Revista Olhar Amazônico 5ª Edição

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Editorial Turismo, um gargalo

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trilha ainda é virgem para a longa jornada do setor turístico do Estado do Amapá. A aprovação, dia 19.12.11, do Projeto de Lei Ordinária nº 0132/11-AL de autoria da deputada Cristina Almeida, dispondo sobre a Política Estadual de Turismo, é um grande passo. Entre a aprovação e a execução deste projeto existe a trilha burocrática. Projetos não faltam. Só este ano foram 258 Projetos de Lei Ordinária e 86 de Decretos Legislativos no total de 3.228 proposições. Só aprovar os projetos não basta. É como ir a Igreja e nem aprender a orar. Descortinar a atividade turística com atraso justifica a pressa em acelerar a desburocratização para alavancar o setor. Os governos do Estado do Ceará compreenderam bem a necessidade e a forma descomplicada de tornar o turismo como a “ponta de lança” para atender aos setores de produção e serviços. E o segredo deste sucesso é ouvir os consultores públicos, que são a própria comunidade sugerindo e orientando as ações de governo, formando parcerias, reduzindo custos e atendendo aos objetivos. Todos ganham e o governo se populariza. Mas não basta organizar e não divulgar. Estamos na 5ª edição e nem o Estado nem a iniciativa privada conseguiram vislumbrar a revista Olhar Amazônico como a mídia ideal para difundir esta farta riqueza turística. Além de registrar, divulgar o Amapá tanto no mercado interno como externamente, apresentamos sugestões concretas e viáveis, sem que se perceba a importância deste veículo como a grande aliada desta promissora indústria do turismo. Sabe por que o ovo da galinha vende mais que o robusto ovo da pata? Pois, é!

Tourisme, un problème

Le chemin est encore vierge sur le parcours du secteur touristique de l’Etat de l’Amapá. L’approbation, le 19.12.11, du « Projeto de Lei Ordinária » nº 0132/11AL proposé par la deputée Cristina Almeida, traitant de la Politique de l’Etat sur le Tourisme est un grand pas en avant. Entre l’approbation et l’exécution de ce projet, se trouve le chemin bureaucratique. Les projets ne manquent pas. Rien que cette année, il y eut 258 Projets de « Lei Ordinária » et 86 de « Decretos Legislativos » sur un total de 3.228 propositions. Il ne suffit pas d’approuver les projets. C’est comme aller à l’Eglise sans apprendre à prier. Découvrir que l’activité touristique est en retard justifie la hâte d’accélérer la dé-bureaucratisation pour dynamiser le secteur. Les gouvernements de l’Etat du Ceará ont bien compris la nécessité et la simplicité de faire du tourisme le « fer de lance » pour répondre aux secteurs de production et des services. Et le secret de ce succès est d’écouter les consultants publics, qui sont la propre communauté suggérant et orientant les actions du gouvernement, formant des associations, réduisant les coûts et atteignant les objectifs. Tous y gagnent et le gouvernement devient plus populaire. Mais il ne suffit pas d’organiser et de ne pas divulguer. Nous en sommes à la 5ème édition et ni l’Etat ni l’initiative privée n’ont réussi à entrevoir la revue Olhar Amazônico en tant que média idéal pour diffuser cette abondante richesse qu’est le tourisme. Bien plus que d’enregistrer, de divulguer l’Amapá aussi bien sur le marché interne qu’à l’extérieur, nous présentons des suggestions concrètes et viables, sans que l’on perçoive l’importance de ce véhicule comme grand allié de cette industrie du tourisme prometteuse. Savez-vous pourquoi l’œuf de poule se vend mieux que le robuste œuf de cane ? Et bien voila !


Nesta Edição 05 | Orquestra Amazônica Primavera A primeira do Amapá

06 | Teca Fernandes

43 anos no rádio amapaense

Orquestra Amazônica Primavera Raimundo Costa de Souza Superintentende Sebastião Barreiro Crisanto Diretor de Jornalismo REG-MTB 145/DRT/PA (96) 9112 4516

08 | Cantata de Natal do TJAP abre 10 | Rodeio Movimento economia no centro

Édi Prado Editor Chefe REG.MTB 16137 DRT/RJ

sul do estado

12 | CAPA: Bosques de aturiá

O novo cenário verde em frente da cidade

16 | Macapá com saúde estagnada há 69 anos 22 | O turismo no Amapá é viável 25 | Rede Vida anuncia obras “do maior santuário da América Latina”

28 | Construindo a

solidariedade na escola

30 | O Brasil foi descoberto pelo Amapá 32 | Mulher amapaense

A flor Tucuju na essência da transformação

SEÇÕES

09 - Estamos de olho 18 - Olhar Social 20 - Leitores 26 - Perfil: Patrícia Aguiar 34 - Crônica: Carlos Bezerra 4 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

por Édi Prado

Marcio Bezerra Diretor Comercial Elpídio Amanajás Diretor Corporativo e Correspondente em Brasília REG.MTB 8468/DF

Quadra Natalina

A primeira do Amapá

Colaboradores: Carlos Bezerra, Marco Poli, Paulo Araújo de Oliveira, Plácido de Assis Balieiro Vieira Foto da Capa: Paulo Uchôa Tradução: Marco Poli mp.3355@yahoo.com Produção de Arte: Érika Bezerra Circulação BRASIL: Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Maranhão,Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Distrito Federal GUIANA FRANCESA: Caiena SURINAME: Paranaribo Conceitos emitidos em artigos são de responsabilidade dos autores, não refletem a opinião desta revista. Contato reportagens: ediprado@amapaditigal.net (96) 9974-0465 / (96) 8129-2066 Contato comercial: amapadigital@amapadigital.net (96) 8124-9796

Uma publicação

CNPJ: 05.018.654/0001-66 Revista Olhar Amazônico Fone: (96) 3224-1406 Rua Eliezer Levy, 2322 - Centro CEP.: 68.900-140 Macapá - Amapá

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A Orquestra Primavera realiza a 14ª grande apresentação pública em 14 anos de criação

Orquestra Amazônica Primavera foi fundada em 1998. Nasceu no verão dos músicos de fora do Estado, que acostumados com a primavera musical, sentiram-se banidos e exilados das canções. E reuniram os músicos Jurandy Poty Maurício, professor de violino, Orley Gordo, professor de violoncelo e Carmelo Marino, italiano e professor de piano, arranjador e diretor da orquestra e decidiram ‘concertar’ a Orquestra Primavera. Linguagem universal - A primeira necessidade foi a de conseguir um cantinho para os encontros e o plantio de notas musicais. A meta, além de saciar a necessidade de estar emerso no mundo musical, compartilhar este fantástico mundo com as pessoas de todo o Estado. “Não importa onde. Iremos sempre que possível aonde formos convocados. Todos têm direito a música”, alerta o aclamado maestro, Carmelo Marino. Ele diz que as músicas clássicas, eruditas, populares, regionais e populares possuem uma lingua-

gem universal, que não exige tradução, além dos sentimentos de paz, emoção, saudades, força e uma infinita forma de interferir no ser humano. Ir onde o povo está - Em 14 anos de existência já realizaram mais de 100 apresentações públicas. No dia 21/12 realizaram o 14º Concerto com entrada franqueada ao público. Registram ainda as apresentações: Inauguração da Rede Vida em Macapá, transmitida ao vivo em cadeia nacional. Projeto Ponte entre os povos, que resultou na gravação de um CD com os música e compositores indígenas Apalay, Katxuyana, Palikur, Tiryó e Wayana, juntamente com a Camerata Atheneum, regida pelo maestro Lucia Rogulskj, sob a coordenação da cantora Marlui Miranda. Estiveram também presentes no lançamento do CD em São Paulo e em Brasília, no Teatro Villa-Lobos e no auditório do Congresso Nacional. Festas Pop - A Orquestra Amazônica Primavera gravaram a trila sonora da novela , Mãe do Rio, de autoria do compositor amapaense, Osmar Jr.

Participaram ainda do concerto acústico do grupo Roupa Nova, estiveram na abertura da 3ª Conferência Estadual do Meio Ambiente em 2007, na festa de inauguração ao Dia Internacional da Mulher em 2009 e no espetáculo, O Maravilhoso Mundo dos Musicais, juntamente com a Escola de Dança Agesandro Rêgo, além de outras apresentações em Escolas, Igrejas, associações de bairros e onde for chamada. Regulamentação - A Orquestra para se manter, sem o apoio oficial, nem do setor privado, que embora seja compensado com abatimento no imposto de renda, precisou criar a Associação Musical Primavera - AMUP – em 2003 e agora reconhecida como de utilidade pública tanto municipal quanto estadual. “Cada membro possui o próprio instrumento e todos contribuem para manter a Orquestra afinada. Temos ainda colaboradores eméritos como a professora Kathy Motinha, da Faculdade Atual e a irmã Nelízia, do Colégio Santa Bartoloméia”, agradece o maestro Carmelo Marino. Olhar Amazônico | Nov/Dez 2011 |

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Teca Fernandes .

