Revista Geração Sustentável Edição 19

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Encarte Especial

Mineração


Mineração Mineração e a busca da sustentabilidade

Setor presente no cotidiano de todos está em busca da redução de impacto ambiental

Lyane Martinelli

Em cada produto ou material comercializado no Brasil, há uma porcentagem dos produtos provenientes da extração de minerais no país. Desde o material que faz parte das paredes das casas até as tintas que colorem roupas e dão vida às letras desta revista, os papéis e móveis, passando pelas embalagens e até alimentos. Todos esses produtos contêm minerais em sua composição ou são gerados a partir de minérios, evidenciando a importância da mineração na vida do planeta. Cerca de 80% do que se utiliza nos dias de hoje têm a presença de minerais, e isso faz com que o setor seja responsável por grande movimentação econômica. Só no Brasil, um terço do PIB vem da mineração, incluindo a questão de comercialização e empregos relacionados à área. O Brasil, por sua grande extensão territorial, tem um grande potencial na área de mineração. Estados como Minas Gerais, Pará e Bahia são depósitos desses materiais e sustentam as necessidades do Brasil e do exterior na questão de extração de minerais. No Brasil, as grandes quantidades de minérios disponíveis para extração fazem do país um polo na produção e grande fornecedor de minerais para a indústria mundial. O Paraná é um estado potencial dentro do setor de mineração. Hoje, de acordo com dados da Minerais do Paraná S/A (Mineropar), o estado é o segundo maior produtor de cimento do país, com a maior planta individual do Brasil na área cimenteira. A produção do Paraná, hoje, tem como destaques a produção do calcário agrícola, da cal, areias, britas, água mineral, argilas para a indústria cerâmica, minerais não metálicos, cimento, ouro, diamantes, pedras semipreciosas, xisto e carvão. De acordo com Eduardo Salamuni, diretor presidente da Mineropar, “a produção mineral do Paraná atende toda a necessidade do estado, principalmente nas atividades que necessitam de produtos minerais na sua produção. É o caso da produção agrícola. Hoje, a produção de calcário agrícola do Paraná é toda consumida dentro do estado. Isso garante, inclusive, a competitividade de preços dos produtos agrícolas diante a produção de outros estados.” Para o Coordenador do Conselho Setorial da Indústria Mineral da FIEP, Cláudio Grochowicz, o setor de mineração no Paraná tem crescido muito nos últimos anos, e tem ainda potencial de crescimento elevado. “Hoje o Paraná produz mais de 20 milhões de toneladas anuais de minérios. Os salários e a busca por profissionais qualificados vêm crescendo no setor, que está se transformando em um excelente ambiente para a carreira de novos profissionais em diversas áreas. Para ter ideia, o Paraná produz 11,8% de todo o cimento produzido no Brasil. Além disso, são produzidos aqui 4% dos pisos e revestimentos, 24% do calcário agrícola de todo o Brasil e 28% da cal brasileira”, comenta Grochowicz.


Encarte Especial

Questões ambientais na mineração

Além da produção com níveis considerados bons diante do cenário brasileiro, a indústria mineradora do Paraná está caminhando dentro das questões ambientais na produção. De acordo com Salamuni, algumas empresas do Paraná já estão preocupadas com a correção do solo após esterilização das minas. “Temos alguns bons exemplos de cuidado com a extração e a manutenção dos espaços após a retirada de material, como a Petrobras em São Mateus do Sul e a extração de areia no Rio Paraná”, comenta Salamuni. Buscando melhorar as questões ambientais nas empresas mineradoras paranaenses, a Mineropar tem estabelecido um programa de aconselhamento técnico às empresas mineradoras do estado. Com isso, tem feito uma ponte entre os produtores e os órgãos fiscalizadores, favorecendo o cumprimento da legislação. O engenheiro civil Fauáz Abdul-Hak, presidente da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção Civil (Anepac) e responsável pela empresa paranaense Pedrapar, é um dos apoiadores da questão da sustentabilidade na atividade de mineração. “Existem inúmeros exemplos de mineração muito próxima de grandes centros, e que coexistem harmoniosamente. A sustentabilidade é um conceito muito amplo, porém se olhado pelo lado prático, uma mineração gera emprego e renda, tributos e o próprio minério, essencial para o desenvolvimento. Então é sustentável”, afirma Hak. Para Grochowicz, o futuro da mineração em harmonia com o meio ambiente vem do alinhamento de projetos na área. “Os planejamentos estratégicos, contemplando a inovação, a sustentabilidade e a agregação de valor nas suas plantas de industrialização são a forma de encontrar o equilíbrio no crescimento no setor com responsabilidade ambiental. Para o futuro, será preciso controlar o aumento racional das lavras, por meio da melhoria da qualificação de sua mão de obra e do uso de técnicas que permitam melhor aproveitamento das jazidas a um menor custo”, afirma.


Mineração Feira destaca setor mineral no Paraná

Evento reúne empresários, profissionais e consumidores para discutir futuros da mineração

Diante do crescimento do setor mineral e da importância desse segmento para o Paraná surgiu a ideia da realização da Expominerais, que tem sua primeira edição entre os dias 25 e 28 de agosto, no ExpoUnimed Curitiba. O objetivo da feira é apresentar o setor ao público empresarial e ao público geral, mostrando a importância da mineração, colocando em voga a grande presença dos minerais no dia a dia de cada um e a força desse setor na economia. “É preciso mostrar aos consumidores e empresários o potencial desse setor. No Paraná, a mineração representa grande fatia da economia. Se comparar com o agronegócio, que movimenta entre 30 e 40 milhões de toneladas de grãos ao ano, o setor de mineração do Paraná chega a quase 30 milhões de toneladas ao ano, um número significativo”, afirma Valdir Bello, diretor da MonteBello Eventos, empresa organizadora da Expominerais. A feira trará expositores dos mais diversos segmentos do ramo da mineração. Além da exposição de produtos, serviços e soluções na área, durante a feira serão realizados alguns eventos paralelos que irão discutir a questão da mineração, seus rumos e resultados no Paraná, no Brasil e no Mundo. Durante a feira, acontecem três eventos técnico-científicos: Assembleia geral da ANEPAC; 3º Seminário da Indústria Mineral Paranaense, realizado pelo Conselho Setorial da Indústria Mineral da FIEP e a 8ª Reunião Nacional dos Produtores de Calcário Agrícola (Repronac). Essa é a primeira vez que acontece no Paraná uma feira dedicada exclusivamente à mineração. “Antes, para conhecer todas as tecnologias e novidades no setor de minerais, os empresários tinham que se deslocar até outros estados. Com esse evento, trazemos para o Paraná a oportunidade de abrir o canal de discussão e troca de informações. Acreditamos no início de um grande evento no Paraná, e que os resultados serão extremamente satisfatórios, tanto para a organização como para os expositores e visitantes que participarem e visitarem o evento”, acredita Valdir Bello. A Expominerais é uma realização da MonteBello Eventos, com o apoio do Conselho Setorial da Indústria Mineral da Fiep e da Mineropar. O evento acontece de 25 a 28 de agosto, no ExpoUnimed Curitiba. A entrada é franca. Mais informações em www.montebello.com.br/expominerais.


A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista. Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!

julho/agosto • Ano 4 • edição 19 • 2010

03 Encarte Especial

Mineração

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Gestão Sustentável Meio Ambiente Gestão Estratégica

Pedro Luiz Fernandes

22 Capa

O profissional do futuro

30

Responsabilidade Social Corporativa

Terceiro Setor a serviço da inclusão social no mercado de trabalho

36 Gestão de Resíduos

22

Colunas

Capa

18 Entrevista

Madeira plástica, sim senhor!

42 Qualidade de Vida

Prateleiras mais saudáveis e também lucrativas

21 29 33 35 37 38 39 41 45 47 50 51 52

Unimed Paraná Civitas DFD Consult Junior Achievement-PR Enfoque IBF D&G UnoMarketing Estação Business School

Anunciantes e Parcerias

08 Editorial 09 Espaço do Leitor 10 Sustentando 13 Educando para o Futuro 48 Cidadão & Ação 50 Publicações e Eventos

O lugar do desenvolvimento sustentável nas eleições

Matérias

16 Políticas Públicas

Jornal Meio Ambiente Ecobusiness Sebrae/PR

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Editorial

Profissão: decisão do presente com as consequências no futuro A profissão é uma das escolhas que fazemos em que, na maioria das vezes, nos acompanhará por toda a vida. Nesse momento de decisão, ouvimos as influências de todos os lados e buscamos visualizar um equilíbrio entre paixão e os caminhos de sucesso para traçar a carreira profissional. Nesses momentos de reflexões, um dos pontos que possuem grande relevância é se determinada profissão está em ascensão ou em declínio. Essa avaliação é um fator decisivo e ganha peso extra na hora da decisão. Mas o que falar para quem está bem no meio do dilema? Ou para quem faz parte de uma parcela que deseja dar um sabor diferente à sua carreira e mudar o rumo? Que profissões serão mais valorizadas no futuro? Que habilidade esse profissional deve adquirir? O direcionamento para a sustentabilidade e inovação nos dá indícios de quais os caminhos que ajudarão nessa decisão. Essa edição da revista tem como objetivo destacar fatores relevantes para o profissional do futuro. O profissional que buscar atividades para a área ambiental irá trabalhar com desenvolvimento de projetos para conservação ou preservação de recursos naturais (minérios, água, florestas, agricultura, etc.). Profissionais com habilidades mais sociais terão oportunidades em carreiras ligadas à mobilidade urbana, à ocupação territorial, às atividades ligadas a uma cultura para o consumo consciente, entre outras. Além disso, esse novo profissional deverá, ainda, criar uma percepção sistêmica da sua área de atuação e compreender os fatores externos que influenciarão na sua atividade. Outro assunto que essa edição abordará é um relato das diretrizes e propostas na área do desenvolvimento sustentável apresentada por parte dos presidenciáveis. A revista não possui qualquer posicionamento partidário, visto que essa relação nunca fez parte da linha editorial da publicação. Porém, nesse momento, observamos o Brasil como um dos países com grande visibilidade internacional, mas que ainda tem grandes desafios futuros. É hoje um dos componentes do BRICs (grupo de países emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China) e ganha os holofotes do mundo devido aos eventos esportivos mundiais (Copa do Mundo e Jogos Olímpicos). Mesmo com tudo certo para ir em frente, rumo ao desenvolvimento, o País corre o risco de nos próximos anos amargar sérias dificuldades, caso não tenha políticas nacionais efetivas nas áreas social (combate à pobreza e desigualdades) e ambiental (basicamente energia e infraestrutura). Ou seja, incapaz de sustentar seu próprio futuro. Boa Leitura! Pedro Salanek Filho

Conheça o perfil do nosso leitor

Maiores informações acesse nosso mídia kit: www.geracaosustentavel.com.br/sobre

Diretor Executivo Pedro Salanek Filho (pedro@geracaosustentavel.com.br) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula (giovanna@geracaosustentavel.com.br) • Relações Corporativas Gerson Medeiros (gerson@geracaosustentavel.com. br) • Jornalista Responsável Juliana Sartori / MTB 4515-18-155-PR (juliana@geracaosustentavel.com.br) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck (marcelo@geracaosustentavel.com.br) • Revisão Alessandra Domingues • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas: Criselli Montipó, Lyane Martinelli e Fábio Cherubini (redacao@geracaosustentavel.com.br) • Assinaturas assinatura@geracaosustentavel.com.br • Fale conosco contato@geracaosustentavel.com.br • Impressão Gráfica Capital

A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. O papel (miolo e capa) é produzido com matéria-prima certificada e foi o primeiro a ser credenciado pelo FSC - Forest Stewardship Council. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.

ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 19ª Edição • julho/agosto • Ano 4 • 2010 Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/000112 - Av. Sete de Setembro, 3815 - sala 15 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 80.250.210 Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

www.geracaosustentavel.com.br A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.


