ESPECIAL MACATUBA 117 ANOS // 2017

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PÁTRIA AMADA, MACATUBA Eles escreveram uma importante página na história de Macatuba, cidade que já tem em seu DNA as cores da bandeira brasileira e do patriotismo. Podem sim ser considerados heróis, pois fizeram parte da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial e reconquistaram territórios italianos ao lado dos Aliados. Conviveram com o som de tiros e explosivos, sangraram em vestimentas nada confortáveis, sofreram com o preconceito e viveram para contar cada detalhe do conflito armado. Sem dúvidas, os nossos nove Pracinhas merecem todas as reverências. E é através de cada um dos ex-combatentes e desse espírito nacionalista que nós, da Revista O Comércio, queremos parabenizar Macatuba pelos seus 117 anos de histórias, conquistas e muito desenvolvimento. Que possamos dar cada vez mais valor à nossa terra e aos nossos antepassados, que construíram uma cidade próspera, civil e, acima de tudo, patriota. Orgulho de ser macatubense, orgulho de ser brasileiro.

C1 Revista O Comércio

Colaboração e agradecimentos: Casa da Cultura, Matheus Galli Nacli, José Carlos Ferreira de Souza e Maria Lucilla.

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PATRIOTISMO C1

MACATUBA DO

MEU BRASIL E

m nosso hino da Liberdade cantamos: “Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”. Mas o que é “ficar a pátria livre” hoje? Atualmente, não é mais vê-la livre das invasões por parte de outros povos, mas ver a pátria livre dos seus males. É lutar por ela, amá-la incondicionalmente, defendê-la em todas as situações. Amar a pátria é algo que está no sangue do macatubense. E isso não é de hoje, ou ontem. Na pré-história da cidade, existem registros de cidadãos que hasteavam a bandeira brasileira em seus imóveis.

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Os eventos públicos e particulares eram cercados de um sentimento único de amor pelo Brasil, bem como o ensino nas escolas. Palestras alusivas ao tema patriotismo, proclamação do Hino Nacional, discursos públicos, enfim, as cores verde e amarela sempre correram nas veias dos moradores de Macatuba. O tempo passou, mas o sentimento continuou o mesmo. A ida de nove combatentes macatubenses à Segunda Guerra Mundial em 1945 só fez esse civismo aumentar. Mais recentemente, em 2007, Macatuba foi agraciada com uma hon-

ra única, que colocou a cidade nos holofotes nacionais durante seis anos. A partir daquele momento, a terrinha começou a sediar a solenidade da queima da bandeira nacional. É um protocolo estabelecido pelas forças armadas para queimar as bandeiras que estão inutilizadas por ficarem no pátio durante todo o ano. Como a bandeira é o símbolo máximo do país o militar tem o dever de cumprir o protocolo, estabelecido por um decreto de 1968. Até então, esse procedimento era realizado apenas em quartéis do Exército, Marinha e Aeronáutica. Em 2012, a solenidade da queima da bandeira parou de ser realizada em Macatuba. Naquele ano, Exército, Marinha e Aeronáutica desfilaram pelas ruas de Macatuba, em frente ao Ginásio de Esportes “Brasílio Artioli”. A Aeronáutica, inclusive, trouxe duas aeronaves, que sobrevoaram os céus de Macatuba.

C1 Divulgação // C2 Revista O Comércio

Cidade sempre teve em seu sangue um perfil patriota, tanto que sediou a solenidade da queima da bandeira por anos

Praça em comemoração aos 100 anos da Proclamação da Independência no Brasil

Última solenidade da queima da bandeira, com a presença de duas aeronaves da Aeronáutica

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2ª GUERRA MUNDIAL C1

GOVERNOS TOTALITÁRIOS MOTIVARAM CONFLITO ARMADO C1

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C1 fotos Divulgação

Muitos dos reflexos da Segunda Guerra Mundial podem ser sentidos até hoje; Hitler e Mussolini foram dois dos grandes protagonistas

