Maio de 2009| Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão de Aveiro
CHOCOLATE
DOPING
NANOTECNOLOGIA
As origens. Os benefícios e malefícios para a saúde.
Os perigos e os casos mais insólitos.
Um mundo pequeno com grandes dimensões.
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Editorial Seja bem-vindo à nossa (e agora sua) revista! Somos um grupo de Área de Projecto do 12º ano da Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão de Aveiro e este é o culminar do nosso projecto: a Revista “+ Saúde”. Ao longo do ano lectivo 2008/2009, desenvolvemos um projecto partindo do conceito da O.M.S., de que a “Saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”, de modo a tratar esta temática nas suas diferentes vertentes. Realizámos várias actividades, entre elas um inquérito, uma entrevista, uma apresentação do projecto na escola e um site que contém todo o desenvolvimento do nosso trabalho. Com esta revista, pretendemos dar uma visão holística do conceito de saúde, sensibilizar a comunidade para alguns assuntos que são muitas vezes explicados de forma demasiado científica, chamar a atenção para alguns problemas de saúde e a forma de os solucionar, proporcionar momentos de lazer e partilhar conhecimentos. Para a sua realização, muito contribuíram os nossos colaboradores: o professor Sérgio Heleno, que nos orientou no desenvolvimento do projecto, a professora Isabel Magalhães, a quem realizámos uma entrevista sobre “o Stress” e a professora Teresa Castro, responsável pela crónica “A pista do porvir”. Agradecemos também o apoio dos nossos patrocinadores, já que permitiu a impressão desta revista. A construção desta revista foi um desafio diário: a procura de patrocinadores, de colaboradores, as pesquisas constantes, as traduções realizadas, os artigos escritos, a troca de experiências, …tudo contribuiu para que este sonho se tornasse realidade. Esperamos que a leitura desta revista seja uma experiência tão enriquecedora, como foi a sua construção para cada um de nós. Envie-nos as suas sugestões, críticas e opiniões para: maissaude@live.com.pt Não deixe de consultar o nosso site em: projectomaissaude.freehostia.com
Contextualização de temas Numa sociedade como a actual, são muitos aqueles que são acompanhados de stress no dia-a-dia. Cada vez mais, existem novos produtos e substâncias a que somos expostos. E cada vez mais são as pessoas que sofrem de doenças para as quais não se conhece cura. A MEDICINA é, portanto, muito importante para assegurar o bem-estar de um indivíduo. Nas últimas décadas, a medicina evoluiu muito com a ajuda da ciência e da TECNOLOGIA, que desempenham um papel fundamental na medida em que permitem encontrar novas formas de diagnosticar doenças e formas de cura. Mas, como já foi referido, ainda existem muitas doenças para as quais não existem cura. Por isso torna-se importante termos cuidado com comportamentos de risco. Uma ALIMENTAÇÃO saudável, a prática regular de DESPORTO e o contacto com a NATUREZA são amplamente conhecidos na prevenção de doenças. Para isso, incluímos também uma secção de conselhos de saúde, designada por QUEM TE AVISA TEU AMIGO É, que podem ser destinadas a cada situação em particular. No século XXI, as doenças psicológicas começam a ter uma incidência cada vez maior. Torna-se, por isso, importante aliviar a pressão e o stress. Para esse efeito, sugerimos alguma ACTIVIDADE TURÍSTICA, LIVROS para ler, sugestões de CINEMA para divertir, bem como PASSTEMPOS, como o próprio nome indica, para passar os seus tempos livres. Incluímos ainda CRÓNICAS e CURIOSIDADES relacionadas com temas em questão.
Diogo Cerqueira, Lin Min, Raquel Ferreira e Sofia Vale +3
Pág. 8
Memória “Conseguia memorizar séries de sílabas sem sentido, listas de mais de 100 dígitos e poemas de idiomas desconhecidos.”
Pág. 15
MEDICINA Memória PSICOLOGIA Entrevista sobre stress ALIMENTAÇÃO Benefícios de plantas ● Chocolate DESPORTO Doping PERIGOS Drogas e Toxicodependência HÁBITOS SAUDÁVEIS Inquérito TECNOLOGIA Nanotecnologia TURISMO Aveiro NATUREZA Inteligência Animal CRÓNICA Memória – A pista do porvir LAZER
14 16 18 20 22 24 26 29 30 33
RECORDES DO GUINESS
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PASSATEMPOS
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Conselhos de saúde
“O chocolate é tão poderoso que a Polícia britânica chegou a testá-lo como potencial arma contra a delinquência!”
Pág. 33
João Paulo Carvalho 919 594 636
Mediação de Seguros, Lda.
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QUEM TE AVISA TEUAMIGO É
Quem te avisa teu amigo é
Chocolate
8
Rua da Brejeira, 2C ● Rotunda de São Bernardo 3810-070 Aveiro ● Tel. 234 195 236 ● fax 234 195 237 E-mail: joão.carvalho@xseguros.pt
ALGUNS PORQUÊS DO CORPO HUMANO Porque é que estar zangado faz-nos ter menos apetite? Quando se está de estômago vazio, é habitual ter uma sensação de fome e por vezes até faz barulho. Mas, também acontece por vezes a fome desaparecer devido a um acontecimento desagradável ou quando estamos a comer e acontece algo extremamente desagradável, deixamos de ter apetite e parece que já comemos o suficiente. As emoções que uma pessoa experimenta, bem como a sua mudança, influencia o funcionamento das várias partes do corpo, sendo o estômago aquele cujo funcionamento é mais susceptível de ser alterado. Investigadores descobriram que quando há uma alteração do estado de espírito mais ou menos acentuada, o fornecimento de suco gástrico torna-se anormal não se produzindo líquido suficiente; os músculos do estômago experimentam contracções e movimentos diferentes do padrão normal e as válvulas do estômago abrem e fecham sem ritmo. Quando o córtex cerebral entra em actividade para gerir uma dada situação, essa parte é excitada e as restantes reprimidas. Tal como, quando lemos um livro fascinante, deixamos de perceber o que se passa à nossa volta, também quando temos fome, o cérebro activa a parte encarregue da alimentação, deixando de parte as restantes tarefas num estado reprimido. No entanto, quando experimentamos emoções violentas, como a ira, outras partes do cérebro ficam mais excitadas, resultando numa repressão da região correspondente à da alimentação. Assim, o apetite diminui. A situação acima descrita numa baixa frequência não tem efeitos muito prejudiciais, mas é importante referir que discutir ou tentar resolver problemas complicados com frequência antes ou depois bem como durante uma refeição pode vir a ser um sério perigo para a saúde. Algumas pessoas que têm doenças relacionadas com o estômago experimentaram por longos períodos emoções negativas. Assim sendo, há que evitar discussões e permanecer calmo antes e durante um refeição. Porque que é que os olhos ardem quando lês ou vês televisão? Um adulto em repouso pestaneja cerca de 15 vezes por minuto. Ao ver televisão ou olhar para um ecrã, pestaneja entre 7 a 8 vezes por minuto. Enquanto pisca os olhos, as pálpebras protegem o globo ocular da secura e de arranhões espalhando lágrimas através do globo ocular. Como pestanejamos menos ao ler ou olhar para um ecrã, os olhos têm tendência a ficar secos e ardem. O ritmo do pestanejar depende tanto do estado de espírito como da actividade, do nível de concentração e ainda da idade. O cansaço e alguns momentos de transição aceleram o ritmo do pestanejar e a calma
abranda o mesmo. A ansiedade pode provocar um pestanejar extremamente rápido. Um adulto agitado ou nervoso pode piscar os olhos 50 vezes por minuto. Um mau mentiroso tem tendência a piscar os olhos mais depressa depois de ter dito uma mentira, sendo esse um dos princípios em que se baseia o detector de mentiras. Como já referido, o ritmo do piscar dos olhos também depende da idade. Por exemplo, um bebé recém-nascido pestaneja 2 vezes por minuto. Além dos humanos, o pestanejar nos animais vária de espécie para espécie. O papagaio pestaneja 26 vezes por minuto; no entanto, a avestruz pestaneja apenas uma vez por minuto. Porque é que chorar também faz bem à saúde? Actualmente, há vários investigadores que reclamaram a teoria de que chorar faz bem à saúde. As lágrimas de uma pessoa quando se encontra em sofrimento e as lágrimas causadas por uma constipação ou devido corpos estranhos no olho têm componentes químicos diferentes. As lágrimas produzidas devido ao sentimento de tristeza contém uma substância que diminui o sofrimento e que atenua os seus efeitos negativos sobre a saúde. Além disso, se as lágrimas não forem libertadas, elas passam pelas fossas nasais entrando no estômago. Assim, as substâncias prejudiciais que as lágrimas contenham podem provocar asma, úlceras gástricas e vários problemas relacionados com o sistema circulatório. Uma investigação mais avançada indica que as lágrimas libertadas em casos de sofrimento tem uma grande concentração em proteínas. Esta proteínas são produzidas em situações de depressão, e as lágrimas libertadas nestas situações vão precisamente retirar essas substâncias depressoras do organismo, atenuando os efeitos negativos que emoções negativas e substâncias prejudiciais têm sobre ele. Porque é que se utiliza a biometria? A biometria é uma tecnologia que utiliza características biológicas únicas para verificar a identidade de uma pessoa. Essas características incluem impressões digitais, varredura de íris e retina, geometria da mão, padrões de voz e reconhecimento facial, entre outras.
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MEDICINAS ALTERNATIVAS Segundo a O.M.S. (Organização Mundial de Saúde), a saúde não se traduz somente na ausência de doença, mas engloba o completo equilíbrio do indivíduo em termos físicos, mentais e sociais. É neste sentido que as pessoas procuram cada vez mais o bemestar físico e mental. Uma alternativa muitas vezes encontrada, em particular nos últimos anos, é a das medicinas alternativas. As medicinas alternativas são entendidas como o conjunto de práticas de terapias sem validação científica ou que não estão acessíveis ao método científico. Esta ausência de aprovação científica é vista com alguma preocupação, nomeadamente pela O.M.S. Estes tratamentos alternativos, segundo a O.M.S, têm de ser encarados com muita cautela, devido ao facto de existirem muitos terapeutas que se deixam influenciar pelas suas crenças. Para além do referido, existem também pessoas que se valem da ignorância e boa fé de outros para tirarem benefício próprio. Posto isto, as medicinas alternativas vivem rodeadas de desconfiança e muita preocupação. Nesse sentido, foram estabelecidas em 1989 as possíveis formas de verificar a validade de técnicas diagnósticas e terapêuticas: - revisão sistemática de experiências aleatoriamente controladas; - perspectivas clínicas; - consenso médico baseado na experiência individual. Façamos agora uma síntese de alguns tipos de medicina alternativa: Acupunctura É uma das mais antigas práticas tradicionais, e consiste na inserção de agulhas em pontos definidos do corpo para reequilibrar a energia vital e obter efeitos terapêuticos ainda inexplicáveis para a medicina tradicional.
Osteopatia É uma ciência terapêutica baseada na biomecânica do corpo, através da massagem. Naturopatia Trata doenças através de processos naturais, deixando que seja o próprio corpo a reagir com a sua energia vital e os mecanismos homeostáticos (de defesa e reequilíbrio).
“Naturopatia ‐ trata doenças através de processos naturais” Reiki Terapia que se baseia na manipulação da energia vital pela imposição das mãos do terapeuta sobre os pontos afectados do corpo, o qual abre os canais energéticos, removendo os bloqueios e repondo o equilíbrio. Shiatsu Consiste numa massagem japonesa que utiliza os dedos e as palmas das mãos para pressionar os pontos meridianos da acupunctura, restabelecendo o fluxo energético e corrigindo disfunções internas. Quiroprática Esta especialidade recorre a uma metodologia única que visa a recuperação da actividade e da capacidade de resposta do sistema nervoso. Iridologia É um método pré-diagnóstico que permite estudar a íris para detectar as alterações orgânicas, metabólicas, nervosas e outras que ocorrem no organismo. Todas as partes do ser humano estão representadas na zona colorida dos olhos, daí que a observação da pigmentação e da estrutura das suas fibras possa revelar muito sobre o estado de saúde da pessoa.
Acupunctura +6
Homeopatia Significa “os semelhantes curam-se pelos semelhantes”, porque aquilo que provoca a doença também a cura. São utilizadas doses em pequenas quantidades da substância que provocaria a doença em quantidades normais, de modo a curar essa mesma doença.
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Como se formam as recordações? Por que é que recordamos momentos durante toda a vida e esquecemos outros quase instantaneamente? A ciência já tem respostas para isto e muito mais….
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Medicina Em termos científicos, a memória é a capacidade intelectual que nos permite registar a informação, armazená-la e, mais tarde, convertê-la em recordação. Os mecanismos da memória são muito complexos e, excepto em situações de grande impacto emocional, as memórias não se formam no momento. A informação recebida é guardada inicialmente na forma de memória de curto prazo, primeiro no córtex visual (durante fracções de segundo) e seguidamente no córtex frontal (durante alguns segundos). Quando a informação é suficientemente maturada, a potencialização a longo prazo (PLP) é activada e a informação é transformada em recordação. Em termos moleculares, a PLP leva à segregação de substâncias que “fixam” as recordações. As ligações entre os neurónios são fortalecidas e o cérebro torna-se numa base de dados permanente e com uma capacidade extraordinária avaliada em 108432 bits! Contudo, nem toda a informação recebida se torna em recordação, pois nós somos cerebralmente selectivos. Os neurocientistas descobriram que a memória não reside num lugar concreto do cérebro, mas sim que os dados se distribuem por toda a matéria cinzenta. Contudo, existe uma espécie de torre de controlo, o hipocampo, que decide o que se deve guardar e o que deve ser esquecido rapidamente. Guardamos mais facilmente o que nos interessa e aquilo a que prestamos mais atenção. Mas prestar atenção não é o suficiente! Também é muito importante a repetição do exercício mental para que as ligações entre os neurónios sejam mais duradouras. Além disso, está provado que se memoriza melhor aquilo que se entende, que se associa a outros conhecimentos e sobretudo o que implica emoção. Existem dois tipos de memória. Uma memória, a memória declarativa, funciona a nível consciente e fixa
os acontecimentos, como situações da vida quotidiana, as imagens e os sons que podemos recordar. A outra, a memória procedural, funciona automaticamente e está relacionada com as capacidades motoras e cognitivas. As recordações são armazenadas em locais diferentes, dependendo do tipo de memória. Por exemplo, o suporte das emoções é da responsabilidade da amígdala, enquanto que o suporte dos hábitos/ talentos são os gânglios da base e o cerebelo.
A memória é selectiva! Retemos: 10% do que lemos 20% do que ouvimos 30% do que vemos 50% do que vemos e ouvimos 70% do que dizemos aos outros 90% do que dizemos e fazemos
+9 Esquema de neurónios em actividade sináptica.
