O Setor Elétrico (Edição 107 - Dezembro 2014)

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Ano 9 - Edição 107 Dezembro de 2014

Automação predial Tecnologia aplicada em edifícios promove eficiência energética e conforto dos usuários Números exclusivos dos mercados de teste e medição e de automação e gerenciamento de energia

Manutenção de transformadores O desafio da interligação de um sistema isolado ao SIN



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Sumário

atitude@atitudeeditorial.com.br Diretores Adolfo Vaiser José Guilherme Leibel Aranha Massimo Di Marco Coordenação de marketing Emerson Cardoso – emerson@atitudeeditorial.com.br Coordenação de circulação e pesquisa Inês Gaeta – ines@atitudeeditorial.com.br Assistente de pesquisa Jaqueline Baptista – jaqueline@atitudeeditorial.com Assistente de Circulação Fabiana Marilac – fabiana@atitudeeditorial.com.br Administração Paulo Martins Oliveira Sobrinho administrativo@atitudeeditorial.com.br Editora Flávia Lima - MTB 40.703 - flavia@atitudeeditorial.com.br Redação Bruno Moreira – bruno@atitudeeditorial.com.br Revisão Gisele Folha Mós Publicidade Diretor comercial Adolfo Vaiser - adolfo@atitudeeditorial.com.br Contatos publicitários Ana Maria Rancoleta - anamaria@atitudeeditorial.com.br Márcio Ferreira – marcio@atitudeeditorial.com.br Rosa M. P. Melo – rosa@atitudeeditorial.com Representantes Paraná / Santa Catarina / Rio Grande do Sul / Minas Gerais Marson Werner - marson@atitudeeditorial.com.br (11) 3872-4404 / 99488-8187 Direção de arte e produção Leonardo Piva - atitude@leonardopiva.com.br Denise Ferreira Consultor técnico José Starosta Colaborador técnico de normas Jobson Modena Colaboradores técnicos da publicação Aléssio Borelli, Hilton Moreno, João Barrico, Jobson Modena, José Starosta, Juliana Iwashita, Luiz Fernando Arruda, Marcelo Paulino, Michel Epelbaum, Roberval Bulgarelli e Saulo José Nascimento. Colaboradores desta edição: Adrián Fritz, Antônio Carniato, Antonio Felipe Aquino, Antonio Ricardo Tenório, Arlan Luiz Bettiol, Clarckson Brandl Silvestre, Daniele da Motta, Danilson Agnaldo Mendes Wolff, Eliane de Fátima Silva, Francisco José Seleiro Pimentel, Fred Steinhauser, José Celito Moraes de Córdova, Leonardo Soares, Lucio Tadeu Prazeres, Luiz Alberto de Miranda, Luiz Felipe Costa Marcelo Paulino, Marcus Possi, Patrícia Mascarenhas Bonina Zimath, Paulo Eduardo Quintão, Paulo Fernandes Costa, René Guiraldo e Sergio Luiz Zimath. Revista O Setor Elétrico é uma publicação mensal da Atitude Editorial Ltda. A Revista O Setor Elétrico é uma publicação do mercado de Instalações Elétricas, Energia, Telecomunicações e Iluminação com tiragem de 13.000 exemplares. Distribuída entre as empresas de engenharia, projetos e instalação, manutenção, industrias de diversos segmentos, concessionárias, prefeituras e revendas de material elétrico, é enviada aos executivos e especificadores destes segmentos. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da Editora. Capa: Impressão - Mundial Gráfica Distribuição - Correio

Sistemas isolados 72 O desafio da interligação dos sistemas isolados de Manaus e Macapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Coluna do consultor 6

Aula prática – Transformadores 94

Um balanço de 2014.

Estudo mostra o desenvolvimento de um dispositivo indicador de sobrecargas de longa duração para transformadores de distribuição.

Painel de notícias 8 Crescimento da indústria eletroeletrônica fica abaixo das expectativas; Unesp inaugura instituto de pesquisa em bioenergia; Grupo Legrand inaugura showroom; AES Eletropaulo investe em serviço ao cliente; CPFL entrega equipamentos eficientes para consumidores; entre outras notícias do setor.

Fascículos 25 Automação predial 54 A evolução da automação, que transforma edifícios, conferindo eficiência energética e praticidade aos seus usuários.

Pesquisa – Equipamentos para 62 automação e gerenciamento de energia Eficiência energética obtida com gestão e automação dos

Filiada à

Cargas não lineares nas instalações elétricas e a influência na tensão de alimentação.

Colunistas Michel Epelbaum – Energia sustentável

106

Juliana Iwashita Kawasaki – Iluminação Eficiente

108

110 Jobson Modena – Proteção contra raios 112 João Barrico – NR 10 114 José Starosta – Energia com qualidade 116 Roberval Bulgarelli – Instalações Ex 120 Luis Fernando Arruda – Instalação MT

Dicas de instalação 124 Sinais híbridos em sistemas de proteção e automação.

Ponto de vista 126 Uma proposta para o monitoramento do consumo de energia.

sistemas é alternativa para empresas driblarem alta das tarifas de energia. Veja levantamento realizado com este mercado.

Atitude Editorial Publicações Técnicas Ltda. Av. General Olímpio da Silveira, 655 – 6º andar, sala 62 CEP: 01150-020 – Santa Cecília – São Paulo (SP) Fone/Fax - (11) 3872-4404 www.osetoreletrico.com.br atitude@atitudeeditorial.com.br

Espaço Guia de Normas 104

Pesquisa – Instrumentos de teste e medição 84

Agenda 128 Cursos e eventos do setor de energia elétrica nos próximos meses.

Para fabricantes e distribuidores deste mercado, a desaceleração econômica do país é a principal responsável

What’s wrong here 130

pelo baixo desempenho do segmento em 2014.

Identifique o que existe de errado na instalação.


Editorial

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014 Capa ed 107.pdf

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12/22/14

8:59 PM

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Ano 9 - Edição 107 Dezembro de 2014

Automação predial O Setor Elétrico - Ano 9 - Edição 107 – Dezembro de 2014

À espera de 2015

Tecnologia aplicada em edifícios promove eficiência energética e conforto dos usuários Números exclusivos dos mercados de teste e medição e de automação e gerenciamento de energia

Manutenção de transformadores O desafio da interligação de um sistema isolado ao SIN

Edição 107

Sendo a última edição do ano, é natural que um balanço do que foi esse período preencha parte das páginas desta

publicação. E como você, leitor, poderá notar, em diversos momentos da revista um colunista ou uma fonte versará sobre o que foi o ano de 2014: nada bom, sendo, inclusive, tachado, por alguns, de catastrófico.

Deixando de lado as eleições – acirradas e uma das mais polêmicas da história eleitoral – o ano foi, efetivamente,

marcado por notícias preocupantes. 7x1 e não é preciso dizer mais nada sobre este assunto tão doloroso para o brasileiro. 2014 também repetiu as más notícias de todos os anos referentes à corrupção, talvez com mais ênfase: impunidade no caso do metrô de São Paulo, escândalo na Petrobras, prefeitos de municípios afora utilizando a verba pública em seu benefício, entre tantas outras que estamparam nossos jornais.

No que concerne ao setor elétrico, destaque para a indignação das concessionárias de energia por conta das

consequências da MP 579, medida que antecipou a renovação das concessões. Descontratadas, as distribuidoras tiveram de recorrer ao mercado de curto prazo, em que o preço da energia ficou elevado durante boa parte do ano por conta do acionamento das térmicas. Dessa maneira, foram feitos empréstimos que serão custeados pelas distribuidoras por meio das tarifas pagas pelo consumidor. O resultado, por sua vez, é o descontentamento do grande consumidor, que sentirá no bolso os efeitos da cascata. No caso de uma indústria eletrointensiva, cuja conta de luz por vezes ultrapassa sua folha de pagamento, este impacto na tarifa certamente implicará desfalques na produção ou no seu quadro de funcionários.

