Revista Feira de Ciência & Cultura 2018 - v.5/nº 9

Page 1

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  1


2 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Revista Feira de Ciências e Cultura  |  3


4 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Revista Feira de Ciências e Cultura  |  5


Resumo. O presente trabalho refere-se ao projeto desenvolvido por alunos monitores do Ensino Médio. Através de questionário online, oficina de estudo e atividade exploratória, esses alunos monitores identificaram que 89,5% dos alunos usam a internet para estudar, principalmente através de vídeos. Quando inseridas como uma complementação ao método tradicional, as novas mídias têm impacto positivo na aprendizagem das aulas de ciências do 7º ano, mas os alunos ainda apresentaram dificuldade, principalmente pela falta de conhecimento e mediação, o que pode ser minimizado pela continuidade das atividades. 1. Introdução Reflexões e discussões em torno do uso das tecnologias de informação e comunicação pela educação ocorrem há décadas, devido a rapidez com que essas ferramentas evoluem e afetam o ensino/aprendizagem. Segundo Silva (2013), o uso de tecnologias na educação ganha importância quando os alunos se mostram mais motivados e quando estas possibilitam a conquista da autonomia na aprendizagem. Atualmente, as novas mídias permitem ao aluno um estudo móvel, informal e sem limitação de espaço/ tempo, através de dispositivos portáteis e acesso à internet. Blogs, podcasts e canais de vídeos online são as mídias mais ricas em conteúdo científico gratuito de qualidade ao público geral, só é necessário motivação e fluência digital. De acordo com Iamarino (2016), a internet é vista como um ambiente que está tornando o jovem mais raso e desatento, mas isso é muito mais uma questão de postura do que tecnológica. O presente projeto tem como objetivo investigar o uso da internet pelos alunos do Ensino Fundamental II e avaliar o impacto das novas mídias de estudo nas aulas de ciências.

6 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

2. Materiais e Métodos O projeto foi desenvolvido por alunos monitores do Ensino Médio e teve como objeto de estudo 146 alunos do Ensino Fundamental II do Colégio Estadual Cícero Bezerra. O instrumento de recolhimento de dados sobre a utilização da internet foi um questionário online, como descrito por Chaer et al. (2011). Após a análise dos dados, foram gerados pela própria plataforma online os gráficos utilizados para discussão dos resultados. Posteriormente, realizou-se uma oficina de estudo para 18 alunos voluntários do 7º ano, utilizando blogs, podcasts e canais de vídeos online, com o conteúdo científico trabalhado pelo professor de ciências em sala de aula. Após a oficina, aplicou-se uma atividade exploratória individual e anônima, com 6 (seis) questões abertas, para 56 alunos do 7º ano, entre participantes e não participantes da oficina, buscando avaliar o impacto das mídias utilizadas na aprendizagem. 3. Resultados e discussão A pesquisa contou com a colaboração total de 146 alunos com idade entre 12-15 anos (79%) e matriculados do 6º ano 9º ano. 3.1. O uso da internet pelos alunos do Ensino Fundamental II Os resultados obtidos no questionário apontam que 98% dos alunos têm acesso à internet. A Figura 1 mostra que na maioria dos casos, esse acesso ocorre na casa dos alunos e que a escola não se apresentou como um dos principais locais de acesso, apesar de possuir wi-fi livre.


Figura 1. Locais utilizados pelos alunos para acesso à internet.

Em relação aos aparelhos utilizados pelos alunos para obter acesso à internet, a Figura 2 mostra que os dados obtidos confirmam os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados pelo IBGE. Tal pesquisa apresenta que a partir de 2015, 92,1% do acesso à rede domiciliar passou a ser feito pelo celular.

Figura 2. Aparelhos utilizados pelos alunos para acesso à internet.

Quando questionados se usavam a internet para estudar, 89,5% dos alunos com acesso à rede responderam que sim, e as ferramentas de estudos online mais citadas foram os vídeos e canais do youtube (63,4%), os textos de qualquer site (46,9%), textos de sites conhecidos ou PDFs (22,8%), blogs específicos por área (9%) e podcast (1,4%). Buscando entender como eles percebem a influência da rede na aprendizagem, questionou-se como o livre acesso à internet e suas ferramentas podem ajudar no desenvolvimento escolar? A maioria dos alunos demonstrou possuir uma postura tecnológica de uso da internet como fonte de informação para estudo além da sala de aula (Figura 3).

Figura 3. Percepção sobre a influência do livre acesso à internet e suas ferramentas no desenvolvimento escolar.

Os dados apresentados acima constroem um ambiente democrático e valioso para o fortalecimento do ensino/aprendizagem e autonomia nos estudos, mas ainda se faz necessária uma orientação que desenvolva nos jovens uma fluência digital. Souza Pomiecinski, Santos & Pomiecinski (2015), discutiram que para o uso do wi-fi livre nas escolas é necessário refletir com o aluno a possibilidade de fazer uso para melhorar suas possibilidades de aprendizado e não apenar discutir o ‘proibir e permitir’. 3.2. Oficina de estudo e motivação ao uso de novas mídias para as aulas ciências O tema escolhido para a oficina foi “Vírus” e as mídias utilizadas estão descritas na Tabela 1. Tabela 1. Mídias digitais sobre vírus utilizadas na oficina. Tipo de mídia

Título

Autores

Fonte

Vídeo

Existe perigo na Vacina?

Nerdologia

https://www.youtube.com/user/nerdologia

Vídeo

Pandemias

Nerdologia

https://www.youtube.com/user/nerdologia

Vídeo

Zika em poucas palavras

Em poucas palavras

https://www.youtube.com/channel/UC09R krnMR5dSnoM2EVT3TkQ

Podcast

Vacinas

Dragões de garagem

http://dragoesdegaragem.com/

Blog/texto

Vacinação contra a gripe H1N1, como, quem e por quê?

Rainha Vermelha

http://scienceblogs.com.br/rainha/

Tabela 1. Mídias digitais sobre vírus utilizadas na oficina.

Após a exposição das mídias era realizada uma discussão a respeito da compreensão do tema abordado e eficácia das mídias utilizadas. Durante a oficina os alunos declararam preferir os canais de vídeo online pois eram mais dinâmicos e de fácil compreensão, comparados ao

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  7


texto e ao podcast, com o qual não estavam acostumados. A atividade exploratória aplicada posteriormente era composta por 6 questões sobre vacina, transmissão de doenças virais, dengue e zika. A média geral de acertos foi baixa (1,6), mas quando comparados os alunos participantes (2,3) e não participantes (1,5) da oficina obtêm-se uma diferença significativa. Os alunos participantes da oficina demonstraram melhor compreensão sobre vacinação (61%) e semelhanças entre dengue e zika (67%), em relação aos alunos não participantes (26% e 39%, respectivamente). Apenas 21% dos alunos demonstraram conhecimento a respeito das diferenças entre as doenças virais, tema com menor percentual de acertos nos dois grupos. Desse total, 2 alunos participantes da oficina citaram a incidência da microcefalia e diferença no vírus causador entre dengue e zika. A análise do questionário permitiu identificar que alguns alunos não participantes da oficina demonstram domínio do conteúdo, o que permite concluir que as mídias não substituem o papel do professor, mas o impacto positivo de sua inserção no estudo ficou evidente. Para Garcia (2013), é necessário saber usufruir desses recursos, fazendo com que eles contribuam para a melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem e não sejam utilizados simplesmente como uma nova forma de ensinar, mantendo as mesmas metodologias de ensino e avaliação. É necessário fazer do aluno um sujeito ativo do processo, explorando as informações, socializando o saber e construindo seu conhecimento. Conclusão Os alunos já têm a internet como fonte de estudo, mas ainda apresentam dificuldade no uso das mídias digitais para obtenção de conteúdo científico de qualidade, principalmente pela falta de conhecimento e mediação. Os vídeos online são os mais atrativos e utilizados, mas ainda não há postura tecnológica para seu uso e compreensão, assim como a inserção de novas mídias é bem-vinda, quando percebe-se que o conteúdo do podcast foi citado na atividade exploratória. A oficina aponta que as mídias, quando inseridas como uma complementação ao método tradicional nas aulas de ciências, têm impacto positivo na

8 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

aprendizagem, mas deve-se buscar práticas continuadas para inseri-las como um fator investigativo que aproxime professor-aluno e direcione o ensino em todas as séries do ensino fundamental. Referências CHAER, G; DINIZ, R. R. P.; RIBEIRO, E. A. A técnica do questionário na pesquisa educacional. Evidências, v. 7, n. 7, 2011. GARCIA, Fernanda Wolf. A importância do uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Educação a Distância, v. 3, n. 1, jan./ dez, 2013. IAMARINO, A. Fluência digital e novas mídias. 2016. Disponível em: <http://scienceblogs.com. br/rainha/2016/01/fluencia-digital-e-novasmidias/>. Acesso em: 30 mai. 2016. IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese de indicadores 2015. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2016. 108p. SILVIA, L. A. da. O uso pedagógico de mídias na escola: práticas inovadoras. Revista Eletrônica de Educação de Alagoas, v. 1, n. 1, 2013. SOUZA POMIECINSKI, José Antunes de; SANTOS, Vanice dos; POMIECINSKI, Cleusa Maria. Filosofia e educação: uma experiência de aproximação entre wifi livre e escola. XII Congresso Nacional de Educação, Curitiba-PR, 2015. 11p.


Resumo. Este projeto foi criado em 2016, nas aulas de Língua Portuguesa e Artes, e teve como objetivo materializar os contos escritos pelos alunos envolvidos em curtametragem. No ano de 2017, o projeto foi expandido para fora do contexto de sala de aula, ultrapassando os muros colégio, uma vez que os curtas produzidos pelos alunos do 3º ano B do Ensino Médio do Colégio Estadual Almirante Barroso (CEAB), Muribeca-SE, serviram como alicerce para a produção de diversos curtas e, ainda, o desenvolvimento de oficinas sobre a escrita de contos, como também a produção e roteirização de curtas. 1. Introdução Na sociedade atual, o indivíduo está em contato com textos de diversas linguagens (imagética, visual, verbal, digital etc.), o que exige dele o conhecimento de vários meios semióticos que possibilitem a construção de sentido. Assim, é imprescindível que a escola possibilite a participação dos alunos nas várias práticas sociais que se utilizem da leitura e da escrita multissemiótica, pois é necessário relacionar a leitura e a escrita do texto verbal escrito com as outras modalidades de linguagem que estão presentes em textos que circulam nas diversas mídias e suportes. Nesse sentido, o trabalho em sala de aula com a produção do gênero conto e curta-metragem traz a possibilidade de um ensino-aprendizagem alicerçado em múltiplas linguagens. Nesse contexto, o projeto “A materialização do conto na linguagem cinematográfica: o trabalho com curtametragem”, criado em 2016, nas aulas de Língua Portuguesa e Artes, teve como objetivo materializar os contos escritos pelos alunos envolvidos em curta-metragem. No ano de 2017, o projeto citado foi expandido para fora do contexto de sala de aula, ultrapassando os muros colégio, uma vez que

os curtas produzidos pelos alunos do 3º ano B do Ensino Médio do Colégio Estadual Almirante Barroso (CEAB), Muribeca-SE, serviram como alicerce para a produção de diversos curtas e, ainda, o desenvolvimento de oficinas sobre a escrita de contos, como também a produção e roteirização de curtas. As oficinas foram ministradas por dez alunos da turma supracitada. A priori, foram realizadas para alunos do CEAB e, ainda, para alunos do Colégio Estadual Edélzio Vieira de Melo, Capela-SE. Assim, o objetivo do trabalho é enfatizar a utilização do gênero conto e curta-metragem nas aulas de Língua Portuguesa e Artes, como também planejar e promover oficinas com o intuito de instigar em outros alunos o desenvolvimento de uma escrita crítica-reflexiva a partir do trabalho com múltiplas linguagens. 2. Materiais e métodos Os trabalhos de produção de textos e curtametragem foram desenvolvidos por trinta e cinco alunos da turma do 3ºB ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Almirante Barroso/Muribeca-SE, entre os meses de junho a setembro de 2017. A pesquisa utilizou-se da abordagem qualitativa de cunho experimental, a partir da observação direta dos professores investigadores (coordenadores do projeto) e elaboração de contos e curta-metragem. Posteriormente, foram realizadas pesquisas bibliográficas para fundamentar os argumentos explanados no texto. Os dados foram coletados e analisados pelos professores investigadores, a partir da elaboração de contos, produção de roteiros e curtas-metragens e ainda as discussões nas oficinas ministradas pelos alunos do CEAB que promoveram o projeto no ano anterior. Essas oficinas foram realizadas no CEAB e no Colégio Estadual Edélzio Vieira de Melo.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  9


Em primeiro lugar foram discutidas as possíveis temáticas a serem abordadas na elaboração dos contos, já que os mesmos estavam familiarizados com as nuances sobre a estrutura composicional do gênero e participaram do projeto na edição de 2016. Os alunos envolvidos sugeriram trabalhar com duas temáticas: o suicídio entre os jovens e a realidade político-social do Brasil. Essa etapa do projeto teve duração de duas aulas. Posteriormente, foram selecionados dois contos intitulados “ O Garoto ludibriado” e “Clara, a suicida”, dentre os vinte textos produzidos para serem roteirizados e transformados em curta-metragem. Ressalta-se que a seleção dos contos a serem roteirizados foi uma escolha coletiva através de votação, obedecendo a dois critérios propostos pelos docentes envolvidos, a saber: respeito à estrutura do conto e relevância social. Essa etapa durou duas aulas. Em seguida, os alunos se dividiram em três equipes, em que cada equipe tinha uma função específica. A equipe A, composta por cinco alunos, ficou responsável pela roteirização dos textos selecionados e direção do curta. A equipe B, composta por dez discentes, encarregou-se da materialização dos personagens. A equipe C, composta por vinte alunos, ficou a cabo da produção e figuração. Por fim, a equipe D, composta por cinco alunos, ficou responsável pela edição do curtametragem. Salienta-se que o curta foi gravado por uma câmera pertencente a um dos professores envolvidos no projeto em horário oposto às aulas dos alunos. A última etapa do projeto destinou-se ao desenvolvimento de oficinas sobre a escrita de contos, como também a produção e roteirização de curtas. Foram duas oficinas ministradas por dez alunos que se propuseram a expor suas experiências e informação acerca da escrita de contos, escrita de roteiros e produção/edição de curta-metragem, sendo que a primeira oficina foi realizada para alunos do CEAB e a segunda para discentes do Colégio Estadual Edélzio Vieira de Melo, Capela-SE.

10 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

3. Resultado e Discussão Com a ampliação e advento de novas formas de comunicação e informação (celulares, computadores, TV e outros), é imprescindível que a escola faça mudanças significativas em suas práticas de ensino-aprendizagem da leitura e escrita, ou seja, mudanças em suas práticas de letramentos, trazendo para o contexto escolar gêneros textuais diferenciados, os quais circulam no cotidiano do aluno e que, às vezes, são ignorados pela escola. Nesse contexto, os professores orientadores escolheram os gêneros conto e curta-metragem para serem trabalhados pelos alunos do 3ºB ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Almirante Barroso em Muribeca-SE. O primeiro gênero se estrutura numa narrativa sucinta que aborda várias temáticas e ambientes diversos, sendo assim, o aluno aumenta sua bagagem cultural, refletindo, desse modo, em uma escrita crítica. Já o segundo gênero foi escolhido tambpem pelo aspecto estrutural, pois o conto e o curta têm traços semelhantes em sua estrutura, como formato resumido e narrativa concisa, sendo possível a materialização do conto para a linguagem cinematográfica. Isso possibilita valorização da criatividade do aluno no processo de elaboração de um filme, como também sua percepção acerca das particularidades entre a linguagem cinematográfica e literária. O conto e o curta-metragem podem e devem ser aliados no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que, muitas vezes, é mais fácil transmitir o conhecimento através de suportes não convencionais, promovendo ainda múltiplos letramentos e letramentos multissemióticos. De acordo com Rojo (2009, p.120119), por multiletramentos ou letramentos múltiplos, entende-se a abordagem dos “produtos culturais letrados tanto da cultura escolar e da dominante, como das diferentes culturas locais e populares com as quais alunos e professores estão envolvidos, assim, como abordar criticamente os produtos de massa”. Já os letramentos multissemióticos, segundo a mesma autora, entende-se pela leitura e a produção de textos em diversas linguagens e semioses (verbal oral e escrita, musical, imagética [...], corporal e do movimento [...], matemática, digital etc.), já


que essas múltiplas linguagens e as capacidades de leitura e produção por elas exigidas são constitutivas dos textos contemporâneos. [...] é importante também hoje abordar as diversas mídias e suportes em que os textos circulam, já que há tempos o impresso e o papel deixaram ser a principal fonte de informação e formação. Focaliza-se, neste artigo, apresentar os resultados obtidos no desenvolvimento do projeto “A materialização do conto na linguagem cinematográfica: o trabalho com curta-metragem”. Com relação à escrita dos contos, notase que os alunos do 3° ano B abordaram em seus escritos duas temáticas, a primeira referente ao quadro políticosocial do Brasil e a segunda envolvendo uma mazela que assola jovens de diversos continentes, o suicídio. É importante destacar que a leitura e a produção de textos em diversas linguagens e semioses promovem condições favoráveis a um ensino que desperta o interesse de aprendizagem por meio da inserção do aluno em um contexto significativo. Koch (2013) afirma que Ao construir o texto, o produtor reconstrói o mundo de acordo com suas experiências, seus objetivos, propósitos, convicções, crenças, isto é, seu modo de ver o mundo. O interlocutor, por sua vez, interpreta o texto de conformidade com seus propósitos, convicções, perspectivas. (KOCH, 2013, p. 40).

