Geração Sustentável

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Capa



A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista. Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

janeiro/fevereiro • Ano 4 • edição 16

Carlos Abdalla

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Matérias

12 Entrevista

Indústria: Passado poluidor, presente tranformador e futuro promissor

04 Editorial 05 Espaço do Leitor 06 Notas 47 Publicações e Eventos 54 Cidadão & Ação

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Visão Sustentável

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Responsabilidade Social Corporativa

Empresas unidas para garantir o bom clima no planeta

Capa

36 Responsabilidade Ambiental

34 Energias Renováveis

Desenvolvimento Local Meio Ambiente O Legítimo Empreendedor Destaque Jurídico

Colunas

Gestão Sustentável

Solução para energia térmica com benefícios ambientais

A reinvenção da lâmpada

42 Empreendedorismo

Alternativa sustentável que dispensa o uso da água

02 15 23 27 29 33 37 41 45 47 48 49 51 53 55

Itaipu Consult Monte Bello Acessus De Figueiredo Demeterco Civitas Junior Achievement-PR IBF Instituto Ethos Enfoque Jornal Meio Ambiente

Anunciantes e Parcerias

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O valor de ser sustentável

Rede da Sustentabilidade FIA-USP Estação D&G GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Editorial

Indústria: inovando no presente para ser sustentável no futuro Tratando-se de sustentabilidade, a indústria já foi vista como a principal vilã no processo “produção x consumo”. Esse setor empresarial carregava o rótulo de ser um dos principais geradores de resíduos por meio dos seus subprodutos, do destino inadequado de suas embalagens e, principalmente, pela contaminação do meio ambiente. Os tempos, porém, estão mudando, e elas estão deixando de ser um lugar sujo, cheio de graxa, escuro e, acima de tudo, extremamente poluidor. O processo de transformação chegou e muitas indústrias passaram a considerar, em suas estratégias, os fatores socioambientais. É lá que atualmente estão algumas das ideias mais transformadoras da atualidade quando o assunto é inovação para a sustentabilidade. Importantes fábricas que têm influência no consumo da população hoje reconhecem a sua importância na sociedade. Elas assumiram a responsabilidade de transformar conceitos, modificando a forma de fabricar seus produtos ao diminuir o impacto no meio ambiente. Para isso, inovaram por meio de investimentos em tecnologia e pesquisa a fim de garantir a mesma qualidade do produto e a perenidade no mercado. O passo seguinte foi anunciar aos quatro cantos sua capacidade transformadora, iniciando uma cadeia de influência no consumo e também na própria área de atuação. Quando se inicia esse tipo de mudança, todo mundo ganha. Ideias inovadoras sempre trazem economia, melhoram o produto e conquistam novos consumidores. Quem consome já pode escolher se prefere pagar por um produto que para ser fabricado gerou toneladas de gás carbônico no meio ambiente ou se quer um produto feito com técnicas limpas. Quando o ciclo sustentável passa a fazer parte do cotidiano da indústria, os horizontes se ampliam e os beneficiados são o meio ambiente e toda a sociedade, que finalmente parecem mostrar sinais de evolução. Boa Leitura! Pedro Salanek Filho

Conheça o perfil do nosso leitor

Maiores informações acesse o mídia kit: www.geracaosustentavel.com.br

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho (pedro@geracaosustentavel.com.br) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula (giovanna@geracaosustentavel.com. br) • Jornalista Responsável Juliana Sartori / MTB 4515-18-155-PR (juliana@geracaosustentavel.com.br) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck (criacao@geracaosustentavel. com.br) • Revisão Alessandra Domingues • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Articulistas (articulista@geracaosustentavel.com.br) • Colaboraram nesta edição Jornalistas: Criselli Montipó e Ana Letícia Genaro • Assinaturas assinatura@geracaosustentavel.com.br • Fale conosco contato@geracaosustentavel.com.br • Impressão Gráfica Capital

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. O papel (miolo e capa) é produzido com matéria-prima certificada e foi o primeiro a ser credenciado pelo FSC - Forest Stewardship Council. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 5.000 exemplares • 16ª Edição • janeiro/fevereiro • Ano 4 • 2010 Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/000112 - Av. Sete de Setembro, 3815 - sala 15 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 80.250.210 Fone/Fax: (41) 3346-4541

www.geracaosustentavel.com.br A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.

ERRATA: Na página 49 da edição 15, na matéria Soluções para o e-lixo quem aparece na foto é Ben-Hur Oliveira Morais, do departamento de Captação de Resíduos da Sarco Reciclagem.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


Espaço do Leitor

O CEMPRE é uma associação dedicada à promoção da reciclagem dentro do conceito de Gerenciamento Integrado do Lixo. Realizamos trabalho de pesquisa e informação dirigida principalmente aos formadores de opinião, a associação elabora uma serie de publicações e mantém uma biblioteca especializada no assunto, aberta ao público em geral. Com a grande importância dos assuntos abordados na Geração Sustentável, o conteúdo tem sido de grande importância para enriquecimento de nosso acervo.

Tive a oportunidade, recente, de conhecer a revista de vocês através do Professor Isak Kuglianskas, da USP. Atuo na gestão de projetos há alguns bons anos. Já desenvolvi alguns projetos “de sustentabilidade” para clientes nossos e hoje desenvolvemos um para a nossa empresa. O tema da sustentabilidade me atrai bastante tanto pelo lado conceitual quanto pelo lado prático. Gostaria de receber a revista e, se possível, colaborar, com as suas edições.

Eliana Nisticó – Bibliotecária Cempre - Compromisso Empresarial para Reciclagem - São Paulo / SP

Luís César de M. Menezes – Diretor de Projetos Síntese Consultoria e Gestão de Negócios Ltda.

Rede social A Confraria Sustentável é uma rede social interativa com a intenção de fomentar os debates sobre assuntos relacionados à gestão para a sustentabilidade. Veja algumas das definições de sustentabilidade dos membros da rede da qual a Geração Sustentável faz parte: A busca por modelos de desenvolvimento que contemple o bem estar do ser humano em todas as suas concepções, aliado a preservação e conservação dos milhares de ecossistemas na Terra e a promoção de qualidade de vida para todos. José Gonçalves Junior – Campinas/SP É um tripé que envolve os fatores social, ambiental e econômico. Se um deles não está presente, a estrutura não se mantém de pé. O fator social não tem nada a ver com filantropia ou assistencialismo: aqui o que vale é o respeito total à pessoa humana. O aspecto ambiental implica em cuidar dos aspectos ecológicos de forma tal, que fique melhor do que estava. E o econômico significa

que os dois fatores acima foram considerados na geração de riquezas, que não são só as pecuniárias, mas que permitam uma vida mais digna e um meio ambiente melhorado. Bosco Carvalho – Goiânia/GO É uma grande mudança cultural que envolve a efetivação da responsabilidade social, da consciência ambiental, a redução do consumo. Aline de Oliveira Gonçalves – Curitiba/PR A arte de viver em equilíbrio e na democracia hoje e sempre, garantindo qualidade de vida e convivência pacífica agora e para as futuras gerações. Jandira Feijó – Porto Alegre/RS

Confira alguns dos grupos de debate que você pode participar: • Pauta da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL • Sustentabilidade Corporativa • Responsabilidade Social • Responsabilidade Ambiental Participe desta rede acessando: http://confrariasustentavel.ning.com GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Sustentando

Desculpas A Ong Greenpeace mais uma vez tenta chamar a atenção do mundo para as mudanças climáticas com uma campanha impactante para o movimento TicTacTicTac. A entidade reproduziu imagens de chefes de Estado do mundo envelhecidas, pedindo desculpas à população por nada terem feito a fim de reduzir os problemas ambientais no planeta. As imagens estiveram outdoors espalhados no aeroporto de Copenhague, cidade-sede da COP15, no final do ano passado. Nos anúncios, os idosos Lula, Barack Obama, Angela Merkel, Nicolas Sarkozy, entre outros, levavam a frase “Desculpe - Podíamos ter impedido a catastrófica crise climática, mas não o fizemos”.

Voluntários para o empreendedorismo A Junior Achievement Paraná iniciou 2010 preparada para aumentar os números conquistados em 2009, quando beneficiou 35.721 alunos. A ideia é atingir no mínimo 70 mil estudantes neste ano. Para chegar a esse objetivo, a JAPR conta com o apoio de orientadores voluntários, que disponibilizam seu tempo para semear o empreendedorismo nas salas de aula, sendo a responsabilidade socioambiental um conteúdo obrigatório em todos os programas. Para quem busca a construção de uma sociedade sustentável e também queira participar desse desafio, é só entrar em contato para saber como fazer a diferença na educação dos jovens. Mais informações: http://www.japr.org.br

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Lixo eletrônico O Centro de Computação Eletrônica da USP (Universidade de São Paulo) inaugurou em dezembro, na Cidade Universitária, o Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (Cedir), órgão pioneiro na sua modalidade em instituições públicas, direcionado especialmente ao devido encaminhamento desse material. Com área de 400 metros quadrados, o galpão tem acesso para carga e descarga de resíduos, depósito para categorização, triagem e destinação de lixo eletrônico, além de equipamentos necessários para a adequação do material. A iniciativa é resultado do trabalho voltado à sustentabilidade em Tecnologia da Informação iniciado na unidade em 2007. O plano-piloto do projeto Cedir iniciou em junho de 2008, por meio de ação realizada entre os próprios funcionários da unidade: a Operação Descarte Legal. O resultado foi a coleta, num único dia, de mais de cinco toneladas de peças e equipamentos eletroeletrônicos obsoletos.


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Obra pública responsável O Ministério do Planejamento regulamentou a utilização de critérios sustentáveis na aquisição de bens e na contratação de obras e serviços pelos órgãos do Governo Federal. As regras estão na Instrução Normativa Nº 1, publicada no Diário Oficial da União. Entre as determinações, está a exigência para que as construtoras tenham um projeto de gerenciamento de resíduos provenientes da construção civil, além de utilização de sistemas de reuso de água e energia, procedimentos para reduzir o consumo de energia, a utilização de materiais reciclados, reutilizáveis e biodegradáveis e que reduzam a necessidade de manutenção, além do uso de energia solar. Outra exigência é a comprovação da origem da madeira para evitar o emprego de madeira ilegal na execução da obra ou do serviço. O Governo Federal também recomenda que os bens e serviços sejam constituídos, no todo ou em parte, por material atóxico, biodegradável e reciclado. Fonte: Mundo Sustentável

TI Verde A Atos Origin, empresa internacional de serviços de tecnologia da informação (TI), lançou dois novos serviços para o mercado europeu. O Atos Sphere, uma solução de cloud computing e o serviço Meta de Impacto Zero de Carbono. Com esses lançamentos, a empresa inicia a sua estratégia de oferecer soluções tanto para aumentar seu desempenho operacional como para contribuir com novos modelos de crescimento para clientes, com foco em resultados de negócios e competitividade no mercado global. A empresa trabalha com serviços voltados ao acompanhamento de clientes na tomada de decisões sustentáveis, permitindo integrar melhores práticas de eficiência energética para minimizar o impacto de CO² na atmosfera. Esses serviços incluem: serviços e soluções de transformação, incluindo avaliação de maturidade de sustentabilidade (planejamento de sustentabilidade), sistemas de medição operacional (sustentabilidade inteligente), programa de gestão de mudanças (comportamentos culturais sustentáveis), empresa digital (ambiente de trabalho sustentável) e transformação de negócios (aquisições verdes, cadeia de suprimento verde e manufatura verde), para oferecer o melhor equilíbrio entre desempenho e eficiência ambiental.

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anos gerando

sustentabilidade

SOMOS GERAÇÃO SUSTENTÁVEL REVISTA GERAÇÃO SUSTENTÁVEL LANÇA PRÊMIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL O I PRÊMIO DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL “SOMOS GERAÇÃO SUSTENTÁVEL” é um programa desenvolvido pela Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL que visa reconhecer as iniciativas corporativas para um desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade empresarial, definida pelo instituto Ethos, consiste em: “assegurar o sucesso do negócio no longo prazo e ao mesmo tempo contribuir para o desenvolvimento econômico e social da comunidade, com um meio ambiente saudável e uma sociedade estável”. Neste intuito, aspectos como responsabilidade social corporativa, comprometimento com a comunidade, gestão socioambiental e ética empresarial são temas recorrentes no mundo dos negócios e estarão cada vez mais fazendo parte das definições estratégicas e da visão de negócio das organizações. A tendência atual dos negócios pressupõe que as empresas sejam rentáveis e gerem resultados econômicos, mais também contribuam efetivamente para o desenvolvimento da sociedade e para a conservação do meio ambiente. O prêmio reconhecerá, em 2010, as ações e iniciativas sustentáveis de empresas e demais organizações realizadas nas quatro categorias mencionadas abaixo: • Gestão Sustentável • Responsabilidade Social Corporativa • Responsabilidade Ambiental • Práticas para a Sustentabilidade Maiores informações e o regulamento do prêmio podem ser obtidos pelo e-mail contato@geracaosustentavel.com.br


Sustentando

Prêmio ODM Brasil

Quatro projetos paranaenses estão na semifinal da terceira edição do Prêmio ODM Brasil. Os projetos Células Comunitárias, de Apucarana; Rede Municipal de Bibliotecas Escolares, Vitrine Social e Projeto Ler e Pensar, todos de Curitiba, estão entre os 45 projetos sociais selecionados. O Prêmio ODM visa incentivar, valorizar e dar maior visibilidade a práticas que contribuam para o alcance os ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio). A iniciativa é do Governo Federal, PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade. Em fevereiro, os responsáveis pelos projetos receberão visitas de especialistas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da ENAP (Escola Nacional de Administração Pública), os quais avaliarão as iniciativas. Com base no diagnóstico dos técnicos, serão escolhidas as 20 experiências vencedoras. A premiação está prevista para abril, em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

R$ 650 mil para programas sociais Em 2009, o Fundo BB Referenciado DI Social 200 repassou à Fundação Banco do Brasil (FBB) R$ 676 mil, destinados aos seus programas de educação e de geração de trabalho e renda. Os recursos são provenientes de 50% da receita da taxa de administração do fundo. Este representa uma alternativa de investimento para aqueles que preferem produtos que os ajudem a fazer diferença positiva no mundo, aplicando seus recursos em fundos com compromisso socioambiental. Tal comportamento reflete uma tendência de mudança no comportamento do investidor, em nível mundial. Além do Fundo BB Referenciado DI Social 200, que, desde 2003, já repassou mais de R$ 7,5 milhões para a FBB, o Banco do Brasil oferece ao mercado uma série de produtos e serviços com atributos socioambientais que estimulam a realização de negócios sustentáveis e influenciam diretamente o desenvolvimento do país.

