Revista H - 5ª edição (dezembro 2015)

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Ano 2 | número 5 | verão 2016

O poder do folk

+ A moda e os cortes que serão sucesso em 2016 + Um ensaio fotográfico sobre os salões de beleza + PL 5230/13: O que muda na vida do cliente + Atacama, Bolívia e Machu Picchu para não mochileiros


Retranca

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Carta ao Retranca Leitor

Rumo a Miami T

POR KIYOMI OSHIRO (TIAN)

Parceira Black HELIO – especialista em corte, coloração e penteado.

em gente que acha que trabalhar no ramo da beleza é limitado às horas cumpridas dentro do salão, àquele espaço de cadeiras, tesouras e secadores. Felizmente, não é assim – pra mim, pelo menos, nunca foi. Esse mundo, que eu vivo já há muito tempo, é bem mais amplo. Quando fui apresentada ao Helio, há mais de 25 anos, tive a chance de adquirir conhecimentos técnicos, desenvolver meu espírito de liderança e o gerenciamento educacional neste mercado cada vez mais ocupado, mas nem sempre olhado com carinho. Foi em contato com esses desafios que eu, participando de workshops, feiras, cursos e apresentações de grandes marcas do mercado, conheci várias cidades brasileiras e diferentes países. Porque, sim, a beleza não está limitada a fronteiras: é um bem comum para ser cultivado, compartilhado e realçado no mundo inteiro. E é muito bom saber que o grupo HELIO também está participando desse movimento internacional. Em 2016, começa o projeto Miami. Vamos encarar o desconhecido – de novo! Abrir uma nova casa

em outro país é, com certeza, mais um fruto do trabalho de profissionais dedicados e líderes visionários que esta nossa rede brasiliense tem. E é também uma forma de agradecermos pelo nosso passado e encararmos com otimismo o futuro que nos espera. Hoje, o grupo HELIO é conhecido nacionalmente por formar profissionais de beleza de alto padrão, incentivar a inovação e estimular o planejamento, peças fundamentais para o crescimento de uma empresa. E a oportunidade de explorar novos horizontes acaba sendo uma consequência de tudo isso: estar bem internamente para transparecer externamente. Eu, como sócia, educadora e parceira Black, fiquei muito feliz com mais esse grande passo da empresa. Tenho muito orgulho de fazer parte deste time e de encarar, superar e abraçar mais este desafio com toda a família HELIO. Quis compartilhar esse sentimento com vocês e sei que, nas próximas páginas desta quinta edição, vocês vão entender porque o amor pelo trabalho pode transformar pessoas e histórias. Boa leitura!

UNIDADES HELIO • Shopping Iguatemi Endereço: 1º Piso – Loja 117 A Telefone: (61) 3202–0070 Funcionamento: Aberto aos domingos das 14h às 20h

• Pier 21 Endereço: Ao lado da Academia Companhia Athletica Telefone: (61) 3223–3232 Funcionamento: Aberto aos domingos das 10h às 18h

• Lago Sul Endereço: SHIS QL 8, conjunto 1, casa 3 Telefone: (61) 3364–2000

• Sudoeste Endereço: CLSW 101, bloco B Telefone: (61) 3342–1033

• Liberty Mall Endereço: 2º Piso – Loja 184 Telefone: (61) 3327–2242

• Centro de Formação Profissional Endereço: SCS, quadra 2, bloco C, nº 180, sala 101 – Cedro II Telefone: (61) 3223–4400

• Terraço Shopping Endereço: 2º Piso – Loja 263 Telefone: (61) 3362–7755 Funcionamento: Aberto aos domingos das 14h às 20h

• H.Ex Pátio Brasil Endereço: 3º Piso Telefone: (61) 3034-4010 Funcionamento: Aberto aos domingos das 14h às 20h

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Expediente SUPERVISÃO GERAL Gustavo Nakanishi • EDITORA-CHEFE Marcela Heitor • COORDENAÇÃO Adriano Pereira e Marcelo Chamarelli • PROJETO GRÁFICO Alessandra Castro Konig • DIAGRAMAÇÃO Chica Magalhães • TIRAGEM 10 mil exemplares • 4 CONTATO: (61) 3364-2000 – revistah@heliodiff.com


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VOCÊ SABE O QUE UM BEAUTY COACH FAZ?

12 QUAL A MELHOR LINHA DE PRODUTOS PARA LOIRAS?

14 FOLK-SE!

8 9 INSPIRAÇÕES QUE PROMETEM CHACOALHAR SEU GUARDA-ROUPA DE INVERNO EM 2016

16 TRADIÇÃO E INOVAÇÃO LADO A LADO

UM NOVO CONCEITO DE BELEZA

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UM RAIO-X DOS FOOD TRUCKS

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A SUA BELEZA É BEM MAIOR DO QUE QUALQUER BELEZA DE QUALQUER SALÃO

21 ENTRE PANELAS E CAÇAROLAS

36 O CARA POR TRÁS DO MELHORES DESTINOS

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POR QUE TANTOS BRASILEIROS QUEREM SAIR DO BRASIL?

MOCHILÃO PARA NÃO MOCHILEIROS

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53 POR QUE 75% DOS BRASILEIROS ESTARÃO OBESOS EM 2020?

68 COMO ESCOLHER AS MÚSICAS PARA O SEU CASAMENTO

CAPITAL PICNIK

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66 SEM DÚVIDAS NA HORA DE AJUDAR

72 A ARTE DA BELEZA NÃO TEM CRONÔMETRO

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PAUSA PARA O CONHECIMENTO

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10 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE VINHOS

80 UMA NOIVA EM FÚRIA (PODE CONTER FATOS QUASE REAIS)

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Editorial

Folk-se! por Márcia Rocha

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música, o cinema e os movimentos culturais sempre foram combustível para o imenso caldeirão a que chamamos moda. É como se a cada temporada passeássemos por décadas passadas repensando e repinçando estilos. Nas últimas duas temporadas, nos vimos trazendo dos anos 70 camurças, flores, franjas e tricô para compor aquilo que aprendemos a chamar de folk. Mas de onde vem essa vibe tão presente nas vitrines mundo afora? O termo “folk” surgiu no século XIX e é derivado de ‘folk lore’ ou seja, tudo aquilo relacionado à sabedoria popular. Bem mais tarde, nos

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anos 1960, daria nome a um dos gêneros mais influentes, engajados e cultuados da história da música pop, a folk music. Esse estilo musical é tocado basicamente com a ajuda de instrumentos acústicos, como banjo, violino, gaita, violão de aço, bandolim e guitarras acústicas e teve seu auge nos anos 60, com as canções ultrapolitizadas de gênios como Bob Dylan. Na moda, o folk surge traduzido pela predominância de tons terrosos, peças rústicas e artesanais e temática ligada à natureza. Junte a isso tudo acessórios repletos de franjas, um bom e lindo chapéu de abas largas e voilá! Você está pronta pra se esbaldar nessa trend que promete demorar a nos deixar.


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Retranca

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Peças-chave • • • • • • • • •

coletes de pele vestidos esvoaçantes camisas de denim jaquetas bordadas botas pesadas franjas tricôs flores campestres estampas delicadas

10 álbuns para ficar por dentro da música folk

ÍCONES DESSE ESTILO: KATE MOSS E A STYLIST RACHEL ZOE

1. Bob Dylan – Bringing It All Back Home (1965) 2. Mississippi John Hurt – Avalon Blues (1963) 3. Mumford & Sons – Wilder Minds (2015) 4. Suricato – Sol-te (2014) 5. Devendra Banhart – Mala (2013) 6. Neil Young – Harvest Moon (1992) 7. James Taylor – Sweet Baby James (1970) 8. Joni Mitchell – Miles of Aisles (1974) 9. Fleet Foxes – Fleet Foxes (2006) 10. Joan Baez – Joan Baez (1960)

Fotografia: Max Rocha Modelo: Lorena Loschi Produção de Moda: Math e Caio Magalhães Styling: Math e Lorena Loschi Beleza: Gabriela Almeida e Yumi Misuqui ​Roupas: Avanzzo Acessórios: Baroque Atelier

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Batalha de produtos

Qual a melhor linha de produtos para loiras?

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abelos claros são lindos, poderosos e nunca saem de moda. Mas quem tem, sabe como dão trabalho! Manter o tom do loiro certo, com brilho, maciez e hidratação, exige uma rotina sagrada no salão e produtos aliados. Por isso, dedicamos a batalha de marcas desta edição às linhas que ajudam no tratamento dos fios loiros. Conheça quem entrou e quem ganhou a disputa!

DUMB BLONDE (BED HEAD)

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Por ser fácil de utilizar, a linha Dumb Blonde é hoje líder de vendas na rede Helio. Os produtos são ideais para recuperar o cabelo após usar tintura ou descoloração. Além do cheirinho gostoso, a linha tem uma fórmula com proteínas do trigo e da soja, queratina e pró-vitamina B5.

“Cabelos coloridos necessitam de produtos que protegem a cor e garantem a hidratação dos fios, como o Dumb Blonde.” Flávio Minoru – Profissional Platinum Lago Sul

“É um tratamento completo para loiras e a cliente ainda pode optar por dois shampoos: um com mais tonalizante (Toning Shampoo) e outro mais nutritivo, com queratina e aminoácidos, que deixa o cabelo mais hidratado.” Suely Maeda – Profissional Black Lago Sul

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BLONDE IDOL (REDKEN)

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Essa linha é indicada para quem quer reparar os danos causados pela descoloração dos fios. Pontos positivos principalmente para a maciez, brilho e balanço. O tratamento também é rico em proteína e contém pigmento violeta, que pode ser dosado e neutraliza os tons amarelados de loiros mais platinados/acinzentados.

“Fios loiros costumam ficar amarelados e sem vida. Blonde Idol devolve a naturalidade e beleza dos loiros, neutralizando a cor dos fios.” Flávio Minoru – Profissional Platinum Lago Sul

Como aplicar Antes de aplicar, é importante entender a necessidade dos fios. O produto já vem com uma sugestão de quantidade a ser usada e tempo de tratamento, que geralmente varia de 1 a 6 semanas. Na primeira semana, usar maior quantidade de tratamento e menor quantidade de pigmento. Na sexta, o inverso. Usar apenas uma vez por semana.

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BLEACH BLONDES (LEE STAFFORD)

Como aplicar O uso não deve ser contínuo porque pode deixar o cabelo muito claro. Os profissionais recomendam a frequência de uma a duas vezes na semana. Conforme o resultado for alcançado, aumentar a pausa entre as aplicações.

É a opção com o melhor custo-benefício dos três. O shampoo hidratante refresca, restaura os fios loiros e acaba com tons amarelo canário ou alaranjados. Tem na composição o complexo Pro-Blonde TM pantenol, camomila e extrato de semente de moringa, um ingrediente multi-tarefas que ajuda a deixar os cabelos completamente limpos, realçando o brilho natural. Também contém proteção de cor de alta tecnologia, que ajuda a reparar o resultado opaco causado pela luz solar.

“Este é um desamarelador com uma excelente fragrância. Limpa os fios, deixando-os com brilho e balanço.” Drih Menfer – Profissional Bronze Lago Sul

Bed Head

Redken

Lee Stafford

Catwalk

L’Oréal

Wella

Kérastase

Matrix

Dumb Blonde

Blonde Idol

Bleach Blondes

Fashionista

Shine Blonde

Color Recharge

Chroma Riche

Silver

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Proteção da cor Neutraliza amarelado Hidratação/maciez Restauração Brilho Proteção térmica Preço

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Moda

INSPIRAÇÕES

que prometem chacoalhar seu guarda-roupa de inverno em 2016 por Márcia Rocha

É

fato que a moda, há pelo menos uma década, vem abolindo aos poucos os manuais de tendências, abrindo espaço para que as temporadas sejam cada vez mais livres e plurais. No entanto, o melhor modo de as marcas nacionais e internacionais mostrarem suas coleções ainda continua sendo a velha e boa semana de moda. Ficar atento ao que foi apresentado em eventos como a São Paulo Fashion Week, maior semana de moda da América Latina, ajuda a antecipar o que vai ser hit no guarda-roupa. E foi o que fizemos. Com vocês, dicas para fazer bonito na próxima estação.

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. 90’S REVIVAL

Para caminhar, a moda sempre olha para o passado rumo ao futuro e a bola da vez são, definitivamente, os anos 90. Do minimalismo ao japonismo, do grunge ao cool, do tecnológico às cores cítricas típicas das raves, prepare-se para embarcar de volta nessa década. Aliás, as coleções internacionais de verão 2017 já cantaram essa pedra na última temporada de desfiles...

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. ARTESANIA/ASPECTOS DE FEITO À MÃO

Os aspectos de feito à mão talvez sejam a inspiração mais presente nessa temporada. Na contramão da moda automatizada pelo fast-fashion, surgem peças de texturas e construções elaboradas e que valorizam o trabalho de bordadeiras, rendeiras e tricoteiras. A coleção da paulista Fernanda Yamamoto, por exemplo, foi totalmente feita a mão, processo que levou três meses. Patrícia Bonaldi, Ronaldo Fraga e Iódice também já aderiram a esse movimento.

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. SEGUNDA PELE

O universo de guerreiras e gladiadoras foi pano de fundo para muitas coleções. Das armaduras dessas personagens migram couros, peles sintéticas, plumas e zíperes, muitas vezes aplicados com efeito decorativo. Atente para a mistura desses materiais numa mesma peça e prepare-se para elevar o visual urbano a um novo patamar.

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. TOO SEXY

Outra grande aposta do inverno 2016 é a sedução. Tecidos telados, rendas, aberturas e transparências se encarregam do jogo de esconde e mostra. Destaque para fendas que revelam os ombros e prometem esquentar o clima e apimentar ainda mais a sedução da temporada.

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. PRETO NO BRANCO

Inverno é tempo de preto total, mas nessa temporada, o preto e branco, a dobradinha mais clássica da moda, invadiu as passarelas, com destaque absoluto para looks de branco total radiante.

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. OVERSIZE ME!

Sobretudos e casacos exercem um papel extra nesse inverno. Além de encarregaremse da proteção do frio, ganham o status de peça-chave da temporada e surgem ora longos, ora em versões maximizadas, abusando de detalhes como bolsos e golas destacadas em outros tons e cores, e até botões decorativos e estampas. Ah! Esqueça o monopólio da lã e aposte em materiais como couro metalizado e até vinil.

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. DUPLA DINÂMICA

Enquanto o veludo recupera sua posição de matéria nobre e indispensável nas temperaturas mais frias, o couro ganha tratamento especial e surge mais leve em vestidos, saias e tops com alças. Aposte nos dois.

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. MADE IN JAPAN

Na onda da revisita aos anos 90, algumas marcas apostaram na bossa japonesa do quimono. Peças transpassadas e amarradas na cintura, em referência a essa peça icônica, aparecem na Lilly Sarti, Osklen e Colcci. Até alguns tops ganharam mangas abertas e o decote em V, numa alusão a esse clássico nipônico.

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. HEAVY METAL

Depois de reinar absoluto em algumas temporadas, o dourado cede lugar ao prateado, que se destaca como protagonista do inverno 2016. Vale apostar em acessórios como bolsas e sapatos, privilegiar uma peça ou embarcar na onda look total, no melhor estilo futurista e tecnológico, como manda o figurino a la anos 90.

BELEZA PURA! Elixir Ultime Sérum, da Kérastase

Paralelamente aos lançamentos das coleções, surgem as apostas de beleza para cada

Rewind 6, da Redken

temporada. Também pensando no inverno 2016, conversamos com Vera Oliveira, top hairstylist e maquiadora do Helio Iguatemi, para saber quais

Working Wax Maneuver, da Redken

serão as tendências nos salões. Dá uma olhada!

CORTES

As variações dos cortes tipo “bob” (que tem as mesmas proporções do Chanel)

Web Tec in Art, da L’Oréal

seguem invictas na liderança entre as preferidas para o próximo ano. Segundo Vera, o long bob – ou apenas lob, irmão mais longo do bob – já tem seu trono garantido em 2016. “Ele tornou-se atemporal e a inovação para o inverno

FIOS

Definir mechas e ondas é a grande sacada dos cortes curtos. Para dar um efeito arrasador nos fios, aposte nos produtos acima.

2016 é a versão em camadas, com ondas repicadas, bem anos 70”, defende. Os curtos, chamados “Pixie”, também continuam em alta. Destaque para variações com franjas irregulares que aparecem em

OLHOS

versões mais radicais de Pixie, bob e long bob.

