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a grande matéria
da Redação revistainterbuss.com.br
EM PLENA PANDEMIA, BRT SOROCABA GANHOU USUÁRIOS. MAS COMO?
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Enquanto o número de passageiros caiu em todo o país, Sorocaba teve aumento. Veja nesta matéria especial
Apandemia do novo coronavirus colocou a maioria dos sistemas de transporte público ao redor do mundo praticamente de joelhos. Falências, demissões e reduções de frota estão deixando os usuários na mão.
Terminal BRT São Bento, com placas de energia solar em todo seu teto
Ousada, a cidade colocou em operação um novo sistema de transporte bem no auge da pandemia, no ano passado. Entrou em operação em agosto de 2020 o sistema BRT, interligando várias regiões da cidade.
O contrato firmado entre a Prefeitura de Sorocaba e a empresa BRT Sorocaba possui diversas cláusulas inéditas até para outros sistemas mais antigos na América Latina. Todo construído com verba quase toda privada, o sistema funciona muito bem, o que atraiu milhares de pessoas de volta para os ônibus.
O tempo entre construção e início da operação do sistema é de cerca de um ano. Ou seja, se um determinado corredor do sistema sorocabano começar a ser construído em janeiro, até dezembro daquele mesmo ano tudo já estará em operação, um recorde considerando outros sistemas similares.
No total o sistema de BRT de Sorocaba tem 26 estações preferenciais, 3 terminais, 4 estações de integração, 91 pontos de parada, 3 corredores exclusivos, 17 quilômetros de corredores no padrão BRT e outros 25km de corredores estruturais, são faixas exclusivas de concreto mas com embarque padrão à direita, com pagamento de tarifa dentro do coletivo.
Entre o material rodante, todos os veículos são equipados com ar condicionado e câmeras de segurança com vigilância 24 horas por dia. As câmeras também monitoram todos os corredores, faixas exclusivas e estações de parada.
O diferencial entre os contratos comuns ao redor do mundo e o firmado em Sorocaba está no investimento, que ficou quase todo a cargo da empresa concessionária, no caso a BRT Sorocaba. O contrato é de 20 anos e ao final do período todo o investimento feito passa automaticamente para o poder público.
Com apenas uma empresa fazendo a operação, a qualidade da construção e a eficiência na manutenção das estruturas estão garantidas, levando ganho para todos.
O contrato do BRT Sorocaba prevê o projeto do sistema de transporte e todo seu custeio, a execução das obras, desde os serviços preliminares até a efetiva implantação, a operação do sistema e a manutenção.
O sistema todo funciona em cima de 16 sistemas integrados por uma plataforma desenvolvida pelo CittaMobi. Tudo é integrado: desde as informações oriundas da bilhetagem até os sensores da porta e os canais de TV e som.
putadores de bordo, divididos em 110 MDVR Câmeras, 64 multimídia de terminais e estações, 144 multimídia nos coletivos 144 mini PCs, que fazem parte do sistema geral. São 1902 câmeras de monitoramento, sendo 900 dentro dos coletivos, 800 nos terminais e nas estações, 52 para fiscalização de trânsito e 150 nos corredores.
Além disso há 482 telas, sendo 288 nos coletivos, 100 em terminais e paradas e 94 em abrigos simples. O sistema tem 380 dispositivos de bilhetagem, divididos em 80 validadores nos terminais e estações, 110 validadores nas catracas e 190 catracas.
Tudo isso funciona de forma integrada graças a 110 quilômetros de fibra ótica que correm em 60km de via aérea e 50km em via subterrânea. São 48 servidores funcionando para o sistema, sendo 40 virtuais e 8 físicos, tudo em sistema de data center.
A operação é toda feita via um Centro de Controle Operacional (CCO), localizado na garagem da empresa. De lá saem todos os comandos que fazem o BRT funcionar.
EVASÃO E PAGAMENTO DE TARIFAS porta de vidro, que é aberta apenas se a catraca girar, ou seja, se alguém pagar a passagem. Se a catraca for saltada, a porta de vidro impede o acesso à plataforma de embarque.
Caso alguém consiga violar o sistema, o CCO consegue visualizar pelas câmeras e aciona imediatamente o setor de segurança e avisa pelo sistema de áudio da parada, que houve um acesso indevido. Na maioria das vezes, a pessoa que burlou deixa o local antes da chegada da segurança.
Todo o sistema é digital, ou seja, não há cobrança de tarifa em dinheiro em nenhum ponto, e nem embarcada. Além disso, a população local já é habituada a usar o sistema de transporte da cidade sem o pagamento em dinheiro.
NOVA FASE
Um novo corredor já está em fase inicial de construção, que é o Oeste. Na região será construído o terminal Novo Manchester, 7 estações BRT, 1 estação de integração e 7km de corredores exclusivos.
Apesar de não existirem funcionários em nenhuma das estações do sistema BRT, a evasão de tarifa é muito pequena, mesmo com tudo sendo controlado de forma remota. E O AUMENTO NO NÚMERO DE PASSAGEIROS?
Tá, até agora falou-se muito do BRT, mas e o passageiro, por quê ele voltou a usar o ônibus? E isso é realmente verdade ou só papo de empresa? É muito comum as empresas reclamarem e a população acabar virando as cosacesse revistainterbuss.com.br
tas, dizendo que a reclamação não é procedente, que é “choradeira”. Mas qual será a solução?
De acordo com o BRT Sorocaba, todo o sistema de transporte sorocabano transporta hoje a mesma quantidade de pessoas que transportava em 2019, ou seja, antes da pandemia, mesmo com menos linhas em operação. Como isso é possível?
O BRT possibilitou uma grande racionalização das linhas, ou seja, muitas linhas acabaram deixando de ir para o Centro da cidade e passaram a encostar nos terminais de integração, de onde partem os veículos superarticulados.
Grandes, climatizados, tecnológicos e com excelente frequência, os superarticulados andam com boa lotação durante todo o dia. A frequência trouxe os passageiros de volta. perando o coletivo passar, e muito menos fazer baldeação, ou seja, descer em um ponto para pegar outro coletivo. A vontade de qualquer pessoa é usar apenas um ônibus para fazer todo o seu itinerário, mas isso nem sempre é eficiente, ainda mais em cidades de médio e grande porte, onde Sorocaba está inserida.
Por conta disso, um sistema racionalizado é muito mais inteligente e ágil, e com o tempo a população consegue enxergar isso na prática e passa a baldear sem qualquer problema.
Ao descer de um ônibus alimentador, que circula apenas nos bairros, em um terminal do BRT, o superarticulado expresso ou parador que vai para o Centro já deve estar parado aguardando os passageiros. Se o usuário tem que ficar meia hora esperando o articulado, com o tempo ele deixa de usar o sistema.
Além disso, com os corredores os ônibus articulados não ficam mais parados no trânsito. Estima-se que viagens antigamente feitas em 90 minutos agora sejam feitas em 50 minutos, ou menos. Só para se ter uma ideia, quando o sistema começou a funcionar no ano passado, em meio à pandemia, com quase todo mundo com frotas reduzidas, o BRT Sorocaba colocou 100% da frota na rua, chamando a atenção da população pela excelente frequência.
Mesmo com menos linhas em operação, a viagem ficou muito mais curta e mais confortável. A frequência dos ônibus é fundamental para que a população volte para o sistema. Enquanto a empresa segue com sua operação de alta qualidade, o poder público fica de perto com a fiscalização e com os subsídios necessários para garantir que tudo funcione da melhor forma. Parabéns ao BRT Sorocaba pelo excelente trabalho e por virar exemplo para todo o Brasil.