Ideias para conservar a água A Divisão Bebidas da PepsiCo, em parceria com Young Americas Business Trust, lança o Eco Challenge, um concurso cultural que premiará duas equipes da América Latina com U$ 5 mil cada. Para levar o prêmio, basta criar soluções criativas com foco na redução e no melhor aproveitamento do consumo de água. Podem concorrer equipes de 3 a 10 pessoas entre 13 e 36 anos. Há duas modalidades de participação: criar uma mecânica para um videogame educativo sobre a conservação da água ou um projeto inovador e economicamente viável de fornecimento de água limpa para comunidades carentes de recursos hídricos e/ou de água potável. O objetivo é incitar a reflexão sobre o tema água. A opção vencedora, além de ganhar o valor em dinheiro, também terá a sua criação desenvolvida e disponibilizada na internet de forma gratuita. Os interessados podem encontrar o calendário de etapas do concurso, informações referentes à importância da redução do consumo de água e também sobre como enviar suas ideias para a preservação desse recurso natural no site da Pepsi. http://www.pepsi.com.br/ - ou em http://www.ticamericas.net/

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Bioquerosene A Embraer realizará, no início de 2012, o primeiro voo experimental sem passageiros com o uso de um querosene obtido com cana-deaçúcar. A companhia aérea Azul aceitou testar o bioquerosene em um dos seus jatos. O combustível está em fase de desenvolvimento pela Amyris, da área de biotecnologia. Também participa do projeto a GE (General Electric), fabricante de motores para jatos. A ideia é que o novo querosene possa começar a ser produzido em escala industrial em 2013 como uma alternativa ao QAV, querosene derivado do petróleo, responsável por altas cargas de emissões de CO² – uma vez que representa 2% das emissões de gases estufa do mundo.

Green Xchange Dez empresas líderes do mercado mundial, entre elas Nike, Best Buy, Yahoo, 2degrees e Creative Commons anunciaram durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, no final de janeiro, o lançamento do GreenXchange - uma plataforma de compartilhamento de modelos e inovações sustentáveis. O objetivo é unir ideias e empresas para acelerar o desenvolvimento de novas soluções e criar oportunidades de negócios. Os empresários acreditam na necessidade de atender às novas demandas que o cenário de mudanças climáticas requer e, também, disseminar práticas sustentáveis com o objetivo de estimular os lucros.

Fraude na moda verde Um escândalo envolvendo a indústria da moda causou grande impacto na Europa. De acordo com denúncia publicada pelo Financial Times Germany, muitas das peças de vestuário vendidas com a etiqueta fabricado em 100% algodão orgânico, em algumas das grandes cadeias de lojas como a H&M, C&A e a Tchibo, revelaram-se falsas. Segundo noticiado pelo jornal, grandes quantidades de algodão orgânico importado da Índia eram, na verdade, algodão geneticamente modificado. De acordo com a reportagem, 30% das amostras testadas continham algodão geneticamente modificado. A fraude teria ocorrido em escala gigantesca durante o ano de 2009. As peças de vestuário com percentagem de algodão geneticamente modificado chegaram a receber inclusive a certificação de agências que atestaram o produto como sendo produzido a partir da agricultura orgânica. Fonte: EcoAgência GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Vida Urbana

Semeando a civilização

É

comum ver o ser urbano utilizar o cenário da cidade para se manifestar - mostrar que faz parte desse lugar e querer dialogar com ele. São comuns nesse tipo de manifestações as pichações, os grafites e outras ações parecidas. Mas hoje há um movimento nas cidades e que ganha novos adeptos a cada dia, com objetivo um pouco diferente e também muito simples: transformar a paisagem da cidade plantando árvores. Essa é a Jardinagem Libertária, uma espécie de “guerrilha urbana” que coloca a mão na terra em vez de esperar que as autoridades façam isso para tornar os espaços da cidade menos cinzas e mais verdes. A intenção não é transformar o mundo, como descrevem os guerrilheiros, mas sensibilizar as pessoas a assumirem a responsabilidade pelo espaço em que vivem. Um dos grupos mais atuantes desse tipo de movimento é de Curitiba e conta com o pessoal de um grupo de artes plásticas e intervenções urbanas chamado Interlux. O grupo está sempre de bicicleta e leva pela cidade mudas de espécies nativas e árvores frutíferas em locais que eles consideram que precisam de estímulos verdes, como canteiros e terrenos baldios. Se passam por uma casa que tem jardim, mas não possui árvores, lá vão eles tocar a campainha para oferecer mudas aos proprietários. Os espaços públicos também não escapam, mesmo que

isso possa render multas (afinal, há restrições para o plantio em áreas públicas, dependendo da legislação de cada cidade). Depois de ter a missão cumprida, os guerrilheiros partem para a divulgação. Anunciam por meio de pequenas placas, cartazes ou o que a imaginação mandar que naquele pequeno espaço resolveram dar voz à natureza. Registram tudo por meio de fotos e publicam no blog do movimento – o grande divulgador das ações da Jardinagem Libertária. A ideia, apesar de ser extremamente contemporânea, não é nada inovadora. O movimento conhecido no mundo como Jardinagem de Guerrilha existe desde 1973, mas está se popularizando nos últimos anos. Um grupo recente que inspirou ações semelhantes foi o Guerrilla Gardening (www.guerrillagardening.org), do britânico Richard Reynolds. Em 2004, ele começou a plantar flores, à noite, secretamente, em áreas proibidas ou cercadas de Londres. Primeiro publicou seus feitos na web, ficou conhecido em todo planeta e chegou até a publicar um livro com dicas do que cresce nos terrenos baldios e de como mudar, com simples ações, a cara do lugar onde se vive. No Brasil, além de Curitiba, a Jardinagem Libertária também tem adeptos no Rio de Janeiro, Blumenau, Campo Grande, São Paulo, Cabo Frio e Porto Alegre. Mais informações sobre o movimento, basta acessar o endereço: http://jardinagemlibertaria.wordpress.com/

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Vida Rural

AEAPR-Curitiba fortalece integração interinstitucional

V

alorizar a atividade agropecuária e a profissão de engenheiro agrônomo é a missão da AEAPR – Curitiba (Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná) que inicia 2010 fortalecendo sua integração interinstitucional. O diretor de Política Profissional da associação, Robson Mafioletti, é o novo conselheiro do Crea/PR representando a AEAPR – Curitiba. Mafioletti atuará na CEA (Câmara Especializada de Agronomia) onde fará a análise e o julgamento dos assuntos pertinentes ao exercício profissional da Agronomia, bem como atuará na comissão de legislação profissional e nas reuniões plenárias do Crea-PR. Para Mafioletti, a participação da AEAPR – Curitiba no Crea (Conselho regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) fortalece a profissão e a entidade que passa a ser mais ouvida dentro das regulamentações do exercício profissional. O objetivo é discutir assuntos de grande impacto na sociedade em que o Crea poderá atuar e emitir opiniões, de modo que a prestação de serviços dos profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia aconteça de forma ética e técnica. O presidente da AEAPR – Curitiba, Luiz Antonio Corrêa Lucchesi, conta, também, que a entidade está articulada com outras organizações, como a Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná. A ideia é catalizar ações para que os profissionais sejam ouvidos. A entidade promoverá, inclusive, debates com deputados e senadores para conversar a respeito dos inúmeros problemas ligados à agropecuária. O IAP (Instituto Ambiental do Paraná) é uma das instituições que foram visitadas uma vez que a área ambiental reflete problemas históricos. Para ele, este ano propiciará muito diálogo, a fim de aproximar a missão da AEAPR – Curitiba às necessidades da sociedade.

Associação promove viagem técnica ao Chile • Os segredos da fruticultura chilena serão conhecidos durante a visita técnica organizada pela

AEAPR – Curitiba. A saída está prevista para o dia 10 de outubro, com retorno do Chile no dia 17. A grande vantagem dos chilenos está no zoneamento. A área para o plantio é cuidadosamente estudada, para que o produto seja plantado em local de maior aptidão agrícola, a fim de se obter melhor qualidade e maior produtividade. Hoje, a área cultivada com frutas no Chile é de 208 mil hectares. Existem 7 mil agricultores, 70 tipos de frutas. Da área total, 21% da área é ocupada por uva de mesa, 8,1% maçã, 8,8% abacate, 6,3% ameixa, 5,9% pêra. Informações: aeapr@aeaprcuritiba.com.br ou (41) 3354-4745.

Cursos oferecidos em março - Elaboração de Projetos de MDL O curso Elaboração de Projetos de MDL para Comercialização de Crédito de Carbono terá como palestrante Marcelo Schmid e visa orientar os profissionais quanto aos aspectos básicos sobre mudanças climáticas e mercado de carbono. As atividades acontecem nos dias 1º e 2 de março na sede da AEAPR – Curitiba. O evento tem apoio do Pro-Crea. O valor do investimento é de R$ 300 para associados e R$ 380 para demais interessados. - Legislação Ambiental O curso Legislação Ambiental para Profissionais Ligados às Ciências Agrárias será ministrado pelo engenheiro agrônomo e advogado Odair Sanches e busca capacitar os participantes a entender a dinâmica da Legislação Ambiental Brasileira. O curso será oferecido dias 19 e 20 de março na Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná). O evento tem apoio do Pro-Crea e da Fiep. O valor do investimento é de R$ 150 para associados, R$ 200 para demais interessados e R$ 150 para estudantes.

“A participação da Associação no Crea fortalece a profissão e a entidade que passa a ser mais ouvida dentro das regulamentações do exercício profissional”, destaca Robson Mafioletti, conselheiro da AEA/PR – Curitiba no Crea

Serviço Informações podem ser obtidas na AEAPR – Curitiba: www.aeaprcuritiba.com.br, (41) 3354-4745, aeapr@aeaprcuritiba.com.br.

Agenda de eventos da AEAPR-Curitiba • 15 a 17 de abril - V Simpósio Brasileiro de Educação em Solos • 16 a 19 de junho - RECICLAÇÃO • Feira AnB 2010 - Granja Canguiri • Em breve: Curso de Olericultura; Curso de Excel para Administração Agropecuária; Curso de

Projetos Agropecuários; Curso de Citricultura; e III MBA em Agronegócio - ESALQ/USP - em Curitiba

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Entrevista

Uma questão de consciência e estratégia Carlos Abdalla, gerente de Relações Corporativas da Robert Bosch América Latina, fala sobre a importância dos assuntos sustentáveis para a empresa

divulgação

Carlos Abdalla Juliana Sartori

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Mostrar que uma empresa grandiosa é aquela que reconhece a necessidade de repensar suas ações para manter seu crescimento é a tarefa do gerente Relações Corporativas da Robert Bosch América Latina, Carlos Abdalla. Segundo ele, tudo fica mais fácil quando a empresa já trabalha com conceitos de sustentabilidade muito antes do termo passar a ser conhecido no mundo corporativo. Mais do que marketing, a responsabilidade faz parte da filosofia e da estratégia da corporação e é seguida à risca, principalmente pelo braço da empresa no Brasil.


Geração Sustentável • Como começou o seu interesse pela sustentabilidade? Carlos Abdalla • No início da minha carreira, quando atuava como engenheiro de produção, comecei a despertar para o tema.

GS • A Bosch vem constantemente divulgando suas ações voltadas à sustentabilidade. Por que é importante ter a imagem da empresa tão ligada às ações sustentáveis? CA • A orientação para os aspectos da sustentabilidade há muito tempo – mesmo antes de se falar no termo sustentabilidade – faz parte das ações da Bosch. Compromisso, respeito ao meio ambiente e a perenidade da organização, do ponto de vista econômico, sempre foram focos da empresa. Com a evolução tecnológica, a possibilidade de concentrar maior atenção e maiores recursos no desenvolvimento de soluções sustentáveis foi ampliada, tanto no que se refere aos processos quanto aos produtos que a Bosch disponibiliza no mercado.

GS • Como o tema está inserido nas estratégias de gestão da empresa? CA • A sustentabilidade está inserida dentro da visão da empresa e, portanto, a partir dela, é desdobrada para as estratégias da organização.

GS • A Bosch divulga que tem preocupações com a sociedade e o meio ambiente há mais de quatro décadas. Como esse conceito de responsabilidade foi inicialmente inserido na Bosch Brasil? CA • O Grupo Bosch, desde sua fundação, na Alemanha, em 1886, adota uma política empresarial de relacionamento com seus colaboradores e demais parceiros baseada nos sólidos valores de seu fundador, Robert Bosch. Por decisão testamentária, 8% do capital da empresa são destinados à família Bosch e os 92% restantes a uma entidade sem fins lucrativos, a Fundação Robert Bosch, criada na Alemanha em 1964, e considerada uma das maiores fundações privadas do mundo. Seus investimentos contemplam as áreas de saúde, pesquisa em medicina, ajuda humanitária, relacionamento internacional, educação de jovens, cultura e pesquisas científicas. Em 1971, foi criada no Brasil a Associação Beneficente Robert Bosch, transformada no Instituto Robert Bosch em 2004. Responsável pela gestão

de políticas, diretrizes e recursos dos projetos sociais, ambientais, educativos, de preservação e formação do patrimônio histórico-cultural e médico-hospitalar, o Instituto prioriza os projetos focados na melhoria da qualidade de vida das comunidades. No que se refere ao meio ambiente, a Bosch possui uma série de programa de preservação de recursos relacionados aos seus processos produtivos, assim como adota essas premissas no desenvolvimento de suas tecnologias.

“A Fundação Robert Bosch, criada na Alemanha em 1964, é considerada uma das maiores fundações privadas do mundo. Seus investimentos contemplam as áreas de saúde, pesquisa em medicina, ajuda humanitária, relacionamento internacional, educação de jovens, cultura e pesquisas científicas” GS • O que significa inovação para a Bosch? Quais os principais desafios que a empresa enfrenta para inovar e ao mesmo tempo respeitar o meio ambiente e sociedade? CA • A Bosch considera a inovação como algo mais do que a qualidade excepcional do produto, da funcionalidade e do design. Não somente nossos desenvolvimentos tecnológicos, mas também o nosso comprometimento com a sociedade tem um efeito no mundo de amanhã. Sistemas de gestão, diretrizes e políticas inseridas no dia a dia da empresa garantem a inovação com respeito ao meio ambiente e à sociedade. Por meio do Sistema de Gestão Ambiental, por

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Entrevista

“Sistemas de gestão, diretrizes e políticas inseridas no dia a dia da empresa garantem a inovação com respeito ao meio ambiente e à sociedade” exemplo, a Bosch avalia processos produtivos com foco na compatibilidade ambiental e reduz custos com o uso racional de recursos energéticos. Esse sistema também busca a conscientização e sensibilização dos colaboradores, familiares e comunidade sobre a necessidade da preservação do meio ambiente. A sustentabilidade aplica-se também aos produtos. No Brasil e em todo o mundo os produtos Bosch são fabricados dentro das diretrizes do Programa 3S – em alemão: Sicher/Seguro, Sauber/Limpo – não poluente e Sparsam/Econômico. Anualmente, a empresa investe no Brasil cerca de 16 milhões de reais em projetos de redução de impactos ambientais com foco em gerenciamento de resíduo, proteção da água do solo,

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redução de ruídos, purificação do ar e a conservação da natureza.

