Revista Linhas 10

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globalização desafios e oportunidades para o ensino superior Maria Helena Nazaré

acordo ortográfico João Paulo Silvestre Nobre Roque dos Santos Jacyntho Lins Brandão

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porquê divulgar ciência? Paulo Ribeiro Claro

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percursos antigos alunos antigos alunos da ua falam das suas carreiras bem sucedidas

iFoodTech resíduos alimentares transformam-se em produtos benéficos para a saúde

segurança rodoviária IT parceiro no desenvolvimento de sistema inovador

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obtenção de hidrogénio e oxigénio a partir do gás natural em estudo no CICECO

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BioF – Functional Biopolymers investigadores produzem biopolímeros a partir de biomassa excedente


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prémios docentes, investigadores e alunos da ua continuam a dar que falar

entrevista com… Eduardo Lourenço

departamentos em revista departamento de engenharia cerâmica e do vidro

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inquérito aos diplomados da ua. algumas notas Manuel Assunção

empreendedores de sucesso conheça a Cluster Media Labs e a Self Energy Innovation

publicações da comunidade académica

aconteceu na ua… momentos que marcaram a vida académica da ua


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globali desafios e oportunidades para o ensino superior

Maria Helena Nazaré Reitora da UA

É comum dizer-se que vivemos num mundo cada vez mais globalizado, não só do ponto de vista económico, com o aumento dos fluxos internacionais de materiais e financeiros, da interdependência e da integração dos mercados, mas também do ponto de vista social, através da maior mobilidade, real e virtual, suportada pelos sistemas de transporte e pelas tecnologias de informação e comunicação. Os próprios desafios que as sociedades enfrentam adquirem dimensões globais e requerem uma multiplicidade de abordagens e de respostas, integradas, da escala global à escala local. São os casos da evolução demográfica, das alterações climáticas, dos problemas de saúde, da produção e utilização de energia, da produção e consumo de alimentos. Desafios ainda maiores pelas enormes assimetrias existentes entre países, e dentro de cada país. As dinâmicas económicas e sociais colocam novas pressões sobre as instituições, designadamente em termos da adequação da sua missão, dos recursos humanos e financeiros disponíveis, e das próprias relações interinstitucionais, procurando-se novos equilíbrios entre cooperação e de competição. Há, assim, uma expectativa acrescida quanto ao contributo do conhecimento para fazer face a este mundo globalizado e, consequententemente, sobre o papel a desempenhar pelas instituições de ensino superior e de investigação

em prol do desenvolvimento. Reciprocamente, também a crescente globalização do próprio ensino superior tem implicações sociais e económicas, designadamente pela facilidade de disseminação do conhecimento que lhe está associada, pela constituição de massas críticas e pela mobilidade de alunos, investigadores e docentes. Decorre, de todos estes processos, uma importância crescente das políticas de internacionalização e de posicionamento, quer na gestão estratégica das instituições, quer na actuação de governos e de organizações internacionais. O processo de Bolonha, desencadeado na União Europeia, e que vem despertando interesse significativo noutras áreas do globo, é um exemplo paradigmático. A integração económica não foi acompanhada, ao mesmo nível, por diversas outras áreas, entre as quais a do ensino superior. Tal desfasamento, num contexto de maior mobilidade de trabalhadores e alunos, introduz problemas de legibilidade, comparabilidade e flexibilidade de percursos individuais, podendo mesmo constituir um obstáculo ao desejado aprofundamento da integração. A resposta em curso implica uma profunda mudança aos níveis nacional e institucional, através da organização do ensino superior num sistema baseado em três ciclos de estudos, em articulação com um sistema de créditos para acumulação e transferência. Este modelo,


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globalização: desafios e oportunidades para o ensino superior

lização conjuntamente com uma transformação do processo de ensino-aprendizagem, com maior ênfase no estudante, e com uma descrição das competências e conhecimento adquiridos, permitirá facilitar a mobilidade de estudantes, docentes e graduados e acelerar a entrada de graduados no mercado de trabalho, contribuindo desta forma para o objectivo último de conferir um novo e duradouro impulso ao dinamismo da economia Europeia. A massificação do ensino superior, as influências do mercado e as necessidades da sociedade têm levado a uma redefinição dos sistemas de financiamento do ensino superior. Competição por fundos, diversificação das fontes de financiamento, designadamente através de actividades de transferência de tecnologia e prestação de serviços, introdução de sistemas de propinas, concepção de novos sistemas de apoio aos estudantes, são características comuns à maioria dos países europeus. A proliferação de rankings e instrumentos similares é, hoje, não só um reflexo da crescente competição, como também da vontade de um maior escrutínio sobre a actividade das universidades, exercida pela própria sociedade, desde futuros estudantes e suas famílias, graduados, empresas e investidores. Estas novas facetas têm vindo a ser incorporadas nas estratégias institucionais. Como exemplos pode apontar-se a existência de quase 3 milhões de estudantes em países terceiros, provenientes maioritariamente de países asiáticos, a existência de um movimento significativo de docentes visitantes e de pós-doutorados, o desenvolvimento de projectos

internacionais, a abertura de campus noutros países, o desenvolvimento de programas de formação em parceria entre instituições nacionais e estrangeiras, a proliferação de modos de leccionação exclusivamente à distância ou em combinação com sessões presenciais. A emergência deste novo contexto de actuação acarreta desafios e oportunidades, quer para as instituições quer para os governos nacionais e instâncias internacionais. A competição pela atracção de recursos humanos qualificados, base da economia do conhecimento, tende a agravar as desigualdades entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, pela migração de estudantes, muitos dos quais, concluído o seu percurso formativo, não regressam aos países de origem. Nos casos em que a formação inicial, e mesmo a formação em país estrangeiro, foram suportadas pelo país de origem, designadamente através de bolsas ou outros programas de apoio, à “fuga de cérebros” adiciona-se o efeito de externalização de benefícios e internacionalização de custos, de que são exemplo muitos países africanos. A ciência global permite um acesso mais imediato e generalizado ao conhecimento produzido, mas não logrou criar uma comunidade global virtual de ensino e ciência. Há mais informação disponível mas, paradoxalmente, tal não significa necessariamente mais diálogo. O facto das instituições serem impelidas a gerar receitas, a partir das suas actividades de ensino e de investigação, pode influenciar não só o que é ensinado, mas também o que é investigado, existindo o perigo real

de uma deriva em direcção a áreas mais valorizadas pelo mercado. No que respeita ao ensino, tal reflecte-se na procura e na oferta crescente de cursos com elevada empregabilidade a curto prazo. No domínio da investigação, é notória uma concentração de esforços em áreas como as ciências da vida, medicina, engenharia e tecnologia, onde os recursos são mais abundantes, em detrimento das humanidades. Também no modo de governo e gestão das universidades se verifica uma influência inegável dos modelos utilizados nas empresas do sector privado. As universidades devem aproveitar esta oportunidade para se modernizar, de forma a aumentar a sua capacidade de resposta às necessidades da sociedade. Não podem, contudo, esquecer as diferenças de propósito existentes entre universidades e empresas, pelo que devem evitar o simples decalque de receitas e soluções empresariais. As universidades não são mais Torres de Marfim, mas devem evitar transformar-se em poços de petróleo. É fundamental que as universidades permaneçam como uma fonte de reflexão independente e que desempenhem um papel como consciência crítica da sociedade. Só assim será possível garantir que o seu contributo não se confina ao imediato, mas permite expandir continuamente a base de conhecimento, projectar futuros e estimular o debate na sociedade, bases necessárias para o desenvolvimento de uma verdadeira sociedade do conhecimento.


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ortog acordo

João Paulo Silvestre Bolseiro de pós-doutoramento do Centro de Línguas e Culturas da UA

Nobre Roque dos Santos Doutorando em Linguística no Departamento de Línguas e Culturas da UA

Jacyntho Lins Brandão Professor catedrático na Universidade Federal de Minas Gerais

O próximo acordo ortográfico João Paulo Silvestre

Dezoito anos depois, poucos se recordavam de um acordo ortográfico que esperava numa gaveta. À discussão pública do início dos anos 90, que não foi cientificamente mais informada que a actual, sucederam-se actos políticos e negociações de ratificação, que prometiam adiá-lo até à inequívoca obsolescência. Com surpresa geral foi sancionado, e o período de transição inicia-se em Janeiro de 2009. Os protestos reflectem um século de divergência, desconfiança e brios pátrios. Em 1907, quando em Portugal se examinavam demoradamente as propostas de Gonçalves Viana para uma uniformização ortográfica, a Academia Brasileira de Letras, cansada de não ser considerada para a discussão, adoptou unilateralmente uma ortografia simplificada para suas publicações. Gonçalves Viana repudia a ousadia, com argumentos que não são apenas linguísticos: a ortografia brasileira contradiz características específicas da língua falada em Portugal, local onde o português teve origem e se desenvolveu; Portugal deve manter-se no lugar de defensor do idioma pátrio e aceitar essa reforma seria colocar o Reino na dependência da República Brasileira. Por ironia, é a recém-implantada República

Portuguesa que decide confiar a um grupo de ilustríssimos filólogos (entre eles Leite de Vasconcelos e Carolina Michaëlis) a redacção do texto reformador, tomando por base os estudos de Gonçalves Viana. A norma instituidora de 1911 só pôde resultar tão coerente e linguisticamente racionada porque ignorou soberanamente o Brasil.

O Acordo de 1990 pretende ser um aperfeiçoamento da tradição ortográfica do século XX, numa redacção que esbate as diferenças entre a norma portuguesa e a brasileira, atingindo uma uniformidade que passa obrigatoriamente pelo reconhecimento de graus de variedade, sem descaracterizar nenhum dos sistemas actualmente vigentes. E as três palavras com consoantes mudas que empreguei na frase anterior são apenas uma parte do problema. O Acordo prescreve a supressão das consoantes mudas etimológicas sem realização na pronúncia – redação, atualmente – mas admite a dupla grafia das que têm pronunciação numa das variedades da língua portuguesa: descaraterizar, mas também descaracterizar, porque assim se pronuncia geralmente em Portugal, com todas as letras. A perda das consoantes etimológicas tem sido enunciada como “vamos passar a escrever acto sem c”. Observando


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acordo ortográfico

gráfico os critérios fonológicos, em Portugal as formas recomendadas são aceção, abjeção e adoção, enquanto no Brasil são acepção, abjecção e adopção.

Todavia, as duas possibilidades fazem parte da norma, indistintamente aceitáveis, e a estes casos somam-se as numerosas palavras que terão dupla acentuação (fémur/fêmur). A convivência de tantas formas supletivas é um óbice muito notado, contrariando o princípio inerente a uma normalização ortográfica. A internet oferece-nos já uma antevisão dos resultados dessa supletividade, através da alternância de conteúdos em português europeu e português do Brasil com que nos deparamos no decurso das pesquisas em “português”. A pouco e pouco habituámo-nos à sintaxe, ao léxico e à ortografia; não raras vezes, só ao fim de alguns parágrafos ou páginas percebemos que estamos a navegar fora da norma. Esta assídua interferência normativa era absolutamente inimaginável na época em que o Acordo foi redigido e demonstra que na variedade nos entendemos. Os estrangeiros actualmente aprendem uma das normas e não é expectável que, futuramente, decorem todo o espectro de formas que o acordo contempla. Continuarão decerto a estudar uma das variedades, mas, dizem os redactores do Acordo, beneficiarão do menor número de diferenças ortográficas entre elas.

A maioria dos portugueses parece ver no Acordo uma rendição à norma do português do Brasil. Se é certo que parte das mudanças que afectam os escreventes da variedade europeia já haviam anteriormente sido introduzidas no Brasil, ambos os lados cedem em hábitos ortográficos bem enraizados. Os brasileiros deixam de usar o trema que assinalava a pronunciação da vogal u, em palavras como lingüiça, lingüística, aguëntar, cinqüenta, argüir, seqüestro. Tratava-se de uma marcação inútil, diríamos nós, mas que, para os escreventes brasileiros, representa uma perturbação dos hábitos de escrita comparável à nossa supressão de consoantes etimológicas.

Notarão também a falta dos acentos que marcam os ditongos abertos éi e ói nas palavras acentuadas na penúltima sílaba. Em vez de alcatéia, idéia, apóia, platéia, epopéia e geléia, devem escrever “à portuguesa” alcateia, ideia, apoia, plateia, epopeia e geleia. Em contrapartida, em Portugal deixaremos de acentuar as formas asteróide, estóico ou jóia. A abolição do acento circunflexo nas palavras actualmente terminadas em êem e ôo altera as brasileiras magôo, enjôo, magôo, vôo aproximando-as da presente norma do português europeu. Todos passaremos a escrever deem, leem e creem. Apelando à competência dos falantes para distinguirem contextos, elimina-se a acentuação que evitava homografias

(para e pára, pelo e pêlo). Parece confuso, mas a ortografia actual permite diversas formas equívocas, como em a planta está seca / os meteorologistas prevêem seca. Na essência, o Acordo pretende ser uma revisão de normas outrora parcialmente implementadas, e que agora vêem a sua coerência reforçada. A escrita não é reprodutora da pronúncia, pois mantém e manterá os traços essenciais de coerência etimológica e tradição de usos. Permanecem inalterados o emprego dos grafemas ou dífragos x/ch e z/s, mesmo quando traduzem sons absolutamente iguais. Nem se representa a discrepância que resulta do progressivo fechamento de vogais em palavras como ameaça, campeão, nomear (o e pronuncia-se geralmente i), abolir, cobiça, Páscoa (o o pronunciado como u). Mas os aspectos meritórios do Acordo não podem anular as deficiências que têm justificado a desconfiança e protestos de linguistas. Os representantes do Manifesto em defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico divulgaram um conjunto de pareceres em que se enunciam ambiguidades da redacção, assinaladamente pertinentes no que respeita ao critério arbitrário com que se definem as regras de hifenização; lembram que não foram avaliadas as


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dificuldades (ou vantagens) que as grafias supletivas trarão ao ensino da língua portuguesa e criticam o facto de o Acordo desconsiderar as especificidades linguísticas dos PALOP e de Timor.

Em defesa do acordo ortográfico de Língua Portuguesa

a resolução de vários problemas do funcionamento do português.

Nobre Roque dos Santos

A divergência ortográfica entre o Brasil e Portugal, mais os restantes países da CPLP, há muito que tem impacto negativo entre os falantes do português. A nossa experiência com alunos desde o nível primário ao superior, em Moçambique, tem sido produtiva na constatação dos efeitos negativos e nocivos ao ensino que a inexistência de uma ortografia comum causa nos agentes de educação, porquanto aquilo que seriam erros passam a não sê-lo, ou melhor, há erros ortográficos que não são sancionados sob a alegação de serem português do Brasil. Os professores esquecem-se que se orientam por uma norma ortográfica e gramatical europeia (Portugal) e resolvem os problemas linguísticos, recorrendo ao bom senso, para acomodarem, assim, os diferentes registos ortográficos e protegerem os seus colegas de trabalho com tradição brasileira.

Não é um bom documento normativo, porque depende da intervenção de oráculos que esclareçam caso a caso o sentido de formulações como “certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.” (Base XV, 1º) A complexa e erudita missão de decifrar o em certa medida e aplicá-lo ao caudal lexical que se esconde no etc. está a ser desempenhada pela Academia Brasileira de Letras. Com louvável esforço, preparam um Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que será o primeiro documento extensivo de normalização lexical, modelo ansiosamente aguardado pelas editoras de dicionários, incapazes de decidir a correcta grafia de terminologias e palavras compostas. O Acordo de 1990 sofrerá o destino das leis imperfeitas, e por conseguinte será modificado daqui a alguns anos. E, se as lições forem aprendidas, o novo documento resultará de uma reflexão linguística mais documentada, que avaliará se a norma pode incluir a diversidade sem risco de ruptura e desagregação, ou se o espectro de variedades da lusofonia consegue ser traduzido em grafias uniformes, em que as comunidades reconhecem a essência da sua identidade linguística. Nem ecuménico, nem ecumênico: um acordo ecumenico, em que se acentua o que une e não o que separa. Uma tarefa para linguistas, e não para políticos.

Dezoito anos depois da assinatura do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP), muitos moçambicanos ainda se interrogam sobre o teor do texto. Oficialmente, este assunto parece ser tabu. No entanto, tem havido algumas iniciativas isoladas, em forma de debate televisivo e artigos de jornais, mas sem grande impacto social, pois os meios usados, nomeadamente, a televisão e o jornal, não estão ao alcance de muitos moçambicanos.

A nossa opinião em relação ao AOLP, resume-se em dois pontos: primeiro, a divulgação do AOLP na sociedade moçambicana por vias oficiais e, segundo, a defesa da sua aprovação pelo parlamento moçambicano, de modo a conferir-lhe um estatuto normativo.

A nossa posição quanto ao segundo ponto é nova, pois vínhamos defendendo a ideia segundo a qual o AOLP não devia ser aprovado pelo facto de o texto não ter sido divulgado à escala nacional. Reflectindo sobre a nossa anterior atitude, chegámos à conclusão de que a aprovação do AOLP não impediria uma eventual divulgação do mesmo. Outro facto que ditou o nosso reposicionamento é a constatação de que o nosso país é simultaneamente consumidor de livros brasileiros e portugueses, países com normas diferentes, geradoras de problemas que hoje procuramos resolver. Na nossa opinião, o AOLP, apesar de ser um mea culpa assumido pelo Brasil e por Portugal sob a observação dos outros países signatários do acordo, cujo papel é secundário, porque nunca criaram as suas próprias normas ortográficas, que pusessem em causa a unidade da língua e o seu prestígio (alegações que parecem pesar na declaração de 16 de Dezembro de 1990), constitui apenas um passo para

Países como o Brasil e Portugal com normas ortográficas e gramaticais próprias e uma tradição linguística já enraizada não se deparam com tantos problemas de transmissão dessas normas de geração para geração, porque os falantes estão em contacto com a norma desde pequenos. Em contrapartida outros países, como Moçambique, que estão “sob fogo cruzado” dos mercados de livro desses dois países têm dificuldades em fazer passar a norma linguística. Por exemplo, como explicar a um aluno do ensino primário ou secundário a divergência entre “ação” e “acção”, entre “Batista” e “Baptista”? Ou as diferenças entre “conceção” e “concepção”, “corruto” e “corrupto”? Parecem perguntas banais e insensatas, mas não o são, pois é com questões desta natureza que os professores (e não só) se confrontam diariamente na escola. São estas e outras perguntas para as quais as respostas recorrentes têm sido simples, do género “é português do Brasil” ou “é português de Portugal”.


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Já imaginamos como é que um pai (em Portugal, no Brasil ou noutros países de expressão portuguesa) explica ao seu filho a diferença ortográfica? Em Portugal é frequente ouvirmos “este livro está em brasileiro”, entenda-se, o livro não foi escrito em português. Dito doutro modo: as pessoas em Portugal têm dificuldades em aceitar que a língua falada no Brasil seja a portuguesa (isto é acompanhado por uma dose de depreciação ou nivelamento por baixo do português variante do Brasil). O problema da divergência ortográfica constitui um trauma para os alunos, professores, pais e outros utentes da Língua Portuguesa. Provavelmente, por isso, constatamos com alguma compreensão o facto de em Moçambique a norma ter sido substituída pelo bom senso linguístico, que é como quem diz “vamos deixar que o joio cresça com o trigo”. Dizer que se trata de Português do Brasil ou de Portugal, como temos ouvido ao longo de duas décadas de docência e supervisão pedagógica, adia a resolução do problema para um futuro próximo. Pior que adiar é que na cabeça do aluno deve andar uma frase como “ele não sabe”, o que prejudica a imagem do professor e não abona em favor da sua competência, porque não satisfaz os anseios do aluno. Na óptica pedagógica, a supressão, por exemplo, de uma consoante surda não se resume apenas à queda consonântica, que é a perspectiva linguística. Será preciso considerar outras visões do problema, nomeadamente, a da história da língua. Esta perspectiva, porém, é demasiado complexa, quer para um aluno de tenra idade, quer ainda para o professor, que simplifica a questão com os compreensíveis “é português do Brasil” ou “é português de Portugal”.

Para quem cresceu a escrever “acção” e se vê na contingência de explicar que “acção” é igual a “ação”, isto produz o mesmo efeito que a amputação de um dos seus membros. Não se faz a sangue frio. O procedimento cirúrgico “é português do Brasil” ou “é português de Portugal”, é feito com anestesia, porque dói. É um problema que ultrapassa o âmbito da ortografia, ou se quisermos, linguístico. É também cultural e sentimental. É a vida.

A complexidade das respostas às perguntas que colocámos exige uma formação académica e uma preparação profissional ou linguística que a maioria dos professores do ensino primário e secundário de Moçambique não possui. Exige um grau de conhecimento linguístico que a maior parte dos jornalistas moçambicanos não tem. Requer uma experiência de vida que muitos dirigentes que têm de defender o AOLP não possuem. E isto é traumatizante para quem tem de dar uma explicação sustentada, uma explicação que garanta a reprodução qualitativa da resposta na sociedade.

Em defesa do AOLP, estamos a apresentar problemas (como se diz em Moçambique) conjunturais: afectam toda a sociedade moçambicana. Por isso, o ensino superior, onde há um elevado índice de professores formados quer no Brasil, quer em Portugal, não foge à regra. Neste subsistema de ensino tem havido muitos problemas de supervisão linguística dos textos académicos, nomeadamente, projectos, dissertações e teses, devido ao facto de haver duas normas ortográficas para o português. Esta situação tem levantado questões de identidade linguística, com uns a defenderem que a norma em vigor em Moçambique, sendo a portuguesa, a escrita tem de se reger por ela e outros a defenderem que o português de Moçambique por ser diferente do europeu, e não tendo norma própria,

acordo ortográfico

deverá acomodar também a norma brasileira. Devido a esta instabilidade, estamos a gerir, no ensino superior, conflitos entre profissionais, cujo “único pecado” é o de terem herdado o AOLP de 1945 (Portugal e outros países da CPLP, excepto Brasil que, sabe-se lá porquê, continuou a aplicar o Formulário Ortográfico de 1943 assinado entre Portugal e o Brasil).

O AOLP, apesar do seu carácter minimalista (porque um projecto mais ousado contemplaria a nomenclatura gramatical), poderá ser assim uma solução de problemas ortográficos a curto prazo nos países da CPLP, caso o texto seja aprovado e implementado por todos os membros signatários.