MAKE

A pele mais natural e iluminada continua em alta. A novidade é o efeito estroboscópico, ostrobing, que nada

Delineadores gráficos, mais “borradinhos”, são a bola da vez. “Sombras metálicas, principalmente nos tons de cobre e dourado, além de maquiagens que combinam tons de azul e verde, são as apostas para o frio”, defende Vera.

mais é que “utilizar um iluminador e, através do reflexo da luz, dar destaque a determinadas áreas da face”, explica Vera. “É como se fosse aquele contorno feito com sombra marrom de temporadas passadas, só que em vez da sombra, utilizamos o iluminador”, acrescenta.

BATOM

“Aposto muito no coral. Estou apaixonada pelo Kiss Kiss Lipstick, da Guerlain, na cor Sexy Coral”.

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Fotografia

“Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece.” Kafka Daniel Laviola

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A sua beleza é bem maior Do que qualquer beleza De qualquer salão

V

ocê já parou para pensar quantas horas gasta (ou melhor, investe!) todo mês dentro de um salão de beleza? É a unha sagrada de toda semana, aquela escova para uma ocasião especial, maquiagem e penteado nos dias de casamento. Sem contar depilação, corte, coloração, sobrancelha, barba... É, não tem jeito! Homens e mulheres, vez ou outra, estão lá, entre secadores e tesouras. Mas quantas vezes você parou para pensar sobre esse universo? Parar e olhar detalhadamente para aquele turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo foi a missão que demos para o fotógrafo Daniel Laviola. Sim, um homem. Com esta missão dentro de um salão no sábado a tarde. Com duas noivas. E muitos horários e marcações. Como tudo isso pode ser congelado no tempo pelo zoom e pela lente de uma câmera?

Fotos para falar de detalhes. Fotos para falar de beleza. Fotos para falar de salão.

“Ser só bonita não interessa. Seja interessante!” Nelson Rodrigues

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Retranca

Daniel Laviola

VOCÊ SABIA? Um levantamento da Federação do Comércio de São Paulo, baseado em dados do IBGE, revelou que as famílias brasileiras gastam por ano R$ 20,3 BILHÕES com serviços de cabeleireiro, barba, manicure e pedicure. É uma quantia 18% superior com o que é investido em educação, por exemplo. Maior também do que as despesas com alimentos básicos, como aves e ovos. Quem mais frequenta os salões é a classe C, movimentando R$ 11,8 BILHÕES no setor. A classe A vem em seguida, com R$ 3 BILHÕES, mas ganha no quesito “valor médio” gasto: R$ 1.310,38 por ano. Para os consumidores da classe C , a média é de R$ 369,27.

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Retranca

NO ANTIGO EGITO As primeiras evidências de uso de cosméticos na civilização foram encontradas no Antigo Egito. Nessa época, a maquiagem fazia parte de um ritual de beleza e de higiene diária. Assim como as perucas, também era uma forma de distinção social: quanto mais maquiada, maior o status da pessoa. Mas os cosméticos não ficavam restritos só aos faraós. Os camponeses também tinham este costume. A diferença estava na qualidade dos produtos.

OLHOS Os egípcios acreditavam que maquiar os olhos evitava olhar diretamente para Rá, o Deus Sol. E que, com a pintura, tanto Rá quanto Horus (Deus dos Céus) protegeriam contra infecções oculares. A maquiagem era feita nos cílios, pálpebras e sobrancelha, cobrindo toda esta área com uma mistura de metais pesados.

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Daniel Laviola


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Retranca

PERUCAS As perucas surgiram como uma solução de um problema que os egípcios antigos tinham. Cabelos longos e espessos eram ótimos para proteger dos raios de Sol e aquecer a cabeça durante as noites frias, mas eram desconfortáveis nos dias quentes e um prato cheio para os piolhos. Por isso, eles preferiam raspar ou deixar o cabelo curtinho e usar perucas, principalmente em banquetes e ocasiões públicas. Geralmente elas eram feitas com madeixas naturais, mas para dar um aspecto volumoso e denso, algumas vinham também com entretela de lã e fibras vegetais.

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SALÕES DE BELEZA

Daniel Laviola

Os primeiros salões de beleza foram criados em Atenas, na Grécia. Ficavam em praças públicas e eram usados apenas por homens, que faziam a barba e ondas no cabelo. Também tinham serviço de manicure, pedicure e massagem. Mas o primeiro salão de beleza mesmo, na proposta que conhecemos hoje, foi inaugurado em Paris, em 1635. Nele, apenas mulheres ricas da nobreza eram atendidas pelos “cabeleireiros celebridades”, responsáveis pelas perucas e penteados que ditavam a moda nessa época.

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Helio

Tradição e inovação lado a lado J

á são mais de 30 anos vendo a transformação de homens, mulheres e crianças em simples cadeiras. Gente que entra no salão querendo realçar o que tem de melhor. Gente que quer ser cuidada. Em todos esses anos, centenas de profissionais já realizaram esses pequenos sonhos. “A alegria e o bem estar são reflexos do lapidar humano. Por isso o nosso time não cansa de ver aquele brilho único nos clientes quando a transformação ocorre”, conta Gustavo Nakanishi, especialista black HELIO. Hoje a rede conta com mais de 300 profissionais, especialistas em coloração, cortes, penteados, maquiagem, design de unhas e sobrancelhas, depilação e estética. Eles passaram pelas principais academias de beleza do mundo e hoje são reconhecidos no mercado pelo valor da tradição e pela capacidade de se reinventar. “Isso se deve graças ao nosso time de especialistas black, que se renova a cada ano. Consultores da beleza com vários perfis de liderança e liberdade criativa”, resume Gustavo.

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« Helio Nakanishi

« Rosália Matsunaga

« Olga Ikeda

“A alegria e o bem estar são reflexos do lapidar humano. Por isso o nosso time não cansa de ver aquele brilho único nos clientes quando a transformação ocorre” Gustavo Nakanishi

« Sueli Maeda

« Ita Ribeiro


Profissionais que fizeram do Instituto de Beleza HELIO referência no segmento não apenas no Distrito Federal, mas em todo o país. São oito salões no total, incluindo um Centro de Formação Profissional, que tem como objetivo proporcionar capacitação e aperfeiçoamento técnico, além de colaborar com a diminuição da informalidade no segmento de beleza. Por trás de tudo isto está o cabeleireiro Helio Nakanishi. Aquariano ascendente em escorpião, ele é o fundador da rede e grande incentivador da capacitação e inspiração como norteadores da equipe.

« Maurício Misuqui

« Gustavo Nakanishi

« Tian

Coincidência ou não, vir ao Planalto Central parece que foi um destino inevitável, escrito nas estrelas - e no nome! Helio, em grego, significa Sol. Já Nakanishi, em japonês, pode ser interpretado como Dentro ou Centro (Naka) e Oeste (Nishi). Uma pessoa que veio iluminar o mercado da beleza do Centro-Oeste..

Regina Yamada «

GAMEFICATION: A ALEGRIA COMO EMOÇÃO PARA OS RESULTADOS DA VIDA Transformar números em sonhos e metas em desafios alcançáveis de forma divertida. Assim o gestor de talentos Marcelo Acácio e a gestora financeira Simone Dourado definem o Gamefication, dinâmica aplicada anualmente junto aos profissionais HELIO. A ideia da ação, dividida em seis fases estratégicas com diferentes propósitos, é

formar novos empreendedores e líderes, reforçando a interatividade entre os times. “Como todo game, a dinâmica começou com uma fase de pontuações. Já as outras passaram a ser eliminatórias, diretamente ligadas ao desempenho de cada um e às estratégias empreendedoras dos líderes. No final, o time de melhor desempenho foi premiado com viagens e o líder da equipe

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vencedora se tornou sócio da empresa”, explica Marcelo.

Luiz Marcelo «

“O mais legal é ver que a equipe como um todo descobriu vocações e talentos que nem imaginava ter. O Daniel revelou-se um empreendedor e vendedor nato”

Daniel Medeiros «

Hugo Nakanishi «

Adriano Pereira Dinalva Queiroz «

Transformar cada fase do jogo em uma grande aventura empreendedora é, aliás, um dos diferenciais da iniciativa. A proposta, segundo os gestores responsáveis, é trabalhar principalmente características como vontade, coragem, desmistificação, interação, liderança e empreendedorismo.

Alessandro Abe «

« Júlio Moroishi

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O grupo do profissional black Daniel Medeiros foi o grande vencedor da última competição. Aos 29 anos, o hair designer paraibano, junto com seus liderados, acabou se destacando nas tarefas de venda de produtos e conquista de parcerias. Para ele, o fator decisivo para ter vencido o desafio promovido pelo salão foi acreditar em seu melhor potencial. “Acho que esse é meu ponto forte. Quando eu quero alguma coisa, corro atrás, sempre tentando fazer o meu melhor da forma mais bem humorada possível”, avalia.

O Gamefication começou a partir de pequenos treinamentos mensais que a equipe HELIO já realizava com o grupo de líderes da empresa. A ideia era, com os encontros, iniciar um processo de mudança de ecossistema e cultura organizacional. Com a consolidação do Gamefication, o


objetivo foi ampliado e agora a a ação trabalha, principalmente, características como empreendedorismo, foco, estratégia e realização pessoal de cada profissional. Para o gestor de criação e marketing do grupo HELIO, Adriano Pereira, a ideia principal da dinâmica é despertar nos profissionais o interesse em participar de outras etapas do trabalho desenvolvido pelo salão. Para ele, Daniel foi o grande vencedor da última edição porque conseguiu boas parcerias e negociações com o mercado. “O mais legal é ver que a equipe como um todo descobriu vocações e talentos que nem imaginava ter. O Daniel revelouse um empreendedor e vendedor nato”, conta Adriano. O ganhador concorda: esse novo olhar ajuda a não “estacionar”. Daniel acredita que muitos profissionais do mercado da beleza mundial estão Isaura Moroishi «

Lucélia Hosokawa «

« Rogério Hamada

“No final, o time de melhor desempenho foi premiado com viagens e o líder da equipe vencedora se tornou sócio da empresa” Marcelo Acácio

« Vera Oliveira

« Nívia Rossetto

« Thaty Zampierri

pecando na falta de inovação e no atendimento ao cliente, por exemplo. “Estão todos muito monocromáticos, robôzinhos, fazendo tudo igual, sem nenhum diferencial. Pensar mais no seu bolso do que na satisfação do cliente não é saudável, nem vai fazer o negócio crescer. O maior fundamento de sucesso é aprender a escutar o que aquela pessoa que vai sentar na sua cadeira tem a dizer. E, claro, fazer as coisas com mais amor”.

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Retranca Beleza

Você sabe o que um beauty coach faz?

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gente já poderia começar falando sobre o tema desta matéria, mas antes de fazer você, leitor, aventurar-se por estas linhas, vamos esclarecer o que muitos ouvem bastante, mas nem sempre entendem o que é: o coaching! A prática é uma metodologia de desenvolvimento pessoal. Durante um ciclo de encontros (geralmente 10 a 12), o profissional coach aplica ao coachee (cliente) uma série de ferramentas formatadas em um método que visa o aumento da performance. Isso vai fazer com que o “aluno” aprenda a atuar em sua melhor versão, procurando evoluir e alcançar resultados otimizados, seja na área pessoal, seja na profissional. Isto tudo já vem sendo falado há algum tempo, com cada vez mais profissionais explorando este universo. Mas beauty coach é uma especialização rara no mercado. Na rede HELIO, entretanto, Márcio Lopes, sênior executive coach da GoFast, já atua há quatro anos. “Quando uma cliente busca o trabalho de um cabeleireiro ou de uma designer de unha, o objetivo é realçar sua beleza. Ela entra no salão esperando que esses profissionais estejam inspirados, antenados, cheios de energia e com o conhecimento necessário para que o que é belo apareça. Foi para valorizar essas características que iniciamos o trabalho de beauty coaching no HELIO”, conta Márcio. O ciclo de coaching prepara o coachee para a excelência. Durante os encontros, são trabalhados conceitos de empreendedorismo, gestão financeira, marketing pessoal, liderança e visão de futuro, pensando sempre em uma metodologia de desenvolvimento profissional e pessoal, voltada para aqueles que escolheram a beleza como profissão.

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Márcio Lopes, sênior executive coach da GoFast

EU POSSO FAZER COACHING? Como as ferramentas do coaching são universais, qualquer pessoa que esteja em busca de novos resultados, em qualquer área de sua vida, será bem-vinda. Esta vivência intensa, temporal e transformadora permitirá que o coachee coloque em prática o novo padrão de comportamento trabalhado. Normalmente executivos de alta performance passam anualmente pelo ciclo de coaching, justamente para que se mantenham em melhoria contínua.

Com mais de 1.700 horas de atendimento coaching, treinamento de equipe e aulas, Márcio Lopes conta que a máxima do “quando eu mudo, o ambiente à minha volta também muda” é visível nos salões. “Houve considerável melhoria no clima organizacional. O ambiente de trabalho é exponencialmente modificado após vários indivíduos melhorarem si próprios. O HELIO investiu no desenvolvimento de seus colaboradores e colhe os frutos de um time focado em resultados, autorresponsável e, acima de tudo, com uma atuação de excelência.”



Beleza

Uma nova versão da beleza Q

uem passou pelo Pátio Brasil nos últimos meses já percebeu: no 3º piso do shopping, profissionais deixam uma loja chamada H.ex mais alegre e movimentada todos os dias. O time faz parte da família HELIO e é responsável por tocar a identidade mais jovem da marca. O nome H.ex, aliás, é uma abreviação de vários conceitos que a nova proposta traz: expression, excellence, exclusive, express, experts.

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Além de associar uma identidade mais jovem para a marca HELIO, o H.ex tem como proposta oferecer ao público serviços com preços mais democráticos. "Sentíamos falta de uma unidade voltada para aquelas pessoas que se conectam com um estilo de vida mais arrojado, conectado, divertido, que estão sempre antenadas com as novidades globais. Por isso juntamos o nome e reconhecimento que já temos em um espaço colorido, alegre, com músicas da atualidade e pessoas bonitas. E vem dando certo", comemora Adriano Pereira, gestor de criação e marketing do HELIO. Apesar de praticar preços mais democráticos, a proposta apresenta profissionais com a excelência HELIO. São cabeleireiros, manicures, especialistas em designer de sobrancelhas, penteado e coloração que já consolidaram uma carreira e agora querem desenvolver um novo perfil de consumidor, para formar os futuros clientes da rede.

A unidade H.ex no shopping Pátio Brasil oferece serviços de styling, química, nail e tratamento, além dos melhores produtos no segmento de beleza, com marcas nacionais e internacionais. Funciona de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h. Os atendimentos podem ser agendados pelo telefone (61) 3034-4010. H. Ex Pátio Brasil Shopping - 3º Piso (61) 3034-4010 www.hexsite.com.br

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Gastronomia

Entre panelas e caçarolas por Marcela Heitor

O

s nomes já são velhos conhecidos. E os pratos que eles criam também. Mas alguém sabia que foi fazendo um curso de fotografia em Nova York que Mara Alcamin começou a pensar em ser chef? Ou então que o dono do El Paso descobriu que tinha potencial para cozinha aos treze anos, fazendo ceviche? E o prato favorito do Dudu Camargo? Salsicha com purê de batata! Sim, fomos atrás de alguns dos chefs mais prestigiados de Brasília para caçar estas e outras curiosidades. Fizemos dez perguntas para seis experts das panelas: Mara Alcamin, Renata Carvalho, Alice Yamanishi, Dudu Camargo, David Lechtig e André Carvalho. Sirvam-se à vontade!

MARA ALCAMIN De onde surgiu a ideia de virar chef – e como ela acabou se tornando realidade? Quando fui morar em Nova York para estudar fotografia, achei super legal a forma como eles tratavam o chef de cozinha no restaurante em que trabalhava pra ganhar um extra. Já cozinhava, mas não profissionalmente, então resolvi ser chef lá. Quando e qual foi o primeiro prato que você fez e pensou: “nossa, posso investir nisso”? Ih, não lembro não... (risos) Há quanto tempo você tem o Universal? Há quase 18 anos. O Universal abriu as portas em 12 de dezembro de 1997.

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Por que teve a ideia de abrir um restaurante nesse estilo? Porque sempre quis ir a um lugar como o Universal, para ficar relaxada, ouvir música alta e não pensar na vida lá fora. Qual seu prato favorito? Arroz, feijão e carne. E quem é seu “chef inspiração”? Mario Batali. Uma música para cozinhar... Depende do dia, do prato e do meu humor. Se for fazer feijoada é uma, almoço, jantar e café da manhã são outras. Por isso meu spotify tem várias pastas, de vários estilos. Qual é o prato que você faz e pensa: é


minha melhor “obra de arte”? Camarão com risoto de morango e queijo brie e também pato com tangerina e abobrinha. Qual restaurante imperdível (além do seu) você indicaria em Brasília? O gastropub Loca Como Tu Madre, na 306 Sul. E qual seu restaurante favorito no Brasil e/ou no mundo? Os restaurantes do chef Mario Batali em Nova York, em especial o Babbo Ristorante. UNIVERSAL DINER 210 Sul, Bloco C, Loja 18 – Asa Sul (61) 3443-2089

RENATA CARVALHO De onde surgiu a ideia de virar chef – e como ela acabou se tornando realidade? Eu cozinhava desde pequena, observando minha avó. Achava tudo aquilo o máximo. Foi a maneira que encontrei de expressar minha criatividade e fugir da rotina. Ela se tornou realidade a partir do momento que fazer comida para vender (como forma de ganhar dinheiro extra) se tornou mais divertido que a minha então profissão, na área de publicidade. Quando e qual foi o primeiro prato que você fez e pensou “nossa, posso investir nisso”?

