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Jaqueline Goes ficou famosa após coordenar a equipe que estudou o vírus SARS-CoV-2

Por Amanda Krohn | Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação

Os cientistas são a força por trás de diversos avanços na sociedade, seja no âmbito tecnológico, social ou na área da saúde – como é o caso da biomédica baiana Jaqueline Goes, doutora formada pelo Programa de Patologia Humana e Experimental, da Universidade Federal da Bahia. Em passagem por Novo Hamburgo, onde realizou a palestra de abertura do evento Inovamundi, na Universidade Feevale, ela falou sobre a força da ciência jovem e feminina no Brasil.

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Em 2020, na época com 30 anos, Jaqueline foi responsável por coordenar a equipe que fez o sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2 apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil. O feito rendeu à pesquisadora homenagem do Conselho Nacional de Saúde e até mesmo uma boneca Barbie não comerciável. Em entrevista exclusiva à Revista Expansão, a biomédica relembra sua trajetória e o papel que os jovens e as mulheres têm na ciência.

O início de tudo

Jaqueline Goes conta que seu interesse pela biomedicina surgiu de maneira inusitada, quando tinha 18 anos. “Acabei entrando em uma discussão dentro de um ônibus, por conta de uma informação errada que uma vendedora de livros estava utilizando, na qual ela dizia que existia cura para o diabetes e eu corrigi afirmando que era uma propaganda enganosa e que ela não podia dizer aquilo”, descreve ela, que reencontrou a vendedora depois de um tempo. “Ela me perguntou se eu já estava fazendo algum curso na área da saúde, ao que respondi que estava estudando para cursar medicina”, continua. A cientista conta que, até então, ela não conhecia o ramo. “Ela mencionou o curso de biomas simples, e, a partir disso, conheci a biomedicina”.

Após tomar a decisão, a jovem matriculou-se, em 2008, na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, em Salvador, iniciando sua graduação no único local na cidade que possuía o curso que desejava. Após algum tempo, Jaqueline candidatou-se a um estágio em Iniciação Científica na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Quando o iniciei, me identifiquei muito com a área, fui orientada pelo professor Luiz Alcântara e pela professora Gisele Calazans. Por ter gostado muito, decidi continuar”. Foi então que ela manteve-se na área da pesquisa científica, dando início ao seu mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa, em 2012. Para tal, ela mudou-se para Ribeirão Preto e começou na Universidade de São Paulo, finalizando-o na Fiocruz, no Rio de Janeiro.

Em seguida, a pesquisadora seguiu para o doutorado em Patologia Humana e Experimental, em 2015, na Universidade Federal da Bahia. “Se eu não fizesse o doutorado, parecia que minha carreira ficaria incompleta”, comenta. Jaqueline confessa que, apesar do desejo de completar a carreira, ela sentia-se também desanimada. “Para ser cientista no Brasil, você tem que gostar muito. A remuneração não é compatível, o desgaste é muito grande e a dedicação também”, desabafa. “Mas eu tinha a premissa de não desistir”.

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