Revista Maranhão Turismo - Julho/Agosto

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Ano XXVII São Luís - MA - Brasil Julho/Agosto- 2017 R$ 15,00

Cultura • Lazer • Esporte • Negócios • Meio Ambiente

FOTO: CHARLLES EDUARDO

IMAGEM: SÃO RAIMUNDO NONATO DOS MULUNDUS




FOTO: CHARLLES EDUARDO

O FESTEJO DO MILAGROSO SÃO 08/17 RAIMUNDO DOS MULUNDUS O BAILE DE SÃO 18/23 GONÇALO DO MARANHÃO O TRADICIONAL FESTEJO 24/33 DE SÃO BENEDITO DE ALCÂNTARA SÃO JOSÉ DE RIBAMAR 34/39 PADROEIRO DO MARANHÃO

40/41 VIDAS PROFANAS 43 PASSEIO SERENATA 45 POLI KITETRIP

Devota de São Raimundo Nonato dos Mulundus



O Maranhão é um estado privilegiado sob o ponto de vista do potencial turístico, podendo se destacar em inúmeras categorias. Turismo cultural, ecológico, de aventura, de negócios, patrimonial e, dentre esses, merece especial atenção o turismo religioso, caracterizado por pessoas que visitam o estado ou se deslocam de um município a outro (ligando-se à categoria do turismo doméstico), motivados pela religiosidade. Inúmeros festejos acontecem ao longo do ano no Maranhão, desde os rituais de queimação de palhinhas, no dia 6 de janeiro, passando pela celebração de santos como São Sebastião, sincretizado no Tambor de Mina como Xapanã, festejos de São José, Festa do Divino Espírito Santo, festejos juninos, dentre tantos outros. Além dessas datas festivas, o turismo religioso se caracteriza por peregrinações, romarias, visitas a lugares de caráter histórico ou religioso, bem como espetáculos de caráter sagrado, contribuindo para a valorização e a preservação de vivências espirituais no âmbito das manifestações culturais, de forma sustentável, sem que se transformem em eventos massivos, com perda da essência de sua motivação principal, que é a fé. O turismo religioso, cabe salientar, pode contribuir de forma significativa para a geração de emprego e renda, aquecendo a economia, reavivando a cultura e promovendo qualidade de vida para os atores envolvidos no processo. Toda a cadeia produtiva do turismo é envolvida, tais como bares, hotéis, restaurantes, vendedores ambulantes, que comercializam produtos religiosos e artesanato, dentre outros serviços. Para que se tenha uma ideia do segmento, dentre os 15 maiores destinos turísticos do Brasil, de um total de mais de 300 destinos no país, envolvendo a comunidade cristã, existe uma movimentação de 35 milhões de pessoas, segundo pesquisa realizada pela Expotour Católica. Fora do segmento cristão, ainda não existe pesquisa sobre o tema em comento. Nesta edição da revista Maranhão Turismo, são enfocadas três grandes festas religiosas realizadas no Maranhão, as de São Benedito, São Raimundo dos Mulundus e a de São Gonçalo, que movimentam o turismo religioso e já se tornaram eventos tradicionais e que merecem, também por causa disso, a devida atenção por parte dos gestores públicos ligados ao segmento cultural e turístico do estado.

FOTO: RODRIGO SCANAVINNO

O GRANDE POTENCIAL DO TURISMO RELIGIOSO

Boa Leitura e até a próxima.

Léa Zacheu Editora

Revista Maranhão Turismo Coordenação Editorial e Publicidade Léa Zacheu Administrativo Financeiro Sérgio Quirino Revisão Lara Zacheu Reportagem Paulo Melo Sousa Léa Zacheu João Zuccarato Colaboradores Poliene Schalcher Keith Almeida Lourival Serejo Diagramação Renê Caldas (renecaldas0@gmail.com) Fotos Charlles Eduardo Jandir Gonçalves Rodrigo Scanavinno Wanderson Silva Rodrigo Mariani Impressão Gráfica Linha D’Água Tiragem 5.000 Exemplares

IMAGEM DE SÃO BENEDITO

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São Raimundo d O FESTEJO DO Por: Paulo Melo Sousa • Fotos: Charlles Eduardo

Igreja de Mulundus

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dos Mulundus MILAGROSO

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Provavelmente o maior festejo religioso que movimenta o Maranhão (rivalizando com o de São José de Ribamar) é o dedicado a São Raimundo Nonato dos Mulundus. Realizado no município de Vargem Grande, tal festejo já é considerado um dos mais importantes do nordeste brasileiro. Seu início ocorre no dia 22 de agosto (estendendo-se até do dia 31), quando os sinos dobram na igreja de São Sebastião, padroeiro da cidade, chamando os devotos para a procissão até o povoado de Paulica.

Procissão retornando de Paulica

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A fama do festejo movimenta toda a região e é capaz de gerar emprego e renda tanto para moradores quanto para artesãos, ambulantes e demais vendedores que se deslocam de muito longe para se aglomerarem em Vargem Grande durante esse período. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal PRF e Polícia Militar do Maranhão – PM / MA, no ano 2014 foram contabilizados mais de 400 mil romeiros que se fizeram presentes em Vargem Grande durante o evento, o que atesta a grandiosidade do mesmo. Os fiéis se multiplicam a cada ano. Milhares de devotos cumprem uma romaria em homenagem ao “santo vaqueiro”, tradição que vem sendo mantida há mais de 180 anos, crescendo a cada edição. São atribuídos a ele inúmeros milagres, o que atraiu a visitação de milhares de devotos. A peregrinação se transformou num grande festejo e, hoje, milhares de pessoas se aglomeram na romaria, a maioria delas realizando promessas, vindas de vários pontos do país e até do exterior, cumprindo vários quilômetros de caminhada numa grande manifestação de fé, o que tem engrandecido o festejo cada vez mais.