Imagem 1 – Ensaio de uma das cenas do curta “O suicídio de Clara”. Fonte: Alunos do 3º ano B do CEAB.

É importante salientar que foram selecionados coletivamente dois contos, dentre diversos escritos, para serem roteirizados e, por conseguinte, materializados em curta, que são os contos intitulados:“O Garoto Ludibriado”, da aluna Bianca Beatriz de Matos Nascimento, 3° ano B e “O suicídio de Clara”, da aluna Lycia Adrielle Melo Martins, 3º ano B. Com a ajuda dos professores coordenadores do projeto, os trinta e cinco alunos envolvidos foram separados em grupos e delegadas funções, a partir de suas competências e habilidades para com isso atuarem nas diversas fases da confecção do curta (ver imagem 2).

Ressalta-se que, a partir dos escritos, os alunos referidos puderam utilizar uma ferramenta artísticoliterária que une tanto as nuances do mundo linguístico, como as peculiaridades da linguagem artística, o curta. Pois, através do processo de construção, roteirização e dramatização, o alunado pode dialogar entre a linguagem literária e a cinematográfica, fazendo a materialização do conto em curta (ver imagem 1). Imagem 2 – Ensaio de uma das cenas do curta “O Garoto Ludibriado”. Fonte: Alunos do 3º ano B do CEAB.

Da roteirização dos contos citados até o resultado final dos curtas, notou-se que os estudantes estavam engajados na produção daqueles, uma vez que o

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  11


diálogo entre as linguagens (literária e cinematográfica) promoveu o protagonismo dos discentes no processo de ensino-aprendizagem. Frisa-se que os curtas produzidos foram postados pelos coordenadores do projeto em um canal no YouTube, intitulado “Do conto ao curta” (link de acesso: https://www.youtube.com/channel/ UCHhT8hZXIXRZ4ybsRrEK_SQ. A fase final do projeto configurou-se na estruturação e execução de duas oficinas, ministradas por dez alunos da turma supracitada, com o objetivo de expor os curtas produzidos e, ainda, instigar os alunos do CEAB e do CEEVM à escrita e produção de curtas-metragens. Conclusão Defende-se, aqui, que o ensino de Língua deve ser promovido por meio de práticas que levem para a sala de aula uma diversidade de gêneros textuais que circulam nas variadas esferas de comunicação, com o intuito de despertar no aluno o interesse pela leitura e torná-los escritores por meio de novas possibilidades de aprendizagem, inserindo-os em um contexto significativo. Referências KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à Linguística Textual. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013. ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, na escola e inclusão. São Paulo: Parábola, 2009.

12 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Resumo. O Ensino tradicional da língua inglesa tem sido substituído pelo ensino comunicativo. No Ensino Médio, as aulas de língua inglesa devem motivar os alunos, fazendoos aprender a gramática e colocá-la em prática no seu diaa-dia. Com isso, a disciplina de Língua Inglesa do colégio Maria das Graças de Menezes Mora, na cidade de Itabi/ SE, irá trabalhar a comunicação em pequenas cenas de teatro, com os alunos do ensino médio em tempo integral, explorando vocabulário do dia-a-dia, com o objetivo de estimular o interesse dos alunos pela leitura de obras literárias, utilizando algumas técnicas teatrais; ampliar o conhecimento da Língua Inglesa; mostrar o quanto o teatro é um meio socializador e motivador para o ensino de Língua Inglesa; e promover atividades teatrais que despertem o interesse dos alunos pela Língua Inglesa. 1. Introdução A abordagem comunicativa descreve um conjunto de princípios centrados na competência comunicativa como meta geral do ensino de línguas estrangeiras, especificamente a língua inglesa. O ensino comunicativo de língua Inglesa se desenvolve até hoje pela necessidade de um bom processo de aprendizagem de uma segunda língua. Atualmente, a teoria e a prática de ensino comunicativo de línguas se baseiam em vários paradigmas e tradições educativas distintas. E tem como base diversas fontes, assim não existe um único conjunto ou um conjunto de acordo unânime de práticas que caracterizam o ensino comunicativo de línguas na atualidade. Em vez disso, o ensino comunicativo de línguas de hoje se refere a um conjunto normalmente acordado de princípios que podem ser aplicados de formas diferentes, dependendo do contexto de ensino, da idade dos alunos, seu nível, suas metas de aprendizado

e assim por diante. Essa nova metodologia de ensino busca fazer com que os alunos pratiquem e desenvolvam estratégias de aprendizagem para que possam aprender uma segunda língua com mais facilidade e de maneira mais eficaz. Além disso, os alunos aprendem a aplicar estratégias de estudo mais úteis aos seus objetivos como, por exemplo, listas de vocabulários, memorização e perguntas sobre grafia, pronúncia, significados, ou seja, encoraja os alunos a ver o Inglês não como uma mera disciplina, mas sim como uma língua utilizada para dar e receber informações sobre o mundo real. Desde a antiguidade, o teatro sempre teve grande aceitação popular. Se observarmos a era medieval, a Igreja já utilizava o teatro como estratégia para atrair os fiéis, assim como os portugueses colonizadores catequizavam nossos índios com o método teatral, a fim de anular sua cultura. Esta pesquisa pretende usar o teatro como instrumento que possibilite aos nossos alunos o conhecimento dos vocábulos da língua inglesa encontrados no dia-a-dia, desenvolvendo o senso crítico e aprimorando o conhecimento adquirido na língua inglesa, além de possibilitar a liberação da imaginação e enriquecer a prática na sala de aula, sem precisar de equipamentos especiais ou de treinamento. Estudar a língua inglesa não é somente saber as regras gramaticais, mas colocá-la em prática. O teatro é um dos instrumentos que dará dinamismo ao estudo, além de socializar as novas perspectivas do processo de ensino-aprendizagem. É tratar de um saber mais amplo, que se relaciona com a construção de uma consciência crítica que, a partir de conteúdos particulares, direcionase para uma realidade que envolve professor e aluno. Com isso, é perceptível o quanto os alunos de escolas públicas são carentes de aulas mais envolventes, dinâmicas e, principalmente, onde o aluno é o próprio

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  13


protagonista. Tem sido muito comum ouvir alunos dizerem que não gostam de estudar ‘Inglês’, que é difícil e que não tem importância para a sua vida. Em cada bimestre estudado, os alunos fazem uma prova oral, seja individual ou em dupla. Já no segundo bimestre, a prova oral foi baseado nesse projeto, no qual os alunos criam cenas de teatro, com pequenos diálogos, estimulando a oralidade em língua inglesa. Por essa razão, este trabalho se torna fundamental para conscientizá-los a ter uma nova visão sobre a importância de estudar inglês, uma vez que os mesmos têm contato com a língua através das mídias, internet, filmes etc. Tem sido uma forma de vê-los criar diálogos em inglês e em ter prazer de assim fazê-lo. O trabalho foi realizado em pequenos grupos ou duplas. 2. Materiais e métodos O projeto foi realizado no Colégio Estadual Maria das Graças de Menezes Moura, situado à cidade de Itabi/ SE, com as turmas de 1º Ano do Ensino Médio Regular Integral. É possível relatar que os nomes que temos hoje no colégio não são muito motivados para a aprendizagem de uma segunda língua. Nesse contexto, o teatro foi um recurso facilitador do processo de intervenção em sala de aula, o qual despertou um certo interesse nos alunos, fazendo-os mudar de opiniões, inclusive sobre o ensinoaprendizagem de língua inglesa. No primeiro momento eles reagiram de forma agressiva, “não queriam saber de estudar inglês, que a referida disciplina não é nada fácil, que não gostam de inglês”. Então o primeiro passo foi conquistar os alunos e despertar neles o interesse pela participação nas aulas. Isso foi possível através de dinâmicas, músicas, jogos, leitura de textos, pronúncias em inglês, vídeos, confecção de cartazes e, principalmente, por meio do recurso cênico, que torna o discurso dos alunos mais otimista, como “estudar inglês é bom! É divertido! É interessante!” Após essa conquista ficou mais fácil trabalhar o teatro no processo de aquisição na língua inglesa. Mas alguns ainda resistiram, por não terem fluência na língua inglesa ou por vergonha da turma. O próximo passo foi trabalhar com pequenos diálogos em inglês, voltados

14 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

para a realidade deles, com algumas palavras que eles já tinham visto. O incentivo à prática da pronúncia em inglês contou com recursos de áudio, como o uso de cds com diálogos representados por personagens americanos, seguido da intervenção do professor, na qual os alunos repetem, tiram as dúvidas e se asseguram da pronuncia de determinadas palavras. A etapa subsequente foi pedir que os alunos analisassem os diálogos e criassem os personagens. Então ficou livre para que os alunos fizessem as respectivas adaptações de algumas palavras, como “I’m from New York. I’m American – I’m from Itabi. I’m Itabiense / My name’s Joane Miller – My name’s Maria”, entre outras. O texto foi um pretexto para que eles acrescentassem ou alterassem, não perdendo a essência de cada diálogo que seria debatido no final das apresentações. Cada discurso tinha um conteúdo interdisciplinar a ser trabalhado e discutido, pois tratavam de questões sociais e culturais, como, por exemplo, o que a juventude pensa hoje em relação ao namoro, à nacionalidade, ao êxodo nacional e rural, à profissionalização. Uma semana antes da apresentação eles estavam nervosos e ansiosos, fato comum diante da aplicabilidade do teatro. No dia da apresentação foi dado um tempo para que eles se preparassem psicologicamente e arrumassem a sala. De fato, foram aplicados quatro tipos de diálogos diferentes, sendo apresentados na sequência dos diálogos. Eles se saíram bem na apresentação, cada um teve seu processo de assimilação, uns falavam rápido, outros mais devagar. Mas todos foram respeitados e ouvidos. A proposta era que cada grupo ou duplas pudessem escolher seus diálogos, se faziam na sala ou colégio, criando seus cenários e personagens. Por razão de a comunidade escolar ser carente, os cenários foram produzidos com muita simplicidade, mas com muito esforço. Muitos se prenderam à sala de aula, mas teve uma dupla que foi gravar em uma lanchonete a cena do diálogo entre garçonete e consumidor. Para aqueles que não quisessem gravar, optariam pelo o teatro ao vivo. A maioria preferiu fazer ao vivo, arriscando o Inglês.


3. Resultados e discussão Durante o término deste trabalho de pesquisa constatou-se que um dos maiores enfoques no ensino hoje deve ser centrado no papel dos alunos e estímulos externos que eles recebem do ambiente. O ensino deve ser contextualizado, tornando o processo de aquisição da língua inglesa mais dinâmico. Os alunos precisam refletir sobre a importância da diversidade, como culturas a serem consideradas e valorizadas, relacionando a escola com o mundo exterior de forma a promover uma aprendizagem holística e ajudar os alunos a entenderem a finalidade do aprendizado e desenvolver suas próprias metas. De fato, trabalhar com o teatro resulta em aulas criativas e eficientes, pelo fato do mesmo humanizar as pessoas, desenvolver capacidades e habilidades morais e intelectuais que ainda não foram despertadas, através de alguns mecanismos de interação, como jogos, dinâmicas, improvisações e interpretação. Constatou-se que o professor, ao desenvolver atividades voltadas à própria realidade do aluno, é visto como um facilitador, pois ele está constantemente experimentando várias alternativas de ensino. Foi observado também que diferentes tipos de programas de estudo, dentro de uma orientação comunicativa para o ensino de línguas, empregam caminhos diversos para o desenvolvimento da competência comunicativa. Em outro enfoque observamos que é importante planejar aulas que sejam motivadoras, desafiantes e que ajudem os alunos a desenvolverem e refletirem suas habilidades, pois todos os alunos têm necessidades, personalidades e expectativas diferentes. Verificou-se que paralelo ao recurso cênico, os avanços tecnológicos das últimas décadas facilitam o uso de materiais autênticos para o ensino das habilidades, o que vem contribuindo diretamente para um melhor desenvolvimento das habilidades comunicativas. Dessa forma, a gramática não é ensinada como um tópico isolado, mas origina-se de uma tarefa comunicativa que gera uma necessidade de aprendizagem. Assim, quando começamos a refletir sobre o contexto da sala de aula, deparamo-nos com um conjunto de pessoas diferentes entre si e, sobretudo,

pessoas que aprendem em momentos diferentes e por caminhos distintos. Diante desse panorama estudado, percebemos que afirmar que os alunos de hoje são mais complexos não significa dizer que são mais difíceis de se relacionarem. Assumir a complexidade da ação educativa com motivação, conhecimento e bom senso contribui para o desenvolvimento dos valores, tais como relações democráticas, diálogo, respeito mútuo, respeito às diferenças, aos saberes dos alunos, autonomia intelectual, sala de aula como espaço de criatividade. Percebemos também que a educação sempre exerceu a função de unificar os valores culturais, mas é preciso que os alunos sejam estimulados e motivados à descoberta de suas capacidades. Contudo, é possível dizer que é fácil ensinar de maneira rotineira. Seguindo o material didático do mesmo jeito como ele foi idealizado, sem nenhum esforço. Assim, essa prática pode resultar em lições ineficientes e descontextualizadas, pois o professor pouco fez e/ou faz para acompanhar uma turma específica. Foi muito bom ver os alunos preocupados em elaborar seu trabalho, discutindo sobre como, onde e quando fazê-lo. Cada trabalho foi entregue antes de ser avaliado para que pudesse ser refeito, pois muitos fizeram dentro da escola e o áudio não ajudou por conta dos ruídos. Outros grupos preferiram não gravar, podendo fazer na hora, na sala ou fora dela. Isso ficou a critério de cada aluno ou grupo. Seguem abaixo dois links com uma parte do resultado do trabalho.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  15


Conclui-se, com a certeza, de que o trabalho alcançou seu objetivo, que é aproximar mais o aluno para o ensino de língua estrangeira e perceber a sua importância para a vida, uma vez que foi trabalhado com alunos do baixo sertão. Notamos como um avanço o fato deles terem mais acesso à língua inglesa, através dos diálogos que eles produziram ou palavras que eles agregaram aos seus vocabulários, neste caso, em língua estrangeira. Consideramos esse avanço como um degrau de uma escada que será subido a cada bimestre. Como diz Antonin Artaud, o teatro precisa aproximar, envolver as pessoas, como uma febre que contamina uma comunidade. O teatro sendo usado como uma ferramenta para que seja explorado técnicas de ensino comunicativo da língua inglesa, e, segundo Jack C. Richards, uma das metas do ECLE é o desenvolvimento da fluência no uso da língua estrangeira por meio de atividades, nas quais os alunos devem negociar significados, utilizar estratégias comunicativas, corrigir mal-entendidos e se empenhar para evitar interrupções na comunicação. https://youtu.be/AdvIOJO8v0Y https://youtu.be/dQPKs1tmkKI

4. Conclusão Diante do trabalho desenvolvido no Colégio Estadual Maria das Graças de Menezes Moura foi possível perceber a preocupação e a necessidade do corpo docente para com o discente, em preparar melhor os alunos no processo de ensino-aprendizagem, investir mais em aulas motivadoras e projetos interdisciplinares. O mais relevante neste projeto foi a razão de o corpo discente ser capaz de assimilar conteúdos gramaticais da língua inglesa, como também desenvolver outras habilidades pessoais, através dos trabalhos em grupo propostos pela arte cênica. No entanto, é possível ressaltar que os alunos apontam mais dificuldades do que soluções, e, nesse contexto, a presença do professor tem sido fundamental para incentivar e motivá-los em suas produções. Acreditamos que com o resultado do trabalho, os alunos passaram a ter uma nova visão do que é estudar uma língua estrangeira e sua importância para o dia-a-dia. 16 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Referências ABRAHÃO, Maria Helena Vieira (org.). Prática de ensino de língua estrangeira: experiência e reflexões / Maria Helena Vieira Abrahão (org.). – Campinas, SP: Pontes Editores, Arte Língua, 2004. AMORIM, Vanessa. Cem aulas sem tédio: sugestões práticas, dinâmicas e divertidas para o professor de língua estrangeira / Vanessa Amorim e Vivian Magalhães. – Santa Cruz: Ed. Pe. Réus, 1998. 216p. ARTAUD, Antonin. O teatro e seu Duplo. Tradução: Teixeira Coelho. 1º edição. Max Limonad LTDA. 1984. BOHN, Hilário Inácio e VANDRESEN, Paulino. Tópicos de lingüística aplicada: o ensino de línguas estrangeiras. – Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988. 333 p.: il. (Série didática). FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. – São Paulo. Círculo do livro, 1976. RICHARDS, Jack C. O Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras / Jack C. Richards; tradução Rosana S. R. Cruz Gouveia. – São Paulo: Special Book Services Livraria, 2006, --(Portifólio SBS: reflexões sobre o ensino de idiomas; 13).