Na semana em que escrevemos este artigo o ministro dos negócios estrangeiros e cooperação de Moçambique disse, em Portugal, que Moçambique ratificará o AOLP em 2009. Apesar de aplaudirmos o facto de já haver previsão de uma tomada de decisão a respeito da aprovação do Acordo Ortográfico, continuamos preocupados com o vazio de medidas concernentes à aprovação do texto do AOLP. Ou seja, o que é que Moçambique está a fazer que nos permita acreditar que em 2009 estará preparado para ratificar o AOLP? Há discussões sobre o texto? Quem são os envolvidos e que matérias estão a tratar? Há grupos de trabalho para estudarem as eventuais implicações da aplicação do AOLP? Ou, como de costume, os moçambicanos aprenderão com a experiência, lá no terreno? Porque sabemos que este assunto está a ser marginalizado ou, se quisermos, vai andando com os seus próprios pés, queríamos advertir para os perigos que o espírito dilatório poderá causar na economia de Moçambique. Por exemplo, o Ministério da Educação e Cultura está, neste momento, a produzir os novos programas para o Ensino Secundário Geral. Será que não se podia tomar uma medida “ad hoc” que permitisse adequar o texto à nova


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ortografia? É que, se o legislador, ou quem quer que seja, detentor de poder de decisão, não o fizer agora, fá-lo-á mais tarde, o que implicará um reinvestimento na reprodução de materiais que podia ser evitado. Se há a certeza de que a decisão de ratificar o AOLP é irreversível, julgamos que sectores como o da educação deviam tomar a dianteira, introduzindo já as necessárias alterações constantes do AOLP. Deste modo, os moçambicanos estariam a agir com responsabilidade e sentido de Estado, evitando prejuízos financeiros e danos desnecessários à economia do país. Servimo-nos do sector da educação, como exemplo, porque todos nós (salvaguardadas as excepções) passámos por uma escola. E a nossa escola tem gente à frente que devia voltar a estudar para entender as transformações que estão a acontecer ao nível da Língua Portuguesa. E porque os males de que a nossa escola padece são grandes (professores com uma formação baixíssima), o remédio tem de ser de alto teor curativo. Sugerimos, por isso, a integração do AOLP na formação contínua dos professores, que geralmente acontece em períodos de interrupção lectiva. O ano lectivo já está no fim. Julgamos que é um bom momento para a divulgação do AOLP.

Da ortografia a outros acordos Jacyntho Lins Brandão Luciano de Samósata, no que seria um exercício retórico destinado à exploração de temas inusitados, imagina um tribunal, em que juízes são as sete vogais gregas, diante das quais o Sigma apresenta contra o Tau a acusação de que este lhe vinha movendo uma luta fratricida, ao tomar-lhe palavras como thálassa (na alternância dialetal comum com thálatta) – e até mesmo toda a língua, já que glossa também se podia apresentar (e escrever) como glotta! Por trás do divertido da cena e das piadas que Luciano evidentemente quer tirar de um confronto entre as letras, encontra-se o dilema de quanto a escrita pode estar afastada da fala, por ser convencional – mais ainda: de como uma única norma rígida não dá conta da variedade da linguagem em constante variação. Portanto, convém lembrar, as convenções ortográficas sempre se põem aquém das necessidades da língua, indo além de mera representação fonética da fala. Na Antigüidade de Luciano, não existindo nenhuma academia grega (ou romana) de letras que baixasse normas, o que se constata é um padrão bastante estável, que todavia mostra uma grande maleabilidade na documentação escrita, sobretudo na epigráfica.


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Qual é então o interesse do acordo ortográfico dos países de língua portuguesa? Antes de tudo, é preciso ter clareza de que não se trata de nenhuma reforma, que simplificasse as convenções atuais, aproximando a escrita do que seria a situação ideal: para cada fonema, um símbolo. É uma pena. Contudo, é claro que, no extremo, essa regra terminaria por produzir tantas normas quantos fossem os falares, acabando com a própria função da escrita. Mesmo assim, é evidente que um grafema como o hagá inicial é absolutamente supérfluo, bem como haveria vantagens em terminar com as dificuldades que vêm dos usos de letras que, em determinadas situações, representam os mesmos sons (como “x” e “ch”, “ss” e “ç”, “s” e “z” etc.). No mínimo, ficariam profundamente gratos os estudantes em vias de alfabetização (e muita gente grande também!). Tratando-se então não de reforma, mas de acordo, quais as vantagens? Consigo arrolar algumas: a primeira, de caráter simbólico, ao evidenciar que o português é patrimônio comum de nações espalhadas por quatro continentes; em seguida, na ordem acadêmica, acabar com uma pendência que se arrasta desde as primeiras duas décadas do século passado (!), envolvendo sobretudo duas academias, a brasileira e a portuguesa; mais ainda, na esfera política, mostrar que a tal comunidade dos países de língua portuguesa não constitui uma quimera, mas realmente tem algum futuro.

Minha opinião é que a razão política se mostra, sem dúvida a mais importante, configurando um gesto de boa vontade da parte de todos nós que não só falamos, como pensamos e vivemos em português. O acordo tem sua sabedoria: traz de volta letras banidas (meu “jacyntho” agora deixa de ser exótico, mesmo que falsamente etimológico), não impõe uma regra única (que mantenhamos nossas idiossincrasias acadêmicas/ académicas), não nos condena a travestir indevidamente nossos sotaques (o que é óptimo/ótimo) e elimina miuçalhas (não tenho conta das vezes que, como professor, tive de corrigir textos de meus alunos para pôr o trema em lingüística e assemelhados). Noutros termos: sua sabedoria está justamente em acordar o que se pode, sem instituir uma camisa de força (que ainda se escreverá com hífens ou não?). Simbólico, acadêmico, político – o que espero de fato é que se dêem os próximos passos, no sentido de que sejamos capazes de incrementar aquilo em nome do que a humanidade inventou seus sistemas de escrita: estreitar nossas relações, ampliar as comunicações, compreendermo-nos mutuamente porque vivemos em português. Um exemplo: sempre tive inveja dos países hispânicos e anglófonos quando me caem nas mãos livros cujo local de publicação se apresenta múltiplo: Buenos Aires-Madrid-México ou London-New York. Que um

acordo ortográfico

dia já vimos algo, salvo exceções de caráter não-comercial, como Lisboa-Rio de Janeiro? Então, se a escrita não servir para a comunicação, qual a razão dos acordos – e até da própria ortografia? Na mesma esteira: tão difícil é encontrar livros brasileiros nas prateleiras das livrarias portuguesas, quanto portugueses no Brasil. Para não falar de Angola, Moçambique, Cabo Verde etc. Conclusão: em qualquer dos mundos, mas sobretudo no nosso, todos os acordos são bem-vindos (e benvindos), em nome não da pasteurização, mas da própria diversidade, que pode sim gerar concórdia em vez de guerras. Como sempre, prevê-se um longo período de adaptação – em que talvez o trema, agora acometido de doença terminal, quiçá vislumbre abrir algum processo no tribunal das letras, para garantir alguma sobrevida.


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divulgar

ciência? É melhor acender uma vela do que maldizer a escuridão. Confúcio | Carl Sagan

Paulo Ribeiro Claro Docente do Departamento de Química da UA · Secretário Geral da Sociedade Portuguesa de Química

A frase acima – atribuída ao filósofo chinês Confúcio – foi utilizada por Carl Sagan (1934-1996) num dos seus livros emblemáticos de divulgação científica, “O Mundo Assombrado pelos Demónios: a ciência vista como uma vela na escuridão”, para ilustrar a importância da ciência e da cultura científica. Neste livro, Carl Sagan faz a apologia da ciência, assumida como a única forma eficaz de combater a ignorância e desfazer mitos, fraudes, superstições e crendices. Esta visão da ciência como uma vela na escuridão tem unido cientistas por todo o Mundo, num esforço contra o que alguns já designam como uma nova era de obscurantismo1. De facto, é através da ciência que a humanidade melhor se relaciona com o mundo: a ciência permite-nos compreender os fenómenos da natureza, a complexidade do corpo humano, o movimento de uma bússola, o funcionamento de uma máquina fotográfica, ... – sem necessidade de sacrifícios aos deuses, danças da chuva ou exorcismos, sem sereias ou monstros marinhos, e sem receio que uma fotografia nos roube a alma! A ciência é também indispensável à democracia. Só um cidadão consciente e

informado pode, em rigor, tomar decisões ou avaliar de modo fundamentado os actos dos decisores políticos. Na actual sociedade, de cariz marcadamente cintífico-tecnológico, a iliteracia científica não só limita o exercício da cidadania como é, naturalmente, um factor de exclusão social. Neste contexto, não posso deixar de expressar a minha preocupação por algumas opções políticas ao nível do ensino secundário – como a criação da área ‘científico-humanista’, onde as disciplinas “difíceis” da ciência podem ser facilmente evitadas, mesmo por aqueles de quem se espera uma actividade profissional em áreas fortemente dependentes do desenvolvimento científico (como a medicina e as engenharias, por exemplo). Ainda assim, a promoção e divulgação da ciência junto do público não é encarada como uma actividade séria por muitos daqueles que se dedicam à investigação científica, nomeadamente, por muitos os docentes universitários. Pelo contrário, é frequentemente considerada uma actividade menor, que deve ser deixada a actores menores... Felizmente, muitos dos grandes cientistas foram (ou são)


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também grandes divulgadores de ciência. Em Inglaterra, a tradição da divulgação científica remonta ao século XVIII, quando as sessões populares de demonstrações científicas da prestigiada Royal Institution “para difundir o conhecimento,...” eram realizadas pelos mais reputados cientistas da época. E não consta que Carl Sagan – unanimemente reconhecido como um dos maiores divulgadores de ciência que o mundo conheceu – fosse um cientista menor... Actualmente, a existência de actividades de divulgação científica junto do público é um requisito dos grandes projectos científicos europeus – o que indicia um reconhecimento do seu mérito. No entanto, esta exigência é muitas vezes interpretada como necessária para benefício dos cientistas (dar a conhecer ao público quão úteis são a verbas atribuídas à investigação científica) e não para benefício do cidadão (fornecer-lhe ferramentas para melhor compreender o mundo em que vive). De modo análogo, a diminuição do número de alunos que chegam às universidades – e, em particular, aos cursos científico-tecnológicos –

provocou um aumento de actividades que promovem o contacto dos jovens com a ciência. Também aqui, a aposta na captação de alunos, embora positiva em si mesma, não deve ser encarada como objectivo único, já que visa fundamentalmente o benefício da universidade e não o da formação do estudante como futuro cidadão.

porquê divulgar ciência?

1 Um exemplo notável deste esforço é a associação “TSN – The Science Network”, que reúne reputados cientistas internacionais num esforço global em defesa da ciência contra o obscurantismo. Um obscurantismo que se revela, por exemplo, nas teorias que apresentam a ciência como uma mera “construção social” ou no crescimento insidioso do movimento criacionista, ambos os casos apostando na “fé”, por oposição à razão. http://thesciencenetwork.org/

Em resumo, as actividades de divulgação científica junto do público devem ser encaradas pelos cientistas (e pelos docentes em particular) como uma componente nobre da sua actividade – porque contribui efectivamente para o progresso da sociedade e para a melhoria das condições de vida dos cidadãos. E esta contribuição é tanto mais importante quanto maior é a importância da ciência e da tecnologia no nosso quotidiano e maiores são as ameaças do “novo obscurantismo”.


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dezembro ‘08

antigos Em funcionamento desde Outubro de 2001, a Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA) já lançou para o mercado de trabalho um conjunto de competentes técnicos de saúde. Fisioterapeutas, Radiologias, Terapeutas da Fala, Enfermeiros e Gerontólogos. Nesta edição, contamos-lhe o percurso da fisioterapeuta Andreia Sara Rocha, do radiologista Bruno Ferreira de Figueiredo, da terapeuta da fala, Diana Lisboa, do enfermeiro, Pedro Sardo, e da gerontóloga, Cristina Barbosa; cinco antigos alunos que exemplificam bem a aposta da ESSUA na formação de profissionais para o século XXI.


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alunos

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andreia rocha

dezembro ‘08

fisioterapia “os fisioterapeutas são uma mais-valia no mundo empresarial e institucional” Andreia Sara Silva Rocha, 25 anos, foi uma das primeiras alunas da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro. Chegou da Maia para se licenciar em Fisioterapia. Terminou o curso em 2005 e, em Julho desse ano, começou a trabalhar numa clínica do Porto. Seguiram-se duas outras experiências em clínicas, assim como em Lares de Terceira Idade e, ainda, no Núcleo do Porto da Associação Nacional de Espondilite Anquilosante (ANEA). Hoje, com uma pós-graduação em Higiene e Segurança no Trabalho (HST), alia a actividade de Fisioterapeuta e de Técnica Superior de HST com a de formadora e membro da direcção da Associação Portuguesa de Fisioterapeutas – Região Norte.


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De acordo com Andreia Rocha, em Abril de 2008, a Associação Portuguesa de Fisioterapeutas tinha 3945 cédulas profissionais. Segundo dados do Observatório da Ciência e do Ensino Superior, licenciam-se anualmente 700 fisioterapeutas, prevendo-se que em 2010, o número destes profissionais ascenda a 7 mil e, em 2015, atinja os 10 mil. Esta realidade é bastante diferente daquela que existia quando, em 2001, esta antiga aluna da UA escolheu a profissão que lhe iria permitir reabilitar/recuperar pessoas e promover a sua máxima autonomia para, deste modo, lhes devolver qualidade de vida. “Sempre gostei da ideia de poder contribuir para a reabilitação de um indivíduo, por isso segui Fisioterapia. Já a escolha da Universidade de Aveiro não foi inocente. Na altura tinha uma prima a frequentar o 2º ano de Biologia, que me recomendou fervorosamente a UA. A Escola Superior de Saúde não tinha tradição, ia funcionar pela primeira vez nesse ano (2001) mas tratando-se de uma aposta da UA, tudo fazia acreditar que iria dar certo”. Conta Sara Rocha que a sua turma, tal como a de Enfermagem, Radiologia e Radioterapia, foram turmas-piloto. “As aulas eram praticamente todas em comum, excepto as específicas de cada curso, o que favoreceu o trabalho em equipas multidisciplinares e se tornou numa enorme mais-valia para todos”. Para além disso, acrescenta, “a existência de um campus universitário que integra diferentes departamentos e consequentemente diferentes áreas do saber, permite cumprir a sua função pedagógica e promover as relações interpessoais. A UA é uma paixão, que nos fica para a vida! Na Universidade de Aveiro, para além de se fomentar o saber-saber há igualmente uma preocupação em promover o saber-fazer e o saber-ser.” Ciente de que actualmente o crescente número de Fisioterapeutas torna consideravelmente mais difícil o ingresso no mercado de trabalho – “a precariedade no emprego faz parte do nosso dia-a-dia, provocando pressão e desconforto profissionais aos jovens licenciados” –, Sara Rocha considera

ter ainda feito parte do grupo de profissionais que em pouco tempo conseguiu trabalho. Passou por mais do que uma clínica no Porto, exerceu também em Lares de Terceira Idade e na Associação Nacional de Espondilite Anquilosante (ANEA - Núcleo do Porto). Tratando-se de experiências profissionais distintas, não deixa de explicar as diferenças: “ao trabalhar numa clínica ou num hospital, um fisioterapeuta está naturalmente condicionado à política interna da instituição. O número de doentes é prévia e superiormente definido, bem como o tipo e o tempo de tratamentos. O profissional de fisioterapia como que é amputado da responsabilidade de opinar, circunscrevendo-se à missão de cumprir as ordens de trabalho estabelecidas superiormente e a executar os procedimentos hierarquicamente definidos. Já, ao nível dos denominados “domicílios”, como na ANEA e ainda nos Lares de 3ª Idade, o trabalho é substancialmente mais autónomo e, desde logo, mais motivante e exigente profissionalmente, permitindo-nos recriar o nosso conhecimento e exercitar as nossas competências, com maior satisfação e auto-estima”. Garantindo que o fascinante da sua profissão é ter a capacidade de reabilitar/recuperar um paciente, proporcionando-lhe, assim, a máxima autonomia e qualidade de vida, Andreia Rocha aponta a paixão pelo que se faz, a predisposição para inovar e a capacidade de trabalho com qualidade e rigor como ingredientes indispensáveis ao sucesso profissional. Depois, claro está, como acérrima defensora da constante actualização de conhecimentos, não tem dúvidas em aconselhar a classe a aumentar e alargar a qualidade dos serviços que presta, através de cursos de reciclagem, pós-graduações, mestrados e doutoramentos. De resto, foi por se aperceber das potencialidades que uma especialização na área da Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho poderia trazer à sua actividade de Fisioterapeuta - “cada vez mais as

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empresas se preocupam com as questões da Saúde Ocupacional e da Ergonomia” -, que decidiu ela própria tirar uma pós-graduação em Higiene e Segurança no Trabalho, exercendo agora também funções como técnica superior de HST e de formadora dos módulos de Saúde no Trabalho e Ergonomia, na Associação para o Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (ADITEC– Porto). Para salientar o contributo da formação contínua e da especialização em áreas afins à saúde para o sucesso profissional, Andreia Rocha exemplifica: “Hoje sabe-se que 40 horas sentadas são mais prejudiciais para as costas do que 40 horas em pé. Os movimentos repetitivos conduzem a lesões músculo-esqueléticas, muitas das quais irreversíveis. Más posturas conduzem, a médio e longo prazo, ao absentismo. O fisioterapeuta é, pois, uma mais-valia no mundo empresarial e institucional”. É, aliás, na procura de especializações que esta fisioterapeuta formada pela UA diz estar o futuro destes profissionais. “Se assumirmos que os hospitais e as clínicas não têm capacidade estrutural e financeira para absorver os licenciados que todos os anos saem para o mercado de trabalho, temos necessariamente de pensar em alternativas”, diz, apontando as reais necessidades dos serviços de saúde prestados pelos fisioterapeutas em áreas que vão além das tradicionais, nos Serviços de Medicina Física e Reabilitação em meio hospitalar ou clínicas privadas. “É fundamental explorar outras áreas. A hidroterapia, os cuidados primários, os cuidados continuados, a pediatria, o desporto, a reabilitação cardíaca, a reabilitação respiratória, as termas, a ergonomia são áreas em que o Fisioterapeuta pode e deve trabalhar. É necessário saber fundamentar o nosso contributo e acreditar que realmente somos uma mais-valia para as instituições nas quais nos propomos trabalhar”.


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bruno figueiredo

dezembro ‘08

radiologia “sou o único funcionário português e um dos poucos da europa” Trabalhou com o último grito em termos de técnicas de TAC, no Hospital Eduardo Santos Silva, em Gaia, e agora é o único português e um dos poucos europeus a trabalhar na TeraRecon, uma empresa com sede em Sylicon Valley, nos EUA, que desenvolve software de pós-processamento e reconstrução de imagem. Bruno Manuel Ferreira de Figueiredo, 25 anos, é licenciado em Radiologia pela Universidade de Aveiro e divide-se agora entre a formação que dá aos técnicos europeus e brasileiros para operarem este software e a visita a hospitais nacionais interessados em adquirir este sistema.


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Chegou de Cabril, uma aldeia do concelho de Castro Daire, para ser um dos primeiros alunos da licenciatura em Radiologia, no ano de abertura da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro (ESSUA). “A UA não era demasiado longe de casa e radiologia aliava uma importante componente tecnológica à área que sempre me interessou: a saúde. De facto, embora não tenha sido a minha primeira opção no boletim de candidatura ao ensino superior, o curso excedeu as minhas expectativas. Tanto a direcção, como os professores e até nós, alunos, estávamos empenhados em construir uma escola de sucesso e lançar bons profissionais para o mercado de trabalho. A UA, o seu excelente corpo docente e as amizades que fiz, marcaram a minha vida para sempre!”. Em 2005 terminou a licenciatura e no ano seguinte foi aluno e monitor na ESSUA, onde concluiu o Curso de Formação Especializada em Pós-processamento avançado em imagens de TAC; um complemento importante à matéria leccionada na formação inicial em Radiologia, que, no que diz respeito ao processamento de imagem médica, ainda hoje aprofunda no Mestrado em Engenharia Biomédica que frequenta na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Formação à parte, a carreira profissional de Bruno Figueiredo começou ainda antes de ter terminado a licenciatura. “Na altura não havia muitos técnicos de radiologia formados pelas escolas de saúde, cenário que se alterou em dois anos”, lembra, acrescentando que foi no Hospital de Santa Maria da Feira que iniciou o seu percurso profissional. Três meses depois, surgia a oportunidade de integrar, com dois outros colegas, um serviço que estava a abrir no Hospital de Gaia e que tinha acabado de adquirir o estado da arte em termos de Tomografia Axial Computorizada (TAC), dedicando-se apenas a fazer TAC cardíaco. “Neste hospital aprendi muito em termos clínicos e fiz muito

pós-processamento avançado de imagem, como reconstruções tridimensionais do coração, análise volumétrica vascular, entre outras. Pela novidade deste estudo pioneiro, que representa a técnica mais avançada em TAC, assinámos várias publicações em conjunto com os médicos do serviço”, revela. Em ambiente hospitalar, um licenciado em radiologia está apto a operar qualquer equipamento da área da Radiologia, como Tomografia Computorizada (TC), Imagem por Ressonância Magnética (IRM), Raios-X convencional, etc.. É também capaz de realizar pós-processamento de imagem em exames de TC e IRM para auxiliar no diagnóstico. Bruno Figueiredo esteve dois anos a exercer radiologia. Preparava os doentes para o exame, fazia a aquisição da imagem e depois realizava o pós-processamento para auxiliar o diagnóstico e documentar o estudo. “Trabalhar com tecnologia de ponta num ambiente clínico e, assim, contribuir para o diagnóstico dos pacientes, é gratificante”, afirma, lembrando também a mais-valia que representou a experiência adquirida no Hospital de Gaia no que diz respeito ao modo de operar uma estação de trabalho de pós-processamento e reconstrução avançada de imagens médicas. Na norte-americana TeraRecon começou, entretanto, a trabalhar em part-time, dando apenas algum apoio no Brasil. Só mais tarde, a empresa lhe propôs um contrato a tempo inteiro. Agora, ao serviço desta empresa de vanguarda no desenvolvimento de software para a área da reconstrução de imagem, Bruno Figueiredo desloca-se aos vários países da Europa e ao Brasil para ensinar novos utilizadores a operar o sistema. Em Portugal, visita os hospitais interessados em o adquirir. “Para além de me agradar bastante estar envolvido no processo de desenvolvimento das ferramentas de vanguarda que se usam na Radiologia, gosto de contactar com Médicos e Técnicos de outros países e entender a realidade deles” afirma.