Pagadores de promessas

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As origens dessa grande manifestação de fé remontam ao século XIX, e remetem a uma antiga comunidade quilombola rural existente no município de Vargem Grande na localidade de nome Mulundus, situada a 20 quilômetros da sede do município, originando uma celebração religiosa de cunho popular, surgida em razão de um acontecimento que gerou um ato de fé que continua em franca ascensão. Reza a lenda que um vaqueiro humilde, chamado Raimundo Nonato, morador do povoado, ao cavalgar pela área tocando gado teria sofrido um acidente ao se chocar contra uma árvore e, ao quebrar o pescoço, teria morrido em consequência do traumatismo, gerando grande comoção junto aos moradores, já que era pessoa muito querida no lugar. Seu corpo foi encontrado, alguns dias após ele ter morrido, ao pé da árvore, o que levou, a partir de então, a comunidade a cultuar a imagem do vaqueiro nesse local.

Vaqueiros no povoado de Paulica

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A fé que não costuma falhar A maneira de viver do vaqueiro guardava semelhanças com o santo São Raimundo Nonato, que fora bispo da ordem dos mercedários. Dessa forma, a igreja católica, ao perceber o grande número de devotos visitando o local, resolveu associar a lenda do vaqueiro ao santo, objeto de veneração até os dias atuais. Um dono de terras da região construiu junto com a comunidade uma pequena capela, que ficou em ruínas algum tempo depois. Foi daí que surgiu a denominação de São Raimundo dos Mulundus. A peregrinação, crescendo a cada ano, originou o festejo. No começo da década de 1950, os romeiros se deslocavam com dificuldade de Vargem Grande até Mulundus, a pé ou em lombo de animal, em caminho de terra, numa penosa romaria que durava até um dia e meio de viagem. A arquidiocese de São Luís tentou comprar a área para melhorar a infraestrutura do local, mas não teve êxito, transferindo então o festejo para Vargem Grande. No dia 22 de agosto acontece grande romaria até Paulica, na margem da BR 222, a 8 km da sede do município, e a multidão de romeiros participam da novena até dia 31 de agosto, acontecendo a impressionante procissão de São Raimundo Nonato dos Mulundus, numa tradição que se agiganta a cada ano. Maranhão Turismo 13


Raimundo Nonato era um jovem ajudante de vaqueiro, e trabalhava para uma família de donas de terra, bem ricas, pertencentes à família Faca Curta, conforme informa a professora Dolores Mesquita. O rapaz tinha o hábito de se levantar à noite e orar diante de uma grande pedra no meio da mata. Certo dia Raimundo não retornou à fazenda após o anoitecer. Depois de procurarem por toda parte, lembraram-se da pedra onde o rapaz fazia suas orações e encontraram ele ali, após três dias de desaparecimento, morto, mas sem sinais de decomposição física.

Vaqueiros em Paulica

Paróquia São Sebastião em Vargem Grande

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A explicação seria que o corpo do rapaz teria se santificado. Ao redor da pedra nasceu uma carnaubeira e dos pedaços dela as pessoas começaram a fazer chás que livraram muitos desenganados de doenças tidas como incuráveis. Os devotos atribuíram poderes milagrosos à árvore, e começaram a levar pedaços da mesma que, de tão despedaçada, acabou morrendo também. A notícia dos milagres do santo se espalhou, até que resolveram construir no local uma pequena capela de palha, e a data do falecimento de Raimundo, 31 de agosto, passou a ser celebrado com rezas, ladainhas e cantos, daí nascendo o festejo. Maranhão Turismo 15


Segundo ainda depoimento colhido pela professora Mesquita, que detalha os fatos, “contaram os escravos Raimundo, Secundino, Quirino, Martiniano, Macário, Zefirino, Militão e José Cabral que o corpo santificado foi levado para Roma”. O negro Macário Ferreira da Silva chefiava o grupo de novenistas, por volta de 1850. Com a abolição da escravatura, a família proprietária da terra a vendeu para o Coronel Solano Rodrigues, que vivia com a esposa, dona Luiza, no lugarejo conhecido como Primavera. Certo dia, um dos filhos do coronel, chamado Saul, teria adoecido e estava muito mal de saúde, o que levou dona Luiza a se apegar ao santo milagroso e fazer uma promessa, caso o filho se curasse. Ela trabalharia sozinha e com o dinheiro mandaria trazer uma imagem de São Raimundo Nonato de Portugal (que custou na época um conto e setecentos réis) e doar para a capela de Mulundus. O filho ficou curado e a promessa foi cumprida.

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A partir de então, dona Luíza teria determinado qual seria o ritual do festejo. “No dia 21 de agosto a imagem sairia de Vargem Grande, pernoitando na localidade Nova Olinda, onde, ao amanhecer, continuaria em romaria até chegar em Mulundus, no dia 22, permanecendo ali até o dia 31, fazendo-se assim um novenário em honra ao santo, encerrando-se a festa com uma bela procissão. No dia 1º de setembro a imagem voltaria noutra romaria, chegando em Vargem Grande no dia 2 de setembro, quando então a imagem passaria o resto do tempo na igreja de São Sebastião. E assim foi feito, até mudarem a festa para Vargem Grande, em 1953”, segundo afirma a professora Dolores Mesquita. As curas de doenças, atribuídas a São Raimundo Nonato, começaram a se multiplicar, e cada vez mais em Mulundus tais romeiros se dirigiam ao local, atraídos pela fé no santo milagroso. A pequena capela foi ampliada e os romeiros tiveram melhores condições de alojamento. No início do século XX o pároco de Vargem Grande, Frei Custódio José da Silva Santos ia celebrar o santo em Mulundus, sendo o padre acompanhado nas celebrações pelas cantoras das ladainhas e por uma orquestra. Bem próximo ficava o rio Iguará, que abastecia os devotos do santo durante o período do festejo. Até hoje existe o altar das celebrações, que resiste ao tempo e às intempéries, atestando assim a força do santo, diz o povo, que atribui o fato ao poder do milagroso de Mulundus e ao seu lugar sagrado.