Foi aos 17 anos. Fiz meu primeiro risoto de cogumelos e ele foi bastante elogiado pelas pessoas. Há quanto tempo você tem os restaurantes? O Loca Como Tu Madre tem três anos e meio. E o Ancho Bistrô de Fogo foi inaugurado em janeiro deste ano. Por que teve a ideia de abrir as duas casas? Com o Loca Como Tu Madre, quis trazer um conceito mais dinâmico para o segmento de bares de Brasília, agregado à alta gastronomia. O Ancho Bistrô de Fogo também nasceu de um sonho que surgiu quando trabalhava com carnes na Argentina. É uma oportunidade para colocar em prática o que vivi na minha carreira gastronômica até então e trabalhar com a cultura do fogo. Qual seu prato favorito? Arroz, feijão e frango caipira preparados na panela de ferro. E quem é seu “chef inspiração”? Francis Mallmann. Uma música para cozinhar... Naima, do John Coltrane.

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Qual é o prato que você faz e pensa: é minha melhor “obra de arte”? Carnes. Qual restaurante imperdível (além do seu) você indicaria em Brasília? Eu sempre opto por uma cozinha que não é minha especialidade. Como trabalho muito com fogo, tenho necessidade de comida japonesa pelo menos uma vez por semana. E o meu predileto é o New Koto. E qual seu restaurante favorito no Brasil e/ou no mundo? 1884 Restaurante, de Francis Mallmann, em Mendoza (Argentina). LOCA COMO TU MADRE 306 Sul, Bloco C, Loja 36 – Asa Sul (61) 3244-5828

BISTRÔ ANCHO DE FOGO 306 Sul, Bloco C, Loja 28 – Asa Sul (61) 3244-7125

ALICE YAMANISHI

De onde surgiu a ideia de virar chef – e como ela acabou se tornando realidade? Sempre gostei de cozinhar. Herdei essa arte da minha mãe, cozinheira de mão cheia. Fiz um curso de culinária no Japão por cinco anos e acabei me especializando um pouco mais sobre os conhecimentos da culinária japonesa. Quando e qual foi o primeiro prato que você fez e pensou “nossa, posso investir nisso”? Foi ao fazer uma sobremesa com laranjinha kinkan e fava de baunilha. Há quanto tempo você tem o Yuzu-an, no Clube Nipo-Brasileiro? Tenho esse restaurante há três anos e meio. Por que teve a ideia de abrir um restaurante lá e nesse estilo? Queria um restaurante que não trabalhasse com sushis e sashimis para poder mostrar o quanto a culinária japonesa é vasta e rica em variedades.

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Qual seu prato favorito? Tofu steak com shitake e shimeji. Quem é seu “chef inspiração”? Chef Shin Koike, do restaurante Sakagura, de São Paulo. Uma música para cozinhar... Ópera. Qual é o prato que você faz e pensa: é minha melhor “obra de arte”? São os nerikiris, doce de feijão japonês. Qual restaurante imperdível (além do seu) você indicaria em Brasília? Aquavit. E qual seu restaurante favorito no Brasil e no mundo? Sakagura, de São Paulo.

YUZU-AN No Clube Cultural e Recreativo Nipo-Brasileiro Setor de Clubes Sul, Trecho 1, Lote 1 – Lago Sul, Brasília (61) 9605-4500


DUDU CAMARGO De onde surgiu a ideia de virar chef – e como ela acabou se tornando realidade? Eu cresci nesse universo gastronômico. Meu pai, Eduardo Camargo, foi um grande chef e sempre teve restaurante. Tive meu talento revelado aos 13 anos, quando comecei a ajudar no restaurante que minha família tinha em São Paulo, e aos poucos fui desenvolvendo meu dom. Tive ali uma grande escola. Em 1993, abri um boteco em Amparo, chamado Boteco do Coleguinha, e acho que, profissionalmente, tudo começou ali. No final dos anos 90 vim para Brasília ajudar meu pai na parte de eventos de um restaurante que ele tinha aqui, o La Via Vecchia. Não parei mais. Daí veio a primeira Fratello Uno na 103 sul e, em seguida, os outros restaurantes. Quando e qual foi o primeiro prato que você fez e pensou “nossa, posso investir nisso”? Além de tudo que citei na resposta anterior, também sempre gostei de cozinhar para os amigos na volta das festinhas. E todo mundo adorava! Daí percebi que eu tinha potencial.

Há quanto tempo você tem seus restaurantes? Na verdade eu criei um grupo, o grupo Dudu Camargo, que hoje não é mais meu. Vendi há um tempo para um grupo de investidores paulistas, para realmente me dedicar ao que gosto: cozinhar. Fazem parte do grupo: Dudu Bar (Asa Sul e Lago Sul), Your’s (hoje não tem endereço fixo, mas funciona para eventos), Cantina Italiana Unanimità (não tem endereço fixo, mas também funciona para eventos), Dudu San (não tem endereço físico, mas funciona para eventos), Da Noi, Respeitável Burger e as Pizzarias Fratello Uno (103 sul e 109 norte – as únicas que não foram vendidas para os investidores de São Paulo. Delas ainda sou sócio, juntamente com Vaninho e João Pedro Couto). Hoje estou à frente apenas no comando gastronômico e operacional de todas as casas. Seguem as datas de abertura de cada uma delas: Fratello Uno 103 sul (2000), Da Noi (2000) Your’s (2001), Dudu Bar Asa Sul (2003), Fratello Uno 109 norte (2004), Unanimità (2005), Dudu San (2007), Respeitável (2010) e Dudu Bar Lago Sul (2015). Por que teve a ideia de abrir esses restaurantes? Hoje estou no comando operacional e gastronômico de uma rede de restaurantes, sou autodidata, criativo, empreendedor e acredito muito na diversidade gastronômica. Prova disso são os diferentes estilos de casas que comando, que vão de pizzarias à comida contemporânea. Apostei em Brasília quando a cidade ainda engatinhava no ramo gastronômico. Mas, nos últimos anos, a capital cresceu supreendentemente, tanto em números de restaurantes, quanto na qualidade dos pratos e dos serviços oferecidos. Qual seu prato favorito? Meu prato favorito é salsicha com purê de batata, mas o que eu mesmo cozinho. Quem é seu chef inspiração? Sem dúvida alguma meu pai, o chef Eduardo Camargo. Hoje ele não está mais entre nós, mas boa parte do que sei, aprendi com ele. Uma música para cozinhar... Depende muito do dia, da sintonia que eu esteja. Qualquer uma, desde que não seja rock pauleira ou funk.

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Qual o prato que você faz e pensa: é minha melhor “obra de arte”? Gosto muito do Dudu Chef, um filé grelhado com redução de vinho tinto e goiabada Cascão acompanhado de riso al salto de queijo coalho. Eles fazem parte do cardápio dos Dudus. Qual restaurante imperdível (além do seu) você indicaria em Brasília? Gosto muito do 348, Bloco C e Rubayat. E qual seu restaurante favorito no Brasil e no mundo? Do Brasil, o Maní, em São Paulo. Pelo mundo, o El Celler de Can Roca, na Espanha. DUDU BAR 303 Sul, Bloco A, Loja 03 – Asa Sul (61) 3323-8082 DUDU BAR LAGO QI 11, Bloco I, Loja 40/46 – Lago Sul (61) 3248-0184 DA NOI SHTN, Trecho 1, Conjunto B, Golden Tulip Hotel – Asa Norte – (61) 3429-8100 RESPEITÁVEL BURGER 402 Sul, Bloco B, Loja 25 – Asa Sul (61) 3224-8852 PIZZARIA FRATELLO UNO 103 Sul (61) 3321-3213 109 Norte (61) 3447-3360

DAVID LECHTIG De onde surgiu a ideia de virar chef – e como ela acabou se tornando realidade? Não foi uma ideia, foi o caminho natural de quem sempre adorou cozinhar. Aprendi com minha mãe ainda criança e o trabalho me fez autodidata. Quando e qual foi o primeiro prato que você fez e pensou “nossa, posso investir nisso”? Aprendi o ceviche e os anticuchos com treze anos de idade. Ao ver que o resultado agradou a família, me entusiasmei com a ideia de cozinhar. Há quanto tempo você tem o El Paso? O El Paso completa 20 anos em 2015. Mas eu já

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tenho 24 anos de restaurante a quilo com o Sancho Pança, no Setor Bancário Sul. Por que teve a ideia de abrir um restaurante no estilo do El Paso? Gastronomia mexicana não tinha representante em Brasília. E eu também me identifico muito com ela. Qual seu prato favorito? O Ceviche, claro! (risos) Mas também gosto muito de comida japonesa. Quem é seu “chef inspiração”? Diana Kennedy, talvez a maior pesquisadora de gastronomia mexicana. Uma música para cozinhar... Salsa, músicas dançantes. Cozinhar é uma alegria!! Qual é o prato que você faz e pensa: é minha melhor “obra de arte”? Os tacos El Paso, uma releitura dos tacos crocantes, são campeões de venda há 20 anos, desde que inauguramos. Qual restaurante imperdível (além do seu) você indicaria em Brasília? Bloco C, do Marcelo Petrarca. Traduz o gosto e a simpatia brasiliense.


E qual seu restaurante favorito no Brasil e no mundo? No Brasil, Olympe, do Claude Troigrois, espetáculo de técnica, sabor e atendimento. No mundo, Pescados Capitales, em Lima. Me lembra a comida de infância feita por minha mãe. EL PASO ASA SUL 404 Sul, Bloco C, Loja 145/146 (61) 3323-4618 EL PASO ASA NORTE 110 Norte, Bloco B (61) 3349-6820 EL PASO TERRAÇO SHOPPING Piso 1 do shopping, na Octogonal (61) 3233-5197

ANDRÉ CARVALHO De onde surgiu a ideia de virar chef – e como ela acabou se tornando realidade? Tinha essa vontade desde criança. Minha família gosta, então cresci dentro da cozinha sendo incentivado a preparar pratos. A culinária sempre foi uma paixão. Quando e qual foi o primeiro prato que você fez e pensou “nossa, posso investir nisso”? Não lembro do meu primeiro prato. Mas me recordo que a primeira vez que fiquei muito feliz ao preparar algo na cozinha foi quando fiz meu próprio café da manhã, com leite e ovos. Eu tinha apenas seis anos e, desde então, ninguém mais precisou fazer para mim. Gostei e, a partir daí, passei a inventar minhas próprias receitas com ovos. Há quanto tempo você tem seu restaurante? Eu e meus sócios, Matthias e Roberta Seidel, inauguramos O Bistrô Escondido em 1º de setembro de 2014. Por que tiveram a ideia de abrir um restaurante nesse estilo? Tinha essa ideia – de ter lugar com o escondidinho como carro-chefe – há algum tempo. Mas ela estava engavetada até surgir o projeto d’O Bistrô Escondido. As duas propostas casaram muito bem, porque o endereço fica num lugar meio escondido – no

subsolo do Bloco B, da 213 Norte – e, além disso, é pequeno, acolhedor e te faz sentir em casa, com uma comidinha com proposta comfort food, como o escondidinho. Qual seu prato favorito? Moqueca de peixe. Quem é seu “chef inspiração”? Não tenho um chef inspiração. Há vários que acho legais, mas nenhum que me inspire. Uma música para cozinhar... Gosto de cozinhar escutando músicas de Chico Science. Qual é o prato que você faz e pensa: é minha melhor “obra de arte”? Moqueca de peixe, que adoro preparar e comer. Qual restaurante imperdível (além do seu) você indicaria em Brasília? Ancho Bistrô de Fogo, na 306 Sul. E qual seu restaurante favorito no Brasil e no mundo? Restaurante Maní, em São Paulo, da chef Helena Rizzo. O BISTRÔ ESCONDIDO 213 Norte, Bloco B, Loja. 33, Subsolo – Asa Norte (61) 3546-7460

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Gastronomia

Um raio-x dos FOOD TRUCKS por Marcela Heitor

F

Montar um negócio sobre rodas, sem ponto alar que a moda chegou é chover no molhado. Os foodtrucks já chegaram, rodaram e estacionaram no DF. Os

fixo, com certeza tem suas vantagens, mas descobrimos histórias muito engraçadas com os donos dos foodtrucks de Brasília. De roda

eventos pela capital comprovam isso: sempre

soltando a atolamento em evento. De bêbados

há um deles dando um charme no Eixão, no

muito loucos a casais fogosos impedindo a

Parque da Cidade e nos pontos que fomentam

passagem. De sessão psicóloga a cachorro-

o “dolce far niente” ao ar livre que cada vez

quente que virou brócolis. Tem de tudo! Duvida?

mais faz parte da vida brasiliense. Mas como e

Então vem com a gente conhecer um pouquinho

quando eles surgiram? Quem teve a ideia? O

da vida dos “truckeiros” da capital.

FUSBIER – CERVEJARIA ARTESANAL Inaugurado em novembro de 2014 ✓✓ Como começou: O Pedro, um dos sócios, fez o curso de mestre cervejeiro há alguns anos e foi amadurecendo a ideia de trabalhar no ramo. Em um dos encontros de família, entre uma cervejinha e outra, ele e a mulher olharam para o fusca estacionado na garagem e tiveram a ideia. Alguns ajustes e muuuuitas reuniões depois, concretizaram o Fusbier. ✓✓ O que mais faz sucesso: Cervejas especiais, artesanais, nacionais e importadas ✓✓ Média de preço: R$ 8 a R$ 20 ✓✓ Evento que marcou: A inauguração. “Fusquinha estacionado, chopes engatados, frio na barriga, chuva e alguns percalços comuns para uma inauguração! Porém, tudo foi amenizado com a presença da família, amigos e dos clientes que nos prestigiaram no começo de tudo”, lembram os donos Daniela Marques e Pedro Dantas.

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que eles vendem? Como funcionam?


HISTÓRIAS DE BASTIDORES

PROIBIDO ENTRAR: CASAL EM CLIMA QUENTE “Em determinado evento, lá pelas 2h da manhã (aquele horário de muita gente super bêbada), um casal se atracava na porta de entrada da Kombinni e tive de pedir licença várias vezes até ser ouvida, pois o clima já estava pra lá de quente. Sem contar as outras situações que já passei e a minha discrição não permite relatar.” Ivanda Lúcia Rodrigues – Kombinni Coffee Truck

EL PERRO NEGRO Inaugurado em outubro de 2014 ✓✓ Como começou: A Socorro e o Fernando tinham a ideia de abrir um negócio de comida, mas também tinham pouca grana e pouco tempo. Com a moda do foodtruck, os dois entraram de coração, alma, ideias e cachorro-quente no projeto. ✓✓ O que mais faz sucesso: Hot dog ✓✓ Média de preço: R$ 10

KOMBINNI COFFEE TRUCK

Inaugurado em setembro de 2014 ✓✓ Como começou: A inauguração foi em um evento da Funarte, com público jovem e alternativo.

✓✓ Evento que marcou: Fernando Pinheiro, um dos donos, lembra com carinho do Food Park Aeromodelismo. “Foi marcante pela participação na montagem do evento, pelo público fantástico e por ter sido um dia maravilhoso”.

✓✓ O que mais faz sucesso: Cappuccino ✓✓ Média de preço: R$ 4 a R$ 20 ✓✓ Evento que marcou: Para Ivanda Lúcia Rodrigues e o filho André Oliveira Rodrigues, baristas responsáveis pelo Kombinni, todos os eventos tem sua peculiaridade, seja pela temática, seja pelo tipo de público. Mas eles lembram com carinho de um evento em 2014, no Parque da Cidade, chamado Vila Brasil. “Vendemos muito café e, no final, recolhemos quase 3 palmos de borra numa bacia. Tudo culminou em abraços entre os truckeiros, numa sinalização de que apesar – e por causa – do grande trabalho, viemos pra ficar! Foi libertador e bonito”, relembra a mãe.

