A reciclagem é o destino final mais adequado para esta revista. Lembre-se: o seu papel é importante para o planeta!
Ano 6 • edição 30 • 2012
Capa
projetar o futuro
20 Tecnologia e Sustentabilidade Sustentabilidade corporativa estratégica 26 Visão Sustentável Parcerias que constroem sonhos
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34 Desenvolvimento Local União de empresários
faz a força para o desenvolvimento local e empresarial
40 Responsabilidade Social Corporativa
Matérias
04 Editorial 05 Mundo Digital 06 Sustentando 50 Vitrine Sustentável
10 Capa Relembrando o passado para
A força das alianças sociais
Gestão Sustentável Ser Sustentável Meio Ambiente
02 09 17 25 30 e 31 33 37 39 45 51 52
Fesp Senac ONG Brasil Civitas
Anunciantes e Parcerias
32 38 44
Colunas
46 Gestão de Resíduos Compostagem abre portas no país
Parque de Carambeí Sustentábil EBS CPCE DFD Unimed Paraná Consult
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Editorial
Aniversário de 5 anos e uma edição para ser comemorada Como eu aguardei o momento de escrever este editorial, visto que há 5 anos nascia a revista Geração Sustentável. A expectativa de atingir a 30ª edição era um objetivo que energizou todos os envolvidos com o projeto. Apesar de apenas 5 anos, muita coisa mudou de 2007 para cá. O tema sustentabilidade, naquela época, ainda era pouco difundido no meio empresarial, falava-se mais em responsabilidade social e na preocupação com os impactos ambientais do processo produtivo. A sustentabilidade como estratégia dos negócios começava a dar seus primeiros passos. A revista sempre teve, em sua linha editorial, o foco de ser um veículo que disseminasse essas iniciativas. Nas primeiras edições, o objetivo era bem informativo e educacional, com o destaque para alguns conceitos como o tripé da sustentabilidade, a preocupação do negócio com o seu entorno, a responsabilidade socioambiental além das obrigações legais, entre outros. Os primeiros exemplos empresariais eram praticamente garimpados. Poucas empresas estavam dispostas a dar publicidade para seus projetos. Geralmente eram superficiais e seus resultados tinham foco mais jornalístico do que de indicadores. À medida que o tema foi ganhando espaço nos negócios, os projetos foram sendo mais bem estruturados e evidenciados. Em todo esse período, diversos foram os casos de projetos que estavam sendo iniciados e, principalmente, viabilizados. A sustentabilidade corporativa passa, de fato, a ser uma realidade na pauta estratégica dos negócios, mesmo tendo muito para evoluir. Alguns leitores questionam-me de que as empresas poderiam fazer “bem mais” em prol da sociedade e do meio ambiente. Nesses questionamentos, entram os impactos das embalagens, as composições de produtos, os resíduos, a utilização dos recursos naturais não renováveis, etc. Por outro lado, entendo que as empresas estão preocupadas com isso... Seus gestores sabem que se não inovarem seus produtos para uma linha de produtos sustentáveis, algum concorrente viabilizará isso e a empresa perderá espaço no mercado, faturamento, lucratividade e o interesse de seus stakeholders (principalmente os investidores). Outro ponto que também deve ser destacado é que a sustentabilidade corporativa é um processo. E todo processo vai evoluindo. O que foi sustentabilidade corporativa há alguns anos, era diferente do que é hoje e assim por diante, e toda essa dinâmica faz parte do próprio movimento da sustentabilidade. Boa Leitura! Pedro Salanek Filho
Diretor Executivo Pedro Salanek Filho (pedro@geracaosustentavel.com.br) • Diretora Administrativa e Relações Corporativas Giovanna de Paula (giovanna@geracaosustentavel.com.br) • Projeto Gráfico e Direção de Arte Marcelo Winck (marcelo@geracaosustentavel.com.br) • Conselho Editorial Pedro Salanek Filho, Antenor Demeterco Neto, Ivan de Melo Dutra e Lenisse Isabel Buss • Colaboraram nesta edição Jornalistas: Bruna Robassa, Letícia Ferreira e Lyane Martinelli (redacao@geracaosustentavel.com.br) • Revisora Alessandra Domingues • Assinaturas assinatura@geracaosustentavel. com.br • Fale conosco contato@geracaosustentavel.com.br • Impressão Gráfica Capital • ISSN nº 1984-9699 • Tiragem da edição: 10.000 exemplares • 30ª Edição • Ano 6 • set/out • 2012 A impressão da revista é realizada dentro do conceito de desenvolvimento limpo. O sistema de revelação das chapas é feito com recirculação e tratamento de efluentes. A revista é produzida com papel certificado. O resíduo das tintas da impressora é retirado em pano industrial lavável, que é tratado por uma lavanderia especializada. As latas de tintas vazias e as aparas de papel são encaminhadas para a reciclagem. Em todas as etapas de produção existe uma preocupação com os resíduos gerados.
Revista Geração Sustentável Publicada pela PSG Editora Ltda. CNPJ nº 08.290.966/0001-12 - Rua Bortolo Gusso, 577 - Curitiba - PR - Brasil - CEP: 81.110-200 Fone: (41) 3346-4541 / Fax: (41) 3092-5141
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
www.geracaosustentavel.com.br A revista Geração Sustentável é uma publicação bimestral independente e não se responsabiliza pelas opiniões emitidas em artigos ou colunas assinadas por entender que estes materiais são de responsabilidade de seus autores. A utilização, reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados, sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras criações intelectuais da revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL são terminantemente proibidos sem autorização escrita dos titulares dos direitos autorais, exceto para fins didáticos.
As matérias destacadas com o selo "Parceria Geração Sustentável" referem-se à conteúdos elaborados em parceria com empresas ou instituições que possuem projetos socioambientais. Tanto a divulgação dos projetos quanto a distribuição dos exemplares são efetuadas de forma conjunta, pela revista e pela empresa mencionada
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Revista Digital
Sustentando
Hospital Municipal de Araucária lança seu segundo Relatório de Sustentabilidade O Hospital Municipal de Araucária (HMA) está demonstrando a cada ano a sua preocupação com o tema sustentabilidade. Durante o mês de outubro, fez o lançamento do seu segundo Relatório de Sustentabilidade. Nesse material, estão descritas, dentro da metodologia GRI (Global Reporting Initiative), as ações que foram realizadas no ano de 2011. O HMA vem desenvolvendo ações visando à redução dos seus impactos ambientais, principalmente aqueles relacionados ao resíduo hospitalar. Essas ações envolvem todos os colaboradores por meio de campanhas internas que são desenvolvidas. Conheça mais das ações de sustentabilidade do hospital acessando: www.hospitaldearaucaria.org.br.
Entulho pode substituir brita na cobertura de estradas Estudo desenvolvido pelo Programa de Pós-graduação em Geotecnia da UnB (Universidade de Brasília) mostra que o entulho formado por restos de demolição civil pode substituir com vantagem a brita na cobertura das estradas não pavimentadas que formam 80% da rede rodoviária brasileira. Segundo informações da Secretaria de Comunicação da UnB, o orientador do estudo, professor Ennio Marques Palmeira, explica que a brita, classificada como o melhor material para cobertura de estradas sem asfalto, é cara, e sua exploração e produção podem causar danos ao meio ambiente. Em testes conduzidos para a pesquisa, o entulho apresentou resistência maior que a brita ao tráfego de veículos. A utilização de restos de construção civil, além de mais barata, seria uma solução para entulho que, no Distrito Federal, forma 70,5% do lixo produzido.
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
Sustentando
Instituto HSBC Solidariedade premia iniciativas de sustentabilidade O Troféu Zilda Arns Neumann, do Prêmio Instituto HSBC Solidariedade 2012, foi entregue em Curitiba, no dia 23 de agosto. As duas organizações vencedoras do prêmio, que leva o nome da fundadora da Pastoral da Criança, ganharam R$ 50 mil para serem aplicados em sua expansão e aperfeiçoamento. O vencedor na categoria Educação foi Fernando Francisco de Gois, da Chácara Meninos de Quatro Pinheiros, em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Na categoria Meio Ambiente, quem levou a premiação foi Maria Julia Xavier Rodrigues, da Associação de Proteção à Infância Vovô Vitorino, em Curitiba. O diretor executivo da revista Geração Sustentável, Pedro Salanek Filho, fez parte da comissão julgadora do prêmio cujo compromisso, segundo o presidente do Instituto HSBC Solidariedade, Helio Duarte, é incentivar a busca e a valorização de novos líderes sociais. Na Chácara Meninos de Quatro Pinheiros, as crianças e os adolescentes retirados de situação de risco são alvo de ações de educação integral e de formação para o mercado de trabalho, e atividades esportivas e de lazer. A Associação de Proteção à Infância Vovô Vitorino, por sua vez, coordena, desde 2006, o projeto "Reciclar é Viver", que organiza a coleta do óleo de cozinha na comunidade a cada dois meses. Cerca de 70 famílias recebem alimentos em troca do óleo usado, que é reutilizado na produção artesanal de sabão ecológico, e também vendido como matéria-prima para a fabricação de biodiesel.
Programa Fundação Amazonas Sustentável Unindo suas expertises, o ChildFund Brasil – Fundo para Crianças e a Fundação Amazonas Sustentável – FAS desenvolvem o Programa de Apadrinhamento de Escolas em unidades de conservação do Amazonas, com o objetivo de promover um modelo inovador de desenvolvimento humano e sustentável em benefício de crianças e adolescentes. Uma aliança estratégica que investe nas gerações futuras para a conservação da floresta e seus ativos ambientais. Apadrinhando uma escola você está contribuindo para a formação cidadã e consciente dessas crianças. Ao receberem essa oportunidade, elas se tornarão adultos saudáveis e os verdadeiros guardiões da floresta. Saiba mais: http://www. apadrinheamazonas.org.br
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Sustentando
Produtos que ainda não chegaram ao Brasil fazem a alegria dos eco-friendly europeus Na Inglaterra, alguns produtos apresentados no site Click Green (www.clickgreen.org.uk) encheriam os olhos dos brasileiros ecologicamente corretos e poderiam chamar a atenção da grande indústria no Brasil. Um deles é o desentupidor ecológico, que promete desentupir encanamentos sem usar produtos químicos nocivos à saúde e ao ambiente, mas com um composto em que são usadas enzimas semelhantes às encontradas no estômago humano. Assim como dissolvem os alimentos, dissolvem qualquer entupimento sem causar danos. Os panos de limpeza ecológicos devem limpar qualquer tipo de mancha sem o uso de qualquer produto químico. Segundo os fabricantes, esses panos comprovadamente removem as manchas mais difíceis usando somente água. Com tecnologia de microfibra, removem manchas de fuligem, limo ou qualquer outro tipo de sujeira que se possa imaginar, e podem ser lavados até 300 vezes.
Movimento Ecochic Day moda e estilo com criatividade e sustentabilidade A proposta é "a renovação de ideias, fundamentadas no respeito proposto pela cultura sustentável, e na inteligência funcional proposta pela economia criativa", diz o manifesto do Movimento Ecochic Day (http:// movimentoecochicday.com) de moda criativa e sustentável, que é idealizado e realizado por Mônica Horta e Cael Horta, ambas atuantes nos mercados de artes e moda. Vários profissionais estão ligados ao Movimento, como a estilista Paula Yne e a artista plástica e designer Rita Agueira (http://www.ritaagueira.com.br). Na coleção Reconstrução, que Paula Yne desfilou na edição de julho do Ecochic Day, ela mostrou peças feitas com retalhos em suas formas originais de corte, de diversas cores e texturas, de tecidos artesanais, como seda orgânica, de tecidos de acervo, como os trazidos de viagens, ou herdados, como tecidos de quimonos. As peças passam também por tingimentos naturais: shibori e itazome, este, criado por ela. Rita Agueira, desde 2000, desenvolve peças de moda e design feitas com látex de borracha natural, apresentados em linguagens de design, moda e arte. Segundo a artista, os índios da Amazônia entendem o látex como “água que escorre da árvore que chora” e do trabalho dela vêm os tecidos que Rita chama de rendas de látex, e os adornos que chama de biojoias, por serem preciosidades vindas da natureza. 8
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
Capa
Relembrando o passado para projetar o futuro Revista Geração Sustentável comemora cinco anos de aniversário com a divulgação de exemplos, projetos e estratégias corporativas
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Bruna Robassa
esta 30ª edição, a Revista Geração Sustentável comemora cinco anos. Nesse período, todas as 29 publicações já impressas trouxeram informação de primeira qualidade sempre buscando focar na sustentabilidade corporativa e na responsabilidade socioambiental de empresas, institutos, entidades e pessoas do Brasil e do mundo. Faltam páginas para recapitular os bons exemplos, estratégias, estímulos ao desenvolvimento de projetos, inovações, iniciativas e histórias que já fizeram parte das revistas editadas
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Negócios Sustentáveis
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Reciclagem
nesse período. Estruturada com notas, matérias, entrevistas e artigos assinados, a revista tem um posicionamento voltado ao mundo corporativo com a finalidade principal de promover a educação corporativa do gestor em sustentabilidade. Aspectos como responsabilidade social corporativa, comprometimento com a comunidade, gestão socioambiental, ética empresarial são temas recorrentes no mundo dos negócios e estão cada vez mais fazendo parte das definições estratégicas e da visão de negócio das organizações.