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Sem esconder que sempre se interessou pela área da indústria, Bruno Figueiredo arrisca dizer que, para além do mercado natural – as instituições de saúde –, as empresas de equipamentos médicos podem ser uma boa alternativa de saída para os radiologistas. “Cada vez mais, as empresas de equipamentos médicos, como a Siemens, a Philips e outras contratam técnicos de radiologia para este tipo de funções. Temos uma formação de base mais adequada a este tipo de funções, pois para além de conhecermos o funcionamento dos equipamentos, temos também uma formação clínica importante, que nos permite entender melhor a aplicabilidade dos equipamentos” explica, acrescentando, ainda, que um licenciado em Radiologia pode dar formação a futuros utilizadores, bem como auxiliar no planeamento e implementação desses equipamentos. Convencido de que não há qualquer receita mágica para o sucesso, Bruno Figueiredo defende, contudo, ser fundamental investir muito na formação e agarrar as oportunidades. É, aliás, isto mesmo que ele próprio pretende fazer. Para além de terminar o Mestrado, não esconde a vontade de se envolver num centro de desenvolvimento de ferramentas avançadas para a imagem médica. “A Universidade de Aveiro deu-me uma óptima formação tecnológica, requisito fundamental para estar apto a aceitar as novidades introduzidas na Radiologia e a tomar parte nelas”.


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diana lisboa

dezembro ‘08

terapia da fala “não há nada mais gratificante do que poder habilitar o outro a agir sobre o meio” Tem competências para trabalhar a comunicação, a linguagem (na sua vertente oral e escrita), a fala, a fluência, a voz e até a alimentação/deglutição. Diana da Silva Lisboa, 24 anos, é uma das primeiras licenciadas em Terapia da Fala pela Universidade de Aveiro. Concluiu o curso em 2007 e pouco depois ficou colocada no Agrupamento Vertical de Escolas de Cinfães, no distrito de Viseu, onde dá apoio a crianças integradas em Unidades de Apoio à Multideficiência. A par destas funções presta ainda serviços em clínicas privadas perto de casa, em Santa Maria da Feira.


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Imprevisível! É assim que Diana Lisboa qualifica a forma como acabou por se interessar por Terapia da Fala. Trabalhar na área da Saúde era a sua única certeza e, no momento de concorrer à Universidade, escolheu Farmácia. Entrou na Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Coimbra, fez o 1º ano mas, apesar da sua boa performance académica, não conseguia identificar-se com o curso. A sensação de insatisfação, aliada à dificuldade em imaginar-se naquela profissão o resto da vida, fê-la mudar para Terapia da Fala na Universidade de Aveiro, instituição que conhecia pelo prestígio pedagógico e institucional. As expectativas quanto a este novo curso eram muitas, mais ainda pela responsabilidade que acarretava uma opção de mudança de curso. “Recordo-me das primeiras aulas e de como fiquei fascinada com o que me foi transmitido, pelo corpo docente, do que seria previsto eu fazer como terapeuta da fala. Mas foi ao longo do tempo e dos diversos estágios que realizei durante o curso que fui estando certa de que era esta a profissão que queria exercer”, recorda, salientando as boas condições de estudo oferecidas pela Universidade de Aveiro, a disponibilidade e a excelência dos seus professores. “Ainda hoje me sinto à vontade para colocar as minhas dúvidas e inseguranças, para pedir ajuda e colaboração ou, simplesmente, para contar os sucessos e insucessos terapêuticos a alguns docentes da UA”. Concluídos os três primeiros anos do curso, na altura licenciatura bi-etápica, Diana Lisboa estava apta para exercer a profissão. Começou a trabalhar como terapeuta da fala em clínicas privadas. Já licenciada chegou a entrar no Mestrado em Ciências da Fala e da Audição, mas a candidatura, bem sucedida, às ofertas de escola, disponibilizadas pelo Ministério da Educação, obrigaram-na a abandonar o mestrado e a optar por conciliar a colaboração em clínicas privadas com o trabalho no Agrupamento Vertical de Escolas de Cinfães (AVEC). É aqui que integra uma equipa técnica que exerce funções em Unidades de Apoio à Multideficiência (UAM). Explica Diana Lisboa que a equipa presta serviços em diversas UAM, numa extensa área de abrangência, apoiando crianças com multideficiência e, sempre que

possível, crianças sem multideficiência com necessidade de apoio terapêutico. “As UAM integram crianças com patologias diversas (perturbações do espectro do autismo, deficiência auditiva, deficiência mental, paralisia cerebral, síndromes diversificados, Trissomia 21, entre outras), sendo a intervenção terapêutica (em média cinco vezes por mês) específica para as capacidades e necessidades das mesmas. A informação de cada criança é, então, sistematizada nos relatórios terapêuticos, facultados às docentes responsáveis e anexados nos processos das crianças. Sempre que necessário são efectuadas reuniões multidisciplinares (com os encarregados de educação, docentes do ensino especial, entre outros), de forma a assegurar a partilha de informações. Para além disso, o AVEC possui um Centro de Recursos que permite explorar as tecnologias existentes, entre as quais as de apoio à comunicação, aumentando o leque de opções de intervenção com a população-alvo”. O trabalho em clínica privada é bastante diferente. De acordo com Diana Lisboa, os serviços de um Terapeuta da Fala, neste contexto, são, maioritariamente procurados por crianças em idade pré-escolar e escolar com perturbações da fala e/ou da linguagem, seguidas das perturbações da comunicação e linguagem em adultos e, em última instância, problemas de voz. É pelo facto dos Terapeutas da Fala terem um campo de intervenção tão extenso, com competências para trabalhar as áreas da comunicação, linguagem (na sua vertente oral e escrita), fala, fluência, voz, alimentação/deglutição, entre outras, que estes profissionais sentem poder efectivamente contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos utentes, reduzindo as deficiências das estruturas e funções corporais, as limitações da actividade, as restrições da participação e outro tipo de barreiras. “Creio que numa profissão em que trabalhamos com seres humanos, não há nada mais gratificante do que poder habilitar o outro a agir sobre o meio. Neste sentido, o Terapeuta da Fala faculta estratégias facilitadoras à comunicação, isto é, ferramentas que auxiliam o utente a interagir nas diversas oportunidades do seu quotidiano”, diz Diana Lisboa,

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admitindo acreditar que a chave para o sucesso nesta área passa por nunca baixar os braços, por mais complexa que a problemática e/ou patologia sejam. “Acima de tudo, devemos experimentar uma multiplicidade de técnicas e estratégias a fim de alcançarmos os objectivos a que nos propomos. É que, por vezes, encontramos agradáveis surpresas onde menos esperamos.” Com competências para exercer funções em hospitais, centros de saúde, centros de reabilitação, clínicas ou gabinetes privados, escolas, centros ou serviços de saúde ocupacionais, lares, centros de dia para idosos, termas, centros de educação ou investigação, Diana Lisboa aconselha os futuros profissionais a ingressarem no mercado de trabalho com uma atitude “proactiva, de perseverança e de autoconfiança” e cita a coordenadora do curso de Terapia da Fala: A Licenciatura em Terapia da Fala fornece-nos um kit básico de sobrevivência para o mercado de trabalho, acrescentando: “Passa pelo técnico, a continuidade do estudo, no sentido de se tornar um profissional competente”. É de resto, este aprofundar de conhecimentos que leva Diana Lisboa a planear ingressar num mestrado e, a longo prazo, num doutoramento. Realizada com o trabalho que desenvolve, Diana Lisboa não esquece, contudo, o papel que a Universidade de Aveiro desempenhou nos quatro anos em que fez parte da sua vida. “Para além de excelentes profissionais, os docentes da UA comportam um lado humano que permite aos alunos sentirem-se pessoas e não simplesmente alunos. Embora todos os professores tenham contribuído para me tornar na profissional que hoje sou, não posso esquecer a coordenadora do curso, a Terapeuta Isabel Monteiro, e a Terapeuta Assunção Matos. Recordo-me de como ficava fascinada a ouvir os seus sucessos profissionais e a forma como lidavam com os utentes. São os meus exemplos profissionais, as minhas mestres. Depois, tenho que referir o bom ambiente académico. Foi na UA que conheci algumas das minhas actuais melhores amigas, com as quais partilhei momentos únicos. Juntas estudamos para as disciplinas, elaboramos trabalhos pela noite fora, rimos e choramos juntas… tanta coisa!”


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pedro sardo

dezembro ‘08

enfermagem “os enfermeiros têm competências que vão muito além da prestação de cuidados directos à população” Pedro Miguel Garcez Sardo, 25 anos, licenciou-se em Enfermagem na Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e concluiu o Mestrado também em Enfermagem na Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil), ao abrigo de um convénio entre estas duas Universidades. Como a maioria dos seus colegas, exerceu prática clínica em instituições de saúde mas recentemente assumiu um novo desafio: integrar a equipa de conteúdos clínicos da ALERT Life Sciences Computing, S.A. e desenvolver os Sistemas de Informação em Enfermagem.


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Ciente de que a área da saúde era a que mais se adequava aos seus gostos e perfil, candidatou-se à Universidade de Aveiro por se tratar de “uma das mais dinâmicas e inovadoras universidades do país” e por acreditar que a Escola Superior de Saúde iria formar profissionais com competências para actuarem em diferentes cenários. O curso de Enfermagem rapidamente superou todas as suas expectativas, pela “ênfase dada ao trabalho em equipa, a troca de experiências significativas com colegas de outros cursos, a forte componente prática e os ensinos clínicos realizados em várias instituições de saúde (…) a utilização de novas tecnologias (…) para além da relação estabelecida com os órgãos de gestão e docentes da ESSUA” explica Pedro Sardo, lembrando a importância destes aspectos para a sua formação. Na sua passagem pela UA, Pedro Sardo não se limitou apenas a estudar Enfermagem. Foi representante do seu curso com assento no Fórum Pedagógico Discente, no Conselho Pedagógico da ESSUA e no Conselho Pedagógico da UA e, ainda, representante da Associação Académica pela ESSUA com assento na Assembleia da UA. “De facto, a UA possibilita que cada aluno desenvolva um manancial de actividades extra-curriculares de índole associativa, académica, desportiva, entre outros. A Universidade foi uma segunda casa, onde fiz muitas amizades e onde conheci a minha namorada, também enfermeira e com um percurso académico e profissional muito semelhante ao meu, embora actualmente trabalhe ao nível dos cuidados de saúde primários”. Mal terminou o curso, em 2005, Pedro Sardo recebeu algumas propostas de emprego de instituições hospitalares. “Na altura, as instituições de saúde estavam a recrutar enfermeiros e os ensinos clínicos realizados em diferentes instituições de saúde acabaram por dar alguma visibilidade à ESSUA e aos seus alunos”. Para além disso, acrescenta: “penso que a nota final do curso e os cargos desempenhados acabaram por enriquecer o meu currículo”.

Trabalhou como Enfermeiro Nível I, no Hospital Reynaldo dos Santos (Vila Franca de Xira) e no Hospital Infante D. Pedro (Aveiro), até ao momento em que, ao abrigo de um convénio inter-institucional entre a UA e a Universidade Federal de Santa Catarina, foi para o Brasil frequentar o Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Durante esse período integrou o Grupo de Pesquisa em Tecnologias, Informações e Informática em Saúde e Enfermagem e desenvolveu diversos trabalhos no âmbito da Informática em Saúde e Enfermagem aplicada ao ensino, à pesquisa e à própria prática clínica. De regresso a Portugal, após a defesa da dissertação sobre “Aprendizagem Baseada em Problemas em Reanimação Cardio-Pulmonar no Ambiente Virtual de Aprendizagem MOODLE®”, ainda chegou a trabalhar na Administração Regional de Saúde do Norte, Centro de Saúde de Campanhã, mas a oportunidade para fazer parte da equipa de conteúdos clínicos da ALERT Life Sciences Computing, S.A. não tardou. “Estou convencido que o trabalho que desenvolvi no âmbito do Mestrado me abriu portas para este novo desafio, onde essencialmente lido com a área dos Sistemas de Informação em Enfermagem”, afirma. Com mais de 500 colaboradores, entre os quais se contam enfermeiros, farmacêuticos, microbiólogos, técnicos de saúde, designers, engenheiros, e gestores, entre outros, a ALERT Life Sciences Computing, S.A., sedeada em Gaia, é a empresa mãe do grupo de empresas ALERT, dedicando-se inteiramente ao desenvolvimento, distribuição e implementação do software clínico ALERT®, cujo objectivo consiste em criar ambientes clínicos totalmente isentos de papel. De acordo com Pedro Sardo, o software ALERT® permite a introdução, em tempo real, de toda a informação clínica e é uma aplicação em constante evolução que visa, num futuro próximo, oferecer ferramentas de inteligência artificial a todos os profissionais da área da saúde.

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“Acredito que o desenvolvimento e utilização dos Sistemas de Informação em Enfermagem irão facilitar o acesso e o registo da informação no processo clínico do utente, padronizar os registos de enfermagem, descrever e avaliar o impacto dos cuidados de enfermagem nos ganhos em saúde das populações e fomentar a enfermagem baseada na evidência”, declara. Para a Ordem dos Enfermeiros, a visibilidade dos cuidados de enfermagem nas estatísticas, nos indicadores e nos relatórios oficiais de saúde, tem sido algo incipiente, não permitindo descrever nem verificar o impacto dos cuidados de enfermagem nos ganhos em saúde das populações. No entanto, “utilizando software de Data Warehouse, passa a ser possível analisar dados clínicos e financeiros e comparar os resultados obtidos entre instituições”, avança Pedro Sardo, defendendo a necessidade de se garantir que os Sistemas de Informação em Saúde integrem dados relativos aos Cuidados de Enfermagem. “Este foi o principal desafio que me foi lançado quando ingressei na equipa de Sistemas de Informação de Enfermagem da ALERT, e como tal, considero que o meu trabalho pode contribuir significativamente para o desenvolvimento da Enfermagem a nível Nacional e Internacional”, admite. Convicto de que os enfermeiros têm competências que vão muito além da prestação de cuidados directos à população, Pedro Sardo destaca que os enfermeiros podem evoluir profissionalmente e contribuir para o desenvolvimento da Enfermagem, actuando em diversas áreas.


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cristina barbosa

dezembro ‘08

gerontologia “os gerontólogos devem encarar o futuro com optimismo”

Cristina Maria Oliveira Barbosa, 23 anos, foi uma das 17 alunas da primeira Licenciatura em Gerontologia do país. Concluiu o curso na Universidade de Aveiro em 2007 e, para além do trabalho como gerontóloga que actualmente exerce na Divisão de Acção Social da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, tem vindo a envolver-se em inúmeros projectos relacionados com a população sénior. Tudo em prol do bem-estar das pessoas nesta fase das suas vidas.


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Quando chegou de Santa Maria da Feira à Universidade de Aveiro, em 2003, não sabia ao certo o que a esperava. A Licenciatura bi-etápica em Gerontologia ia funcionar pela primeira vez em Portugal e pouco se ouvia falar deste ramo da ciência. Certo era que, ao gosto que tinha pelas ciências da saúde, Cristina Barbosa ia somar a vontade de seguir uma profissão onde o relacionamento humano era o principal instrumento de trabalho e aliar, ainda, dois outros factores: estar a estudar próximo de casa e estar a fazê-lo numa universidade que, à partida, lhe garantia um ensino superior de qualidade. As dúvidas iniciais dissiparam-se logo no estágio que todos os alunos dos cursos da Escola Superior de Saúde realizavam em conjunto no 1º ano. “Comparando com os restantes cursos, percebi logo que a Gerontologia me permitiria agir directamente com o idoso, mas de uma forma muito menos invasiva”. Para além das competências adquiridas e das boas recordações que guarda da cidade e da Universidade – “a união da Academia Aveirense, apesar das várias formações que oferece e dos departamentos que integra, marcou-me!” – Cristina Barbosa levou consigo o passaporte para o mercado de trabalho. “Um dos meus professores da UA convidou-me a colaborar na Unidade de Investigação sobre Adultos e Idosos (UnIFai) do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, na Universidade do Porto. Aceitei e, desde então, fui sempre dando o meu melhor em todos os projectos em que me envolvi na UnIFai.” A par deste trabalho, de algumas aulas que deu ao curso de Mestrado em Gerontologia Social da Universidade Católica (pólo de Braga) e da participação, como oradora, em vários seminários, Cristina Barbosa vai desenvolvendo trabalho de campo e de análise estatística nos vários projectos em curso noutras instituições. É o caso do promovido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e Instituto Superior de Serviço Social do Porto, intitulado “Centros de dia como alternativa à sobrecarga dos cuidadores e ao internamento dos idosos”, ou ainda o do “DIA – da incapacidade à actividade: o desafio do envelhecimento”. Enquanto colaboradora do UnIFai, coordenou também a delineação dos

conteúdos programáticos do projecto de formação “Metodologias e Instrumentos de Gestão de Equipamentos Gerontológicos”, ao mesmo tempo que foi co-autora do dossier técnico “Registos de Actuação de Auxiliares de Acção Directa em Equipamentos Gerontológicos”. Cristina Barbosa conta ainda no seu currículo com a apresentação de uma comunicação e submissão de um paper para a acta do 7º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde, no âmbito do tema “Desenho arquitectónico de equipamentos sociais para utentes com demência”. Foi já em 2008 que começou a trabalhar como gerontóloga na Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, onde, entre outras funções, está a executar um projecto com vista à implementação de medidas adjacentes ao Plano Estratégico para a Terceira Idade daquele Município. “Este plano é constituído por vários programas de intervenção e neste momento encontro-me a colocar em acção o programa relativo à promoção educativa e acesso à sociedade do conhecimento pelas pessoas idosas do concelho”, explica, acrescentando estar ainda envolvida, em articulação com os parceiros da Rede Social de Santa Maria da Feira, na construção de políticas de proximidade ajustadas ao público sénior. Para além disto, tem participado na organização de eventos relacionados com a população sénior, como “o Dia Metropolitano dos Avós, que contou com a participação de cerca de 7 mil avós da Área Metropolitana do Porto” e desenvolvido trabalho no âmbito da realização de candidaturas que visam o incremento da qualidade de vida e bem-estar da população sénior e dos seus familiares. Cristina Barbosa considera que a disponibilidade em colaborar e agarrar todos os desafios que lhe foram surgindo terão, em muito, contribuído para desbloquear os entraves próprios de uma recém-licenciada numa área inovadora e ainda desconhecida do público. “O gerontólogo é um especialista na área do envelhecimento. O mercado necessita de técnicos com esta formação que valorizem os pensamentos e os quereres do idoso”, afirma Cristina Barbosa, lamentando o facto de muitas vezes, por desconhecimento, os gerontólogos

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serem associados a outras profissões e por isso mesmo, nalguns casos, desaproveitados”. Para quem o fascinante da profissão está no “poder ver bem-estar e actividade na população sénior”, o sentido de realização profissional chega quando contacta directamente com esta população e seus familiares e percebe que estes entendem que consegue respeitar a sua maneira de pensar e sentir. “Muitas vezes, a sociedade pensa que o idoso apenas quer carinho e atenção (por analogia às crianças), mas a minha realização profissional processa-se a partir do momento que consigo fazer os outros entender que o idoso não é um ser diferente, mas sim exactamente igual a cada um de nós! Que, sim, necessita de carinho e atenção, mas que isso todos nós, mais ou menos jovens, também procuramos exaustivamente”. Apontando todas as instituições públicas e privadas de cuidados de saúde, de apoio social, apoio psicológico, gabinetes de atendimento, espaços seniores, ou universidades da terceira idade, como as principais potenciais organizações empregadoras de um gerontólogo, Cristina Barbosa explica que um profissional formado em Gerontologia está apto a desenvolver avaliação, intervenção e estudo científico do fenómeno do envelhecimento humano e a prevenir os problemas pessoais e sociais a ele associado. “O gerontólogo é um profissional capaz de conhecer os processos biológicos e anatomo-fisiológicos do envelhecimento, permitindo reconhecer e detectar patologias e/ou sintomatologia associada a alterações motoras, cognitivas ou outras. Detém ainda competências ao nível da intervenção na promoção de um envelhecimento bem sucedido, diminuindo a probabilidade de doença e de incapacidade, mantendo os sujeitos com elevada capacidade cognitiva e funcional e fomentando o envolvimento activo com a vida e o equilíbrio psico-afectivo”, afirma. Cristina Barbosa acredita que os gerontólogos devem encarar o futuro com optimismo. “A sociedade precisa de nós e é importante que cada Gerontólogo faça do profissionalismo a imagem de marca da nossa classe”.


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dezembro ‘08

projecto

IFoodTech químicos da ua transformam resíduos alimentares em produtos benéficos para a saúde e bem-estar Uma das mais recentes spin-off criadas na UA, a “iFoodTech – Technological Ingredients for Food”, está a analisar as potencialidades de alguns resíduos agro-alimentares, como o resíduo do café e da uva, para a produção de novos produtos com valor acrescentado. Produzidos com tecnologia não poluente, na Unidade de Investigação de Química Orgânica de Produtos Naturais e Agro-alimentares da UA, os novos ingredientes extraídos destas matérias-primas que apresentam baixo valor, poderão ter aplicações em produtos benéficos para a saúde e bem-estar.

Com os conhecimentos adquiridos no Curso de Empreendedorismo de Base Tecnológica, promovido pela Unidade de Transferência de Tecnologia da UA (UAtec), em 2007, um grupo de quatro pessoas, duas das quais investigadoras na UA, está em vias de transformar o plano de negócios apresentado durante a iniciativa em projecto empresarial. Em formato de spin-off, a “iFoodTech – Technological Ingredients for Food”, como foi designada desde a fase inicial do curso, apresenta como mais-valia diferenciadora a proximidade de relacionamento com a universidade, permitindo aplicar o desenvolvimento científico que uma universidade pode proporcionar na elaboração de novos produtos. Aproveitando os conhecimentos científicos da equipa de investigadores da UA, será possível desenvolver metodologias que permitam extrair de modo selectivo compostos alimentares e dar-lhes novas aplicações, como por exemplo, tornar os alimentos mais saudáveis, como explica o investigador responsável, Prof. Manuel António Coimbra. “O nosso objectivo passará por identificar fontes ricas de compostos naturais que facilmente se podem incluir em diversos géneros de alimentos (os nutracêuticos), extraí-los e dar-lhes novas aplicações. Há diferentes propriedades que os químicos e bioquímicos podem explorar para fazer


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face a futuras aplicações. É esta a premissa para a criação desta empresa de base tecnológica: aplicarmos o conhecimento científico aos requisitos exigidos pelos potenciais clientes”. Com o apoio da UAtec, a marca já foi registada, estando agora numa fase de prova do conceito. Neste momento, os investigadores estão a submeter a experiências o resíduo de café e, num futuro muito próximo, também o da uva. No caso do café, esperam extrair polissacarídeos com propriedades de fibra dietética e de estimulação imunológica. No caso da uva, as substâncias a extrair terão actividade antioxidante e anti-bacteriana. No entanto, como refere o investigador, as possibilidades de outras aplicações e de utilização de outros compostos em outros tipos de resíduos são imensas. “Segundo o conceito desta empresa passa por ser o potencial cliente a definir em que é que quer incorporar estes compostos. Perante o desafio, seremos nós, os investigadores, a propor as estratégias que levem às transformações necessárias para se desenvolver um produto com determinadas características que permita a incorporação de um dado ingrediente num alimento. Por exemplo, em relação às fibras, se pretendermos integrá-las em água ou em bebidas aquosas límpidas, todas elas têm que ser solúveis em água. No entanto, se for para as incorporar em bolachas, as fibras já não necessitam de ser solúveis. A nossa função é adaptar os compostos às finalidades pretendidas”.