São raimundo final

Imagem de São Raimundo Nonato dos Mulundus

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Por: Paulo Melo Sousa • Fotos: Jandir Gonçalves

Tradicionalmente conhecido como Baile de São Gonçalo, mas também denominado de Roda de São Gonçalo ou Cordão de São Gonçalo, essa manifestação cultural que existe em vários recantos do Maranhão é uma festa que finca suas raízes em Portugal, sendo reconhecida ali desde o século XIII, sendo trazida para o Brasil pelos colonizadores nos primórdios do século XVIII. A festa homenageia o santo São Gonçalo de Amarante, e é associada a data de sua morte, 10 de janeiro de 1259. Gonçalo de Amarante foi um eclesiástico português, sendo considerado beato pela Igreja Católica. Realizou muitas conversões e atuou na vida prática colaborando com ações de construção de obras públicas. Reza a lenda que Nossa Senhora lhe revelou o dia da sua morte e o seu corpo foi sepultado na ermida da cidade de Amarante, na qual pregou. São atribuídos a ele, desde então, inúmeros milagres. Sobre a antiga ermida foi erigida uma grande igreja pelo rei João III, de Portugal, em 1540, sendo, atualmente, monumento histórico da cidade de Amarante. 18 Maranhão Turismo

BAILE DE SÃO GONÇALO DA MARIA CAIXEIRA EM PINDARÉ MIRIM EM 2015


A princípio realizada apenas no interior das igrejas construídas em louvor desse santo, com o passar do tempo a manifestação se popularizou. No formato atual, vem sendo feita em barracões (em alguns locais, também denominado de “ramada”), ou seja, um ambiente coberto de palha, geralmente de babaçu, à frente do qual é construído um pequeno altar com a presença de imagens da religião católica. Em alguns casos, esse altar é em forma de arco de madeira no qual são colocadas frutas, bolos, doces, numa espécie de oferenda ao santo. No Maranhão, as festas de cunho popular também são conhecidas como brincadeiras, envolvendo apresentações de grupos que se apresentam executando performances que lançam mão do teatro, música e dança, sendo marcadas por jogos, celebrações religiosas, representações cênicas e manifestações de simples entretenimento. A brincadeira da Roda de São Gonçalo é uma festa na qual se mistura música e dança para homenagear o santo São Gonçalo de Amarante, sendo feita geralmente para agradecer graças alcançadas ou para pagamento de promessas. Normalmente, os participantes são dispostos em duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres, que dançam ao som da música de dois violeiros, que se postam à frente do grupo. Cada segmento da coreografia da dança é denominada de volta. Os violeiros invocam e saúdam São Gonçalo, enquanto que os dançarinos se deslocam até o altar e, após beijarem a imagem do santo, ficam de joelhos e, logo em seguida, retornam para o finalde suas respectivas fileiras. Maranhão Turismo 19


BAILE DE SÃO GONÇALO DA MARIA CAIXEIRA EM PINDARE MIRIM EM 2015

Os dançarinos cantam quadras decoradas ou feitas de improviso, a uma só voz, e se alternam nos movimentos com passos realizados para a direita e para a esquerda ao som da rabeca e da viola. Ao término de cada volta, os dançarinos interrompem um pouco a dança durante um determinado espaço de tempo para degustar os pratos de comida oferecidos pelo pagador da promessa a São Gonçalo, cuja festa é bem disseminada no nordeste e norte do Brasil, sendo também presente no interior de São Paulo. Ali, o santo é tido como protetor dos violeiros e goza da mesma fama de casamenteiro que a de Santo Antônio por aqui no Maranhão. No interior do estado, dentre os vários festejos dedicados ao santo, vem se destacando o que é realizado no povoado Marajá, que fica a 180 quilômetros de São Luís, situado no município de Vitória do Mearim. Unindo tradição e fé, toda a população do povoado se une ao redor do festejo. A rabeca, instrumento musical que anima os participantes, é artesanal, o figurino é simples, a simplicidade e a leveza das canções reforçam o caráter tradicional do festejo. Dentre outros municípios nos quais ainda localizamos o Baile de São Gonçalo, destacamos os que são realizados na Baixada Maranhense, notadamente nos municípios de Viana, Matinha, São Vicente de Férrer, Cajari, Penalva e São João Batista. 20 Maranhão Turismo

BAILE DE SÃO GONÇALO DO BAIRRO MATRIZ EM VIANA EM 2011


BAILE DE SÃO GONÇALO NA FUNDAÇÃO SÃO SEBASTIÃO EM VIANA

Sobre o festejo de Viana, encontramos referência a ele no livro “Retrato de um Município”, datado de 1958, de autoria de Ozimo de Carvalho: “ Também por seu cunho religioso (que faltava ao Fandango e a Chegança), o baile de São Gonçalo mantém-se em plena atualidade. É sempre levado à cena em paga de favores com que o santo atende aos pedidos dos seus inúmeros devotos. Raro na cidade, é de frequência extraordinária no interior, principalmente na zona dos campos, onde se representa, não dentro da casa de moradia, mas em frente dela, num vasto salão sem ladrilho nem soalho, coberto de pindoba mansa e em cujo fundo se ergue o altar do santo. O conjunto é constituído de duas filas de cinco pessoas, homens e mulheres, ou mistos e um guia, todos em trajes especiais, ricos de fitas e jóias, a cantar e bailar ao som de violões e rabecas, uma letra e música multissecular e imutável. Sai cara a festa ao agraciado, pelas pesadas despesas que lhe acarreta, mas no seu entender, o valor da graça supera sempre o do pagamento. À representação seguem-se as danças profanas e comezainas”. Maranhão Turismo 21


