionários que têm mais contato com as operações e sabem perfeitamente o que deve e o que não precisa ser medido, com diferentes graus de importância e urgência. Logo, é uma ferramenta que pode ser utilizada por qualquer empresa, independente de seu porte. Estratégica: De que forma o planejamento estratégico se torna um diferencial competitivo? Hugo: Isto só pode ser feito aproveitando-se as oportunidades que aparecem no cenário externo, mitigando as ameaças, levando em conta seus pontos fortes e suas fraquezas. Mas a verdadeira estratégia se baseará na inovação de ruptura, o verdadeiro diferencial competitivo em longo prazo. Existem três tipos de inovação que vale a pena destacar: Inovação Sustentável – aquela que leva em conta a RSA – Responsabilidade Socioambiental (base de todas as inovações); Inovação Sustentadora – novas ideias e oportunidades avaliadas com base na capacidade que têm de atender à base de clientes estabelecida (atual), gerando ao mesmo tempo as margens necessárias para sustentar a empresa; e Inovação de Ruptura – novas tecnologias ou modelos de negócios que mexem com toda a estrutura e a forma de a empresa se reorganizar. Essa última não oferece inicialmente o desempenho que o mercado atual necessita, apresentando baixas margens, mas com excelentes perspectivas no longo prazo. As empresas que não implantarem inovação de ruptura abrem brechas para que 10

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Resoluções para o planejamento empresarial de ano novo: A primeira coisa a fazer é evitar estas falhas: 1 – Dirigentes e proprietários trabalham com diferentes estratégias para as suas decisões cotidianas; 2 – Em geral, a estratégia é considerada “segredo de estado” nas organizações: 95% dos colaboradores não conhecem a estratégia; 3 – O urgente é inimigo do importante: as equipes gerenciais gastam menos de uma hora por mês discutindo estratégia; 4 – Existe um total desalinhamento e falta de sincronia entre os vários departamentos da empresa: dois terços das empresas têm as suas áreas de RH e TI desalinhadas com a estratégia; 5 – Ocorre um grave descasamento dos recursos: 60% das empresas fazem o seu orçamento de forma independente da estratégia; 6 – Total falta de incentivos: 70% das empresas não vinculam os seus sistemas de incentivo e recompensas ao cumprimento da estratégia. as empresas estreantes descubram uma nova gama de clientes que valorizam esses desenvolvimentos e prosperem. Aí aparece o diferencial competitivo e as empresas tradicionais têm que bancar a entrada na inovação de ruptura. Estratégica: Qual sua análise do ambiente empresarial paraense? O que ainda temos a melhorar? Hugo: O ambiente empresarial paraense não é muito diferente dos demais centros profissionais brasileiros, apenas está longe dos grandes centros fornecedores de capital humano de ponta, o que termina por refletir no desenvolvimento das organizações. Outro problema que se acentua é a busca pela excelência operacional, pois acomoda as empresas e não as deixa perceber as mudanças do mercado. Nos EUA, tínhamos o prêmio Malcolm Baldrige, que era fornecido àquelas empresas que atingiam a excelência operacional. Ele perdeu sua importância quando a empresa Wallace Company ganhou este prêmio e,


dois anos depois, quebrou. Drucker já dizia que, se sua empresa está há cinco anos produzindo a mesma coisa, ligue a luz de alerta. Hoje, o mais importante é a excelência estratégica. Estratégica: Na sua visão, qual a estratégia mais inovadora dos tempos modernos? Hugo: Eu sou fã da Estratégia do Oceano Azul, que surgiu da escola do posicionamento e se baseia em buscar mercados ainda não conhecidos, ainda não atendidos e que ainda não têm competição, onde não existe oferta, apenas uma demanda ainda não estruturada, em que as necessidades ainda não estão compreensivelmente formatadas. A ideia é tornar a competição irrelevante, através da busca incessante da inovação de ruptura, criando e gerando valor para o mercado, enquanto reduz ou elimina itens ou serviços que criam pouco ou nenhum valor para os clientes. Temos três excelentes exemplos com a Southwest Airlines, o Cirque Du Soleil e a Academia Curves, esta última a segunda franquia que mais cresce no mundo. Estratégica: Hoje só se fala em valores intangíveis. Como isso afeta as nossas empresas? Hugo: No início dos anos 80, o PIB mundial era de US$ 10 trilhões e a soma dos ativos financeiros era de US$ 12 trilhões. Em 2008, o PIB havia subido para US$ 50 trilhões, enquanto os ativos financeiros somavam US$ 300 trilhões. Enquanto um se multiplicou cinco vezes, o outro se multiplicou 25 vezes. Estamos debaixo de uma verdadeira ditadura da economia

