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faziam?

Arte antiga, o papiro era uma folha, muito disputada na Antiguidade, feita apenas pelas hastes da planta; na escola, alunos têm vivido a experiência na prática

POR RENATA BOMFIM

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São cerca de 3500 anos que nos distanciam das produções de papiros egípcios. De lá para cá, os livros didáticos assumem o papel de informar sobre a criação dessa arte antiga – e a educação tem a missão de aproximar o passado do presente. E isso é o que tem feito o professor de história Edson Souza com os alunos da Escola Municipal Plácido Xavier Vieira: com a descoberta, na cidade, da planta que dá origem à folha, os adolescentes estão fazendo o seu próprio papiro manualmente, assim como os povos do Oriente Médio faziam.

O primeiro experimento foi feito ainda no ano passado, com as doações da planta que a escola recebeu. Inspirados na produção dos egípcios, os alunos tiveram a oportunidade de fazer o papiro usando apenas as hastes da planta e o calor do sol para chegar ao ponto de uma folha para uso. “Quando a gente consegue visualizar algo que é histórico, a gente consegue trazer para os dias atuais e os alunos começam a valorizar a história e o passado”, comenta o professor.

Usado principalmente para documentos governamentais e religiosos, a planta aquática que dava vida ao papiro era sagrada no Egito e para manuseá-la era preciso ter conhecimento do processo. Plantação abundante às margens do Rio Nilo, para chegar até o uso era preciso retirar a casca com cuidado – o que, pela riqueza da fibra, ainda poderia dar vida a outros materiais – e cortar o caule em tiras bem finas para fazer o processo de entrelaçamento. Na escola, os alunos reproduziram o processo. “A gente ajudou a fazer a preparação. Foi uma experiência muito boa”, relembra Luany.

Para ver o resultado da produção, o trabalho leva cerca de um mês. “Trouxemos para o laboratório, cortamos, montamos os primeiros e estamos aprimorando o processo, porque é um pouco lento: depois que a gente corta, descasca, aí começa a fatiar do tamanho que quer, faz as tiras bem finas e tem que deixar de molho de sete a dez dias para que atinja uma coloração amarelada. Aí, depois que faz isso, ele (tira do papiro) bem encharcado, a gente vai montando até ficar bem fechado”, descreve Edson.

De forma interdisciplinar, o projeto também conta com o envolvimento de outros componentes curriculares, além de história, como o ateliê de arte, com a professora Elisiane Conceição da Silveira, que estuda as artes egípcias com os estudantes; ciências, com a professora Keilla Oliveira Dias, para aprofundar os conhecimentos da planta; e geografia, com a professora Terezinha Chaves Reinert, para estudar as formações deste país africano. No currículo das turmas de sexto ano, o professor Edson já incluiu a prática como atividade pedagógica, e mudas da planta estão sendo plantadas e cuidadas na unidade.

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Projeto de grupo de robótica ajuda a comunidade com solução para uma demanda local.

Por que fazer parte de um grupo de robótica?

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Avanços na área em 2023.

Aoportunidade de participar de projetos no contraturno é uma experiência que pode agregar na formação de todo estudante e no desenvolvimento de habilidades e competências que vão além do espaço escolar. Nas escolas municipais de Joinville, 50 espaços makers são porta de entrada para que a criatividade, a inovação e a invenção ganhem vida por meio dos robôs e programações executadas.

O bacana é que dá para levar para esse ambiente demandas da comunidade, e a união do conhecimento teórico com o prático torna possível encontrar soluções que impactem na realidade local. Na Escola Municipal Doutor Ruben Roberto Schmidlin, o projeto “Energy is life” (Energia é vida, em tradução) busca resolver uma necessidade do bairro: a invisibilidade noturna.

A ideia do projeto ligado à energia foi o tema da temporada da First Lego League (FLL), uma competição de exploração científica que desafia estudantes a resolverem problemas do dia a dia. A equipe de robótica da unidade estreou na competição com a ideia de criação de postes sustentáveis, feito com material reutilizável e bateria, placa solar e LED. “É uma questão de educação social, de ver a necessidade do outro e prestar esse serviço”, comenta Rejane Duarte, professora de quinto ano e técnica auxiliar da escola na FLL. O campeonato ocorreu no mês de fevereiro, em Itajaí, e contou com a participação de diversas escolas municipais de Joinville.

Na equipe, cinco estudantes de diferentes níveis escolares se ajudam, numa união que permite a cada um explorar e desenvolver suas potencialidades.

Novo na escola, Pedro Eichenberg, 11, chegou no sexto ano com conhecimento de programação que adquiriu em outra escola municipal da região onde estuda. “No primeiro dia, eu já estava amigo de todo mundo, conseguia ajudar na programação, porque na outra equipe eu era o programador e já tinha mais experiência”, conta o estudante, fascinado pelo mundo da tecnologia. “Eu, desde pequeno, já falava que queria construir robôs e programar.”

Ainda no ano passado, a primeira equipe de robótica formada na escola marcou presença e primeiro lugar no pódio na categoria “arquitetura arduíno”, no 2º Campeonato Joinvilense de Robótica, organizado pela Secretaria Municipal de Educação. “O mais interessante é que a vitória do primeiro grupo despertou nas outras turmas como eles podem participar. Eles nunca antes tinham visto o que era”, relembra Isabel Cristina Theisen Andersen, professora integradora de mídia e metodologias da unidade. “É uma brincadeira, mas eles estão desenvolvendo diversas habilidades.”

Para Camilla Siedschlag Axt, coordenadora de mídias e tecnologias educacionais. o interesse dos estudantes pelos espaços makers se dá, principalmente, pelo incentivo da própria PIMM da escola. “Há também escolas em que, uma vez decidido abrir o clube de robótica, deixam livre para que os alunos se inscrevam conforme interesse. Sempre costumamos dizer que nosso papel é oportunizar momentos de aprendizagem e abrir portas para nossos alunos.”

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