Juremadigital2018

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JUREMA

Iza ESPECIAL

GOIANA

R$ 20,00

Luíza Maciel: 50 ANOS DE ARTE

Janeiro 2018


JUREMA R$ 20,00

Janeiro 2018

Reverso

REFLEXO



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FOTO: ROBERTO PORTELLA


FOTOS: DIVULGAÇÃO

ÍNDICE Janeiro de 2018 — n0 11

05 ÍNDICE 07 CARTA DA EDITORA CANTORA 08 PERSONALIDADE Iza

IZA, é uma cantora e compositora brasileira

de pop e R&B que alcançou à fama em 2016

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12 EDITORIAL Simplesmente Iza ESPECIAL Cidades 28 SEGURANÇA PÚBLICA CEL. Alexandre Carvalho

Comandante da guarda Municipal de Goiana

32 PERFIL Roberto Pereira

Secretário de Turismo e Desenvolvimento

Artístico–Cultural de Goiana

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36 CIDADES Goiana — Patrimônio Histórico

e Cultural de Pernambuco

NEABIT UNINASSAU 40 CONSCIÊNCIA NEGRA Responsabilidade

Sociale igualdade racial

42 NEABIT Promove Valorização das Diversas

Populações Brasileiras

ESPECIAL Arte

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44 ARTE 50 Anos de Arte de Luisa Cavalcanti

Maciel (in memorian)

SESSÕES 48 ASPCRE Associação dos Servidores Públicos

da Cidade do Recife

52 MÚSICA Peleja é com Allan Sales 54 Repertório Eclético marca a Tragetória

da Chicote Exclusive

56 ENSAIO

Fotos Roberto Portella

64 CASAMENTO CASAMENTO DE

RAINHA ANO III 2018

66 EMPREENDEDORISMO Marcelo Carvalheira 70 JÓIAS Movimento Armorial inspira Coleção

de Jóias no Recife

72 BRECHÓ A Moda do Desapego 74 BELEZA Gedson Moreno

Imagem de Roberto Portella

75 A ORIGEM Porque o nome Jurema? 76 TÊNDENCIAS Estampas neste verão 2018

serão coadjuvantes

48 CAPA janeiro 2017 Fotógrafo: Pino Gomes Modelo: Iza

40 SEGUNDA CAPA janeiro 2017 Fotógrafo: Roberto Portella Modelo: Elena Violin (8.1 MMGT) Beleza: Gedson Moreno Assistente: Mário Herculano Acessórios: Acervo

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PRESIDENTE Luciana Araújo COORDENAÇÃO EDITORIAL Luciana Araújo EDITORIAL DE POLÍTICA Samir Abou Hana RELAÇÕES PÚBLICAS Marcelo Carvalheira PROJETO GRÁFICO & EDITOR DE ARTE Roberto Portella EDITORA DE MODA Racquel Plutarco ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICA Emmanuel Araújo COMERCIAL Lima & Amorim Comunicação INFRA ESTRUTURA DE EVENTOS Gleison Baracho | Eduardo Andrade REPRESENTAÇÃO COMERCIAL EM GOIANA–PE Jabinael Alves | Bruna Falcão COLABORADORES CERIMONIAL: Mariah Morais. TEXTO: Aleta Portella. FOTOGRAFIA: Thiago Mello. IMPRENSA: Jaimar Chedid. JORNALISTA: Karina Ferreira. CORRESPONDÊNCIA Av. Fernando Simões Barbosa, 22, sala 701, Galeria Santo Antônio, Boa Viagem. CEP.51.020–390 — FONE. (81) 3037 14 17 | 99811 3391 REVISTA JUREMA: É uma publicação Trimestral da CEL EDITORA Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista JUREMA É proibida a reprodução de textos e fotos sem autorização expressa.

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EDITORIAL

SAMIR ABOU HANA na revista JUREMA 2018

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amos começar essa edição falando da nossa alegria em receber um dos mais admirados comunicadores de Pernambuco, o jornalista Samir Abou Hana na revista JUREMA, que passará a assinar o Editorial de Política. Um presente de Natal para nós! 2018, marcará a volta de Samir Abou Hana ao jornalismo. Ele que já passou por vários jornais, incluindo O Estado de S.Paulo e o Diário de Pernambuco e depois se transformou no ícone do rádio e da televisão, volta à imprensa escrita, nesta revista, escrevendo sobre política e políticos. Samir sempre esteve antenado com a movimentação política em Pernambuco, entrevistando e noticiando muitas vezes à frente dos próprios jornais locais. Ele aceitou nosso convite para presentear aos nossos leitores com matérias que vocês vão gostar. JUREMA amplia, assim, sua penetração entre os leitores

que se preparam para o disputado pleito do ano que vem. Samir foi amigo pessoal de Miguel Arraes, Paulo Guerra, Nilo Coelho, Eraldo Gueiros Leite. Tem amizade com Joaquim Francisco, Jarbas Vasconcelos, Gustavo Krause, Roberto Magalhães e esteve bem próximo de Eduardo Campos, com quem se comunicava diariamente pelo telefone. Os amigos dizem que ele sabe guardar segredos, mas sempre identifica o que é possível passar para o público. A revista VEJA publicou que Samir chegou a ter um milhão de ouvintes em Pernambuco. Foi ele que deu, em primeira mão, a notícia da morte de Tancredo Neves, mais tarde confirmada no livro de Antônio Brito, que era assessor direto do falecido. Também divulgou em primeira mão a renúncia de Jânio Quadros. O IV Exército mandou busca–lo e lá chegando pediram–lhe desculpas pois a notícia acabara de ser confirmada. Samir também passou por vários cargos públicos. Foi assessor de governadores; secretário em imprensa, por duas vezes, da prefeitura do Recife e chefe de gabinete do prefeito Eufrásio Barbosa, de Olinda. Coordenou por duas vezes o carnaval do Recife e o Baile Municipal. JUREMA dará esse presente aos leitores a partir da próxima edição. Boa leitura e Feliz 2018!

Luciana Araújo Luciana Araújo, Diretora Presidente

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PERSONALIDADE

R&B

Iza SI M PL E SM E N T E

Texto LUCIANA ARAÚJO  Fotos PINO GOMES

IZA, SIMPLESMENTE, linda, negra, e com um visual que transborda felicidade e empoderamento. Um discurso alicerçado na luta pela igualdade de gênero fortalecido a partir da identidade racial. E canções que chega a ser um mix de pop e R&B com pinceladas de soul e blues

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ressurgiu nos últimos anos para designar a música negra norte–americana abrangendo o pop, fortemente influenciado pelo hip hop, pelo funk, e pelo soul. Neste contexto, só a abreviatura R&B é usada, e não a expressão toda. Em entrevista à REVISTA JUREMA, a cantora IZA, afirmou que “existe uma diferença muito grande entre a caminhada das mulheres negras e a caminhada das demais mulheres, o movimento das mulheres negras e a caminhada das demais mulheres de uma forma geral. Existe um movimento feminista muito grande mais que muitas vezes eles são excludentes.” Confira a entrevista completa abaixo: O que te levou a ter contato com a música e posteriormente tornar–se cantora? Fala um pouco de você... A minha família é muito musical, minha mãe é formada em historia da arte, meu pai é percussionista, a musica sempre esteve presente na minha vida. Como é ser uma mulher, negra e da periferia neste universo da música internacional? Eu acho que é um desafio sempre, a gente sabe muito bem como é o mundo hoje e como ele sempre foi, a gente sabe muito bem que quem mais sofre com a falta de oportunidade é a mulher negra, e saber que ser bem sucedida, viver do meu sonho e inspirar outras mulheres, além de ser um desafio é um presente muito grande, porque quanto mais mulheres em posição de destaque, mais a gente consegue passar para o mundo que tudo é possível. Entre suas inspirações musicais, destacam–se Tina Turner, Diana Ross, Stevie Wonder, Beyoncé e Rihanna, como você faz pra chegar ao público mais jovem? Na real eu sou jovem, minha música é jovem, as pessoas são minhas referências, não são necessariamente o estilo de música que eu gostaria


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de fazer, as mulheres que sempre foram muito atemporais, é esse o meu sonho é isso que quero ser. Para você qual a importância de que as mulheres, especialmente as mulheres negras, se coloquem politicamente e lutem em defesa dos seus direitos? Eu acho que existe uma diferença muito grande entre a caminhada das mulheres negras e a caminhada das demais mulheres, o movimento das mulheres negras e a caminhada das demais mulheres de uma forma geral. Existe um movimento feminista muito grande mais que muitas vezes eles são excludentes, são

segregacionais. Ele é racista e por isso é muito importante que as mulheres negras lutem por elas mesmas. As mulheres lutaram por muito tempo para conseguir votar, e primeiro votaram as mulheres brancas. As mulheres negras não tinham direitos. Então realmente existe uma disparidade, uma diferença entre as conquistas. Eu volto a dizer que a mulher que mais sofre com o preconceito e o machismo é a mulher negra, por isso nós devemos representar umas as outras. Na música: “Quem sabe sou eu” W Qual o recado que você deixa as milhares de mulheres negras? O recado de que quem toma as rédeas das nossas vidas somos nós mesmas, não interessa o que a sociedade imprime nas nossas vidas, o que a sociedade fala do nosso corpo, quem decide somos nos e é isso que eu quero que elas pensem. Está em andamento dois projetos que buscam criminalizar a juventude negra no Brasil, a redução da maioridade penal e aumentos das penas. Qual a sua opinião sobre esse projetos principalmente em relação a vida das mulheres negras? Eu acho retrógado, eu acho um grande retrocesso, na real, esses são alguns dos projetos em andamento que criminalizam o negro, e que dificulta a nossa vida, eu também acho que a gente pode incluir aí, por exemplo, a questão do aborto, porque as mulheres abortam, ponto final; mas as mulheres com dinheiro tem acesso a clínica, tem acesso a tratamento, tem acesso há uma serie de coisas por exemplo que mulheres sem renda não tem direito, e quando a gente fala de mulheres sem renda infelizmente, são as mulheres negras, e estatisticamente são a maioria. E eu não estou aqui defendendo o aborto estou defendendo o direito sobre o corpo da mulher. Em relação aos projetos é realmente lamentável, a gente sabe claramente que quem vai sofrer mais com isso são os adolescentes e as adolescentes negras, e as mulheres negras também porque infelizmente vão ver seus filhos presos, eu acho que é uma

mulher negra feliz é um ato revolucionário

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cadeia literalmente, um círculo vicioso, quanto mais se investe em cadeias ou em qualquer outro setor da sociedade a educação fica precária e a gente não consegue atingir o problema na raiz, isso soa quase como um extermínio. Na Inglaterra vitoriana havia um divertimento de salão chamado “Confissões”, no qual os participantes respondiam a uma série de perguntas pessoais. Em homenagem ao autor de “Em Busca do Tempo Perdido”, que gostava do jogo, a brincadeira é conhecida hoje pelo nome de “Questionário Proust”. A SEGUIR, AS RESPOSTAS DA CANTORA IZA, SEGUNDO O QUESTIONÁRIO DE PROUST: Qual sua ideia de felicidade? Eu acho que a felicidade! (…) Nossa, eu tive até que pensar um pouco. A minha felicidade está relacionada a satisfação, quando a gente está satisfeita, quando a gente se basta em diversos aspectos da nossa vida, quando a gente consegue dizer que está muito feliz, e eu posso dizer hoje que estou muito feliz, eu estou satisfeita com a minha vida amorosa, com a minha saúde, com a minha família, com o meu trabalho, com os meus amigos, com o meu bairro, com a minha 10