GS • Como o conceito de sustentabilidade é difundido dentro da empresa entre funcionários e colaboradores? CA • Essa comunicação é trabalhada de diversas maneiras. Além de estar inserida nos sistemas de gestão, diretrizes e políticas da empresa, os meios de comunicação interna, sejam eles impressos, on-line ou face a face, reforçam constantemente os conceitos e aspectos da sustentabilidade.

GS • Como funcionam os investimentos do Instituto Robert Bosch no Brasil? CA • O Instituto Robert Bosch investe em projetos sociais próprios, desenvolvidos junto com às comunidades de entorno das unidades fabris da empresa no Brasil, com foco principal na educação de crianças e jovens, saúde preventiva, meio ambiente e cultura, como também apoia diversos projetos de outras organizações nãogovernamentais, principalmente localizadas em cidades onde a empresa está presente com suas unidades fabris. Anualmente, são investidos cerca de R$ 3 milhões em projetos sociais junto às comunidades.

GS • Qual mensagem gostaria de deixar para os leitores da Geração Sustentável? CA • É extremamente importante que, cada vez mais, as pessoas passem a se preocupar em dar mais atenção aos aspectos relacionados à sustentabilidade e, a partir daí, exerçam seus direitos e deveres como cidadãos junto aos diversos setores da sociedade – poder público, iniciativa privada e entidades nãogovernamentais.



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Indústria

Passado poluidor, presente transformador e futuro promissor Com tecnologia, as indústrias têm conseguido gerar novos produtos, reduzir custos e impacto ambiental Criselli Montipó

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novação. Esta palavra tem demonstrado ser o caminho mais seguro para a sustentabilidade industrial. De acordo com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) a inovação deve ser o elemento central da estratégia industrial brasileira, pois é fonte primária do aumento da competitividade e gera impactos expressivos sobre as bases do crescimento econômico. Para a CNI – segundo o documento Crescimento: a Visão da Indústria, de 2006 – a inovação resulta da aplicação do conhecimento para gerar novo valor às operações, ao introduzir mudanças tanto nos métodos e processos de produção como na comercialização, gestão, logística e estratégia empresarial, fatores que impactam na capacidade competitiva. Tais mudanças precisam modificar os padrões de produção e consumo que passaram a ser estabelecidos após o surgimento das indústrias. Basta verificar a qualidade da água, do ar, dos solos. Para se ter ideia, segundo a OMM (Organização Metereológica Mundial), a concentração de dióxido de carbono e de óxido nitroso na atmosfera terrestre aumentou 36% desde o século XVIII. Isso indica que é preciso fazer algo, e rápido. Por isso, em 2004, foi sancionada a Lei nº 10.973, conhecida como Lei de Inovação, regulamentada em 2005. Ela dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. Em cinco anos, a lei buscou aproximar as universidades, detentoras de pesquisas, das indústrias, detentoras dos processos. Entretanto, a Lei encontra-se em processo de consolidação. O que tem dado certo mesmo, em grande escala, são as iniciativas de cada indústria que vêm gerando luzes para atravessar o túnel. Conforme o documento da CNI, é a própria empresa que tem sido a principal responsável pelo desenvolvimento da inovação mediante a utilização de recursos próprios. Menos de 20% das empresas utilizaram as fontes de apoio do governo, fortemente concentradas no financiamento para compra de máquinas e equipamentos, por exemplo.

Ao inovar, é preciso rever os padrões de produção e consumo • A revisão dos padrões de produção e consumo é uma das preocupações compiladas na Agenda 21, principal documento da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, a Rio-92. Esse documento foi assinado por 179 países, inclusive o Brasil, anfitrião da conferência, e busca alcançar o desenvolvimento sustentável com a

ação conjunta. A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Vale salientar que o texto do documento destaca que a pobreza e a degradação do meio ambiente estão estreitamente relacionadas. “Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de produção e consumo, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de produção e consumo provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios”, traz o documento.

“Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados” – Agenda 21 No Paraná, a preocupação resultou na publicação Mudanças nos Padrões de Produção e Consumo que integra uma série editada pelo Crea-PR (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná), e contempla as discussões do Fórum Permanente da Agenda 21 Paraná. O engenheiro químico Cláudio Barretto, que é um dos autores deste material e um dos integrantes do fórum, explica que a publicação visa a atingir, principalmente, os 70 mil engenheiros do Paraná, que acabam atuando diretamente em processos de produção. “Quanto mais se consome, mais se produz. É uma roda que temos que repensar”, comenta. Barretto destaca que as indústrias precisam reprojetar seus sistemas produtivos. “E devem promover essas mudanças visando a dois viéses: GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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matéria-prima e economia de energia”, explica. Ele cita o exemplo das indústrias cimenteiras que, desde a década de 90, vêm inovando em seus processos, gerando economia e minimizando o impacto ambiental.

Menos resíduo, mais economia de energia • Conhecidas pelos altos índices de emissões de gás carbônico, as indústrias cimenteiras vêm recompondo o real sentido de inovar. De acordo com o Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), pouco mais da metade da emissão de CO2 na indústria do cimento é inerente ao processo de produção e ocorre durante a transformação físico-química do calcário em clínquer (principal componente do cimento), reação denominada descarbonatação. A outra parcela é predominantemente resultante da queima de combustíveis no forno de clínquer, cuja chama atinge temperatura de até 2.000oC. Ainda de acordo com o Snic, a indústria do cimento em todo o mundo responde por aproximadamente 5% do total de CO2 emitido pelo homem. Os dados são do documento A indústria do cimento no cenário das mudanças climáticas, de 2009. Esses números, porém vêm sofrendo alterações graças às mudanças nos processos. Os cimentos com adições, feitos com aproveitamento de subprodutos de outras atividades e matériasprimas alternativas, são desenvolvidos de forma pioneira no país. Os cimentos compostos têm diversas aplicações e inúmeras vantagens, principalmente ambientais e atendem às normas estabelecidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O uso de cimentos com maior percentual de adições, como resíduos de siderúrgicas, e cinzas

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de termelétricas, diminui a utilização de clínquer e a consequente liberação de CO2 proveniente do consumo de combustíveis no forno e da transformação química do calcário (calcinação), reduzindo, assim, as emissões totais de CO2 por tonelada de cimento produzido. Outro processo utilizado é chamado de coprocessamento. Com ele, a indústria aproveita resíduos como substitutos de combustível ou matéria-prima. Além de dar destinação ambientalmente adequada a rejeitos de outras atividades, permite ainda que parcialmente, reduzir o uso de combustíveis tradicionais não-renováveis, como o coque de petróleo, o óleo combustível e o carvão mineral. No coprocessamento de resíduos, é possível utilizar pneus, óleos usados, plásticos, tintas) ou biomassa (moinha de carvão vegetal, casca de arroz, bagaço de cana). Segundo dados do Snic, atualmente, o país tem 35 fábricas com fornos licenciados pelos órgãos ambientais para co-processar resíduos, possuindo uma capacidade potencial de destruição de 2,5 milhões de toneladas. Só em 2008, a indústria cimenteira nacional destinou a cerca de um milhão de toneladas de resíduos (incluindo, aproximadamente, 33 milhões de pneus inservíveis). A utilização desses resíduos como combustível alternativo representa hoje uma substituição de 15% de combustíveis fósseis não-renováveis. No Paraná, a Resolução nº 76/2009, do IAP (Instituto Ambiental do Paraná), estabelece os critérios na solicitação e emissão de Autorizações Ambientais para coprocessamento de resíduos


em fornos de cimento, com fins de substituição de matéria-prima ou aproveitamento energético. A Cimentos Itambé, localizada no município de Balsa Nova, a 32 quilômetros de Curitiba, tem capacidade instalada anual de 1,5 milhão toneladas de cimento ao ano. A empresa é uma das 35 cimenteiras brasileiras com fornos licenciados para coprocessar resíduos industriais, atividade que desenvolve desde 1993, como explica o gerente industrial, Dair Favaro Junior. O processo é desenvolvido pela Itambé, em parceria com as empresas Transforma Engenharia e OSM Ambiental, que realizam todo o processo para obtenção das autorizações ambientais. A Itambé recebe cerca de 5 mil toneladas de resíduos ao mês que são coprocessadas. Isso representa uma diminuição de 20% no consumo de

combustível fóssil. Vale lembrar que a empresa que fornece o resíduo recebe um CDR (Certificado de Destinação de Resíduos). Acidentes ambientais, como os da Petrobras, tiveram seus resíduos processados pela Itambé. A auditoria é realizada pela SGS ICS Certificadora a cada seis meses e segue a norma ISO 14001. Aliás, a Itambé possui o Sistema Integrado de Gestão (SIG), que compreende as certificações 14001 (meio ambiente), ISO 9001 (qualidade) e OHSAS 18001 (saúde e segurança).

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ISO 14000: sustentabilidade fundamenta-se no perfil de cada empresa Muito se fala da importância das normatizações ambientais para a sustentabilidade, mas ainda há muitas dúvidas sobre o assunto. A ISO 14000 é a mais difundida. Ela compreende uma série de normas elaboradas pela International Organization for Standardization, com sede na Suíça, que reúne mais de cem países com a finalidade de criar normas internacionais. No Brasil, estas normas são chanceladas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A ISO 14000 é facultativa e estabelece requisitos para as empresas gerenciarem seus processos a fim de minimizar os impactos ambientais atentarem às necessidades socioeconômicas. “Cada norma da série 14000 tem a sua função no segmento empresarial”, ressalta o consultor ambiental Giuliano Moretti. Ele lembra que tais normatizações podem ser aplicadas a todos os tipos e portes de organizações, independentemente das condições geográficas, culturais e sociais. Segundo Moretti, uma das vantagens dessa sistematização é a quebra de barreiras técnicas, no caso de prestação de serviços para outros países, visto que são aceitas no mundo todo. “É um instrumento que veio incrementar a ideia de sustententabilidade. A série 14000 surgiu no evento Rio 92 e se comprometeu com a Agenda 21, a fim de disseminar um consenso para que a sustentabilidade seja buscada de forma objetiva”, destaca. Moretti salienta, no entanto, que as normas não podem virar modismo. Para auxiliar os empresários, Moretti desenvolveu, durante seu mestrado em gestão ambiental, uma ferramenta que estuda a real necessidade e viabilidade da implementação da norma ISO 14001, que trata do Sistema de Gestão Ambiental. O artigo técnico ISO 14001: implementar ou não? Uma proposta para a tomada de decisão, pode ser consultado na versão on-line da Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, volume 13, número 4. Fonte: Informativo Reciclação, Edição 1, 2009.

Para Favaro, ao investir em mais tecnologia a fim de minimizar as emissões e otimizar os processos (a empresa faz monitoramento de gases), a indústria acaba agregando valor ao produto, uma espécie de cimento “selo verde”. Como 70% do mercado da Itambé é técnico (concreteiras, construtoras), a exigência por esse tipo de produto coloca a empresa em um lugar de destaque. A indústria também desenvolve o programa Timão Itambé. O Treinamento de mão de obra para a Construção Civil atende a diversos públicos: trabalhadores da construção, engenheiros, 20

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arquitetos, universitários. O objetivo é passar informações referentes ao melhor aproveitamento do cimento. Os trabalhadores recebem todas as informações no próprio local de trabalho (canteiro de obras, por exemplo).

Sustentabilidade também “sai do papel” • A centenária Klabin, empresa de capital brasileiro, fundada em 1899, tem escrito páginas de inovação e desenvolvimento sustentável. É a maior produtora, exportadora e recicladora de papéis do Brasil. Com capacidade de produção de 2 milhões


de toneladas ao ano de papéis para embalagens, possui 18 plantas industriais, sendo 17 no Brasil e uma na Argentina. Assim, oferece 13,4 mil (entre diretos e indiretos). O diretor de Projetos, Tecnologia Industrial e Suprimentos da Klabin, Francisco Razzolini, explica que a empresa adota o princípio da sustentabilidade e trata do assunto com cuidado, uma vez que sua base é florestal. Por isso, foi a primeira empresa no setor de papel e celulose das Américas a ter suas florestas certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Council), em 1998. Até setembro de 2009, a Klabin possuía 216 mil hectares de florestas plantadas e 188 mil hectares de florestas nativas preservadas, somando mais de 400 mil hectares. “Estamos buscando melhoria de produtividade na mesma área”, comenta Razzolini. Para isso, a pesquisa é essencial para poder adaptar o material para a menor área. Dentre as ações, estão a seleção de materiais e o cruzamento de espécies que possibilitam utili-

zar menos terras e produzir até 50% mais. Foi a partir de inovação tecnológica que a Klabin conquistou, também, o posto de primeira empresa do mundo a receber o certificado FSC pelo manejo de plantas medicinais, fitoterápicos e fitocosméticos, em 1999. O laboratório de manipulação da Fitoterapia utiliza plantas medicinais para produzir cerca de 30 medicamentos, 31 produtos da Linha Phitosfera – Beleza & Saúde, além de 12 produtos inéditos da Linha Laboral. O programa objetiva promover a excelência no aproveitamento do potencial das florestas da empresa em harmonia com a proteção dos recursos naturais e com a responsabilidade social.

Processos eficientes • Outra preocupação da Klabin foi a eliminação do uso de cloro elementar no branqueamento da celulose. A tecnologia ECF (ECF – Elementary Chlorine Free) utiliza dióxido de cloro, que gera cinco vezes menos compostos organoclorados durante todo o processo

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Conforme o documento da CNI, é a própria empresa que tem sido a principal responsável pelo desenvolvimento da inovação mediante a utilização de recursos próprios. Menos de 20% das empresas utilizaram as fontes de apoio do governo, fortemente concentradas no financiamento para compra de máquinas e equipamentos, por exemplo. de branqueamento, sendo menos nocivo ao meio ambiente do que os processos convencionais. Essa tecnologia é utilizada em Monte Alegre, em Telêmaco Borba, no Paraná, e estará presente no projeto de expansão da unidade de Correia Pinto, em Santa Catarina. O consumo de água também foi reduzido de 40 para 36 mil litros por tonelada de papel produzida na Unidade Monte Alegre, a maior fábrica de papéis da companhia e do Brasil. Outro ganho é a reutilização de cerca de 62% da água captada, que é reaproveitada no processo de fabricação de papel, para trabalhos de manutenção e limpezas. Além disso, cerca de 40% dos efluentes da Unidade Monte Alegre são tratados pela ultrafiltração, conferindo à água que é devolvida por esse sistema ao Rio Tibagi uma limpidez superior à da originalmente retirada, como ressalta Razzolini. A Estação de Tratamento de Efluentes teve sua capacidade ampliada em 2008, possibilitando que os parâmetros de lançamento de 22

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efluentes da Klabin fiquem mais de 60% abaixo dos limites permitidos. Graças também aos sistemas de controle, as emissões atmosféricas geradas por novos equipamentos estão dentro de parâmetros muito inferiores aos fixados pela legislação ambiental. O mesmo ocorre com o novo incinerador de gases causadores de odor, que teve incremento de eficiência de quase 100%. Casca, cavacos, resíduos florestais, resíduos de madeira e decorrentes da fabricação de celulose faz com que somente 18% da energia seja proveniente de combustíveis fósseis (óleo BPF e gás natural). No que se refere à geração de gases, em maio de 2008, a Klabin vendeu 87 mil toneladas de CO2, a €17,05 cada tonelada, geradas por um MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) que substitui óleo combustível por gás natural, instalado em sua Unidade de Piracicaba (SP). Essa foi a primeira venda feita pela empresa com base em um projeto de MDL, de acordo com o preconizado pelo Protocolo de Kyoto. Esse MDL foi elaborado contemplando o período de 2001 a 2010 e com potencial de gerar cerca de 150 mil toneladas de crédito de carbono. A segunda venda foi realizada em outubro de 2009, a €12 cada tonelada, referentes a cerca de 20 mil toneladas de CO2. A expectativa é que o saldo restante, de aproximadamente 20 mil toneladas de CO2, seja comercializado no início de 2011.