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Capital Humano
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Cidadania Corporativa
“Gerar ação sustentável é o principal objetivo que identificamos nessa publicação. Ao decidirmos acompanhar as edições de 2011 da Revista Geração Sustentável, divulgando as atividades do Parque Histórico de Carambeí, marco da centenária imigração holandesa no Paraná, ganhamos muito mais do que a simples divulgação de resultados e dos indicadores de sustentabilidade do projeto. Ganhamos um veículo parceiro que, além de formar opinião, faz da educação ambiental e das práticas empresariais sustentáveis sua meta. Um veículo de comunicação comprometido com a verdade e referência na prática sustentável empresarial. Alvíssaras Revista Geração Sustentável, cinco anos comprometida com a sustentabilidade do nosso planeta!”, Tarás Antônio Dilay, Núcleo de Mídia e Conhecimento exerce a Curadoria do Parque Histórico de Carambeí De acordo com o diretor executivo da Geração Sustentável, Pedro Salanek Filho, além do conteúdo publicado nas páginas da revista, existe muita história e momentos marcantes por trás da produção de cada edição. “Na busca de uma entrevista exclusiva e de uma informação nova para os leitores, nossa equipe vivenciou muitas situações inusitadas e aprendeu muito com cada história”, relembra.
Organização • A revista é estruturada com editorias móveis e outras fixas, entre elas a Capa – que traz a matéria destaque da edição, Visão Sustentável – que contempla exemplos de modelos de gestão de empresas que encontraram alternativa diferenciada para superar alguma limitação interna de forma sustentável, Responsabilidade Social Corporativa – que traz reportagens sobre exemplos de projetos que deram certo em aspectos sociais e Qualidade de Vida – que aborda ações que as empresas desenvolvem junto ao quadro de colaboradores ou mesmo opções de produtos ou serviços para os seus clientes. Além dessas, a publicação também conta com as editorias Empreendedorismo, Respon-
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Processo Produtivo
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sabilidade Ambiental, Gestão de Resíduos, Energias Renováveis, além da seção de notas Sustentando – que no segundo aniversário da revista substituiu a importante editoria Entenda a Sustentabilidade.
Entendendo e Sustentando • Durante dois anos, a seção “Entenda a Sustentabilidade” buscou explicar diversos aspectos ligados ao tema até mesmo para ajudar o leitor a se familiarizar com a temática. Explicações sobre as diferenças entre crescimento X desenvolvimento, as dimensões social, ambiental, econômica e cultural do desenvolvimento sustentável fora as que deram início à editoria, buscando até mesmo situar o leitor na própria abordagem dos próximos conteúdos. Depois de entender, era o momento de sustentar. A seção Sustentando já apresentou inúmeros exemplos de produtos, cursos, iniciativas, programas empresariais e prêmios. Entre o que já foi noticiado, estão: um reciclador doméstico que transforma óleo em sabão, hotéis que oferecem hospedagem sustentável, boletos de banco ecoeficientes, o lançamento de um portal de educação financeira pela Federação Brasilei-
Onde mora a sustentabilidade?
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Energias Renováveis
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Gestão de Resíduos GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Capa
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Tripé da Sustentabilidade
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Educação
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Crise Econômica
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Consumo Consciente
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ra de Bancos (Febraban), uma pesquisa da Universidade São Paulo (USP), a qual mostrou que o banho de chuveiro elétrico ainda é o mais econômico e sustentável, a redução do tamanho dos bilhetes da Mega Sena como medida para redução do corte de árvores, entre muitas outras curiosidade, iniciativas e prêmios da área.
Retrospectiva • A sustentabilidade empresarial como item obrigatório nas decisões estratégicas das organizações e questão de sobrevivência no ambiente corporativo foi a matéria de capa inaugural da revista. Juntamente ao planejamento estratégico e à necessidade de oferecer produtos ou serviços de qualidade, a sustentabilidade é atribuída como segredo para o sucesso de uma organização. O Banco Real (atualmente Santander) e a Klabin foram algumas das empresas citadas na matéria. Na segunda edição, a reciclagem, tema crucial para manutenção de uma sociedade sustentável, foi o assunto de destaque. Entre as iniciativas exemplares relatadas na matéria está o caso da Embafort – Embalagem Industrial, empresa que desde 1988 fabrica embalagens de madeira para linha automotiva, usando como matéria-prima embalagens de madeira usadas. Além disso, os resíduos da produção, que
são pequenos pedaços de madeira, são destinados a cerca de 100 famílias que produzem industrianato (mistura de indústria e artesanato). A sétima edição foi a que marcou o primeiro ano de existência da revista. Com a chamada de capa “É tempo de renovar as energias”, a matéria trouxe o desenho de um novo cenário que vinha se desenhando em relação às fontes energéticas. Fontes consideradas alternativas, limpas e renováveis começavam a apresentar viabilidade econômica e tecnológica, tanto para as empresas que necessitam produzir como consumir energia. E por falar em consumo, o consumo consciente – que traz como exemplos evitar deixar a lâmpada acesa, fechar a torneira enquanto escova os dentes, desligar aparelhos eletrônicos sem uso e utilizar o verso das folhas, a produção e o consumo de alimentos orgânicos e a sustentabilidade dessa cadeia foram os assuntos de destaque da edição nº 13 da revista, além de já terem sido abordados em outras edições. No caso dos orgânicos, a matéria abordou a posição de destaque do Brasil em área de plantio e a importância de parcerias entre governo, produtores, órgãos de assistência técnica e de crédito para fortalecer o setor que vem ganhando cada vez mais destaque. Apesar da abordagem diferenciada,
“Há cinco anos, quando nascia a bem-vinda Revista Geração Sustentável, a educação corporativa voltada à sustentabilidade era uma prática que ainda se apresentava como um enorme e translúcido desafio para as empresas. O Estado do Paraná, naquela época, carecia de um veículo informativo inovador, que aceitasse esse desafio diante de tantos riscos oferecidos pela indefinição da nova cultura organizacional. Profissionais da área socioambiental dispunham de pouca ou nenhuma informação gerada localmente que pudesse norteá-los sobre as prementes mudanças demandadas pela nova postura empresarial. Desde então, ao aceitar o desafio, a Revista GS vem servindo de inspiração e referência para esses profissionais e empresas que, frente ao esforço contínuo para a busca e o equilíbrio do triple bottom line, agem proativamente para que a educação socioambiental corporativa se firme como premissa essencial de uma sociedade efetivamente engajada. Nesse contexto, a Revista GS se firmou como uma parceira competente e inseparável do complexo processo de reestruturação cultural.”, Giuliano Moretti – Diretor da Preserva Ambiental Consultoria
“Como não podia deixar de ser, sou leitor assíduo e devoto da revista Geração Sustentável... é óbvio! Mais de metade dos meus anos de vida profissional - como executivo principal de uma multinacional - navegaram e viajam ainda pelos meandros da Responsabilidade Socioambiental Corporativa e tenho na revista uma ferramenta de grande apoio e sustentação. A GS é sobremaneira um agente determinante na disseminação do que mais moderno vem se fazendo no nosso País – e não só – em matéria de desenvolvimento sustentável como um todo e consequentemente de responsabilidade socioambiental corporativa, em particular. Na agradável leitura e bem temperada grafia dos artigos do GS encontro bimestralmente fonte de inspiração e conselhos para as minhas atividades e novos projetos de RSC através das experiências de conceituados atores que na revista expõe os seus trabalhos, proficiências e, sobretudo, êxitos em matéria de RSC que só ajudam a engrandecer continuadamente as empresas e o nosso o país”, Victor Barbosa, Presidente do CPCE (Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial) o desenvolvimento local de pequenas comunidades também foi abordado em outras edições da revista, com destaque para a edição nº 17, quando o assunto foi capa e trouxe mais exemplos que reforçaram a crescente preocupação de toda a sociedade com o futuro das próximas gerações. O destaque ficou por conta das comunidades paranaenses que souberam se fortalecer com o esforço da própria população.
Sustentabilidade na moda • Quem pensa que há limite para a sustentabilidade está enganado. É possível ter consciência até na hora de se vestir. É o que mostramos também na edição nº 17, ao noticiar que a produção de tecidos orgânicos e o reaproveitamento de materiais que poderiam virar lixo já fazem cada vez mais parte da indústria têxtil. Com informações do Instituto Ecotece, órgão ligado à produção de roupas sustentáveis, a matéria trouxe análises e exemplos desse impactante mercado. Na mesma edição, outro assunto ligado à imagem e ao modismo, o marketing verde, que se consolidou como estratégia de comunicação muito utilizada pelas empresas que desejam obter vantagem competitiva junto aos seus concorrentes. Um alerta importante lançado na matéria foi sobre algumas organizações que se utilizam apenas do greenwash - “maquiagem verde” - para se mostrar sustentáveis,
enquanto internamente possuem processos produtivos ineficientes.
Indicadores, análise e inovação • Os indicadores de sustentabilidade GRI e Ethos, tão importantes para mensuração de resultados e avaliação das práticas adotadas, tiveram destaque na edição nº 18. A relação da carreira profissional com a inovação e a sustentabilidade (nº 19) e uma análise sobre o setor financeiro no Brasil com a responsabilidade socioambiental, ou seja, a relação entre a lucratividade dos bancos com as características de sustentabilidade (nº 25) foram outras matérias de destaque da revista. No caso da matéria sobre a carreira profissional, o destaque ficou por conta das características dos executivos e trabalhadores que terão futuros promissores independentemente da área em que atuam. A capacidade de inovação é uma delas. “A inovação para a sustentabilidade como novo paradigma, aliás, é uma abordagem que sempre levamos para os nossos leitores”, ressalta o diretor da publicação.
Temas factuais e exclusivos • Todas essas abordagens e as outras que se seguiram enfatizam o alinhamento da revista como publicação corporativa sempre preocupada em levar informações que enfatizassem a continuidade dos negócios por meio de ações sustentáveis. As matérias abordaram
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Mercado de Carbono
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Soluções Sustentáveis
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Indústrias Verdes
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Desenvolvimento Local
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Capa
tanto assuntos diferenciados, que não são de conhecimento de toda a população quanto temáticas relacionadas a acontecimentos factuais que tomaram também conta do noticiário diário nacional e internacional. É o caso da gripe suína, da crise econômica mundial, do evento Rio + 20 e da criação do carro elétrico, que hoje já é realidade em alguns países. Essas e outras matérias sempre contaram com a contribuição de profissionais tanto do meio acadêmico quanto do meio executivo assim como com exemplos de organizações, entidades, órgãos públicos e pessoas por si só.
Entrevistados • E por falar em entrevista, profissionais de renome em suas áreas ou empresa de atuação e até mesmo conhecidos nacionalmente fizeram parte das páginas dessa editoria da revista. O então presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Ricardo Young, que contou sobre o trabalho da entidade e deu dicas de sustentabilidade para as empresas foi quem inaugurou a seção. Na edição seguinte, foi a vez do ex-executivo, escritor e comentarista Max Gehringer. Com vasta experiência em grandes empresas por mais de 30 anos, ele abordou a sustentabilidade no mundo corporativo. “Sustentável é uma empresa preocupada tanto com os resultados operacionais de curto prazo quanto com o impacto social e ambiental que ela possa causar – ou vir a sofrer. Quando fontes de energia atualmente disponíveis se tornarem escassas ou inexistentes, a empresa sustentável continuará a existir, porque se preparou adequadamente para os novos tempos”, disse na entrevista realizada em 2007. Victor Barbosa, leitor assíduo da publicação, presidente do Conselho Paranaense de Cidade Empresarial (CPCE), entidade ligada a FIEP-PR, também já foi um dos entrevistados da revista e falou
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Indicadores de Sustentabilidade 14
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Carreira e Sustentabilidade
sobre os cinco anos da publicação: “(...) Na agradável leitura e bem temperada grafia dos artigos, encontro bimestralmente fonte de inspiração e conselhos para as minhas atividades e novos projetos de RSC por meio das experiências de conceituados atores que na revista expõe os seus trabalhos, proficiências e, sobretudo, êxitos em matéria de RSC que só ajudam a engrandecer continuadamente as empresas e o nosso o país”, disse.
Histórias por trás das histórias • Por trás das histórias e entrevistas publicadas na revista, há muitas outras histórias. Um exemplo foi a entrevista com Loïc Fauchon, presidente do Conselho Mundial da Água. “Conseguimos essa entrevista por intermédio do cônsul Brasil-França, Joseph Galiano. A entrevista foi feita em francês e traduzida pelo consulado”, conta o diretor da revista. Outra história que merece destaque é a entrevista exclusiva com o fundador da Interface flor, Ray Anderson, falecido em 2010. Ele se tornou um ícone na gestão da sustentabilidade corporativa, depois de produzir o primeiro tecido para carpetes a partir de garrafas de PET. Em 2008, quando participou da Conferência, Ethos concedeu uma entrevista exclusiva para Juvenal Correa Filho, articulista da revista Geração Sustentável. De forma direta, deixou a seguinte mensagem no final da entrevista: “O poder de cada um é surpreendente! Cada um de nós tem a oportunidade de criar a mudança. O que você fará hoje?”, Ray Anderson provoca uma reflexão contínua para um processo efetivo de sustentabilidade. A jornalista Criselli Montipó, que escreveu para a revista por mais de quatro anos, também tem muitas histórias para contar. “Diversas pautas foram muito interessantes de produzir, pois sempre trazem o relato de pessoas e empresas que promovem iniciativas que interligam temas como meio ambiente e desenvolvimentos econômico e social.