O primeiro prémio que obtiveram no concurso “Melhor Ideia de Negócio”, promovido, em 2007, pelo Conselho Empresarial do Centro (CEC), é uma prova inequívoca de que estão no bom caminho e que podem num futuro próximo contribuir para a afirmação da Região Centro gerando riqueza através da inovação. Porém, as mais-valias deste projecto não se ficam por aqui. Como acrescentou o Professor, esta é uma excelente via de incentivo ao empreendedorismo. “O curso permitiu-nos conhecer diversas formas de ajudar os nossos alunos a integrarem-se melhor no mercado de trabalho; este projecto é já um primeiro passo. O empreendedorismo é cada vez mais o meio privilegiado de entrar no mercado de trabalho. Além disso, é exigido cada vez mais aos diplomados que sejam eles a introduzir novas ideias no meio empresarial. Procuramos transmitir com esta iniciativa esta aplicabilidade dos conhecimentos que se adquirem na universidade”.

projecto iFoodTech

Universidade de Aveiro entre as 50 universidades Europeias com melhor desempenho científico em Engenharia e Tecnologia Este é o resultado do ranking de 2008, elaborado pelo Conselho para a Avaliação e Acreditação do Ensino Superior de Taiwan (HEEACT), e que se vem juntar a outros indicadores nacionais e internacionais que colocam a Universidade de Aveiro em posição de destaque em matéria de investigação científica. O ranking do HEEACT engloba universidades de todo o mundo e é

Sócios-fundadores

baseado em indicadores de produção

Manuel António Coimbra

científica (número de artigos presentes

Elisabete Coelho

em bases internacionais de referência),

Filipe Godinho

de impacto da investigação (citações dos

Paulo Couto Ferreira

artigos por outros investigadores) e de excelência (artigos incluídos no 1% dos artigos mais citados e artigos publicados nas revistas de maior impacto). Para a edição de 2008 foram consideradas as publicações efectuadas desde 1997. Considerando que existem diferenças significativas entre as diversas áreas do conhecimento, ao nível da publicação científica, o HEEACT introduziu este ano rankings por área, apresentando as 300

Depois deste trabalho laboratorial que pretende, ao mesmo tempo, descobrir que quantidades é que se consegue obter para que a sua comercialização seja exequível enquanto ingrediente alimentar e de que forma é que se pode optimizar o processo, simplificando os passos e aumentando o rendimento, segue-se a fase de criação da empresa – uma unidade industrial para produção e comercialização dos novos ingredientes alimentares.

universidades com melhor desempenho nas áreas de Agricultura e Ciências do Ambiente, Medicina, Engenharia e Tecnologia, Ciências da Vida, Ciências Naturais e Ciências Sociais. A Universidade de Aveiro ocupa o 49º lugar entre as universidades do continente europeu, e o 171º lugar no ranking mundial, no domínio da Engenharia e Tecnologia. Página oficial: http://ranking.heeact.edu.tw


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Situações de perigo potencial, como obstáculos, zonas de fraca visibilidade, lençóis de água, entre outros, que originam, frequentemente, acidentes isolados ou em cadeia em vias rápidas podem ser evitados se os condutores forem avisados antecipadamente, podendo tomar as medidas de prevenção adequadas. O Instituto de Telecomunicações – pólo de Aveiro (IT) e o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), sob coordenação da BRISA, estão a desenvolver um sistema de comunicações que permite avisar os condutores em tempo útil, através da transmissão automática de mensagens de alerta e de socorro, independentemente da distância e velocidade.

dezembro ‘08

IT parceiro no desenvolvimento de um inovador sistema de segurança automóvel Todos os dias nos chegam a casa notícias de acidentes rodoviários e todos os anos é elevado o número de pessoas que morrem e que ficam feridas em acidentes automobilísticos em todo o mundo. É verdade que o aumento do nível de segurança dos carros ao longo do tempo e as várias campanhas de prevenção rodoviária têm sido capazes de reduzir uma percentagem de acidentes, mas o Instituto de Telecomunicações de Aveiro, em parceria com a BRISA e o ISEL, propõe um novo sistema de segurança automóvel que promete ser uma maisvalia para o decréscimo de sinistros. Para além do actual sistema de comunicações entre o veículo e a infra-estrutura, que a Via Verde já incorpora, a equipa de investigadores está a estudar a integração de uma vertente de comunicação entre veículos, oferecendo, ao mesmo tempo, um conjunto de serviços que vai muito mais além do que a simples identificação e taxação. Para tal e com recursos às potencialidades da telemática rodoviária, o novo dispositivo será apetrechado com uma maior capacidade de recepção e transmissão de informação que facilite a comunicação rodoviária de dados em tempo real, independentemente da sua distância e velocidade.

Como explicita Ricardo Abreu, da equipa do IT, “este projecto tornará possível que cada veículo se transforme num nó de uma infra-estrutura de telecomunicações, na qual participará também a própria estrada, para os mais variados fins. Actualmente, está a funcionar uma infra-estrutura de telecomunicações estrada-automóvel, a via verde “tradicional”, utilizada essencialmente na identificação e na taxação. A partir desta pretendemos evoluir para um esquema de comunicação de carro para carro (V2V) e de carro para infra-estrutura (V2I) que permita emissão de avisos de segurança (acidentes, percursos perigosos, manobras perigosas…), gestão de tráfego (vias congestionadas, vias alternativas…) e outros mais generalizados (obras na via, condições meteorológicas...)”. Neste momento, o projecto está em fase de construção de protótipos, abrangendo um conjunto de possíveis cenários. “Quando um veículo se depara com uma situação de risco, como uma travagem brusca numa curva por causa de “engarrafamentos”, uma mudança de faixa violenta ou outras situações que não são acidentes consumados mas que apresentam perigo potencial, emite uma mensagem para todos os utilizadores da via num raio tipicamente de 1 km podendo os condutores desses veículos ser alertados através de um sinal


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primeiro protótipo em 2009 luminoso, informação sonora ou informação num ecrã. A mensagem fica em emissão contínua para que mesmo não existindo veículos a essa distância, estes a venham a receber assim que a alcançarem”.

Ficha Técnica

O sistema permite ainda que, ao receberem uma mensagem de alerta, os veículos possam retransmitir automaticamente outra mensagem para os utilizadores a outros tantos km. “O veículo não será apenas receptor dessa mensagem mas poderá ser também um “retransmissor”, dando assim maior alcance à rede de comunicações”. Ao mesmo tempo que ocorre a comunicação entre veículos poderá ocorrer também, caso esteja presente um receptor da infra-estrutura, uma comunicação para o operador da via ou para outras entidades relacionadas com a segurança ou serviços de emergência.

Equipa de investigação (UA/IT)

O primeiro protótipo deverá ser apresentado em 2009, estando já a decorrer alguns testes preliminares. Esta tecnologia deverá ser compatível com normas quer europeias quer dos EUA.

Parceiros Instituto de Telecomunicações / Universidade de Aveiro Brisa Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

João Nuno Matos José Alberto Fonseca Ricardo Abreu Pedro do Mar Nuno Ferreira Tiago Meireles

inovador sistema de segurança automóvel

Artigo do Laboratório CICECO distinguido com “Hot Paper” Cientistas do Laboratório Associado CICECO viram mais um dos seus artigos publicados o ano passado na revista Chemistry of Materials da American Chemical Society ser distinguido como “Hot Paper” pela Thomson Scientific (ISI) Essential Science Indicators. A investigação em causa, inteiramente realizada na Universidade de Aveiro, descreve uma nova família de materiais lamelares híbridos fotoluminescentes contendo lantanídeos e ácidos polifosfónicos e abre portas a uma nova metodologia de elucidação estrutural de polímeros de coordenação microcristalinos. Os polímeros de coordenação, conhecidos desde os inícios dos anos 90, são normalmente sintetizados na forma de cristais com tamanho adequado (fracção de milímetro) à determinação da sua estrutura por métodos de difracção de raios-X de mono-cristal. Quando os cristais são mais pequenos (amostras policristalinas), tal como acontece no caso do presente material lamelar híbrido, a resolução estrutural é muito mais difícil. Como refere o investigador Filipe Almeida Paz, autor correspondente do trabalho publicado no Chemistry of Materials, “só a combinação de dados provenientes de várias técnicas permitiu deslindar o mistério estrutural deste sistema. De certa maneira, pode comparar-se este trabalho à montagem de um puzzle: dados de raios-X de pós de sincrotrão colectados em Grenoble deram-nos uma visão geral da distribuição atómica, mas só os estudos de ressonância magnética nuclear do estado sólido permitiram localizar inequivocamente os átomos de hidrogénio; por outro lado, os estudos fotofísicos revelaram a presença de um material fotoluminescente”. O trabalho de investigação, desenvolvido ao longo de cerca de um ano e meio, foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia tendo sido já apresentado em várias reuniões científicas internacionais e semelhantes que, “para além das propriedades de fotoluminescência, podem também ser utilizados como catalisadores”, refere o investigador responsável como uma perspectiva para o trabalho futuro.


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dezembro ‘08

obtenção de hidrogénio a partir de gás natural em estudo no ciceco As pilhas de combustível são apontadas como uma das mais promissoras tecnologias de energia limpa capaz de enfrentar a ameaça das alterações climáticas e do esgotamento dos combustíveis fósseis. Tendo em vista a optimização do processo de fabrico do hidrogénio necessário para as abastecer, através da rentabilização dos combustíveis fósseis, uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO) está a estudar um novo método de obter hidrogénio a partir do gás natural.

Já há duas décadas que a UA tem vindo a desenvolver investigação na área das pilhas de combustível a altas temperaturas. A vantagem da realização dos processos a altas temperaturas é que se tornam mais eficientes e mais rápidos. O objectivo passa por integrar processos de produção de hidrogénio para alimentar a pilha e optimizá-la para que se possa utilizar em aplicações móveis ou sem ligação à rede eléctrica. Como refere o investigador responsável pelo projecto, Jorge Frade, “o móvel é a vertente mais delicada e a que está a colocar mais desafios. Embora a tecnologia das baterias de lítio esteja numa fase mais avançada de desenvolvimento, em termos de aplicações móveis, ainda apresenta um problema por resolver: a logística. O hidrogénio surge como uma alternativa, não como combustível propriamente dito, mas como fonte de energia para pilhas de combustível, utilizáveis no carro eléctrico, apresentando como vantagem o facto de apenas dar origem a vapor de água, uma substância inócua”. A pilha produz electricidade a partir do hidrogénio, fazendo-o reagir com o oxigénio do ar, para dar origem à água. O ciclo pode ficar completo quando essa água volta

a ser decomposta em oxigénio e hidrogénio, num sistema circular, como explica o investigador. “Existe uma ideia pré-concebida de que a produção do hidrogénio é a solução para tudo. No entanto, o hidrogénio apresenta duas grandes limitações: a sua produção e o seu armazenamento. O processo não é simples e apresenta grandes dificuldades, uma vez que contrariamente aos outros combustíveis, o hidrogénio não existe espontaneamente na natureza”. Neste sentido, os investigadores têm vindo a desenvolver o conceito de produção de hidrogénio a altas temperaturas com integração de outros combustíveis nesse processo, rentabilizando, desta forma, os combustíveis fósseis existentes e o biogás enquanto energia renovável. Alternativamente, é necessário proceder à electrólise. Os estudos pretendem a produção eficiente de hidrogénio com maior incorporação de calor, através da electrólise de alta temperatura, aproveitando, desta forma, o calor desperdiçado por outras tecnologias. “A electrólise consome energia e uma fracção significativa de calor, o que quer dizer que, se houver uma tecnologia que produza calor como sub-produto, esse calor pode ser utilizado na electrólise. Portanto,


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obtenção de hidrogénio a partir de gás natural

fonte de energia mais limpa quanto mais calor eu puder utilizar melhor porque eventualmente posso utilizar uma fracção muito mais elevada de calor e uma muito menor de electricidade”, salientou o Professor Jorge Frade. Pretende-se aumentar o rendimento, não excluindo as energias fósseis mas rentabilizando-as. Neste sentido, os invvestigadores da UA estão neste momento a aperfeiçoar materiais e sistemas de conversão do metano do gás natural numa mistura de gases rica em hidrogénio, para depois separá-lo. Dentro de dois anos, o grupo de investigação “Materiais para sistemas de energia” do Laboratório Associado CICECO, pioneiro a desenvolver trabalho na área das altas temperaturas, pretende que a conversão imediata do metano do gás natural em hidrogénio seja uma realidade.

Investigação da UA em destaque no Physorg.com No passado mês de Junho, o Physorg.com, jornal online que dá conta das últimas novidades em ciência e tecnologia, deu destaque a um artigo de uma equipa da Universidade de Aveiro para publicação no “breaking news”. Joana Miguéns, doutoranda no Departamento de Economia Gestão e Engenharia Industrial, e José Mendes, Professor Catedrático do Departamento de Física, apresentam os primeiros resultados de uma investigação realizada sobre a modelação da rede mundial de chegadas e partidas de turistas do ano de 2004. De acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT), em 2004 foram registadas cerca de 763 milhões de chegadas de turistas em 208 países e territórios, prevendo que em 2020 atinja os 1.6 biliões, sendo, por isso, o turismo um dos sectores económicos com maior crescimento, responsável por cerca de 10% do produto interno bruto a nível mundial. Saber quais as ligações preferenciais que tornam os destinos mais ou menos populares foi o objectivo a que se propuseram os investigadores da UA, que, a partir de um estudo realizado através de uma modelação da rede mundial de chegadas e partidas de turistas do ano de 2004, revelam informação sobre o comportamento humano que pode influenciar e ajudar a compreender o cruzamento de culturas e fluxos de riqueza. A partir desta modelação de ligações da rede entre países e da chegada de turistas de um país para outro, direccionada porque a ligação tem sentido e com pesos porque as ligações são mais fortes com o aumento do número de turistas, os especialistas concluem que “a rede é fortemente direccionada. Se há turistas de um país para outro, só há 25% de hipótese que o segundo país também tenha turistas para o primeiro. Apesar de haver um grande número de turistas, a densidade global da rede é mais baixa do que o esperado. Cerca de 60% dos países não estão ligados, ou seja, não partilham turistas”. Outra característica interessante desta análise, segundo José Mendes e Joana Miguéns, é que “de certa forma, o comportamento é característico de redes económicas, e não de redes sociais como esperado. Nesta rede, países com número elevado de ligações (mais populares) têm mais tendência para se ligar com países com um número reduzido de ligações (menos populares). Este comportamento é semelhante com o encontrado em redes económicas e de transporte, nas quais os nós considerados hubs (centrais) têm muitas ligações de nós periféricos”.


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dezembro ‘08

de aplicação nas áreas agro-alimentar e biomédica investigadores produzem

biopolímeros a partir de biomassa excedente Um grupo de cinco investigadores da UA pretende implementar uma linha de produção de quitosano e seus derivados utilizando excedentes da indústria de processamento de cefalópodes e crustáceos marinhos como matéria-prima. A ideia de negócio desenvolvida assenta na produção de biopolímeros e derivados funcionais a partir de biomassa excedente de outros processos industriais e actualmente desperdiçada.

O projecto, denominado “BioF – Functional Biopolymers”, resultou da investigação em curso realizada no Departamento de Química da UA na área das propriedades funcionais de biopolímeros. Premiado recentemente com o terceiro prémio do Troféu Criar 08, cujo objectivo é estimular o empreendedorismo e a inovação no interior do país, com vista à eventual criação de uma nova empresa, com sede no Concelho da Covilhã, o BioF apresenta como mais-valia o aproveitamento de biomassa desperdiçada, uma matéria-prima renovável e de baixo custo. A unidade industrial será de pequenas dimensões com capacidade para a transformação, numa fase inicial, de estiletes de lulas e potas em quitina, quitosano, e derivados, de modo a serem comercializados em diversos sectores industriais. Com recurso predominante a processos “limpos”, amigo do ambiente, a sua produção resultará em produtos de elevado valor acrescentado e de elevada qualidade, como a quitina e quitosano, os oligoquitosanos e a acetil-glucosamina e glucosamina. Com franca aplicação em diferentes áreas-chave, apresentam ainda baixa competição a nível produtivo, quer a nível nacional como europeu, como sejam espessantes em formulações alimentares, formadores de filmes e revestimentos com actividade antimicrobiana, “fibra” com capacidade para diminuir a absorção de gorduras ou na clarificação e desacidificação de sumos de fruta,


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biomateriais com aplicação na área biomédica, purificação de águas ou eliminação de metais pesados. Os produtos apresentam ainda actividade anti-microbiana, anti-oxidante e potencial actividade anti-tumoral e actividade benéfica em regeneração de tecidos e problemas de cartilagens e osteoatrites. Serão utilizados, como matéria-prima, os endo-esqueletos de lulas e potas (estiletes), actualmente sub-produtos de indústrias de processamento destes cefalópodes marinhos. A tecnologia a adoptar basear-se-á em processos de extracção mecânica, química e enzimática, e existirá uma constante monitorização e controlo da produção (análises laboratoriais). Dar-se-á prioridade, não deixando de considerar a necessidade de competitividade e validação económica, aos processos de transformação baseados na utilização de enzimas não específicas (de baixo custo).

rondam os 400 /kg, preço relativamente elevado e justificado devido à baixa competitividade e ao enorme potencial deste polímero. Actualmente, o mercado para produtos de quitosano inclui, entre outras, as áreas dos nutracêuticos, protecção de alimentos, formulações para cosméticos, aplicações médicas, aplicações em agricultura, floculação, têxteis e papel. Neste momento, a equipa de investigadores já tem o plano de negócios elaborado e pronto para dar início à sua actividade. No entanto, devido ao enorme investimento que é necessário (cerca de meio milhão de euros) os futuros empresários estão a analisar a possibilidade de integrar parceiros investidores no negócio para viabilizar o investimento necessário. Equipa de Investigação Catarina de Oliveira Ferreira Fabiane Costa Oliveira José António Lopes da Silva Pedro José de Oliveira Ferreira

De referir que as cascas de crustáceos marinhos (camarões, caranguejos, etc.) e os endoesqueletos de cefalópodes marinhos (lulas, potas) constituem uma fonte de biomassa importante, pela sua riqueza em proteínas e quitina, embora, actualmente, quase na sua totalidade, esta não seja aproveitada. A quitina e o quitosano são polímeros naturais, biodegradáveis, biocompativeis e não tóxicos. A quitina é geralmente considerada a “celulose animal” pois é o segundo biopolímero mais abundante no planeta e a principal fonte de poluição superficial nas zonas costeiras. Em 1990 a produção mundial anual era de cerca de 10 mil toneladas. Hoje produzem-se cerca de 30 mil toneladas e as regulamentações para o seu uso estendem-se a várias áreas. As empresas produtoras situamse essencialmente na Ásia e nos EUA. A nível europeu são poucas as empresas a produzir quitina, quitosano ou derivados, e, que seja do nosso conhecimento, nenhuma na Península Ibérica. Os preços mais baixos para quitosanos de grau de pureza baixo,

empresa de produção de biopolímeros

Sónia Regina Monteiro

Investigadores da UA publicam paper na “Reviews of Modern Physics” Três investigadores do Departamento de Física da UA, Sergey Dorogovtsev, Alexander Goltsev e José Fernando F. Mendes, publicaram no passado mês de Outubro, um artigo na “Reviews of Modern Physics” sobre a física de redes complexas. Esta é a terceira vez que uma investigação de origem portuguesa vê os seus resultados publicados na revista de maior impacto na área da Física. Nos últimos anos, foram dados passos importantes em direcção à compreensão dos fenómenos críticos observados em redes complexas. Os resultados, conceitos e métodos deste rápido desenvolvimento foram analisados no artigo de revisão “Critical phenomena in complex networks”, da autoria de dos investigadores José Fernando F. Mendes, Alexander Goltsev e Sergey Dorogovtsev. Uma ampla perspectiva sobre fenómenos cooperativos definidos sobre redes, a suas transições de fase e outros efeitos colectivos, e também aspectos dinâmicos como sincronização são aqui discutidos. O paper aborda e analisa possíveis respostas a algumas das grandes questões que envolvem a problemática, nomeadamente, em relação ao que é comum a todas as redes, aos seus princípios gerais de organização e evolução, ao desenho de uma rede óptima ou qual a melhor arquitectura para obter um dado objectivo e aos fenómenos de sincronização. O artigo faz ainda referência à relação existente entre as leis da natureza e as redes de comunicação, biológicas e sociais e ao contributo das redes complexas no controlo de epidemias ou transmissão de doenças sexuais (SIDA), vírus em computadores, gripe das aves, etc. e na organização de grupos sociais ou animais para se protegerem e para se auto-organizarem.


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prémios

Linhas

docente da ua é o jovem investigador com melhor currículo científico em mecânica aplicada e computacional de 2007

Filipe Teixeira-Dias, docente no Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro, foi distinguido pela Associação Portuguesa de Mecânica Teórica, Aplicada e Computacional (APMTAC), com o Prémio Jovem Investigador em Mecânica Aplicada e Computacional 2007, atribuído anualmente ao investigador com o melhor currículo científico em qualquer área da Mecânica Aplicada e Computacional. Na selecção do premiado, que deverá ter menos de 40 anos de idade, foram considerados diversos aspectos relacionados com as publicações de trabalhos científicos, em revistas internacionais e conferências, as orientações de doutoramentos e mestrados e as contribuições para o ensino e para a aplicação da Mecânica Computacional na indústria e serviços. A entrega do diploma ao Professor Filipe Teixeira-Dias decorrerá numa cerimónia pública, em Barcelona (Espanha), em Junho de 2009. Filipe Teixeira-Dias lecciona na Universidade de Aveiro (Departamento de Engenharia Mecânica) desde Janeiro de 1997, disciplinas nas áreas da Mecânica Aplicada e Computacional, contando ainda no seu currículo com cinco orientações de trabalhos de doutoramento e cerca de dezena e meia de trabalhos de mestrado. Tem mais de duas dezenas de artigos publicados em revistas de circulação internacional e cerca de 60 publicações no âmbito de conferências da especialidade.