Resumo. Saber a história de nossa escola é resgatar e preservar a tradição daqueles que contribuíram para que chegássemos ao contexto atual. Foi nessa perspectiva que o presente trabalho foi desenvolvido no Centro de Educação Básica Auxiliadora Paes Mendonça com os alunos do 8º ano. A iniciativa partiu do livro “A Serra e o Sonho: uma breve história da Fundação Pedro Paes Mendonça” de Ivanildo Sampaio, seguida de pesquisas, entrevistas, ações dentro da escola e fora dela. Com esse projeto os alunos puderam reconhecer, preservar e repassar a história da escola para os atuais e futuros estudantes e integrantes dessa instituição. 1. Introdução Conhecer a nossa história é de suma importância para compreender e formar nossa identidade, além de valorizar nossas raízes. A escola, por ser um ambiente de formação, tem sua importância na construção dessa identidade, por isso resgatar a sua história é também rememorar vivências escolares daqueles que contribuíram para que chegássemos ao ponto em que nos encontramos. Trata-se de uma oportunidade única para compreender, inclusive, a nossa própria realidade. Trazer essa visão de mundo para os alunos é importante para perceber como a influência desse lugar se faz presente no nosso dia a dia. Essa percepção, que por vezes passa despercebida face à conjuntura globalizada em que vivemos, é fundamental para mostrar às nossas crianças e jovens a riqueza da cultura e da tradição dos primeiros personagens e idealizadores dessa instituição da qual atualmente fazem parte. Por estas e outras razões é que, como complemento ao trabalho das disciplinas de História e Língua Portuguesa, motivado a partir das leituras do livro “A Serra e o Sonho: uma breve história da Fundação

Pedro Paes Mendonça” de Ivanildo Sampaio, o projeto O SONHO, UMA HISTÓRIA E MINHA ESCOLA foi realizado durante o ano de 2017. Dentre os objetivos de tal projeto, buscou-se: incentivar o instinto investigador do aluno, reconhecer a história de sua escola, valorizar os bens materiais e imateriais do centro, apreciar a memória e a essência filantrópica idealizada por seu mantenedor e construir um álbum poético de memórias para homenagear, preservar e repassar a história da escola para a comunidade escolar e local. 2. Materiais e Métodos O projeto proposto foi desenvolvido no Centro de Educação Básica Auxiliadora Paes Mendonça com os alunos do 8º ano durante o 3º bimestre letivo do ano de 2017. Sendo motivado inicialmente pelas leituras do livro “A Serra e o Sonho: uma breve história da Fundação Pedro Paes Mendonça” de Ivanildo Sampaio, baseado na obra social do mantenedor do centro educacional, João Carlos Paes Mendonça, bem como a partir de pesquisas, entrevistas, ações dentro da escola e fora dela (comunidade local, moradores antigos e biblioteca comunitária), o projeto trouxe contribuições significativas quanto aos objetivos alcançados. Com a orientação das Professoras de Língua Portuguesa e História, foram formados grupos, que decidiram os objetos de estudo que cada um ficaria responsável na busca pela história da escola: pesquisas no arquivo da escola, entrevistas com o mantenedor (por tratarse de uma instituição filantrópica) e com personalidade que dá nome à escola, ex-alunos e funcionários; busca por registros fotográficos e midiáticos da fundação da escola, leitura do paradidático motivador, produções poéticas a partir das pesquisas e diagramação do álbum poético.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  17


O álbum poético, já impresso, foi lido por toda a turma que avaliou e já se programou para apresentar a produção para as outras turmas da escola e para os funcionários, tornando-o uma fonte de pesquisa para as futuras gerações que tenham curiosidade em saber a história da escola. Além disso, as cópias impressas do álbum passaram a ser divulgadas na comunidade escolar, de sala em sala, pelos grupos de alunos pesquisadores. Eles anunciaram a circulação da produção e deixaram como local de acesso a biblioteca comunitária, onde outros estudantes e moradores da comunidade de Serra do Machado podem ter acesso.

Foto. Alunos na sala

3. Resultados e discussão É comum ouvirmos que não se vive do passado, que o importante é vivenciar o presente e planejar o futuro. No entanto, para se compreender as transformações pelas quais a cultura de um lugar tem passado no decorrer dos tempos, faz-se necessário conhecer como era antes do início de sua construção. O campo tecnológico está cada vez mais intrínseco ao cotidiano do educando, as novidades chegam em tempo recorde e acabam distanciando-os da busca e da valorização do passado. A escola, por sua vez, precisa acompanhar os acontecimentos de maneira que haja contextualização da realidade escolar com a realidade de vida dos educandos, proporcionando uma educação próxima do seu dia a dia, contemplando a valorização da sua história local.

18 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Conceituar cultura não é uma tarefa fácil, é possível encontrarmos várias definições. Segundo Arias (2002, p. 103), cultura é uma expressão da construção humana. É edificada através do diálogo entre as pessoas diariamente. Nessa troca de vivências sociais, são construídos gradualmente significados e símbolos que fazem sentido e que são compartilhados entre um grupo social. Apreciando a própria cultura, o sujeito compreenderá a importância de mantê-la viva na memória, protegê-la e valorizá-la como forma de resguardar o que somos, nossas características, nossa identidade diante das transformações do mundo moderno. Tal cultura, ao ser construída, torna-se repleta de elementos e significados que identificam um povo como pertencente à determinada comunidade ou região, os quais tornam-se singulares e possuidores de uma identidade cultural. Com a publicação e lançamento do livro que conta a história da Fundação Pedro Paes Mendonça (A Serra e o Sonho: uma breve história da Fundação Pedro Paes Mendonça), os alunos perceberam que eram, de certa forma, personagens dessa história. Daí surgiu a vontade e a necessidade de se buscar, para além das informações contidas no livro, a história de idealização e construção do espaço que fazia e faz parte das histórias de vida e da própria construção da identidade cultural e social desses estudantes. Segundo Gaddis (2003), “o estabelecimento da identidade requer o reconhecimento de nossa relativa insignificância no grande esquema das coisas”. Nessa perspectiva, o trabalho com a história da escola foi muito além de um trabalho escolar, desempenhou um papel importante, na medida em que contemplou a pesquisa e reflexão da relação estabelecida socialmente e da relação fundada entre os indivíduos, o espaço escolar e o mundo social. Outro importante aspecto que deve ser levado em conta foi o trabalho com a leitura e com a escrita que passou a ter ainda mais sentido para a vida do aluno. Isso porque a leitura e a escrita deixaram de ser tratadas de modo mecânico e descontextualizado. Pudemos perceber, então, que o trabalho com o projeto deu um novo sentido ao processo de ensino-aprendizagem.


Depois da implantação deste trabalho na turma, o ensino da história local ganhou significado e importância no ensino fundamental de uma escola do interior sergipano. Isso se deu pela possibilidade de introduzir a formação de um entendimento de história que contemple não só indivíduo, mas o coletivo, apresentando as relações sociais que ali se estabelecem na realidade mais próxima. Não necessariamente sendo preciso se remeter a um fato longínquo e sim, naquele que estava o tempo todo ali, tão próximo, mas ao mesmo tempo desconhecido. Outro movimento perceptível é o de valorização do patrimônio escolar, o envolvimento e admiração pelo idealizador, fundador e mantenedor da instituição e pelo legado que os 11 anos de fundação do CEBAPM já construiu e perpetua naquela comunidade e que se tornou ainda mais (re)conhecido entre os educandos. Foi possível resgatar a história do nome da escola como forma de dar voz às histórias desses sujeitos que sempre estiveram num campo idealizado pelos estudantes e passaram para uma perspectiva concreta e real.

Referências ARIAS, P. G. La cultura. Estrategias Conceptuales para comprender a identidad, la diversidad, la alteridad y la diferencia. Escuela de Antropologia Aplicada UPS-Quito. Ediciones Abya-yala, 2002. GADDIS, John Lewis. Paisagens da História. Como os Historiadores Mapeiam o Passado. Rio de Janeiro: Campus, 2003. SAMPAIO, Ivanildo. A Serra e o Sonho: uma breve história da Fundação Pedro Paes Mendonça. Recife: FacForm, 2017.

Conclusão Para os docentes, esse é um projeto muito valioso que tem dado bons frutos à escola, pois oportuniza desenvolver um trabalho a partir das próprias ideias, pesquisas, motivações e vivências dos alunos, aproximando-os do protagonismo juvenil, do pensamento científico, histórico e autônomo, possibilitando uma maior criticidade e ampliação da leitura de mundo e da escrita. Outro grande diferencial é a diversificação na metodologia de trabalho em sala de aula e fora dela devido à heterogeneidade de textos que são explorados, possibilitando o desenvolvimento do senso crítico dos alunos, como também do instinto investigador.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  19


Resumo. Este artigo apresenta um período de uma pesquisa em dança desenvolvida por duas alunas da rede estadual de ensino de Sergipe. Projeto esse contemplado pelo edital 06/2016 da FAPITEC-SE-CNPq para o Programa PIBIC Jr. Ele descreve a realização de parte das atividades previstas no cronograma. Reflete brevemente sobre a importância do ensino da arte e da dança, sobre iniciativas dessa natureza e incentiva a iniciação científica em arte na Educação Básica. 1. Introdução O projeto de pesquisa “Dança e movimento: anatomia da dança como proposta de conhecimento artístico na escola” foi selecionado e premiado com duas bolsas de estudo no Edital FAPITEC/SE/CNPq Nº 06/2016 do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica Júnior - Linha de Pesquisa A, e é parte desse processo de pesquisa que será apresentado neste texto, expondo algumas atividades realizadas pelas alunas no período de março a novembro do ano de 2017. Durante o período, as alunas estudaram técnica, estilo e o surgimento do Balé e do Stilleto Dance, linguagens escolhidas para a pesquisa. Além desses conteúdos, foram estudados aspectos de anatomia do movimento e dinâmicas corporais, não deixando de lado aspectos artísticos. Enfatizamos aqui que a aprendizagem das artes (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro) precisa ir além do ensino de história da arte, ampliando-se por meio de técnicas e processos criativos de forma mais interdisciplinar possível; orientações dadas nesta pesquisa. Como afirma Isabel Marques (2011)

20 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

seria interessante hoje, em nossas experiências educativas na área da dança, problematizarmos a possibilidade de viver o momento, de relativizar o tempo, de não prescrever disciplinas, de enfatizar a relação corporal consigo próprio e com o outro como vetor de um campo contínuo, dinâmico, internalizado e sentido (MARQUES, 2011, p. 72) Ensino, pesquisa e processos criativos em Arte apresentam-se como possibilidades enriquecedoras em espaços escolares e ir além do entendimento de arte/ dança apenas como atividade física para promoção da saúde, recreação e festejo escolar põe a dança em patamar de importância artístico-cultural na educação. 2. Materiais e Métodos A equipe de pesquisa utilizou recursos metodológicos como livros de história e anatomia da dança, textos encontrados em sites e blogs, assim como vídeos de aulas e apresentações de companhias e grupos de dança em canais do YouTube. O primeiro passo foi escolha de estilo de dança – balé e stiletto dance, escolhidos por Juliana Santos e Samantta Oliveira, respectivamente. Em seguida, iniciouse leituras e análises de textos e vídeos referentes às danças, respondendo exercícios escritos e em reuniões presenciais. As alunas também participaram de aulas práticas de balé e stiletto dance na programação do Dia Internacional da Dança, realizado pelo Centro Cubos de Dança, no dia 29 de abril de 2017. A segunda etapa foi a apresentação desse período de pesquisa na CIENART, na qual as alunas expuseram esse período de pesquisa e procurando refletir sobre o processo para reavaliação de suas práticas de pesquisa.


Por isso, fez-se tão importante estudar a anatomia da dança como forma de entrelaçamento de informações e contextualização do que estava sendo compreendido em um sentido mais amplo, como corpo/mente/corpo. A compreensão do movimento humano e sua relação com a dança torna-se tão importante quanto o dançar em si, não apenas o movimento aleatório, visto que a dança é uma arte, uma arte do movimento do corpo humano, com suas questões estéticas, técnicas, anatômicas. Para tanto, também foi importante entender movimento para compreender dança. Movimento é qualquer ação física ou mudança de posição. Porém, quando se observa um bailarino em movimento, isso é muito mais que uma mudança física de posição. É uma arte visual vibrante de imagens rápidas criadas por força, equilíbrio e graça. A estética dessa forma de arte não pode ser sacrificada pela análise científica. Contudo, aprender princípios básicos de movimento permitirá que seu corpo se movimente de modo mais eficaz e seguro (HASS, 2011, pg. 1, 1º par.). Conclusão

Figura 1. A aluna Juliana Santos em aula de balé

3. Resultados e discussão A compreensão das principais características de cada dança, seus principais aspectos, como movimentos, figurinos, trilhas sonoras e coreografias foi de suma importância para a posterior compreensão no momento das aulas práticas e na compreensão dessas linguagens artísticas em seus corpos. A importância dessa etapa da pesquisa dá-se ao fato de que as alunas, ao final de todo o processo, repassariam a outros alunos o que foi aprendido.

Como pesquisa iniciante, percebeu-se que prática e teoria são um binômio de extrema importância em uma pesquisa artística. Pôde-se perceber que as aproximações entre teoria e prática de dança auxiliaram na construção da autoimagem das alunas enquanto pesquisadoras. A percepção da dança enquanto prática, mas com base em aspectos teóricos estudados, pareceu, durante o período relatado, ser um forte recurso pedagógico para o incentivo à pesquisa. Nos referendamos, mais uma vez, em Isabel Marques (2011), importante educadora na área da Dança, que tanto alerta sobre a importância de se ter alunos autônomos e motivados no ambiente escolar.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  21


...a dança tem a possibilidade de deixar de ser uma disciplina escolar pré-moldada, isolada. Ela passará a fazer parte dos conteúdos curriculares que se multiplicam e tecem redes com outras disciplinas, com os alunos, a escola, a cultura e a sociedade, de modo a construí-los e transformá-los; poderia passar a ter espaço próprio nessa rede de comunicações entre o real e o imaginário na contemporaneidade”. (MARQUES, 2011, p.100)

Figura 2. A Aluna Samantta Oliveira apresentando na Cienart-2017

Referências HAAS, Jacqui Greene. Anatomia da dança. Tradução Paulo Laino Cândido. Barueri, SP: Manole, 2011. MARQUES, 2011. Ensino de Dança hoje: textos e contextos – 6. ed. – São Paulo, Cortez, 2011.