virtual, produto da ciranda financeira internacional e cerne do fundamentalismo mercantil, suplantando assustadoramente a economia real, aquela que é fruto da produção e do trabalho. A única reação que nossas empresas podem ter em relação a isto é através do desenvolvimento de uma excelente reputação. Antigamente, a reputação era fruto da performance financeira da empresa. Hoje, é exatamente o contrário. É a reputação que orienta a valorização da empresa na Bolsa de Valores, este último o verdadeiro czar da economia virtual. Não é à toa que o IGC – Índice de Governança Corporativa da Bolsa de Valores (que mede a valorização das empresas que possuem governança corporativa) – supera em muito o Ibovespa, o IBrX (índice das 100 mais negociadas ações em bolsa) e o IBrX 50 (índice das 50 mais negociadas ações em bolsa). É a reputação dos líderes de uma empresa e seus funcionários e seguidores que moldam a forma como o mercado a enxerga, por isso a necessidade de termos “em casa” os mais capacitados profissionais, que só conseguimos quando temos por perto as melhores escolas de negócios do País. Como avaliar um cenário antes da elaboração do planejamento? Devemos sempre utilizar o “Modelo PEST” para analisar o macroambiente externo: Fatores políticos: regulamentações governamentais e questões legais que definem regras nas quais a empresa deve operar; Fatores econômicos: afetam o poder de compra dos compradores potenciais e o custo do capital; Fatores sociais: aspectos demográficos e culturais do macroambiente. Afetam as necessidades dos compradores e o tamanho do mercado; Fatores tecnológicos: diminuem barreiras de entrada, reduzem níveis mínimos de produção eficiente, influenciam decisões de terceirização. É importante ficar de olho até no cliente do nosso cliente, pois é este que pode apontar primeiro os novos cenários que estão se desenhando. “Sabemos que estamos em um cenário de mudanças quânticas, e não mais incrementais. Quando uma tecnologia amadurece, ela promove uma rápida obsolescência, ou seja, estamos na era da perecibilidade a jato. Portanto, não podemos tirar o olho nem por um segundo do surgimento de novas tendências”, enfatiza Hugo Abreu. Edição 10

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HOBBY

Texto Sâmia Maffra • Foto Bruno Carachesti

“O SOM DA PAIXÃO EM LÁ MAIOR” Sidney Klautau é diretor administrativo e financeiro da Loja da Corrente e também baixista

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Era um domingo comum de 1984, mas, no programa Fantástico, da TV Globo, a banda Kiss mostrava um pouco da sua musicalidade. Muitos assistiam à televisão naquele momento, mas foi em um garoto de 14 anos que a música “I love it loud” causou fascínio. “Aquilo foi como um choque elétrico, aquela bateria, guitarras distorcidas, os músicos mascarados e explosões no palco. Lembrome que na outra semana fui até a extinta loja de discos Gramophone comprar meu primeiro LP e claro que este LP era do Kiss. Daí em diante, música e rock para mim significavam a mesma coisa”, relembrou o empresário paraense Sidney Klautau, sobre o início da sua relação com a música, mais precisamente com o rock. Ele já tocava o seu violão Giannini desde os 13 anos e, inevitavelmente, acabou se interessando pela guitarra e, um tempo depois, pelo contrabaixo, instrumento que toca desde os 16 anos. O gosto pela música vem da família. “Meu pai sempre foi fã de samba de raiz e chorinho e minha mãe aprendeu piano na

juventude. De uma maneira ou de outra, eles contribuíram para meu interesse pela música”, disse. Sobre as influências, ele é categórico: “Gosto das músicas que passaram na prova do tempo e abomino o fast food musical”. Nesse cenário, ele destaca alguns artistas. “Gosto de Cartola, Ney Matogrosso, Jaco Pastorius, Metallica, Slayer, Rush, Bach, Beatles. E, em Belém, além das bandas que toco, gosto muito do trabalho do Elder Effe, A Válvula, Delinquentes. Na música instrumental, gosto muito do Adelbert Carneiro e do Baboo Meireles, e, na música popular, prefiro a Gláfira Lobo”, comenta.

Raridades musicais

Como todo apaixonado, Sidney tem instrumentos raros e vinis comprados quando ainda era adolescente. “Tenho dois instrumentos vintage, um fender precision e um rickenbacker. Se analisares as fichas técnicas dos discos de rock da década de 70, verás que quase todos foram gravados com esses instrumentos. A sonoridade e a ergonomia são inconfundíveis. Além disso, esses instrumentos têm como donos músicos do naipe de Paul McCartney, Geddy Lee (Rush) e Steve Harris (Iron Maiden). Além desses dois, tenho mais dois construídos por luthiers e feitos sob medida, um baixo fretless (sem trastes) de um luthier potiguar chamado De Oliveira e outro de