Do seu currículo destacam-se ainda vários prémios científicos, de entre os quais se salienta o Concurso Nacional de Inovação BES 2007 e o Prémio Científico IBM 2000. É um dos fundadores e o presidente em exercício do Light-Weight Armour for Defence and Security (LWAG).


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prémios

investigação do prof. arménio rego distinguida em seoul

investigadora desenvolve programa de empreendedorismo social para a ua

Uma investigação sobre “How The Employees´ Perceptions of Corporate Citizenship Predict Their Organizational Commitment” desenvolvida pelo Professor Arménio Rego, investigador e docente no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA, em colaboração com Miguel Pina e Cunha, da Universidade Nova de Lisboa, Susana Leal e Jorge Faria, da Escola Superior de Gestão do Instituto Politécnico de Santarém, recebeu a distinção de “Best Paper Award”, na BAI2008 International Conference on Business and Information, realizada em Seoul, Coreia do Sul, em Julho deste ano. O estudo debruça-se sobre a cidadania empresarial ao nível individual. A partir de uma amostra de 249 empregados, os investigadores analisaram o modo como as percepções de cidadania empresarial dos empregados explicam o seu empenho afectivo (35%), normativo (18%) e instrumental (5%). Arménio Rego, 45 anos, é natural de Viana do Castelo. Doutorado em Organização e Gestão de Empresas, este docente e investigador da UA é, ainda, Mestre em Ciências Empresarias, licenciado em Gestão e Administração Pública, com uma especialização em Planeamento e Controlo de Gestão. Professor na Universidade de Aveiro há 16 anos, foi já agraciado com diversos prémios e menções honrosas, em Portugal e no estrangeiro. É autor e co-autor de cerca de 30 livros das áreas da liderança, gestão de recursos humanos, comunicação, coaching ou estudos organizacionais positivos. Publicou mais de cem artigos em revistas da especialidade, nacionais e internacionais. Tem desenvolvido projectos de consultoria em comportamento organizacional e gestão de recursos humanos, e realizado várias dezenas de conferências, seminários, workshops e eventos de formação de executivos nas mesmas áreas.

A investigadora da UA, Ana Daniel, foi distinguida com o prémio ACL– Fundação Portugal Telecom Award, promovido pelo American Club of Lisbon com o apoio da Fundação Luso Americana e da Fundação Portugal Telecom. Este prémio vai permitir a recolha de boas práticas, através da visita à Universidade de Stanford, na Califórnia, e o acompanhamento do desenvolvimento do “Programa de Empreendedorismo Social” desta instituição, com vista à sua eventual adaptação à Universidade de Aveiro. Este intercâmbio entre instituições dos dois países surge ao abrigo do ACL – Fundação Portugal Telecom Award, um prémio atribuído anualmente a jovens investigadores que pretendam desenvolver projectos em parceria com instituições americanas, com vista à promoção do empreendedorismo social. O “Empreendedorismo Social” tem como objectivo a promoção do desenvolvimento económico e social sustentável, através da criação e implementação de projectos empresariais que promovam a melhoria e transformação do contexto comunitário em que se inserem. Um dos exemplos utilizados de Empreendedorismo Social é o microcrédito, criado pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus. Ana Daniel é actualmente a Directora Executiva do Gabinete de Transferência de Tecnologia (CDTM) do CICECO. Em 1998, concluiu a sua licenciatura de Bioquímica na Universidade de Aveiro e, em 2003, o Doutoramento em Química, também na UA. Durante esse período, desenvolveu investigação na área da optimização dos parâmetros

de cozimento da pasta kraft, com vista à melhoria do processo de produção do papel. Esta investigação originou vários artigos científicos, publicados em revistas internacionais, assim como a participação em várias conferências da área. Entre 2004 e 2008, fundou e é CEO da empresa FoodMetric SA, uma spin-off do CICECO e do Grupo de Bioquímica da Unidade de Investigação em Química Alimentar, Química Orgânica e Produtos Naturais (Departamento de Química da Universidade de Aveiro).


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dezembro ‘08

galp energia premeia projectos elaborados por alunos da ua

investigadora premiada nos eua com investigação na área da engenharia mecânica

Os projectos de investigação, na área das energias sustentáveis e da eficiência energética, desenvolvidos pelos alunos de pós-graduação da Universidade de Aveiro João Garcia, Mónica Monteiro e Francisco Leitão, durante os estágios realizados em empresas parceiras da Galp Energia, foram contemplados com um prémio pecuniário no valor de 10 mil euros.

Margarida Coelho, Professora do Departamento de Engenharia Mecânica da UA e Investigadora do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA) recebeu o “Best Overall Poster” Award da 17th International Emission Conference “Inventory Evolution – Portal to Improved Air Quality”, atribuído pelo painel científico da United States Environmental Agency para o seu poster intitulado “Integration of Vehicle Activity into Emissions Estimation based on On-board Measurements for Diesel Light-Duty Vehicles”. A conferência decorreu em Portland, Oregon, EUA, em Junho deste ano.

O primeiro prémio, no valor de seis mil euros, foi entregue a João Garcia. O projecto deste aluno, na área da eficiência energética no processo produtivo, foi realizado na Companhia Industrial de Resinas Sintéticas, CIRES, e compreendeu o desenvolvimento de uma aplicação que simula o comportamento de um motor eléctrico a operar com um variador electrónico de velocidade, de modo a avaliar a poupança (de energia e de custos) e o tempo de retorno do investimento. Mónica Monteiro foi a segunda premiada, com três mil euros, pelo programa informático que permite calcular a energia térmica fornecida pelo solo ao ar. A energia geotérmica de baixa profundidade é uma energia renovável e a sua utilização contribui para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

Ao projecto sobre eficiência energética no processo produtivo da Sonae Industria, da autoria de Francisco Leitão, coube o terceiro prémio, no valor de mil euros. O seu trabalho consistiu num estudo de viabilidade técnico-económica da utilização da tecnologia de bomba de calor no reaproveitamento de energia térmica residual, de forma a aumentar a eficiência energética na unidade industrial da Sonae Indústria, em Mangualde. Recorde-se que a iniciativa decorreu no âmbito do protocolo de cooperação estabelecido entre a Universidade de Aveiro e a Galp Energia, coordenado pelos Professores Borges Gouveia, do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, e Nélson Martins, docente do Departamento de Engenharia Mecânica, assinado em Março de 2007, que visa a atribuição de dez bolsas anuais a estudantes deste estabelecimento de ensino, até 2010.

O principal objectivo desta investigação foi desenvolver uma metodologia que correlacionasse a actividade dos veículos ligeiros a gasóleo (ao nível da velocidade e acelerações/desacelerações) com as suas emissões, baseada no conceito de “Potência Específica do Veículo” (Vehicle Specific Power – VSP). O estudo pretendeu ainda quantificar numericamente, através da metodologia VSP, as emissões de poluentes de veículos a gasóleo tendo em conta as monitorizações experimentais, de perfis de velocidade, e factores de emissão em estrada de veículos a gasóleo, com diferentes idades e tamanho do motor.


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prémios

compositor e docente da ua distinguido com importantes prémios na área da electroacústica

Na investigação comparou-se, também, o desempenho de veículos a gasóleo e veículos a gasolina, distinguindo a análise ao nível dos poluentes globais (CO2) e dos locais (CO, NOx, HC e PM). O estudo apresentado foi desenvolvido em parceria com investigadores da North Carolina State University, Carnegie Mellon University e VITO – Flemish Institute for Technological Research (Bélgica), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

O compositor e professor catedrático da Universidade de Aveiro, João Pedro Oliveira, voltou a brilhar lá fora. Em França, conquistou o mais importante prémio mundial, na área da electroacústica, o Magisteruim, instituído pelo Concours International de Musique et d’Art Sonore Electroacoustique de Bourges (França). Este galardão distingue anualmente um compositor que tenha desenvolvido uma carreira de prestígio na música electroacústica ou mista (instrumentos e electrónica).

Margarida Coelho lecciona na Universidade de Aveiro desde Setembro de 2005. É a investigadora responsável pela área de investigação “Energia nos Transportes” no Centro de Tecnologia Mecânica e Automação da UA e a sua investigação decorre em parceria com a North Carolina State University, com quem a Universidade de Aveiro tem um “Memoradum of Understanding” na área dos sistemas de transportes.

Na Alemanha o docente da UA voltou a ser reconhecido, desta vez com o troféu Especial Giga-Hertz 2008, pela obra “Timshel”, para instrumentos e electroacústica. Este prémio de composição, instituído pelo ZKM – Institute for Music and Acoustics e pelo Experimentalstudio, da Rádio Alemã, tem o valor de 8 mil euros e inclui também uma encomenda de obra, a ser realizada durante uma residência num dos referidos estúdios, em 2009. Recorde-se que já em 2007 João Pedro Oliveira foi três vezes internacionalmente reconhecido, tendo ganho o Prémio Yamaha-Visiones Sonoras com a obra “Aphâr” (música electroacústica a oito canais), o 1º Prémio no Concurso de Música e Arte Sonora de Bourges (França) e o 1º Prémio no Roma Soundtrack Competition (Itália). A carreira deste compositor conta com mais de 20 prémios nacionais e internacionais, de onde se destacam, entre outros, duas vezes o 1º Prémio no Concurso Internacional de Bourges, o 1º Prémio no Concurso Musica Nova

(Praga), o 1º Prémio no concurso Alea III (Boston), o 1º Prémio no concurso Metamorphoses (Bruxelas), o 2º Prémio da bienal CIMESP (S. Paulo), o 1º Prémio no concurso Earplay (S. Francisco), o 1º prémio no concurso Joly Braga Santos e no concurso Lopes Graça. Professor catedrático na Universidade de Aveiro, João Pedro Oliveira estudou composição, órgão e arquitectura em Lisboa. De 1985 a 1990 esteve nos Estados Unidos com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e da Comissão Cultural Luso-Americana, onde concluiu dois Mestrados e um Doutoramento em Música.


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alunos do departamento de química da ua premiados na CHEMPOR jovem

ingleses distinguem investigação na ua

O 1º prémio da CHEMPOR Jovem (International Chemical and Biological Engineering Conference) foi atribuído em Setembro a Mariana Correia, aluna da Universidade de Aveiro, pelo trabalho intitulado “Produção de Bioetanol a partir de licor de cozimento ao sulfito ácido de eucalyptus globulus”, desenvolvido sob a orientação da Prof. Ana Xavier e do Prof. Dmitry Evtuguin, no âmbito da dissertação do Mestrado em Materiais Derivados de Recursos Renováveis da UA, em colaboração com a indústria CAIMA.

Sandra Plecha, doutoranda em Física, e António Pedro Ribeiro, aluno de Doutoramento em Ciências da Saúde, conquisaram com os seus projectos de investigação, nas áreas da Física e da Saúde, importantes distinções internacionais.

O trabalho de Mariana Correia consistiu na produção de bioetanol, a partir de um subproduto da indústria papeleira, e traduziu-se num importante contributo para a produção futura, e em larga escala, de etanol, um biocombustível. Ainda no âmbito desta iniciativa, foi igualmente atribuída aos alunos do 3º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Química, Bruno Figueiredo, Raquel Vaz, Marta Batista e Vanda Fernandes uma Menção Honrosa pelo trabalho desenvolvido no âmbito da dissertação/ projecto do 1º ciclo, com orientação do Prof. João Coutinho, sobre o tema “Características de Frio do Biodiesel: Previsão de Pontos de Turvação”. A CHEMPOR Jovem é uma iniciativa integrada nas actividades da CHEMPOR 2008 (10th International Chemical and Biological Engineering Conference) e tem como objectivo a promoção do intercâmbio de experiências entre os estudantes portugueses dos diferentes ciclos de formação em Engenharia Química, Biológica e afins.

Sandra Marta Nobre Plecha, doutoranda em Física da UA e a desenvolver investigação no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, CESAM, viu o seu poster intitulado “Sensitivity analysis of a morphodynamic modeling system applied to a coastal lagoon inlet” premiado em Inglaterra, na prestigiada conferência “Physics of Estuaries and Coastal Seas”, que decorreu em Agosto, na Universidade de Liverpoool. A aluna está a estudar a morfodinâmica da embocadura da Ria de Aveiro, com a orientação científica dos Professores João Miguel Dias e Paulo Silva, do Departamento de Física da UA, e da Doutora Anabela Oliveira, do Laboratório Nacional de Engenharia Científica (LNEC). O estudo apresentado na conferência revelou uma análise de sensibilidade de um modelo morfodinâmico (MORSYS2D), em função da variação da fórmula do cálculo do transporte de sedimentos. Os resultados numéricos obtidos foram comparados com dados reais de batimetria, medidos e disponibilizados pela Administração do Porto de Aveiro (APA). Este estudo permitiu seleccionar as fórmulas de transporte de sedimentos que melhor

reproduzem os processos reais de erosão e deposição, observados na embocadura da Ria de Aveiro. António Pedro Ribeiro, estudante de Doutoramento em Ciências da Saúde, recebeu o prémio “The Best Contribution” na Summer School da European Association of Nursing Science (EANS) realizada em Dublin. O projecto de doutoramento premiado foca as “Imagens da velhice e envelhecimento em profissionais que cuidam das pessoas idosas: impacto na qualidade dos cuidados”. Este aluno de doutoramento da UA iniciou a sua formação académica na Escola Superior de Enfermagem em Coimbra onde se licenciou em Enfermagem. Entre 2004 e 2007, realizou o Mestrado em Geriatria e Gerontologia, com o tema “Imagens da velhice em profissionais que trabalham com idosos”, sob a orientação da docente da UA, Prof. Liliana Sousa, a mesma que orienta o seu Doutoramento em Ciências da Saúde, com o tema “Imagens Profissionais da Velhice”.


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alunos de doutoramento da ua reconhecidos internacionalmente

O investigador do Pólo de Aveiro do Laboratório Associado I3N (Instituto de Nanoestructuras, Nanomodelação e Nanofabricação), Marco Peres, e Ana Melo, doutoranda em Ciências Sociais, da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA, e equiparada a Professora Adjunta da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, viram os seus posters premiados, em França e na Irlanda. Marco Peres foi distinguido com o “Best Poster Award”, no Simpósio G “Wide band gap semiconductor nanostructures for optoelectronic applications” da prestigiada Conferência E-MRS 2008 Spring Meeting of the Materials Research Society (MRS), realizada em Maio, em Estrasburgo. O poster, intitulado “Analysis of the optical and structural properties of Eu doped GaN/AlN quantum dots and quantum wells”, apresenta estruturas de multicamadas de filmes finos de AlN e pontos quânticos de GaN foram crescidas e intencionalmente implantados com iões de Eu3+. O objectivo da introdução deste e outros iões lantanídeos nos pontos quânticos residiu na tentativa de se tirar vantagem dos efeitos de confinamento quântico para a obtenção de luz branca eficiente na utilização de dispositivos. O Európio, em particular, é reconhecido pela sua característica de emissão na região vermelha do espectro electromagnético, e o trabalho desenvolvido permitiu provar que a

metodologia de dopagem utilizada permite a incorporação destes iões nos pontos quânticos. No segundo caso, o artigo de Ana Melo “Governance Structures and Performance Measurement and Management in Higher Education Institutions: A Comparative Study between Portuguese and British Universities”, escrito em co-autoria com as orientadoras, professoras Cláudia Sarrico e Zoë Radnor, recebeu o prémio “the best student paper” da conferência “International Research Society for Public Management”, que teve lugar em Brisbane, na Austrália.

prémios

estudantes do departamento de comunicação e arte da ua somam distinções

O curso de Música da UA, ministrado no Departamento de Comunicação e Arte voltou, uma vez mais, a marcar pontos na mais importante competição de música clássica em Portugal. Na edição deste ano do “Prémio Jovens Músicos” Ana Pinho destacou-se na prova de flauta transversal para solistas de nível médio e conquistou o terceiro lugar. Aluno do 1º ano de Design na UA, Marco Freitas conquistou o primeiro lugar na 13ª edição da Competição Internacional de Design “Sulle Orme del Cuoio”, realizada em Outubro, em Itália, com um desenho de sapato masculino. Também José Crúzio, aluno do Mestrado em Criação Artística e Contemporânea, arrecadou o 1º Prémio no concurso de fotografia comemorativo dos 25 anos da cidade da ilha Terceira como Património da Humanidade da UNESCO: [VIDERE 83-08] “Angra do Heroísmo: património edificado e suas vivências”.


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entrevista com…

eduardo lourenço

Eduardo Lourenço, professor, ensaísta, filósofo, crítico e um dos mais prestigiados intelectuais europeus da actualidade proferiu em Outubro na UA, a conferência inaugural do colóquio “Culturas literárias: novas performances e desenvolvimento”, organizado pelo Departamento de Línguas e Culturas, em colaboração com a Associação Portuguesa de Estudos Franceses. Em entrevista à Linhas, Eduardo Lourenço recorda, aos 85 anos, os tempos de juventude, em Coimbra, fala sobre o ensino superior nos anos 40 e aborda a crise dos estudos literários.


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entrevista com… eduardo lourenço

Eduardo Lourenço de Faria nasceu em 1932 em São Pedro de Rio Seco, uma pequena aldeia do distrito da Guarda. Licenciou-se, em 1946, em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, onde foi assistente de Filosofia de 1947 a 1953. Foi professor de Cultura Portuguesa entre 1954 e 1955 na Alemanha (em Hamburgo e Heidelberg), exercendo depois a mesma actividade na Universidade de Montpellier (1956-1958). Após um ano passado na Bahia ensinando Filosofia viveu, a partir de 1960, em França, leccionando nas Universidades de Grenoble (até 1965) e de Nice (1965-1987). Autor de uma extensa bibliografia, Eduardo Lourenço é considerado um dos mais prestigiados intelectuais europeus. A sua obra, rica em poesia e ensaios literários, conta mais de 40 publicações das quais se destacam: Heterodoxia I (1949; 1987); Heterodoxia II (1967; 1987); Sentido e forma da poesia neorealista (1968; 1983); Fernando Pessoa revisitado: leitura estruturante do drama em gente (1973; Prémio Literário da Casa da Imprensa em 1974); Os militares e o poder (1975); O fascismo nunca existiu (1976); O labirinto da saudade: psicanálise mítica do destino português (1978; 2004); Poesia e metafísica: Camões, Antero, Pessoa (1983; Prémio P.E.N. Clube Português de Ensaio 1983); Fernando, rei da nossa Baviera (1986; 1993; Prémio Jacinto do Prado Coelho 1986); Nós e a Europa ou As duas razões (1988; Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon 1988); Camões: 1525-1580, em colaboração com Vasco Graça Moura (1994); O canto do signo: Existência e literatura (1957-1993) (1994; Prémio D. Diniz, da Fundação Casa de Mateus, em 1995); A morte de Colombo. Metamorfose e fim do Ocidente como mito (2005) e As Saias de Elvira E Outros Ensaios (2006). Eduardo Lourenço foi condecorado, em 1981, com a Ordem de Santiago da Espada. Em 1996, conquistou o Prémio Camões; em 2001, foi vencedor do Prémio Vergílio Ferreira da Universidade de Évora e, em 2006, do Prémio Extremadura para a Criação. Em 2007, a Universidade de Bolonha atribuiu-lhe o título de doutor Honoris Causa em Literaturas e Filologias Europeias. Em Outubro de 2008, a Fundação Calouste Gulbenkian organizou um colóquio internacional de homenagem aos 85 anos do pensador e ensaísta que reuniu investigadores da sua vasta obra, que se estende da Filosofia à ciência Política.


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Revista Linhas (RL) – Uma vez que são frequentes as análises do Professor Eduardo Lourenço ao país, embora tenha saído de Portugal em 1953, como avalia o estado do ensino universitário em Portugal? Eduardo Lourenço (EL) – Para falar com franqueza, o meu nível de incompetência nessa matéria é absoluto porque, de facto, saí em 53, e tomei contacto depois com a universidade e com os novos cursos na altura de projectar a futura Universidade Nova. Nestes últimos tempos não sei senão o que vem nos jornais. Esse é um mundo que, para mim, é mais desconhecido do que a Amazónia. RL – O Professor tem experiência de ensino em realidades incomparáveis (Alemanha, Brasil, França). Teve também uma breve experiência de docência na Universidade de Coimbra, no início da sua carreira académica. Como foram vividos esses tempos, dos anos 40? EL – Eu penso que seria um tempo muito diferente do de hoje. Nós temos tendência, naturalmente, a dourar o tempo da juventude, e o meu era o de um jovem Assistente de Coimbra dos anos 40. Ser aluno de uma Universidade, naquela época, ainda era ter a consciência de pertencer a uma pequena elite do país, porque a Universidade ainda não era esta universidade tão aberta, infelizmente, como é esta, mas tudo tem as suas vantagens. Essa gente, naquele tempo, ainda tinha a ideia de que os estudos universitários conduziam a qualquer conclusão futura positiva na sociedade daquela época, em que havia emprego, embora já houvesse grandes preocupações com os estudos literários.