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HISTÓRIAS DE BASTIDORES

OS CLIENTES RENDEM HISTÓRIAS “A gente passa por situações engraçadas em quase todos os eventos. São clientes pagando hot dog com duas salsichas, mas pedindo para tirar as salsichas... Gente pedindo o apimentado e depois falando que não gosta de pimenta... Tem de tudo! Em um evento no carnaval, uma cliente completamente bêbada ficou gritando que no cachorro-quente dela não tinha brócolis e ela tinha pago para comer brócolis!” Fernando Pinheiro – El Perro Negro

OPERAÇÃO PIZZA Inaugurado em março de 2015 ✓✓ Como começou: Como já trabalhavam na área de eventos, os sócios Pedro Sá e Guilherme Cecílio decidiram entender melhor o movimento dos foodtrucks no Brasil. Analisando o mercado, encontraram em Brasília um cenário promissor e, claro, adoraram a nova experiência de assumir um negócio que permite trabalhar todos os dias pelas ruas da cidade.

HISTÓRIAS DE BASTIDORES

✓✓ Média de preço: R$ 13 ✓✓ Evento que marcou: Para os dois sócios, os primeiros eventos com os outros trucks de Brasília foram os mais marcantes. “Fomos extremamente bem recepcionados pelos colegas de trabalho e pelo público, que aguardava nossas pizzas em filas”.

E QUANDO ATOLA? “A época de chuva tem nos gerado alguns contratempos, que passam a ser engraçados depois. Já atolamos com o truck na entrada e saída de alguns eventos. E várias vezes, para ir embora, só com os amigos empurrando. No fim, fica todo mundo bem sujo de lama, mas com a sensação de dever cumprido! ” Pedro Sá – Operação Pizza

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✓✓ O que mais faz sucesso: As pizzas mais vendidas são a de abobrinha italiana com alho crocante e bacon e a de lombo canadense com damasco caramelado e folhas de rúcula


HISTÓRIAS DE BASTIDORES

MÉXICO? EU OUVI MÉXICO? “Apesar da paleta mexicana já ser bastante conhecida, sempre tem alguém que nos proporciona situações engraçadas. Já chegaram na gente pedindo pastel, guacamole e muitas outras coisas inusitadas. ” Daniella Rachel Brito – Viva Paleteria Mexicana

VIVA PALETERIA MEXICANA Inaugurado em março de 2015 ✓✓ Como começou: A ideia de trabalhar com paletas mexicanas começou no fim de 2013, depois que Daniella Rachel Brito conheceu o famoso picolé em Curitiba. Passou um tempo pesquisando e se especializando para produzir uma paleta de qualidade. O truck acabou sendo uma consequência.

HAMBURGUERIA DO FRANCÊS

✓✓ O que mais faz sucesso: A paleta

mais vendida é a de morango com leite condensado.

Inaugurado em julho de 2011

✓✓ Média de preço: R$ 6

✓✓ Evento que marcou: A inauguração.

✓✓ Como começou: A Hamburgueria do Francês

Os donos venderam muito além da

começou em 2011, na frente da faculdade IESB

expectativa e tiveram aquele feedback

da Asa Sul. O Felipe Evangelista comprou

sensacional dos clientes.

um trailer (100% financiado) para vender,

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HISTÓRIAS DE BASTIDORES

inicialmente, hambúrguer e cachorroquente industrializados. Com o tempo, o chef percebeu que era preciso inovar e passou a desenvolver receitas próprias de hambúrgueres e molhos. Foram produtos pensados para obter um sabor diferenciado, capazes de suportar as limitações de estrutura de um negócio de rua e manter o custo acessível. Com exceção do pão, tudo é produzido ou pré-preparado na residência dos pais do “francês”. ✓✓ O que mais faz sucesso: O hambúrguer de 180g com molho especial ✓✓ Média de preço: R$ 17,50 ✓✓ Evento que marcou: Para o chef Felipe, com certeza foi o evento “Te vejo na 9”, promovido na quadra da Asa Sul, onde ele costuma ficar. “Nos orgulhamos muito dessa iniciativa, pois sempre é um sucesso de público e podemos contribuir para a agenda cultural da cidade”.

CORINA CERVEJAS ARTESANAIS Inaugurado em abril de 2014

✓✓ Como começou: Ávidos por disseminar a cultura cervejeira na capital, os sócios Eduardo Golin, Heitor Heffner e Marcel Castelo Branco tiveram a ideia da Corina depois de conhecer um projeto parecido em Curitiba. O foco era a comercialização de rótulos de diversas cervejarias artesanais brasileiras e estrangeiras nos melhores eventos de Brasília.

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TRAILER SUICIDA “O início do trabalho sem um ponto fixo sempre é um grande desafio e passamos por algumas situações que uma loja nunca passaria. Um dia, por exemplo, ao fazer uma curva rebocando o trailer, vimos uma roda se soltar e continuar andando sozinha pela L2 sul. Outra situação inusitada foi quando o trailer tentou “suicídio”, desprendendo-se do engate e andando sozinho até bater em uma árvore! São momentos que lembramos como uma aventura. Hoje podemos rir com saudosismo das dificuldades que o início do empreendimento passou. Mas, na época, foram grandes sustos! ” Felipe Evangelista – Hamburgueria do Francês


A opção pelo estilo “Beer Truck” foi natural, já que era necessário operar com mobilidade, sem ponto fixo, de modo a se fazer presente nos encontros. A ideia original era transformar a kombi em uma vaca – chamada Corina – e extrair as cervejas diretamente das tetas da bovina para o copo do cliente. O designer ainda não ficou 100%, mas os três esperam que isso aconteça em breve. ✓✓ O que mais faz sucesso: Entre os rótulos mais procurados estão Brooklyn Lager, Tupiniquim Extra Fancy Ipa e Evil Twin Hipster.

 ✓✓ Média de preço: R$ 15

 ✓✓ Evento que marcou: Corina tem, até o momento, apenas boas recordações. Mas o trio faz questão de citar um evento na Ermida Dom Bosco e outro no Eixão, com os skatistas de Brasília. “Cada lugar tem uma atmosfera diferente e a gente busca aproveitar todas”, conta Eduardo.

HISTÓRIAS DE BASTIDORES

SUCOPIRA Inaugurado em dezembro de 2014 ✓✓ Como começou: O Marcelo de Ângelo já produzia sucos artesanais desde 2008. E como era colorista, percebeu que as cores poderiam se tornar o fundamento das receitas. Foi pra rua colorir e refrescar o povo. ✓✓ O que mais faz sucesso: O suco natural Pink Lemonade, de limão siciliano e taiti, colorido e aromatizado com amora. ✓✓ Média de preço: R$ 5 ✓✓ Evento que marcou: O Marcelo não soube listar um só. Adora todos os eventos no geral, principalmente por causa da aderência das famílias e das crianças. “Uma vez uma senhora começou a chorar próximo ao carro do Sucopira. Disse que a Kombi e os sabores a faziam lembrar do falecido marido”, conta Marcelo.

E A VACA JÁ FUNDIU “Temos a kombi há pouco mais de um ano, mas já conseguimos fundir seu motor durante uma viagem até Goianésia (GO), estourar a correia dentada em outro percurso, ficar sem gasolina após um evento, deixar a porta lateral aberta e fazer com que cilindro de CO2 e equipamentos caíssem pela estrada... A lista de situações inusitadas é longa! ” Eduardo Golin – Corina Cervejas Especiais

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Entrevista

O cara por trás do por Marcela Heitor

Rafael Lucyk

E

le tem 35 anos, veio de Manaus para Brasília em 1997, é formado em Ciência da Computação e tem um site visitado

por cerca de 3 milhões de pessoas por mês. São homens e mulheres que buscam a página por um interesse em comum: viajar, de preferência com a tarifa mais barata possível. E é assim que, desde 2008, Leonardo Marques e o site que ele fundou, o Melhores Destinos, vem ajudando os viajantes. Mas engana-se quem pensa que ele agora, com todo sucesso, só vive viajando. Das promoções de passagens aéreas anunciadas diariamente, Leonardo aproveita poucas em causa própria. Para descansar, faz uma média de três viagens ao ano. Muito menos do que as mais de dez realizadas por 15% dos leitores do site. A Revista H. quis saber mais sobre o fundador de um dos maiores sites de viagens do Brasil. E, claro, pegar dicas de como conseguir o melhor destino com a melhor tarifa. Confira a entrevista. Revista H. Como surgiu o Melhores Destinos? Leonardo Marques: Foi em 2008. Eu já tinha vários blogs de tecnologia desde 2002 e, entre eles, tinha um chamado “Dicas de compras”, com dicas para adquirir produtos de tecnologia. Mas como o nome era mais genérico, eu postei uma

escrever só sobre destinos, não tinha nada a ver

promoção da Tam lá. A quantidade de visitas foi

com promoção. Só que o nome Voe com Desconto

muito maior que das outras postagens. Aí pensei:

é muito associado a passagem, ficaria ruim para

acho que dá mais negócio eu escrever sobre

falar sobre hotel, viagens... Aí eu achei que era

isso do que sobre compras tecnológicas. Foi aí

melhor juntar tudo no Melhores Destinos.

que decidi criar um site só sobre isso em 2008,

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o Voe com Desconto. E deu super certo. Nesse

H: E como foram os primeiros anos do

mesmo ano, entrou no ar também o Melhores

Melhores Destinos, ainda no anonimato?

Destinos que, como diz o nome, era um site para

Leonardo: O site cresceu muito rápido.


Eu fiquei cuidando sozinho da página pelos primeiros dois anos e meio. No começo era bem tranquilo, tanto que eu trabalhava em uma empresa de TI e o site era uma espécie de segundo emprego. Mas depois do primeiro ano eu já comecei a ganhar em anúncio com o Melhores Destinos mais ou menos o equivalente com o que ganhava no meu trabalho e decidi sair. Achei que podia dar certo ficar só com o site.

momento, e deu certo. Com esta pequena equipe, conseguimos nos organizar melhor, tiramos algumas ideias do papel e automatizamos bastante coisa, inclusive a pesquisa de passagens que antes era feita manualmente. Isso nos permitiu publicar promoções de muitos trechos. Tanto que, hoje, a gente tem tanta informação que nem consegue postar tudo, senão pesa demais o site. H: Como funciona essa pesquisa automatizada das passagens? Leonardo: Atualmente nós temos um robô que fica pesquisando as tarifas 24 horas por dia e, quando ele encontra uma oferta, somos alertados. Os resultados aparecem em uma tela, com os valores de passagens do Brasil pro mundo inteiro, em qualquer época. É um volume muito grande de dados e isso facilitou muito esse processo. H: Essa parte de pesquisa de preços é o que dá mais audiência para o site? Leonardo: A gente diversificou muito o Melhores Destinos. Tem essa parte de promoções de passagens aéreas, mas tem várias outras seções no site que são muito acessadas. Temos o único ranking de companhias aéreas do Brasil, o primeiro ranking dos melhores cartões de crédito para acumular milhas e viajar, mais de 110 guias de destinos inteiramente grátis, diversas pesquisas que são únicas no Brasil como melhores programas de fidelidade, melhores seguros de viagem, destinos preferidos pelos brasileiros. Enfim, nenhum outro site de viagens no Brasil é tão abrangente. Considerando os blogs que escrevem sobre viagens, o Melhores Destinos é disparado o mais acessado no Brasil. H: Hoje sua equipe tem quantas pessoas?

H: E quando a equipe e o projeto começaram a

Leonardo: Somos 12 no total. Gente que

crescer?

trabalha daqui de Brasília, São Paulo, Goiânia,

Leonardo: Depois de dois anos e meio sozinho, eu

Curitiba, Amsterdã... Desde o começo

decidi contratar mais três pessoas: uma da área de

desenvolvemos esse estilo de trabalho a

TI, um jornalista e alguém que escrevesse sobre

distância. E dá super certo!

destinos. Eu, como sou de TI, não escrevo bem, obviamente (risos). Mas eu consegui encontrar

H: E quando você constatou que o site tinha

um meio termo para escrever os posts de forma

mesmo dado certo, feito esse sucesso todo?

didática e objetiva, que era o principal para aquele

Leonardo: Foram vários momentos, não tem

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Entrevista

um só. Mas acho que a primeira vez que eu

se destacam para viagens nas férias. Há muita

percebi que a gente estava grande mesmo,

procura por São Paulo também, mas não fica claro

que o Melhores Destinos estava conquistando

se as pessoas querem passagens para lá para

um público forte, foi quando eu fui em uma

viagens de férias ou trabalho. Agora sobre as

reunião com o presidente da companhia

saídas mais procuradas, Brasília é o ponto fora da

aérea chilena LAN. Ele contou que seguia a

curva. Acho que porque aqui tem mais servidor,

gente no twitter, sabia tudo que acontecia

mais gente com tempo disponível para viajar... O

no site. Uma empresa grande, internacional!

percentual da população que viaja é muito maior.

Nesse momento eu pensei: pô, acho que agora estamos sendo acompanhados por

H: E os comentários? As pessoas interagem

muita gente. E depois disso aconteceram

bastante no Melhores Destinos. Isso é bom ou

reuniões parecidas com outras grandes

ruim?

empresas aéreas. A gente chegava e os

Leonardo: É, essa é uma questão difícil. Eu li e

diretores das companhias falavam “Olha só,

aprovei os primeiros 50 mil comentários do site.

o site de vocês é o termômetro da gente.

Hoje participo menos dessa parte, mas continuo

Nós lançamos uma promoção e já esperamos

acompanhando. O volume é muito grande, temos

os comentários que vão sair no Melhores

muitas contribuições excelentes, mas também tem

Destinos para saber se acertamos, se o

muita gente querendo zoar, xingamentos, então

pessoal gostou, se acharam caro ou barato”.

é complicado. Já pensamos até em desabilitar os

Aí realmente eu comecei a perceber que a

comentários, mas é um feedback importante, para

gente já tinha um alcance maior.

nós e para as companhias aéreas que acompanham o site. Isso é bom porque tudo que a gente faz

H: Isso influenciou as promoções que vocês

certo, a gente recebe elogio imediatamente. E tudo

fizeram este ano, pelo aniversário de 7

que a gente faz de errado, também é imediato,

anos do site, oferecendo bons descontos

então a gente consegue corrigir logo.

em praticamente todos os programas de fidelidade das companhias aéreas?

H: E viajar? Todo mundo acha que você vive

Leonardo: Foi incrível isso aí. Foi a primeira vez

viajando, né?

na história que os quatro programas de milhas

Leonardo: Eu, como sou de TI, não sou bom de

das quatro grandes companhias brasileiras

escrever sobre destinos, não é a minha praia.

fizeram uma promoção conjunta! Era para ser em

Então tenho três jornalistas que escrevem só

um único dia e acabou se estendendo por dois,

sobre isso, não sou eu. O trabalho delas é viajar

porque a gente tirou do ar o sistema de cinco

e escrever o ano inteiro sobre os lugares que

bancos, tamanha a procura. O Banco do Brasil

elas foram. Nos primeiros anos do Melhores

fazia transferência de pontos pelo site, mas a

Destinos eu viajava muito pouco porque, como

maioria fazia só por telefone. E aí congestionou.

estava sozinho no site, tinha essa coisa de “se eu viajar, quem vai atualizar?”. E eu viajava

H: Para onde são as promoções mais

sempre em dezembro, porque a internet do dia

desejadas no site, você tem como saber?

10 de dezembro até depois do Ano Novo morre,

Leonardo: Os Estados Unidos dominam: 60%

cai muito o movimento. Então eu viajava nessa

dos leitores querem passagens para lá. A

época, ou seja, caro pra caramba. Tudo lotado,

Europa vem em segundo lugar, com 15% mais

muito ruim. Só depois que contratei outras

ou menos das buscas.

pessoas é que foi melhorando. Hoje eu consigo viajar na época que eu achar interessante, mas

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H: E os destinos do Brasil? Estamos tão em

geralmente eu faço três viagens durante o ano,

baixa assim?

duas nacionais e uma internacional, com duração

Leonardo: No Brasil, Nordeste e Rio de Janeiro

de uma semana mais ou menos cada.


tarifa mais barata for na American Airlines, por exemplo, mas eles não tiverem parcerias com a companhia, eles não vão te mostrar. Por isso o ideal é ir no Decolar, Submarino ou Viajanet, pesquisar e depois comprar direto da companhia aérea escolhida. H: Já recebeu propostas tentadoras para vender o Melhores Destinos? Leonardo: A gente recebe muita proposta, de empresas grandes daqui e de fora do Brasil. Mas, por enquanto, não penso em vender, não. Acho até que, provavelmente, vou perder o grande momento de vender mas, um dos motivos por eu ter criado o site, era fazer um trabalho legal, que desse bastante grana, mas que fosse uma coisa Rafael Lucyk

divertida e diferente de trabalhar. Eu sempre gostei muito de TI, gostava muito do que fazia, mas quem trabalha com TI geralmente não consegue viver. Eu mesmo fiquei de 2002, quando eu me formei, a 2008, quando criei o site, sem tirar férias nenhuma H: Pra onde você já foi? Qual seu estilo de

vez. O Melhores Destinos foi uma forma que eu

viagem?

encontrei de atuar na área com mais tranquilidade

Leonardo: Eu geralmente vou para o Nordeste.

e qualidade de vida. Ninguém da equipe tem que

Aquela área de Maceió até Recife tem uma

cumprir horário, não tem aquela coisa de chefe

infinidade de praias legais. E, curiosamente,

controlando nada. Isso pesa muito porque, quando

eu costumo repetir destinos. Então, no Brasil,

um investidor aplica um capital em uma empresa

eu vou muito para essa região. Na Europa, fui

ele espera que aquilo ali se multiplique, precisa que

para Amsterdã e algumas cidades próximas.

aquilo ali cresça. E aí ele vai mexer, cortar o que não

Mas a minha ideia é voltar para conhecer vários

dá lucro ou que ele acha que não é estratégico…. No

outros países do continente, é onde mais tenho

fim, sempre penso nisso: é legal, quero vender ou

interesse em visitar. E já fui também para Punta

expandir, quero que o site cresça, mas se for para

Cana, Cancun, Buenos Aires, Nova York..

crescer com investidor botando grana, a gente sabe que vai mudar completamente a dinâmica da

H: Quais sites você usa para pesquisar as suas

coisa. Vai ter uma série de benefícios financeiros,

passagens?

mas hoje eu acredito que há outros fatores que

Leonardo: Eu uso o Submarino, Decolar e

contam mais.