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Mundo de Plástico
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Inovação e Renovação
Pessoalmente, acredito muito na transformação a partir de ideias que, com engajamento, se transformam em projetos de vida ou iniciativas empresariais. Por isso, guardo com carinho entrevistas realizadas com visionários que acreditaram na possibilidade de mudança, arregaçaram as mangas e conseguiram promover mudanças”, recorda. Criselli lembra o caso de Luiz Campestrini, empreendedor que, aos 85 anos de idade, desenvolveu sistemas para reaproveitamento da água (publicada na Edição 10, de novembro/dezembro de 2008), assim como do Mago Jardineiro, Ademar Brasileiro, que cultiva jardins biodiversos com plantas nativas, trazendo vida, beleza e conscientização ao paisagismo urbano (publicada na edição 15, de novembro/dezembro de 2009). “Enfim, essas e outras pessoas iluminadas, capazes de mobilizar uma, cem, mil pessoas para cuidar do planeta. Cidadãos que eu tive a honra de entrevistar e, assim, disseminar suas ideias para a sociedade”, lembra a jornalista. Para a jornalista Juliana Sartori, que participa do projeto desde o seu início, a Geração Sustentável foi uma espécie de vanguarda no Paraná, já que apareceu no momento em que a “onda verde” ainda não havia invadido os meios de comunicação do Estado. “Já nas primeiras pautas fui conhecendo pessoas que há anos se preocupavam com a forma que afetavam o mundo ao seu redor, seja com produtos, serviços ou até pequenas atitudes. A cada reportagem, aprendia algo novo, a melhorar as pequenas coisas do cotidiano e também conhecendo empresas capazes de lucrar muito com boas práticas e boas ideias”, lembra Juliana. Ela conta que as experiências proporcionadas com a produção de cada matéria, como a oportunidade de conhecer barracões de reciclagem, foram muito enriquecedoras, inclusive para suas práticas cotidianas. “Foi um prazer conhecer cabeças como
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Relatório de Sustentabilidade
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Tratamento de Efluentes
a dos designers Patricia Peralta Agudelo e Eloy Fassi Casagrande Jr., que sabem como poucos as possibilidades da arquitetura e do design sustentável, ou a fundadora do Instituto Ecotece, Ana Candida Zanesco, e as suas brilhantes ideias do vestir consciente.
Chegando ao fim • Chegando ao fim da retrospectiva dos cinco anos de publicações, os leitores da Geração Sustentável puderam conferir abordagens exclusivas e diferenciadas sobre sustentabilidade. Colocando a cultura como pré-requisito para o desenvolvimento e buscando enfatizar a importância de respeitar o passado, atuando no presente, sem deixar de olhar para o futuro, a publicação nº 26 trouxe um panorama da preservação de história e cultura da região dos Campos Gerais no Paraná. O Parque Histórico de Carambeí, inaugurado em 2011, mostra-se como um dos locais mais importantes para preservação da história da região porque proporciona uma viagem pela história por meio de belíssimas construções. Outra temática de capa exclusiva foi sobre a Usina de Recicláveis Sólidos Paraná S/A (Usipar), que atua na reciclagem da sobra de materiais da construção civil de Curitiba e toda a região metropolitana. A reciclagem desse tipo de resíduo contempla o tripé da sustentabilidade: gera economia, proteção ambiental e desenvolvimento social. A realização pessoal por meio do trabalho voluntário com a parceria do Instituto HSBC Solidariedade, grande exemplo nacional de atuação de voluntariado, fechou com chave de ouro a série de 29 publicações já lidas em 2012. A abordagem da temática era um sonho antigo do conselho editorial da publicação, que se tornou viável por conta da parceria firmada com a entidade que abriu suas portas e mostrou o quão gratificante é para a empresa quanto e os funcionários ajudar e dar carinho a quem mais precisa.
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Usipar
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Sustentabilidade do Setor Financeiro Sustentáveis GERAÇÃO SUSTENTÁVEL 15
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Parque de Carambeí
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Pensamento Sistêmico
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Engajamento e Voluntariado
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5 anos gerando sustentabilidade
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Parcerias • E por falar em parcerias, não fosse o interesse das empresas, governos e entidades em compartilhar suas vivências, esta revista não seria a mesma. “O interesse mútuo da revista com as empresas e vice-versa proporcionou que muitas histórias fossem contadas e muitas iniciativas adotadas como exemplos”, menciona a diretora corporativa Giovanna de Paula. Entre as parcerias de destaque, estão a firmada com a Associação dos Agrônomos, a qual motivou a criação de uma editoria chamada Vida Rural, e a firmada com o Banco do Brasil, que abordou o desenvolvimento regional sustentável. Além dessas, foram parcerias da Geração Sustentável por mais de uma edição as entidades Junior Achivement, Paraná Metrologia e o Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), entidade ligada à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP).
Articulistas • Sem a participação dos colunistas que tanto contribuíram com
suas experiências práticas e teóricas para a revista, a publicação não seria tão rica. Opiniões sobre as mais diversas temáticas adequadas às seções de Gestão Sustentável, Responsabilidade Social, Ser Sustentável, Educação Sustentável, Empreendedorismo, Meio Ambiente, Destaque Jurídico e Economia Sustentável enriqueceram cada uma das edições impressas nesses cinco anos. Além dos colunistas fixos, outros profissionais foram procurados para contribuir com a formação de uma visão sistêmica e crítica.
Conteúdo reconhecido • Além do reconhecimento dos leitores, a revista Geração Sustentável foi prestigiada com premiações locais e nacionais. Entre os destaques, o Prêmio Ocepar de Jornalismo, que premiou a revista por mais de uma vez. A PSG Editora (responsável pela publicação da Geração Sustentável) também foi uma das vencedoras do Prêmio Competitividade para Micro e Pequenas Empresas – Prêmio MPE etapa Paraná.
“Os empreendedores do projeto foram muito felizes na escolha do nome da revista “Geração Sustentável” porque realmente se trata de incutirmos nas mentes das pessoas e das empresas que sustentabilidade é o único caminho seguro para as futuras gerações. Se há um século, a adoção tecnológica e a inovação, a ponto de Thomaz Malthus ter errado radicalmente ao prever a fome generalizada no mundo inteiro, foi uma das grandes conquistas da humanidade, com o aumento da produtividade da agricultura (e dos demais setores), daqui para frente, cada vez mais a sustentabilidade no seu sentido amplo é o caminho para a melhoria da qualidade de vida no planeta. Temos que ir além da ecoeficiência, sob o ponto de vista empresarial, para adotarmos novas tecnologias limpas que garantam o grande salto verde. As empresas, se de um lado, têm o desafio de serem competitivas e para tanto devem adotar novas tecnologias que aumentem a produtividade e reduzam os custos unitários (objetivo mais de curto prazo), de outro lado, elas necessariamente têm que se preocupar com resultados sustentáveis no longo prazo e ai a preservação do potencial dos recursos naturais e humanos é a única alternativa de sobrevivência e de crescimento. Por isso, estratégias sustentáveis para o crescimento e a lucratividade, via inovação tem que ser que levar em consideração a preservação dos recursos naturais. A Estação Business School, que tem sido parceira da Revista Geração Sustentável, parabeniza o prof. Pedro Salanek por essa iniciativa, que é um legado.”, Prof. Judas Tadeu G. Mendes, Ph.D. em Economia, Fundador e diretor presidente da Estação Business School (EBS)
Portal do
Voluntรกrio
Capa Entrevista
A sustentabilidade como um processo Pedro Salanek Filho Diretor da Revista GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
De forma geral, o que há em comum entre as empresas, entidades e pessoas que têm a sustentabilidade entre seus princípios? Sustentabilidade é um tema relativamente novo. De forma geral, faz aproximadamente 40 anos que se iniciaram os debates sobre os impactos do homem no meio ambiente, o que é muito pouco tempo para consolidar sustentabilidade como cultura. As primeiras iniciativas globais ligadas ao tema surgiram nos anos 70 com um direcionamento mais voltado à ecologia. Nessa época, o tema estava mais restrito aos cientistas e a algumas ONGs. Nos anos 80, o tema passou a ter o envolvimento de alguns governos, quando já se falava em Eco desenvolvimento. Para os negócios e, principalmente, para os cidadãos, esses conceitos são bem mais recentes. Apesar de já se falar de Responsabilidade Social nos anos 80 (no Brasil pelo sociólogo Herbert de Souza e pelo Instituto IBASE), na prática as iniciativas começaram mesmo na metade dos anos 90. Para o cidadão, principalmente na ótica de consumidor, esse tema é tratado há menos de uma década. Dessa forma, como vem ocorrendo um envolvimento de diferentes setores da sociedade ao longo do tempo, entendo que a principal relação entre empresas, entidades (principalmente as públicas) e as pessoas será a corresponsabilidade entre os impactos de produção e de consumo. Falando em Brasil, um dos avanços é a Política Nacional de Resíduos Sólidos, na qual um dos fatores tratados é a corresponsabilidade na destinação de resíduos. Vejo também que, pelo fato de o tema sustentabili18
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dade ser sistêmico, cada vez mais veremos a inter-relação entre esses diversos agentes. Outro exemplo é a aproximação das empresas com entidades do terceiros setor, principalmente para a viabilização e implementação de projetos socioambientais.
De acordo com a sua experiência, a ideia de que sustentabilidade vai além de preservar o meio ambiente já está clara para a maioria das empresas, entidades e da população? Infelizmente não! O tema ainda está muito ligado ao meio ambiente, incluindo aí alguns tópicos como gestão do lixo e reciclagem e o desenvolvimento de alguns projetos sociais. Olhando o universo de empresas que temos no Brasil, a sustentabilidade e sua relação estratégica com a continuidade dos negócios não é uma realidade. Por outro lado, podemos comemorar como um processo que está sendo iniciado e isso é muito positivo. Se observarmos o envolvimento das empresas, há 10 anos era menor do que há cinco, quando era menor do que é hoje. Nessa tendência, para os próximos anos, essa questão irá se aprimorar cada vez mais. O que precisa ser praticado, principalmente nos negócios, é que estamos em um momento de reflexão e avaliação da nossa forma de produzir e consumir. Quero deixar claro que não sou contra a produção e o consumo, mas precisamos colocar nessa conta os impactos e as limitações que iremos enfrentar. Os custos ambientais não são contabilizados. Muitas empresas, porém, estão inovando e buscando alternativas para minimizar os
impactos da sua forma de produção e dos seus resíduos. Estrategicamente, os gestores sabem que se não provocarem essas mudanças dentro dos seus negócios, os seus concorrentes farão isso e o seu negócio perderá espaço no mercado. Portanto, a inclusão desse tema nos negócios não é só uma opção para dizer que a empresa é cidadã e que faz alguma ação socioambiental, mas sim uma questão de sobrevivência do próprio negócio. Empresas que inovarem e atuarem de forma mais sustentável serão mais bem vistas pelo mercado (considerando o mercado com todos os seus stakeholders) e assim mais valorizadas. Vejo que podemos fazer uma comparação da sustentabilidade nos dias de hoje com os projetos de qualidade total que tivemos há mais de duas décadas. Quando os conceitos de qualidade total começaram a se propagar, todas as empresas queriam produzir com qualidade e buscar a certificação para seus produtos e serviços. Guardadas as proporções, é um processo semelhante que estamos vivendo com a incorporação da sustentabilidade nos negócios.
Baseado nos exemplos de iniciativas, ações e projetos que já fizeram parte das páginas da revista é possível dizer que já houve evolução acerca do entendimento de sustentabilidade corporativa? Sem dúvida! Como mencionado anteriormente, o processo de evolução precisa ser comemorado. Quando iniciamos a revista em 2007, tínhamos até dificuldade de encontrar bons projetos para incluir na pauta das edições. Além dessas dificuldades, algumas empresas se mostravam um pouco receosas com a divulgação dos projetos. A revista procurou nesse período enaltecer e “pulverizar” para nossos leitores as boas práticas empresariais. Os exemplos de empresas que passaram a compor as matérias foram sendo disseminados. Fixamos o nosso compromisso em divulgar essas iniciativas. Destacamos projetos com tecnologias inovadoras. Mencionamos inúmeros projetos desenvolvidos, muitas vezes por pequenas empresas, mostrando que existem novas formas de produzir. Em diversas edições, citamos os avanços de tratamento de efluentes e dos diversos tipos de resíduos. Entrevistamos gestores que incorporaram o conceito e que já ava-
liam os resultados. Gestores que desenvolveram visão sistêmica em suas empresas. Apresentamos novas metodologias de mensuração de indicadores de sustentabilidade, bem como os selos e certificações que estão surgindo. Demonstramos iniciativas da construção civil como prédios verdes, de acessibilidade e de mobilidade urbana, dos carros elétricos, dos projetos de recuperação de matas ciliares, de cooperativas de catadores, de produtos de limpeza menos agressivos, de composteiras, de projetos ligados à educação corporativa, de geração de renda nas comunidades, de reaproveitamos de água de chuvas, de manejo florestal, de energias mais limpas, de redução de emissões de poluentes com alternativas logísticas, de qualidade de vida de colaboradores, etc. Procuramos sempre fixar os princípios do Pacto Global e dos Objetivos do Milênio. Citamos também, em algumas edições, o perfil do gestor de sustentabilidade e dos profissionais que desejam buscar novas habilidades para incorporam em suas carreiras esses novos conhecimentos... Enfim, foram mais de 1.600 páginas que trataram desse tema no período de cinco anos.