O ritual do festejo se localiza num entremundo permeado pelo sagrado e pelo profano, com raiz fincada no mito e na lenda, o que contribuiu para a popularização do santo entre os devotos do mesmo, ao lado de uma representação mais caseira, que facilitou a construção de elementos que permeiam a dinâmica do festejo, que inclui os custos, as participações de homens e mulheres, a indumentária utilizada, personagens, a variedade de bebidas e comidas, a duração da dança, dentre tantos outros fatores. Consideramos importante assinalar, de acordo com o local no qual se realiza o baile, a conjunção do festejo de São Gonçalo com os de outros santos como São Benedito, Santo Antônio, São Francisco, Nossa Senhora do Rosário e São Sebastião. Assim como aconteceu com o Bumba-Meu-Boi e o Tambor-de-Crioula, o Baile de São Gonçalo também se realiza em São Luís, trazido do interior do estado por pessoas que vieram morar na capital maranhense. No bairro da Vila Embratel, em São Luís, o baile se reproduz numa residência, e é realizado como pagamento de promessas. Os integrantes da dança agradecem graças alcançadas. Seu Mundé e dona Dulcimar, que é de São João Batista, há mais de trinta anos realizam o baile de São Gonçalo nesse bairro, com a presença de oito dançarinos, e ainda um guia e dois músicos. Em frente ao altar é rezada uma ladainha, com a presença de crianças, adolescentes, adultos e idosos da comunidade. O baile acontece como pagamento de promessa. Seu Mundé prometeu para o santo que, caso o seu sobrinho fosse aprovado no vestibular, faria o baile indefinidamente. Hoje, o então estudante, Manoel Barros, é professor do curso de História da Universidade Federal do Maranhão, e sempre acompanha o festejo. 22 Maranhão Turismo

BAILE DE SÃO GONÇALO DA MARIA GARIMPEIRA EM VIANA EM 2012


Como informa Câmara Cascudo, “a dança de São Gonçalo é um dos últimos vestígios da dança religiosa, das fórmulas universais da súplica pelo ritmo dos bailados. Humilde, paupérrima, anônima, analfabetos os cantores, inconscientes os bailarinos, é uma sobrevivência contra a corrente resistindo. Essa permanência valoriza o poder de vitalidade psicológica invencida”. Com feição própria no Maranhão, “junto com outras danças votivas e de natureza lúdica, a dança de São Gonçalo manteve através dos tempos o núcleo básico de uma memória recitativa e a representação dramática que a caracterizou desde o início como uma celebração festiva e cerimoniosa. O desempenho da solenidade assemelha-se a uma representação teatral dançante, com os pares bem trajados, usando flores, cantos e expressões que lembram os folguedos do ciclo natalino”, informa a pesquisadora Ester Marques em texto publicado no Boletim da Comissão Maranhense de Folclore, em 2008. Vale a pena encerrar este breve relato do festejo louvando São Gonçalo: “Nas horas de Deus Amém Nas horas de Deus Será Glorioso São Gonçalo Suas danças vão começar Dei licença São Gonçalo Licença me queira dar Eu mais a minha parelha Sua jornada vamos começar”. Maranhão Turismo 23


Por: Paulo Melo Sousa

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FOTO: RODRIGO SCANAVINNO

São Benedito de Alcântara O TRADICIONAL FESTEJO DE


Quando chega o mês de agosto, os mestres de Tambor-de-Crioula de todos os recantos de Alcântara são convocados e sempre se reúnem na sede do município para celebrar São Benedito,num dos festejos mais importantes do calendário do turismo religioso do Maranhão, mas que também apresenta o seu lado profano, tradicionalmente sob a luz de uma lua cheia ou numa fase próxima de cheia, em frente à igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (também conhecida como igreja do Galo, pois existe uma imagem de um galo metálico numa das torres da igreja, que funciona como cata-vento), erguida graças aos esforços da Irmandade de mesmo nome da igreja. Trata-se de uma festa que vem atravessando várias gerações.

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FOTO: CHARLLES EDUARDO

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O prédio sagrado foi construído em razão do fato de que, na época, os negros que ainda estavam escravizados não podiam frequentar a igreja dos brancos (a igreja de Nossa Senhora do Carmo). O templo foi benzido no dia 29 de maio de 1803 pelo vigário José de Almeida e Silva, tendo sido, então, dado início ao culto, após o traslado para o novo templo das imagens de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, oriundas da igreja da Matriz, cujas ruínas ainda se erguem na praça central da cidade. Em 1974, uma parte dessa igreja ruiu, sendo prontamente restaurada. Em razão do fato de que foram os negros escravizados que ergueram o templo com o suor do próprio rosto, tornou-se tradição festejar São Benedito, anualmente, em frente ao local, no adro da igreja, numa celebração que vem atravessando várias gerações, até há três anos atrás no período da lua cheia, como sempre aconteceu até então. Ultimamente, sem uma justificativa plausível, mudaram a data do festejo, que não vem sendo mais realizado no período da lua cheia.


FOTO: CHARLLES EDUARDO

Alegam os atuais “organizadores” que antes se fazia o festejo na lua cheia por causa da escuridão, já que a cidade não possuía eletricidade e, com a chegada da luz elétrica, não haveria mais necessidade de se fazer o festejo da mesma forma que antes. Os festejos de Alcântara, contudo, sempre foram em datas móveis, como é o caso da Festa do Divino Espírito Santo. A alteração da tradição, portanto, é arbitrária e interfere na beleza da festa, que sempre foi abençoada com a beleza e a poesia de uma lua cheia.

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FOTO: CHARLLES EDUARDO

GARIMPANDO A TRADIÇÃO A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos existe até hoje e é a responsável pela organização do festejo. Além dos grupos de Tambor-de-Crioula, uma banda de música é contratada e anima o ambiente, numa mistura de ritmos que encontra eco no rufar dos tambores. Há alguns anos, os tambores não paravam de tocar, atravessando madrugadas; eram vários dias de toque ininterrupto.