Espaço do Leitor

Gostaria de agradecer a matéria sobre o nosso programa “União Faz a Vida”, publicado na edição de número 18 (maio e junho) da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL. Ficou ótimo, adoramos! Muito obrigada pela oportunidade, e se quiser futuramente publicar mais alguns projetos, temos vários nascendo este ano. Rejane Farias de Andrade Assessora de Programas Sociais Central SICREDI PR/SC

Conheci o projeto da revista por meio do twitter. Tenho visto que iniciativas impressas e digitais são fundamentais para a educação das pessoas para um novo estilo de vida de forma mais consciente e equilibrada. Parabéns pela revista e pela divulgação! Juarez Coimbra dos Santos São Leopoldo – RS

Há alguns anos conheço os empresários da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, que comandam com maestria este veículo especializado em RSE. A revista vem se tornando uma referência em artigos sobre sustentabilidade e um dos meios oficiais de divulgação socioambiental das corporações nacionais e multinacionais estabelecidas no Brasil. Eu mesmo já tive a oportunidade de ser entrevistado duas vezes pela revista, possibilitando ampla exposição não só da nossa consultoria, mas também de informações importantes sobre a Gestão Ambiental das organizações. Com versões on-line e impressa, a revista vem atender às mais importantes demandas sociais e ambientais que estão hoje em evidência. Giuliano Moretti Engenheiro Químico e Consultor para Operações Sustentáveis Preserva Ambiental Consultoria

Rede social Confraria Sustentável Nós, profissionais envolvidos com a produção da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, resolvemos arranjar uma forma de nos aproximar ainda mais de você leitor e envolvê-lo em debates sobre desenvolvimento sustentável. Para isso, criamos a Confraria Sustentável – rede social virtual que serve como espaço destinado a todos que contribuem com a sustentabilidade e querem trocar ideias a respeito do tema. Não perca essa oportunidade e mostre como cada um de nós pode contribuir para criar uma geração mais responsável e equilibrada!

Conheça o mundo digital da Geração Sustentável www.geracaosustentavel.com.br twitter.com/revistageracao revistageracaosustentavel.blogspot.com Rede Social: confrariasustentavel.ning.com

Revista Digital GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Sustentando

Construção verde na web A Even, uma das maiores construtoras e incorporadoras do Brasil, está lançando o jogo on-line Construtor Verde. Pioneira na área, a iniciativa visa disseminar as práticas de responsabilidade socioambiental. O objetivo do jogo é construir um bairro ecologicamente sustentável, a partir da instalação de prédios com características de preservação do meio ambiente. A escolha dos materiais e o posicionamento dos cômodos, por exemplo, são fatores que podem promover o jogador entre os 20 níveis de dificuldade e fazer com que ele acumule “experiência verde”. Destinado a jovens e adultos, o jogo pode ser acessado gratuitamente pelo site www. construtorverde.com.br.

Pequenos grandes gestos

Um estudo divulgado pelo Grantham Institute for Climate Change do Imperial College de Londres mostra que simples gestos como apagar as luzes, desligar a televisão ou reduzir o uso de água aquecida nas máquinas de lavar pode ter muito mais resultado na redução das emissões de gases de efeito estufa do que se esperava. O estudo mostra que a economia energética dos consumidores pessoa física pode ser maior do que 60% e o impacto imenso. O estudo recomenda que os governos continuem estimulando essas mudanças de comportamento, ao mesmo tempo em que apóiam a adoção de fontes renováveis.

Lenta mudança

A pesquisa 2010 Gibbs & Soell Sense & Sustainability Study entrevistou executivos das 1000 maiores empresas americanas listadas pela revista Fortune para revelar que apenas 29% deles e 16% dos consumidores sentem que a maioria das companhias está adotando práticas ambientais mais saudáveis. A percepção de que práticas de negócios verdes são agradáveis e não uma necessidade é evidente na pesquisa, com 78% citando falta de retorno de investimentos como uma forte barreira para a adoção de práticas mais sustentáveis. Cerca de 70% dos executivos disseram que a pouca disposição dos consumidores de pagar mais por produtos verdes é a segunda maior barreira, e 45% acham que a dificuldade de avaliar a sustentabilidade no ciclo de vida de um produto é um grande desafio.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


Sustentando

KAIÑOS

Sorte para as árvores

Prêmio Inovação para a Sustentabilidade Empresarial

Os bilhetes da Mega-Sena passarão de 14 centímetros de comprimento para 12 centímetros. A redução de dois centímetros de papel pretende evitar a derrubada de árvores. De acordo com a Caixa Econômica Federal, em dias de muita movimentação, as mais de 10 mil lotéricas do Brasil movimentam até 20 milhões de apostas. O volume de papel gasto nos jogos chega a 3 milhões de metros. Com a economia dos dois centímetros, em um ano, a Caixa vai evitar que 2,2 mil árvores sejam derrubadas.

Essa premiação visa inspirar e reconhecer as empresas que efetivamente implementaram estratégias para o desenvolvimento sustentável dos seus negócios, com base num novo olhar sistêmico que contemple todas as dimensões da sustentabilidade, tendo a inovação como elo integrador e mola propulsora. Do grego Kaiños (ka-hee-nos), esta palavra tem o sentido e significado de algo inédito, inusitado, surpreendente; diz respeito à mudança para uma nova direção do pensar, viver e ser. Portanto, o Prêmio KAIÑOS tem o propósito de abraçar novas ideias para a mudança organizacional em busca desta transformação que a torne competitiva de forma continuada.

Copo de gelatina

Maiores informações podem ser obtidas pelo email: contato@geracaosustentavel.com.br

divulgação

O escritório de design The Way I See the World lançou copos ambientalmente corretos e também bastante divertidos. Trata-se do Jelloware, copo comestível feito de um tipo especial de gelatina de algas. A invenção ecológica vem em três sabores: limão e manjericão, gengibre e hortelã e alecrim e beterraba. Diferentemente dos copos feitos de vidro ou plástico, que podem ser guardados no armário da cozinha, os de gelatina devem ser armazenados na geladeira. Mas, quando em uso, eles podem ser manuseados como qualquer copo. E quem não quiser comer, pode jogar o recipiente fora no lixo comum ou na grama de casa, sem culpa na consciência. Diferente dos copos de plásticos descartáveis, o Jelloware é biodegradável e ainda serve como nutriente para plantas.

O prêmio reconhecerá as empresas nas três categorias menciondas abaixo: - Negócios Inovadores - Processos Eficientes - Produtos e Serviços

Co-criação:


Sustentando

Mar virando sertão Por que pisos de madeira?

A questão de utilizar ou não pisos de madeira sempre levantou algumas dúvidas. O fato de utilizar madeira nobre não significa que o produto não respeita o meio ambiente. Ao contrário, sua extração controlada e certificada garante que o consumidor utilize um produto de qualidade, que tenha durabilidade muito maior, evitando, assim, a troca constante do material. Pelo lado estético e de bem-estar, o piso de madeira agrega aconchego e conforto a qualquer ambiente, isso porque ele consegue transmitir a vida e a receptividade característica da madeira, que não está presente em produtos industriais que imitam apenas a questão visual da matéria-prima. Para Roseli Karam, gerente de marketing da Cikel Brasil Verde, “Extraída de forma sustentável e atestada ambientalmente, a madeira se torna uma matériaprima altamente viável e utilizável. São produtos provenientes de florestas certificadas pelo FSC – Forest Stewardship Council e aprovados em todas as leis ambientais de preservação.”

Acordo de preservação

A ONU lançou em Fortaleza a Campanha da Década dos Desertos e da Desertificação. O objetivo é atrair a atenção e a sensibilidade das autoridades e da população em defesa de medidas de proteção e gestão adequada das regiões atingidas pela seca. A degradação da terra ameaça a subsistência de mais de 1 bilhão de pessoas em cerca de 100 países. As informações são das Nações Unidas. Os principais problemas são causados pela degradação contínua do solo devido às mudanças climáticas, à exploração agrícola desenfreada e à má gestão dos recursos hídricos. Este conjunto de dificuldades provoca ameaça para a segurança alimentar e pode levar à fome das comunidades afetadas, além de gerar a degradação de solo produtivo. Dados do Programa de Meio Ambiente da ONU (Pnuma) apontam que um terço da população mundial vive em regiões atingidas pelos desertos, o que na prática provoca ameaças econômicas e ambientais. A desertificação abrange mais de 3,5 milhões de hectares, que representam 25% do mundo. (Fonte Agência Brasil)

Brasil e Estados Unidos assinaram em agosto um acordo na área de meio ambiente para conversão da dívida brasileira com a Agência Internacional de Cooperação dos Estados Unidos (Usaid – sigla em inglês) em investimentos na preservação e conservação de florestas tropicais. O acordo prevê que serão destinados US$ 21 milhões para projetos nas áreas de conservação, manejo e monitoramento. O acordo só foi possível porque os Estados Unidos aprovaram em 1998 uma lei que permite a troca de dívida por investimentos no meio ambiente. A ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, disse que o primeiro edital para projetos relativos ao acordo deve sair até o fim do ano. A expectativa é investir em biodiversidade, conservação, áreas protegidas, manejo, populações tradicionais por meio de projetos de desenvolvimento local, em monitoramento e vigilância. Segundo a ministra, os recursos deverão ser destinados à preservação e conservação da Mata Atlântica, do Cerrado e da Caatinga.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


Educando para o Futuro

Nova Geração Empreendedora, Geração Sustentável!

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ascidos na era da abundância dos recursos naturais, os jovens da geração Y e seus antepassados não tinham o hábito de conversar sobre sustentabilidade em sala de aula, muitos conheceram esta palavra após entrar no mercado de trabalho. Mas essa nova geração de empreendedores sabe muito bem o que isso significa, e agora estão prontos para criar negócios que contribuam para o crescimento sustentável de nossa sociedade. Um indicador dessa mudança de comportamento é percebido claramente nos estudantes que participam do Programa Miniempresa, um projeto da Associação Junior Achievement. No Programa Miniempresa, os alunos do Ensino Médio, das redes pública e privada, aprendem na prática o funcionamento do mundo dos negócios por meio da criação e administração de uma Miniempresa Estudantil. Durante o projeto, os estudantes vendem ações para compor o capital inicial da organização, escolhem um produto, compram matéria-prima, produzem e comercializam, pagam salários, impostos, aluguel e encerram as atividades da Miniempresa distribuindo os dividendos aos seus acionistas. Entre tantas preocupações que nossos jovens empreendedores têm no decorrer das atividades, a sustentabilidade é, sem dúvida, a mais evidente, permeando todas as decisões estratégicas, ela é trabalhada naturalmente por uma geração que entende a importância do tema para o sucesso de qualquer empreendimento. A Junior Achievement Paraná realiza uma Formatura para os miniempresários que concluíram o programa, durante o evento são entregues premiações às equipes que se destacaram, um dos prêmios é chamado “Produto Destaque”. A Miniempresa vencedora do prêmio Produto Destaque é eleita por meio do voto de empresários de renome no cenário paranaense. Os produtos premiados refletem a preocupação dos nossos jovens com o planeta, no ano de 2008 quem recebeu o prêmio foi a Miniempresa SER Ser Ecologicamente Responsável, que comercializava bolsas ecológicas produzidas com sacolas plásticas descartáveis. Em 2009, os vencedores foram os miniempresários da LumiLIFE, eles produziram luminárias com garrafas PET e latas de alumínio; neste ano de 2010 os premiados foram os alunos da Eco Case, com os estojos e nécessaire confeccionados com chapa de Raios X e garrafa PET, todas as matérias-primas citadas seriam descartadas na natureza, e por isso a preocupação dos estudantes em transformá-las em novas mercadorias. Se você tem o desejo de acompanhar de perto o trabalho dessa nova geração de empreendedores, pode enviar seu cadastro pelo nosso site: www.japr.org.br e participar de nossos treinamentos.