22 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Resumo. O presente trabalho retrata a promoção ao conhecimento, valorização e preservação da Praça São Francisco, localizada em São Cristóvão/SE, pelos alunos do 8°ano A e B do ensino fundamental do Centro de Excelência Prof. Hamilton Alves Rocha, instituição de ensino situada no mesmo munícipio. Com intuito de fomentar dentro do ambiente escolar o conhecimento crítico e a apropriação consciente desse sítio arquitetônico como lugar de salvaguarda da memória histórica e cultural que singulariza a identidade local. Tal trabalho se concretiza na proposta da Educação Patrimonial, perspectiva pedagógica que possibilita ao indivíduo a assimilação de sua herança sociocultural em um processo ativo do conhecimento e construção da cidadania. 1. Introdução A temática da Educação Patrimonial é tratada de maneira relevante pela LDB 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 1º, ao trazer para o âmbito escolar a normativa que engloba um processo de reflexão sobre os bens socioculturais produzidos pelo homem no tempo e espaço. Para que os alunos, diante de medidas educativas fomentadas em sua instituição, reconheçam-se como agentes vigilantes da preservação e valorização do patrimônio histórico – material e imaterial, aspecto que define a identidade de um povo. Nesse sentido, no município de São Cristóvão/ SE, muito se fala sobre o patrimônio, uma vez que a cidade teve seu centro histórico tombado em 2010 pela UNESCO. Porém, em uma pesquisa de campo realizada com 142 alunos que integram o turno vespertino do Colégio Estadual Prof. Hamilton Alves Rocha, percebemos que este assunto é ainda desconhecido para

57% dos entrevistados (figura 05). Em conformidade com o campo da Educação Patrimonial, procuramos realizar um trabalho educacional na escola centrado no acervo do Patrimônio histórico-cultural da Praça São Francisco, como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo, ao procurar promover em seus discentes o conhecimento, a valorização e a preservação desse Patrimônio. 2. Metodologia A partir das discussões feitas em classe sobre a importância da divulgação do conhecimento e do sentimento de pertencimento ao patrimônio e à história do lugar onde se vive, decidimos extrapolar os muros da sala de aula. Alunos do 8° ano A e B do Ensino Fundamental realizaram uma pesquisa de campo em nossa escola utilizando um questionário contendo 05 perguntas objetivas, restritas aos discentes do turno vespertino, objetivando o diagnóstico quantitativo acerca da compreensão sociocultural que permeia a Praça São Francisco. De posse dos questionários preenchidos, os dados foram agrupados e organizados através de gráficos, cujas informações nos permitiram constatar que era necessário realizar uma intervenção em nossa escola. Para propagar não só o conhecimento adquirido em sala de aula, mas também a nossa identidade sociocultural que se assenta na arquitetura da Praça São Francisco. Nesse sentido, construiu-se uma maquete representando a estrutura da Praça São Francisco, utilizando sobretudo materiais recicláveis, tais como caixas de suco e o papelão das embalagens da merenda que chega à escola. Concluída a maquete, realizamos uma Mostra intitulada “A PRAÇA É NOSSA: VALORIZAÇÃO

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  23


E PRESERVAÇÃO DA PRAÇA SÃO FRANCISCO, SÃO CRISTÓVÃO/SE, NA CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE CULTURAL”, ocorrida no pátio da escola durante o turno da tarde. Além da maquete, limitamos um espaço com cartazes e imagens para trabalhar conceito, classificação e tipos de Patrimônio, além do significado e processo do Tombamento. Aproveitamos ainda para entregar a cada um dos participantes uma “Cartilha de ações comportamentais num Acervo Público” contendo as regras padronizadas em locais de visitação aos sítios histórico-culturais.

3. Resultados e Discussão De um total de 142 alunos entrevistados, sem distinção de sexo, faixa etária ou ano escolar, foram obtidos resultados evidenciados em conformidade com a sequência de perguntas elaborada para cada quesito.

Figura 03- Respostas dos entrevistados para a pergunta: Você sabe o que é um Patrimônio Histórico?

Figura 1. Maquete produzida pelos alunos do 8°A e B.

Figura 04- Respostas dos entrevistados para a pergunta: Você sabe o que é um Tombamento?

Figura 2. Alunos do Hamilton Alves participando da Mostra “A Praça é nossa”.

24 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Observa-se que, inicialmente, indaga-se ao entrevistado se ele tem conhecimento sobre algumas das principais conceituações que definem um bem material ou imaterial como zelador da memória pública. O resultado exposto (figura 03) revela que 57% afirmou conhecer a definição de um Patrimônio, entretanto, o percentual de 77% informa que os alunos desconheciam o significado de Tombamento. Fato que chamou a nossa atenção, pois como poderíamos exigir da administração federal, estadual ou municipal o reconhecimento e proteção de um bem, se não compreendermos como instrumentalizar a ação?


A essa pergunta, nos restou uma resposta processual de conceituação dentro do nosso trabalho por meio da definição, classificação e tipos de Patrimônio. Na prática, realizamos a abertura de um espaço com cartazes e imagens que abordaram, de maneira dialogada, as explicações necessárias para instruir sujeitos que desejem salvaguardar a identidade que o define enquanto povo e cultura. Em seguida, passa a conceituar o Tombamento e sua utilidade pública como via legal de proteção a um bem.

Aliado a isso, temos os dados expostos na figura 05, os quais tornaram-se o ponto principal do nosso projeto. Diante do total de 57% que afirmou desconhecer a titulação da Praça como um patrimônio histórico, o nosso trabalho tornou-se necessário.

Figura 07- Respostas dos entrevistados para a pergunta: Para você, a Praça representa a sua Identidade Cultural?

Figura 05- Respostas dos entrevistados para a pergunta: Você sabia que a Praça São Francisco é um Patrimônio Histórico?

Figura 06- Respostas dos entrevistados para a pergunta: Já visitou a Praça São Francisco em São Cristóvão?

Vale ressaltar que este trabalho foi realizado numa escola situada no município de São Cristóvão e boa parte dos alunos residem em diversos bairros e povoados que integram o município. Diante desse fato, passamos a interrogar os alunos acerca da visita in loco à Praça São Francisco. O quantitativo de 71% (figura 06) revela substancialmente que os alunos a visitaram em sua localidade, ao menos uma vez. Entretanto, de alguma maneira a conceituação dela como um Patrimônio esvazia-se, em determinados casos, no processo de memória e pertencimento histórico cultural como revelou os dados da figura 05. Para o último questionamento, buscou-se pensar a Praça São Francisco como sendo um elemento constituinte da identidade local. Os dados salientam que, embora 61% admita que o Largo representa, particularmente, a sua identidade sociocultural, o quantitativo de 39% é uma expressão considerável para um grupo de jovens que integra uma comunidade que tem em seu bojo a obrigatoriedade da preservação desse monumento para as gerações futuras e em respeito à história dos seus antepassados.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  25


Diante desse cenário, o simples fato da realização da Mostra sobre a pluralidade histórico-cultural materializada na arquitetura da Praça São Francisco, em nossa escola, constitui o resultado primordial do projeto. A partir do momento em que o grupo do 8°A e B, diante das inquietantes respostas coletadas e analisadas no campo escolar, realizaram a missão de levar aos colegas não só conhecimento teórico, mas também a conscientização acerca de seus deveres, bem como da valorização e promoção do respeito e bem-estar com os bens que integram sua comunidade, abriram o caminho para que novos agentes da preservação possam surgir. Conclusão

Figura 08 - Alunos do 8°A e B na Mostra “A praça é nossa”.

Apesar de levar o nosso projeto a um turno de nossa comunidade escolar, devido aos problemas de estadia na escola, seja por questões pessoais, transporte ou alimentação, o evento não deixou de promover o conhecimento e a valorização dos bens históricos e culturais presentes no tema de estudo. Isso, ao ser protagonizado por um grupo de alunos do 8° ano A e B que adentrando na perspectiva da Educação Patrimonial, ao inserir teoria e prática, constituíram agentes ativos

26 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

na construção do conhecimento, proporcionando aos companheiros de escola um (re)conhecimento da identidade do povo são cristovense materializado na arquitetura da Praça São Francisco. Nesse sentido, entende-se que há muito ainda a ser feito, espaços a serem conhecidos, divulgados e preservados em nossa comunidade como um todo.


Resumo. O presente projeto foi executado na Disciplina Eletiva (parte diversificada da grade curricular do Ensino Médio em Tempo Integral) por professores e alunos do 1º ano do Ensino Médio do Centro de Excelência José Rollemberg Leite (CEJRL). Do Mato ao Prato apresentou-se como uma excelente ferramenta geradora de conhecimento que envolveu as diversas disciplinas (Biologia, Geografia, História, Matemática e Química), nas quais foram abordadas temáticas sobre alimentação e cultivo de horta. O trabalho de campo relacionou-se à adubação, plantação, irrigação, colheitas de legumes e hortaliças que foram utilizados como complemento da merenda escolar, contribuindo para a melhoria na qualidade da alimentação fornecida pelo CEJRL. Também é importante salientar que o projeto contribuiu para o processo de ensino-aprendizagem e para delinear o “projeto de vida” dos alunos que têm interesse pela área de gastronomia e nutrição. 1. Introdução Este trabalho tem como objetivo principal desenvolver nos alunos a compreensão da agricultura familiar e o desenvolvimento de um espírito científico investigativo no que diz respeito às técnicas utilizadas no cultivo de legumes e hortaliças, bem como à procedência dos alimentos comercializados em feiras livres. Além disso, promover a capacidade para o trabalho em equipe, a cooperação, o respeito e o senso de responsabilidade, a alimentação saudável e alternativa livre de agrotóxicos. As atitudes são predisposições que influenciam o comportamento de um indivíduo e a formação de uma atitude ecológica e cidadã implica em desenvolver habilidades e sensibilidades para compreender os problemas ambientais, fazer frente aos mesmos e

estimular o comprometimento com a tomada de decisões, além de entender o ambiente como uma rede de relações entre sociedade e natureza (CARVALHO, 2006). Nessa mesma linha de pensamento, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sugerem que os conteúdos de educação ambiental e alimentar sejam tratados nos temas transversais de maneira interdisciplinar na educação formal. Em outras palavras, propõe-se que as questões ambientais e de saúde permeiem os objetivos, conteúdos e orientações didáticas em todas as disciplinas. Nesse contexto, sendo função da educação científica desenvolver o aluno de modo a prepará-lo para o protagonismo juvenil, exercendo de forma plena sua cidadania, inclusive ambiental, a comunidade escolar do CERJL se propôs a conhecer, plantar, preservar e alimentarse de produtos saudáveis, sem agrotóxicos, na instituição escolar e na comunidade de seu entorno, sensibilizando e despertando o interesse da comunidade pela preservação ambiental. As atividades desenvolvidas durante o projeto tiveram caráter investigativo, qualitativo e quantitativo, pois os alunos fizeram pesquisas bibliográficas em livros, revistas e artigos; pesquisa de campo na feira livre com aplicação de questionário; e pesquisa na horta da própria escola. 2. Materiais e Métodos 2.1. Localização da área estudada O Centro de Excelência José Rollemberg Leite (CEJRL) está situado no bairro José Conrado de Araújo, na Cidade de Aracaju-SE. A escola (Figura 1) foi inaugurada no ano de 1953, tem uma estrutura física com capacidade para acolher 860 alunos, possui 13 salas de aula, 1 direção, 1 secretaria, 1 sala de professores, 1 sala de coordenação, 1 almoxarifado, 1 depósito de alimentos, 1

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  27


sala da Banda Marcial, 1 cantina, 1 cozinha, 1 biblioteca, 1 laboratório de informática, 1 laboratório de ciências naturais, 1 auditório, 1 sala de recursos multifuncionais, 1 quadra poliesportiva, 1 sala do grêmio, 1 sala para descarte de lixo e 1 área de horta escolar.

Figura 1. Vista frontal do CEJRL. (Fonte: arquivo dos autores).

2.2. Metodologia O projeto de caráter investigativo, qualitativo e quantitativo, foi desenvolvido na Disciplina Eletiva (parte diversificada da matriz curricular do ensino médio em tempo integral) e contou com a participação de professores e alunos do 1º ano do Ensino Médio. Foram planejadas e executadas as seguintes ações: I) abordagens e discussões sobre temáticas ligadas à alimentação e aos cuidados e manejo com a horta escolar; II) oficinas sobre gastronomia, especialmente sobre a importância e a forma de elaborar alimentos em conserva, as oficinas foram ministradas por um profissional da gastronomia; III) pesquisa na feira livre, a fim de realizar entrevista com a aplicação de questionário junto aos vendedores, para levantar a procedência, a conservação e a higienização dos alimentos, assim como o destino dado aos alimentos estragados e a existência de alimento transgênico e com agrotóxico; IV) atividades de campo na horta escolar: capinagem, arejamento, irrigação, plantação, percepção do desenvolvimento vegetal e colheita para a utilização na merenda escolar.

28 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

3. Resultados e discussões 3.1. Abordagem teórica das temáticas Os professores integrantes do projeto elaboraram slides e materiais impressos das seguintes temáticas: história da alimentação humana; reeducação alimentar; análise sensorial dos alimentos; higienização de legumes e hortaliças; macro e micronutrientes do solo; horizontes do solo; desenvolvimento da planta; cuidados e manejo com a horta escolar. As apresentações das temáticas foram realizadas no laboratório de ciências e no canteiro da horta escolar (Figura 2). Essas discussões foram imprescindíveis para que os discentes compreendessem os tópicos que cercam o projeto, os quais contribuirão com a formação do protagonismo estudantil no momento em que permite a tomada de decisões, principalmente no que tange à escolha por uma alimentação saudável.

Figura 2 (a, b, c): Apresentações e discussões das temáticas no Laboratório de Ciências e no canteiro da horta do CEJRL. (Fonte: arquivo dos autores)


3.2. Oficinas sobre legumes em pote As oficinas (Figura 3) foram mediadas pelo Tecnólogo em Gastronomia, Welersson Brás, que explanou de forma clara e dinâmica sobre a importância e a elaboração de legumes em pote, a fim de manter uma refeição mais natural e nutritiva no ambiente escolar, visto que o Ministério da Saúde revelou que quase metade da população brasileira está acima do peso e que apenas 20,2% ingerem cinco ou mais porções por dia de frutas e hortaliças (quantidade recomendada pela OMS). Um estudo feito por Blochi et. al (2016) mostrou que 25% dos estudantes brasileiros estão com excesso de peso. Esses dados ressaltam a importância de desenvolver nas escolas projetos e atividades que favoreçam uma alimentação saudável aliada à prática de atividade física.

3.3. Pesquisa na feira livre da comunidade local do CERJL Os alunos com auxílio dos professores realizaram entrevistas com aplicação de questionário (Figura 4) junto a 25 vendedores da feira livre do bairro José Conrado Araújo, sendo 14 do sexo feminino e 11 do sexo masculino. A análise dos dados revelou que mais de 75% dos feirantes comercializam alimentos que tiveram contato com agrotóxicos e apenas 2 vendedores comercializam transgênicos. Quanto à procedência dos alimentos, o estudo levantou que a maior parte dos alimentos é advinda das cidades sergipanas (Tabela 1).

Figura 4 (a, b): Pesquisa de campo na feira livre do bairro José Conrado de Araújo. (Fonte: arquivo dos autores) Tabela 1. Origem dos alimentos comercializados na feira livre do bairro José Conrado Araújo.

ORIGEM 1

Capua-SE; Juazeiro-BA; 7 Petrolina-PE; cidades). 4

2

3 Cristinápolis-SE; Itabaiana-SE; 5 6 Lagarto-SE; Malhador-SE; 8 9 Riachuelo-SE; Sergipe (diversas

FRUTAS/LEGUMES/HORTALIÇAS abacaxi7,9, goiaba9, laranja5, limão3, maracujá5, melancia2, tangerina1,6,8, uva1,4, verduras9, legumes9, hortaliças9.

Os números sobrescritos são a relação do alimento com sua cidade de origem.

Figura 3 (a, b, c): Oficinas sobre legumes em potes no laboratório de ciências e no auditório do CEJRL. (Fonte: arquivo dos autores)

Tabela 1. Origem dos alimentos comercializados na feira livre do bairro José Conrado Araújo.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  29


3.4. Cuidados e manejo com a horta escolar Após as discussões dos temas propostos, o próximo passo foi a materialização do projeto, os alunos e professores se dedicaram aos cuidados e manejo com a horta já existente na escola. As atividades de capinagem, arejamento, irrigação, plantação, percepção do desenvolvimento vegetal e colheita de legumes e hortaliças para o complemento da merenda escolar foram realizadas diariamente/semanalmente (Figura 5).

Conclusão Sabemos que a escola é o ambiente propício a desenvolver atitudes que favoreçam o protagonismo nos discentes. Dessa forma, o projeto Do Mato ao Prato teve a missão de reeducar os alunos do ensino médio em tempo integral quanto à prática de uma alimentação saudável, por meio das variadas temáticas trabalhadas e das atividades de campo realizadas na horta escolar. Foi notório que os alunos já iniciaram uma mudança em sua alimentação no período em que estão na escola, pois criaram um Clube de Gastronomia. A perspectiva é a continuidade do projeto e do clube com abordagens de outras temáticas, como a importância de conhecer os valores nutricionais dos alimentos, análise dos rótulos das embalagens de alimentos utilizados no cotidiano do aluno, cultivo de plantas alimentícias não convencionais (Pancs) e a confecção de cartilha com receitas de alimentos alternativos e nutritivos. Referências BLOCHI. K. V. [et al.]. Prevalências de hipertensão arterial e obesidade em adolescentes brasileiros. Rev Saúde Pública; 50(supl1):9s. 2016 CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. 2 ed. São Paulo: Cortez, 255p., 2006. LOPES, A. S. Manual internacional de fertilidade do solo / tradução e adaptação. 2ªed. revisão e ampl. Piracicada: POTAFOS, 1998. PCN, Parâmetros Curriculares Nacional, MEC, 1988. RODRIGUES, M. L. C.[et al.]. Alimentação e nutrição no Brasil. Brasília: Universidade de Brasília, 92 p. 2009.