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HOBBY

Texto Sâmia Maffra • Foto Bruno Carachesti

um luthier paraense, Edilson Ramos, duas peças de arte”. E, para escutar os vinis antigos, recentemente ele trouxe de uma viagem um toca-discos. “Meus filhos vêm sendo presenteados com audições em vinil dos clássicos que fizeram e ainda fazem meu coração bater mais forte”, conta. Enquanto a música acontecia na vida de Sidney, ele também trilhava outros caminhos em atividades esportistas, acadêmicas e profissionais. Ainda na adolescência, ele foi atleta de basquete defendendo a seleção do Colégio Marista, a Seleção Paraense e o time dele de coração: o Paysandu, ao mesmo tempo em que passou no vestibular para o curso de Economia. Um ano depois, foi selecionado para o NPOR, onde se formou como aspirante a oficial do exército de arma de infantaria. “Nesta mesma época, toquei em duas bandas de rock bastante conhecidas no cenário local e fiz apresentações dentro e fora do Estado do Pará. Na verdade, para cada etapa dessa, tenho na minha cabeça a trilha sonora, as músicas que eu ouvia, as músicas que eu tocava”, contou. Na vida profissional, ele trabalhou em diversos segmentos. Foi gerente administrativo financeiro, auditor interno de indústrias como Albras e CNS, passou uma temporada em Fortaleza trabalhando na área de planejamento e controle da Oi e, em Belém, atuou na indústria madeireira como gerente administrativo financeiro. Nessa volta à terra natal, em 2005, ele assumiu a diretoria administrativa e financeira da empresa da família, a Loja da Corrente, cargo ainda ocupado. O lado acadêmico também foi sendo lapidado. Ele concluiu um MBA em Gestão com ênfase em Serviços pelo IEE – Instituto de Estudos Empresariais/ Cândido Mendes, outro MBA em Auditoria pela FGV - Fundação Getúlio Vargas, e recentemente um curso de extensão em Gestão por Processos pela FGV. Sidney também tem uma vida agitada na música. Ele toca na banda de heavy metal DNA, faz parte de um projeto de música instrumental chamado 4 Groove e gravou CDs com a banda The Ways. Já tocou no Theatro da Paz com a Orquestra de Violoncelos e também tem músicas gravadas por outros artistas, como a cantora Any Lima,

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que gravou o single Dezembro, música feita para a esposa dele. Ufa! Parou por aí? Não, ele ensaia duas vezes por semana, de duas a três horas. “Em casa, mantenho-me mais compondo. Hoje, preocupo-me mais com o feeling do que com a técnica. Não me preocupo mais em ser um virtuose, minha meta é colocar a nota certa no local certo, é escrever uma letra que faça sentido às pessoas, que as emocione, é respeitar o silêncio, a pausa, a respiração, é dar à música o que ela pede, sem exibicionismo estéril”. Carreiras banhadas a música Determinação, método, envolvimento, interesse e concentração exigidos para a composição de uma música ou estudo de um instrumento são os mesmos fatores necessários para analisar ou fechar um relatório financeiro e uma proposta comercial. As associações da carreira musical com a de empresários não param por aí. “A música também é coletiva e é neste momento, quando nos reunimos com outros músicos e que as variáveis começam a sair um pouco do seu controle, que as habilidades de relacionamento interpessoal, planejamento, coordenação, delegação de tarefas e controle fazem a diferença, da mesma maneira que numa empresa. Numa banda que executa uma música ao vivo de maneira séria, os tempos e movimentos têm que ser perfeitamente alinhados; a divisão de tarefas, perfeita; o conhecimento e destreza das suas atividades, inquestionáveis. Analisando por esse prisma, não parece tão diferente de um chão de fábrica, correto?”, explica. Hoje, Sidney atua como baixista integrante da banda Álibi de Orfeu, além de ser compositor e arranjador da banda. Como músico, ele tem uma trajetória invejável. “Toco no Álibi desde que voltei de Fortaleza e, junto com essa banda, gravei um CD, toquei Brasil afora, toquei na China (Beijing e Tianjin), conheci muita gente boa, músicos reconhecidos e agora estamos inovando ao compor a primeira ópera rock da Amazônia, um projeto ousado, ambicioso e, sem dúvida nenhuma, inovador. Algo que ficará marcado na cultura do nosso estado. É esperar para ver”, adianta Sidney.


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Texto Sâmia Maffra • Fotos Divulgação

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CAPA

Texto Nathalia Petta • Foto Júnior Franch

IMPOSTO CULTURAL

INVESTIMENTO COM RETORNO GARANTIDO Há 40 anos, alguns jornalistas de uma cidade gaúcha que tinham paixão por cinema resolveram fazer um festival que valorizasse as produções locais. O evento recebeu o apoio da prefeitura e dos empresários da região e foi crescendo. Estamos falando do Festival de Cinema de Gramado, que mudou a história da cidade e se transformou no maior festival da América do Sul. Hoje, Gramado é o terceiro destino mais procurado do país e possui infraestrutura adequada e mercado aquecido. “Quem foi aos primeiros festivais e conheceu a cidade como era e como ela está sabe o quanto o festival dinamizou a economia local e mudou a cara da cidade. Eu pude perceber esta mudança”, afirma Marcelo Quinan, secretário de Estado da Lei Semear. Empresas locais incentivando e valorizando a cultura local têm sido exemplo de sucesso em

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diversas partes do mundo. É uma parceria que tem tudo para dar certo e desenvolver o estado. O Pará tem crescido bastante na produção musical e muito se deve à parceria entre empresas, estado e artista. O resultado é a projeção de grandes nomes paraenses para o Brasil, como Felipe Cordeiro, Dona Onete e a estrela do momento: Gaby Amarantos. “O disco Treme, lançado recentemente pela cantora e que teve investimento de uma operadora de telefone, através da Lei Semear, recebeu indicações até no Grammy Latino. Provavelmente, sem a empresa patrocinadora Gaby não conseguiria lançar um disco com tanta qualidade nem teria tanta visibilidade. Ganharam a artista, o Estado e a empresa que patrocinou”, explica Rodrigo Viellas, produtor cultural da Ampli Criativa.