Vida Urbana

Nova lei para destino do lixo Política Nacional de Resíduos Sólidos – quem não obedecer novas regras de responsabilidade pelo lixo vai cometer crime federal

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Brasil agora tem uma lei para dar tratamento adequado às mais de 150 mil toneladas de lixo que são produzidas diariamente nas cidades brasileiras. Há pouco tempo, foi sancionada a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que promete mudar a rotina das pessoas, das empresas e dos governos. A partir de agora, quem lançar resíduos perigosos na natureza de forma incorreta pode parar na cadeia, afinal, não cuidar do próprio lixo agora é crime federal. Com a novidade, quem também sai ganhando são os profissionais da reciclagem e os projetos de aproveitamento energético do lixo. De acordo com dados que embasaram o projeto, do lixo produzido no Brasil, 59% vão para os chamados lixões. Apenas 13% do lixo tem destinação correta, em aterros sanitários. Dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 405 tinham serviço de coleta seletiva em 2008. Apesar do problema ser latente, esse projeto que regulamenta a questão foi apresentada na Câmara dos Deputados em 1989 e só começou a ser analisado em 1991. E foi somente em 2010 que foi aprovado e sancionado. Com a nova lei, o que muda principalmente é que o projeto estabelece a responsabilidade compartilhada entre governo, indústria, comércio e consumidor final no gerenciamento e na gestão dos resíduos sólidos. O que muda - O consumidor comum, pela lógica da responsabilidade compartilhada, terá que acondicionar de forma adequada o lixo para ser encaminhado à coleta, fazendo inclusive a separação onde houver coleta seletiva. Todos estão proibidos de descartar resíduos sólidos em praias, no mar, em rios e em lagos. O cenário também muda para o poder público. Os municípios terão um prazo de quatro anos para fazer um plano de manejo dos resíduos sólidos em conformidade com as novas diretrizes. Todas as entidades estão proibidas de manter ou criar lixões. As prefeituras deverão construir aterros sanitários adequados, onde só poderão ser depositados os resíduos sem qualquer possibilidade de reaproveitamento ou compostagem. A União, os Estados e os municípios são obrigados a elaborar planos para tratar de resíduos sólidos, estabelecendo metas e programas de reciclagem. Os municípios só receberão dinheiro do governo federal para projetos de limpeza pública e manejo de resíduos sólidos depois de aprovarem planos de gestão. Os consórcios intermunicipais para a área de lixo terão prioridade no financiamento federal. O texto trata também da possibilidade de incineração de lixo para evitar o acúmulo de resíduos. Comerciantes também vão ter que andar na linha. A nova lei obriga fabricantes, importadores, distribuidores e vendedores a criar mecanismos para recolher as embalagens após o uso. A medida valeria para o setor de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, eletroeletrônicos e para todos os tipos de lâmpadas. Depois de usados pelo consumidor final, os produtos deverão retornar para as empresas, que darão a destinação ambiental adequada. Outra mudança importante é que as cooperativas e associações de catadores e de reciclagem vão passar a receber incentivos por meio de linhas de financiamento. O infrator que desrespeitar a nova lei estará cometendo um crime federal, que prevê pena máxima de cinco anos de reclusão e multa, de acordo com as sanções previstas para crimes ambientais relacionados à poluição. A pena, no entanto, não se aplica no caso do lixo doméstico.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


Vida Rural

AEAPR-Curitiba promove Agronegócio Brasil de 24 a 26 de novembro

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III Feira de Fornecedores de Produtos, Equipamentos, Tecnologias e Serviços para o Agronegócio – Agronegócio Brasil (AnB 2010) – será realizada pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – Curitiba (AEAPR-Curitiba) dias 24 a 26 de novembro, em Curitiba. O evento é organizado pela Monte Bello Feiras e Eventos e visa para impulsionar esse importante setor da economia brasileira. O evento de lançamento foi realizado em agosto, na sede da AEAPR-Curitiba. Nesta edição, a feira ocorrerá na Estação Experimental do Canguiri da Universidade Federal do Paraná (Fazenda UFPR) e contará com cinco eventos simultâneos: III Feira de Fornecedores para o Agronegócio; II Simpósio Internacional de Produção Integrada de Sistemas Agropecuários em Microbacias Hidrográficas: Pisa; III Simpósio Nacional sobre Agronegócio e Segurança Alimentar; III Seminário Estadual de Agricultura e Meio Ambiente; e Encontro Paranaense de Agronomia - O que os Engenheiros Agrônomos desejam e propõem para a Agricultura Paranaense do Século XXI? A feira busca aproximar profissionais da agronomia e o empresariado rural com objetivo de estimular a geração e realização de negócios por meio da apresentação e exposição de empresas fornecedoras de equipamentos, produtos, tecnologias, insumos e serviços para segmentos da cadeia produtiva nacional, como lembra o presidente da AEAPR-Curitiba, Luiz Lucchesi. Para conhecer a programação de palestras, inscrições, reservas de estandes e demais informações, acesse www.montebelloeventos.com.br ou ligue (41) 3203-1189. Serviço: Informações na AEAPR-Curitiba: www. aeaprcuritiba.com.br, (41) 3354-4745, aeapr@aeaprcuritiba.com.br.

Relatório sobre resíduos de agrotóxicos favorece segurança alimentar • A Agência Na-

Agenda de eventos da AEAPRCuritiba

cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, recentemente, o relatório do Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxico em Alimentos (Para), atividade de 2009. Os resultados apresentados mostram que o uso excessivo diminuiu. Hugo Vidal, engenheiro agrônomo diretor da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – Curitiba (AEAPRCuritiba) destaca que o relatório, que está sendo mal interpretado, é útil, pois incentiva a melhoria da qualidade do alimento ofertado ao consumo. “Contudo, a forma como o assunto é divulgado pela imprensa torna-se extremamente prejudicial ao produtor, por generalizar o uso como danoso à saúde, impondo uma culpa antecipada mesmo para aqueles agricultores que utilizam os agrotóxicos de forma adequada e segura”, ressalta. De acordo com Vidal, o que o relatório das análises feitas em 3130 amostras no Brasil em 2009 informa é a presença de agrotóxicos em níveis acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR) em 88 amostras, representando 2,8% do total; resíduos acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR) e não autorizados (NA), na mesma amostragem em 75 amostras, representando 2,4% do total. Também foi possível conhecer a utilização de agrotóxicos NA para a cultura em 744 amostras, representando 23,8% do total. “Produtos não autorizados, mas utilizados dentro de critérios técnicos que permitem o seu uso com segurança”, lembra. Vidal enfatiza que 97,2% do total das amostras estão dentro do Limite Máximo de Resíduo (LMR) considerado seguro para o consumo humano. Para ele, o grande problema é que a Lei de Agrotóxico ficou defasada. “Enquanto leigos decidem o destino do setor produtivo, os relatórios continuarão mostrando o uso de produtos não autorizados, embora com baixíssimas quantidades de resíduo e baixo risco ao consumidor”. Ele destaca que o não uso dos agrotóxicos não garante a segurança alimentar de produto algum, tal segurança é obtida apenas com bons hábitos, como a higienização.

• 10 de setembro – Início das Aulas do III MBA em Agronegócios Esalq/USP • 10 a 12 de setembro – Curso Recuperação de Matas Ciliares • 22 e 23 de outubro – Curso Aspectos da Fisiologia Vegetal aplicada ao manejo de plantas cultivadas • 24 a 26 de novembro – III Agronegócio Brasil • 26 e 27 de novembro – Curso Excel para finanças no agronegócio (Módulo I) GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Políticas Públicas

O lugar do desenvolvimento sustentável nas eleições Levantamento da Geração Sustentável entre presidenciáveis constata mais diretrizes que programas para sustentabilidade

Fábio Cherubini

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ual é o destaque que o assunto desenvolvimento sustentável possui nos programas de governo dos principais candidatos à presidência do Brasil? A partir dessa pergunta, a Geração Sustentável procurou nos materiais de divulgação das campanhas as propostas dos três concorrentes ao cargo com as maiores intenções de voto, de acordo com as mais recentes pesquisas eleitorais: Dilma Roussef (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). A análise, apesar de pontual, se faz mais do que necessária. Afinal, o momento eleitoral é decisivo para um país que será o centro das atenções nos próximos anos, como sede da próxima Copa do Mundo e em seguida dos Jogos Olímpicos. É agora o momento em que os eleitores vão escolher quem estará à frente na missão de mostrar ao restante do planeta se o Brasil realmente é o grande destaque do desenvolvimento mundial,

apesar de todas suas limitações socioambientais e de infra-estrutura energética. A partir da pesquisa realizada nos principais meios de divulgação das campanhas eleitorais dos candidatos, a Geração Sustentável constatou que, por enquanto, há mais diretrizes que planos concretos no setor. A alegação dos partidos é de que os programas estão em desenvolvimento com a participação popular, mas algumas propostas já são conhecidas pelos discursos, notícias e diretrizes lançadas nas páginas da internet dos presidenciáveis. A seguir, é possível verificar diretrizes e os tópicos dos programas de governo dos três candidatos para o desenvolvimento sustentável. Além de Dilma, Serra e Marina, também participam do pleito Ivan Pinheiro (PCB), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU).

Dilma Roussef (PT)

Diretrizes: Desenvolvimento social e econômico a partir de um modelo sustentável. Destaque para as conquistas do governo Lula na área do meio ambiente, como redução e controle da devastação da região amazônica, política de incentivo aos biocombustíveis e exigências ambientais para o financiamento empresarial por vias públicas. Há outros pontos citados no programa de governo que incidem na sustentabilidade, como a promessa de destinação de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) para pesquisas científicas e tecnológicas. No documento “13 compromissos de Dilma com o Brasil”, discutido entre o PT e partidos aliados, a candidatura ressalta a defesa do meio ambiente e garantia do desenvolvimento sustentável como uma das metas do eventual governo. Propostas: Não há propostas específicas para o setor.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


José Serra (PSDB)

Diretrizes: Apontam para ações realizadas nos mandatos à frente do Executivo da cidade e do estado de São Paulo. Ênfase na política de resíduos sólidos adotada pelo estado, arborização e criação de parques lineares e na política estadual de controle das mudanças climáticas, as quais promete ampliar ao país. Propõe ainda mais investimento em pesquisa e tecnologia. O PSDB está apresentando gradativamente os termos do programa ao longo das visitas do candidato. Propostas: Execução da atual política de resíduos sólidos do governo federal, fiscalização via satélite do desmatamento em áreas de floresta e do serrado brasileiro, criação de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia e execução de ações ambientais conjuntas com os municípios.

Marina Silva (PV)

Diretrizes: Pelo fato de ser do Partido Verde, que possui maior direcionamento para as políticas sustentáveis, e pelo histórico de ex-seringueira e ex-ministra do meio ambiente, as diretrizes da candidata têm maior destaque para a área. . O direcionamento dentro do programa está presente nos tópicos “economia para uma sociedade sustentável” e “política cidadã baseada em princípios e valores”. Cita o estimulo a criação de empregos verdes, ao turismo rural e a agricultura sustentável. Também defende investimentos em tecnologia e inovação. Propostas: Novos padrões de produção e consumo, baseados no incentivo a empresas sustentáveis, planejamento da infraestrutura com base em iniciativas que promovam a redução de carbono, caso dos meios de transporte não poluentes, e maior diversificação nas fontes de geração de energia renovável.

A sustentabilidade para os demais candidatos

Não são só os três candidatos com mais intenções de voto que possuem propostas para o desenvolvimento sustentável. O concorrente José Maria Eymael (PSDC) prevê em seu programa a criação de metas de emissão de carbono, o incentivo a produção agrícola sustentável, a diminuição e erradicação do desmatamento na Amazônia, o incentivo ao reflorestamento, o apoio a iniciativas sustentáveis e a criação de políticas que garantam uma cultura de consumo consciente e responsável. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) propõe o fim do desmatamento, a realização de uma auditoria do que chama da “dívida ecológica” criada pelos passivos ambientais das grandes indústrias e do agronegócio, e a utilização do dinheiro do resgate dessa dívida para a pesquisa e transição de matrizes. O candidato ainda se posiciona contra a transposição do rio São Francisco, os transgênicos e a construção da usina de Belo Monte (PA), pontos também defendidos por Zé Maria (PSTU). O concorrente pelo PSTU é favorável à revogação das licenças ambientais que atentam contra a natureza e das matrizes de energia renovável. O socialista Ivan Pinheiro (PCB) é outro entusiasta da energia limpa. Ele defende ainda a aceleração do programa de utilização do etanol, as pesquisas para biomassa e energias eólica e solar, o reinvestimento das receitas do petróleo para pesquisas em novas fontes, a criação de áreas de desenvolvimento para um modelo autossustentado, a proibição da ocupação de áreas de preservação pela pecuária, a formulação de um projeto para a exploração econômica racional, programas de controle e redução da poluição do ar e incentivo aos transportes ferroviário e aquaviário. Já o candidato Levy Fidelix (PRTB) carrega a sustentabilidade no carro chefe da campanha: o aerotrem, meio de transporte semelhante ao metrô de superfície com propulsão magnética. O desenvolvimento sustentável não é citado nos meios de divulgação da candidatura do candidato do PCO, Rui da Costa Pimenta. GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Entrevista

Bioinovação

A natureza a favor da indústria

Pedro Luiz Fernandes Geração Sustentável • Novozymes é uma empresa comprometida com a responsabilidade ambiental, como comprovam seus vários certificados. Desde quando essa preocupação foi implantada na empresa? Pedro Luiz Fernandes • Desde o início da nossa produção de enzimas em 1989, já nos preocupávamos com a sustentabilidade. Entretanto, naquela época não se falava de sustentabilida18

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

de, mas já era uma preocupação da Novozymes produzir respeitando o meio ambiente.