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equipe, estou satisfeita com a vida dos meus familiares, eu sou muito feliz! E qual seria a maior das tragédias? A maior das tragédias seria eu perder a pessoa que mais amo. Qual a pessoa que você mais admira? A pessoa que eu mais admiro no mundo, sem duvida é minha mãe. Qual sua principal característica? Eu sou perfeccionista, muito perfeccionista e acho que isso me faz me cobrar demais. Qual a sua característica mais deplorável? Eu sou segura 80 por cento do tempo, mas, quando as coisas acabam acontecendo muito rápido, a gente acaba se questionando se está no lugar certo, se está tudo bem, se foi tomada a decisão certa, ou medo mesmo, então eu acho que sou muito insegura em alguns momentos, eu acho isso temporário, graças a Deus isso não me impede de fazer nada, mas eu não gostaria de ser assim. Qual a sua maior extravagância? Quando eu viajo, viajo e ninguém fica sabendo, eu acho isso uma extravagância perto da minha agenda tão corrida, mas eu sou louca por viagem, eu amo viajar e eu amo me desconectar do mundo as vezes, mas eu acho isso uma extravagância perto das minhas responsabilidade. Qual a sua viagem predileta? Angra (dos Reis), escondido entre algumas montanhas, todas as vezes que eu fui pra lá foram os dias mais sossegados e relaxantes da


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Eu sou perfeccionista, muito perfeccionista e acho que isso me faz me cobrar demais

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minha vida e eu sempre gosto de voltar pra lá minha viagem favorita. O que lamenta não ter feito? Não lamento nada, eu fiz tudo que queria fazer, sempre, faço tudo que quero, eu sempre fiz tudo que quis. Qual o maior amor da sua vida? O maior amor da minha vida é minha mãe, ela é a minha estrela, ela é meu anjo da guarda, se não fosse por ela e por todos os sanduiches que a gente vendeu, na época que as coisas ficaram esquisitas em casa, eu não estaria aqui hoje. Onde e quando foi mais feliz? Hoje, agora, aqui. Aqui e agora, é onde eu estou sendo mais feliz, onde estou vivendo o momento mais feliz da minha vida. Qual a sua maior realização? Minha maior realização é viver da música é saber que a música é minha profissão. Se pudesse voltar à vida como outra pessoa, quem seria? Eu nunca pensei nisso, nunca pensei em voltar como outra pessoa, mas eu sempre admirei muito Nelson Mandela, quem sabe não seria ele... Qual a qualidade que mais admira em um homem? Honestidade, eu acho que admiro inúmeras coisas em um homem, mas, o que mais me deixa encantada é quando eu estou do lado de um homem honesto, um correto, um homem leal. E numa mulher? O que mais admiro em uma mulher é coragem, ter muita coragem para sair de casa, ter

muita coragem para vestir a roupa que você quiser, tem que ter coragem pra falar o que quiser, tem que ter coragem pra correr atrás da sua vida. O que mais valoriza nos amigos? A parceria, meus amigos são parceiros da minha, vida, meus amigos são meus sócios e eu acho que não existe amizade sem essa sociedade, sem essa troca. Quais os seus escritores favoritos? Machado de Assis e Carlos Drumond de Andrade. Quais os seus heróis da ficção? Eu gosto muito de ficção gosto muito de filme, vou escolher só um, hoje meu hino da ficção é “HEI da Star Wars.” Quais os seus heróis da vida real? Os heróis da vida real são as mulheres da minha família, minha tia avó, Lourdes, as minhas tias Nanci, Leila, Tereza e a minha mãe, mulheres fortes. Como gostaria de morrer? Gostaria de morrer dormindo. Qual é o seu lema? Meu lema é que: Deus é meu empresário! Eu sempre falo isso, Deus é meu sócio. A minha correria está nas mãos dele. Eu corro muito atrás dos meus projetos dos meus sonhos, mas, Deus está á frente de tudo sempre. Quem você gostaria de ser se não fosse você mesma? Não tenho vontade nenhuma de deixar de ser IZA. n

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Fotos PINO GOMES

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SEGURANÇA PÚBLICA Especial Cidades

SOB O OLHAR DO CORONEL

ALEXANDRE CARVALHO Texto LUCIANA ARAÚJO  Fotos ROBERTO PORTELLA

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PERFIL lexandre José Araújo de Carvalho é Coronel da Reserva da Polícia Militar de Pernambuco. Membro de uma família de Policiais Militares, é bisneto, neto e filho de Oficiais da PMPE. Ingressou n a Corporação em 1980, como Cadete da Academia de Polícia Militar do Paudalho, concluiu o Curso de Formação de Oficiais em 1982, onde logrou aprovação em 1º lugar, possui ainda o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal e o Curso de Oficial de Estado–Maior da Gendarmeria Nacional Argentina. É formado em Administração pela UFPE e Pos–Graduado em 28 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018

Planejamento e Gestão Organizacional pela UPE. Trabalhou no Batalhão de Polícia de Choque, Academia de Polícia Militar do Paudalho, 5º Batalhão da PMPE em Petrolina, Comando de Policiamento da Região Metropolitana, 17º Batalhão da PMPE em Paulista, 1º Batalhão da PMPE em Olinda e Comando do Policiamento do Agreste em Caruaru. Após 32 anos de serviço ativo foi para a reserva em Junho de 2012. — Carros estacionados sobre calçadas, camelôs vendendo, livremente produtos piratas, bares obstruindo a passagem de pedestres com mesas e cadeiras, caminhões descarregando em hora e local proibidos. Não é fácil a tarefa de um Coronel da PM, quando assume o comando de uma Guarda Municipal, seja qual for o tamanho da cidade.


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A questão da segurança envolve um sem número de nuances, sendo sua solução multidisciplinar e transversal

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— “A segurança pública, para Adenauer (2009, p. 10), diz que: “os conflitos sociais tornaram–se mais acentuados”. Há décadas, a sociedade brasileira vem conhecendo crescimento das taxas de violência. Desse modo, Aguiar et al. (2003, p. 309) afirmam que “a segurança, condição básica para a qualidade na receptividade de um núcleo receptor, deve apresentar–se como uma extensão dos serviços garantidos aos moradores”. Os autores ainda afirmam não ser possível oferecer segurança aos turistas se a população também não está segura...” REVISTA JUREMA – Como o senhor avalia esse parágrafo? CEL ALEXANDRE CARVALHO – Na primeira parte como a certeza de que a questão da segurança envolve um sem número de nuances, sendo sua solução multidisciplinar e transversal, não resolveremos a questão da segurança apenas com Polícia, em que pese ser essa fundamental na prevenção aos delitos e na retirada do convívio social dos que insistem em delinqüir. No entanto a ausência do Estado em várias áreas da prestação de serviços públicos como educação, saúde, transporte, mobilidade, limpeza urbana, ordenamento urbano, esporte e lazer entre outros, além de sinalizarem um descaso com o cidadão, permite que criminosos tomem o lugar do Estado e apresentem–se para a juventude como uma opção viável de futuro e isso é muito perigoso pois fomenta a atividade criminosa e garante o futuro do crime. Nesses casos apenas a Polícia é a presença visível do Estado.

Na segunda parte como a certeza de que o item segurança é um dos fatores que mais influem na decisão de um turista de seguir para determinado destino, e não adianta querer maquiar essa sensação, como fizeram e fazem alguns estados da federação, essa segurança tem de ser sentida pelo morador do destino e ser repassada naturalmente ao visitante, no seu Livro “Turismo e Segurança” o Coronel Romero Leite da PMPE aborda esse tema com propriedade. Qual o seu maior desafio quando está no comando de uma Guarda Municipal? Fazer com que os gestores municipais entendam que o país está mudando e como já ocorre com os países mais desenvolvidos, os municípios necessitam ter uma maior participação e protagonismo na segurança pública, num papel de maior aproximação com o cidadão. Outra dificuldade é que esses mesmos gestores entendam a segurança como um investimento, com retorno ao município nas áreas de turismo, captação de empresas e eventos, trânsito e transporte etc. E não um sangradouro de recursos. Finalmente que seja dada autonomia a essa área e que não haja interferência política na prestação desse serviço fundamental. O efetivo da Guarda Municipal é suficiente nos municípios? Na maioria dos municípios não, o ideal seria respeitar o que prevê a Lei Federal 13.022/2014, se ela fosse seguida Goiana contaria com cerca de 250 GCMs e hoje conta com pouco mais de 100. Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 29


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A sensação de desordem urbana reflete na sensação de abandono e de não presença do estado

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Há uma escala na segurança pública 12 X 36, mas há queixas de que quando o dia escurece os guardas somem das ruas, facilitando a ação de assaltantes. É verdade? O que ocorre é que a noite muitos GCMs são empregados na segurança patrimonial: escolas, postos de saúde etc. Convém lembrar que o patrulhamento das ruas, em que pese a participação das Guardas Municipais, é também atribuição da Polícia Militar. O Rio de Janeiro criou várias UPPs, o que seria ideal para uma cidade de até 80 mil habitantes. Como falei no início dessa entrevista, a solução para a segurança é a atuação multidisciplinar e transversal do Estado, entendo que poderíamos utilizar melhor esses recursos, um estado PolIcialesco não me parece a melhor solução, lógico que em locais onde a ordem pública foi quebrada e o estado perdeu o controle, a retomada desses locais deve ser precedido pela presença maciça da força policial com atividades de Inteligência e a prisão de criminosos, daí que além da Polícia e dos sérviços públicos em geral, também o Ministério Público e o Judiciário tem papel fundamental no combate à violência. Como combater camelôs, que vendem produtos piratas, caminhões que fazem carga e descarga em horários proibidos e bares que tomam calçadas com mesas e cadeiras? Com a atividade de controle urbano e a fiscalização, no caso dos bares, na maioria das vezes esses, além da ocupação irregular dos espaços públicos, estão irregulares juntos

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a vigilância sanitária, sem alvará de funcionamento etc., basta fiscalizar e atuar como manda a lei. E os hotéis da Zona Sul do Recife, que estacionam carros de hóspedes na calçada, prejudicando a circulação de pedestres? Mais uma vez, basta que se fiscalize e aplique–se a lei. Por que a desordem em muitas cidades chega a esse ponto de prejudicar o turismo? A sensação de desordem urbana reflete na sensação de abandono e de não presença do estado. Como coronel PM, o senhor tem porte de arma. É a favor de que os guardas municipais usem arma de fogo? Totalmente a favor, lembrado que para que uma Guarda Municipal possa ter armas, devem ser cumpridos uma série de requisitos: Corregedoria e Ouvidoria própria por exemplo, e os GMS fazer um treinamento e ser aprovado nesse treinamento, com renovação a cada três anos. Ressalto que não para todos os GCMs indiscriminadamente, mas lembremos que não se pode dar segurança se não se está seguro e a arma, dentro da doutrina do uso progressivo da força, é o último recurso e não a primeira opção. No meu caso, como sou da reserva, a cada três anos tenho de me submeter a um exame psicotécnico para renovar o porte. A Guarda Municipal e a Polícia Militar se dão bem? Sem dúvida, atuam de modo conjunto ou complementar, a presença da Guarda libera a PM para atuar em situações de maior confronto.


