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DEEPFAKE: DAS PIADAS DA INTERNET AO USO SÉRIO
Não faz muito tempo, uma série de vídeos estourou na internet com políticos e personalidades brasileiras em papéis bem diferentes daqueles pelos quais eram conhecidos. Foi um sucesso instantâneo e colocou Bruno Sartori, influenciador digital, como a pessoa mais famosa na internet com essa nova forma de fazer memes em que rostos eram trocados. Assim, muitos brasileiros conheceram a deepfake
A técnica de trocar e alterar imagens é antiga e vem desde as primeiras fotos, no século 19, quando se utilizavam os negativos das imagens para alterar rostos. Depois, com o uso do computador, as manipulações ficaram mais fáceis. E, com a evolução da tecnologia, a computação gráfica entrou no cinema com tudo para recriar cenas, cenários e seres fantásticos.
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A nova tecnologia utiliza as inteligências artificiais para simular rostos, e seu nome vem de uma junção de duas expressões. A primeira é fake, que significa “falso”, tal qual “fake news”. Já a palavra deep significa “profundo”, mas nesse caso vem de “deep learning” ou “aprendizado profundo”, que é um método de aprendizado das máquinas, ou seja, uma técnica de inteligência artificial (IA).
Nesse caso da deepfake, a missão é analisar imagens e aprender como se comporta um determinado rosto para reproduzi-lo. Como se tratam de dados, quanto mais fotos e vídeos de determinada pessoa a máquina tiver, mais ela vai aprender sobre o comportamento de determinado rosto em situações específicas, luzes, sombras, expressões, entre outras coisas.
Uma das coisas interessantes nesse desenvolvimento tecnológico é o conflito entre duas IAs utilizadas no desenvolvimento. De um lado, temos um computador “gerador”, que estuda milhares de fotos para criar as imagens falsas. Do outro lado temos um computador “juiz”, que estuda outras milhares de fotos para aprender e filtrar se uma imagem é real ou não. A cada não do juiz, o gerador tenta de novo até “enganar” aquele que dá a sentença.
Será que já está pronto?
Porém, o que antes era visivelmente falso e usado para fazer graça, começou a ficar sério de uns tempos para cá. Seu uso comercial começou a ficar cada vez mais comum, sendo puxado, claro, por Hollywood. É preciso muita tecnologia e, consequentemente, muito dinheiro para colocar isso em prática, logo, o retorno tem que valer a pena.
Claramente a tecnologia ainda não está satisfatoriamente desenvolvida e o filme “Indiana Jones e o Chamado do Destino”, lançado em 30 de junho, é um sinal disso. Com orçamento de US$ 295 milhões para ser feito, as cenas que usam IA para recriar o rosto jovem de Harrison Ford no papel principal ficaram longe do ideal. Não foi apenas por isso que a bilheteria do filme ficou abaixo do esperado, mas também faz parte do pacote.
Perigos e soluções
Negócios à parte, para nós, cidadãos comuns, as inteligências artificiais podem ser um problema real. Já existem golpes que utilizam as tecnologias para tentar enganar as pessoas e não apenas em usos políticos, mas também em pedidos de transferência de dinheiro, entre outras coisas nocivas. Há várias personalidades famosas com seus rostos usados em vídeos nada legais por aí e, claro, sem autorização. Muitos perigos que, conforme a tecnologia avança, podem gerar cada vez mais problemas.
As legislações ainda estão atrasadas no mundo todo, especialmente para tentar conter os problemas de uma tecnologia que evolui rápido demais. Mas é algo que está sendo visto, principalmente na Europa, e pode inspirar melhorias nos demais lugares.
Nesse ponto, há várias pesquisas trabalhando na solução dessas deepfakes. Os olhos bem treinados ainda conseguem detectar vídeos mais complexos e de resolução alta que usam a tecnologia, mas essa não é a realidade da internet. Então grupos de pesquisa, como da Universidade de Campinas (Unicamp), estudam e treinam IAs para detectar imagens alteradas por outras IAs.