Ano 12 - Edição 133 Fevereiro de 2017
Mercado de EX volta a falar em crescimento Desvalorização do Real e falta de confiança dos investidores ainda são entraves para setor
Melhoria do perfil de tensão em alimentadores residenciais Estudo de caso
Energia eólica Impacto da intermitência da fonte no sistema elétrico brasileiro
Sumário atitude@atitudeeditorial.com.br Diretores Adolfo Vaiser Simone Vaiser Coordenação de circulação, pesquisa e eventos Marina Marques – marina@atitudeeditorial.com.br Assistente de circulação, pesquisa e eventos Bruna Leite – bruna@atitudeeditorial.com.br Administração Paulo Martins Oliveira Sobrinho administrativo@atitudeeditorial.com.br Editora Flávia Lima - MTB 40.703 - flavia@atitudeeditorial.com.br Publicidade Diretor comercial Adolfo Vaiser - adolfo@atitudeeditorial.com.br Contatos publicitários Ana Maria Rancoleta - anamaria@atitudeeditorial.com.br Marson Werner - marson@atitudeeditorial.com.br Representantes Paraná / Santa Catarina Spala Marketing e Representações Gilberto Paulin - gilberto@spalamkt.com.br João Batista Silva - joao@spalamkt.com.br (41) 3027-5565 Rio Grande do Sul / Minas Gerais Marson Werner - marson@atitudeeditorial.com.br (11) 3872-4404 / 99488-8187 Direção de arte e produção Leonardo Piva - atitude@leonardopiva.com.br Denise Ferreira
Suplemento Renováveis 51 Impacto da variabilidade da produção de energia eólica no sistema elétrico brasileiro através dos Custos Marginais de Operação (CMO).
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Coluna do Consultor Cursos e eventos do setor.
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Painel de notícias Empresas do setor eletroeletrônico esperam crescimento em 2017; Horário de verão economizou R$ 159,5 milhões; Bandeiras tarifárias da Aneel têm novas regras; Engerey comemora aniversário; Omicron inicia atividades no Brasil. Estas e outras notícias sobre empresas, mercado e produtos do setor elétrico brasileiro.
Consultor técnico José Starosta Colaborador técnico de normas Jobson Modena Colaboradores técnicos da publicação Aléssio Borelli, Cláudio Mardegan, João Barrico, Jobson Modena, José Starosta, Juliana Iwashita, Luiz Fernando Arruda, Marcelo Paulino, Michel Epelbaum, Roberval Bulgarelli e Saulo José Nascimento. Colaboradores desta edição: Adilson Roberto Batistel, Alan Rômulo Queiroz, Bernardo Bezerra, Bruno Borba, Bruno Camilo, Carlos Alberto Sotille, Celso Dall’Orto, Domingos Simonetti, Eduardo César Senger, George Farmain, João Henrique Zancanella, Lucas Encarnação, Luciene Queiroz, Luis Gamboa, Luiz Alberto Pettoruti, Marcelo Brunoro, Marcos Malveira, Martha Carvalho, Reinaldo Pintoni Sedano, Roberto Aguiar, Sérgio Roberto Santos, Stephan Romeder e Yasmina El-Heri Revista O Setor Elétrico é uma publicação mensal da Atitude Editorial Ltda. A Revista O Setor Elétrico é uma publicação do mercado de Instalações Elétricas, Energia, Telecomunicações e Iluminação com tiragem de 13.000 exemplares. Distribuída entre as empresas de engenharia, projetos e instalação, manutenção, industrias de diversos segmentos, concessionárias, prefeituras e revendas de material elétrico, é enviada aos executivos e especificadores destes segmentos. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da Editora. Capa: Foto Google Impressão - Ipsis Gráfica e Editora Distribuição - Correio
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Fascículos
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Aula prática – Qualidade Melhoria do perfil de tensão em alimentadores residenciais.
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Pesquisa – Equipamentos para atmosferas explosivas Um dos setores mais promissores de outrora volta a falar em crescimento. Fabricantes e distribuidores de equipamentos para áreas classificadas projetam crescimento médio de 9% para 2017.
68
Espaço 5419 A diferença entre o tipo do DPS e a tecnologia para fabricá-lo. Colunistas
70 72 74 78 80
Jobson Modena – Proteção contra raios
82
Dicas de instalação Alumínio liga 1120 – CAL 1120 para linhas de transmissão e de distribuição.
84
Ponto de vista Cinco mitos da Internet das Coisas.
José Starosta – Energia com qualidade Roberval Bulgarelli – Instalações Ex Marcelo Paulino – Proteção, automação e controle Plinio Godoy – Falando sobre a luz
Atitude Editorial Publicações Técnicas Ltda. Av. General Olímpio da Silveira, 655 – 6º andar, sala 62 CEP: 01150-020 – Santa Cecília – São Paulo (SP) Fone/Fax - (11) 3872-4404 www.osetoreletrico.com.br atitude@atitudeeditorial.com.br
Filiada à
3
Editorial
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O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Capa ed 133_A.pdf
1
3/7/17
8:53 AM
www.osetoreletrico.com.br
Ano 12 - Edição 133 Fevereiro de 2017
Mercado de EX volta a falar em crescimento Desvalorização do Real e falta de confiança O Setor Elétrico - Ano 12 - Edição 133 – Fevereiro de 2017
IoT e a eletricidade
dos investidores ainda são entraves para setor
Melhoria do perfil de tensão em alimentadores residenciais Estudo de caso
Energia eólica Impacto da intermitência da fonte no sistema elétrico brasileiro
Edição 133
A decisão por abordar o tema Internet das Coisas em um fascículo nesta publicação foi tomada tendo em vista,
principalmente, dois fatores: é uma novidade que promete ser irreversível e pouco se sabe sobre ela, especialmente, quanto à sua ligação com o setor elétrico. E se o assunto ainda é incipiente, cabe a nós, revista técnica do segmento, ir atrás de informações relevantes e pertinentes para que o leitor se sinta minimamente orientado sobre as novas tendências desse universo da engenharia elétrica. E a tal Internet das Coisas é uma delas.
Grosso modo, Internet das Coisas, ou simplesmente IoT, diz respeito a uma revolução tecnológica cujo intuito é conectar as
coisas (qualquer coisa) à rede mundial de computadores. E assim, vão surgindo, dia após dia, equipamentos elétricos, eletrônicos, veículos, portas, janelas, luminárias, até roupas (!) conectadas a computadores e smartphones. Dessa maneira, as “coisas” se comunicam e desempenham suas funções de modo programado, conectado e disponibilizando informações importantes aos seus usuários – como, por exemplo, consumo de energia, eficiência (mecânica, energética, etc.) e eventuais problemas.
A indústria ainda tem tirado poucas vantagens desse novo modelo computacional, mas a tendência é que isso se
transforme muito rapidamente. Algumas empresas provedoras de tecnologias já estão se adiantando e oferecendo produtos e serviços com internet das coisas embutida. A GE, para se ter uma ideia, lançou há um ano uma solução de IoT para aumentar a vida útil de usinas de energia. Trata-se de uma planta virtual que permite simular diferentes condições com o objetivo de entender como uma usina real poderia responder a elas.
Uma estimativa do Sebrae afirma que até 2026 serão cerca de 100 bilhões de dispositivos conectados. Dá para
imaginar a enorme quantidade de dados gerada? A proposta da IoT é utilizar esses dados a fim de melhorar os processos e facilitar o cotidiano das pessoas.
O convite à equipe do CPqD, responsável pela série de artigos sobre este tema iniciada na edição passada, surgiu em
função da relevância do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo instituto. São diversas iniciativas importantes, como, por exemplo, o projeto criado em parceria com o Grupo São Martinho, um dos maiores do setor sucroalcooleiro do país, e que conta com o apoio do BNDES. Voltado para o aumento da produtividade da lavoura de cana-de-açúcar e da eficiência dos processos relacionados à produção de açúcar e etanol, esse projeto prevê o desenvolvimento de rede móvel de quarta geração baseada na tecnologia LTE e adaptada às condições operacionais do setor sucroalcooleiro, em conjunto com uma infraestrutura de sensoriamento com tecnologia RFID (identificação por radiofrequência). Esses recursos, integrados, permitirão a coleta de informações no campo, em tempo real.
Nesta edição, por exemplo, os pesquisadores falam sobre a relação da IoT e as redes inteligentes, outra tendência
– embora, velha conhecida dos que atuam no setor elétrico há algum tempo – que vem sendo aplicada gradativamente. De acordo com os autores, a IoT deverá ser utilizada como recurso de aperfeiçoamento do relacionamento entre concessionária e unidade consumidora, por meio da conexão das redes inteligentes do setor elétrico com outras redes de conectividade à internet de outros setores da economia. Parece o futuro? Para mim, sim. Boa leitura!
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Coluna do consultor
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do Deinfra-Fiesp. jstarosta@acaoenge.com.br
A suruba antes do Carnaval
Não precisa pedir desculpas senador.
concebido. Agora o nobre presidente da
Vossa Excelência foi muito feliz ao retratar
Câmara recomenda que as assinaturas
aquilo que para os brasileiros simples
sejam conferidas! Sim, estes senhores
mortais era já sabido, e há muito. De fato,
que elegemos nos acham idiotas. Que
a música dos “mamonas” (de saudosa
quadrilha!
lembrança), bem retratava que ainda não
haviam comido ninguém...
2016 já eram os esperados e as armas
Na economia, os resultados pífios de
Isso ocorre com a população que tenta
clássicas são aplicadas, como a redução
achar uma forma de desenvolver atividade
da taxa de juros para estimular o consumo.
honesta e pagando muito imposto por isso.
Os
Aliás, na proporção dos fatos do que tem
publicados
acontecido em Brasília nos últimos anos,
redução de atividade em 6,6% em 2016
“suruba” é uma simples festinha infantil.
e acumulada de 16,9% nos últimos três
Outro tema foi desdenhado pelas
anos. De acordo com especialistas, a saída
Excelências
da crise depende do aumento de consumo
Central:
a
que
ocupam
população
o
Planalto
brasileira
se
níveis
de
atividade
pelo
IBGE
da
indústria
registraram
da população, mas como a demanda
mobilizou para redigir um projeto contra a
pode
corrupção no Brasil, contendo dez medidas
desempregados? Curioso é que se verifica
contra a corrupção (simples assim: se
também redução de poupança, indicando
roubar vai preso e paga o “penalty”).
que a turma está de fato sem dinheiro no
Para que este projeto fosse votado no
banco e no bolso para gastar. A balança
Congresso, a sociedade organizada se
comercial em 2016 registrou balanço
mobilizou com mais de dois milhões de
favorável, devido à falta de investimento em
assinaturas. Imaginem como foi “fácil” para
aquisição de equipamentos importados;
a sociedade conseguir tal mobilização. Em
leia-se, portanto: não estamos investindo,
algumas canetadas (ao bom e velho estilo),
não renovamos nosso parque fabril e
os
estamos perdendo competitividade. Que
deputados
modificaram
o
projeto
aumentar
com
12
milhões
de
retirando a essência original. Foi preciso
estrago!
que um Ministro do STF informasse aos
protagonistas que aquele projeto não
ao tão esperado fundo do poço e agora a
mais representava os conceitos originais
coisa vai. Enquanto isso os cães ladram e
e que deveria ser votado tal qual como
a caravana passa.
Mesmo assim, parece que chegamos
Painel de mercado
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O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Notícias relevantes dos mercados de instalações elétricas de baixa, média e alta tensões.
Aneel define novas faixas de acionamento e adicionais das bandeiras tarifárias Bandeira amarela passou para R$ 2 a cada 100 Kwh, já a bandeira vermelha no patamar 1 se manteve em R$ 3 a cada 100 Kwh, e no patamar 2 caiu para R$ 3,50 a cada 100 Kwh
A Diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu em meados de fevereiro, o aperfeiçoamento do sistema de bandeiras tarifárias. De acordo com a decisão, A bandeira amarela passou para R$ 2 a cada 100 Kwh, já a bandeira vermelha no patamar 1 se manteve em R$ 3 a cada 100 Kwh, e no patamar 2 caiu para R$ 3,50 a cada 100 Kwh.
A proposta aprovada considera que a
definição das faixas de acionamento não deve ser exclusivamente atrelada ao PLD, mas precisa avaliar a distribuição de custos e riscos entre os patamares, de forma a não sobrecarregar um patamar em virtude do aumento ou redução do PLD. Dessa forma, ficou estabelecido que as faixas de acionamento serão definidas anualmente com base na estimativa de custos para cada cenário. De acordo com a decisão, em um cenário
Bandeira Tarifária Verde: será acionada
Patamar 2: será acionada nos meses em
hídrico desfavorável, o acionamento das
nos meses em que o valor do CVU da última
que o valor do Custo Variável Unitário – CVU
bandeiras pode ocorrer antecipadamente,
usina a ser despachada for inferior a R$
da última usina a ser despachada for igual ou
em vez de ser acionada apenas quando
211,28/MWh;
superior ao limite a R$ 610/MWh.
térmica despachada for superior a 50%
Bandeira Tarifária Amarela: será acionada
do PLD. Com esse mecanismo, mitiga-se o
nos meses em que o valor do CVU da última
período de 19/12/16 a 20/1/17 e recebeu
risco das distribuidoras de terem que arcar
usina a ser despachada for igual ou superior a R$
34 contribuições de 14 agentes e instituições
com os custos de geração enquanto as
211,28/MWh e inferior a R$ 422,56/MWh; e
interessadas.
o Custo Variável Unitário (CVU) da última O assunto ficou em audiência pública no
A Diretoria aprovou, ainda, abertura
faixas de acionamento não forem atingidas, o que poderia agravar a situação do caixa
Bandeira
das concessionárias. E como esse custo é
acionada nos meses em que o valor do CVU
Submódulo
repassado aos consumidores nos processos
da última usina a ser despachada for igual
componentes financeiros) e discussão do
tarifários através da CVA, o mecanismo
ou superior a R$ 422,56/MWh, conforme os
tratamento tarifário da previsão do risco
proposto
seguintes patamares de aplicação:
hidrológico. Os interessados podem enviar
propicia
ao
consumidor
o
Tarifária
Vermelha:
será
A definição das faixas de acionamento
será
realizada
critérios:
conforme
os
seguintes
4.4
do
PRORET
(Demais
contribuições até 30/3/17 para o e-mail:
conhecimento desse custo antecipadamente, e não apenas no processo tarifário.
de audiência pública para atualização do
Patamar 1: será acionada nos meses em que o
ap004_2017@aneel.gov.br
valor do Custo Variável Unitário – CVU da última
endereço da Agência (SGAN, Quadra 603,
usina a ser despachada for igual ou superior a
Módulo I, Térreo, Protocolo Geral, CEP:
R$ 422,56/MWh e inferior a R$ 610/MWh; e
70.830-030), em Brasília (DF).
ou
para
o
Painel de mercado
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O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Empresas do setor eletroeletrônico esperam crescimento em 2017 Levantamento da Abinee revela que 52% das consultadas projetam aumento das vendas já no primeiro semestre do ano
Pesquisa realizada em janeiro pela Associação
Brasileira
Eletroeletrônica
da
(Abinee)
Indústria
com
seus
associados indica que a maioria das empresas projeta crescimento de suas atividades para 2017. De acordo com a pesquisa, 65% das consultadas esperam aumento
dos
negócios
neste
ano,
enquanto 26% projetam estabilidade e 9%, queda, em relação a 2016. Para mais da metade das entrevistadas (52%), esse crescimento vai começar já no primeiro semestre de 2017.
“O resultado da sondagem indica que
o otimismo das empresas, depois de um ano desastroso, voltou a ganhar fôlego”, afirmou o presidente da Abinee, Humberto Barbato. “Trata-se, entretanto, de um otimismo
cauteloso,
pois
precisamos
aguardar os próximos meses para que, com a consolidação de um cenário econômico positivo, essas expectativas se concretizem”, observou.
Emprego
Motivadas pela expectativa de crescimento das vendas, cerca de um terço das empresas (30%) tem intenção de ampliar seu quadro de
funcionários neste ano. Deste total, 23% das consultadas devem realizar o aumento já no 1º trimestre; 64%, no 2º trimestre e 13%, no 2º semestre de 2017.
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O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Horário de verão economizou R$ 159,5 milhões Com duração de 126 dias, horário de verão 2016/2017 reduziu demanda energética nos horários de ponta
Dados
apresentados
pelo
Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que o horário de verão 2016/2017 gerou ganhos da ordem de R$ 159,5 milhões, decorrentes da redução do acionamento de usinas térmicas durante o período de vigência da medida. O valor superou as expectativas iniciais, que eram de aproximadamente R$ 147,5 milhões.
Com relação à demanda no horário de
ponta noturna, no Sistema Sul houve uma redução da ordem de 4,3%, o que equivale, aproximadamente, ao atendimento do dobro da carga da cidade de Florianópolis (SC) no horário de ponta noturna. Já no sistema Sudeste/Centro-Oeste,
a
redução
da
demanda foi equivalente ao atendimento da metade da carga da cidade do Rio de Janeiro no horário de ponta, aproximadamente.
O horário de verão 2016/2017 durou
126 dias. Além da economia de valores, a medida gera ganhos qualitativos referentes à redução do consumo no horário de pico noturno, diminuindo os carregamentos no sistema de transmissão, proporcionando maior flexibilidade operativa para realização de
manutenções
em
equipamentos
do
sistema de transmissão e redução de cortes de cargas em situações de emergências, o que gera um aumento na segurança do atendimento ao consumidor final.
Painel de produtos
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O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Novidades em produtos e serviços voltados para o setor de instalações de baixa, média e alta tensões.
Sistemas de energia www.cummins.com.br
A Cummins Power Generation apresenta suas novidades: o sistema de monitoramento à distância Telematic e
o Integrated Switchgear, solução composta de cinco modelos de painéis elétricos configuráveis de baixa tensão.
O sistema de monitoramento é um produto de simples instalação, onde se conecta um equipamento similar
a um modem no gerador e, através de um meio de transmissão, que pode ser um cabo de rede ou um chip de celular, todas as informações são enviadas e armazenadas na nuvem, por isso, a nomenclatura “Powercommand Cloud”.
O Telematic foi desenvolvido para atender aos clientes que precisam ter acesso remoto a seu gerador, porém,
não desejam fazer um grande investimento em sistemas supervisórios ou infraestrutura.
Já o novo sistema funcional de painéis de transferência e paralelismo, Integrated Switchgear, desenvolvido e
fabricado na planta de Guarulhos (SP), passou por vários pré-testes, conforme normas ABNT NBR IEC 604391/2 e IEC 61439-1/2. Esta solução busca otimizar todo o processo de venda, desde o primeiro contato com o cliente até a entrega. Ao todo, são cinco modelos de painéis, capazes de atender mais de 168 mil possibilidades de configurações.
Tomadas e interruptores www.steck.com.br
A proposta da Linha Sophie de tomadas e interruptores da
Steck é levar cor e design aos ambientes residenciais. As peças apresentam acabamento fosco e módulos texturizados, o que, de acordo com a empresa, vai ao encontro das mais modernas tendências de decoração e design.
São mais de 50 itens entre interruptores, tomadas e módulos
para conectividade, como TV/Vídeo, RJ45, telefonia e ainda: o carregador USB, que traz mais praticidade para o dia a dia. Os produtos estão disponíveis
A linha Sophie é modular e permite que o cliente monte a combinação conforme desejar.
nas cores Branco Orus, Cromado Aton, Grafite Fênix e Amêndoa Seth.
Alicate de aterramento www.fluke.com.br
A Fluke lança para o mercado brasileiro seu novo alicate de aterramento sem estaca Fluke 1630-2 FC.
Trata-se de uma ferramenta sem fio que executa testes sem desconectar os eletrodos de terra do sistema de aterramento e entrega testes rápidos de loop de terra e de fuga em ambientes externos ou fechados sem utilizar estacas.
O alicate registra automaticamente os dados em intervalos predeterminados e salva até 32.760
medições na memória nos intervalos de registro definidos. A garra para serviço pesado é projetada para ficar alinhada e calibrada mesmo nos mais severos ambientes industriais. Ferramenta conectada
A 1630-2 FC faz parte do Fluke Connect® — um sistema com mais de 40 ferramentas de teste sem fios
que se comunicam pelo aplicativo Fluke Connect ou pelo software Fluke Connect Assets, solução na nuvem que reúne medições para fornecer uma visão abrangente do status de equipamentos críticos — permitindo que os técnicos visualizem, gravem e compartilhem medições do alicate em tempo real, por meio de seus smartphones ou tablets, e automaticamente carregue-as para o armazenamento no Fluke Cloud juntamente com tags e localizações de GPS dos ativos.
A ferramenta permite que técnicos meçam resistências de loop de terra para sistemas com multiaterramento usando apenas a garra dupla.
Painel de empresas
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O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Um giro pelas empresas que compõem o setor elétrico brasileiro.
Engerey celebra 15 anos de atividades Em comemoração, empresa lança galeria online de fotos que conta a história da companhia Engerey quando ainda funcionava dentro da Reymaster, em um espaço de apenas 30 m².
Com ampliação em 2013, a empresa incorporou mais 1000 m² para área de montagem de painéis, para estoque e para uma área especial dedicado ao transporte dos painéis.
A Engerey Painéis Elétricos completa
O projeto, intitulado de “Memória Engerey”,
15 anos de história e, para comemorar seu
permite, por exemplo, que o visitante tenha
aniversário, lança um projeto que resgata a
acesso a fotos de eventos em que a empresa
trajetória da empresa. A iniciativa consiste em
participou e a palestras técnicas ministradas
uma aba em seu site, chamada de “Linha do
por profissionais da Engerey.
tempo”, que traz fotos de todos os momentos
marcantes da empresa ao longo destes anos.
da Engerey. Em 2004, a empresa deixou a
“A história da Engerey entrelaça-se
Reymaster e passou a funcionar em outra
com a do segmento de painéis elétricos,
sede com 300 metros quadrados, onde
acompanhando a evolução da demanda por
contratou mais funcionários. “Foi um grande
estes produtos do país”, explica o sócio-
passo. Aí percebemos nosso potencial”. Em
diretor da empresa, Fábio Amaral.
2009, a Engerey construiu sua sede própria,
No link, é possível verificar o início da
com mil metros quadrados, que passou por
Engerey, que surgiu em 2002 como um
ampliação em 2013 e hoje possui mais de
departamento de automação dentro da
2.000 m², incorporando a atividade de 75
empresa Reymaster Materiais Elétricos. Era
profissionais da área.
apenas uma área de 30 metros quadrados
próxima ao estoque da Reymaster com
nossos 15 anos com um projeto de
três funcionários que montavam painéis,
resgate histórico. Além de relembrar os
basicamente para automação industrial.
acontecimentos
“Tudo começou quando trabalhava
período, podemos contribuir para que outras
na Reymaster no início dos anos 2000.
empresas verifiquem e acreditem na evolução
Identificamos a necessidade dos clientes em
do segmento, mesmo em uma época
montar os componentes que eram vendidos.
conturbada na qual vivemos hoje no país”,
Muitas indústrias montavam seus próprios
conclui Fábio Amaral.
painéis, com todos os riscos e dificuldades.
Então, passamos a oferecer este tipo de
basta acessar www.engerey.com.br/linha-do-
serviço e não paramos mais”, conta Amaral.
tempo
No site é possível acompanhar a evolução
“Estamos muito felizes em comemorar
mais
marcantes
neste
Para conhecer a história da empresa,
Painel de empresas
16
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Omicron inicia atividades no Brasil Entre as primeiras ações da empresa, destaque para a organização de um encontro técnico voltado para clientes e demais interessados para discutir novas tecnologias em testes de sistemas de proteção e automação em subestações
A
Omicron,
multi na
cional especia l izada em testes e medição, inicia em março de 2017 suas operações partir
de
no um
Brasil
a
escritório
localizado na cidade de Sorocaba (SP). ao
A empresa é dedicada desenvol vimento
de
mecanismos de testes e soluções de diagnósticos na indústria de energia elétrica. A aplicação de produtos permite avaliar
a
da
empresa
aos
usuários
condição
equipamento e
secundário
do
primário em
seus
sistemas. Os treinamentos sobre comissionamento e teste de relés de proteção, e também sobre medidas de diagnóstico e testes de manutenção de ativos primários tornam completa a gama de produtos.
O gerente de aplicações da Omicron Brasil, o engenheiro Marcelo Paulino, está à
frente das operações no país e relata que “devido à importância estratégica do Brasil e para melhor atender aos usuários dos produtos Omicron, as operações serão realizadas no escritório em Sorocaba (SP), com uma completa infraestrutura para atendimento comercial, treinamentos e suporte técnico”.