Figura 5 (a, b, c). Manutenção da horta do CEJRL. (Fonte: arquivo dos autores)

30 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Resumo. Agrotóxicos são substâncias químicas utilizadas para eliminar espécies que podem comprometer a agricultura. No entanto, sua utilização traz riscos à saúde humana e ambiental. O objetivo deste estudo foi averiguar a apreensão de diferentes comunidades de Simão Dias/SE sobre a temática. Para tanto, foram realizadas entrevistas com agricultores, estudantes e membros da comunidade do município em questão. Os dados mostraram que “veneno químico” é o conceito de agrotóxico mais presente entre os agricultores, e que poucos utilizam Equipamentos de Proteção Individual em sua manipulação. No tocante ao discurso de estudantes e comunidade, não houve distanciamento significativo. Assim, é necessário maior aprofundamento na temática, a fim de compreender a relação entre agrotóxicos e saúde no município estudado. 1. Introdução Agrotóxico é o termo dado a diversas substâncias químicas utilizadas na agricultura com o objetivo de eliminar espécies comumente chamadas de pragas. Essas espécies podem variar entre todos os reinos biológicos, porém, vegetais, animais e fungos são as mais referenciadas como tal. A utilização desenfreada dessas substâncias traz riscos à saúde populacional, como também impactos ao solo, fauna, flora e corpos hídricos. O município de Simão Dias, localizado no Centro-Sul sergipano, por ter a agricultura como principal atividade econômica, pode ter alta relação com a utilização de agrotóxicos em suas lavouras. Devido à relação existente entre o município em questão e às práticas agrícolas, surgiram as questões motivadoras deste estudo: como os agricultores referenciam os agrotóxicos em seu cotidiano? Os riscos trazidos por sua manipulação/utilização são

compreendidos por aqueles que os utilizam? Existem diferenças na compreensão de agrotóxicos entre estudantes e comunidade do entorno do colégio? Baseado nas reflexões acima mencionadas, o objetivo deste estudo foi averiguar as diferentes apreensões de agricultores, estudantes e comunidade do município de Simão Dias acerca do uso de agrotóxicos e suas consequências. 2. Materiais e Métodos 2.1 Gênese da proposta A presente pesquisa foi proposta no âmbito da Semana de Arte, Cultura, Ciência e Desporto (SACCID) do Centro de Excelência Dr. Milton Dortas (CEMD), realizada no ano letivo de 2016. Nesse sentido, foi sugerida uma pesquisa de campo, na qual os educandos interagiram com diversas comunidades do município. Após a ida a campo e análise de dados, os resultados foram apresentados aos demais discentes da escola por meio de um pôster com os resultados do trabalho, durante a culminância da SACCID. 2.2 Pesquisa de campo Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três grupos distintos da cidade e dos povoados Apertado de Pedras, Cumbe I, Sítio Alto, Salobra e Assentamento 8 de outubro. A escolha desses povoados deu-se de forma aleatória, obedecendo, principalmente, a procedência dos alunos do colégio. Foram entrevistados 15 agricultores, 15 estudantes do CEMD e 15 membros da população em geral, que responderam aos questionamentos propostos, sendo os relatos literalmente transcritos e agrupados nos resultados deste estudo, de

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  31


natureza qualitativa e quantitativa. Do mesmo modo, os entrevistados foram questionados sobre aspectos conceituais acerca dos agrotóxicos, impactos causados à saúde e formas sustentáveis de prática agrícola. As entrevistas variaram de acordo com o grupo pesquisado: agricultores/as responderam a questionamentos relacionados à prática agrícola, principalmente sobre a definição e riscos de utilização dos agrotóxicos, ao passo em que estudantes e população em geral responderam questionamentos que objetivavam relacionar o grau de distanciamento/proximidade entre seus discursos. 3. Resultados e Discussão Ao analisar as entrevistas com agricultores acerca da definição do termo agrotóxico, a maioria significativa dos entrevistados respondeu que se tratava de um “veneno”. As demais respostas variaram entre “remédio” e “substância”, sem especificar de que substância se tratava (Figura 1). Essa variação entre os termos “remédio” e “veneno” possui origem na publicidade e utilização de agrotóxicos. Enquanto o primeiro traz o discurso dos fabricantes que veiculavam o produto como “remédio para plantas”, visando a aceitação deste pela população, o outro traz a experiência do campo em sua utilização, onde tal substância nociva é utilizada para eliminar pragas, conforme refletem os resultados desse estudo (Figura 2), atribuindo a característica de veneno (PERES; MOREIRA; DUBOIS, 2003).

Figura 2: Resposta à utilização de agrotóxicos pelos agricultores/as entrevistados.

Conforme mostram os resultados da pesquisa, a grande maioria dos agricultores que trabalha em lavouras de grandes produtores e também investe em agricultura familiar utiliza agrotóxicos para eliminar pragas da lavoura. No entanto, essa utilização acontece de forma irregular, com pouca utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). A maior parte dos entrevistados (n=12) afirmou que não utiliza tais equipamentos, manipulando os venenos químicos apenas com roupas de uso habitual, variando entre camisas de mangas curtas e longas na proteção dos seus corpos (Figura 3).

Figura 3: Vestimentas utilizadas por agricultores/as na manipulação de agrotóxicos.

Figura 1: Definição do termo “agrotóxico” pelos agricultores/as.

32 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Raros dos entrevistados mencionaram a utilização de máscaras, óculos e roupas adequadas na pulverização do veneno, o que pode sugerir pouca informação quanto aos riscos trazidos por tais práticas para a saúde humana. De acordo com Veiga e colaboradores (2007), é fato comum, no Brasil, a não utilização de EPI na agricultura familiar. Para os autores, essa cultura pode estar associada às condições ergonômicas dos equipamentos, que não são adequadas aos ambientes, mantendo altas temperaturas, que


ocasionam desconforto para os trabalhadores. Em contrapartida, apesar da utilização dos venenos químicos pela maioria dos entrevistados, conforme expõem os resultados deste estudo, os agricultores demonstraram acreditar na existência de alternativas para substituir o consumo de agrotóxicos (Figura 4).

Figura 4: Existência de provável alternativa para substituição dos venenos químicos agrícolas na concepção dos agricultores/as.

De igual forma, ao entrevistar estudantes do CEMD e membros da comunidade da qual a escola faz parte sobre as prováveis alternativas ao uso de agrotóxicos, diversos pontos foram elencados, a saber: orgânicos e controle biológico. Além disso, aspectos como necessidade da utilização e riscos associados também foram respondidos por tais grupos (Quadro 01). Em consonância com Fernandes e Stuani (2015), a temática configura um tema social e científico controverso, sendo necessário tratá-la nos espaços formais de Educação, de maneira contextualizada. Quadro 1: Grupamento das principais palavras-chave presentes nas entrevistas com estudantes e comunidade.

Estudantes

Comunidade

Que são agrotóxicos?

Veneno; remédio; produto químico

Quais os riscos da utilização?

Doenças; morte; contaminação

Veneno; substância química; inseticida; alimento; remédio

Sim; não

Sim; não

Acredita que já consumiu agrotóxicos?

Sim

Sim; não

Sustentabilidade; Conhecimento; Orientação; Orgânicos; Fertilizantes naturais

Consciência; Inutilização; Controle biológico; Orgânicos

Julga necessária a utilização?

Quais as possíveis alternativas para evitar a utilização e consumo?

Palavras-chave

Conclusão A definição de agrotóxicos, seus usos e riscos, com base nos resultados desse estudo, assemelharam-se entre todos os grupos estudados, uma vez que a temática é amplamente difundida nos meios de divulgação, prevalecendo a noção de veneno químico, que pode trazer danos à saúde humana. Apesar disso, a utilização de EPIs, por parte dos agricultores/as, ainda é insuficiente. De igual forma, quando levados em consideração os discursos dos estudantes, pôde-se observar maior aprofundamento de caráter técnico-conceitual, que pode ter relação com os conteúdos científicos abrangidos pelo currículo escolar, mesmo que a interpretação da temática não tenha tido um grau significativo de distanciamento entre todos os grupos. Nesse sentido, o aprofundamento dos pontos aqui estudados se faz necessário para promover maior conhecimento da relação entre venenos químicos e as consequências associadas à sua utilização. Referências FERNANDES, Carolina dos Santos; STUANI, Geovana Mulinari. Agrotóxicos no Ensino de Ciências: uma pesquisa na Educação do campo. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 3, p. 745-762, jul./ set., 2015. PERES, Frederico; MOREIRA, Josino Costa; DUBOIS, Gaetan Serge. Agrotóxicos, saúde e ambiente: uma introdução ao tema. In: PERES, Frederico; MOREIRA, Josino Costa. (Org). É veneno ou remédio?: agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003. p. 21-41. VEIGA, Marcelo Motta; DUARTE, Francisco José de Castro Moura; MEIRELLES, Luiz Antonio; GARRIGOU, Alain; BALDI, Isabelle. A contaminação por agrotóxicos e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Rev. Bras. Saúde Ocup., São Paulo, v. 32, n. 116, p. 5768. 2007.

Doenças

Fonte: Dados da pesquisa. Quadro 1: Grupamento das principais palavras-chave presentes nas entrevistas com estudantes e comunidade. Fonte: Dados da pesquisa.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  33


Resumo. Durante o período de junho de 2013 a junho de 2017 foi realizada uma pesquisa no intuito de investigar a atual situação do Rio Real dentro dos limites do município de Poço Verde/SE. A análise, discussão e compilação dos dados culminaram na elaboração de uma cartilha informativa que foi divulgada e distribuída em escolas públicas estaduais e municipais de Poço Verde/ SE, na Secretaria Municipal de Educação, na Câmara de Vereadores e na Biblioteca Municipal. Espera-se que esta cartilha possa sensibilizar educadores e demais cidadãos poçoverdenses para a necessidade de conhecer melhor sua realidade socioambiental no intuito de gerar uma concepção holística do papel do ser humano nos ecossistemas e assim desenvolver uma convivência mais harmoniosa com o meio e os seres vivos. 1.Introdução Durante o período de junho de 2013 a maio de 2014, com o incentivo da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC) dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior/CNPq, foi realizada uma pesquisa juntamente com alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor João de Oliveira, situado no município de Poço Verde/SE, no intuito de investigar a situação do Rio Real dentro dos limites do município de Poço Verde/SE. A visita a alguns pontos do leito do rio, desde sua nascente até o local onde faz a divisa com a Bahia na sede do município de Poço Verde, permitiu fazer algumas considerações. A nascente encontra-se em estado crítico: não há mata ciliar e a continuidade do curso é interrompida a cada cerca, quando se inicia uma nova propriedade rural e seu dono constrói uma represa. Desse modo, o curso só é contínuo quando as

34 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

chuvas são fortes o suficiente para transpor os paredões desses reservatórios de água. No entanto, ao longo do curso, pode-se verificar localidades onde ainda há água corrente, mata ciliar presente e biodiversidade visível. Porém, devido à construção da barragem Padre Melo no povoado São José, o rio teve o seu fluxo diminuído e chega ao território da cidade de maneira muito tímida, mesmo em época das chuvas de verão. Para além da pouca água existente no curso do rio, é preocupante a grande quantidade de lixo e esgotos domésticos depositados nele, especialmente na proximidade da zona urbana. Desse modo, a pouca água que consegue ultrapassar a área fronteiriça da cidade incorpora diversos tipos de dejetos físicos, químicos e biológicos comprometendo a qualidade da água. Diante desses resultados, surgiram outras questões que suscitaram uma nova pesquisa: (1) Qual foi o papel do Rio Real na construção do espaço urbano poçoverdense? (2) Onde é a Serra do Tubarão, suposta nascente do Rio Real? Sendo assim, os objetivos desta nova pesquisa, desenvolvida entre 2015 e 2017, foram: (1) Investigar a importância do Rio Real na construção do espaço urbano poçoverdense; (2) Investigar a localidade da Serra do Tubarão e sua relação com a nascente do Rio Real; (3) Divulgar, por meio de uma cartilha, os resultados da pesquisa. A escolha por pesquisar o Rio Real justificouse pela necessidade de conhecer melhor essa bacia hidrográfica, especialmente a parte que abrange o município de Poço Verde, com o objetivo de orientar atitudes que primem pela conscientização, valorização e preservação desse recurso natural.


2. Materiais e Métodos No intuito de investigar o papel do Rio Real na construção do espaço urbano poçoverdense foi necessário buscar documentos e informações com moradores mais antigos que revelassem algum aspecto relativo à mudança da cidade para a margem esquerda do Rio Real. Para identificar a localidade da Serra do Tubarão e sua possível relação com a nascente do Rio Real foi necessário fazer um levantamento em mapas da região a fim de encontrar a referida serra. Em seguida, realizou-se uma expedição ao local a fim de identificar algum curso de água e sua possível relação com o Rio Real. Ao final, os dados foram organizados em formato digital e impressos sob a forma de uma cartilha informativa.

Verificou-se que a nascente do Rio Real está localizada no povoado São Francisco no município de Poço Verde, porém não fica próximo a nenhuma serra, muito menos à Serra do Tubarão (Figura 2). Trata-se de uma nascente que já fora de afloramento subterrâneo, mas que, por conta do desmatamento e consequente assoreamento, transformou-se em uma nascente de origem pluvial.

3.Resultados e Discussão Mediante a coleta e análise dos dados concernentes à relação existente entre o rio Real e a construção do espaço poçoverdense foi possível perceber que o desenvolvimento da cidade às margens do rio foi mais por uma questão cultural do que propriamente uma dependência de suas águas para sobrevivência humana (Figura 1). Os moradores sempre utilizaram reservas de água de chuva como açudes e tanques, pois o rio sempre foi temporário e restrito ao período chuvoso na região. No entanto, segundo os moradores, quando a Caatinga era preservada ao redor do rio, nos períodos chuvosos as pessoas tomavam banho e lavavam roupas nas águas correntes.

Figura 1 – Capela da Santa Cruz em Poço Verde onde começaram as primeiras povoações da cidade. Ao fundo, árvores ao redor do Rio Real. Fonte: Guga Drone

Figura 2. Nascente do Rio Real no povoado São Francisco. Fonte: Pesquisa de campo

Os resultados dessas pesquisas sobre o Rio Real foram compilados e organizados dando origem a uma cartilha confeccionada em papel de fotografia e encadernada em capa dura com o título: “O Rio Real no município de Poço Verde: conhecendo para melhor conviver”. Foram produzidas 22 exemplares da cartilha (Figura 3) contendo 46 páginas, agrupadas em nove partes. A primeira parte traz uma breve introdução sobre os objetivos do projeto e seus financiadores. Em seguida, são apresentados os aspectos socioeconômicos do município de Poço Verde para, então, adentrar na relação existente entre o rio e o surgimento da cidade. Na quarta parte são apresentados os dados referentes à localidade onde o rio nasce, bem como as condições ambientais da nascente. Logo após, é realizada uma argumentação sobre a importância do Rio Real no município de Poço Verde, tanto no aspecto ecológico, quanto no que se refere

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  35


ao abastecimento de água da cidade. Na sexta parte, são expostas as ações de órgãos públicos municipais no intuito de conscientizar sobre a importância do Rio Real. Em seguida, é realizada uma discussão sobre as condições ambientais de alguns pontos do rio desde a nascente até a zona urbana. Então, são apresentadas algumas espécies vegetais encontradas na mata ciliar que foram identificadas durante as expedições ao rio. E, por último, são feitas algumas considerações sobre a importância da pesquisa e apresentadas os referenciais bibliográficos utilizados na contração da mesma.

processo da pesquisa e os resultados alcançados (Figura 4), ressaltando a importância ecológica do rio na comunidade. Após passar em todas as salas, a cartilha era entregue ao resposável pela insituição escolar para fazer parte do acervo da biblioteca.