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Nos últimos festejos, porém, as marchas de tambor se interrompem após certa hora da noite. Clubes de reggae, surgidos há alguns anos, localizam-se nos quatro cantos da praça, tumultuando um pouco a beleza das apresentações ao colocarem o som nas alturas, prejudicando a apresentação dos grupos de Tambor-de-Crioula. As mudanças no festejo são notórias, ao longo dos últimos anos, o que tem enfraquecido essa manifestação cultural. Normalmente a organização do festejo consegue arrecadar algum dinheiro, e a prefeitura colabora com a compra de bois, sendo a carne dos mesmos utilizada para alimentar os integrantes dos grupos e dos organizadores da festa, além dos músicos e de convidados. Maranhão Turismo 29


Procissão de São Benedito

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Durante muitos anos a alimentação dos festeiros e dos coreiros e coreiras ficou a cargo da família de seu Liene Pinheiro, que era o responsável pela matança dos animais. Dona Maria Silva da Costa, sua esposa, e seus filhos e filhas, ajudados por várias cozinheiras, eram quem se encarregavam de temperar e preparar os alimentos. Seu Liene é uma figura tradicional da cidade. Ligado às festas, é ele quem vai buscar os mastros na Festa do Divino Espírito Santo, e conduz o cortejo no dia do ritual da Subida do Boi pelas ruas de Alcântara. No momento, a família de Seu Liene está afastada da organização do festejo de São Benedito. No ritual desse importante festejo, acontecem ladainhas, uma concorrida procissão que percorre praticamente a cidade inteira, com paradas estratégicas em frente de várias igrejas da cidade para rápidos toques de Tambor-de-Crioula, acontecem missas e, sobretudo, muita festa, numa saudável mistura entre o sagrado e o profano. Ao longo dos cortejos, das marchas dos tambores e das ladainhas, e até nos momentos mais calmos, o estrépito dos foguetes é permanente, para desespero de alguns e alegria de outros.


Alcântara é um local abençoado pelas belezas naturais, pela força da sua cultura e pela hospitalidade e amabilidade dos seus moradores. A tradicional Festa de São Benedito, assim como tantas outras dessa encantada cidade, consegue reunir de forma fraterna não somente os moradores de lá, mas também muitos que moram em São Luís e que se deslocam até essa cidade em busca de felicidade, renovação da fé e dos laços de amizade que são permanentemente construídos nos recantos históricos da antiga Tapuitapera, que se constituem por suas igrejas, becos, fontes, praias, casarões e ruínas.

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Embora tenha sofrido várias modificações, a festa continua atraindo o interesse dos devotos do santo, de mestres do Tambor-de-Crioula, das coreiras e dos adeptos da manifestação popular, além de curiosos e dos “ariris de festa”, que só precisam de um motivo para caírem na farra. Alcântara sempre recebe muitos visitantes por ocasião do festejo que, neste ano, terá início dia 25 de agosto, sexta-feira, prosseguindo até dia 28, segunda-feira. Às vezes com antecedência, noutras ocasiões no próprio dia do início da festa, coloca-se um mastro no centro do adro. Vários cordões com bandeirinhas coloridas partem do ponto mais alto do mesmo e se dirigem para os diversos recantos da praça, enfeitando o local. Nesse trabalho, destacava-se a figura de seu Raul, um devoto dedicado e que não perdia um festejo, correndo de um lado para o outro, comandando a execução do serviço com o capricho da fé. Seu Raul participava ainda como Mestre-Sala na Festa do Divino Espírito Santo. Maranhão Turismo 31


FOTO: CHARLLES EDUARDO

Neste ano, os organizadores do festejo resolveram novamente atropelar a tradição, mais um equívoco que se soma a vários outros problemas de organização. Hoje, o número de grupos de Tambor-de-Crioula diminuiu, já que os recursos também escassearam, e um festejo dessa natureza requer planejamento, garantindo alimentação para os participantes, traslado, acomodação decente na cidade, decoração do ambiente, dentre outros detalhes. Em 2004, seu Raul Soares (antigo Mestre-Sala da Festa do Divino Espírito Santo e organizador, durante anos, do festejo de São Benedito, falecido em 2015) apontava, em entrevista, na ocasião, várias alterações no festejo, o que já prejudicava o desempenho do mesmo. Historicamente, a Festa de São Benedito, ali, sempre contou com vários ícones. Dona Fausta, antiga festeira, é relembrada por seu Liene Pinheiro, que comandou também o festejo durante muitos anos. Dona Naíza é outra personalidade relembrada por todos como fiel devota do santo e grande organizadora da festa. Seu Nerivaldo Pinheiro também é presença marcante na parte religiosa da festa. 32 Maranhão Turismo


FOTO: RODRIGO SCANAVINNO

“Após a abertura oficial dos festejos eu falo sobre a vida do santo, desde quando era cozinheiro, passando pela sua entrada no convento, enfim, sobre toda a sua vida, e depois eu começo a invocar o Espírito Santo, do qual sou devoto, para em seguida entrar na ladainha. Ao encerrar a ladainha, eu canto o bendito ao Santíssimo Sacramento, e depois disso eu rezo o Pai Nosso e três Ave-Marias. Eu também faço uma oração dedicada a São Benedito (Meu São Benedito / Vosso manto cheira (bis) / Cheira a cravo e rosa / à flor de laranjeira...) e, para encerrar, depois da novena do primeiro dia, como abertura, eu canto o hino de São Benedito”, informa seu Nerivaldo. Ao longo do festejo os tambores ainda ecoam, relembrando o antigo esplendor dessa manifestação cultural que já viveu dias melhores e que precisa urgentemente tanto de apoio quanto de uma necessária revitalização.