MENTE CONFUSA Alzheimer, amnésia, déjà vu, jamais vu e falsas memórias são apenas alguns dos problemas que afectam muitas memórias. A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa provocada essencialmente pela acumulação de agregados de proteína beta-amilóide e uma proteína resultante da mutação da proteína tau no cérebro. O primeiro a descrever esta doença foi Alois Alzheimer em 1906, que a definia como uma patologia neurológica que causa demência, destacando-se os sintomas de défice de memória, alterações de comportamento e incapacidade para actividades rotineiras. Os doentes em fase inicial são incapazes de recordar acontecimentos recentes, mas conservam a memória de acontecimentos antigos. Contudo, à medida que a doença avança, as velhas memórias também se apagam e os doentes deixam mesmo de reconhecer os familiares e perdem completamente a autonomia. Estima-se que existam mais de 70 mil casos em Portugal e a esperança média de vida destes doentes está entre dois e quinze anos. A amnésia é a perda total ou parcial da memória e na Hum, o que é que eu estou aqui a fazer? maioria dos casos é temporária. Existem dois tipos de amnésia: a anterógrada e a retrógrada. A anterógrada é aquela subsequente a um trauma cerebral e a pessoa tem dificuldade em recordar eventos recentes, mas consegue lembrar-se de eventos ocorridos antes do trauma. A retrógrada é aquela em que a pessoa consegue formar novas memórias, mas não consegue lembrar-se de eventos anteriores ao trauma. O déjà vu (“já visto”) é um fenómeno muito comum e define-se pela sensação de viver um experiência já experimentada. Este fenómeno deve-se aos pequenos lapsos que se produzem no armazenamento da memória e da recordação. O fenómeno contrário, isto é, a falta de familiaridade perante situações conhecidas, denomina-se por jamais vu (“nunca visto”). As falsas memórias ocorrem quando visualizamos na nossa mente determinadas situações ou somos capazes de indicar detalhes de determinados acontecimentos que parecem ter-se passado connosco, mas que na verdade são apenas a confusão de uma recordação.
EXTREMOS DA MEMÓRIA Savants + 10
O psicólogo Darold A. Treffert estuda a síndrome de savant há já quarenta anos. Define os savants como alguém que padece de uma deficiência mental e que seria chamado de génio se não possuísse essa deficiência. Existem savants com as chamadas capacidades fragmentárias, como memorizar matrículas ou trivialidades desportivas; há os savants talentosos que têm um talento óbvio que contrasta com a doença e ainda os savants prodigiosos, que têm capacidades extraordinárias, mesmo quando vistas em seres sem deficiência.
Kim Peek – savant de 53 anos com capacidades intelectuais fabulosas. Os savants prodigiosos sabem coisas que nunca aprenderam e têm capacidades que passam pela música, arte e matemática. Existem menos de cem savants prodigiosos no mundo! Temos como exemplos de savants George Widener, que consegue saber em que dia da semana é uma qualquer data em poucos segundos ou Kim Peek que lê 500 páginas por hora e já memorizou 9000 livros. Ambos sofrem de autismo: alteração cerebral que afecta a capacidade da pessoa comunicar, estabelecer relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente. George Widener foi sujeito a testes cerebrais para se tentar compreender como funciona o seu cérebro. A professora Joy Hirsch, uma conceituada neurologista de Universidade da Columbia chegou à conclusão que ele usa áreas do cérebro diferentes das nossas ao reali- George Widener – savant zar os seus cálculos ou ao prodigioso apaixonado identificar objectos. por números.
Esta neurologista põe duas hipóteses: ou George já nasceu com o cérebro organizado desta maneira ou desenvolveu-o. Contudo, para Treffert, o início das capacidades de um savant dá-se no útero, quando os dois hemisférios começam a batalha pela supremacia. Segundo Trefferd, o principal responsável é a hormona masculina: a testosterona. Enquanto o feto se desenvolve, a testosterona atinge valores altíssimos, quase iguais aos de um adulto. Em casos raros, esta torrente de testosterona afecta as ligações neurológicas e causa danos no hemisfério esquerdo. Deste modo, o hemisfério direito terá de compensar os problemas do esquerdo que, como não tem tanto controlo lógico, dará origem a um indivíduo mais criativo (capacidades existentes no direito). O psicólogo Allan Snyder acredita que todos temos um savant dentro de nós. Garante que nas suas experiências com voluntários conseguiu, através da estimulação magnética transcraniana (EMTr), bloquear a actividade do hemisfério esquerdo e libertar o savant que existe dentro deles. Realizou vários testes antes e depois da estimulação e comparou os resultados. Alguns dos testes foram: desenhar um cavalo, observar um provérbio detectando a palavra repetida e dizer quantos pontos aparecem num ecrã cheio deles em poucos segundos. A. Snyder verificou que, após a estimulação durante quinze minutos, o desenho do cavalo melhorava drasticamente, a palavra repetida era logo detectada, e a aproximação ao número real de pontos era muito maior.
Outras memórias geniais AJ, nome dado pelos investigadores, recorda todos os dias da sua vida desde os onze anos de idade com uma precisão fotográfica. É um exemplo de uma memória prodigiosa, mas ao mesmo tempo assustadora, porque todos os dias se culpa de escolhas passadas e não se consegue libertar de momentos dolorosos. Outra mente prodigiosa é a do russo Shereshevski. Era jornalista e nunca tirava notas para preparar um artigo, por mais complexo que fosse. Conseguia
memorizar séries de sílabas sem sentido, listas de mais de 100 dígitos e poemas de idiomas desconhecidos. Segundo o psicólogo Aleksandr R. Luria, o segredo estava na sua capacidade para formar imagens mentais.
TREINO MENTAL Apesar da maioria das pessoas não ter memórias geniais, esta é uma possibilidade que está ao alcance de quase todos, bastando investir várias horas num treino mental correcto. Alguns métodos que ajudam a desenvolver o cérebro são: a utilização das duas mãos, para ajudar a desenvolver os dois hemisférios cerebrais, como por exemplo escrever e pentear com a mão menos desenvolvida; fechar os olhos, por exemplo, no banho ou a comer para ajudar a desenvolver outros sentidos; tentar fazer algo diferente, como não escolher sempre o mesmo lugar e experimentar jogos como xadrez e cartas para desenvolver capacidades diversas. Para o desenvolvimento específico da memória, podem fazer-se exercícios de cálculo mental, tentar memorizar sequência e poemas, e devem-se procurar estratégias de memorização como a ligação de conhecimentos a imagens. Para além da exercitação mental, há acções que ajudam no desenvolvimento de uma memória melhor. Dormir bem é uma delas, já que é durante o sono que o que aprendemos durante o dia se “prende” melhor ao cérebro e praticamos novas capacidade. Outro ponto importante é a alimentação, porque 30% das calorias que consumimos diariamente são utilizadas pelo cérebro. O exercício físico tem igualmente grande impacto, pois leva a uma maior oxigenação do cérebro. O oxigénio, por sua vez, faz com que haja uma maior produção de neurónios e, assim, um consequente favorecimento da memória. •
CITAÇÕES
• “Não guardar nunca na cabeça o que couber num
bolso”; Albert Einstein • “A memória é a consciência inserida no tempo”; Fernando Pessoa • “Só quando tivermos aprendido a amar o esquecimento aprenderemos a arte de viver”; Oscar Wilde • “A memória diminui se não for exercitada.”; Marcus Cícero A persistência da memória, pintura de Salvador Dalí, 1931
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Psicologia
ENTREVISTA SOBRE STRESS A revista “+ Saúde” foi entrevistar a professora de psicologia Isabel Magalhães para nos falar de um tema que afecta a sociedade actual: “o Stress”. A professora Isabel Magalhães nasceu em 1952, é licenciada em Filosofia e tem mestrado em Psicologia, tendo como tema de tese “Psicologia Pedagógica”. Dá aulas há 32 anos e lecciona na Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão há 21.
Professora Isabel Magalhães Revista “+ Saúde” (+S): Quais são os sintomas do stress? Professora Isabel Magalhães (P.I.M.): Os sintomas do stress são, de forma geral: fadiga, dores de cabeça, tensão nervosa, ansiedade, depressão, exaustão e irritabilidade. Para além disso, há ainda o foro patológico, como por exemplo a depressão e as úlceras gástricas. Neste sentido, acho importante fazer uma pequena introdução ao conceito de stress, que segundo os investigadores nem sempre é negativo. O que consideramos normalmente negativo é o stress crónico que os investigadores designam por disstress. Esse sim, é o stress que dá origem a todos aqueles sintomas que referimos e que convém ter atenção, sendo o stress típico das sociedades modernas devido ao ritmo acelerado de vida e à luta por um estatuto social. Para além disso, há um chamado stress positivo, o eustress, que é aquele stress que prepara o nosso organismo para reagir a situações de desafio e que desaparece naturalmente quando conseguimos o tipo de resposta que procuramos, ou seja, é um mecanismo de adaptação às circunstâncias que prepara todo o nosso organismo. Por exemplo, na prá+ 12
tica de desportos radicais experimenta-se o eustress e não o disstress. Neste caso, é o organismo que através das supra-renais começa a segregar mais adrenalina preparando o organismo para reagir à situação. +S: Biologicamente, como é que podemos caracterizar o stress? P.I.M.: Biologicamente, o stress é uma resposta que o organismo prepara para situações que homem tem de enfrentar. Nestas situações ocorre um aumento da pressão sanguínea, a formação de placas nas artérias e palpitações cardíacas, dificultando o bombeamento do sangue no coração. Ocorrem também problemas ao nível de memória: há morte de neurónios do hipocampo e isso está relacionado com o caso das “brancas”, em que pessoas, cheias de stress, querem lembrar-se de qualquer assunto que dominam bem não conseguem. Se o hipocampo, que é o centro da memória está afectado, a aprendizagem também o será, diminuindo o nosso ritmo de aprendizagem. O stress pode igualmente provocar um tipo de obesidade que se sente fundamentalmente ao nível da cintura, sendo por isso bastante perigosa. De uma forma geral, há uma fase em que o organismo tem consciência do estado de tensão em que se encontra. Seguidamente há uma fase de resistência em que o organismo se adapta através das secreções hormonais para aguentar o impacto do stress e, se não houver estratégias de coping1, ou seja, momentos em que se transforma o disstress em eustress, pode levar à exaustão e mesmo à morte. +S: Quais são as principais causas do stress? P.I.M: A principal causa do stress é a luta por um estatuto na sociedade, porque as pessoas procuram cada vez mais ascender ao topo da hierarquia social e isso exige um desgaste muito grande. É certo que as pessoa que chegam ao topo dessa hierarquia, ou seja as que chegam ao nível da autorealização na Pirâmide de Maslow2 têm níveis de stress menores, porque se dedicam a fazer aquilo que gostam e conseguiram chegar aos patamares que ambicionavam, sentindo que têm controlo sobre o seu próprio trabalho e sobre a sua qualidade de vida. Já as pessoas que estão na base das hierarquias sociais vivem num stress constante, lutando pela própria sobrevivência e não dominando a sua própria vida. Sentem-se, deste modo, muito ansiosas, tendo uma grande probabilidade de ter doenças ligadas com o stress, como úlceras gástricas. Estas úlceras são provocadas por bactérias, mas é o stress que causa deficiências ao nível do sistema imunológico, facilitando a acção das bactérias.
Um grupo que sente muito stress são os estudantes, que lutam por entrar num curso que lhes irá provocar menos disstress. Existe, no entanto, a estratégia de coping que é o próprio reforço por terem conseguido chegar ao patamar que ambicionavam, passando o disstress para eustress. +S: Que técnicas de prevenção de stress existem actualmente? P.I.M.: O ideal seria mudar a sociedade toda! Ou seja, as pessoas não serem tão ambiciosas do ponto de vista monetário, conseguirem estruturar uma sociedade com determinados valores, em que as pessoas se reconhecessem e dessem valor àquilo que tem e não só àquilo que não têm. Estão sempre numa luta desenfreada para obter o que ainda não têm e quando chegam ao que têm, já não valorizam e partem para outro patamar. Antigamente, as sociedades não eram assim. Hoje, vive-se muito em função do “ter” o não do “Ser”. Para mudar isso é necessário voltar a uma sociedade com determinados valores e menos consumista. Por outro lado, as pessoas podem arranjar actividades em que controlem o stress e em que se sintam bem. Por exemplo, fazerem parte de um grupo qual-
CONTACTOS: Aveiro
234 429 185 234 347 227 Águeda 234 623 800 Estarreja 234 842 044
quer, em que se sintam motivadas como campanhas de voluntariado ou fazerem grupos de desporto em que são reconhecidos socialmente. O desporto é, assim, uma estratégia de coping muito utilizada. Dormir bem é também fundamental, mas isso está interligado, porque ao praticar desporto há maior libertação de dopamina3 e as pessoas ficam mais felizes. Se ficam mais felizes e mais relaxadas, dormem melhor. +S: Já que não podemos mudar toda a sociedade temos que tentar mudar os nossos comportamentos, tentando transformar o disstress em eustress. É assim? P.I.M.: É isso mesmo. 1-Coping - Conjunto de estratégias para responder a um acontecimento stressante. 2-Pirâmide de Maslow - pirâmide que explica a teoria motivacional de Abraham Maslow, segundo a qual os seres humanos satisfazem primeiro as necessidades de défice (fisiológicas, segurança, afecto e pertença e estima) e só depois as necessidades de auto-realização. 3-Dopamina - Neurotransmissor que tem como função a actividade estimulante do sistema nervoso central.
DESDE 1979 30 ANOS
de profissionalismo e seriedade no universo das empresas do nosso ramo sediadas no distrito de Aveiro; somos indiscutivelmente os líderes na prestação de serviço de viagens e turismo.
A Turvela apoia o Projecto Revista “+ Saúde” + 13
Alimentação
BENEFICIOS DE PLANTAS PLANTAS MEDICINAIS Uma planta medicinal é uma planta cuja parte ou partes contenham substâncias que possam ser usados para fins terapêuticos ou que sejam um precursor para a síntese de drogas úteis. Uma planta de conhecimento geral com funções terapêuticas é a Aloé Vera. A Aloé Vera pode ser usada para aliviar a tosse e a amenorreia (ausência de menstruação). No Algarve, o chá da rama da erva-de-são-roberto é utilizada para o estômago e para purificar o sangue. A cozedura do estevão é usada para combater queda de cabelo. A rama da arruda, em fogo ou sobre brasas, de acordo com a sabedoria tradicional, ajuda a combater “o mal da Lua” que afecta bebés provocando diarreias, tremores e, em certas ocasiões, a morte. Os tremoços foram referidos como favoráveis a diminuir as diabetes, engolindo um a três tremoços secos e crus por dia. A folha de louro, utilizada muito na cozinha portuguesa, em chá, pode ser utilizada como potencial paliativo para aliviar a ressaca. A batata, um alimento do dia-a-dia na gastronomia portuguesa, também pode ter um fim terapêutico. Rodelas de batatas aplicadas em forma de cataplasma na testa do doente podem curar a febre. O alecrim é sugerido para afastar maus espíritos. A sua rama usada em chá pode servir de defumadouros para desinfectar a casa. Foram identificadas utilidades para pelo menos 173 espécies botânicas de acordo com os conhecimentos de medicina popular portuguesa.