A crise hídrica que assolou mais ferozmente o Estado de São Paulo trouxe para a população um grande desconforto e uma

preocupação sobre quando este problema será resolvido. Esta carência também foi sentida em alguns reservatórios de hidrelétricas, provocando o acionamento de mais usinas térmicas do que o esperado, encarecendo as tarifas. É o caso do parágrafo anterior.

Para alguns segmentos específicos da área elétrica, no entanto, o ano não foi tão ruim. A eólica continuou em

ritmo ascendente. Para se ter uma ideia, no ranking mundial, publicado recentemente pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético (SPE) do Ministério de Minas e Energia (MME), o país subiu cinco posições em geração eólica, passando de 20º lugar para 15º em 2013. Para a energia solar também há boas notícias. O primeiro leilão voltado para esta fonte aconteceu no final de outubro e contratou 31 novos projetos de plantas solares, o suficiente para abastecer cerca de 900 mil residências.

Na baixa tensão, a principal novidade foi a publicação da Portaria nº 51, do Inmetro, que traz os requisitos de

avaliação da conformidade das instalações elétricas. Até o momento, não se conhecem muitas instalações certificadas de acordo com as novas regras, mas, por ter caráter voluntário, é compreensível que a adesão seja mais morosa.

Apesar de alguns acontecimentos positivos, encerramos 2014 com um clima bastante pessimista, principalmente, com

relação ao cenário econômico brasileiro. Vamos confiar que 2015 nos traga confiança, positividade e ânimo para fazer um ano melhor.

Boa leitura e feliz ano novo!

Abraços,

flavia@atitudeeditorial.com.br Redes sociais Acesse o Facebook e o Twitter da revista O Setor

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Coluna do consultor

Não temos tempo para o balanço de final de ano

Nossa cultura administrativa clássica prevê que ao final do ano os

resultados sejam avaliados, comparados às previsões iniciais, alguns narizes se torcem e, por fim, novas projeções são feitas, contudo, este melancólico fim de 2014 não nos permite tal exercício.

Vivemos cada um (um por um) de nossos dias apreensivos com

o comportamento dos reservatórios, da escalada da geração térmica e queima de combustíveis fósseis, do valor do PLD, do PIB projetado para 2015, da disparada da taxa do dólar, do comportamentwo da indústria, do comportamento do nosso mercado de instalações elétricas, do preço projetado para a energia em 2015 e quem vai pagar a conta? Ainda, quais seriam e o que estariam pensando as equipes que irão compor os ministérios? Será que eles entendem que a eficiência energética é necessária? Existirão mais rombos ou roubos na Petrobras e até onde isso vai? A diretoria será mantida? Os caras não sabiam de nada? Haverá coragem e interesse pra coisa ir adiante? Os ladrões e corruptos vão devolver quanto daquilo que teria ido para os seus bolsos?

Ainda, tragicamente, as mudanças esperadas para o novo governo

nas áreas de infraestrutura estão por ser anunciadas e tudo parece parado, esperando como que um sinal messiânico! E, para piorar, mesmo que novas metas e investimentos sejam definidos, será que teremos empresas habilitadas para encarar as construções de estradas, usinas, linhas de transmissão, portos, pontes e metrôs – empreendimentos que puxam a economia do país?

A inércia não nos comove, mas nos incita a cobrar atitudes.

Vamos minha gente! O nosso Brasilzão (com “s”) precisa ser tocado

com energia e competência! O que falta?

José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do Deinfra-Fiesp. jstarosta@acaoenge.com.br



Painel de mercado

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Notícias relevantes dos mercados de instalações elétricas de baixa, média e alta tensões.

Crescimento da indústria eletroeletrônica fica aquém das expectativas Empresas projetavam elevação de 5% do faturamento em 2014, mas pesquisa da Abinee deste ano constatou crescimento de somente 2%. Área de GTD apresentou queda de 13%

O ano de 2014 foi pior do que o esperado

neste ano e ainda sente os efeitos da MP 579, que

A política de estímulo dos investimentos por meio

pelas empresas brasileiras da área eletroeletrônica.

tratou da antecipação da renovação das concessões

do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

A expetativa no final do ano passado para este

das concessionárias e estabeleceu a redução das

e Social (BNDES), que ofereceu recursos com taxas

ano era de um acréscimo de faturamento da

tarifas de energia elétrica.

de juros competitivas em âmbito internacional,

ordem de 5%, o mesmo crescimento apresentado

também mereceu destaque. Já a desvalorização

em 2013, mas conforme levantamento realizado

Newton Duarte, a medida provisória deflagrou o

cambial, estimada em cerca de 8% neste ano, não foi

pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e

processo de desmonte da indústria de geração,

considerada suficiente para estimular as exportações

Eletrônica (Abinee), que traz o comportamento do

transmissão e distribuição de energia, mais

do setor. De acordo com Barbato, uma taxa de

segmento para este ano e as projeções para o ano

especificamente dos clientes dessa indústria.

câmbio ideal para alavancar vendas para o exterior

de 2015, o faturamento nominal do setor deverá

Conforme destaca Duarte, as distribuidoras estão

seria de um pouco mais de R$ 3 o dólar.

crescer somente 2% em 2014, passando de cerca

com “uma situação de caixa lamentável”, as

de R$ 156,7 bilhões para R$ 159,3 bilhões.

geradoras estão complicadas com a escassez da

Segundo o diretor da área de GTD da Abinee,

Crescimento baixo em 2015

geração hídrica, não conseguem cumprir contratos

será pequeno em decorrência principalmente das

e as transmissoras ainda esperam receber

elétrica e eletrônica para o ano que vem continua

importações e exportações do setor, que devem

indenizações devido à antecipação da renovação

baixa. Segundo a Abinee, a elevação do faturamento

registrar baixa de 9% e 4%, respectivamente, em

das concessões por parte da Aneel.

em comparação a 2014 deve se manter no patamar

comparação a 2013. O saldo da balança comercial

de 2%. Não obstante, os segmentos de GTD e

neste ano será de US$ 35,2 bilhões de dólares

eletroeletrônica de maneira geral, o setor de

material elétrico de instalação devem se recuperar

negativos, número 3% inferior ao saldo registrado em

material elétrico de instalação também apresentou

um pouco em relação a este ano. A previsão é

2013, que foi de US$ 36,2 bilhões.

resultados desanimadores. A área deve registrar

que a área de geração, transmissão e distribuição

Conforme a Abinee, o crescimento do faturamento

Seguindo a tendência da indústria

A expectativa de crescimento da indústria

queda de 3% em 2014 na comparação com

apresente um déficit de 6% e o setor de material de

a associação, por conta da retração dos países da

2013. As exportações e as importações dos

instalação cresça 6%.

América Latina. As transações comerciais com estas

produtos deste segmento também fecharão o ano

nações somaram US$ 3,1 bilhões, 20% a menos

deficitárias em relação ao ano passado: 8% e 5%,

importações de produtos da indústria continuarão

do que as realizadas no ano passado. No que diz

respectivamente. Conforme levantamento da Abinee,

basicamente os mesmos em 2015. Conforme o

respeito à queda das importações, a razão se

a indústria de material elétrico não sentiu qualquer

levantamento da associação, as exportações devem

encontra na retração do mercado interno, segundo

motivação do mercado, o que explica a retração.

atingir R$ 6,6 bilhões e as importações R$ 41,9

a Abinee. Esta explicada pelo desequilíbrio na

bilhões. Em 2014, os montantes projetados são de

economia do Brasil, como a inflação que ficou perto

ressalta algumas ações governamentais que

R$ 6,7 bilhões e R$ 41,9 bilhões, respectivamente.

do teto da meta durante vários meses, gerando

ajudaram a amenizar um pouco a situação da

O saldo da balança comercial também não se

baixos investimentos produtivos. Outro motivo

indústria eletroeletrônica em 2014, tais como a

modificará, apresentando decréscimo de R$ 35,3

do fraco desempenho foi a Copa do Mundo, que

desoneração da folha de pagamentos e a Lei do Bem.

bilhões em 2015.