ViajaNet. São agências e por isso, teoricamente, não seriam as melhores opções. As melhores

H: E como que faz para ser parte do Melhores

opções seriam Kayak, SkyScanner, Mundi e

Destinos?

Voopter, que são metabuscadores, sites cuja

Leonardo: Essa parte é curiosa. A gente recebe

única função é comparar preço. Por que eu não

muito currículo, de muita gente, mas todo mundo

indico eles, então? Porque eles não te respondem

que trabalha no Melhores Destinos hoje é ex-

isso. Se você for no Submarino e pesquisar

leitor do site. Pessoas que acompanhavam a

passagem de Brasilia a Nova York, ele vai te

página e acabaram sendo contratadas por essa

mostrar a passagem mais barata que ele tem. Se

aproximação. Mas a gente não bota anúncio em

você for nos metabuscadores, nem sempre. Se a

lugar nenhum, só tenta identificar um leitor

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Rafael Lucyk

que tenha aquele perfil. E no geral deu bastante certo. Além de ser leitor do site, o que eu valorizo também é a pessoa ser viciada em internet. Isso conta muito. Viver esse mundo de internet, de aplicativo de celular, que é o nosso mundo. H: Há um post no site de vocês dando dicas

H: E com quanto tempo de antecedência é melhor comprar a passagem? Leonardo: As agências e as companhias aéreas vão dizer que você deve comprar a passagem com o máximo de antecedência que puder, o ano inteiro, mas isso é uma grande mentira. Isso, na verdade, só é bom para eles, que vão garantir que os voos ficarão todos cheios. Mas pra gente, consumidor, não existe promoção com um ano de antecedência. As promoções são próximas à viagem. O que eu recomendo: na alta temporada, como Natal, Ano Novo, Carnaval, o ideal é pesquisar a passagem com dois ou três meses antes. Para a baixa temporada, dentro do Brasil, os melhores preços podem ser encontrados entre 30 e 40 dias antes da viagem. Nunca é tão cedo porque a companhia vai querer vender mais quando for vendo que não está tendo tanta procura para o voo, ajustar as tarifas para a ocupação do avião. Quando está muito longe, a tarifa pode até não ser a mais cara, mas também não vai ser a mais barata. Já para viagens internacionais, de três a quatro meses.

de como encontrar as melhores tarifas nas companhias aéreas... Tem alguma diferença mesmo, comprar um voo que sai na terça ou então entrar no site de madrugada? Leonardo: No dia da ida ou da volta, tem. Para o momento de pesquisar, não. Isso é lenda. As promoções surgem em qualquer horário, de manhã, de tarde, de noite, de madrugada... Assim que a promoção entra no ar, é ir lá e tentar garantir o seu trecho. Então não tem regra para o momento de comprar. Já para viajar, há diferença sim. Preço de passagem não tem relação com distância. O

H: Há uma preocupação das companhias aéreas diante da crise? Leonardo: Há. Empresas brasileiras e estrangeiras que atuam no país estão preocupadas. Os voos estão com uma ocupação baixa, várias companhias internacionais já cancelaram operações no Brasil e vão continuar cancelando mais, provavelmente. Já as nacionais estão um pouco perdidas, não sabem o que fazer. Porque a ocupação está baixa e o custo do avião delas é em dólar. Ou seja: cenário muito ruim.

que dita o valor é a disponibilidade de assentos da companhia e a concorrência. Por que geralmente na terça é mais barato? Porque a companhia tem um avião que vai voar a semana inteira. E, provavelmente, terça e quarta ele estará mais vazio, então você vai achar tarifas mais baratas, porque a empresa precisa do voo cheio. O grande segredo é nunca pesquisar um só dia. Quer viajar na quinta? Pesquise na quarta e na sexta também. A flexibilidade faz toda a diferença. Afinal, para uma viagem de fim de semana, todo mundo vai querer ir sexta à noite e voltar domingo à noite, né?

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H: Para fechar... a que você atribui o sucesso do Melhores Destinos? Leonardo: Acho que o marketing digital foi fundamental, principalmente a parte das redes sociais e de SEO (sigla em inglês para Search Engine Optimization), que é o trabalho de otimização realizado para melhorar o posicionamento do site nos mecanismos de busca. Isso fez com que o Melhores Destinos conseguisse tráfego gratuito. Essa é a grande dificuldade hoje da maioria dos negócios de internet.


Direito

Por que tantos brasileiros querem sair do Brasil? por Robinson Neves

T

odo mundo conhece pelo menos um amigo, parente ou colega que mudou, está mudando ou pretende mudar-se do Brasil nos próximos meses. Mas por que? É uma indagação que vai muito além das discussões políticas. Envolve análises sobre o nosso país, os brasileiros, a confiança nacional e o pensamento de ausência de mudança. Não podemos negar que, nas últimas décadas (mais precisamente depois de 1985), com a redemocratização do Brasil, muito mudou. Entretanto, a cultura, o protecionismo e o país do futuro que nunca chega estão desestimulando boa parte dos brasileiros. São várias gerações buscando e construindo aquilo que imaginamos como país do futuro. Agora, estamos no futuro, e pouca coisa nos difere do passado recente. Continuamos com as empresas arrochadas de obrigações tributárias e trabalhistas, com alto risco nos negócios e com uma margem de lucro inapropriada ou, pelo menos, não condizente com o esforço feito para o negócio prosperar. Sem contar as inúmeras situações de ausência de resultados e de perda do empreendimento. Ou seja: a lista de motivos para desanimar é grande. Lógica é, portanto, a opção de buscar modelos novos, já existentes em outros países e que dão certo, prosperam. Buscar um lugar onde se possa

ter um mínimo de segurança nas diretrizes da economia e nas agendas governamentais definidas, avançando ou já instaladas com prosperidade. Investir em ambiente de alto risco não traduz os melhores empreendedores, mas apenas os com capacidade de suportar dificuldades não aceitas em qualquer lugar. Hoje mesmo, se você, leitor, tivesse a opção de escolher onde investir esforços e dinheiro, acredito que não optaria pelo ambiente de maior risco. O natural é procurar um lugar seguro para o rendimento. O mesmo acontece com quem investe em empreendimentos empresariais e buscam lucro. Os resultados obtidos pelas empresas precisam estar embasados na previsibilidade da perpetuação e, aqui no Brasil, isso caiu no campo da incerteza. Como aparece na mídia com frequência, basta uma campanha política e o país pode passar por sérios problemas econômicos e de caixa nas contas públicas, necessitando de ajuste fiscal rigoroso em um tempo de crise provocada por gastos indevidos ou desnecessários. Sem a mudança desse cenário, fica fácil vislumbrar o motivo (ou melhor, os motivos) pelo qual há brasileiros mudando do Brasil. O cenário é mesmo desanimador. *Robinson Neves Filho é advogado e sócio fundador da Gontijo Neves Advogados Associados, atuando em Brasília há quase 30 anos.

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Viagem

Mochilão para não mochileiros por Marcela Heitor

V

ontade de viajar nunca falta. O problema é que tem uns destinos com fama tão mochileiramente desanimadora que, para os menos aventureiros, parece impossível seguir adiante na ideia de visitá-los. Mesmo que os amigos voltem felicíssimos e com fotos lindas, as histórias de dias sem tomar banho, noites frias dentro de um saco de dormir, perrengue com transporte, banheiro compartilhado em albergue e miojo para economizar com comida dão aquela preguicinha de encarar esses lugares nos tão esperados dias de folga. Mas não precisa ser assim. Destinos com paisagens indescritíveis há muito desejados pelos mochileiros, como Bolívia, Peru e Chile, podem ser uma experiência sem sobressaltos. E, claro, uma ótima pedida em tempos de dólar e euro nas alturas. Foi por isso que, em maio, decidi conhecer esses lugares. Viagem em conta, cenários de tirar o fôlego, conforto e o mínimo de perrengue que meu dinheiro e planejamento permitissem. Foram 17 dias entre as belezas do Atacama, no impressionante deserto de sal da Bolívia, com o azul profundo do Lago Titicaca, a energia inca de Cusco, a imponência de Machu Picchu e a gastronomia de Lima. E foi engraçado ser a única pessoa com mala de rodinha na maioria desses destinos. Os motoristas de ônibus chegaram a dizer que não iam colocá-la no bagageiro, só porque todas as outras eram mochilas – daquelas enoooormes, com tênis pendurado e tudo mais. E os guias, mesmo nos carros particulares e exclusivos, sempre olhavam incrédulos para o tamanho da mala. Sim, rolava uma discriminação inversa: uma patricinha em território 100% mochileiro.

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Mas vá de coração aberto e planeje sua viagem o máximo que puder. Fica mais caro do que um mochilão que vai passar pelos mesmos lugares? Fica. Mas você fará o trajeto com mais conforto, guias mais preparados e, às vezes, até mais segurança. A viagem foi organizada pelo Roteiro Sob Medida, uma agência virtual de Brasília que monta roteiros personalizados, escolhendo com cuidado e carinho os passeios, restaurantes e cada etapa da viagem dentro do seu perfil, objetivo e orçamento. Como são vários lugares, sem aeroportos por perto, com estradas às vezes precárias e muitos deslocamentos, a logística para esse tipo de mochilão na versão sem perrengues dar certo precisa ser bem pensada. E ainda foram comigo outras três pessoas, duas delas com mais de 60 anos. Por isso digo que o Roteiro Sob Medida facilitou bastante esse processo, permitindo que a viagem fosse confortável, agradável e viável para todos nós.


E o que eu achei da experiência? Uma das melhores da vida. Para quem gosta de natureza, paisagens surpreendentes e viagens contemplativas, não há roteiro melhor. Quando você acha que não vai conseguir ver mais nada tão bonito, tão vivo e inusitado, vem outro cenário de tirar o fôlego. Sem contar que os restaurantes (pelo menos os que eu fui) ofereciam boas experiências também, principalmente no Peru. Não é uma viagem para compras, mas a mala pode ir mais levinha. A questão é ir preparado para usar até três tipos de roupas diferentes em um mesmo dia. Há passeios no Atacama, por exemplo, que começam cedo, com uma temperatura de -10ºC, e quando chega a hora do almoço, lá fora já está na casa dos 20ºC. E depois? Depois vem as deliciosas e inevitáveis histórias envolvendo altitudes, chá de coca, lhamas, caminhadas, lagoas flutuantes, vulcões, géiseres, flamingos, ceviches, incas, espanhois... Vale muito a pena, só digo isso. Este não é um jabá em prol da América do Sul, é um convite a pelo menos alguns dos lugares por onde passei, que podem ser combinados ou não em uma mesma viagem. Se este texto servir para quebrar preconceitos e plantar a sementinha de uma próxima viagem “menos óbvia”, já compensou a saudade que bateu aqui enquanto escrevia e lembrava dessas dicas. Vá com fé. Há esperança para os não mochileiros.

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Retranca

DESERTO DO ATACAMA / CHILE ✓✓ Como chegar? A partir de Santiago do Chile, pelo aeroporto de Calama, maior cidade da região. De lá, são cerca de 100 km até San Pedro do Atacama, percorridos de carro, van ou ônibus. Como a ideia é não sofrer, a recomendação é voar até Santiago e de lá até Calama. Nada de encarar os quase 2.000 km entre as duas cidades por via terrestre. O sufoco e o desgaste não valem a economia. Há vans confortáveis e seguras no aeroporto

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de Calama, que saem de meia em meia hora ou quando há demanda de passageiros. ✓✓ Quantos dias? A lista de lugares para visitar é grande. Há muitas paisagens pelo local e, como cada passeio dura em média uma manhã ou uma tarde, há limitações também por causa do deslocamento. Fiquei três dias inteiros no Atacama e consegui conhecer as principais paisagens. Da lista que me recomendaram, só tirei as lagunas altiplânicas, porque me disseram que eu veria umas bem parecidas na minha passagem pela Bolívia. ✓✓ Onde ficar? Há poucos hotéis em San Pedro do Atacama, mas sobram albergues. Escolha


uma suíte privativa e não será necessário compartilhar hospedagem e banheiro com estranhos, se não quiser. O melhor é priorizar a localização: embora seguras, as ruas até o centro de San Pedro, onde as lojas, agências e restaurantes estão concentrados, podem ser escuras à noite. Tente não ficar muito longe da área central. ✓✓ Onde comer? San Pedro do Atacama tem boas opções gastronômicas. Destaque para o charmoso La Estaka, o bom, bonito e barato Grado 6, o escurinho Adobe e o farto Las Delícias del Carmen. Só não espere atendimento ágil e sorridente: os atacamenhos têm outro ritmo.

PRINCIPAIS ATRAÇÕES: Laguna Cejar Lagoa natural no meio do deserto, com altíssima concentração de sal. O mais legal é nadar nela e não afundar. Mas prepare-se para sair coberto de sal depois – e só ter uma ducha congelante como opção. Este passeio inclui também visita aos Ojos del Salar e, geralmente, por-do-sol na Lagoa Tebinquiche. Valle de La Luna É um dos passeios mais famosos do Atacama, incluindo também o Valle de la Muerte, Pedra do Coyote, Três Marias e mina de sal desativada. É nele que você poderá fazer a tradicional foto em cima da pedra, no meio do nada.

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Retranca

Géiser el Tatio Famoso campo geotérmico de origem vulcânica, localizado ao norte de San Pedro de Atacama. Traduzindo: água fervente saindo com força do chão. É este passeio que vai exigir que você saia da cama por volta de 4h da manhã, enfrente temperaturas congelantes, suba a 4.320 metros para depois terminar a visita com a sensação de que tudo valeu a pena. Por causa da altitude, é recomendável deixar os géiseres por último, para o corpo ter tempo de se aclimatar. Lagunas Altiplânicas com Piedras Rojas Lagoas impressionantes no meio do nada. Há muitas delas também na Bolívia, então foi o passeio que tivemos que cortar na passagem pelo Atacama. Mas, se não for seguir viagem em solo boliviano, não risque da lista. As lagoas Miscanti e Miñiques ficam acima dos 4.000 metros, então também é importante fazer aclimatação. Há opção de juntar à viagem as Piedras Rojas, parte do salar de Talar.

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Dicas!

✓✓ Leve lanche e água para os passeios. Por mais que eles ofereçam café, almoço ou outras refeições no pacote, as distâncias percorridas de carro podem ser longas e, se bater a fome, você terá que esperar eles servirem. ✓✓ Carregue sempre na bolsa ou mochila um casaco, mesmo que seja fininho. Os dias são quentes no Atacama, mas as manhãs e noites são frias, típico de deserto. Já que a ideia é não passar perrengue, melhor se precaver. E, para o dia do passeio dos géiseres del Tatio, quando é preciso sair do hotel de madrugada e com temperaturas negativas, não subestime o frio. Dependendo da época que for, leve casacos próprios até mesmo para neve.