43 anos no rádio amapaense

por Édi Prado

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nome de batismo é Terezinha Lúcia Barros Fernandes. Mas para os ouvintes da Rádio Difusora de Macapá, tanto da capital quanto do interior, ela é a Teca Fernandes, a pioneira do rádio amapaense.

Ela começou na Rádio Difusora de Macapá (RDM) na década de 50. É autora do Hino Oficial do município de Macapá, que inteira os 20 anos no dia 12 de agosto e em novembro deste ano comemorou os 15 anos do programa radiofônico: Ponte Aérea - Uma História de Amor, que vai ao ar aos domingos de 20 h a meia noite. Ela está com três livros prontos para serem publicados: 65 anos da Rádio Difusora de Macapá; A História do Hino do Município de Macapá- Aprenda, Cante e Ensine e

Bosco Brasil, Ione Fernandes, Angela Pinto e Teca Fernandes

Ponte Aérea - 15 anos de integração com os ouvintes. Uma história longa que está sendo coletada visando a publicação. Precocidade - Desde os nove anos ela mora em Macapá. Veio com

Hernane Guedes e Nivito, pai e filho unidos pela música

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os pais de Maranguape (Ce) e adotou Macapá como a nova terra. Na época, só havia a Rádio Difusora como veículo de comunicação e ser cantora de rádio era o grande sonho dela. E foi nessa época que ingressou no Clube do Guri, um programa que revelava talentos infantis, em apresentações ao vivo que a RDM fazia aos domingos no rádio teatro da emissora. Não só se destacou como passou a fazer parte do Cast de artistas da emissora. Assinou um contrato de 1964/68, recebendo CR$ 50,00 ( 50 Cruzeiros) por apresentação. Era a consagração. Oficialização – E no mesmo ano de 1964 assinou contrato com o governo do então Território do Amapá como funcionário efetiva da RDM onde está até hoje. No período em que a Radiobras extinguiu a RDM, ela foi cantar noutra freguesia. Era a crooner do Conjunto Embalo 7 e fizeram uma tournée de 90 dias pela Guiana Francesa. Um sucesso. Em 1992 foi para Belém onde atuou nas

Rádio Clube, Marajoara e Liberal. Mas foi em 1991, quando João Alberto Rodrigues Capiberibe, era o prefeito de Macapá, foi aberto o concurso público para a criação do Brasão, Bandeira e o Hino do município. Ela foi a vencedora do Hino. Nunca sequer foi comemorada e nem a letra distribuída nas escolas como era o projeto inicial. Confraternização – No dia 25 fez a confraternização com os ouvintes, amigos e familiares, na área interna da RDM e reuniu centenas de pessoas, a exemplo dos 15 anos de aniversário da Ponte Aérea, realizada em novembro, na Associação dos Servidores Municipais, num grande evento e com uma vasta apresentação de show e espetáculos para festejar a data. “Não sei se faço bem e se tem defeitos. Mas faço tudo com amor e se tiver defeitos os outros corrijam e eu aceito”, arremata a radialista pioneira. Divã no ar – Teca às vezes sentese como a psicanalista do rádio. Ela ouve queixas, recebe pedidos de sugestões e precisa ser precisa no que vem dizer como conselheira para evitar transtornos. “Essas ouvintes de longos anos, não perdem um programa e sempre ligam só para dizer que estão ali. Fico preocupada com o digo. E peço a Deus e aos anjos que me iluminem sempre para não errar”, confessa temerosa a apresentadora. Cartas e confissões - Ainda tenho milhares de pessoas que mandam cartas. “Tenho milhares delas que ainda não li, pelo volume de correspondência. Mas não jogo fora nenhuma. Pretendo reunir todas em um livro. Já pedi para minha secretária para ir digitando todas”, diz. “Além de psicanalista de plantão, preciso ser mãe, filha, esposa, freira, pastora, orientadora educacional e ainda encaminhar às autoridades as reivindicações das comunidades e famílias. Mas faço isso com prazer e me emociono. É a ponte aérea das emoções e das alegrias”, diz enxugando as lágrimas.

Teca Fernandes recebe reconhecimento público da Câmara Municipal de Macapá

Olhar Amazônico | Nov/Dez 2011 |

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Cantata de Natal do TJAP abre Quadra Natalina por Paulo Araújo de Oliveira

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brindo a quadra natalina de 2011, o Tribunal de Justiça do Estado proporcionou uma verdadeira festa de luz e som à comunidade amapaense, na noite desta quinta (01), com a realização da 13ª Cantata de Natal. As 1200 cadeiras colocadas na rua, em toda a extensão do quarteirão em frente ao prédio do Tribunal, não foram suficientes para acomodar a multidão que veio de todos os bairros assistir ao espetáculo. Muita gente ficou em pé nas calçadas de ambos os lados da rua. 8 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

Espírito natalino encanta o coral das crianças

Com a contagem regressiva feita pela platéia presente, foram acionadas as luzes que ornamentam o prédio do Tribunal de Justiça do Amapá e houve show pirotécnico. Tudo sob os acordes de músicas natalinas entoadas pelo coral do Tribunal de Justiça, formado por servidores e colaboradores da instituição. Na abertura foram entoadas as canções “Mensagem de Natal”, Alegria de Natal” e “Natal Branco”. Em seguida, houve apresentação da orquestra de flautas doces, formada por 50 jovens integrantes do Projeto Curumim Ambiental, que executou as músicas “Noite Feliz”, “Então é Natal”, “Titanic” e “Ode to joy” (Hino à alegria), sob a regência do maestro Elias Sampaio.

O projeto “Curumim Ambiental” é executado pela Justiça do Amapá através do Juizado da Infância e da Juventude da Comarca de Macapá, em parceria com o Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). O projeto conta ainda com o patrocínio do Governo Federal e do Banco da Amazônia e recebe apoio do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Amapá. Tem como objetivo resgatar crianças e adolescentes em situação de risco social e pessoal. A terceira etapa da Cantata de Natal contou com a apresentação do coral infanto-juvenil do Tribunal de Justiça, formado por crianças e adolescentes, filhos e familiares de magistrados, servi-

dores e colaboradores do Tribunal de Justiça. Foram interpretadas as canções “Vamos festejar o natal”, “Bom natal”, “Adeste Fideles”, “O Velhinho”, “Natal é tempo” e “Fam, fam, fam”. Nessa etapa, atuaram como solistas os coralistas mirins Luana Pimentel, Fernanda Silva, Valdeíza dos Anjos, José Marlon Goes, Vitória Queiroz e Ariane Moraes. A última apresentação foi do Coral adulto do Tribunal de Justiça do Estado que interpretou as canções natalinas “Pode chegar”, “Natal Verde e Amarelo”, “Boas Festas” “Então é natal”, “Noite Feliz” e “Marcas do que se foi”. A festa foi encerrada com a união dos corais adulto e infantojuvenil do Tribunal de Justiça do Estado que, juntos, entoaram a música “Desejamos-te boas festas”. Tanto o coral adulto quanto o infanto-juvenil do Tribunal de Justiça têm a regência da maestrina Leandra Valério. A cantata de natal contou ainda com a participação voluntária dos sargentos Melchíades Neto (clarinete) e Marcos Miranda (contra-baixo) e do soldado Edilon Jaques (bateria), todos integrantes da banda de música do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá. Participaram também do evento, intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libra), sob a coordenação da professora Jaciara Andrade. Um papai Noel se encarregou de distribuir guloseimas à criançada presente. Para o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Mário Gurtyev de Queiroz, a cantata foi um sucesso. “Esse evento já é uma tradição no Natal. Achamos por bem iniciar o mês de dezembro, característico da quadra natalina, proporcionando esse belíssimo espetáculo à nossa comunidade, que atendeu ao nosso convite e aqui compareceu em massa”, avaliou o magistrado.

Estamos de olho ... AMAPÁ É REFERÊNCIA

A Assembleia Legislativa do Amapá (AL) é a única do país a ostentar um fato inédito: um portal em tempo real, inclusive com imagens das sessões ao vivo, além de todo o histórico desde 1991, quando a AL foi instalada. O portal está municiado com o perfil biográfico de todos os deputados e as proposições. Informa como votou cada parlamentar ou se estava ausente ou se omitiu de votar. Fantástico. Merece aplausos e reconhecimento.