Entre as primeiras iniciativas a serem realizadas no país, a empresa está organizando
o 1º Encontro de Usuários Omicron no Brasil, que será realizado em São Paulo, entre os dias 22 e 23 de março de 2017. O evento abordará, além dos temas tradicionais e recorrentes da área, todos os aspectos relacionados a tecnologias emergentes em testes de sistemas de proteção e automação e avaliação de ativos em subestações.
No evento, os participantes poderão interagir com especialistas da empresa e da
indústria, e se informar sobre as experiências que alguns dos clientes e palestrantes compartilharão. O objetivo do encontro é combinar um alto nível de conhecimento técnico com ênfase em sessões práticas em um ambiente descontraído.
Mais informações e inscrições em www.omicronenergy.com/usuariosbrasil/
ATERRAMENTO ELÉTRICO Carlos Sotille, Luiz Pettoruti e João Zancanella
18
Capítulo II – ABNT NBR 7117 – Medição da resistividade e estratificação do solo • Amostragem física do solo • Método da variação da profundidade • Método dos dois eletrodos • Método dos quatro eletrodos
Ensaios em instalações elétricas industriais Luis Gamboa e Roberto Aguiar
22
Capítulo II – Diagnósticos e ensaios elétricos em subestações de energia industriais • Manutenção preditiva • Manutenção preventiva periódica • Localização de defeitos • Monitoramento online • Tecnologias construtivas
INTERNET DAS COISAS Adilson Batistel, Marcos Malveira e Reinaldo Sedano
30
Capítulo II – Smart grid – Por que sair do confinamento? • IoT potencializando as redes inteligentes • Desafios • Ações para operacionalização do smart grid/ IoT
MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS Alan Rômulo Queiroz, Eduardo César Senger e Luciene Queiroz
36
Capítulo II – Conceitos e definições da função manutenção • Defeitos e falhas • Manutenção corretiva • Manutenção preventiva • Manutenção de primeira linha
Fascículos
Apoio
Apoio
Por Carlos Alberto Sotille, Luiz Alberto Pettoruti e João Henrique Zancanella*
Aterramento elétrico
18
Capítulo II ABNT NBR 7117 –
Medição da resistividade e estratificação do solo
A função básica de um sistema de
Fatores externos também podem
das curvas de resistividade), dados estes
aterramento é dissipar para o solo correntes
alterar ou influenciar a resistividade do
também necessários na determinação
oriundas de curtos-circuitos, surtos de
solo, como contaminação e compactação
dos
manobra de equipamentos, surtos de
do mesmo.
admissíveis para uma pessoa que com
origem atmosférica, etc., o que faz com que
A norma ABNT NBR 7117 tem
o estudo do solo seja fundamental para o
como escopo “ estabelecer os requisitos
potenciais
toque
e
passo
as instalações mantenha contato. A resistividade do solo pode ser
e
obtida por meio de medições diretas
do
(trataremos dos métodos de medições
solo”, ou seja, fornecer um caminho
a seguir) e os resultados devem ser
seja, sua resistividade varia em função de
para
resistividade
tratados matematicamente para se obter
diversos fatores, como: nível de umidade,
das diversas camadas do solo e de suas
a estratificação do solo em camadas
idade e formação geológica, temperatura,
espessuras.
paralelas ou horizontais (ver Figura 1
projeto de uma malha de aterramento que
para
deva atender aos requisitos de segurança.
determinação
Raramente, o solo é homogêneo, ou
salinidade, composição, profundidade das camadas e outros fatores naturais.
medição
da da
resistividade estratificação
quantificação
da
Os cálculos para o projeto de um sistema de aterramento (geometria,
– Solo real (a) e solo estratificado (b)). Os
métodos
de
medição
por
Um exemplo desta variação é mostrado
dimensões, etc.) são estabelecidos em
sondagem elétrica (tensão e corrente
na Tabela 1, em que se quantifica a
função das medições de resistividade
originadas
e estratificação do solo (levantamento
eletrodos colocados no solo) procuram
resistividade do solo, medida em Ω.m.
e
determinar
Fascículo
de
através
distribuição
de
vertical
Tabela 1 – Valores típicos de resistividade de alguns tipos de solo
de resistividade abaixo do ponto em
Tipos de solo
Faixa de resistividade (Ω.m)
estudo. De acordo com a norma e as
Água do mar
Menor do que 10
experiências de campo e pesquisas
Alagadiço, limo, húmus, lama
Até 150
realizadas, em um solo considerado
Água destilada
300
aproximadamente homogêneo, pode-se
Argila
300 – 5.000
dizer que cerca da metade da corrente
Calcário
500 – 5.000
injetada
no
solo
pelos
eletrodos
Areia
1.000 – 8.000
auxiliares circula a uma profundidade
Granito
1.500 – 10.000
igual
à
metade
da
distancia
de
Basalto
A partir de 10.000
separação dos eletrodos instalados e
Concreto(1)
Molhado: 20 – 100
que grande parte da corrente flui acima
Úmido: 300 – 1.000
da profundidade igual à separação entre
Seco: 3kΩ.m – 2MΩ.m
eles. Para solos na condição de não
A categoria molhado é típica de aplicação em ambientes externos. Valores inferiores a 50 Ω.m são considerados altamente corrosivos (1)
a
obtidas
homogêneos (a maioria dos tipos de solo no Brasil), essa distribuição não
19
Apoio
Figura 1 – Solo real (a) e solo estratificado (b).
é válida, pois a densidade de corrente varia de acordo com a distribuição das resistividades. Deve-se
ter
em
conta
que
Por amostragem física do solo
os
Uma amostra definida é tomada do
gradientes de potencial na superfície
solo (deformada e/ou indeformada),
do solo, na área de ação de um eletrodo,
podendo
são, principalmente, uma função da
comparativos com os resultados de
resistividade da camada superficial do
medições em campo pelo método dos
solo. Já para a resistência do eletrodo
quatro eletrodos. Em laboratório podem
de terra (especialmente se este for de
ser levantadas as curvas de resistividade
grandes dimensões), os gradientes de
em função da quantidade de água
potencial são função de suas dimensões
adicionada ao solo. Também se pode
e das resistividades das camadas mais
determinar a capacidade de retenção
profundas do solo.
de água da amostra, resultando em uma
A ABNT NBR 7117, em seu item 5.1.2, define as seguintes metodologias de medição:
fornecer
critérios
curva característica da resistividade versus percentual de água retida. Como o efeito de absorção de água pelo solo está relacionado ao efeito de
- Por amostragem física do solo; -
Pelo
método
de
variação
capilaridade, este ensaio de capacidade da
de retenção de água representa a
profundidade (ou dos três eletrodos);
umidade que o solo terá na maior parte
- Pelo método dos dois eletrodos;
do tempo, ou seja, a resistividade nessa
- Pelo método dos quatro eletrodos
porcentagem é a resistividade mais
com arranjos do tipo central, de Lee, de
representativa do solo.
Wenner e de Schlumberger – Palmer. Abordaremos todos estes métodos, sendo que o arranjo de Wenner (ou de quatro eletrodos igualmente espaçados)
Método da variação da profundidade (ou dos três eletrodos)
é o método mais conhecido e mais
Para fins práticos, a resistência de
utilizado em sondagens elétricas para
aterramento de uma haste enterrada em
determinar a resistividade específica do
um solo uniforme é dada pela equação:
solo.
Apoio
Aterramento elétrico
ρ R= 2π • L
{
4L In( ) – 1) r
{
20
(1)
duas vezes a resistência de cada eletrodo
“V” é medida entre os dois eletrodos
(R1e).
internos utilizando um potenciômetro ou
ρ – resistividade aparente do solo [Ω.m] L – comprimento da haste [m] r – raio da haste em metro. Neste método, os eletrodos em forma de hastes de comprimento L e raio r são espaçados (espaçamentos compatíveis com a área que se está analisando para o projeto de aterramento). eletrodos
são
aprofundados
igualmente e suas resistências são medidas
para
profundidades resistência
alta
impedância
A
resistividade
será
dada
pela
equação:
R – Resistência da haste
Os
de
(Figura 2).
A resistividade média “ρ2e“ do solo entre os eletrodos será:
Em que:
voltímetro
cada (L).
medida
uma O
destas
valor para
de cada
profundidade refletirá a variação da
ρ2e =
RmπL
(2)
2L In( ) r
ρ1 =
Método dos quatro eletrodos (geral)
2π •V I 1+1– 1 – 1 d1 d3 (d1 + d2) (d2 + d3)
O método permite variar os arranjos dos eletrodos. Neste capítulo iniciaremos abordando o arranjo do tipo eletrodo
Mais comum e mais aplicado para
central.
medição da resistividade média de grandes volumes de terra, este método
Arranjo do eletrodo central
consiste na cravação de quatro pequenos eletrodos
a
pequena
profundidade,
alinhados e espaçados em intervalos
A Figura 3 exibe o arranjo, o qual,
não necessariamente iguais. Injeta-se
pela sua configuração, é indicado para
uma corrente “I” entre os dois eletrodos
prospecção a grandes profundidades ou em
externos e a diferença de potencial
locais em que a resistividade é elevada.
resistividade “aparente” em função do incremento da profundidade, a qual, se plotada em função de L, fornece uma ajuda visual para determinação da variação da resistividade do solo com a profundidade. Os valores obtidos neste método devem ser entendidos como médios e não devem ser extrapolados.
Método dos dois eletrodos (anexo D da norma)
Fascículo
Este método é indicado quando se pretende avaliar a ordem de grandeza da resistividade de pequenos volumes
Figura 2 – Método dos quatro eletrodos (geral).
de solo. Ele consiste em cravar dois eletrodos iguais de comprimento L espaçados a uma distância maior ou igual a 5 x L interligados por meio de um cabo isolado. Utilizando um instrumento do tipo alicate terrômetro, mede-se a resistência em série dos eletrodos posicionando a pinça entrelaçada ao cabo de interligação. Com esse arranjo, a resistência medida para os dois eletrodos (Rm) será
(3)
Em que: I corrente; P1 e P2 eletrodos de potencial; C1 e C2 eletrodos de corrente; Figura 3 – Arranjo do eletrodo central.
d1 d2 d3 ρ1
distância entre os eletrodos C1 e P1; distância entre os eletrodos P1 e P2; distância entre os eletrodos C2 e P2; resistividade aparente da primeira camada.
21 O eletrodo C2 é fixado no centro da área a ser medida, variando-se a posição dos eletrodos C1, P1 e P2, obedecendo-se sempre a condição de “d3 muito maior que d1 e d2". A resistividade para uma profundidade H (dada pela média aritmética das distancias d1, d2 e d3) é obtida pela equação (4), admitindo-se erro de 1%: Em que: ρ(H) =
2π • d1 • (d1 + d2) d2
x V I
(4)
No caso particular de d1 = d2, a expressão da resistividade é simplificada e reduz-se a: ρ = 4 • π • d1 • V I
(5)
No próximo capítulo serão abordados os demais arranjos, assim como alguns elementos de estudo e novas propostas para inclusão de outros métodos de medições. *Carlos Alberto Sotille é engenheiro eletricista, mestre em ciências pela COPPE – UFRJ, pesquisador, foi professor do curso de graduação em Engenharia Eletrica da Escola de Engenharia de Lins. Atualmente é Diretor Técnico da Sota Consultoria e Projetos Ltda. e membro da CE-03:102 – Comissão de estudos “Segurança em Aterramento elétrico de Subestações C.A.”, do Cobei/ABNT. Luis Alberto Pettoruti é engenheiro eletricista e eletrônico e pesquisador. Foi membro do Laboratório de Alta Tensão da Universidade Nacional de La Plata – Argentina. Atualmente, é sócio fundador e diretor técnico da Megabras Indústria Eletrônica Ltda. e membro da CE-03:102 – Comissão de estudos “Segurança em Aterramento elétrico de Subestações C.A.” do Cobei/ABNT. João Henrique Zancanella atua há mais de 30 anos no ramo elétrico em geração, transmissão e distribuição de energia. É superintendente de Marketing e Vendas da Intelli Indústria de Terminais Elétricos Ltda., membro e coordenador da CE-03:102 – Comissão de estudos “Segurança em Aterramento elétrico de Subestações C.A.”, do Cobei/ABNT. Continua na próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
Ensaios em instalações elétricas industriais
22
Por Luis Gamboa e Roberto Aguiar*
Capítulo II Diagnósticos e ensaios elétricos em subestações de energia industriais As políticas de manutenção em instalações industriais
elétrico industrial, principalmente a subestação, com as
focam especialmente as máquinas e os equipamentos de sua
mesmas características técnicas da concessionária local. Isso
atividade fim, de modo que os programas de manutenção
ajuda muito na hora de substituir equipamentos avariados.
para os equipamentos da subestação normalmente ficam em segundo plano.
O programa de manutenção vai depender principalmente do período de indisponibilidade dos equipamentos. Algumas
Muitas indústrias fazem parcerias com as concessionárias e
indústrias têm programas anuais, ou até com periodicidade
estabelecem programas de manutenção similares. Mas isso nem
menor, de manutenção das máquinas e equipamentos. Se essas
sempre é possível, pois as diferenças operacionais e de projeto
“paradas” possibilitarem a desenergização da subestação, a
das instalações industriais costumam exigir uma metodologia
situação será confortável, com baixo custo de manutenção.
de manutenção diferenciada.
Caso contrário, será necessário investir em monitoramento
Com as exigências de melhoria da qualidade do
online e em instrumentos e técnicas de ensaios especiais,
fornecimento, as concessionárias têm procurado minimizar
encarecendo os custos de manutenção. Neste artigo, vamos
a necessidade de desligamentos para realizar manutenções
comentar desde os planos mínimos de manutenção até as
de equipamentos, abrindo espaço para o desenvolvimento
técnicas mais aprimoradas.
de novas tecnologias, tais como: monitoramento online, uso de instrumentos de ensaio multifuncionais, investimento na
Manutenção preditiva
melhoria dos equipamentos para minimizar as manutenções, As atividades mínimas de manutenção preditiva em
etc.
Fascículo
Para
as
concessionárias,
que
contam
com
muitas
subestações consistem em:
subestações, esses investimentos se justificam, o que não ocorre com as subestações industriais, em que estes custos
a) Inspeções visuais;
representam investimentos nem sempre viáveis. Mesmo assim, a
b) Inspeções termográficas nos equipamentos e em conexões
manutenção destas subestações é essencial para não se chegar à
elétricas;
indisponibilidade de equipamentos, como os transformadores,
c) Ensaios no óleo isolante dos equipamentos.
que, em caso de queima, podem levar semanas para serem substituídos.
As três atividades podem ser executadas com a subestação
Dispor de equipamentos reservas nas instalações industriais,
energizada. São técnicas simples e de baixo custo, com bons
principalmente transformadores, não é economicamente viável.
resultados para acompanhar o desempenho dos equipamentos.
Algumas indústrias utilizam transformadores especiais, bem diferentes dos transformadores convencionais, utilizados pelas concessionárias. Dependendo do tamanho do transformador, a troca ou recuperação em caso de falha pode levar meses. Uma boa política, quando possível, é projetar o sistema
A - Inspeções visuais Estas inspeções devem ser realizadas regularmente visando verificar o estado geral de conservação da subestação, incluindo a limpeza dos equipamentos, a qualidade da iluminação do
Apoio
23
pátio e a adequação dos itens de segurança (por exemplo, extintores e sinalização). Durante as inspeções visuais, devem ser verificados, entre outras coisas, a existência de vazamentos de óleo nos equipamentos, a presença de ferrugem e corrosão em equipamentos e estruturas metálicas, a existência de vibração e ruídos anormais, o nível de óleo dos principais equipamentos, o estado de conservação dos armários e canaletas, e as condições dos aterramentos (Resolução Aneel – Plano Mínimo de Manutenção). Periodicidade recomendada: mensal. B - Inspeções termográficas As inspeções termográficas em subestações permitem avaliar não apenas as conexões, mas todos os equipamentos da subestação.
Figura 1 – Sobreaquecimento de conexões em equipamentos de uma subestação.
Em um sistema elétrico energizado, a corrente gera calor por efeito Joule (W=RI2). Este calor pode ser observado com uma câmera infravermelha. Defeitos no caminho da condução de corrente (diminuição da área do condutor ou aumento na resistência das conexões) elevam o calor nestas regiões, o que aumenta a diferença de temperatura entre o componente defeituoso e o normal. A termografia é uma ferramenta poderosa na prevenção de falhas, conforme mostra a Figura 2.
Figura 2 – a) Foto normal; b) Termografia. Três dos quatro radiadores – em azul – fechados (inoperantes).
Apoio
Ensaios em instalações elétricas industriais
24
em andamento. Os processos identificáveis têm como origem o sobreaquecimento (pontos quentes) ou a ocorrência de descargas elétricas internas. Ver Tabela 2. Tabela 2 – Gascromatografia em óleo isolante
Figura 3 – Sobreaquecimento de para-raio.
C - Ensaios do óleo isolante Dois tipos de ensaios são realizados de forma rotineira com o óleo isolante dos transformadores, os ensaios físico-químicos (para verificar a qualidade do óleo) e o ensaio de gascromatografia (para verificar a integridade da parte ativa do transformador). Os ensaios físico-químicos de referência são relacionados na Tabela 1. Indicam a necessidade de tratamento ou substituição do óleo. Periodicidade recomendada: anual. Tabela 1 – Ensaios físico-químicos em óleo isolante
Periodicidade recomendada: anual.
Manutenção preventiva periódica Um plano de manutenção preventiva periódica é sempre recomendável e abrangente, todavia, este artigo priorizará os ensaios elétricos, os quais fornecem dados valiosos sobre a taxa de deterioração de uma peça ou equipamento elétrico. Uma vez que esta taxa é determinada, fatores de serviço podem ser ajustados e potenciais problemas evitados. Ensaios elétricos irão indicar a condição do isolamento no momento do ensaio, mas, para avaliar a real deterioração que o isolamento sofreu ao longo de sua vida útil, são necessários os dados produzidos por ensaios periódicos, desde sua instalação em campo. Estes ensaios devem ser realizados por pessoal especializado. Todas as conexões, procedimentos de limpeza, tensões de ensaio e
Fascículo
intervalos de tempo para as leituras devem ser repetidos. Ao realizar os ensaios com um método definido e corrigindo os resultados para uma temperatura padrão, as análises e os diagnósticos tornam-se mais confiáveis. Ensaios em equipamentos elétricos podem ser divididos em duas categorias, ensaios com corrente alternada (AC) e ensaios com corrente contínua (CC). Ensaios com corrente contínua são bem aceitos por causa da portabilidade dos instrumentos e devido à natureza não destrutiva. Como o potencial de teste pode ser aplicado
Gascromatografia
sem o componente reativo, ensaios em CC podem ser realizados em níveis mais elevados de tensão sem forçar o isolamento com a mesma intensidade de um ensaio de AC.
Através da análise dos gases dissolvidos no óleo isolante é
Os dois principais ensaios em CC praticados nos equipamentos
possível avaliar a condição de operação de um transformador de
de subestação são a resistência de isolamento e a medição de
potência, com a identificação de eventuais processos de falha
resistências elétricas.
Apoio
25
Apoio
Ensaios em instalações elétricas industriais
26
O ensaio de resistência de isolamento, conhecido como Megger,
de resistência e reatância dos diversos equipamentos de uma
é muito popular, pela portabilidade do instrumento, pela praticidade
subestação, só recentemente foram desenvolvidos instrumentos
de sua realização e por ser aplicável ao isolamento da maioria dos
portáteis com fontes de corrente CC de faixas amplas.
equipamentos. A medição da resistência de isolamento apresenta uma boa indicação do estado da isolação de equipamentos de até
bobina (a) e ao contato de um disjuntor ou seccionadora (b).
15 kV, tais como motores, geradores, etc. Para equipamentos de alta tensão, os resultados são mais limitados e de difícil interpretação, sendo a avaliação basicamente por comparação com ensaios anteriores. A norma ABNT NBR 5380, para transformadores, considera esse ensaio como um ensaio de verificação, o qual não é válido para aceitar ou recusar o equipamento. Os resultados das medições sofrem influências consideráveis pela indução, principalmente, em subestações com tensões superiores
(a)
que 230 kV. Instrumentos modernos empregam tecnologias que são usados para reduzir o problema de indução, porém, com um impacto considerável no custo do instrumento.
(b)
Figura 4 – a) Enrolamento; b) Contato de disjuntor.
minimizam essas deficiências. Cabos com blindagens especiais
Para medir a resistência de contato de um disjuntor ou seccionadora, o ideal é uma fonte de alta corrente, acima de 100
Para melhorar o diagnóstico, principalmente nos ensaios em
A. Para transformadores, onde a medição é fortemente influenciada
transformadores, a solução foi aumentar os valores de fim de escala.
pela indutância dos enrolamentos, a fonte pode ser de até uns 15 A,
Nos instrumentos antigos, os valores giravam na faixa de 250.000
porém com potência para “carregar” os enrolamentos (de 0,05% a
MΩ. Os instrumentos mais recentes ultrapassam os 250.000 TΩ,
1% da corrente nominal) e tornar a leitura o mais estável possível.
o que possibilita a realização do ensaio de Índice de Polarização,
Os instrumentos atuais são concebidos para as medições em
que é a razão entre o valor da resistência de isolamento medida
equipamentos específicos (disjuntor, transformador ou malha de
em 10 minutos pelo valor medido em 1 minuto. Essa técnica
terra) e, após a configuração do usuário, realizam-se os ensaios
permite avaliar a corrente de absorção, que é tão importante para o
automaticamente. Como resultado disso, temos ensaios com o
diagnóstico quanto a medição da corrente de fuga.
mesmo nível de precisão dos ensaios realizados em fábrica, o que
Os instrumentos aplicam tensões de ensaio entre 1 kV e 10 kV. Quando é necessário aplicar tensões maiores, na faixa dos 100 kV, utiliza-se um instrumento semelhante, com características construtivas diferentes, em função da alta tensão de ensaio, chamado Hypot, que mede a corrente de fuga em lugar da resistência do isolamento.
Fascículo
A Figura 4 ilustra o método da queda de tensão, aplicado a uma
melhorou consideravelmente a qualidade dos diagnósticos de campo. Os instrumentos e técnicas para os ensaios em AC também evoluíram, contribuindo para o aprimoramento dos diagnósticos. As técnicas empregadas nos ensaios de fator de potência do isolamento e na medição da relação de transformação não tiveram
Esse instrumento é utilizado em ensaios de isolamento de
grande evolução, no entanto, a automação e, principalmente, o
equipamentos com alta capacitância, como cabos de energia e
desenvolvimento de novos modelos de cabos de ensaio tornaram
geradores, onde é inviável utilizar instrumentos de AC. Os ensaios
esses ensaios mais rápidos e precisos, com os possíveis erros ou
de Hypot CC são normatizados e realizados há muito tempo, porém,
desvios nos resultados sendo verificados automaticamente pelo
com o aprimoramento tecnológico, surgiram os instrumentos VLF
próprio instrumento.
(Very Low Fequency), que realizam o ensaio em cabos de energia com
A real revolução, mesmo nesses ensaios convencionais, veio
altos valores de tensão de ensaio, em baixa frequência, excitando o
com o desenvolvimento dos instrumentos multifuncionais.
isolamento como um todo, com resultados bem mais promissores.
Praticamente todos os instrumentos até agora citados foram
Dos ensaios convencionais, o que mais evoluiu em termos
incorporados em uma só unidade. Os instrumentos multifuncionais
de instrumentação foram os ensaios para medição de resistência.
são compostos basicamente de fontes de corrente e tensão (CC e
A aplicação desse ensaio no campo tem como principal objetivo
CA), com saídas e entradas de sinais e cabos apropriados para
verificar o estado das conexões, potenciais pontos de problema em
os diversos tipos de ensaio. O resto é software. Além dos ensaios
um sistema elétrico. O ensaio é realizado em praticamente todos
convencionais, é possível a realização de alguns ensaios especiais,
os equipamentos de subestação, como também para verificações na
tais como: impedância de curto-circuito em transformadores, curva
malha de terra.
de saturação de transformadores de corrente, tempos de operação
A técnica, aparentemente simples, consiste em fazer circular uma corrente CC no objeto sob ensaio e, simultaneamente, medir a queda de tensão neste objeto. Mas, para atender às características
de disjuntores, medição de resistência dinâmica em disjuntores e comutadores de tapes, etc. Um grande diferencial desses instrumentos é a possibilidade de
Apoio
variação de frequência das fontes de AC. Isso elimina os problemas de indução e possibilita o desenvolvimento de novas técnicas de ensaio. Alguns desses instrumentos multifuncionais são modulares,
também medem a carga ligada ao secundário e realizam o ensaio de exatidão em TCs de medição. Erros ou desvios nos resultados são verificados pelo instrumento.
possibilitando que o usuário especifique um instrumento personalizado. A operação do instrumento é facilitada pela apresentação do esquema de ligação dos cabos e por diagnósticos automatizados.