SALAR DE UYUNI / BOLÍVIA ✓✓ Como chegar? No meu caso, que ia dar continuidade à viagem a partir do Atacama, contratei uma empresa que me buscou no hotel em San Pedro e me deixou na fronteira do Chile com a Bolívia, onde o guia que nos acompanharia pelos três dias de salar já nos esperava. Então foi um processo fácil. Mas há opções para quem vai do Brasil a La Paz ou Santa Cruz de la Sierra, cidades bolivianas com aeroportos maiores. Mas o trajeto até a entrada de Uyuni é de carro – e demorado. Por isso, pela logística, foi melhor começar a viagem pelo Atacama e depois ir subindo. ✓✓ Quantos dias? O clássico passeio do salar envolve três dias de carro, parando em uma sequência de paisagens que parecem pertencer a outro planeta. As opções

econômicas e mochileiras envolvem noites em alojamentos e um dia sem banho. No meu caso, todos os dias foram de banho quente e camas confortáveis, altamente recomendável. Mas o trajeto é basicamente o mesmo, mudando apenas a direção, se a pessoa vai querer terminar ou começar no Atacama ou voltar para Uyuni. ✓✓ Onde ficar? Como disse, optei por uma agência que me oferecesse conforto e boas noites de descanso na Bolívia. Isso representou um preço até cinco vezes maior do que os mochilões que meus amigos fizeram lá, mas acredito que valeu o investimento. A primeira noite no salar de Uyuni foi no hotel Jardines de Mallku Cueva, no povoado de Villa Mar. O local tem uma estrutura impressionante, considerando que está no meio do nada. A cama é boa, quartos confortáveis, tudo quentinho, comida e vinhos deliciosos, pessoal atencioso. Na segunda noite, a estadia mais esperada:

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Retranca

o Palácio de Sal, único hotel construído totalmente de sal e considerado um dos 10 melhores do mundo, no quesito viagens e aventura. É também o queridinho dos japoneses que lotam o local em janeiro, época mais chuvosa. Testado e aprovado. ✓✓ Onde comer? Atravessar a Bolívia significa ver paisagens impressionantes no meio do nada. Por isso, as refeições muitas vezes são servidas onde os motoristas encontram estrutura. A comida, no meu caso, era preparada nos hotéis e levada semi pronta nos carros durante o dia de estrada. Mas não há experiência mais marcante do que poder almoçar sozinha no meio do salar, só com o branco, o vulcão e o silêncio em volta. Indescritível!

Principais atrações ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓

Laguna Verde e vulcão Licancabur Valle de Dalí Géiseres de Sol de Mañana Laguna Colorada Gran Salar Isla Incahuasi (também conhecida como Isla Pescado com seus cactus gigantes)

O Roteiro Sob Medida é uma agência virtual fundada em Brasília em 2014. Eles montam roteiros personalizados para os viajantes, sugerindo restaurantes, hospedagem e passeios exclusivos de acordo com o perfil do cliente. Assim, se a ideia é fazer um tour de vinhos pela Itália, o roteiro será pensado com esse objetivo. Se for para mergulho no Caribe, da mesma forma. Como a agência tem parceiros em vários lugares do mundo, as dicas vão além dos guias feitos à distância ou por quem não vive no local. Há ainda serviço de cotação de passagens aéreas, transfers e hotéis, no intuito de garantir o melhor custo-benefício. A ideia é que o viajante não tenha nenhum trabalho ao chegar no destino, podendo curti-lo ao máximo. (61) 8107-8899 – (61) 9219-8985 60

roteirosobmedida@gmail.com

@roteirosobmedida_


Dicas!

✓✓ No deserto de sal propriamente dito, o uso de óculos de sol é obrigatório, para proteger os olhos do reflexo do sol no tapete branco que se estende por centenas de km. ✓✓ A altitude foi um problema, mas não tanto como disseram que seria. É preciso estar preparado e seguir as recomendações, principalmente nos locais mais altos, que chegam a quase 5.000 metros acima do nível do mar. De dia, evite atividades intensas. Até pular para as fotos ou caminhar até um ponto específico cansava bastante. À noite, tente dormir mais sentado. Totalmente deitado, a falta de ar pode ser uma companhia bem desagradável. ✓✓ Veículo no salar, só 4x4 e com guia especializado. Tentar aventurar-se sozinho nesse território boliviano não é recomendável: as estradas não são bem marcadas, nem há boa sinalização. GPS? Muito difícil. Vá com gente que conhece a região.

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Retranca

MACHU PICCHU ✓✓ Como chegar? Há aeroportos em Lima e em Cusco. Como comecei a viagem no Chile e depois fui para a Bolívia, entrei em território peruano pela cidade boliviana de Copacabana, às margens do Lago Titicaca, e de lá fui de ônibus até Cusco (alguns perrengues são inevitáveis). Lá, fiquei hospedada por uns dias, conheci Machu Picchu (uma micro viagem dentro da viagem) e terminei o roteiro pegando um avião de Cusco para Lima. Para conhecer apenas Machu Picchu, dá para voar do Brasil direto para Cusco. De lá sai o carro, depois o trem, depois a van para a grande cidade inca perdida. Sugestão: contrate uma agência que deixe toda essa logística organizada para você. O preço para quem quebra a cabeça tentando fazer tudo por conta própria é quase o mesmo para deixar que pessoas do Peru que já trabalham com isso façam tudo. Procurar transfer, hospedagem em Águas Calientes, comprar pelo site as entradas para Machu Picchu, depois o trem de ida e volta, é meio chato. Mais um investimento que você fica feliz em fazer. ✓✓ Quantos dias? Se o negócio é conhecer o máximo que Machu Picchu tem a oferecer,

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chegue cedo no parque e reserve o dia inteiro por lá. Para isso, durma em Águas Calientes na véspera, nada de bate e volta direto de Cusco. É cansativo e corrido. Além desses dois dias, passe uns três ou quatro em Cusco. A cidade oferece boa estrutura turística, ótimos restaurantes e passeios pelas redondezas muito interessantes. ✓✓ Onde ficar? Em Cusco, há muitas opções de hotéis de ótima qualidade. Sendo totalmente parcial, indico o Sonesta Cusco, onde fiquei hospedada. Café da manhã excelente, localização, staff, tudo. Nível cinco estrelas. Em Águas Calientes, espere menos conforto, porque a cidade é menorzinha. Mas, como vive do turismo, tem opção para todo mundo. Fiquei no Terrazas del Inca, indicado pela agência contratada, e foi tranquilo. Quarto e banheiro privativos também. Aliás, sempre! ✓✓ Onde comer? A lista é interminável. Quando se está no Peru, as refeições viram uma decisão séria. Há muitas opções que podemos classificar como excelentes e imperdíveis, então vai muito do que cada um quer. Destaques em Cusco para o Limo e para o Chichia. Em Águas Calientes, o escondido The Tree House é de lembrar para sempre. Índio Feliz é outra boa indicação. Faça reserva em todos.


PRINCIPAIS ATRAÇÕES: VALLE SAGRADO Está no caminho de Cusco para Machu Picchu, então é um passeio complementar. É possível visitar as cidadezinhas de Pisac e Ollantaytambo, de onde sai o trem para Águas Calientes. Vale a pena porque você vai se preparando para a grande montanha, aprendendo um pouco sobre a história inca e aumentando ainda mais a expectativa para quando chegar a Machu Picchu. Achei que fez toda a diferença ter feito assim a logística do passeio. Depois de Machu Picchu, as outras ruínas perdem um pouco a graça...

MACHU PICCHU Dispensa explicações, mas exige informações. Tente ler sobre os incas e sobre o destino antes de ir, que ele fará muito mais sentido na hora do grande encontro. Guia também é fundamental. Você pode contratar na hora (tem vários lá na frente da entrada do parque) ou com a agência em Cusco, que foi o meu caso. Um guia consegue decifrar aquele tanto de pedra para você. E só assim você consegue captar a grandiosidade do que a civilização foi capaz de fazer.

Dicas!

✓✓ Acorde cedo. O primeiro ônibus de Águas Calientes para Machu Picchu sai 5h30 da manhã – e já tem fila! Quanto mais cedo você for, menos cheio você pegará o parque e ainda poderá ver o nascer do Sol de cima das montanhas. ✓✓ É preciso comprar os ingressos para Machu Picchu com antecedência, pela internet ou com a agência de turismo. Não dá para comprar lá na hora, ainda mais se você quiser subir a montanha Huayna Picchu, que tem número limitadíssimo de pessoas por dia.

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Brasília

Capital PicniK

Q

uem mora em Brasília pode até não ter frequentado um, mas com certeza já ouviu falar do PicniK. Misto de

bazar descolado e sunset party, de cestas de piquenique e bolhas de sabão, o projeto é uma plataforma dinâmica, aberta e multicultural que vem se desenvolvendo para movimentar a economia criativa do Distrito Federal. O evento reúne público gerador e consumidor de novas tendências, além de artistas alternativos de variados nichos (moda, artes plásticas, música, gastronomia) e, claro, amigos e famílias que se sintam à vontade para fazer um piquenique e apreciar um belo por-do-sol. Para isso, é preciso pensar em tudo: da escolha do local para cada edição (sempre aberto, com belo visual e aconchegante) até a decoração (em geral simples, colorida e lúdica). Isso sem contar as seleções musical, cênica e artística. “Tudo para que o público possa desfrutar de uma Brasília criativa, sorridente e vibrante, numa evolução 2.0 do conceito de quermesse”, define Julia Hormann, uma das sócias do PicniK.

ONDE TUDO COMEÇOU Foi em 2012, ocupando o Calçadão da Asa Norte, que o projeto nasceu – e já dando os primeiros e largos passos! O sucesso da primeira edição foi tão


grande que, depois, a lista de espaços ocupados em Brasília foi só aumentando. Gramados do CCBB Brasília, Jardim Botânico e Funarte substituíram os decks de madeira e proporcionaram novas experiências junto ao público e aos expositores. O PicniK também passou pela Ermida Dom Bosco e pelo Parque da Cidade, local onde fixou sua nova residência. A programação de atividades complementares foi se expandindo junto com o desenvolvimento do projeto. Os visitantes já sabem que, a cada edição, vão encontrar de forma gratuita aulas de Yoga, Tai Chi Chuan e diferentes meditações coletivas. Há também uma mini arena para apresentações circenses e cênicas, além de uma área esportiva, assinada pela Coca-Cola, onde são oferecidas atividades como le parkour e slack line. “O PicniK, aos poucos, vem batalhando para que o público deixe de lado o mundo virtual, mesmo que momentaneamente, para mergulhar de cabeça em experiência sensorial coletiva avançada, em espaços privilegiados de nossa cidade”, conta Miguel Galvão, sócio idealizador do evento. Além de menos vida on-line e mais vida off-line, o projeto também incentiva as boas práticas e

NÚMEROS DO PICNIK ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓ ✓✓

20 edições em Brasília 1 edição em São Paulo 1 edição em Goiânia 1 edição pocket e beneficente no Hospital São Vicente de Paula 150 expositores a cada edição 1.200 mudas de árvores nativas do cerrado distribuídas em seis meses 320 kg de lixo eletrônico arrecadados para doação mais de 10.000 pessoas por edição mais de 10.600 seguidores no instagram mais de 6.000 fotos postadas com #PicnikBsb mais de 40 shows de bandas alternativas mais de 70 apresentações de DJs/Live PAs mais de 900 artistas locais que já participaram do bazar

a sustentabilidade. Entre dezembro de 2014 e junho de 2015, foram distribuídas, via parceria

alternativa”, promovendo dois dias consecutivos

com a Rede Terra, cerca de 1.200 mudas de

de evento na Praça dos Cristais do Setor Militar

árvores nativas do cerrado para quem consumiu no mercadinho do evento. O PicniK arrecadou também 320kg de lixo eletrônico, responsáveis por custear a formação de 12 alunos no curso de manutenção de computadores oferecidos pela Estação Meta Reciclagem de Valparaíso-GO. Já numa ação desenvolvida com o restaurante Ces La Vie, foi lançada a campanha #1copoamenos,

Urbano. Mais de 25 mil pessoas participaram da festa no cartão postal. Diante do sucesso, o PicniK foi convidado pela Secretaria de Turismo do DF para celebrar a reinauguração da Torre de TV Digital, num evento de grande sucesso realizado no dia 12 de outubro.

que estimulou pessoas a reduzirem consumo de

Gratuitas, as edições do PicniK acontecem

copos descartáveis dentro do projeto.

bimestralmente. Começam por volta das 13h e são indicadas para todas as idades. Informações

E foi em junho de 2015 que o projeto assumiu

sobre o evento estão no facebook. Basta procurar

pela primeira vez o caráter de “festival de cultura

pela página do “PicnikNoCalcadao”.

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Trilha Sonora

Como escolher as músicas para o seu casamento por Alysson Takaki

J

á imaginou o filme Titanic sem a interpretação vigorosa de Celine Dion em My heart will go on ou a Saga Crepúsculo sem a canção A thousand years? Impossível, né? Isto porque as trilhas sonoras são elementos cruciais na composição dos filmes. Elas nos ajudam a entrar no clima da trama e entender melhor cada personagem, eternizando assim cenas e histórias. E não seria para nós, atores da vida real, que as trilhas sonoras funcionariam de forma diferente. Elas são essenciais quando preparamos um dos momentos mais marcantes de nossas vidas: o casamento. A seleção musical precisa ser feita cuidadosamente e sob medida para cada casal e cada romance. E como há perfis diferentes! Os mais clássicos gostam de orquestra e coral para trocar o sim, de preferência em uma igreja suntuosa. Os mais despojados preferem algo mais pop ao estilo acústico e buscam jardins ou paisagens naturais como cenário. Tem aqueles que não abrem mão das músicas religiosas e cheias de significado. E, claro, aqueles mais ecléticos, que buscam harmonizar gostos e estilos. Mas todos eles possuem pelo menos uma coisa em comum: querem, sem dúvida alguma, um repertório personalizado que represente o casal e emocione quem estiver presente na cerimônia. Mas, e aí? Como escolher? É bastante comum que, durante os preparativos, os noivos já tenham em mente uma lista de músicas especiais, aquelas que acompanham o casal há algum tempo e não podem ficar de fora da

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2. PADRINHOS A música aqui precisa ter um caráter alegre. Se for cantada, uma letra que remeta à amizade sempre cai bem.

3. DAMAS E PAJENS Para crianças, quem aposta em temas de filmes ou canções que remetam à infância não erra.

4. NOIVA Por ser o momento mais esperado da cerimônia, tem que ser algo marcante. Uma música que emocione pela imponência ou pela delicadeza e que, sobretudo, seja exatamente o que a noiva sempre sonhou. cerimônia. Isso pode ser um bom norte para escolher qual grupo musical irá interpretar essas canções. E, acredite: algumas empresas irão se encaixar direitinho no estilo que você

5. ALIANÇAS Por seu significado tão sublime, requer uma música que trate esse momento como tal.

quer, por isso pesquise e compare. E quais músicas são obrigatórias na celebração do casamento? Hoje não há mais aquela lista limitada de opções para cada momento da cerimônia. Os músicos tem que estar preparados para renovar seu repertório constantemente. Assim, mesmo as tradicionais Marcha Nupcial de Mendelson e Ave Maria de Gounod podem ceder lugar para canções populares e atuais, sem problema algum. Agora a lista abaixo é importante e vai ajudar muita gente. São momentos em que a música é essencial para potencializar as emoções da celebração.

1. NOIVO E PAIS Espera-se que seja uma música que represente a personalidade do noivo, de preferência que não seja muito lenta, pois homens costumam querer andar rápido, ansiosos pela chegada da noiva.

6. ASSINATURAS Como a cerimônia já está encerrada aqui, precisamos de uma música para ambientar, algo leve e descontraído.