Equipe Técnica

O coordenador de informática da AL, Antônio Fáscio, diz que o mérito é do presidente, Moisés Souza, que tem visão histórica e responsabilidade com a atuação parlamentar na gestão dele e faz questão de proporcionar esta tão importante ferramenta para o registro histórico do parlamento estadual. Agora vai se empenhar no portal transparência. Uma árdua missão.

Evolução e involução

O pioneiro Lulu , que foi aluno da Escola Barão do Rio Branco, no começo do começo do começo, reconhece que o Amapá deu um salto na educação. Ele se lembra de 12 instituições entre faculdades e universidades. No tempo dele só a Escola Barão. Pontos turísticos, como o trapiche municipal, com o retorno do bondinho, edifícios arranhando as nuvens, a velha Fortaleza, que de ruínas possa como cartão postal como uma das sete maravilhas do Brasil e outros avanços. Mas involuiu no setor hospital e pronto socorro.

Fitoterapia em alta

A Farmácia do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa) voltou a funcionar a partir do dia 27 de dezembro, após reforma, adaptação e recuperação da produção de medicamentos fitoterápicos. O governo do Estado investiu R$ 350 mil em caráter de urgência para que o espaço voltasse com atendimento regular e fornecimento completo de medicação. Uma grandiosa sacada de mestre.

Não se entusiasmou

A farmácia comercializa medicamentos e cosméticos com eficácia aprovada, produzidos com matéria prima natural e preço abaixo do mercado. Este setor está em alta e reconhecido como um grandioso avanço no setor saúde. Ficou inativo oito anos. O secretário de saúde, durante a reativação dos serviços não se manifestou. Nada entusiasmado.

CREAP, UMA SOLUÇÃO EFICAZ

O Centro de Reabilitação do Amapá (Creap) completa 21 anos de criação. O Creap é considerado referência no atendimento de qualidade aos pacientes acidentados e que precisam de tratamentos fisioterápicos. Foram implantados programas de reabilitação: órtese, prótese e meios auxiliares de locomoção beneficiam os pacientes que perderam algum membro e muletas a pacientes que perderam parte da locomoção. Já o de Saúde Auditiva, adapta aparelhos. O atendimento prioriza o amor e respeito aos pacientes. Aplausos redobrados.


Rodeio movimenta economia do centro sul do estado por Elpídio Amanajas

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O município de Tartarugalzinho promove 2º maior rodeio do Amapá

o município de Tartarugalzinho a 232 km da capital, Macapá, ocorreu o 17º Rodeio do Mineiro, evento de grande projeção realizado pela iniciativa privada no início de dezembro. Durante toda a noite milhares de pessoas congestionaram o pequeno município. Não apenas para o entretenimento gratuito aos visitantes: rodeio, shows artísticos e pirotecnia. Aproveitar a oportunidade para fazer negócios. 10 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

No mesmo evento também se realizou a 3º Feira de comercialização de Gado com as instituições de fomento como os bancos da Amazônia e Brasil. Financiaram a aquisição de animais para produtores de diversas regiões do Amapá. Segundo o idealizador do rodeio, o empresário Altamir Mineiro Rezende, a iniciativa em promover este evento, além de proporcionar à população o lazer como também aquecer o setor pecuarista do estado que precisa de maior fomento. “Estamos ultrapassando uma década de muito esforço, para promover este grande encontro de negócios e entretenimento. O ro-

deio mobiliza centenas e milhares de pessoas de todas as partes do Amapá. Aqui estão os pecuaristas de diversos municípios vizinhos. Contamos ainda as organizações que geram o desenvolvimento econômico como o Sebrae, Afap e várias instituições bancárias que acreditam no projeto e resolveram também participar para proporcionar grandes negócios aos pecuaristas da região” disse Mineiro. O Superintendente do Sebrae/Ap, João Alvarenga, esteve no rodeio e se disse surpreso com o crescimento de negócios e da estrutura montada para expositores. “Sem dúvida o rodeio tornou-se um dos

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Público de todo o estado compareceu em massa ao Rodeio do Mineiro

Com o 17º Rodeio do Mineiro o evento é uma tradição do município de Tartarugualzinho.

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maiores encontros do setor pecuarista do Amapá. Estamos diante de uma estrutura exposição de animais que não deixa a desejar a nenhuma outra do gênero, que são promovidas em outras partes do paíis” ressaltou Alvarenga. O deputado estadual Bruno Mineiro, acredita que o rodeio serviu para fomentar os pecuaristas do Amapá e também promover uma oportunidade de entretenimento e todos. “Hoje o município praticamente congestionou com a grande massa de visitantes de todos os cantos, inclusive da Guiana Francesa”, festeja o deputado.

Almir Rezende, Deputado Bruno Mineiro e o anfitrião do evento Altamir Mineiro

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Especial

Bosques de aturiá

O novo cenário verde em frente da cidade por Édi Prado

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uem é ou mora há muito tempo em Macapá olha mas não vê os bosques que se multiplicam em frente da cidade. Eles começaram a se formar, na área urbana, logo após a construção, há mais de 20 anos, do sistema de captação de água da Caesa - Companhia de Água e Esgoto do Amapá, uma empresa estatal, da qual o governo do Estado é majoritário. “E são essas construções erguidas sem nenhum critério técnico da convivência harmônica entre a intervenção humana com a natureza, as responsáveis por trapear, ou formar armadilhas para o depósito e o transporte dos resíduos, trazidos pela maré, causando a sedimentação e o assoreamento das áreas”, explica o Mestre em biologia do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá – Iepa- Salustiano Vilar da Costa Neto (UFA), reforçado por Valdenira Ferreira dos Santos, geóloga e Dra. em Geofísica Marinha (UFF). Estudos - A formação desses bosques faz parte do processo natural da hidrodinâmica nos rios do Amazonas e são alterados drasticamente quando se cria estruturas nessas áreas de várzeas, sem estudos, ignorando as correntes fluviais e de marés e a direção dos ventos. “A tecnologia precisa ser uma aliada da natureza. Não se opor a ela. A natureza veio primeiro e precisa ser priorizada nesses projetos”, adverte a Dra. Valdenira Ferreira. Priorizada não apenas pela questão da preservação dos ambientes, mas quanto a tecnologia se opõe as forças da natureza, na maioria das vezes o homem perde. Pelos cálculos dos

moradores, esses bosques veem se formando há cerca de 20 anos e o processo de formação é irreversível. Mas não para os técnicos do Iepa, que vem monitorando o ambiente desde maio de 2007, quando um grupo de moradores do bairro Perpétuo Socorro foram solicitar permissão para a retirada dos bosques, sob a justificativa que estaria estreitando o canal, que permite o acesso às embarcações que atracam naquele porto, trazendo das ilhas do Pará e Amapá, alimentos, telhas, madeira, tijolos e fazendo o transporte de cargas e passageiros. O máximo que eles conseguiram foi a licença para algumas podas e limpeza nos pés das árvores na área, a fim de dar mais vazão ao volume d’água, explica Salustiano Neto. Perfil do lugar - Os levantamento, registro e medição desse processo é lento. Existem variações de velocidade da maré e direção dos ventos, explicam os especialistas. Para se emitir um parecer técnico abalizado fazem o registro fotográfico em terra e coletam as fotos de satélites para elaborar o mapa em determinado período. “Os canais e os bancos de areia migram com frequência. Não existe um mapeamento fixo. Tudo depende da hidrodinâmica. Da quadratura, que é o movimento da maré de acordo com as fases da lua e outros fatores determinantes nesse processo” orientam os estudiosos. Eles explicam porque as pessoas que caminham, passam diariamente pela frente da cidade, deleitam-se com os ventos nos quiosques enquanto desfrutam da culinária local e sorvem os licores nem percebem a formação desses bosques. “Olham mas não Olhar Amazônico | Nov/Dez 2011 |

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Especial

Especial Questionamentos

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Orla de Macapá

veem” porque o processo é lento para quem se acostumou com essa nova paisagem. “Ainda é cedo para tecer um perfil e diagnosticar o futuro desses bosques. Mas a tendência é que esses blocos de bosques isolados venham colar e formar uma grande vegetação em frente a cidade”, avalia a Dra. Valdenira Ferreira. Como otimizar o espaço? Resta definir com outros setores, como a Secretaria Estadual e Municipal do Meio Ambiente Sema - Ibama, Secretarias Estadual e Municipal de Turismo o que fazer para aproveitar este cenário como atração turística, laboratórios vivo e área de lazer e de contemplação do maior Rio do mundo, em forma de passarelas ou até mesmo numa espécie de tablado ou pier flutuante. “Só ver de longe já é uma paisagem intrigante, diferente e bela. Imaginar-se no meio dos bosques, andando sobre o Amazonas e conhecendo como se forma todo esse processo é uma espetáculo e tanto para os estudiosos, cientistas, alunos e, principalmente para o turista que ficará deslumbrado com essa experiência inesquecível. “É um 14 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

projeto auto-sustentável que se paga em pouco tempo e pode expandir-se para outros bosques ao longo dos quilômetros de extensão, onde o amazonas ‘beija” a frente da cidade de Macapá.

se tudo ficará verde sem visão para a cidade ou se “esse presente” poderá se transformar numa nova, atraente e única paisagem do Brasil, em frente do maior rio do mundo, na linha imaginária do Marco Zero do Equador”, questionam os técnicos, que apresentam propostas projetadas numa visão equacionada entre a preservação e a contemplação e um projeto turístico viável e rentável.

