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Amazônia integrada

Projeto permitirá que pesquisas sejam realizadas em áreas remotas da região. Por meio de uma melhor distribuição geográfica, o Sistema Amazônico de Laboratórios Satélites – SALAS será uma revolução para a Ciência brasileira.

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No último dia 9 de junho, durante o FÓRUM CONSECTI e CONFAP 2022, em Manaus, representantes do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), INPA, Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) estiveram reunidos para apresentação da minuta do convênio do projeto Sistema Amazônico de Laboratórios Satélites – SALAS. Considerado uma revolução para o trabalho científico realizado na Amazônia, o projeto visa uma melhor distribuição geográfica de infraestrutura de pesquisa (laboratórios), por meio da construção de novos e/ou reforma de laboratórios já existentes.

A coordenadora do projeto e diretora do MPEG, Ana Luisa Albernaz, fala que o projeto irá reformar, construir e equipar laboratórios em áreas distribuídas pela Amazônia. “O uso deles será feito por meio de editais, provavelmente do CNPq. Já está aberto, inclusive, um edital nesses moldes, para o desenvolvimento de pesquisas junto ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), com duas bases (Peixe-Boi e Vitória-Régia) prontas e disponíveis para pesquisadores do Brasil inteiro submeterem propostas para desenvolver pesquisas na RDS Mamirauá, onde está o Vitória-régia, ou na RDS Amanã, onde está a base Peixe-boi”. As bases disponibilizadas pelo qual fazem parte da primeira etapa do projeto SALAS, enquanto o projeto firmado entre o MPEG, INPA, FADESP e FINEP faz parte da segunda fase. A ideia é disponibilizar estruturas para pesquisas em áreas remotas da Amazônia – por isso, a referência ao termo “satélites”. “Hoje em dia, muitos dos estudos se concentram ao redor das sedes de alguns dos maiores municípios, como Belém, Santarém e Manaus, onde estão as maiores instituições de pesquisa e há uma logística mais estruturada para o seu desenvolvimento. A criação dos laboratórios visa ampliar essa distribuição e facilitar o desenvolvimento de pesquisas que hoje não contam com estrutura adequada para as atividades de pesquisa de campo. Para essa facilitação, os laboratórios oferecerão condições de hospedagem dos pesquisadores nessas bases e terão equipamentos básicos para a pesquisa, como bancadas, freezers para a conservação de amostras, lupas, estação meteorológica, entre outros. Espera-se que com a disponibilização dessas estruturas seja possível expandir o conhecimento sobre a Amazônia. Por serem remotas, não são áreas que nos permitam ir e voltar no mesmo dia – por isso, a necessidade de ter uma estrutura em que o pesquisador possa ir e permanecer o tempo necessário para coletar informações e materiais, processar suas amostras, com todas as condições para realizar todo o trabalho planejado”, complementa Albernaz.

Rede com representatividade amazônica

Ainda segundo Ana Luisa Albernaz, a proposta do MCTI é chegar a 50 laboratórios. Nesta parceria entre INPA, Museu Goeldi e FADESP, a previsão é disponibilizar 19 laboratórios, sendo 10 novos e 9 reformados. “Entre as áreas a serem reformadas estão novas melhorias e a aquisição de equipamentos para a Estação Científica Ferreira Penna, gerida pelo Museu Goeldi em

Ana Luisa Albernaz

Caxiuanã, e de 9 bases de campo que estão sob a gestão do INPA. Será uma grande renovação dessas estruturas, que melhorará muito as condições para o uso delas”.

Com 5 milhões de metros quadrados de extensão, os desafios de pesquisar a Amazônia são proporcionalmente grandes: acesso, orçamento limitado – especialmente em face dos inúmeros cortes impostos à Ciência e Tecnologia –, a própria natureza do trabalho em áreas com pouca infraestrutura. “Construir em áreas de difícil acesso, tem um custo mais alto porque muitas vezes não há empresas de engenharia próximas a locais, assim como a aquisição de materiais de construção também é mais difícil. Além disso, precisaremos ter, permanentemente, pessoas nessas bases para que haja manutenção frequente, impedindo que o investimento se deteriore”, explica a diretora do MPEG.

Outro desafio, ela lembra, é o de estimular a realização de pesquisas nessas áreas. Sobre os recursos limitados, Albernaz é otimista. “Há uma necessidade de resposta. A Amazônia está em evidência pela sua importância mundial para a regulação climática, para o fornecimento de água para outras regiões, pelo enorme potencial de sua biodiversidade e sua imensa riqueza sociocultural. Conhecer melhor a região é fundamental para melhorar a qualidade da tomada de decisões sobre o bioma, acompanhar as mudanças que estão ocorrendo, estudar de maneira mais adequada as cadeias produtivas da biodiversidade para fortalecer uma economia mais verde, prospectar novos princípios ativos, descobrir novas espécies, proteger os ambientes e as pessoas que vivem na região. Nesse sentido, ter tais estruturas certamente será um estímulo à realização de pesquisas e aumento dos conhecimentos sobre a região”.

Os editais específicos têm um papel importantíssimo para desenvolvimento das pesquisas, para tornar o acesso às pesquisas ainda mais amplo, uma vez que possibilitarão que estudantes, formandos, bolsistas, professores e pesquisadores aproveitem tais estruturas.

Parcerias essenciais

Além do INPA e da própria FADESP, o Museu Goeldi conta ainda com a parceria da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, do MCTI e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. “Conforme preveem os editais do MCTI/CNPq, a proposta é que os pesquisadores que submeterem propostas aos editais e façam parceria com os institutos que gerem essas bases, aumentando o potencial de cooperação das instituições do MCTI na Amazônia em âmbito nacional e internacional”, complementa.

Sobre a atuação da FADESP, Albernaz rememora tratar-se de uma parceria de longa data. “A FADESP se prontificou, desde o primeiro minuto, a apoiar o Museu e o INPA nesta etapa do projeto. É muito gratificante saber que a FADESP valoriza nossa parceria e fez o possível para viabilizar um projeto dessa amplitude”, finaliza.

Conhecer melhor a região é fundamental para “ melhorar a qualidade da tomada de decisões sobre o bioma, acompanhar as mudanças que estão ocorrendo, estudar de maneira mais adequada as cadeias produtivas da biodiversidade para fortalecer uma economia mais verde, prospectar novos princípios ativos, descobrir novas espécies, proteger os ambientes e as pessoas que vivem na região.”

- Ana Luisa Albernaz, diretora do Museu Emílio Goeldi -

Para visitar o site do projeto com mais informações, acesse o QR Code.

Registro da apresentação do projeto/minuta, em Manaus. Da esquerda para a direita, Sérgio Guimarães, Chefe de gabinete do INPA; Ana Luisa Albernaz, diretora do Museu Goeldi e coordenadora do projeto SALAS; Marcelo Morales, Secretário de Pesquisa e Formação Científica MCTI; Sérgio Freitas de Almeida, Secretário Executivo do MCTI e Ministro em Exercício (na data do evento); Alcebíades Negrão, vice-diretor executivo da FADESP e Waldemar Barroso, presidente da FINEP.

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