Devoto de São Benedito

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São José de Ribamar, PADROEIRO DO MARANHÃO

São José de Ribamar é, com certeza, o santo mais popular do Maranhão. Padroeiro do estado, seu festejo geralmente acontece durante o período da lua cheia, no mês de setembro. Reúne centenas de milhares de pessoas. Só no ano passado, a festa, que acontecerá neste ano de 1º a 10 de setembro, conseguiu reunir mais de 500 mil pessoas durante o período, e a expectativa para este ano é de superação. Incluída na região metropolitana de São Luís, a cidade balneária já está pronta para receber romeiros e romeiras que se dirigem ao santuário para louvar o santo milagreiro, pagar promessas alcançadas e para acompanhar a realização de missas, batizados, novenas e prestigiar eventos culturais. Neste ano, o tema adotado é “José, artesão da fé, esposo de Maria, a mãe do Salvador”.

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FOTO: WANDERSON SILVA

Normalmente, alguns dias antes do festejo é realizada a lavagem da igreja matriz, que é então preparada para receber condignamente os devotos. Nesse período que antecede o festejo, também são realizadas várias atividades, dentre as quais vigília em louvor do Divino Espírito Santo e para o bom êxito do festejo, peregrinação, missa da juventude e de entrega do festejo e passeio ciclístico do santuário.

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FOTO: WANDERSON SILVA

O município de São José de Ribamar é considerado o terceiro maior de todo o Maranhão, abrigando uma população de quase 180 mil habitantes, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2016), integrando a região metropolitana de São Luís. Fica a 32 km do centro da capital maranhense, de frente para a Baía de Guaxenduba, também conhecida como Baía de São José. A cidade, inicialmente, era habitada pelos índios potiguaras. Reza a lenda que um navio proveniente de Portugal, ao navegar pela baía de São José foi atingida por um temporal. Os tripulantes a bordo invocaram a proteção de São José, prometendo, caso se salvassem, de erigir uma igreja ao santo e trazer de Lisboa uma imagem para ser entronizada na povoação que era avistada por quem se encontrava a bordo. Logo o mar se acalmou, todos se salvaram e a promessa foi cumprida. Embora tenham construído a igreja de frente para quem chega na cidade, a mesma desabou várias vezes, até que os fiéis entenderam que o santo queria que o templo fosse erguido de frente para o mar, e assim a igreja do santo milagroso se encontra ali fincada até hoje. 36 Maranhão Turismo


A cidade é festeira e ali, uma semana após o término do carnaval tradicional, é realizado o famoso carnaval do Lava-Pratos, considerado um dos carnavais fora de época mais antigos do país, e encerra oficialmente o carnaval no Maranhão. Na mesma linha de ação cultural, após o período junino ali também é realizado o Lava-Bois. Em junho, durante o período junino, acontece a bela procissão marítima em louvor de São Pedro. A cidade já foi um dos locais turísticos mais frequentados do Maranhão. No passado, os moradores de São Luís se deslocavam para suas casas de veraneio em São José de Ribamar, durante o período das férias de julho e de dezembro a fevereiro, numa época que não mais retorna.

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FOTO: WANDERSON SILVA

São José de Ribamar possui uma bela praia de banho, e ainda os recantos do Vieira e do Barbosa, além da mítica praia do Caúra. Ali se comercializa o peixe pedra, o mais saboroso do Maranhão, tendo sido realizado até um Festival do Peixe Pedra, durante o mês de julho, que também abriga os festejos de Santana e do Divino Espírito Santo, que se repete em dezembro junto com o festejo de Nossa Senhora da Conceição. No entanto, o festejo ao santo padroeiro do Maranhão, São José, é incomparável, e vale a pena ser prestigiado e apoiado cada vez mais pelos gestores do turismo e da cultura do Maranhão. 38 Maranhão Turismo


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FOTOS: CHARLLES EDUARDO

“Vidas Profanas” é um presente para as artes Cênicas do Estado do Maranhão As artes Cênicas do Estado do Maranhão foram premiadas com a peça “Vidas Profanas”, cuja estreia, dia 4 de agosto último, lotou as dependências do Teatro Alcione Nazaré, no Centro da Cidade de São Luís. Ao final da apresentação, o público presente aplaudiu de pé autores, elenco e produção daquela realização. O espetáculo teatral foi inspirado no livro homônimo, de autoria do escritor, poeta, compositor, dramaturgo e roteirista José Eulálio Figueiredo de Almeida. Ele soube criá-lo com a autoridade de testemunha ocular das histórias registradas em sua obra. Pelas mãos do próprio Eulálio Figueiredo e da escritora Gracilene Pinto, a obra tenha sido adaptada para teatro e para cinema. Tanto o livro quando a peça teatral conta a história da vida boêmia da Cidade de São Luís nos anos 1950 a 1970. Naquela época, reinavam soberanas madames explorando a prostituição de inúmeras mulheres na Ruas 28 de Julho e na Rua da Palma. Estas eram usadas para satisfazer a lascívia dos homens buscando prazeres inconfessáveis. Se o espetáculo teatral “Vidas Profanas” foi sucesso de público é porque as histórias contadas são boas. Por isso, devemos agradecer ao autor pelo bem que fez, como cidadão ludovicense, resgatando fato histórico de grande relevância para compor o perfil iconográfico de nossa bela e misteriosa ilha. Esse é um dos benefícios de escrever livros em época de comunicação tão barata e fácil. Os autores recebem diretamente dos leitores, alto e claramente, pelas redes sociais, o sentimento sobre o trabalho literário. Para Eulálio Figueiredo, “o bom retorno não é difícil de encontrar, principalmente quando existe uma equipe trabalhando focada no que está fazendo.” 40 Maranhão Turismo

Atriz Lívia Lima

O espetáculo em cena


E, acrescenta: “Isso é algo extremamente valioso e recompensador, porque decorre de saberes e de deveres inerentes à natureza humana. Não só recebemos o retorno sobre o que foi escrito no livro Vidas Profanas, mas também muitas sugestões para tópicos futuros.” E, por isso, promete: “Alguns dos espectadores que enviaram e-mails, postaram mensagens no Facebook, depois de se deliciar com o espetáculo teatral “Vidas Profanas”, verão suas sugestões e seus pensamentos refletidos nas próximas etapas desse grandioso projeto.” Elenco reunido

O público lotou o teatro Alcione Nazaré

Portanto, a Imagina Brasil Produtora Cultural do espetáculo parabeniza e agradece a Eulálio Figueiredo, um dos escritores mais fecundos da atualidade, pela excelente ideia de escrever “Vidas Profanas”, retratando, com sua maestria de sempre, a época de ouro da boemia da Cidade de São Luís e do confinamento das meretrizes numa zona só delas. Vale destacar também o trabalho do diretor da peça, Urias de Oliveira, cuja criatividade é, por excelência, resultante de um artista pleno, exuberante, culto, profundo e carismático. Alguém além de seu tempo e que ao tempo desafia.