Figura 4. Exposição da cartilha na Escola Municipal João Rabelo do Rosario. Fonte: Pesquisa de campo

Figura 3. Exemplares das cartilhas. Fonte: Pesquisa de campo

Um exemplar de cada cartilha foi entregue nas escolas públicas municipais (Escola Municipal Gov. Antonio Carlos Valadares, Escola Municipal Dona Caçula Valadares, Escola Municipal João Rabelo do Rosario, Escola Municipal Porfírio Vieira da Silva, Escola Municipal Veridiano Zacarias de Oliveira, Escola Municipal Deputado Messias Gois, Escola Municipal Presidente José Sarney), nas escolas públicas estaduais (Escola Estadual Epifânio Dória, Escola Estadual Sebastião da Fonseca, Escola Estadual Antônio Muniz de Souza, Colégio Estadual Professor João de Oliveira), na Câmara Municipal de Vereadores, na Biblioteca Municipal Epifânio Dória e na Secretaria Municipal de Educação. As cartilhas foram distribuídas nos dias 29 de maio e 19 e 21 de junho de 2017, seguindo a seguinte dinâmica: a equipe de professores e alunos do projeto apresentavam a cartilha contando como foi o

36 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Durante a entrega das cartilhas foi possível perceber o interesse dos alunos manifestado através de perguntas, olhares curiosos, muita atenção e respeito à apresentação do trabalho. Melhor ainda foi ouvir de alguns professores e gestores o desejo de desenvolver projetos de educação ambiental em suas loacalidades e ressaltando que a cartilha serviria de fonte de pesquisa e inspiração neste processo. Conclusão Com este trabalho foi possível compreender um pouco da história do Rio Real em Poço Verde, seu passado de águas correntes e convívio mais íntimo com os moradores, apesar da pouca relação com o surgimento da cidade. Concluiu-se que a nascente do Rio Real não fica próxima a nenhuma serra e que a situação do rio no presente é preocupante devido ao assoreamento, desmatamento e poluição. Espera-se que no futuro os poçoverdenses compreendam a importância ecológica, histórica e social deste manancial. Esse é o primeiro passo para a


conscientização da necessidade de medidas concretas e urgentes que possam a vir minimizar os impactos ambientais sobre esse recurso natural. Nesse sentido, acreditamos que a cartilha pode auxiliar no processo de sensibilização dos educadores e demais cidadãos para a necessidade de conhecer melhor sua realidade socioambiental no intuito de gerar uma concepção holística do papel do ser humano nos ecossistemas e assim desenvolver uma convivência mais harmoniosa com o meio e os seres vivos. Referências ANDRADE, Giseldo Rabelo. A Caprinocultura no Município de Poço Verde: uma atividade econômica em evolução. Lagarto, Se: FJAV, 2009. COSTA, Boni Guimarães. A bacia inferior do Rio Real: uma análise socioambiental. Dissertação (Mestrado em Geografia). São Cristóvão, UFS, 2011. SATO, Michèle. Educação Ambiental. São Carlos, SP: RIMA, 2003.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  37


Resumo. As alterações ambientais têm sido motivo de estudos desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, e se perpetuam até os dias atuais. O objetivo da pesquisa foi analisar como a ação antrópica interfere na vida aquática no rio Poxim no bairro Jabutiana. A metodologia partiu de levantamento bibliográfico, envolvendo a temática, e aulas de campo para identificação da problemática in loco. As informações coletadas foram transformadas em cartilha e H.Q. O público envolvido foi 41 alunos da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor Joaquim Vieira Sobral, em Aracaju. A pesquisa partiu de aulas interdisciplinares, de Biologia e Geografia, envolvendo a temática hídrica do bairro. Espera-se, com a mesma, que os alunos sejam capazes de identificar impactos ambientais e seus reflexos para o planeta, buscando, através da sensibilização, que o conhecimento seja expandido para além dos muros escolares. 1. Introdução O rápido processo de urbanização transformou o espaço geográfico, refletindo em mudanças sociais, econômicas, culturais e ambientais. Essas mudanças, embora gerem desenvolvimento, produzem impactos negativos à vida aquática. Cerca de “20% de todas as espécies de água doce estão ameaçadas ou em perigo” Tundisi (2011, p. 72) devido à poluição proveniente de esgotos domésticos e efluentes; agentes, esses, que impactam diretamente na vida aquática dos corpos hídricos. As agressões antrópicas a esses ecossistemas ocasionam alterações em toda sua cadeia natural e, com o passar dos anos, esses impactos são visíveis e refletidos na natureza. A pesquisa tem como objetivo analisar como a ação antrópica interfere na vida aquática do rio Poxim

38 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

no bairro Jabutiana. O referido rio tem sua nascente no povoado Cajueiro em Itaporanga D’Ájuda e faz parte da bacia hidrográfica do rio Sergipe. A questão motivadora da pesquisa surgiu a partir de observações levantadas sobre a comunidade local, em aulas interdisciplinares (Biologia e Geografia), nas quais foram trabalhados conteúdos ligados à hidrografia e vida aquática no rio Poxim. Esse fato motivou o aluno a questionar de que maneira a poluição das águas tem consequências negativas tanto para o meio ambiente como para as populações humanas que dele dependem. Problemas como o aspecto visual das águas (coloração cinza e esverdeada) e a liberação de odores em pontos do rio instigaram os alunos a pesquisarem a origem e possíveis soluções para os fenômenos ali presentes. 2. Materiais e Métodos A pesquisa desenvolveu-se no Colégio Estadual Professor Joaquim Vieira Sobral, situado no bairro Jabutiana em Aracaju/SE, e contou com a participação de 41 alunos da 2ª série do Ensino Médio dos turnos matutino e vespertino. As atividades foram desenvolvidas a partir da integração dos conteúdos trabalhados nas disciplinas Biologia e Geografia sobre a temática hídrica do planeta com estudo específico sobre o rio Poxim, que atravessa o bairro Jabutiana e compõe a paisagem hídrica do local. A partir da interdisciplinaridade, a pesquisa seguiu as seguintes etapas: Primeiro momento: leituras através de material publicado em livros, revistas, artigos científicos, jornais e periódicos envolvendo a temática hídrica (bacias hidrográficas, qualidade da água do rio Poxim, águas urbanas, saneamento ambiental).


Segundo momento: foram realizadas duas aulas de campo; sendo a primeira aula na fase inicial da pesquisa. Nela, os alunos puderam observar aspectos socioambientais no entorno do rio, como a expansão imobiliária no bairro e os impactos causados pelo descarte de resíduos sólidos, esgotos domésticos e efluentes nas águas do Poxim, conforme figuras 01 e 02. Durante a pesquisa in loco, os alunos fotografaram situações em que a comunidade se estabeleceu próximo ao leito do rio, a exemplo do Largo da Aparecida, comunidade inserida no bairro Jabutiana.

Figura 01. Esgoto doméstico- (Arquivo pessoal)

Terceiro momento: de volta à escola, foi realizado um debate sobre os conteúdos trabalhados em sala e os mesmos foram comparados à realidade que foi encontrada na aula de campo. Os alunos fizeram suas contribuições e questionamentos, que resultaram em um momento ímpar por proporcionar aos mesmos um conhecimento real, a partir da associação da teoria e da prática. Quarto momento: foi proposto aos alunos que, a partir das atividades realizadas em sala e em campo, fosse produzido por eles um material didático para apresentação na Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Artes de Sergipe – CIENART. Foram escolhidos dois produtos, a cartilha e H.Q. Quinto momento: foi realizada a segunda

aula de campo, que recebeu o nome de “Caminhada Ecológica pela mata do Poxim”. Os alunos realizaram uma caminhada pelo entorno do rio Poxim e coletaram resíduos sólidos e tudo o que não representasse elemento natural durante o trajeto, figura 03 e 04. Essa atividade envolveu moradores, pais e o movimento ambientalista do bairro conhecido como “Jabotiana Viva”.

Figura 03. Caminhada pela mata do Poxim

Figura 04. Caminhada pela mata do Poxim

Figura 02. Resíduos sólidos – (Arquivo pessoal)

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  39


3. Resultados e discussão A partir das atividades desenvolvidas, os alunos puderam atingir o objetivo proposto. A interferência antrópica na vida aquática foi analisada desde os primeiros registros nas fontes pesquisadas. A expansão de condomínios residenciais margeando o rio Poxim reflete na qualidade da água, na vida da população ribeirinha e no manguezal que, devido aos resíduos nele descartados, oculta o cheiro típico desse ecossistema. A Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986, do Conselho Nacional do meio Ambiente – CONAMA, define Impacto Ambiental como sendo qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas. (Brasil, 1984/2008). A disponibilidade de água vem sendo reduzida devido ao crescimento das cidades e aumento na demanda, fato que ocasiona transtornos às diferentes formas de vida no planeta (Bittencourt e Paula, 2014). Um dos registros mais significativos para os alunos surgiu a partir da observação da pesca nas águas poluídas. A população reúne-se em locais afastados das construções residenciais para realização dessas atividades e, segundo relatos de um dos pescadores, mesmo com uma redução significativa na quantidade de pescados, alguns persistem em exercê-la. Nas entrevistas realizadas, constatou-se que a pesca é uma prática comum entre a população ribeirinha, porém com ressalvas para não identificação dos sujeitos que fazem uso das águas (poluídas) do rio Poxim. O local escolhido pelos pescadores é de difícil acesso, o que facilita a pesca no ambiente sem os constrangimentos pertinentes à situação ali apresentada, figura 05.

40 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Figura 05. Pesca no rio Poxim – Aula de campo.

Segundo Primack e Rodrigues (2001), os efluentes domésticos e industriais liberam grandes quantidades de nutrientes nos sistemas aquáticos, provocando uma proliferação exagerada de algas na superfície da água, fato que reduz a luz disponível para as plantas que vivem abaixo da superfície aquática. Assim, crescem bactérias e fungos que decompõem essas algas e, por conseguinte, absorvem todo o oxigênio da água. Como resultado desse processo, sobrevivem apenas espécies que conseguem tolerar água poluída e os níveis baixos de oxigênio dissolvido, fato que atinge a subsistência dos pescadores, reduzindo a quantidade de pescados (peixes, crustáceos, moluscos). Como resultado da pesquisa realizada, os alunos produziram a cartilha e o H.Q. (figuras 06 e 07) como forma de representar de forma lúdica a situação encontrada in loco, bem como uma forma de sensibilizar a comunidade local sobre os problemas ambientais no bairro. A distribuição aconteceu durante a culminância do projeto na escola com a presença de comunidade escolar, pais e responsáveis.


Conclusão

Figura 06. Cartilha e H.Q. – Arquivo Pessoal

A água, fundamental para permanência dos seres vivos, encontra nas práticas socioeconômicas da população, ações que aceleram os impactos ambientais e alteram a qualidade de vida no planeta. Manter a qualidade da água exige da humanidade mudanças de atitudes quanto ao uso e manutenção dos corpos hídricos. A pesquisa, de forma interdisciplinar, proporcionou aos alunos uma visão interligada sobre diferentes aspectos envolvendo uma mesma temática. A inserção da pesquisa na Educação Básica permite ao aluno adotar uma posição crítica, reflexiva e participativa sobre o local onde vive e, consequentemente, esse conhecimento será revertido na construção de uma sociedade sustentável. Referências BITTENCOURT, C.: PAULA, M. A. de. Tratamento de água e efluentes: fundamentos de saneamento ambiental e gestão de recursos hídricos. 1ª ed. São Paulo: Ética, 2014. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resoluções CONAMA de 1984/2008. Brasília/DF, 2008. Disponível em: www.mma.gov.br Acesso em 30 de setembro de 2017. PRIMACK, R. B. RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. In: Biologia da conservação. Londrina. Gráfica e Editora Midiograf. 2001. TUNDISI, J. G.: TUNDISI, T. K. Recursos hídricos no Século XXI. In: Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos: Novas Abordagens e Tecnologias. São Paulo: Oficina de textos, 2011.

Figura 07. Cartilha e H.Q. – Arquivo pessoal

A produção do material didático proporcionou no aluno a motivação para continuar desenvolvendo pesquisas científicas, fato que aguçou nos demais colegas o interesse em participar de atividades pedagógicas que proporcionem o ensino e aprendizagem a partir de aulas interdisciplinares com a produção de materiais pedagógicos, nas quais o aluno é o sujeito principal na construção coletiva do conhecimento. Revista Feira de Ciências e Cultura  |  41


Resumo. A utilização de cigarro de forma demasiada causa vício nas pessoas. Assim, é necessária uma abordagem das implicações que o consumo de cigarro causa à saúde humana articulando estas informações a alguns conteúdos científicos que podem ser trabalhados em sala de aula. À vista disso, foi proposto aos alunos do 3° Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Deputado Guido Azevedo a produção de um fumômetro para discutir uma problemática do cotidiano articulando-a ao conteúdo químico funções orgânicas. 1. Introdução A disciplina Química pode ser planejada para que os estudantes tenham uma formação com ampliação dos horizontes culturais e autonomia no exercício da cidadania. Para tal, o conhecimento científico deve ser contextualizado, em que as ideias dos alunos devem ser consideradas, como também, criem soluções para situações problemas, apresentando participação direta na construção de sua cidadania e quanto aos direitos e deveres na sociedade (SANTOS e SCHNETZLER, 2003). O tabaco é uma substância bastante utilizada desde o século XVI. Nessa época, era usado com propriedades curativas. A folha do tabaco passou a ser industrializada para a produção de cigarro, o que gerou uso constante e muitas vezes excessivo. Com o passar do tempo, surgiram os primeiros relatos de que várias doenças, contraídas por fumantes, poderiam ter sido causadas pelo uso do tabaco. Sua utilização gera necessidade e vício, um problema para a saúde dos fumantes ativos e passivos (MARTINS et al, 2003). O objetivo deste trabalho é apresentar uma problemática do cotidiano articulando-a ao conteúdo químico: Funções Orgânicas. Este tema permite a

42 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

participação ativa dos alunos na construção e reconstrução de informações que possuem do seu cotidiano, como o consumo do cigarro que é amplamente discutido. 2. Materiais e Métodos O projeto foi desenvolvido por alunas do 3° Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Deputado Guido Azevedo. Para iniciar a discussão da temática, algumas questões foram discutidas: 1) Você concorda com a proibição da utilização do cigarro em locais públicos? Quais as consequências desta proibição? 2) Escreva quais as consequências do uso do fumo na saúde do fumante? 3) Escreva quais as consequências do uso do fumo para a saúde do não-fumante (fumante passivo). 4) Se eu fumar os cigarros de baixo teor não haverá problemas. Está correta a afirmação? 5) Comente a expressão: eu fumo porque quero e paro quando quiser. 6) As indústrias de cigarro são culpadas pelas doenças provocadas nos fumantes? 7) A propaganda tem alguma função na opção do jovem de fumar ou não? 8) Afinal, quem paga pelas consequências do uso do fumo? Após a discussão das questões, o experimento fumômetro foi apresentado. A construção do fumômetro é realizada com materiais alternativos, de baixo custo como: recipiente de vidro com tampa de plástico, seringa, pedaços de mangueira e canudos (Figura 1). Nesse experimento, demonstra-se o que pode acontecer no pulmão de pessoas que fumam.


Figura 1. Exemplo de Fumômetro.

Após a demonstração do experimento, vídeos didáticos podem ser demonstrados e as seguintes questões são discutidas: 1) Você conhece alguma substância contida no cigarro? 2) Você imagina quantas substâncias tóxicas há num cigarro? 3) Será que alguma substância contida no cigarro teria o poder de levar um ser humano à morte por ingestão direta ou isto é coisa para banir a utilização desse? 4) Você sabe qual o método de separação mostrado no vídeo utilizado para separar o alcatrão da água contida no fumômetro?

Figura 2. Demonstração do fumômetro após a utilização de 20 cigarros.

Para a realização do experimento, em uma mangueira coloca-se uma seringa para a sucção do ar, na outra o cigarro. Com a utilização de vários cigarros, a água, inicialmente incolor, muda de cor para amarelo. O mesmo ocorre com as mangueiras. Nesse momento, é importante ressaltar aos alunos que essas alterações podem ocorrer no fumante. Para a discussão das funções orgânicas, são apresentados alguns compostos presentes no cigarro, como: butano, benzeno, acetona, formol. As estruturas químicas dos compostos são apresentadas aos alunos, além de sua nomenclatura oficial (Figura 3).

Por fim, são discutidos os compostos orgânicos presentes no cigarro e suas funções orgânicas. 3. Resultados e discussão A demonstração do fumômetro tem o objetivo de apresentar o que pode acontecer no pulmão de pessoas que fumam (Figura 2). Com uso de um fumômetro construído com materiais simples e de fácil aquisição, é possível obter a solução com a mistura de inúmeras substâncias presentes no cigarro. Nesse sentido, o tema funções orgânicas é discutido.