“Isso fomenta a cultura e potencializa o estado como um todo. Os empresários paraenses precisam entender que isso não é um favor e sim uma troca inteligente, com benefícios para ambos”, afirma a cantora Gaby Amarantos.

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“...as empresas que atrelam suas marcas a grandes produtos culturais. E, ao final desta cadeia, a sociedade ganha como um todo”, afirma a cantora paraense Lia Sophia.

Foto Naiara Jinknss

Texto Nathalia Petta

CAPA

O americano Arthur Cohen, sócio da LaPlaca Cohen, empresa especializada em ações de marketing cultural, uma das mais importantes do mundo, disse a empresários que o investimento em marketing cultural não deve ser extinto nem em épocas de crise, pois a estabilidade e continuidade que esse tipo de investimento consegue passar para uma marca é intangível e traz retornos

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preciosos para as empresas. Ele cita como exemplo os grandes grupos que mantêm parcerias em projetos de arte e são reconhecidos por isso, como é o caso da multinacional Unilever com a galeria Tate Modern, em Londres. No Pará, ainda há dificuldade de artistas e produtores na captação de recursos, por falta de conhecimento das leis e dos

benefícios e retornos que isso pode trazer à imagem da empresa. Falta o empresariado despertar para a área cultural e perceber que ela é tão importante quanto o marketing e o comercial. “Investir em um produto cultural é estreitar o relacionamento com a comunidade, agregar valores intangíveis à marca e dar visibilidade à empresa. Sem falar que é um ótimo investimento”, disse Rodrigo Viellas.


Foto Roberta Carvalho

“O artista passa a ter condições de produzir um trabalho com alta qualidade e o patrocinador, no caso a empresa, passa a ter uma grande visibilidade de marketing no âmbito nacional”, afirma Aíla Magalhães.

Lei Semear, e reconhece a importância destas ações. “O retorno é uma visão a longo prazo. Não é imediato, mas unir a marca da sua empresa a projetos como investido. Ou seja, a cada 100 reais investidos, 80 serão deduzidos do ICMS este proporciona uma imagem simpática ao seu público. Porém, para isso, é pago ao Estado”, explica o secretário Marcelo Quinan, gerente da Lei Semear. preciso que as ações sejam constantes”, QUERO APOIAR PROJETOS explica o empresário, que não se limitou CULTURAIS DA MINHA REGIÃO! a apoiar apenas através das leis de O empresário Celso Eluan, da Sol Informática, tem investido em projetos incentivo e criou na própria empresa Há muitos caminhos. Tanto na esfera federal quanto na estadual ou municipal, socioculturais no Pará desde a criação uma política de incentivo a projetos da empresa, através, principalmente, da culturais. é possível que empresas e cidadãos escolham a qual projeto cultural destinar parte do imposto que recolhem. Funciona assim: o investimento é feito à vista, o empresário recebe a carta Para as empresas que recolhem do governo, através da Lei Semear, que autorizou o artista ou produtor a ICMS (Imposto sobre Circulação de desenvolver o projeto e pode escolher entre investir no valor total da carta Mercadorias e Serviços), a Lei Semear ou parcial, respeitando seus limites financeiros e contábeis. O valor total do Governo do Pará, em parceria investido deve representar 5% do total de imposto pago ao mês para o com a iniciativa privada, estimula Estado e pode ser abatido em 1 ou até 5 vezes. “Não se trata de algo difícil. a produção artística e cultural do Basta que o empresário tenha um conhecimento financeiro de sua empresa estado disponibilizando recursos para e um bom contador. Ele terá uma previsão de quanto irá pagar de ICMS promover o desenvolvimento social, naquele mês e, desse valor, 5% é o que a empresa pode destinar ao projeto”, cultural e econômico do nosso estado. explica Quinan. “Na Lei Semear, o empresário tem 80% de renúncia fiscal sobre o valor

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Texto Nathalia Petta

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CAPA

“Quanto mais as empresas apoiarem a cultura, mais o estado vai ter visibilidade e as empresas também”, explica DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro.


“Incentivamos mais de 300 projetos por ano, sendo que com a Semear estão limitados ao orçamento legal, 5% do recolhimento de ICMS do exercício. Isso, então, limita a cerca de seis a dez projetos por ano. Mas o restante é apoiado através da nossa política de incentivos. Já apoiamos desde filmes, shows, gravações de CDs e DVDs, recuperação de patrimônio histórico, exposições, até peças teatrais”, completa o empresário. O produtor do Festival Se Rasgum, Marcelo Damaso, argumenta que, infelizmente, poucas empresas ainda veem o investimento cultural como um ganho. “Ano passado, deixamos de captar todas as nossas cartas da Tó Teixeira (Lei de Incentivo Municipal De Belém) e Lei Semear, pois, das empresas que visitamos, muitas não podiam descontar ICMS por algum motivo e outras simplesmente não se interessavam porque achavam despendioso ter que investir os 20% de verba direta. E estamos falando de um festival com 8 anos de existência, que é noticiado nos principais veículos de comunicação do Brasil e que atrai a atenção do público, imprensa e da classe artística”.