Viver em harmonia - “Assim não há necessidade de conflitos. Homem e a natureza voltam a integrar-se harmoniosamente. O que não é recomendável é que as obras sejam projetadas sem a orientação técnica de especialistas em geofísica marinha, biólogos e outros especialistas afins”, adverte severamente a Dra. Valdenira Ferreira. Enquanto isso a natureza vem realizando a transformação e compondo novos cenários em frente da cidade de São José de Macapá. Valdenira Ferreira dos Santos, Dra. em Geofísica Resta definir Marinha e Salustiano Vilar da Costa Neto

observador leigo pergunta porque deixaram, permitiram que continue formando verdadeiros bosques em frente da cidade ou é um processo da dinâmica natural do Amazonas? O quadro hoje, está tirando a visão para quem chega a cidade e para quem está nela. Novos focos de outros bosques estão se formando bem ao lado do trapiche municipal no lado direção a Fortaleza. O que deve ser feito para evitar ou o que deve ser feito para “dançar na mesma onda”? Qual a função desses bosques? O assoreamento e a sedimentação de terras e os entulhos trazidos pela maré estão sendo mais de contenção do que retorno. A sua majestade, o tempo está confirmando essa tendência. Qual o destino desses bosques? A legislação permite a retirada, uma vez que já existe um ecossistema e as condições de procria-

ções de várias espécimes, além de pousadas para os pássaros? É possível aliar ecologia com turismo? Transformar aquelas áreas numa espécie de laboratório vivo da natureza? Numa espaço de lazer e um ponto para desfrutar da natureza? A legislação permite? Até onde vão permitir a expansão, se é que o ser humano deve fazer essa intervenção sem causar graves consequências para o meio ambiente? Qual a importância para o ecossistema? O bosque permite e facilita a sedimentação. Assim vai rompendo a barreira de contenção ficando mais alta nivelando com a terra. Há risco de invasão do Amazonas sem a contenção? No bairro do Aturiá a erosão tem sido devastadora. O que fazer para conter a fúria do Amazonas e evitar que o Rio avance para a cidade como está ocorrendo naquele lugar?

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Macapá com saúde estagnada há 69 anos por Édi Prado

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história está só a uma braçada nesta escala do tempo. As fotos revelam as mudanças desde o dia 13 de setembro de 1943, quando o Amapá se livra definitivamente do Estado do Pará e passa a categoria de Território Federal do Amapá, até o final do ano de 2011. O primeiro interventor nomeado pelo presidente Getúlio Vargas, foi Janary Gentil Nunes, um jovem capitão do Exército Brasileiro, que veio do Rio de Janeiro, direto para o Amapá. Macapá já era uma cidade com ares de vilarejo para vila. Tudo por fazer em termos de infraestrutura. Sem visão de futuro - Tudo começou com o Janary Nunes. E o Hospital Geral de Macapá, construído em 1945, era o suficiente para atender uma população de 24.500. E se passaram 69 anos e o mesmo hospital, com insignificante reforma e ampliação, precisa atender agora uma população de Amapá 684,3 mil. O Pronto Socorro Municipal, Osvaldo Cruz, foi construído no governo de Ivanhoé Gonçalves Martins no período de 10 de abril de 1967 a 6 de outubro de 1972, em média 48 anos e também não mereceu atenção especial por parte dos governantes durante este tempo todo. Estado há 24 anos - O Amapá deixa de ser território federal é alçado a categoria de 24º estado da federação em 5 de outubro de 1988. Ganhou status, mas o setor saúde não foi contemplado com a expansão, muito menos com a descentralização para a zona norte da cidade, que concentra hoje expressiva parcela da população 16 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

Cidade de Macapá – 1948: Começa na margem do rio e termina na atual R. Tiradentes. Aparece o caminho para se chegar ao Hospital Geral e o campo de pouso

estadual. E as filas se tornam inevitáveis e o número de leitos insuficiente para a demanda. Os postos médicos municipais não cumprem a função de desafogar o único pronto socorro público da capital. E vem o caos - O já instalado caos no atendimento médico tende a se tornar trágico. O governador, Camilo Capiberibe, com apenas um ano de gestão, vem sentindo na pele a dor de não promover essa assistência e garante que este setor será prioridade no governo dele. Mas sem recursos e se esforçando para sair da inadimplência federal, vem prometendo construir outros hospitais das clínicas e de pronto atendimento na zona norte para desafogar o único do centro da cidade. Mas não é como gênio da lâmpada de Aladim. Leva tempo e precisa de recursos. Noutros setores percebe-se diferença de como era e como está. Mas não é como deveria estar nem

o suficiente para um Estado que se pretende alavancar o turismo como vocação industrial. Vê-se a Fortaleza bicentenária fortaleza de São José recuperado num ‘lugar bonito’ e as fotos do Hospital Geral e Pronto socorro quando inaugurados na década de 40, continuam com o mesmo retrato em preto e branco de administrações míopes sem visão de futuro. Quando pensamos em turismo como a indústria redentora para geração de emprego, renda e divisas para o Estado, é preciso pensar na saúde. Não só da população da capital e dos municípios, mas do turista que vem se arriscar a conhecer o Amapá, como se fosse uma aventura de vida ou morte, caso seja acometido de alguma doença ou um acidente. O hospital mais perto daqui, fica a 45 minutos de voo até Belém. E nem sempre tem vaga disponível em caso de emergência.


Olhar Social

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Leitores

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O turismo no Amapá é viável por Marco Poli

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Barco, banho, gastronomia, caipirinha, precisa de que mais? Bateau, baignade, gastronomie, caipirinha, quoi de plus ?

oi um feriadão feliz para o pessoal desta empresa guianense. Encantado pela organização de um o passeio que fizeram o ano passado em Macapá, um pequeno grupo de turistas decidiu voltar e trazer 50 colegas de trabalho de Caiena para descobrir Macapá durante três dias. E o turismo receptivo amapaense deu conta! A Cachoeira Turismo e Transporte, agência do setor privado de Macapá, cuidou de tudo: organização e realização, após um roteiro elaborado especialmente junto com o diretor 22 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

da empresa guianense. Viajaram de noite, de ônibus de luxo, de Oiapoque até Macapá. Foram então três dias intensos. Já na chegada, foram brindados com boas-vindas no Centro Cultural Franco Amapaense com o hino do Amapá interpretado pelo tenor Darlan Falconery, antes de uma pequena palestra, apresentação do nosso Estado com seus aspectos culturais, geográficos, históricos, políticos e sociais. Um passeio acompanhado por guias falando francês, andando na cidade, permitiu se impregnar das realidades

físicas e sociais da capital, a Fortaleza de São José, o Teatro das Bacabeiras e a Igreja de São José, pelas ruas e praças com o urbanismo datando do século XVIII. Tinha que mostrar a vida descontraída e bem humorada do povo daqui, no movimentado centro comercial. Até o animado e colorido pequeno porto foi visitado. No jantar na Casa do Chorinho, desfrutaram de um aperitivo com apresentação de Marabaixo pelo grupo Raízes do Bolão e de um bufê gastronômico regional, descobrindo as riquezas dos es-