Produtora Léa Zacheu, diretor Urias Oliveira, roteiristas Eulálio Figueiredo e Gracilene Pinto

Aqueles que têm o privilégio de conhecer seu diligente trabalho, de logo passam a admirar sua capacidade de encenação de qualquer espetáculo teatral, dada a versatilidade e capacidade de preparação do elenco para a atuação. Elenco, aliás, que teve uma atuação exemplar e, por essa razão, digna de todos os aplausos. Sabemos que a atuação de cada um dos artistas foi importante para a beleza do espetáculo, até porque a encenação é coletiva. Atores e atrizes acreditaram no projeto e participaram da montagem porque tomaram para si a missão de bem representar seus papéis e o objetivo do texto. Isso não significa dizer que as cenas estão perfeitas e acabadas. Os intérpretes podem, a cada nova apresentação, dar mais vida aosseus personagens, fazer a ficção parecer com a realidade e o imaginário mesclar-se com nosso cotidiano. Tudo isso mediante o realce especulativo do inconsciente humano, onde se encontram depositadas as tentações que ciladas da vida nos proporciona. Maranhão Turismo 41


Parlamentares apreciam culinária maranhense durante Semana da Gastronomia Regional

BRASÍLIA- No dia 9 de agosto, o Diretor Regional do Senac no Maranhão, Ahirton Lopes, recebeu parlamentares maranhenses para um almoço de valorização à culinária regional e de relacionamento político-institucional no Restaurante-Escola do Senac na Câmara dos Deputados. Entre eles o senador João Al-

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berto (PMDB), os deputados federais Cleber Verde (PRB), João Marcelo Souza (PMDB), Júnior Marreca (PEN), Pedro Fernandes (PTB), Victor Mendes (PSD) e Weverton Rocha (PDT) e o deputado estadual Roberto Costa (PMDB). Políticos de outros Estados como Ceará, Rio Grande do Sul e São Paulo também pres-

tigiaram o evento e puderam conhecer um pouco mais da gastronomia maranhense. No cardápio, arroz batipuru, torta de camarão, sururu ao leite de coco, posta de pescada ao molho escabeche e de sobremesa creme de bacuri e manjar maranhense com calda de juçara. Quem experimentou e aprovou o menu foi o deputado federal de São Paulo, Sérgio Reis (PRB). O sururu ao leite de coco, eleito por ele como o prato mais saboroso, rendeu elogios à equipe que preparou a receita. O parlamentar fez questão de cumprimentar os instrutores do Restaurante Escola do Senac no Maranhão, Júnior Lisboa, Raimundo Rodrigues e Andrew Costa. “É uma iniciativa fantástica, pois serve para mostrar para o pessoal essa cultura, já que tem gente que não vai até o Maranhão, não tem o costume de viajar e conhecer a beleza das cidades do Brasil, então aqui pelo menos conhece um pouco da culinária e artesanato”, ressaltou Sérgio Reis.

Mais de 400 pessoas puderam provar as delícias típicas do Estado durante este almoço e até o dia 10/08, mais de 800 prestigiaram a Semana da Gastronomia Regional. “O Senac, ao trazer aqui experiências gastronômicas e culturais como a do Maranhão, começa a incentivar não só o turismo, mas também faz com que o Brasil descubra de verdade seu próprio Brasil”, ressaltou o deputado Weverton Rocha. O encerramento da programação ocorreu dia 11/08 no Restaurante-Escola do Senac, até lá o público apreciou iguarias regionais no Restaurante-Escola Downtown (Confederação Nacional do Comércio) e na aula-show, para convidados, em que receitas foram ensinadas por chefs maranhenses. Durante todo o evento, o público teve a oportunidade também de degustar bebidas típicas do Maranhão como o licor de cupuaçu, guaraná Jesus e a Tiquira (aguardente produzida a partir da mandioca).


Passeio Serenata encanta turistas e Ludovicenses O Passeio Serenata integra o programa "Reviva" que envolve música e informações sobre a história da cidade e suas personalidades mais marcantes do passado Em continuidade ao programa "Reviva", que se estende até o mês de dezembro, a Prefeitura de São Luís, por intermédio da Secretaria Municipal de Turismo (Setur), realizou no dia 23/08, o Passeio Serenata, com participação de centenas de pessoas. O evento, que envolve música e informações sobre a história da cidade e suas personalidades mais marcantes do passado, teve início na Praça Benedito Leite. Grupos de turistas e moradores de São Luís acompanharam o percurso com duração de duas horas e meia pelo Centro Histórico. Na caminhada, personalidades marcantes da história da cidade se postam estrategicamente em pontos turísticos, atentamente acompanhados pelo público. O estímulo ao mergulhar na história acontece com a teatralização dos personagens devidamente caracterizados com a indumentária de época. O Padre Antônio Vieira, interpretado pelo ator Urias Oliveira, em frente à Igreja da Sé; Daniel de La Touche (Tony Costa) em frente ao palácio que leva o nome do fundador da cidade; a médica Maria Aragão (Regina Oliveira) na entrada do Palácio dos Leões; Ana Jansen (Maria Ethel) no viaduto do Palácio, repassam informações sobre passagens da história maranhense.