7. SAÍDA É a hora que todos pensam: vamos para a festa! Portanto, algo bem animado que inspire todos a bater palmas e comemorar mais esse final feliz. Noivas e noivos, pensem em todos os detalhes, do repertório à escolha do grupo musical. Questões técnicas relativas à sonorização de cada ambiente também não podem ser ignoradas. Com toda a trilha sonora acertada, deixe a emoção rolar solta e registre tudo em fotos e vídeos. Afinal, trata-se do filme da sua vida. * Alysson Takaki é compositor, intérprete e professor de canto especializado em casamentos, com prêmios em festivais nacionais e internacionais. 67


Saúde

Por que 75% dos brasileiros estarão obesos em 2020? por Marcela Heitor

F

oi-se o tempo em que obesidade significava gente da terra do tio Sam entre sanduíches gordurosos e refrigerantes. O mal já chegou até nós. O Brasil vive um cenário crescente e preocupante neste quesito. O quadro é grave e, para muitos médicos e especialistas da área de saúde, já pode ser considerado o mesmo de uma doença epidêmica. Na última pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, em agosto de 2015, 56,9% dos brasileiros estavam com excesso de peso em 2013. Ou seja: cerca de 82 milhões de pessoas. E a previsão é que, em 2020, esta parcela suba para 75%. Mas dá para prevenir? Tem volta? Como encarar que a obesidade é uma doença e não um estado normal de fisiologia? Qual dieta é mais efetiva a longo prazo? Alimentar-se melhor, movimentarse, beber água e ter uma boa noite de sono são pequenas mudanças que podem fazer a diferença. Mas e quando é preciso ir além? Fomos tentar esclarecer melhor essas dúvidas com o nutricionista esportivo funcional Júlio Aquino, brasiliense membro do American College of Sport Medicine (ACSM) e do Institute of Functional Medicine (IFM). Confira a entrevista. Revista H: Qual o cenário da obesidade hoje no Brasil? Júlio Aquino: O problema está crescendo e ficando cada dia mais grave. A obesidade é uma

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doença que já mata mais no mundo do que qualquer guerra. Um dos relatórios da Organização Mundial de Saúde, inclusive, mostra que quase 60% das mortes em todo o planeta são causadas pelo alto nível de gordura corporal na sociedade moderna. Um cenário alarmante. H: Há a estimativa de que, em cinco ou seis anos, 75% dos brasileiros estarão obesos. Por que? Júlio: A obesidade é uma doença. Isso deve ser bem entendido. E o padrão alimentar do brasileiro vem piorando. Muito açúcar, muita fritura e pouca ingestão de legumes, frutas e produtos integrais. Sem contar que brasileiro adora beber cerveja e comer carne vermelha, hábito que só é inadequado por causa da quantidade e qualidade da carne. Mas, no geral, tudo isso favorece a obesidade e, consequentemente, o surgimento de pelo menos outras 30 doenças, como diabetes, hipertensão, impotência e falta de libido nas mulheres. H: Como evitar, então, a obesidade? Júlio: O comportamento alimentar deve ser revisto. Para que uma pessoa possa perder peso, deve-se ingerir no máximo 600 ml de cerveja por semana e diminuir a ingestão de carnes fritas e gordas, como paio, picanha, costela ou qualquer outra carne que contenha grande quantidade de gordura. Lembrar sempre de fazer refeições


com intervalo não superior a 3 horas e beber de 2 a 3 litros de água por dia. H: Mas qual é o primeiro passo para o obeso começar a mudar de vida e tentar emagrecer/ ser mais saudável? Júlio: A primeira coisa é se conscientizar dos prós e contras que virão durante o processo de perda de peso. A falta de objetivo, a não valorização das perdas (psicológicas, sociais e pessoais) e a falta de observação dos ganhos são os maiores empecilhos para a eliminação do peso de gordura corporal e a estabilização do peso alterado. H: É, mas seguir dieta não é a coisa mais legal do mundo (risos). E nem sempre tem efeito a longo prazo, porque há muitas restrições. Na sua opinião, dieta seria a saída? Júlio: O que vai fazer a pessoa melhorar seus parâmetros de saúde não é a dieta, mas sim os comportamentos adquiridos durante o processo de conscientização dietética. Bons comportamentos são iguais a bons resultados. Os indivíduos devem deixar de focar seus objetivos em um resultado específico e iniciar o processo seguro e constante de bons comportamentos de saúde. H: E quais mudanças são necessárias para chegarmos a estes bons comportamentos e mudar o estilo de vida? Júlio: O primeiro passo é fazer o processo individualizado e com orientação de um nutricionista. Não dá para aderir às dietas da moda, pois não são planejadas para

69


Retranca

alterações comportamentais de longo prazo, para dois anos, por exemplo. Outro ponto importante é fazer uma alimentação baseada em alterações comportamentais claras e precisas. Ou seja: você tem que

5 COISAS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE OBESIDADE

observar o que faz durante o processo de alteração comportamental. E, por último, usar a razão e não somente o sentimento para focar a atenção. H. Você listou o que deve ser feito... E o que não deve ser feito? Quais são os erros mais comuns em uma dieta? Júlio: Focar em objetivos que quantifiquem o peso perdido, fazer mudanças nos comportamentos alimentares pensando em levar até uma data específica, fazer o

Em muitos casos, a obesidade é diagnosticada através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Ele é feito da seguinte forma: divide-se o peso (em Kg) do paciente pela sua altura (em metros) elevada ao quadrado. De acordo com o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quando o resultado fica entre 18,5 e 24,9, o peso é considerado normal. Entre 25,0 e 29,9, sobrepeso, e acima deste valor, a pessoa é considerada obesa.

1.

esquema alimentar de outra pessoa, desistir do processo de mudança colocando a culpa em outras pessoas ou situações, como “não segui minha dieta porque saí ontem à noite”. H. Há diferença no pensamento de quem quer ter saúde e quem quer só ser magro? Júlio: O pensamento da pessoa que quer ser magra tem como objetivo um número, geralmente um peso que acha ser adequado. Isso é um problema, pois quando chega no peso desejado a mente já lhe dá a impressão

Existem três tipos de definições quando uma pessoa está acima do peso. O sobrepeso é quando há mais gordura no corpo do que o ideal para uma vida saudável. A obesidade se dá quando o acúmulo de gordura é muito acima do normal, podendo gerar problemas graves de saúde. A obesidade mórbida é quando o valor do IMC ultrapassa 40. Nesse caso, o tratamento inicial, além das mudanças de estilo de vida, inclui medicamentos e a cirurgia bariátrica pode ser recomendada.

2.

de meta alcançada e assim ela volta a engordar. Já o pensamento de uma pessoa que quer ser saudável está voltado para a análise do comportamento diário, para o seu dia a dia. E, como a meta é inatingível, ela se mantém magra constantemente. H: Se tivesse que dar três conselhos para incentivar as pessoas que precisam emagrecer e de uma vida mais saudável, quais seriam? Júlio: O primeiro é procurar um profissional

A obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, além de problemas físicos como artrose, pedra na vesícula, artrite, cansaço, refluxo esofágico, tumores de intestino e de vesícula. A obesidade pode, também, mexer com fatores psicológicos, acarretando diminuição da autoestima e depressão.

3.

nutricionista na rede pública ou privada para individualizar a dieta. Segundo: evite açúcar de qualquer forma. E terceiro: alimente-se a cada três horas, coma cinco frutas por dia e beba água.

70

4.

São muitas as causas da obesidade. O excesso de peso pode estar ligado ao patrimônio genético da pessoa, a maus hábitos alimentares ou a


Quatro passos fundamentais para prevenção da obesidade e doenças associadas Alimente-se melhor Reduza alimentos com muita gordura, açúcar e sal. Tenha sempre frutas, verduras e legumes na alimentação diária. Seguir uma rotina, com horários para cada refeição, também é importante! Beba água Não espere ter sede para beber água. Quando você sente sede, quer dizer que o corpo já está se desidratando. Movimente-se Comece por reduzir o seu tempo sentado. Evite escadas rolantes ou elevadores, suba

disfunções endócrinas. Por isso, na hora de pensar em emagrecer, procure um especialista. Para o tratamento da obesidade, eles podem usar fatores de risco e outras doenças para terem a noção da gravidade da situação do paciente. Apnéia do sono, diabetes mellitus tipo 2 e arteriosclerose são doenças que indicam a necessidade urgente de tratamento clínico da obesidade.

5.

Está comprovado que relacionamentos sociais e romances são menos frequentes entre obesos, já que eles saem menos de casa devido a

a pé. Desça do ônibus um ponto antes, deixe o carro um pouco mais longe e vá caminhando. Pedale, mesmo que seja em curtas distâncias. Pense assim: em uma semana de 168 horas, você só precisa dedicar 2,5 horas para atividades físicas e terá grandes benefícios. Durma o suficiente Crie um ritual, deixe o ambiente silencioso e escuro. Estudos científicos mostram que dormir bem pode prevenir sobrepeso e obesidade. Quem dorme pouco e tem uma qualidade de sono ruim, tem mais chances de aumentar o peso.

diminuição da autoestima. Agora, uma vez existindo o relacionamento, a obesidade pode interferir no relacionamento sexual. Ela está relacionada à redução da testosterona, o que pode levar a redução de libido e a problemas de ereção nos homens. Já nas mulheres, existe uma redução dos níveis de hormônio feminino e aumento no nível dos masculinizantes. As mulheres têm aumento de pêlos, irregularidade menstrual e redução da fertilidade. As chances de todos esses problemas se resolverem, com uma perda de peso na ordem de 10%, são bem grandes. FONTE: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

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Fazer o bem

Sem dúvidas na hora de ajudar V

ontade de ajudar, todo mundo tem. Mas, pelos mais diferentes motivos, muita gente acaba não colocando isso em prática. Às

doador. Também é possível doar móveis e eletrodomésticos, calçados e roupas em bom estado de uso, além de alimentos.

vezes falta tempo, às vezes falta informação, às vezes falta aquele incentivo para começar. Sempre

A Abrace recebe doação de cabelo?

tem algum impedimento. Só que, como existem

Embora tenhamos uma demanda muito pequena

pessoas precisando dessa ajuda, a corrente do bem

para perucas, uma vez que as crianças, geralmente,

não pode parar. É assim na Abrace, por exemplo.

lidam bem com a calvície durante o tratamento, esta necessidade pode surgir ocasionalmente. Com

Criada para oferecer assistência social a crianças

isso, basta levar sua doação até a Abrace. Caso

e adolescentes com câncer e doenças do sangue,

a quantidade de cabelo seja grande, a instituição

a instituição atende hoje mais de 1.800 jovens

sugere que a doação seja realizada para a Rede

vindos de todas as regiões do país, sendo a

Feminina de Combate ao Câncer. Por se tratar de

maioria proveniente do Distrito Federal e de

adultos, a demanda deles é bem maior.

Goiás. Ao longo de quase 30 anos de existência, a iniciativa recebeu e continua recebendo o apoio e

A Abrace atende adultos com câncer?

solidariedade de muitos contribuintes e empresas

Não, apenas bebês, crianças e adolescentes de

que, juntos, tornam possível promover qualidade

até 18 anos, com câncer e hemopatias.

de vida e melhores condições de tratamento

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a estes pacientes. O problema é que, por mais

A gestão do Hospital da Criança de Brasília

que as pessoas conheçam a Abrace e o trabalho

José Alencar (HCB) é da Abrace?

que ela desenvolve, às vezes as informações

Não. A gestão é do Instituto do Câncer Infantil e

sobre como ajudar não ficam tão claras. Por isso,

Pediatria Especializada (ICIPE), uma associação

tiramos as principais dúvidas junto a instituição.

sem fins lucrativos, criada por iniciativa da

Fique atento para o que ela precisa.

Abrace, especialmente para esse fim.

O que doar?

A Abrace recebe recursos do governo?

Você pode fazer doações em dinheiro, realizadas

Não. A Abrace é uma instituição filantrópica

por débito em conta ou recolhidas por um

declarada de utilidade pública e não

dos mensageiros no endereço indicado pelo

governamental.


Faça parte desta grande corrente do bem Garantir um tratamento com mais qualidade aos assistidos requer, especialmente, o envolvimento da sociedade com esta causa. Este engajamento muda a vida de uma criança. “Com o apoio de empresas e voluntários, Qualquer pessoa pode ser um voluntário? Sim. A partir de 14 anos de idade, qualquer pessoa pode ser um voluntário na Abrace (já no HCB a idade mínima é de 18 anos). O primeiro passo é entrar no site www.abrace.com.br, acessar a aba voluntariado e enviar um e-mail informando sobre o interesse. A cada dois meses, a instituição envia convites para

conseguimos fazer mais com menos. Não adianta a criança sair do hospital depois da quimioterapia ou radioterapia e, ao chegar em casa, não ter alimentação adequada nem o medicamento de uso domiciliar ou ter que dormir no chão. Entramos com essa logística para garantir qualidade de vida e o resgate da saúde

uma reunião formativa do voluntariado. É nesta

desse paciente”, afirma a presidente da

ocasião que a pessoa escolhe onde quer atuar

Abrace, Ilda Peliz.

(Abrace ou HCB) e pode optar pelo tipo de trabalho que prefere realizar.

Muitas são as pessoas que fazem doações

e as contribuições são utilizadas de

A Abrace apoia as famílias de crianças assistidas

diversas maneiras: além da qualidade de

que vieram a óbito?

vida, a Abrace auxilia na cobertura de

Sim. A instituição continua apoiando estas famílias. É

exames, próteses, órteses e tratamentos

feito um acompanhamento multidisciplinar de saúde

odontológicos, bem como manutenção dos

e assistência.

equipamentos do consultório, passagem para crianças em tratamento em outros

Como as crianças e adolescentes chegam até a

estados, cateter, alimentos, suplementos,

Abrace?

medicamentos, compra e manutenção

Após diagnosticados pela rede de saúde pública, com

de cadeiras de rodas e até pequenas

câncer ou hemopatias, estas crianças e adolescentes

reformas na casa das crianças que moram

são encaminhados para a Abrace. Lá, os pacientes são

no DF, mas vivem em condições precárias

atendidos por uma equipe técnica para identificação

que colocam em risco a sua saúde. Tudo

das necessidades psicossociais e informações

isso é possível graças à contribuição

sobre a doença. Uma vez cadastrados na instituição,

de empresas parceiras e contribuintes

esses assistidos participam de programas que

mensalistas que, juntos, formam essa

proporcionam melhores condições de tratamento,

grande corrente de solidariedade.

mais qualidade de vida e desenvolvimento social. No caso de assistidos que não residem no DF, a Abrace

Para estas crianças, um gesto de amor

disponibiliza a Casa de Apoio, dando hospedagem,

traz esperança e muitos sorrisos.

alimentação, transporte e todo suporte que a criança

“Podemos ser um conjunto de seres

e seu acompanhante precisam.

pequeninos unidos em prol de algo maior. Somos capazes de sermos mais, de

Mais informações: Central de Doações da Abrace: 3212-6000 Endereço Abrace: QE 25, Guará II, Área Especial I – CAVE

sermos melhores. É para isso que a Abrace existe”, conclui Ilda.

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#ficaadica

Pausa para o conhecimento por Dad Squarisi

Quem quer? “A gente pensa uma coisa, escreve outra, o leitor entende outra, e a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita.” Comprovou-se a afirmação de Mário Quintana na faixa exibida em frente de charmoso salão unissex: “Corto cabelo e pinto”. O resultado? Os homens sumiram e as mulheres

Olha ela Cáqui é cor que não sai da moda. Desfila nas passarelas, frequenta as telas de cinema, toma assento nos bancos escolares. A palavra veio de longe, lá da Índia. Em hindi-urdu quer dizer cor de terra. Eis a história: o uniforme do exército britânico tinha calças brancas. A poeira as encardia. Os militares decidiram tingir as vestes com a mistura de café e caril em pó. Viva! A invenção se tornou padrão também para o exército americano. Depois ganhou o mundo.

rarearam.

De Yves Saint Laurent “Moda e estilo não se confundem. A moda se esvai; o estilo é eterno.”

Com charme Gratuito joga no time de circuito e fortuito. O ui se pronuncia numa só sílaba.

Senhora família

Jeitinho de dizer

Sabia? Revezar pertence à família de vez. Por isso se escreve com z.

O s de subsídio soa como o de subsolo. O som do z não tem vez. Xô!

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Ególatras Fim de ano? Oba! Xô, escola! Xô, trabalho! Xô, seriedade! As férias pedem passagem. Com elas, roupas descontraídas, sapatilhas charmosas e o acessório que não pode faltar. Qual? Os óculos, claro. Férias e óculos têm um denominador comum. É a mania de grandeza. Uma e outra só se usam no plural: Nas férias, uso óculos escuros. Cadê meus óculos? Felizes férias pra você.

Ser coerente é... Harmonizar a linguagem do corpo com as palavras. Ao falar, a gente se comunica por inteiro. A expressão do rosto, os gestos, o olhar, a respiração, a voz, o vestir-se – tudo conta. Segundo pesquisa da Universidade de Stanford, o corpo responde por 45% da mensagem. O tom da voz, 20%. As palavras, 20%.