Vida longa às embalagens • Segundo a Klabin, em 1995, foi implantado no Brasil um sistema inédito no mundo e um dos mais avançados dentro do conceito de reciclagem – a tecnologia a Plasma – que permite recuperar também o polietileno e o alumínio que compõem as embalagens longa vida. Projeto desenvolvido pela Tetra Pak em conjunto com a Klabin, Alcoa e TSL Ambiental, a planta instalada ao lado da fábrica da Klabin na cidade paulista devolve à cadeia produtiva, como matéria-prima, os três componentes das embalagens. A primeira unidade de reciclagem a plasma, pioneira no mundo, foi criada com investimento inicial de R$ 14 milhões, e a planta tem a capacidade para reciclar oito mil toneladas de plástico e alumínio por ano, equivalentes a 32 mil toneladas de embalagens. Razzolini também adianta que há pesquisas para unificar as embalagens primária secundária produzidas pela empresa. “Queremos menos papel fazendo a mesma proteção”, enfatiza.



Visão Sustentável

O valor de ser sustentável Os investimentos socialmente responsáveis vêm ganhando espaço mundialmente. No Brasil, há fundos de ações com foco em sustentabilidade, além do ISE

Criselli Montipó

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omo vislumbrar o futuro das empresas nesse cenário de incertezas? Vale a pena investir no mercado de ações? Afinal, como será o amanhã? Para colocar um ponto final nessas interrogações basta apostar no tripé da sustentabilidade. É por isso que tem crescido a procura de investidores por empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. Os chamados “investimentos socialmente responsáveis” (do inglês, Socially Responsible Investing - SRI), já são uma tendência mundial.

Dentro desse conceito, considera-se que empresas sustentáveis geram valor para o acionista a longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais. Cássio Trunkl, sócio-diretor da consultoria Finanças Sustentáveis – especializada na sustentabilidade dos negócios, que atua há três anos, com sede em São Paulo – destaca que a procura de investidores por empresas socialmente responsáveis não é recente. Os primeiros fundos de investimento com esse foco surgiram na década de 80, nos Estados Unidos.


pondidos, o conselho faz auditorias e escolhe, no máximo, 40 empresas com melhor classificação, principalmente considerando o relacionamento com empregados e fornecedores; o relacionamento com a comunidade; a governança corporativa; e o impacto ambiental de suas atividades.

Atratividade e segurança para os investidores • No caso do ISE, Trunkl destaca que a atual carteira de ações, vigente desde 1º de dezembro de 2009, teve sua metodologia revista. Segundo ele, com a utilização dos critérios anteriores, o grupo se concentrava nos setores elétrico e financeiro. “A metodologia foi renovada e agora possui limite setorial. Nenhum setor pode ter mais que 15% da carteira. Isso trouxe atratividade para os investidores, que argumentavam que o índice possuía baixa praticidade”, comenta Trunkl. O consultor lembra, também, que a cada ano o processo começa do zero. “Mas as empresas podem permanecer, sair e retornar, de acordo com os critérios. É uma ferramenta para as empresas avaliarem sua gestão”, explica. Isso porque a Bovespa divulga um relatório individual para cada empresa que respondeu ao questionário. O material, que é sigiloso, traz uma comparação média com o mercado, o que possibilita uma autoanálise da gestão. Para Trunkl, integrar o ISE é uma exposição positiva da marca, que reúne um índice seleto de empresas. “O mercado consumidor, em todos os níveis, está preocupado. Ao fazer parte do ISE, a empresa demonstra aos clientes que é mais responsável, e agrega valor à marca”, salienta. O ISE segue uma tendência do mercado global. O DJSI (Dow Jones Sustainability Index), lançado em 1999, é um dos mais respeitados índices de sustentabilidade empresarial e representa

Empresas sustentáveis geram valor para o acionista a longo prazo, pois estão mais preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais

PONTOS

No Brasil, o pioneiro foi o Fundo Ethical, criado em novembro de 2001 pelo Banco Real. Destina-se a aplicações em ações de empresas que possuam práticas que evidenciem preocupação com aspectos sociais relacionados à proteção do meio ambiente e que adotem, voluntariamente, boas práticas de governança corporativa. Hoje o país oferece uma dezena de fundos de ações com foco em sustentabilidade, de acordo com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) – antiga Anbid. Esses fundos têm critérios próprios para seleção de empresas. Além dos fundos, há o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa), criado em 2005. O índice é o resultado do esforço conjunto de várias instituições – Abrapp, Anbid, Apimec, Bovespa, Ibgc, IFC, Instituto Ethos e Ministério do Meio Ambiente. A Bovespa preside o conselho deliberativo, órgão responsável pelo desenvolvimento do ISE, e é responsável pelo cálculo e pela gestão técnica do índice. De acordo com a Bovespa, o ISE objetiva refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro. A Fundação Getúlio Vargas auxilia no desenvolvimento de critérios de seleção, prepara e envia questionários, além de tabular e classificar empresas de acordo com os critérios aprovados. A bolsa calcula e divulga o índice em tempo real. No desenvolvimento dos critérios de seleção, inclui-se consultas com a participação de representantes dos stakeholders. Anualmente, são encaminhados questionários às empresas pré-selecionadas (com as 150 ações mais líquidas). De posse dos questionários res-

Fonte: www.bmfbovespa.com.br

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Visão Sustentável

Fundos de ações com foco em Sustentabilidade BB Top Ações Índice Sustentab. Empres. Fia Bradesco Fia Ind. Sust. Emp. • Caixa Fi Ações ISE • Fia Sustentabilidade • Hsbc Fia Sust Emp ISE • Itaú Excelência Social Ações Fi • Leeg Mason Ações Sustent Empresarial Fi • Real Fi Ações Ethical II • Safra ISE • Unibanco Sustentabilidade Fia • •

Fonte: Anbid, disponível em www.bmfbovespa.com.br

o valor de um grupo de empresas consideradas sustentáveis segundo critérios financeiros, sociais e ambientais. Cerca de 300 empresas de mais de 20 países fazem parte desse grupo, do qual estão incluídas sete empresas brasileiras (Aracruz, Bradesco, Cemig, Itaú Unibanco, Itaúsa, Petrobrás e Redecard). Segundo Trunkl, o fato de algumas empresas integrarem o índice de sustentabilidade empresarial da Dow Jones e o da Bovespa demonstra coerência. “A empresa que se destaca lá fora, destaca-se aqui dentro também, com destaque para o Itaú que integra o DJSI desde 1999”, comenta. Outra semelhança é com o índice da própria Bovespa (Ibovespa), pois há empresas presentes nos dois índices. “Faz sentido que os índices andem de forma parecida, pois os critérios são um filtro”, sugere Trunkl.

Perfil do investidor • De acordo com a Bovespa, o ISE contempla dois perfis de investidores: os pragmáticos e os engajados. Os pragmáticos são aqueles que compram ações de empresas listadas em índices de sustentabilidade porque acreditam que essas companhias têm mais chances de permanecerem produtivas pelas próximas décadas e que sofrerão menos passivos judiciais, com ações ambientais, trabalhista e sociais. 26

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Os engajados são aqueles que, por comprometimento pessoal, decidem privilegiar as empresas que atuam de forma sustentável, com respeito a valores éticos e socioambientais. Eles não querem se envolver com empresas que poluem ou que têm problemas com direitos humanos. Estão dispostos a pagar um valor maior pela ação de empresas que privilegiam os três pilares da sustentabilidade: econômico, ambiental e social.

Os esforços para integrar o ISE • Empresa de mercado aberto, portanto, negociável no mercado de ações, a operadora Vivo – com mais de 50 milhões de clientes e cobertura nacional em mais de 3 mil municípios – decidiu inserir a transversalidade da sustentabilidade em seus processos, como explica Juliana Limonta, da Divisão de Responsabilidade Socioambiental da Vivo. O resultado não poderia ser outro. Ao adotar essa política, a Vivo foi uma das empresas selecionadas para fazer parte da carteira do ISE 20092010. As ações são negociadas de 1º de dezembro até 30 de novembro de 2010. Nesse período, o grupo é composto por 43 ações de 34 companhias. Segundo Juliana, o intuito dessa política é desenvolver serviços de melhor qualidade, reavaliar os processos de maneira que tornem a empresa mais forte e integrar todos os envolvidos.


Isso fez com que a empresa se preparasse especialmente para a para obtenção de um lugar na carteira. Foram seis meses de conscientização, para que todos entendessem e avaliassem suas atividades de um ponto de vista sustentável. “Realizamos, dentro da empresa, vários encontros de conversação em todas as regionais para definirmos as políticas de sustentabilidade da Vivo”, explica Juliana. Ela ressalta que a ideia é traduzir as expectativas dos colaboradores, dos investidores, dos fornecedores e dos clientes na essência da Vivo como empresa. Toda a política de sustentabilidade foi dialogada e deve ser finalizada até o início de março. Essa forma de encarar o processo, de acordo com Juliana, é a tradução da missão da Vivo, a qual acredita que na sociedade em rede o indivíduo vive melhor e pode mais. Por isso, pretende criar condições para que o maior número de pessoas possa se conectar, a qualquer momento e em qualquer lugar, possibilitando viver de forma mais humana, segura, inteligente e divertida. Foi a partir desse diálogo, o qual reuniu todos os stakeholders, que a empresa obteve o ISE. Ju-

liana acredita que o ponto decisivo foi a inserção da sustentabilidade na governança corporativa, em uma mudança de visão da empresa. “Olhar de maneira consciente e distribuir responsabilidades a cada área tiveram resultados na aplicação do indicador”, acredita. A médio e longo prazo a empresa passa a fazer modificações, começa a se questionar como será o crescimento, revê o consumo de energia, por exemplo. A política de sustentabilidade da empresa tem que aparecer em todas as suas ações em todos os processos. É o caso da construção do centro de processamento de dados, em São Paulo, que deve ficar pronto neste ano. O centro aumentará em dez vezes a capacidade de processamento de dados, mas apenas uma vez e meia o consumo de energia. A construção e os equipamentos serão sustentáveis. O relatório que avaliou o desempenho da empresa, emitido pela Bovespa, resultou em grupos de trabalho que estão revendo aspectos que podem ser melhorados, já visando a renovação da carteira.

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Rubens Mazzali

Gestão Sustentável

Economista-chefe do Escritório de Sustentabilidade Estratégica do ISAE/FGV – Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas

As empresas sustentáveis não precisam necessariamente gerar lucros líquidos, mas seguramente geram lucros sólidos

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Lucro Líquido, Sólido e Gasoso

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m observador desatento deve deduzir que Físicos e Economistas, muito provavelmente, não frequentam as mesmas praias, não leem os mesmos livros e nem assistem aos mesmos filmes. São seres muito diferentes. Os primeiros viajam do mundo da Física Quântica à Astrofísica, enquanto os outros passeiam entre a Oferta e a Procura, perdendo-se entre lucros e dividendos, diria ele. Realmente, um observador desatento. Se observarmos com mais cuidado, veremos que não são seres muito diferentes, ao contrário, são semelhantes que navegam em diferentes oceanos. Uns no Oceano das Ciências Naturais, e outros, no Oceano das Ciências Sociais, ambos lidando com ampla diversidade de mares, ventos e correntes. Se no Planeta Terra a Água é predominante, no Planeta Econômico, esses dois Oceanos, o Social e o Natural, são determinantes. As variáveis sociais e as naturais – entre elas as ambientais – determinam o resultado econômico. Em outras palavras, o econômico é resultado em função do social e do natural. Alguém dirá que o contrário é verdadeiro, que o desenvolvimento socioambiental é fruto dos recursos econômicos nele investidos, mas só o serão depois de gerados. Sempre o social e o natural é que disparam a equação. Desse modo, investimentos sociais e ambientais deveriam gerar lucros, ou, mais precisamente, na terminologia contábil, lucro líquido. Deveriam, mas essa não é uma verdade absoluta. Boa parte das empresas investe no socioambiental e, umas por conquistarem consumidores conscientes, outras por redução de passivos sociais e ambientais, percebe melhoria no lucro. Entretanto, não podemos deixar de observar que outra parte significativa de empresas também investe e, além de não alcançar melhoria nos lucros líquidos, apura prejuízos. O leitor poderá argumentar que isso dependerá muito da qualidade do investimento socioambiental, e estará correto. Porém, mesmo empresas com alta qualidade de investimento e gestão vão se enquadrar nas duas situações acima: umas conseguem aumentos de lucros lí-

quidos, outras não. Aquele observador incauto diria: “Que investimento incerto e imprevisível é esse, o socioambiental?”. Voltemos aos físicos e economistas. Um físico, lembrando dos estados físicos da matéria, perguntaria se o lucro fica líquido em função de variações de temperatura e pressão. Um economista responderia que sim, que as pressões dos preços e o aquecimento da taxa de juros influenciam o lucro líquido. O físico, então, perguntaria onde está o lucro sólido. E essa conversa de doidos prosseguiria com o economista dizendo que, na contabilidade gerencial, não há lucro sólido, somente lucro bruto. Será mesmo? A uma empresa sustentável não soaria melhor lucro sólido do que lucro líquido? Proponho reflexão sobre essa expressão. Se o lucro líquido reflete apenas o resultado operacional – receita menos custos e despesas – o lucro sólido batizaria a valorização das ações ou cotas da empresa. Seria o ganho dos acionistas ou cotistas. Expressaria variação positiva de valor e não de resultado operacional. Rentabilidade em vez de lucratividade. Pode parecer sutil essa distinção, mas é tão sutil quanto a água e o gelo, o líquido e o sólido. Uma empresa pode apresentar lucro líquido e seus sócios perderem dinheiro caso suas ações desvalorizem em proporção maior do que o lucro. O contrário é verdadeiro, a empresa pode ter prejuízo e seus sócios ganharem dinheiro com a valorização de suas ações. Essa valorização ou desvalorização de ações ou cotas ocorre em função do grau de risco que essas empresas apresentam. Uma empresa sustentável é aquela que tem a gestão ética de seus stakeholders, mitigando riscos e, desse modo, tornando-se mais atrativa ao investidor. Empresas atrativas a investidores valorizam-se e produzem lucros sólidos. As empresas sustentáveis não precisam necessariamente gerar lucros líquidos, mas seguramente geram lucros sólidos. As empresas não sustentáveis, ora, essas só podem gerar lucros gasosos. Lucros que evaporam.