SOJA A soja é uma planta herbácea e provém da família das leguminosas. Chegou ao Ocidente no início do século XX, mas já no século XI a.C. era utilizada nas cozinhas chinesas, sendo considerada uma das cinco sementes sagradas. Foi-lhe inclusivamente atribuída a própria sobrevivência da China, devido ao seu uso nutricional como principal fonte proteica. Actualmente, é um alimento funcional, que fornece nutrientes ao organismo e traz benefícios para a saúde. A soja tem um enquadramento medicinal comprovado através de estudos cujo objectivo é prevenir e reduzir o risco de certas doenças, melhorando a qualidade de vida. Os produtos à base de soja reduzem o mau colesterol e, graças à hormona vegetal isoflavona (substância gerada no aparelho digestivo), tornam as artérias mais flexíveis e reduzem a probabilidade de se vir a ter arteriosclerose. O consumo diário de soja + 14
diminui também o risco de cancro da mama e da próstata, e as suas fibras agem como reguladores do nível de glicose. Por fim, atenua ainda os desconfortos do clima, como os suores nocturnos e as ondas de calor, e ajuda a fixar o cálcio, fortalecendo a estrutura óssea. Analisamos de seguida, pormenorizadamente, as vantagens acima referidas: Cancro: o grão de soja contém um composto singular denominado de fitoestrogénio, responsável pela redução da probabilidade de contrair cancro. Colesterol: Os altos níveis de colesterol sanguíneo estão associados às doenças cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio e arteriosclerose. Pesquisas feitas pela American Heart Association têm demonstrado que a ingestão de proteínas de soja reduz as taxas de colesterol. Ossos: Com o envelhecimento, a perda de cálcio aumenta, resultando na osteoperose. Na menopausa, esta situação agrava-se com a deficiência hormonal ovariana. Dada a sua função estrogénica, a soja pode auxiliar a manter a estrutura óssea. Diabetes: As fibras da soja exercem importante papel na regulação dos níveis de glicose no sangue, pois retardam a sua absorção. Essa redução na velocidade de absorção da glicose auxilia no controle da diabetes. Outras doenças: Existem provas de que consumo de soja tem um efeito positivo no controle de outras doenças como hipertensão, litíase ( cálculos biliares) e doenças renais. Deve-se igualmente salientar a importância da soja na agricultura. A soja tem uma bactéria que fixa o azoto no solo, evitando assim o uso de adubos químicos que possam prejudicar o equilíbrio do ecossistema. É claro que um só alimento não tem a capacidade de impedir todas as doenças e as respectivas manifestações, pois não só de soja vive o homem. No entanto, a adição deste grão à dieta, juntamente com um estilo saudável de vida, promoverá um aumento na capacidade de prevenção de Soja doenças.
CHOCOLATE ORIGEM Acredita-se que o cacaueiro teve origem nas bacias do Amazonas e do Orinoco, na América do Sul. Os maias foram o primeiro povo que cultivou o cacau, levando-o consigo quando emigraram para Yucatán (ou Iucatão). A realeza asteca deliciava-se com uma bebida de chocolate amargo, feito com sementes de cacau trituradas e misturadas com milho fermentado ou vinho. Diz-se que o imperador asteca Montezuma tomava mais de 50 taças por dia! Os astecas também usavam as sementes de cacau como moeda de troca. O conquistador espanhol Hernán Cortés, ao notar a importância do cacau para os astecas, introduziu a cultura deste “ouro castanho”, como ele lhe chamava. A Espanha passou então a controlar o mercado do cacau, desde o século XVI até ao século XVIII, levando-o para Haiti, Trindade e a ilha Bioko, na África Ocidental. É aí que, actualmente, se situam os 4 maiores produtores de cacau do mundo: Costa do Marfim (38%), Gana (17,8%), Nigéria (7,77%) e Camarões (5,47%).
PRODUÇÃO A melhor condição para a plantação dos cacaueiros tropicais varia entre os 20⁰ Norte ou Sul do equador. Vicejam na sombra e no clima húmido, dando flores e frutos todo o ano. Os frutos são colhidos maduros; no seu interior, existem entre 20 e 50 sementes envoltas numa polpa branca meio-amarga. Estas sementes são retiradas manualmente, sendo depois cobertas. Alguns dias depois, a polpa fermenta e as sementes adquirem um tom castanho achocolatado. A seguir, secam-se as sementes, quer expondo-as ao sol quente, quer com secadores mecânicos, para se conservarem melhor na exportação ou no armazenamento. Depois de secarem, as sementes são ensacadas e despachadas para fabricantes de chocolate no mundo inteiro. A maior parte dos fabricantes localiza-se na Europa e na América do Norte. Dois punhados de sementes secas dão para fazer meio quilo de chocolate. Há, basicamente, 2 tipos de sementes de cacau: o forasteiro e o crioulo. O forasteiro é o tipo mais comum e mais barato, sendo cultivado na África Ocidental, no Brasil e no Sudeste Asiático. O crioulo é o cacau aromatizante, dando um sabor floral ou a nozes ao chocolate. É cultivado numa escala bem menor do que o forasteiro. Os seus principais produtores são a América Central, o Equador e a Venezuela.
FABRICO Na fábrica, as sementes são limpas e classificadas, sendo depois torradas para realçar o sabor. A
seguir, são descascadas, e as amêndoas castanhoescuras são usadas como base para o chocolate e o cacau em pó. Estas amêndoas são trituradas, criandose uma pasta espessa castanho-escura, conhecida como licor de cacau. O licor, depois de endurecido, é vendido como barras de chocolate para cobertura. Para extrair a manteiga do cacau, o licor é submetido a altas pressões, uma invenção de van Houten; daí, resulta uma massa que é convertida em cacau em pó. Ao acrescentar-se mais manteiga de cacau ao licor, esta mistura está quase a tornar-se o chocolate que comemos em forma de barra ou de bombons. Depois de passar por processos de revolvimento e de refinamento, temos então o tipo de chocolate apreciado por todos.
APLICAÇÕES Actualmente, o chocolate passou a ser mais do que um simples doce, passando a ser usado até para roupas e acessórios. Na área da saúde, estudos científicos provaram que os grãos de cacau têm um efeito no organismo semelhante ao de uma aspirina, e reduz a aglutinação das plaquetas sanguíneas e o risco de ataque cardíaco. Mas atenção: este efeito só existe no chocolate puro, e não em bombons ou rebuçados, que contêm açúcares e manteigas. Diane Becker, autora de um estudo para a American Heart Association, recomenda duas colheres de sopa de chocolate negro todos os dias, se possível com extractos de cacau. O seu consumo diário fornece ao organismo ferro, potássio, fósforo e vitamina E, e estima-se que uma caneca de chocolate é suficiente para se aguentar um dia inteiro de viagem. Outras investigações referem ainda as propriedades antioxidantes dos flavonóides do chocolate, cujo consumo moderado ajuda a evitar os sintomas da menopausa. O chocolate é tão poderoso que a Polícia britânica chegou a testá-lo como potencial arma contra a delinquência! O chocolate puro contém um aminoácido chamado feniletilalanina, que possui as propriedades de um anti-depressivo natural. Ajuda a melhorar a disposição das pessoas, podendo contribuir para reduzir a criminalidade, e aumenta o rendimento no trabalho ou no desporto. Hoje em dia, nas terapias termais, podem-se até mesmo tomar banhos de chocolate, substituindo a lama ou o óleo. É também usado como máscara facial para retardar os sinais de envelhecimento. Outra das suas utilizações é como estimulante cerebral, sendo usado por jogadores de xadrez durante os jogos, melhorando o rendimento metal, a atenção e a sensibilidade. + 15
Desporto
DOPING “O uso do doping é contraditório, pois a sua utilização transforma o desportista num objecto que se utiliza e manipula (…) Na base desta morte esteve o facto desta atleta ter passado 6 anos a tomar mais de 400 injecções de diversos produtos dopantes.”
A HISTÓRIA Doping tem origem na palavra “doop”, que significa um sumo viscoso obtido do ópio. Segundo as organizações mundiais de saúde e desporto, este fenómeno pode ser considerado o uso de uma qualquer substância proibida pela regulamentação desportiva, tendo por objectivo melhorar o desempenho físico e/ou mental, através de meios artificiais. Consequentemente, o doping é um acto eticamente reprovável, fazendo com que os atletas se apresentem em competição em situação de desigualdade, além de provocar malefícios orgânicos. Ao contrário do que se possa pensar, o doping não é um fenómeno recente. Aliás, já desde o século III a.C. que os gregos usavam cogumelos alucinogénicos para aumentar a sua performance desportiva. Também os romanos tomavam estimulantes para enfrentar as provas desportivas, sendo as mais utilizadas cafeína, nitroglicerina, álcool, ópio e até estricnina. No entanto, foi no XIX que foi relatado o primeiro caso de doping em competições oficiais. O protagonista desta situação foi um ciclista inglês, que em 1886, morreu de overdose por “trimetril” numa corrida em Bordéus. Apesar de em 1910 já haver controlo de substâncias dopantes nos cavalos de corrida, no que toca aos humanos este só surgiu nos anos 60. O grande responsável por este desenvolvimento foi Arnold Becker, que aplicou técnicas de cromatografia de gás para detectar substâncias dopantes. Na sequência desta criação, em 1966 já a FIFA controlava os atletas, sendo que, em 1968, nos jogos olímpicos de Inverno, já havia uma lista elaborada com substâncias ilícitas.
OS MOTIVOS Por vezes, é bastante complicado tentar compreender a razão que leva os atletas a recorrerem a estas substâncias ilegais, até porque actualmente os controlos anti-doping são bastante eficazes. Mas a verdade é que não estamos na pele desses atletas. É de reparar que estes são submetidos a uma constante pressão no sentido de lhes exigir resultados. Isto só é pos+ 16
sível através de uma constante e contínua superação dos seus rendimentos desportivos. Se pensarmos bem, na nossa sociedade, os medicamentos que fazem parte de grande parte das populações não se usam somente para curar doenças. Estes podem ser também utilizados para ajudar a superar estados fisiológicos limites, tais como o cansaço, a dor e o sono. Ora, o desportista também recorre a substâncias para aumentar a sua força e massa muscular, a sua capacidade cardíaca, entre outras vantagens. Podemos então concluir que o doping é utilizado para conseguir a vitória com o menor esforço possível. O organismo nem sempre está preparado para responder às exigências que um atleta tem de enfrentar. Nestes casos, o atleta, tendo consciência que não irá conseguir obter resultados através de meios naturais e justos, acaba por recorrer ao doping, na expectativa de adquirir melhores resultados (resultados estes que muitas vezes lhe são exigidos) e os respectivos benefícios.
Doping
SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS DE DOPAGEM Mas afinal de que substâncias estamos a falar quando nos referimos ao doping? Actualmente, o Comité Olímpico Internacional pune os atletas que apresentarem substâncias como os estimulantes, os narcóticos, os esteróides anabólicos, os betabloqueantes, os diuréticos e as hormonas peptídicas e análogos. Todas estas substâncias são de difícil pronúncia. Muito possivelmente nem os próprios atletas saberão ao certo o que estão a tomar, mas essa não é a questão chave. O importante é que as substâncias introduzidas no organismo lhes forneçam a possibilidade de alcançar metas que jamais estariam nos seus horizontes por meios naturais.
Dentro dos diversos métodos de dopagem possíveis (alguns nem serão conhecidos ou detectáveis), há dois que se destacam: a dopagem sanguínea, que consiste na introdução de substâncias no sangue ou através de transfusões sanguíneas, e a manipulação farmacológica, física e química da urina. Todos estes meios visam aumentar as capacidades dos atletas.
PROBLEMAS O doping, ao ser utilizado, arrasta consigo uma série de questões éticas com fundamentos. Se pensarmos que um dos objectivos do desporto se baseia no desenvolvimento integral do desportista e no respeito pela sua liberdade e dignidade, então o uso do doping é contraditório porque a sua utilização transforma o desportista num objecto que se utiliza e manipula, como se fosse uma máquina que tem de render ao máximo, mesmo que para tal não dure muito tempo. Para além do referido, contradiz também a finalidade do desporto de melhorar a saúde física, mental e social do indivíduo. Num plano mais sanitário, a utilização do doping é potencialmente perigosa para a saúde porque sujeita o organismo à ultrapassagem dos seus próprios limites e produz alterações tanto na perspectiva física como também na psicológica. Não esquecer igualmente a possível dependência ao nível das drogas, o que leva a uma degeneração física, muitas vezes irreversível.
- Em 1968, o halterofilista russo Kaarlo Kangasniemi, ao erguer uma barra de 160 quilos, ficou com um dos músculos das costas inchado devido ao uso de anabolizantes, levando a que este se rompesse. Como consequência, a barra que segurava caiu-lhe na nuca, quebrou uma das vértebras, fazendo com que este atleta ficasse paralisado para o resto da sua vida. - Em 1984, o húngaro Janos Farago morreu com cancro e com uma inflamação renal, sendo esta provocada pelo uso de anabolizantes. - Em 1987, aos 26 anos e depois de ter passado subitamente do 33º posto do ranking mundial de heptatlo para o 6º, a alemã Birgit Dressel foi hospitalizada com urgências, morrendo no entanto no próprio dia. Na base desta morte esteve o facto desta atleta alemã ter passado 6 anos a tomar mais de 400 injecções de diversos produtos dopantes.
CASOS REAIS Birgit Dressel O tema do doping é muito falado, juntamente com os respectivos riscos. No entanto, não existe uma consciência clara daquilo que facto pode advir do uso de substâncias ilegais. Posto isto, resolvemos dar alguns exemplos daquilo que o doping realmente provoca, deixando para segundo plano as vitórias e os sucessos:
De destacar a história de um ciclista dinamarquês, chamado Knut Jensen, que foi o primeiro atleta a morrer numa competição olímpica (no caso Roma em 1960), devido a um colapso provocado pela ingestão de anfetaminas.
Kaarlo Kangasniemi + 17
Perigos
DROGAS E TOXICODEPENDÊNCIA O QUE SÃO AS DROGAS? Quando nos referimos a drogas, a maioria das pessoas relacionam-nas com substâncias conhecidas como drogas de rua ou substâncias que têm efeitos claramente negativos. O conceito não abrange só as drogas de rua de que ouvimos falar, mas também certas substâncias de uso clínico, como a muito conhecida morfina, e nem todas são prejudiciais. É considerada DROGA qualquer substância cuja acção se exerce no sistema nervoso, sendo possível alterar o comportamento ou a consciência do utilizador. As drogas distinguem-se em lícitas e ilícitas. Das lícitas constam substâncias que normalmente uma pessoa não associa tanto à palavra “droga”. É o caso do álcool do tabaco, do café, do chá e de medicamentos genéricos. As ilícitas são geralmente aquelas que as pessoas associam mais ao conceito: LSD, ecstasy, anfetaminas, entre outros. Há também por vezes, a ideia de que algo que é natural não faz mal, como um mito falso relacionado com a cannabis: “A cannabis por ser um produto natural é inócuo”, dado que o facto de ser de origem natural não implica que não tenha efeitos nocivos para a saúde.
TIPOS DE DROGA Estimulantes As drogas estimulantes são aquelas em que os efeitos são frequentemente procurados: a euforia, a agitação, o aumento de auto-confiança, o aumento de concentração e de atenção e desinibição. Nesta categoria estão incluídas substâncias como cocaína, ecstasy, anfetaminas e solventes voláteis. O ecstasy, por exemplo, uma droga sintética bastante conhecida entre jovens, pode ter efeitos como facilidade nas relações interpessoais, bom humor e perda de apetite, para os que estão de dieta. No entanto, com estes efeitos, vêm outros não tão bem-vindos como alterações na percepção, tensão muscular, ansiedade e aumento da tensão arterial. O consumo de uma quantidade excessiva, ou seja, overdose, leva à intoxicação, e o consumo prolongado pode ainda levar a problemas cardíacos e a estados psicóticos. O ecstasy encontra-se no mercado em cápsulas e comprimidos de diferentes cores com desenhos marcados. Consoante o desenho, é dado um nome diferente, podendo ser facilmente modificadas em laboratório, donde vem o nome de drogas de desenho. A cocaína, originada a partir da folha da coca, sen+ 18
do também um estimulante, produz os efeitos já referidos. No entanto, pode também levar ao pânico, alucinações, impotência, problemas respiratórios e lesões nas mucosas nasais quando inalada. É também denominada de gulosa devido à fácil dependência que consegue criar no consumidor. Leva a situações de viver só para e por causa da cocaína, considerando-se então o indivíduo um doente compulsivo. É do senso comum que a injecção de uma droga tem um efeito mais rápido e nocivo sobre a saúde. No entanto, neste caso, o consumo por inalação tem na verdade efeitos mais nocivos do que a injecção.