Figura 6 – Analisador de TCs. Foto: cortesia Omicron.
O aprimoramento tecnológico dos instrumentos permitiu dispor de novas técnicas de ensaio. As medições de resistência Figura 5 – Instrumento multifuncional. Fonte: cortesia Megger.
Os ensaios em transformadores de corrente foram muito facilitados pelo surgimento dos instrumentos analisadores de TC.
de contato e dos tempos de operação em disjuntores já podem ser realizadas com os polos aterrados (Figura 7). Isso diminui consideravelmente os problemas de indução, condição sempre crítica para ensaios em disjuntores, em subestações energizadas.
Conectados ao primário e ao secundário do TC, o instrumento
Alguns equipamentos de ensaios também possibilitam: variar o
realiza os ensaios de resistência de isolamento, relação de
range de frequência, medir os tempos de polarização e despolarização
transformação, medição da resistência elétrica do secundário
dos materiais isolantes, realizar registros vibro-acústicos, etc., trazendo
e curva de saturação automaticamente, e alguns instrumentos
para o campo técnicas antes restritas aos laboratórios e à academia.
27
Apoio
Fascículo
Ensaios em instalações elétricas industriais
28
Figura 9 – Localização de defeitos em OLTC.
Figura 7 – Ensaios em disjuntor. Polos aterrados.
Localização de defeitos em bobinas de motores e geradores
Dos instrumentos de resposta em frequência, o de maior
Bobinas de motores e de geradores podem ser avaliadas em
aplicação é o SFRA (Sweep Frequency Response Analysis), uma
campo por ensaios de resposta a impulso. A resposta a solicitações
ferramenta cada vez mais utilizada por fabricantes e concessionárias.
impulsivas mostra oscilações que dependem especialmente das
A ideia é que mudanças na parte ativa do transformador provoquem
indutâncias e capacitâncias entre espiras e entre enrolamentos.
mudanças na resposta (curva) do SFRA, particularmente, se o
Ao se comparar a resposta simultânea de duas bobinas iguais,
problema envolver deformações no enrolamento. O grande desafio é
como as de duas fases de um equipamento trifásico, as respostas
correlacionar as alterações nas curvas de resposta com a localização
aparecem superpostas na tela do instrumento. Mas, se uma delas
física do defeito.
tiver alterações de geometria ou das propriedades da isolação, num
A ampla faixa de frequências utilizadas pelo ensaio de SFRA, geralmente, de algumas dezenas de Hz até algumas dezenas de MHz,
trecho, a resposta se alterará, mostrando variações na frequência de ressonância, no perfil de amortecimento, etc.
com mais de 1000 pontos intermediários permite excitar tanto as características do núcleo, como as características do enrolamento.
Figura 10 – Registro de respostas impulsivas. Figura 8 – Localização de falhas com a técnica SFRA.
Para os comutadores de derivação em carga (OLTC), os ensaios de campo eram muito limitados, ficando restritos à
Duas ondas não coincidentes aparecerão neste caso, conforme mostra a Figura 10 (oscilograma inferior).
relação de transformação e à medição da resistência elétrica das
Sintomas, como vibrações e ruídos anormais em máquinas
derivações. Hoje se dispõem de instrumentos que possibilitam
rotativas, costumam levar à suspeita de alterações físicas no bobinado,
medir a resistência dinâmica (durante as transições), melhorando a
normalmente provocadas por solicitações eletromecânicas. Nestes
avaliação da chave de carga.
casos, a resposta impulsiva costuma ser uma ferramenta poderosa.
Outra técnica promissora e a avaliação vibro-acústica do OLTC,
Esta técnica também é aplicável a transformadores trifásicos,
técnica que permite a realização do ensaio com o transformador em
observando-se os aspectos de assimetria do núcleo magnético na
serviço. Os instrumentos possuem software de diagnóstico.
análise das respostas.
Apoio
Monitoramento online
Considerações finais
O monitoramento de diversos parâmetros dos equipamentos
Como foi verificado ao longo deste artigo, são inúmeras as
de subestação tem-se mostrado uma excelente ferramenta
técnicas de ensaios empregadas na manutenção de equipamentos de
de manutenção. Alguns dos parâmetros já consagrados são:
uma subestação industrial. Obviamente, a utilização de cada uma
monitoramento dos gases dissolvidos no óleo isolante, degradação
delas implica custos que devem ser avaliados por cada empresa.
do gás SF6, umidade do óleo isolante e do gás SF6, etc.
Contudo, conforme o tamanho da subestação de energia aumenta,
Muitas pesquisas e aplicações experimentais têm sido realizadas
mais testes devem ser incluídos nos planos de manutenção das
e, ao que tudo indica, o monitoramento será uma das principais
indústrias, a fim de se preservar a vida útil dos equipamentos,
ferramentas de manutenção dos equipamentos de subestação.
os quais, em caso de falha, podem representar dias completos de
Mas, por enquanto, o monitoramento ainda está restrito a poucos
parada total de uma planta industrial.
equipamentos de algumas concessionárias. É uma realidade distante para uma boa parte das concessionárias e para a maioria dos equipamentos instalados em subestações industriais, que contam apenas com monitoramentos básicos, como: temperatura, número de operações, indicação de pressão do SF6, etc.
Tecnologias construtivas Entre as tecnologias utilizadas para minimizar as manutenções e aumentar a vida útil dos equipamentos, podemos destacar: – Utilização do óleo vegetal isolante para transformadores; – Ampolas de vácuo para disjuntores de média e baixa tensão; – Ampola de vácuo nas chaves de carga dos OLTCs.
*Luis R. A. Gamboa é especialista com 42 anos de experiência em equipamentos de AT. Trabalhou na Copel desde 1975 e como pesquisador no Lactec a partir de 1994. Engenheiro desde 1980 pela UTFPR, hoje atua na R. de Aguiar Treinamentos e Energia, focada em Diagnósticos em Equipamentos de AT. Participa do COBEI/ABNT em normas de aterramento e como pesquisador e instrutor junto ao Lactec. Roberto Aguiar é eletrotécnico pelo CEFET/SC, especialista em AT. Trabalhou 32 anos na Copel em Engenharia de Manutenção e há mais de 23 atua como analista de Falhas em Equipamentos de AT. Participa do COBEI/ABNT em normas de Equipamentos de AT. Pesquisa e realiza cursos junto ao Lactec e Instronic de Especificação, Manutenção e Ensaios em Equipamentos de AT pela R. de Aguiar Treinamentos e Energia. Continua na próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
29
Apoio
Por Adilson Roberto Batistel, Marcos Malveira e Reinaldo Pintoni Sedano*
Internet das Coisas
30
Capítulo II Smart Grid - Por que sair do confinamento?
Smart
grids,
ou
redes
elétricas
inteligentes, são os sistemas de distribuição e de transmissão de energia elétrica que foram dotados de recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de automação com o objetivo de ampliar a sua eficiência operacional. Devido ao alto nível de tecnologia agregado, as smart grids conseguem responder a várias demandas da sociedade moderna, tanto no que se refere às necessidades
energéticas,
quanto
em
Figura 1 –Domínios de smart grid. Fonte: National Institute of Standards and Technology (Nist).
relação ao desenvolvimento sustentável. No modelo conceitual representado na
As aplicações do conceito de smart
Figura 1, observamos que o fluxo de energia
grid estão apoiadas em quatro pilares
seu fornecimento.
elétrica representada pela linha tracejada
conforme descrito a seguir:
• Automação da distribuição: a automação
Fascículo
de amarelo é suportado por um fluxo de
também verificar eventuais fraudes no
da distribuição contribui para a eficiência
informações de vários atores desta cadeia
•
de fornecimento.
concessionárias
Medição
remota
inteligente:
podem
realizar
as
do processo de manutenção preventiva,
as
que, por meio do seu monitoramento,
leituras de consumo de suas unidades
suportado
a partir do sensoriamento da rede,
consumidoras
algoritmos
da
Este fluxo de informações é gerado
de
forma
remota,
por
desenvolvimento
específicos
e
de
também
equipamentos
dispensando a figura do profissional
por
telecomandados pela rede de transmissão
que faz a leitura manual do medidor.
possibilita que a rede de distribuição
e distribuição, e pelo desenvolvimento de
Proporciona a automação do serviço de
possa se auto reconfigurar, a partir de
algoritmos desenvolvidos possibilitando a
corte e religamento de energia daquelas
ocorrências que venham a acontecer.
automação da rede.
implantação
de
equipamentos
telecomandados,
unidades consumidoras inadimplentes.
• Tarifação diferenciada: a partir dos
Esta cadeia estruturada proporciona
Possibilita o balanceamento de cargas,
resultados
uma robustez na rede de transmissão e
cruzando as informações do consumo
inteligente, a concessionária passa a ter
distribuição de tal forma a garantir alta
das
com
visibilidade do comportamento de suas
performance no fornecimento de energia
outras medidas da rede, fornecidas pela
unidades consumidoras. Desta forma
elétrica, minimizando as interrupções.
automação da distribuição, possibilitando
pode estimulá-las a modificar seu hábito
unidades
consumidoras,
dos
dados
da
medição
Apoio
de consumo para uma utilização maior em horários de baixo tráfego através
Iniciativas
tia dos recursos e serviços providos pelas concessionárias de redes de transmissão
de tarifas mais atraentes ou por meio
Existem algumas iniciativas mun
de um modelo de tarifação pré-pago,
e distribuição.
diais em que as grandes potências,
Houve progressos significativos no
preservando seus ativos e, ao mesmo
como Estados Unidos, Canadá e Japão,
país relacionados à infraestrutura de
tempo,
unidade
têm investido milhões de dólares na
medição avançada (AMI), referente ao
consumidora uma gestão mais eficiente
implantação de medidores inteligentes,
primeiro degrau da escala de evolução
do seu consumo.
centros
à
do conceito smart grid, conforme
• Geração distribuída: neste pilar, o
autoprodução. Contudo, todas estas
apresentado na Figura 2. Os testes-
consumidor passa a gerar energia a
proporcionando
à
de
pesquisa,
incentivo
inciativas estão voltadas exclusivamente
piloto
partir da implantação de equipamentos
ao setor elétrico, objetivando maior
no Brasil utilizando soluções com
de
microgeração
de
energia
em
realizados
até
o
momento
garantia dos recursos e serviços providos
medidores inteligentes estão sendo
sua residência. Integrada à rede de
pelas
implementados
distribuição, a unidade consumidora pode
transmissão e de distribuição.
concessionárias
de
redes
de
experimentalmente
em diversas regiões do país e avaliados
gerar sua própria energia e quando esta
No Brasil, este cenário não é diferente.
por meio de projetos de P&D da
energia é mais do que suficiente para seu
Iniciadas em 2010 e previstas até 2020,
Agência Nacional de Energia Elétrica
consumo, o excedente pode ser injetado
as iniciativas voltadas para smart grid
(Aneel).
na rede de distribuição. Nesta situação, a
somam investimentos na ordem de 25
Os demais degraus da escala de
tarifação é aplicada com base na diferença
milhões de dólares e com expectativa de
evolução do conceito de smart grid
entre o total de energia que a unidade
três milhões de medidores inteligentes
necessitam
consumidora utilizou e a energia que a
implantados.
do
específicas e de definições regulatórias
mesma injetou na rede de distribuição
Brasil do setor elétrico estão seguindo a
no Brasil, bem como da disponibilidade
a partir do excedente produzido pelo
mesma estratégia do setor no mercado
técnica de fornecedores para soluções de
equipamento de microgeração.
internacional, objetivando maior garan
redes inteligentes.
As
concessionárias
ainda
de
análises
mais
31
Apoio
32
IoT será da ordem de 4 a 11 trilhões de
Internet das Coisas
dólares, sendo que, deste valor, cerca de 60% a 85% deste benefício ficará com empresas do setor que desenvolvem softwares e serviços e menos de 10% do valor ficará com a cadeia produtiva das empresas para prestadores de serviços de conectividade para a rede. As
concessionárias
do
setor
elétrico devem também se posicionar estrategicamente quanto a limitar-se em atuar nas atuais soluções M2M conectando sua infraestrutura inteligente
Figura 2 – Evolução do conceito de smart grid.
ou se lançar para soluções tecnológicas compartilhando seus dados e informações
IoT potencializando o smart grid O maior benefício da evolução
dados, fomentando um ecossistema
para um universo IoT, prestando serviços
multivendor.
de valor agregado, diversificando sua
• Cooperação entre todas as coisas: com
atuação e penetrando em outros setores e
a possibilidade de comunicação direta
serviços do mercado. posicionamento
estratégico
entre diversos tipos de dispositivos
transformação do relacionamento com
e aplicações, por meio da troca de
das empresas do setor elétrico em
o cliente por meio de novos canais de
informações e comandos de atuação,
migrar para IoT pode ser acelerado a
interação nos quais ele pode efetuar o
será possível a interação mais rápida,
partir de pressões do próprio mercado
autoatendimento via agências virtuais,
autônoma e inteligente nos dispositivos.
brasileiro, motivado pela busca da
chats, e-mails, SMS, mídias sociais e
• Invisibilidade da tecnologia: todas estas
convergência de interesses entre as
aplicativos de celulares. Neste sentido, é
características
diferentes cadeias de valor (elétrico,
fundamental definir, regular e viabilizar
que o usuário final interaja com todos
Telecom,
a internet das coisas (IoT) como recurso
estes objetos sem se preocupar com a
automobilístico, das cidades inteligentes
de aperfeiçoamento do relacionamento
tecnologia embarcada, como eles se
entre outros) encontrando nas redes
entre
comunicam ou com as complexidades
inteligentes a maneira de contribuir e
por detrás da operação.
agregar valor em seu próprio negócio.
conceito
de
smart
concessionária
grid
e
é
unidade
consumidora, por meio da conexão
somadas
propiciarão
com outras redes de conectividade à
eletroeletrônico,
seguros,
Isto é uma quebra de paradigma
das redes inteligentes do setor elétrico Em um estudo da McKinsey Global
e um desafio de pensamento criativo,
internet de outros setores da economia
Institute,
na
pois envolve uma modelagem complexa
brasileira.
Figura 3, nota-se que no ano de 2025
entre diferentes atores e setores da
o potencial de beneficio econômico,
economia brasileira e que estão fora dos
por verticais de mercado, gerado por
domínios da rede elétrica original.
Através
Fascículo
O
a
do
desta
abordagem,
seria
possível:
conforme
apresentado
• O compartilhamento de recursos: um recurso deve ser concebido para atender a diversas aplicações, e não para solucionar um único problema. Assim, a possibilidade do compartilhamento do recurso torna-se tão importante quanto as suas funcionalidades. • Liberdade na aplicação de dados: para que o compartilhamento de recursos ocorra,
devem
mecanismos
ser
estabelecidos
padronizados
que
possibilitem às aplicações o acesso aos
Figura 3 – Resultado do Estudo da McKinsey Global Institute.
Apoio
33
Apoio
Internet das Coisas
34
Desafios Caso a estratégia da concessionária seja de oferecer novos serviços a partir da
A construção dessa visão sistêmica
rede bancária, seguradoras, fabricantes de
exigirá profissionais com conhecimento
componentes, mobilidade urbana entre
sobre as cadeias produtivas de serviços de
outras.
IoT e de processos interempresariais, cuja
integração mais ampla das soluções M2M
No momento em que todos os objetos
gestão e a operacionalização passarão a ser
com o ecossistema de veículos elétricos,
se tornarem inteligentes e a interação entre
mais complexas, uma vez que movimentará
aparelhos
inteligentes
eles não depender mais das pessoas que
diferentes setores da economia até então
e tecnologias de geração distribuída
os utilizam chegaremos à invisibilidade da
razoavelmente isolados entre si.
caracterizando IoT, é preciso estruturar um
tecnologia. Exemplo deste cenário é um
novo mindset e considerar basicamente:
aplicativo no celular do consumidor que
eletroeletrônicos
Transformando em realidade
interage com vários outros dispositivos • A instalação generalizada de medidores
Neste momento se faz necessário
independentemente da tecnologia. Será
inteligentes para que o desperdício e furto
concedida
técnicas
possibilitando
em
acessados e processados pelos diferentes
para a interação com o universo IoT e,
tempo real das condições de fios, cabos,
setores da economia. Neste sentido é preciso
principalmente,
transformadores e até o consumo de
definir e regular questões sobre segurança
organização já possui, objetivando o melhor
dispositivos
da informação e privacidade dos dados.
uso do smart grid.
instalados
em
pelos
seus
organização, ou seja, quais competências
• Uso de comunicações bidirecionais,
específicos
dados
uma autoavaliação das competências na
proprietários, os quais necessitam ser
conhecimento
dos
liberdade
na
o
aplicação
uma
de energia acabem;
e
de
gestão quais
são
essenciais
competências
a
possível
Identificadas as competências de IoT
controle (ligar ou desligar). Assim, as
a cooperação entre todas as coisas, na
na organização, devem-se considerar as
unidades consumidoras saberão qual é a
medida em que os objetos inteligentes
seguintes ações para início do aculturamento
tarifa daquele horário e poderão optar pela
passem a utilizar uma forma padronizada
e consequente operacionalização do smart
utilização do equipamento em horário de
de
grid / IoT:
menor demanda em que as tarifas serão
possibilitando novas interações.
qualquer
ambiente,
permitindo
Consequentemente,
seu
compartilhamento
será
de
informação,
Para que esse mindset se transforme
mais baixas;
Fascículo
da economia, tais como segurança pública,
Ação 1 – Pensamento criativo e estratégico
• Implantação de um Portal do Consumidor,
em rotina no dia a dia das pessoas e das
com aplicativos operacionais e de serviços,
coisas, um difícil caminho precisa ser
Criar a consciência e aculturamento
pelos quais os clientes possam interagir. Este
trilhado pelas organizações. É preciso haver
na organização sobre IoT promovendo
tipo de interface com o consumidor será de
uma convergência de interesses, ou seja,
inicialmente a disseminação da estratégia
grande importância para que a smart grid
empresas em diferentes setores da economia
deste contexto aos seus colaboradores, por
seja bem-sucedida;
precisam perceber que novos negócios
meio de workshop de inovação, laboratórios
•
serão possíveis de serem realizados (novos
de IoT e de um universo colaborativo.
gerenciamento de demanda;
produtos e serviços rentáveis) através da
Ou seja, criar um espaço estratégico na
• A habilitação da rede interna dos clientes,
combinação inteligente de informações
organização para pensar e criar novos
o acesso dos consumidores aos dados em
originadas da interação entre os diferentes
modelos de negócio, identificando as
suas próprias residências facilitará muito a
objetos pertencentes a cada uma das
convergências, os interesses dos diferentes
operação das redes;
empresas dos diversos segmentos de
elementos da cadeia de outros setores e os
• Automatização e controle das redes de
mercado.
interesses do consumidor final.
Implantação
de
programas
de
distribuição;
Mais uma vez é preciso que a empresa
• Gerenciamento das medições em tempo
se posicione estrategicamente em seu
Ação 2 – Estudo de viabilidade técnico-
real, inclusive dos aparelhos internos dos
segmento de atuação, definindo e regulando
econômica
clientes.
como será sua atuação em IoT. A partir da definição da estratégia, será construída uma
Planejar e realizar estudos de viabilidade
Deve ser pré-requisito neste cenário
visão sistêmica, incluindo competências
com o objetivo de viabilizar novos produtos
que os recursos não sejam mais confinados.
de gestão de negócio e de tecnologia, que
e serviços da organização. Nestes estudos
Isto é, as máquinas inteligentes devem estar
possibilitará enfrentar os desafios de custo,
de viabilidade devem ser considerados
interligadas à mesma rede de comunicação
padronização, segurança da informação
aspectos
utilizada por outras soluções dos setores
e privacidade do dado e suas respectivas
econômicos, sociais e de mercado com
implicações tecnológicas, políticas e sociais.
variáveis e cenários, maximizando o valor
regulatórios,
tecnológicos,
Apoio
e a competividade, alinhado ao plano
Ação 4 – Aplicações das tecnologias para
poderá deixar de ser das pessoas (http://
estratégico e de negócio da organização.
IoT
ssti1-1112.wikidot.com/a-internet-dascoisas)
Ação 3 – Gestão de risco, governança e
Definir a metodologia e o uso de
conformidade
plataformas e ativos tecnológicos no desenvolvimento
de
soluções
para
Alinhar as boas práticas de gestão de
IoT, viabilizando a interoperabilidade
mercado alinhadas às práticas disseminadas
destas mesmas plataformas e ativos da
na organização, considerando:
organização com os outros setores da economia.
• Modelagem de processos - identificar a necessidade de aprimorar seus processos internos com o objetivo de interagir com
Conclusão As mais diversas competências de uma
os diferentes setores da economia;
organização por si só não são suficientes
• A segurança da informação - definir
para garantir a evolução de seus negócios
e
para o universo da internet das coisas.
regular
sobre
a
acessibilidade
e
compartilhamento dos dados;
Existe a necessidade de especial
• A estratégia de TI - definir quais
cuidado no que diz respeito às tecnologias,
informações que serão disponibilizadas
pois não deverá haver desenvolvimento
para cada segmento do mercado;
de serviços que ponham em risco a
• A gestão da informação - certificar que
privacidade, a independência, o livre
as informações cheguem ao seu destino
arbítrio, a segurança e a liberdade das
de forma integra e precisa, permitindo a
pessoas. É certo que a internet será, no
tomada de decisão no momento certo.
futuro, das coisas, mas o mundo nunca
Adilson Roberto Batistel é engenheiro eletricista, especialista em Gestão e Estratégia de Empresas, com MBA Executivo em Gerência de Projetos na FGV (2006). Desde 2010 trabalha na coordenação de projetos voltados a Smart Grid e outros temas de projetos do programa de P&Ds ANEEL em grandes distribuidoras de energia elétrica. Marcos Malveira é engenheiro eletricista pela Unicamp. Atualmente, é engenheiro no CPqD e trabalha em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento voltados para smart grid e internet das coisas. Reinaldo Pintoni Sedano possui graduação em Administração. Desde 2008 atua como consultor de tecnologia da informação e comunicação na Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações. Continua na próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@ atitudeeditorial.com.br
35
Apoio
Manutenção de equipamentos elétricos
36
Por Alan Rômulo Queiroz, Eduardo César Senger e Luciene Queiroz*
Capítulo II Conceitos e definições da função manutenção
Conceitos básicos de manutenção
técnicas e medidas administrativas com a
as definições citadas anteriormente utilizam a
finalidade de conservar um item em seu
expressão “manter”, “restabelecer”, “conservar”,
estado, ou restabelecer este estado, no qual ele
“restaurar” ou “preservar” a função requerida
Definições sobre manutenção
possa realizar uma determinada função.
do ativo físico de um sistema. Para que o sistema técnico possa apoiar, preservar e, em última
Apesar de intuitiva, a definição de manutenção é muito diversificada. Os itens seguintes
Uma das melhores concepções de
instância aperfeiçoar as metas organizacionais,
apresentam as principais concepções sobre o
manutenção é apresentada por Gits no
é necessário conhecimento na forma da
conceito de manutenção, extraídas das principais
seu projeto a respeito dos conceitos de
correta aplicação de técnicas e medidas
referências bibliográficas sobre o assunto.
manutenção:
administrativas, o que implica no emprego
“O
processo
primário
em
uma
de conhecimento técnico, administrativo,
a) 10 CFR 50.65:
organização industrial é a produção em que
organizacional e, especialmente, do negócio
Um agregado de funções requeridas
a sua entrada primária (material, energia,
a que o sistema técnico da manutenção apoia.
para preservar ou restaurar a segurança,
potência humana) é transformada na saída da
confiabilidade e disponibilidade das estruturas
produção primária (o produto desejado). Este
das plantas, sistemas e componentes.
processo de transformação se utiliza de um sistema técnico.
Defeito e falha são dois conceitos
Um sistema técnico é uma coleção
relevantes no processo de manutenção,
Combinação de todas as ações técnicas e
de elementos físicos que preenchem uma
mas que, em alguns casos, são aplicados
administrativas, incluindo as de supervisão,
função específica. O estado do sistema
erroneamente como sinônimos.
destinadas a manter ou recolocar um item em
técnico é a habilidade física considerada
Defeito é qualquer anormalidade em
um estado no qual possa desempenhar uma
relevante para preenchimento de sua função.
um sistema que não o impossibilite de
função requerida.