RL – Como avalia a redução drástica, pelo menos em Portugal, dos alunos que procuram os cursos de literatura e de estudos clássicos? EL – Honrarissimamente naquela altura (anos 40) se ia para a universidade naquela época como assistente, havia um malthusianismo inacreditável e, por isso, o que dava saída eram os liceus. Havia uns cursos que tinham umas saídas especiais, por exemplo Filosóficas. Podia-se ir para as Diplomáticas, se se tivesse notas muito altas, 18 ou mais, mas depois havia os cursos clássicos que nunca tiveram problemas: o Direito, a Medicina, eram áreas asseguradas. Era a elite que tirava esses cursos e, como elite, continuariam a funcionar. Acho que hoje tem-se um sentimento de maior oportunidade, curiosamente, e um sentimento de precariedade que se tornou característica da sociedade actual na qual vivemos. Ninguém está certo de emprego e até os traiders podem ser postos na rua de um dia para o outro. RL – Na conferência inaugural do colóquio “Culturas literárias: novas performances e desenvolvimento”, pronunciou-se sobre a crise dos estudos literários. Considerou, efectivamente, que a literatura não está em crise. Qual é então o estado actual da Literatura? EL – Se a literatura estiver em crise somos nós os responsáveis. É o leitor virtual – que é toda a pessoa que recebeu o mínimo de educação – que põe isso em crise. Conheço, em França, casos extraordinários. Conheci um marceneiro que era um barra em Malraux. Ficávamos horas a discutir a filosofia Malraux (pausa). Mas esse não foi o único. Aqui em Portugal também haverá pessoas que o conhecem… e, na minha total inocência, o ideal seria isso, seria que cada pessoa fosse uma espécie de Universidade. Mas há instituições para canalizarem isso e para darem uma solução cada vez mais positiva aos ensinos universitários. A crise de Maio de 68 não afectou as chamadas ciências humanas,


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propriamente ditas, não afectou as disciplinas clássicas, o Direito, a Medicina, a Matemática. O problema foi nas Faculdades de Letras, estas é que se mobilizaram porque já havia um problema de saída, a vários níveis. Não havia, por exemplo, quadros universitários catedráticos capazes de assumir as disciplinas, eram as legiões de assistentes que davam as aulas todas. Agora continua a haver problemas por outras razões. As pessoas que acedem às universidades já são tantas que o orçamento normal do estado tem dificuldade em assegurar uma docência eficaz: há muita gente nos cursos e, já se sabe que isso não é tão bom como se tivessem menos alunos. Paga-se o preço da democratização do ensino. RL – Em 1960 mudou-se para França, onde leccionou nas Universidades de Grenoble (até 1965) e Nice (1965-1987). Como era o Monsieur Faria professor? EL – Era dispersivo, assim como ele é (risos). Uma coisa engraçada era eu ter aquelas aulas em que eram como se estivesse a “falar para o boneco”. Não se pode fazer história do que não existiu, mas nessa altura senti a falta de não “ter” alunos e invejava as pessoas que tinham alunos nas vidas deles. Virgílio Ferreira e outros que estão aí deixaram obra conhecida. Eu também devo ter deixado recordações em alguns dos estudantes, mas sinto que não eram

matérias que lhes interessavam. Depois do Maio de 68, começaram a aparecer nas universidades francesas um género de estudos que até aí não existiam, de conceito anglo-saxónico. Era o de História das Ideias. Eu estava então em Nice, no Departamento de Estudos Hispânicos. Como a minha mulher é hispanista e eu começava a interessar-me pela cultura espanhola, e tinha formação em História e Filosofia, dei esse curso durante vários anos na Universidade de Nice. Tudo isso está inédito, em francês, porque eu já não tenho paciência para estar a traduzir. O meu lema foi sobreviver nesta vida fazendo o menos possível (risos). RL – Assinou um manifesto contra o Acordo Ortográfico. Porque razão o considera “uma ideia peregrina”? EL – É peregrina, para mim, sobretudo. Eu não estou disposto a escrever agora segundo o novo código e já não tenho possibilidade de me reciclar. Acho muito bem que os brasileiros escrevam como quiserem. Nós [portugueses] escrevemos como queremos também. Tem conhecimento de que haja um acordo entre os Estados Unidos e a Inglaterra, para a língua inglesa?

entrevista com… eduardo lourenço

RL – Escreve, desde os anos 40 e de forma não regular, um diário de que se conhecem poucas páginas, e que julgava ter perdido. Já encontrou o seu diário? EL – Enlace no. Não sei onde possa estar, já dei voltas a todos os cantos e não o consigo encontrar. O meu receio é que tenha ido para o lixo, numa daquelas limpezas… RL – Disse, em tempos, que se eventualmente o diário chegasse a ser publicado chamar-lhe-ia “A casa perdida”. É uma referência às suas origens, aos tempos de infância passados na aldeia beirã de São Pedro de Rio Seco? EL – Sim, depois dessa casa nunca mais tive uma casa a não ser esta de França. Casa perdida é um pouco a casa perdida e é Portugal. RL – Não se considera em permanência em Portugal? EL – Só quem cá está é que não nota a diferença. RL – Mas o Professor é sempre bem acolhido por Portugal… EL – A título subjectivo nunca saí de cá mas… a titulo objectivo estou lá [em França]. E a gente acaba por ser sempre de onde está.


epartamentos em revista…

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departamento de engenharia cerâmica e do vidro

“queremos manter vivos os indicadores que fazem do decv uma referência” Utilizar as escórias da incineração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) como matéria-prima para o fabrico de vidros, vitrocerâmicos, mosaicos ou materiais para a construção civil ou desenvolver materiais vítreos para aplicações biomédicas. Estes são apenas dois exemplos da investigação produzida no Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro, através do Laboratório Associado CICECO. O DECV é hoje frequentado por cerca de 215 alunos, tem 17 funcionários docentes e nove não docentes, forma engenheiros de materiais e especializa diplomados em Engenharia Cerâmica e do Vidro, Engenharia de Materiais e Engenharia de Materiais e Dispositivos Biomédicos.


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Quando em 1978 decidiu estudar Engenharia Cerâmica e do Vidro na Universidade de Aveiro, Pedro Mantas estava longe de imaginar que 30 anos depois seria o responsável máximo deste Departamento da Universidade. O curso tinha sido criado em 1976, sustentado no facto da região ser tradicionalmente rica na produção de artigos cerâmicos, e visava responder às necessidades decorrentes do desenvolvimento tecnológico que o processo de fabrico de produtos cerâmicos e vítreos já na época exigia. “A Licenciatura em Engenharia Cerâmica e do Vidro era fundamental para o desenvolvimento destes sectores da indústria, pelo que a universidade, através de exames ad-hoc, integrou até, como supranumerários, alunos provenientes de fábricas de vidro da Marinha Grande”, recorda o Prof. Pedro Mantas. Os primeiros licenciados, muitos dos quais são hoje uma referência no mercado de trabalho, como o empresário Vítor Sampaio, administrador da Sanindusa, empresa de sucesso no sector da louça sanitária, ou Fernando Perpétua, Director de Produção da SPAL – grupo empresarial português, que fabrica e comercializa porcelana para uso doméstico e hotelaria -, foram ensinados por um corpo docente com formação essencialmente nas áreas da Engenharia Química, da Química e da Física que, das universidades de Coimbra e Lisboa, se deslocava a Aveiro para dar aulas. Actualmente a produção de cerâmicos e vidros não se esgota nos produtos tradicionais de elevada tonelagem de fabrico (tijolos, pavimentos, sanitários, garrafas, etc.), tão conhecidos do grande público. O universo dos materiais cerâmicos modernos inclui hoje muitos outros produtos essenciais ao desenvolvimento de tecnologias avançadas, como substratos e componentes para a indústria electrónica, próteses para medicina,

materiais de elevada resistência mecânica para máquinas de corte e desbaste, entre outros. O seu fabrico exige inovação permanente e um maior rigor em termos de controlo. Mesmo relativamente aos produtos tradicionais persistem importantes desafios em termos de desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, que permitam o respectivo fabrico a custos mais baixos e com qualidade acrescida. Estas questões eram estudadas no âmbito da Licenciatura em Engenharia Cerâmica e do Vidro, que até 2006 lançava anualmente, em média, cerca de 17 diplomados para o mercado de trabalho. Numa altura em que todos os interesses estão virados para as novas tecnologias e para a inovação, o investimento em conhecimento na área dos materiais, considerados como suporte indispensável à modernização da sociedade, assume um papel estratégico. A criação da Licenciatura em Engenharia de Materiais, em funcionamento desde 1990/1991, permitiu alargar o leque de materiais e aplicações em estudo, incluindo os metais, os plásticos, e combinações de materiais de diferente natureza (ditos compósitos), capazes de responder às solicitações mais exigentes.

departamentos em revista…

“A taxa de empregabilidade dos engenheiros que formamos é muito elevada” Com mais de 75% dos seus licenciados colocados no mercado de trabalho em áreas para as quais receberam formação específica, os diplomados por este Departamento da Universidade de Aveiro podem esperar um emprego. “A taxa de empregabilidade dos engenheiros que formamos é muito elevada, conforme atesta o estudo, de Dezembro de 2007, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – A procura de emprego dos diplomados com habilitação superior”, adianta o actual Presidente do Conselho Directivo do DECV. Ainda no que à formação diz respeito, o Departamento de Engenharia Cerâmica e Vidro lançou, também, em 1988, o primeiro Mestrado em Engenharia de Materiais, ministrado em conjunto com as universidades do Minho, Nova de Lisboa, Porto e Técnica de Lisboa, datando de 2004, a primeira participação no mestrado europeu EMMS (Joint European Master’s Programme in Materials Science), um curso ministrado em conjunto com a universidade dinamarquesa de Aalborg e alemã, TUHH. Hoje, com o modelo de Bolonha completamente implementado, o DECV ministra a licenciatura (1º ciclo) em Engenharia de Materiais e os mestrados (2º Ciclo) em Engenharia Cerâmica e do Vidro, Engenharia de Materiais e Engenharia de Materiais e Dispositivos Biomédicos. Quanto ao 3º Ciclo, o Programa Doutoral em Nanociência e Nanotecnologia aguarda registo e, em fase de proposta de adequação, está o Programa Doutoral em Ciência e Engenharia de Materiais. Com 40 patentes nacionais registadas, duas internacionais e três outras internacionais, em fase de homologação, a actividade científica desenvolvida no Departamento de Engenharia Cerâmica e Vidro (ver pág. 48, 49 e 50) é uma


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outra vertente considerada de extrema importância. De facto, tem vindo a assumir um realce especial, como ilustram as avaliações recentes, o número significativo de publicações de nível internacional, o vasto número de projectos científicos nacionais (116) e internacionais (39) e o aspecto revelador de todo o corpo docente ser doutorado. “De momento temos em curso cerca de 33 projectos para 17 docentes e para além destes projectos, todos os nossos 17 docentes são membros do Laboratório Associado CICECO, tendo publicado 152 artigos em 2005 e 190 em 2006”, revela o Prof. Pedro Mantas, acrescentando que a unidade de investigação onde se encontram os docentes do DECV viu a qualidade do seu trabalho reconhecida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, ao ser-lhe atribuído o estatuto de Laboratório Associado (CICECO – Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos). Consciente de que é um Departamento de referência para empresas como a Corticeira Amorim, Vista Alegre, Heliflex, Quimonda, Durit, Vulcano e Quimicer, não só pelos quadros que forma mas também pela investigação e desenvolvimento que com estas e outras empresas estabelece, o projecto do Departamento passa agora por manter esta sua imagem de referência. “Queremos que estes indicadores continuem vivos e que se possam desenvolver para sectores de actividades económicas afins, com os quais os contactos ainda são parcos. Precisamos, para isso, de continuar a pautar-nos por exigências de rigor ao nível do ensino e da investigação”, conclui Pedro Mantas. O DECV está sediado desde 1990 num edifício projectado pelo arquitecto Alcino Soutinho. O Departamento dispõe de um área total de 4000 m2 e está equipado com laboratórios e salas destinadas ao ensino e investigação (instalação piloto, estudos reológicos, microscopia electrónica de transmissão

e varrimento, difracção de raios-X, análises térmicas, ensaios mecânicos, caracterização de pós, caracterização reológica, sala de fornos e oficina metalomecânica), um anfiteatro e uma sala de estudos. Grandes marcos do DECV 1976 arranque do curso de Licenciatura em Engenharia Cerâmica e do Vidro 1980 formação da Associação de Apoio à Cerâmica (AAC), fonte de financiamento alternativo importante, suplantando mesmo o financiamento disponibilizado pelo Orçamento de Estado 1985 atingiu-se a estabilidade do quadro docente do DECV. Actualmente todos os docentes do DECV são doutorados e exercem a sua actividade em dedicação exclusiva 1987 realizou-se o primeiro doutoramento na UA na área dos materiais, cujos trabalhos foram integralmente realizados no DECV 1988 início do primeiro Mestrado em Engenharia de Materiais em conjunto com outras universidades do país: UA–UM–UNL–UP–UTL 1990 entrada em funcionamento do novo edifício do DECV 1990 inicia-se a Licenciatura em Engenharia de Materiais 2004 primeira participação em mestrado europeu EMMS (Joint European Master’s Programme in Materials Science): UA (Portugal) – UA (Dinamarca) – TUHH (Alemanha).


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Outros factos e números 65 mestres e 73 doutorados (formação pré Bolonha) 51 mestrados em curso / 29 doutoramentos em curso 68 orientações de post-doc Investigação Projectos (finalizados e em curso) 116 projectos de investigação com financiamento nacional (INIC, JNICT, FCT) 39 projectos de investigação com financiamento internacional (Brite-Euram, Euroceram, Joule, Stride, ALFA, INTAS, NATO, CRAFT, COST) 9 projectos de cooperação (GRICES, FLAD-NSF) 16 projectos de transferência de tecnologia Participação no projecto Casa do Futuro (AVEIRODOMUS) Produção científica artigos 1330 em revistas do citation index 58 em revistas internacionais 449 em actas de congressos 25 em revistas nacionais 15 em revistas internacionais de língua portuguesa Patentes 40 nacionais 2 internacionais 3 internacionais em fase de homologação

departamentos em revista…

Protocolos com empresas e indústrias Corticeira Amorim Extrusal Leça Eurogranitos Heliflex Prifer Arsol Weber Cimenfix Vista Alegre Ceralfa Quimonda Rauschert Portuguesa Sanindusa Covina Grestel Favicri Quimicer Funfrap Durit F. Ramada Ferrominas Vulcano Cooperação com diversas instituições estrangeiras Universidade Federal de S. Carlos – Brasil Universidade Federal da Paraíba – Brasil Universidade de Sofia – Bulgária Instituto de Cerâmica y Vidrio – Espanha Universidade de Modena – Itália Universidade de Trieste – Itália Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique Universidade de Zhejiang – R. P. China Universidade de Beijing – R. P. China Universidade de Sheffield – Reino Unido Universidade de Bristol – Reino Unido Universidade de Wales – Reino Unido Imperial College – Reino Unido Prémios 5 prémios de Estímulo à Excelência (FCT) – 2004/2005 Prémio da Sociedade Chinesa de Cerâmica – 2005 Prémio da melhor tese de doutoramento Berthold Eichler Memorial Prize Universidade de Sheffield 3 prémios no Congresso Brasileiro de Cerâmica Prémio no 6th International Latin-American Conference on Powder Technology (melhor poster)


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made in decv

exemplos de investigação Mosaicos feitos de lixo (Coordenação de Maria Helena FV Fernandes – Departamentos de Engenharia Cerâmica e do Vidro – CICECO)

O aumento da concentração populacional nas grandes cidades é responsável pela produção crescente de lixos ou resíduos sólidos urbanos, RSUs. Um método alternativo de tratamento dos RSU é a sua queima. A incineração dos lixos possui a vantagem de reduzir o seu volume até valores que podem chegar a 90% e de produzir energia utilizável na produção de electricidade. No entanto, a incineração não constitui ainda a solução ideal, uma vez que origina a produção de gases e de novos resíduos sólidos (cinzas volantes e escórias) que têm que ser submetidos a tratamentos posteriores adequados, aumentando assim o custo global da incineração. Com efeito, por cada 1000 kg de RSUs incinerados são produzidos, para além dos gases, 30 kg de cinzas e 200-300 kg de escórias. São estas escórias que apresentam características que poderão ser aproveitadas e valorizadas através de metodologias de processamento que conduzam à produção de novos materiais comercializáveis. Ao utilizar-se as escórias da incineração de RSUs como matériaprima para o fabrico de materiais como vidros, vitrocerâmicos e outros, está-se a contribuir para a reciclagem e reutilização desses produtos e, ao mesmo tempo, a reduzir-se a corrida às matérias-primas naturais geralmente usadas no fabrico desses materiais (areias, calcários, feldspatos, etc.). Aproveitando as características químico-mineralógicas deste tipo

de resíduos, desenvolveu-se no Laboratório Associado CICECO, em parceria com investigadores da Universidade Nova de Lisboa, um trabalho de investigação que teve como principal objectivo encontrar metodologias de tratamento de escórias conducentes à produção de materiais para a construção civil, comercializáveis. Os vidros obtidos a partir das escórias da incineração dos RSUs, quer da VALORSUL, quer da LIPOR II, têm uma côr negra típica do seu elevado teor em óxidos de ferro. As propriedades físicas, químicas, térmicas e mecânicas destes vidros são idênticas às de muitos vidros comerciais, mas podem ser significativamente melhoradas se se submeterem os vidros a tratamentos térmicos adequados, de forma a obter materiais com cristalinidade controlada, isto é, vitrocerâmicos. Os materiais vitrocerâmicos obtidos a partir dos vidros de RSUs da VALORSUL e da LIPOR II apresentam um aspecto semelhante, verde raiado (Fig. 1) e propriedades mecânicas comparáveis às de materiais naturais, como o mármore ou o granito. Em particular, a elevada resistência mecânica dos vitrocerâmicos obtidos, aliada à sua elevada resistência à corrosão química, fazem destes materiais sérios candidatos a competir com materiais habitualmente usados na construção civil, nomeadamente em pavimento e revestimento para exteriores. A aplicação destes mosaicos dentro de casa exige, porém, exames complementares de avaliação química ecotoxicológica, que informarão se os produtos eventualmente lixiviados destes materiais são completamente

inofensivos para a saúde. Estes testes com os nossos materiais estão a ser feitos por especialistas da área do ambiente e ainda estão a decorrer. Entretanto, foram já produzidos alguns protótipos de mosaicos de escórias para exteriores, apresentados por uma equipa de arquitectos na Exposição de Eco-Design “Remade in Portugal”, realizada em Milão em Abril de 2007, depois em Lisboa em Setembro de 2007 e recentemente no Museu de Serralves no Porto.

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b) Fig. 1 Amostras de vidro negro (a) e de vitrocerâmico, verde raiado (b), provenientes de escórias da incineração de Resíduos Sólidos Urbanos.


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Vidros em aplicações biomédicas – vidros amigos dos ossos (Coordenação de Mª Helena F V Fernandes – Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro - CICECO)

A importância da interacção dos materiais com o organismo tornou-se óbvia com a descoberta, nos anos 70, por Larry Hench, do Bioglass, um vidro de composição idêntica à de um típico vidro de janela, mas com a capacidade de induzir a formação in vivo de uma forte ligação químicobiológica com o tecido ósseo. Nascia, assim, com este vidro amigo dos ossos, o conceito de bioactividade, atribuído à capacidade que certos materiais implantados apresentam de formar à sua superfície uma camada de fosfato de cálcio com composição e estrutura idênticas às da parte inorgânica do osso. Sabe-se hoje que esta propriedade não depende exclusivamente do tipo de material, mas é fortemente determinada pelas características químicas e físicas da sua superfície. Por isso a bioactividade deixou de ser uma prerrogativa de um pequeno grupo de materiais, para passar a poder ser provocada em variados tipos de superfícies, desde que adequadamente funcionalizadas, isto é, preparadas para a função de ligação ao osso. Esta capacidade de ligação ao osso rege-se por uma complexa sequência de acontecimentos físicos, químicos e biológicos, ainda não completamente identificados. A compreensão destes acontecimentos e dos mecanismos que explicam o comportamento bioactivo, intrínseco ou provocado, dos materiais, mantém-se como um desafio actual na investigação científica aplicada, na área dos biomateriais de implante. No DECV um grupo de investigadores do CICECO tem-se dedicado ao desenvolvimento de materiais vítreos para potenciais aplicações em ortopedia, (substituição, reparação ou regeneração ósseas) na forma de pós,

em estruturas porosas (scaffolds) ou como revestimento sobre substratos metálicos. Os principais trabalhos em curso nesta área referem-se aos sistemas vítreos Si-P-Ca-Mg-K, SiMg-Na e Ti-P-Ca. Estes vidros, em partículas, poderão ser utilizados sem qualquer processamento térmico adicional, como enchimento de partes danificadas do esqueleto ou podem ser ceramizados, isto é, transformados em estruturas cristalinas, mais organizadas que os vidros-base e com capacidade de degradação controlada. Poderão também funcionar como fase de reforço em compósitos de base polimérica, inerte ou biodegradável. Incluem-se neste grupo todos os trabalhos sobre formulação de misturas daqueles vidros com matrizes à base de PE, PU, SEVA ou PMMA. Em qualquer das situações tira-se sempre partido da capacidade de ligação bioactiva da parte vítrea aos tecidos hospedeiros. Para a compreensão dos mecanismos que regem a reactividade dos materiais produzidos todas as composições são sujeitas a testes de simulação de mineralização em ambiente fisiológico acelular e posteriormente analisados em contacto com células. Esta investigação envolve, entre outras, colaborações dentro da UA (com os departamentos de Química e de Biologia) com a UPorto (Faculdade de Medicina Dentária e FEUP), com o INEB e com a Un. Vigo (departamento de Física Aplicada). Alguns dos resultados da investigação nestes temas foram considerados inovadores e originaram três pedidos de registo de patente.

departamentos em revista…

Uma abordagem diferente na protecção contra a corrosão (Mário Ferreira e Mikhail Zheludkevich– Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro)

Os materiais quando em contacto com o meio em que estão inseridos sofrem deterioração com o tempo, resultante de acções físicas, químicas e mecânicas. Quando o efeito é essencialmente de natureza química, ou seja reacções químicas/ electroquímicas entre o material e o meio, fala-se de corrosão. Este fenómeno é particularmente grave, já que tem custos elevados (cerca de 3-4% do PNB em cada país), associados à danificação e reparação dos equipamentos, paragens no funcionamento de instalações e utilização de materiais mais caros para resistirem às condições em que são usados, e conduz ainda a uma delapidação nas matérias-primas existentes na natureza, bem como a um aumento no consumo de energia para o fabrico de novos materiais, contribuindo para o aumento do dióxido de carbono na atmosfera. Para minimizar os fenómenos de corrosão há que tomar medidas que protejam os materiais, sendo a utilização de revestimentos muito frequentemente utilizada com esse objectivo. Estes, enquanto se encontram intactos, constituem uma barreira física entre o metal e o meio evitando o seu contacto.Na presente abordagem usam-se reservatórios com dimensões nanométricas, onde se colocam inibidores, de tal modo que quando a corrosão ocorre por danificação local do revestimento, o inibidor é libertado, em quantidade suficiente para parar a corrosão (Fig.1). Logo que esta cessa, a libertação de inibidor cessa também. Existe, assim, um processo “inteligente”, que fornece o inibidor onde ele é necessário e, só durante o período em que é necessário. Entre os vários tipos de nano reservatórios que podem ser criados, temos os constituídos por moléculas


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de polielectrólitos depositadas num núcleo, em camadas, entre as quais é armazenado o inibidor de corrosão. Logo que a corrosão ocorre, o meio torna-se mais alcalino, permitindo que as camadas fiquem mais porosas, deixando passar o inibidor. Quando a corrosão cessa e o meio é restabelecido, a porosidade das camadas diminui e o inibidor deixa de ser fornecido. Os nano reservatórios, que fabricámos, podem ser incorporados em diferentes filmes finos e revestimentos, integrando os pigmentos no caso das tintas. O fabrico de revestimentos com várias funções (anticorrosivas, bactericidas, lubrificantes, etc.), combinando reservatórios com diferentes agentes, pode constituir um considerável avanço na tecnologia dos revestimentos e da protecção contra a corrosão.

silício (Si3N4). Um equipamento desta natureza e desta dimensão não existia em Portugal, e apenas se dispõe de um em Espanha. Um equipamento comercial semelhante atinge valores próximos de 500 k. A engenharia portuguesa possibilitou a sua construção por 1⁄4 do preço. Com esta prensa a quente, foi possível fabricar anéis vedantes cerâmicos com diâmetros até 200 mm (Fig. 2b), actualmente a serem testados na Alemanha para um grande cliente norte-americano da indústria de gás natural.

na empresa Durit: o torneamento de metal duro com pastilhas de corte, como alternativa à maquinagem convencional com mós abrasivas, extremamente lenta e onerosa. A partir de um projecto financiado pelo IAPMEI, a empresa Durit adquiriu um torno CNC com medida de forças de corte por dinamometria tri-axial (Fig. 3b) que permitiu optimizar as condições de torneamento com as pastilhas de diamante CVD.