A sustentabilidade corporativa pode ser entendida como um processo? Como ele funciona e de que forma as empresas podem ter certeza de que estão no caminho certo? Sustentabilidade corporativa de fato é um processo. Os negócios são muito dinâmicos. Da mesma forma que encontraram alternativas tecnológicas para fabricar produtos e embalagens, estão evoluindo em pesquisas para produzir de forma mais limpa e com menos impactos. É óbvio que temos muito para evoluir e melhorar, mas o conceito de sustentabilidade, ou qualquer outra palavra que seja usada no futuro para definir esse envolvimento maior dos negócios com as questões socioambientais está sendo incorporado. Além do processo de reciclagem de produtos e resíduos, estamos passando também por um processo de reciclagem de mentes dos gestores. Nesse contexto, a revista Geração Sustentável continuará divulgando essas práticas e experiências, sempre acreditando que teremos gestores, governantes e consumidores conscientes. 19
Tecnologia e Sustentabilidade
Sustentabilidade
corporativa estratégica
Metodologia de gestão de sustentabilidade desenvolvida pela organização internacional The Natural Step orienta empresas e comunidades no Brasil e no mundo Bruna Robassa
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mpresas e entidades que pretendem alinhar seus objetivos com princípios de responsabilidade social e sustentabilidade algumas vezes não possuem a orientação correta para a execução das ações voltadas a esses propósitos. Compreender objetivamente o que é sustentabilidade para a empresa, onde a organização se encontra de acordo com essa definição e o que é preciso fazer para atingir seus objetivos são etapas que devem ser bem planejadas. Primeira Organização Não Governamental (ONG) dedicada à sustentabilidade no mundo, à organização internacional de pesquisa e consultoria The Natural Step (TNS) trabalha com entidades públicas e privadas para gerar soluções, modelos e ferramentas desenhadas especialmente para assegurar o sucesso dos negócios e ao mesmo tempo acelerar a sustentabilidade global.
TNS no Brasil • Fundada em 1989, na Suécia, pelo oncologista Karl-Henrik Robèrt, a TNS conta com escritórios em 11 países, atuando em rede com diversos cientistas e consultores credenciados. A ONG obtém recursos de programas e projetos educacionais, de consultoria para organizações públicas e privadas, bem como por meio de doações. A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Instituto Antakarana é a representante da TNS no Brasil desde 2003. O instituto tem como missão prover educação para a sustentabilidade e oferecer serviços de assessoria, pesquisa e networking. Além de representar a TNS, o instituto é credenciado a representar mais três organizações internacionais, todas com foco na educação, meio ambiente, sustentabilidade e liderança. No Brasil, empresas como Promon Engenharia e Whirlpool já aplicaram a metodologia.
Fundada em 1989 na Suécia, a TNS conta com escritórios em 11 países e atua em rede com diversos cientistas e consultores credenciados GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Diretor de Estratégias Sustentáveis do Instituto Antakarana, o engenheiro Paulo Vodianitskaia teve seu primeiro contato com a TNS em 2004, quando implantou o programa na multinacional onde trabalhava. Hoje ele é responsável por programas educacionais e de assessoria para a implantação de estratégias, iniciativas e produtos relacionados à sustentabilidade e também por promover a geração de conhecimento sobre o assunto no Brasil.
Quatro princípios • Evitar o aumento sistemático da retirada de materiais da crosta terrestre, das emissões de substâncias produzidas pelo homem e da destruição física da superfície do planeta, além de não minar a capacidade de as pessoas satisfazerem as suas necessidades fundamentais (tais como descritas pelo economista e ecologista chileno, Manfred Max-Neef), são os quatro princípios de uma sociedade sustentável estabelecidos pelo fundador da TNS em conjunto com um grupo de cientistas. De acordo com Vodianitskaia, a missão da TNS Brasil é promover a efetiva aplicação da sustentabilidade para o sucesso dos negócios e a prosperidade do país. “A metodologia é universal, sendo aplicada internacionalmente por 22
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empresas como Philips, Nike e Interface”, conta o diretor. Ainda segundo ele, a ONG defende que, antes de implantar indicadores de sustentabilidade em uma organização, “é necessário desenvolver um entendimento compartilhado sobre o que é sustentabilidade, mensurar onde a empresa se encontra em relação a essa definição e, em seguida, criar uma visão direcionadora de sucesso futuro sustentável. Ao definir essa direção estratégica, pode-se, então, escolher ações e indicadores adequados”, explica. Para o diretor, as organizações que não têm a base metodológica The Natural Step buscam definir indicadores sem ter desenvolvido a base estratégica para que eles efetivamente façam sentido para o negócio. Ao adotarem o modelo TNS de sustentabilidade, as empresas passam por avaliação e treinamento baseados em uma metodologia que consiste em avaliação de sustentabilidade no ciclo de vida de produtos, avaliação da sustentabilidade do negócio e programa integrado de educação e planejamento para a sustentabilidade.
Avaliação de sustentabilidade no ciclo de vida de produtos • Para o TNS, avaliar a sustentabilidade de um produto ou serviço ao longo do seu ciclo de vida significa capacitar a equipe de
projeto de produtos de uma empresa para que entenda os conceitos fundamentais de sustentabilidade. “Nessa avaliação, a equipe também é orientada a medir de forma abrangente e objetiva os impactos positivos e negativos dos seus produtos para a sustentabilidade, comparar esses impactos considerando produtos do seu portfólio e da concorrência, tornar visíveis oportunidades de inovação para credenciar seus produtos como mais sustentáveis e avaliar periodicamente a evolução dos produtos avaliados em relação à sustentabilidade, o que inclui a declaração de uma criteriosa verificação de relatórios, com a chancela internacionalmente reconhecida do TNS”, explica o diretor do Instituto Antakarana.
Avaliação da sustentabilidade do negócio • Tanto uma pequena quanto uma grande empresa, assim como a administração de um município ou outra organização pública podem se tornar habilitadas para avaliar a sustentabilidade atual de um negócio de acordo com a metodologia TNS. Essa avaliação consiste em capacitar funcionários da organização para que compreendam os conceitos fundamentais de sustentabilidade aplicados ao negócio. A equipe que passa por esse treinamento também fica habilitada a medir de
forma abrangente e objetiva o grau de preparação do seu negócio para a sustentabilidade.
Programa integrado de educação e planejamento para a sustentabilidade • A metodologia TNS engloba também o desenvolvimento de uma série de cursos de capacitação que visam ajudar as pessoas em empresas e comunidades a entenderem a sustentabilidade em seus três aspectos: econômico, social e ambiental. “Nossos cursos são projetados usando uma abordagem que facilita a aprendizagem baseada no diálogo. A parte expositiva é tão curta quanto possível, além de eficaz. O método TNS oferece às pessoas muitas oportunidades de aplicar imediatamente o que aprenderam”, conclui.
Investimento • O investimento para que empresas e organizações tenham acesso aos produtos e serviços oferecidos pela entidade são proporcionais ao tempo necessário para implementar a estratégia que melhor se adapte às necessidades de cada instituição ou empresa. “Após uma reunião inicial, na qual buscamos entender as necessidades e as práticas sustentáveis já adotadas, o TNS oferece uma proposta criteriosa e detalhada”, explica Vodianitskaia.
“É necessário desenvolver um entendimento compartilhado sobre o que é sustentabilidade, mensurar onde a empresa se encontra em relação a essa definição e criar uma visão direcionadora de sucesso futuro sustentável”, engenheiro Paulo Vodianitskaia, Diretor de Estratégias Sustentáveis do Instituto Antakarana
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Parceria Paraná Metrologia A Paraná Metrologia criou em abril de 2011 um comitê de sustentabilidade que tem o objetivo de difundir ideias sustentáveis no estado. De acordo com Rômulo Viel, coordenador do comitê, a promoção desse seminário faz parte das atividades da nova comissão. Apesar da atuação recente na área de sustentabilidade, a Paraná Metrologia possui vasta e consolidada experiência na difusão da cultura metrológica no Paraná. Trata-se de uma rede que congrega diversas entidades de ensino, pesquisa, tecnologia e laboratórios de maneira associativa, visando promover a infraestrutura tecnológica e de apoio às empresas instaladas no Paraná. Mais informações: http://www.paranametrologia.org.br/site/home/
Outras entidades ligadas ao Instituto Antanakara • Além de representar a TNS, o instituto Antakarana representa também o Institute of Noetic Sciences (IONS), a World Business Academy (WBA) e The Club of Budapest International. Fundada em 1973, a IONS tem o propósito de expandir conhecimentos adjacentes à natureza e ao potencial da mente humana, contribuindo para expansão de consciência e mudanças de valores e visões do mundo, tornando-o mais justo, compassivo e sustentável. Fundada em 1987, a WBA envolve a comunidade empresarial numa melhor compreensão e prática do novo papel dos negócios, como agente de transformação social. A entidade defende que, à medida que as empresas se tornaram a instituição dominante do planeta, devem assumir a responsabilidade pelo todo, resgatando o espírito humano nos negócios e construindo uma sociedade sustentável. The Club of Budapest International, fundada em 1993, é uma organização de líderes internacionais, educadores, artistas e humanistas, globalmente influentes e localmente ativos, cujas atividades norteiam os ajustes necessários aos desafios ecológicos, educacionais e ambientais do século XXI.
Apoio do Rei • Os princípios de uma socie-
Acesse: www.paranametrologia.org.br
dade sustentável, propostos por Karl-Henrik Robèrt, fundador da TNS, em conjunto com um grupo de cientistas, foram compilados em um kit de informações. O Rei da Suécia, por sua vez, patrocinou a conscientização em larga escala com o envio dos kits para todas as residências do país. Até hoje o Rei participa pessoalmente das reuniões da entidade, além de liderar um movimento acadêmico para a sustentabilidade estratégica.
Seminário de Sustentabilidade Paraná Metrologia • Além de acessar o site http:// www.thenaturalstep.org/pt-br/brazil, quem desejar conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pela TNS-Brasil Instituto Antakarana pode se programar para participar do Seminário de Sustentabilidade que será promovido pela Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios — Paraná Metrologia - no dia 6 de dezembro. Paulo Vodianitskaia será um dos palestrantes do evento. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (41) 3271-7567. 24
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DHARMA
CIVITAS Responsabilidade Social
“Responsabilidade Social não são palavras. São ações”. Instituto Ethos
A Responsabilidade social é diferencial competitivo na estratégia de negócio de uma organização bem sucedida e orientada para o desenvolvimento sustentável. A Civitas Consultoria e Treinamento, pode ajudar a orientar e implementar a gestão em Responsabilidade Social na sua empresa e seus respectivos projetos. Se você está pensando em seguir este caminho, fale conosco e veja de que forma podemos construir valor para seu negócio. Nossos serviços:
Diagnóstico, Treinamento e Gestão em Responsabilidade Social
Balanço Social e Código de Ética
www.civitas.srv.br
SA 8000 AA1000
civitas@civitas.srv.br
Inclusão de Pessoas com deficiência e sensibilização para a inclusão (lei de cotas).
(41) 3274 7677
Visão Sustentável
Parcerias que constroem sonhos Inspirado na medicina, Arqtex Convênio reúne tudo que o consumidor precisa para construir, reformar ou mobiliar Bruna Robassa
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construção, a reforma e a mobília de um imóvel são atividades que envolvem sonhos e expectativas. A exigência por segurança, qualidade, economia e durabilidade é forte. Além disso, em virtude do aumento da preocupação com a preservação da natureza e a poupança de recursos, os profissionais e as empresas que atuam nessa área devem estar preparados para um mercado cada vez mais exigente. Criada pelo arquiteto e urbanista Jucenei Gusso Monteiro há cerca de dois anos, a Arqtex Convênio possui um modelo de trabalho capaz de sustentar todas essas demandas. Uma parceria que reúne tudo que é necessário para construir, reformar ou mobiliar um imóvel de forma responsável e sustentável é a proposta
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dessa entidade que teve como inspiração o modelo de convênio proposto pela medicina, “com alguns ajustes e melhorias para o segmento”, conta o fundador e presidente da empresa. Com 20 anos de experiência no mercado, o arquiteto idealizou a Arqtex há cerca de seis. O foco do convênio é o consumidor final. “A qualidade total e a sustentabilidade de todos os processos e trabalhos executados estão entre os nossos princípios. Hoje em dia é possível construir obras sustentáveis com um grande retorno, basta conscientizar os consumidores para colocar em prática”, defende. Ainda, segundo o presidente da Arqtex, a arquitetura nasceu no universo da sustentabilidade. Aspectos econômicos, físicos e climáticos são sempre
mais resultados. Ficávamos reféns da demanda dispersa”, explica. O modelo de convênio Arqtex engloba três atores com o objetivo de aproximá-los para a geração de negócios. Fazem parte os profissionais (arquitetos, engenheiros e designers), fornecedores (desde materiais de construção até cama, mesa e banho) e os conveniados (consumidor final). Atualmente, a organização conta com 24 escritórios associados, oito mil consumidores conveniados e mais de 40 empresas fornecedoras afiliadas. “A parceria com fornecedores possibilita que o convênio ofereça benefícios para o consumidor final não apenas quando está realizando obras, mas o tempo todo, quando deseja adquirir qualquer tipo de produto para sua moradia, ou estabelecimento comercial, mesmo que sejam alugados”, conta. É uma forma de democratizar o acesso dos consumidores a tudo que envolve a benfeitoria de um imóvel, já que traz vantagens e descontos. E por falar em democratização, este é também um dos propósitos da Arqtex. “Por meio do convênio, que cobra uma taxa simbólica anual dos conveniados, o ciclo de trabalho fica completo, já que traz o consumidor para dentro do grupo. Disponibilizamos informações, mostramos as técnicas disponíveis e, com isso, derrubamos barreiras para o mercado da arquitetura. Conseguimos captar, orientar e atender demandas variadas com qualidade”, diz.