Responsabilidade Social

c o r p o r a t i v a

Empresas unidas para garantir o bom clima no planeta Programa Empresas Pelo Clima mostra capacidade do setor privado de se unir para criar soluções para o País

Juliana Sartori

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mpresas unidas a fim de criar uma plataforma nacional destinada a criar as bases regulatórias no processo de adaptação econômica às mudanças climáticas. Até parece texto de legislação. Mas na verdade, o programa Empresas Pelo Clima (EPC) é muito mais prático e funcional do parece a sua descrição. Lançado em outubro de 2009 pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o EPC reúne companhias interessadas em orientações e ferramentas para as práticas de gestão das emissões de gases do efeito estufa (GEE) e de sustentabilidade para os negócios. Ao ser criado, o programa contou várias empresas fundadoras do EPC, que têm em sua gestão o compromisso com o planeta e com a sociedade. Atualmente são 21 empresas que fazem parte do programa. Entre elas, o Banco do Brasil, devido

ao perfil de destaque que já ocupa no setor financeiro em relação ao desenvolvimento sustentável. “O fato do Banco do Brasil estar inserido nessa plataforma pelo clima é devido à trajetória que o banco tem na preocupação com a sociedade e o meio ambiente”, destaca o gerente executivo da Unidade de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Benilto Couto Cunha. Assim como o Banco do Brasil, todas as empresas que fazem parte do programa, ao aderirem à plataforma, assumem o compromisso de publicar seus inventários de gases de efeito estufa de acordo com a metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol e desenvolver políticas e planos de gestão dos gases poluentes que garantam competitividade, inovação e o estímulo ao posicionamento em prol de uma economia de baixo carbono no país. Os primeiros registros foram anunciados no lançamento do EPC. “O


mais interessante do programa é reunir empresas com interesse comum, discutir alternativas e fazer propostas conjuntas ao país que vão além da preocupação com a própria competitividade. A intenção é sim trabalhar junto com as políticas nacionais de sustentabilidade’, explica Cunha. Na realidade foi essa preocupação comum do setor privado que fez com que o EPC fosse criado. “Na ausência de uma política pública para o setor, o EPC se propõe a catalisar o anseio do setor econômico e orientar no sentido de uma nova economia”, aposta Luiz Pires, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do programa. Segundo ele, as principais atividades do EPC serão a formação contínua em mudanças climáticas, discussões entre líderes dos setores de maior emissão e mesas redondas temáticas: agronegócio, energia, florestas, indústria, serviços e transporte. O programa prevê ainda debates entre representantes das empresas e especialistas, elaboração de position papers e policy papers orientadores à tomada de decisões e a manutenção de um fórum estratégico permanente. “A obrigação da publicação do inventário de gases de efeito estufa é uma amostra da seriedade do programa, que tem objetivos práticos e requer que a empresa reconheça suas condições e obrigações ambientais”, diz Benilto. Assim que passaram a assinar pelo programa EPC, as empresas signatárias realizaram seus inventários de emissão de carborno e descubriram que são responsáveis por até 8,5% das emissões no país. O primeiro levantamento feito no país sobre emissões de gases de efeito estufa (GEE) por 27 empresas brasileiras aponta que 85,2 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e) foram despejadas na atmosfera em 2008. A próxima etapa das que fazem parte do EPC é fixar as metas para reduzir a poluição.

Inserido na transformação • Para o gerente da Unidade de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, esse é mais um estímulo para que as empresas, principalmente as de grande porte do Brasil, passem a aderir práticas sustentáveis e trocar experiências. “No Banco do Brasil, por exemplo, essas práticas já fazem parte da realidade do banco já cerca de dez anos. O banco tem várias propostas de eficiência de energia em suas agências bancárias, eficiência no consumo da água, construções verdes, além de um programa completo de conscientização sobre o descarte seletivo de resíduos”, aponta. Além disso, o banco conta com uma unidade exclusiva para promover o desenvolvimento sustentável na corporação. “Tudo isso fechando um ciclo com os núcleos de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) que são um braço da Unidade em todas as cidades onde há uma agência do Banco do Brasil inserida”, explica Benilto. O EPC conta com uma estrutura formada por um Conselho Consultivo, que são os atores relevantes para a ação em mudanças climáticas entre instituições governamentais, financiadores, iniciativa privada, academia, sociedade civil e cooperação internacional; Apoio Institucional, que é o Governo, a iniciativa privada e as organizações internacionais; e as Parcerias Estratégicas, que são as instituições que apoiam e replicam em rede as ações do EPC. Para melhor a funcionalidade do programa, ele foi estruturado em seis áreas temáticas: agronegócio, energia, florestas, indústria, serviços e transportes. A ideia é reunir empresas de diferentes setores e especialistas em torno de discussões sobre tópicos relevantes de cada área. A partir dos temas periodicamente, as mesas de discussões são realizadas para buscar caminhos de inserção das empresas na economia de baixo carbono, além de levantar dados para estudos e policy papers.

“O mais interessante do programa é reunir empresas com interesse comum, discutir alternativas e fazer propostas conjuntas ao país que vão além da preocupação com a própria competitividade”, diz Benilto Couto Cunha, BB

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Responsabilidade Social

c o r p o r a t i v a

opinião Os compromissos socioambientais do Banco do Brasil no Paraná Como o Banco do Brasil promove suas ações socioambientais no Paraná? As ações de responsabilidade socioambiental no Paraná estão alinhadas com o conceito do conglomerado que é adotar o referencial da sustentabilidade para o nosso processo decisório. Isso significa estar disposto a redesenhar processos, produtos e serviços à luz de seus impactos sociais e ambientais. Avaliar a performance organizacional não somente com base em indicadores de natureza econômica, mas complementá-los com outros que agreguem valores sociais – como a defesa dos direitos humanos e do trabalho, o bem-estar dos funcionários, a promoção da diversidade, o respeito às diferenças, a inclusão social e os investimentos diretos na comunidade - e a preservação ambiental. É a incorporação dos princípios balizadores do desenvolvimento sustentável no planejamento de suas atividades, negócios e práticas administrativas, envolvendo os seus públicos de relacionamento: funcionários e colaboradores, fornecedores, parceiros, clientes, acionistas e credores, concorrentes, comunidades, governo e meio ambiente. Nas atuações com parceiros externos o Banco participa do Comitê de Entidades no Combate a Fome e pela Vida. Também participa dos Fundos Sociais que objetivam beneficiar crianças e adolescentes em situação de risco, e é parceiro do Governo Federal no Programa Fome Zero. Com o público interno, o Banco desenvolve ações como Equidade de Gênero, Programa Qualidade de Vida no Trabalho e ainda, como parte da política de responsabilidade sócio-ambiental que integra a agenda 21 do Banco do Brasil, o Programa Ecoeficiência que é um dos grandes desafios da instituição. Porém, a principal contribuição do Banco no sentido de responsabilidade socioambiental é a Estratégia Negocial de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) que busca promover a geração de trabalho e renda - através de parcerias - por meio do apoio a práticas que valorizam as vocações e potencialidades locais em atividades rurais e urbanas diversas. Quais orientações de sustentabilidade a instituição disponibiliza para os clientes corporativos? Ao longo de sua história bicentenária, o Banco do Brasil sempre se posicionou como uma Empresa a serviço do país, não apenas do crescimento econômico, mas do desenvolvimento humano e social das comunidades onde se insere e com as quais se relaciona. Mais recentemente, seu compromisso com o Brasil ganhou

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

“Na ausência de uma política pública para o setor, o EPC se propõe a catalisar o anseio do setor Paulo Roberto Meinerz econômico e orientar Superintendente do Banco do no sentido de uma Brasil no Paraná nova economia”, destaca Luiz Pires, FGV

novo impulso, o BB assumiu e disseminou, por toda a sua cadeia de negócios, princípios de responsabilidade socioambiental que estão levando ao aperfeiçoamento de seus produtos, programas e serviços. É nesse contexto que as ações de sustentabilidade permeiam todos os mercados em que o Banco atua, tais como mercado pessoas física, pessoa jurídica, governo, seja no varejo ou no atacado. O Banco do Brasil também disponibiliza uma série de linhas de financiamento e de fundos de investimento que apóiam diretamente o desenvolvimento sustentável do País, como: Agricultura Familiar, BB Biodiesel, BB Produção Orgânica, BB Florestal, BB Ações ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo), BB Referenciado DI Social 200 e as linhas de benefício para Eficiência Energética. Outra iniciativa de impacto nas ações negociais é a rígida análise de concessão de crédito, não apoiando projetos que comprometam questões sociais e ambientais. Por exemplo, a suspensão de novos créditos a clientes incluídos em relação de empregadores e proprietários rurais que submetem seus trabalhadores a formas degradantes de trabalho, de financiamentos a clientes envolvidos com exploração sexual de crianças e com uso do trabalho infantil. Em sua opinião, quais são as tendências socioambientais que influenciarão as relações entre as instituições financeiras e empresas? O caminho para enfrentarmos o futuro passa pela reflexão e adoção de uma cidadania global, um desafio para a próxima década. O Banco do Brasil privilegia empresas e parceiros comprometidos com os mesmos valores e objetivos, ou seja, integridade, idoneidade, respeito à comunidade e ao meio ambiente. É a construção compartilhada que deve estar presente na relação com cada um dos públicos. As negociações e desenvolvimento de produtos bancários não poderão, de forma alguma, prescindir do conceito de sustentabilidade, sob pena de não serem reconhecidos e aceitos socialmente. Crescer economicamente é necessário, mas apenas dentro de princípios éticos e garantidores dos direitos humanos, sociais e ambientais o crescimento poderá ser enxergado como sustentável. O Banco do Brasil optou por crescer de forma sustentável, junto com o país, porque somente com cidadania e responsabilidade é possível criar uma sociedade mais justa e poder vislumbrar um futuro melhor para todo o mundo.


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Conheça o novo sistema de queima a partir de pellets de resíduos vegetais capaz de trazer economia, sem prejudicar o meio ambiente

A

busca por energias mais limpas e baratas a fim de substituir os combustíveis fósseis – conhecidos por serem esgotáveis, poluentes e caros – muitas vezes deixa de lado opções simples e que fazem parte do cotidiano da população há milhares de anos. O engenheiro belga T. Gauthier vive no Brasil há mais de 20 anos, tem larga experiência em energias alternativas e desenvolveu um sistema para obter calor da forma mais simples que se possa imaginar: com restos de madeira e qualquer outro subproduto de origem vegetal. No entanto, aplicou tecnologia e conseguiu resultados surpreendentes de rendimento, eficiência, baixo custo, e o que é mais importante, com níveis irrisórios de poluição. Ou seja, bom para o bolso e também para o planeta. Gauthier explica que a biomassa, principalmente sob a forma de lenha, é utilizada desde os primórdios da humanidade e ainda hoje é o combustível mais usado para obter energia térmica, no entanto, de forma rudimentar. Não é novidade no Brasil ou nos países europeus o uso de briquetes ou ainda de pellets, que são resíduos madeireiros ou agrícolas prensados e transformados em grãos. Os pellets tornaram se um dos combustíveis mais comuns para aquecimento residencial no Hemisfério Norte, dispensando os derivados de petró-

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

leo, gás natural ou carvão mineral. A novidade do engenheiro é justamente aplicar tecnologia no uso desses pellets para que possam produzir energia com níveis industriais. Com o sistema disponibilizado por meio da empresa EcoHeater Ltda, “é possível conseguir a queima desses granulados com potências adaptadas às necessidades industriais. Isso é de 10 a 100 vezes maiores do que as necessárias na utilização doméstica”, explica o engenheiro, que garante potências desde 350 até 3000 kWh. Ele afirma, ainda, que a empresa conseguiu melhorias sensíveis por permitir a utilização de granulados com teor de cinzas de 5% a 6%.

Matéria-prima abundante, barata e renovável • Outro fator interessante do sistema EcoHeater é que ele pode ter como combustível não somente os resíduos de produtos florestais, mas também de praticamente qualquer vegetal, como bagaço e palha de cana, capim- elefante, palha de brachiaria, etc. “Todos resíduos fáceis e baratos de serem encontrados e processados para serem transformados em pellets”, afirma. “No Brasil, já que é quase inexistente a necessidade de aquecimento residencial, as poucas empresas que iniciaram uma produção de pellets vislumbravam o mercado de exportação, mas perderam a competitividade”, conta Gauthier.

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Solução para energia térmica com benefícios ambientais


É exatamente desse panorama que seu sistema se beneficia, pois conta com produtores locais de pellets que não conseguiram exportar e com a tecnologia necessária para aplicar a matéria em queima com nível industrial. “Não posso desenvolver um sistema sem a garantia do combustível. Portanto, garantimos o fornecimento do sistema e também do combustível, em parceria com os produtores de granulados”, explica. Gauthier garante que o sistema gera uma economia média de 20% até 50% em comparação com o uso de combustíveis como o GLP, por exemplo. Portanto, o EcoHeater é o resultado de pesquisa e desenvolvimento de três diferentes vertentes: a redução dos custos de produção dos pellets, com novos processos de secagem e pela utilização de matéria-prima disponível e mais barata, o desenvolvimento de tecnologia de combustão para potências industriais e a automatização de toda a operação. “Tudo é automatizado, desde o silo de combustível até a ignição eletrônica, a alimentação, os controles de temperatura até a recuperação das cinzas”, diz. Dessa forma, os queimadores podem ser instalados em praticamente qualquer caldeira, fornalha ou gerador de calor, sem precisar modificar esses equipamentos. Podem ser utilizados em padarias e indústrias alimentícias, fundições metalúrgicas, usinas de asfalto, granjas avícolas, incubadoras, secadores de cereais, produção de cerâmica, geração de vapor e qualquer outro processo que necessite de calor. Além de garantir o fornecimento do combustível, a empresa instala os queimadores em locação ou mesmo em regime de comodato, evitando a necessidade de grandes investimentos para os usuários.

poluentes. Quem garante isso é o Instituto de Pesquisa e Conservação da Natureza Ideia Ambiental, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que realiza trabalho em parceria com a EcoHeater para garantir o funcionamento limpo do sistema. “O trabalho realizado pela Ideia Ambiental em parceria com a EcoHeater inclui também o estudo do potencial de geração de créditos de carbono, de acordo com a modalidade de aplicação dos queimadores de pellets, podendo ser aplicável em metodologias de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, sobretudo em relação a projetos de pequenas escalas e programa de atividades, e no mercado voluntário”, explica o diretor de Mudanças Climáticas da instituição, Marcelo Schmid. Segundo Marcelo, a emissão de gases efeito estufa nos queimadores de pellets é neutra, uma vez que são elaborados com base em fontes sustentáveis. “Portanto, em uma análise comparativa de diferentes fontes de combustível, a tecnologia proposta pela EcoHeater possui papel de destaque, visto que as emissões de Dióxido de Carbono (CO2), principal gás causador de efeito estufa, são nulas”, garante. “A tecnologia proposta pela EcoHeater é uma solução adequada para empresas que desejam reduzir seu impacto no meio ambiente. Nessa linha, destaca-se a possível utilização da tecnologia da EcoHeater em Sistemas de Gestão Climática como solução para empresas interessadas em estabelecer um programa de levantamento, monitoramento e redução de seu perfil de carbono no decorrer do tempo”, afirma.