Aíla Magalhães, que tem o recém-lançado CD “Trelelê” incentivado por leis municipais e estaduais. Ela completa dizendo que, se as empresas incentivadoras dos projetos artísticos locais fossem paraenses, a ligação seria mais positiva ainda. “Afinal, a empresa estaria investindo em um produto cultural da sua região e, dessa forma, promovendo a difusão da sua marca através desse produto”. A cantora carrega os nomes das empresas que a incentivaram em shows que realiza por todo o Brasil. “É positivo para todo mundo, tanto para o artista que consegue ter o seu produto embalado e pronto para o mercado, como para o Estado, que pode, através deste artista, difundir e estender os limites de sua cultura, e também para as empresas que atrelam suas marcas a grandes produtos culturais. E, ao final desta cadeia, a sociedade ganha como um todo” afirma a cantora paraense Lia Sophia, que recentemente teve a música “Ai menina” veiculada em uma novela da Rede Globo.

Para o fortalecimento da economia e identidade do estado, os ganhos são muitos e o apoio à cultura O festival ao qual ele se refere é o “Se Rasgum”, que paraense através de incentivos locais mostra um estado há 10 anos promove os artistas paraenses através de desenvolvido. “Quanto mais as empresas apoiarem a shows e incentivando a cultura artística local. “Um cultura, mais o estado vai ter visibilidade e as empresas dia, conseguimos um patrocínio direto, sem lei de também. Todo mundo cresce junto. Aumenta o interesse incentivo, que possibilitou que trouxéssemos atrações pelo estado e por tudo o que é produzido nele”, explica o de fora para nossos eventos. Depois colocamos um DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro, que tem projetos projeto na Lei Semear e com a aprovação e a captação conseguimos fazer o primeiro festival. Mas nem todas as incentivados que percorrem diversas cidades do Brasil. edições foram resultado de lei de incentivo, nem sempre “O apoio permite que a gente toque em bons lugares, com um bom som e uma boa iluminação, ou seja, conseguimos fazer e captar. E outros eventos nossos podemos apresentar um trabalho melhor, ganhando mais também são feitos na raça, sem lei de incentivo nem espaço no cenário nacional”, disse. nada” explica Marcelo. “Só consigo enxergar pontos positivos para as empresas que investem em cultura. Elas têm suas marcas aliadas ao fomento e difusão da produção cultural da região, além de terem, através das leis de incentivo à cultura, um dinheiro que serviria para pagamento de impostos direcionado para o marketing da empresa. Existe alguma estratégia de marketing melhor que essa?”, pergunta Aíla.

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Foto Taiana Laiun

“Ter um trabalho incentivado por uma empresa é extremamente positivo para ambas as partes. O artista passa a ter condições de produzir um trabalho com alta qualidade e o patrocinador, no caso a empresa, passa a ter uma grande visibilidade de marketing em âmbito nacional. Afinal, investir em cultura ainda é um diferencial no mercado”, afirma a cantora paraense

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NOVAS TECNOLOGIAS

Texto Sâmia Maffra • Foto Divulgação

Home Office Da casa ao trabalho em 5 segundos

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Edição 10


O computador, a escrivaninha e os arquivos de trabalho dividem o ambiente com a cama, a televisão e o guarda-roupa no quarto. A uns passos dali, tem café fresquinho e uma geladeira cheia de guloseimas na cozinha. No outro canto estão os sofás aconchegantes da sala. O trabalho está dentro da casa de Jean Wagner Vieira da Silva, de 33 anos. Não há chefe direto, colegas, idas a um escritório ou trânsito congestionado para chegar ao ambiente de trabalho. Nesse tipo de atividade, conhecido como home office, é o santo de casa que faz o milagre. Jean recebe ligações, envia relatórios, responde emails, atende clientes e resolve problemas sem sair do quarto. “Montei um miniescritório aqui, com mesa específica, arquivos, para ter mais privacidade e maior concentração”, explica o funcionário da multinacional Panasonic. Ele trabalha com a revenda de produtos de linha branca para grandes lojas de departamento de Belém e São Luís. Trabalhar no conforto da casa pode ser um paraíso para algumas pessoas e um martírio para outras. É preciso muita disciplina, senão o lado profissional e o pessoal acabam se misturando. “Na minha casa, inicialmente, foi complicado explicar aos meus pais que as mesmas atividades que eu desenvolveria em um escritório eu faço aqui. Minha mãe sempre me chamava para fazer algo, como um suco para a família ou perguntava se eu não ia trabalhar. Hoje, eles entendem 100%, não me chamam mais e não me atrapalham”, comemora Jean. Antes de pegar o material de expediente e começar a trabalhar na própria casa, é preciso avaliar o perfil profissional. “Uma nova forma de relação de trabalho, quebrando o paradigma da subordinação tradicional e exigindo muito mais de todos, em atitude, comportamento e resultado no processo. (…) Óbvio que estamos falando das atividades que podem ser executadas e monitoradas a distância.

Vale diferenciá-la do freelancer. Estamos falando de células diversas da empresa que se deslocam para vários núcleos distintos, formando uma rede, sob uma mesma direção e com foco em um mesmo objetivo. No home office, o profissional é colaborador direto e não precisa estar fisicamente presente, instalado na empresa, cumprindo horário, registrando ponto”, avaliou a administradora e diretora da empresa Síntese 21, Lecy Garcia.