O déficit das exportações ocorrerá, segundo

paralisou o mercado nos meses de junho e julho.

Um dos segmentos que mais contribuíram para

estes números foi o de Geração, Transmissão e

O presidente da Abinee, Humberto Barbato,

Os números referentes às exportações e

Indicador

2013

2014*

2014* x 2013

Faturamento nominal (R$ milhões) **

156.745

159.353

2%

Faturamento (US$ milhões)

72.574

67.810

-7%

Distribuição (GTD) de energia elétrica, que apresentou

Exportações (US$ milhões)

7.363

6.672

-9%

um decréscimo de 13% de seu faturamento em 2014

Importações (US$ milhões)

43.595

41.912

-4%

ante 2013. A projeção das exportações e importações

Saldo

-36.231

-35.239

-3%

de produtos desta área também são bem pessimistas:

Número de empregados (mil)

177,90

175,90

-2%

-14% e -26%, respectivamente. Conforme a Abinee, o setor refletiu o ritmo fraco de investimentos da indústria

*Projeção **Variação real = -3%

Fonte: Abinee



Painel de mercado

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Publicada 2ª edição do livro Inspeções Elétricas Metodologia e Resultados Publicação da editora Ecthos apresenta agora nove capítulos, ampliando seu conteúdo em adaptação às mudanças e entendimentos da atualidade

O livro Inspeções em Instalações Elétricas Metodologia

e Resultados chega em 2014 a sua segunda edição. Lançada pela editora Ecthos no ano de 2013 a publicação apresenta agora nove capítulos, aumentando seu conteúdo em adaptação às mudanças e entendimentos atuais. O livro apresenta ao final um exemplo de relatório de inspeção, que longe de ser um modelo, trata-se de uma proposta de incentivo a novos trabalhos.

A publicação tem como objetivo mostrar aos

engenheiros eletricistas, e aos demais profissionais, assim como autoridades, professores e estudantes que se dedicam ao tema de segurança das instalações elétricas, os princípios, ferramentas e melhores práticas das inspeções e vistorias das instalações elétricas. Esse material está balizado por referências às normas técnicas, às técnicas de inspeção e registros, e de uma

Livro de engenharia elétrica propõe a apresentação de padrões, modelos e técnicas de atividades de inspeção.

proposta de certificação. O livro pode ser solicitado através do e-mail editora@ecthos.com.br

Unesp inaugura Instituto de Pesquisa em Bioenergia (Ibpen) O Ipben tem como principais áreas de pesquisa: biomassa para bioenergia; produção de bicombustíveis; utilização de biocombustível em motores; biorrefinaria, alcoolquímica oleoquímica e sustentabilidade socioeconômica e ambiental

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) inaugurou no início de dezembro, em um dos prédios do antigo

Campus da universidade no bairro de Santana, o Instituto de Pesquisa em Bionergia (Ipben). A unidade coordenará o Programa Integrado de Pós-graduação em Bioenergia da Unesp, que funcionará em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Presente na solenidade de inauguração, o coordenador executivo do Ipben, Prof. Dr. Nelson Stradiotto,

relembrou o início do processo para viabilização do instituto, em 2009, e o caminho percorrido até a sua implantação. Conforme o docente, foram investidos R$ 9,6 milhões na construção de nove laboratórios pelo governo do Estado de São Paulo, sendo um central localizado no município de Rio Claro (R$ 2,7 milhões) e oito associados instalados nos campi de Assis (R$ 300 mil), Araraquara (R$ 1,2 milhão), Botucatu (R$ 1,2 milhão), Guaratinguetá (R$ 900 mil), Jaboticabal (R$ 1,2 milhão), Ilha Solteira (R$ 900 mil), São José do Rio Preto (R$ 900 mil) e Rio Claro (R$ 300 mil).

O Ipben tem como principais áreas de pesquisa: biomassa para bioenergia; produção de

bicombustíveis; utilização de biocombustível em motores; biorrefinaria, alcoolquímica oleoquimica e sustentabilidade socioeconômica e ambiental.



Painel de mercado

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Debates polêmicos marcam seminário em Santos (SP) Consequências da MP 579, bandeiras tarifárias e preço da energia foram os principais temas discutidos durante a 21ª edição do Seminário Nacional de Distribuição de Energia

Crédito: Lígia Guariniello

Elétrica (Sendi)

Para Márcio Zimmermann, do MME, sem MP 579, o preço da energia seria bem mais elevado.

“O setor elétrico não é para amadores”. Esta foi uma das declarações do secretário executivo do

Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, durante o XXI Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi), realizado em novembro na cidade de Santos (SP). Em uma das palestras mais esperadas, Zimmermann afirmou que o setor elétrico é bastante complexo com grandes desafios e que tem o compromisso de buscar a melhoria contínua do sistema.

De acordo com o secretário, caso a MP 579 não existisse, nesse ano hidrológico ruim, o custo da energia

no País poderia ter sido 98% maior. “O mundo gera por ano 70% de térmica. Nós brasileiros entrarmos em depressão porque, em um ano hidrológico ruim, geramos 23% de térmica, eu acho que não tem sentido”, completou. Para o secretário, no entanto, o equilíbrio da matriz renovável é uma busca permanente do setor.

Em sua apresentação, Zimmermann afirmou ainda que um país como o Brasil, que tem que dobrar a sua

capacidade de geração, de transporte, de distribuição de energia entre 15 e 20 anos é um “senhor desafio”. “E por isso eu cumprimento o setor de distribuição por estar na busca desse propósito e por manter vivo esse seminário que busca a melhoria contínua do profissional técnico”, completou.

O presidente da Abradee, Nelson Leite, apresentou o panorama vivido pelas distribuidoras,

destacando a necessidade de reversão da atual crise financeira. “Se não tivéssemos recebido recentemente R$ 19 bilhões em aportes para investimentos, dos quais 37% destinaram-se a custos extraordinários, muitas distribuidoras teriam quebrado”, argumentou. Leite ressaltou a importância da revisão do WACC de investimentos para o setor, alternativa que manteria a rentabilidade dos negócios e teria impacto reduzido na tarifa de energia. Ao tratar do quarto ciclo de revisões tarifárias, referiu-se a redução média da parcela B (direcionada as distribuidoras). “Nos últimos anos a participação da área de distribuição da parcela foi reduzida de 45% para 22%, sendo que 13% da arrecadação ficam comprometidos com custos essenciais da atuação”, disse.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, Romeu Rufino, reafirmou a necessidade de

uma nova análise macroeconômica para a recuperação financeira das empresas. Para ele, o processo de


O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

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reestruturação das concessionárias pode dar início a uma prática de atenuação da regulação, a exemplo do que acontece em países da Europa. “Temos a ideia de estimular um nível maior de governança para as companhias com a diminuição da ação regulatória”, sinalizou. Contudo, o executivo foi taxativo ao abordar as bandeiras tarifárias estabelecidas para janeiro de 2015, referindo-se às diferentes proporções que o tema tem tomado nas distribuidoras. “Não podemos acreditar que a solução para a recuperação do mercado está limitada à tarifa”, concluiu.

O Sendi foi coordenado pela primeira vez

pelo Grupo CPFL em parceria com a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee). Durante a cerimônia de encerramento, o presidente da CPFL Paulista e CPFL Piratininga, Luis Henrique Ferreira Pinto, destacou o alto nível da programação apresentada no seminário. “Testemunhamos em todos os debates e sessões técnicas o quão desenvolvido é o setor de distribuição elétrica”, afirmou. Antônio Carlos Cyrino, coordenadorexecutivo do evento também comemorou o sucesso do evento e ressaltou o desafio de promover o encontro em momento desfavorável às distribuidoras. “São nesses momentos que nós conseguimos a força adicional para superar as incer tezas do cenário”, ponderou.