“O trabalho inclui também o estudo do potencial de geração de créditos de carbono, de acordo com a modalidade de aplicação dos queimadores de pellets, podendo ser aplicável em metodologias de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo”, explica Marcelo Schmid, diretor de Mudanças Climáticas do Instituto Ideia Ambiental

Ganhos ambientais • O uso de queimadores à base de pellets apresenta uma porção de vantagens ecológicas. Afinal, são renováveis e não

A novidade que chega ao mercado pode ser conferida em um show room da EcoHeater instalado na região metropolitana de Curitiba. Os interessados podem agendar visitas para demonstração do sistema pelo telefone (41) 3669-2945 ou e-mail ecoheater@ ecoheater.com.br

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Serviço

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Responsabilidade Ambiental

divulgação Copel

A reinvenção da lâmpada Testes com luminárias de LEDs podem promover melhorias na iluminação pública paranaense

Criselli Montipó

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U

tilizados há duas décadas nos Estados Unidos e na Europa na sinalização semafórica e há muito tempo em equipamentos eletrônicos, os LEDs – do inglês Light Emitting Diode – diodo emissor de luz – já fazem parte da iluminação de residências e estão conquistando a iluminação pública. Recentemente, países como Portugal e EUA passaram a utilizar a tecnologia em suas ruas. O Paraná busca seguir essa tendência. A Copel (Companhia Paranaense de Energia) anunciou em janeiro que está fazendo testes com luminárias de LEDs, que devem ser utilizadas na iluminação pública. Esse pode ser um passo importante para a economia de energia e de recursos, uma vez que a vida útil das luminárias de LEDs é praticamente o dobro das lâmpadas convencionais. Também pode ser entendido como o terceiro estágio na

evolução da lâmpada elétrica. Afinal, a lâmpada incandescente desenvolvida pelo americano Thomas Edison, no final do século XIX, não sofreu muitas mudanças, pois o mesmo filamento incandescente continua a ser utilizado até hoje. Pode-se dizer que a segunda fase começou na década de 30, quando as lâmpadas fluorescentes passaram a ser usadas. Embora mais econômicas, em sua composição também está presente o mercúrio. Com a utilização do LED, há a ausência de elementos tóxicos.

O teste • O Departamento de Normalização, Geoprocessamento e Obras, da Diretoria de Distribuição da Copel, responsável pela avaliação do desempenho de luminárias de LEDs. O teste está sendo realizado com três luminárias de LEDs (com dois LEDs cada) instaladas em postes locali-


divulgação Copel

zadas nas vias internas do pólo administrativo da Copel no Km 3 da BR-277, em Curitiba. Os pré-testes, de acordo com o técnico de distribuição, Luiz Martins Sobrinho, iniciaram no segundo semestre de 2009. Todas as avaliações nesse estágio visavam à adequação ao padrão da Copel. Logo após, a companhia realizou uma licitação para a compra de um lote, em que oito fabricantes e importadores fizeram propostas, disputadas pela modalidade de menor preço. Martins Sobrinho conta que os testes de campo com o lote adquirido tiveram início em outubro. O acompanhamento avalia, principalmente, o nível de enfraquecimento do fluxo luminoso no decorrer do tempo e o desempenho dos LEDs frente a intempéries e oscilações na rede. As avaliações serão feitas a cada seis meses, no período de dois anos.

Custo x benefício • Um ponto que chama a atenção das luminárias de LEDs é a durabilidade, que pode chegar a 50 mil horas de funcionamento, enquanto as lâmpadas de sódio e mercúrio utilizadas pela Copel chegam as 25 mil horas de utilização. Além disso, Martins Sobrinho explica que os riscos de paralisação no funcionamento das novas luminárias também são bem menores, uma vez que a iluminação é formada pela associação de vários LEDs. Com isso, elas continuam em operação mesmo se houver queima de alguns de seus componentes. Assim, a mão de obra e o deslocamento para o serviço de reparo de lâmpadas e componentes de iluminação serão reduzidos, como salienta Martins Sobrinho. Vale destacar que as luminárias de LEDs permitem, também, melhor reprodução de cores. Outro dado importante, citado por Martins Sobrinho, é o de que uma luminária de LED de 80 watts atinge 8 mil lúmens (unidade de medida de fluxo luminoso), enquanto uma lâmpada incandescente de 100 watts atinge o mesmo resultado. A ausência de elementos tóxicos, como

o mercúrio, por exemplo, também é um atrativo, pois torna o descarte menos impactante ao meio ambiente. Vale lembrar que o número de lâmpadas utilizadas na iluminação pública no Paraná é de mais

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Responsabilidade Ambiental

As luminárias de LEDs podem chegar a 50 mil horas de funcionamento, enquanto as lâmpadas de sódio e mercúrio chegam as 25 mil horas de utilização

de 1,1 milhão, segundo dados de dezembro de 2009 do Departamento de GCO (Gestão de Consumidores), da Copel. Esse número engloba lâmpadas padrão Copel ou não (sódio, mercúrio, vapor metálico, halógena, incandescente, fluorescente, mista), tendo em vista que cerca de 60% da manutenção da iluminação pública paranaense é realizada pelos próprios municípios. Atualmente, as lâmpadas padrão Copel são apenas de vapor de sódio. As lâmpadas de vapor de mercúrio são utilizadas apenas em manutenção, embora existam em grande número no Estado. Entretanto, um dos entraves para a implantação de luminárias de LEDs em larga escala é o custo. Atualmente, uma luminária de LED chega a ser até quatro vezes mais cara do que um conjunto de sódio de 70 watts, mas a Copel acredita que esse custo tende a diminuir com o desenvolvimento da tecnologia de fabricação. Para 2010, a companhia aprovou o investimento de R$ 30 mil para a compra de mais um lote de luminárias de LEDs para dar continuidade aos testes de avaliação da tecnologia. Aliás, as concessionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica devem realizar, anualmente, investimentos em eficiência energética, em pesquisa e desenvolvimento, de acordo com a Lei nº 9.991, de 2000. O pernambucano Antônio Carlos Barbosa de Arruda, sócio-proprietário da empresa 4D LEDs – uma das pioneiras na fabricação de luminárias de LEDs no Brasil – explica que a empresa traba-

lha para equiparar as luminárias de LEDs ao valor de mercado das convencionais. A empresa, que possui sede em Curitiba, importa apenas um dos itens para fabricação: os LEDs, mas está desenvolvendo pesquisas para produzir o componente, que representa aproximadamente 40% do valor da luminária. A fábrica da 4D LEDs tem capacidade para produção de 25 mil luminárias ao mês, mas pode triplicar a capacidade, dependendo da necessidade. Arruda, que é técnico em eletrotécnica, pesquisa o uso de LEDs há mais de oito anos, pois, nessa época, passou a oferecer tecnologia em sinalização semafórica para todo o Brasil. Além do Paraná, as vantagens das luminárias de LEDs para iluminação pública já viraram motivo de avaliações também em Pernambuco e no Acre. Arruda aponta um dado da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) de que há de 16 a 18 milhões entre lâmpadas sendo utilizadas na iluminação pública brasileira. Somando-se à vantagem da luminária de LED ser totalmente reciclável, de acordo com o fabricante, está o fato de reduzir o consumo de energia, o que previne, entre outras coisas, os apagões. Arruda também comenta sobre a diminuição da temperatura das luminárias de LEDs, o que reduz a emissão de gás carbônico. Não é à toa que o fabricante está otimista diante de um mercado que tem demonstrado crescimento. A empresa já comercializa lâmpada de LED, inclusive, para uso doméstico.

As vantagens dos LEDs • São ambientalmente mais corretos se comparados às lâmpadas tradicionais de sódio e mercúrio, pois não utilizam componentes tóxicos na sua fabricação, o que simplifica consideravelmente o processo de descarte. • Sua vida útil teórica é de pelo menos 50 mil horas, mais que o dobro das lâmpadas em uso atualmente. Isso permitirá reduzir o número de manuFonte: www.copel.com

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tenções, eliminando custos e aumentando a disponibilidade de equipes. • Permitem uma reprodução de cores muito superior à das lâmpadas de sódio, melhorando a percepção de elementos na paisagem urbana. • Sua luminária pode ser fabricada em diversas formas, ampliando as opções de design e adequação ao mobiliário urbano.


O progresso é sustentável ?

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em que se transformaram nossos aglomerados urbanos, não importa se são as inundações em São Paulo ou o crime e as drogas no “favelão” do Tabuleiro em Matinhos. Possivelmente a forma que nos restará para apreciar riqueza natural e poder mostrar aos nossos descendentes e visitantes, será a criação de museus expondo fotos e mostras de riquezas desaparecidas. Não se está defendendo aqui a conservação dos recursos naturais como se fez na década de 1970, e sim, a busca de soluções que respeitem o patrimônio natural inigualável e viabilizem a convivência pacífica do ser humano brasiliensis com a beleza e diversidade da Mata Atlântica. Chega a ser assustador e intrigante o que passa por estética urbana nestes tempos onde reina o caos do crescimento a qualquer custo. Não é sustentável promover a expansão desenfreada e sem critérios tornando riquezas ambientais em logradouros impossíveis de serem descritas em prosa ou verso. O importante papel de vigilante dos interesses comuns exercido pela mídia sempre é bem-vindo e necessário para a consolidação de uma sociedade democrática. Para isso surgiram a imprensa e os meios de comunicação em geral. A falta de consequência aos atos expostos e denunciados pode até ser mais danoso para a formação do espírito público, que passa a se conformar e acomodar diante do sentimento de impotência que se instala. O que existe é a ausência de planejamento e ação pública informada, na qual os interesses privados se sobrepõem aos coletivos e onde a herança histórica de um povo é obliterada pelo crescente apelo ao mau gosto deformado e amplificado pelos megashows e trio-elétricos utilizados por governantes igualmente desinformados, inoperantes e destituídos das noções básicas de uma boa governança. Nada pode ser menos sustentável do que atrair multidões para locais minimamente dotados de infra-estrutura, segurança e alternativas de locomoção e moradia. Na falta do pão, que se providenciem brioches. Progresso seria conduzir uma comunidade a uma condição sustentável, que inicia pela ética do bem viver coletivo, formando cidadãos que, se não adeptos do positivismo de Augusto Comte, tenham a compreensão de que ordem e progresso é o resultado da visão, inteligência e determinação de um povo e não dádivas divinas concedidas a um país deitado em berço esplêndido.

Desenvolvimento Local

or não buscarmos outras referências ou por assumirmos que tudo acontece de forma inapelável e fora do âmbito da razão humana, passamos a acreditar que os distúrbios em nosso entorno são as consequências naturais do inescapável “progresso”. Para muitos, é a justificativa suficiente para saquear e destruir os recursos naturais e cometer verdadeiros estupros ambientais dizimando riquezas e belezas naturais fundamentais para a formação integral do indivíduo como ser autônomo e cidadão de uma coletividade organizada, cônscio do seu quinhão neste planeta vulnerável e finito. Para pessoas com alguma sensibilidade para o bom senso e a percepção do certo e do errado, chega a ser constrangedor constatar que o que era belo e rico, foi transformado em algo disforme, agressivo e de absoluta ausência de condições de acolhimento humano. No microcosmo do litoral paranaense temos todos os elementos do modelo de desenvolvimento insustentável de que tem sido vítima o hemisfério. Algumas fotos das praias do Paraná datadas de 1948, devidamente ampliadas e dependuradas em tradicional restaurante no litoral paranaense, enceram todo o contexto e trajetória insustentável de nosso modelo de desenvolvimento e ocupação territorial. As imagens das praias de Caiobá, Matinhos e da estrada que levava a passagem na baía de Guaratuba, com uma ocupação limitada dão a dimensão ainda perfeitamente harmonizada com as formações naturais que insinuavam um pequeno paraíso, hoje inexistente. Visitando o interior da Itália, França ou Alemanha, é difícil não se indagar como foi possível preservar vilarejos e cidades medievais naquilo que elas têm de mais belo e exemplar da criatividade humana, ao mesmo tempo em que seus habitantes são dotados de todos os recursos tecnológicos e serviços públicos contemporâneos, sem que a base natural que atraiu os povos para estas paragens fosse irremediavelmente comprometida. O potencial turístico ali é evidente. E é interessante notar que figuramos como um dos povos que mais viaja ao exterior e visita tais belezas e patrimônios. As parcas investidas públicas e a exploração imobiliária inconsequente não garantem este interesse aqui. Também por lá passou o tal “progresso”, que para nós hoje representa o caos arquitetônico, urbano, estrutural e legal

Marcos Schlemm Administrador pela UFPR, Mestrado e Doutorado nos EUA. Assessor da Direção Regional no Sistema FIEPPR

Nada pode ser menos sustentável do que atrair multidões para locais minimamente dotados de infraestrutura, segurança e alternativas de locomoção e moradia. Na falta do pão, que se providenciem brioches

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GASTÃO OCTÁVIO FRANCO DA LUZ

Meio Ambiente

Biólogo, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento e Consultor em Sustentabilidade

Há uma constante em nossa existência, representada pelo número 3... No Brasil, tomemos três assuntos que monopolizaram os meios de comunicação apagões, corrupção e desastres ambientais

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Trilogias, sociedade e meio ambiente