tilos musicais regionais e nacionais no violão e na voz de Wiliam Cardoso, um genuíno descendente da tribo Tucuju. Tudo acabou em baile animado com os ritmos mesclados da Música Popular Amapaense com o pandeiro do Ceará da Cuíca. O dia seguinte, de ônibus com vista panorâmica, visita extensa da cidade, o centro administrativo e comercial e as periferias mais populares. Parada obrigatória no Marco Zero para entender a importância da localização de Macapá e a vida festiva com o sambódromo e o estádio do Zerão, e visita de um estaleiro de embarcações de madeira, típicas não só pelas formas amazônidas, mais também pelas técnicas peculiares dos carpinteiros. Após o almoço regional na praia de Fazendinha, não podia faltar a visita da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Revecom), com a flora preservada e os animais. O último dia foi consagrado ao rio. Descobriram a imensidão do Rio Amazonas, os afluentes e ilhas. Avistaram a vida do porto de Santana, os bairros sobre palafitas e as casas dos ribeirinhos isolados, sem esquecer a exuberante natureza amazônica. Tudo isto visto de perto dos três andares de um espaçoso barco típico da Amazônia, ao som de uma banda de música local e regada a água mineral amapaense e de caipirinha preparada na hora. Não faltou o banho no maior rio do mundo. Se a vinda teve sabor de aventura por causa da chuva que deixou a pista difícil de trafegar, a volta foi um confortável descanso. Missão cumprida, apesar de alguns imprevistos rapidamente resolvidos e até aproveitados para dar um toque de jeitinho amapaense. A turma gostou tanto que já planeja outra viagem para o pró-

ximo ano e indicou os serviços da agência a pessoas interessadas em descobrir o Amapá com segurança e competência. Um serviço bem preparado e bem realizado que dá o prazer do trabalho bem feito e vai dar retor-

no financeiro ampliando o conceito sobre o Amapá pela satisfação dada ao cliente. Cachoeira Turismo e Transporte cachoeiraturismo@uol.com.br 3251-7234 / 9961-9408 9974-2898 (contact en français)

É assim que se faz, por aqui? / C’est comme ça qu’on travaille, par ici ?

C

Le tourisme en Amapá est viable

e fut une bonne fin de semaine prolongée pour le personnel de cette entreprise guyanaise. Enchanté par l’organisation d’une promenade réalisée l’année dernière à Macapá, un petit groupe de touristes a décidé de revenir et d’amener 50 collègues de travail de Cayenne pour découvrir Macapá pendant trois jours. Et le tourisme réceptif amapéen a assuré ! Cachoeira Turismo e Transporte, une agence du secteur privé de Macapá s’est occupé de tout : organisation et réalisation, d’après un programme élaboré spécialement avec le directeur de l’entreprise guyanaise. Le voyage fut de nuit, en car de luxe, d’Oiapoque à Macapá. Suivirent alors trois jours intenses. Dès l’arrivée, ils reçurent la bienvenue au Centre Culturel Franco Amapéen avec l’hymne

de l’Amapá interprété par le ténor Darlan Falconery, avant un petit exposé pour présenter notre état et ses aspects culturels, géogaphiques, historiques, politiques et sociaux. Une promenade accompagnée par des guides parlant français, en marchant dans la ville, a permis de s’imprégner des réalités physiques et sociales de la capitale, avec la Fortaleza de São José, le Théatre das Bacabeiras e l’Eglise de São José, par les rues et les places à l’urbanisme datant du XVIIIème siècle. Sans oublier de montrer la vie décontractée et la bonne humeur du peuple d’ici, dans le centre commerçant agité. Même l’animé et coloré petit port fut visité. Pendant le dîner à la Casa do Chorinho, ils aprécièrent un apéritif pendant une représentation de MarabaiOlhar Amazônico | Nov/Dez 2011 | 23


Música daqui, com prazer! / Musique d’ici, avec plaisir !

chniques pariculières des charpentiers. Après un déjeuner régional à la plage de Fazendinha, on ne pouvait omettre une visite de la Reserve Particulière du Patrimoine Naturel (RPPN Revecom), avec sa flore préservée et ses animaux. Le dernier jour fut consacré au fleuve. Ils ont découvert l’immensité du fleuve Amazone, ses affluents et ses îles. Ils aperçurent la vie du port de Santana, les quartiers sur pilotis et les maisons des riverains isolés, sans oublier l’exubérante nature amazonienne. Tout cela vu de près depuis les trois ponts d’un spacieux bateau typique de l’Amazonie, avec la musique d’un véritable groupe de musique locale et arrosé d’eau minérale amapéenne et de caipirinha préparée sur place. La baignade dans le plus grand fleuve du monde n’a pas été oubliée. Si la venue a eu un goût d’aventure à cause de la pluie qui avait laissé la piste difficile, le retour fut reposant et confortable. Mission accomplie, malgré quelques 24 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

xo par le groupe Raizes do Bolão et un buffet gastronomique régional, découvrant les richesses des styles musicaux régionaux et nationaux avec la guitare et la voix de Wiliam Cardoso, véritable descendant de la tribu Tucuju. Tout s’est terminé en soirée dansante animée sur les mélanges de rythmes de la Musique Populaire Amapéenne avec le pandeiro de Ceará da Cuíca. Le lendemain, en car a vision panoramique, visite étendue de la ville, son centre administratif et commercial et ses faubourgs plus populaires. Arrêt obligatoire au Marco Zero pour comprendre l’importance de la localisation de Macapá et la vie festive avec le sambodrôme et le stade du Zerão, et visite d’un chantier de construction d’embarcations en bois, typiques non seulement par leurs formes amazoniennes mais également par les te-

Rede Vida anuncia obras “do maior santuário da América Latina”

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erá o maior santuário da América Latina, bem no coração do Brasil um grande centro de peregrinação”, explicou o presidente da Rede Vida de Televisão João Monteiro de Barros Filho ao apresentar ao presidente Sarney os avanços da construção do Santuário Nacional Basílica do Pai Eterno. Localizado na cidade de Trindade, em Goiás, o empreendimento está sendo viabilizado pela Redevida de Televisão e pelo Padre Robson de Oliveira.

imprévus rapidement résolus et même mis à profit pour donner une touche de débrouille amapéenne. Le groupe a tellement apprécié qu’il pense déjà à un autre voyage pour l’année prochaine et a indiqué les services de l’agence à des personnes intéressées pour découvrir l’Amapá en toute sécurité et compétence. Un service bien préparé et bien réalisé qui donne le plaisir du travail bien fait et va occasionner un retour financier augmentant la renommée de l’Amapá par la satisfaction donnée au client.

Barco tradicional / Bateau traditionnel

Diretor de Assuntos Corporativos da Rede Vida, Elpídio Amanajás, Presidente da Rede Vida, João Monteiro Filho e o Senador José Sarney

João Monteiro explicou que boa parte dos recursos necessários para a obra são alavancada com a contrapartida da cessão de espaço no santuário ao doador. A Rede Vida, como geradora de uma ampla rede nacional de televisão cristã, e que teve sua concessão outorgada ainda no governo do presidente Sarney, vem se empenhando desde início dos anos 90 para a conclusão das obras do santuário. O canal tem oferecido a empresários e instituições diversas permutas através de inserções de anúncios àqueles que contribuírem com a finalização do templo. O dirigente da Rede Vida convidou o presidente Sarney e esposa para participarem, em Trindade (GO), de um grande evento que contará com a presença do padre Robson Oliveira. “ Não temos a data ainda do evento. Vamos acertar com o padre Robson e temos que respeitar a agenda do presidente Sarney. Fazemos questão de sua presença, pois foi ele o homem que deu ao Brasil a televisão geradora da Redevida”, concluiu. O diretor de Assuntos Corporativos da Rede Vida, Elpídio Amanajás, também participou da audiência. “é um projeto audacioso e que será sem duvida um grande centro de evangelização no Brasil”. (Fonte: Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado) Olhar Amazônico | Nov/Dez 2011 |

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Perfil

Patrícia Aguiar

Da Suíça Pernambucana para Terras Tucujus por Elpídio Amanajás

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propósito naquele ano - 1993 - era aproveitar os primeiros meses de casamento e o recém-chegado filho. Da lua de mel para o Amapá, Patrícia de Almeida Barbosa Aguiar aterrissou em terras Tucujus para acompanhar o marido, então militar, enviado ao Estado em missão. Nascida em Garanhuns, Pernambuco, cidade conhecida como a Suíça Pernambucana, por causa do seu clima ameno no verão e temperaturas baixas no inverso, Patrícia Aguiar fixou raízes em solo quente do Amapá.