GS • Atualmente, quais são os principais exemplos de que a Novozymes na América Latina trabalha para diminuir seus impactos ambientais? PLF • Principalmente água e energia, a troca para motores de alto desempenho, construção de


O presidente da Novozymes Latin America, Pedro Luiz Fernandes, fala sobre a multinacional que sabe unir como poucos tecnologia e as tradicionais disciplinas biológicas A rotina da multinacional dinamarquesa fornecedora de enzimas industriais Novozymes é combater o impacto ambiental de seus produtos. Para isso, conta com recursos simples e ao mesmo tempo com o que há de mais moderno em técnicas de biotecnologia como engenharia genética, química proteica avançada e engenharia proteica. Ou seja, são produtos que apenas potencializam o que a própria natureza sabe fazer de melhor, que é produzir com equilíbrio. E por conseguir soluções inteligentes e ambientalmente corretas para o mercado, a empresa é hoje uma líder mundial no setor, com 48% do mercado e faturamento líquido de R$ 4,7 milhões. O presidente da Novozymes Latin America – localizada no município de Araucária – Pedro Luiz Fernandes, fala sobre os desafios de pensar diariamente na responsabilidade com a sociedade e com o meio ambiente, e ainda como transformar tudo isso em um processo lucrativo. Segundo o presidente, não há melhor investimento do que a sustentabilidade. A Novozymes atende atualmente fabricantes de álcool, alimentação, couro, detergentes, etanol, industriais têxteis, óleos e gorduras, panificação, papel, entre outros. E recentemente expandiu seus negócios adquirindo a empresa Turfal, fabricante de produtos agronômicos e biológicos, situada em Quatro Barras, também na região de Curitiba. O motivo da compra: oferecer uma opção de agricultura sustentável, um dos grandes desafios da atualidade. Afinal, desafio e sustentabilidade são os dois grandes motores da empresa, como explica o presidente.

novo prédio utilizando o conceito da construção sustentável. Todo o resíduo gerado da manutenção dos jardins, como corte da grama, poda de árvores, resíduos verdes do refeitório são encaminhados para a produção de húmus com nossas valentes minhocas que transformam todos esses resíduos em húmus. O húmus produzido é utilizado na fertilização dos jardins que produziram os resíduos.

GS • Para a Novozymes, a responsabilidade socioambiental é uma questão de diferencial de mercado ou dívida com a sociedade? PLF • No meu ponto de vista, as duas coisas. Claro que o mercado internacional exige que se produza com as melhores práticas ambientais, sociais e financeiras. Eu vejo que a dívida com a sociedade já vem de muitos anos, e hoje estamos tentando mitigar o efeito dessa dívida.

GS • Qual a ligação da empresa com projetos de fontes de combustíveis de energias renováveis? PLF • A ligação que a Novozymes tem é muito forte, pois produzimos enzimas para produzir etanol de primeira e segunda gerações. Este ano lançamos nossas celulases para produção de etanol de palha de milho, e agora estamos nos dedicando para as celulases que serão utilizadas no processo de produção do etanol de segunda geração do bagaço da cana-de-açúcar.

“Claro que o mercado internacional exige que se produza com as melhores práticas ambientais, sociais e financeiras. Eu vejo que a dívida com a sociedade já vem de muitos anos, e hoje estamos tentando mitigar o efeito dessa dívida” GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Entrevista

Ainda temos um caminho a ser percorrido, pois, para alguns, sustentabilidade é sinônimo de gasto de dinheiro sem retorno. No geral, a situação está melhor quando comparada com anos atrás, mas ainda deve ser muito melhorada. GS • Há pouco tempo, a Novozymes expandiu seus negócios, ao adquirir a Turfal, fabricante paranaense de produtos agronômicos e biológicos. O que motivou a aquisição? PLF • A principal razão para essa aquisição é que queremos expandir nossa posição no mercado de agricultura sustentável. Trata-se de uma oportunidade para a Novozymes continuar ajudando a enfrentar o enorme desafio de alimentar o mundo no futuro. A produção agrícola global requer um aumento de 70% para poder alimentar uma população que chegará a 9 bilhões de pessoas em 2050. Os inoculantes fixadores de nitrogênio da Turfal e da Novozymes podem ajudar os agricultores a reduzir suas necessidades de fertilizantes de nitrogênio no cultivo de leguminosas em até 80%. Essa é uma proposta de valor único em um mundo no qual os agricultores estão sob pressão para aumentar a produção de uma maneira sustentável.

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GS • Pesquisa realizada com a ONG WWF mostra que a biotecnologia industrial tem um potencial de redução da emissão de carbono de até 2,5 bilhões de toneladas por ano até 2030, o que corresponde a 5% das emissões mundiais em 2008. Quais os projetos são ligados diretamente à redução das emissões de CO2 na Novozymes? PLF • Um grande exemplo que temos é de que por meio dos nossos clientes que utilizam nossas soluções biológicas, no ano passado, mais de 28 milhões de toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas. Isto é aproximadamente tirar de circulação 5 milhões de carros de modelo pequeno.

GS • Além de diminuir impactos ambientais, a Novozymes tem outras preocupações, como na área social? Quais são? PLF • Uma das preocupações da Novozymes é com a educação. Temos um projeto social junto à Prefeitura da Cidade de Araucária, onde nossos técnicos estão capacitando os professores da rede de ensino público. O projeto chama-se Biotecnologia para sustentabilidade, em que os professores têm aulas sobre biotecnologia e também sobre enzimas industriais e suas aplicações e depois tudo isso é repassado aos alunos do Ensino Fundamental.

GS • Como vê o empresariado brasileiro em relação à sustentabilidade? PLF • Ainda temos um caminho a ser percorrido, pois, para alguns, sustentabilidade é sinônimo de gasto de dinheiro sem retorno. No geral, a situação está melhor quando comparada com anos atrás, mas ainda deve ser muito melhorada.

GS • Deixe sua mensagem para os leitores da Geração Sustentável. PLF • Sustentabilidade não é gasto, e sim investimento. Produzir sem degradar é possível, basta querer.


*Consulte o regulamento no site

O melhor plano de saĂşde ĂŠ viver. O segundo melhor ĂŠ Unimed.


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O profissional do futuro pesquisas apontam setores e carreiras mais promissoras para os próximos anos Sustentabilidade e inovação são as principais características nos perfis profissionais Juliana Sartori

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


P

ensar na carreira hoje é uma preocupação que vai muito além dos antigos guias de vestibular, que certamente foram folheados por muitos profissionais da atualidade, quando ainda na adolescência estavam na dúvida sobre qual carreira seguir. Quem para hoje e analisa que tipo de profissional quer ser no futuro encontrará um caminho um tanto nebuloso. Um guia comprado na banca de jornal pouco ajudará a resolver essa questão. Afinal, o período atual é de transformação. No entanto, há pelo menos uma grande certeza: o profissional do futuro, independentemente da área em que vai atuar, é aquele que sabe bem o que significa responsabilidade socioambiental e inovação. Pelo menos, é isso o que apontam todos os estudos de mercado e carreiras do futuro, com base no cenário que se desenvolve no presente. Entre as pesquisas mais recentes, uma vem sendo elaborada de forma bem minuciosa no Paraná. Trata-se do projeto Perfis Profissionais do Futuro, que é um trabalho em conjunto feito por pesquisadores que fazem parte do Observatório de Prospecção e Difusão de Iniciativas Sociais do SESI/ PR e o Observatório de Prospecção e Difusão de Tecnologia do SENAI/PR, e que ainda conta com a cooperação técnico-científica da Fundação OPTI – Observatório de Prospectiva Tecnológica Industrial, sediada em Madrid. O objetivo principal desse trabalho é identificar os perfis profissionais que serão demandados no futuro pelas empresas e pela sociedade, a partir dos sinais de mudança que o mercado já mostra no momento. Segundo o coordenador do projeto, Sidarta Ruthes, o estudo é o resultado do Projeto Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense, iniciado há alguns anos, que mostrou a necessidade urgente de formação profissional alinhada às visões e às novas tecnologias para alavancar o desenvolvimento no Paraná. “Foram apontados doze setores estratégicos e quais os perfis profissionais que devem atuar nessas áreas daqui alguns anos. São aproximadamente 15 ou 20 perfis para cada setor”, aponta Ruthes. Segundo o coordenador, o que ficou evidente na pesquisa que deve ser finalizada e publicada até o final do ano é a importância da sustentabilidade em todos os setores e a preocupação com a inovação. “O que se vê nos perfis é a necessidade de um profissional capaz de inovar com inteligência, que saiba pensar de forma global e refletir as consequências de suas ações. Não é a inovação somente pela inovação”, analisa. De acordo com Sidarta, a sustentabilidade, em alguns setores, apre-

“O que se vê nos perfis é a necessidade de um profissional capaz de inovar com inteligência, que saiba pensar de forma global e refletir as consequências de suas ações”, Sidarta Ruthes GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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senta-se como tendência mais forte, orientando maior número de perfis profissionais, enquanto em outros impacta com menor intensidade. O setor que apresenta o maior número de perfis profissionais, por exemplo, é o de Biotecnologia, porém outros apresentam o maior número de perfis impactados pela tendência de sustentabilidade, como o de Meio Ambiente e o de Turismo. “No Turismo, o desenvolvimento sustentável já é debatido há mais de 20 anos, com o objetivo de reduzir os impactos causados pelas atividades turísticas e impulsionar o desenvolvimento local”, explica. Os setores contemplados na pesquisa de perfis profissionais do futuro são: Biotecnologia, Saúde, Turismo, Agroalimentar, Energia, Produtos de Consumo, Papel e Celulose, Metal Mecânico, Plásticos, Meio Ambiente, Construção Civil e TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). “Esse projeto não objetiva criar novas carreiras, mas apontar os perfis profissionais. Muitas vezes, uma mesma pessoa pode acumular três ou quatro desses perfis na sua área de atuação”, explica. Assim que o projeto for concluído, ele será para as instituições de Ensino Tecnológico e Superior no Estado, para poder orientar os cursos a seguirem o rumo da formação desse novo profissional. “As escolas ligadas ao Sistema Fiep serão as primeiras a se atualizarem”, afirma.

Meio ambiente no escritório • Outra pesquisa que aponta quais são as novas carreiras que devem surgir na próxima década é o projeto chamado Carreiras do Futuro, realizado pelo Programa de Estudos Futuros (Proturo) da Fundação Instituto de Administração (FIA), que faz parte da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, coor-

denado pelo professor James Wright, aponta as áreas mais promissoras e onde estarão as oportunidades de negócios para empreendedores até o ano de 2020. Segundo os especialistas consultados, a ênfase crescente na inovação, a busca por qualidade de vida e a preocupação com o meio ambiente estarão entre os fatores mais relevantes no delineamento das carreiras mais promissoras. Os negócios potenciais estarão no setor de serviços, em áreas como saúde e qualidade de vida, turismo e lazer, alimentação, serviços para a terceira idade e consultorias especializadas (tais como sustentabilidade, desenvolvimento de carreira, consultoria pessoal e planejamento financeiro). Entre as novas carreiras mais promissoras apontadas, há pelo menos uma que chama bastante a atenção: é o gerente eco-relações. A pesquisa, que consultou 112 executivos e líderes empresariais, mostra que a carreira mais promissora no futuro será a do profissional capaz de melhorar o relacionamento entre os grupos envolvidos com a empresa, como entidades não governamentais, poder público, sociedade e meio ambiente. Ele também será responsável por ressaltar os impactos positivos dessa nova relação que a empresa deve criar com seu entorno. Segundo Wright, essa atividade já vem surgindo nas empresas, mas não há ainda uma pessoa destacada para essa função. No entanto, setores de uma empresa ou lideranças dentro da empresa já se responsabilizam por atividades similares. Em algumas corporações, por exemplo, quem faz essa função são os líderes em sustentabilidade, executivos de médio escalão ligados aos departamentos ou áreas de responsabilidade socioambiental.