Trabalhos técnicos premiados

Nesta edição, 850 trabalhos foram inscritos,

dos quais 240 foram selecionados para serem apresentados em sessões técnicas e 77 em formato de pôster. As apresentações voltadas para área técnica representaram 68% das inscrições, sendo os três principais assuntos em quantidade de trabalhos: redes de distribuição de até 34,5 kV, redes inteligentes e novas tecnologias e eficiência energética e educação de uso.

O trabalho de Leandro Forti (AES Sul), sobre

“Inovação no sistema de contenção de equipamentos com óleo”, foi o grande vencedor. Na sessão pôster, Juliano Garcia Campos (CPFL Paulista) foi premiado com a melhor exposição abordando o tema “Sistema de ar-condicionado com termo acumulação na ponta – Case CTI Eficiência Energética”.


Painel de produtos

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Novidades em produtos e serviços voltados para o setor de instalações de baixa, média e alta tensões.

Painéis elétricos TTA/PTTA

Eletrocalhas aramadas

www.vrpaineis.com.br

www.valemam.com.br

A VR Painéis destaca os seus painéis elétricos de baixa e de média

A Valemam apresenta sua nova linha de eletrocalha aramada chamada

tensão e de automação com certificação TTA/PTTA (totalmente e parcialmente

de Sharkbone. Com aberturas laterais desenvolvidas para facilitar o

testados, respectivamente, de acordo com a norma ABNT NBR IEC 60439-1).

aterramento de toda a instalação da eletrocalha aramada, o conceito

Em especial, a VR Painéis apresenta as suas soluções em cubículos de 24 kV e

“Sharkbone” possibilita todas as articulações necessárias para a distribuição

36 kV, fabricadas sob licença da Sarel Itália.

de cabos de dados e de elétrica em escritórios, data centers, ambientes de

telecomunicação, indústrias e petroquímicas.

Os cubículos apresentam capacidade de curto-circuito de 20 kA/1s

e corrente de pico de 40 kA/ 50 kA. Com grau de proteção IP 2X / 3X, os

produtos contam com as seguintes características técnicas: corrente nominal

específico a não ser uma chave allen e um arco de serra para sua modelação.

para arco interno de 16 kA/1 s, corrente do barramento principal de 1.000 A e

Basta dobrar o aramado no sentido desejado e fixá-lo no local por meio de perfis

frequência nominal de 50 Hz/60 Hz.

19 x 38 com vergalhões (aéreo) ou parafusos e buchas (piso elevado).

De acordo com a empresa, a linha Sharkbone não necessita de ferramental

A linha Sharkbone, conforme explica a Valemam, foi desenhada

inspirando-se na espinha de um peixe. Todo o passo a passo para a instalação da eletrocalha pode ser encontrado no site Os cubículos blindados são certificados em conformidade com a norma ABNT NBR 62271:2000.

da empresa: www.valemam.com.br. O formato da eletrocalha Sharkbone permite que ela se equilibre sem auxílio de acessórios.

Interface Homem Máquina

Projetor em Led

www.dakol.com.br

www.wetzel.com.br

A Dakol está lançando as Interfaces Homem Máquina (IHMs) da linha

A nova linha de iluminação de alto desempenho da Wetzel é composta por

eTOP500G, próprias para operação em ambientes externos e sob as

projetores e balizadores com Leds. As luminárias, segundo a empresa, são

mais severas condições. De acordo com a empresa, as IHMs apresentam

opções sustentáveis que proporcionam maior economia de energia e longa vida

certificações DNV, ATEX Zone 2/22, UL Class I Div 2, proteção IP 69K e operam

útil em comparação a sistemas convencionais.

em temperaturas de -20 °C a +60 °C.

temperado, aletas dissipadoras de calor na parte posterior e driver acoplado (IP 67).

Os modelos de lançamento possuem duas entradas ethernet, duas

Uma das novidades é o projetor M01, que apresenta visor em policarbonato ou vidro

entradas USB, entrada para cartão SD e operam com o software JMobile.

Com fixação por meio de parafusos pelo suporte, o projetor é indicado para iluminação de

Estão disponíveis com display de vidro robusto de 7” e 15", de alto brilho

fachadas, de exposições, estacionamentos, campos esportivos, entre outras aplicações.

(400 Cd/m2 e 1.500 Cd/m²) e alta resolução, com backlight de Led totalmente

dimerizável, oferecendo boa nitidez.

apresenta grau de proteção IP 65, baixo custo de manutenção e cinco anos de garantia.

Os produtos são projetados para serem utilizados em ambientes adversos

Já o projetor de embutir, indicado para aplicações em postos de combustível, Por fim, a luminária balizadora é encontrada com visor em policarbonato

e ao ar livre, e sua superfície de vidro passa por um tratamento de “bonding”

nas cores amarela, azul, branca, verde e vermelha. Com elevada resistência a

(fusão com o display) e anti-reflexo que conferem uma boa performance ótica.

impactos, o produto conta com quatro entradas para eletrodutos com rosca BSB 3/4, grau de proteção IP 65, sendo indicado para aplicações em áreas de circulação, jardins, parques, estacionamentos, etc.

Como diferencial, visando eliminar ativações falsas, o display de vidro extremamente durável exige o toque humano, mostrando-se altamente confiável e resistente.

Os produtos proporcionam redução de até 70% do consumo de energia em comparação às lâmpadas convencionais.



Painel de normas

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Notícias sobre normalização, regulamentação, certificação e padronização envolvendo o setor elétrico brasileiro.

Aneel aprova resolução que trata dos leilões de ajuste para compra de energia elétrica Em reunião realizada no dia 16 de dezembro, agência também aprovou a Resolução Conjunta Aneel/Anatel, que dispõe sobre o compartilhamento de postes entre distribuidoras de energia elétrica e prestadoras de serviços de telecomunicações

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou em reunião pública realizada no dia 16 de dezembro a alteração da Resolução Normativa Nº

411, de 2010, que trata dos leilões de ajuste para compra de energia elétrica. Conforme a decisão, os leilões poderão ser realizados após autorização da agência e o preço inicial de cada produto corresponderá ao valor mínimo do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) vigente no ano de realização do cer tame.

Foi decidido também que o montante anual de energia contratado em leilões de ajuste por distribuidores não poderá exceder a 5% da respectiva

carga total contratada, definida pelo montante total de contratos registrados na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) no ano anterior ao que o leilão for efetuado.

O leilão de ajuste contará com dois produtos: contratos de suprimentos de três meses e contratos de seis meses, ambos com início de suprimento

no primeiro dia do próximo ano. O cer tame está previsto para acontecer em 15 de janeiro e a CCEE poderá, excepcionalmente, publicar o edital em prazo inferior a 30 dias.

Compartilhamento de postes

A reunião pública realizada no dia 16 de dezembro também aprovou a Resolução Conjunta Aneel/Anatel, que dispõe sobre o compar tilhamento de

postes entre distribuidoras de energia elétrica e prestadoras de serviços de telecomunicações. O texto do regulamento conjunto entre as duas agências reguladoras já havia sido aprovado dias antes pelo Conselho Diretor da Anatel.

A resolução conjunta estipulou o valor de R$ 3,19 como preço de referência do ponto de fixação para o compar tilhamento de postes a ser utilizado

nos processos de resolução de conflitos entre distribuidoras de energia elétrica e prestadores de serviços de telecomunicações, tendo como referência a data de publicação do regulamento.

A Aneel e a Anatel esperam com esta norma reduzir as barreiras de acesso aos pontos de fixação dos postes para as prestadoras de serviços de

telecomunicações, favorecendo a competição neste mercado. As agências reguladoras acreditam também poder combater, com esta medida, a ocupação desordenada dos postes, que representa riscos à segurança da população e compromete os níveis de qualidade e a continuidade dos serviços prestados pelas distribuidoras de energia elétrica.