Cel Alexandre Carvalho

O guarda municipal ganha bem ou o senhor é a favor de um aumento? Qual a relação com os salários da PM? Entendo que a remuneração ainda esta aquém do que a importância e o risco da atividade faz jus. Quem faz parte de sua equipe de trabalho? Nossa equipe é bem reduzida e aquém das necessidades da Secretaria: além dos cerca de 105 GCMs temos mais 05 auxiliares da administração. Guardas municipais são punidos por aceitarem propina do comércio ou de carga e descarga ilegais? Não só por isso, mas os desvios de conduta de qualquer natureza, não só os previstos no Estatuto da Guarda, são devidamente apurados e punidos se comprovado o cometimento de irregularidade, o GCM pode ser desde advertido até expulso da corporação. Quem são seus cinco homens de confiança? Infelizmente o homem em que mais confiava, depois de Deus, meu pai, se foi, mas confio em meu filho, meu irmão e em meus amigos Júnior, Marcel e Edmar. n

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PERFIL Especial Cidades

Roberto

Pereira

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Um Homem a frente do seu tempo!

m homem que se dedica a causa pública 24 horas por dia, que se entrega verdadeiramente à vida pública no sentido mais nobre da palavra. Sempre de uma correção extraordinária e tem a virtude da lealdade. Esteve sempre na liderança de importantes espaços de poder, em benefício da Educação, do Turismo e da Cultura. O famoso professor Roberto Pereira (ex–diretor do Colégio e Curso Radier, nos anos 70), profundo conhecedor da área e membro efetivo do conselho de Turismo, é um homem que tem a virtude da serenidade. Nunca se vê uma ponta de amargura em sua voz, mesmo nas fases mais difíceis. Um grande pernambucano, um homem educado, simples, sereno, afável e que pensa acima de tudo no seu estado, hoje, em especial, no município de Goiana. Antes de chegar a Goiana, teve uma intensa e extensa vida pública. Começou, muito novo, presidindo a Fundarpe, “— quando avultou em mim, o fato de ter sido, à época, o primeiro a gerir aquela valorosa Instituição do primeiro ao último dia de gestão.” Em seguida, assumiu a Chefia de Gabinete da Fundação Joaquim Nabuco — Fundaj, para, na sequência, ter presidido a Fundação de Cultura da Cidade do Recife — FCCR e a Empresa Pernambucana de Turismo — Empetur. Foi também, com muita honra para Pernambuco, Secretário de Educação e Cultura do Recife e também do Estado de Pernambuco. Aliás, um outro fato incomum, é que ele foi o único educador a ter assumido a Pasta da Educação no município e no Estado, porque, até o momento, quem assumiu uma dessas Secretarias não assumiu a outra.

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“—Este meu ineditismo pode não valer muito aos olhos dos recifenses e pernambucanos, mas vale para mim como um galardão que me confere um gáudio pessoal de grande dimensão.” Outro destaque na sua vida foi ter sido, por oito anos consecutivos, assessor especial do vice–presidente do Brasil, Marco Maciel, uma distinção de grande peso no cenário nacional, além do regozijo espiritual. “– O Dr. Marco Maciel é uma referência do Brasil para o mundo e, eu, modestamente, estava ao lado dele vivenciando as emoções da República num nível de muita lucidez e honradez, inspirações advindas dele, o MM como afetivamente nos reportávamos a ele.” Em seguida, desde 1998, secretário executivo da Fundação CTI Nordeste, uma entidade de relevantes serviços prestados ao turismo regional. O convite para Goiana, foi feito por Osvaldo Rabelo Filho (Osvaldinho) e, cujo ato de nomeação foi assinado pelo prefeito em exercício Eduardo Honório, “—representou para mim um desafio grande, mas, também, uma satisfação pessoal porque me vi reconhecido por uma cidade vanguarda quando da história de Pernambuco, que soube, por sua bravura, lograr êxito nas antecipações político–libertária do nosso estado.” Para falar sobre as ações da pasta de Secretário de Turismo e Desenvolvimento Artístico–Cultural de Goiana, Dr. Roberto Pereira conversou com a Jurema, no seu gabinete. Abriu a entrevista dizendo que a sua secretaria pretende fazer “uma pequena grande revolução na área da cultura e turismo" e explicou: “pequena porque fará com pouco dinheiro e grande porque os efeitos serão notáveis e notórios”.


FOTOS: ROBERTO PORTELLA

REVISTA JUREMA – Dia desses li um artigo de sua autoria sobre a relação do Turismo e a Sociedade Pós–Industrial, onde brilhantemente o senhor reafirma que estamos vivendo a era do conhecimento. Como secretário de Cultura e Turismo de Goiana, quais os seus planos para intervir no resgate da cultura de raiz? espaço de oportunidades. É um pólo automotivo, ROBERTO PEREIRA – Não, não revelando a sua vocação cometerei, a rigor, uma intervenção. à indústria, aos empreenAo contrário, mediante reuniões e debates, com o apoio imprescindível dimentos e à prestação de Goiana, por do Conselho Municipal de Cultura serviços. Vivenciar Goiana suas Igrejas de Goiana, espero construir e sedié vivenciar arte, cultura e e por seus mentar, de forma coletiva, o resgate desenvolvimento. à cultura de raiz, a que emana do Existe uma proposta da engenhos, é povo, a que melhor representa a Prefeitura profissionalizar um museu a índole da gente goianense. Assim o carnaval, e os festejos céu aberto. procedendo chegaremos de forma juninos com patrocínios de mais segura à sustentabilidade do grandes cervejarias? Existe “fazer cultural” que passa muito um modelo estruturado de pela aceitação de tantos quantos captação de investimentos? fazem de Goiana uma cidade de raro Sim. Estamos dialogando talento no mundo das artes, por exemplo, na literatura, na para atingirmos este nível de profisgastronomia, na história e nas tradições. Goiana, por suas sionalização quando dos festejos de Igrejas e por seus engenhos, é um museu a céu aberto. É maior apelo à cultura goianense e, uma cidade–líder na Mata Norte, prestando–se a ser um de resto, pernambucana. O poder público tem a função inerente ao fomento e à difusão da cultura. Deixando de fazer, fazendo, para intuir o "fazer com que seja feito." Para tanto os recursos públicos podem ser aplicados mediante contrapartidas dos brincantes, dos carnavalescos, dos músicos, dos forrozeiros e de todos quantos, de forma direta ou indireta, fazem acontecer esses folguedos populares. Não somente as cervejarias, mas o comércio, os bancos

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e a indústria serão sempre convocados à missão de juntos realizarmos o folclore quando das datas maiores. O modelo é unir e reunir tais e quais potenciais patrocinadores para a apresentação do nosso calendário, ofertando, mediante chamamento público, cotas de patrocínios mediante contrapartidas institucionais e comerciais. Este o modelo a ser seguido na melhor expectativa de boa aceitação. Seremos profissionais: não pediremos e apenas pedindo. À Padre Vieira, com argumentos. Falaremos em nome dos nossos valores históricos e artístico–culturais. Mas ofereceremos as contrapartidas que possam despertar, no melhor espírito, a cobiça dos empresários e/ou comerciantes. Goiana será sempre o condão dos nosso pleitos. No caso de existir o patrocínio, o senhor poderia explicar melhor se existirá a exclusividade de venda de bebidas no circuito do carnaval e dos festejos juninos para as empresas patrocinadoras? Não sou advogado, mas acho factível que a cerveja patrocinadora tenha exclusividade nas vendas. Todavia, esta questão pela imensa responsabilidade passa necessariamente pela análise da Procuradoria Jurídica, sob a égide do Dr. Alcides França, que, sensível às artes e à cultura, emitirá o seu parecer que, encontrando embasamento, dar–nos–á, pelo sim ou pelo não, a orientação em consonância com os ditames legais. Ademais, gerado o processo por nossa Secretaria, a decisão somente se dará se tiver o autorizo do prefeito Eduardo Honório, que, também identificado com a causa da cultura e do turismo, decidirá com sapiência, mormente com a cautela que o caso requer. Dele inapelavelmente sairá o deferimento ou o indeferimento, mas o importante é a forma serena como ele costuma exarar os seus despachos com a segurança jurídica necessária aos seus atos. O turismo pode se tornar a mais importante atividade econômica de Goiana, podendo se basear inclusive, no

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turismo das praias e belezas naturais. Como as ações relacionadas à Política Cultural estão sendo tocadas pela Secretaria? Goiana, sim, é uma cidade de muitos encantos naturais e culturais. Portanto, um destino turístico capaz de gerar a cobiça de muitos que apreciam as viagens e, nestas, o sol e mar, o ecoturismo, as aventuras em nosso admirável litoral e, como feliz alternativa, a cultura goianense. As igrejas e os engenhos representam um acervo da maior importância, por exemplo, ao turismo religioso. Tejucupapo é um capítulo de nossa história, páginas que precisam ser redivivas a todos quantos têm interesse em nossas antecipações libertárias. Somados esses valores e muitos outros, ligados à natureza e à cultura, tais e quais emolduram uma cidade fascinante, a Goiana de todos os tempos. Este fascínio é um convite aos que têm "olhos de ver." Aos turistas sequiosos do que é bom, do que pode tocar a alma dos nossos visitantes. Precisamos, todavia, melhor organizar os nossos destinos e os nossos produtos turísticos. Por igual, necessitamos de uma campanha de promoção para esses valores, para as nossas paragens e para o talento que emana da arte goianense. Goiana precisa de outras atividades econômicas além do turismo e tem vocação para as chamadas indústrias criativas que incluem atividades como design, pólos audiovisuais, artesanato, publicidade, informática e outras. A prefeitura pretende estimular a vinda ou criação dessas empresas? Estão previstos alguns incentivos? O turismo é uma das nossas vocações econômicas, mas não é a única. Conforme dito Goiana é um celeiro da arte e da inteligência pernambucanas. A economia criativa já está em processo, mas precisa ainda de apoio e de fomento. O artesanato é, no plano da indústria criativa, uma primeira manifestação. Somos conhecidos e reconhecidos pelo artesanato, notadamente quando a matéria prima


é o barro, a cerâmica. A Faculdade de Goiana tem sido uma indutora dessa nosso arte, um laboratório de idéias e práticas relacionadas à economia criativa. Estaremos em permanente posição de apoio às iniciativas no plano do design, da informática, da publicidade, do áudio–visual e, como dito, do artesanato. Pretendemos promover oficinas de capacitação, de qualificação e requalificação. Também se estreitam nessa esteira a AD GOIANA, o SEBRAE e o SESC, todos enlaçados conosco na consecução das ações e motivações culturais, turísticas e às relacionadas à economia criativa. E, por obviedade, as empresas ligadas a essas atividades estão sendo visitadas por nós para que abram os seus olhos para o que pode demandar de Goiana, uma janela de oportunidades. A cidade do Recife criou polos econômicos como o chamado Recife Digital (informática e tecnologia), polos descentralizados no carnaval, polos de entretenimentos. Goiana pode seguir o mesmo caminho e escolher áreas que possam sediar esses e outros tipos de atividades? O Recife é sempre uma referência às cidades interioranas. Goiana é, natural e geograficamente, dividida entre a cidade em si e os seus distritos. Então, a divisão em polos faz parte da essência da cidade. Nos folguedos, nas festas religiosas, nas celebrações cívico–culturais esta divisão em polos é inerente a esta formação geográfica. Quanto aos pólos, a exemplo do polo automotivo, esta criação se dará provavelmente, pelo menos neste vinte anos, sempre na cidade central, sempre chamada de Goiana, sempre irradiante das iniciativas industriais e tecnológicas. No mais, os polos sempre existirão nos distritos: distrito– sede, Goiana, de Ponta de Pedras, de Tejcucupapo. E por suas seis praias, todas muito demandadas, quais sejam: Carne de Vaca, Tabatinga, Ponta de Pedras, Catuama, Barra de Catuama e Atapuz. Em relação à atividade econômica e à atração de empresas, especialmente no Parque Automobilístico da Geep, como tem sido o relacionamento entre as Empresas, o Estado e a Prefeitura? O relacionamento já sofreu algumas oscilações, altos e baixos numa espécie de tobogã emocional. Entretanto, estamos, nesta gestão, buscando, através do diálogo, uma convivência sem frisson nervoso. Há uma compreensão ao cenário existente em Goiana, função da crise que assola o país, inclusive as particularidades goianenses. Estamos concluindo o primeiro ano de gestão.