“Já passamos da fase das preocupações com questões de reciclagem, cuidados e ações meramente sociais. Estamos no Brasil no momento de gerar resultados e mobilizar as lideranças das organizações para conduzirem-nas com esse outro foco, mais amplo”, Marilda Wilczek Morschel. 24

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De acordo com o estudo Carreiras do Futuro, prevê-se que a ascensão da sustentabilidade nos negócios, além de fazer surgir novas carreiras, transformará as profissões já existentes. As carreiras, especialmente as ligadas à gestão precisarão incorporar uma visão mais sistêmica, uma vez que serão necessários profissionais capazes de enxergar o todo e não somente uma parte interessada, reavaliando valores e atitudes.

Quem é o profissional do futuro • O profissional do futuro, preocupado com sustentabilidade e inovação é, sem dúvida, alguém que pode atuar nas mais diversas áreas. O importante é tentar identificar qual é o modelo desse profissional, como ele pensa e qual o seu poder transformador. E é exatamente isso o que analisa a empresária e psicóloga com MBA em Gestão Empresarial, Marilda Wilczek Morschel, que tem experiência de 28 anos na área de Gestão de Pessoas e Recursos Humanos. “O perfil do profissional preocupado com a sustentabilidade é bastante interessante. É uma

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pessoa de bons relacionamentos, com amplo e efetivo network, que pensa no negócio como um todo, que sabe fazer conexões entre todos os públicos envolvidos no negócio da empresa, tem grandes conhecimentos em programas internos, endomarketing e envolvimento do público interno para o engajamento e a mobilização para as ações de Sustentabilidade”, aponta. Segundo a psicóloga, que é sócio-diretora da empresa Nossa Gestão de Pessoas e Serviços, esse profissional não só conhece programas de Gestão de Pessoas, mas tem muita informação e habilidade para sintonizar tanto acionistas quanto comunidade para o bem comum, gerando resultados sustentáveis para as organizações. “Ele deve ter boa habilidade em tratar e analisar Indicadores de Resultados e Gerenciamento de Projetos, adaptando-os para os objetivos estratégicos da organização e alinhados com estes a todo tempo”, diz. Segundo a empresária, vive-se hoje o tempo em que a própria maneira de se relacionar com o outro ganha novo enfoque. “As pessoas estão se preocupando mais com suas ações, com a ética,


com a responsabilidade sob todos os aspectos, seja consigo mesma, com os outros ou com o planeta. E esses conceitos já são repassados em muitas escolas. Nossas crianças e jovens já têm contato com isso desde muito cedo, diferente das gerações anteriores”, analisa a psicóloga ao falar dos valores que o profissional do futuro ligado à sustentabilidade carrega. Esse profissional, a psicóloga explica, é muito mais do que alguém que implanta um programa de reciclagem de papéis, por exemplo. Ele tem uma tarefa muito mais consistente a cumprir. “Já passamos da fase das preocupações com questões de reciclagem, cuidados e ações meramente sociais. Estamos no Brasil no momento de gerar resultados e mobilizar as lideranças das organizações para conduziremnas com esse outro foco, mais amplo”, analisa. Marilda também aponta alguns casos de carreira que hoje já exigem esse perfil de profissional: “alguns cargos que podemos encontrar hoje com essas características são os analistas, gestores e diretores de sustentabilidade ou de responsabilidade social. Outros ligados à Comunicação Inter-

na e ao Desenvolvimento de Pessoas com foco em Sustentabilidade, sendo implícito nas atribuições e nas descrições de cargo desses”, diz. De acordo com a empresária, existem hoje várias posições ligadas à Sustentabilidade nas organizações e que estão à procura desse profissional. “Na maioria dos casos, são cargos vinculados à área de Gestão de Pessoas/RH e também posições ligadas a Fundações e Institutos, que também se ampliaram muito nos últimos dez anos”. Segundo ela, o que tem sido bastante comum, principalmente nas empresas de grande porte, ao recrutarem seus funcionários, é a procura por profissionais mais jovens, com pouca experiência, mas com visão alinhada a esse propósito. “Muitas vezes, a empresa busca contratar esse profissional, que já tem muitos conceitos internos de Sustentabilidade e treiná-lo de acordo com suas políticas e seu modelo de gestão”, conta. “É uma nova carreira que está surgindo e crescendo vertiginosamente no Brasil, principalmente com boas oportunidades, tanto em empresas nacionais como estrangeiras”, afirma.

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Áreas promissoras Gestão de Resíduos

Desenvolver tecnologias de separação, classificação e separação de resíduos; Promover parcerias entre produtores, transportadores e receptores de resíduos e subprodutos; Desenvolver indicadores qualitativos de resíduos.

Recursos Hídricos

Desenvolver tecnologias de controle on-line de redes de distribuição; Avaliar sistemas de detecção de vazamentos; Otimizar os sistemas de irrigação; Criar tecnologias para tratamento de efluente.

Gestão de GEE - Gases Efeito Estufa

Desenvolver tecnologias para captura dos GEE; Aprimorar as técnicas existentes de separação de GEE dos resíduos gasosos; Viabilizar novas técnicas para substituição da injeção dos gases no subsolo;

Biotecnologia

Desenvolver processos biotecnológicos para tratamento de resíduos; Desenvolver técnicas para redução do potencial poluidor e da toxicidade de resíduos; Aplicar processos biotecnológicos no contexto industrial, visando à produção mais limpa.

Eficiência Energética

Prospectar tecnologias que otimizem o uso da energia em máquinas e equipamentos; Desenvolver recursos que aumentem a eficiência energética de equipamentos obsoletos; Criar tecnologias que permitam a geração distribuída de energia; Desenvolver sistemas de baixo custo para geração distribuída.

Mobilidade Urbana

Desenvolver um plano urbanístico sustentável integrando conhecimentos de planejamento urbano; Planejar iniciativas para melhorar a proteção nas zonas urbanas; Promover mudanças com o objetivo de melhorar uma dada comunidade.

Ecodesign e Ciclo de Vida de produtos

Desenvolver produtos com facilidades para reciclagem; Orientar os demais profissionais envolvidos com o produto quanto às implicações ambientais; Implementar e controlar ações viáveis para a gestão do ciclo de vida do produto; Incentivar a logística reversa.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL


DHARMA

CIVITAS Responsabilidade Social

“Responsabilidade Social não são palavras. São ações”. Instituto Ethos

A Responsabilidade social é diferencial competitivo na estratégia de negócio de uma organização bem sucedida e orientada para o desenvolvimento sustentável. A Civitas Consultoria e Treinamento, pode ajudar a orientar e implementar a gestão em Responsabilidade Social na sua empresa e seus respectivos projetos. Se você está pensando em seguir este caminho, fale conosco e veja de que forma podemos construir valor para seu negócio. Nossos serviços:

Diagnóstico, Treinamento e Gestão em Responsabilidade Social

Balanço Social e Código de Ética

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Inclusão de Pessoas com deficiência e sensibilização para a inclusão (lei de cotas).

(41) 3274 7677


Responsabilidade Social

c o r p o r a t i v a

Terceiro Setor a serviço da inclusão social no mercado de trabalho Legislação regulamenta processo; entidades encontram formas de apoiar o cumprimento da lei

Lyane Martinelli

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

A

inclusão de minorias no Brasil é um processo que vem ganhando, em pequenos passos, espaço na sociedade ativa. Tanto jovens de famílias de baixa renda quanto pessoas com deficiência estão em uma luta constante pela conquista do seu espaço dentro do mercado de trabalho. Mesmo com leis que regulamentam a inclusão desses grupos nas empresas brasileiras, as estatísticas ainda estão aquém da necessidade do país. De acordo com levantamentos do Ministério Público do Trabalho, estima-se que no Brasil existem hoje mais de 14 milhões de pessoas com deficiência (PcD). Direcionada a esse grupo significativo da população brasileira, instituiu-se em 1991 a Lei nº 8213/91, que determina que as empresas

com mais de cem empregados preencham de 2 a 5% de suas vagas de trabalho com pessoas com deficiência ou beneficiários reabilitados pela Previdência Social. Na prática, foi estabelecido um sistema de cotas para a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade. De acordo com Viviane Dockhorn Weffort, Procuradora do Trabalho da 9ª Região, “O sistema de cotas é um dos mecanismos possíveis de ação afirmativa (conjunto de medidas legais e de práticas sociais, destinadas a compensar uma situação de desigualdade em que se encontre um determinado grupo social) adotado pela legislação brasileira, que tem como objetivo o favorecimento de pessoas que teriam maior dificuldade de obterem um emprego. E no caso das pessoas com deficiência, essa foi a al-


ternativa escolhida pelo poder público para fazer essa inclusão”, explica a procuradora. Apesar de essa lei estar em vigor há quase 20 anos no Brasil, os números ainda não são favoráveis. De acordo com estimativas do Ministério do Emprego e do Trabalho, hoje o Brasil tem 851 mil vagas para portadores de necessidades especiais, porém apenas 28% delas foram preenchidas. Além disso, o Paraná é um dos estados com o menor índice de cumprimento da Lei nº 8213/91, assim aponta o relatório elaborado pelo Espaço da Cidadania – uma ação voluntária criada em 2001, para defender os direitos dos deficientes. De acordo com o estudo, apenas 3,6% das vagas que deveriam ser reservadas para deficientes foram preenchidas no estado. As violações à lei ocorrem mesmo com a possibilidade de as empresas serem multadas – o valor pode chegar a R$ 67 mil. “Embora exista atendimento parcial à legislação que rege essa matéria, ainda há muito a ser feito pela sociedade brasileira para que as pessoas com deficiência ou reabilitados possam exercer efetivamente seus direitos”, afirma Viviane Dockhorn Weffort. Para tentar reverter esse quadro, existe o esforço de instituições que trabalham com a capacitação de pessoas com deficiência e que fazem a intermediação entre essas pessoas e o mercado de trabalho. Instituições como a Unilehu (Universidade Livre para a Eficiência Humana), de Curitiba, trabalham com o objetivo de desenvolver a empregabilidade nas pessoas com deficiência. De acordo com Andrea Koppe, presidente da Unilehu, “a entidade se encarrega de unir esforços para trabalhar com público alvo e tornar as pessoas com deficiência mais competitivas no mercado de trabalho”. Hoje, a Unilehu faz um trabalho de avaliação das pes-

soas com deficiência e, de acordo com o grau de preparo de cada um, encaminha o candidato para cursos de capacitação ou diretamente para vagas de trabalho. Para Andrea Koppe, “tão importante quanto preparar a pessoa com deficiência para o mercado de trabalho é garantir que empresas contratantes estejam preparadas para questões como acessibilidade e entendimento da deficiência.” Sem isso, segundo ela, o trabalho não tem os efeitos esperados. Essa preparação das empresas garante, segundo Andrea, a integração e adaptação dos portadores de necessidades especiais ao mercado de trabalho. “Desmitificar a deficiência e valorizar a eficiência das pessoas é o que acreditamos que possa aperfeiçoar, de fato, a inclusão”, afirma.

Jovens aprendizes • A Lei nº 10.097/2000 regulamentou no Brasil a questão do trabalho de menores, estabelecendo legalmente a função de jovens aprendizes. De acordo com a Lei, fica proibido o trabalho aos menores de 16 anos, exceto para aqueles que têm 14 anos ou mais e atuarem

“Embora exista atendimento parcial à legislação que rege essa matéria, ainda há muito a ser feito pela sociedade brasileira para que as pessoas com deficiência”, comenta Viviane Dockhorn Weffort, Procuradora do Trabalho da 9ª Região


Responsabilidade Social

c o r p o r a t i v a

na função de jovens aprendizes. Foi estabelecido ainda que empresas com mais de cem funcionários são obrigadas a ter entre 5 e 15% de seus funcionários nessa condição de aprendizes. Porém, dados de 2007 do Serviço Nacional de Aprendizagem mostravam que 40% das empresas brasileiras ainda não cumpriam essa Lei. Na busca de ampliar a inserção de jovens aprendizes nas empresas e contribuir para que a Lei da Aprendizagem fosse cumprida, muitas entidades passaram a se dedicar à capacitação de jovens para o mercado de trabalho. O projeto Plantando o Futuro, trabalho desenvolvido pela Elo Apoio Social e Ambiental, entidade que presta serviços de responsabilidade socioambiental, os jovens passam por um processo completo de capacitação e acompanhamento. De acordo com Renault Vieira dos Santos, diretor da Elo Apoio Social e Ambiental, “o adolescente que é selecionado para participar do Plantando o Futuro automaticamente ingressa no curso de aprendizagem – realizado aos sábados – e no setor administrativo de uma empresa parceira – atuando por meio

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período nos dias de semana. A Elo acompanha o desenvolvimento de cada aprendiz na empresa e para se manter no projeto os adolescentes tem de frequentar o curso aos sábados, bem como manter a regularidade na empresa e na escola”. Segundo Renault, “o objetivo principal é criar oportunidades para que os adolescentes de famílias de baixa renda se desenvolvam como profissionais em bons empregos. A ideia é que os aprendizes recebam as orientações necessárias para que sejam bons profissionais”. Para isso, os adolescentes, além do acompanhamento na empresa, recebem aulas que vão desde matemática e administração, até planejamento de vida e empreendedorismo, passando por informática, comunicação com o público, noções de área comercial e responsabilidade social. Só em Curitiba, desde que começou a colocar em prática o projeto Plantando o Futuro, em 2005, a Elo já capacitou cerca de 1.400 jovens, que participaram de programas de aprendizes nas principais empresas da capital e região metropolitana.