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m dos mais importantes motivos da Segunda Guerra Mundial foi o surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha surgiu o Nazismo, liderado por Hitler e que pretendia expandir o território alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes, inclusive reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites. Itália e Alemanha passavam por uma grave crise econômica no início da década de 1930, com milhões de cidadãos sem emprego. Uma das soluções tomadas pelos governos fascistas destes países foi a industrialização, principalmente na criação de indústrias de armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios, tanques etc.). Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo. Em 1941 o Japão ataca a base militar norte-americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí). Após este fato, considerado uma traição pelos norte-americanos, os estados Unidos entraram no conflito ao lado das forças aliadas. De 1941 a 1945 ocorreram as derrotas do Eixo, iniciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inverno russo. Neste período, ocorre uma regressão das forças do Eixo que sofrem derrotas seguidas. Com a entrada dos EUA, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas. Este importante e triste conflito terminou somente no ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália. O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que despejou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

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CHIQUITO NUNES C1

VIVENCIANDO O CONFLITO ARMADO Francisco Alves Nunes foi um dos Pracinhas de Macatuba que honraram o Brasil durante a 2ª Guerra Mundial

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articipar de uma guerra não deve ser fácil, tanto que muitos ex-combatentes ficam com marcas físicas ou psicológicas irreparáveis. Conviver com o som de bombas explodindo ao seu lado, perder amigos em combate, não ter notícias da família... Somente quem vivenciou tudo isso sabe qual é realmente o significado da palavra guerra. Nove macatubenses participaram diretamente da Segunda Guerra Mundial, entre eles o Pracinha Francisco Alves Nunes, conhecido carinhosamente como Chiquito. Uma de suas filhas, Maria Lucilla, que aceitou conversar com a reportagem sobre a vida do pai, conta que Chiquito

Pracinhas macatubenses em Roma

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C1 fotos Arquivo pessoal Lucilla Nunes

Chiquito Nunes na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial

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Certificado de participação na Segunda Guerra Mundial de Chiquito Nunes

Mais sobre Chiquito Francisco Alves Nunes nasceu no dia 10 de janeiro de 1920, em Macatuba. Seus pais eram Manoel Alves Nunes e Alexandrina Franco da Rocha O pai de Chiquito era português, natural de Póvoa de São Cosme, um vilarejo perto de Coimbra. Morou nas fazendas Tanquinho e Aguinha, em Macatuba, e fazia o papel de administrador. Era irmão de Joaquim, Durvalino, Euzébio, Paulo, Josina, Ana, Gracinda, Maria, Ida, Luiza, Tereza, Helena, Antonia e Nair. Chiquito sempre foi um filho ilustre de Macatuba, principalmente pela sua participação na Segunda Guerra Mundial. Chiquito se casou com Luiza Ludovico, em 4 de maio de 1947, após voltar da Segunda Guerra Mundial, e teve oito filhos: Eloy, Osmar, Maria Lucilla, Maria Letícia, Valter, Valberto José, Francisco Sérgio e Maria Luiza. Em Macatuba, foi vereador na gestão de 1960 a 1963 e 1969 a 1972. Faleceu no dia 1º de novembro de 1996, em Macatuba.

C1 Arquivo pessoal Lucilla Nunes

foi para a Segunda Guerra Mundial no lugar de um amigo que havia sido convocado, como se fosse um voluntário. Na Itália, ele era responsável por dirigir um Jeep que transportava munição, combatentes e oficiais. Isso quando não estava em batalha. Foram 11 meses que o deixaram com uma bagagem imensa e muita história. Chiquito contava à Lucilla que, quando ia buscar munição para os demais soldados, sentia que as pontes pelas quais ele e o Jeep passavam iriam explodir. Muitas pontes explodiram, mas somente depois que já estava em terra firme. O ex-combatente também viu muitos colegas morrerem nessa guerra. Já com relação aos alemães, uma palavra os define bem: crueldade, pois matavam sem pensar e apenas em benefício próprio. Chiquito tinha apenas 25 anos quando vivenciou tudo aquilo, o que não deve ter sido nada fácil. Após o fim da 2ª Guerra Mundial, Chiquito e os colegas passearam pela Itália, uma forma de tentar esquecer as terríveis imagens do conflito armado. De acordo com as fotos registradas, eles fizeram questão de visitar algumas igrejas da Itália. Quando chegaram ao Brasil, conheceram o Cristo Redentor e as igrejas em Nossa Senhora Aparecida. Esta fé, aliás, era marca registrada de Chiquito. Segundo Lucilla, o pai falava da fé pelas coisas que viveu e por sentir Deus presente em tudo o que ele fazia. O combatente deixou muitas lembranças para seus filhos. São fotos, partes importantes da roupa que usava em batalha e outros pertences. O Pracinha sempre se orgulhou desse episódio em sua vida e recebeu muitas homenagens por isso.