Os municípios brasileiros, por seus prefeitos, estão iniciando as suas gestões. Onde houve reeleição, as águas são navegadas pelo mesmo comandante. Contudo, os que pegaram do timão neste ano, sabem quão difícil é a transição considerando o que há de comum entre os dois tempos–gestão: a crise que assolava, a crise que continua assolando. As circunstâncias não mudam porque estão arrimadas pela escassez de recursos. O Estado de Pernambuco passa por real dificuldade, mas temos tido o apoio do Governo do Estado, em especial do Vice–Governador Raul Henry que, também secretário do desenvolvimento econômico, tem acompanhado, de perto, as nossas ansiedades e expectativas. O diálogo torna o caminho mais curto e mais promissor. Goiana tem se oferecido para, de braços abertos, ser este o caminho do desenvolvimento social e econômico. Qual a expectativa de movimentação financeira no carnaval de Goiana e qual o número estimado de turistas que a cidade deve receber nesse período? Temos a expectativa, consoante os nossos técnicos, de uma movimentação superior a R$ 20 milhões, haja vista sobretudo a dinâmica advinda do litoral goianense. Entre turistas e visitantes, estimamos aproximadamente 14 mil pessoas em circulação pelos bons caminhos de Goiana. Temos uma rede de hoteis e pousadas da excelente qualidade. São equipamentos bem cuidados e, concomitantemente, de pessoas bem qualificadas, treinadas para os gestos de bem receber. Ademais, as manifestações culturais darão o toque de atratividade não somente a vinda dos turistas, mas, também, ao aumento da permanência deste em nossas paragens. O senhor tem sido muito bem avaliado como Secretário, nesse período de quase um ano, o que o senhor imagina para o futuro de Goiana do ponto de vista da Cultura e do Turismo? Imagino uma Goiana resgatada na sua dinâmica social e cultural, atraindo mais visitantes e turistas, pessoas que cheguem “com vontade de chegar.” Uma cidade limpa, bonita, segura e tranquila não somente aos que chegam, mas, por igual, aos nativos. Esta uma prioridade de Osvaldinho e Eduardo, um e outro obstinados por Goiana, terra–berço de ambos. Os goainenses têm a vocação do bem receber, mas merecem uma terra segura dos seus passos, do seu cotidiana, da sua destinação, do seu dia a dia de todos os dias. n

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G CIDADES Especial Goiana

oiana

Patrimônio Histórico e Cultural de Pernambuco Texto LUCIANA ARAÚJO  Fotos ROBERTO PORTELLA

Igreja Nossa Senhora dos Homens Brancos

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Barra de Catuama

N

Ponta de Pedra

o litoral norte de Pernambuco, Goiana tem sua beleza natural, e também tem marca forte no artesanato. Monumentos religiosos também podem ser conferidos em Goiana. Entre as dez igrejas do município, destacam–se a de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos e a Matriz de Nossa Senhora dos Homens Brancos; essas igrejas pelos índios Caetés e Potiguares. Originária figuram na lista das mais antigas do Brasil. de um dos núcleos mais antigos de coloniOs principais pontos turísticos dos romeiros zação do nordeste brasileiro foi elevada à Goiana das são o Conjunto Carmelita, que possui a Igreja categoria de freguesia em 1568, de vila em heroínas, de Nossa Senhora do Carmo e o Cruzeiro escul1711, de cidade em 1840 e, por várias vezes, a sede da capitania de Itamaracá. pido em pedra calcária. Mulheres de Goiana no litoral norte de Pernambuco, com Tejucupapo... Há diversas explicações para a origem do nome: segundo Sebastião de Vasconcelos belas praias: As Pontas de Pedra, Catuama, Carne de Vaca, Tabatinga e Atapuz. Galvão, Goyana é um vocábulo de origem No litoral norte de Pernambuco tem sido indígena, corruptela de guayna, que signiobjeto de vários empreendimentos imobiliáfica gente estimada. Já Mário Melo, afirma rios; por conta de sua beleza, em um futuro próximo pode que a palavra tem outras formações etimológicas: guaia–na, vir a ganhar tanta projeção quanto o litoral sul do Estado. planta anileira; iguá–anama, semelhante ao que existe na A cidade de Goiana também tem marca forte no artesanato, água, charco; guiana, flor de cana. Alfredo de Carvalho fala com a produção de peças feitas em cerâmica, que ilustram em guaiana e gua–iãi, porto ou ancoradouro. cangaceiros, santos e outros personagens que compõem Sabe–se com certeza, no entanto, que desde o ano de 1607, o imaginário nordestino. Devido ao seu solo ser rico em existem registros documentais com o nome Goiana para argila, o município também tem artesões que utilizam o designar o local. barro como matéria–prima. No Carnaval, a cidade é marcada “ Goiana participou intensamente dos movimentos liberpela cultura popular, com apresentações de Maracatus Rurais tários da Província de Pernambuco e foi a primeira cidade e, principalmente, de Caboclinhos. brasileira a considerar livre todos os seus escravos por um Situada na região da Mata Norte de Pernambuco — a cerca decreto da Câmara, de 25 de março de 1888, antecipando–se de 60 km do Recife — Goiana era habitada antigamente à Lei Áurea.”

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Igreja Nossa Senhora dos Homens Pardos

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Em uma de suas aldeias, Itapecerica, foi realizada a primeira assembleia em que índios pleitearam um governo representativo no país e onde foi criada, em 1901, a primeira empresa de transportes do Brasil, a Companhia de Transportes de Goiana, cujo primeiro ônibus circulou entre aquela cidade e o Recife. O pioneirismo de Goiana também se estende ao campo cultural: foi a primeira cidade de Pernambuco a possuir uma biblioteca pública e a primeira do Brasil a ter uma banda de música, a hoje centenária Curica, criada em 1848. No ano seguinte, surgiu Igreja Nossa Senhora da Soledade outra banda a Saboeira também centenária. Devido ao seu amor à música, Goiana já foi conhecida como a Milão pernambucana. Segundo Goiana é uma velha matrona coberta de jóias. Nos dias Valdemar Oliveira. de festas, põe para fora as suas baixelas, os seus adereços, [...] Goiana se distingue no terreno da cultura, da arte, toda os seus títulos herdados — tem o que mostrar, tem de que ela um relicário — nas suas igrejas majestosas, nos seus se envaidecer. […] cruzeiros de pedra, nos seus lavores de prata e ouro, nos Importante centro industrial da região da mata norte seus arquivos musicais, nas suas entidades culturais, nas pernambucana — produtor de cimento, açúcar, cal, algosuas organizações artísticas, em todas essas coisas que dizem dão, móveis e artefatos de fibra de coco — Goiana possui pensamento, cultura, inteligência, primado espiritual. um significativo patrimônio histórico e cultural. 38 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018


Seu patrimônio arquitetônico religioso inclui igrejas que datam do século 17. Oito delas são tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), desde 1938. Além dos oito templos, também é considerada Patrimônio Histórico Nacional a capela de Santo Antônio do Engenho Novo, situada na zona rural do município, no engenho que pertenceu a André Vidal de Negreiros, um dos principais líderes da luta contra os holandeses. Fazem parte do patrimônio religioso de Goiana as seguintes igrejas: Ordem Terceira do Carmo; Nossa Senhora da Conceição; Nossa Senhora da Misericórdia; Nossa Senhora da Soledade; Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos; Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos; Nossa Senhora do Rosários dos Homens Brancos; Nossa Senhora da Conceição; Nossa Senhora dos Milagres; Nossa Senhora do Ó (distrito de Ponta de Pedra); Nossa Senhora da Penha e Santo Antônio (ambas na praia Barra de Catuama); Nossa Senhora do Pilar do Patrimônio (Engenho Patrimônio); Santa Ana (praia de Carne de Vaca); Santo Antônio do Diamante (Engenho Diamante); São Lourenço de Tejucupapo (povoação de Tejucupapo); Santo Alberto de Sicília; São Benedito de Atapuz (praia de Atapuz); São Sebastião de Ibiapicu (praia de Ibiapicu). Existem também os Conventos do Carmo, de Santo Alberto de Sicília do Carmo e de Nossa Senhora da Soledade, além das capelas de Santo Antônio (Engenho Novo), Bom Jesus do Horto (Rua da Baixinha), São Sebastião (Estrada de Cima) e Santa Luzia do Engenho Bujari (Usina Santa Tereza). O prédio da Prefeitura, localizado na principal avenida da cidade, também é um edifício histórico, assim como o casario da vila operária da antiga fábrica Fiação de Tecidos de Goiana (Fiteg), projetado pelo arquiteto João Evaristo no final do século 19 e construído no início do século 20. É um conjunto arquitetônico completo, composto pela casa do gerente, dos operários, do dono, além do clube, onde todos se reuniam para o lazer. Ainda na arquitetura civil podem ser destacados como patrimônio de Goiana, o prédio do Colégio Sagrado Coração, construído em 1920, localizada no centro da cidade; a sede da Loja Maçônica, também dos anos 1920, e a Escola Municipal Manoel Borba, situada na Praça do Convento Santo Alberto de Sicília do Carmo, que data do século 17 e teve sua construção financiada por André Vidal de Negreiros, o então governador da capitania de Pernambuco.

As restaurações dos monumentos religiosos de Goiana foram iniciadas pelo IPHAN em 1991. Atualmente, já foram restaurados a Igreja Matriz do Rosário dos Homens Brancos, a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a Igreja da Soledade e seu convento, este último em trabalho realizado pelos próprios frades. O Museu de Arte Sacra, fundado em 1950, nas instalações da Igreja de Nossa Senhora do Amparo dos Homens Pardos, possui um acervo com destaque para esculturas de santos confeccionadas por artistas pernambucanos dos séculos 17 a 19. Hoje, desativado, tem suas peças guardadas na Secretaria de Obras do Município. Além do seu patrimônio histórico e cultural, o município tem uma grande diversidade de recursos naturais: uma orla marítima cheia de praias e enseadas; uma vegetação variada, distribuída em zonas e subzonas fitogeográficas litorâneas, de mangues, de mata (onde estão localizados seus canaviais) e de savanas; uma área de 186 km2 da bacia hidrográrica do Capibaribe–Mirim–Goiana, com diversos afluentes, entre os quais os rios Tracunhaém, Carrapicho, Tejucupapo e Arataca. Conhecida como a terra dos Caboclinhos — manifestação folclórica de origem indígena —, Goiana possui grupos seculares como o Caboclinho Caetés, o Canindé, o Carijós, o Sete Flechas, o Tabajara, o Tapuias, que se apresentam durante o Carnaval. As Pretinhas do Congo e a Aruenda — folguedos populares de origem africana, praticados por descendentes de escravos na época do Carnaval — também são manifestações típicas de Goiana, assim como a ciranda e o côco, hoje mais comum nas zonas litorâneas do município. Há ainda diversas manifestações religiosas populares, entre as quais a de São Sebastião; a de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da cidade; festas em homenagens ao santos do ciclo junino, São João e São Pedro; festa de São Lourenço de Tejucupapo, datas comemoradas com missas, procissões e folguedos de rua. Goiana também é famosa pela sua culinária, que atrai pessoas de diversos lugares para conhecê–la. Entre os pratos mais característicos estão o guaiamum cozido em pirão, a galinha à cabidela e o muçum de coco frito, além das iguarias de frutos do mar.  n

Fonte: GASPAR, Lúcia.Goiana, PE: patrimônio histórico e cultural. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.