GESTÃO

SUS EN ÁVEL

jerÔnimo mendes Administrador de Empresas, Consultor, Escritor e Mestre em Organizações e Desenvolvimento

Será que o Brasil decola?

A Ser a quinta potência econômica mundial será um fato relativo se concluirmos que isso não poderá reduzir a desigualdade e proporcionar chances de crescimentos pessoal e profissional para todos

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

edição de 12.11.2009 da Revista The Economist foi recebida com euforia pela Comunidade Econômica Internacional e, principalmente pelo Governo Brasileiro, capitaneado pelo Presidente Luis Inácio “Lula” da Silva. Com a capa estampada sob o título “Brazil takes off”, ou seja, “O Brasil decola”, o editorial faz elogios rasgados ao recente desenvolvimento do país, entretanto, sem meias palavras, afirma também que o maior risco para o grande sucesso da América Latina é a prepotência. O artigo começa com a história da formação do acrônimo BRIC, constituído pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China. O termo foi concebido e utilizado sabiamente pelo economista Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, em 2001. A sigla em inglês também pode significar tijolo em alusão à formação de uma nova comunidade com elevado potencial de desenvolvimento econômico. No início, os críticos foram reticentes à presença da letra B, representada pelo Brasil, entretanto, oito anos depois da sua concepção, “o ceticismo parece fora do lugar”, descreve a publicação. De acordo com as previsões, em algum lugar na década, depois de 2014, muito antes do que o Goldman Sachs foi capaz de prever, o Brasil deve passar a ocupar o lugar de 5ª maior economia mundial, ultrapassando a França e a Inglaterra com relativa facilidade. A publicação ressalta que o Brasil já fez sua entrada no palco mundial, mencionando a campanha vitoriosa do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, dois anos após a realização da Copa do Mundo de 2014. Essas duas conquistas já seriam suficientes para referendar o país na lista dos mais desenvolvidos e atraentes do planeta em termos econômicos, entretanto, ainda há muito chão pela frente. Embora o crescimento do país tenha sido considerado não repentino, contínuo e consistente, o que torna a decolagem brasileira muito mais admirável é o fato de ter sido alcançada através de reformas e decisões democráticas que antecederam ao Governo Lula, porém continuaram a ser respeitadas por ele.

Independentemente dos discursos políticos inflamados e da reivindicação da paternidade, o fato é que, em algum tempo, um novo plano econômico e uma nova filosofia de governo foi capaz de domar a inflação, conceder autonomia ao Banco Central, privatizar empresas de interesse muito mais político do que público e privado e, principalmente, abrir a economia para a entrada do capital e do investimento estrangeiro. Ao contrário da China, considerado o país mais promissor da atualidade, somos uma democracia com todos os seus defeitos e suas qualidades, o que nos ajuda e ao mesmo tempo nos prejudica. Se, por um lado, podemos discutir, criticar, participar de alguma forma nas decisões políticas por meio da eleição dos nossos legítimos representantes na Câmara e no Senado, por outro, os resquícios do colonialismo, da “politicagem”, da falta de senso crítico, da inversão de valores e da “ilusão das massas” ainda nos incomoda. Não existem modelos econômicos e políticos ideais. Países desenvolvidos como os Estados Unidos, Japão, Dinamarca e Suécia, além de vários países da Europa, enfrentam os sérios problemas para sustentar modelos econômicos e políticos adotados como referência mundial e que, durante a crise de 2008, foram afetados pela crise mundial. Acreditar que o Brasil decola passa por uma questão de fé no sistema, nas pessoas, na economia, na educação e na política. Isso é fruto da conscientização acelerada em relação aos tipos de governantes que queremos eleger, ao país que queremos construir e ao legado que pretendemos deixar para nossos filhos e netos. Ser a quinta potência econômica mundial será um fato relativo se concluirmos que isso não poderá reduzir a desigualdade e proporcionar chances de crescimentos pessoal e profissional para todos. O fato de o Brasil decolar é um grande avanço em termos de desenvolvimento econômico, mas o que garante a sustentabilidade do voo é a consciência de que a turbulência é cíclica, e que a habilidade do piloto é fundamental.



Gestão de Resíduos

Madeira plástica, sim senhor! Material proveniente de processos de reciclagem cria visual idêntico à madeira convencional

Lyane Martinelli

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

E

m tempos de degradação do meio ambiente, o desmatamento é umas das preocupantes atividades extrativistas do homem. No Brasil, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), só no mês de junho de 2010 foram desmatados 247,3 km² de florestas nativas. Diante dessa realidade, surgem soluções para melhor utilizar madeira e até substituí-la de forma consciente nas ativida-

des humanas. Produzida a partir de material reciclável, a madeira plástica tem um visual idêntico ao do seu material inspirador, e surge com uma possibilidade interessante diante desse cenário ambiental. “Na madeira plástica conseguimos recriar os nós e as veias da madeira. É possível também deixar o material com as ranhuras características da madeira convencional, com o diferencial de ser


um material 100% reciclado e reciclável”, explica Fábio Moreno, gestor de negócios da Madeplast, empresa curitibana especializada na fabricação de madeira plástica. A empresa, que existe desde 2005, criou uma técnica específica para chegar ao seu produto. “Somos a única produtora de madeira plástica que utiliza madeira convencional na composição do material, e não apenas resíduos plásticos. Restos de madeira que seriam incinerados ou iriam para aterramento servem de matéria-prima para nosso material. O resultado é um produto sem contaminação e ainda mais parceiro do meio ambiente”, explica Moreno. Com parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para o desenvolvimento de novos projetos, a Madeplast possui também convênios com cooperativas de reciclagem para a captação de materiais. “Fazemos um controle dos resíduos plásticos por meio dessas cooperativas, garantindo que o material chegue até a fábrica já pronto para ser reaproveitado”, explica Moreno. A empresa, que além da sede em Curitiba tem uma fábrica em Manaus, procura também inserir as comunidades próximas nas suas atividades. “Em Manaus, estamos fazendo um trabalho de inserção da comunidade nas vagas da fábrica. Isso vai além da criação de empregos, é também a construção da consciência ecológica e da importância da reciclagem em cada um que chega até nós”, comenta o gestor de negócios. Hoje, a curitibana Madeplast quer mais que vender um produto diferente no mercado. “Estamos criando um novo paradigma no setor industrial. Muitas empresas mostram que não extraem produtos naturais e outros afirmam sua preocupação com o reflorestamento. A Madeplast vai além: tira resíduos do meio ambiente, não extrai produtos naturais, faz o reflorestamento e cuida da sua geração seus resíduos”, garante Moreno. A empresa trabalha pela implantação de uma cultura de preservação e reciclagem, não só de

“Restos de madeira que seriam incinerados ou iriam para aterramento servem de matériaprima para nosso material. O resultado é um produto sem contaminação e ainda mais parceiro do meio ambiente”, explica Fábio Moreno, gestor de negócios da Madeplast.


Gestão de Resíduos

madeira, mas de todos os materiais. Para Fábio Moreno, “se mais produtos como esse entram no dia a dia das pessoas, maior será a preservação ambiental.”

Utilizando a madeira plástica • A madeira plástica tem características físicas e químicas que tornam seu uso muito funcional e sua qualidade superior a outros produtos. Impermeável, a madeira plástica permite sua utilização em locais com exposição à ação do tempo, sem perder as qualidades. Além disso, por ser um material que combina a utilização de plásticos e madeira, tem como resultado um produto com as vantagens do plástico, como a durabilidade e a impermeabilidade, e com características da madeira, como a alta rigidez e a resistência a impactos. O produto final, de fácil manutenção, ainda é resistente ao ataque de cupins e a fungos. “O nosso diferencial, de misturar os resíduos plásti-

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

cos com a madeira garante um resultado final, na questão visual, muito superior. Com essa mistura conseguimos chegar bem próximo ao visual da madeira convencional, o que faz com que a substituição seja muito facilitada”, explica o gestor de negócios da Madeplast. Por ser muito resistente e não se deteriorar facilmente, ela é indicada para uso em situações de intensa exposição aos efeitos do tempo. A madeira plástica, que também não retém calor e não sofre grandes dilatações térmicas, é muito utilizada em ambientes externos como decks, piscinas e cercas. Resistente a corrosões naturais e químicas, a madeira plástica pode ser utilizada da mesma forma que a madeira convencional, com pregos e parafusos, e não requer manutenção além da limpeza com água e sabão neutro. A partir de setembro de 2010, a Madeplast estará com um showroom em Curitiba, na BR 277, nº 3903, próximo ao Café Damasco.



rosimery de fátima oliveira

Meio Ambiente

Especialista em diagnóstico e planejamento sistêmico

Pense que bela será a América Latina quando a hemorragia for estancada... Se ainda é bonita após quinhentos anos de saque, imagine quando for respeitada...

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Perdi um grande amor

M

eu coração está quebrado. Perdi um grande amor. Não pare de ler minha coluna achando que eu estou aproveitando um espaço de comunicação para desabafar. A não ser que você nunca tenha feito um curso de educação ambiental onde lhe pediram para fechar os olhos e abraçar uma árvore. Árvore talvez não, mas abraçar um colega de trabalho - que casualmente estava à sua direita em uma roda de pessoas de mãos dadas em uma fria sala de treinamento, isso algum dia você já fez! Ou algo sentimental parecido. E no final do treinamento garantiram-lhe que o ambiente no trabalho iria mudar, para melhor é claro. Lembrou? Então entenda meu coração partido e continue lendo esta singela declaração. Perdi um grande amor. Esta experiência todo mundo já passou um dia na vida. É que junto também perdi um grande amigo. E aí complicou porque um grande amor sempre acaba voltando, repaginado. Basta passar a mágoa e a emoção volta novinha em folha. Mas amigo não é tão simples assim, pois amigo é sempre único. Por isso circunstancialmente temos um grande amor e vários amigos. Por que amigos são tão únicos que não dá para juntar todos em um único amor. Agora vou ser mais direta porque você já está achando que é auto-ajuda. Li pela primeira vez a obra As Veias Abertas da América Latina, do jornalista e escritor Eduardo Galeano, aos 19 anos. Confesso que eu não entendi muita coisa, mas me chamou a atenção como certos fatos históricos mencionados no livro foram colocados de forma tão instigante em comparação com as abordagens das aulas de história do Ensino Médio que eu recém havia terminado. Os relatos expostos no livro eram complexos, surpreendentes e aterradores; pareciam uma obra de ficção diante das inocentes aulas do colégio estadual que eu frequentara. Fiz faculdade e pós-graduação. Comecei a trabalhar. Durante esse período voltei a ler o mesmo livro várias vezes, e em cada leitura eu entendia o texto um pouco mais. O que me parecia ficção se tornava cada vez mais real, mais lógico. E a realidade mais ordinária e mais ilógica. Percebeu o amor? Não é paradisíaco? Por que o Brasil é a nação com a quinta maior economia mundial e a penúltima em educação? Por que nossa economia não precisa de uma boa

educação. Como isso é possível? É só ler Galeano. Quinhentos anos de história resumidos em trezentas e poucas páginas com uma narrativa lógica que demonstra a exploração econômica e política da América Latina. Porque temos a maior empresa produtora de combustíveis do mundo e o preço da gasolina não diminui? Adivinha? Está lá. Comecei a reservar um bom tempo para entender o meu amor. Percebeu a amizade? Daquelas que geram longas conversas que tranquilizam o coração? Daquelas para as quais não precisa haver solução ou conclusão, apenas uma irmandade de ideias e ideais. E que fazem o futuro parecer mais bonito? Resolvi casar. Assim mesmo, juntando o amor e a amizade e construindo um futuro comum. Acreditando em um mundo melhor. Todo mundo que já casou sabe que o início de um relacionamento é um período de ajustes. Lado da cama para dormir, amigos em comum, onde passar as férias. A educação do país é ruim? Vamos melhorar, com garra e com empenho. Amigos da escola. Pequenos ajustes iniciais. Combustíveis fósseis aumentam o efeito estufa? Consumo consciente: ônibus para o trabalho e bicicletas para a escola. Não é confortável, mas pense que bela será a América Latina quando a hemorragia for estancada... Se ainda é bonita após quinhentos anos de saque, imagine quando for respeitada... E assim lá se foram anos e anos de ajustes. Algumas traições, alguns momentos de fraqueza, mas o amor – e o perdão - sempre foram maiores. Até que veio a gota final. Como é recente não vou entrar em detalhes por que ainda dói. Estudo realizado pela consultoria Boomberg News Energy Finance, especialista em energias limpas e mercado de carbono, conclui que os subsídios governamentais às fontes de energias fósseis são 10 vezes superiores aos incentivos à energia de fontes renováveis. Em 2009, os governos investiram um valor entre US$ 43 bilhões e US$ 46 bilhões em projetos de energias renováveis (eólica, solar, biomassa) e de biocombustíveis, contra US$ 557 bilhões gastos em incentivos às energias fósseis, segundo levantamento da Agência Internacional de Energia. Cansei de tapar o vazamento do dique com meus próprios dedos. Coração quebrado pode se dar ao luxo de escovar os dentes com a torneira de água aberta. A hemorragia é bem maior, secular, e não vai parar.