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Fig. 2 a) vista geral da prensa a quente b) anéis vedantes de nitreto de silício Fig. 1 Esquema de libertação “inteligente” de inibidor dos nano reservatórios no local onde a corrosão ocorre.

Prensagem a alta temperatura de anéis vedantes cerâmicos para a indústria do gás natural (Coordenação de Rui Silva, Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro)

A partir de um projecto da Agência de Inovação, uma parceria tripartida Universidade de Aveiro-Durit (fabricante de ferramentas em metal duro) – Termolab (fabricante de fornos técnicos) concebeu e construiu uma prensa a quente uniaxial (Fig. 2a) com câmara útil de 350mm (diam.) × 350mm, com 50 ton. de força e temperatura max. 2200ºC, capaz de densificar a 100% materiais cerâmicos avançados de natureza covalente, como o carboneto de silício (SiC) e o nitreto de

Novas ferramentas com revestimentos ultra-duros de diamante (Coordenação de Rui Silva, Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro)

Com financiamento da FCT, desenvolveram-se na Universidade de Aveiro (CICECO e Departamento de Física) novos revestimentos ultraduros de diamante e nanodiamante obtidos pela técnica de deposição química em fase vapor (CVD) para aplicações exigentes das tecnologias de corte com arranque de apara, para ferramentas de enformação metálica e para componentes de elevada resistência ao desgaste em geral. Estas novas ferramentas (Fig. 3a) permitiram, em particular, desenvolver uma nova tecnologia

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3b Fig. 3 a) Pastilhas de corte revestidas com diamante CVD (vista geral em cima e pormenor do revestimento observado ao microscópio electrónico); b) torno instrumentado com dinamometria tri-axial CVD (vista geral em cima e pormenor do dinamómetro em baixo).


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inquérito d aos diplomados Manuel Assunção Vice-Reitor da UA

A Universidade de Aveiro foi pioneira no estudo da inserção na vida activa e do percurso profissional dos seus diplomados. Foram realizados trabalhos aprofundados em 1997, a cargo dos investigadores Jorge Arroteia e António Maria Martins, e, com um intervalo de cinco anos, em 2002, sob a responsabilidade dos mesmos autores a quem se juntou Maria Manuela Gonçalves. Esses estudos permitiram dar a conhecer as situações e os processos pelos quais passaram os graduados da UA depois da obtenção do seu diploma, disponibilizando um vasto conjunto de informação específica sobre vários aspectos do problema. Passado que foi mais um quinquénio era tempo de lançar um novo estudo sobre a questão. Fizemo-lo, no entanto, tendo presente que a velocidade a que acontecem actualmente as mutações tecnológicas, económicas e sociais torna imperioso proceder à colheita deste tipo de informações com uma periodicidade mais curta, desejavelmente anual; de acordo aliás com o que o espírito da lei, hoje, preconiza. Assim, criou-se a plataforma informática SIGAA – Sistema Integrado de Gestão de Antigos Alunos que veio tornar o lançamento de questionários e a sua análise mais fáceis, ao mesmo tempo que permite estabelecer uma base permanente para a interacção com os antigos estudantes da UA,

promovendo um estreito relacionamento, entre estes e a sua “casa” de formação superior, o que é fundamental. Queremos reiterar o nosso agradecimento a todos os diplomados que responderam aos inquéritos lançados e à Associação de Antigos Alunos da Universidade de Aveiro pelo interesse e apoio demonstrados. O questionário, para além dos aspectos mais ligados às trajectórias profissionais e formativas, visava também obter percepções, quer sobre a importância das competências no desempenho profissional quer sobre quanto o curso contribuiu para a aquisição dessas competências. As respostas obtidas estão a ser tratadas pelo Observatório do GAGI – Gabinete de Gestão de Informação da UA e serão brevemente tornadas públicas. Sem prejuízo dessa futura divulgação detalhada das conclusões do estudo queremos deixar aqui alguns apontamentos preliminares. A taxa de desemprego verificada entre os diplomados da UA (7,4%) é apenas marginalmente superior à registada no estudo que o GPEARI – Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – efectuou (Dezembro de 2007) com base nos dados dos centros de emprego: o que é de esperar uma vez que nem todos os diplomados sem ocupação se inscrevem naqueles centros.


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inquérito aos diplomados da ua – algumas notas

da ua algumas notas A percentagem encontrada é comparável com a média nacional dedutível do estudo mencionado, evidenciando uma margem de progressão no aumento da empregabilidade dos nossos diplomados que teremos que percorrer. No que diz respeito ao tipo de emprego, apenas 5,3% não trabalha por conta de outrem, dos quais 1,6% são empresários. Mais de 80% dos respondentes declararam que o conteúdo funcional do seu primeiro emprego, aquando da graduação, estava relacionado com o conteúdo programático do curso, subindo esse número dois pontos percentuais quando se refere o emprego actual. Significativo é o efeito de estudar na UA na fixação dos diplomados; embora só 41% dos alunos residissem na NUT III – Baixo Vouga, no momento do seu ingresso na Instituição, o número de diplomados que aí decide viver é superior a 58%. Não surpreendentemente, apenas a NUT III – Grande Lisboa consegue contrariar esta tendência de atracção descrita. Este efeito deve ser aproveitado por todos, Universidade, empresas e responsáveis autárquicos para, em colaboração, melhor capacitar a região em termos de valências essenciais para o seu desenvolvimento. Se nos cingirmos ao universo dos diplomados nos últimos dois anos constata-se que 63% dos diplomados

da UA demoraram menos de três meses a encontrar o primeiro emprego e só 6,2% precisou de mais de um ano para obter a sua primeira colocação. Quase 27% dos inquiridos revelaram que o primeiro emprego foi obtido na sequência de estágio, tornando este factor no mais determinante de todos. Atendendo a que só uma parte tem a oportunidade, enquanto aluno ou depois da graduação, de efectuar estágio, este facto é particularmente significativo. Devemos valorizar esta oportunidade, tirando partido nomeadamente da qualidade da nossa relação universidade - sociedade, para reforçar a capacidade de inserção profissional dos jovens que graduamos. É o que temos vindo a fazer através da integração de estágio/projecto em empresa/prática profissional nos planos curriculares de muitas licenciaturas, contando com a iniciativa dos departamentos e as diligências do Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais (GESP); e, no novo quadro de Bolonha, não deixaremos certamente de aproveitar a possibilidade da dissertação de mestrado poder ser obtida, em contexto nacional ou internacional, por via de um estágio ou de um projecto. Em geral, os diplomados testemunham que o curso correspondeu mais às expectativas que tinham quando se matricularam do que correspondeu o emprego às

expectativas detidas no momento da graduação; 82% refere que o curso foi muito ou muitíssimo importante para o seu desenvolvimento pessoal. No que concerne à apreciação das competências de carácter transversal verifica-se, na sua maioria, que a contribuição do curso para o desenvolvimento da competência foi considerada menos importante quando comparada com a importância atribuída à competência para o desempenho das funções/profissão. As conclusões que saíram das respostas deste questionário terão que ser agora complementadas pelas contribuições que os empregadores dos nossos diplomados puderem dar. Está-se actualmente a compilar uma extensa base de dados de empresas e outras instituições onde os nossos alunos/graduados tenham feito ou estejam em estágio/emprego. Será então possível lançar um questionário aos empregadores, cujas respostas, em conjugação com as que se estão a extrair do presente estudo e outras, possibilitarão certamente à Universidade de Aveiro informação que lhe permita melhor avaliar-se e introduzir as necessárias alterações na estrutura curricular e nas práticas educativas.


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empreendedores de sucesso nascem na ua

Um conjunto de meios facilitadores de um primeiro contacto com o mercado de trabalho é, por vezes, o empurrão necessário para caminhar rumo ao sucesso. Com esse objectivo, a UA criou, em 1996, uma estrutura que visa fomentar o empreendedorismo junto de alunos, antigos alunos, investigadores e docentes da Universidade. Pela Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro, gerida pela GrupUnave desde 1999, já passaram 16 empresas. Entre as 14 que a IE acolhe, estão a ClusterMedia Labs e a Self Energy Innovation. Saiba o que fazem.


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A incubadora em rede da ua A génese da ideia O projecto Incubadora em Rede visa promover a competitividade e a coesão territorial, nomeadamente através do fomento do empreendedorismo e inovação, com base na criação de uma Plataforma que potencie e apoie a criação sustentada de novas empresas capazes de alavancar o desenvolvimento da própria região. Esta Plataforma, integrada por vários agentes regionais, nomeadamente municipios, é susceptível de ser reforçada e alargada num futuro próximo, permitindo uma optimização de recursos e infra-estruturas numa lógica de eficiência colectiva. O projecto tem os seguintes objectivos: · Promoção e consolidação de uma cultura de empreendedorismo e inovação na região de Aveiro, com enfoque nas faixas etárias infantis e juvenis; · Desenvolvimento de condições de suporte logístico, operacional, financeiro e técnico para a criação e expansão de novas empresas; · Apoio à criação de empresas com elevado potencial, capazes de criar emprego especializado, e potenciar a fundação de novas empresas fornecedoras/parceiras destas, nos vários municípios aderentes; · Atrair e fixar talentos na região de Aveiro e dinamizar o investimento empresarial; · Desenvolvimento de empresas locais através de sinergias com as novas empresas estabelecidas no município e/ou vocacionadas para a valorização

de recursos endógenos da região; · Articulação de esforços, numa base territorial alargada, entre as empresas, associações empresariais, a Universidade de Aveiro e outras entidades estratégicas para o desenvolvimento regional; · Incentivo à participação dos municípios em acções concertadas de desenvolvimento regional, incluindo projectos nacionais e internacionais. Como funciona De forma a responder aos vários desafios que as regiões enfrentam actualmente, a Incubadora em Rede visa contribuir para o desenvolvimento e rejuvenescimento do tecido económico regional, maximizando as sinergias geradas em rede, através do apoio ao desenvolvimento de novos projectos empresariais, bem como à consolidação das empresas existentes, permitindo um crescimento económico e social sustentável de cada Município. A execução do projecto possibilita uma actuação em vários domínios (social, económico, cultural, financeiro, pedagógico, etc.), actuação essa que se faz mediante uma estrutura informal, uma Plataforma de Apoio e Valorização do Empreendedorismo e Inovação da Região de Aveiro, que permita agregar, em torno de objectivos concretos, por um lado, os vários Municípios do Baixo Vouga e, por outro, parceiros estratégicos essenciais para o desenvolvimento regional, como a Universidade de Aveiro. A criação desta estrutura de trabalho tem a missão, quer de definir linhas de orientação partilhadas quer de

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supervisionar a execução do projecto, minorando insuficiências e potenciando resultados, permitindo apoiar a inovação empresarial da região de Aveiro, através da promoção de uma cultura de inovação e do estímulo ao desenvolvimento de projectos empresariais de base tecnológica. Na prossecução deste projecto a Universidade de Aveiro constitui um eixo a partir do qual se criam novas empresas, novas ideias de negócio, contribuindo assim para a renovação empresarial, para o desenvolvimento da propriedade intelectual e industrial, para a dinamização financeira e comercial das economias regionais e sua influência no quadro nacional, etc. Por outro lado, a Universidade de Aveiro possui um papel preponderante como facilitador da participação dos Municípios em programas de apoio ao empreendedorismo e inovação, de âmbito nacional e internacional, sendo a entidade agregadora das competências, conhecimento, networking e do trabalho em rede de todos os intervenientes do projecto. O objectivo Pretende-se que tenha um impacto significativo na região de Aveiro, não só ao nível do desenvolvimento económico, mas também ao nível da coesão e competitividade regional. Deste modo, o comprometimento e envolvimento real de todos os promotores revela-se determinante. Apenas assim será possível a concretização com sucesso das várias acções. O sucesso do projecto pode conduzir a resultados que dificilmente


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seriam alcançados por acções individuais dos vários promotores, sendo os mais relevantes os seguintes: · Estruturação e alargamento da rede de parceiros, investigadores e agentes facilitadores de transferência de tecnologia, rede essa inicialmente constituída na UA, facilitando o acesso a pessoas, organizações e entidades, às quais de outra forma seria mais dificil aceder; · Criação de um sistema de gestão de espaços de incubação flexível, em cada municipio, com um menor custo de implementação e exploração, permitindo que cada munícipe tenha acesso à incubação na sua área de residência ou de fixação empresarial; · Criação de mecanismos de cooperação inter-municipal e entre vários actores regionais de inovação, de modo a potenciar a afirmação da sub-região no panorama regional, nacional e Internacional. · Acesso a informação e suporte no desenvolvimento de candidaturas a programas de financiamento do desenvolvimento regional, de forma a garantir o apoio adicional em áreas fulcrais para os Municípios; · Fortalecimento da capacidade de inovação e competitividade das empresas implementadas nos vários municípios, através do acesso privilegiado a tecnologias e serviços especializados desenvolvidos na Universidade de Aveiro; · Criação de plataformas/consórcios empresariais que permitam às empresas posicionarem-se internacionalmente e de forma mais competitiva no mercado global.

ClusterMedia Labs tecnologia de ponta ao serviço da gestão e personalização de conteúdos audiovisuais

Como contactar Para saber um pouco mais deste projecto e da forma como o mesmo está a ser concretizado a Incubadora de Empresas está ao dispôr da comunidade universitária no Pavilhão 1 ou através do telefone 234380300.

de Aveiro desde a sua constituição, em Junho de 2006.

Eng.º Fernando Santos Director da Grupunave – Inovação e Serviços Ld.ª

Tem como principais clientes as grandes estações de televisão norte-americanas, as multinacionais de topo e a própria NASA para quem, grosso modo, desenvolve soluções de reconhecimento automático e indexação de dados audiovisuais. A ClusterMedia Labs é uma start-up de base tecnológica constituída por cinco jovens com formação nas áreas das Engenharias Electrónica e Telecomunicações, Electrotécnica e Computadores e da Gestão de Empresas, instalada na Incubadora de Empresas da Universidade


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Encontrar intervenções perdidas de John F. Kennedy entre milhões de horas de gravações da mediateca do congresso norte-americano, como solicitado pela empresa SAMMA Systems aquando do processo de digitalização; detectar automaticamente uma grande jogada entre inúmeros eventos desportivos, como é desejo da empresa que desenvolveu o conhecido jogo FIFA – a Electronic Arts; ou identificar o nome de um entrevistado durante uma emissão televisiva em directo, com a respectiva criação automática dessa descrição. Estes são apenas alguns exemplos do que a tecnologia desenvolvida pela ClusterMedia Labs é capaz de fazer. Esta jovem empresa 100% nacional e já detentora do estatuto NEST (Novas Empresas de Suporte Tecnológico) surgiu quando os seus fundadores (Sérgio Lopes, Vítor Soares, Tiago Araújo, Jaime Cardoso e José Silva) constataram que na indústria de comunicação audiovisual, a produção de metadata descritiva do material audiovisual (catalogação de conteúdos) estava muito dependente do recurso ao processo manual, lento e muito caro, e que as ferramentas de pesquisa/browsing existentes eram ineficientes e, por isso mesmo, limitadoras do real valor das grandes colecções de áudio e vídeo. A aposta na criação de uma ferramenta capaz de agir sobre a informação, de forma inteligente, rápida e com baixos custos, maximizando, ao mesmo tempo, a automatização e inovação dos processos na gestão do conhecimento, não tardou. Os cinco promotores juntaram as suas formações académicas e experiências profissionais, instalaram-se na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro e criaram a ClusterMedia Labs. No centro da actividade da empresa está, assim, o desenvolvimento e licenciamento de soluções para reconhecimento automático e indexação de dados áudio-visuais.

“A tecnologia central do negócio assenta no desenvolvimento de algoritmos de análise semântica aplicados à informação audiovisual, a partir da conjugação de duas grandes áreas científicas: o processamento digital de sinal áudio e vídeo, com enfoque na extracção de características/padrões, e a área de inteligência artificial/machine learning”, explica Vítor Soares, Director Executivo da ClusterMedia Labs, acrescentando que a partir desta tecnologia nuclear é possível criar software capaz de identificar oradores e gerar, em temporeal (on-the-fly), metadata descritiva, assim como motores híbridos de descoberta e recomendação musical, pesquisa selectiva e por similaridade acústica, organização e tratamento inteligente dos conteúdos audiovisuais. Concebido e desenvolvido para ajudar as organizações e pessoas a gerir e pesquisar conteúdos, o “LiveMeans” – tecnologia totalmente made in ClusterMedia Labs – é um sistema para catalogação automática (por algoritmos de análise semântica) e indexação de conteúdos, que “traz para o mercado o conceito inovador de Drag ‘N’ Search nos motores de pesquisa, nos quais o match de conteúdos tem a vantagem de ser processado ao nível das características high-level/conteúdo efectivo do próprio sinal”, afirma Vítor Soares, adiantando que o lançamento mundial do “LiveMeans” decorreu em 2008, na NAB Show; a maior exposição mundial de tecnologia para a indústria audiovisual e de broadcast e, recentemente, na IBC na Holanda. A mais-valia desta nova tecnologia desenvolvida pela ClusterMedia Labs traduz-se no facto de se conseguirem “identificar registos sonoros com base numa análise semântica dos mesmos, isto é, a partir do próprio sinal (e não no texto que frequentemente induz a erros), envolvendo a construção de modelos matemáticos, os quais são mais facilmente compreendidos e processados pelas máquinas. “O

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“LiveMeans” é capaz de categorizar e pesquisar vários “objectos” de media, tais como oradores, programas de TV e rádio, géneros musicais, anúncios de publicidade, jingles, etc., e permite, ainda, que os conteúdos sejam entregues já segmentados e personalizados a cada utilizador”. Deste modo, o LiveMeans dá resposta às maiores expectativas de soluções inovadoras para resolver problemas actuais ligados à forma como se gere a enorme sobrecarga de informação audiovisual diariamente gerada por milhões de fontes. “No segmento de monitorização dos Media e Business Intelligence, os benefícios para os clientes passam pela redução dos custos em paralelo com um aumento da produtividade dos ambientes (computacionais e humanos) de monitorização e o aumento bastante significativo da rapidez (tempo-real) na entrega dos serviços ao cliente final”, afirma o Director Executivo da ClusterMedia Labs. “Ensinar computadores a reconhecer entidades do mundo real que são transmitidos nos canais de TV e rádio é, por si só, um desafio constante”, diz ainda Vítor Soares, que garante: “a tecnologia da ClusterMedia Labs não só o consegue fazer, como o faz em tempo real, ou seja, numa emissão em directo, onde esteja a ser entrevistada uma determinada personalidade, os algoritmos de análise têm a capacidade de identificar, num segundo, o nome da pessoa e gerar essa descrição de modo automático por software. A versão demonstração pode ser acedida gratuitamente a partir de www.livemeans.com”, adianta. A ClusterMedia Labs conta actualmente com sete colaboradores, e prevê manter-se instalada na Incubadora de Empresas da UA por mais um ano. Em termos de projectos futuros quer consolidar o seu modelo de negócio no mercado Norte-Americano da indústria audiovisual e de Broadcast, garantindo


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também participação assídua na nabshow.com para compreender as reais necessidades da indústria. “Entendemos benéfica a criação de uma estrutura de negócio na Costa Oeste dos Estados Unidos para um acompanhamento mais próximo e personalizado aos clientes. Ser a empresa referência número um com visibilidade em 2010 a nível mundial na área de análise semântica de conteúdos é outra das nossas aspirações”, admite Vítor Soares.

Equipa da ClusterMedia Labs Sérgio Ivan Lopes 29 anos, licenciado em Eng. Electrónica e Telecomunicações pela Universidade de Aveiro. A finalizar Mestrado em Eng. Biomédica, na Universidade de Aveiro. Vitor C. Soares 33 anos (principal responsável pelo Projecto – Director Executivo) Bacharel em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. A concluir Mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores na

Ficha Técnica

Universidade do Porto.

ClusterMedia Labs Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro

Tiago Araújo

Pavilhão 1 – Campus Universitário de Santiago

30 anos, licenciado em Engenharia Electrónica

tlf. (+351) 234 380 300

de Telecomunicações e Informática (EETI) na

fax (+351) 234 401 529

Universidade de Aveiro.

tlm. (+351) 934 260 149 info@clustermedialabs.com

Jaime Cardoso

http://clustermedialabs.com

32 anos, licenciado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, ramo Telecomunicações,

Área de actuação

pela FEUP; Mestre em Matemática Aplicada

Indústria audiovisual (estações de televisão/rádio,

pela Faculdade de Ciências da UP, Doutor em

integradores de sistemas de TI na área de Media

Engenharia Electrotécnica e de Computadores.

Asset Management) Google/youtube

José Silva

Fornecedores de serviços de monitorização dos

36 anos, licenciado em Gestão de Empresas pela

media/clipping/business intelligence

Universidade do Minho.

Fabricantes de set-top-box Parlamentos Entidades de gestão dos direitos dos artistas Sistemas Biométricos e de Segurança Electrónica/verificação de orador; Entretenimento - serviços móveis ligados à música; pessoas portadoras de deficiência auditiva e visual Conselhos-chave a novos empreendedores › Dar a maior fatia da energia e atenção às pessoas. São o maior activo da empresa. › Atenção constante e capacidade de adaptação a novas situações e/ou não previstas no início do projecto, seguindo o legado do Senhor Darwin quando diz que “as espécies com maior probabilidade de sobreviver no futuro não serão nem as mais fortes nem as mais inteligentes, mas sim, as que se conseguirem adaptar melhor”.