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PL 5230/13

A arte da beleza não tem cronômetro

por Marcela Heitor

O

que você faria se chegasse 10 minutos atrasada no salão de beleza e o profissional com quem você estava agendada dissesse que não poderia te atender porque bateu o ponto e já deu o horário dele? Para quem é cliente, essa é uma realidade difícil de imaginar. Para os profissionais que atuam dentro dos salões, também. Isso porque a agenda da beleza é diferente das outras profissões. “Beleza não tem cronômetro”, gosta de frisar Helio Nakanishi. Por isso, ele e outros nomes da

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categoria estão comemorando tanto a aprovação do Projeto de Lei 5230/13, que regulamenta a relação entre os salões de beleza e os profissionais que trabalham neles. O substitutivo da deputada Soraya Santos (PMDBRJ) ao PL 5230/13, de autoria do deputado Ricardo Izar (PSD-SP), foi aprovado em setembro no plenário da Câmara dos Deputados e agora a proposta tramita no Senado Federal como PLC 133/2015, com relatoria da senadora Marta Suplicy. A nova regulamentação traz segurança jurídica aos salões e aos profissionais de beleza, preenchendo


as lacunas legais do trabalho “em parceria” que já existe há anos, mas ainda não foi “formalizado”. É a figura do salão-parceiro e do profissional-parceiro que, no caso deste projeto de lei específico, inclui cabeleireiros, barbeiros, esteticistas, manicures, pedicuros, depiladores e maquiadores. Dados do Pró-Beleza, instituição que representa os profissionais da beleza e técnicas afins de São Paulo, mostram que pelo menos 2 milhões de profissionais autônomos cabeleireiros atuam de forma irregular hoje. Eles trabalham em salões, ganhando comissões em torno de 40% e 80%, mas não conseguem regularizar e justificar seus ganhos, nem mesmo ter uma vida social e comercial ativa. Com o projeto, seriam regularizados e poderiam atuar como microempreendedores. “A principal vantagem deste projeto de lei é a cidadania, porque o profissional vai ser reconhecido, não vai mais precisar ficar na informalidade. Ele vai poder financiar um carro ou uma casa, declarando o que realmente ganha, vai poder ter uma aposentadoria. E o pequeno poderá crescer sem medo. A formalização da categoria é boa para todo mundo, é um incentivo ao espírito empreendedor. O ideal é que todos tenham uma segurança para que possam trabalhar melhor”, define Helio Nakanishi. Outro ponto positivo é que, atuando como microempreendedor individual, o profissional parceiro arcará com uma carga tributária menor, o que incentiva a formalização e o empreendedorismo. Isso porque o PLC 133/2015 permite que ele utilize benefícios tributários e de cobertura previdenciária destinados aos empreendedores optantes pelo Simples Nacional ou pelo regime do MEI (microempreendedores individuais). “Um profissional que não tem esses benefícios está fadado a recolher uma alíquota de 27,5%, só a título de Imposto de Renda. Já um trabalhador parceiro que é optante pelo Simples responde a uma alíquota de 6%”, exemplifica Márcio Michelasi, diretor do Sindicato Pró-Beleza. O contrato entre salão e profissional deverá ser homologado pelo sindicato da categoria

77


Retranca

que solicitado com aviso prévio de 30 dias. No caso de outros membros da equipe de um salão, como auxiliares, recepcionistas, coordenadores, estoquistas ou manobristas, nada muda. Como eles não vivem as especificidades da agenda de um profissional de beleza, podem permanecer contratados pelo regime da CLT.

O QUE MUDA PARA O CLIENTE profissional ou pelo Ministério do

Uma mudança que ficará bem clara ao

Trabalho, com duas

consumidor após a aprovação efetiva do PLC

testemunhas, e

133/2015 será nos documentos fiscais, pois salões

deixar claro, entre

e profissionais destacarão nos cupons ou notas

outras cláusulas, qual

fiscais a parte do serviço que corresponde

será o percentual de

à estrutura do salão e ao serviço de beleza.

retenções que o salão

“Assim, teremos informações mais claras para

fará a título de aluguel

os clientes, permitindo que eles escolham, com

de móveis e utensílios

mais liberdade e clareza, os ambientes que

para o desempenho das

queiram frequentar e os serviços que de fato

atividades e serviços de

queiram contratar ou consumir”, explica Márcio.

gestão e apoio.

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A parceria não resultará em relação de emprego

E os benefícios podem ir além. Como a relação

ou de sociedade entre os envolvidos e o acordo

de trabalho entre o salão e o profissional ficará

poderá ser desfeito a qualquer momento, desde

mais clara, as duas partes estarão em dia com o


ENTENDA O PL 5230/13 O Projeto de Lei 5230/2013 acrescenta dispositivos à Lei 12.592, de 18 de janeiro de 2012, para dispor sobre a regulamentação e base de tributação do salão-parceiro e do profissionalparceiro. Hoje tramita no Senado como PLC 133/2015. PARCEIROS O substitutivo aprovado cria as figuras do salão-parceiro e do profissionalparceiro, permitindo que adotem o regime especial de tributação previsto no Estatuto da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06). No caso do profissional-parceiro, ele poderá atuar como Microempreendedor Individual (MEI). VÍNCULO EMPREGATÍCIO Quando não existir contrato formalizado, será configurado o vínculo empregatício entre o salão-parceiro, enquanto pessoa jurídica, e o profissional-parceiro, ainda que atue como microempresário. Dessa forma, a fiscalização trabalhista poderá exigir a contratação pela CLT. RESPONSABILIDADES O profissional-parceiro não poderá assumir as responsabilidades e governo, fazendo com que o setor de beleza viva mais dentro da formalidade. Com isso, a indústria também poderá crescer, já que os profissionais serão incentivados a empreender, a conquistar mais o cliente. “Toda cadeia produtiva do salão de beleza será beneficiada. E aquele dono de salão que antes vivia na informalidade, vai poder comprar, como microempreendedor, direto dos fornecedores, vai poder crescer, vai ter acesso. Será bom para todo mundo”, conclui Richard Klevenhusen, diretor do Instituto L’Oréal Professionnel.

obrigações próprias da administração da pessoa jurídica do salão, tais como as de ordem fiscal, trabalhista e previdenciária. Já os assistentes ou auxiliares necessários à realização dos serviços poderão ser vinculados aos profissionais-parceiros, independentemente de eles estarem qualificados perante o Fisco como microempreendedores individuais ou microempresários.

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Hora do brinde

10 coisas que você precisa saber sobre vinhos por Kerley Horikawa

S

e você adora um bom vinho, mas sempre fica perdido na hora de pedir, degustar ou comprar a sua garrafa, saiba que não é preciso ser nenhum enólogo para entender (pelo menos um pouco) sobre o assunto. Por mais que a enologia seja uma ciência vasta, existem algumas dicas básicas que vão facilitar a sua vida nas prateleiras do supermercado, nas enotecas, em um encontro e também com as extensas cartas de vinhos dos restaurantes.

1. VISÃO

3. PALADAR

Chegou a hora de perceber o sabor do vinho e eis aqui algumas dicas e expressões para não fazer feio. Pra começar, o corpo. É a sensação de textura que o vinho deixa na boca. Uma dica é tomar um copo d’água antes de provar. Se o peso do vinho se aproximar ao da água, trata-se de um vinho de pouco corpo. Por outro lado, se deixar uma sensação mais forte e pesada, é um vinho encorpado. A escala de corpo vai de leve a denso.

4. ACIDEZ E DUREZA

O ácido faz parte da natureza de todas as frutas e com as uvas a história não é diferente. Uma dica para perceber a acidez em um vinho é notando a quantidade de saliva na boca. Quanto mais ácido o vinho, maior é a agressão no paladar. Por outro lado, um vinho pouco ácido é frouxo e sem graça. O equilíbrio da acidez e dureza é essencial na qualidade do vinho. Para classificar esta última, as expressões mais comuns são: duro, áspero ou adstringente – sensações geradas pelo tanino, substância que controla a adstringência do vinho.

As etapas da degustação de um vinho vão desde o momento em que ele é colocado na taça até a sua digestão. Então, fique sempre atento aos efeitos visuais, olfativos e gustativos. A primeira parte é a visual. Segure a taça pela haste e leve-a para baixo do queixo, observando o disco. O que é isso? É a parte superior do vinho no copo, que deve ser sempre brilhante, o primeiro indício da qualidade da bebida. A limpidez do vinho divide-se em turva, que dificulta a passagem da luz, e opaca, que permite a passagem da luz. A partir daí, confira a intensidade: forte, intensa, pálida ou fraca.

5. AÇÚCARES

2. OLFATO

6. UVAS TINTAS

Quanto ao aroma, um vinho pode ser classificado em neutro, que não possui nenhum perfume, ou perfumado, aquele que, ao mexer a taça, libera um conjunto de odores. As principais expressões são: madeirado (odor de carvalho), temperado (cheiro que lembra canela), floral (lembra rosas) e frutado (que tem cheiro de frutas).

A quantidade de açúcar no vinho é resultado do processo de fermentação: quanto menos açúcar, mais seco o vinho. Quando ocorre o contrário, a bebida é mais suave. Seco e suave. Guarde essas duas palavras na hora da degustação! Mas você também pode usar expressões como aveludado ou amanteigado, quando o vinho é macio e com textura de veludo; curto, se a bebida não deixa sabor fixo na boca; e demi-sec, vinho ligeiramente doce.

As principais uvas tintas são: ✓✓ Cabernet Sauvignon: É a mais nobre e a mais famosa uva tinta do mundo, dona de uma cor intensa e de um alto teor de acidez. Seu cultivo principal encontra-se na região de Bourdex, na França, mas hoje há boas produções no mundo todo, inclusive no Brasil, Chile e Argentina. ✓✓ Merlot: Também original da França, hoje é bastante presente no Rio Grande do Sul. O estado produz ótimos vinhos com a uva, geralmente de corpo médio e aroma frutado.

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8. HARMONIZAÇÃO

Se o seu cardápio tiver carne vermelha, massas ou queijos encorpados, opte pelos tintos. O branco é a melhor escolha para peixes, frangos ou frutos do mar. Na sobremesa, escolha pelos doces e suaves, brancos ou rosês. Para uma consultoria mais apurada, consulte blogs e sites especializados. São uma mão na roda na hora da harmonização!

9. NA PRATELEIRA ENOTECA DOM FRANCISCO Agora a rede de restaurantes Dom Francisco tem uma enoteca própria. São mais de 300 rótulos, escolhidos cuidadosamente pelo chef Francisco Ansillero, à venda na unidade do Pátio Brasil Shopping.

✓✓ Malbec: Produzida na França, se deu muito bem em terras argentinas. Estando por lá, não hesite em escolher garrafas dessa uva que, por sinal, é mais barata. Frutada, macia, encorpada e de cor escura. ✓✓ Pinot Noir: Originalmente cultivada em Borgonha, espalhou-se para outras regiões do mundo, resultando em safras de sabor inferior. Fica a dica na hora de escolher! O vinho é encorpado e de aroma frutado, lembrando amora e framboesa.

7. UVAS BRANCAS

As principais uvas brancas são: ✓✓ Chardonnay: De origem bolonhesa, é a uva branca mais difundida pelo mundo, gerando vinhos encorpados, frutados e intensos. ✓✓ Sauvignon Blanc: Encontrada na região francesa de Bordeaux, está presente também no Brasil e no Chile. É fresca e frutada, com notas de limão, maçã verde ou pêssego. ✓✓ Riesling: Encontrada em regiões frias, como áreas da França e da Alemanha, e também em áreas quentes, como Austrália e Brasil. Pode dar origem a diferentes tipos de vinhos, do mais seco ao mais doce. ✓✓ Moscatel: Bastante espalhada pelo mundo, é encontrada na França, Portugal, Austrália e Brasil. Lembra o perfume de almíscar e tem sabor próximo ao da pêra.

Na hora de escolher o vinho, fique de olho em informações como região de origem, fabricante, ano de produção, uva e graduação alcoólica. Se ficar na dúvida, opte por um vinho que você já conhece ou peça ajuda: escolher uma nova marca é sempre bom, mas nunca deixe de se informar sobre as suas preferências para não ter surpresa na hora de beber. Uma dica: preço não é documento. É possível achar ótimos vinhos a partir de R$ 15,00. Outra ideia bacana é apostar em aplicativos como o Vivino, em que você tira uma foto do rótulo e ele te dá informações sobre o vinho e dicas de harmonização.

10. CONSERVAÇÃO

Quando abrimos o vinho, há uma apresentação formal deste com o ar ambiente e, consequentemente, começa ali um processo inexorável de oxidação. Inicialmente, isso é ótimo para a maioria dos vinhos, mas é esta mesma oxidação que o estragará em um futuro muito próximo. Por isso, a melhor maneira de se conservar a bebida é utilizando uma máquina especial que mantém o vinho em contato com nitrogênio ou argônio. Esse método pode conservar o vinho por até 21 dias. Perfeito, né? Pois bem, é só fazer um cheque de cerca de 15 mil reais que você receberá em casa uma máquina para 4 garrafas. Para quem não tem essa "disposição", há outras formas de manter o vinho por cerca de 2 a 3 dias na geladeira. Existem vários modelos de pequenas bombinhas que removem o ar por sucção (vac au vin). São vendidas em qualquer loja de vinhos. Vale lembrar que, dependendo da marca e uva, os bons e muito novos, brancos e tintos, podem até melhorar no dia seguinte à abertura da garrafa. Vinhos velhos não aguentam muito e, geralmente, perdem grande parte das suas propriedades no dia seguinte. Mas são os espumantes os grandes perdedores desta história. Não aconselho mantê-los na geladeira, mesmo com uma tampa específica que evite que o CO2 escape pelo gargalo. * Kerley Horikawa é proprietário do restaurante Dom Francisco do shopping Pátio Brasil.

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Uma noiva em fúria (pode conter fatos quase reais) N

ada contra casamentos. Muito pelo contrário. Eu adoro festa de casamento. A-do-ro!

As comidinhas, a animação da pista de dança, os passos engraçados das tias mais velhas, as coisas meio bregas que são permitidas só no dia da festa de um casamento. Secar as lágrimas no lenço do padrinho, usar vestido longo, fazer uma maquiagem incrível e usar o penteado bafônico daquela atriz do Oscar. Coisinhas que adoro! Eu até já trabalhei com isso. Fazia lembrancinhas para convidados e padrinhos e parei por causa da coisa mais difícil que o casamento envolve: a noiva! Noivas, não me matem! Eu já fui uma noiva organizando meu casamento, confesso! Eu sei o stress que é. Até as atividades que deveriam ser puro prazer podem ser uma missão impossível. Fazer a lista de convidados, por exemplo. Tudo vai bem, até sua sogra te dizer que é imprescindível convidar a Tia Cotinha lá de Goianésia para a festa. Você namorou 10 anos com seu noivo, nunca conheceu ou sequer ouviu falar da esposa do Tio Cueca. E assim, o seu Petit Comitê vira uma festa de arromba para 500 pessoas que você não tem a mínima intimidade. Eu sei, isso nos leva à loucura. Mas é fato, gata garota: a gente fica insuportável quando vai casar. É como uma TPM que dura um ano. É por isso que me recuso a repetir o feito. E acho que todo noivo que se mantém firme ao lado de uma noiva em fúria é mesmo um homem pra casar. Bom, tudo isso pra contar um causo que dizem ter acontecido num salão aqui de Brasília. Eu não estava lá e, como é de meu costume, é possível que eu aumente um pouco a dramaticidade dos fatos. Era final de semana. Várias noivas, mães de noivas, mães de noivos e um enxame de madrinhas sedentas por champagne. Aquelas coisas de sempre que acontecem apenas em salões desorganizados: atrasa a maquiagem da mãe da primeira noiva, a noiva briga, depois chora (lembra que eu disse que ser noiva é quase

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POR ANA PAULA GRANDE

Humor de salão

uma TPM?). Passa a tal mãe pra uma profissional que ia fazer a madrinha mais rica/phyna da noiva número 3. A madrinha elegante dá um baile na recepção. Claro, definimos estas agendas pelo menos três meses antes da festa, então é mesmo de enlouquecer que mudem seu profissional justo no dia. Vira quase uma torcida de jogo de futebol. A gente odeia a entourage que acompanha as outras noivas. E é num cenário caótico como esse que começa a cena. A primeira noiva a ficar pronta desce por uma escada linda, seguida por fotógrafos, suas madrinhas e a assistente do cerimonialista. A mãe e a sogra estavam embaixo da escada emocionadas, quase aplaudindo. E a estrela da noite, extasiada pelo grande momento que se aproxima, puxa o vestido de um lado pro outro: ai, eu engordei. Nossa! Esse vestido não era tão apertado. Gente o que aconteceu comigo? Nessa hora a noiva número 3, que já estava explodindo de ódio depois do piti da madrinha metida e do atraso incontestável que está por vir, olha para a escada com uma certa inveja da noiva pronta. Ela está saindo na hora, a mãe dela está linda depois de ser arrumada pela cabeleireira preferida de sua amiga. Tudo certo para a primeira, tudo errado para a terceira. Então, como se fosse um pesadelo, a pobre, insuportável e atrasada noiva em fúria percebe que era o seu próprio vestido colocado na noiva insuportável e pontual que estava descendo aquelas escadas. Ela dá um pulo da cadeira onde estava se maquiando, como se tivesse sido catapultada, derruba as mães dos noivos, faz um boliche numas três madrinhas da escada e gruda no pescoço da primeira noiva: este vestido é meu! Tira agora sua *%$#@! O resto da cena é fácil de imaginar e difícil de acreditar. Sim, foi de verdade. Ou melhor, foi quase assim. *Ana Paula Grande é atriz e publicitária




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