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pelo assento na Casa. Num processo tumultuado e cheio de interesses políticos, a pernambucana de Garanhuns, saiu vitoriosa. Logo foi convidada a assumir a procuradoria-geral da Assembleia, cargo que ela ocupa até hoje. “Defendo aqui os interesses da instituição de um modo geral. Cada parlamentar tem o seu advogado particular, não entro nessa esfera. Na procuradoria faço a defesa dos direitos da Casa”, resumiu. Patrícia trabalha com mais três procuradores, sendo um sub e dois membros concursados. Durante sua jornada pelos tribunais, Patrícia também ocupou assento como conselheira da Ordem dos Advogados, secção Amapá. Ela se diz defensora ferrenha do tão polemizado Exame da Ordem. “Não há hierarquia entre advogados, promotores e juízes. Mas juiz e promotor ocupam os cargos ao passarem em concursos públicos.

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Amo o Amapá. Devemos continuar acreditando nele, nas pessoas daqui. Desejo que 2012 seja um ano de renovação. Portanto, para manter esse nivelamento é necessário que o advogado faça o Exame da OAB, senão, um bacharel recém-saído da faculdade estaria no mesmo patamar desses magistrados que prestaram concurso para desempenhar a função”, opinou. Admiradora da Música Popular Amapaense, declarando predileção especial pelo cantor Nivito Guedes, Patrícia é caseira. Gosta de curtir os filhos e marido. Mas não abre mão de um bom espetáculo teatral. Apesar de apreciar a gastronomia

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amapaense, admite: não conseguiu acostumar-se com os sabores da maniçoba e do açaí. Evangélica, da Igreja Batista, Patrícia Aguiar aposta na renovação. E, para tanto, deixa a sua mensagem: “Amo o Amapá. Devemos continuar acreditando nele, nas pessoas daqui. Desejo que 2012 seja um ano de renovação. Devemos entregar nossas vidas a Deus, que Ele é capaz de renoválas e restaurar as nossas esperanças. Desejo que Deus proteja a todos nós”.

Patrícia Aguiar

Deu à luz o segundo filho, este ‘genuinamente’ amapaense e decidiu destacar-se no Estado que a acolheu e ao qual Patrícia declara amor. Conterrânea do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a pernambucana, de alma amapaense, formou-se em Direito pela Universidade Federal do Amapá (Unifap). Logo passou no Exame da Ordem e começou a advogar, junto com o marido, Ribanês Nascimento de Aguiar. O casal montou escritório e seguiu em “Defesa” dos amapaenses. Mas Patrícia Aguiar resolveu ousar, passando a atuar em Direito Eleitoral, especialização para a qual fez pós-graduação mais tarde.

Com competência e afinco, a advogada Patrícia Aguiar aprofundou os conhecimentos na esfera política do Estado. Em 2010, defendeu os direitos políticos do então vice-governador Pedro Paulo Dias de Carvalho, que mais tarde tornou-se governador do Amapá. O reconhecimento do trabalho desempenhado por Patrícia veio na sequência. Ela foi convidada a ocupar o cargo de procuradora-geral do Estado. Função deixada com a mudança de governo, em 2011. Mas os frutos da dedicação à profissão apenas começavam a ser colhidos. No início deste ano, Patrícia Aguiar defendeu a atual mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado, que brigava, na Justiça, Olhar Amazônico | Outubro 2011 |

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Construindo a solidariedade na escola por Cristiano Costa Miranda

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m pouco antes do pôr-do-sol, o velho monge tentava salvar um escorpião extraviado ilhado numa pedra enquanto o nível do rio subia abruptamente com as últimas chuvas. A tarefa não era das mais simples, visto que, o escorpião nem de longe desconfiava de que se tratava de um resgate, e a cada investida do monge o repelia ameaçando-o com o esporão venenoso. Um jovem discípulo que se distraíra das suas obrigações e observava inquieto o impasse às margens do riacho, aproximou-se para indagar, “Mestre, por que tentas salvar um escorpião arriscando-te a ser picado por ele?” Ao que respondeu o velho monge, “Eu não o culpo por tentar me picar... é da natureza de todo escorpião fazê-lo. No entanto, é da minha natureza ajudar quem precisa da minha ajuda, independente de quem seja.” Desse modo o velho monge ensinava uma grande lição sobre a essência da solidariedade, estendendo a mão em socorro sem levar nada em conta além do que o coração dita e a razão aprova. A solidariedade é a griff do momento. Nas grandes corporações ela atende pelo nome de responsabilidade sócio ambiental, também é muito comum o uso de expressões que caem no gosto popular (Ação Solidária, Empresa Solidária, Comunidade Solidária, para citar alguns exemplos). Em outros tempos este tipo de estratégia de mercado fez a mesma coisa com as palavras amor, liberdade, igualdade, fraternidade, cidadania e paz. A maioria das pessoas costuma atender a mecanismos psicológicos de recepção ativa que as leva a eleger padrões estéticos, desse modo as campanhas publicitárias fazem com que as marcas sejam associadas a boas ações, fazendo com que isso interfira na qualidade do produto. Ultrapassando o senso comum e este uso instrumentalizado da solidariedade, voltemos nossos olhos à construção prática do indivíduo solidário a partir do ambiente escolar, baseando-nos em pressupostos psicológicos que garantem que tal virtude pode ser edificada por cada um na interação com o meio, apropriando-se de valores morais inerentes ao bom convívio social. Através de ações elaboradas a solidariedade deixa de ser apenas uma palavra estranha, às vezes difícil de pronunciar, para ganhar significado amplo. É fácil contextualizar a palavra, pois, historicamente, temos inúmeros exemplos de pessoas que fizeram 28 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

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desse sentimento uma bandeira de luta, sem falar nas instituições filantrópicas. A diferença social entre as classes é gritante em nosso país, em nossa cidade, até em nossa rua. A percepção desse quadro é o primeiro passo rumo à transformação do indivíduo. A moral, a ética, a cidadania e a caridade, podem ser construídas por meio de ações, sendo que o indivíduo precisa experimentar situações de justiça, igualdade, respeito mútuo e solidariedade. Tanto a escola, quanto a família, tem o dever de proporcionar estes momentos aos educandos, colocando-se no lugar do monge em relação ao jovem discípulo. Há vários anos, no colégio NEI, planejamos e desenvolvemos atividades envolvendo a comunidade escolar em campanhas de cunho solidário. Identificamos este mote e o elegemos como sendo de grande importância para o desenvolvimento dos nossos alunos. Visitamos entidades como a Casa da Hospitalidade, a APAE, Siã katuá; fazemos ações de combate a dengue, de educação no trânsito, de vacinação, entre outros. A escola também contribui e incentiva grupos de capoeira que realizam trabalhos sociais com crianças da periferia. Estas diversas ações fazem parte do calendário escolar, desde o início de cada ano letivo, e culminam com o nosso “Natal Solidário” (onde, com a ajuda dos pais, arrecadamos e distribuímos cestas natalinas entre as famílias carentes). Procuramos tornar o ambiente escolar acolhedor, respeitando e aceitando as diferenças, tornando todos parte do mesmo gênero humano, sem discriminação de cor, sexo, origem social ou crença. O objetivo é demonstrar que crescemos interiormente à medida que partilhamos com nossos semelhantes às bênçãos que recebemos de Deus. Olhar Amazônico | Nov/Dez 2011 |

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Poucos sabem disso... O Brasil foi descoberto pelo Amapá por Édi Prado

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sta afirmativa provoca polêmica entre os conformados historiadores. Não aceitam ‘reinventar a história’. Mas os registros históricos comprovam essa afirmação. Alguns historiadores têm dedicado atenção especial, na reescrita da História do Brasil. Há 513 que Américo Vespúcio e Vicente Yanez Pinzon vieram da Europa e chegaram por um caminho bem mais curto ao Brasil, pelo Amapá. E só 512 depois é vieram descobrir que bastaria fazer o caminho de volta para ir ao velho mundo? Mais de cinco séculos de atraso só para descobrir o caminho mais econômico. Não se justifica mais atrasar o progresso do Amapá. Ou só se certificarão da veracidade deste fato quando a chamada grande imprensa nacional publicar um trecho deste longa história? Dizem que em casa de ferreiro, nem espeto existe porque não pode comprar a carne. E de onde não se espera é de lá que não vem coisa alguma.

ÁGUA DOCE NO MAR? - Observaram então um fenômeno: beber água doce a 25 léguas da terra. Chegando aos navios, levantaram ancoras e rumaram as velas em direção ao sul. Vespúccio visava dobrar o e cabo, que Ptolomeu denominava de Gattigara que, de acordo com a previsão, não estava muito distante. Navegando para o sul, deparou com a foz de dois grandes rios. Um vinha do oeste e corria para leste e tinha a largura de quatro léguas ou 16 milhas. Outro corria do sul para o norte e era largo: Três léguas ou 12 milhas. Eram esses dois rios que dulcificavam o mar por serem caudalosos. Magnaghi, (em “América Vaspuccio”, estudo crítico) esclarece que Vespúccio se refere ao estuário do Amazonas a sudoeste da ilha Caviana, fazendo alusão ao ramo principal de esquerda e ao outro grande estuário que se dirige do sul a norte e que fica à direita da ilha dos Porcos (Pará).