O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

17

Ministério de Meio Ambiente lança chamada púbica para analisar consumo de prédios públicos Chamada ficará aberta até o dia 27 de fevereiro e convoca instituições públicas para enviar dados de consumo energético dos edifícios que ocupam. Informações são confidenciais e serão usadas para identificar padrão de consumo

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou chamada pública para analisar o consumo de energia em prédios das administrações federal, estaduais e municipais. Aberta até o dia 27 de fevereiro de 2015, a medida convoca as instituições públicas para enviar dados de consumo energético dos edifícios que ocupam. As informações enviadas são confidenciais e serão usadas para identificar o padrão de consumo das edificações públicas. Além disso, a chamada tem o objetivo de medir o quanto o investimento em eficiência poderá contribuir para a redução das emissões de gases de efeito estuda pelo setor. Conforme o ministério, a meta é receber dados de 300 edifícios. Serão selecionados 20 prédios com baixo desempenho energético e cujas instituições apresentem compromisso com a implementação de medidas de conservação de energia a fim de serem auditadas detalhadamente. Os edifícios escolhidos terão instalados medidores trifásicos de sinal remoto para emitir informações precisas de consumo energético. Os técnicos que atuam nesse prédio receberão também capacitação em gestão e uso dos aparelhos. O objetivo da ação é contribuir com a economia de até 4 milhões de MWh de eletricidade nos próximos 20 anos, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 2 milhões de toneladas de carbono equivalente (tCO2eq). Para participar da chamada, as instituições devem preencher o formulário e enviá-lo para o e-mail pnudlicitacoes@undp.org. São necessárias as seguintes informações: contas de energia dos últimos 12 meses, área útil do edifício, número de ocupantes e dados de contato, como e-mail e telefone da pessoa responsável dentro da instituição. A chamada pública faz parte do projeto Transformação do Mercado de Eficiência Energética no Brasil, executado pelo MMA em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês).


Painel de normas

18

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

ABNT publica 11 normas para setor elétrico

Instalações elétricas em unidades

Isoladores poliméricos para uso interno

Isoladores poliméricos para alta tensão

marítimas

e externo

para uso externo e interno

A ABNT NBR 15643:2014, intitulada

Sob o título de “Isoladores poliméricos para alta

(ABNT) publicou no dia 18 de dezembro a

“Isoladores poliméricos para uso interno e

tensão para uso externo e interno – Ensaio de

ABNT NBR 61896-6: 2016. Trata-se da sexta

externo com tensão nominal acima de 1000

trilhamento e erosão, pelo método da roda de

par te da norma intitulada “Unidades marítimas

V – Ensaios de projeto”, foi publicada no último

trilhamento e pelo ensaio de 5000 h”, a norma

fixas e móveis - Instalações elétricas” e contém

dia 10 de dezembro. O documento é aplicável

ABNT NBR 16326:2014 foi publicada no dia 1º de

disposições relativas às instalações elétricas em

aos isoladores poliméricos cujo corpo isolante

dezembro. O documento é aplicável a isoladores

unidades oceânicas fixas e móveis, utilizadas na

consiste em um ou vários materiais orgânicos

poliméricos cujo corpo isolante consiste em um ou

indústria oceânica de petróleo, com a finalidade

e diz respeito tanto ao isolador polimérico com

vários materiais orgânicos, incluindo isoladores

de perfuração, produção, processamento

núcleo sólido quanto ao isolador polimérico oco.

com núcleo sólido e isoladores ocos. Estes

A Associação Brasileira de Normas Técnicas

e armazenamento, incluindo oleodutos e

equipamentos são empregados em linhas aéreas e

gasodutos, estações de bombeamento,

Isolador polimérico tipo pino para

em equipamentos para uso interno e externo, com

estações de lançamento ou recebimento de

redes com cabos cobertos fixados em

uma tensão nominal superior a 1000 V.

pigs, estações de compressão e monoboias de

espaçadores

ancoragem.

A ABNT publicou nos dias 2 e 3 de dezembro

Isoladores compostos

as partes 2 e 1, respectivamente, da norma ABNT

Divulgada pela ABNT no dia 21 de novembro, a ABNT

Isoladores para alta-tensão para uso

NBR 16327: 2014, que se refere ao isolador

NBR 16323:2014 apresenta uma análise do risco

sob condições de poluição

polimérico para redes com cabos cobertos fixados

representado pelos fatores que influenciam a formação

em espaçadores para tensões acima de 1000 V.

de uma fratura frágil em isoladores compostos, que na

par tes da norma ABNT IEC/TS: 2014, que é

A parte 2 estabelece os valores numéricos das

maior parte dos casos operam carregados no modo de

uma especificação técnica aplicável à seleção de

características elétricas e mecânicas dos isoladores

tração (isoladores de suspensão e de ancoragem). O

isoladores para sistemas de corrente alternada

poliméricos tipo pino e indica as dimensões

documento fornece ainda diretrizes para reduzir o risco

e à determinação de suas dimensões principais

necessárias para a sua intercambiabilidade. Já parte

de fratura frágil quando em serviço.

para serem usadas em sistemas de alta tensão

1 institui as características elétricas e mecânicas de

sob condições de poluição. Publicada no dia

isoladores poliméricos tipo pino e os métodos de

Atmosferas explosivas

1º de dezembro de 2014, a par te 2 refere-se

ensaio para verificar estas características.

Também publicada no dia 21 de novembro, a parte

No mês de dezembro foram publicadas três

especificamente a isoladores de porcelana e

29-4 da norma ABNT NBR IEC 60079:2014, sobre

de vidro para sistemas de corrente alternada.

Fios e cabos elétricos

atmosferas explosivas especifica os requisitos de

Publicada no dia 15 de dezembro, a par te 1

Publicada no dia 1º de dezembro, a ABNT NBR

desempenho de um equipamento para detecção e

traz as definições e os princípios gerais. Já a

10301:2014 estabelece um método de ensaio

medição de gases ou vapores inflamáveis em ar,

par te 3, publicada no dia 16 de dezembro, trata

e os requisitos de resistência ao fogo para fios

por meio da medição da absorção espectral em um

de isoladores poliméricos para sistemas de

e cabos elétricos, que sejam classificados como

caminho ótico extenso, variando tipicamente de um

corrente alternada.

resistentes ao fogo.

metro até alguns quilômetros.



Painel de empresas

20

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Um giro pelas empresas que compõem o setor elétrico brasileiro.

Grupo Legrand inaugura showroom especializado em soluções para data centers Showroom integrou em um único ambiente diversos produtos do portfólio do Grupo Legrand, tais como equipamentos da área de gerenciamento de cabos (eletrocalhas), nobreaks e racks

O Grupo Legrand inaugurou um showroom

especializado em soluções para data centers no prédio da SMS, marca da companhia, situada em Diadema (SP). Durante o evento de inauguração, foram lançados dois produtos: os nobreaks trifásicos Keor HP e Keor T.

Além dos lançamentos, os par ticipantes

puderam conferir diversos outros produtos do Grupo Legrand, tais como: a linha de nobreaks de 1 kVA a 800 kVA; e o por tfólio de produtos de pequeno por te, formado pelos estabilizadores com potência que vão de 300 VA a 2000 VA, pelo módulo isolador de 500 VA e os nobreaks line interativos com potências de 600 VA até 3200 VA.

Segundo a gerente de comunicação da SMS,

Gisela Magni, com o objetivo de demonstrar aos clientes, parceiros e profissionais da área toda a solução para data centers, o showroom integrou

Showroom está localizado no prédio da SMS, marca do Grupo Legrand.

em um único ambiente diversos produtos do por tfólio do Grupo Legrand, tais como equipamentos da área de gerenciamento de cabos (eletrocalhas), nobreaks, racks, etc. Ainda conforme a gerente, o showroom atrairá pessoas do setor e clientes da marca, que poderão trocar experiências, enriquecendo a relação do Grupo com os profissionais deste segmento.