Este estado pode ser alterado por causas
permanecer em funcionamento ou disponível
externas, envelhecimento e uso, que conduz
para a operação, mas que afete o grau de
c) AFNOR NFX 60-010:
inevitavelmente a uma saída de produção
confiabilidade e/ou desempenho especificado
A manutenção é um conjunto de ações
secundária, a demanda da manutenção.
ou esperado para esse sistema.
b) ABNT NBR 5462:
Fascículo
Defeito e falha
que permitem manter ou restabelecer um bem
Manutenção é o total de atividades
Falha é o efeito ou consequência
dentro de um estado específico, ou medida
requeridas para manter os sistemas, ou
de uma ocorrência acidental em uma
para assegurar um determinado serviço.
restaurá-los ao estado necessário para executar
instalação ou equipamento que acarreta sua
a função de produção”.
indisponibilidade operativa em condições não
d) BS EN 60300-3-14: A manutenção é uma combinação de
Independentemente da definição que se
programadas, impedindo-o de funcionar, e,
utilize de manutenção, é possível perceber que
portanto, de desempenhar suas funções em
Apoio
caráter permanente ou em caráter temporário.
destruição. Uma folga excessiva no mancal de
enquanto que o defeito, quando detectado e
Conforme o modo de falha evolui no
um motor elétrico pode levar a um roçamento
realizada a manutenção, possui um caráter
tempo, desde o seu início, consideram-se duas
do rotor na massa estatórica, podendo gerar
preventivo.
possibilidades: falhas e defeitos. Exemplos
um curto-circuito. Se não houver inter-relação
de falhas são um curto-circuito em uma
entre falhas, elas são do tipo Independente.
Moubray defende o conceito de que o(s) defeito(s) antecede(m) a(s) falha(s). Para
linha de transmissão ou a quebra do bloco
Uma das principais diferenças entre
Moubray, a falha potencial (P) equivale à
de um motor a explosão. Já defeitos podem
defeito e falha é que a falha impede o sistema
definição de defeito, e falha funcional (F)
ser exemplificados com a alteração gradual
de realizar sua função, enquanto que o defeito
corresponde à definição de falha. Por esse
da emissão catódica de um monitor de
não. A falha sempre tem um caráter corretivo,
motivo, a curva da Figura 1 é conhecida como
computador ou o desgaste na camisa de um cilindro de motor diesel. Quanto à duração da falha, ela pode ser: • Temporária (curto-circuito fase-terra ou entre fases, devido a uma causa efêmera); • Intermitente (mau contato no borne de um relé); • Permanente (lâmpada ou bobina queimada). As falhas de vários componentes podem, ou não, estar ligadas casualmente entre si. Se uma falha em um elemento induz falhas em outros, diz-se que a falha é do tipo Dependente. Por exemplo, um resistor aberto no circuito anódico de uma válvula pode levar esta à
Figura 1 – Curva P-F.
37
Apoio
Manutenção de equipamentos elétricos
38
“Curva P-F”. Em alguns casos, classificar uma ocorrência como defeito ou falha não é uma tarefa trivial, apesar de as definições serem aparentemente bem distintas: falha causa a indisponibilidade da função e defeito não. Entretanto, a classificação precisa de quando um sistema está indisponível para a função ao qual foi concebido (ou seja, em da definição dessa função, havendo regiões
e operando dentro das suas especificações.
para não permitir o estado de falha do
de incerteza em termos dessa classificação,
Já se a mesma situação se apresentar para a
equipamento. Já as atividades reativas atuam
como ilustra a Figura 2. O tamanho dessa
segunda definição, o equipamento estará em
após a ocorrência da falha do equipamento,
incerteza depende do quão clara é a
falha, pois a temperatura interna ultrapassou
desenvolvendo ações para restabelecer a
definição da função do sistema.
o limite especificado, não mais realizando a
disponibilidade do equipamento.
Por exemplo, pode-se definir a função de
função então definida.
As atividades de manutenção são realizadas utilizando as técnicas descritas na
um transformador de duas formas: Na prática, nem sempre cada função
Figura 3.
1 - Elevar a tensão de 13,8 kV para 230 kV com
de um sistema está devidamente detalhada.
potência máxima de 300 MVA;
Assim, nos casos em que a inconformidade se
2 - Elevar a tensão de 13,8 kV para 230
encontra na região nebulosa da Figura 2, um
A manutenção corretiva é definida
kV com potência máxima de 300 MVA e
tratamento pormenorizado pode ser usado
pela norma ABNT NBR 5462 como uma
temperatura interna do óleo isolante menor
para a correta classificação.
manutenção efetuada após a ocorrência de
ou igual a 80° C. Pela primeira definição, se o transformador
Fascículo
Figura 2 – Incerteza na classificação de defeito ou falha.
condição de falha) depende estritamente
uma pane destinada a recolocar um item em
Tipos de manutenção
condições de executar uma função requerida.
A manutenção é executada nas empresas uma
como
diversas
à correção de falhas funcionais e de
refrigeração encontrar-se inoperante, fazendo
atividades. Essas atividades podem ser
desempenho. Significa deixar as instalações
com que o óleo isolante superaqueça (81 °C,
classificadas através de duas abordagens:
continuarem a operar até que quebrem. O
por suposição), o transformador estará em um
atividades proativas e atividades reativas. As
trabalho de manutenção é realizado somente
estado de defeito, pois ele continua realizando
atividades proativas são aquelas executadas
após a quebra do equipamento ter ocorrido.
sua função de elevar a tensão na potência
antes de as falhas ocorrerem, desenvolvendo
de 300 MVA, estando, portanto, disponível
ações
antecipam
sua
de
Essas atividades são reativas, destinadas
estiver convertendo 300 MVA e o sistema de
que
combinação
Manutenção corretiva
ocorrência
Figura 3 – Técnicas de manutenção.
A manutenção corretiva pode ser dividida em duas classes:
Apoio
39
Apoio
Manutenção de equipamentos elétricos
40
• Manutenção corretiva não planejada:
tão bom quanto um novo, ou em péssimas
Já a Manutenção Baseada na Condição
correção da falha de maneira aleatória, ou seja,
condições, como um equipamento degradado.
(MbC) é uma estratégia de manutenção
é a correção da falha (ou desempenho menor
O fato de a manutenção preventiva reduzir
avançada que utiliza dados de monitoração
que o esperado) após a ocorrência do fato. Esse
o risco de paradas não programadas devido
da condição dos equipamentos. O principal
tipo de manutenção implica altos custos, pois
a falhas no equipamento já a coloca como
objetivo da MbC é otimizar as atividades
causa perdas de produção e a extensão dos
uma opção melhor do que a manutenção
de manutenção e reduzir os custos através
danos aos equipamentos é usualmente maior;
corretiva em máquinas ligadas diretamente
da utilização de informações preditivas e de
planejada:
ao processo. Cabe destaque para dois pontos:
monitoramento da saúde dos equipamentos.
correção que se faz em função de um
•
Manutenção
corretiva
o primeiro é o fato de que a troca de um item
Este tipo de manutenção é geralmente
acompanhamento preditivo, detectivo ou
por tempo de uso apenas pode ser considerada
aplicado em equipamentos que apresentam
até pela decisão gerencial de se operar até a
naqueles que sofrem desgaste. Outro ponto é
deterioração durante o tempo, sendo que os
falha. Esse tipo de manutenção é planejado,
a imprevisibilidade (mesmo nos itens que
defeitos podem ser identificados antes da
sendo menos custosa do que uma intervenção
sofrem desgaste), ou seja, o ritmo de desgaste
ocorrência de uma falha.
corretiva não planejada.
pode não ser uniforme e está sujeito a muitas
baseados
na
curva
P-F
(representada
Qualquer que seja o tipo de manutenção
trocar uma peça ainda com muito tempo
anteriormente na Figura 1), o que significa
adotada, sempre existirá uma parte de falhas
de vida, pode ocorrer falha antes do tempo
que é necessário encontrar o intervalo onde
que necessitam de ações corretivas. Belmonte
previsto.
requer
ocorre um defeito ou falha potencial (P) e o
ratifica que a manutenção corretiva não pode
estoques de peças de reposição, elevando os
ponto onde uma falha efetivamente ocorre (F).
ser totalmente descartada principalmente por
custos relativos.
Se o intervalo de manutenção for maior que o
existirem falhas aleatórias nos equipamentos.
Essa
imprevisibilidade
Além do estoque elevado para cobrir a
intervalo P-F, provavelmente, resultará em
Em relação aos custos, uma manutenção
imprevisibilidade das falhas, a manutenção
uma falha no equipamento. Para determinar
não planejada é, em geral, de duas a três vezes
preventiva apresenta o inconveniente de
esses intervalos de inspeção, é fundamental
mais cara do que uma manutenção planejada,
intervenções muitas vezes desnecessárias,
determinar também a probabilidade de
e, em caso de quebra, o custo pode ser superior
que reduzem a produtividade e elevam o
falhas. Se o intervalo P-F é de um mês e a
a dez vezes.
custo operacional total. No entanto, esse
probabilidade de falha é 0,01 por ano, então
tipo de manutenção pode ser a melhor
pode não ser eficiente, em termos de custo,
alternativa para equipamentos e/ou peças que
realizar a inspeção todo mês.
Manutenção preventiva Segundo a norma ABNT NBR 5462,
apresentam desgaste em ritmo constante e que
Uma forma de prevenir problemas com
a manutenção preventiva é efetuada em
representam um custo baixo, em comparação
o intervalo P-F é utilizar ferramentas de
intervalos predeterminados, ou de acordo
com o custo da falha, podendo-se prever
monitoramento contínuo, conhecidas como
com critérios prescritos, destinada a reduzir
estoques adequados e seguros.
monitoramento online. Isso permite que a
a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item. O principal objetivo da manutenção preventiva é melhorar a confiabilidade geral
Fascículo
Os intervalos de inspeção são usualmente
variáveis. Da mesma forma que é possível
A manutenção preventiva pode ser
equipe de manutenção possa acompanhar
dividida em duas partes: a manutenção
um equipamento continuamente e realizar
periódica (baseada no tempo) e a manutenção
as manutenções quando for efetivamente
baseada na condição.
necessário. Contudo, esta solução geralmente
do sistema e prevenir repentinas e inesperadas
A manutenção periódica é baseada
apresenta um alto custo e demanda recursos
falhas, que podem ser catastróficas. Contudo,
em intervalos de tempo pré-definidos (por
humanos para acompanhamento, sendo
mesmo com a adoção de uma estratégia
exemplo, em tempo-calendário ou horas
aplicada em máquinas de grande porte.
de manutenção preventiva, não é possível
de operação), sem considerar o estado/
Uma terceira parte da manutenção
eliminar totalmente a ocorrência de falhas
condição do equipamento. A manutenção
preventiva são os testes funcionais, aplicáveis
nos equipamentos. A própria realização da
preventiva é geralmente controlada através de
principalmente
manutenção preventiva também pode inserir
planos de manutenção. Contudo, na prática,
segurança e sistemas que operam em stand-by.
falhas nos equipamentos, visto que a qualidade
as tarefas dos planos de manutenção não
Um teste funcional tem como objetivo
da intervenção depende, principalmente, de
necessariamente estão relacionadas aos modos
observar se o sistema/equipamento está
aspectos relacionados ao comportamento e
de falhas, implicando na realização de tarefas
operando conforme esperado e se necessita de
capacitação do executante da manutenção e
muitas vezes desnecessárias. Tarefas comuns
algum tipo de intervenção de manutenção.
da qualidade/confiabilidade dos componentes
em planos de manutenção preventiva são
substituídos.
inspeções e ajustes em componentes, limpeza
Após
uma
manutenção
preventiva, um equipamento pode estar
e lubrificação.
em
equipamentos
de
Manutenção de primeira linha Um tipo de intervenção comumente
Apoio
utilizado é a manutenção de primeira linha,
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41
44
Aula Prática
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Por Bruno Camilo, Domingos Simonetti, Lucas Encarnação e Marcelo Brunoro*
Melhoria do perfil de tensão em alimentadores residenciais Estudo de caso
o
em relação ao assunto. Ou seja, é evidente
qualidade da tensão na rede de distribuição
racionamento de energia elétrica, ocorrido
a necessidade de soluções técnicas mais
secundária são: a queda de tensão nos
entre anos 2001 e 2002, o sistema elétrico
completas.
alimentadores, as correntes harmônicas
passou por uma mudança profunda com
injetadas por cargas não lineares e o
a proliferação de cargas monofásicas
associação de filtros ativos e passivos,
desbalanceamento entre as fases.
não lineares em sistemas de distribuição
combinam as vantagens de ambos, uma
residenciais, em que o terceiro harmônico
vez
características
baseado em uma estratégia de controle
é geralmente o dominante. O uso intensivo
de compensação de filtros passivos e
para um filtro híbrido, a qual tem como
de equipamentos eletrônicos eficientes,
permitem a redução das características
finalidade minimizar os efeitos negativos
sem controle de injeção de harmônicos
nominais do filtro ativo. Dessa forma,
de todos os fatores supracitados sobre
de corrente, trouxe uma economia de
obtêm-se melhoras tanto em termos de
as tensões nas barras de um alimentador
energia considerável, contudo, deteriorou
custo quanto de desempenho.
residencial,
a qualidade de energia no sistema elétrico.
O uso desses equipamentos já foi
que a solução proposta não deve ser
A inserção de bancos de capacitores,
discutido em diversos trabalhos, entretanto,
proibitivamente cara ou impraticável do
que no passado era uma solução efetiva
percebe-se que a aplicação deles em
ponto de vista computacional.
para regular o nível de tensão em sistemas
sistemas de distribuição secundária ainda
de distribuição secundária, agora, começa
não foi muito explorada. Na verdade,
a se tornar um motivo de preocupação para
ainda que se tratando dessas redes, é
as concessionárias, pois a amplificação
comum que a estratégia desenvolvida leve
de
devido
em consideração que toda a carga fique
urbanos, é comum que os alimentadores
à ressonância entre as indutâncias da
concentrada em uma única barra, o que
residenciais possuam de cinco a sete
linha e as capacitâncias dos bancos
faz sentido para verificar a distorção de
postes, separados por distâncias de 30 m
pode trazer sérios problemas técnicos e
corrente de um único consumidor. Contudo,
a 40 m, de acordo com dados fornecidos
financeiros. Além disso, de acordo com as
para um alimentador residencial, a análise
pela EDP Escelsa. Por isso, o estudo aqui
recomendações do IEEE, as concessionárias
da distorção de tensão, do ponto de vista
realizado será feito utilizando uma rede
de energia elétrica têm a responsabilidade
da concessionária, fica prejudicada, pois o
secundária, em que o filtro híbrido é
de limitar as tensões harmônicas nas barras
local de instalação do filtro e o tipo de cabo
instalado na última barra de um alimentador
do sistema de distribuição, então é de
utilizado são fatores bastante relevantes.
radial de distribuição de 220 V, composto
se esperar que em um futuro próximo as
Alguns dos principais fatores que
por sete postes, distanciados em 40 m,
normas brasileiras tornem-se mais rigorosas
contribuem
como mostra a Figura 1.
No
Brasil,
principalmente
componentes
harmônicos
após
Filtros híbridos, constituídos por uma
que
melhoram
para
a
as
deterioração
da
Este artigo apresenta um estudo de caso
levando
em
consideração
Descrição da rede Em sistemas de distribuição secundários
45
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Figura 1 – Esquema do alimentador residencial analisado, com filtro híbrido instalado na última barra.
Considera-se que a distribuição de
de corrente de aproximadamente 20%,
Filtro híbrido
energia elétrica na rede secundária é feita
em cada barra, na condição de demanda
via condutores nus com alma de aço, 4/0
de 1 pu.
AWG, os quais apresentam indutância
As
elevada, e, por isso, causam quedas
são
A topologia de filtro híbrido a ser
barra
explorada neste trabalho consiste em um
que
filtro ativo, baseado em detecção de tensão,
de tensão consideráveis ao longo do
as demandas das fases B e C, em
ligado em série com um filtro passivo para
alimentador.
relação à fase A, sejam de 85% e 70%,
instalação paralela na última barra de um
As cargas lineares de cada barra
respectivamente.
alimentador de distribuição secundária.
são representadas como impedâncias
A rede de distribuição primária é
Esse é um modelo cujo circuito é
constantes, idênticas entre si, com fator
modelada como uma fonte ideal, com
bastante simples e dispensa o uso de
de potência de 0,8.
valor de tensão nominal de 13,8 kV de
transformador, sendo bastante atrativo
frequência 60 Hz, em série com uma
do ponto de vista prático, em razão dos
fonte de 0,138 kV de quinto harmônico,
seguintes
conectada
volume pequeno e baixo custo, comparado
As cargas não lineares, responsáveis
por
injetar
harmônicos
são
modeladas
como
na
rede,
retificadores
totais
de
cada
desbalanceadas
cargas
de
forma
a
um
transformador
de
fatores:
estrutura
simples,
a outras topologias mais complexas.
monofásicos com filtro capacitivo, os
13,8/0,22 kV e 75 kVA, ligado em delta/
quais representam bem as principais
estrela aterrado. A impedância da fonte
cargas harmônicas residenciais. A divisão
é calculada com base na corrente de
Filtro passivo
entre as cargas lineares e não lineares é
curto-circuito no ponto de acoplamento
O estágio passivo, neste trabalho,
feita de forma a obter uma distorção total
comum, de aproximadamente 1,2 kA.
agrega três funções:
46
Aula Prática
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
1) Injetar potência reativa na rede a fim de
Tabela I – Dados do filtro passivo
distribuição de baixa tensão, será utilizado
garantir níveis de tensão adequados nos
Filtro passivo (15,5 kVA)
como referência o valor de 2%, que vale
barramentos do alimentador, garantindo
L
1,1 mH
C
120 µF
2C
240 µF
4C
480 µF
Fator de qualidade
20
que a tensão eficaz de todas as barras, em qualquer situação de demanda, fique limitada entre os valores limites de 117 e 133 pu; 2) Absorver correntes harmônicas pro duzidas
pelas
cargas,
reduzindo,
por
para os demais casos. Uma vez que é necessário compensar tensões de sequência zero, é utilizado um inversor convencional, de três braços, cujo neutro está diretamente ligado ao ponto central de seu barramento CC, o qual tem
consequência, a distorção das tensões ao
como tensão nominal 90 V.
longo do alimentador;
Filtro ativo
3) Impor uma impedância elevada na
frequência fundamental para que a tensão
ativo de baixa potência nominal, no caso,
nessa frequência apareça exclusivamente
3,5 kVA, equivalente a 4,7% da potência
Em
sobre do filtro passivo. Isso resulta em uma
nominal do sistema (75 kVA).
secundária, seria inviável instalar filtros
tensão nula na fundamental aplicada sobre
Esse filtro deverá ser sintonizado em
híbridos de potência nominal elevada,
do filtro ativo, o que reduz drasticamente a
múltiplas frequências harmônicas (3ª, 5ª, 7ª
tanto por questões espaciais, quanto
sua potência nominal.
e 9ª) a fim de reduzir a distorção total de
financeiras. Dessa forma, o ideal seria
tensão (DTT%) ao longo do alimentador, em
utilizar uma estratégia de controle efetiva
Propõe-se a utilização de um filtro
Estratégia de controle alimentadores
de
distribuição
especial, na barra em que está instalado.
e que, ao mesmo tempo, não exigisse um
variável, é indicado que haja diferentes
filtro híbrido demasiadamente grande.
níveis de compensação reativa. Isso é
as recomendações definidas no Prodist
obtido por meio da conexão paralela de
são mandatórias. Entretanto, conforme a
dos consumidores estiver elevada, o filtro
três capacitores, de capacitâncias C, 2C e
Tabela II, a mais rigorosa norma em relação
ativo seja mais exigido, pois, ainda que a
4C, em série com um único indutor para
a esse indicador recomenda um valor
DTT% e o FD% sejam menores, é bastante
cada fase. Essa escolha é interessante, pois
máximo de 6%. Portanto, ele será usado
provável que a potência necessária para
permite oito combinações diferentes entre
como referência.
minimizar esses problemas seja maior. Por
os capacitores, com degraus idênticos
Além disso, o filtro ativo também deve
isso, propõe-se o uso de uma estratégia
entre um estado e outro. A conexão e a
ser capaz de reduzir o fator de desequilíbrio
controle baseada no estado do banco de
desconexão de capacitores dependerão do
(FD%), por meio da compensação da
capacitores (3 bits), que está diretamente
valor da componente de sequência positiva
componente de sequência negativa da
relacionado à queda de tensão no sistema,
da tensão na última barra do sistema.
fundamental da tensão. Como não há
e que, por sua vez, é proporcional à
O controle da inserção dos capacitores
previsão na norma brasileira do valor limite
demanda. A Tabela III traz as funções ativas
é feito por pares de tiristores ligados em
para o FD% em barramentos de sistemas
(“on”) e inativas (“off”) do filtro híbrido,
Como a demanda ao longo do dia é
Para o nível de alimentação adotado,
É de se esperar quando a demanda
antiparalelo no lugar das chaves mecânicas, por serem mais precisos no instante de disparo. Essa característica é importante, pois, com o intuito de evitar transitórios de corrente e tensão acentuados, o chaveamento dos capacitores deve ser feito somente quando a tensão instantânea na rede é máxima.
O indutor foi dimensionado de modo
que a frequência de ressonância entre ele e a combinação de 2C e 4C fosse próxima de 180 Hz, ou seja, equivalente ao terceiro harmônico, que é o mais crítico. A combinação de 2C e 4C foi escolhida como referência para a sintonização no filtro, pois, na sua faixa de atuação, ela engloba a demanda de 1 pu. A Tabela I mostra os dados do filtro passivo.
Tabela II – Recomendação de DTT% em diferentes normas
Norma Nível de tensão
PRODIST
PROREDE
Módulo 8
Submódulo 2.8
V ≤ 1 kV
V ≤ 69 kV
IEEE Std 519
IEC 61000-2-2
V ≤ 1 kV
V(1ϕ) ≤ 420 V ou V(3ϕ) ≤ 690 V
DTT%
10,00
6,00
8,00
8,00
Tabela III – Funções ativas/inativas de acordo com o estado do banco de capacitores
C
2C
4C
3º h
5º h
7º h
9º h
FD%
111
on
on
on
on
off
off
off
on
011
off
on
on
on
off
off
on
on
101
on
off
on
on
off
off
on
on
001
off
off
on
on
off
off
off
on
110
on
on
off
on
off
off
off
on
010
off
on
off
on
on
on
on
off
100
on
off
off
off
on
on
off
on
Estado
47
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
de acordo com o estado do banco de capacitores.
ISh =
(1 – K)
VSh +
ZFh + (1 – K) ZSh
ZFh ZFh + (1 – K) ZSh
ILh
(3)
É interessante ainda que o filtro ativo atue
em frequências próximas à frequência de
ressonância do filtro passivo, pois, caso contrário,
o ganho K para um valor negativo elevado,
a potência consumida no estágio ativo fica muito
é possível eliminar a distorção harmônica
elevada. Por isso, um fator que deve ser levado
na tensão no terminal, seja ela proveniente
em consideração na implementação dessa
de cargas não lineares ou de uma fonte
estratégia é que, em razão de haver apenas um
distorcida.
indutor por fase, a frequência de ressonância do
filtro passivo varia de acordo com o estado do
que essa estratégia exclui também a
banco de capacitores.
possibilidade de ocorrência de ressonância
Fica claro, a partir de (2), que, ajustando
Além disso, verificando (3), percebe-se
série
e
paralela.
Idealmente,
restaria
A. Princípio da compensação
somente
harmônica
harmônica fluindo pela linha do sistema
causada por distorções na tensão da fonte.
Conforme mencionado anteriormente,
uma
parcela
de
corrente
limitar as tensões harmônicas nas barras do sistema de distribuição pode ser
B. Circuito de controle
considerado uma responsabilidade das
concessionárias de energia. Nesse caso,
vários quadros de referência síncronos
seria interessante aplicar um método que
para realizar a filtragem de múltiplos
atuasse diretamente sobre as tensões
harmônicos, foi criada uma técnica de
harmônicas
das
barras,
em
vez
A fim de eliminar a necessidade de
de
controle baseada na utilização integradores
trabalhar, por exemplo, com compensação
de sinais senoidais (SSI), que se comportam
de correntes harmônicas das cargas não
como filtros passa-faixa e garantem erro
lineares, que seria um método que poderia
estacionário nulo para entradas senoidais
ocasionar melhoras na qualidade das
em frequências especificadas. Apesar de
tensões ao longo do alimentador, porém,
essa técnica permitir a filtragem simultânea
de forma indireta. Partindo do circuito
de duas componentes harmônicas com
apresentado na Figura 2, uma maneira
somente um filtro SSI, preferiu-se utilizar um
de atuar diretamente sobre a tensão da
filtro SSI para cada frequência harmônica,
rede seria utilizar o seguinte princípio de
usando coordenadas, já que assim há maior
operação do filtro:
liberdade para selecionar o que se deseja
VAFh = K • VTh
(1)
compensar para cada faixa de demanda.