Diversos tipos de comprimidos de ecstasy
Psicadélicas ou perturbadoras Quanto às drogas psicadélicas, estas provocam muitas vezes alterações na percepção ou alucinações. Estão incluídas nesta categoria substâncias como hetamina, LSD, cannabis e cogumelos mágicos. Os cogumelos mágicos são aqueles cuja ingestão provoca distorções visuais, aumento da sensibilidade e desorganização do raciocínio. A overdose leva ao pânico e o consumo prolongado implica dificuldades na distinção entre fantasia e realidade, interpretações distorcidas da realidade e estados de paranóia. Beber leite pode atenuar ligeiramente os efeitos. Este produto pode ser ingerido cru, seco ou em infusão, mas a existência de cogumelos venenosos com aspecto semelhante constitui um grande risco de morte por envenenamento em caso de erro de consumo. O facto é que a venda destes cogumelos é ilegal, no entanto, existe lojas legalizadas onde são vendidos. A cannabis, extraída da planta de cannabis, aparece sob a forma de haxixe (resina das folhas e flores) ou erva (flores e folhas), sendo o principal componente responsável pelos efeitos o THC (delta 9tetrahidrocannabinol). É chamada também de chocolate e bolota devido aos aspectos que assume. Em geral o efeito do seu consumo passa por duas fases: a de euforia e desinibição, e outra de depressão. Alguns efeitos associados são: alterações da memória, lentidão geral, distorção dos sentidos, e aumento de apetite numa fase terminal de intoxicação.
A overdose leva ao pânico, paranóia e descoordenação motora. Pode ainda surgir uma “quebra”, caracterizada por uma descida abrupta de tensão, provocando tonturas, palidez, náuseas e vómitos. Juntamente com o consumo de outras drogas, existe a hipótese de perda de consciência. O consumo habitual traz ainda outros problemas, como o aumento da probabilidade de desenvolver cancros, desmotivação/ apatia, debilitações físicas, diminuição das defesas do organismo e alteração do funcionamento de hormonas. Circula que “já não se vai preso por fumar um charro” o que é verdade. A legislação portuguesa actual indica pagamento de multas, trabalho a favor da comunidade, apreensão da carta de condução, proibição de frequência de determinados locais, apresentação periódica obrigatória no posto da polícia, entre outros, para quem seja apanhado a consumir um charro. Há ainda a possibilidade de ser sujeite a acompanhamento especializado.
Depressivas As drogas depressivas têm geralmente um efeito relaxante. Algumas podem ser utilizados como analgésicos (heroína), outras podem servir de tranquilizadores (benzodiazepinas), e outras podem ainda ter um efeito desinibidor (álcool, GHB). O álcool é uma droga lícita, sendo aquela que é mais consumida em Portugal. O consumo de álcool tem consequências muito conhecidas. Poucos são os que nunca ouviram falar de bêbados que falam imenso, que não conseguem andar normalmente ou ainda que reagem de forma mais lenta. Para além disso, o álcool pode ainda levar a uma redução da força muscular. Indivíduos consumidores regulares de álcool, os alcoólicos, apresentam muitos destes sintomas: anemia, delírios, depressão, psicose, danos cerebrais e dificuldade nas relações pessoais, familiares e sociais, sendo estes últimos os mais frequentes e mais graves. O GHB (gamahidroxibutinato) é actualmente uma droga de origem sintética bastante utilizada. Os efeitos são semelhantes aos do álcool; no entanto, a diferença entre uma dose adequada e uma overdose é muito pequena, e a sobredosagem pode levar a convulsões, coma, ou mesmo a morte. O consumo pode dar origem a problemas respiratórios, amnésia e perda de consciência. A longo prazo, o consumo desta droga dificulta o sono e origina vertigens e dores no peito.
A PRIMEIRA VEZ... Além dos perigos directamente associados aos efeitos produzido pela droga, há riscos inerentes à forma de consumo. Entre as mais conhecidas estão a SIDA e as hepatites, sendo a hepatite C a que está mais frequentemente associada. Acerca desta doença, os estudos feitos até ao presente não dão a conhecer todas as formas da sua transmissão. Na maioria das vezes, o que leva uma pessoa a experimentar droga está relacionado com o ambiente envolvente. Pequenas particularidades podem levar
uma pessoa a consumir droga. A insegurança e a timidez podem levar ao consumo de drogas estimulantes. O perfeccionismo e a insatisfação para com a vida, bem como o stress, podem levar ao consumo de droga numa tentativa de fuga. É importante uma pessoa valorizar as capacidades que tem, pois um indivíduo com pouca auto-confiança é mais susceptível de consumir alguma droga. Adolescentes e jovens que têm um historial traumático podem vir a ser potenciais consumidores de droga. Neste caso, jovens que cresceram numa família monoparental têm menos probabilidade de vir a ser consumidor do que um jovem que tenha crescido numa família com ambos os pais e mais tarde os pais se tenham separado. Há ainda pessoas que têm dificuldades em dizer “Não”, sendo arrastados pela corrente se à sua volta se encontrarem consumidores ou traficantes de droga. Os consumidores podem distinguir-se por terem experimentado consumir, pessoas que consomem ocasionalmente (em festas, por exemplo), e pessoas que consomem drogas habitualmente. Podemos distinguir igualmente tipos de dependência, uma necessidade de consumir droga para contrariar a ressaca e os sintomas de privação. Existe a dependência física, em que o organismo necessita da substância em causa, e a dependência psicológica, em que a pessoa tem por hábito consumir a droga, mesmo que o efeito da droga não seja o pretendido. Este último pode ser esclarecido com o caso de um dependente de cannabis que tem por hábito fumar um charro antes de dormir, e se não o fizer não adormece. De entre os dois tipos de dependência, a psicológica é a mais grave dado que não tem medicamentos. A dependência física pode contar com apoio farmacológico que é o que uma clínica de desintoxicação faz predominantemente, enquanto que para ultrapassar a dependência psicológica pode-se contar apenas com a motivação do indivíduo. A mudança de rotina, de hábitos e de residência também ajudam, dado que uma pessoa é muito influenciada pelo meio ou ambiente em que se encontra e pelas pessoas com que entra em contacto, bem como as suas atitudes. Por vezes, um indivíduo que se tenha abstido do consumo de droga por vários anos, ao encontrar um objecto, aos olhos de outro completamente insignificante e normal, um “ex-toxicodependente” tem tendência a associá-lo ao consumo de droga e pode inclusive ter uma recaída. Apesar de a legislação relativa às drogas ser semelhante em muitos países do mundo, a plantação e tráfico de droga persiste e alguns países enriquecem precisamente à custa do tráfico de droga. Talvez nem todos aqueles que consomem droga queiram deixar de o fazer, talvez nem todos aqueles que o querem deixar conseguem atingir definitivamente o seu objectivo, mas algo é certo: as drogas ilícitas são ilícitas porque deterioram a qualidade de vida de um consumidor e, muitas vezes, também a vida dos que o rodeiam. Para mais informações, consulte os sites: www.tu-alinhas.pt www.idt.pt OU ligue grátis: 1414 (Linha Vida SOS Droga) OU se preferir, desloque-se à Rua Conselheiro Luís Magalhães, nº52, Aveiro
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Hábitos saudáveis
INQUÉRITO Este inquérito enquadra-se no nosso projecto “+Saúde” na medida em que este se relaciona com a saúde e a sua influência na sociedade. O inquérito é uma forma diferente de obter informação através da recolha de dados actuais, de onde podemos tirar as nossas próprias conclusões. Fizemos um inquérito na nossa escola para averiguar os hábitos de saúde dos alunos, dando especial ênfase aos hábitos alimentares e desportivos, com vista a responder a questões como: Quais são os hábitos alimentares dos alunos da nossa escola? Qual a sua prática desportiva? Como é que costumam ocupar os seus tempos livres?, entre outras. Para tal, inquirimos cerca de 10% da população total. No que toca aos hábitos alimentares, perguntámos o que costumam comer, onde e com quanta frequência. Assim, foi possível ver o contraste entre o consumo de fast food e uma alimentação mais saudável (como sopa e vegetais): a maioria dos alunos consome comida saudável com relativa frequência e tenta evitar fast food; no entanto, é possível concluir que, em média, os alunos entre os 15 e os 16 anos são os que consomem mais “comida de plástico”. Este facto talvez se prenda com o facto de uma boa parte deles comer em lugares como o Fórum de Aveiro ou restaurantes durante os dias de aulas; mesmo assim, é de notar que a maioria dos alunos inquiridos prefere comer em casa ou na cantina da escola. 100% 90% 80%
1
70%
2
60% 3
50%
4
40%
5
30% 20%
+5
10%
NR
eles achavam que deveriam alterar os seus hábitos alimentares, ao que a maior parte respondeu que não, sendo esta a resposta absoluta dos alunos de 16 anos; isto foi um pouco contra os dados que recolhemos anteriormente, que mostram que são os alunos desta faixa etária que consomem mais fast food, menos comida saudável e que fazem menos refeições por dia (tendo havido um estudante que respondeu que fazia apenas 1 refeição por dia). Os que responderam afirmativamente, justificaram-se, dizendo que sentiam necessidade de consumir mais comida saudável, em detrimento de fast food, chocolate e outros, bem como aumentar o número de refeições diárias.
Acha que deveria alterar os seus hábitos alimentares?
A segunda parte do nosso inquérito era referente aos hábitos desportivos. As perguntas feitas incidiam mais nas actividades extracurriculares e na ocupação dos tempos livres. Assim, ficámos a saber que cerca de metade dos inquiridos pratica actualmente desporto, sendo os mais populares o futebol, a natação, a dança e a ginástica; outros desportos praticados incluem surf, atletismo, remo, karaté e pingue-pongue. Dos que não têm desporto, muitos afirmaram que já praticaram algum mas deixaram de o fazer; as causas mais indicadas foram a perda de interesse e a falta de tempo. Notámos também que a percentagem de alunos que têm desportos decresce com a idade: dos estudantes com 14 anos, todos eles praticam algum desporto extracurricular.
0% 14
15
16
17
18+
Quantas refeições faz por dia?
Quanto ao número de refeições por dia, a maior parte dos estudantes respondeu que toma 4 ou 5 refeições, em média; no entanto, alguns tomam apenas 3 ou mesmo 2 refeições em média por dia, possivelmente devido a não tomarem pequeno-almoço antes de irem para a escola ou de não almoçarem em dias de aulas. No fim deste grupo de questões, perguntámos se + 20
Pratica algum desporto extracurricular?
As actividades extracurriculares mais indicadas são música (tanto o estudo como a prática) e aprendizagem de línguas estrangeiras, como o inglês e o espanhol. Quando questionados sobre a sua ocupação dos tempos livres, quase todos os alunos referiram o computador e a televisão como principal forma de lazer, o que mostra que os estudantes não costumam ser muito activos, preferindo actividades onde não têm de exercer esforço, tornando-se menos activos. Muitos também referiram sair com os amigos ou praticar desporto por prazer, o que combate a última ideia de que os adolescentes vivem de uma forma mais passiva. Ler e estudar são outras duas actividades de lazer mencionadas. No fim, incluímos uma pergunta sobre o consumo de álcool, drogas e tabaco, substâncias actualmente bastante populares entre os adolescentes. Como esperado, poucos afirmaram consumir qualquer uma destas substâncias. No que toca ao consumo de álcool, nenhum aluno disse consumir, embora muitos tenham admitido que por vezes consomem, sendo que a grande maioria dos estudantes com 16 anos se inserem nesta última categoria (apenas um disse que nunca consumiu), bem como grande parte dos que têm 17 anos. 100% 80% 60%
Consumo Por vezes consumo
40%
Só esperimentei N unca consumi
20% 0% 14
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18+
Com que frequência costuma consumir tabaco?
Quanto ao consumo de tabaco, é possível observar -se que a quantidade de pessoas que já experimentou aumenta com a idade; no entanto, são os alunos entre os 15 e os 17 anos que mais consomem, ainda que não sempre., o que mostra que há uma maior sensibilização nos alunos mais velhos. Sobre outras drogas, dividimos a pergunta entre drogas como a cafeína e drogas ilícitas. Quanto a estas últimas, quase todos os alunos responderam que nunca consumiram; por outro lado, houve uma pequena parte que admitiu já ter experimentado, o que
é um facto bastante preocupante, principalmente se forem drogas facilmente viciantes. No que toca ao café, este é bastante consumido por todos alunos, sendo poucos aqueles que nunca consumiram; a maioria consome bastante frequentemente, provavelmente devido à situação escolar (o stress derivado dos testes, por exemplo). Embora não seja perigoso, se consumido em demasia, o café pode ter efeitos prejudiciais ao organismo, e por isso deve-se ter cuidado e moderação. 70% 60% 50% Consumo
40%
Por vezes consumo 30%
Só esperimentei Nunca consumi
20% 10% 0% 14
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18+
Com que frequência consome cafeína?
Pudemos também apercebermo-nos que a maior parte dos alunos não consideram álcool, tabaco, cafeína e outras substâncias semelhantes drogas, consumindo-as sem terem a noção de que são substâncias viciantes, embora tal não aconteça com outras drogas que os estudantes associam logo a “drogas de rua”, possivelmente porque são mais avisados contra estas últimas. Com este inquérito, pudemos concluir que os hábitos dos alunos da nossa escola, embora não sejam sempre os mais correctos, podem ser considerados saudáveis. Há estudantes que estão conscientes que o seu modo de vida não é o mais adequado e estão dispostos a mudar. A força de vontade é essencial para se poder mudar para um estilo de vida melhor; mesmo assim, não é tudo o que é preciso: eles necessitam de saber o que podem mudar e como. Além disso, aqueles que ainda não se consciencializaram que precisam de mudar precisam de ser alertados para isso; provavelmente, não sabem que os seus hábitos são os mais correctos, e que há formas de ter uma vida mais saudável sem se ter que mudar radicalmente de forma de viver. Há também alunos que já se tentaram informar sobre a sua situação e que já começaram a modificar o seu estilo de vida, mostrando uma preocupação crescente pelo bem-estar e saúde dos jovens de hoje.