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á uma constante em nossa existência, representada pelo número 3. Não apenas por ele, como número natural, mas pelos arranjos importantes que têm sempre por base três elementos, os quais demonstram complementaridades. Parece constituir um arquétipo. Assim, por exemplo, aos gregos, o triângulo representava a perfeição, presente não apenas na arquitetura; o pentagrama, símbolo dos pitagóricos (e também presente em correntes pagãs), compõe-se de triângulos dentro de triângulos, e, assim, ao infinito, em fractais. Para Platão, a matéria elementar é representada por triângulos combinados, estabelecendo princípios de harmonia e equilíbrio em um mundo dual: Ser (modelo perfeito, original), Devir (cópia do modelo) e Receptáculo (espaço, lugar). A Trindade está presente não apenas no Cristianismo (um só Deus dotado de três propriedades – onisciência, onipresença e onipotência – revelado em três entes distintos: Pai, Filho e Espírito Santo), mas também noutras doutrinas e noutros lugares: • Hinduísmo (Brahma, Vishnu e Shiva); • Egito (Ísis, Osíris e Hórus); • Irlanda (Morrigan, Badb e Macha – facetas da Deusa da Batalha); • Celtas (Virgem, Mãe e Anciã – aspectos da Mãe Terra); • Espiritismo (Deus, princípio espiritual / Espírito e princípio material / Matéria). • O Triângulo Maçônico (dentre outros significados, as Três Luzes: o Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Secretários, enquanto embriões de uma futura Loja). No mundo acadêmico, a ideia de Universidade só se concebe se a trilogia EnsinoPesquisa-Extensão for exercida de modo integrado. Se apenas um deles, ou dois, forem praticados, teremos um viés de ineficiência e ineficácia. Assim, também, o Estado Moderno instala-se com base em três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Tomemos três assuntos que monopolizaram os meios de comunicação nos últimos

meses de 2009: apagões, corrupção e desastres ambientais, no Brasil. Parece-me que as abordagens midiáticas, geralmente são pífias, tolas e/ou oportunistas. Vejamos. Em relação às contravenções (drogas, por exemplo), sabemos que existem três instâncias processuais: a Educação (que deve ter um caráter preventivo); quando ela é falha, entra em cena o papel da Saúde (encaminhamento clínico); havendo insucesso de ambas, resta a Justiça (ação policialesca). Ora, em nada essa última trilogia – quanto à ilegalidade pessoal (uso de drogas ilícitas) – diferencia-se das ilegalidades socioambientais. Se o conhecimento acumulado não impede os crimes contra os meios e os ambientes, que atuem os setores de recuperação imediata frente aos danos causados, e apliquem-se as leis – punam-se os infratores! Tudo muito simples, já definido e socialmente acordado. Não podem ser admissíveis os crimes ambientais; ninguém pode dizer “eu não sabia”, dada a disponibilidade de saberes científicos, ou ancestrais. Então, uma hipótese de rompimento com as trilogias. Que tal, em lugar de 3, 4 Poderes? Ou seja: que as tomadas de decisão no complexo socioambiental (tudo o que diz respeito à nossa existência, portanto), sempre decorram das discussões entre o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Acadêmico. Ou a Gestão de Estado considera a Universidade como sendo a produção de conhecimento pertinente, ou, parafraseando Ivan Ilich, “melhor uma sociedade sem escolas!”. O que não se pode mais é conviver com a ignorância e/ou a má-fé, seguidas de abordagens midiáticas, geralmente pífias, tolas e/ou oportunistas, até mesmo porque “apagões”, corrupção e desastres ambientais no Brasil compõem uma trilogia de variáveis interdependentes, sistêmicas. Isso é dito pelo reconhecimento do papel fundamental da comunicação no processo civilizatório. No mais, talvez necessitemos de uma última trilogia (fé, esperança e caridade) para darmos conta dos tempos que correm...



Empreendedorismo

Tecnologia utilizada em diversos países, o banheiro seco transforma as fezes em adubo orgânico

Ana Letícia Genaro

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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e acordo com dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), 50,4% dos domicílios brasileiros estão ligados à rede coletora de esgoto, e apenas 27,3% do esgoto produzido pela população é tratado, o restante é despejado in natura em rios, lagos e mares. Enquanto isso, o modelo convencional de tratamento de esgoto adotado no Brasil faz uso da água potável para transportar o esgoto doméstico do vaso sanitário até as estações de tratamento. São vários litros de água limpa demandados somente para dar fim aos dejetos humanos.

Diante desse cenário, o banheiro ecológico - ou banheiro seco - surge como alternativa sustentável ao tratamento convencional de esgoto sem lançar mão da água como recurso.

Tecnologia Ecológica • Utilizada em diversos países do mundo, como Canadá, Estados Unidos e China, a técnica transforma as fezes em adubo orgânico. “O banheiro seco, ou compostável, trabalha com a compostagem dos resíduos humanos, sem gerar lixo ou qualquer tipo de impacto negativo ao meio ambiente”, explica Marcelo Bueno, arquiteto e secretário executivo

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Alternativa sustentável que dispensa o uso de água


do Ipema (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica). Localizado em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, o instituto desenvolve técnicas para solucionar problemas ligados ao meio ambiente. O espaço é um centro de treinamento que ensina, entre outras tecnologias, a construção de banheiros secos.

Funcionamento • Em vez de acionar a descarga com água, o sistema adiciona ao vaso sanitário uma porção de serragem. A mistura tem como destino as câmaras de compostagem externas. Por meio de um processo bioquímico, explica Bueno, bactérias e micro-organismos convertem os dejetos humanos em composto fértil e isento de agentes que possam transmitir doenças. “Com o tempo e a temperatura certa, a mistura transforma-se em húmus, rico em po-

tássio, fósforo e nitrogênio”, diz.

Estrutura • De acordo com o arquiteto, a cabine é aparentemente igual a de um sanitário convencional. “A diferença é que a parte oca do interior do vaso é construída de forma que não se tenha contato visual com o dejeto”, completa. As duas câmaras de compostagem ficam abaixo do vaso. Protegidas por chapas metálicas, são construídas na inclinação e no tamanho necessários para que o aquecimento solar e a ventilação permitam o processo de compostagem. (confira no desenho). “Uma chaminé garante que a umidade vá embora, o que torna o método inodoro”, afirma Bueno. Ao completar uma das câmaras, passa-se a utilizar a segunda. O ideal, segundo ele, é deixar o composto descansar por um ano, para só depois ser removido. Por isso, a

“O banheiro seco, ou compostável, trabalha com a compostagem dos resíduos humanos, sem gerar lixo ou qualquer tipo de impacto negativo ao meio ambiente”, explica Marcelo Bueno, arquiteto e secretário executivo do Ipema

Saiba como funciona a estrutura do Banheiro Seco

Fonte: IPEC

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Empreendedorismo

estrutura requer manutenção a cada 12 meses. Quanto ao mito do mau cheiro, Bueno explica que não é verdadeiro: “Se o sistema for construído corretamente, a reação química entre o nitrogênio das fezes e o carbono da serragem cria uma mistura estável e inodora”, afirma.

Mercado O modelo de sanitário seco desenvolvido pelo IPEMA chamou a atenção do Comitê de Bacias do estado de São Paulo, que planeja instalá-los em praias onde a rede de esgoto é deficitária. “No Brasil a aceitação é ainda pequena,

mas em virtude de ser mais barata e solucionar o problema da contaminação da água por esgoto, o Poder Público já considera o uso da técnica em alguns casos”, diz. Longe de São Paulo, uma empresa especializada em soluções ambientais localizada em Manaus – a GreenTech Engenharia Ambiental – projetou e construiu um modelo de banheiro seco em parceria com o SEI (Instituto de Meio Ambiente de Estocolmo). O protótipo, em fase de elaboração de patente, será destinado aos funcionários de uma empresa localizada em Urucú, no interior do Estado do Amazonas.

A técnica pelo mundo A ideia do sanitário seco é antiga. Em 1869, impressionado com o perigo de contaminação das fossas abertas, o padre inglês Henry Moule criou um sanitário seco parecido com os atuais. Com a invenção da válvula de descarga, no início do século XX, o sanitário seco caiu em desuso. A tecnologia utilizada atualmente é uma compilação de várias técnicas de fossas secas praticadas tanto na América Central e do Norte quanto em países do Oriente Médio e da Oceania. O problema hídrico nesses países foi um grande impulso para o desenvolvimento de soluções eficazes para as questões do saneamento e agricultura. O México e a Austrália têm dado ênfase no uso popular desses sistemas. No Brasil, a tecnologia foi introduzida pelo IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado), localizado em Pirenópolis/GO. O IPEC pratica e desenvolve técnicas voltadas para o desenvolvimento sustentável não apenas nas questões sanitárias, mas em tecnologias de planejamento habitacional, rural, sistemas construtivos e de energias renováveis.

Fonte: IPEC

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mostra de

tecnologias sustentáveis 2010


OO LL EE GG ÍÍ TT II MM OO

EENDEDO R P M R E

jerÔnimo mendes Administrador de Empresas, Consultor, Escritor e Mestre em Organizações e Desenvolvimento

ZILDA ARNS

Altruísmo e espírito empreendedor

R Ter noção da realidade a ser mudada não muda nada. Ter iniciativa e coragem para mudar a realidade ao seu redor é o que faz a diferença no mundo

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ecentemente, o mundo perdeu um dos seus maiores expoentes na linha do empreendedorismo social vítima do último terremoto ocorrido no Haiti. A Dra. Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista brasileira, deixou a vida para entrar na história, por conta da sua incansável luta contra a miséria e a mortalidade infantil, entretanto, sua obra e seu sorriso continuarão vivos para sempre na memória do mundo. A Pastoral da Criança é o símbolo da iniciativa empreendedora socialmente responsável a serviço da humanidade – sem necessidade de lucro e satisfação de uma minoria. A ideia surgiu após uma reunião na ONU em Genebra, em 1982, quando James Grant, Diretor Executivo da UNICEF, sugeriu ao Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a criação de um projeto para combater as altas taxas de mortalidade infantil no Brasil, provocadas principalmente pela diarreia. Ao retornar de Genebra, Dom Paulo confiou à irmã, Dra. Zilda Arns, a missão de colocar a ideia em prática, algo que, comprovadamente, ela conduziu com maestria. Em setembro de 1983, a Pastoral da Criança tornava-se realidade com suas ações básicas de saúde, nutrição, cidadania e educação comunitária no município de Florestópolis, interior do Paraná. Naquele pequeno município, onde 74% do trabalho era realizado por lavradores bóias-frias, morriam 127 crianças para cada mil nascidas vivas, mas depois de um ano de atividades, a dedicação dos líderes comunitários fez o índice cair para 28 mortes para cada mil crianças nascidas vivas. Munida de um forte espírito de altruísmo, Zilda Arns praticava uma filosofia de vida empreendedora, o que significa ter um norte para as suas ações e um propósito de vida significativo, compatível com os seus valores, prin-

cípios e suas virtudes. Ter noção da realidade a ser mudada não muda nada. Ter iniciativa e coragem para mudar a realidade ao seu redor é o que faz a diferença no mundo. Decorridos mais de vinte e seis anos de sua fundação, a Pastoral da Criança se faz presente em 42 mil comunidades pobres de 4.066 municípios brasileiros e conta com mais de 260 mil voluntários que acompanham quase 2 milhões de crianças pobres e 95 mil gestantes, além de ter se tornado referência para outros países da América Latina, África e Ásia. No caso da Pastoral da Criança, a construção de uma visão duradoura foi fundamental e o sonho conjunto de Dom Paulo Arns, Zilda Arns e James Grant permitiu a recuperação de milhares de pessoas em diferentes países com o mais nobre dos empreendimentos: salvar vidas e promover a esperança. Atitudes socialmente responsáveis dependem de pessoas com iniciativas e almas empreendedoras. Nesse sentido, a Dra. Zilda Arns garantiu a credibilidade necessária para que um número razoável de empresas aderisse ao programa por acreditarem na missão da organização, na prática da solidariedade humana e na partilha do saber. Para que isso ocorresse de fato, havia uma visão clara de responsabilidade social e de sustentabilidade, não somente em relação ao Brasil, mas aos demais países em condições semelhantes. Altruísmo e espírito empreendedor é a combinação perfeita para a mudança de pensamento e a transformação da sociedade em que vivemos. Zilda Arns era o exemplo vivo dessa combinação, a diferença que ela queria ver no mundo. Pessoas assim, de sorriso inconfundível, apaixonadas pelo que fazem, são imprescindíveis.


Publicações e Eventos

X Conferência da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras A Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), realiza em Curitiba, no mês de abril, a décima edição de sua conferência anual. O evento tem reunido, nos últimos anos, mais de 600 participantes – empresários, executivos, acadêmicos, pesquisadores, representantes dos meios governamentais e outras personalidades que compõem a elite da inovação no Brasil. O evento, realizado em parceria com a Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), acontece entre os dias 26 e 28 de abril. O tema eleito para a X Conferência será a “Cooperação para Inovação Sustentável”. Para o engenheiro Mario Barra, membro da diretoria da Anpei e coordenador da X Conferência, a temática do próximo encontro tem origem no pressuposto de que “inovação é a incorporação do conhecimento na produção e no produto novo, ou substancialmente modificado, que resulte em pleno benefício para a sociedade”. Barra acredita que a inovação precisa ser sustentável, caso contrário o benefício não é efetivo e nem duradouro. Por outro lado, argumenta que é da cooperação que resulta a transformação do conhecimento em inovações, por meio das contribuições dos colaboradores, internamente, e externamente, no mercado. Mais informações: www.anpei.org.br

Conferência Internacional de Cidades Inovadoras 2010 Acontece em Curitiba, entre os dias 11 e 13 de março, a CI-CI 2010 (Conferência Internacional de Cidades Inovadoras). O objetivo do encontro é articular uma rede global de pessoas envolvidas com inovações em cidades para a troca permanente de tecnologias inovadoras entre as cidades conectadas. O encontro terá por base um conjunto de perguntas provocadoras que estão sendo objeto de debate por um Comitê Científico formado por especialistas nacionais e internacionais em diversas áreas do conhecimento. A CI-CI 2010 é um evento promovido pelo Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) e pela Prefeitura Municipal de Curitiba, além de contar com o apoio institucional do Undesa (United Nations Department of Economic and Social Affairs), do Banco Mundial e da Red de Autoridades para La Gestión Ambiental Urbana de America Latina y Caribe. Paralelo a esse evento, acontecerá também a Cirs (Conferência Internacional sobre Redes Sociais), promovida por pessoas conectadas à Escola-de-redes – rede com mais de 3 mil pessoas coligadas para estudar, investigar e experimentar redes sociais e desenvolver novas tecnologias de netweaving (articulação e animação de redes). Mais informações: http://www.cidadesinovadoras.org.br/

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Publicações e Eventos

Editora da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL recebe Prêmio Estadual de Gestão A PSG Editora Ltda. foi uma das vencedoras do Prêmio Competitividade para Micro e Pequenas Empresas – Prêmio MPE etapa Paraná. Criada há três anos pelos administradores, Pedro Salanek Filho e Giovanna de Paula, a PSG tem como seu principal produto a revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL - publicação focada na sustentabilidade dos negócios. Esse reconhecimento demonstra que a empresa contemplou as diretrizes de planejamento avaliadas, bem como a aplicação de ferramentas de gestão. Após o envio de documentos comprovando a regularidade documental e fiscal da editora, ocorreu a visita de dois consultores que acompanharam como são realizados os principais procedimentos de gestão de pessoas, finanças, marketing, logística e planejamento estratégico. Para Giovanna de Paula, o ano de 2009 foi complicado para o segmento de mídia. “É uma imensa satisfação receber esse prêmio na área de gestão. Durante o ano tivemos muitas dificuldades e tivemos que aprender com elas para corrigir rotas e encontrar alternativas para repensar os produtos da empresa”. Para o diretor executivo Pedro Salanek Filho, durante os seus agradecimentos, dedicou o prêmio para todas as pessoas ligadas ao projeto. “Se os organizadores me permitem, vou quebrar o protocolo e dedicar este prêmio para todos os colaboradores, parceiros, anunciantes e leitores da revista, pois são essas pessoas que acreditam no nosso projeto e de fato merecem o nosso aplauso.” O MPE contou com 2.537 inscritas, sendo 25% a mais do que em 2008. Ao passar por várias etapas das vinte finalistas, onze empresas foram reconhecidas nas categorias indústria, comércio e serviços. O MPE Brasil é realizado pelo IBQP (Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade) e coordenado pelo MPC (Movimento Paraná de Competitividade), em parceria com o Sebrae/ PR, Sistema FIEP (Federação das Indústrias) e a Gerdau. A premiação acontePedro Salanek Filho ao lado de José Gava Neto do SEBRAE/PR ceu em dezembro de 2009, no auditório da FIEP, em Curitiba.


