2 minute read
HENRIQUE HEBER SOUZA JÚNIOR
O LADO HUMANO DA PANDEMIA
MÉDICO CARDIOLOGISTA, DR. HENRIQUE HEBER CONTA COMO LIDOU, PESSOALMENTE E PROFISSIONALMENTE, COM O NOVO CORONAVÍRUS
Advertisement
ANGELO FRANCHINI NETO
Omédico cardiologista, Dr. Henrique Heber Sousa Júnior, sabe bem o que signifi ca a linha de frente no combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Uma mistura de medo, apreensão e, principalmente, esperança por dias melhores. Esperança essa que se tornou realidade com o apoio de empresas e da comunidade em geral.
“No começo, estávamos um pouco apreensivos em como a doença iria afetar a nossa cidade. Não tínhamos recursos sufi cientes para atender a uma demanda alta, mas graças a ajuda de empresas de nossa cidade, conseguimos contar com uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) equipada a ponto de atender uma demanda considerável. Ao longo dos meses, o número de casos foi aumentando e a necessidade de leitos de UTI cada dia maior. Creio que ninguém imaginou uma situação única como essa em Lençóis Paulista”, comenta o médico.
Quando o assunto é cardiologia, o trabalho do Dr. Henrique se torna ainda mais evidente e importante. “Como sabemos, a Covid-19 é uma doença sistêmica. Muitos pacientes desenvolveram doenças relacionadas ao sistema cardiovascular, como as miocardites e, posteriormente, insufi ciência cardíaca, sequelas que podem comprometer a qualidade de vida. Embolias pulmonares e venosas também foram observados em alguns pacientes, mas não há regras. Cada caso é um caso com tratamento individual”. As sequelas também não são previsíveis. “O que sabemos é que, em casos nos quais os pacientes cronifi cam (se tornam crônicas), observamos uma grande perda de massa magra muscular, o que debilita a função motora do paciente”.
Ciência à parte, o lado humano também foi e continua sendo um desafi o enorme. “Todos nós, profi ssionais de saúde, fi camos exaustos. Mas, aos poucos, fomos pegando o jeito de como lidar com a doença, mesmo sem termos tratamento medicamentoso. Tudo isso, é claro, abalou o nosso emocional, pois deixamos nossas famílias em casa e tivemos diariamente o receio de levar para casa, de maneira assintomática, esse vírus. Como consequência, tivemos um aumento considerável no número de casos de depressão entre os médicos, afi nal, muitos deles também perderam familiares nesse período”.
Hoje, o Dr. Henrique olha para trás e as vê vitórias se sobressaindo às derrotas. “Foi e é muito difícil dar a notícia de que o fi lho faleceu de Covid-19, enquanto o pai, também acometido pela doença, nem teve sintomas. Daí vem a pergunta: por que isso aconteceu com meu fi lho? Hoje, vejo o quão importante é a transparência para que todos possam entender como a doença funciona, mesmo que nós, médicos, ainda aprendamos diariamente com ela. Por isso é que considero que eu e todos os profi ssionais da saúde nos tornamos ainda mais humanos durante essa pandemia”, fi naliza o médico cardiologista.