Figura 3. Estruturas químicas de: butano, benzeno, propanona, metanal.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  43


A apresentação de alguns compostos orgânicos presentes no cigarro, como a nicotina e o ácido levulínico, foi utilizada para a identificação de funções orgânicas (Figura 4).

Figura 4. Estruturas químicas da nicotina e do ácido levunílico

A utilização do experimento, vídeos didáticos e a contextualização demonstraram serem recursos para o professor ampliar sua ação pedagógica. Nas atividades descritas, os alunos puderam dar significado ao conteúdo aprendido, aumentando a possibilidade de uma aprendizagem significativa e com formação para a vida em sociedade (VAITSMAN e VAITSMAN, 2006). Conclusão As atividades desenvolvidas possibilitaram discutir o tema funções orgânicas. Além desse conteúdo, outros conceitos são trabalhados, como: tipos de misturas, separação de misturas, coloides, fenômenos químicos e físicos. Para a discussão sobre o uso do cigarro, o emprego de vídeos didáticos proporciona um ambiente favorável de troca de informações e aprendizagem prazerosa dos conteúdos de Química. Dessa forma, a utilização do experimento demonstrativo e os vídeos didáticos com a inserção de um tema social torna o aluno sujeito no processo de ensino-aprendizagem com a produção do fumômetro, participação das discussões e tomada de decisões que possibilitem uma melhor qualidade de vida para todos.

44 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Referências MARTINS, A. B.; SANTA MARIA, L. C.; AGUIAR, M. R. M. P. As drogas no ensino de Química. Química Nova na Escola, 18, 2003. SANTOS, W. L. P.; SCHNETZLER, R. P. Educação em química: compromisso com a cidadania. Ijuí, 2003. VAITSMAN, E. P.; VAITSMAN, D. S. Química & Meio Ambiente: Ensino contextualizado. Rio de Janeiro: Interciência, 2006.


Resumo. Com o aumento do consumismo de diversos materiais, o descarte inadequado das embalagens dos produtos pode se tornar um grande problema para o meio ambiente. Nesse contexto, foi observada a quantidade de folhas utilizadas nas impressões de provas e documentos no espaço escolar, sendo que elas eram descartadas após o uso. Diante desse cenário, o projeto interdisciplinar foi desenvolvido por professores e alunos dos 3° anos do Ensino Médio e tem como proposta produzir embalagens sustentáveis, a partir da reciclagem do papel gerado no espaço escolar. Sugerimos para o aluno que ao invés de em vez de jogar o papel de forma inadequada ele poderá picotar e, junto com algumas semente, plantá-lo na terra, trazendo benefícios ao meio ambiente. 1. Introdução As questões ambientais afetam diretamente a qualidade de vida da população e compõem um elenco de problemas e situações com enorme potencial para compreensão crítica da sociedade brasileira. Conscientes da necessidade de preservar o meio ambiente, tendo em vista o acúmulo de papel no espaço escolar gerado pela impressão de provas e documentos, sabendo que cada tonelada de papel reciclado economiza até 20 árvores, desenvolvemos um trabalho com o princípio dos 3Rs (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), que visa o reaproveitamento do papel que está sendo desperdiçado, associando teoria e prática LATINI (2011). Por conhecer a acelerada destruição dos recursos naturais do nosso planeta e o princípio dos 3R’s que busca reduzir no sentido de diminuir a quantidade de lixo produzido, desperdiçando menos e consumindo só o necessário, sem exageros; reutilizar, dando nova utilidade aos materiais que, em sua maioria, são considerados

inúteis e jogados no lixo; e reciclar, no sentido de dar “nova vida” a eles a partir da reutilização de sua matéria prima para fabricar novos produtos. Diante dessas informações e ciente de que o papel reciclado pode ter inúmeras utilidades, podemos constatar as várias maneiras de reutilização do papel, dentre elas, produzir o papel reciclado, ecológico, artesanal e de excelente qualidade. Durante o processo de fabricação, esse novo papel recebe sementes de flores, legumes, verduras ou temperos. Baseamo-nos no conceito de que podemos semear vidas por meio de reciclagem e da transformação do papel usado, produzindo o papel plantável. Com esta experiência propomos desenvolver um projeto para trabalhar a Educação Ambiental, com o objetivo de reaproveitar e reciclar o papel que estava sendo desperdiçado no nosso ambiente escolar, bem como futuramente ampliar a execução do projeto para a comunidade. Esta ideia de reciclagem e reutilização de papel e preparação do papel semente surgiu a partir do momento em que foi observado o desperdício de papel e outros materiais recicláveis na escola. Levando em consideração que estamos vivendo momentos cruciais, os noticiários denunciam a possível falta de água potável, crise energética, desmatamento desordenado, poluição do ar, dos rios, além de doenças degenerativas, causadas pela falta do conhecimento de causa. CARVALHO (2012) Nesse sentido, o trabalho interdisciplinar, assim como a própria contextualização dos assuntos, pode estimular o aluno a desenvolver ou consolidar uma série de competências e habilidades, como o pensamento crítico, a criatividade, a curiosidade, a capacidade de abstração, de trabalhar em equipe, de aceitar opiniões divergentes, de se comunicar e de pesquisar.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  45


2. Materiais e Métodos O presente trabalho foi desenvolvido por professores de diversas disciplinas e alunos dos 3º anos do Ensino Médio, turno matutino, do Centro de Excelência Professor Hamilton Alves Rocha – São Cristóvão/SE, totalizando, aproximadamente, 38 alunos. O desenvolvimento das atividades favoreceu a interação entre todos os envolvidos nas ações desempenhadas, tornando apreciável o desenrolar metodológico adotado. O trabalho foi realizado nas seguintes etapas pré-definidas: pesquisa de campo – levantamento de papel gerado na escola, coleta seletiva do papel usado na escola, pesquisa em internet, textos paradidáticos sobre reciclagem, interpretação de texto - origem do papel e seu impacto histórico e econômico na sociedade, palestras de conscientização, oficina de reciclagem artesanal de papel e produção do papel semente, confecção de artesanato com o material reciclado, exposição de artesanato com o material reciclado. Os assuntos abordados nas áreas de química, biologia, geografia, história e arte foram conceito, classificação e propriedades dos polímeros, primeira e segunda lei de Mendel, a importância do papel na história da humanidade, aspecto sócio e econômico e arte em papel. Inicialmente foi realizado um levantamento da quantidade de lixo gerado no espaço escolar. Em seguida, a coleta seletiva aconteceu com a participação de todos os alunos, na qual foram coletados papéis em todos os ambientes da escola, sala de professores, secretaria e sala de coordenação. Nesse levantamento, percebemos que era necessário aprofundarmos esses saberes dos alunos. Para tanto, o grupo realizou uma pesquisa na internet e textos paradidáticos sobre reciclagem. As palestras de conscientização ocorreram dentro da sala de aula com o uso de datashow e aulas expositivas. Posteriormente, foi realizada a leitura coletiva de um texto abordando uma breve história do papel, seu impacto histórico e econômico na sociedade. Em seguida, foi proposto um debate com a equipe, correlacionando as ideias veiculadas no texto aos conhecimentos que eles já tinham construído sobre a questão da reciclagem.

46 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

A oficina de reciclagem de papel foi realizada da seguinte forma: primeiramente o papel a ser reciclado foi picotado em pedaços de aproximadamente 3x3cm, deixando-o de molho por 24h. Em seguida, o papel que estava de molho foi triturado no liquidificador (observando a quantidade de papel para o funcionamento do motor do liquidificador). A massa de papel foi medida com o auxilio da balança (cerca de 400 g) e colocada na bandeja de plástico com o dobro de água. Em seguida, mergulhou o bastidor (30 cm x 40 cm) e chacoalhou devagar, espalhando a massa por igual. O excesso de água foi removido deixando-a escorrer pela tela do bastidor em cima da bacia. Nesse momento, pode-se acrescentar folhas, pétalas ou pedaços de papel colorido. O bastidor foi invertido com a massa de papel em cima do tecido de TNT e prensando com cuidado a esponja sobre a massa de papel, para absorver toda a água possível. Em seguida, o bastidor foi levantado com cuidado pelas bordas, de modo que a massa de papel ficasse aderida ao tecido de TNT. Nessa etapa, as sementes foram colocadas sobre essa massa e, em espécie sanduíche, outro papel reciclado e seco foi colocado por cima. Logo após, foi colocado o tecido de TNT sobre a massa, embrulhando bem e pendurando, em seguida, no varal para secar. O tempo de secagem variou de acordo com a umidade do dia. Após retirar o papel semente embrulhado no tecido de TNT do varal e colocá-lo sobre a massa, o papel semente foi removido com cuidado do tecido de TNT. Depois de pronto e seco, o papel pode ser cortado, decorado ou utilizado para fazer cadernos, blocos e cartões, convites, panfletos, dentre outros. É importante destacar alguns tipos de papéis que podem ou não ser reciclados: recicláveis (jornais e revistas, formulários de computador, folhas de caderno, provas, apostilas, envelopes rascunhos, aparas de papel, caixas em geral, papel de fax, cartazes, folhetos) e não recicláveis (fita crepe, papéis metalizados, papel carbono, papéis parafinados ou também papéis plastificados, papéis sanitários, como também papéis sujos, etiquetas adesivas, fotografias, tocos de cigarro, papéis de bala, embalagens de biscoito).


3. Resultados e discussão As ações realizadas durante o projeto tinham a finalidade de ampliar o conhecimento adquirido durante as pesquisas e conciliar a teoria com a prática. Após a coleta de dados, os resultados foram tabulados.Após levantamentos, a quantidade de papel coletado na escola no mês de julho e agosto foi de 49 Kg. Para realizar a coleta, os alunos se organizaram em grupos para separar o papel que seria reciclado, removendo clips, grampos existentes. Certa quantidade de papel foi separada para reciclar de imediato, e a outra parte dos papéis foi armazenada em caixa, como mostra Figura 1. Nesse momento, foi observada a interação dos alunos na atividade, o que propicia a motivação e o interesse pela busca do seu próprio conhecimento, fazendo com que assuma uma postura ativa frente ao objeto de ensino.

Figura 1. Escolha do papel para ser reciclado.

O uso da internet representa uma ferramenta muito importante para o processo de aprendizagem, sendo imprescindível no processo de escolarização, mas que os professores devem atuar como mediador do ensino. Nesse sentido, os alunos utilizaram essa ferramenta de apoio para melhor entender o processo de reciclagem do papel, sua origem e importância histórica e geografica, com o auxílio de leitura de livros paradidáticos sobre a temática. Após embasamento teórico, foi realizada a interpretação do texto “Uma breve História do papel”. Inicialmente os alunos leram o texto individualmente, em seguida cada aluno colocava seu ponto de vista do que havia lido. Foi

observado que a pesquisa realizada previamente pela internet e livros paradidáticos pelos alunos ajudou na compreensão da história do papel, gerando um debate sobre o assunto com ricos questionamentos, sendo possível observar um entendimento do texto lido. As palestras conscientizadoras buscou trabalhar a interdisciplinaridade. Neste momento, cada professor, dentro do seu espaço de sala de aula, ministrou palestras abordando os assuntos correlacionados com o tema. Na parte de química foi abordado sobre os polímeros, seus conceitos, classificação e propriedades, destacando que o papel é constituido de um polímero natural a cellulose. Foram também explorados os materiais recicláveis, a composição química dos papéis, os processos de reciclagem industrial e artesanal e as vantagens da reciclagem de papéis, MENEZES (2005). Na área de biologia foi destacada a primeira e segunda lei de Mendel. Conjuntamente, história e geografia buscaram explorar a importância do papel no seu contexto histórico e geográfico. E, para finalizar, artes mostrou algumas técnicas que utilizam o papel, a exemplo do origami. Para preparação do papel reciclado os alunos se organizaram em setores. Cada grupo ficou responsável por diferentes etapas do processo. Na primeira etapa, havia alunos responsáveis por selecionar, separar o papel e remover clips e grampos existentes; na segunda etapa do processo, os alunos que pesavam os papéis; na terceira etapa, alunos responsáveis para picotar o papel; na quarta etapa, os alunos colocavam de molho o papel; por ultimo, um grupo para triturar o papel no liquidificador. Para preparação final do papel reciclado todos os alunos fizeram parte, como mostra Figura 2. Foi observado a interação e o trabalho de solidariedade entre os alunos, mostrando que os alunos desenvolvem melhor compreensão conceitual e aprendem mais acerca da natureza das ciências quando participam de investigações científicas em que haja suficiente oportunidade e apoio para reflexão. Segundo FONSECA (2001), o trabalho experimental deve estimular o desenvolvimento conceitual, fazendo com que os alunos explorem, elaborem e supervisionem suas ideias, comparando-as com as ideias científicas, pois só assim elas terão papel importante no desenvolvimento cognitivo.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  47


Os papéis reciclados e papel sementes foram utilizados para confecção de artigos artesanais e artísticos para apoio pedagógico, como porta-lápis, agendas, convites de formaturas, blocos, caixas decorativas, cestos etc, estes servirão como mostruários para as demais oficinas e eventos.

Figura 2. Processo para reciclagem do papel. (a) Selecionar, separar e remover clips e grampos existentes no papel; (b) pesagem; (c) picotagem do papel; (d) papel de molho; (e) trituragem do papel no liquidificador, (f), (g) papel reciclado e (h) secagem do papel.

O papel semente é preparado a partir do papel já reciclado, após desenformar do bastidor, sementes são distribuídas por cima deste papel ainda molhado e outro papel reciclado já seco é colocado por cima, ou seja, é empilhado como se fosse um sanduíche, sendo que na parte central fica a semente (Figura 3), a exemplo de sementes de tomante, alface, cenoura, couve, beterraba, rúcula, cebolinha, coentro, entre outras.

Figura 3. Obtenção do papel semente (cebola, tomante, alface, rúcula e cenoura).

Em relação à visão dos alunos sobre o projeto papel semente, as ideias centrais mostraram que as atividades tiveram como cunho desenvolver a criticidade em relação ao papel descartado diariamente na escola, despertando questionamentos sobre a relação homem-natureza, e contribuindo para motivar o cuidado com o meio ambiente.

48 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Figura 4. Germinação e crescimento das sementes de alface.

Conclusão A atividade desenvolvida proporcionou uma grande interação entre os alunos envolvidos, visto que o tema abordado vem sendo cada vez mais discutido no meio social. Com isso, foi possível constatar a necessidade de introduzir atividades socioculturais nas aulas do ensino médio, em especial nas aulas de Química, buscando aproximar os alunos da realidade vivida no seu cotidiano. Os alunos consideraram a oficina de reciclagem de papel e produção de papel semente como uma forma de sensibilização e conscientização para a formação da cidadania ambiental. O comportamento e os discursos dos participantes nas atividades mostraram a importância do reaproveitamento do papel como uma atividade vinculada ao ensino e aprendizagem da educação ambiental. Dessa forma, a construção de práticas inovadoras não se dá pela reprodução, mas pela criação, pela readaptação e, sobretudo, no caso do papel-semente, por novas relações na organização do trabalho pedagógico. Entretanto, é importante refletir que a educação ambiental representa uma alternativa para transformar a


realidade, mas não deve ser vista como única e responsável por todas as mudanças. Precisamos de comprometimento individual e coletivo com o meio ambiente. Atividades Futuras: otimização do processo de reciclagem do papel semente; utilização do papel semente como substrato de sementes com dificudades de germinação na terra, neste caso podemos fazer ensaios com diferentes sementes, variando a metologia de preparação e o levantamento de quanto economiza com o uso do papel reciclado. Esta análise econômica será realizada com a colaboração do professor de matemática.