Painel de empresas

22

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

AES Eletropaulo investe R$ 80 milhões em aperfeiçoamento de serviço ao cliente Parte do montante foi dispendida na implantação de softwares para diagnóstico de falhas e sugerem melhores manobras na rede

A AES Eletropaulo investiu cerca de R$ 80

milhões em projetos do programa Inova, que tem o desafio de otimizar a produtividade dos serviços e contribuir com a qualidade do atendimento ao cliente. Um destes programas é a implantação dos softwares OMS (Outage Managment System), DMS (Distribuition Managment System) e MWM (Mobile Workforce Managment), que funcionam integrados e permitem diagnóstico de falhas, sugerem melhores manobras na rede e destacam até a equipe de campo adequada, por expertise e localização, para atender à ocorrência. Só nesta etapa foram investidos R$ 30 milhões.

De acordo com a AES Eletropaulo, durante todo o ano

de 2014, gradualmente, as informações dos 6,7 milhões de clientes foram inseridas neste novo sistema. Assim, na

A partir de dezembro, a AES Eletropaulo começou a atuar em parceria com o Centro Integrado de Comando e Controle.

atualidade, no momento de uma determinada ocorrência, já é possível localizar e enviar a equipe específica para aquele serviço, contribuindo para evitar o deslocamento de técnicos que não poderão resolver uma determinada ocorrência. Para facilitar a comunicação com o novo sistema, a concessionária também está substituindo os PDAs (computadores de mão) das equipes de campo por smartphones.

Em janeiro de 2015, a concessionária dará continuidade ao Inova investindo no call center e nas lojas a fim de agilizar seu atendimento. A distribuidora será a

primeira do país a contar com as novas versões dos softwares CRM e ERP, da SAP. Nesta próxima fase do programa serão investidos R$ 50 milhões, com o objetivo de diminuir em 10% o tempo médio de atendimento em seus canais de relacionamento.

Parceria com o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC)

A partir de dezembro, a AES Eletropaulo já começou a atuar em parceria com o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), iniciativa criada para a Copa do

Mundo com o objetivo de monitorar a cidade de São Paulo e que reúne em um só local as polícias Militar e Civil, a CET, a Defesa Civil, a CPTM, a Sptrans, a Sabesp, e o Metrô, além da própria Eletropaulo.

Fisicamente reunidas, as companhias integram as informações dos serviços prestados por elas, propiciando um controle mais eficiente sobre a cidade. A AES

Eletropaulo auxilia nesta empreitada, por exemplo, com informações vindas de seus radares do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, e de 11 estações meteorológicas espalhadas por sua área e concessão. Com as previsões realizadas pelos equipamentos das distribuidoras, as outas empresas presentes no CICC podem planejar a logística de suas equipes.

Cemig fecha contrato de R$ 700 milhões com a Holcim Acordo prevê o fornecimento de energia elétrica até 2022 para duas plantas da empresa do setor de cimento, concreto e agregados

A Companhia Energética de Minas Gerais assinou no início do mês de dezembro de 2014 um acordo com a Holcim, empresa que atua no setor de cimento,

concreto e agregados. O contrato de R$ 700 milhões prevê o fornecimento de energia elétrica até 2022 para o abastecimento das plantas da empresa nos municípios de Pedro Leopoldo e Barroso, localizados no Estado de Minas Gerais. Em volumes de energia crescentes, o montante distribuído pela Cemig chegará a superar o patamar de 55 MW médios.

De acordo com a Cemig, a Holcim atua na expansão da planta de Barroso desde 2012, com investimentos de cerca de R$ 1,4 bilhão e com obras previstas para

serem terminadas em setembro de 2015. A expectativa é de que a capacidade produtiva do empreendimento suba de 1, 3 milhões de toneladas para 3,6 milhões de toneladas de cimento por ano e que consumo de energia se eleve em aproximadamente 60% a partir de 2015.

Por meio dessa negociação, a Cemig garantirá energia para todas as unidades operacionais da Holcim instaladas em Minas Gerais até o prazo estipulado em

contrato, contribuindo para a expansão e ampliação de capacidade produtiva da empresa e, consequentemente, o aumento de sua competitividade no mercado.



Painel de empresas

24

CPFL entrega cerca de 22 mil equipamentos mais eficientes para seus clientes Medida faz parte do projeto CPFL na Comunidade, dentro do Programa de Eficiência Energética da empresa, e consumiu aproximadamente R$ 19 milhões em investimentos

Como parte do projeto CPFL na Comunidade, dentro do Programa

de Eficiência Energética, as distribuidoras do Grupo CPFL Energia entregaram, no ano de 2014, 22.950 novos equipamentos mais eficientes, entre geladeiras, chuveiros, lâmpadas Led e aquecedores solares, para os clientes de baixo poder aquisitivo em suas áreas de concessão no Estado de São Paulo. Esta medida consumiu aproximadamente R$ 19 milhões em investimentos distribuídos nos 306 municípios atendidos pelas concessionárias, conforme aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Com essas ações de eficiência energética, conseguiu-se economizar

10.076 MWh. Tal montante seria o bastante para fornecer energia elétrica a mais de 50 mil clientes residenciais, com consumo médio de 200 kWh mensais, durante um mês. Se se levar em conta só a área atendida pelas distribuidoras CPFL Paulista e CPFL Piratininga (261 cidades) evitou-se a emissão de mais de 10 mil toneladas de CO2.

De acordo com o gerente de Eficiência Energética da CPFL Energia,

Luiz Carlos Lopes Júnior, além da entrega de equipamentos mais eficientes, com o objetivo de promover o consumo consciente, a empresa realiza ainda eventos nos municípios, com atividades educativas para a população. “Assim, ampliamos nosso relacionamento com as comunidades, conscientizando que a energia elétrica é essencial ao bem-estar das pessoas e ao desenvolvimento da sociedade”, destaca.

Desenvolvido desde 1999, o Programa de Eficiência Energética da CPFL

promove o combate ao desperdício, ampliando a reflexão de que utilizar a eletricidade de forma sustentável é vital para o futuro da humanidade. Os recursos do programa provêm do valor arrecadado nas contas de energia elétrica. Esse dinheiro volta para a sociedade através de projetos que buscam conscientizar a população sobre o consumo racional de energia elétrica.


Apoio

25

CONJUNTOS DE MANOBRA E CONTROLE DE POTÊNCIA Luiz Felipe Costa

26

Capitulo XII – Conjuntos de manobra e controle resistentes aos efeitos de um arco interno – Descritivo

• Ensaios de verificação de desempenho em condições de arco devido à falha interna • Classificação de um CMCP de BT quanto ao evento de um arco interno • Conclusões

INSPEÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Marcus Possi

34

Capítulo XII – Formas de ação e de cobrança e resultados esperados

• Formas de ação • Profissionais em ação • Mercado em ação • Forma de cobrança • Os resultados mais que esperados

MANUTENÇÃO DE TRANSFORMADORES Marcelo Paulino

38

Capítulo XII – Uso de monitoramento on-line de transformadores para avaliação da condição do ativo

• Estrutura básica de um sistema de monitoramento • Subsistemas e partes componentes monitorados • Protocolos de comunicação

ATERRAMENTO DO NEUTRO Paulo Fernandes Costa Capítulo VI – Transformadores de aterramento – Parte II

• Funcionamento do transformador de aterramento em “zigue-zague” • Determinação da reatância de sequência zero do transformador de aterramento • Exemplo de dimensionamento de transformador de aterramento • Soluções

46

Fascículos

• Introdução


Conjuntos de manobra e controle de potência

Apoio

26

Capítulo XII Conjuntos de manobra e controle resistentes aos efeitos de um arco interno - Descritivo Por Luiz Felipe Costa*

Em continuidade ao tema abordado nos dois

Na segunda edição do documento da IEC

capítulos anteriores, este trabalho tratará, a

não existia nenhuma diferenciação quanto ao

seguir, do descritivo técnico e, posteriormente,

tipo de acessibilidade de pessoas, visto que,

apresentará uma conclusão sobre o assunto.