Fora do escritório e dentro de casa: uma nova relação de trabalho Segundo o Censo de 2010, mais de 30 milhões de brasileiros trabalham em casa. Muda o local do trabalho, o perfil do trabalhador e se desenha uma nova relação de trabalho. “Um exemplo emblemático da sociedade da informação. O uso intensivo da tecnologia na comunicação permite que as distâncias sejam superadas e a comunicação possa ser feita em tempo real, o que antes somente de forma presencial seria possível. Esta revolução torna possível que uma empresa tenha empregados baseados em territórios distintos, em espaços diversos, formando uma equipe multidisciplinar, sem que para tanto tenha que se deslocar para a sede da empresa”, completa Lecy. Ela conta, ainda, que tem observado nos ambientes tradicionais das empresas uma maior dispersão e falta de foco, e que, com certeza, migrar para este sistema é inovação e gera bons resultados. Dos administrativos aos comunicacionais, os setores de atuação em home office são diversos. “Percebemos uma gama de profissionais que atuam nesse sistema, como arquitetos, administradores, tradutores, economistas, engenheiros, vendedores, corretores, despachantes, publicitários. A chamada geração Y também se

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NOVAS TECNOLOGIAS

Texto Sâmia Maffra

encaixa perfeitamente no perfil do home office”, citou. A tendência é que o home office seja uma realidade cada vez mais presente em curto prazo, afirma a especialista. “Acredito que vivemos uma nova era e uma nova forma de relações de trabalho já está em curso. Partindo do princípio de que o cliente está cada vez mais exigente e considerando o colaborador como um cliente interno da organização, sem dúvida os verdadeiros talentos em breve não se curvarão a práticas que não se adequem às suas necessidades e aos seus anseios. E a prática do home office é apenas um item da lista de condições destes talentos, somado à melhoria da qualidade de vida, pois está comprovado que as pessoas produzem mais e se sentem mais felizes atuando dessa forma.”

Legislação A partir da vigência da lei número 12.551/2011, a Consolidação das Leis do Trabalho (Art. 6) passou a estipular que não se distingue entre o trabalho realizado em um escritório e o teletrabalho, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. “A lei, portanto, apenas explicitou juridicamente o que já acontecia de fato. Esta mesma lei acrescentou um parágrafo que diz que os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam aos meios pessoais e diretos de comando ao trabalho alheio, estabelecendo um marco regulatório que aumenta a segurança jurídica”, informou José de Alencar, presidente do Tribunal Regional 24

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Home office para quem? • O home office precisa de uma atmosfera propícia que diferencie o ambiente doméstico do trabalho. É preciso ter um escritório próprio e com decoração adequada para o trabalho. A ajuda da família também é fundamental para que o trabalho flua. • Se o funcionário é concentrado, focado em metas, disciplinado com horários e sabe trabalhar sem cobranças de um chefe, é bom apostar no home office. • A independência é outra aliada. No home office, não há colega de trabalho para ajudar a montar uma tabela no Excel ou chamar para tomar um cafezinho na copa. É preciso lidar com o isolamento. • No home office, o trabalhador fortalece ativos intangíveis e muito importantes, que são a valorização e a confiança em seu trabalho. Por isso, é fundamental estar sempre atento às diretrizes e aos prazos, como se estivesse na empresa mesmo. • A empresa economiza com a redução de custos fixos no escritório. E o colaborador ganha em qualidade de vida, com maior aproximação da família e evita o estresse no trânsito, por não precisar dirigir para se deslocar ao escritório. Com certeza, vai dar para otimizar o tempo. • Não é qualquer empresa que pode, pois a estruturação desta relação exige uma mudança no modelo de gestão, com adoção de uma cultura descentralizada e com foco na criação e inovação. A busca no home office é por resultado, o que torna mais fácil mensurar o valor agregado e a contribuição do colaborador para a empresa. do Trabalho da 8ª Região. Segundo ele, as empresas que realizam o teletrabalho admitem os escritórios descentralizados em qualquer lugar, como aeroportos e hotéis e o home office seria um gênero desse tipo de serviço.

situações. Os institutos jurídicos das horas extraordinárias e das férias não foram modificados pela lei”, esclareceu José de Alencar.

Para que não haja excessos, o controle da jornada pode ocorrer com o uso de login e Sobre os direitos trabalhistas, tanto a senhas que marcam o início e o fim de um empresa que possui núcleos home office dia trabalhado. “A exemplo do que já quanto a que tem escritório devem pagar os ocorre com o trabalho convencional, o mesmos valores ao funcionário. “Cada empregador pode estipular um horário a empresário deve adotar políticas próprias partir do qual o acesso aos sistemas de gestão de pessoas e celebrar contratos individuais de emprego que regulem com informatizados da empresa fique indisponível, documentando clareza esses aspectos. Se o empregado eletronicamente essa indisponibilidade. exercer trabalho extraordinário, ficar em regime de sobreaviso, trabalhar em horário Além dessa norma geral, seria adequado celebrar um contrato de emprego noturno ou em dia consagrado ao contendo cláusulas específicas para regular repouso, terá que receber a remuneração essa atividade”, avaliou o presidente. correspondente a cada uma dessas