Como funciona • “A Arqtex é uma empresa
considerados na hora de projetar um espaço. “Antes do termo sustentabilidade, os profissionais de arquitetura já conviviam com o bioclimático, que significa a adequação da construção para o ambiente onde se insere, proporcionando conforto natural e adequado. O aproveitamento da luz do sol nos ambientes é uma das preocupações”, analisa.
Aproximação • A criação do convênio tem entre seus propósitos suprir as dificuldades de acesso a profissionais e soluções comprometidas ao consumidor, que ainda permanece com dúvidas sobre as atribuições dos arquitetos, como da relação custo ou investimento, e que costuma procurar por esse tipo de serviço por indicação. “Esse modelo é ineficiente e precisávamos de
que visa negócio. Nossa lucratividade está ancorada nos negócios realizados, o que nos torna um agente ativo e dinâmico para os parceiros profissionais e fornecedores, mas sem ônus ao consumidor. O sucesso se concentra na expectativa da demanda dirigida”, reforça o empresário. Qualquer pessoa física ou jurídica interessada em serviços de arquitetura, engenharia ou design pode se conveniar. Profissionais e fornecedores também podem fazer parte da parceria a qualquer momento caso se enquadrem no perfil da entidade. “Os conveniados contam com uma tabela para honorários de projetos diferenciada, a qual traz vantagens reais ao consumidor e proporciona maior rentabilidade aos profissionais em virtude da demanda. Segundo Jucenei Monteiro, o convênio possibilita a melhor opção de negócio sem criar a cultura do menor preço. Preço baixo não sustenta qualidade. Nossos clientes sempre
“A qualidade total e a sustentabilidade de todos os processos e trabalhos executados estão entre os nossos princípios. Hoje em dia é possível construir obras sustentáveis com um grande retorno, basta conscientizar os consumidores para colocar em prática”, Jucenei Gusso Monteiro Presidente da Arqtex
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Visão Sustentável
terão o melhor, mas provavelmente nem sempre vão pagar mais barato. O que oferecemos são vantagens econômicas”, defende.
Orientação e relacionamento contínuo • Depois de passarem pela avaliação de habilitação para se tornarem profissionais e fornecedores da rede do convênio, estes passam a fazer parte da Arqtex e recebem orientação contínua. “Nós chamamos os profissionais associados e os fornecedores afiliados de nossos clientes internos e com eles temos várias linhas de relacionamento e desenvolvimento. Organizamos a aproximação dos profissionais com as indústrias para que conheçam o processo produtivo delas, e também
Diálogo de Arquitetura Urbanismo e Sustentabilidade escola SESI Centro
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promovemos eventos com os fornecedores afiliados”, relata. Alguns exemplos foram as visitas nas indústrias Stobag e Indusparquet em Curitiba e Docol Metais Sanitários em Joinville/SC para mostrar seus processos, conceitos e produtos. A comunicação e o controle das operações entre associados (profissionais) e afiliados (fornecedores) com a Arqtex é facilitada por meio de um sistema de TI exclusivo da Arqtex conectado por meio do portal www.arqtex.com.br, que disponibiliza acesso ao sistema interno da empresa. O portal também possui informações para consumidores, tanto conveniados quanto não conveniados. “Para os consumidores, o maior benefício é o facilitado acesso a fornecedores e profissionais, além da possibilidade de fazer a simulação para custos de projetos de uma obra e ter noção de orçamento antes mesmo de pensar em fechar negócio”, explica. Para os três atores, a Arqtex também desenvolve ações de marketing e endomarketing por intermédio do desenvolvimento de diversos projetos, os quais também atingem outros atores da sociedade, o que reforça a preocupação da empresa com a responsabilidade social e a sustentabilidade corporativa. Entre os projetos desenvolvidos, há o “Sou fiel Arqtex”, pelo qual todo relacionamento, seja apenas uma visita à loja, uma participação em palestras técnicas oferecidas e um negócio fechado, somam pontos que são convertidos em prêmios e vantagens. “Aqui um diferencial importante, cada um pontua pelo próprio esforço,
por exemplo, um profissional pontua por projeto vendido e não pelos produtos que recomenda e indica. Para garantir a pontuação, é preciso apresentar o cartão Arqtex Convênio. Essa é também uma forma de acompanharmos o andamento dos negócios. É um programa vantajoso para todos os atores”, conta o empresário. Visando promover o desenvolvimento cultural, o programa “Tudo a ver com Arqtex” oportuniza descontos na compra de ingressos para alguns teatros, com a finalidade de promover momentos de lazer e cultura em família. “Sabemos que toda realização de obra mexe com a estrutura familiar e causa estresse. Essa é uma forma de promover a descontração incentivando a cultura”, analisa. A preocupação com o bem-estar de todos os envolvidos com o convênio não para por aqui. Por meio do “Encontro faça dar certo”, clientes internos e externos Arqtex relacionam-se de forma positiva, com ênfase na dinâmica de grupo. “Esse é mais um programa de relacionamento fruto de uma parceria com o analista transacional
especialista em coaching Mauricio de Souza. No treinamento, ele incentiva que os participantes façam uma reflexão sobre as suas vidas e aprendam a lidar com a angústia e reconhecer as vitórias”, conta. O programa “Arqtex Mais”, por sua vez, engloba diversas parcerias nos segmentos de saúde, bem-estar, desenvolvimento social, justiça e cidadania que já foram firmados pela empresa. Exclusivo para conveniados, esse programa traz vantagens em planos de previdência, planos de saúde, consórcio imobiliário, proteção familiar, entre outros. “Essas parcerias atraem consumidores. Como exemplo, cito a convênio empresarial que fizemos com a cooperativa de saúde C.S. Assistance, que nos trouxe cerca de 2500 novos clientes. Todo mundo ganha”, comemora. A responsabilidade social e a sustentabilidade são uma constante para o criador e para os participantes desse convênio. As vantagens e os benefícios ultrapassam barreiras. “Uma vez fui convidado a dar uma palestra sobre a minha profissão na escola de minhas filhas. A exposição foi tão positiva que criei um projeto que visa falar de arquitetura, sustentabilidade e cidadania para os futuros consumidores”, relata Jucenei Monteiro. Por meio do projeto “Diálogos de arquitetura urbanismo e sustentabilidade”, não apenas o presidente da Arqtex, mas profissionais, fornecedores e parceiros que tenham experiência de boas práticas no setor podem conceder palestras para entidades de Ensino Médio que utilizam critérios de formação proativa, empreendedora, de responsabilidade social e cidadania.
"Atualmente, a organização conta com 24 escritórios associados, oito mil consumidores conveniados e mais de 40 empresas fornecedoras afiliadas"
Adesão ao pacto global • Todo envolvimento e preocupação desse empresário com a sustentabilidade corporativa não estão restritas às atividades que desenvolve na empresa. Ele também atua junto ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PR), a Associação Comercial do Paraná (ACP) e é membro do núcleo de comércio e serviços do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), entidade ligada à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP). Essa última atribuição, inclusive, motivou que a Arqtex Convênio se tornasse uma signatária do Pacto Global. “Ao alinhar nossas ações aos propósitos do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) buscamos a chancela de uma organização de expressão global e, mais que isso, queremos nos unir a esse bloco mundial de empresas que se movimentam para o sucesso dessa nova era”, diz o presidente da empresa. GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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GESTÃO
SUS EN ÁVEL jerÔnimo mendes Administrador, Coach Empreendedor, Escritor e Palestrante Mestre em Organizações e Desenvolvimento Local pela UNIFAE
BRASIL
Emergente para sempre?
H Se as forças políticas e econômicas do país forem concentradas somente para a realização da Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016, o título de “emergente” será carregado por muito mais tempo do que o necessário
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
á dois anos, a edição de 12 de novembro de 2009 da Revista The Economist foi recebida com euforia pela Comunidade Econômica Internacional e, em especial, pelo Governo Brasileiro, capitaneado, na época, pelo Presidente Luis Inácio “Lula” da Silva. A notícia ajudou a consolidar a eleição da sua sucessora, Dilma Roussef, até então, Ministra da Casa Civil, com pouca expressão no cenário político nacional. Com a capa estampada sob o título “Brazil takes off” (O Brasil decola), o editorial fez elogios rasgados ao recente desenvolvimento do país, entretanto, sem meias palavras, afirmou também que o maior risco para o grande sucesso da América Latina era a prepotência dos seus governantes, empolgados com o crescimento econômico, mesmo sem atentar para as bases do desenvolvimento. Como se sabe, o Brasil faz parte do acrônimo BRICs, formado pelas iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, termo concebido e utilizado sabiamente pelo economista Jim O’Neill, chefe de pesquisa em economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, em 2001. A sigla em inglês também pode significar tijolo em alusão à formação de uma nova comunidade com elevado potencial de desenvolvimento econômico. Dois anos depois, passada a euforia, a mesma Revista The Economist coloca em xeque o crescimento sustentado dos quatro países formadores do BRIC, ao compará-los com
o de países como Malásia, Cingapura, Coreia do Sul, Taiwan, Tailândia e Hong Kong, os únicos que conseguiram sustentar o crescimento por quatro décadas seguidas. Desde 1950, somente um terço dos chamados emergentes foram capazes de manter suas taxas de crescimento econômico superiores a 5% ou mais. Em artigo recente, publicado no site da Revista com o título BrokenBRICs (BRICs quebrados), o editorial chama novamente a atenção da comunidade econômica ao relembrar que, desde 2009, a China, líder do crescimento econômico mundial, teve seu ritmo desacelerado de maneira drástica, de dois dígitos para menos de 7%, em média. O crescimento do Brasil estacionou na casa de 2% a 3%, o da Rússia despencou de 7% para 3,5% e o da Índia, de 9% para menos de 6% ao ano. O editorial também questiona o atual momento do BRICs e menciona que o grupo, a despeito de todas as dificuldades inerentes aos países mais desenvolvidos, tornou-se o símbolo da esperança para a economia mundial, o que não se confirmou, pelo menos por enquanto. Dessa forma, a esperança de aumentar a convergência entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos é um mito. Dos 180 países monitorados pelo Fundo Monetário Internacional, somente 35 são desenvolvidos e, infelizmente, nenhum país membro do BRICs faz parte dessa elite, segundo os critérios da instituição. Na prática, a maioria dos países
emergentes tem sido emergente por muitas décadas e assim deverá continuar por muito tempo. De fato, o Brasil carrega o título de “emergente” desde a década de 1970, quando o chamado “milagre econômico brasileiro”, sustentado pelos altos investimentos do Governo Militar em obras de porte como a Rodovia Transamazônica, a Usina Atômica de Angra dos Reis e, principalmente, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, proporcionou taxas de crescimento bem superiores às do Primeiro Mundo. Embora o país tenha experimentado períodos de crescimento econômico favoráveis, não apenas na década de 1970, mas, recentemente, durante o Governo Lula também, sustentar o crescimento não é tarefa simples. A dinâmica do mundo globalizado e extremamente competitivo exige muito mais do que investimentos em obras faraônicas, incentivo ao consumo e à isenção de impostos para montadoras de veículos. Em termos de infraestrutura, educação, cultura, saúde e segurança pública, principais pilares do desenvolvimento econômico sustentável, ain-
da há muito o que fazer. Evoluímos bastante na democracia, entretanto, não conseguimos nos livrar da corrupção, da violência e da burocracia. Não se trata de torcer contra nem exaltar os males do país, mas de fazer uma profunda reflexão a respeito do quanto ainda precisamos caminhar para conquistar o status de primeiro mundo. Países com poucos recursos naturais evoluíram bem mais rápido que o Brasil, como o Japão, a Coreia do Sul e o Canadá. A mudança não depende exclusivamente dos governos. Depende muito mais da força e da inteligência da sua gente, por meio do voto, do trabalho estruturado e da fiscalização do uso consciente do dinheiro público para promover as mudanças necessárias capazes de garantir o crescimento econômico sustentado. Se as forças políticas e econômicas do país forem concentradas somente para a realização da Copa do Mundo de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016, o título de “emergente” será carregado por muito mais tempo do que o necessário.