por definição, os conjuntos de manobra e

controle de potência (CMCP) de baixa tensão

O relatório técnico IEEE Std C37.20.7 traz os

seguintes objetivos e características:

(BT) não preveem a operação ou, a princípio, a

• Orientar a forma de ensaiar um conjunto de

aproximação

de

pessoal

que

não

seja

autorizado. Porém, na terceira edição, apesar de

manobra e controle de baixa tensão (BT) nas

ter sido mantido que este ensaio se aplica para

condições de arco elétrico, que ocorra no ar,

CMCP definido pela IEC 61439-2 (equipamentos

dentro dele mesmo, devido a uma falha interna;

previstos para operação por pessoas advertidas

• Avaliar a capacidade deste equipamento em

e/ou

limitar os riscos de ferimentos a seres humanos,

acessibilidade restrita, a possibilidade de o local

danos ao próprio conjunto e continuidade de

de instalação do conjunto ter, também, acesso

operação após a ocorrência de arco elétrico

não restrito, ou seja, acessível a pessoas comuns

devido a uma falha interna;

– inadvertidas (classificação BA1 da tabela 18 da

• Aplicável, a princípio, aos conjuntos de

norma ABNT NBR 5410).

potência fabricados e montados conforme a IEC

61439-2;

de pedaço de pano de algodão preto, com uma

• O desempenho do conjunto diante dos efeitos

densidade de aproximadamente 150 g/m2 para

de um arco interno só é garantido para condições

condição de pessoal autorizado, foi incluída,

em que portas e tampas estejam devidamente

também, a densidade de 40 g/m2. Eles devem

fechadas e travadas. Ou seja, não se aplica para

ser montados de modo que os cortes de suas

as situações de intervenções e/ou manobras

bordas não apontem para o objeto sob ensaio.

qualificadas),

foi

incluída,

além

da

Assim, além dos indicadores de queima feitos

que demandem abertura de qualquer cobertura

Os indicadores verticais lembram uma “caixa”,

(tampa ou porta).

pois possuem uma armação de aço em todo seu


Apoio

27

entorno, de modo a evitar que um indicador vertical possa

do indicador vertical de queima para verificação dos efeitos

inflamar os outros próximos. A Figura 1 mostra o modelo

térmicos dos gases quentes liberados durante o ensaio.

No entanto, em qualquer tipo de acessibilidade (restrita

ou não), a distância a ser adotada para o posicionamento dos indicadores verticais (não existe a exigência de uso de indicadores horizontais) para a verificação dos efeitos térmicos dos gases, em relação ao conjunto de manobra, foi mantida em 300 mm (+/- 30 mm) até uma altura máxima de dois metros (+/- 50 mm). Figura 1 – Dispositivo de aterramento rápido para redução dos efeitos devido a um arco interno em um CMCP de BT.

Os indicadores devem ser, preferencialmente, dispostos

em uma configuração similar à de um tabuleiro de xadrez, de

Figura 2 – Sequência de operação do dispositivo de aterramento rápido para redução dos efeitos de um arco interno.


Conjuntos de manobra e controle de potência

Apoio

28

30

30

Em cada posição o arco será iniciado por um fio

metálico conectado entre todas as fases. O relatório técnico, descrito na IEC TR 61641, define o diâmetro do fio conforme o arranjo de ensaio. Na sua tabela 1, reproduzida na Tabela 1 a seguir, fornece o diâmetro do fio em função da corrente eficaz presumida de curto-circuito para condições sem dispositivo limitador de corrente. Quando

150

existir dispositivo limitador (teste com corrente condicional de curto-circuito), a IEC pede para escolher o fio em função da corrente de corte (valor de crista da corrente passante), conforme a tabela 2 da mesma IEC, reproduzida também na 150

Tabela 2 deste trabalho. O fio para início do arco deve ser colocado dentro do compartimento a ser ensaiado em um Dimensões em mm

Figura 3 – Indicador para verificação dos efeitos térmicos dos gases, conforme a IEC/TR 61641.

modo a cobrir de 40% a 50% da área associada à superfície

ponto acessível e de modo que os efeitos do arco resultante sejam capazes de produzir a máxima solicitação. Tabela 1 – Seção do fio de cobre usado no ensaio de verificação de CMCP de BT sem dispositivo limitador de corrente

arco interno em

sob ensaio. Porém, nos casos em que, com certeza, não há possibilidade de escape de gases quentes de uma parte da superfície de um conjunto, os indicadores não precisam ser montados nesta região. Essa montagem deve ser feita em estruturas com uma extensão prolongada em pelo menos 300 mm, de modo a se considerar a possibilidade de escape

Corrente presumida de ensaio kA (valor Eficaz)

Seção do fio

I ≤ 25

0,75

25 < I ≤ 40

1,0

I > 40

1,5

mm2

de gases quentes a 45º a partir do conjunto. A Figura 4 Tabela 2 – Seção do fio de cobre usado no ensaio de verificação de CMCP de BT com dispositivo limitador de corrente

mostra o arranjo dos indicadores para a realização de um ensaio.

arco interno em

Corrente passante

Seção do fio

kA (valor de crista)

mm2

I ≤ 10

0,2

10 < I ≤ 30

0,5

30 < I ≤ 50

0,8

50 < I ≤ 70

0,9

70 < I ≤ 90

1,1

Para um conjunto de manobra e controle de BT, as seis

posições básicas a serem ensaiadas para a condição de um arco interno, se aplicável, seriam conforme a IEC TR 61641 e indicados na Figura 5: 1. Lado de alimentação de uma unidade funcional de entrada; 2. Lado de carga de uma unidade funcional de entrada; 3. Barramento principal; 4. Barramento de distribuição; Figura 4 – Arranjo dos indicadores verticais para verificação dos efeitos térmicos dos gases.

5. Lado de alimentação de uma unidade funcional de saída; 6. Lado de carga de uma unidade funcional de saída.


Apoio

29


Conjuntos de manobra e controle de potência

Apoio

30

I - Abertura dos dispositivos de alívio de pressão (“flaps”).

Figura 5 – Posições a serem verificadas quanto à possibilidade de um arco interno.

Para o arranjo de ensaio de conjuntos de manobra e

controle de BT, não existe, dentro da IEC, a obrigação de

II - Continuação do processo de redução da pressão interna pela emissão de gases.

simulação da sala onde ele será instalado.

Os ensaios de verificação de desempenho em condições

de arco devido à falha interna devem ser feitas na tensão de operação nominal (Ue). O fabricante pode escolher entre três valores de corrente de curto-circuito para o ensaio de verificação do CMCP sob condições de arco: a de arco autoextinguível (Ips_arc), a permitida para condições de arco (Ip_arc ) e a condicional (Ipc_arc). O valor a ser declarado pelo fabricante para qualquer uma das correntes anteriores pode ser menor do que o valor nominal da corrente suportável de curta duração (Icw).

O fio de ignição do arco deve ser conectado entre as

partes vivas acessíveis, conforme a distância mais curta

III - Fase térmica (duração total do ensaio igual a 300 milissegundos).

possível. Sendo que a isolação sólida aplicada sobre os condutores não pode ser destruída, removida ou perfurada, ou seja: não se pode iniciar uma falha em uma zona

Figura 6 – Ensaio de arco interno em um CMCP de BT.

protegida contra ignição de arco.

A Figura 6 mostra alguns momentos de um ensaio de

conjunto de manobra e controle de BT pode apresentar

verificação de suportabilidade a um arco interno no lado de

zonas ensaiadas para os efeitos de uma falha interna ou

alimentação de uma unidade funcional de entrada de um

zonas livres de ignição de um arco. Uma zona ensaiada

CMCP de BT.

para condições de arco (“Arc Tested Zone”, antiga “Arc

A IEC, segundo a IEC TR 61641, entende que um


Apoio

31

Proof Zone”) é caracterizada como a parte de um circuito de um conjunto em que se pode aplicar um fio de ignição e se atender aos critérios de avaliação de desempenho no caso de falha. A zona protegida contra ignição de arco (“Arc Ignition Protected Zone”, antiga “Arc Free Zone”) é a região do CMC em que não é possível aplicar um fio de ignição de arco nos circuitos de potência sem a destruição do material isolante sobre os condutores. Esta condição se aplica, por exemplo, para barramentos cujas barras são separadas por barreiras isolantes ou isoladas em material epóxi ou com outro tipo de cobertura isolante sólida (por exemplo: material termocontrátil).