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Tecnologia
A NANOTECNOLOGIA priedades antimicrobianas e antifúngicas. Eliminados os fungos e as quase tudo no nosso dia-a-dia: em material desbactérias, o mau cheiro portivo, na alimentação, no vestuário, na medicié igualmente eliminado. No campo do vesna, nos meios de transporte e muito mais! tuário foram já criadas roupas impermeáveis, A nanotecnologia baseia-se na construção de que repelem a sujidade Nanopartículas de prata vistas novas estruturas e materiais alterando propriedades e que nem sequer se ao microscópio ao nível atómico para alcançar determinado fim. Esta amarrotam. Algumas tecnologia trabalha com o nanómetro, ou seja, a miliodas marcas que usam esta tecnologia de ponta são a nésima parte do milímetro (10-9m), que é dezenas de Nike e a Hugo Boss. milhar de vezes menor que o diâmetro de um fio de Já no interior de casa, há partículas que são utilizacabelo. das para higienizar e esterilizar superfícies, como as Os produtos resultantes têm a vantagem de posdos electrodomésticos (frigoríficos, máquinas de lavar suir características que realçam ou que reforçam a e aparelhos de ar condicionado) ou vidros, como os do sua eficácia. Contudo, certas quantidades de "pó" fabricante Pilkington que, graças a uma fina camada resultantes da nanotecnologia podem entrar no corpo de óxido de titânio, fazem com que a sujidade seja e provocar alterações ainda não diagnosticadas. removida. A nanotecnologia é cada vez mais usada no dia-aTambém nos alimentos a nanotecnologia marca -dia e, apesar de não nos apercebermos, ela é usada pontos, através de produtos em que o consumidor tem em inúmeras áreas. um grande poder de escolha. Pode decidir a cor, o Esta tecnologia é usada em transportes, por exemsabor e mesmo a composição de uma bebida antes de plo, para provocar um aumento da luz no interior dos a ingerir. Isto só é possível graças a nanomembranas carros sem que a temperatura interior aumente. Este que filtram os ingredientes em função do tamanho. As feito consegue-se através do embalagens inteligentes são uso de nanopartículas nos tejao próximo passo. Estas caidilhos dos veículos que não deixinhas mágicas alertarão o xam entrar os raios-ultravioleta. consumidor para alterações No desporto, a nanotecnolonos produtos, através de gia é igualmente muito usada, e sensores que mudam de cor os produtos criados tentam aquando do aparecimento satisfazer duas qualidades de bactérias. Este método essenciais: leveza e resistência. será muito mais exacto que Os nanotubos de carbono são a o clássico prazo de validasolução, já que proporcionam a de. A Nestlé está a investicriação de materiais sessenta gar emulsões de nanopartívezes mais resistentes do que o culas para melhorar a textuaço, mas com um peso seis ra dos seus gelados e a vezes menor. companhia israelita NutraNo ténis, destacam-se as Lease fabrica um óleo aliraquetes da companhia france- A roupa pode ser impermeável, mesmo sendo de algodão mentar com nanopartículas sa Babolat, que conseguem que reduzem até quinze por projectar as bolas com uma cento o colesterol mau. velocidade dez vezes superior à das raquetes convenNo campo das novas tecnologias, as inovações cionais. Os praticantes de golfe dispõem também de são surpreendentes: já foi criado um risco rígido de produtos que recorrem a esta tecnologia, como bolas computador que tem dez vezes mais capacidade que que reduzem o número de rotações e permitem uma os actuais; uma equipa canadiana fabricou os primeitacada mais certeira. ros ecrãs flexíveis e promete criar ecrãs da espessura Para além do material, os desportistas preocupamde uma folha que podem ser enrolados. Esta tecnolo-se igualmente com a roupa e calçado, assim como gia poderá igualmente ser utilizada para decorar parecom os odores resultantes da actividade física. Esse des com imagens ou filmes que variam. As roupas problema poderá ser resolvido através da utilização de com computadores incorporados e a criação de um nanopartículas que, combinadas com materiais como computador que permite guardar todos os filmes de algodão ou plástico, evitam os maus cheiros. O segreuma vida são outros dos projectos de quem trabalha do reside nas nanomoléculas de prata que têm pronesta áreas.
A Nanotecnologia chegou para ficar e é usada em
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Nanomercado - alguns exemplos iPod Nano tem a espessura de um lápis e 42 gramas de peso. O segredo está nos chips de memória da Samsung e da Toshiba com semicondutores nanométricos. Chocolate Elástico: a pastilha com cacau verdadeiro é feita com o recurso à nanotecnologia e foi criada pela companhia norte-americana O’lala Foods. Creme anti-rugas: o creme anti-rugas da Zelens é um potente meio de combate às rugas e o seu principal componente é o fulereno C-60. Roupa limpa: a companhia NanoTex criou roupa que repele os líquidos, não mancha e não acumula electricidade estática. Um importante ramo da nanotecnologia, a nanomedicina está rapidamente a desenvolver produtos que possam detectar e curar doenças. A injecção de nanopartículas, submetidas a um campo magnético, aumentam a temperatura a nível local e queimam células cancerosas. Uma equipa de investigação da Universidade de Purdue demonstrou que os nanotubos de carvão poderiam melhorar aplicações de próteses ortopédicas. Cientistas do MIT criaram nanomísseis que podem transportar e libertar fármacos em pontos específicos ou detectar tumores em fases iniciais. Apesar das vantagens apresentadas, as propriedades da substância à escala nanométrica podem não ser totalmente controladas, originando riscos anteriormente inexistentes.
Além dos perigos a ela inerentes, a nanotecnologia vai dar origem a produtos de fabrico rápido, de baixo custo e elevada eficácia, que podem vir a desequilibrar a economia mundial. A chegada repentina de produtos resultantes da manipulação de propriedades atómicas poderá não dar tempo suficiente para nos ajustarmos às suas implicações. Esta nova tecnologia poderá vir a ser a causa de uma nova corrida ao armamento entre dois países concorrentes, isto porque os custos de produção de armas e aparelhos de espionagem terão uma redução significativa; além disso, podem vir a ser fabricados produtos mais pequenos, potentes e numerosos, não esquecendo ainda a perda de privacidade devido a câmaras de vigilância minúsculas. O Pentágono concebeu um ciber-insecto que pode ser dirigido por comando à distância para percorrer uma determinada zona a fim de detectar explosivos ou escutar conversas. Embora haja muitas vantagens e ao mesmo tempo riscos de natureza variada, os efeitos negativos ainda não foram devidamente estudados. A produção de produtos que modifica a sua natureza pode ainda gerar perigos imprevistos. Apesar de todos estes inconvenientes, o avanço da ciência em conjunto com a tecnologia teve sempre os seus problemas. Após a revolução industrial, também as máquinas a vapor eram incrivelmente perigosas, mas depois este sistema foi-se desenvolvendo, tornando-se mais seguro. Não seria de todo insensato comparar então a invenção de máquinas a vapor com o aparecimento da nanotecnologia. Pode-se esperar que a nanotecnologia, depois de desenvolvida, possa ser uma ferramenta útil e segura, melhorando o conforto no nosso dia-a-dia e ajudando na evolução da ciência.
O fabricante suíço BMC produz bicicletas ultra leves e resistentes. Chegam a pesar menos de um quilo e têm uma excelente rigidez. Foram usadas pela primeira vez na Volta à França em 2005. + 23
Turismo
AVEIRO Na actualidade, há filmes para todos os gostos e idades. Os filmes são uma boa forma de entretenimento que permite relaxar e divertir, algo extremamente importante numa sociedade tão competitiva. Este tipo de media em quantidade
A RIA A Ria de Aveiro é muito famosa em todo o país, e importante para a cidade, tendo esta adquirido a alcunha de “Veneza de Portugal” devido aos seus canais e barcos, que lembram a cidade italiana. Estendendo-se de Ovar até Mira, com uma extensão de 47 km e uma largura máxima de 11 km, a ria tem tido uma importância na economia da cidade, como a manutenção das salinas. A produção de sal é uma das actividades mais características e tradicionais de Aveiro, havendo actualmente dezenas de salinas activa. A ria resulta do recuo do mar, formando uma laguna que é considerada um dos mais belos e importantes acidentes hidrográficos da costa portuguesa. O seu único canal de comunicação com o mar é um canal que corta a ligação entre a Barra e S. Jacinto, permitindo assim o acesso ao Porto de Aveiro de grandes embarcações. É bastante rica em peixes e aves aquáticas, e possui planos para a prática de todos os desportos náuticos.
Capitania da Cidade A maior atracção da ria é os barcos moliceiros, embarcações tradicionais aveirenses e únicas, caracterizados pelas cores garridas e pelas pinturas e frases na proa. Estes barcos, grande atracção turística, continuam a exercer as suas funções iniciais: apanhar moliço, que funciona como um óptimo fertilizante, transformando solos arenosos estéreis em terrenos agrícolas. + 24
PARQUES Aveiro é caracterizada também pela existência de muitas zonas verdes em toda o distrito. Entre os vários parques e espaços verdes da cidade, o local mais conhecido é o Rossio, situado no centro da cidade e rodeado pela Ria. Aí, costumam-se realizar várias actividades durante todo o ano, como exposições, workshops e oficinas. Outro local bastante conhecido é o Parque Infante D. Pedro, situado a baixa de Santo António. É uma área densamente arborizada, e com um lago de razoáveis dimensões. Dentro do parque, podemos encontrar o coreto em ferro construído no início do século XX, a Casa de Chá e o Museu d Caça e Pesca.
Parque Infante D. Pedro Existem ainda outros locais de interesse, como o Parque da Baixa de Santo António, bastante perto do Infante D. Pedro, e o Canal de S. Roque. No entanto, actualmente, existem vários locais degradados e mal tratados pelo Homem, como a existência de bancos partidos, graffiti, lixo e objectos abandonados (como é o caso do barco que se encontra atracado no Parque D. Pedro). Outro aspecto mais negativo é o ordenamento de território: o Canal de S. Roque, por exemplo, é um local perto da Ria, aparentemente apelativo e calmo; no entanto, foi construído mesmo ao pé da auto-estrada. No entanto, existem vários planos e projectos a decorrer para melhorar estes aspectos mais degradantes da cidade.
PRAIAS Além dos espaços verdes, a zona aveirense tem também várias praias ao longo de toda a costa. Uma das praias mais procuradas pelos turistas é a praia da Barra, em Ílhavo, onde desagua a Ria de Aveiro. O seu maior marco é o farol, um dos mais altos de toda a Europa, construído no século XIX e cujo feixe de luz pode atingir os 40 quilómetros de distância.
Nesta praia também se pode assistir à entrada e saída dos barcos de pesca, ora escoltados pelas gaivotas ora acenados com lenços brancos. Os desportos mais praticados aqui são o surf, o windsurf, a vela e a pesca de mar. Durante o Verão, existem várias festas e bares por toda a praia, dando-lhe um ar mais colorido. Outra praia famosa é a praia da Costa Nova do Prado, também em Ílhavo, local conhecido pelas suas casas pintadas às riscas (predominantemente verticais), de cores fortes e garridas, dando à avenida um aspecto bem colorido. A areia é muito fina e praia ventosa, o que a torna propícia à prática de surf e windsurf devido às grandes ondas, habituais nas praias do Norte do país. Existem ainda muitas outras praias na região aveirense, como a praia de S. Jacinto (Aveiro), situada na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, com uma paisagem magnífica; a praia da Vagueira (Vagos), onde se podem ver pequenas casas de pescadores, actividade ainda realizada lá; a praia da Torreira (Murtosa), onde podemos optar por tomar banho no mar ou na ria, pescar ou mesmo dar um passeio de bicicleta na ciclovia paralela à ria; a praia do Furadouro (Ovar), onde os barcos de pesca e as redes estão sempre presentes, como que a enfeitar toda a costa; entre outras.
Museu de Aveiro, também conhecido por Museu de Santa Joana Princesa, da época barroca. Este museu ocupa o Mosteiro de Jesus, onde esteve a princesa D. Joana, filha do rei D. Afonso V, beatificada em 1693 e padroeira da cidade, o que levou ao engrandecimento do mosteiro, que sofreu várias reformas e construções posteriormente. Aqui, pode-se visitar o mosteiro, todo ele rico em talha dourada e decoração barroca, e o túmulo da princesa, muito trabalhado e em boas condições, o claustro, o refeitório, com as paredes revestidas com azulejos da época, e muito mais. Também tem uma vasta colecção de arte barroca portuguesa em exposição permanente. Temos também o Museu da Cidade e o Museu de Arte Nova, ambos em Aveiro cidade. Na Troncalhada, podemos visitar o Ecomuseu, onde se pode observar os antigos métodos de salinicultura da região de Aveiro, actividade praticada desde o século X. No Centro de Visitas da Vista Alegre, em Ílhavo, podemos ver o palácio, a Capela de Nossa Senhora da Penha de França, o museu, a fábrica, o teatro e o bairro social. Outro local para visitar seria também a Fábrica da Ciência Viva, que visa promover a cultura científica e tecnológica através de experiências e trabalhos práticos. De todas as igrejas e capelas existentes em Aveiro, uma das mais famosas é a capela de S. Gonçalo ou S. Gonçalinho, uma capela hexagonal que remonta ao século XVIII. É tradição lançar cavacas (bolos secos cobertos de açúcar) do telhado da capela para a multidão, como cumprimento de promessas. Uma outra capela importante é a Capela do Senhor das Barrocas, também do século XVIII, com uma planta octogonal e talha dourada em todo o altar-mor e altares laterais. Por toda a cidade, pode-se admirar também os muitos edifícios de Arte Nova, como, por exemplo, a Casa do Major Pessoa, perto do Rossio, facilmente identificada pela águia no alçado fronteiro, o Museu da República e o coreto no Parque Infante D. Pedro.
Farol da Barra Existem ainda muitas outras praias na região aveirense, como a praia de S. Jacinto (Aveiro), situada na Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto, com uma paisagem magnífica; a praia da Vagueira (Vagos), onde se podem ver pequenas casas de pescadores, actividade ainda realizada lá; a praia da Torreira (Murtosa), onde podemos optar por tomar banho no mar ou na ria, pescar ou mesmo dar um passeio de bicicleta na ciclovia paralela à ria; a praia do Furadouro (Ovar), onde os barcos de pesca e as redes estão sempre presentes, como que a enfeitar toda a costa; entre outras.
MUSEUS E MONUMENTOS Em Aveiro, existem muitos museus que valem a pena visitar. O mais frequentado é, possivelmente, o
Túmulo de S. João de Albuquerque + 25
Natureza
INTELIGÊNCIA ANIMAL Durante muito tempo, pensou-se que a inteligência era uma característica única dos seres humanos. No entanto, vários estudos científicos vieram a comprovar que tal não é verdade: muitos animais têm capacidades cognitivas que, por vezes, podem mesmo chegar a ultrapassar as capacidades humanas.
A INTELIGÊNCIA DOS PRIMATAS É do conhecimento geral, por exemplo, a inteligência dos primatas, que conseguem entender a linguagem falada e comunicar com os seres humanos através de teclados especiais com símbolos abstractos. Mas não é apenas na área da comunicação entre espécies que revelam as suas capacidades: os orangotangos, por exemplo, conseguem fazer escolhas ponderadas e fabricar objectos primitivos para os ajudar nas suas tarefas do dia-a-dia, como ferramentas que permitem a extracção de insectos de fendas, ou usar folhas como guarda-chuvas ou guardanapos. Os chimpanzés possuem uma capacidade chamada flexibilidade mental: em estado selvagem, um chimpanzé consegue usar quatro paus de tamanhos diferentes para extrair mel de uma colmeia; em cativeiro, conseguiam posicionar várias caixas para poderem apanhar uma banana pendurada numa corda.
NÃO APARECERAM DO NADA É certo que somos a espécie mais inventiva: mais nenhum animal construiu arranha-céus, compôs sonatas ou criou computadores. Contudo, cientistas afirmam que a criatividade, tal como as outras formas de inteligência, não apareceram simplesmente do nada. “Quando se descobriu que os chimpanzés eram capazes de fabricar ferramentas, o público ficou surpreendido.” Afirmou Alex Kacelnik, da Universidade de Oxford. “A proeza foi depois expressa noutros termos: são nossos antepassados, é evidente que são espertos. Agora estamos a descobrir estes tipos de comportamentos excepcionais em algumas aves. No entanto, não partilhamos antepassados recentes com aves. Isso significa que a evolução consegue inventar formas semelhantes de inteligência avançada mais do que uma vez e que essa não é uma aptidão exclusivamente reservada aos primatas ou mamíferos.”