Qualidade de Vida

Prateleiras mais saudáveis e também lucrativas Maior acesso aos bens de consumo leva indústrias alimentícias a atender novas classes de consumidores Fábio Cherubini

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O

aumento da renda do brasileiro e a alta na venda de produtos de varejo, impulsionada pela indústria alimentícia, estão ampliando a variedade de produtos e mudando a forma como as empresas se relacionam com o cliente no setor de alimentos. Essa nova relação entre a indústria alimentícia e o consumidor também trouxe mudanças na legislação brasileira. Quem antes oferecia o que bem entendia nas prateleiras, hoje precisa repensar seu papel na sociedade para poder continuar em crescimento. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável pela formulação e

fiscalização das normas de produção e venda de alimentos no Brasil, vem pressionando cada vez mais as empresas para garantir as boas práticas de fabricação. Em junho, a Anvisa envolveu-se numa polêmica com o setor produtivo, ao publicar uma portaria que obriga as empresas a vincular em suas peças publicitárias alertas sobre os prejuízos que o excesso de sal, gordura e açúcar podem causar à saúde. Ou seja, obrigando as empresas que não respeitarem os limites do que é considerado saudável a “autocondenarem” em suas próprias embalagens. A decisão está suspensa por recomendação da Advocacia Geral da


União para análise da competência da agência em regular a publicidade de alimentos, que é questionada pelos fabricantes. A Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) informou, em nota oficial, ser contra a resolução da Anvisa que obriga as empresas do setor a colocar alertas nas propagandas sobre os riscos à saúde do consumo excessivo dos alimentos muito doces, salgados ou gordurosos. Para a entidade, o que deve ser respeitado é a própria mudança de hábitos do seu consumidor, e que esse processo já acontece naturalmente. “Essa preocupação é muito mais reflexo dos hábitos alimentares da população do que da composição dos produtos industrializados”, opina em nota. Além disso, a associação argumenta que a medida da Anvisa apresenta “impropriedades constitucionais e técnicas”. Uma delas, segundo a Abia, é de que alimentos e bebidas não alcoólicas não integram a lista de produtos que devem ter advertência definida pela Constituição Federal – que inclui tabaco, remédios e agrotóxicos. No entanto, caso a decisão da Anvisa passe a valer, os fabricantes têm seis meses para se adequar às novas regras. Quem descumprir as exigências sofrerá sanções – desde notificação, interdição e pagamento de multa, que poderá variar de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão.

Mercado emergente • A preocupação do Governo com o que a população anda consumindo não é à toa. O volume de vendas no varejo

brasileiro subiu 11,5% no primeiro semestre. E este é o melhor resultado para o período desde o início da série calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2001. O grande responsável pela alta foi o consumo nos supermercados, de produtos alimentícios, bebidas e fumo, que refletem um volume de vendas que subiu 10,4% no primeiro semestre. No entanto, ao mesmo tempo em que os números mostram que a população consome cada vez mais, muitas empresas já perceberam que as pessoas também buscam maior qualidade no que é produzido. A população quer cada vez mais alimentos saudáveis e que se adequem à correria do dia a dia. Um exemplo é o aumento do consumo dos alimentos light e diet nos supermercados, representando que a população quer de alguma forma diminuir a quantidade de gorduras e açúcares dos alimentos consumidos. Essas variedades consideradas mais saudáveis são também as mais rentáveis. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos Dietéticos para Fins Especiais e Suplementos Alimentares (Abiadsa) revelou que alimentos diet e light são consumidos em aproximadamente 35% dos domicílios, com um crescimento do faturamento de quase 900% dessa indústria. Pensando nesse lucrativo filão, os supermercados Pão de Açúcar, por exemplo, lançaram já há alguns anos a linha Taeq. O nome já diz tudo: une duas palavras de origem oriental: TAO (equilíbrio) + EKI (energia vital). De acordo com o grupo, a marca Taeq oferece soluções que ajudam a

Alimentos diet e light são consumidos em aproximadamente 35% dos domicílios, com um crescimento do faturamento de quase 900% dessa indústria

O novo perfil do mercado consumidor Segundo estudo do Ministério da Fazendo divulgado em agosto, a classe média no Brasil terá 113 milhões de pessoas até 2014, representando 56% da população no país. O dado foi apontado pelo relatório “Economia Brasileira em Perspectiva”, que indica um aumento de 9,7% da classe C em quatro anos. Composta por 103 milhões de brasileiros com rendas entre R$ 2.040 e R$ 5.100, a classe C registrou um salto de 56% de 2003 para cá. Conforme o estudo, nesses sete anos cerca de 37 milhões de brasileiros saíram da base da pirâmide social. O poder de compra das classes C e D evoluiu e houve aumento de participação no ranking de potencial de consumo. É um novo mercado que as empresas devem ficar de olho.

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Qualidade de Vida

manter o equilíbrio do corpo e da mente do consumidor. São mais de 1200 produtos divididos em cinco diferentes seções: Nutrição, Orgânico, Beleza, Casa e Esporte. Na Taeq Nutrição, por exemplo, a ideia é oferecer ao consumidor dos supermercados uma opção de alimentação balanceada, que também ser pode ser rápida e prática também, como qualquer bom industrializado. De acordo com a marca, a diferença está nos ingredientes. “São opções leves e equilibradas, com baixos teores de gordura e muito saborosas”, garante o texto da assessoria de imprensa da marca. No caso das cooperativas, a procura por atender às necessidades do consumidor cada vez mais exigente ocorreu por meio dos investimentos no valor agregado, como diferentes cortes de carne e produtos previamente temperados, conforme explica o assessor da gerência técnica e comercial da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), Robson Mafioletti. Para ele, o crescimento dessas exigências iniciou nos anos 1990, com a criação do Código de Defesa do Consumidor, e ampliou-se com a concorrência e o maior acesso da população aos bens de consumo. A necessidade de atender ao crescente mercado brasileiro foi tanta que a Ocepar criou em 2006

uma assessoria comercial específica para o varejo, com o intuito de orientar as cooperativas a explorarem o seu potencial competitivo. “As cooperativas estão investindo mais na agroindústria, por isso instituímos em 2006 o Fórum do Varejo, que possui várias ações para ampliar a participação no mercado”, ressalta Mafioletti. Entre as ações da assessoria estão a orientação dos associados para o melhor uso do potencial de imagem da gestão responsável das cooperativas, como a rastreabilidade da produção e os benefícios ao pequeno produtor, como forma de atrair mais consumidores. A Nutrimental, por sua vez, procurou fortalecer o portfólio de produtos para atender às classes emergentes. Para isso, lançou novas opções de mingau, barras de cereal e aveia, segundo o gerente de marketing e vendas da empresa, Rodrigo Motta. Além disso, a Nutrimental procurou investir em novas plataformas de comunicação, como a internet, para ampliar o relacionamento com o cliente. Na opinião da Nestlé, o mercado atual possui maior demanda por alimentos saudáveis, motivo pelo qual vem ampliando os investimentos em pesquisas nas áreas de nutrição, saúde, qualidade e segurança alimentícia. E a importante mundial de alimentos industrializados tem bons planos para o consumidor brasileiro, afinal o país já é quase o terceiro maior mercado da Nestlé, superando até mesmo o tradicional mercado da Alemanha. A multinacional indica que está de olho num mercado extra de 1 bilhão de potenciais novos consumidores nos países emergentes em dez anos.

Mercado exterior • Para o assessor da gerência técnica e comercial da Ocepar, outro fator importante para a melhora na qualidade e no aumento das exigências internas foram as exportações e as necessidades do mercado exterior. “A exportação aumenta a competitividade. Se você não obedecer às exigências, está fora. Isso influenciou a produção no mercado interno, que acabou se beneficiando”, avalia Mafioletti. Por outro lado, o gerente de marketing da Nutrimental lembra que as exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável pela fiscalização e regulação do segmento, baseia-se em normas internacionais, e que embora cada país tenha suas características, sempre se aprende com a relações com o exterior. Entre as referências da agência brasileira para a qualidade dos produtos estão as normas estabelecidas pela União Europeia, pelo comitê da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – e pelo Mercosul. 34

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Gestão Estratégica

Professor de MBA, palestrante, consultor em sustentabilidade de negócios e empresário verde

Marketing Verde deve ser entendido como o processo de venda de produtos ou serviços com apelo ambiental verdadeiro que buscam impactar positivamente clientes e públicos de interesse para que aqueles que ainda não o são, também se tornem verdes

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Marketing Verde

Muito além do Green Wash

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stamos diante de um novo e intrigante paradoxo-tostines: é o marketing da nossa empresa mais importante que o ar que respiramos ou o ar que respiramos mais importante que o marketing da nossa empresa? Primeiro, vamos esclarecer o que não é Marketing Verde. Não é aquela onda de modismo que invadiu o mercado nos últimos anos, o green wash, um verniz corporativo também conhecido como maquiagem verde: por fora, bela viola; por dentro, processos produtivos ineficientes de empresas que não compreendem ou não internalizam o posicionamento estratégico competitivo sem aderência com a realidade dos novos tempos. Marketing Verde deve ser entendido como o processo de venda de produtos ou serviços com apelo ambiental verdadeiro que buscam impactar positivamente clientes e públicos de interesse para que aqueles que ainda não o são, também se tornem verdes. Trata-se de uma ferramenta poderosa de aculturamento, capaz de diferenciar competitivamente a empresa, da concorrência. E, ao mesmo tempo, apresentar uma contrapartida coerente à sociedade. Seus princípios básicos são: 1) Ser genuíno, anunciar aquilo que se vende e entregando aquilo que se promete. 2) Educar consumidores, por meio de um processo de aculturamento mercadológico, que oriente e balize suas escolhas conscientemente. 3) Engajar não só simpatizantes fiéis à marca como também a sociedade em seus diversos setores. 4) Promover os 3 Rs: Reduzir (não no sentido de retrair a base produtiva, e sim reduzir o desperdício energético nos processos produtivos); Reciclar (trazer resíduos de volta à origem fabril via rastreabilidade e manufaturar reversamente o que for reaproveitável); e, Reutilizar (aplicando o conceito ampliado “cradle to cradle’, isto é, do berço ao berço, num círculo virtuoso de 360 graus). Para traduzir também em suas práticas de negócio os conceitos do Marketing Verde a empresa precisa ter atitude. Peter Drucker dizia que “o marketing é tão importante que não deve ser conduzido por uma área apenas na empresa, e sim ser visualizada sob o ponto de vista do todo, a partir da alta direção, orientando a estratégia macro da organização e integrando os diversos departamentos a fim de criar uma unidade notória da imagem dese-