Desenvolvimento Local
União de empresários faz a força para o desenvolvimento local e empresarial Instituição internacional que reúne grandes empresários trabalha para consolidar sua atuação no Paraná e no Brasil Lyane Martinelli
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proximar grandes empresários, possibilitando networking, troca de experiências e a geração de novos negócios nacionais e internacionais. Com esse espírito, que cultiva desde a sua criação, o World Trade Center Business Club (WTC) vem agregando valor e trazendo desenvolvimento para as regiões em que atua. Presente em Curitiba desde 2011, essa associação de empresários criada nos Estados Unidos na década de 1960, pelos irmãos Rockfeller, está construindo uma nova forma de relacionamento empresarial aliado à possibilidade de crescimento efetivo para o segmento
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no estado. “Temos o compromisso de trabalhar como um instrumento de aproximação entre executivos, abrindo novas oportunidades de negócio na região e com outras em que o WTC atua. Fazemos isso por meio de reuniões entre empresários locais e também de outras localidades, assim como via debates com grandes nomes capazes de enriquecer as discussões entre os conselheiros”, explica Diego Pettinazzi Rodrigues, diretor do WTC Brasil e que tem como foco o trabalho na região Sul do Brasil. A atuação do WTC entre os altos executivos gera crescimento não só nos negócios locais,
mas também agrega valor onde opera e promove o desenvolvimento local, com o objetivo de atender exatamente as necessidades de crescimento latentes onde passam a atuar. “Desde que iniciamos as atividades do WTC em Curitiba, percebemos que a cidade tem um perfil diferenciado, buscando possibilidades que tragam oportunidades inovadoras. Essa é uma das características que identificamos no perfil da cidade e de seus empresários”, afirma Luiz Alberto de Paula Lenz Cesar, diretor do WTC Curitiba. No trabalho que vem sendo desenvolvido em Curitiba, o WTC trabalha baseado na análise do “DNA Corporativo” das empresas locais buscando, a partir dessa observação intensa, entender os interesses dos conselheiros e também o que cada um pode oferecer nas trocas de experiências. “Hoje já contamos com por 60 empresas associadas e mais de 110 executivos associados atuando no WTC Curitiba, o que podemos considerar um resultado muito positivo, pois isso demonstra a adesão dos empresários aos nossos ideais e nos abre portas para alcançar com mais rapidez e solidez os objetivos de desenvolvimento que o WTC tem como filosofia”, explica Luiz Alberto. Dentro da perspectiva de atuação do WTC nas cidades em que está presente, o projeto divide-se em duas fases básicas: organizar e fortalecer as parcerias entre os executivos da região e um segundo passo, que é a Construção de um complexo empresarial, em que os conselheiros regionais são convidados a investir na construção e operacionalização do empreendimento. “Nessa fase, o WTC
tem como objetivo resgatar áreas da cidade com o investimento de construção de um centro comercial que vai gerar empregos, criar novas oportunidades regionais e explorar novas alternativas de investimento e circulação de dinheiro na região”, explica Diego Rodrigues. Essa perspectiva de gerar desenvolvimento em espaços pouco aproveitados nasceu com os irmãos Rockfeller que, ao reunir grupos de empresários em nova York, na década de 1960, buscaram essa união para ampliar os negócios na cidade e recuperar uma área abandonada, na época, na ilha de Manhattan, onde foram construídas as “Torres Gêmeas”. Hoje, várias das 330 cidades em que o WTC está presente contam com empreendimentos que atingiram suas expectativas de recuperar áreas subutilizadas, como em São Paulo, em que a região da Berrini sofreu grandes mudanças após a construção do complexo do WTC. Para Curitiba, a expectativa é que em pouco tempo o projeto na capital paranaense entre na etapa da construção do empreendimento. “Hoje estamos na fase de consolidação do processo de aglomeração dos empresários. Logo, estaremos com a base completa para avançar no projeto, que hoje está em fase de estudos de localização, necessidades da cidade e possibilidades. Mas já pensamos em um projeto que tenha uma torre comercial, hotel, prédios corporativos e um centro cultural”, conta Luiz Alberto. Ainda dentro do Paraná, o WTC tem também a expectativa de ampliar sua atuação para o interior, criando sub-sedes do WTC do Paraná em cidades chave como Foz do Iguaçu, Maringá e Londrina.
“Temos o compromisso de trabalhar como um instrumento de aproximação entre executivos, abrindo novas oportunidades de negócio na região e com outras em que o WTC atua”, Diego Pettinazzi Rodrigues, diretor do WTC Brasil - região Sul
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Desenvolvimento Local
“Hoje já contamos com 60 conselheiros atuando no WTC Curitiba, o que podemos considerar um resultado muito positivo, pois isso demonstra a adesão dos empresários aos nossos ideais e nos abre portas para alcançar com mais rapidez e solidez os objetivos de desenvolvimento que o WTC tem como filosofia”, Luiz Alberto de Paula Lenz Cesar, diretor do WTC Curitiba
Dentro das atividades que vêm sendo desenvolvidas pelo WTC Curitiba, nessa fase de integração e aglomeração dos empresários está um circuito de ações corporativas, como workshops, mesas redondas, minicursos e ações culturais e de lazer que buscam focar nas questões corporativas, mas também oferecer um olhar global sobre o contexto social e econômico atual. “Temos também uma preocupação de realizar a integração desses associados com os conceitos que hoje permeiam o mercado corporativo, como a sustentabilidade. Para isso, desenvolvemos o projeto “Repensar”, em que realizamos atividades lúdicas que promovem o contato dos executivos com a natureza, mas também com conceitos de responsabilidade ambiental, de trabalho em grupo e de respeito ao meio ambiente, tudo permitindo também o lazer desses executivos”, explica o diretor do WTC Curitiba. O projeto “Repensar” promove atividades de interesse dos conselheiros e promovem a integração entre eles permeando assuntos que, de uma forma ou de outra, podem surgir na vida corporativa do executivo. O objetivo é que, ao desenvolver habilidades por meio de atividades lúdicas, ele esteja preparado para enfrentar situações reais no seu dia a dia.
WTC no Brasil • Atuando no Brasil de 1995, o WTC iniciou seus trabalhos no país em São Paulo e hoje tem sedes também em Belo Horizonte, São José dos Campos, Brasília, Joinville, Florianópolis e Recife, além de Curitiba. Em todas essas cidades, a expectativa é chegar à fase de construção de empreendimentos dentro da filosofia de reunir grandes empresários e levar desenvolvimento para as regiões de atuação. Hoje, além Quer conhecer mais sobre o WTC Curitiba? Entre em contato no telefone (41) 4141-1020 ou pelo site: www.wtcclub.com. br. As reuniões do Conselho são mensais e a próxima acontece no dia 19 de novembro, no CIETEP, com a presença de Helio Magalhães, Presidente do CitiGroup no Brasil.
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de São Paulo, que já tem o empreendimento em funcionamento, Belo Horizonte também já está desenvolvendo seu próprio complexo. De acordo com Diego Rodrigues, “a marca WTC agrega muito valor por onde passa. Estima-se que os locais em que funcionam as sedes do WTC nas cidades, assim como a região em que seus complexos estão instalados valorizam cerca de 30% comparando com o período anterior à presença do WTC”. Com o slogan “relacionamentos que abrem portas”, o WTC já tem mais de 2 mil conselheiros no Brasil e em todo o mundo já são mais de 330 cidades em 110 países que contam com a presença e influência do WTC. “Hoje, um executivo que atua em Curitiba e precisa entrar em contato com um alto executivo em Dubai, por exemplo, para abrir novas fronteiras de negócio pode demorar até um ano para conseguir essa aproximação. O WTC, pela sua característica internacional, tem como diminuir as distâncias e entraves entre esses empresários, sendo capaz de ajudá-los a catalisar seus negócios. Essa é uma peça chave de trabalho do WTC para os grandes empresários: potencializar sua atuação no país e no exterior”, explica o diretor do WTC Brasil. Para enriquecer e ampliar as discussões sobre negócios e mundo corporativo, o WTC no Brasil também tem uma estrutura para que diretores das empresas associadas possam participar de debates com outros diretores a fim de enriquecer suas experiências. “Cada presidente que faz parte do conselho do WTC na sua cidade pode indicar dois diretores seus para participar dos comitês de discussão, que reúnem esses diretores com outros de áreas afins para troca de informações”, explica Rodrigues.
IVAN DE MELO DUTRA Arquiteto e Urbanista e Mestre em Organizações e Desenvolvimento
Sistemas de cotas nas universidades: política de ação afirmativa?
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Que tal criarmos cotas nos orçamentos públicos que tenham como objetivo retificar as injustiças cometidas no passado com nossa educação de base?
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a edição de maio da GS deste ano, refletimos sobre o lado maléfico das políticas protecionistas de mercado, adotadas pelo governo brasileiro, apontando para o efeito desastroso da encoberta de nossa ineficiência, tanto em termos produtivos quanto em termos de infraestrutura para a produção. Entendo que a proteção é positiva quando proporciona ao protegido a oportunidade de, no mínimo, igualar-se a quem ou à situação que o ameaça. Recentemente, deparamo-nos, novamente, com mais uma medida protecionista aprovada por decreto pelo atual governo brasileiro. Tal medida determina que, de imediato, mais de 12% das vagas em todas as universidades públicas federais, em todos os cursos e turnos, sejam destinadas a alunos que cursaram o Ensino Médio em escolas públicas. A meta, de acordo como a portaria 18 do MEC, é que, em quatro anos, metade das vagas das universidades públicas seja reservada para alunos egressos de escolas públicas. Novamente fico com a sensação de que estamos tratando, com equivocada e vergonhosa desenvoltura, os efeitos provocados por uma educação pública de base miserável, assim como fizemos com nossa indústria, frente ao nosso desleixo com relação à infraestrutura do Brasil. Para quê cotas, podemos perguntar? Porque, em última instância, reconhecidamente, o ensino público médio e, principalmente, o fundamental em nosso país – em todas as instâncias de poder, diga-se de passagem – são incapazes de capacitar seus alunos para disputarem as vagas nas universidades públicas em iguais condições aos alunos egressos de escolas particulares. Por quê? Porque são anos seguidos de descaso dos governos com a educação do brasileiro. Atualmente, investimos cerca de quatro vezes menos em educação secundária do que a média dos 34 países da OCDE – Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico. Assim como as políticas de bolsas e de incentivos ou renúncias fiscais, a política de cotas pode esconder, mais que a ineficácia de nossas escolas: pode iniciar um processo perigoso de substituição do mérito, no sistema
educacional, pela simples proteção. Não é difícil prever que, se, de fato, ocorrer tal substituição, o maior perdedor será o desenvolvimento do nosso país.
Toda discriminação é negativa • Anteriormente à discussão da necessidade ou não de cotas, algumas medidas são necessárias, a começar pelo entendimento do que seja a autodeclaração de que farão os alunos sobre a cor da pele (imagino que já estejamos concordando de que somos da espécie humana). Quem é pardo? Quem é negro? Onde foi para o mestiço? Somos descendentes de 500 anos de miscigenação entre europeus brancos, indígenas e africanos. Outro aspecto a ser considerado nessa questão: em nosso sistema educacional, o mérito, e, por conseguinte, uma boa dose de esforço do estudante, ainda são fundamentais para a excelência na formação de profissionais. Forçar a entrada de alunos advindos de uma educação de base que se enquadra entre as piores do mundo, além de quebrar a meritocracia, pode afetar a qualidade do ensino e o interesse dos alunos pela pesquisa nos cursos de pós-graduação das faculdades públicas. Corremos o risco de nivelarmos por baixo, porque baixa é a nossa capacidade de desenvolver políticas educacionais que promovam a formação de cidadãos comprometidos com o desenvolvimento social do nosso país. Não podemos dizer que o Ensino Superior, como está, seja razoável. Não dá para considerar aceitável um modelo educacional onde menos de 3% dos alunos do Ensino Superior advém dos 20% mais pobres da população. É um sistema desequilibrado e cruel. Mas resolver o problema do desequilíbrio do acesso ao ensino do terceiro grau no Brasil por meio de cotas atreladas à renda, cor de pele, e outros parâmetros dissociados da atividade educacional é, no mínimo, mais uma medida paternalista. Que tal começarmos a combater a causa e não o efeito? Que tal criarmos cotas nos orçamentos públicos que tenham como objetivo retificar as injustiças cometidas no passado com nossa educação de base?
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Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial
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Responsabilidade Social
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Mauro Frasson
A força das alianças sociais Integração entre poder público, empresas e terceiro setor promove sustentabilidade Bruna Robassa
Nilda Mott Loiola Gonçalves, Coordenadora do Núcleo do 3º setor do CPCE; Clecy Maria Amadori Cavet – Chefe de Gabinete da Secretaria de Estado para Assuntos Estratégicos. e Rosane Fontoura, Coordenadora Executiva do CPCE
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crescente número de empresas e entidades que se preocupa com a promoção de ações de responsabilidade socioambiental tem relação com a democratização dos indicadores sociais, assim como com a conscientização sobre a necessidade de desenvolver práticas sustentáveis individuais e coletivas cotidianamente. Com a redução das desigualdades no Brasil nas últimas décadas, as empresas passaram a entender a importância de não apenas financiar projetos de comunidades vulneráveis e cidadãos que mais precisam de amparo, mas também de acompanhar as ações, promover educação, igualdade de gênero, fomentar a geração de renda, melhorar a saúde das crianças e gestantes e cuidar do meio ambiente em toda a cadeia produtiva por meio de alianças sociais.
