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GUIADOS PELA BALAN\u00C7A

Do ato de deixar de comer até o de atacar a geladeira sem limites, os transtornos alimentares são movidos por uma busca pelo corpo ideal e possuem tratamentos específicos

por Pedro Hijo | fotos Fábio Peixoto

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Ingerir grandes quantidades de comida, evitar compromissos sociais para não furar a dieta, vomitar logo após as refeições e comer estritamente alimentos saudáveis podem ser características de quem lida com transtornos alimentares. As causas de distúrbios como bulimia, anorexia e compulsão alimentar são muitas: vão da predisposição genética ao esforço para se adequar a padrões estéticos.

De acordo com a psiquiatra Camila Coutinho, da clínica Holiste, os transtornos alimentares geralmente possuem alguma doença psiquiátrica de base. Sujeitos com compulsão alimentar, por exemplo, podem ter o transtorno bipolar. “Essas questões mais profundas geralmente não são abordadas e é por isso que a investigação desse comportamento disfuncional com a comida precisa ser feita de forma integrada”, comenta.

Camila Coutinho, psiquiatra da clínica Holiste

Essas questões mais profundas geralmente não são abordadas, e é por isso que a investigação desse comportamento disfuncional com a comida precisa ser feita de forma integrada”

Na clínica, o paciente conta com um programa que inclui suporte psicológico, psiquiátrico, nutricional e médico. “Com esse grupo, a nossa intenção é investigar como a pessoa lida com o próprio corpo, qual é a base dessa disfunção e tentar modificar a visão do indivíduo para a alimentação.”

Apesar de terem em comum a preocupação com o formato do corpo, existem diferenças entre os distúrbios, explica a profissional. No caso da anorexia, por exemplo, o sujeito tem uma grave distorção da sua imagem, e se enxerga sempre mais gordo do que de fato é.

Segundo a nutricionista Joyce Souza, da Clínica Holiste, os tratamentos variam de acordo com a doença, mas podem incluir remédios, psicoterapia e reeducação alimentar. “A nutrição é coadjuvante no tratamento da saúde mental, mas parte importante no processo de readequação da dieta; é preciso ensinar o paciente a se alimentar novamente”, diz.

Joyce Souza, nutricionista da Clínica Holiste

Em busca de proteção

Segundo o psicólogo Cláudio Melo, a relação do sujeito que lida com os transtornos passa pelo quadro afetivo. “O desvio da comida como um objeto de satisfação da fome para um instrumento de afeto se prolonga durante a vida. É como se o alimento desempenhasse a função de proteger o indivíduo”, comenta.

Ainda segundo o profissional, é preciso aprender a lidar com angústias e medos, e a análise pode ser um aliado nesta descoberta. “Uma pessoa que não lida bem com a falta pode desenvolver um comportamento transtornado, e com a terapia é possível aprender a lidar melhor com essas questões e conviver com mais equilíbrio.”

Cláudio Melo, psicólogo da Clínica Holiste

Uma pessoa que não lida bem com a falta pode desenvolver um comportamento transtornado, e com a terapia é possível aprender a lidar melhor com essas questões e conviver com mais equilíbrio”

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