O GOLFINHO + 26
Outro animal cuja inteligência já foi demonstrada e aceite é o golfinho, descoberta que surpreendeu o mundo: enquanto os símios são parentes próximos do ser humano, os golfinhos são animais bem distantes na evolução da vida. Esta espécie marinha mostra-se excelente na comunicação e no comportamento imitativo. Um grupo de investigadores, liderado por Louis Herman, trabalhou com um grupo de 4 jovens golfinhos para “tentar fazer desabrochar totalmente o seu intelecto, tal como um educador se esforça por concretizar plenamente o potencial de uma criança”. Para comunicar com os golfinhos, os investigadores inventaram uma linguagem gestual específica, com uma gramática simples: por exemplo, como resposta à sequência de gestos “arco, bola, apanhar”, Akeakamai
Golfinho ‐”excelente na comunicação e no comportamento imitativo” empurrava a bola até ao arco; mas se a ordem fosse alterada para “bola, arco, apanhar”, ela levava o arco até à bola. Akeakamai era capaz de responder aos pedidos à primeira, o que demonstra uma grande compreensão da linguagem e da gramática. Além de conseguirem interpretar correctamente, à primeira vez, as instruções dadas tanto pelo grupo de investigadores como por pessoas num ecrã de televisão (reconhecendo que as imagens televisivas eram uma representação do mundo real, podendo agir da mesma forma que na realidade), também imitavam prontamente os movimentos dos seus instrutores, acção agora demonstrada extremamente difícil, já que é necessário formar uma imagem mental do corpo e atitude observados, adaptando depois o seu corpo à mesma posição. Tudo isto implica que se tenha uma consciência complexa de si próprio. No seu meio selvagem, os golfinhos costumam sincronizar os seus movimentos, fazendo coreografias perfeitamente coordenadas. No entanto, não se sabe qual é o sinal que usam para combinarem os movimentos. Para estudar este comportamento, o grupo de Herman pede a 2 golfinhos para inventarem uma habilidade e executarem-na em conjunto, utilizando
o gesto de “criar”. Ambos os golfinhos descreveram círculos debaixo de água durante cerca de 10 segundos; em seguida, deram um salto para fora de água, rodopiando no sentido dos ponteiros do relógio, esguichando água da boca enquanto se mantinham erguidos fora de água, tudo isto em perfeita sincronia e sem ter sido ensaiado antes.
O ELEFANTE Uma outra espécie inteligente é o elefante, sobejamente conhecido pela sua grande memória. Mas a sua inteligência reflecte-se em muitos outros comportamentos: por exemplo, se posto em frente a um espelho, o elefante começa por o investigar como a um objecto normal; mas, após algum tempo, apercebe-se de que se está a ver a si próprio (move-se de uma forma atípica e toca várias vezes num sinal na testa que não poderia ver nem conhecer se não fosse o espelho). Isto indica que tem consciência de si mesmo. Em certas espécies, os machos assistem às lutas entre outros machos para avaliar a concorrência, e as fêmeas aproximam-se dos machos mais activos para acasalar.
“CÃO COMO NÓS” O cão é o animal mais próximo do Homem, vivendo a aprendendo com os seus donos durante quase toda a sua vida. No entanto, a sua capacidade de aprender e compreender a linguagem humana só foi verdadeiramente apreciada quando, num concurso televisivo, um cão da raça Border Collie chamado Rico demonstrou que sabia o nome de 200 brinquedos e que conseguia aprender facilmente os nomes de novos objectos. Depois de algumas investigações, descobriu-se que Rico conseguia aprender e recordar novas palavras tão rápido como uma criança pequena. As crianças de dois anos, que aprendem cerca de 10 palavras por dia, dispõem de um conjunto inato de princípios que as orienta nesta tarefa. Esta capacidade é considerada um dos dez elementos constitutivos fundamentais da aquisição da linguagem. Segundo certos cientistas, são estes princípios que guiam a aprendizagem de Rico, que usa uma técnica para aprender palavras idêntica à dos seres humanos. Um outro cão da mesma raça, Betsy, demonstrou capacidades comparáveis, com um vocabulário de mais de 300 palavras. “Betsy consegue determinada palavra uma ou duas vezes e compreender que o padrão acústico representa alguma coisa.”, afirmou Juliane Kaminski, especialista em psicologia cognitiva que trabalhou com Rico e estuda agora Betsy. “A capacidade dos cães para compreender as formas de comunicação dos seres humanos é nova e surgiu com a evolução. Talvez estes Collies sejam particularmente bons por serem cães de trabalho altamente motivados e por terem de escutar com toda a atenção os seus donos nas suas tradicionais tarefas de pastoreio.” Juliane realizou vários testes para apurar se os
cães conseguem usar o raciocínio abstracto (utilizar símbolos, substituindo uma coisa por outra). Um deles foi mostrar uma fotografia de um brinquedo de cão num fundo branco a Betsy, brinquedos estes que ela nunca vira. A dona dela mostrou-lhe a imagem de um disco voador de peluche e ordenou-lhe que o procurasse. Betsy examinou a fotografia e o rosto da dona e, em seguida, correu para a cozinha, onde estava o disco, no meio de outros três brinquedos e fotografias de cada um deles. Betsy trazia sempre o disco voador ou a fotografia deste. “Acho que Betsy é capaz de utilizar uma imagem, sem nome, para descobrir um objecto.”, disse Juliane. “No entanto, é preciso fazer mais testes para chegar a uma conclusão.”
A INTELIGÊNCIA DAS AVES Em 1977, uma recém-licenciada na Universidade de Harvard, Irene Pepperbeg, decidiu iniciar um projecto para provar que os animais eram mais que simples robôs, incapazes de qualquer forma de pensamento. Levou para o laboratório Alex, um papagaio africano com um ano e ensinou-o a reproduzir os sons da língua inglesa; queria conseguir comunicar com ele e descobrir como via Alex o mundo. Quando comprou Alex, a investigadora deixou que fosse o empregado da loja a escolhê-lo, para que não pudessem mais tarde sugerir que ela tinha escolhido propositadamente um papagaio inteligente para a sua pesquisa. Uma vez que o cérebro de Alex tinha o tamanho aproximado de uma noz, muitos cientistas pensaram que o estudo de Irene Pepperberg sobre comunicação entre as espécies se revelaria infrutífero. Trinta anos depois do início da investigação, Irene e um grupo de assistentes davam aulas de inglês a Alex. Os seres humanos, juntamente com 2 outros papagaios mais jovens, serviam-lhe de bando, proporcionando-lhe o enquadramento social que tanta falta faz aos papagaios. Sob a orientação de Irene, Alex aprendeu a imitar quase 100 palavras da língua inglesa, incluindo sons para vários alimentos, embora chame “ban-eja” à maçã. “Para ele, as maçãs sabem um pouco como a banana e parecem-se um pouco com a cereja. Por isso, Alex inventou esta palavra para se referir a elas”, explicou Irene. Alex era também capaz de contar até seis e estava a aprender os sons para sete e oito. “Tenho a certeza de que já conhece os dois números, mas ainda está a aprender a pronunciá-los.”, afirmou a investigadora. “O ensino de certos sons leva muito mais tempo do que alguma vez imaginei.” “Ele precisa de ouvir as palavras vezes sem conta até conseguir imitá-las correctamente.” disse Irene, depois de pronunciar “sete” várias vezes seguidas para Alex ouvir. “Não estou a perceber se Alex é capaz de compreender a linguagem humana. O meu objectivo é utilizar as suas capacidades imitativas para compreender melhor as capacidades cognitivas das aves.” Isto é, Irene Pepperberg podia fazer-lhe perguntas sobre o entendimento básico que a ave tinha do mundo. + 27
Podia não ser capaz de lhe perguntar em que estava a pensar, mas podia perguntar-lhe sobre os seus conhecimentos de números, formas e cores. Para o demonstrar, Irene pegou numa chave verde e numa pequena taça verde e mostrou-as a Alex. “O que é igual?” “Cor.” Respondeu Alex, sem hesitar. “O que é diferente?” “Forma.” Nos 20 minutos seguintes, Alex respondeu aos testes de Irene, distinguindo cores, formas, tamanhos e materiais (lã, madeira ou metal) e resolvendo algumas operações aritméticas simples. E, então, como que a mostrar uma prova definitiva da sua mente “Quero ir árvore” disse Alex, em voz baixa. Embora tivesse vivido toda a sua vida em cativeiro, ele sabia que, para além da porta do laboratório, havia um átrio e uma janela alta que servia de moldura a um ulmeiro. Irene levou-o até ao átrio. “Bom passarinho!” disse Alex. “Sim, és um bom passarinho” respondeu Irene, beijando-o. Quando ele morreu, Irene teve o prazer de informar que, nessa altura, já dominava a palavra “sete”. Outra ave extremamente inteligente é o corvo da Nova Calcedónia, capaz de fabricar e utilizar ferramentas. Alex Kacelnik decidiu descobrir se a forma como esta espécie utiliza as ferramentas criadas é rígida ou se consegue usá-las de forma inventiva, mostrando flexibilidade mental. No entanto, após vários anos de observação em ambiente selvagem, Kacelnik e o seu grupo de investigadores não conseguiram apurar se esta capacidade era inata ou se aprendiam observando-se entre si. Para resolver este problema, o grupo levou vários corvos para o seu laboratório em Oxford. Quatro crias desenvolveram-se em cativeiro e foram cuidadosamente afastadas dos adultos para que estes não as pudessem ensinar a usar ferramentas. Mas, assim que cresceram, todas pegaram em ramos e começaram a esquadrinhar as fendas, usando diversos materiais. Assim, Kacelnik encontrou resposta para uma das suas perguntas: esta habilidade é herdada, e não adquirida através de observação. A pergunta seguinte era: que mais conseguem eles fazer com ferramentas? Foi feito a Betty, uma das fêmeas selvagens capturadas, o seguinte teste: numa sala puseram um tubo de vidro com um cesto, que contém um pedaço de carne, alojado no interior. Havia ainda 2 pedaços de arame nessa sala: um dobrado, em forma de gancho, e o outro direito. Esperavam que Betty escolhesse o gancho e o usasse para levantar o cesto pela pega. No entanto, outro corvo roubou o gancho antes que ela o conseguisse encontrar. Mesmo assim, Betty não desistiu: pegou no arame direito com o bico, introduziu -o numa fenda do soalho e, de seguida, serviu-se do bico para retorcê-lo até ficar com a forma de um gancho. Depois, utilizou-o para içar o cesto do tubo. Conduziram mais alguns testes com Betty, cada um com uma solução ligeiramente diferente (por exemplo, fabricar um gancho a partir de um pedaço de chapa de alumínio em vez de um arame), e ela conse+ 28
guiu arranjar solução para todos. “Isto significa que ela possuía uma representação mental daquilo que queria fazer, o que mostra uma forma superior de sofisticação cognitiva.”, afirmou o investigador.
“...os especialistas em cognição tendem a mudar a defini‐ ção e a rejeitar as novas descobertas.”
NÃO ESTAMOS SOZINHOS Todas estas investigações mostram-nos que não somos os únicos capazes de inventar ou planear, de nos auto-observarmos ou mesmo de enganar os outros. Mentir exige formas complicadas de raciocínio, já que é necessário ser capaz de atribuir intenções a outro e de prever o seu comportamento. Estudos demonstraram que os gaios-do-mato conseguem perceber as intenções de outras aves e de agir segundo esse conhecimento. Por exemplo, um gaio que costuma roubar comida sabe que, se outro gaio o vir a esconder uma noz, é provável que essa noz seja roubada. Por isso, ele volta ao local depois do outro partir para mudar a noz de sítio. Esta investigação, realizada por Nicky Clayton e Nathan Emery, da Universidade de Cambridge, comprova também outro aspecto considerado frequentemente como exclusivo da espécie humana: a capacidade para recordar um acontecimento passado específico. Esta espécie de gaio, por exemplo, parece ter noção de há quanto tempo escondeu determinado tipo de alimentos, conseguindo recuperá-los antes que eles se estraguem. Em psicologia cognitiva humana, chama-se “memória episódica” a este tipo de memória, sendo sustentado que só pode existir casa a espécie seja capaz de recuar mentalmente no tempo. No entanto, vários especialistas defendem que os animais “estão presos no tempo”, isto é, não são capazes de distinguir entre passado, presente e futuro da mesma forma que os humanos fazem, recusando-se assim a aceitar como verdadeiras as conclusões das investigações de Nick Clayton. “Temos indícios de que os gaios se recordam do quê, do onde e do quando referentes a determinados eventos de armazenamento” afirma o investigador; no entanto, sempre que se descobre uma capacidade mental que faça lembrar uma aptidão particularmente humana, os especialistas em cognição tendem a mudar a definição e a rejeitar as novas descobertas.
Crónica Por Teresa Castro
Memória - A pista do porvir -
Lembranças, que lembrais meu bem passado Lembranças, que lembrais meu bem passado para que sinta mais o mal presente; deixai-me, se quereis, viver contente, não me deixeis morrer em tal estado. Mas se também de tudo está ordenado viver, como se vê, tão descontente, venha, se vier, o bem por acidente, e dê a morte fim a meu cuidado. Que muito milhor é perder a vida, perdendo-se as lembranças da memória, pois tanto dano faz ao pensamento. Assi que nada perde quem perdida a esperança traz de sua glória, se esta vida há-de ser sempre em tormento. Luís de Camões De que falamos quando falamos da memória? Da lembrança? Das lembranças? Da saudade? Das saudades? Do passado? Dos passados? E que dizer das “saudades do futuro”? Existe a memória do futuro?... A memória parece reportar-se a um vasto e amplo território, onde caberiam todos os tempos e todos os espaços, uma espécie de catálogo em permanente transformação. Arquivo vivo e dinâmico, a memória é parente da imaginação: cria, inventa, propõe, sugere, retém e liberta. Ou esquece. Poder-se-ia então dizer que o passado é passível de ser re-inventado? Seleccionado? Prevenido? Intervencionado? O futuro, também. A ficção científicocinematográfica aponta pistas que caminham nesse sentido. E quem diz verosimilhança diz veracidade eventual... As novíssimas disciplinas da Neurociência e Física Quântica abrem-se ao sonho da descoberta e adentram em territórios supostamente inatingíveis ou até sagrados. Se se trata de um território difuso, em que os limites se esbatem, em que a liberdade constitui uma folha em branco, onde se guardam aquelas lembranças de que o poeta falava? A memória é a agenda onde se traçam rascunhos e pistas, onde se riscam notas e acrescentam outras tantas, onde se dese-
nham e se redesenham passados. Cada lembrança pode constituir como que uma passagem de um filme, uma cena integrada no arquivo que lhe corresponde. Episódios simultaneamente fixos e fluidos. Frescos de dor ou de alegria, que enfim se integram, compreendem e se transformam, transmutam. Horas felizes que brilham como minúsculos seixos de esperança. Ou não: horas de abatimento que ecoam lancinantes, como lanças, em perpétua mágoa. Passos grossos sobre vidros partidos. Memórias-refúgio de sentimentos idos, lembranças -saudades de um “bem passado”. ‘Outroras’ de uma tão controlada cobardia que deixam entorpecidos os sentidos. Mas igualmente memórias-esperança, de um futuro inventado, da espera-esperança de quem nada tem a provar nem a perder. Que tudo está sempre em aberto. E está, como a vida. Integro aqui um belíssimo texto de Teixeira de Pascoaes, à ‘vista’ da Memória: "Vejo, D. Ana, o teu vestido de seda azul bordado a flores da Primavera. Vejo-o, num dia de Páscoa; e parece-me, na distância, a mesma pintura desse dia: uma nódoa azul... Vejo a tua carapuça verde, Manuel, quando jogavas o pau com outros demónios como tu. Vejo as tuas calças de tormentos, António; os teus tamancos, Joaquim; a tua jaleca, Francisco, e a facha negra sete vezes enroscada na tua cinta; e o teu lenço vermelho, ó Lucrécia das fantásticas histórias! Vermelho como o barrete de Dante, feito da mesma púrpura infernal. Vejo a tua saia de luto, Eusébia; e o teu chapéu alto, visconde Tardinhade, negreja, como uma torre antiquíssima, no horizonte do Passado. Conto as tuas rugas, Maria da Porta; e os teus cabelos, Bernardino: três ou quatro palmeiras, num deserto. Vejo o sinal preto, ao canto da tua boca, tia Emília, e a graça que ele dava ao teu sorriso. Vejo o azul dos teus olhos, meu avô, quando os teus olhos me fitavam. Pousa-me ainda na face aquele azul enternecido, aquela ternura que me dói... Esses teus olhos são agora dois buracos abertos, numa caveira, sob uma pedra tumular. Dir-se-á que também me contemplam; mas é treva, não é ternura, o que eles projectam sobre mim... Da tua velha pessoa existe uma ossada, entre quatro pedras, e um chapéu, um casaco e umas calças, outra ossada, entre as quatro tábuas dum armário. É o que resta de ti, no mundo; mas há outro mundo e nele vives ainda, e os teus olhos azuis iluminam a minha infância. Lá estás, com minha avó, com o visconde e a viscondessa de Tardinhade, as senhoras de Meios e outras criaturas dos meus tempos fabulosos." Teixeira de Pascoaes, Livro de Memórias, Assírio & Alvim, 2001. (Negritos meus).