Referências CARVALHO, I. C. M. Educação ambiental a formação do sujeito ecológico. 6.Ed. São Paulo: Cortez, 2012. FONSECA, M. R. M. Completamente química – Físico- Química. São Paulo: FTD, 2001. LATINI, R. M.; Sousa, A. C. Ensino de química e ambiente: as articulações presentes na Revista Química Nova na escola (QNEsc). Investigações em Ensino de Ciências, v.16, n.1, p. 143-159, 2011. MENEZES, M. G.; Barbosa, R. M. N.; Jófili, Z. M. S.; Menezes, A. P. A. B. Lixo, cidadania e ensino: entrelaçando caminhos. Química Nova na Escola. v.22, p. 38-41, 2005.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  49


Resumo. As Cactáceas despertam o interesse dos homens a mais de dois mil anos devido às suas características peculiares. Apesar da importância econômico-cultural, várias espécies encontram-se ameaçadas de extinção. Dessa forma, compreendendo-se que a conservação dos recursos naturais é uma preocupação global, indispensável para o equilíbrio dos serviços ecossistêmicos. Objetivou-se, por meio deste projeto, reciclar embalagem de suco longa vida, através da produção de cactos ornamentais, aliando a conservação do meio ambiente a uma fonte complementar de renda. O projeto não sana totalmente o problema, contudo contribui para mudanças de atitudes dos alunos frente às questões socioambientais. 1. Introdução As Cactáceas são plantas angiospermas, xerófitas, perenes e heliófilas, e botanicamente encontram-se distribuídas em 100 gêneros e mais 1500 espécies. O Brasil é considerado o terceiro centro mundial de diversidade, com registro de 39 gêneros e 258 espécies. No Estado de Sergipe, ocorrem três gêneros e 26 espécies das quais uma é endêmica (TAYLOR et al., 2014; BRAVO FILHO et al., 2018). Os cactos fazem parte da cultura do povo brasileiro. Essa relação é explicitada através de canções, a exemplo do “Xote das Meninas”, de Luiz Gonzaga, “Flor de Mandacaru”, de Chico Cesar, e pela banda sergipana “Cabeça de Frade”, cujo nome é oriundo da Cactácea do gênero Melocactus spp., vegetal típico do Nordeste do Brasil. Na literatura, essas plantas são fontes de inspiração para a criação de cordéis e poemas, a exemplo de “O Cacto”, de Manoel Bandeira, e romances como “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, e “A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do vai-e-volta”, de Ariano Suassuna (BRAVO FILHO, 2014).

50 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

São também utilizados como bioindicadores de chuvas, no misticismo, na ornamentação de residências, praças e jardins, na produção de bolos, de doces e de ensopados. Como forragem tem sido um dos alimentos responsáveis pela redução da mortandade dos ruminantes no período de estiagem (ANDRADE, 2008). Desse modo, o objetivo dessa pesquisa foi a produção de cactos ornamentais, de forma sustentável. Para isso, observamos a quantidade de embalagens de suco longa vida descartadas no Colégio Estadual Dom Luciano José Cabral Duarte - cerca de 1500 por mês. Essas embalagens são destinadas ao lixo doméstico, sem uma destinação adequada, o que causa impacto ambiental de longo prazo em diversos habitats, uma vez que este tipo de embalagem demora cerca de 100 anos para se decompor naturalmente (CUNHA, 2011). Porém, com esse projeto, as embalagens passaram a um destino ecologicamente adequado, através da produção de cactos ornamentais, atividade que pode ser uma alternativa complementar da renda familiar. 2. Materiais e métodos Esse projeto foi idealizado para ser desenvolvido na Disciplina Eletiva, proposta para alunos do 1º ano do ensino integral do Colégio Estadual Dom Luciano José Cabral Duarte, no ano de 2017. Inicialmente, foi observado um problema recorrente na escola e, posteriormente, houve uma revisão bibliográfica acerca das temáticas, conservação, produção ornamental, diversidade de Cactácea e reciclagem de embalagem longa vida. Os dados foram obtidos mediante consulta a artigos, teses, dissertações e sites oficiais. 2.1 O problema


Mensalmente são descartadas aproximadamente 1500 caixas de suco longa vida diretamente no lixo doméstico. Essas embalagens não uma destinação adequada, o que contribui para ampliar impactos ambientais e causar transtornos tais como: proliferação de vetores como ratos, baratas, Aedes aegypti (mosquito da dengue), microrganismos causadores de doenças e infecções, além de causar o entupimento de esgotos causando inundações, de tal maneira a afetar diretamente a fauna e a flora (LANDIM et al., 2016). Figura 1.

2.3 Produção dos vasos e preparo do substrato Na produção dos vasos para cultivar os cactos ornamentais, foram utilizadas 80 embalagens de suco longa vida que seriam descartados no lixo doméstico. Em grupo, os alunos cortaram metade das embalagens transversalmente e a outra metade cortada longitudinal. Posteriormente, foram feitos quatro furos de aproximadamente um centímetro na base dos vasos. O substrato utilizado continha a seguinte proporção e composição 1:1:1 (areia lavada e fina; terra vegetal e esterco de bovino), sendo que no fundo dos vasos foi inserida uma camada de brita de aproximadamente um centímetro para facilitar a drenagem do excesso de água, conforme podemos observar Figura 2, destinada às etapas da produção das estacas, vasos e substrato.

Figura 01. Descarte das embalagens longa vida. Fonte: BRAVO FILHO, 2017.

2.2 Espécies estudadas Foram utilizadas cinco espécies como porta enxerto (estaca), sendo uma exótica Pitaia (Hylocereus undatus Haw.) e quatro nativas, o mandacaru (Cereus jamacaru DC.), rabo-de-raposa [Harrisia adscendens (Guerke) Britton & Rose], mandacaru-da-praia (Cereus fernambucensis Lem.) e facheiro (Pilosocereus pachycladus Ritter), das quais foram enxertadas as espécies Melocactus zehntneri (cabeça-de-frade), Echinopsis eyriesii (Ouriço do mar Cactus) e Opuntia microdasys (orelha-de-coelho).

Figura 02. Em A e B produção das estacas, em C, D, E e F produção dos vasos para cultivo dos cactos ornamentais. Fonte: BRAVO FILHO, 2017.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  51


2.4 Condição do cultivo As plantas foram mantidas no laboratório de biologia por 120 dias, submetidas a um foto-período de 12 horas, com intensidade luminosa natural e temperatura variando 28 ± 3ºC. Após esse período, diversas plantas foram utilizadas na ornamentação da Escola. 2.5 Avaliação A avaliação ocorreu em duas fases: a primeira após a multiplicação vegetativa e a segunda posterior à enxertia. Na primeira etapa foi avaliada a porcentagem de sobrevivência das partes vegetativas (%S). Na segunda etapa foi avaliada a porcentagem de rejeição dos enxertos e a espécie (estaca) mais adequada para a enxertia. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de significância, e os dados foram submetidos à análise estatística (análise de variância). 3. Resultados e discussão Das espécies estudadas, os melhores resultados foram obtidos com as espécies rabo-de-repousa e mandacaru da praia, pois apresentaram 100% de sobrevivência em relação e adaptação da enxertia, seguido das espécies mandacaru 30%, ouriço do mar 20% e 10%. Já o cacto pitaria, apesar de ocorrer 100% de sobrevivência dos porta-enxertos, nenhum enxerto sobreviveu. Através da figura 3, é possível observar o processo evolutivo dos enxertos. Figura 3: Comparação da sobrevivência dos enxertos por das espécies estudadas por 120 100 80 60 40 20 0

Figura 3. Comparação da sobrevivência dos enxertos das espécies estudadas

52 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

Em relação à sobrevivência das espécies, nos substratos analisados (areia lavada+ terra vegetal + esterco bovino, na proporção 1:1:1), 100% das plantas sobreviveram, contudo a espécie facheiro apresentou desenvolvimento inferior às demais plantas. Tais resultados divergem dos encontrados por Bravo Filho (2014) ao estudar desenvolvimento de plantas de Melocactus violaceus e M. zehntneri (cabeça-de-frade), os quais apresentam que o substrato mais adequado foi por 50% de areia lavada + 50% de terra vegetal. Das espécies replicadas e utilizadas como enxerto, a que apresentou resultados mais significativos foi o Echinopsis eyriesii. Já à utilização das embalagens de suco longa vida como recipientes na produção de mudas foi uma excelente alternativa, pois apresentaram alta resistência e durabilidade, e há um reaproveitamento desse objeto que seria descartado no lixo. Conclusão As estacas produzidas com as espécies rabode-raposa e mandacaru-da-praia apresentaram 100% de sobrevivência, já a espécie facheiro teve o menor percentual de sobrevivência, ou seja, 25%. O substrato mostrou-se eficiente no desenvolvimento das plantas. Os alunos participantes do projeto apresentam bom desempenho no desenvolvimento das atividades. A partir dessa iniciativa, é possível perceber que atividades simples podem promover diferença significativa de atitude, tanto no individual, quanto em grupo. O projeto não sana totalmente o problema, contudo é um pontapé inicial para o desenvolvimento de outras propostas que possam mobilizar toda a comunidade escolar e incentivar a formação de indivíduos conscientes do seu papel frente às questões ambientais e preocupados com a preservação do bem-comum.


Referências ANDRADE, C. T. S. 2008. Cactos úteis na Bahia: ênfase do semiárido. Rio Grande do Sul: Editora USEB. BRAVO FILHO, E. S. 2014. Diversidade, Etnobotânica e Propagação de cabeça-de-frade (Melocactus LINK & OTTO – CACTACEAE) no Estado de Sergipe. 56 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente), Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2014. BRAVO FILHO, E. S., SANTANA, M. C., SANTOS, P. A. A. E RIBEIRO, A. S. (2018). Levantamento etnobotânico da família Cactaceae no estado de Sergipe. Revista Fitos, v. 12, n. 1: 41-53. CUNHA, E. C. 2011. Placas recicladas de embalagem longa vida: caracterização, design e propostas projetadas. 42 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Carlos, 2011. LANDIM, A. P. M.; BERNARDO, C. O.; MARTINS, I. B. A. FRANCISCO, M. R.; SANTOS, M. B.; MELO, N. R. 2016. Sustentabilidade quanto às embalagens de alimentos no Brasil. Polímeros, n. 26, p. 82-92. PROJETO TEJUCACTUS: Produção de Cactus e Suculentas Ornamentais no Semiárido por uma comunidade carente no município de Tejuçuoca-CE. Disponível em: http://webcache. googleusercontent.com/search?q=cache:VZqb7Klm5QUJ:jalan. com.br/eventos/congressoPlantasOrnamentais/downloadDoc. p h p % 3 F d % 3 D a r q Ap r e s e n t a c a o % 2 6 f % 3 D 2 2 _ 1 0 _ 2 0 1 3 _ - _ Mesa_Redonda_-_Projeto_Tejucactus_-_Roberto_Jun_Takane. pdf+&cd=2&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso em: 18 jun. 2017. TAYLOR, N. P.; MEIADO, M. V.; BRAVO FILHO, E.; ZAPPI, D. 2014. A new Melocactus from the Brazilian state of Sergipe. Bradleya, v. 32: 99-104.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  53


Resumo. Óleos essenciais são compostos aromáticos, voláteis que podem ser extraídos de raízes, caules, folhas, flores ou de outra parte de plantas aromáticas. A extração dos óleos pode ser realizada por várias técnicas, como: destilação por arraste a vapor, hidrodestilação, extração com CO2 supercrítico, expressão a frio, entre outros. Neste trabalho, alunos do 3°Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Deputado Guido Azevedo propuseram a extração de óleos essenciais de plantas de seu cotidiano utilizando um extrator produzido com materiais alternativos. Os extratos de diferentes plantas foram utilizados para aromatizar sabonetes produzidos pelos estudantes. 1. Introdução Os óleos essenciais são líquidos, aromáticos e voláteis extraídos de várias partes da planta como metabólitos secundários. Os metabólitos secundários desempenham papéis ecológicos e biológicos essenciais e são importantes para a defesa da planta, pois muitas vezes contêm propriedades antimicrobianas e antioxidantes. Os óleos essenciais têm sido amplamente empregados há séculos nas indústrias farmacêutica, agrícola, higiênica e cosmética e foram adicionados aos alimentos como especiarias ou ervas. Eles são extraídos de materiais vegetais como flores, raízes, cascas, sementes, cascas de frutas e madeira (TOHIDI et al, 2017). A extração de óleo essencial das plantas pode ser conseguida por meio de vários processos, como extração de solvente, expansão instantânea e controlada, hidrodestilação acelerada por microondas, extração de fluido supercrítico, arrastamento de vapor e hidrodestilação. Essa técnica é uma alternativa para processos e aplicações analíticas particularmente em campos sensíveis, como indústrias alimentares e farmacêuticas, que se caracterizam por severas restrições

54 |  Revista Feira de Ciências e Cultura

quanto ao uso de solventes orgânicos para obter extratos de plantas devido a regulamentos de saúde pública e minimização de custos de energia (AMMAR et al, 2014). O presente estudo foi dividido em duas partes: a extração do óleo essencial de plantas, como a citronela (Cymbopogon winterianus) e a utilização do material extraído na aromatização de sabonetes produzidos pelos estudantes. 2. Materiais e Métodos O projeto foi executado por alunos do 3° Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Deputado Guido Azevedo. Para produzir o sistema de extração do óleo essencial, foram necessários os seguintes materiais: lâmpada de poste; rolhas; mangueiras; garrafas PET, chapa de aquecimento e seringa. As partes da planta que se desejou extrair o óleo foram cortadas, trituradas e colocadas na lâmpada. Adicionou-se água até aproximadamente metade do volume da lâmpada. O condensador foi construído com a garrafa PET, preenchida com água gelada. Após todo o sistema montado, inicia-se o aquecimento. Após algum tempo, o extrato é recolhido em outro recipiente (Figura 1).

Figura 1. Sistema de extração do óleo essencial da planta aromática citronela.


Para a produção do sabonete, a base de glicerina foi aquecida num sistema de banho-maria, após ficar no estado líquido, foram adicionadas gotas do corante (opcional) e gotas do óleo essencial extraído anteriormente (Figura 2). O material resultante foi colocado em formas. Após o tempo de secagem, foi desenformado e o sabonete estava pronto para utilização com o aroma da planta utilizada (Figura 3).

3. Resultados e discussão Os óleos essenciais são misturas complexas de até 100 componentes, esses podem ser compostos alifáticos de baixo peso molecular (alcanos, álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres e ácidos), monoterpenos, sesquiterpenos e fenilpropanos. Os óleos essenciais são líquidos voláteis, solúveis em lipídios e solventes orgânicos geralmente com uma densidade mais baixa que a da água. Esses materiais podem ser extraídos por hidrodestilação. Dessa forma, foi desenvolvido um sistema com materiais alternativos para extrair óleo essencial de plantas. Para a extração, foi utilizada a planta citronela (Cymbopogon winterianus). Com essa atividade, podemse discutir métodos de separação de misturas, funções orgânicas, classificação de cadeias carbônicas, mudanças de estado físico dos materiais. De acordo com Veloso et al (2012), o óleo essencial da citronela apresenta 24 compostos químicos, com maior concentração dos compostos citronelal, β-Citronelol, geraniol e elemol (Figura 4).

Figura 4. Estruturas químicas de: citronelal, β-Citronelol, geraniol e elemol.

Figura 2. Sistema para a produção do sabonete.

A partir das estruturas químicas dos compostos presentes no óleo essencial da citronela, há a possibilidade de estudar a classificação das cadeias carbônicas, a química do carbono e reconhecer as funções orgânicas presentes em cada composto. Além disso, a experiência proporciona aos discentes conhecer um método de extração de óleo essencial e avaliar o seu emprego, verificar a importância desses materiais no seu cotidiano, pesquisar as estruturas químicas dos óleos essenciais extraídos. Para aromatizar o sabonete, os alunos fizeram a extração de óleos essenciais da citronela e limão. O óleo essencial do limão tem em maior concentração o limoneno, que tem sua estrutura química apresentada na Figura 5.

Figura 3. Sabonetes produzidos e aromatizados com o óleo essencial de citronela.

Revista Feira de Ciências e Cultura  |  55


Figura 5. Estrutura química do limoneno.

Com a produção dos sabonetes, os alunos estiveram inseridos num sistema de produção, com resolução de situações problema, adequações de métodos possibilitando a aproximação dos conceitos científicos com o trabalho em uma indústria. 4. Conclusão O processo de extração de óleos essenciais com materiais alternativos obtém pequena quantidade óleo, desse modo, deve-se repetir o procedimento algumas vezes para obter grande quantidade do óleo. O material extraído foi utilizado para aromatizar sabonetes, dando uma utilidade ao óleo essencial que fora extraído pelos discentes. A utilização da experimentação com materiais alternativos possibilitou aos alunos observar, discutir em grupo, buscar melhores resultados, mantendo-os motivados no processo de ensino-aprendizagem. Referências AMMAR, A. H., MENIAI, A. H., ZAGROUBA, F. Experimental Study and Modeling of Essential Oil Extraction from Plants by Hydrodistillation. Chemical Engineering & Technology, 37, 7, 2014. TOHIDI, B.; RAHIMMALEK, M.; ARZANI, A. Essential oil composition, total phenolic, flavonoid contents, and antioxidant activity of Thymus species collected from different regions of Iran. Food Chemistry, 220, 2017. VELOSO, R. A.; CASTRO, H. G. DE; CARDOSO, D. P.; RODRIGUES, G. Composição e fungitoxicidade do óleo essencial de capim citronela em função da adubação orgânica. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 47, 12, 2012.

56 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Revista Feira de Ciências e Cultura  |  57


58 |  Revista Feira de Ciências e Cultura


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.