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Um modelo em que o poder público organiza, as empresas financiam e o terceiro setor executa é o considerado ideal para quem é defensor da filantropia, palavra que vem do grego e que significa “amor à humanidade”. Muitas vezes entendida como sinônimo de “doação”, filantropia tem muito mais significado quando utilizada em seu sentido estratégico. E é dessa forma que o presidente do Instituto Filantropia, Marcio Zeppelini, entende e propaga seu conhecimento sobre a temática. Zeppelini foi o palestrante do I Workshop do Terceiro Setor que teve como tema “Como manter e desenvolver uma organização social”. O evento foi realizado em setembro, na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), com organização do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O workshop contou com
a presença de diversas organizações sociais que conheceram a importância do planejamento estratégico para o desenvolvimento de suas organizações. “São três os pilares responsáveis por trazer recursos para o segmento, o envolvimento com a causa, a comunicação e o relacionamento com os diversos atores e as pessoas envolvidas. Essas três coisas juntas fazem um terceiro setor mais ativo, mais forte e mais profissional”, defende o consultor. Dirceu Puehler, do Instituto Robert Bosch, foi um dos participantes do workshop e participa do CPCE. A empresa e o instituto sabem a importância das alianças e seguem a risca o modelo defendido por Zeppelini. Segundo Puehler, as alianças com o terceiro setor fazem parte da responsabilidade social da Robert Bosch Ltda., que atua por intermédio de seu instituto (braço social) nas comunidades onde possui unidades de fabricação, sendo responsável pelas diretrizes e pelos investimentos sociais. “O Instituto Robert Bosch atua prioritariamente na educação de crianças e adolescentes e, por meio desse foco, busca desenvolver ações que tratam de temas como meio ambiente, geração de renda, profissionalização de jovens e voluntariado empresarial. A saúde também tem relevância nos investimentos realizados pelo instituto, porém, seus recursos são destinados diretamente a projetos de Instituições parceiras que desenvolvem suas ações”, conta Puehler. Para a realização de todos os programas, o Instituto Robert Bosch mantém diversas parcerias com o terceiro setor, fazendo investimentos sociais e acompanhando o desenvolvimento dos projetos. Como exemplo, Puehler cita os programas de aprendizagem realizados na comunidade Vila Verde em Curitiba. O programa social “Peça por Peça”, idealizado pelo instituto, é a principal ação de responsabilidade social desenvolvida em Curitiba-PR, Campinas-SP e Pomerode-SC. “Trata-se de um programa focado na educação continuada e planejada e no desenvolvimento social sustentável
de comunidades em situação de vulnerabilidade social. A escola pública é o centro de referência do programa”, conta. O programa identifica as principais carências da comunidade e, a partir daí, define prioridades, áreas de atuação, recursos necessários e instituições a serem envolvidas. “O programa é realizado em parceria com os setores público, privado e com as ONGs existentes nas regiões de atuação do programa”, relata. Segundo a coordenadora do CPCE, Rosane Fontoura, a qualificação surgiu de uma demanda do Núcleo do Terceiro Setor do CPCE, que se reúne mensalmente para trabalhar as demandas do setor. "As instituições são fortalecidas a partir do momento em que abrimos espaço para diálogo, qualificação e possibilitamos a formação de alianças”, ressalta. Por meio de uma parceria com a Secretaria para Assuntos Estratégicos (SEAE), essas palestras e os workshops estão sendo transmitidos para todo o Estado, atingindo um maior número de organizações sociais no Paraná. Rafael Riva Finatti, do Instituto GRPCOM, participante do núcleo do terceiro setor, defende também a profissionalização desse setor, assim como as alianças entre os três atores. “Acreditamos que a aliança entre os setores ajudará as ONGs a se desenvolverem e a criarem estrutura necessária para garantir a sustentabilidade de suas ações. Elas carecem disso, de profissionalização, pois em geral nascem de iniciativas muito pessoais, não necessariamente alicerçadas em conhecimentos nas áreas de gestão e comunicação”, diz. De acordo com Finatti, o instituto atua predominantemente nas áreas de educação e de desenvolvimento e fortalecimento do terceiro setor. Ele conta que o projeto “Ler e Pensar” é um dos marcos da atuação do grupo na área social e educacional. “A iniciativa, que nasceu na redação da Gazeta do Povo, em 1999, hoje está presente em mais de 440 escolas públicas do Paraná e é reconhecida nacional e internacionalmente. Além do Ler e Pensar, o Instituto GRPCOM executa também outros projetos de abrangência estadual, além de prestar apoio re-
“São três os pilares responsáveis por trazer recursos para o terceiro setor, o envolvimento com a causa, a comunicação e o relacionamento com os diversos atores e as pessoas envolvidas. Essas três coisas juntas fazem o segmento mais ativo, mais forte e mais profissional”, Marcio Zeppelini, presidente do Instituto Filantropia GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Responsabilidade Social
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“Acreditamos que a aliança entre os setores ajudará as ONGs a se desenvolverem e a criarem estrutura necessária para garantir a sustentabilidade de suas ações", Rafael Riva Finatti, do Instituto GRPCOM
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gional para a viabilização de iniciativas sociais da Rede Globo, como o Amigos da Escola, o Criança Esperança e o Soletrando”, relata ele. Para Zeppelini, as instituições do terceiro setor são empresas gerenciadas por pessoas que amam a causa e que precisam pensar de maneira estratégica. “A única diferença é que o lucro não será dividido entre os sócios e sim reinvestido na própria organização. Para tanto, precisam estar cientes do quão importante é a qualificação", explicou. Rosane conta que o CPCE promove espaços para troca de experiências, profissionalização das pessoas que trabalham na alavancagem e mobilização de recursos em torno de ações de responsabilidade socioambiental com as alianças entre os principais atores sociais da transformação social: poder público, empresas, universidades e terceiro setor. “O conselho tem como um dos propósitos o fomento das alianças entre as instituições. Por meio da alavancagem de recursos já existentes, muitos bons projetos sociais podem ser otimizados e, consequentemente, a melhoria dos indicadores sociais das comunidades envolvidas”, diz. Ainda segundo a coordenadora executiva, a importância das alianças sociais também está na pauta do Núcleo de Comércio e Serviços do CPCE, onde estão sendo promovidos Diálogos de Parcerias Sustentáveis com o objetivo de facilitar o relacionamento entre compradores e fornecedores, promovendo a responsabilidade socioambiental corporativa nas relações comerciais das empresas. “Essas ações propagam a importância da responsabilidade social na cadeia produtiva”, salientou o coordenador do núcleo, Dauro Carneiro Bond Jr.
“Percebemos de acordo com a nossa experiência que existem empresas que têm interesse em investir, mas não tem equipe e tempo para a execução dos projetos sociais. Por meio das alianças, em que o terceiro setor pode ser o responsável por executar as ações apoiadas por empresas, fica mais exequível o atingimento dos objetivos pretendidos”, completa Rosane. Ainda segundo a coordenadora, a integração entre os três setores é de extrema importância para gerar sustentabilidades econômica, social e ambiental e essa preocupação deve estar inserida no planejamento estratégico da empresa com olhar às suas diversas partes interessadas (stakeholders): colaboradores, comunidade, fornecedores, governo, acionista além da comunidade. Com a profissionalização do terceiro setor, ocorre uma grande mudança nas relações entre os diversos setores da sociedade. “Deixa-se de fazer filantropia pura para fazer filantropia estratégica. Cada um contribui de forma mais efetiva e eficaz e conseguimos fazer com que as empresas sigam seu caminho e se preocupem apenas em financiar o terceiro setor de forma estratégica e monitorando as ações com a filosofia da empresa”, ressalta Zeppelini.
Marketing social • Muitos são os benefícios de uma empresa associar sua marca a uma causa social. “Há muitas pessoas que escolhem entre uma marca e outra e já preferem produtos por conta da preocupação que aquela empresa possui com o meio ambiente”, relata Zeppelini. Segundo o consultor, a responsabilidade socioambiental bem montada estrategicamente faz com
que a empresa ganhe em marketshare, ou seja, participação no mercado. Ele cita alguns exemplos de empresas que conseguem aliar sua estratégia de negócio com a responsabilidade social de forma efetiva, que são a Avon, promovendo ações para mulheres, o Mcdonalds, com as crianças e a Pedigree, com cães e gatos de rua.
Como manter e desenvolver uma Organização Social
Investimento social privado • Para o especialista, o cenário está favorável para o investimento social privado. Segundo ele, o empresário brasileiro percebeu que filantropia faz parte do negócio e que ela não é apenas a entrega do dinheiro. “Hoje muitas empresas já sabem fazer com que a responsabilidade social, ambiental e a sustentabilidade estejam aliadas a estratégia do negócio. Fazer tudo isso de forma planejada é certo, se não é filantropia pura”, defende. Abertura de instituto por empresas • De acordo com o consultor, muitas empresas possuem a iniciativa de criar institutos, no entanto não executam as atividades. “A verdade é que elas precisam da parceria com as ONGs para conseguir executar. Até mesmo porque a criação de um instituto por uma empresa serve mais para organizar do que para executar”, reforça. Segundo ele, existem empresas que resolvem abraçar tudo, sem nenhum tipo de parceria com o terceiro setor. “O que eu acredito ser errado, pois essa vocação não é da empresa”, completa. Serviço: O workshop promovido pelo CPCE está disponível no endereço: http://webcast. pr.gov.br/celepar/historico.php?evt_id=97 Marcio Zepelini presidente do Instituto Filantropia Mauro Frasson
Qual é a nossa missão e visão? Estamos alinhados ao nosso objetivo? De onde partimos? (números) Onde estamos? Onde queremos chegar? Quais são os nossos desafios e ameaças? Quais as nossas habilidades e oportunidades? O que temos de diferencial estratégico? Em que precisamos aprimorar? Qual é o PROBLEMA de nossa causa? Quais as SOLUÇÕES que propomos ao mundo? Quais as vitórias que podemos contar? Quais temáticas somos excelentes? Quais são os profissionais que fomentam conteúdo? Quais oportunidades de disseminação de conteúdo? Quais são nossas congêneres? O que podemos fazer em conjunto? Qual a nossa prática de ativismo? Que histórias temos para contar? Como e onde essas histórias serão contadas? Quais elementos podemos usar como artifício para “chamar a atenção” da sociedade? O que entregamos para nossa “Classe Econômica”? O que entregamos para nossa “Primeira Classe”? Por que as pessoas nos ajudam? Qual(is) perfil(s) de nossos stakeholders? Como chamar a atenção mediante o cotidiano dos perfis acima? Temos um banco de dados centralizado? Quais as informações que temos? Quais as informações que necessitamos e podemos ter? Como agregar emoção em nossa comunicação? Qual o cotidiano de nossos doadores? Qual o dia a dia de nossa cidade? Como é nosso relacionamento multidirecional? Reflexões e análises sobre esses e outros aspectos podem ser encontrados no livro Comunicação: Visibilidade e Captação de Recursos para Projetos Sociais do autor Marcio Zepellini
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rosimery de fátima oliveira
Meio Ambiente
Especialista em diagnóstico e planejamento sistêmico
Matamos a cobra e mostramos o pau. Epa! Não podemos matar a cobra, porque ela pertence a uma rede de coadjuvantes sustentáveis dentro de uma dinâmica ecossistêmica.