Para corrigir problemas causados por
desbalanceamentos entre as fases, em [13], mostrou-se que é possível realizar com eficácia a extração das componentes de sequência positiva, negativa e zero na frequência fundamental da tensão, por meio de uma transformada dq0 por fase, seguida de uma mudança de base para componentes de sequência. Aqui essa operação será chamada de “transformada Figura 2 - Circuito monofásico equivalente para análise do filtro híbrido.
Utilizando o princípio da superposição
chega-se às seguintes equações: VTh =
ZFh
– ZSh ZFh
VSh + ILh ZFh + (1 – K) ZSh ZFh + (1 – K) ZSh
abc - dq0(+,-,0)”. Após a extração, usa-se um filtro rejeita-faixa sintonizado em 120 Hz e um filtro passa-baixa para eliminar componentes indesejáveis resultantes do processo de heterodyning e distorções
(2)
harmônicas, respectivamente.
Com base nisso, os autores propõem
48
Aula Prática
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
a utilização simultânea dos SSI para
Resultados das simulações
A seguir, três condições de operação
foram simuladas:
filtragem do 3º, 5º, 7º e 9º harmônico e da transformada abc - dq(+,-) [13]
As
(note que o “zero” foi omitido) para
no programa PSCAD. Primeiramente, é
• Sem qualquer tipo de compensação;
compensar a componente de sequência
importante verificar a necessidade e a
• Com somente o banco de capacitores
negativa da fundamental, reduzindo
efetividade da utilização de compensação
(dimensionado
assim
simulações
foram
executadas
para
o
filtro
híbrido)
A
reativa para manter o nível de tensão do
conectado à última barra do alimentador;
inserção gradual dos capacitores é
sistema elétrico em questão dentro dos
• Com o filtro híbrido conectado à última
feita com base na componente de
padrões previstos em [7]. A Figura 4 exibe
barra do alimentador.
sequência positiva, apenas da fase A,
as tensões eficazes em cada uma das sete
obtida desta mesma transformação. A
barras do sistema com e sem o uso do filtro
frequência fundamental ω1 usada nas
passivo (o filtro ativo é omitido nesta etapa),
de tensão obtidas na última barra do
transformações é obtida por meio de
variando-se a demanda de 1,15 a 0,3 pu.
alimentador (a mais crítica) para o segundo
um circuito PLL.
Nota-se que, sem a presença do filtro
e o terceiro caso. Já a Tabela V resume as
o
fator
de
desequilíbrio.
A Figura 5 mostra as formas de onda
A Figura 3 ilustra essa metodologia de
passivo, as tensões de cinco barras no
seguintes medidas, obtidas em cada uma
controle, lembrando que as funções são
sistema chegam a níveis bem distantes da
das sete barras, na condição de demanda
utilizadas de forma seletiva, dependendo
faixa de adequação. Depois, com a inserção
de 1 pu de potência: a tensão eficaz, a
do estado do banco de capacitores. Os
do filtro passivo, as tensões de todas as
DTT% e o FD%.
ganhos dos controladores são mostrados
barras mantêm-se acima de 0,93 pu ao
Quando
na Tabela IV.
longo de toda a variação da demanda.
capacitores está conectado, as formas de
somente
o
banco
de
onda ficam extremamente distorcidas, em especial na barra 7, chegando a níveis de DTT% e FD% de 8,77% e 1,97%, respectivamente, considerando
as
ambos normas
elevados, vigentes,
e
inapropriados para fornecimento para o consumidor.
Percebe-se
também
que,
quanto mais distante do transformador, pior é o perfil de tensão.
No segundo caso, com o filtro híbrido
conectado, a DTT% é bastante reduzida, chegando ao valor de 3,96% na sétima barra. Com a estratégia de controle sugerida, o filtro não só corrige os efeitos negativos provocados pela carga não linear conectada na última barra, como também injeta correntes harmônicas que se propagam para cargas conectadas nas barras à montante, melhorando por consequência a DTT% ao longo de todo o alimentador. A melhoria do FD% também segue uma lógica semelhante, já que os Figura 3 – Metodologia de controle do filtro híbrido.
benefícios provocados pelo filtro alcançam todas as barras de maneira significativa.
Tabela IV – Ganhos dos controladores SSI e PI
A Tabela VI, por sua vez, expressa
Constantes dos controladores SSI
o comportamento do filtro híbrido e da
PI
Ki,3
0.05
Ki,5
0.05
Ki,7
0.05
Ki,9
0.05
Kp
4
Ki
0.0005
sétima barra do alimentador frente à variação da demanda de 1,15 pu até 0,2 pu. Percebe-se que, com uma potência máxima de 3,5 kVA no filtro ativo, é possível obter resultados bastante satisfatórios.
49
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Figura 4 – Tensões eficazes nas barras sem o filtro passivo (esquerda) e com o filtro passivo (direita).
Figura 5 – Formas de onda da tensão na última barra somente com o banco de capacitores conectado (esquerda) e com o filtro híbrido conectado (direita).
Tabela V – Medidas obtidas em cada uma das sete barras, na condição de demanda de 1 pu
Sem compensações Tensão Barra
DTT%
FD%
eficaz (pu)
Com somente o banco de capacitores Tensão
FD%
DTT%
Com o filtro híbrido Tensão
eficaz
eficaz
(pu)
(pu)
DTT%
FD%
1
0,985
1,52
0,23
0,991
1,48
0,24
0,990
1,47
0,17
2
0,952
2,80
0,67
0,967
2,90
0,72
0,965
2,67
0,47
3
0,922
4,06
1,05
0,950
4,33
1,13
0,947
3,66
0,70
4
0,902
5,13
1,37
0,940
5,76
1,46
0,936
4,40
0,84
5
0,885
6,03
1,62
0,936
6,82
1,72
0,931
4,84
0,90
6
0,875
6,78
1,78
0,938
7,73
1,89
0,932
4,61
0,87
0,947
8,77
1,97
0,938
3,96
0,76
0,930
6,00
2,00
0,930
6,00
2,00
7
0,870
7,20
1,87
Limite
0,930
6,00
2,00
Na primeira condição de operação, a
capacitores. Isso significa que em toda a
DTT% ultrapassa o valor estabelecido como
faixa de demanda compreendida entre 0,5
limite até o penúltimo estado do banco de
pu e 1,15 pu, a sétima barra fica fora dos
Tabela VI – Comportamento do filtro híbrido e da sétima barra do alimentador frente à variação da demanda de 1,15 pu até 0,2 pu
Resultados da simulação com somente o banco de capacitores Nível de
Barra
tensão
DTT% máximo
FD% máximo
Resultados da simulação com o híbrido
Nível de tensão
DTT% máximo
FD% máximo
máxima no filtro
mínimo
mínimo
Potência
111
0,922
9,06
2,25
0,933
3,97
0,75
3,5
011
0,940
8,60
2,02
0,931
4,09
0,80
3 2,5
101
0,937
8,20
1,80
0,931
3,66
0,90
001
0,937
8,10
1,65
0,931
3,35
0,86
2
110
0,938
8,35
1,38
0,932
2,90
0,90
1,6
010
0,938
7,60
1,28
0,934
1,40
1,28
0,5
100
0,938
5,25
1,15
0,935
3,97
0,90
0,8
Limite
0,930
6,00
2,00
0,930
6,00
2,00
-
50
Aula Prática
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
padrões recomendados, o que é bastante expressivo. Com a inserção do filtro híbrido, esse indicador melhora consideravelmente e a barra se mantém abaixo do limite de 6% em toda a faixa de demanda considerada. Já o FD%, que, no primeiro caso, assume valores relativamente altos para um sistema de distribuição secundária (próximos de 2%), após a inserção do equipamento estudado, mantém-se prati camente constante, em torno de 0,9%, um valor bem mais aceitável.
Conclusões
Estre trabalho apresentou um estudo de
caso baseado em um método, direcionado às
concessionárias,
para
minimizar
problemas de qualidade de energia bem comuns em alimentadores residenciais. As simulações realizadas apresentaram resultados bastante satisfatórios. Inicialmente,
constatou-se
que,
de
fato, em alimentadores de distribuição secundária formados por condutores nus com alma de aço, é um tanto provável que haja a necessidade de realizar compensação reativa para manter os níveis de tensão em valores adequados. Entretanto, foi mostrado que utilizar somente um banco de capacitores não resolve o problema de poluição harmônica de tensão. Aliás, viu-se que realmente essa solução pode até mesmo deteriorar a DTT%.
Com a instalação do filtro híbrido
paralelo na última barra do sistema e o uso da estratégia de controle, baseada em detecção de tensão, proposta aqui, provou-se que é possível e efetivo resolver simultaneamente os problemas de nível de tensão, DTT% e FD% ao longo de um alimentador residencial.
Além disso, verificou-se que a solução
proposta é simples, compacta e baseia-se no uso de um filtro ativo de baixa potência nominal.
Referências [1] IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electrical Power Systems, IEEE Std. 519-2014, 2014.
[2] R. Inzunza and H. Akagi, "A 6.6-kV transformerless shunt hybrid active filter for installation on a power distribution system", IEEE Trans. Power Electron., vol. 20, no. 4, pp.893- 900, 2005. [3] J. Dixon, L. Moran, J. Rodriguez, and R. Domke, “Reactive power compensation technologies: Stateof-the-art review”, Proc. IEEE, vol. 93, no. 12, pp. 2144-2164, 2005. [4] J. E. Hernandez, R. P. Kandula, F. Lambert, and D. Divan, “A practical directional third harmonic hybrid active filter for medium voltage utility applications”, IEEE Trans. Ind. Appl., vol. 49, no. 6, pp. 2674-2683, 2013. [5] L. S. Caires and L. F. Encarnação, “Filtro Híbrido Trifásico a Quatro Fios Aplicado a Consumidores de Baixa Potência com Amortecimento Harmônico”, V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, 2014. [6] M. L. y Gonzales, I. A. Pires, and S. R. Silva, “Correntes Harmônicas em Aparelhos Eletrodomésticos,” VI Seminário Brasileiro sobre Qualidade da Energia Elétrica, 2005. [7] Agência Nacional de Energia Elétrica, Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional: Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica, Brasil, 2015. [8] Operador Nacional do Sistema Elétrico, Procedimentos de Rede: Submódulo 2.8 – Gerenciamento dos indicadores de desempenho da rede básica e dos barramentos dos transformadores de fronteira, e de seus componentes, 2011. [9] IEC 61000-2-2, Part 2-2: Environment Compatibility Levels for Low Frequency Conducted Disturbances and Signalling in Public Low Voltage Power Supply Systems, IEC 61000-2-2 Standard, 2004. [10] S. Bhattacharya and D. M. Divan, "Synchronous Reference Frame Based Controller Implementation for a Hybrid Series Active Filter System", Proceedings, IEEE-IAS Annual Meeting, pp.25312540, 1995. [11] D. N. Zmood, D. G. Holmes, and G. Bode, "Frequency domain analysis of three phase linear current regularors", IEEE Transactions on Industry Applications, pp.601-610, 2001. [12] F. T. Ghetti, P. G. Barbosa, H. A. C. Braga, and A. A. Ferreira, “Estudo Comparativo de Técnicas de Controle de Corrente Aplicadas a Filtros Ativos Shunt”, XVIII Congresso Brasileiro de Automática, 2010. [13] C. Hochgraf and R. H. Lasseter, "Statcom Controls for Operation with Unbalanced Voltages", IEEE Trans. On Power Delivery, vol. 13, no.2, pp. 538-544, 1998.
Este trabalho foi originalmente apresentado durante o Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, realizado entre os dias 22 e 25 de maio de 2016, na cidade de Natal (RN). *Bruno de César Toledo Camilo, Marcelo Brunoro, Domingos Sávio Lyrio Simonetti e Lucas Frizera Encarnação são pesquisadores do Laboratório de Eletrônica de Potência e Acionamentos Elétricos, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES
Ano 1 - Edição 8 / Fevereiro de 2017
Energia eólica
Análise do impacto energético da variabilidade da produção de energia eólica no sistema elétrico brasileiro *Notícias selecionadas sobre o mundo das energias renováveis complementares eólica e solar* APOIO
52
Eólica
Artigo
Por Bernardo Bezerra, Bruno Borba, Celso Dall’Orto, Martha Carvalho e Yasmina El-Heri*
No Setor Elétrico Brasileiro (SEB),
Geração de energia eólica
o problema do despacho hidrotérmico
Análise do impacto energético da variabilidade da
no âmbito energético da variabilidade
produção de energia a partir do vento no sistema
considerando diferentes níveis de
é resolvido por meio da metodologia de Programação Dinâmica Dual Estocástica (PDDE), em que a única variável estocástica é a vazão afluente das hidrelétricas. A produção eólica é modelada de maneira determinística com base na expectativa de geração desta fonte. Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos na produção de energia eólica no SEB
elétrico brasileiro através dos Custos Marginais de
penetração eólica nos próximos 15 anos. Foi
Operação (CMO) considerando diferentes níveis de
Programming (SDDP), desenvolvido pela
penetração de usinas eólicas
utilizado o modelo Stochastic Dual Dynamic empresa de consultoria PSR, que é capaz de considerar incerteza na produção eólica e nas vazões.
Metodologia Cenários de geração eólica
Os cenários (ou séries) de geração eólica
utilizados nas simulações deste trabalho foram feitos a partir de dados de medição de ventos e tratados com métodos matemáticos, probabilísticos e temporais pela PSR. Este trabalho não tem como objetivo focar no método de criação destes cenários, mas na análise da modelagem do sistema com a inserção dos cenários.
Os cenários utilizados são referentes a
quatro pontos de medição que representam quatro bacias de ventos no Brasil situadas nos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. As séries de geração eólica foram criadas, portanto, para estes quatro estados. No total foram utilizados dois conjuntos de 20 cenários para as quatro bacias: Conjunto 1 - 20 cenários sintéticos equiprováveis criados para cada uma das quatro bacias, ou seja, 20 cenários que representam as características sazonais do Rio Grande do Sul, 20 cenários que representam as características sazonais da Bahia, etc.
Artigo
Eólica
Conjunto 2- Aumento da variabilidade
dos cenários originais (conjunto 1). Para
estados do país utilizam um dos quatro
de geração eólica referentes a 2014 e 2015
isto, foi utilizado um critério para alterar
conjuntos de séries criadas, onde para cada
disponibilizados pelo Operador Nacional do
os desvios padrões mensais dos cenários
estado foi escolhida a série criada a partir da
Sistema Elétrico (ONS) no “Boletim Mensal
baseado no coeficiente de variação mensal
região que apresenta maior proximidade. Por
de Geração Eólica”. Estes dados também
destes (cv). A metodologia consiste em
exemplo: usinas situadas em Pernambuco
mostram a variabilidade eólica ocorrida
aplicar a distribuição normal padronizada
utilizam os cenários característicos do Rio
nestes anos, e esta comparação pode ser vista
por mês nos cenários originais e depois
Grande do Norte.
através da Figura 1 e Figura 2. Percebe-se
aplicar novos desvios padrões de acordo
A verificação da representação da
que o conjunto 2 parece representar melhor a
com os valores de cv desejados. Foi
variabilidade eólica dos cenários foi feita
variabilidade ocorrida nos últimos dois anos.
escolhido o cv=40%.
através da comparação entre os dois
As usinas eólicas situadas nos demais
conjuntos de cenários utilizados e os dados
Estudo de caso
Para os estudos realizados neste trabalho
foram construídos dois casos. O caso 1 conta com a expansão prevista para o setor elétrico de acordo com o Plano Decenal de Energia (PDE) 2014, considerando o mix de fontes de energia previsto, com a entrada de aproximadamente 20 GW de energia eólica até o final do horizonte de estudo. O caso 2 é hipotético, criado com finalidade de analisar se os impactos são intensificados quando se considera a entrada de larga escala de usinas eólicas no setor, considerando a mesma garantia física em expansão, porém, somente com entrada de usinas de fontes eólicas e hídricas, contando com a entrada de Figura 1- Comparação entre geração verificada pelo ONS em 2014 com os cenários de geração eólica (Conjunto 1) utilizados para o RS, BA, CE e RN.
aproximadamente 35 GW de energia eólica até o final do horizonte de estudo.
Para cada um dos dois casos, foram feitos
dois cálculos da política operativa a fim de obter a Função de Custo Futuro (FCF) para as simulações. A 1ª FCF foi criada a partir da produção eólica determinística (apenas 1 cenário de geração eólica para cada usina, a média mensal dos cenários utilizados) e a 2ª FCF foi criada a partir da produção eólica probabilística (considerou-se os cenários de geração eólica com cv=40%). As simulações com alteração na FCF têm o objetivo de analisar o benefício de se incluir a variabilidade eólica no cálculo da política operativa.
Para a 1ª FCF, foram feitas três
simulações, uma com produção eólica determinística, e duas com variações Figura 2 - Comparação entre geração verificada pelo ONS em 2014 com os cenários com coeficiente de variação mensal de 40% (Conjunto 2) para o RS, BA, CE e RN.
na produção eólica probabilística. Estas simulações têm o objetivo de analisar o
53
Eólica
54
Artigo
impacto energético da variabilidade da
iniciais) foi baseado no PDE 2024 realizado
apenas um cenário de geração eólica
produção eólica no SEB, sendo possível
anualmente pela Empresa de Pesquisa
(utilizando a média mensal por bacia)
comparar o comportamento de alguns
Energética (EPE). E os cinco anos finais
com o objetivo de obter a FCF de base para
parâmetros do sistema quando não é
foram baseados em premissas de expansão
as simulações onde foram analisados os
considerada a variabilidade eólica e quando é
(baseadas na contratação de oferta das
impactos da variabilidade eólica. Este método
considerada a variabilidade eólica.
distribuidoras de modo a atender a demanda
representa a metodologia atual de despachar
Para a 2ª FCF foi feita apenas uma
utilizada no caso) adotadas pela PSR. Isso
as usinas no Brasil. Após este processo,
simulação considerando a produção eólica
porque o estudo da EPE fornece um plano
esta FCF é simulada considerando-se 1200
probabilística com cv=40%. Esta simulação
de expansão com horizonte de apenas dez
cenários de vazão e utilizando alterações na
para a 2ª FCF, quando comparada com a
anos (2014-2024), não abrangendo todo o
produção eólica.
mesma simulação utilizando a 1ª FCF, tem o
horizonte de simulação utilizado.
objetivo de analisar as alterações causadas
médios anuais resultantes das simulações
quando se incorpora a variabilidade eólica no
contribuições de cada fonte em porcentagem
pode ser visto na Figura 3.
cálculo da política operativa.
em relação à capacidade total instalada na
matriz, com destaque para as contribuições
eólica probabilística com cv=40%, há
Configuração de oferta e demanda dos casos
hídricas e eólica para os dois casos utilizados.
uma elevação nos custos marginais do
A configuração de demanda utilizada para os
subsistema SE chegando a uma diferença
dois casos pode ser vista na Tabela 3.
de aproximadamente 40 R$/MWh no final
O horizonte de estudo das simulações
é de 15 anos, iniciando em setembro de
As Tabelas 1 e 2 mostram as
Percebe-se que, para a produção
do horizonte, em 2030, o que implica em
2015 e finalizando em dezembro de 2030. A configuração de oferta de usinas, para o
O resultado da comparação entre os CMOs
Resultados
alterações no despacho das usinas utilizadas para suprir a demanda do sistema. Percebe-se
horizonte de curto prazo (cinco primeiros anos) foi baseada no estudo do Plano Mensal
Caso 1
também que, apesar da maior concentração
da Operação (PMO) de setembro de 2015.
Foi simulada uma política operativa
de usinas eólicas no NE, a alteração causada
O médio prazo (o restante dos dez anos
utilizando 200 cenários de vazão e inserindo
nos CMOs médios anuais do NE tem o mesmo
Tabela 1- Composição da capacidade instalada por fonte para o caso 1
Tabela 2- Composição da capacidade instalada por fonte para o caso 2
Tabela 3- Configuração de demanda dos casos utilizados
Artigo
Eólica
A política operativa foi recalculada
considerando-se os cenários de produção eólica probabilísticos com cv=40%. Depois foi feita uma simulação com 1200 cenários de vazão e os cenários de geração eólica com cv=40% utilizando esta 2ª FCF. O intuito é avaliar se inserir a variabilidade eólica no cálculo da política operativa traz algum benefício ao sistema. Figura 3 – CMOs médios anuais para o SE e NE resultantes das simulações do caso 1.
A Figura 5 mostra a comparação entre os
CMOs anuais médios do SE para as simulações probabilísticas de geração eólica com cv=40% para os casos utilizando a 1ª e a 2ª FCF, e para o caso de geração eólica determinística utilizando a 1ª FCF.
Observa-se que inserir a variabilidade
eólica no cálculo da política operativa (cálculo da FCF) ameniza os impactos que a variabilidade eólica causa nos CMOs do Figura 4 – CMOs médios anuais do SE e NE resultantes das simulações com diferentes cálculos da política operativa para o caso 1.
sistema, reduzindo a diferença existente entre o caso probabilístico com cv=40% e o caso determinístico para aproximadamente 35 R$/
impacto da alteração ocorrida nos CMOs
custos em aproximadamente 40 R$/MWh no
MWh. Desta forma, o modelo se previne melhor
médios anuais do subsistema SE, elevando os
final do horizonte de simulação.
contra os possíveis cenários de geração eólica
55
Eólica
56
Artigo pela variabilidade eólica nos CMOs médios anuais do SE e NE continuam os mesmos do caso 1. Porém, a diferença entre os custos do caso probabilístico em que cv=40% e o caso determinístico aumenta para aproximadamente 115 R$/MWh.
O mesmo processo de aprimoramento da
política operativa foi feito para este caso. A Figura 7 mostra a comparação entre os CMOs anuais médios do SE para as simulações probabilísticas de geração eólica com cv=40% para os casos utilizando a 1ª e a 2ª FCF, e para o caso de geração eólica determinística utilizando a 1ª FCF. Figura 5 - Percentis do CMO para o subsistema SE resultantes das simulações com diferentes cálculos da política operativa para o caso 1.
Inserir a variabilidade eólica no cálculo
da política operativa continua amenizando os impactos que a variabilidade eólica causa nos CMOs do sistema, diminuindo a diferença de
que podem ocorrer, conseguindo diminuir os
Caso 2
115 R$/MWh para aproximadamente 95 R$/
custos marginais de operação.
MWh.
eólicas no sistema, foram feitas simulações
resultado dos CMOs do subsistema SE para
análogas ao caso anterior, a fim de analisar
resultado dos CMOs do subsistema SE para
as 1200 séries de vazões combinadas com
se os impactos no sistema para uma alta
as 1200 séries de vazões combinadas com
as 20 séries de geração eólica para o ano de
inserção de energia eólica continuam os
as 20 séries de geração eólica para o ano de
2030. Através dela percebe-se que a política
mesmos de um sistema com uma menor
2030. Através dela percebe-se que a política
operativa calculada considerando produção
inserção desta energia. Os CMOs médios
operativa calculada considerando produção
eólica probabilística diminui a volatilidade dos
anuais podem ser vistos através da Figura 6.
eólica probabilística diminui a volatilidade dos
custos marginais.
custos marginais.
A Figura 5 mostra os percentis do
Para o caso com aumento na inserção de
Os comportamentos do impacto causado
A Figura 8 mostra os percentis do
Figura 6 – CMOs médios anuais do SE e NE resultantes das simulações do caso 2.
Figura 7 – CMOs médios anuais do SE e NE resultantes das simulações com diferentes cálculos da política operativa para o caso 2.
Artigo
Eólica
Figura 8 - Percentis do CMO para o subsistema SE resultantes das simulações com diferentes cálculos da política operativa para o caso 2.