TERRAS DE NINGUÉM - Fica a critérios dos historiadores definir esta questão e pendência histórica. A famosa carta de Américo Vespúccio, que escreveu a Lorenzo di Pier Francesco de Médici, cujo original se encontra na biblioteca pública de Nova York, nos Estados Unidos. A mesma que o Prof. T.O. Marcondes leu em uma conferência na sociedade de estudos históricos sobre a viagem desse navegador pelo continente americano, em 1499.

EXPLORANDO O NOVO - Resolveram penetrar em um desses dois estuários com os batéis, que transportavam 20 homens e alimentos para quatro dias. No fim de dois dias de navegação haviam avançado o rio adentro a 15 léguas. Notando sempre que a terra era baixa e espessa a mata, percebendo também sinais de ser habitada. Lembrando-se, porém, que os navios estavam ancorados em lugar perigoso, caso o vento soprasse de través. Resolveram voltar às caravelas. Foi o que fizeram. Navegando para o sul e afastados do litoral, encontraram uma corrente marítima que corria de sudoeste para noroeste. Era tão forte que não só punha risco os navios, como também impediam a navegação, apesar do vento favorável que soprava. Era uma corrente tão forte que as do estreito de Gilbratar e do farol de Messina, assemelhavam- se a tanques, onde a água estava estagnada. Assim sendo, resolveram virar as proas dos navios e navegar rumo noroeste. Vespúccio, neste trecho da carta alude a corrente das Guianas, um dos ramos da corrente equatorial, que se bifurca nas proximidades do Cabo São Roque. Uma indo para noroeste e outra para sudeste. Isto é, para o litoral brasileiro.

A TRADUÇÃO DA CARTA - O Professor Estácio Vidal Picanço foi um baluarte durante as inúmeras palestras, conferências, aulas e debates sobre a história do Amapá. Ele sempre destacou a carta que Américo Vespúccio enviou para Servilha, entre 18 e 28 de julho de 1500 a seu amigo e patrão, Lorenzo di Pier Francesco de Médici. Não confundir como Lourenço, o magnífico. Este documento descreve a primeira viagem ao Novo Mundo, em 1499-1500, a serviço do rei da Espanha. O ROTEIRO DA VIAGEM - O Florentino partiu de Cádiz em 18 de maio de 1499, com duas caravelas para realizar as descobertas do lado do Ocidente. Dirigiu-se às Canárias onde fez a provisão necessária para viagem. Partindo da ilha Gomera rumo sudoeste, ao cabo de 24 dias de navegação avistaram terra que estava distante de Cádiz. A 1.300 léguas arriaram os batéis para realizar o desembarque. Não foi possível porque a terra era baixa e espessa a vegetação.

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perdemos de todo a estrela polar norte, apenas avistamos outras estrelas da Ursa Menor ou para dizer melhor, as guardas que giram no firmamento”. O EQUINÓCIO DETECTADO - Depois de outras considerações sobre latitude, diz textualmente Vespúccio: ” Tendes de notar que esta navegação foi nos meses de julho, agosto e setembro, em que,como sabeis, o sol reina mais de contínuo neste hemisfério e faz maior o arco do dia e menor que o da noite. Enquanto nós estávamos sobre a linha equinocial ou afastados dela cerca de 4° , o que foi nos meses de julho e agosto. A diferença entre o dia e a noite não se percebia. E quase que os dias eram iguais, pois muito pouco era a diferença. Convém ser aqui posto em relevo que Vespúccio, nestes dois tópicos, declara de modo bem claro, ter passado a equinocial na sua navegação ao longo do litoral brasileiro e atingido 6° de latitude sul. Isto é, traspassando o Cabo de São Roque. VESPÚCCIO PASSOU POR MACAPÁ - Conforme

podemos observar, Américo Vespúccio navegou pelo braço esquerdo do rio Amazonas, que banha os municípios de Macapá e Mazagão, onde se localiza o Canal Norte; a linha equinocial ou do equador. O fenômeno que observou o navegador italiano a serviço da Espanha, em fins do século XV, teria sido a pororoca, encontrada no estuário do rio Amazonas, principalmente em sua parte insular e em alguns rios, entre eles o Araguari, no litoral amapaense. Portanto, o Brasil foi descoberto pelo Amapá nos meses de julho ou Agosto, em 1499, por Américo Vespúccio. Vicente Pinzon só chegaria a janeiro de 1500, onde em 30 desse mês percorreu o rio Oiapoque, que veio criar a célebre questão de fronteiras entre o Brasil e a Guiana Francesa. A Pedro Álvares Cabral coube a a glória de ter descoberto o Brasil, em 22 de abril de 1500, e, no dia 1º de maio do mesmo ano, solenemente, em nome da monarquia portuguesa toma posse da terra, conforme a carta documento escrita Pero Vaz de Caminha. BIBLIOGRAFIAS - Profº. Estácio Vidal Picanço - Informações sobre a História do Amapá. 1º Edição - 1981 - Macapá, I.E.A.P. -Autor: Vidal Picanço, Estácio. Panorama Municipal do Amapá – Colibri Promoções e Publicidade

A LINHA EQUATORIAL - Passa em seguida Vespúccio a descrever a navegação quanto à longitude e latitude, dizendo em um dos tópicos da carta: “E, tanto navegamos pela zona tórrida da parte do astro que nos encontramos abaixo da linha equatorial, tendo um pólo e outro no fim do nosso horizonte. E ao atravessar essa linha a seis graus, Olhar Amazônico | Nov/Dez 2011 |

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Mulher amapaense

A flor Tucuju na essência da transformação por Plácido de Assis Balieiro Vieira

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mulher amapaense é mais do que uma simples mulher. Ela supera as expectativas e vem superando a própria marca indo além do “poder”. O motivo principal não é ter mais ou ser mais, mas tornar-se independente. Ela vem quebrando uma cultura machista que vinha transformando pelos milênios a mulher como coadjuvante da história da humanidade. A mulher desse novo tempo quer o poder de participar, ter independência financeira, atender as vaidades femininas. Quer ser vista como agente modificadora. Ela vem provando que pode atuar em todos os setores produtivos até então exclusivos do macho. Luta pela igualdade social, quebrando o muro que separa o ser humano pelo sexo. A Nova Mulher - É visível e registrado o papel da mulher na participação no mercado de trabalho em todas as esferas de atuação humana. No poder legislativo a cada ano a mulher vem se firmando no cenário político. A Deputada Estadual Roseli Matos avalia que “a representação feminina no poder legislativo ainda não é tão representativo. A mulher ainda está em menor número, mas estamos caminhando em passos largos,” comemora. São 545 deputados federais e apenas 9% das cadeiras são ocupadas por mulheres. “A lentidão nesse processo é cultural e histórico. Há bem pouco tempo era impensável a postura de igualdade. Hoje as conquistas existem e é irrevogável ”, conclui a deputada. A deputada, Sandra Hoana, por exemplo, que foi  Miss Amapá e assumiu outros postos de comando e administração, ingressa na vida parlamentar e diz que a beleza é importante, mas a capacidade de gerenciar e poder intervir para o bem comum, deve ser fundamental. Postura - São três os principais pilares que a mulher vem conseguindo alcançar: qualificação profissional, acesso aos postos de poder e manter a individualidade feminina. Nas universidades elas estão em igualdade e em alguns estados, é a maioria e nas especializações no ensino superior está até ultrapassando em quantidade em relação aos homens, inclusive em especializações até então exclusiva dos homens. Igualdade - Em uma faculdade de Macapá são ofertados 11 cursos de ensino superior. Das 634 32 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico

Deputada Sandra Ohana, um exemplo de mulher amapaense

matrículas, 403 são de mulheres já matriculadas. A grande meta agora a equiparação salarial. A assessora de imprensa do Grupo Seama, Joicilene Santos, narra quando iniciou o curso de jornalismo: a turma era metade homens e metade mulheres. “Quando comecei o curso estávamos em igualdade. Eles foram desistindo. Só fui perceber quando chegamos ao fim do curso: somente 15% de homens concluíram” conta Joicilene. Salários desiguais - O fator salarial ainda é um problema. De acordo com pesquisa realizada pela Dieese, as mulheres são 56,2% do mercado. Mas ganham um quarto menos que os homens. Segunda a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) o rendimento médio por hora trabalhada das mulheres passou de R$6,56 para R$6,72 e o dos homens, de R$8,22 para R$8,94. As mulheres com ensino superior recebem, em média, R$15,70 pela hora de trabalho, enquanto as que não têm curso superior recebem R$4,60 por hora. A face da superação - Existem mulheres que

ainda não conseguiram sair da estatística triste e assustadora. São as que sofrem abusos sexuais e violentadas pelos maridos, amantes, namorados. E para atender e auxiliar essas mulheres foi criada em Macapá o Centro de Referência e Atendimento a Mulher (CRAM). Fundado em 22 de julho de 2008, veiculada a Secretária de Justiça e Segurança Pública do Amapá – SEJUSP/AP. Visa a valorização e promoção da autoestima das mulheres. É um espaço de acolhimento e atendimento psicológico, social e jurídico à mulher em situação de violência e vulnerabilidade social. O CRAM - oferece serviços de acompanhamento psicológico e judicial; cursos de manicure; confecções de bolsas, sandálias, flores e entre outros tipos de artesanatos em que a mulher pode aprender e adquirir a independência financeira. “Muitas mulheres que chegam pedindo auxílio na CRAM sofrem por não ter uma renda fixa, pois a única renda era o ex-marido então ministramos esses cursos para que ela possa aprender e comercializar o que produz”, diz Sandra Maria. Elas já sofreram mais. Com criação da lei Maria da Penha muitas puderam denunciar esse abuso e os machões ficaram mais contidos. “Desde a criação da lei Maria da Penha algumas mulheres tomaram coragem para fazer denúncias. Neste ano tivemos um aumento ao atendimento as mulheres assim como aumentou as denúncias. Isso não significa que as mulheres estão sofrendo mais abusos. Até reduziram. Mas somente agora brotam a revelação de casos escondidos há mais de 10 anos” explica à coordenadora. Rever os conceitos- Um aspecto crucial para revolução da nova mulher é a reversão do velho conceito, que de sexo frágil não tem nada. Ela pode exigir os direitos e garantir que esses direitos sejam mantidos. Um grupo de mulheres do estado do Amapá foram à Brasília, participar da 3º Conferência Nacional de Políticas para Mulheres. Cerca de 2800 mulheres de todo Brasil discutiram sobre o novo

Plano Nacional para Mulheres que será editado num livro a ser distribuídos em âmbito nacional. A mulher avança na educação, em direitos políticos e assumindo e gerenciando o próprio negócio. Para contemplar esta nova e promissora clientela é o que o Sebrae lançou o Prêmio Mulher de Negócios. O objetivo é premiar as mais belas histórias de superação. Em 2010 o Amapá foi premiado com destaque nacional. Vencendo as etapas estaduais, regionais e nacionais a empreendedora Carmita Duarte Medeiros, ganhou na categoria Grupos de Produção Formal, pelo trabalho a frente da Associação de Mães Artesãs do Vale do Jari. O trabalho da associação consiste em trabalhar com a mistura de sementes, cipós e fibras com materiais nobres como prata. A fabricação das jóias garante emprego e renda para 60 mulheres. A qualidade do trabalho já rendeu ao grupo até a participação em um Salão Internacional de Biojóias, em Nova York. Avanços empresariais - Além da premiação o Amapá tem lindas histórias, como á da empresária Mara Lúcia, que começou o empreendimento com R$200,00 e conseguiu a independência financeira. A empresária começou vendendo de porta em porta oferecendo os produtos. Agora tem uma loja que funciona no Marabaixo III. “Faço revenda de algumas marcas para outros municípios e hoje, a minha renda mensal é mais de 15 salários mínimos. Consegui conquistar independência e mostrar para muitas pessoas que com trabalho tudo é possível. E para quem quer ter o seu próprio negócio não é fácil. É preciso ter muita força de vontade e disciplina para vencer”, declara a empresária. Uma nova história - Esse é apenas uma das muitas histórias de superação das mulheres que com muita luta conseguiram superar a própria realidade e ultrapassaram as expectativas, vencendo a si mesmas. Mulheres que lutam todos os dias para garantir os direitos e conquistam a excelência dos sonhos e realizações. Esta é a mulher amapaense, um turbilhão em sonhos que não morrem.

Olhar Amazônico | Nov/Dez 2011 |

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Carlos Bezerra

Carlos Bezerra é jornalista e cronista. Publicou no jornal Diário do Amapá algo em torno de 1.200 crônicas. É viciado em livros, jornais, revistas, pintura e música cássica. Leia outras crônicas em: www.jornalistacbezerra.blogspot.com

UM HOMEM CHAMADO JESUS

É

curioso notar que alguns cristãos, por questões de naturezas diversas não gostam de judeus. Por serem rotulados genericamente cristãos, significa que são adoradores do homem chamado Jesus, Jesus Nazareno ou Jesus Cristo ou Jesus, o belemita. No entanto, essas mesmas pessoas parecem esquecer que Jesus, além de judeu, era também arameu ou aramaico. Esse homem, dotado de um cerébro poderosíssimo, recebeu esse nome, que do grego Iesous que é, na verdade, a forma helenizada do aramaico Ieshua. O verdadeiro nome de Jesus, pelo qual o povo e seus discípulos o chamavam era, portanto, Ieshua, que poderia ser traduzido como “a salvação de Javé”, ou “aquele enviado por Javé para nos salvar”. O outro nome, Cristo, também vem do grego: christos, isto é, “o ungido”, correspondente ao hebraico messiah. Jesus também é chamado de Emanuel ou Imanuel, no termo derivado do aramaico Imman-el, ou “D’us Conosco”. O nome Emanuel foi a ele atribuído por causa da profecia de Isaías 7:14. Jesus foi pintado, desenhado, esculpido, caracterizado nos palcos e nas telas de modos muito diferentes entre si, e sua mensagem espalhou-se por todo o Império Romano, em uma versão, atualmente chamada de cristianismo de Niceia, mas foi somente sob Teodósio I, que o cristinianismo se tornou a religião oficial dos romanos. Nesse contexto, podemos dizer que o Homem de Nazaré foi um autêntico revolucionário, porque sua opção preferencial foi sempre pelos mais fracos, pelos doentes, pelos mais pobres, pelas crianças, pelas prostitutas e prisioneiros, ao contrário do comportamento até então adotado, cuja opção era pelo mais saudável, pelo mais forte, pelo mais poderoso, pelo maior . O legado de Jesus, deixa a visão de D’us como um pai amoroso e misericordioso, sempre disposto a perdoar os pecados da humanidade. Sobre sua infância sabe-se muito pouco. Mas, sobre o tempo em que durou o ministério de Jesus, diz-se que ele pregou durante três ‘pesach’, a Páscoa dos judeus inferindo, segundo um estudioso contemporâneo, que o Nazir ensinou por pelo menos dois anos e dois meses. Os Evangelhos Sinóticos, isto é, de Marcos, Lucas e Mateus, sugerem um espaço de tempo ainda menor, apenas de um ano. Também é importante que se saiba sobre esse homem extraordinário, que Jesus teria sido um essênio, ou ligados a eles. Como sabemos todos, os essênios eram ascetas apocalípticos. O atual papa Bento XVI já afirmou que “parece que não apenas João Batista, mas possivelmente Jesus e sua família eran ligados à comunidade de Qumram” - uma das maiores comunidades essênias no Mar Morto. Sabemos, também, que Jesus foi conduzido ao deserto por D’us, onde jejuou 40 dias e 40 noites. Durante esse tempo, o Diabo apareceu diante dele por três vezes e o tentou, querendo que Jesus demonstrasse seus poderes sobrenaturais para provar a sua divindade. Como se sabe, o Demônio não conseguiu seu intento. Jesus pregava que os primeiros seriam os últimos, e que os últimos, os primeiros. Pregava também a não-violência e garantiu que traria a paz aos que nele acreditassem. Vejamos então: que homem era realmente esse, em princípio, analfabeto, pois até hoje nunca foi descoberto um texto sequer escrito de próprio punho por ele. Acredita-se, por outro lado, que o Nazareno fosse poliglota. Isto porque, na condição de arameu e judeu, falava essas duas línguas. Além disso, precisava conhecer o latim, para que pudesse se comunicar com os romanos, além do grego, língua falada pela elite da época. Uma coisa é certa: esse homem fantástico conseguiu uma proeza única. Dividiu o tempo entre antes e depois dele. Isso por si só, já bastaria para fazer dele, independentemente do seu lado divino, o maior de todos os homens. 34 | Nov/Dez 2011 | Olhar Amazônico


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