NOTAS MANTENEDORAS E APOIADORAS

Excelência

Texto e fotos Assessoria Mantenedoras

BOAS PRÁTICAS

O melhor sempre

1 Imerys investe em excelência organizacional

Em 2013, a Imerys foca na nova área de excelência organizacional, criada para investir no sistema de gestão da mineradora que pretende se tornar, a partir do segundo semestre deste ano, referência mundial dentro do Grupo Imerys, presente em 47 países. O desafio será sustentado em mais treinamentos e capacitações dos colaboradores, eliminação de desperdícios e desenvolvimento de processos que estejam de acordo com a necessidade da empresa. Segundo o supervisor de Excelência Organizacional, César Damasceno, “quando uma empresa busca a excelência, não tem limite de crescer, pois sempre vai procurar melhorar, principalmente através do capital intelectual, ou seja, das pessoas que fazem a organização”, afirma. Metas 2013

2 Alubar planeja aumento de produção em 2013

Com ótimos resultados obtidos no ano passado, a Alubar Metais e Cabos já traçou novas metas para 2013: aumentar em 34% a produção de cabos de alumínio em forma de produto acabado. Para atingir o objetivo, será instalado, neste ano, mais um laminador, máquina fundamental no processo, e os custos serão reduzidos. Com a aquisição do novo equipamento, a empresa abre oportunidades de crescimento para colaboradores e também para quem pretende integrar o time.

3 Hydro incentiva projetos de melhorias

Melhorar o dia a dia na rotina operacional de uma fábrica não é, nem de longe, obrigação só de engenheiros e especialistas. A iniciativa pode vir da base, do trabalho de mecânicos e operadores que lidam diariamente com máquinas pesadas, essenciais para o processo produtivo de uma empresa. Este é o caso de Fábio Moraes, mecânico da refinaria de alumina Hydro Alunorte, localizada no polo industrial de Barcarena, que foi premiado por implantar na Gerência de Manutenção da empresa um tipo de coletor de óleo de bombas horizontais. As bombas horizontais são máquinas que possuem a função de transportar fluido de um ponto a outro, transformando energia cinética em potencial. Com a implantação do coletor, a melhoria foi reconhecida por aperfeiçoar a tarefa e otimizar o trabalho humano no 8º Seminário Integrado de Oportunidades de Melhorias (SIOM), realizado em dezembro de 2012. O SIOM foi implantado na empresa em 2001, pela Área de Qualidade e Meio Ambiente, como uma forma de valorizar melhorias desenvolvidas pelos próprios empregados em suas frentes de trabalho. Durante o ano, cada área específica realiza Workshops Operacionais (WO), para avaliar melhorias propostas por operadores e mantenedores, e Fóruns de Engenharia e Tecnologia (FET), que avaliam aquelas propostas por engenheiros e técnicos, com o intuito de selecionar as melhores para serem apresentadas no seminário, realizado sempre no final do ano. Edição 10

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Voluntariado

Reciclagem gera receita

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4 Vale gera economia de R$ 10,5 milhões por ano com reciclagem de correias transportadoras de minério

A Vale iniciou, este ano, projeto de reciclagem de correias transportadoras de minério, suas tiras e mantas, que vai gerar à empresa uma economia de aproximadamente R$ 10,5 milhões por ano. O projeto permitiu à Vale transformar uma despesa anual com incineração e aterro em receita obtida com a venda da sucata para a recicladora mineira. O material descartado, que vinha se acumulando em algumas unidades operacionais no Brasil, é transformado em forros de caminhões e de caminhonetes, cabos de aço para currais, lameiras de aço, cocho para animais e até mesmo em correias recicladas. A expectativa da Vale é que haja uma redução de 70% do estoque deste material em 2013. Collosus

6 Estimativa de produção deve sair em três meses 26

Edição 10 8

Albras promove ações sociais

Dados da Alumínio Brasileiro S.A (Albras) confirmam números promissores, no ano de 2012, sobre a equipe de voluntários da empresa. Mais de 500 empregados da Albras, familiares e empregados de empresas contratadas realizaram 33 ações em comunidades de Barcarena por meio do programa Voluntários Albras, com ações sociais e educativas. Estima-se que 24.265 pessoas foram beneficiadas. Uma das ações do grupo Voluntários Albras é estar presente no Círio de Nazaré, em Belém. Na última romaria, foram distribuídos 10 mil copos de água aos romeiros. A mobilização dentro da empresa foi grande para reunir 71 voluntários, entre empregados e familiares. As ações não pararam por aí. Os voluntários também estiveram no Círio de Abaetetuba, distribuindo 6 mil copos de água, e no Círio de Barcarena, suavizando a romaria de 4 mil pessoas. Até março, a SPCDM, empresa que detém o direito de extração de minérios na região de Serra Pelada, no sudeste paraense, deve divulgar o resultado da análise do bulk sample, uma amostra de solo que serve para estimar a reserva mineral que poderá ser extraída no primeiro ano de produção do projeto. Parte da análise será feita no Met-Solve Laboratories Inc, em Vancouver, no Canadá – um dos melhores no mundo –, seguindo normas internacionais para analisar a presença dos três elementos mais comuns na região: ouro, paládio e platina. Após análise, o solo ficará armazenado para um futuro beneficiamento. O projeto da SPCDM, que resulta da parceria entre a Colossus Mineração e a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), ainda está em fase de implantação, com operações previstas para iniciar este ano.