Conclusão
Seguidas as condições utilizadas neste
estudo, a variabilidade na produção de energia eólica causa, portanto, impactos elevados nos Custos Marginais de Operação. O primeiro
SNPTEE, p. 8, 10 2013. [3] Operador Nacional do Sistema Elétrico, 2015. Disponível em: http://www.ons.org.br/operacao/ apresentacoesPMO.aspx. [4] EPE - Empresa de Pesquisa Energética, “Plano Decenal de Expansão de Energia - 2024”, Rio de Janeiro, 2015.
método de calcular a FCF é análogo ao utilizado pelos agentes do setor, e, se inserida a variabilidade da produção de energia eólica no cálculo do despacho hidrotérmico final pode levar a aumento nos custos, porém, este
*Bernardo Bezerra é engenheiro eletricista e de produção, com mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica pela PUC RJ. Ingressou na PSR em 2004 onde atualmente é Diretor Técnico. Bruno Soares Moreira Cesar Borba é
impacto pode ser amenizado alterando-se
engenheiro eletricista, com mestrado e doutorado em
a metodologia de criação da FCF e das
Planejamento Energético pela Universidade Federal
simulações realizadas. Portanto, considerando os resultados deste estudo, recomenda-se que:
do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente é professor adjunto do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal Fluminense (UFF). Celso Eduardo Ramos Campos Dall’Orto
1. No médio prazo os estudos energéticos passem a ser realizados considerando a variabilidade da produção eólica na simulação final, com objetivo de diagnosticar o impacto desta fonte no sistema; 2. Em um horizonte de mais longo prazo, com o aumento da penetração eólica, que a política operativa passe a ser calculada considerando a variabilidade da inserção
é engenheiro eletricista com ênfase em Telecomunicações. É especialista em geração de energia elétrica pela Universidade Federal de Itajubá, onde atualmente está terminando o mestrado em planejamento de sistemas elétricos. Martha Rosa Martins Carvalho é engenheira eletricista com ênfase em Sistemas de Potência. É mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 2013. Atualmente trabalha em estudos energéticos, executando atividades como projeção de preços de curto prazo
eólica, o que permite otimização da utilização
e análise de risco de racionamento na PSR.
dos reservatórios hidrelétricos.
Yasmina Suleiman El-Heri graduou-se em
Referências [1] Pereira, M. V. F.; Pinto, L. M. V. G., “Stochastic Optimization of Multireservoir Hydroelectric System – a Decomposition Approach,” Water Resource Research, vol. 21 nº 6, 1985. [2] Bezerra B., Cunha G., Ávila P., Barroso L. A., Carvalho M., e Pereira M. V., “Análise do percentual máximo para a inserção de energia eólica na matriz elétrica brasileira sob a ótica energética”, XXII
Engenharia Elétrica com ênfase em Sistemas de Potência. Trabalhou como estagiária na área de estudos energéticos do Brasil na PSR onde realizou a pesquisa que deu origem ao projeto final de graduação e posteriormente a este artigo.
Este trabalho foi originalmente apresentado durante o Brazil Windpower 2016, realizado entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro de 2016 na cidade do Rio de Janeiro (RJ).
Renováveis
58
notícias
Produção eólica aumentou 55% em 2016
Capacidade instalada das usinas da fonte também passou evolui de 8.277 MW para 10.221 MW nos últimos doze meses
A produção de energia eólica
no Brasil cresceu 55,1% em 2016. Com 3.651 MW médios, o desempenho das usinas em operação no Sistema Interligado Nacional (SIN) foi 1.297 MW médios superior ao registrado em 2015, quando a geração alcançou um total de 2.347 MW médios
Este são os dados da Câmara
de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que também indicam que, ao final de 2016, os 402 empreendimentos
Dez maiores estados produtores de energia eólica – 2016
eólicos em operação no sistema Posição
Estado
MW médios
capacidade instalada, ou seja,
1º
Rio Grande do Norte
1.206
incremento de 23,5% frente aos
2º
Bahia
693
números do ano anterior (8.277
3º
Ceará
668
MW), quando havia 325 projetos
4º
Rio Grande do Sul
519
em funcionamento no país.
5º
Piauí
331
6º
Pernambuco
170
usinas eólicas fez com que
7º
Santa Catarina
29
a fonte aumentasse sua
8º
Paraíba
19
representatividade em toda a
9º
Sergipe
7
geração de energia do país. Em
10º
Rio de Janeiro
8
alcançaram 10.221 MW em
O bom desempenho das
2016, elas representaram 6% da produção, o que significa
que alcançou 668 MW médios
confirmam o estado do Rio
seguida, aparece o Ceará com
dois pontos percentuais de
(+29%) e o Rio Grande do Sul
Grande do Norte com a maior
1.930 MW (+22,6%), a Bahia
acréscimo.
com 519 MW médios (+39%)
capacidade instalada, somando
com 1.750 MW (+21,5%) e o
produzidos no primeiro semestre.
3.181 MW, aumento de 27,5%
Rio Grande do Sul com 1.621
em relação ao ano anterior. Em
MW (+6,8%).
Desempenho por Estado
O Rio Grande do Norte
permanece como principal produtor de energia eólica no Brasil. As usinas potiguares produziram 1.206 MW médios no período, aumento de 50% em relação a 2015.
O levantamento aponta o
estado da Bahia na segunda colocação com 693 MW médios (+54%), seguido pelo Ceará
Os dados da CCEE também
Dez maiores estados em capacidade instalada de energia eólica – 2016 Posição
Estado
MW
1º
Rio Grande do Norte
3.181
2º
Ceará
1.930
3º
Bahia
1.750
4º
Rio Grande do Sul
1.675
5º
Piauí
915
6º
Pernambuco
465,5
7º
Santa Catarina
224
8º
Paraíba
59,5
9º
Sergipe
34,5
10º
Rio de Janeiro
28
Renováveis
notícias
Eólica mais competitiva
ABDI criou Grupo de Trabalho para estimular setor com a meta de produzir 30 GW em 2025
reuniões, realizadas em
no nordeste brasileiro,
para o País, especialmente
do setor de energia eólica no
setembro e em dezembro do
complementação com a
para o setor industrial. “A
Brasil, a Agência Brasileira de
ano passado.
geração hidrelétrica e a
energia eólica é hoje uma das
Desenvolvimento Industrial
possibilidade de “estocagem
fontes de energia elétrica mais
(ABDI) criou um Grupo de
presidente da ABDI, Guto
indireta” de energia por
competitiva. Além disso, não
Trabalho (GT) para formular
Ferreira, a proposta do grupo
meio dos reservatórios
apenas a eólica faz bem para o
propostas e contribuir
é discutir, propor e criar
das usinas hidrelétricas.
bolso, como também para o meio
com a definição dos temas
subsídios para a formulação
“Essas características
ambiente”.
estratégicos para o setor e
de um Plano Nacional de
permitem ao Brasil lidar
para a indústria no médio e
Desenvolvimento Setorial em
melhor com a intermitência
De acordo com o especialista em
longo prazos. A perspectiva
Energia Eólica na Perspectiva
da geração eólica, que é
Desenvolvimento Produtivo e
do GT é atingir 30 GW em
da Indústria. “Ao longo do
o principal limitante de
coordenador técnico da iniciativa
2025, considerando 25,1 GW
segundo semestre de 2016,
sua difusão em sistemas
na ABDI, Jorge Boeira, a agenda
previstos no Plano Decenal
reunimos especialistas e
predominantemente
estratégica proposta pelo grupo
de Expansão de Energia (PDE
representantes do setor e
termelétricos observados
tem como objetivo auxiliar a
2025) e 5 GW que poderão
já temos o esboço desse
em outros países”, observou
discussão e a atualização de
ser exportados pela indústria
plano na perspectiva da
o presidente da ABDI.
políticas públicas de fomento do
brasileira.
indústria. O próximo passo é
setor. “O texto não é definitivo
De olho na competitividade
De acordo com o
Para a presidente
Proposta em evolução
apresentar e discutir o teor
executiva da Abeeólica,
e deve ser encarado muito
em Brasília, o GT validou o
das medidas propostas com
Elbia Gannoum, o
mais como um documento a
documento Plano Nacional de
demais representantes do
desenvolvimento da energia
ser atualizado continuamente,
Desenvolvimento Setorial em
governo federal, do setor
eólica no Brasil não é
de forma a contemplar as
Energia Eólica na Perspectiva
produtivo e com outros
apenas uma questão de
oscilações do mercado e do
da Indústria – Subsídios para
atores interessados no
planejamento energético,
ambiente de negócios para o
uma Agenda Estratégica, que
desenvolvimento da cadeia
mas um assunto estratégico
setor”, explicou Boeira.
elenca 12 temas sensíveis,
produtiva, de modo a
tais como estímulos à
reforçar a competitividade
demanda, financiamento,
da indústria brasileira
linhas de transmissão,
dedicada a fornecer bens
exportação, cadeia produtiva,
e serviços para o setor de
1. Estímulos à demanda
P&D e Inovação, dentre outros.
energia eólica”, adiantou o
2. Financiamento
presidente.
3. Linhas de transmissão
especialistas da ABDI, do
Ministério da Indústria,
Guto Ferreira, o sucesso da
4. Tributação
Comércio Exterior e Serviços
energia eólica é confirmado
(MDIC), da Agência Brasileira
pela contratação de mais de
6. Licenciamento ambiental
de Promoção de Exportações
14 GW no ambiente regulado
7. Logística
e Investimentos (ApexBrasil),
entre 2009 e 2015, uma taxa
8. Capacitação, treinamento, P&D e inovação
da Associação Brasileira
de crescimento não observada
da Indústria de Máquinas e
em outras experiências
9. Exportação
Equipamentos (Abimaq) e
no mundo. Alguns fatores
da Associação Brasileira de
explicam a vantagem da
Energia Eólica (Abeeólica), o
produção brasileira de energia
Grupo formatou o documento
eólica, como ventos mais
após discussões em duas
favoráveis, especialmente
Em reunião realizada
Composto por
Ainda, de acordo com
Os 12 temas da Agenda Estratégica para Energia Eólica são:
5. Estatística setorial e cadeia produtiva
10. Atração de investimentos 11. Cooperação internacional 12. Representação parlamentar e de Governo
59
60
Pesquisa - Equipamentos para atmosferas explosivas
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Mercado de equipamentos para atmosferas explosivas Um dos setores mais promissores de outros tempos volta a falar em crescimento. Desvalorização da moeda nacional e falta de confiança dos investidores, no entanto, são obstáculos a serem superados
O setor de atmosferas explosivas é, certamente, um dos mais regidos
e seleção de equipamentos “Ex” para utilização nestas áreas classificadas
por normas técnicas entre todos os demais segmentos elétricos. Tendo em
em unidades marítimas fixas e móveis.
vista a complexidade e os riscos envolvidos, não haveria de ser diferente.
E somente neste início de 2017, duas novas normas já foram publicadas.
muita importância para a economia brasileira, tendo em vista que áreas
Uma delas é a Norma Petrobras N-2918 – Atmosferas explosivas –
potencialmente explosivas estão presentes nos segmentos de óleo e
Classificação de áreas, documento que fixa os requisitos mínimos
gás, indústrias químicas, alimentícias, siderúrgicas, entre outros deveras
necessários para a elaboração de estudos de classificação de áreas em
significativos para a economia do país.
instalações marítimas e terrestres. Tais critérios são aplicáveis em todas
as instalações do Sistema Petrobras. Outra norma recém-publicada foi a
de fabricantes e distribuidores de equipamentos para instalações com
segunda edição da ABNT NBR IEC 61892-7 – Unidades marítimas fixas
atmosferas explosivas para obter um retrato deste setor no país.
e móveis – Instalações elétricas – Parte 7: Áreas classificadas. Esta norma
estabelece os requisitos para a elaboração de uma classificação de áreas
significativa no que diz respeito aos números deste setor. As entrevistadas
Trata-se de um segmento em constante atualização normativa e de
Este é o mercado alvo da pesquisa desta edição, que ouviu dezenas
De acordo com o levantamento, as empresas vêm sinalizando melhoria
61
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
apresentaram crescimento médio de 5% em 2016 na comparação com o
Principais segmentos de atuação
ano anterior e estão otimistas para este ano de 2017: preveem elevação de 14% para suas empresas. Para o mercado de equipamentos voltados para Ex como um todo, as empresas projetam crescimento médio de 9%. E a previsão de contratação é de 5%.
14%
As empresas que participaram da pesquisa informaram ainda que,
entre os produtos que têm maior procura, destacam-se os dispositivos
22%
e equipamentos para sistemas de automação (comando, controle,
Residencial
Comercial
sinalização, alarme, etc.), seguidos pelas luminárias e projetores
94%
específicos para este segmento. Quadros e painéis elétricos também
Industrial
ocupam lugar de destaque – terceira posição – no ranking dos produtos mais procurados.
Como haveria de ser, o setor industrial domina este mercado, sendo
o principal segmento de atuação, segundo apontado por 94% das pesquisadas.
Vale destacar que as projeções de crescimento supracitadas poderiam
ser muito mais otimistas se o cenário político-econômico fosse outro. Diferentemente da opinião de outros segmentos, que apontaram a crise
Assim como foi registrado nesta mesma pesquisa realizada há um
ano, a venda direta ao cliente final continua sendo o principal meio de comercialização, indicado por 86% das empresas entrevistadas. Principais canais de vendas
econômica como a grande responsável pelos números pessimistas, neste caso, as empresas indicaram a desvalorização da moeda brasileira e a falta de confiança dos investidores como os principais agentes motivadores do insucesso do mercado de equipamentos Ex, o que faz todo o sentido.
A pesquisa é publicada na íntegra nas próximas páginas – com gráficos
ilustrativos e tabelas com detalhes do estudo, como produtos oferecidos pelas empresas, certificações conquistadas e serviços disponibilizados.
Números do mercado de equipamentos para atmosferas explosivas
A indústria foi apontada por 94% dos fabricantes e distribuidores
pesquisados como o principal segmento de atuação deste mercado.
14% 17%
Internet Telemarketing Outros
19% 42%
Distribuidores / atacadistas Revendas / varejistas
53% 86%
Venda direta ao cliente final
62
Pesquisa - Equipamentos para atmosferas explosivas
As pesquisadas informaram ainda que, entre os produtos que têm maior procura, destacam-se os
dispositivos e equipamentos para sistemas de automação (comando, controle, sinalização, alarme, etc.), seguidos pelas luminárias e projetores específicos para este segmento. Quadros e painéis elétricos também ocupam lugar de destaque – terceira posição – no ranking dos produtos mais procurados. Produtos mais comercializados
5%
Motores elétricos
14%
Cabos elétricos e seus acessórios Plugues e Tomadas
20%
Outros
22%
Materiais e acessórios em geral para montagem
44%
Invólucros
52%
Painéis e quadros elétricos
55%
Luminárias / Projetores
61%
Produtos, dispositivos, equipamentos para sistemas de automação
67%
A tabela a seguir mostra a opinião das fabricantes e distribuidoras de equipamentos para
atmosferas explosivas sobre o tamanho de alguns mercados específicos. Pode-se afirmar, por exemplo, que, na opinião das entrevistadas, o mercado brasileiro de invólucros fatura, no máximo, até R$ 10 milhões por ano. Confira:
Até R$ 10 milhões
De R$ 10 milhões a R$ 30 milhões
De R$ 30 milhões a R$ 50 milhões
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões
De R$ 100 milhões a R$ 200 milhões
De R$ 200 milhões a R$ 500 milhões
Acima de R$ 500 milhões
Tamanho anual total dos mercados de:
52%
18%
6%
6%
–
18%
–
13%
27%
20%
13%
20%
–
7%
Motores elétricos
33%
–
–
50%
–
17%
–
Cabos elétricos e
14%
43%
14%
15%
–
14%
Produtos, dispositivos, equipamentos para sistemas de automação (comando, controle, sinalização, alarme, etc.) Painéis e quadros elétricos
seus acessórios Invólucros
40%
13%
40%
–
7%
–
–
Luminárias/ Projetores
25%
12%
19%
6%
38%
–
–
Plugues e Tomadas
36%
29%
14%
7%
7%
7%
–
Materiais e acessórios em
43%
7%
22%
21%
7%
–
–
geral para montagem
64
Pesquisa - Equipamentos para atmosferas explosivas
Questionadas ainda sobre perspectivas de crescimento, as empresas revelaram que
apresentaram elevação média em seus resultados de 5% em 2016, na comparação com 2015, e projetam crescimento de 14% para este ano de 2017. Para o mercado de Ex como um todo, a previsão é de que haja crescimento médio de 9%. As empresas sinalizaram ainda que deverá haver mais contratações neste ano. Na média, elas projetam acréscimo de 5% em seus quadros de funcionários em 2017. Previsões de crescimento
Crescimento médio das empresas em 2016 comparado ao ano anterior
5%
Crescimento médio das empresas em 2017
9%
Crescimento médio do tamanho anual total do mercado de EX em 2017
14% Acréscimo ao quadro de funcionários das empresas
5%
Diferentemente da opinião de outros segmentos, que costumam apontar a crise econômica
como a grande responsável pelos baixos números de crescimento, neste caso, as empresas indicam a desvalorização da moeda brasileira e a falta de confiança dos investidores como os principais agentes desmotivadores deste mercado de equipamentos Ex. Fatores que influenciam o mercado de equipamentos para atmosferas explosivas
7%
4%
Programas de incentivo do governo
Outros
16%
Desaceleração da economia brasileira
24%
Desvalorização da moeda brasileira 7%
Setor da construção civil desaquecido 11%
Projetos de infraestrutura
18%
Falta de confiança de investidores
2%
4%
Falta de normalização e/ou legislação
7%
Incentivos por força de legislação ou normalização
Crise internacional
Pesquisa - Equipamentos para atmosferas explosivas
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
SC
Alpha Equipamentos Elétricos
(11) 3933-7533
www.alpha-ex.com.br
São Paulo
SP
X
Atex BR
(19) 3054-7017
www.atexbr.com.br
Campinas
SP
X
X
X
BS&B Safety Systems
(11) 2084-4800
www.bsbbrasil.com
São Paulo
SP
X
X
X
Burndy
(11) 5515-7225
www.burndy.com
São Paulo
SP
X
Central-Ex
(19) 3708-9200
www.central-ex.com.br
Campinas
SP
Conex
(11) 2334-9393
www.conex.ind.br
São Bernardo do Campo
SP
X
X
X
X
Dialight
(11) 44314300
www.dialight.com
Jundiaí
SP
X
X
X
X
DNV GL
(11) 3305-3343
www.dnvgl.com.br
São Paulo
SP
Eaton Crouse Hinds Blinda
(15) 33537070
www.blinda.com.br
Votorantim
SP
X
X
X
ExSuper
(15) 4069-9447
www.exsuper.com.br
Tietê
SP
X
X
X
Finder
(11) 4223-1550
www.findernet.com
são Caetano do Sul
SP
X
X
X
Fortlight
(11) 2087-6000
www.fortlight.com.br
Guarulhos
SP
X
X
X
JL Iluminação
(11) 2459-6040
www.lojajl.com
Guarulhos
SP
Hummel
(15) 3322-7000
www.hummel.com.br
Tatuí
SP
X
X
X
Maccomevap
(21) 2687-0070
www.maccomevap.com.br
Itaguaí
RJ
X
X
X
Maex Engenharia
(19) 3455-5266
www.maex.com.br
Santa Bárbara D'oeste
SP
Melfex
(11) 4072-1933
melfex.com.br
Diadema
SP
X
X
Naville Iluminação
(11) 2431-4500
www.naville.com.br
Guarulhos
SP
X
X
X
Obo Bettermann
(15) 3335-1382
www.obo.com.br
Sorocaba
SP
X
X
X
Polar Componentes Elétricos
(22) 2105-7777
www.polarb2b.com
Macaé
RJ
Proauto
(15) 3031-7400
www.proautomacao.com.br
Sorocaba
SP
Proex
(21) 2195-9244
www.proexrio.com.br
Rio de Janeiro
RJ
Reeme Iluminação
(11) 3525-3290
www.reeme.com.br
São Paulo
SP
X
X
Renetec Eletromecânica Ltda
(11) 4991-1999
www.renetec.com.br
Santo André
SP
X
X
Rittal
(11) 3622-2377
www.rittal.com.br
São Paulo
SP
X
X
Sense
(11) 2145-0400
www.sense.com.br
São Paulo
SP
X
X
Sermatex
(11) 3933-7100
www.sermatex.com.br
São Paulo
SP
X
X
X
X
SPTF
(11) 2065-3838
www.sptf.com.br
São Paulo
SP
X
X
X
Steute do Brasil
(19) 3836.2414
www.steute.com.br
Vinhedo
SP
X
X
X
X
Telbra Ex
(11) 2946-4646
www.telbra.com.br
São Paulo
SP
X
X
X
Tramontina Eletrik S.A.
(54) 3461-8200
tramontina.com
Carlos Barbosa
RS
X
X
X
Varixx
(19) 3301-6900
www.varixx.com.br
Piracicaba
SP
X
Vextrom
(11) 3672-0506
www.vextrom.com.br
São Paulo
SP
Weidmüller
(11) 4366-9600
www.weidmueller.com.br
Diadema
SP
X
X
X
X
X
X X
X X
X
X
X X
X
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X X
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X X
X
X X X
X
X
X
X
X
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X
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X
X
X
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X
X
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X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X X
X
X
X
X X
X
X
X
X
X
X
X X
X
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X
X
X
X
X
X
Oferece treinamento técnico para os clientes
Criciúma
X
Possui corpo técnico especializado para oferecer suporte aos clientes
www.agpr5.com
Importa produtos acabados
(48) 3462-3900
X
Exporta produtos acabados
AGPR5
X
X
X
X
Programas na área de responsabilidade social
SP
14001 (ambiental)
Barueri
9001 (qualidade)
Cidade
www.adelco.com.br
Outros
Site
(11) 4199-7500
Internet
Telefone
Adelco
Telemarketing
Venda direta ao cliente final
Revendas / varejistas
Empresa
Estado
Certificado ISO
Principal canal de vendas
Distribuidores / atacadistas
Residencial
Comercial
Industrial
Distribuidora
Fabricante
segmento A empresa é Principal de atuação
Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet
66
X
X
X
X X
X
X
X X
X
X
X
X
67
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Plugues e Tomadas
Materiais e acessórios em geral para montagem
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Outros
Luminárias / Projetores
Estado
Invólucros
Cidade
Cabos elétricos e seus acessórios
Site
Motores elétricos
Telefone
Painéis e quadros elétricos
Empresa
Produtos, dispositivos, equipamentos para sistemas de automação (comando, controle, sinalização, alarme, etc.)
Produtos para Instalaçãoes para areas classificadas (EX)
X
Adelco
(11) 4199-7500
www.adelco.com.br
Barueri
SP
AGPR5
(48) 3462-3900
www.agpr5.com
Criciúma
SC
X
X
Alpha Equipamentos Elétricos
(11) 3933-7533
www.alpha-ex.com.br
São Paulo
SP
X
X
Atex BR
(19) 3054-7017
www.atexbr.com.br
Campinas
SP
X
X
BS&B Safety Systems
(11) 2084-4800
www.bsbbrasil.com
São Paulo
SP
Burndy
(11) 5515-7225
www.burndy.com
São Paulo
SP
X
X
Central-Ex
(19) 3708-9200
www.central-ex.com.br
Campinas
SP
X
Conex
(11) 2334-9393
www.conex.ind.br
São Bernardo do Campo
SP
Dialight
(11) 44314300
www.dialight.com
Jundiaí
SP
DNV GL
(11) 3305-3343
www.dnvgl.com.br
São Paulo
SP
Eaton Crouse Hinds Blinda
(15) 33537070
www.blinda.com.br
Votorantim
SP
X
ExSuper
(15) 4069-9447
www.exsuper.com.br
Tietê
SP
X
Finder
(11) 4223-1550
www.findernet.com
são Caetano do Sul
SP
X
Fortlight
(11) 2087-6000
www.fortlight.com.br
Guarulhos
SP
X
X
X
X
JL Iluminação
(11) 2459-6040
www.lojajl.com
Guarulhos
SP
X
X
X
X
X
Hummel
(15) 3322-7000
www.hummel.com.br
Tatuí
SP
Maccomevap
(21) 2687-0070
www.maccomevap.com.br
Itaguaí
RJ
X
X
X
X
Maex Engenharia
(19) 3455-5266
www.maex.com.br
Santa Bárbara D'oeste
SP
X
X
X
X
X
X
Melfex
(11) 4072-1933
melfex.com.br
Diadema
SP
X
X
X
X
X
X
Naville Iluminação
(11) 2431-4500
www.naville.com.br
Guarulhos
SP
X
X
X
X
X
X
Obo Bettermann
(15) 3335-1382
www.obo.com.br
Sorocaba
SP
X
Polar Componentes Elétricos
(22) 2105-7777
www.polarb2b.com
Macaé
RJ
Proauto
(15) 3031-7400
www.proautomacao.com.br
Sorocaba
SP
Proex
(21) 2195-9244
www.proexrio.com.br
Rio de Janeiro
RJ
Reeme Iluminação
(11) 3525-3290
www.reeme.com.br
São Paulo
SP
Renetec Eletromecânica Ltda
(11) 4991-1999
www.renetec.com.br
Santo André
SP
Rittal
(11) 3622-2377
www.rittal.com.br
São Paulo
SP
Sense
(11) 2145-0400
www.sense.com.br
São Paulo
SP
X
Sermatex
(11) 3933-7100
www.sermatex.com.br
São Paulo
SP
X
SPTF
(11) 2065-3838
www.sptf.com.br
São Paulo
SP
Steute do Brasil
(19) 3836.2414
www.steute.com.br
Vinhedo
SP
Telbra Ex
(11) 2946-4646
www.telbra.com.br
São Paulo
SP
Tramontina Eletrik S.A.