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Lazer
LIVROS O Livro da Ignorância Geral, de
O FIM DO SR. Y — Scarlett Thomas
John Lloyd e John Mitchinson é um catálogo detalhado e bemhumorado de todas as ideias erradas, equívocos e mal-entendidos da “cultura geral”.
John Lloyd e John Mitchinson
Este livro da Ideias de Ler mostra que até as nossas convicções mais doutrinais podem estar erradas. John Lloyd e John Mitchinson são os criadores de um programa da BBC, de nome QI (Quite Interesting), e este livro é o resultado
desse programa. Ao longo de 264 páginas, o livro apresenta afirmações tão surpreendentes como: •Todos os seres humanos têm quatro narinas; • A Terra tem sete Luas; • A máquina a vapor foi inventada na Grécia Antiga; • O café não é feito de grãos; • Os morangos não são bagas; • Os dentes de George Washington tinham pertencido a um hipopótamo; • O monte Everest não é a montanha mais alta do mundo; • Banguecoque não é a capital da Tailândia; • Há 80 000 planetas no sistema solar; • Mais de um milhão de pessoas foram mortas por marmotas. Nenhuma das afirmações é um trocadilho ou uma armadilha. São, isso sim, dez aspectos que a maior parte das pessoas desconhece e relativamente aos quais têm, geralmente, outras noções. O Livro da Ignorância Geral irá fazê-lo sentir-se muito pequeno. Não deixe de o ler. Críticas da imprensa: “Este livro faria até Edison corar de vergonha, por apresentar respostas a perguntas que nunca pensámos fazer ou nunca tivemos necessidade de fazer, já que sabíamos, ou pensávamos que sabíamos, a resposta.” The Economist “Para impressionar os amigos com a sua inteligência, suplique, peça ou compre ‘O Livro da Ignorância Geral’, uma extraordinária colecção de equívocos e ideias erradas muito comuns, compiladas para o programa da BBC QI (Quite Interesting).” Financial Times
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“Quando Ariel Manto descobre a obra O Fim do Senhor Y numa livraria de livros em segunda mão, mal consegue acreditar no que está a ver. Conhece o suficiente sobre o autor, o estranho cientista vitoriano Thomas Lumas, para saber que os exemplares do livro são extremamente raros. E amaldiçoados.” Um livro cativante, que se foca sobretudo em questões filosóficas sobre a vida e a realidade do mundo, O Fim do Sr. Y conta-nos a história de Ariel Manto, uma apaixonada por ciência vitoriana e que quer saber tudo sobre tudo, que se refugia nos livros para conseguir escapar à vida real. Mais que um simples conto, é uma reflexão da realidade em que vivemos, desafiando as nossas crenças e o senso comum. Aborda várias temáticas, desde filosofia a medicinas alternativas, como a homeopatia, passando por questões da metafísica e teorias das ciências da vida. “No final não seria ninguém, mas no início era conhecido como Senhor Y.” Quando o Sr. Y toma uma poção estranha numa feira, a sua vida começa a mudar drasticamente. Focando-se sobretudo em experiências de pensamento, esta aventura (considerada ficção por pedido do escritor) envolve profundamente o leitor, obrigando-o a reflectir e a pensar se tudo o que é relatado no livro não poderá ser real. Este livro permite-nos comparar a nossa vida com a ilusão que criamos como fuga à realidade, mostrando os vários aspectos e vertentes que caracterizam ambas. SOBRE A AUTORA: Scarlett Thomas nasceu em Londres, em 1972. Já escreveu 7 livros, entre os quais se destacam “O Fim do Sr. Y” e “PopCo”. Desde 2004 que ensina Literatura Inglesa e Escrita Criativa na Universidade de Kent.
Scarlett Thomas
NÃO SE ESQUEÇA DE VER... Na actualidade, há filmes para todos os gostos e idades. Os filmes são uma boa forma de entretenimento que permite relaxar e divertir, algo extremamente importante numa sociedade tão competitiva. Este tipo de media em quantidade não excessiva tem ainda a vantagem de desenvolver certas capacidades
mesa de Lucy e os dois conversam até o bar fechar. O que Henry não esperava era que no dia seguinte Lucy não se lembrasse de quem ele era, dizendo que nunca o tinha visto na vida. Em casa de Lucy, o pai e o irmão preparam todos os dias o mesmo cenário Apesar de o pai e o irmão de Lucy avisarem Henry para que este não se vá encontrar com ela ao café, Henry arquitecta outras maneiras de atrair Lucy. Tudo corria bem até…
visuais.
50 first dates A minha namorada tem amnésia Director: Peter Segel Guionista: George Wing Género: Comédia Romântica Elenco principal: Adam Sandler (Henry Roth), Drew Barrymore (Lucy Whitmore), Rob Schneider (Ula), Sean Astin (Doug Whitmore) e Lusia Strus (Alexa) Ano: 2004 Henry (Adam Sandler) é um veterinário que não gosta de ter relações a longo prazo, até conhecer Lucy (Drew Barrymore). Lucy teve um acidente de automóvel no dia de aniversário do pai um ano antes. Como consequência, sofre de amnésia e acorda todos os dias sem se recordar do dia anterior. Assim, ela vive todos os dias como se fosse o dia do acidente.
Drew Barrymore e Adam Sandler Como será conhecer uma pessoa que se esquece de nós todos os dias? Henry encontra Lucy num café à hora do pequenoalmoço e apaixona-se imediatamente. Senta-se na
Lusia Strus e Adam Sandler ela descobrir que não se lembra do último ano. A partir desse dia, todos os dias, Henry faz Lucy lembrar-se de tudo o que lhe aconteceu até aquele dia. Apesar de cómico não deixa de ilustrar muito bem o tipo de vida que um pessoa com amnésia leva. Quantos problemas a amnésia pode causar à própria pessoa e às que a rodeiam? No entanto, a amnésia também pode significar um novo começo. (Há sempre desculpa para não cumprir compromissos. Mas é favor não tentar bater com a cabeça em algum lado para ter amnésia.) Uma comédia sem limites, acompanhada com inteligência animal e música romântica. Ao longo do filme pode também testemunhar que os animais são capazes de aprender e compreender linguagem e que têm Rob Schneider inteligência própria. + 31
Um cérebro brilhante Documentário da National geographic Na nossa vida, ouvimos falar de muitos génios. Muitos estudos científicos são feitos para descobrir o que traz a genialidade daqueles que muitas vezes ouvimos falar. O documentário especial da National Geographic encerra 3 partes. Em cada uma, é apresentado um génio e uma reflexão sobre a razão das suas potencialidades. Como funciona o cérebro de um génio? Será que funciona como o nosso? Será que têm a mesma estrutura que a de um pessoa normal? Que áreas do cérebro usamos quando realizamos tarefas do dia-a-dia? Muitas questões e poucas respostas. Marc Yu é um génio na música. Mas o que o faz ser assim? Marc Yu, um rapaz de apenas 10 anos, consegue já tocar peças para piano de um elevadíssimo grau de dificuldade , sendo também um bom violoncelista, com um ouvido absoluto para as notas musicais. O que tem este génio diferente de todos outros restantes? Será que a vida intra-uterina influencia a nossa capacidade de aprendizagem? Porque as crianças são tão impressionantemente rápidas a aprender? Será que os génios já nascem com esse talento? Será que a genialidade vem escrita nos genes? Certamente que a prática e muito treino desde novo ajuda muito, mas será que é só isso que torna as pessoas génios como são?
Mark Yu George Widener consegue calcular que dia da semana é uma data qualquer. Será que a organização estrutural do cérebro de George pode ser diferente de uma pessoa comum? Apesar deste talento de George, ele é em certa medida socialmente isolado. É comum ouvirmos falar sobre génios que têm distúrbios, como é o caso de uma rapariga de 3 anos e meio chamada Nadia que era autista e, no entanto, desenhava extraordinariamente bem. Estranhamente, perdeu o seu talento para desenho quando começou a falar. Felizmente, nem todos os génios sofrem distúrbios, como o caso de Marc Yu, que está a provar crescer de maneira saudável. + 32
Tommy McHugh tornou-se num pintor compulsivo após um acidente dramático. O que mudou no seu cérebro para ele se tornar assim? Um documentário surpreendente, no entanto esclarecedor. E a investigação prossegue. Será que um dia nos podermos todos tornarmo-nos em génios? Tommy começou a ter impulsos criativos e pintava como que impelido por algo. É isto a que se deve considerar uma verdadeira mania. Desesperado, Tommy pediu ajuda. Que transformações ocorreram ao nível cerebral dando origem a este impulso? Há maneiras de parar este impulso? Como será que estas capacidades são estimuladas?
Tommy McHugh Susan Polgar é a primeira VENCEDORA de um campeonato mundial de xadrez. Mas, ela nasceu para ser génio? Não. Ela é a prova viva de como uma criança comum se pode tornar num génio. Todos sabemos o quão importante é a educação na vida de uma pessoa. Mas, o que nem todos devem saber é que a educação pode tornar uma pessoa ordinária num génio. Muitas pessoas fazem milagres de memória como Susan, que identifica rapidamente esquemas de xadrez. Mas será que a educação de Susan é mais importante que o talento para xadrez? Existe alguma diferença na maneira de pensar de indivíduos masculinos e femininos? Como trabalha a nossa memória a curto prazo? O que é a intuição? Como nós reconhecemos as pessoas?
Susan Polgar
Quem te avisa teu amigo é
Insónias? Que fazer? O sono é o final de um dia e o início de outro, permitindo descansar a mente e ao corpo. Mas há pessoas que não conseguem adormecer à noite e, na manhã seguinte, não têm a energia necessária, prejudicando-os no trabalho ou nos estudos. É considerado insónia quando uma pessoa demora mais de meia hora a adormecer, acordando mais de 3 vezes à noite demorando também a voltar a adormecer, ou acordar cedo e não conseguir voltar a adormecer, repetindo-se pelo menos 3 vezes por semana, durante mais de 3 semanas. Algumas vezes, as insónias são provocadas por mudança de hábitos. Nesses casos há certas actividades que podem ajudar a combater a insónia. Primeiro, passear ou fazer jogging durante meia a uma hora. Pode ser em parques ou perto de lagos, locais com ar relativamente limpo. Passear ou fazer jogging são exercícios aeróbios que ajudam a relaxar e a diminuir o stress acumulado promovendo um sono mais prolongado. Segundo, beber um copo de leite antes de deitar. Cientistas descobriram que o leite é uma bebida altamente benéfica para o homem, tendo a propriedade de acalmar e ajudar a adormecer mais rápido. Por fim, pensar em paisagens. Por exemplo, imaginar uma praia ou um riacho. Investigadores da Universidade de Oxford observaram que indivíduos com insónias que imaginassem ou recordassem de paisagens calmas ou paradisíacas adormeciam, em média, 20 minutos mais depressa que aqueles que não o faziam.
Enxaquecas. Que dor de cabeça! A enxaqueca é um tipo de cefaleia (dor de cabeça) descontínuo provocado por alterações de elasticidade nos vasos sanguíneos na região do cérebro. Estudos psicológicos indicam que pessoas com enxaquecas são emocionalmente pouco estáveis, maioritariamente introvertidos e mostram-se mais preocupados. Estímulos emocionais podem estar na origem de enxaquecas, e também os factores ambien-
tais e psicológicos podem alterar a gravidade da dor. A investigação indica ainda que 91.6% dos indivíduos com enxaquecas apresentam anomalias na reologia1 do sangue, dos quais 65% têm anomalias na formação de coágulos, 58,3% têm anomalias na viscosidade do sangue, 55.1% têm anomalias na aderência de plaquetas sanguíneas. Após vários anos de investigação, o autor chegou à conclusão que alguns exercícios de respiração podem ajudar a evitar enxaquecas e a diminuir as dores. O exercício tem duas partes: 1. Relaxamento Abrir e fechar os olhos com força relaxando de seguida; baixar e levantar a cabeça, rodá-la para a direita e para a esquerda com força; levantar os ombros e relaxar; rodar os ombros para a frente e relaxar de seguida. Deve manter em cada posição de stress por volta de 5 a 7 segundos. O tempo para relaxar deve ser o triplo do tempo de stress na posição. Deve-se repetir cada movimento 4 vezes. Acabando esta parte do exercício, deve-se descansar 2 minutos. 2. Exercícios de respiração Inspirar e expirar devagar para o abdómen contando o número de respirações. Ao executar o exercício, deve manter uma postura relaxada, calma e equilibrada. Este exercício deve durar cerca de 15 minutos. Investigações reflectem que não condição de não conter a respiração, inspirar e expirar devagar tem resultados bastante benéficos. Os exercícios acima referidos podem ser feitos uma ou duas vezes por dia. Deve ser persistente. Contudo não é aconselhado fazer no caso de ter tomado alguma refeição dentro das 2 horas anteriores. Este tipo de exercícios ajuda também indivíduos com insónias.
Alimentação USE A MATEMÁTICA Se gosta de cozinhar, terá mais facilidade em emagrecer, mas precisa de ter cuidado para não fazer comida de sobra. Pode comer demais para não ter de a deitar fora. Procure ter em sua casa somente alimentos saudáveis e de baixas calorias. Envolva toda a família no cultivo dos bons hábitos alimentares; é mais fácil manter uma alimentação saudável quando todos estão comprometidos com o peso ideal. SIGA O DITADO Café da manhã como rei, almoço como príncipe e jantar como mendigo. PEQUENO-ALMOÇO Quanto melhor se alimentar pela manhã, menos fome vai ter durante a tarde e evitará ir para a cama com o estômago cheio, retardando a digestão e o metabolismo energético e, o que é pior, engordando. 1 - Reologia - ramo da mecânica dos fluidos que estuda as propriedades físicas que influenciam o transporte de quantidade de movimento num fluido. Estuda por exemplo a viscosidade, a elasticidade e a plasticidade.