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CONSCIÊNCIA NEGRA

RES PON SABILI DADE Social e Igualdade Racial na Universidade Texto SÉRGIO MURILO HELOÍSA PIMENTEL GIVANILDO AMÂNCIO

COMO SURGIU O NEABIT UNINASSAU — RECIFE –PE A partir da parceria entre Instituto Ser Educacional e a Coordenação de Igualdade Racial da Prefeitura juntamente com a SDSCJ (Secretaria de Desenvolvimento Social Criança e Juventude) — Gerência de Igualdade Racial do Governo de Pernambuco fora instalado na UNINASSAU com a Coordenação da Professora Heloísa Pimentel. Sendo os atores coparticipe os Professores Givanildo Amâncio, Sérgio Murilo. O Coordenador Executivo da época no âmbito municipal e estadual respectivamente foram: Samuel da Luz e Sérgio Moura. Após o surgimento em Recife o Grupo Ser Educacional por meio da Diretoria Pedagógica, na pessoa da Profa. Simone Bérgamo, alinhada ao Calendário Sócio — Pedagógico do Grupo, tomou a atitude de implementar esta iniciativa do NEABIT — Núcleo de Estudos Afro Brasileiros, Indígenas e Povos Tradicionais em todas as IES — Instituições de Ensinos Superiores do Grupo. Esta atitude está em ressonância “com projeto e planejamento de expansão, através de crescimento orgânico e de aquisições em âmbito nacional, atualmente o grupo Ser Educacional está presente nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil, em uma base consolidada de mais de 152 mil alunos. Anualmente são formados milhares de alunos que ingressam no mercado de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país. Para chegar a esse resultado e cumprir seus objetivos institucionais o grupo Ser Educacional conta com um time de primeira linha, que adotou os princípios e a proposta de valor da instituição”. O Centro Universitário UNINABUCO que possui o nome do diplomata e abolocionista Joaquim Nabuco, também possui intensos trabalhos acadêmicos e sociais na área da igualdade social fazendo jus ao seu Patrono. O que já realizou até o momento: https://www.uninassau. edu.br/noticias/neabit–da–uninassau–exibe–documentario–sobre–candomble  n PROJETOS PARA MÉDIO E LONGO PRAZO: 1. Consolidar a Política de Igualdade Racial. 2. Universalizar e fortalecer os NEABIT´s dentro das Instituições de Ensinos Superiores do Grupo. 3. Ampliar as linhas de ações como Projetos de Extensões que contemplem o beneficiamento direto e indireto de  Comunidade Afrodescendentes em diversas matizes.

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FOTOS: CONFERÊNCIA IGUALDADE RACIAL


FOTOS: CONFERÊNCIA IGUALDADE RACIAL

NEABIT promove valorização das diversas populações brasileiras

UNINASSAU e UNINABUCO realizam ações que primam pela responsabilidade e igualdade social, racial e religiosa Texto MELISSA FERNANDES

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valorização do povo e da cultura brasileira contribui para o desenvolvimento social e econômico do país. Oportunizar a discussão qualificada sobre as necessidades de diferentes comunidades possibilita a construção de sujeitos éticos e responsáveis. Pensando nisso, o Núcleo de Estudos Afro–Brasileiros, Indígenas e de Povos Tradicionais — NEABIT — foi instaurado ao calendário Sócio Pedagógico do Ser Educacional a partir do ano de 2016, com a proposta de construir trabalhos acadêmicos que tratem das questões étnico–raciais. No Recife, o projeto é desenvolvido pelos centros universitários UNINASSAU e UNINABUCO, em parceria entre o Instituto Ser Educacional, a Coordenação de Igualdade Racial da Prefeitura da cidade e a Gerência de Igualdade Racial do Governo de Pernambuco. A proposta é de estudar e pesquisar as questões voltadas à cultura e tradições dos afro–brasileiros, indígenas e de povos ciganos, ribeirinhos, entre outros, preenchendo um espaço de debate, antes vazio, quanto às temáticas acerca do preconceito e da valorização da história e cultura dos povos contemplados, abrindo assim a oportunidade de divulgação e discussão dos temas dentro do ambiente acadêmico. Os estudos interseccionais desenvolvidos através do NEABIT possibilitam uma compreensão das opressões, atrelando questões étnico–raciais, de classe, gênero e sexualidade, impactando diretamente no desenvolvimento de uma consciência crítico–reflexiva por parte dos participantes que buscam transformar realidades por meio deste projeto social que objetiva a valorização das diversas realidades culturais presentes no território brasileiro. Heloísa Pimentel é a coordenadora do projeto na UNINASSAU e diz que é de fundamental importância que sejam levantados os problemas enfrentados pelas comunidades acima citadas. “Ao identificarmos as dificuldades enfrentadas pelos grupos populacionais; sejam elas raciais, étnicas, culturais ou religiosas; poderemos sugerir e fomentar soluções que tenham um

impacto significativo na melhoria da qualidade de vida dessas populações. Somos responsáveis pela formação de milhares de estudantes que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho e contribuir para o desenvolvimento social do seu meio. O NEABIT surgiu justamente para chegarmos a esse resultado e cumprir o objetivo institucional de valorização do homem e da sua cultura”, destaca. Francisco Alexandrino, coordenador do projeto na UNINABUCO, reforça que o NEABIT se faz cada vez mais necessário na formação de profissionais qualificados em prol da equidade social. “Visamos fomentar a instrumentalização do olhar da comunidade acadêmica frente à diversidade étnico–racial, a partir da perspectiva multiculturalista, proporcionando a valorização das subjetividades de cada grupo étnico e/ou comunidade tradicional, sem critérios qualitativos excludentes. Cada cultura, sendo minoritária ou não, precisa ser analisada a partir dos seus próprios pressupostos e não do que uma ideologia dominante define como válido”. Todos os meses as instituições levam as propostas do NEABIT para seus estudantes por meio de palestras, debates ou eventos relativos aos temas de igualdade e responsabilidade social e racial. Este projeto permite que a UNINASSAU e UNINABUCO atendam à legislação, possibilitando ampla visibilidade acadêmica e pública para as ações realizadas, visto que pessoas interessadas podem participar livremente das atividades. Além dos grupos de pesquisa continuada e disponibilidade de material didático para o corpo discente, essas ações envolvem divulgação da realidade afro–brasileira, indígenas e dos povos tradicionais brasileiros. Entre as ações promovidas pelo NEABIT estão: cursos, conferências, encontros, apresentações culturais, congressos, publicações e intercâmbio de pesquisadores. Além disso, estão sendo programadas para o próximo semestre (2018.1) ações nas áreas dos entornos das instituições, como também em quilombos (rurais e urbanos) e em aldeias indígenas de Pernambuco, levando às comunidades o auxílio que for mais pertinente para cada uma delas, como oficinas, palestras e pesquisas. A adesão de universitários que gostam de desafios e acreditam na proposta do projeto se dá por meio do interesse acadêmico individual, independente da graduação a qual estejam vinculados. Os interessados em participar podem se inscrever nas coordenações dos cursos ou do NEABIT.  n Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 43


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ARTE — ESPECIAL

Um homem sem cultura, é como uma árvore sem raiz

 LUISA MACIEL

50 Anos de arte de

LUISA CAVALCANTI MACIEL

(in memorian), pintora, escritora, folclorista e produtora cultural Texto SOCORRO MACIEL 44 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018


FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Família (1970)

ão se trata de uma história da pintora “Luisa Cavalcanti Maciel”, e sim de um trabalho intencionalmente escrito na tentativa de sintetizar o trabalho desenvolvido por ela. Através dos relatos que serão publicados no seu Primeiro Livro de Arte pela CEL EDITORA, o leitor terá uma visão dos principais momentos da História de Luisa Cavalcanti Maciel, em movimentos de decisiva importância na evolução de sua pintura e das diversas formas de preservar, valorizar e difundir a cultura popular e tradicional de nosso povo. Tentaremos seguir uma delimitação de tempo com relação a diversas atividades desenvolvidas, que podemos denominar

Conversa na Janela (1988)

de “os maiores” momentos de sua extensa vida cultural. Seguiremos critérios que sejam mais significativos para a sua compreensão e sua evolução. Não se trata de um trabalho biográfico, e sim um resumo pleno de realizações e consciência desse ideal, na tentativa de proporcionar um melhor conhecimento do seu trabalho desenvolvido ao logo desse tempo, com sua incessante busca de proporcionar aos outros artistas, oportunidades de mostrar suas artes na música, na dança, na literatura oral e escrita, no teatro, na pintura e sempre procurando o respeito necessário para cada artista indistintamente. Essas lutas e conquistas traduzem um estilo de vida, um estado de consciência e toda a concepção que Luisa Cavalcanti Maciel, tem do Universo. E como bem diz em uma de suas frases mais célebres, e dita entre as pessoas que com ela costumam lutar, “Um homem sem cultura, é como uma árvore sem raiz”. Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 45


Na quinta–feira 19 de julho de 1926, no agreste pernambucano, no distrito de Areia Grande, município de Pesqueira, Leonel Primo Cavalcanti de Albuquerque e Júlia Luisa de Vasconcelos Cavalcanti, esperavam com grande ansiedade o nascimento de sua segunda filha. A menina nasce bela e sadia, e recebe o nome de Luisa Cavalcanti de Albuquerque. Desde jovem, sempre foi uma criatura alegre, adorada por sua família, principalmente diante da variedade de seus dotes. No ano de 1930, mudou–se com seus pais para a cidade

No dia 16 de maio de 1945, casou–se com o Sr. Rafael Pereira Maciel Filho, com quem teve seis filhos. A área da pintura se alarga e cresce, com a valorização plástica das formas, a perspectiva, o dinamismo da composição, a noção de espaço, a descoberta da paisagem e figuras da cultura popular, em especial da região nordeste do Brasil, onde mostra sua posição diante do mundo com ampla liberdade de criar, tirando do nada, um universo de forma que nada mais são do que formas, essências, que se aproximam com a realidade das formas naturais.

Feira de Palha

de Caruaru, aonde veio a concluir o curso primário no Grupo Escolar Joaquim Nabuco no ano de 1938. Contava seu pai, que desde cedo, costumava pintar com motivos florais os roda–pés das salas da casa onde morava na Rua do Sítio, no antigo bairro da Rua Preta, na cidade de Caruaru–Pernambuco. Aos 15 anos (1941) quando já concluía o curso colegial no Colégio das Beneditinas de Caruaru (Colégio das Freiras), já escrevia seus primeiros versos, poemas, tocava violão, escrevia estórias, passando o tempo livre desenhando e pintando. 46 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018

Com sua pintura, humaniza o inebriante lirismo de suas figuras, dominando o caminho, onde o que parece ser triste apossam–se triunfalmente de um espírito de observação e análise do mundo exterior, cultivando cenas meticulosamente honrada e a aplicação laborioso de suas verdades. Com sua consciência, seu vigor e o alto conceito que possuí de sua arte, desempenha um papel preponderante, além de que sua inteligência marca profundamente sua personalidade inquieta, sempre em busca de algo mais da cultura dos povos.


Tem dedicado grande parte de sua vida ao trabalho, muitas vezes abrindo exceção para o tempo dedicado necessário à sua inspiração, a sua pintura, onde sempre procura descobrir novos meios, novas técnicas para a realização de sua obra maior, que são criadas como que para si própria, conseguindo sempre com dureza e ferocidade, vencer as dificuldades, as tensões advindas do seu trabalho. Durante toda sua vida como autodidata coloriu suas telas o sei imaginário. Em 1959 assistiu aulas com o Profº Filemon Bastos em Caruaru.

Painel de aluminio — Casa de farinha 2

Em 1960 fez um Curso Livre com o Proº Lula Cardoso Ayres até prestar vestibular na Universidade Federal de Pernambuco em Recife em 1961 para o Curso de Belas Artes, onde concluiu no ano de 1963. Dando continuidade a outros cursos até o ano de 1964. Começou sua vida de artista plástica tendo como professores: o renomado e inesquecível Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro, Chalita, Reinaldo Fonseca, entre outros. Tendo como companheiros contemporâneos os artistas, Wellinton Virgulino, João Câmara, Wilton de

Souza, Abelardo da Hora, Corbiniano Lins, entre outros. Lula Cardoso Ayres escreveu sobre seus trabalhos em 1968 onde relata que “a pintora Luisa Maciel é plástica chegando às vezes a sugerir o cilindrismo”. O crítico de arte José Geraldo Vieira escreveu na folha de São Paulo em 16 de agosto de 1968 que as suas figuras vistas de certa distância parecem sobressair das telas ,”avarandarem–se para fora,criando um efeito de ilusão de ótica”. Seu estilo denominado como cilindrismo, retrata a família nordestina, com seu estilo popular.