(54) 3461-8200
tramontina.com
Carlos Barbosa
RS
X
Varixx
(19) 3301-6900
www.varixx.com.br
Piracicaba
SP
X
Vextrom
(11) 3672-0506
www.vextrom.com.br
São Paulo
SP
X
Weidmüller
(11) 4366-9600
www.weidmueller.com.br
Diadema
SP
X
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X
X X
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X X X
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X
X X
X X
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X
X
X
X
X
X
X
Espaço 5419
Espaço 5419
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Por Sérgio Roberto Santos*
A diferença entre o tipo do DPS e a tecnologia para fabricá-lo
Após
um
tempo
acompanhando
• DPS tipo 1 – Instalado na fronteira entre
a assimilação da norma ABNT NBR
as ZPR0B e ZPR1;
5419:2015, é possível perceber alguns
• DPS tipo 2 – Instalado na fronteira entre
pontos que têm causado dúvidas. Em
as ZPR1 e ZPR2;
relação à sua parte 4, muitos colegas
• DPS tipo 3 – Instalado na fronteira entre
ainda não são rigorosos ao especificarem
as ZPR2 e ZPR3.
os Dispositivos de Proteção contra Surtos (DPS) utilizando o conceito de Zonas de
Os
Proteção contra Raios (ZPR).
construção dos DPSs não são definidos
pela
O posicionamento dos DPSs em uma
componentes ABNT
NBR
utilizados
5419:2015.
na Estes
edificação é baseado no conceito de
dispositivos podem ser construídos a
ZPRs conforme a parte 4 da norma ABNT
partir da utilização de centelhadores,
NBR 5419:2015.
varistores ou diodos separadamente, ou
pela combinação de dois ou dos três
As ZPRs são divididas, partindo do
exterior da edificação para o seu interior,
elementos.
em função da severidade dos efeitos das
correntes de surto.
utilizado, a classificação do DPS em um
Independentemente do componente
e
determinado tipo é definida pelo seu
ZPR0B), a única proteção disponível
fabricante já no projeto do dispositivo, até
ao equipamento que ali se encontra
chegar, idealmente, na sua certificação
é a sua própria suportabilidade. Nas
por um organismo qualificado para tal,
zonas internas (ZPR1, ZPR2 e ZPR3),
segundo a série de normas IEC 61643,
as estruturas metálicas da edificação
cuja parte 1 conta com uma versão ABNT,
são
a norma NBR IEC 61643-1:2007.
Nas
zonas
parte,
Medidas (MPS)
de
externas
intencional Proteção
aumentando
a
ou
(ZPR0A
não,
contra
das
Surtos
proteção
dos
O que o projetista das MPSs irá determinar é o tipo do DPS, indicando
equipamentos eletroeletrônicos.
onde ele deverá ser instalado segundo
O parâmetro mais importante de um
o conceito de ZPRs. Ao definir seu tipo,
DPS é o seu tipo, que é definido pela sua
automaticamente, estará determinando
posição na instalação, em harmonia com
se a corrente de surto do DPS foi ensaiada
as ZPRs, conforme apresentado a seguir:
na curva 10/350µs ou 8/20µs e qual o seu
69
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
jurídico-comercial,
nível de proteção.
Definir se o DPS terá como elemento
as
informações
disponíveis a partir da publicação da
um
edição atual não podem ser ignoradas e
varistor ou um diodo, pode ser ou
deve ser indicado aos proprietários das
não uma decisão do responsável pelo
edificações inspecionadas que DPSs que
projeto, mas esta não é uma questão
não sejam tipo I, instalados entre as ZPRs
tratada na ABNT NBR 5419:2015. O
0B e 1, fazendo a equipotencialização dos
desenvolvimento tecnológico associado
condutores que entram na edificação em
a questões econômicas determinaram
relação a sua Barra de Equipotencialização
que, atualmente, os centelhadores sejam
Principal (BEP), devem ser substituídos
utilizados apenas como DPSs tipo I,
por DPSs tipo I. Isso para evitar que as
diodos como DPSs tipo III e varistores
instalações elétricas destas edificações
tenham
sendo
sejam danificadas caso sejam atingidas
utilizados nos três tipos de DPS. Podem
por descargas atmosféricas diretas. O
existir poucas exceções para a afirmação
mesmo é válido para os DPSs de sinal nas
anterior, mas uma consulta ao catalogo
mesmas condições que também devem
dos principais fabricantes existentes no
ter sido ensaiados na curva 10/350.
mercado vai confirma-la como válida.
A
norma
Outro equívoco comum é utilizar
traz
informações
a terminologia de tipo nos DPSs para
protegermos nossas edificações e suas
entradas de sinal. Condutores de sinal
instalações elétricas contra os efeitos
e
forma
de uma descarga atmosférica. Mas para
diferente, já que a entrada de energia
compreendê-la é necessário, ao menos
normalmente é única e a informação
uma vez, lê-la completamente para ter
chega aos equipamentos por canais
uma visão geral sobre seus fundamentos.
de
proteção
de
maior
energia
um
centelhador,
flexibilidade
dividem-se
de
ABNT
NBR
5419:2015
preciosas
para
individualizados, onde o mesmo condutor passa por duas ou mais ZPRs.
Referências
• ABNT NBR 5419-1/2/3/4:2015 -
Desta forma, um projeto de MPSs,
segundo a norma ABNT NBR 5419:2015,
Proteção contra Descargas Atmosféricas;
só pode ser considerado correto se o
• Artigo “Zonas de proteção contra
projetista especificou com precisão o DPS
raios”, Revista O Setor Elétrico, Espaço
de energia através de seu tipo e o DPS
5419, edição 114, julho/2015;
de sinal pela forma de onda e nível de
• ABNT - www.abntcatalogo.com.br;
proteção, o que, infelizmente, não está
• ABNT NBR IEC 61643-1:2007,
sendo feito em inúmeros projetos.
Dispositivos de proteção contra surtos
em baixa tensão
Esta questão merece uma reflexão
por parte daqueles que inspecionam a
Parte 1: Dispositivos de proteção
Proteção contra Descargas Atmosféricas
conectados a sistemas de distribuição de
(PDA), formada pelo SPDA e pelas MPSs,
energia de baixa tensão - Requisitos de
inspeção objeto de inúmeras indagações.
desempenho e métodos de ensaio.
A ABNT NBR 5419:2005 não apresentava uma classificação dos DPSs em três níveis,
*Sergio Roberto Santos é engenheiro
na verdade, ela não se aprofundava no
eletricista e membro da comissão de estudos
assunto DPS. Mas fora qualquer aspecto
CE 03:64.10, do CB-3 da ABNT.
70
Proteção contra raios
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, onde participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia | www.guismo.com.br
O presente no futuro? “Data intergaláctica 33Φ1271.
um documento, aqui resumido, com as seguintes recomendações:
Regressando da viagem ao planeta
P-841 faltando apenas alguns anos-
- Alteração no eletrodo de aterramento
luz para aportarmos na, já familiar,
para que este tivesse dimensão e topologia
doca 35, recebemos uma mensagem
adequadas a fim de dispersar correntes
da coordenação de tráfego terrestre
espúrias no solo sem causar tensões
informando problemas de danos nos
superficiais acima das suportáveis pela
componentes do inversor radi helíptico
instalação e seus operadores;
(IrH), equipamento que impediria nosso
- Estabelecimento de zonas de proteção
pouso no prazo programado. Relatos de
contra
outra nave da empresa indicavam que
de blindagem em diversos pontos das
um especialista fora chamado e que,
instalações e estruturas até o equipamento
após vários ensaios heptadimensionais,
em questão, utilizando encaminhamento
constatou que o valor da resistência
correto dos cabos de energia e de sinal,
ôhmica do eletrodo de aterramento que
eliminando possíveis laços entre esses
servia aos componentes da instalação
condutores;
era
máximo
- Otimização das interligações entre partes
determinado pelo fabricante para que o
vivas, massas metálicas e condutores
IrH funcionasse corretamente, e assim
energizados para minimizar diferenças
concluiu ser essa a causa da falha num
de tensão que eventualmente surgissem
dos difusores do IrH após a exposição do
entre componentes, a níveis suportáveis
equipamento a um pulso eletromagnético
pelos mesmos, inclusive enfatizando a
disparado intempestivamente por uma
instalação de conjuntos de DPSs para
das armas que protegem a plataforma de
atenuar possíveis surtos de modo comum
pouso.
e de modo diferencial;
superior
a
1Ω,
valor
campos
magnéticos,
através
Como já estávamos há mais de cinco
anos-luz fora de casa, o comandante levou
os fatos ao conhecimento do engenheiro
da plataforma decidiram pela troca do IrH
chefe, responsável pelo já renomado bom
e implementação dessas recomendações,
funcionamento de nossa nave, solicitando
o que contribuiu para chegarmos em
ao mesmo que auxiliasse na resolução da
casa seguros e com muita experiência
questão a fim de pousarmos o mais rápido
extraterrestre para compartilhar com os
possível e de forma segura.
nossos”.
Após certa discussão, os engenheiros
Após breve comunicação e troca de
informações técnicas com o pessoal
Vamos pensar até onde presente e futuro
da base, o engenheiro chefe emitiu
podem ser um só?
72
Energia com qualidade
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do Deinfra-Fiesp. jstarosta@acaoenge.com.br
A revisão do Módulo 8 – critérios de avaliação das variações de tensão de curta duração (VTCDs) – Parte 3
Nas
duas
últimas
(dezembro/2016
e
edições
janeiro/2017),
uma indagação quanto à pertinência da
identificação
da
origem
dos
tratamos sobre a nova abordagem da
eventos de VTCD, ou seja, se esses
Agência Nacional de Energia Elétrica
eventos foram originados na rede
(Aneel) na revisão 8 do módulo 8 do
da distribuidora ou nas instalações
Prodist
dos consumidores ou transmissoras.
e,
como
qualquer
assunto
novo, nos preocupamos em interpretar
Assim, vejamos:
e mesmo questionar como seria o
Atualmente,
procedimento prático para tratar do
interrupção do fornecimento (DEC,
assunto entre as distribuidoras e os
FEC, DIC, FIC, DMIC e DICRI), se
consumidores.
um
Generosamente,
o
evento
para
o
caso
da
ocorrido
dentro
das
de
determinado
amigo e professor da Universidade
instalações
Federal de Uberlândia, o engenheiro
consumidor promover a interrupção de
José Rubens Macedo Jr., que, desde
terceiros, os indicadores associados
sempre, esteve intimamente envolvido
serão computados normalmente para
com o tema, nos brinda com oportunos
todos os consumidores atingidos,
comentários
exceto para o consumidor causador
que
transcrevemos
na
sequência:
um
da falha. A lógica por trás dessa definição reside no fato de que, para
1- Responsabilidade e origem do VTCD
os demais consumidores, a origem da interrupção não é mais importante do que a interrupção em si, assim como
“Observei algumas
que
dúvidas
referentes
à
variações
de
ainda e
existem
no fato de que a responsabilidade
indagações
pela manutenção da qualidade do
regulamentação
das
serviço no ponto de entrega de todos
curta
os consumidores é da distribuidora,
duração. Nos dois artigos, foi feita
independentemente da origem dos
tensão
de
73
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
eventos. Dessa forma, o que se fez
Aneel.
no caso das VTCDs foi manter a
mesma lógica atualmente vigente
a não violação do FI não significa que
para a qualidade do serviço, sendo
uma determinada planta industrial
que essa mesma lógica foi também
não tenha registrado uma parada
adotada
de
de processo (o contrário também é
regime permanente. Adicionalmente,
verdadeiro). Contudo, a busca por
é
que
um valor de referência de 1,0 pu a
para
os
importante
mais
de
VTCD
têm
90%
fenômenos destacar
dos
de
cada 30 dias consecutivos, para um
das
determinado barramento, garantirá
independentemente
um mínimo de gestão da rede por
da responsabilidade das mesmas em
parte das distribuidoras de forma a
relação a cada evento registrado”.
se promover a melhoria contínua da
origem
distribuidoras,
eventos
É importante enfatizar também que
na
rede
qualidade do produto. Destaca-se
2- Transgressão do Fator de Impacto
ainda
que
os
conduzidos
mesmos
pelas
esforços
distribuidoras
“Outro aspecto que notei nos
para redução do FIC e do FEC são
artigos
também válidos para redução da
publicados
pela
revista
foi a afirmação de que eventuais
incidência
transgressões do Fator de Impacto
Adicionalmente, cabe enfatizar que a
poderão resultar em multas para
medição de registros de VTCDs (caso
as distribuidoras. Na verdade, não
solicitada pelo consumidor) poderá
há nenhuma menção sobre isso na
ser
revisão 8 do módulo 8 do Prodist.
consecutivos, desde que o indicador
De qualquer forma, no caso do
FI seja contabilizado a cada 30 dias.
descumprimento das determinações
Isso é importante no caso de se
e
desejar analisar a sazonalidade dos
procedimentos
pela
estabelecidos (e
não
realizada
eventos
por
de
vários
VTCD.
meses
da
eventos. Porém, “via-de-regra, se o
violação dos limites estabelecidos),
consumidor está reclamando hoje é
certamente poderão ser impostas
porque os eventos estão ocorrendo
penalidades por parte da Aneel.
hoje”.
regulamentação
de
O Fator de Impacto é um indicador
qualitativo, o qual tem como único
objetivo evitar excessos por parte
agradecimentos
das
esclarecimentos. Certamente, outros
distribuidoras.
A
adoção
de
Prezado Jose Rubens, reitero nossos pelos no
importantes
um número único para representar
interessados
tema
também
a incidência de VTCDs teve como
apreciarão. Caro leitor, fique à vontade
objetivo a simplificação da gestão
para nos mandar seus comentários.
por parte das distribuidoras, assim
Quem sabe não poderemos abrir um
como da fiscalização por parte da
grupo de discussão sobre o tema?!
74
Instalações Ex
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Roberval Bulgarelli é consultor técnico e engenheiro sênior da Petrobras. É representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx e coordenador do Subcomitê SC-31 do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei).
Recuperação de roscas espanadas em invólucros à prova de explosão fabricados em alumínio Apesar dos avanços da tecnologia
manutenção e reparos de campo.
considerada frequente a ocorrência de
de injeção de plástico, ainda hoje alguns
No entanto, muitos equipamentos à
defeitos relacionados ao espanamento dos
equipamentos fabricados para instalação
prova de explosão, em especial, os de
fios das roscas de fixação dos parafusos.
em áreas classificadas contendo atmosferas
fabricação mais antiga ou aqueles que
O alumínio é frequentemente utilizado na
explosivas possuem invólucros metálicos
são fabricados utilizando antigas técnicas
fabricação destes tipos de equipamentos
fabricados em alumínio, com tradicional
de fundição em areia, possuem invólucros
com invólucros metálicos à prova de
tipo de proteção “à prova de explosão”,
metálicos
tampas
explosão por se tratar de um material que
denominado de tipo de proteção Ex “d”.
flangeadas, as quais são fixadas ao corpo
permite maiores facilidades no processo
do invólucro por meio de parafusos em aço.
mesopotâmico de fundição em areia.
à prova de explosão estão associados à
Este
com
Por se tratar de um material com
utilização de componentes centelhantes
invólucros metálicos à prova de explosão
relativamente baixa resistência mecânica
em
Os modernos conceitos de invólucros
em
tipo
alumínio,
de
com
equipamentos
tem sido certificado e colocado no mercado
(quando comparada, por exemplo, com
de
desde a década de 1920 do século passado,
a resistência do aço), as roscas que são
comutação de força ou de controle)
tendo sido utilizado com frequência em
feitas nos invólucros de alumínio para
individualmente
em
antigas instalações brasileiras de refinarias
fixar os parafusos de fixação (fabricados
aos
atmosferas
disjuntores,
explosivas
contatores
ou
(tais
como
chaves
encapsulados
e plantas petroquímicas, construídas nos
em
requisitos da norma sobre invólucros à
anos de 1940 a 1970.
ficam “espanadas”, devido a torques que
prova de explosão ABNT NBR IEC 60079-
são aplicados pelos usuários e pelos
1. Este tipo de fabricação de componentes
invólucros metálicos Ex “d” fabricados em
profissionais
à prova de explosão encapsulados em
alumínio podem ser citados os antigos
de campo de montagem, manutenção,
plástico tornam os equipamentos mais
painéis locais de força e controle, as
inspeção ou recuperação deste tipo de
seguros, em termos de facilidades de
botoeiras locais de comando, as antigas
equipamentos “Ex”.
procedimentos de montagem, inspeção,
luminárias com lâmpadas incandescentes
ou à vapor de sódio e os motores elétricos
Atmosferas explosivas - Parte 19: Reparo,
de indução trifásicos de baixa tensão.
revisão e recuperação de equipamentos “Ex”
apresenta os requisitos e os procedimentos
invólucros
plásticos,
atendendo
Como exemplos de equipamentos com
Neste tipo de equipamento, pode ser
aço)
das
tampas
envolvidos
frequentemente
nas
atividades
A norma ABNT NBR IEC 60079-19 -
75
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
a serem seguidos para as atividades de revisão, reparo, recuperação e modificação de equipamentos elétricos para atmosferas explosivas, incluindo para equipamentos com invólucros à prova de explosão. Com relação aos métodos de recuperação de invólucros metálicos à prova de explosão que podem ser aplicados, esta norma indica a possibilidade de utilização de soldagem, brasagem, costura metálica, embuchamento, usinagem e eletrodeposição.
Nos frequentes casos de necessidade
de recuperação de roscas espanadas dos furos para alojamentos dos parafusos de fixação das tampas em invólucros de alumínio à prova de explosão, uma técnica muito útil é, de fato, a utilização de insertos metálicos helicoidais fabricados em aço.
de tampas dos invólucros) que tenham sido
Este tipo de dispositivo é utilizado para o
danificados além de uma extensão aceitável
reparo de roscas espanadas, por meio da
podem ser recuperados por meio de um dos
colocação, no local da rosca existente, de
seguintes métodos:
um dispositivo metálico helicoidal que tem por função “recompor” a rosca original.
• Fazendo um furo com um diâmetro maior e
refazendo a rosca com um “macho”;
Insertos roscados de aço são utilizados,
por alguns fabricantes, em invólucros à
• Fazendo um furo com um diâmetro maior,
prova de explosão fabricados em alumínio,
refazendo a rosca com um “macho” e
a fim de evitar o desgaste das roscas no
instalando um inserto metálico helicoidal
invólucro de alumínio, quando a tampa
com uma rosca própria, a qual passe no
do invólucro é destinada a ser aberta e
ensaio apropriado de tração, de acordo
fechada durante a execução das atividades
com o especificado pelo fabricante do
de
inserto metálico helicoidal;
campo
de
instalação,
inspeção,
manutenção, reparos ou revisão.
• Fazendo um furo com um diâmetro maior,
plugueando o furo, executando um novo
Nos casos de invólucros à prova de
explosão de alumínio com parafusos de
furo e refazendo a rosca;
aço, a melhor opção para fabricação ou
• Fechando o furo existente por meio de um
recuperação é frequentemente a utilização
plugue e executando um novo furo e uma
de insertos roscados de aço. Nestes casos,
rosca em outro local;
os pontos de contato entre as roscas do
• Executando uma solda de fechamento do
metal macio do invólucro de alumínio e do
furo existente, executando um novo furo e
metal duro do parafuso de aço não são
rosqueando o novo furo.
submetidos a esforços e desgastes, nos casos frequentes de abertura e fechamento
do invólucro à prova de explosão.
internacional “Ex” da IEC, o IECEx, foi
No âmbito do sistema de certificação
Com relação a requisitos de serviços
apresentada ao Grupo do Conselho de
de recuperação de equipamentos “Ex”, é
Técnico (ExTAG – Testing and Assessment
indicado na ABNT NBR IEC 60079-19 que,
Group), em 2015, uma consulta sobre a
dependendo do tipo de proteção “Ex” existente
possibilidade de utilização destes insertos
no equipamento a ser recuperado, que os furos
helicoidais fabricados em aço em furos
roscados para dispositivos de fixação (como
roscados em invólucros Ex “d” fabricados
por exemplo para alojar parafusos de fixação
em alumínio.
76
Instalações Ex
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Após discussões sobre o assunto, levando em consideração os aspectos de segurança e de proteção requeridos por estes equipamentos, bem como o fato de que tradicionais laboratórios e organismos de certificação “Ex” da Alemanha já praticam a avaliação e a certificação de
equipamentos
Ex
“d”
utilizando
estes dispositivos de insertos metálicos helicoidais, de acordo com a Folha de Decisão IECEx ExTAG DS 2015/006,
Figura 1 – Exemplos de furos em superfícies de juntas flangeadas de invólucros metálicos à prova de explosão - Ex “d” (ABNT NBR IEC 60079-1).
nestes casos, a utilização de insertos de aço roscados em invólucro de alumínio Ex “d” é permitida, desde que:
• Se o diâmetro externo do inserto roscado
parafusos, proporcionando uma maior vida
de aço for maior que o diâmetro cego
útil das roscas e uma menor ocorrência de
• Os desenhos de certificação do fabricante
do furo para o dispositivo de fixação, a
“espanamentos” das roscas que de outra
necessitam
sobre
dimensão “L” mostrada nas Figuras 3 e 4
forma são feitas diretamente no alumínio
os detalhes da instalação de insertos
(Exemplos de furos em superfícies de juntas
dos invólucros Ex “d”.
roscados de aço e necessitam indicar uma
flangeadas de invólucros metálicos à prova
classe tolerância de 6H para a rosca de
de explosão) da ABNT NBR IEC 60079-
de
recebimento no invólucro de alumínio Ex “d”
1/2016 deve ser aplicada para o diâmetro
helicoidais fabricados em aço ainda não é
e uma classe de tolerância 6g para a rosca
externo do inserto roscado metálico.
previsto na atual Edição 7.0 (publicada pela
de recebimento no inserto roscado de aço
Os
aço
IEC em 2014) da IEC 60079-1 (Invólucros
(NBR ISO 965-3).
necessitam ser efetivamente fixados, de tal
à prova de explosão com tipo de proteção
• No processo de fabricação do fabricante a
forma que evite o seu afrouxamento quando
Ex “d”), estando previsto para ser incluído
classe de tolerância 6H do inserto roscado
o parafuso for inserido ou extraído. Um
na próxima edição.
de aço, instalado em sua posição final,
requisito necessita ser incluído no manual
Na seção 9.2 da ABNT NBR IEC
necessita ser verificado com um calibre de
de Instruções do fabricante do invólucro Ex
60079-0 (Dispositivos especiais de fixação)
rosca ou pela documentação do fornecedor
“d” para que seja verificado que o inserto
é indicado que, no caso de qualquer das
do inserto roscado, de acordo com a
roscado de aço não tenha se soltado
Normas para o tipo específico de proteção
Norma ABNT NBR ISO/IEC 17050-1 -
quando o parafuso é inserido ou extraído
“Ex” requerer um dispositivo especial de
Avaliação da conformidade - Declaração
do inserto roscado de aço. Em caso de
fixação, este dispositivo deve possuir rosca
de conformidade de fornecedor - Parte 1:
afrouxamento do inserto roscado de aço, o
do tipo métrica, com passo grosseiro de
Requisitos gerais.
fabricante do invólucro de alumínio Ex “d”
acordo com a ABNT NBR ISO 262, com
• Se aplicável, os requisitos da Seção
necessita ser informado.
um ajuste de tolerância de 6g/6H, de
11.7 (Dispositivos de fixação e aberturas)
acordo com a NBR ISO 965-1 e com a
da ABNT NBR IEC 60079-1/2016 devem
roscados metálicos não são permitidos de
NBR ISO 965-3.
ser aplicados sobre o furo cego feito para
fazerem parte de uma junta de passagem
receber o inserto roscado metálico.
de chama à prova de explosão, de acordo
aplicável somente para a rosca (macho) do
• O invólucro completo montado, incluindo
com a Seção 5.3 (Juntas roscadas) da
parafuso e para a respectiva rosca (fêmea)
os insertos roscados de aço necessita
norma ABNT NBR IEC 60079-1/2016.
do invólucro. No caso de utilização de um
suportar os ensaios de sobrepressão,
inserto metálico helicoidal, a rosca interna
definidos na ABNT NBR IEC 60079-1.
as
parte
(fêmea) necessita atender ao requisito de
•
Se
incluir
requerido,
informações
o
invólucro
insertos
roscados
de
Deve ser ressaltado que os insertos
Este tipo de consulta tem como base experiências
existentes
por
Deve ser ressaltado que este requisito utilização
de
insertos
metálicos
O ajuste de tolerância de 6g/6H é
metálico
de diversos fabricantes de invólucros
classe de tolerância 6H e a rosca externa
completo, incluindo os insertos metálicos,
Ex “d” em alumínio, onde é verificado
(macho) necessita atender à classe de
necessita suportar o ensaio de rotina de
que a instalação de insertos helicoidais
tolerância 6g, como mostrado na Figura
sobrepressão, definidos na ABNT NBR IEC
fabricados em aço apresenta uma maior
1 da norma ABNT NBR IEC 60079-0,
60079-1.
resistência
indicada na seguir.
mecânica
ao
torque
dos
77
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
que
são
minimizadas
as
ocorrências
de espanamento das frágeis roscas em invólucros de alumínio, o que compromete seriamente a fixação dos parafusos e das tampas, comprometendo, dessa forma, o MESG (Maximum Experimental Safe Gap) e a área de passagem de chama, o que pode resultar na propagação para o meio externo de uma eventual explosão que possa ocorrer no interior de um invólucro metálico Ex “d”. Figura 2 - Tolerâncias e folgas de roscas para dispositivos de fixação roscados em invólucros “Ex” ABNT NBR IEC 60079-0.