O vice-prefeito Julio Pinheiro (foto) destacou a importância do programa no projeto de reocupação do Centro Histórico implementado pela Prefeitura de São Luís. "Essa é uma forma criativa que a Prefeitura tem desenvolvido para a área do Centro Histórico. A programação do turismo vem enriquecer ainda mais o campo cultural da cidade. Da mesma forma como tem acontecido com a Feirinha São Luís, aos domingos", comentou Pinheiro. No passeio são destacados os marcos da fundação da cidade, que em setembro completa 405 anos. "É uma forma de contemplar e conhecer um pouco da nossa história que repassamos em textos curtos ou poesia para visitantes e ludovicenses. Além de passear por uma das áreas mais significativas, que é a Praia Grande", apontou a secretária municipal de Turismo, Socorro Araújo. (foto) O programa "Reviva" engloba o Passeio Serenata, Sarau Histórico e Roteiro Reggae. Segundo a secretária Socorro Araújo, posteriormente, no período de chuvas em que não é possível atividades ao ar livre, será trabalhada a gastronomia maranhense. Maranhão Turismo 43


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POLI KITETRIP TUTÓIA x ARPOADOR

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Os bons ventos na Parte Maranhense da Rota das Emoções.

Pela segunda vez a Poli Kitetrip elege Tutóia como destino de suas viagens, organizadas para grupos de kitesurfistas amigos que buscam lugares paradisíacos e de bons ventos para a prática do kitesurf. Em 2015, a Poli Kitetrip fez o roteiro Delta x Lençois, pela localização estratégica de Tutóia que de um lado tem o Delta das Américas e do outro os Lençóis Maranhenses. O cenário é um espetáculo a parte! Vento, Sol, mar, rios, lagoas , dunas e uma biodiversidade natural do maior Delta da América e do único deserto com lagoas do mundo. No mês de Agosto a Poli levou o grupo formado por 10 participantes para curtirem esse velejo e além do prazer de velejar tiveram a oportunidade de realizar uma clínica avançada de aperfeiçoamento em Downwind com o instrutor convidado Ricardo Hidrante. Downwind. (descer vento), velejar descendo o vento em uma espécie de regata em grandes ou pequenas distâncias de uma praia a outra ou entre cidades. A sacada de aliar a kitetrip a clínica foi da organizadora Poliene, que incluiu tudo em um único pacote. Desta vez o roteiro escolhido foi a parte maranhense da Rota das Emoções , fazendo o DW da praia da Barra, Praia do Amor e Arpoador. O Projeto é uma iniciativa da produtora Poliene Schalcher que tem vasta experiência em organização de eventos e campeonatos de kitesurf. O local, aprovadíssimo pelo grupo como um excelente point de velejo de kite no Brasil. A viagem foi tão boa que o grupo já pensa em Voltar ainda esse ano! O grupo já em São Luís, recebeu a visita do Instrutor Hidrante, acompanhado de seu amigo também kitesrufista Marks que vieram velejando em seus equipamentos de kitesurf do Arpoador (Tutóia) até São Luís. Ocasião em que a organizadora Poliene, aproveitou para fazer a cerimônia de entrega dos certificados aos participantes na sede da AVEN- Associação de Vela e Esportes Náuticos do Maranhão.

Realização: Poli Kitetrip e eventos Agradecimentos: Aos participantes: Ana e João , Cris e Paulo, Eliane e Francisco,Rodrigo Vazques, ao nosso Campeão Maranhense de Kitesurf e 6 colocado na Seletiva Redbull Rally dos Ventos 2017, Bruno Lima. Agradecimentos a Rodrigo Mariani nosso Drone Man. Aos nossos amigos parceiros da Pousada Baluarte e Logística, Renata, Patrick e Paterson por tudo e além,ao Rogério Avema e OKP, Ao Sanzio Herter Arena Kite Point-AKP, ao seu Totô no traslado, Nativa Kite Point-NKP com o Ricardo Hidrante nosso instrutor da clínica de DW, ao amigo professor Alexandre Lago, os apoios imprescindíveis do Secretário Adjunto Estadual Ednaldo Neves,do Secretário de Turismo de Tutóia Giovani Junior, e do Prefeito de Tutóia Romildo Damaceno e a Revista Maranhão Turismo da amiga Lea Zacheu.

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SEMA realiza mobilização para criação do Conselho Consultivo da APA da Foz do Rio das Preguiças A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) realizou, no dia 18 de agosto em Tutoia, reunião de mobilização para formação do Conselho Consultivo da APA da Foz do Rio das Preguiças - Pequenos Lençóis - Região Lagunar Adjacente. A Unidade de Conservação é gerida pela SEMA e engloba os municípios de Barreirinhas, Paulino Neves, Tutóia, Água Doce do Maranhão e Araioses. “O conselho é um espaço importante por ser um lugar onde a sociedade pode participar efetivamente para a prevenção de problemas e solução das questões ambientais da região da unidade de conservação”, explicou a Superintende de Biodiversidade e Áreas Protegidas da SEMA, Janaina Dantas. Estiveram presentes na reunião a sociedade civil organizada, o setor privado, o setor público e a comunidade em geral dos cinco municípios que fazem parte da referida UC. Durante o evento foram apresentados e discutidos a importância das Unidades de Conservação Estaduais e dos Conselhos Gestores. Além disso, foi tratado sobre a importância da participação dos municípios, sociedade civil organizada e os demais setores na formação do Conselho Consultivo da Unidade. “Parabenizo aqui a SEMA. A APA em questão foi criada em 1991 e só agora a SEMA tá trabalhando nessa região. Estamos nos sentindo valorizados. Essa área clamava por ações desse tipo”, disse César Machado, presidente da ONG Maranhense de Defesa a Natureza de Araioses. 46 Maranhão Turismo


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