1ª Exposição Lula Cardoso (1961)

Começando daí a pesquisar sobre a cultura popular e tradicional, e investigando cada vez mais o nosso folclore. Realizou em setembro de 1961, sua primeira exposição composta de 45 telas a óleo e guache no Salão do Banco Econômico da Bahia, filial de Caruaru, sobre assuntos regionais. Esta exposição foi apresentada pelo pintor Lula Cardoso Ayres com as palavras “Estou certo de que Caruaru deu ao nordeste mais uma pintora de valor”.  

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POLÍTICA

(1) Presidente Carlos Luís (2) Presidente Carlos Luís e Dra. Amanda do departamento Jurídico (3) Diretoria da ASPCRE

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A S P C R E Associação dos Servidores Públicos da Cidade do Recife, avalia o mandato da atual diretoria e sonha com dias melhores... Texto LUCIANA ARAÚJO  Fotos STUDIO JUREMA

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ASPCRE é uma entidade sem fins lucrativos, foi fundada em 1987 com o objetivo de proporcionar progresso e qualidade de vida aos servidores associados. Ao longo de 33 anos anos, a entidade realiza encontros, palestras e eventos mensais, nos quais são realizados sorteios, atividades e shows que proporcionam interatividade e entretenimento aos associados. A atual diretoria, sob a presidência do senhor Carlos Luís, afirma que terá grandes projetos para realizar nos próximos dois anos, entre eles a criação de um diálogo com o executivo municipal; uma cooperativa para empréstimos; uma assessoria jurídica; a reativação do convênio com o Sesc, um Clube de Campo e a promoção de cursos profissionalizantes”. CARLOS LUÍS é um servidor público municipal, na função de agente administrativo, há 30 anos, entrou na Diretoria da ASPCRE, em seu primeiro mandato.

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(4) Presidente da ASPCRE Carlos Luís (5) ASPCRE recebe equipe da Jurema para entrevista com Luciana Araújo (6) Wellington Oliveira funcionário da ASPCRE (7) Curso de Bombeiro Civil da ASPCRE (8) Serviço de Estética Gratuito oferecido pela ASPCRE (9) Salão de Beleza para os Associados da ASPCRE

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A DIRETORIA E OS SONHOS... FATIMA AMORIM — Diretora da Mulher, Assistente social: “meu sonho é criar mecanismo de defesa e enfrentamento a violência contra a mulher.”

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A Boa Política — traz benefícios àquele que está participando da política e se beneficiando dela.

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Essa diretoria foi formada pela necessidade de mudar, vivíamos uma ditadura. Ganhamos com 800 votos de diferença. Em aproximadamente 2 anos da nossa gestão já duplicamos o quadro de associados, que antes era de 1.700. Somos a única Associação de Servidores do Brasil que sorteia sexta básicas mensalmente. Temos convenio com todas as faculdades do Recife, plano de saúde, e salão de beleza para as servidoras, gratuitamente. Com esses serviços, já tiramos a taxa social que é de R$ 32,00. Disse, Carlos Luís — Presidente. Um Presidente cheio de glamour: VAIDADE — Perfume, vestir bem, cabelo arrumado. AMOR — Filha O QUE LHE DEIXA TRISTE — Mentira A BOA POLÍTICA — traz benefícios àquele que está participando da política e se beneficiando dela. O espaço, sede própria da ASPCRE, tem atendimento profissional, 10 funcionários a serviço do servidor associado, curso de Bombeiro Civil, Clínica de Estética e Salão de Beleza. E pelo segundo ano, vão realizar o CAMAROTE INOVADOR no Galo da Madrugada.  n

LUCINEIA ISABEL — Vice Presidente, Professora aposentada, há 18 anos na ASPCRE: “tenho um sonho, que continue a democracia, porque os sócios merecem toda nossa preocupação em dar o melhor para eles” AMAURI OLIVEIRA — Diretor Financeiro, aposentado: “sonho em criar um Clube de Campo, porque a gente é só trabalho, e só trabalho fica a cabeça atrofiada, e como servidor público trabalhei muito, eu fui funcionário padrão duas vezes. Eu espero que a gente consiga esse sonho.” MILSON MARTINS — Agente Administrativo, aposentado: “um dos propósitos que eu estou aqui é lutar por um espaço físico para o servidor aposentado, a família, a pensionista. Temos muitos servidores ociosos e que fazem da rua sua moradia.” EDMAR — Diretor de Administrativo e de Patrimônio, Guarda Municipal aposentado, recentemente: “Meu sonho é que a ASPCRE cresça mais do que agora e que consiga o Clube de Campo dela.” MARIO CARDOSO — Diretor de Marketing: “eu não estou sonhando, estou trabalhando para que um dia aconteça tudo que merecemos. Hoje já recebemos muito, mais a luta é grande.” WELLINGTON JOSÉ — Funcionário de serviços gerais da ASPCRE, me chamou a atenção no meio da conversa e resolvi por homenagear a Semana Nacional da Consciência Negra, a partir dele, me falando que por sua cor, já sofreu todo tipo de discriminação, ex morador de albergue da Prefeitura do Recife, sempre resignado, conquistou seu trabalho e criou filho, já é avó. Parabéns, senhor Wellington. CARLOS LUÍS — Presidente: O clube nasceu de uma necessidade de lazer. Estamos trabalhando pra que isto aconteça com a concretização do Clube de Campo. Tenho um projeto (não é sonho) pois vamos materializar, que é soltar os servidores dos empréstimos consignados, a partir da criação da nossa própria Cooperativa com juros abaixo do praticado no mercado. Formamos a Banda Inovação, formada por músicos dos servidores associados, que vem abrilhantando as nossas festas. Por fim, sonho com que todos tenham autonomia para dar continuidade ao legado que esta Diretoria deixará.

Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 51


MÚSICA

Peleja é com ALLAN SALES FOTO: DIVULGAÇÃO

Allan é músico, compositor e cordelista. “Toca e canta. Versátil, agrada gregos e troianos em suas apresentações”

N

atural do Crato–CE e radicado no Recife desde 1969. Dedica–se à música popular, à literatura de cordel e promove eventos poéticos musicais ecléticos na cidade do Recife. Na Unicordel atua no acompanhamento musical dos recitais e realiza oficinas de cordel. Cantor, músico, compositor e poeta, começou como cordelista em 1997 e já tem publicado cerca de 300 folhetos. Seu é destaque em concursos e circuitos musicais em todo o Estado. Também se dedica ao ensino de violão popular, sendo compositor de música instrumental em violão e viola sertaneja. Allan Sales nasceu no dia 27 de abril de 1960 no Crato–CE, vindo em 1969 morar de vez no Recife, portanto um dos muitos migrados e integrados à cidade e sua cultura. É um músico que toca violão e viola caipira, compositor, poeta cordelista e xilógrafo. BATE PAPO COM ALLAN REVISTA JUREMA – Há artista injustiçado? ALLAN SALES – Creio que há injustiça no mundo e os artistas não estão imunes ao processo de exclusão e negação dos seus valores. Conheci muitos que foram ignorados ou subestimados não recebendo o devido reconhecimento por parte de muitas estruturas viciadas como o mercado da artes, os poderes e as mídias. 52 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018

Texto LUCIANA ARAÚJO

Você influencia outros artistas, quais foram as suas influências? Alguns dentre os que vieram depois de mim declaram que eu os influenciei, o que é uma honra, mas também uma enorme responsabilidade. Quanto às minhas influências, de música, todos os grandes nomes do nosso cancioneiro, tanto regionais como de outras regiões do país. Em poesia, eu tive o privilégio de ter feito parte do GRUPO DE POESIA FALADA DO RECIFE, no qual pude aprender muito dos nossos poetas mais importantes acadêmicos e populares. Admiro por demais Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Joaquim Cardoso, Carlos Pena Filho, entre os poetas populares, Patativa do Assaré, o legendário Zé Limeira e os contemporâneos Chico Pedrosa e Antônio Franscico. Alguns poetas e cantores criticam sua forma de ser sempre ideológica, nas apresentações artísticas, dizem até que você parou no tempo, mesmo sendo um multiartista. O que me diz disto? Em sua opinião, por que você não alcançou uma projeção mais comercial? Caiu o muro de Berlim, mas não caiu um tijolo dele na minha cabeça. Em pleno século XXI, vivemos sob as mesmas contradições do século XX. Quem parou no tempo foi a sociedade brasileira que permanece perversa, autoritária e excludente. Quem põe essa pecha é quem prefere ser existencialista, beletristas ou performáticos de viés circense. Forma ideológica se dizem isso é um grande elogio, vindo de quem vê nisso um atraso, melhora ainda. Projeção comercial, o que isso significa? Estar nessa mídia podre? Trabalhar pra esse sistema estatal que


instrumentaliza tudo como propaganda quem serve de estribo para poderosos de plantão. Sou inimigo do rei, quem diz isso devem ser os bobos da corte. Por que não se escuta Allan Sales nos grandes eventos culturais? Porque não interesso como pensador aos donos dessa máquina que vê cultura como entretimento apenas, os grandes eventos sabemos muito ao que a quem servem, espetacularização das expressões culturais, micaretização de tudo, faço uma arte intimista, elaborada e provocadora, e isso não agrada aos donos de tudo. Você é um tipo raro de artista que, mesmo estando fora da mídia, tem um público cativo. Por quê? Porque consegui me comunicar com essas pessoas descontaminadas de massificação que ainda possuem senso crítico e posição diante dos dilemas e contradições que nos cercam. Uma questão de empatia, essas pessoas me acompanham faz muitos anos e sabem que não corrompi meu HD e meu programa fonte. Como é o seu contato com o Pessoal do Recife? Você guarda alguma mágoa da política cultural aplicada nas gestões públicas? Contato muito pouco, apenas com algumas pessoas que mantém uma dignidade profissional e que sempre que podem nos indicam e recomendam. Conto nos dedos gestores assim. A grande maioria são capatazes dos mandarins da cultura. Não é questão de mágoa tenho é desprezo por essa fuleiragem toda , é muita coisa misturada e, o fomento das artes não é o principal foco. Eu percebi como o jogo é jogado desde cedo, resolvi correr por fora e fazer eu mesmo e em parceria as coisas acontecer ao nosso modo. A escala é artesanal, pequena, mas é toda nossa, preferimos ser cabeça de peixe do que rabo de baleia. O estado não nos representa e o mercado nos ignora, aí viramos uma espécie de quilombolas das artes. Política cultural aqui sempre teve essa feição de privilegiar grupos fechados e refratária ao fomento e inclusão e amplos setores. Quais são as novas revelações da música brasileira? Revelados por quem? Pela mídia? Eu só sei que aqui mesmo temos um legião de gente talentosa, inteligente que faz coisas lindas com cancioneiro, música instrumental, que a vida revela e o sistema ignora. Quem pra você é o maior compositor brasileiro e porque? Villa Lobos acima de tudo, soube como ninguém ler e interpretar a alma brasileira, pegou a tradição musical europeia na qual foi formado e deu a ela a cara do Brasil.