Com
a
utilização
os
requisitos
aumentando também a confiabilidade e
indicados para a utilização de insertos
a segurança dos invólucros metálicos Ex
roscados metálicos em invólucros de
“d”.
equipamentos com invólucros à prova
de explosão fabricados em alumínio,
dos
a durabilidade das roscas é elevada,
de equipamento Ex “e”, na medida em
Esta boa prática colabora na elevação níveis
de
segurança
deste
tipo
Mais informações sobre a utilização de
insertos roscados metálicos em invólucros de alumínio com tipo de proteção à prova de explosão fabricados em alumínio podem ser encontrados na Folha de Decisão IECEx ExTAG DS 2015/006, disponível em português do Brasil, para acesso público, no website do IECEx: h t t p : / / w w w. i e c e x . c o m / d o c s / E x TA G _ DS_2015_006_Thread_Inserts_pt.pdf
78
Proteção, automação e controle
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Marcelo Eduardo de Carvalho Paulino é engenheiro eletricista e especialista em manutenção de sistemas elétricos pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI), atual Unifei. É gerente de aplicações da Omicron electronics. marcelo@techmarc.com.br
Os desafios da implementação de um sistema de automação de subestações digitais
no futuro sem a necessidade de excessivas
caso
que o futuro diga a verdade e avalie
Certa vez Nikola Tesla disse: “deixem
atualizações desnecessárias do DSAS.
mínimo dos profissionais envolvidos nesse
cada um de acordo com o seu trabalho e
Novamente, como escrevemos nesta
processo. Entretanto, esse conhecimento
realizações”, mas não temos todo esse
coluna em ocasiões passadas, o resultado
deve ser suficiente para que a empresa
tempo e precisamos realizar muitas coisas
é determinado pelo nível de conhecimento
possa
neste momento.
dos
as
processo.
avaliar as propostas de maneira técnica e
razões, temos nos deparado com desafios
Igualmente, dependo da profundidade
econômica adequadamente e supervisionar
importantes quando uma empresa do
do conhecimento desses, é determinada
a qualidade dos fornecimentos realizados
setor elétrico necessita implementar um
a abordagem utilizada na implementação
pelos terceirizados.
Sistemas de Automação de Subestações
do DSAS. Apesar de diversas variantes,
Digitais (DSAS).
podemos
Ao longo dos últimos anos, por diversas
Como
profissionais
de
Proteção,
Automação e Controle, somos responsáveis
profissionais
identificar
envolvidos
que
os
nesse
métodos
é
necessário
especificar
soluções
a
um
os
conhecimento
requisitos
serem
para
implementadas,
Em qualquer um dos casos descritos,
de implementação podem ser descritos
o nível mínimo de conhecimento dos
resumidamente da seguinte forma:
profissionais deve ser suficiente para que
por determinar os caminhos que levarão ao
os
responsáveis
possam
efetivamente
• Todo a implementação do DSAS é realizada
mitigar qualquer situação de emergência
Dependendo da estratégia escolhida
pela empresa proprietária. Neste caso é
que possa se desenvolver e não depender
pela
os
necessário um conhecimento profundo
de um fornecedor externo ou terceirizado.
modelos de construção e contratação,
dos produtos e processos, principalmente
poderão ocorrer diversas consequências.
em relação à utilização de sistemas e IEDs
a documentação. A dependência de suporte
De uma forma ou de outra, sem fazer juízo
operando com a norma IEC 61850;
externo para o fornecimento e manuseio do
sobre os diferentes modelos, produtos e
• Parte do trabalho é terceirizado. Assim, é
sistema exige uma documentação muito
soluções técnicas escolhidos para compor
requerido conhecimento menos profundo
consistente e completa.
esse sistema, essa implementação deve
em partes terceirizadas e a profundidade
Fatores
tornar-se
do
gerenciais determinam os caminhos e
sucesso de um empreendimento. empresa,
levando
atrativa
em
conta
economicamente
e
conhecimento
necessário
depende
Uma atenção especial é necessária para
técnicos,
econômicos
e
eficiente do ponto de vista técnico (não
de quais partes serão terceirizadas. Vale
também o sucesso dessa implementação.
somente eficaz).
a pena ressaltar que a visão sistêmica do
Seja qual for o método utilizado, é
DSAS é imprescindível para o sucesso do
garantir a qualidade e consistências dos
essencial obter soluções e resultados
empreendimento;
projetos realizados atualmente?
de alta qualidade que possam atender
• Todos os trabalhos de implementação do
E você? Qual sua opinião?
às necessidades da empresa, incluindo
DSAS são terceirizados (projetos turn-key),
confiabilidade, disponibilidade e garantia
incluindo os processos de comissionamento
e seguiremos descobrindo os melhores
da extensibilidade flexível, fácil e rentável
e colocação em serviço do sistema. Neste
caminhos.
E sua empresa? O que é feito para
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80
Falando sobre a luz Plinio Godoy é engenheiro eletricista e atua no campo da iluminação desde 1983. É proprietário do escritório CityLights Urban Solutions, especializado em iluminação urbana; da Godoy Luminotecnia, voltada para iluminação arquitetônica; e da Lienco Lighting Solutions, onde atua no campo da integração da iluminação e controles digitais. É coautor do livro Iluminação urbana e professor do curso de pós-graduação em Instalações Elétricas na FacensSorocaba. É palestrante em diversos congressos nacionais e internacionais. | plinio.godoy@lienco.com.br
Quantidade e qualidade
No mundo da iluminação, uma das mais fáceis análises que
nossos olhos nos respondem está na quantidade de luz. Isto porque quando estamos em um ambiente, mesmo que não consigamos ter a exata noção do que percebemos na luz, é a quantidade que primeiro nos faz notá-la.
É fácil uma análise como “está escuro” ou “está claro”, simples,
básico. No entanto, quando uma norma nos diz a quantidade de luz recomendável para uma determinada tarefa, aí temos um problema. Isso porque quando estas normas foram desenvolvidas, estávamos em um mundo antigo, em que as fontes de luz eram quase que “padrões”, as lâmpadas produziam aproximadamente os mesmos entre os fabricantes, enfim, era um mundo previsível.
Figura 1 – Aparência de luz versus fluxo luminoso. Fonte: Osram Opto Semiconductors
Aí surgiram os Leds, estas fontes de luz digitais, com uma
em um ambiente e a cor da luz utilizada. Perceba que em uma sala
gama enorme de variações, tecnologias, versões, enfim, um mundo
de estar, normalmente, damos preferência a uma luz aconchegante,
novo que virou de cabeça para baixo tudo o que conhecíamos.
amarelada, ligado ao nosso ciclo interno chamado “Circadiano”.
fluxos para mesmas potências, as potências eram “padronizadas”
Ótimo, não? Porém temos que tomar algumas precauções sobre isso. Contarei, a seguir, alguns fatos interessantes.
Quantidade de Luz
Imaginemos que estamos desenvolvendo um projeto industrial,
em que um grande galpão necessita ser iluminado para múltiplas tarefas. Se nossa solução for desenvolvida com a premissa da quantidade, buscaremos qualquer sistema que tenha a melhor eficácia, fluxo luminoso produzido por unidade de potência consumida (Lm/W). Perfeito, não? Aí começa nosso argumento...
Figura 2 – O ciclo Circadiano regula a produção hormonal baseando-se na luz natural.
não, não é perfeito.
Não considero perfeito, pois podemos ter dois sistemas Leds
diferentes, com a mesma potência, um deles produzindo muito mais fluxo luminoso que o outro, porém, com qualidades de aparência de cor e reprodução de cores absolutamente diferentes.
Vejamos estes gráficos.
Percebemos que quanto mais azuladas for a aparência da luz
se adotarmos a premissa da quantidade de luz, utilizaremos no
Figura 3 - Perceba que, ao meio-dia, a luz natural do sol parece bastante azulada e, no início ou fim do dia, temos uma aparência mais amarelada, aconchegante.
nosso projeto uma luminária que produzirá uma luz branca azulada,
e isso não condiz com o que os olhos humanos podem entender
“humores”, sensações de sono e estar ativos. Temos, nesta questão
como confortável, pois há uma relação entre a quantidade de luz
fundamental, razão para nos preocupar: a produtividade.
produzida pelo Led, maior fluxo luminoso visível ele produz. Então,
Este ciclo natural define nossas expectativas, definindo nossos
81
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Figura 4 – Variação da aparência da cor da luz durante o dia.
Outra questão importante é a capacidade de reprodução de cores:
Figura 7 – Curvas de distribuição da luz. Fonte: www.rgalternatives.com.
Ofuscamento Figura 5 – Reprodução de cores. Fonte: Cláudio Zimarino/LinkedIn.
Decorrente da distribuição luminosa, as luminárias criam o efeito
do ofuscamento quando o fluxo luminoso não é bem controlado.
Observamos como a mesma cor pode ser percebida diferentemente
com fontes de luz com diferentes índices de reprodução de cores.
Figura 6 – Relação da reprodução de cor com o fluxo luminoso. Foto: Osram Opto Semiconductors.
Para esta questão, quanto pior for a capacidade de reproduzir as
Figura 8 – Luminárias podem criar efeito de ofuscamento. Fonte: www.ccohs.ca.
cores, maior será o fluxo luminoso visível produzido pelo Led.
Conclusão
Então, para atendermos ao quesito de quantidade de luz, que é
Especificar um equipamento não é uma tarefa simples, pois
normalmente utilizado pelos fabricantes para mostrar que seu produto é
estamos envolvendo investimentos, obras, instalações, pessoas,
“melhor” do que outros, podemos incorrer em grandes enganos, finalizando
clientes, investidores, tempo, enfim, não há espaço para erros.
com resultados desastrosos e insatisfatórios, não no que consideramos
Estabelecer um estudo criterioso é questão primordial, saber o que
como quantidade e eficiência, mas como qualidade para as pessoas e seu
está sendo especificado e os motivos são fundamentais para atender
bem-estar.
às expectativas e aos orçamentos.
Além destas questões apresentadas neste artigo, temos muitas outras
relativas à qualidade dos produtos Led que devemos considerar, como:
Buscar pelo menor investimento muitas vezes pode trazer sérias
consequências, assim, estabelecer bons critérios técnicos de acordo com as necessidades reais faz parte do bom processo de compra da
Distribuição de luz
solução.
O fluxo luminoso produzido não significa muito, porém, a luz projetada
Vamos, nos próximos meses, falar sobre soluções específicas para
pelo equipamento produz o que chamamos de distribuição luminosa, ou
residências, áreas comerciais, industriais e iluminação externa, levando
como a luminária projeta a luz produzida pelo Led no plano de trabalho.
questões práticas para você. Até lá!
82
Dicas de instalação
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Por George Farmain*
Alumínio Liga 1120 – CAL 1120 para linhas de transmissão e de distribuição devido aos custos de energia que não são
aos condutores de alumínio com alma de aço.
Alumínio (CA) e os Condutores de Alumínio
negligenciáveis.
Como ordem de grandeza, estas perdas são
com Alma de aço (CAA) são especificados
Este artigo tem como objetivo verificar o
pelo menos 10% maiores em relação aos CA.
para
desempenho passado e o futuro potencial do
A Suécia tem sido líder no que se
CAL 1120.
refere à política ambiental e, no início dos
Tradicionalmente,
as
linhas
de
os
Condutores
transmissão
de
e
de
distribuição aéreas. Recentemente, com a
anos de 1970, uma liga de Alumínio, a
necessidade de se obter um melhor projeto, maior confiabilidade e redução dos custos
Antecedentes
AL59, foi desenvolvida e patenteada por lá. Originalmente, foi sugerida sua utilização
globais, os Condutores de Alumínio Liga (CAL) tornaram-se a principal escolha para
Ao projetar linhas aéreas de transmissão
em condutores para cabos isolados, mas
a maioria das novas linhas de transmissão e
e distribuição, os principais requisitos com
devido às boas propriedades de fluência,
distribuição. Isto acontece, pois, por não ter a
condutores consideram que sejam leves,
ela foi utilizada pela “Swedish Power Board”
alma de aço, os cabos condutores AAAC são
com boa condutividade, alta confiabilidade
para linhas de transmissão aéreas. Esta
significativamente mais leves do que os CAA.
e baixas perdas. Hoje, devido à crescente
liga, classificada como Alumínio liga 1120,
Dessa forma, é possível reduzir as estruturas
preocupação com o meio ambiente, o
é basicamente uma versão "high tech" do
das torres e o custo por metro dos cabos.
momento é adequado para se reanalisar os
alumínio padrão da classe EC. Isto porque,
O
condutores, buscando o melhor desempenho
pela incorporação de alguns elementos no
convencional, o CAL 6201, é o ideal para
na sua utilização e operação.
alumínio 1350 EC e por um controle muito
substituir o CAA em linhas com longos vãos,
O Alumínio liga EC 1350 que compõe os
cuidadoso dos processos de fabricação
reduzindo o número de estruturas ou torres.
CAA proporciona boa condutividade - IACS
do vergalhão e do fio, com um específico
Condutores com esta liga têm sido muito
61% - e, com um peso específico de 2,703 kg/
tratamento térmico, a resistência mecânica
bem aceitos no Reino Unido, Ásia, Europa,
m³, é claramente o material mais apropriado
da liga é aumentada em 50% a 60% com
EUA e nas Américas.
para as linhas aéreas. Entretanto, o metal da
uma perda de condutividade de apenas 1%,
Por outro lado, o condutor de Alumínio
classe da EC tem uma resistência mecânica
estando nominalmente em 60% IACS.
liga 1120, ou CAL 1120, é ideal para se obter
limitada de modo que há um limite prático à
Em 1979, a utilização desta liga de
custos de transmissão mais baixos, tanto na
extensão do vão que pode ser projetado com
alumínio iniciou-se na Austrália e Nova
construção como na operação. Esta liga foi
os condutores CA – Cabos de Alumínio.
Zelândia, onde existem normas específicas,
desenvolvida pela primeira vez e adotada na
A solução para superar a resistência
como
Suécia há cerca de 50 anos. Foi introduzida
mecânica limitada do Alumínio EC foi a
Overhead – Al and Al Alloys” e aAS 2848-
na Austrália uma década depois e, agora, a
de incluir fios de aço como um reforço. No
1, “Al and Al Alloys, Compositions and
maioria das novas linhas na Austrália e Nova
entanto, esta alternativa aumentou o peso e
Designations”. Hoje, esta liga é amplamente
Zelândia utiliza esta liga. Proporciona melhor
o diâmetro do condutor, resultando em torres
aceita e utilizada, além da Austrália e Nova
relação custo/benefício, alta confiabilidade
ou estruturas mais robustas e mais caras.
Zelândia, também em Israel, África, Ásia e
e também redução das perdas técnicas de
Houve, assim, o desenvolvimento das ligas
Brasil. No Brasil já foram instaladas cerca de
transmissão, ou seja, possibilita a otimização
de alumínio com maior resistência mecânica,
40.000 toneladas de CAL 1120.
do projeto como um todo. Espera-se que seu
como os da série 6.000. Isto resolveu o
uso aumente nas novas linhas de transmissão
problema do peso, mas esta liga apresenta
em muitos outros países onde as perdas
uma condutividade menor, entre 52% a 53%
operacionais
IACS, e as perdas elétricas ficaram similares
Condutor
são
de
Alumínio
questões
Liga
relevantes,
a
AS
1531,
“Conductors
Bare
Projeto de linha de transmissão
Ao projetar uma linha de transmissão
83
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
linhas de transmissão e distribuição é a redução dos custos operacionais decorrente das menores perdas ôhmicas, por efeito Joule. O desempenho em relação ao CAA e CAL é feito comparando-se alguns condutores típicos com carregamento normal para linhas de transmissão, com base nas condições ambientais de 35 °C de temperatura do ar ambiente, 1000 W/m² de intensidade de radiação solar direta, 100 W/m² de radiação solar difusa e uma velocidade de vento de 1 m/s.
Em média, as perdas podem ser até 10%
menores. Condutor de mesma resistência ôhmica em relação aos CAA e CAL Exemplo 1 ou distribuição aérea, um dos fatores mais
temperatura de 120 oC e em uma carga de
críticos é a fluência em longo prazo (ou
emergência de 40% da Carga à Ruptura (CR).
por ser um dos condutores mais utilizados
extensão não elástica do condutor com o
Muitos testes foram realizados para
nas LTs de 500 kV no Brasil.
tempo e temperatura), que governa a flecha
verificar o desempenho do alumínio liga 1120
adicional que pode ser admitida durante a
para estabelecer a curva tensão-deformação
13,5% e 11,3% menor em relação ao CAA
vida útil da linha.
e sua fluência em várias temperaturas e em
Rail e CAL 6201 respectivamente, com
diferentes níveis de tensão.
menor emissão de CO2 global.
As dimensões das torres são selecionadas
A referência do CAA RAIL foi escolhida
Peso do condutor de alumínio liga 1120:
com base nos cálculos das flechas com
fluência,
condições
em vãos muito longos, acima de 1200 m, os
normais e de emergência, após considerar
condutores de alumínio liga 1120 são capazes
os requisitos de distância ao solo. Devido ao
de substituir perfeitamente os condutores CAA
melhor desempenho do alumínio liga 1120
ou CAL 6201 com custos menores.
CAL 1120 já estão em uso na Austrália
que
ocorrerão
em
A menos que sejam necessárias instalações
o EDS - Every Day Stress. Uma tensão de
As principais linhas de transmissão com
há mais de 40 anos. Não houve nenhum
com relação à fluência, podem ser usadas tensões ligeiramente mais elevadas para
Tendências
Perdas na transmissão e peso dos condutores
problema significativo com a introdução deste condutor e as concessionárias de transmissão como Powerlink em Queensland
50 N/mm2, por exemplo, é frequentemente usada para a o alumínio liga 1120, o que
Condutor de mesmo diâmetro em
estão
significa, em média, EDS de 22%.
relação aos CAA e CAL
milhões de dólares por ano com as perdas
reduzidas.
O gráfico a seguir mostra o efeito da
fluência sobre alumínio e ligas de alumínio à
Uma vantagem real e prática da utilização
dos condutores de alumínio liga 1120 para
economizando
atualmente
alguns
Uma vantagem adicional no futuro será
que os condutores CAL 1120 poderão ser reciclados mais facilmente do que os condutores CAA, por ser um condutor homogêneo. Assim, à medida que mais linhas antigas com CAA forem sendo substituídas, esperamos ver o uso continuado de CAL 1120 com consequentes vantagens para as
concessionárias,
consumidores
e,
principalmente, em relação ao meio ambiente. *George Farmain é coordenador do Comitê de Cabos para GTD da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL).
84
Ponto de vista
O Setor Elétrico / Fevereiro de 2017
Cinco mitos dos projetos de IoT
Como as empresas podem obter apoio
Mito 2: Focar no ROI
Mito 5: Considerar o risco de segurança após a conclusão do projeto
para projetos de Internet das Coisas (IoT), ao
mesmo tempo em que derrubam os conceitos
que o IoT terá em seu negócio e em toda a
IoT significa que mais dados estarão
tradicionais de gerenciamento de TI não
companhia. Uma prototipagem rápida pode
disponíveis em uma ampla rede, aumentando o
apropriados para o planejamento de projetos de
ajudá-lo a descobrir. Nas fases experimentais,
risco de violações de dados, representando uma
IoT?
é importante pilotar rapidamente as ideias,
ameaça significativa para indivíduos e empresas.
O primeiro mito a derrubar é que a Internet
experimentar coisas novas e aprender com
As limitações inerentes aos dispositivos de IoT
das Coisas (IoT) é nova. Na verdade, o conceito
falhas. Outras variáveis são difíceis de estimar,
impedem a instalação de agentes anti malware,
vem desde meados da década de 1980.
tais como quão válidos ou importantes serão
antivírus e de firewall. Por isso, os requisitos
O conceito machine-to-machine (M2M),
os dados no futuro, de modo que pode ser
de segurança precisam ser identificados e
como é conhecido no mundo corporativo, definiu
difícil medir o Retorno sobre Investimento
considerados antecipadamente para manter os
a base para IoT décadas atrás. A diferença é
(ROI, do termo Return on Investment) sem uma
endpoints e as trocas de dados seguros.
que agora todos os dispositivos conectados
compreensão completa da vida útil do sistema
inteligentes também estão conectados a uma
de IoT.
oferecerem novas aplicações que proporcionem
Nos estágios iniciais é difícil saber o impacto
rede e podem se comunicar com vários sistemas
A IoT oferece às empresas a oportunidade de
informações em tempo real que ajudam as
Mito 3: Analisar os requisitos da rede nas etapas finais
empresas a capturar, compreender e utilizar mais
das coisas, faturamento, etc., adicionando outra camada de complexidade.
também requer uma nova mentalidade quando
conectado.
de TI de back-end para monitoramento de uso
Embora parte da tecnologia seja antiga e
Com a Internet das Coisas, tudo está
eficazmente os dados de cada dispositivo, mas
os
se trata de gestão de projetos, com a vontade
comprovada para melhorar consideravelmente
dispositivos conectados, mas também a
de ser flexível, tentar coisas novas e aproveitar a
a eficiência ao mesmo tempo em que melhora
infraestrutura de TI que permite que os
experiência.
o serviço ao cliente, muitas novas aplicações
negócios usem os dados e insights do IoT.
Algumas das melhores estratégias de
podem ser disruptivas. Então, como o impacto
A capacidade de analisar, coletar, armazenar
gerenciamento de projetos para a IoT podem
pode ser grande, a melhor estratégia muitas
e compartilhar dados com facilidade e
não ser consideradas como melhores práticas
vezes pode ser começar pequeno.
confiabilidade é essencial. Conectividade
para projetos de TI tradicionais, mas inovações
Portanto, esta é uma boa base para
consistente é fundamental para que a solução
como a IoT exigem estratégias criativas de
desmascarar muitos conceitos de gerenciamento
IoT possa operar de forma eficaz, e isso requer
gerenciamento de projetos para ajudar a
de TI tradicionais que simplesmente não são
ter a infraestrutura de rede necessária para
concretizar a oportunidade completa com um
apropriados para o planejamento de projetos IoT:
isso. Isso exige que os requisitos de rede
nível aceitável de risco.
Isso
inclui
não
apenas
sejam feitos mais cedo do que o habitual.
Mito 1: Começar a partir do topo começando com a alta gerência pode não ser
Mito 4: Trazer fornecedores após a definição do projeto
a melhor estratégia. Algumas tecnologias ainda
Fornecedores
estão em fase experimental e pequenos projetos
sensores e redes e a parceria com eles pode
limitados diminuirão os riscos e irão interromper
ajudar a acelerar a sua prova de conceito de
ou impactar menos operações do que projetos
IoT. Uma vez que muitos aspectos do IoT não
grandes, ambiciosos e complicados. Além
podem ser testados ou comprovados em
disso, até que os benefícios do IoT sejam
laboratórios, mas apenas com usuários reais e
bem compreendidos, pode ser mais prudente
clientes externos, trazer fornecedores no início
ter apenas alguns patrocinadores internos
é importante para testar teorias, descobrir novas
envolvidos em vez de tentar educar, evangelizar e
oportunidades e reduzir o risco de surpresas
Por Stephan Romeder, diretor da Magic
integrar a entrada de vários gestores de alto nível.
desagradáveis mais tarde.
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Iniciar um grande projeto estratégico de IoT
trazem
a
infraestrutura,
86
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