NOTAS MANTENEDORAS E APOIADORAS

Texto e fotos Assessoria Mantenedoras

Hidrelétrica

Restauração

Área no início da recuperação

7 Transposição marca início das atividades do STE em Belo Monte

O presidente da Norte Energia, Duilio Figueiredo, foi o convidado de honra para assistir à transposição simbólica que marcou o início das atividades do Sistema de Transposição de Embarcações (STE), do sítio Pimental. A apresentação foi feita com o transporte de um rebocador de 24 toneladas. O evento também contou com a presença de diretores, gerentes e trabalhadores da Norte Energia S/A e do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM). “Ao respeitar os prazos, a Norte Energia demonstra o compromisso firmado com as autoridades e, principalmente, o respeito com as comunidades locais”, declarou Duilio Figueiredo. Ao contrário de outras hidrelétricas, em que o rio foi totalmente interditado durante o período da obra e liberado somente após a conclusão de eclusas, Belo Monte inova com a entrega do STE porque mantém o fluxo de navegabilidade do rio. O prazo de conclusão em 15 de janeiro de 2013, acordado com os órgãos de fiscalização e controle, também foi respeitado. O mecanismo tem capacidade para transpor embarcações de até 50 toneladas, o que garante a navegabilidade no Xingu durante as obras e após o início de operação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

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Área há 1 ano

Alcoa supera meta anual de recuperação de áreas mineradas em Juruti

A Alcoa, empresa líder mundial na produção de alumínio primário, superou a meta de reabilitação de áreas mineradas estabelecida para 2012 na unidade de Juruti, oeste do Estado, onde a companhia realiza extração de bauxita, a matéria-prima do alumínio. Ao todo, foram recuperados 132 hectares, quando a meta original era de 120 hectares, resultando em cobertura vegetal que protege o solo e atraindo a presença de animais, que, por sua vez, aceleram a recuperação natural. A recuperação de áreas mineradas na Alcoa Juruti segue os princípios da restauração ambiental sistêmica, que proporciona a formação de pequenos habitats que induzem à heterogeneidade ambiental. Desta forma, são criadas condições para a regeneração natural, como a chegada de espécies vegetais, animais e de microorganismos. Edição 10

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DICAS

Texto Nathalia Petta • Fotos divulgação

Dicas... e boas ideias.

Para empresários que querem desfrutar de bons lugares, boa comida, bons livros, filmes e tudo mais que agrega valor a você.

SAIA DO LUGAR!

“Gostei dessa ideia, vou aplicá-la no meu negócio!”. Com essa teoria em mente, os engenheiros Luiz Piovesana, Mauro Shimizu Ribeiro e Millor Machado criaram o site Saia do Lugar. Com textos leves, objetivos e práticos, eles dão dicas imprescindíveis de um “empreendedorismo sem enrolação” para o empresário que não tem muito tempo para ler. Os autores também focam em reportagens sobre estratégia, finanças, liderança, marketing e tecnologias. Outro diferencial é a aposta em vídeos e sugestão de livros sobre os temas. Conheça mais em: http://www.saiadolugar.com.br/

INVISTA EM CONHECIMENTO Com amplo know-how em gestão, premiações nacionais e internacionais, corpo docente com vasta experiência de mercado, plano de ascensão internacional em parceria com instituições da Europa e dos EUA, além de nota máxima na avaliação CapesMEC, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) se consagrou como a melhor escola de Economia e Finanças do Brasil, segundo relatório de avaliação de pós-graduação. Cursar um MBA oferecido pela escola é um bom investimento e diferencial para o profissional que pretende se destacar no mercado cada vez mais competitivo. Em fevereiro, começam as turmas de MBA em logística empresarial, desenvolvimento e gestão de pessoas, gestão financeira e controladoria e auditoria na unidade de Belém, localizada na travessa São Francisco. Para saber mais sobre a grade curricular dos cursos e os valores das mensalidades, basta acessar o site http://www.fgvideal.com.br/ ou entrar em contato pelo telefone (91) 3223-0693.

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DICAS

Texto Nathalia Petta • Fotos divulgação e Bruno Carachesti

Marcel Souza - Coordenador de gestão da estratégia da Redes

“Problemas? Oba!”, do já conhecido Roberto Shinyashiki, está entre os livros mais vendidos atualmente. Não é preciso dizer o porquê, já que a temática da literatura trata de um assunto que está presente diariamente em nossas vidas e que não vão simplesmente desaparecer: problemas. “O diferencial é que o autor trata o problema como uma oportunidade de transformá-lo em algo positivo. As pessoas precisam ter consciência que os problemas nunca vão deixar de existir. Então, não podemos ficar reclamando ou lamentando”, afirma Marcel Souza. O autor aborda desde questões sobre o comportamento das pessoas até formas de exercitar a nossa visão e transformar as coisas não só em nossa vida, mas também na vida das pessoas, da sociedade. O autor traz alguns exemplos simples de como solucionou problemas que o incomodavam e como se transformaram em ideias fantásticas. “Sem dúvida, o livro mudou a minha forma de encarar os problemas. A ideia não é se livrar ou ignorá-los, mas sim transformá-los em algo bom, em solução”, comenta o coordenador.

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