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O verdadeiro profissional da sustentabilidade
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nda circulando na rede textos abordando quem seriam os profissionais da sustentabilidade. Assim como ocorreu com a palavra ecologia, sustentabilidade tem sido usada para tudo, e acabou sem significado, claro. Gostaria de dar meu pitaco. Conforme o professor Gastão Franco da Luz, que também escreve nesta coluna, sustentabilidade é a propriedade de um processo que, além de continuar existindo no tempo, revela-se capaz de: (a) manter padrão positivo de qualidade, (b) apresentar, no menor espaço de tempo possível, autonomia de manutenção (contar com suas próprias forças), (c) pertencer simbioticamente a uma rede de coadjuvantes também sustentáveis e (d) promover a dissipação de estratégias e resultados, em detrimento de qualquer tipo de concentração e/ou centralidade, tendo em vista a harmonia das relações sociedade-natureza. Da onde veio esse conceito? Do estudo das bases epistemológicas do tema as quais envolvem Thoreau, Bertalanffy, Odum, Morin, Bauman, entre outros. Matamos a cobra e mostramos o pau. Epa! Não podemos matar a cobra, porque ela pertence a uma rede de coadjuvantes sustentáveis dentro de uma dinâmica ecossistêmica. No máximo capturamos a cobra, caracterizamos e depois soltamos novamente no ambiente a qual ela pertence. Vou tornar a frase sustentável: capturamos a cobra e mostramos a caracterização. Agora voltamos ao objetivo do texto: quem é o verdadeiro profissional da sustentabilidade? Resposta: o profissional desempregado. Peguei pesado? Explico. No exercício de sua profissão, o profissional da sustentabilidade busca contribuir para o processo da sustentabilidade. Como estou falando de mercado de trabalho, refiro-me à sustentabilidade do ur-
bano insustentável. Então, dentro dos limites desse ecossistema artificial, o profissional minimamente aplica em si mesmo o que prega. Ele não possui automóvel e sempre evitará o uso de um meio de deslocamento que utilize combustível não renovável. Considerando um impacto mínimo, ou ele anda a pé, ou, no máximo, de bicicleta. Ônibus? Só em ladeira. Ele possuirá apenas - e tão somente - o essencial para sua qualidade de vida, ou seja, será módico no quesito habitação, mobiliário, vestuário. Leia-se: nada de descartável. Ele fará uso racional da tecnologia, evitando a aquisição de produtos eletrônicos supérfluos e/ou descartáveis. Ele será um representante ativista da demanda por produtos e serviços que utilizem materiais reciclados, incluindo brexós, sebos, bibliotecas, garage Sales. Ele prega em si mesmo o próprio discurso. Então, vamos imaginar esse profissional sendo chamado para uma entrevista de emprego. Ele vai de ônibus e, nesse caso, corre o risco de chegar atrasado. Para os padrões de moda das marcas supérfluas, ele possivelmente estará malvestido. Agenda? Aquela antiga de papel reciclado. Seu concorrente na tal entrevista chega dirigindo um automóvel movido a diesel, vestindo os últimos lançamentos da moda metrossexual e anotando dados em um tablet. Qual deles causará melhor impressão? O mercado empresarial busca profissionais que saibam tornar a sustentabilidade viável sem prejudicar o lado econômico dos negócios. Corretíssimo, ninguém quer montar uma empresa para ter prejuízo. Entendeu porque o verdadeiro profissional da sustentabilidade - conceituada no início deste texto - está sub e/ou desempregado? Para sobreviver, temos de ser “meio” sustentáveis. O mercado ainda não tem espaço para o inteiro. Soltei a cobra.
gestão de resíduos
Compostagem abre portas no país Responsabilidade ambiental é principal motivo para disseminação de composteiras pelo Brasil Lyane Martinelli
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divulgação
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consciência de investir em formas mais inteligentes e seguras de destinação de lixo é um dos principais motivos para a aposta na utilização de composteiras de lixo orgânico. A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Controle de Resíduos Sólidos, busca formalizar com os diversos setores da sociedade civil a sua responsabilidade quanto ao gerenciamento e à gestão dos resíduos sólidos. Com essa decisão do governo federal, grandes nomes do setor industrial brasileiro estão buscando soluções de compostagem para a destinação de seus resíduos orgânicos que antes tinham como destino lixões e aterros sanitários. Mais que apenas realizar o cumprimento da lei, o uso das composteiras vem sendo incorporado a novas posturas socioambientais desses grupos empresariais, que colocam a responsabilidade ambiental como pilar em busca de um modelo sustentável de atuação. Eficientes para diversos perfis, sejam eles familiares, empresariais, de condomínios ou escolas, o uso das composteiras vem mostrando como é possível dar novas e melhores destinações àquilo que é descartado. No último ano, o uso de desses equipamentos no Brasil vem crescendo exponencialmente. A JORABrasil, empresa representante exclusiva da marca sueca JORAForm, pioneira na produção de composteiras, vem ampliando seu fornecimento desses equipamentos pelo país. “A partir do momento que, dentro das definições da lei, a compostagem é reconhecida como um meio de destinação final ambientalmente correta, penso que a discussão e interesse relacionados ao tema tenham aumentado muito”, comenta Eduardo Schreiber, diretor comercial da JORABrasil. Empresas de grande porte no país, como Embraer e Vale, estão entre as que vêm aderindo ao
uso de equipamentos específicos para a decomposição de lixo orgânico. “Isso demonstra que já existe grande preocupação, principalmente em empresas que são referência no que fazem, em ter soluções ambientalmente corretas, independentemente dos resíduos que elas estejam gerando”, comenta Schreiber. Hoje, as composteiras já estão em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, além de um grande número de equipamentos no nordeste. “Além das grandes empresas, temos exemplos de entidades menores que também vêm apostando nessa ideia. É o caso do Condomínio Joinville Country Club, onde o adubo produzido em uma composteira automática é utilizado nos campos de golfe. Outro caso é o da Escola Municipal Hermann Müller, também em Joinville, na qual os alunos fazem a compostagem em uma composteira manual e utilizam o adubo produzido em uma horta orgânica”, comemora.
A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Controle de Resíduos Sólidos, busca formalizar com os diversos setores da sociedade civil a sua responsabilidade quanto ao gerenciamento e à gestão dos resíduos sólidos GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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gestão de resíduos
"O uso de composteiras diminui os gastos com armazenamento, transporte e descarte dos resíduos. Todos esses são fatores que nos fazem visualizar um futuro promissor para a utilização desses equipamentos no país”, Eduardo Schreiber, diretor comercial da JORABrasil
Hoje, fazendo parte de um perfil específico na sociedade, o uso de composteiras está no caminho para se tornar uma solução importante para aqueles que têm incorporada a consciência ambiental. “Ao adotar um sistema de compostagem, a empresa tem o controle total do processo, garantindo que todos os seus resíduos orgânicos tenham destinação final ambientalmente correta. Além disso, a implantação de um equipamento como esse abre possibilidade de realizar diversos projetos, como a participação de colaboradores na produção de hortaliças orgânicas, aulas de educação ambiental com funcionários, sua família ou a comunidade que está no entorno da empresa, utilizando o composto para produzir mudas, promover ações ambientais ou simplesmente deixar os jardins da empresa mais bonitos. Um equipamento desse torna muito mais visível o comprometimento da empresa com o meio ambiente, pois ela está transformando algo que era tratado como “lixo” em alimento para a natureza”, define Schreiber.
Em um futuro próximo • O uso de composteiras no Brasil, apesar de crescente, ainda é tímido se comparado ao uso aplicado em países meno-
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res e com menor população. Mas, como faz parte de todo um processo de mudança de consciência, os pequenos passos são importantes para a ampliação desse caminho. “No Brasil, a destinação de resíduos ainda tem um preço relativamente baixo, porém sem qualidade. Além disso, existem ações não muito adequadas de destinação final de resíduos orgânicos, como a utilização de resíduos para alimentação animal, sem o devido controle e higiene, por exemplo. Por outro lado, é possível notar o crescente interesse na compostagem por empresas que realmente estão comprometidas com soluções ambientalmente corretas”, explica Schreiber. Entretanto, por ser um processo simples e de custo relativamente baixo, a JORABrasil pretende triplicar o número de composteiras instaladas no país nos próximos 18 meses. “O equipamento não requer grande demanda de mão de obra, o consumo elétrico é muito baixo e o processo, devido a controles de revolução e aeração, é muito higiênico. Além disso, o uso de composteiras diminui os gastos com armazenamento, transporte e descarte dos resíduos. Todos esses são fatores que nos fazem visualizar um futuro promissor para a utilização desses equipamentos no país”, define.
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As vantagens • O uso de composteiras é fácil e requer um treinamento simples, que pode ser enquadrado nas atividades cotidianas da empresa. “As composteiras JORABrasil transformam facilmente os resíduos orgânicos em um rico adubo e o equipamento é instalado muito próximo ao local onde os resíduos são gerados, dispensando gastos desnecessários com armazenamento em câmaras frias, transporte e destinação dos resíduos orgânicos a aterros, por exemplo. O processo é adequado a todos os tipos de resíduos orgânicos de cozinha, inclusive carnes, queijos ou cascas de frutas cítricas, por exemplo. Os resíduos são adicionados na composteira assim que gerados, evitando o seu acúmulo em locais que podem atrair animais indesejados”, explica.
Em curto prazo, a instalação desses equipamentos garante o cumprimento da lei pelas empresas, pois seus resíduos estão sendo tratados adequadamente, e não descartados de forma inapropriada por terceiros. O que poderia causar diversos danos ao meio ambiente ou à saúde pública. Mas a médio e longo prazos, mais que cumprir suas obrigações, a empresa que aposta no uso de composteiras pode fazer cálculos de retornos financeiros efetivos com a utilização do material. “Ainda há o enorme retorno do reconhecimento da marca vinculado a ações ambientalmente corretas, bem como a possibilidade de potencializar isso com projetos que envolvam colaboradores, clientes ou a sociedade”, comenta Schreiber.
GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Auditoria ambiental florestal Julis orácio felipe editora clube dos autores
gestão para a sustentabilidade Julis orácio felipe editora clube dos autoresEditora atlas
Biblioteca
Vitrine Sustentável
escolhas sustentáveis Discutindo biodiversidade, uso da terra, água e aquecimento global rafael morais chiaravalloti e cláudio valadares pádua editora urbana aquecimento global e créditos de carbono rafael pereira de souza (ORG.) editora quartier latin
Sustentabilidade planetária, onde eu entro nisso? Fabio Feldmann terra Virgem Editora
CIÊNCIA AMBIENTAL Terra, um Planeta Vivo daniel b. botkin e edward a. keller ltc editora
José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira
Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável
fio porque ainda não existe um consenso universal sobre o real significado do termo e os assuntos que estão inseridos no conceito ainda estão em construção. De fato, nós da ISO temos dado uma contribuição a este debate por meio do grupo de trabalho sobre Responsabilidade Social que desenvolve a futura norma ISO 26000 para orientar esse tema tão variado, complexo e quase sempre controverso.
• A L A N B RY D E N
Secretário-geral da ISO – International Organization for Standardization
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Responsabilidade social, empresarial e empresa sustentável
Se a abordagem usada pelos autores é muito abrangente, na intenção de refletir sua complexidade, corre-se o risco de tratar o tema com superficialidade. Se os autores focam demais em uma questão ou em um grupo pequeno de temas, fica difícil transmitir uma visão geral da ampla gama de conceitos envolvidos. Entretanto, os autores deste livro foram hábeis em evitar essas duas armadilhas e conseguiram comunicar toda a riqueza que o verdadeiro entendimento do conceito de responsabilidade social requer, tanto na profundidade quanto na abrangência.
José Carlos Barbieri Jorge Emanuel Reis Cajazeira
Escrever sobre Responsabilidade Social é um verdadeiro desa-
Responsabilidade Social Empresarial e Empresa Sustentável Da teoria à prática
José Carlos Barbieri é mestre e doutor em Administração, é professor do Departamento de Administração da Produção e Operações da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP-POI) desde 1992. Foi professor em renomadas instituições de ensino superior, como a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). É professor do programa de pós-graduação stricto sensu da EAESP, da linha de pesquisa em gestão ética, socioambiental e de saúde. Pesquisador e coordenador de diversos projetos de pesquisa nas áreas de gestão da inovação, do meio ambiente e da responsabilidade social. Coordenador do Centro de Estudos de Gestão Empresarial e Meio Ambiente da FGV/EAESP. Membro do Fórum de Inovação da FGV/EAESP. Participou da comissão do INMETRO para criação de normas sobre certificação de sistemas de responsabilidade social. Participa de comitês científicos de diversas revistas e congressos científicos, nacionais e internacionais, e de várias agências de fomento. CONTATO COM O AUTOR:
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL José Carlos Barbieri e Jorge Emanuel Reis Cajazeira
barbieri@editorasaraiva.com.br
Jorge Emanuel dos Reis Cajazeira. Engenheiro mecânico pela Universidade Federal da Bahia,mestre e doutor pela FGV/EAESP. Executivo da área de competitividade da Suzano Papel e Celulose, onde trabalha desde 1992. Eleito pela revista Exame, em 2005, como um dos quatro executivos mais inovadores do Brasil. Foi expert nomeado pela ABNT para a redação das normas ISO 9001 e ISO 14001 (1995-2004), coordenou os trabalhos para a criação da norma NBR 16001 – Responsabilidade Social e presidiu a comissão do INMETRO para criação de um sistema nacional para certificação socioambiental. Em 2004, foi eleito o primeiro brasileiro a presidir um comitê internacional da ISO, o Working Group on Social Responsibility (ISO 26000). É membro do comitê de critérios da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), coordenador do comitê de inovação e ativos intangíveis (FNQ) e ex-presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). CONTATO COM O AUTOR:
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GERAÇÃO SUSTENTÁVEL
LOGÍSTICA REVERSA Em busca do equilíbrio econômico e ambiental PATRICIA GUARNIERI editora CLUBE DE AUTORES
O PROPÓSITO DO SÉCULO XXI Um plano vital pra assegurar nosso futuro JAMES MARTIN CULTRIX - AMANA-KEY
Para
você
o que é o
verão?
Curtir a vida é ir além de estar conectado É relacionar-se com os
É passear no parque Curtir
a vida é movimentar-se
É celebrar com a
o sol
verão
brilhar a cada amanhecer da estação
com quem você mais É deixar
família cada conquista alcançada.
Deixar a brisa do vento bater no seu rosto,
É curtir a lua a cada anoitecer do
Deixar
amigos
o tempo passar, brincar
a cada instante,
estar com as pessoas. Deixando a
mente
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