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COMA COM AMIGOS/FAMILIA Enquanto se fala não se pode comer. A conversa torna a refeição mais lenta e evita que se coma impulsivamente e depressa.
cício foi excessivo. CORRECTO Cerca de 5 minutos após o exercício físico a respiração deve voltar ao normal, o coração deve deixar de bater tão rápido e a pessoa deixa de estar tão cansada. A actividade benéfica não deve deixar uma pessoa exausta e a sentir-se mal. 6.Andar é uma das melhores formas de exercício. CORRECTO Andar ajuda a circulação do sangue por todo o corpo e afecta directamente na saúde do indivíduo. 7.O aquecimento muscular deve ser cheio de ritmo e energia para que os músculos possam manter a sua potência. ERRADO O aquecimento deve ser feita de forma lenta, permitindo relaxar os músculos, caso contrário, o aquecimento vai deixar os músculos ainda mais tensos.
O que sabe sobre exercício físico? 1.Para emagrecer numa parte do corpo, o melhor é exercitar essa parte. Por exemplo, para perder uns centímetros na barriga, é melhor fazer abdominais. ERRADO Muitas pessoas acham que quando uma parte é exercitada, a gordura do local é gasta. Na verdade, quando se faz exercício físico, é a gordura de todo o corpo que pode ser gasta e não só de uma parte. 2.Para manter a forma e um corpo saudável basta fazer exercício físico 2 vezes por semana. ERRADO De acordo com um estudo da Organização Espacial da Rússia, os músculos que não são exercitados perdem rapidamente a força. Depois de 48-72 horas há necessidade de exercitar os músculos de modo a que esteja em forma. Isto quer dizer que apesar de fazer exercício todos os dias seja o ideal, fazer dia sim dia não também pode manter o teu corpo igualmente saudável 3.Para perder peso é preciso suar muito. ERRADO Suar só baixa a temperatura corporal, não ajuda a emagrecer. Talvez percas peso logo a seguir à actividade, mas isso é apenas resultado da perda de água. À medida que se recupera a água, o peso volta ao mesmo. 4.Correr devagar 1 quilómetro gasta mais energia do que andar 1 quilómetro. ERRADO A energia gasta é igual. Mas se correr 30 minutos e andar o mesmo tempo, gasta mais energia a correr. 5.Se alguns minutos após o exercício físico a respiração não voltar ao normal, isso quer dizer que o exer-
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8.O tempo da actividade física diária deve ser de pelo menos 20 minutos. CORRECTO No esqueleto estão anexos 400 músculos. Para exercitar esses músculos, contraindo e relaxando-os de maneira correcta, são precisos cerca de 20 minutos.
Depressão Depressão é um estado emocional que muitas vezes se experimenta, mas a depressão frequente e grave é uma doença que necessita de tratamento. É importante referir que algumas doenças somáticas também podem provocar o aparecimento de estados de depressão, como problemas na tiróide, esclerose múltipla e outras doenças crónicas. A vida na sociedade nem sempre é satisfatória; por isso, face a situações em que pouco ou nada se pode fazer para as alterar, é importante tentar aceitar a realidade e mudar a maneira como encarar essas situações. Muitas vezes, mudar o ponto de vista de um problema pode melhorar o humor. Conviver com pessoas optimistas, bem como usufruir de alguma leitura leve, aprendendo com isso uma forma de viver diferente; ver comédias ou ir a festas, com uma atmosfera de alegria, assim como comprar um presente para o próprio; comunicar mais, falar com os familiares e amigos de confiança sobre os problemas que têm, são formas de libertar a pressão. Fazer turismo e relaxar são também boas formas de “descansar o espírito”.
RECORDES DO GUINNESS Desde sempre, o Homem tem vindo a tentar ultrapassar os seus limites. Os Recordes do Guinness são um conjunto de casos extremos, naturais ou provocados, registados e certificados pela empresa Guinness World Records Limited. Aqui destacamos alguns casos insólitos relacionados com saúde.
autor desta proeza foi o pescador Jan Egil Refsdahl (Noruega). Foi levado para o hospital de Haukeland, depois da temperatura corporal descer para os 24ºC e o coração parar. Recuperou depois de ter sido ligado a uma máquina cardio-pulmonar Espirro mais rápido A maior velocidade atingida por um espirro foi 167 km/h. Nível de açúcar no sangue mais alto
Cérebro mais pesado O cérebro mais pesado do mundo foi detectado em Dezembro de 1992 pelo Dr. George T. Mandybur da Universidade de Ohio (EUA). Pertencia a um homem de 20 anos e tinha 2,3 Kg. Cérebro mais leve O cérebro mais leve “normal” ou não-atrofiado pesava 680g. Pertencia a Daniel Lyon (Irlanda), que morreu com 46 anos. Tinha 1,5m de altura e pesava 66 Kg. Com estas características, um cérebro normal pesaria 1,4Kg.
Alexa Painter (EUA) sobreviveu a um nível de açúcar no sangue 20,7 vezes acima da média com 139 mmol/litro. A taxa normal de açúcar no sangue está entre 4,4 e 6,6 mmol/litro. Primeiro transplante de mão Clint Hallam (Austrália), de 48 anos, foi o primeiro homem a receber um transplante de mão. A sua operação demorou 14 horas e a mão era de um homem morto.
Maior placa inserida num crânio humano Tom Thompson (EUA) teve uma placa de titânio com 15x11 cm inserida no lado esquerdo da cabeça numa cirurgia. Isto deveu-se ao facto de Thompson ter sido atropelado, tendo inclusivamente sido dado como morto ao chegar ao hospital. A dieta mais estranha Michel Lotito (França) tem vindo a comer metal e vidro desde 1959. Gastroenterologistas radiografaram o seu estômago e descreveram como única a sua capacidade de consumir 900g de metal por dia. O maior número de agulhas na cabeça O recorde do maior número de agulhas de acupunctura na cabeça e cara é de 1,790 agulhas e foi alcançado por Wei Shengchu (China), na cidade de Nanning, na China, a 23 de Março de 2004. Maior paragem cardíaca A maior paragem cardíaca durou quatro horas e o
Clint Hallam depois da operação Mais conjuntos de dentes Em 1896, foi feita referência ao primeiro caso de uma quarta dentição, conhecido como o caso de Lison. + 35
PASSATEMPOS Talvez não seja óbvio, mas os passatempos são muito importantes para exercitar a mente. Não são apenas uma forma de entreter e passar tempo, como o nome indica, mas também uma forma de não deixar a mente parada. Quanto mais se exercitar a mente, mais activa ela fica, mais rápido executará tarefas futuras.
Quem é o culpado? Canhoto - De certeza que não fui eu que matei V. Quando soube o que a polícia pretendia, B levantou a mão esquerda como jura: - Eu admito que odiava V, mas não há ninguém na empresa que não o odiasse. - Nós não dissemos que o matou. – P convidou B a sentar-se, enquanto que se levantava e ia buscar um copo de água, enchendo-o até ao limite propositadamente passando-o a B. - Obrigado. – disse B enquanto pegava no copo com a mão direita. - Fuma? – P tirou um cigarro dando-o a B, sem deixar de olhar para as suas mãos. B poisou rapidamente o copo pegou no cigarro com a mão esquerda e acendeu o isqueiro com a mão direita. Quando foi dado um copo de água igualmente enchido a A, este pegou no copo com a mão esquerda e apoiou a base com a direita. Quando ia para oferecer um cigarro, A disse que ele tinha, tirando com a mão direita a caixa de cigarros tirando um com a boca. Poisou a caixa na mesa e acendeu o isqueiro com a mão direita. Na noite anterior V foi encontrado morto junto à sua secretária na empresa. O médico-legista determinou a hora da morte como sendo por volta das 22h. Após a observação da cena do crime, o médico-legista chegou a uma única conclusão - o criminoso é canhoto. Os suspeitos são aqueles que saíram da empresa depois das 22h: A e B. No entanto, não foi encontrado nenhuma prova de que qualquer empregado que possa ser canhoto, apesar de alguém dizer que A era canhoto quando era jovem. Como último recurso, através de movimentos subconscientes, P pretendia descortinar se algum deles era canhoto. Caros leitores, será que conseguem descobrir quem é o canhoto? Não se esqueçam da justificação.
Soluções na página 38
Noiva falsa e verdadeira Dias antes, P recebeu a notícia que o pai de F, um amigo seu, faleceu. Por isso, P não esperava que F o procurasse assim tão cedo. - Então F, por que me procuraste? – perguntou P. - Sabes, o meu pai casou antes morrer e agora tenho em casa duas mulheres que declararam ser ambas noivas do meu pai. Como o meu pai também não me falou muito nisso, não consigo saber qual delas é a verdadeira. Ambas apresentaram a documentação e nem o advogado encontrou qualquer problema nos documentos. Só sei que a noiva é uma professora de piano alemã e que casaram segundo as tradições alemãs. Preciso mesmo da tua ajuda. - Está bem. Vou ver o que consigo fazer. Em casa de F, P viu as 2 noivas. Ambas por volta de 30 anos, ambas muito bonitas. Uma loira, de olhos verdes, C; e outra de cabelo castanho escuro e olhos azuis, D. P pensou um pouco e disse: - Vamos ouvi-las a tocar piano. Ambas tocaram a mesma música e a melodia parecia igualmente bonita. D tinha na mão esquerda 2 anéis de safira e o anel de noivado enquanto que C tinha apenas um anel de noivado na mão direita. Quando acabaram P disse a F: Eu não posso ter a certeza de qual é a verdadeira noiva, mas posso ter a certeza de quem não é. Caros leitores, conseguem deduzir quem é a noiva falsa?
SUDOKU Grau: difícil
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3 1 8
3
6
7 2 4 2 1 6
7 8 3 9
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Anedotas Professora: Eu tenho 7 laranjas numa mão e 10 na outra. Posto isto o que é que eu tenho? João: Umas mãos muito grandes! Vira-se um cego para um paralítico: Então, como é que tens andado? O outro: Olha, como tens visto. Qual é o cúmulo do azar para uma serpente? Morder a língua
Jogo 2
Disponha os números de 1 a 12 sobre as intersecções de forma a conseguir a mesma soma, 39, em cada círculo.
Qual é o cúmulo do jardineiro? É ter uma filha chamada Rosa que tem um namorado que a deixa sempre plantada.
Palavras cruzadas
Qual é o cúmulo da paciência? Ver uma corrida de caracóis em câmara lenta.
Adivinhas É bom para se comer, mas não se come nem cru, assado ou até cozinhado. O que é? Qual é a coisa, qual é ela, que se faz para andar e não anda? Dois irmãos do mesmo nome, vão marchando com afinco. Um dá sessenta passos, enquanto que o outro só dá cinco. O que são? Qual é a pessoa que não faz senão comer? O que é que quanto maior é menos se vê? O que é que os velhos, os novos e as crianças fazem todos ao mesmo tempo? Por natureza está quente, excepto em caso doentio, mas face a perigo iminente, devemos mantê-lo frio.
Jogos Matemáticos Jogo 1
As quatro imagens que vemos acima foram trocadas. Qual é a ordem real?
Pistas: Horizontais: 1- tecnologia que trabalha com o nanómetro 2- stress positivo 3- espécie marinha excelente na comunicação e no comportamento imitativo 4- tipo de amnésia que não permite recordar eventos recentes 5- conceito que engloba o completo equilíbrio do indivíduo em termos físicos, mentais e sociais 6- doença neurodegenerativa que causa a perda permanente de recordação 7- capacidade que permite registar e armazenar informação, convertendo-a depois em recordação Verticais: 1- tratamento de doenças através de processos naturais 2- terapia feita através da manipulação da energia vital 3- outro nome para "cocaína" 4- outro nome para "cannabis" 5- indivíduo com capacidades extraordinárias de memória e de observação 6- tecnologia que utiliza características biológicas únicas para verificar a identidade de uma pessoa
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Referências bibliográficas:
projectomaissaude.freehostia.com maissaude@live.com.pt
•BERLOQUIN, P. (Fevereiro de 1999). 100 jogos geométricos; 2ª edição. Gradiva Publicações, Lisboa •FOLKARD, C. (Outubro de 2004). Guiness World Records 2005. Dom Quixote, Lisboa
Redacção, edição e formatação:
•MOURA, A. (Setembro se 2005). O Grande Livro de Sudoku; 2005; Edições ASA, Lisboa
Diogo Pedro Martins Cerqueira, Lin Qia Min, Raquel Amado Ferreira e Sofia Isabel Almeida Campino Martins do Vale
•ROMÃO, P. & PAIS, S. Educação Física 1ª parte, 10º/11º/12º anos. Porto Editora, Porto
Colaboração: Maria Isabel Magalhães, Sérgio Heleno e Teresa Castro Sede de redacção: Escola Secundária com 3º ciclo de José Estêvão de Aveiro: Avenida 25 de Abril, Apartado 3, 3811-901, Aveiro
•"MEDICINA POPULAR" (tradução literal); Editora científicotecnológico de Shanghai- nºs 1, 4, 7 de 2003 •“NATIONAL GEOGRAPHIC”; A memória; Número 91; Grupo RBA; Outubro 2008 •“NS’”; Especial Saúde XXI; Número 51053; Global Notícias; 11 Outubro 2008 •"PICA-PAU" (tradução literal); nºs 3, 4, 5 de 2008 •“SUPER INTERESSANTE”; A nano chegou em força; Número 102; Edimpresa Editora; Outubro 2006
•“SUPER INTERESSANTE”; Os segredos da memória; Número 110; Edimpresa Editora; Junho 2007
Impressão:
•“SUPER INTERESSANTE”; Chocolate – o ouro castanho; Número 108; Edimpresa; Abril 2007
Activcopy: Avenida Dr. Mário Sacramento, 55C, 3810106, Aveiro
•http://www.saudenarede.com.br/?id=Doping&p=av; (disponível em 5 de Outubro de 2008) •http://saude.sapo.pt/prevenir/artigos/geral/alimentacao/ver.html? id=908542; (disponível em 22 de Janeiro de 2009) •http://www.av.it.pt/aveirocidade; (disponível em 12 de Fevereiro de 2009) Soluções dos passatempos
Quem é o culpado? (pág. 36)
Quem é o canhoto? Os movimentos de A são efectivamente estranhos, mas para um dextro é normal. B fez uma jura com a mão esquerda subconscientemente, e além disso, B pegou no copo de água coma mão direita e no cigarro com a mão esquerda, parecendo bastante natural. Mas, poisar o copo antes receber pegar no cigarro era desnecessário, porque a mão esquerda estava vazia. B queria deixar claro que tinha o hábito de usar a mão direita, poisando o copo, mas pensando bem o movimento pareceu-lhe chamar muita atenção, pegando no cigarro com a mão esquerda. Sendo, por isso, B o criminoso.
Jogo 2:
Quem é a noiva falsa? Normalmente os anéis de noivado são postos na mão esquerda, apenas Alemanha é uma excepção. É uma tradição alemã. Como a noiva é alemã e o casamento foi segundo tradições alemãs, o anel de noivado da verdadeira noiva devia estar na mão direita. Por isso a D é a noiva falsa. Sudoku (pág. 36)
Adivinhas (pág. 37) Adivinhas: Prato, Estrada, Ponteiros do relógio, Cozinheiro, Escuridão, Envelhecem, Sangue
Jogos Matemáticos (pág. 37) Jogo 1: Designemos as imagens por: A B C D D está antes de A e de C, porque a caneca do frade foi entornada. A está antes de C, porque o mosqueteiro das botas brancas recuperou o chapéu. B está antes de D, porque o mosqueteiro do chapéu preto pousou a capa (o que seria impossível durante o duelo). A ordem é B D A C.
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Palavras cruzadas (pág. 37)
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