A reportagem “A moda verde invade passarelas e vitrines” é vencedora do Prêmio Ocepar de Jornalismo A reportagem da jornalista Juliana Sartori “A moda vede invade passarelas e vitrines”, publicada na 14ª edição da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, foi premiada com o primeiro lugar na categoria Jornalismo Impresso do VI Prêmio Ocepar de Jornalismo, no final do ano passado. A premiação que tinha como tema “Cooperativas: desenvolvimento sustentável com produtos e serviços de origem garantida” foi promovida pelo Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná) e contou com apoio da Sicred/PR e Unimed/PR. O objetivo do prêmio era destacar o trabalho dos profissionais da imprensa na divulgação dos projetos, ações econômicas e sociais realizadas pelo cooperativismo paranaense. A reportagem mostrou a complexidade da cadeia de produção das peças de vestuário que carregam o conceito de sustentabilidade – desde a plantação, produção de fios, confecção, venda e consumo de roupas. Esta foi a segunda vez consecutiva em que uma reportagem da GERAÇÃO SUSTENTÁVEL está entre os finalistas do prêmio. Segundo o diretor exeJuliana Sartori recebe o prêmio do Deputado Federal Luiz Carlos Setim cutivo da revista, Pedro Salanek Filho, conquistar novamente uma colocação de finalista no Prêmio Ocepar de Jornalismo demonstra que a publicação vem conquistando seu espaço no mercado com qualidade comprovada. Para ele, divulgar o cooperativismo é mais do que uma obrigação para uma revista que tem a sustentabilidade como seu objetivo. “Afinal, uma mídia que se preocupa em dar exemplos de empresas com responsabilidade e que promovem o desenvolvimento socioambiental, não poderia deixar de falar das cooperativas paranaenses que somam inúmeros casos de sucesso”, lembra. De acordo com o coordenador da Assessoria de Imprensa do Sistema Ocepar, Samuel Milléo Filho, a escolha dos trabalhos premiados foi bastante difícil. “A Comissão Julgadora teve mais dificuldade que todos os anos anteriores para escolher os três melhores em cada categoria, isto devido à excelente qualidade das reportagens e matérias”, comentou. A premiação ocorreu em dezembro de 2009 no Teatro Positivo em Curitiba/PR.

Premiação JORNALISMO IMPRESSO

1º LUGAR - REVISTA GERAÇÃO SUSTENTÁVEL Autoria: JULIANA SARTORI - Tema: “A moda verde invade passarelas e vitrines”; 2º LUGAR - JORNAL GAZETA DO POVO / CADERNO CAMINHOS DO CAMPO Autoria: GIOVANE FERREIRA, JOSÉ ROCHER E LUANA GOMES - Tema: “Hora de cooperar”; 3º LUGAR - BOLETIM INFORMATIVO FAEP Autoria: Cynthia Calderon - Tema: “Malte. A alma da cerveja” João Paulo Koslovski , presidente do Sistema Ocepar ao lado de Juliana Sartori e Pedro Salanek Filho da Geração Sustentável

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Publicações e Eventos

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

fio porque ainda não existe um consenso universal sobre o real significado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribuição a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabilidade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

• A L A N B RY D E N

Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

Conheça o site do livro e as demais novidades do nosso catálogo no endereço:

www.saraivauni.com.br

Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na intenção de refletir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o tema com superficialidade. Se os autores focam demais em uma questão ou em um grupo pequeno de temas, fica difícil transmitir uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretanto, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadilhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto na profundidade quanto na abrangência.

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Escrever sobre Responsabilidade Social é um verdadeiro desa-

Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável Da teoria à prática

José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP-POI) desde 1992. Foi professor em renomadas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio ambiente e da responsabilidade social. Coordenador do Centro de Estudos de Gestão Empresarial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Participou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certificação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês científicos de diversas revistas e congressos científicos, nacionais e internacionais, e de várias agências de fomento. CONTATO COM O AUTOR:

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL José Carlos Barbieri e Jorge Emanuel Reis Cajazeira

barbieri@editorasaraiva.com.br

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Engenheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Executivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Eleito pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da norma NBR 16001 – Responsabilidade Social e presidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certificação socioambiental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). CONTATO COM O AUTOR:

Editora SARAIVA

aquecimento global e créditos de carbono rafael pereira de souza (ORG.) editora quartier latin

Auditoria ambiental florestal Julis orácio felipe editora clube dos autores

ORGANIZAÇÕES INOVADORAS SUSTENTÁVEIS José Carlos Barbieri Moysés Alberto Simantob Uma reflexão sobre o futuro das organizações José carlos barbieri moysés alberto simantob Editora atlas

gestão para a sustentabilidade Julis orácio felipe editora clube dos autoresEditora atlas

cajazeira@editorasaraiva.com.br

MANUAL DO EMPREENDEDOR Como construir um empreendimento de sucesso jerônimo mendes editora atlas

Feira Internacional para o Intercâmbio das Boas Práticas Socioambientais Entre os dias 27 e 29 de julho, a ONG Mais realiza a 3ª edição da Feira Internacional para o Intercâmbio das Boas Práticas Socioambientais, um evento plural e agregador, que conta também o intercâmbio de cases com diversos palestrantes brasileiros e também de outros países, expondo o que de melhor tem a oferecer em relação à práticas empresariais sustentáveis. Mais informações, no site do evento: http://www.fibops.com.br

Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável Com o objetivo de reconhecer o empreendedorismo sustentável e a liderança responsável nos setores chaves da economia nacional, contribuir para torná-la mais competitiva em um ambiente de desenvolvimento sustentável, o ISAE/FGV e a RPC promovem a 3ª edição do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável. O prêmio leva o nome de um dos maiores empreendedores do país e vem desde 2007 incentivando e reconhecendo empresas paranaenses socialmente responsáveis a trilhar uma nova maneira de fazer gestão: a gestão sustentável. O evento para conhecermos os vencedores do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável acontece dia 10/02, no Hangar 40 da Escola Paranaense de Aviação, no Aeroporto Bacacheri, em Curitiba/PR. As categorias a serem premiadas são: - Empreendedorismo no setor Agronegócio; - Empreendedorismo no setor Comércio e Turismo; - Empreendedorismo no setor Transporte e Logísitica; - Empreendedorismo Cívico/Público

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antonio cláudio de figueiredo demeterco

Destaque Jurídico

Advogado e Mestre em Direito e Professor de Direito Empresarial

O ponto empresarial é o direito de explorar as potencialidades mercadológicas do local físico com assiduidade do cliente, proporcionando lucratividade com um sobrevalor ao negócio

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O ponto empresarial como importante elemento do estabelecimento e da continuidade do negócio

O

estabelecimento é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos que o empresário organiza e destina para o exercício de sua atividade econômica. E essa universalidade, de fato, além de proporcionar lucratividade e receber um sobrevalor, detém proteção jurídica especial, com a possibilidade de ser objeto de negociação como um todo unitário. Entre seus elementos, encontra-se o ponto empresarial, que é o direito de explorar as potencialidades mercadológicas do local físico, geralmente com assiduidade de clientela. Em tratando-se de imóvel locado, desprende-se da titularidade imobiliária e vincula-se ao correspondente contrato de locação. Portanto, como o sucesso da atividade empresarial tradicional depende, e muito, do local em que é exercida, a Lei de n.º 8.245/91 (Lei de Locações de Imóveis Urbanos), recentemente alterada pela Lei de n.º 12.112/09, reconhece o ponto empresarial como um importante ativo incorpóreo do estabelecimento e garante a sua continuidade com a renovação compulsória, por igual prazo, do contrato de locação, mesmo sem contar com a concordância do locador. A ação judicial a ser proposta pelo locatário é denominada comumente de renovatória, exigindo em específico que: o contrato, com finalidade não-residencial, tenha sido celebrado por instrumento público ou particular com prazo certo e determinado; o prazo mínimo do contrato ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos seja de pelo menos cinco anos; tenha sido o contrato a renovar cumprido com exatidão, com prova de quitação de todos os aluguéis e encargos; o exercício da atividade econômica se verifique pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos, ainda que na qualidade de sublocatário, cessionário e/ ou sucessor; e, por fim, que seja apresentada indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação, sobretudo em relação ao valor do locativo e à garantia.

Ao locador do imóvel, por outro lado, faculta-se a apresentação de oposição à pretensão de continuidade da relação jurídico-locatícia quando não observados os requisitos legais e, sobretudo, quando houver: necessidade de realização, por determinação do Poder Público, de obras no imóvel locado que importem em transformação radical ou que aumentem expressivamente seu valor; intenção de conferirlhe destinação de uso próprio ou de transferir para o local outro estabelecimento de seu interesse já existente há mais de ano, desde que, salvo excepcionalmente, não seja para atuação no mesmo segmento empresarial; proposta de terceiro, com atuação em segmento empresarial diverso, que lhe seja economicamente mais interessante; ou inadequação do valor proposto em relação aos praticados na região para imóveis similares, excluindo-se a valorização consequente ao próprio ponto empresarial. É de se defender a tese de que a violação aos preceitos sustentáveis na destinação de imóvel locado e/ou exercício da atividade empresarial pode ser, não obstante a ausência de previsão legal específica, invocada como fundamento à rescisão antecipada e à não renovação compulsória do contrato de locação, pois a obrigação legal de destiná-lo para o uso convencionado, compatível com sua natureza e com o fim a que se destina, cumprindo o contratado com exatidão, sempre com vistas a não desvalorização excepcional do próprio bem imóvel, assim justificaria. Nada impede, de modo a evitar maiores discussões, que conste previsão contratual expressa nesse sentido. Entretanto, se a renovação do contrato de locação não se efetivar ante eventual simulação de tais hipóteses legais, o que infelizmente não é incomum, o empresário prejudicado terá direito à indenização por perdas e danos experimentados com a mudança, perda do local e desvalorização de seu estabelecimento empresarial.



cidadão&ação

Haiti

Paisagem da catástrofe e da solidariedade

Pessoas comuns, como a médica Amanda Valim Kampa Cassab, escolhem largar tudo para servir ao próximo

Juliana Sartori

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O

ano de 2010 iniciou com o anúncio de tragédias que ao mesmo tempo em que assustaram a população fizeram aflorar o sentimento mais poderoso e transformador da humanidade: a solidariedade. Isso ficou ainda mais evidente após o terremoto que assolou a capital do Haiti, Porto Príncipe. Os meios de comunicação bombardeiam desde o início de janeiro imagens nas nossas casas as quais tentam traduzir a que ponto pode chegar a desgraça humana quando ocorre uma catástrofe. Além disso, fomos assolados pela perda de Zilda Arns, ícone do serviço humanitário brasileiro, morta em meio à calamidade. Não há como passar diante disso sem se perguntar: O que posso fazer para ajudar a melhorar essa situação? Houve aqueles que preferiam responder a essa pergunta dedicando algum tempo da sua rotina para organizar e arrecadar donativos para mandar ao país caribenho. Além daqueles que preferiram desembolsar quantias em dinheiro e doar à Organização das Nações Unidas. E, entre todos, há também os que resolveram simplesmente abandonar suas rotinas e partir para o Haiti a fim de oferecer ajuda em todos os sentidos - seja como profissional ou como alguém que tem compaixão e quer oferecer seu alento para os necessitados. Essa foi a opção da médica clínica geral Amanda Valim Kampa Cassab, 26 anos, de Curitiba, que em janeiro resolveu largar tudo para ir ao país caribenho e trabalhar como voluntária na ajuda às vítimas do terremoto. A data de ida e de volta ela ainda não sabe, pois até o fechamento desta edição ela aguardava as instruções da Defesa Civil do Paraná. Mas para ela o que importa é saber que vai finalmente suprir sua vontade de ajudar o próximo de forma efetiva. “Espero me sentir útil e fazer a diferença para alguém. Afinal foi por isso que me tornei médica, para salvar vidas. E o voluntário tem que estar onde realmente é necessário”, avalia. Amanda trabalha no Pronto Atendimento de uma Unidade Básica de Saúde da Prefeitura de Curitiba e na emergência do Instituto Curitiba de Saúde. “Espero poder ser liberada do trabalho para poder embarcar”, comenta. Além de largar o trabalho que faz aqui, a médica também vai deixar a família por algum tempo. “Sou casada, mas meu marido me deu total apoio porque sabe dessa minha vontade”,

disse. “Além disso, não tenho filhos, o que também facilita um pouco”, comenta. Sobre o trabalho, Amanda disse que ter a oportunidade de fazer um trabalho humanitário da amplitude do que a população do Haiti necessita vale muito mais do que o serviço que realiza nos postos de saúde. “Aqui em Curitiba, sou mais uma médica atendendo à população em uma cidade que é cheia de recursos. Lá eu vou poder, realmente, fazer a diferença”, espera. Amanda conta que o que a levou a tomar a decisão de se cadastrar na Defesa Civil como voluntária foi o fato de sempre ter se interessado por trabalhos voluntários e de se preocupar com o próximo. “Sou cristã, presbiteriana”, alega, como forma de justificar sua opção pelo voluntariado. “Participei de ONGs como professora voluntária, e na igreja atuo nas campanhas de agasalho, arrecadação de brinquedos e tudo. Mas nada se compara ao que me proponho agora”, explica. Ao ver os estragos na cidade de Porto Príncipe, no Haiti, a médica conta que não teve dúvidas. “Fiquei bastante consternada com as imagens que vi, recebi a notícia de que a Defesa Civil precisava de médicos voluntários e em pouco tempo resolvi me cadastrar”, conta. Lista cheia - A médica Amanda Cassab não é a única que teve a ideia de largar tudo para partir para o Haiti. Desde que divulgou que está cadastrando médicos e engenheiros voluntários para ajudar a reconstruir Porto Príncipe, no Haiti, a Defesa Civil do Paraná não para de receber cadastros. Em menos de uma semana após a abertura do cadastro de voluntários, cerca de 1500 pessoas já haviam se colocado à disposição. Para se cadastrar, não há necessidade de nenhum perfil ou formação específica, no entanto, há expectativa de que o Haiti necessite principalmente de profissionais de saúde e engenheiros. O cadastramento está sendo feito pela internet. É necessário que os voluntários tenham passaporte em dia e atestado de vacinação contra poliomielite, febre amarela e doenças imunopreveníveis, como o sarampo. No Haiti, os voluntários devem adotar medidas de prevenção de doenças transmitidas por água e alimentos, como cólera, febre tifoide e hepatite A; e medidas de proteção individual contra a malária. Interessados devem acessar o site www.defesacivil.pr.gov.br.



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