Em sua opinião, letra de música é poesia? Veja só, tem letras de músicas que nada devem em termos de refinamento ao que de mais belo se produziu em poesia. Eu, faz algum tempo que me dedico a musicar textos poéticos, meus e de outros poetas. São esses poemas letras de música? Qual a sua opinião sobre a ditadura musical da atualidade? Serve a um projeto de dominação através do abastardamento dos padrões estéticos, para emburrecer e alienar as massas, tornando–as embrutecidas, insensíveis a algo mais elaborado, é um projeto estrutural do sistema perverso que domina a cena. Como é sua relação com a Internet? Uso a meu favor, uma ferramenta poderosa de trabalho e de comunicação com pessoas de qualidade que tive o prazer e honra de encontrar. A vassoura pro lixo na internet chama–se mouse. Quais livros fizeram ou estão fazendo sua cabeça? A história da riqueza do homem, de Leo Hubermann, foi meu primeiro choque cultural. Livro de harmonia para violão e Paulinho Nogueira que abriu–me caminhos como músico e compositor. Geografia da Fome, de Josué de Castro, Zé Limeira o poeta do absurdo, Cante lá que eu canto cá, de Patativa do Assaré. Os poemas de Castro Alves, duas antologias que tenho de Manuel Bandeira. A música pop é descartável? Música ruim é descartável, o pop bem elaborado vira clássico e não morre. Quais são os caminhos para a música regional brasileira? Os melhores caminhos são as BRs do estado e o Aeroporto dos Guararapes. O que as gravadoras buscam num artista? Lucro, como qualquer negócio nesse mundo. O que você acha do mercado sonoro pop (Pablo Vittar, Anita, Nego do Borel)? Tem quem patrocina e investe nesse nicho, é uma coisa de mídia em acordo com o mercado fonográfico produzindo cultura de massas de gosto duvidoso, mas tem quem compre, quem goste e dá poder a isso tudo. O sistema tem interesse nisso, porque isso serve ao seu projeto. Quais são seus projetos futuros? Manter e ampliar os espações conquistados, por sobre rodas nosso ARTE EM MOVIMENTO DO RECIFE e visitar o mundo afora e mostrar ao que viemos.  n

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MÚSICA

REPERTÓRIO ECLÉTICO MARCA A TRAJETÓRIA DA

CHICOTE EXCLUSIVE

FOTO: DIVULGAÇÃO

Texto LUCIANA ARAÚJO

54 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018


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…trouxemos novas músicas, estilos e passamos a interagir ainda mais com as pessoas

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om pé na estrada desde o final dos anos 90, a Chicote começou sua história fazendo o forró das antigas. Com sucessos tocados na época e também já ensaiando autorias, o grupo percorreu palcos do Norte–Nordeste levando músicas como “Não vivo sem você”, “Volta Pra mim”, “Garotinha linda” e “Amor de rapariga”. O ritmo regional eletrizado embalou as rádios na época e fez o grupo tocar em estados como Ceará, Maranhão, Piauí, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Diversos shows em São Paulo também fizeram parte da agenda. Depois da explosão do forró pelos quatro cantos, ritmo que também foi matéria–prima para diversas outras bandas da região, a Chicote retornou ao Recife com o projeto de criar uma banda baile. Foi aí que surgiu a Orquestra Aquarius, mantendo a formação, só que trazendo novo repertório e abrindo o leque para atender outros formatos de eventos. Das grandes festas de vaquejada e encontros abertos que seguem calendário anual, como Carnaval e São João, a banda afinou novos instrumentos e agregou a pegada romântica, além de hits nacionais e internacionais para embalar também eventos sociais como casamentos, festas de formatura e confraternizações de encontros corporativos. E nesse percurso, cantando para diversos públicos, a banda foi ousando e quebrando o formato de apresentação de uma orquestra. “Mais que cantar e dançar, o público queria se divertir e brincar. E aí descemos do palco, trouxemos novas músicas, estilos e passamos a interagir ainda mais com as pessoas”, conta a irreverente Lilli Trindade, vocalista desde a formação inicial em 1998 e única integrante feminina. Foi aí que a cantora

se destacou e virou referência no mercado de orquestra no Recife. Com seu jeito característico de interagir com o público, ela acabou com o paradigma de que cantor de orquestra não tem destaque. Hoje, Lilli Trindade também desenvolve um trabalho solo paralelo ao da Chicote, em show intitulado “Lilli Trindade sem compromisso”. Ela diz que esse formato é um trocadilho para brincar com perfil de apresentação, em que não há compromisso com o repertório e, sim, com a diversão do público. O NEGÓCIO É SE DIVERTIR Essa performance diferenciada permitiu ao grupo criar sua marca e agradar aos diversos públicos, com repertório eclético, que vai dos anos 60 até os sucessos atuais. O fato é que o grupo mudou de nome em alguns momentos iniciais da trajetória para atender aos pedidos, mas se fortaleceu e consolidou com a marca Chicote Exclusive. DESTAQUE A Chicote foi capa da revista nacional Sucesso CD, na edição de março de 1998. E ainda hoje é considerada uma das bandas de destaque do tempo forró das antigas que recentemente rendeu um convite a cantora recifense do grupo e também designer de moda Lilli Trindade para participar do projeto acústico, da Imaginar Filmes, que reuniu diversos nomes de peso do forró das antigas para soltar a voz em Fortaleza (CE). Também participaram ex–vocalistas de bandas como banda Magníficos, Limão com Mel, Mastruz com Leite, entre outras.  n

SERVIÇO: Facebook — https://www.facebook.com/chicoteoficial/ Youtube — https://www.youtube.com/watch?v=bWONifWjNE8 Telefones para contato: (81) 9 96950250 — Luis Werson

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ENSAIO

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REFLEXO

Texto ALETA PORTELLA  Fotos ROBERTO PORTELLA

Ora vejo, ora sonho. Utópico portal ao infinito. Reflexos de mim. Vida em projeção. Sala de espelhos. Onde me escondo por detrás de mim mesma.


Opostos Complementares. Faces do mesmo rosto. Em mim, o outro. Reflexo em projeção. Me perco e me acho. Me transformo, me refaço. O que está em cima é como o que está embaixo.


Eu, em preto e branco. Distrações, personagens e pensamentos. Devaneios sem fim, me perco de mim. Entre reflexos e reflexões (...)


Eu, em projeção. Fragmentos em dispersão. Perdidos, numa sucessão de dissabores. Vida em desencanto.


Reverso Reflexo De natureza, complexo. Necessário e revelador. Entre máscaras e véus. Procuro um rosto, o meu. Tantas faces replicadas. Separadas. Do todo que Eu sou. De tudo que sou eu.



Me encontre, me ache. De dentro sei que você me vê. Me vejo através de você. imagem distorcida, Venho sendo reconstruida. Da dispersão à fusão. ReIntegração. Nova percepção.


MODELO: Elena Violin (8.1 MMGT) BELEZA: Gedson Moreno ASSISTENTE: Mário Herculano ACESSÓRIOS: Acervo

E na ReUnião de todas as partes, Minha verdadeira face é revelada. Resgatando o essencial. Apenas e inteiramente, O ser real.


CASAMENTO

CASAMENTO “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar, senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer–te é que te amo?” —FERNANDO PESSOA

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sonho do casamento já começa pelo convite. Nele, deve estar refletido o melhor da história de amor que os casais construíram ao longo dos anos. Pensando nisso a Revista Jurema idealizou o Projeto: CASAMENTO DE RAINHA – UM SONHO COLETIVO e solicitou que mulheres que tivessem o sonho de casar de véu e grinalda escrevessem o melhor da sua história de amor.

64 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018

Finalmente, casamos 12 mulheres na 1ª edição e 35 mulheres na 2ª edição. Em 2018 seremos uma legião de 100 mulheres, partindo para 3ª edição, triplicamos o número de sonhadoras.

AGUARDAR PARA VER! 1º ENCONTRO DE NOIVAS ANO III.


FOTOS: STUDIO JUREMA

DE RAINHA ANO III — 2018

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EMPREENDEDORISMO

Carvalheira MARCELO

Empresário pernambucano, assume presidência do PMN em Recife

66 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018


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ENTREVISTA: REVISTA JUREMA – Em momento que a política está vivendo um descrédito tão grande, por que o Sr. resolveu entrar na política? MARCELO CARVALHEIRA – Bem, Não é fácil ingressar no mundo da política, tomar esse passo adiante e entrar para a política “de verdade”, não aquela política que você vê todos os dias na TV — suja, baixa, imersa em corrupção. quero mudar essa história, mostrar que não é necessário

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atural do Rio de Janeiro, Marcelo Carvalheira promete levar para a gestão pública a experiência adquirida na iniciativa privada. Estreante em disputas eleitorais, Marcelo Carvalheira, de 49 anos, aposta no descrédito da população com os políticos tradicionais para surpreender nas urnas em 2018. Pré–candidato a Deputado Estadual pelo Partido PMN, o empresário de Pernambucano se diz decepcionado com os escândalos de corrupção envolvendo quase todos os partidos. “O momento é propício para quem nunca esteve envolvido na política. Porque a conclusão que se tira da situação que está aí é que alguns políticos não deram conta do recado”, avalia, Carvalheira. Após 30 anos à frente de grandes produções culturais, representante comercial de serviços gráficos e agência de publicidade, Marcelo não para, hoje é sócio majoritário do azeite espanhol Carvalheira a ser importado para o Brasil em janeiro de 2018. O Grupo Marcelo Carvalheira Representações — com empresas no setor de eventos, projetos culturais e publicidade —, afirma conhecer o interior do estado totalmente e recebe demandas culturais e artísticas de várias regiões de Pernambuco. O pré–candidato aposta também em uma grande renovação na Assembleia Legislativa para mudar a relação de toma lá dá cá entre parlamentares e governantes.

É preciso dar voz aos artista e produtores culturais

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se corromper para ser um político no Brasil.Participar de projetos dessa natureza demonstra que possuo interesse em temas coletivos, além de compartilhar experiências em encontrar soluções para problemas coletivos. Em minha carreira política, terei de lidar com inúmeros Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 67


68 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018


tipos de problemas o tempo todo e terei de desenvolver pensamento estratégico para atuar nas soluções para todos. Alguns empresários que entraram na política nos últimos anos tiveram dificuldade em lidar com o jogo político. O Sr. tem receio de lidar com problemas que não existem no setor privado? Nenhum, pois dentro de minhas atividades sempre tive um laço politico, e em verdade, todas atividades empresariais existem o lado politico. Trabalhei em campanhas de outros políticos, o que lhes permite conhecer o dia a dia de uma campanha e entrar em contato com a rede de pessoas e organizações que estão envolvidas nelas, entendendo a rotina e os desafios de um político eleito. Tudo isso abre portas e facilita o ingresso nesse mundo. Pessoas novas e cheias de ideias podem encontrar vários obstáculos para concretizar suas aspirações. A relação do Executivo com o Legislativo envolve muitos interesses, seja dos deputados ou de partidos. Como o Sr. vai lidar com isso?