jável e atraente no mercado-alvo” - o que bem faz o Marketing Verde, justamente por propor esse alinhamento ecológico. No Brasil, uma das campanhas do Instituto Ethos é emblemática: uma criança segurando um globo terrestre na sala de aula, olha seriamente para ele e dispara: - “E você… o que você vai ser quando eu crescer?” A Natura, uma das dez marcas mais valiosas do país, foi a primeira a utilizar ativos da biodiversidade brasileira em seus produtos, colocar em suas campanhas consultoras e clientes reais como pessoas reais no lugar de modelos, atrizes e figurantes. A Vale assume uma nova identidade visual com a assinatura: “Cada vez mais verde; e amarela” e divulga seus diversos programas e prêmios de incentivo à ciência, na mídia de grande circulação em horário nobre. O Real foi não só o primeiro a dizer ser o banco da sustentabilidade como também o primeiro a construir uma agência 100% ambiental na Granja Viana em São Paulo. O Santander teve o mérito de importar o executivo responsável pela estratégia ambiental do banco ABN. E em uma de suas campanhas assina: “Os melhores negócios do mundo, são os melhores negócios pro mundo”. Na mais recente, sendo veiculada agora na mídia, propõe: - “Vamos fazer juntos?”. O badalado evento de moda SPFW São Paulo Fashion Week além de adotar um gerador para o seu consumo de energia também neutraliza as emissões de CO2 do evento. O Walmart adota um posicionamento sustentável ao redesenhar toda a sua logística, escolhendo caminhões com tripla repartição interna para congelados, resfriados e carga seca – tudo junto – a fim de economizar emissões de CO2 no transporte e entregas urbanas. Somente uma empresa realmente “verde” será capaz de sustentar um marketing em cima da questão ambiental. Não basta apenas oferecer produtos que tenham alguns atributos verdes, tais como recicláveis e produtos que não destruam a camada de ozônio. Porque para posicionarse como ambientalmente responsável a empresa deve antes de tudo fazer a lição de casa para SER, muito mais do que TER. Porque a vida é um eco. Ou você torna sua empresa verde ou é você quem acabará no vermelho. **versão compactada para publicação na revista: acesse o artigo na íntegra pelo link: http://revistageracaosustentavel. blogspot.com/2010/08/artigo-marketing-verde-muito-alemdo.html)



cidadão&ação Uma casa que guarda (e espalha) a força do imaginário

Voluntários da Casa do Contador de Histórias doam tempo e sensibilidade para semear vida

Criselli Montipó

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“H

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

avia um contador de histórias que vivia feliz a espalhar seus contos para as pessoas. Histórias que faziam todas as gentes despertarem a força do imaginário. Ele contava suas histórias para duas, três, muitas pessoas. Até que, um dia, alguém o viu contando uma história para o vazio e o indagou sobre aquele ato solitário. O contador respondeu:- Antes eu contava histórias para mudar o mundo, hoje conto histórias para que o mundo não mude a mim.” Era uma vez um lugar dedicado à contação de histórias com pessoas que acreditam nesse conto, citado acima. Este lugar é real: a Casa do Contador de Histórias, entidade de Curitiba, que surgiu oficialmente em 2003, pela vontade de pessoas de diversas áreas, que já no final da década de 90 usavam o imaginário para transformar. Martha Teixeira da Cunha e seu marido José Mauro dos Santos estão entre os fundadores da casa. Martha, que é psicóloga, já usava a metodologia da contação de histórias com cunho te-

rapêutico e desenvolveu trabalhos nessa área em instituições, antes da fundação da casa. Mauro, filho do ator José Maria Santos, teve contato desde criança com as histórias, as narrativas. Atuou no teatro amador e aliou os contos ao seu trabalho de educador municipal. Os dois amantes das histórias se conheceram em 1997 durante um sarau na casa de Martha. Mauro queria conhecer aquela contadora de histórias que a todos encantava. Tornaram-se amigos e, depois, amores. Ela, com uma memória emotiva familiar: a avó materna, Cenira, que cozinhava e costurava em meio aos contos, e a avó paterna, Zulmira, nordestina, conhecedora do folclore brasileiro. Ele, além do pai ator, teve contato com a vida simples do campo, e com o caseiro Timóteo e sua esposa Sebastiana, cheios de bons causos para contar. Tais referenciais de simplicidade fundamentam o trabalho desses contadores. “Cada um tem uma história para contar, e isso é bom, pois é o que liga as pessoas”, acredita Martha.


A ideia de criar uma entidade para desenvolver o trabalho social contou com o apoio de amigos. Hoje, a Casa do Contador de Histórias – que é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Ocip), reconhecida como de Utilidade Pública Municipal desde 2008 – reúne 55 voluntários, que se revezam, semanal ou quinzenalmente, para contarem histórias em onze instituições. Os espaços sociais atendidos abrangem instituições de saúde, de educação e de correção. A missão da casa é resgatar o ato milenar de contar histórias. Os contadores acreditam que é possível ajudar as pessoas a se conectarem aos seus sonhos e ao amor pela vida, despertando a consciência dos valores universais para a construção de um mundo melhor. A formação dos contadores ocorre nas oficinas A Arte de Contar Histórias, que são oferecidas periodicamente. A metodologia utilizada baseia-se no pensar, no sentir e no agir que explica as três pontas do chapéu usado pelos contadores. A contação baseia-se na experiência emotiva das imagens, no conteúdo afetivo da história. O foco é a história, e não o contador. “Na narrativa oral, há o senso de pertencimento: todo ser humano quer ser aceito. A história diz que você tem um espaço”, explica Martha. Os fundadores acreditam que a história resgata os processos essenciais, como a vontade de viver, de pertencer, de realizar seus sonhos. Por isso, os voluntários as levam para quem precisa: pessoas que se encontram em situação de risco social, doentes ou em situação de confinamento (pela doença, pela violência, pela idade ou pela dor). A intenção é de que cada ouvinte experimente nas histórias uma forma de liberdade, seja por

meio de um depoimento, de um olhar, uma emoção. Inclusive, a cada roda – em que a fogueira dos antigos contadores está presente, simbolizada pela vela – os voluntários relatam as reações dos ouvintes, que de distantes e ausentes, passam, a cada palavra, a estarem mais presentes e atentos. “Melhorando as condições física e emocional das pessoas”, acrescenta Martha. Ela ressalta que o imaginário cotidiano, contido nas histórias, é rico em valores, como a amorosidade, a simplicidade, que enfatizam a necessidade de cuidar do outro de forma carinhosa. Mauro lembra que o imaginário liberta. “Quem tem imaginação tem curiosidade, se não sabe de algo, corre atrás”, exemplifica o contador de histórias. “As pessoas estão com medo de apoderaremse novamente de suas forças do imaginário. Perderam a noção do poder que têm para decisão, para suas escolhas. Isso aconteceu porque se afastaram de seu ritmo simples e natural de viver a vida”, comenta Martha, que se esforça para, juntamente aos voluntários da casa, recuperar a força do imaginário de cada um, para que ninguém se esqueça da magia concreta de um “Era uma vez...”. Essa história é real, mas entrou por uma porta e saiu por outra. Quem quiser, que conte, pense, sinta e faça outra! Serviço: A Casa do Contador de Histórias recebeu uma sede para suas atividades no Centro Histórico de Curitiba, que está sendo reformada e deve ser aberta em dezembro. Saiba mais, acesse www.casadocontadordehistorias.org.br. Telefone: (41) 9116-0587, e-mail: contato@casadocontadordehistorias.org.br.

“As histórias do passado dizem coisas sobre nossas vidas de hoje”, José Mauro dos Santos

“As histórias fazem com que as pessoas resgatem a vontade de viverem suas vidas plenamente”, Martha Teixeira da Cunha

GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

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Publicações e Eventos

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

fio porque ainda não existe um consenso universal sobre o real significado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribuição a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabilidade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.

• A L A N B RY D E N

Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization

Conheça o site do livro e as demais novidades do nosso catálogo no endereço:

www.saraivauni.com.br

Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável

Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na intenção de refletir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o tema com superficialidade. Se os autores focam demais em uma questão ou em um grupo pequeno de temas, fica difícil transmitir uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretanto, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadilhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto na profundidade quanto na abrangência.

José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira

Escrever sobre Responsabilidade Social é um verdadeiro desa-

Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável Da teoria à prática

José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP-POI) desde 1992. Foi professor em renomadas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio ambiente e da responsabilidade social. Coordenador do Centro de Estudos de Gestão Empresarial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Participou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certificação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês científicos de diversas revistas e congressos científicos, nacionais e internacionais, e de várias agências de fomento. CONTATO COM O AUTOR:

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL José Carlos Barbieri e Jorge Emanuel Reis Cajazeira

barbieri@editorasaraiva.com.br

Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Engenheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Executivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Eleito pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da norma NBR 16001 – Responsabilidade Social e presidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certificação socioambiental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). CONTATO COM O AUTOR:

Editora SARAIVA

aquecimento global e créditos de carbono rafael pereira de souza (ORG.) editora quartier latin

Auditoria ambiental florestal Julis orácio felipe editora clube dos autores

ORGANIZAÇÕES INOVADORAS SUSTENTÁVEIS José Carlos Barbieri Moysés Alberto Simantob Uma reflexão sobre o futuro das organizações José carlos barbieri moysés alberto simantob Editora atlas

gestão para a sustentabilidade Julis orácio felipe editora clube dos autoresEditora atlas

cajazeira@editorasaraiva.com.br

MANUAL DO EMPREENDEDOR Como construir um empreendimento de sucesso jerônimo mendes editora atlas

1º Forum de Sustentabilidade Hospitalar

10 e 11 de setembro/2010 Auditório da Facear (Faculdade Educacional de Araucária) - Avenida das Araucárias, 3803 - Araucária/PR Informações: (41) 36148108

Evento discute agricultura e atuação do engenheiro agrônomo

A Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná (Feap), com suas 19 associações regionais afiliadas – entre elas a Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná – Curitiba (AEAPRCuritiba) – promoveu, no mês de julho, uma reunião geral, sediada pela Associação dos Engenheiros Agrônomos de Irati. Entre os temas debatidos, ganharam destaque o resgate do papel histórico da categoria agronômica na transformação qualitativa da agricultura do Paraná e a responsabilidade das entidades que representam a categoria frente as políticas públicas voltadas para o agronegócio paranaense. Segundo o presidente da Feap, Florindo Dalberto, estiveram representados os cerca de 14,5 mil profissionais de agronomia que atuam no Estado. A intenção do evento foi tornar público o que os engenheiros agrônomos pensam e propõem para a agricultura paranaense do século 21. O diretor técnico e social da AEAPR-Curitiba, Hugo Reis Vidal, ressalta que a AEAPR-Curitiba é participante das discussões do atual momento político e se preocupa com os rumos que vem tomando o agronegócio no Paraná e no Brasil. “A inclusão do profissional da agronomia em todas as fases deste processo é fundamental para o sucesso dos empreendimentos do agronegócio nos quisitos técnico, econômico, ambiental e humanístico”, salienta.

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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL

Nos dias 10, 11 e 12 de novembro de 2010, acontece o 5.º Seminário sobre Sustentabilidade. Com o tema “Diálogos sobre Inovação e Sustentabilidade”, o evento promovido pelo Programa de Mestrado em Organizações e Desenvolvimento da FAE coloca em discussão um dos grandes desafios para a sociedade e a ciência no mundo contemporâneo: buscar soluções no âmbito da tecnologia e da inovação para garantir o desenvolvimento sustentável. Envio de artigos: até 20 de setembro de 2010. Inscrições pelo site: http://www2.fae.edu/curitiba/sustentabilidade2010/



O lugar certo para você encontrar as melhores oportunidades! Você não pode perder a Feira do Empreendedor 2010 - Paraná! Um universo de oportunidades, conhecimento e inovação, disponibilizados gratuitamente para você que deseja abrir e/ou ampliar seu negócio, tudo em um único lugar! Não perca! O maior evento de empreendedorismo do ano, realizado pelo SEBRAE/PR em parceria com a Prefeitura de Maringá, espera por você!

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Agende-se e programe já o seu sucesso! Data: de 21 a 24 de outubro, em Maringá Local: Centro de Exposições Francisco Feio Ribeiro - Pavilhão Azul (Avenida Colombo, 2.186 - Maringá - PR)

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Mais informações: 0800 570 0800 ou acesse www.sebraepr.com.br/feira

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