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Self Energy Innovation energia no centro de todas as atenções

Tem como missão promover a utilização das energias renováveis e a produção descentralizada de energias, através do desenvolvimento de tecnologias inovadoras, da

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O objectivo de desenvolver tecnologias inovadoras na área das energias renováveis e da produção descentralizada, em colaboração com universidades, institutos e investigadores, assumido pela Self Energy SA, determinou a criação da Self Energy Innovation. A esta sua afiliada foi, então, entregue a missão de agilizar e autonomizar o conhecimento e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras nestas áreas.

formação especializada e da dinamização de um centro de competências. A Self Energy Innovation, empresa afiliada da Self Energy – Serviços de Energia S.A. está instalada

A operar desde o final de 2006, a Self Energy Innovation tem como promotores o presidente e fundador do Grupo Self Energy, Miguel Matias, Director de Inovação da Galp Energia e administrador de várias empresas inovadoras do Grupo Galp Energia, e o seu o Sócio Gerente e DirectorGeral, Frederico Dinis, estudante do Mestrado em Gestão da Inovação e do Conhecimento na UA.

na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro, desde Junho de 2006, e quer afirmar-se no mercado europeu como parceiro forte para as áreas da eficiência energética, energias renováveis e produção descentralizada de energia.

“A Self Energy Innovation é uma empresa portuguesa que proporciona um serviço de gestão de conhecimento na área da eficiência energética, das energias renováveis e da produção descentralizada de energia”, explica Frederico Dinis, acrescentando que, para a empresa, a gestão do conhecimento é “uma estratégia de negócio que se caracteriza pela transferência de best practices, aprendizagem pessoal e organizacional, customer intelligence, process intelligence, gestão dos activos intelectuais e liderança da inovação”. Para o cumprimento da sua missão, a Self Energy Innovation procura de forma contínua e permanente observar, diagnosticar e antever as tendências ao nível do mercado, tecnologias e produtos, assim como “gerar informação estratégica e conhecimento de apoio à tomada de decisão pública e empresarial e induzir a criação de condições para o desenvolvimento de novos produtos e mercados”, revela Frederico Dinis.


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“O que também não esquecemos”, prossegue, é “a necessidade constante de disponibilizar produtos, serviços e patentes inovadores; promover o desenvolvimento de I&DT em cooperação com organizações nacionais e internacionais; promover a formação nas áreas da inovação, empreendedorismo, energias renováveis e eficiência energética; e criar condições para o desenvolvimento de redes de conhecimento e para a definição de novos paradigmas de excelência, contribuindo para o desenvolvimento do tecido económico e social deste sector”.

“Neste sentido, estamos a desenvolver um conjunto de projectos de I&DT, alguns já apoiados pelo QREN, com diversas entidades do Sistema Científico Nacional, nomeadamente, o INETI, a Universidade Nova de Lisboa, a Universidade de Coimbra, a Universidade do Minho e a Escola Superior de Tecnologia de Setúbal”, revela Frederico Dinis.

É por isso mesmo que a Self Energy Innovation tem vindo a ministrar um conjunto de acções de formação, nomeadamente os cursos de Eficiência Energética em Edifícios, Sistemas de Gestão de Energia e Arquitectura Bioclimática e Construção Sustentável, desenvolvidos em parceria com a UNAVE, a Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, o INA – Instituto Nacional de Administração e o iiR Portugal. A Self Energy Innovation está orientada para reunir competências nos temas da sua especialidade e estabelecer programas de parceria com entidades académicas e entidades institucionais, como as Associações de Energia nacionais. “A empresa apoia os estudantes-finalistas universitários que desenvolvam produtos ou serviços sobre energias renováveis, procurando valorizar a inovação tecnológica em Portugal”, refere Frederico Dinis, adiantando que as actividades da Self Energy Innovation abrangem ainda a cooperação com entidades nacionais e internacionais relacionadas com o tema das novas energias, seja na troca e intercâmbio de experiências e tecnologias inovadoras, seja na participação em projectos conjuntos, designadamente através de candidaturas a apoios e financiamentos europeus.

Ficha Técnica Self Energy Innovation Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro – Edifício 1 Campus Universitário de Santiago 3810-193 Aveiro tlf. (+351) 234 380 303 fax (+351) 234 421 748 tlm. (+351) 96 8977494 frederico.dinis@selfenergy.eu Promotores

É também objectivo da Self Energy Innovation a certificação em matéria energética e, como plataforma de saber e de especialistas nas áreas das energias renováveis e eficiência energética, cabe-lhe a análise, diagnóstico e prospecção das tendências futuras para fazer jus ao seu nome: innovation.

Miguel Matias Administrador Delegado da Self Energy SA, CEO da Self Energy SA, Director de Inovação da Galp Energia e administrador de várias empresas inovadoras do Grupo Galp Energia. Frederico Dinis Sócio-Gerente e Director-Geral da empresa. Licenciado em Engenharia Informática na Universidade de Coimbra e estudante do Mestrado em Gestão da Inovação e do

Instalada na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro, porque, como aluno da UA, Frederico Dinis “conhecia os projectos desenvolvidos e apoiados pela Universidade”, a Self Energy Innovation reconhece os serviços de apoio prestados pela IE na fase de arranque como “fundamentais para o sucesso de uma start-up”. A proximidade com a Universidade de Aveiro, GAPI – Gabinete de Apoio à propriedade industrial e UAtec – Unidade de Transferência de Tecnologia “estruturas chave para o nosso negócio”, a rede de promotores da incubadora, o espírito empreendedor e a envolvente económica da zona de Aveiro, são outras das mais-valias que Frederico Dinis atribui à incubação que, adianta, “deverá manter-se por mais três anos”. De acordo com o Director-Geral da empresa, a Self Energy Innovation pretende afirmar-se como player forte no mercado europeu nas áreas da eco-eficiência, energias renováveis e produção descentralizada de energia.

Conhecimento na Universidade de Aveiro. Conselhos-chave a novos empreendedores › Concentrar-se no seu negócio; › Orientar sempre o negócio para as necessidades do mercado; › Elaborar um Plano de Negócios realista; Saber gerir o risco associado ao lançamento de um novo negócio; › Encarar de imediato o aspecto internacional do negócio.


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Supervisão clínica em enfermagem. Perspectivas práticas

Xplika. Investigação sobre o mercado das explicações

Da autoria de António Garrido, João Simões e Regina Pires, Mestres em Supervisão pela UA, “Supervisão clínica em enfermagem. Perspectivas Práticas” pretende ser, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre o percurso de formação e reflexão da própria prática da supervisão clínica em enfermagem, relendo-a, retirando daí ilações que possam projectar-se na acção futura e fornecendo subsídios para aperfeiçoar o dispositivo da supervisão clínica em enfermagem. A ideia de escrever esta obra começou a germinar no decorrer do curso de Mestrado em Supervisão, que os seus autores frequentaram no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA, devido à constatação da diminuta produção científica nessa área adaptada à realidade portuguesa. Concluído esse processo de formação, os autores continuaram a aprofundar a reflexão, que lhes permitiu detectar grandes necessidades de formação e dificuldades de implementação de um efectivo processo supervisivo. Paralelamente, assistiram a um aumento de procura de informação e formação em supervisão clínica em enfermagem, não totalmente correspondida a nível da produção literária. Neste contexto, a concretização desta ideia efectiva-se nesta obra, tendo como finalidade corresponder às expectativas dos enfermeiros, que têm manifestado a necessidade da existência de uma obra que conjugue aspectos teóricos, práticos e científicos, abrangendo as diversas áreas do exercício profissional e facultando algumas bases para reflexão e implementação da supervisão clínica.

A conjuntura social à escala nacional e internacional e o quadro de exacerbamento da competição nos domínios académico e profissional prenunciam um desenvolvimento do fenómeno das explicações em todo o mundo. No nosso país continua a ser muito escassa a sensibilidade social relativamente aos contornos desta problemática. Com esta obra pretende-se contrariar essa insensibilidade e essa falta de investimento investigativo disponibilizando ao leitor um acervo de informação sobre uma temática praticamente inexplorada no universo das publicações em língua portuguesa. “Xplika. Investigação sobre o mercado das explicações” apresenta uma síntese dos principais resultados do Projecto “Xplika - O mercado das explicações, a eficácia escolar e o sucesso dos alunos”, aprovado e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e desenvolvido na Universidade de Aveiro entre 2005 e 2008. O livro encontra-se dividido em duas partes. A parte I - As Explicações: um Fenómeno à Escala Global - constituída por seis textos, direcciona-se para a caracterização do fenómeno das explicações do ponto de vista teórico-conceptual. A parte II -As Explicações na Cidade Aquarela: Estudo de Caso, composta por quatro textos, centra-se exclusivamente na apresentação e análise dos resultados do estudo empírico que, privilegiando a análise das explicações no 12º ano de escolaridade, se realizou numa cidade do território continental português, a Cidade Aquarela.

Edição Universidade de Aveiro Autoria António Garrido, João Simões e Regina Pires – Mestres em Supervisão pela UA ISBN 978-972-789-266-2 Ano 2008

Edição Universidade de Aveiro Autoria Jorge Adelino Costa, António Neto-Mendes e Alexandre Ventura – Docentes e Investigadores no Departamento de Ciências da Educação da UA ISBN 978-972-789-269-3 Ano 2008

publicações


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dezembro ‘08

Piano e Companhia

Supervisão. Um contexto de desenvolvimento profissional dos professores.

Capital intelectual: um estudo nas Universidades Ibéricas

No seguimento do livro anteriormente editado pelo CIFOP – UA, “Viagens...Peças Didácticas para Piano”, a UA e a Academia de Música e Dança do Fundão uniram-se de novo em parceria para se proceder à edição de uma nova edição do livro/CD intitulado Piano & Companhia. O trabalho pedagógico em questão contextualiza-se em duas vertentes fulcrais: por um lado, trata-se de uma contribuição para dinamizar em Portugal a produção didáctica de obras quase inexistentes no universo a que se destinam – ensino vocacional da música; por outro, pretende-se reforçar a colaboração da Universidade para o exterior e para áreas de ensino consideradas de grande importância, como é o caso do ensino artístico que, apesar de discursos entusiasmados de vários sectores, tem vindo a ser, de certa forma, minimizado como prioridade na literacia musical e formação de cidadãos no nosso país. Constituído por um universo de peças para piano solo, quatro mãos e música de conjunto, baseadas em melodias tradicionais do cancioneiro português ou originalmente escritas pelos professores da Academia, propositadamente para este novo livro didáctico, o mesmo é composto substancialmente por melodias sujeitas a trabalho estilístico de peças que fazem já parte do nosso património. Acresce, portanto, o interesse da projecção cultural deste no foro didáctico nacional e na sua divulgação recriada, também a nível internacional. A obra em questão pode ser adquirida naquela Unidade e na Livraria dos Serviços Sociais desta Universidade.

Da autoria de Isabel Alarcão, docente no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA e antiga Reitora da Universidade de Aveiro, e Maria do Céu Roldão, este livro vem ao encontro das necessidades reais dos professores e dos educadores, que aqui encontram conteúdo rico e propostas práticas que chamam a atenção para uma modalidade de supervisão humanizada mas, ao mesmo tempo, exigente. A nova organização da carreira dos professores do ensino não superior vem valorizar esta temática e os contextos em que se desenvolve, o que faz supor estarmos na presença de uma obra de grande actualidade e pertinência. O conteúdo da obra aborda os processos de construção e desenvolvimento da identidade profissional; transições ecológicas; influência da supervisão nos processos de construção e desenvolvimento profissional; Influência dos contextos (e sua articulação) nos processos de construção e desenvolvimento profissional; Qualidade da supervisão; e a Concepção de professor (emergente).

Da autoria de Eleutério Machado, docente aposentado do ISCA-UA, onde leccionou durante vinte anos, “Capital Intelectual: um estudo nas Universidades Ibéricas” versa sobre a comunicação institucional das empresas e de outras organizações, debatendo a divulgação de informação mais alargada e os novos instrumentos de relato dos intangíveis do conhecimento, nomeadamente os modelos de Capital Intelectual. A obra analisa as Universidades como organizações complexas da Sociedade do Conhecimento, e a necessidade que evidenciam de adaptar as suas estratégias de comunicação à obtenção de uma maior transparência e comparabilidade no seu processo informativo. Segundo o autor “a principal relevância do trabalho reside numa abordagem empírica original, incluindo um estudo alargado a mais de uma centena de Universidades Ibéricas e uma proposta de Modelo de Relato de Capital Intelectual destinado a instituições de ensino superior”. O autor leccionou durante cerca de vinte anos no Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro e encontra-se actualmente aposentado da função docente. Durante vários anos exerceu cumulativamente actividade empresarial diversificada ao nível da gestão de empresas e integrou os órgãos sociais de muitas organizações empresariais e não empresariais.

Edição Universidade de Aveiro Coordenação Teresa Soares e Lucília Santos – Centro Integrado de Formação de Professores, e Nilza Costa, do Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA ISMN M-707713-05-1 Ano 2008

Edição Edições Pedago Autoria Isabel Alarcão – docente no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA e antiga Reitora da UA, e Maria do Céu Roldão ISBN 978-972-898-057-3 Ano 2008

Edição Editorial Novembro Autor Eleutério Machado – docente aposentado do ISCA-UA ISBN 978-989-813-617-6 Ano 2008


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publicações

Estruturas de dados e algoritmos em C

Manual de gestão de pessoas e do capital humano

Monómeros, polímeros e compósitos de fontes renováveis

“Estruturas de Dados e Algoritmos em C” dirige-se aos estudantes de disciplinas de programação, que frequentam licenciaturas que exijam conceitos sólidos de programação, de um conhecimento profundo sobre algoritmos e estruturas de dados avançadas e da implementação de tipos abstractos de dados na linguagem C. A obra, da autoria de António Adrego da Rocha, docente no Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática da UA, fornece uma competência sólida no desenvolvimento de programas de média e elevada complexidade e um conhecimento profundo sobre estruturas de dados avançadas e algoritmos complexos, usando a linguagem de programação C e aplicando o paradigma da programação modular. Assim, utiliza uma metodologia que dá particular ênfase à decomposição funcional das soluções, através da implementação de tipos abstractos de dados. Para atingir este objectivo, ela está organizada em quatro grandes temas. O primeiro dia respeito ao estudo das principais estruturas de dados dinâmicas e o segundo foca o estudo das principais classes de algoritmos, tendo em consideração a sua complexidade. Um terceiro dá ênfase ao estudo da implementação dos diferentes tipos de memórias, e, por último, a publicação apresenta o estudo do tipo abstracto de dados grafo (Graph). Os programas apresentados na obra estão disponíveis na página Web da FCA, em http://www.fca.pt, ou na página pessoal do autor em http://sweet.ua.pt/~f706/ensino/livro3.html.

Da autoria do Professor Arménio Rego, docente e investigador do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, de Jorge F. Gomes, Miguel Pina e Cunha, Rita Campos e Cunha, Carlos CabralCardoso, Carlos Alves Marques, este manual explica o modo como as organizações podem melhorar a gestão das pessoas e desenvolver o capital humano. Respeitando os temas tradicionais, introduz e discute novos tópicos frequentemente ausentes neste género de bibliografia, conciliando teoria e prática e recorrendo a inúmeros exemplos, caixas, tabelas e figuras para ilustrar os conceitos e temas apresentados. É útil e poderá ser consultado com vantagens por gestores, académicos e estudantes das áreas de gestão, de economia, do comportamento organizacional e da psicologia das organizações. O recurso a uma escrita acessível e a forma como está organizado tornam-no também uma ferramenta útil para todos os profissionais interessados em compreender os desafios, as técnicas e os modelos de gestão de pessoas. Ao longo do livro são abordados temas relacionados com a gestão de pessoas/recursos humanos, a estratégia da organização e a gestão estratégica das pessoas, a análise do trabalho, o recrutamento e atracção do capital humano, a selecção elegendo capital humano e gerindo a entrada e o relacionamento, a formação para potenciar o capital humano, o desenvolvimento de competências de gestão, os processos de gestão e melhoria do desempenho, entre outros.

Recentemente publicado, o livro “Monómeros, Polímeros e compósitos de Fontes Renováveis”, editado por Alessandro Gandini, investigador convidado do CICECO – Departamento de Química da Universidade de Aveiro e Naceur Belgacem, professor do Instituto Politécnico de Grenoble, França, inclui contribuições de vários peritos internacionais no campo dos novos materiais de fontes renováveis, utilizando o conceito de biorefinaria, a exploração racional de biomassa vegetal, bem como a separação dos seus componentes e sua utilização, como tal ou após modificação química. É particularmente recomendado a investigadores e professores das áreas de química, física e ciência e engenharia de materiais que lidem com materiais naturais, bem como a centros de investigação e desenvolvimento e laboratórios industriais. Mais informações sobre a obra estão disponíveis em http://www.elsevier.com/wps/ find/bookdescription.cws_home/714471/

Edição FCA Autoria António Adrego da Rocha – docente e investigador do Departamento de Electrónica , Telecomunicações e Informática da UA ISBN 978-972-722-295-7 Ano 2008

Edição Edições Silabo Autoria Arménio Rego – docente e investigador do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da UA, de Jorge F. Gomes, Miguel Pina e Cunha, Rita Campos e Cunha, Carlos Cabral-Cardoso, Carlos Alves Marques ISBN 978-972-618-506-2 Ano 2008

description#description Edição ELSEVIER Autoria Alessandro Gandini – investigador convidado do CICECO – Departamento de Química da UA – e Naceur Belgacem, professor do Instituto Politécnico de Grenoble, França ISBN 978-008-045-316-3 Ano 2008


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dezembro ‘08

Non-university higher education in Europe

Eu toco flauta de bisel

Da co-autoria dos professores Rui Santiago e James Taylor, da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da Universidade de Aveiro, a Springer (http://www.springer.com) publicou, recentemente, o livro “Non-University Higher Education in Europe”, a primeira obra do género, que aborda a problemática do sector do ensino superior não universitário na Europa. Apesar da enorme atenção que se tem dado às rápidas transformações que o ensino superior tem enfrentado em todo o mundo, este livro vem preencher uma importante lacuna. Procede de uma análise crítica comparativa entre os sistemas de 10 países europeus, reunindo a maneira de pensar dos responsáveis escolares pelo ensino superior não universitário na Áustria, Bélgica, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha e Reino Unido, dedicando um capítulo a cada um destes países. Com base em casos de estudo nacionais, os autores apresentam questões que vão desde os desenvolvimentos históricos, às alterações de políticas, passando por estruturas de governo, níveis de autonomia institucional e desafios futuros para problematizar a análise do sector de ensino superior não universitário. À análise crítica comparativa do sistema em cada um dos países estudados, os autores acrescentam ainda uma previsão sobre o que o futuro reserva no capítulo do ensino superior não universitário na Europa. Este livro destina-se fundamentalmente a todos quantos pretendem compreender profundamente o sector não universitário da Europa.

“Eu toco flauta de Bisel” é uma edição da AvA Musical Editions, com o apoio do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, onde foi gravado, que tanto contempla as necessidades de formação em flauta de bisel, para o 1º ciclo, como as de Iniciação Musical, independentemente da posterior escolha de instrumento. Para além de oferecer formação instrumental, este Livro/CD contém um vasto leque de actividades e de informações para a iniciação musical. Inclui estudos preparatórios e jogos didácticos, assim como arranjos de muitas canções infantis e lengalengas, para duas flautas, flauta e piano e trio de alunos, além de três canons. Por outro lado, o facto de as mesmas obras aparecerem em várias versões permite que estas sejam combinadas favorecendo apresentações mais interessantes. No CD anexo ao livro, aluno e professor vão encontrar a gravação de todas as obras do livro, assim como apenas dos seus acompanhamentos, permitindo ao aluno tocar acompanhado pelo CD. A composição dos acompanhamentos procurou abrir o espectro de estilos, possibilitando o contacto com uma ampla panóplia de experiências estético-musicais, sem perder de vista tanto as preferências próprias das idades para as quais o livro se destina como os objectivos pedagógicos que o motivam.

Edição Springer AutoriaRui Santiago e James Taylor – docentes da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UA, J. Brites Ferreira e M. de Lourdes Machado ISBN 978-140-208-334-1 Ano 2008

Edição AvA Musical Editions Coordenação Vasco Negreiros – docente no Departamento de Comunicação e Arte da UA e Joana Amorim, docente do oConservatório Nacional de Lisboa Ano 2007


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aconteceu na ua

aconteceu na ua academia de verão Quatro centenas de jovens de todo o país, do 5º ao 12º ano, invadiram a UA entre 13 e 25 de Julho, para ali participarem em programas lúdicos e científicos, dinamizados por professores e monitores experientes. Com as escolas politécnicas da UA (ISCA-UA, ESTGA e ESAN) a participar pela primeira vez, a Academia de Verão permitiu combinar o trabalho científico com momentos de lazer e de muito convívio, com os professores, os alunos da UA e as novas amizades que se foram estabelecendo ao longo das duas semanas.


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dezembro ‘08

abertura do ano académico

dia do ISCA-UA

Integra-te@AAUAv2008

A cerimónia de Abertura do Ano Académico decorreu a 22 de Setembro, na Reitoria. O Presidente Executivo da Portugal Telecom, Eng. Zeinal Bava, foi convidado a proferir a tradicional Lição de Abertura que, este ano, incidiu sobre “A inovação como chave do sucesso”. A cerimónia encerrou com a intervenção do Ministro da Economia e Inovação, Prof. Manuel Pinho.

O Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA) assinalou a 18 de Outubro, o seu Dia. O momento alto da cerimónia deu-se com a tradicional entrega de diplomas aos 350 alunos que concluíram os seus cursos, no ano lectivo anterior, e com a atribuição de prémios aos melhores estudantes. Durante a sessão foi também assinado um protocolo de colaboração com o Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique.

No ano em que se assinalam os trinta anos da Associação Académica da UA, a organização da Semana de Integração ao Caloiro cumpriu uma vez mais a tradição e deu as boas-vindas aos caloiros da academia com um cartaz recheado de música e de actividades culturais e desportivas. O palco das festividades mudou-se este ano para o terminal Tirtife que, durante os quatro dias de festa (22 a 25 de Outubro), acolheu a festa de integração dos estudantes da UA.


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semana aberta da ciência e tecnologia A Semana Aberta da Ciência e Tecnologia da Universidade de Aveiro, a maior promovida em Portugal, decorreu entre 24 e 28 de Novembro, atraindo perto de 12 mil inscrições de alunos e professores dos vários graus de ensino e dos mais diferentes pontos do país. Observar, experimentar e intervir nas 121 actividades que preencheram o programa da semana foi o desafio lançado a todos aqueles que participaram nas cerca de 500 sessões realizadas pelos vários departamentos, escolas e unidades da Universidade.

aconteceu na ua

festivais de outono A Universidade de Aveiro e a cidade acolheram, em Outubro e Novembro, mais uma edição dos Festivais de Outono. Com direcção artística de António Chagas Rosa, os festivais deram continuação às tendências das últimas edições, privilegiando a criação artística, a dimensão performativa, a intervenção pedagógica e científica. Este ano, e para dirigir o evento a um público mais abrangente, introduziram-se “músicas do mundo”.




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