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MACATUBA NA GUERRA

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Pracinhas sendo homenageados durante Desfile Cívico em Macatuba

C1 Arquivo Casa da Cultura

OS NOSSOS QUERIDOS COMBATENTES

Nove macatubenses estiveram na Segunda Guerra Mundial e presenciaram os horrores de um conflito armado

EB (Força Expedicionária Brasileira) foi o nome dado à força militar brasileira de 25.300 homens que lutou ao lado dos Aliados, na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Adotou como lema “A cobra está fumando”, em resposta àqueles que consideravam ser mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra. A frase, no entanto, tem outras interpretações entre os próprios combatentes. Segundo eles, quando algum militar do alto escalão (os cobras) chegava fumando charuto, quer dizer que viria alguma cobrança em alto e bom tom. A FEB desembarcou na Itália em junho de 1944 e entrou em combate em setembro, no vale do rio Serchio, ao norte da cidade de Pisa. As primeiras vitórias da FEB ocorreram já em setembro, com a ocupação de Massarosa, a tomada de Camaiore e Monte Prano. Durante o rigoroso inverno daquele ano, combateu nos Apeninos, onde enfrentou temperaturas de até 20 graus negativos e muita neve. Nove jovens macatubenses foram convocados a integrar a Força Expedicionária Brasileira: Mario Damico, João G. da Silva, Antonio Silvio Malavasi (Tite), João Minetto (Joãozinho), Francisco Alves Nunes (Chiquito), Nelson Artioli (Nelsinho), José Colomêra, José A. de Oliveira (Titico) e Joaquim B. de Almeida (Quinzinho). A maioria deles já fazia o serviço militar obrigatório na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, enquanto a guerra já eclodia em solo europeu. Antes de irem à Europa, receberam treinamento militar no Rio de Janeiro durante um mês, aprendendo a manusear os equipamentos norte-americanos que seriam utilizados em combate. Segundo relatos dos próprios

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Cinco dos nove ex-combatentes Macatubenses na volta ao Brasil, no Rio de Janeiro

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Alguns dos pertences de Nelson Artioli

C1 fotos Arquivo pessoal Lucilla Nunes // C2 fotos Revista O Comércio

ex-combatentes, o temor entre eles era grande, uma vez que recebiam notícias constantes sobre o grande número de mortes causadas pelo conflito. Embarcaram em 1944 em um navio norte-americano com destino à Itália, onde se juntariam aos demais soldados dos países aliados. A viagem durou 13 dias. Era inverno na Europa, e um dos maiores problemas enfrentados pelos Pracinhas foi o frio intenso, já que os brasileiros não estavam acostumados com temperaturas tão baixas. Para minimizar o efeito do medo, cada combatente recebia um tranquilizante todas as manhãs, que era dado pelo sargento da companhia com o intuito de acalmá-los. Durante sete meses, seguiu-se a tensa rotina: treinamento, cartas que recebiam dos países mensalmente, notícias que vinham do front de batalha e a apreensão de que o momento de conduzidos ao front de batalha acabasse de chegar. Os Pracinhas macatubenses, que participaram diretamente da tomada de Monte Castelo, lembravam emocionados das atrocidades que se seguiram durante aqueles sete meses. Com o término da guerra, a alegria tomou conta de todos, principalmente dos nove macatubenses, já que todos voltaram sem ferimentos da Itália.

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TRABALHANDO POR MACATUBA A Câmara Municipal se orgulha de fazer parte dos 117 anos de histórias, conquistas e desenvolvimento de nossa cidade. O trabalho sério de seus vereadores e servidores, a harmonia entre os poderes e a incansável busca por recursos pautam o nosso dia a dia e nos transformam em agentes multiplicadores por uma Macatuba cada vez melhor.


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