Balancear esses fatores será um desafio permanente na vida pública, é muito importante que você tenha um plano de governo bem delineado, pois administrar os interesses dos financiadores com o interesse dos eleitores em geral e de fato um desafio permanente na vida pública. Com os políticos tradicionais em descrédito, o momento é bom para quem não tem trajetória política? Sim, totalmente, estás engajado coletivamente na defesa de direitos e ideais e a minha bandeira, uma época onde o novo e a melhor escolha, a iminente necessidade de criar mecanismos de transparência e participação social para que as pessoas tenham um candidato que represente os cidadãos. É possível disputar uma eleição de igual para igual com outros candidatos sem o apoio de outras legendas? Sim, os partidos políticos possuem o monopólio sobre as candidaturas para as eleições. Portanto, qualquer que seja o aspirante a um cargo eletivo, ele terá de ingressar em um partido político que possuem, princípios ideológicos, o candidato a política precisa passar por provas de fogo até demonstrar que tem potencial para a política. O Sr. avalia que pode haver uma diferença grande entre as opções políticas dos eleitores do interior e os da capital no ano que vem? Sim, com certeza a avaliação dos eleitores vai ser bem mais criteriosa, o acesso às informações, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei da Transparência e a Lei de Acesso à informação. Essas informações garantem ao cidadão o direito amplo a qualquer documento ou informação produzidos ou custodiados pelo Estado que não tenham caráter pessoal e não estejam protegidos por sigilo. Isso reduzirão bastante a mágica de ilusões que muitos políticos de carteira! Em resumo, demostrando aos eleitores quem e o político bom e o político ruim!. Quem seriam para o Sr. os bons exemplos de gestores na política? Aqueles que tenham compromisso com a transparência, participação e inovação e que um politico de verdade tem que servir e não ser servido! — VOTO NÃO SE COMPRA, SE GANHA!  n

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JÓIAS

Movimento ARMORIAL inspira coleção de JÓIAS no Recife Intitulada ‘Raízes’, a linha da CiS Joias traz peças em ouro, ouro branco, diamante e madre pérola

T

SERVIÇO:

CiS Joias — Shopping RioMar Recife Av. República do Líbano, 251 — piso L2 — loja 2085/Sc 222 — Pina, Recife/PE. (81) 3327.0291 | www.cisjoias.com

udo ao redor é inspiração para criar e formar quem somos. Foi esse pensamento que influenciou a nova coleção da CiS Joias. Intitulada “Raízes”, a linha buscou referências na cultura nordestina presente no Movimento Armorial para compor as peças, que unem a arte popular com a sofisticação do universo joalheiro. O Movimento Armorial foi uma corrente artística desenvolvida com o objetivo de criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste Brasileiro. Nele, se destacaram grandes artistas como Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Romero Andrade Lima e Gilvan Samico. “As obras deles foram nossa grande inspiração. Trouxemos para as joias elementos bem marcantes, como cobras, pássaros, estrelas e luas, que nunca tínhamos usado. Foi um grande desafio”, conta a designer Cris Lemos. Apesar de ter essa essência regional, as peças possuem traços modernos e universais.

A coleção é formada por 13 peças, que variam entre brincos, anéis, pulseiras e colares em ouro, ouro branco, diamante e madre pérola, com texturas e acabamentos variados. Além das peças, a grife também produziu um catálogo temático que foi todo fotografado no Engenho Pombal, em Vitória de Santo Antão, pertencente à família Andrade Lima. “Fizemos um link entre a nossa inspiração com a locação e a modelo, que tem uma beleza extremamente brasileira. O resultado ficou incrível”, conclui Cris. Sobre a marca — A CiS Joias iniciou as suas atividades em 2009. Atualmente, com uma unidade situada no RioMar, shopping nobre do Recife, conquistou espaço no setor joalheiro do Nordeste ao elaborar joias autênticas, assinadas por Cris Lemos, repletas de significado e originalidade, da qual toda a produção, desde a criação até a finalização das peças, é realizada em um ateliê local. Afinal, embora esteja num patamar crescente, a empresa preza pela tradição do trabalho personalizado e manual. O que resulta em um produto com caráter regional que agrega sofisticação à marca.  n


FOTOS: IGOR MELO


BRECHÓ

A Moda do

DESA PEGO

J

á foi o tempo em roupa usada era sinônimo de doação e solidariedade de madames objetivando a caridade, através de quermesse. Com a chegada da Moda do Desapego, houve uma mudança de paradigma e o que antes era usado, sem graça e cheirando a mofo, passou a ser moda. E, foram surgindo vários brechós com roupas usadas e algumas quase novinhas. Pessoas, especialmente, mulheres começaram a vender suas próprias roupas, por vários motivos: primeiro para sair bem na foto das redes sociais sem repetir roupa, depois com o advento da crise no Brasil, comprar em um brechó pode ficar até 70% 72 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018

mais barato que nas lojas convencionais, surgindo então, a figura do “Garimpeiro do Desapego”, essa pessoa normalmente começa com a ideia de vender suas próprias peças, depois das amigas, em seguida começam a garimpar outros brechós. Para ficar por dentro desse assunto, fui falar com Tati Veloso dona do BrechóMix e conseguimos essa

maravilhosa conversa: REVISTA JUREMA – Quem é Tati? TATI – Tatiana Veloso, casada sem filhos, Administradora, trabalho com moda há mais de 20 anos, paixão que surgiu desde que comecei a trabalhar com vendas. Quando surgiu a ideia de abrir um brechó? O Brechómix surgiu através da ideia de meu marido ter feito


 Posso afirmar que compro muito pouco em lojas convencionais

FOTOS: ROBERTO PORTELLA

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cirurgia bariátrica e queria vender todo o Guarda–roupas, então foi iniciado assim junto com minhas peças para também atingir o publico feminino, porém devido ao aumento na demanda, tive que ampliar buscando peças de amigas e amigas das amigas, pois a propaganda boca a boca e das redes sociais foi fundamental para conseguir fornecedores parceiros. Você mudou a percepção sobre o mundo da moda depois de começar o brechó? O que você descobriu e passou a questionar? Depois que abri o Brechómix recebo tantas peças maravilhosas que passei a adquirir minhas peças apenas no brechó, isso fez com que minha visão mudasse em relação ao pós–consumo e hoje posso afirmar que compro muito pouco em lojas convencionais, passei a pensar no amanhã de forma mais sustentável e responsável, hoje o Brechómix é responsável por um evento onde reúne mais de 30 Brechozerias em Recife chamado de Encontro de Brechós onde acontece uma vez por mês na Galeria Ubaias Center no Bairro de Casa forte. Também, fazemos doações de peças para instituições parceiras quando a peça não vende, fazendo com que a peça seja usada por outras pessoas novamente. 

Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 73


BELEZA

GEDSON MORENO De vendedor de picolé ao melhor maquiador do Brasil na categoria de artes cênicas pela Avon

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Texto LUCIANA ARAÚJO  Foto ROBERTO PORTELLA

menino com jeito delicado e muita vontade de mudar a sua historia de vida e da sua mãe, passou a frequentar consultórios e clínicas médicas para vender picolé, e lá começou o seu primeiro contato com o glamour e a beleza através das revistas que lia nas salas de espera destes consultórios. Passando a colecionar essas revistas, e como não podia comprar pedia as que estavam velhas, as recepcionistas. O que o ajudou a entrar no mundo da moda e das tendências em maquiagem. Aos 18 anos de idade, da cidade Moreno/PE, não demorou muito para que sua estrela começasse a brilhar. Ele era a atração do bairro onde morava com sua família. Como bom autodidata, passou a ser o maquiador oficial das festinhas, sem cobrar dinheiro, pedia produtos em troca. Com o sucesso, passou a maquiar a filha e a mulher do prefeito, a vereadora, a dona da padaria. Hoje é dono da Escola de Maquiagem localizada no bairro de Boa Viagem, com mais de uma dezena de curso de beleza e estética, 150 profissionais formados nesta escola, e criador da primeira agência de maquiadores do norte nordeste. Atendendo uma média de 60 noivas por ano, de forma personalizada. 74 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018

E o currículo dessa pessoa linda, não para por aí não viu? Gedson já assinou várias capas das principais revistas do Brasil, entre elas a revista Jurema, completando em 2017 a 10ª edição no maior evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week, participando da equipe do queridíssimo maquiador Marcos Costa. Já coordenou projetos e ministrou aula de maquiagem com empresas como a Embeleze e a Natura. E vem mais novidades em 2018. 


A ORIGEM

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Por que o nome

JUREMA?

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nome Jurema é originário de uma árvore (acácia jurema), cujas raízes os pajés faziam uma bebida capaz de produzir sonhos adivinhatórios. Jurema é uma árvore muito conhecida no nordeste brasileiro. São utilizadas a casca e a raiz macerada na água, vinho ou cachaça. É desta planta que se origina o famoso “Vinho da Jurema”, citado até na obra “Iracema”, de José de Alencar: “Através da planta, os guerreiros de Araquem entravam em comunicação com o mundo invisível.” Há uma diversidade de significados abrangida pelos usos

Texto Luciana Araújo

da Jurema, passando pelos contextos indígenas, pela simbologia grega — Jurema a Fênix do Sertão, ou seu consumo nas religiões “afro”, até os experimentalismos urbanos contemporâneos. Assim, nos anos noventa, foi elaborada na Europa uma nova bebida feita a partir das cascas de raízes de Jurema (mimosa tenuiflora willd poir) e de sementes de Arruda da Síria (Peganum harmala). A esta beberagem se convencionou chamar, também, de Jurema. Diz a lenda que Maria, ao fugir dos soldados romanos para proteger o seu filho, Jesus, descansou a sombra de um pé de Jurema. O nome REVISTA JUREMA faz alusão a esta história tão diversamente cultural, forte e enraizada, assim como a alma de uma mulher.


TENDÊNCIAS

GOLDEN

GIRLS

Texto RACHEL PLUTARCO

“Estampas neste verão 2018 serão coadjuvantes...”

A

té o início de 2018 o sol nascerá cada dia mais brilhante, ele fica a cada manhã nos lembrando que o verão está bem pertinho e junto com ele, dia mais felizes, quentes e divertidos ao ar livre. A nova estação trás inúmeras tendências e cuidados especiais com a pele, principalmente quando falamos de beleza negra. Pele negra, tem diversos tons e subtons, podendo ser uma pele fria ou quente. E essa beleza específica, é cada vez mais valorizada e admirada, tanto pela sociedade quanto pela indústria cosmética. As grandes marcas começaram a dar atenção à essas peles trazendo mais opções de cores e texturas em seus produtos. Nas passarelas e nas celebridades, a grande vivência ‘cool’, é apostar na naturalidade das peles, mostrando 76 REVISTA JUREMA  Janeiro 2018


ainda mais a real beleza das mulheres, e com as peles negras não é diferente. A cantora Alicia Keys, levantou a bandeira do “no–makeup” e apesar de estar sempre maquiada, sua intenção foi de parecer não estar. Com tanta miscigenação, é importante lembrar que temos vários subtons em nosso país, desde garotas de pele dourada, até as mais olivas, que parecem até pálidas. Essas peles precisam de muita atenção com o sol (sim! Muita proteção solar), cuidados com cicatrizes e manchas pois nestas peles, estas, são ainda mais evidentes. O verão das golden grils trás muitas peças únicas, como vestidos camisa em estampas vichy com floral bordado, cores bem quentes como o amarelo, laranja e vermelho, tramas naturais, como o crochê e em acessórios grandes e de impacto. A moda praia vem forte em novos recostes com transparência e dessa vez o metalizado da vez a cores neutras, para fazer conjunto com os pontos de luz em cores fortes. Estampas neste verão 2018 serão coadjuvantes, mas os padrões como listras e quadriculados são os protagonistas. A estação já é colorida por se só e os estilistas resolveram apostar em recortes diferenciados e cores sólidas para não se chocar com o sol. Os Cabelos e maquiagem seguem a mesma linha de naturalidade. A palavra de ordem é “no fake, no make”. Poder demonstra a beleza sem excessos e respeitando a beleza de cada indivíduo. Tudo isso segue o poder do sol e calor que pede tecidos mais fluidos e “fresh” sem estrutura e soltos. Tênis, rasteira e mules são bem vindos. A ideia é se libertar das texturas matte, maquiagem carregada e tecidos pesados. Uma dica da especialista Monique Feara é que “na escolha da base para maquiagem, sempre atentar ao tom no meio dos olhos ou na base do maxilar, que são mais neutros.” E dessa forma curtir o verão bem Golden Girl.  

FICHA TÉCNICA: Produção, idealização e Styling: Rachel Plutarco Conceito de Beleza e maquiagem: Monique Feara Cabelo: Labyby Veluma Fotografia e edição de foto: Paloma Arquino Moda Praia: Empório Feminicce Figurino: Espaço 46 Acessórios: Rachel Plutarco Modelos: Keron Linn, Alessandra Eduarda Gomes e Letícia Ferreira

Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 77



Janeiro 2018  REVISTA JUREMA 79



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