Na Figura 7 são apresentadas duas possibilidades

construtivas para o lado dos barramentos de uma unidade funcional quanto a abordagem relativa à ocorrência de um arco interno. Como a primeira imagem mostra barras nuas, seria necessário ensaio para verificação se são atendidos os requisitos para considerar esta zona como ensaiada para falha interna. Na segunda imagem se tem, para a mesma zona, barras com cobertura isolante sólida; o que nos permite considerar como zona livre de ignição de arco.

a) Ensaiada

b) Protegida

Figura 7 – Possibilidades de zonas relativas à ocorrência de um arco interno no lado dos barramentos de uma unidade funcional.


Conjuntos de manobra e controle de potência

Apoio

32

As barreiras isolantes devem garantir um grau de

proteção IP3XD, enquanto a isolação sólida deve ter um

[1] No caso de proteção só de pessoas (Classe A):

grau IP4X.

1. Não ocorrer abertura de portas, tampas ou coberturas

(deve ser mantido, pelo menos, o grau de proteção

Uma cobertura isolante para ser considerada sólida,

segundo a IEC TR 61641, precisa ter características de

IP1X);

só poder ser removida com o uso de ferramentas ou pela

2. Não ocorrer arremesso para além dos indicadores de

sua destruição. Ela deve, também, atender aos requisitos

partes que possam causar perigo (as de massa maior que

elétricos, térmicos e mecânicos definidos na norma IEC

60 g);

61439-2. Além disso, é necessário que estes isolantes

3. Não ocorrer perfurações nas paredes de livre acesso;

possam suportar uma tensão de 1,5 vezes o valor de ensaio

4. Não ocorrer queima dos indicadores verticais;

dielétrico associado à tensão nominal de isolamento (Ui) do

5. Manutenção da eficiência do circuito de proteção

conjunto, quando aplicada diretamente sobre a superfície

(aterramento) das partes acessíveis.

do isolante em relação ao condutor associado coberto.

[2] Proteção de pessoas e do CMCP (Classe B). Além

dos cinco critérios para proteção de pessoas, deve ser

No caso de uso de coberturas isolantes sobre os

barramentos condutores, é crítico lembrar que a adição

atendido, também:

de materiais isolantes sobre as barras pode, dependendo

1. Existir o confinamento do arco na “área definida” pelo

do tipo de material e da sua aplicação, vir a afetar a sua

fabricante, associada ao compartimento a ser ensaiado.

capacidade de condução de corrente. Logo, é importante

[2] Proteção de pessoas e do CMCP, com possibilidade

que o usuário defina exatamente quais os requisitos de

de operação limitada posterior (Classe C). Além dos

desempenho esperados quando da especificação de barras

seis critérios listados anteriormente, deve ser atendida,

isoladas para uso em conjuntos de manobra e controle.

também, a seguinte condição:

Cabe ao fabricante demonstrar que o uso destes materiais

7. Permitir a operação de emergência do CMCP onde

isolantes está em conformidade com as normas IEC 61439-1

não ocorreu o arco. Após a interrupção da falta e

e IEC 61439-2.

isolamento ou desmontagem das unidades funcionais da

área atingida, conforme definição do fabricante, deve

A classificação, segundo a IEC TR 61641, de um CMCP

de BT, quanto ao evento de um arco interno, é:

ser possível o uso do restante do conjunto, desde que o menor grau de proteção seja IPXXB e que o CMCP

1. Classe de arco A: o conjunto provê proteção só de pessoas

suporte um ensaio de tensão aplicada igual a 1,5x a sua

por meio de zonas ensaiadas que atendam aos critérios 1 a

tensão operacional (Ue) por 1 minuto.

5 e/ou uso de zonas protegidas de ignição; 2. Classe de arco B: o conjunto provê proteção de pessoas

e do CMCP por meio de zonas ensaiadas que atendam aos

da ocorrência de um arco interno, segundo a IEC TR 61641,

critérios 1 a 6 e/ou uso de zonas protegidas de ignição;

pode ser enquadrado em quatro classes; aplicando-se

3. Classe de arco C: o conjunto provê proteção de pessoas

zonas consideradas como, segundo as suas características,

e do CMCP, além de permitir a operação limitada dele,

ensaiadas para a condição de arco ou livres de ignição.

Assim, um CMCP de BT, analisado a partir da perspectiva

após a falha, por meio de zonas ensaiadas que atendam às

Conclusões

condições 1 a 7 e/ou uso de zonas protegidas de ignição; 4. Classe de arco I: o conjunto provê o risco reduzido de

Não é obrigatório o uso de conjuntos de manobra e

ocorrência de falhas por meio, somente, do uso de zonas

controle de potência em média ou baixa tensão que possuam

protegidas contra a ignição de arco.

características de desempenho diante do fenômeno de arco interno. Porém, apesar de muito remota, a chance de

Os critérios para atender aos requisitos para cada uma

das três primeiras situações mencionadas acima são:

ocorrer tal falha pode existir. Assim, deve existir, por parte do usuário, uma avaliação dos riscos presentes para decidir,


Apoio

33

então, se precisa ou não requerer este tipo de equipamento.

• IEC 61439-1: Low-voltage switchgear and controlgear

A análise deve seguir as orientações presentes na literatura

assemblies – Part 1: General rules; Edition 2.0. International

técnica disponível, como os mencionados nas referências

Electrotechnical Commission, 2011.

bibliográficas.

• IEC 61439-2: Low-voltage switchgear and controlgear

Como a maioria dos conjuntos preparados para condição

assemblies – Part 2: Power switchgear and controlgear

de arco interno, com poucas exceções, não levam em conta

assemblies; Edition 2.0. International Electrotechnical

atividades de intervenção e manutenção por parte dos

Commission, 2011.

usuários, é preciso, sempre, complementar os requisitos de

• IEEE Std C37.20.7: IEEE Guide for Testing Metal-Enclosed

segurança, a fim de garantir a integridade do ser humano.

Switchgear Rated Up to 38 kV for Internal Arcing Faults.

Institute of Electrical and Electronic Engineers; 2007.

Uma forma simples, mas que aumenta muito a segurança

nestes casos, é a instalação, sempre que possível, do

• IEC TR 61641: Enclosed low-voltage switchgear and

CMCP em lugares com acesso restrito a pessoal habilitado

controlgear assemblies – Guide for testing under conditions

ou qualificado. Esta abordagem simples, evitando a

of arcing due to internal fault; Edition 3.0. International

possibilidade de manuseio de equipamentos por pessoas

Electrotechnical Commission, 2014.

comuns, minimiza os riscos de operações incorretas ou

• IEC 62271-4: High-voltage switchgear and controlgear –

indevidas.

Part 4: Handling procedures for sulphur hexafluoride (SF¨)

and its mixtures; Edition 1.0. International Electrotechnical

E, finalmente, ter em mente a importância de seguir as

diretrizes de projeto, instalação, operação e manutenção

Commission, 2013.

definidas para estes equipamentos pelas normas técnicas

• IEC 60529: Degrees of protection provided by enclosures

aplicáveis, instruções dos fabricantes, programas de

(IP Code); Edition 2.2. International Electrotechnical

segurança e literatura técnica aplicável.

Commission, 2013.

Referências • IEC 62271-200: High-voltage switchgear and controlgear – Part 200: AC metal-enclosed switchgear and controlgear for rated voltages above 1 kV and up to and including 52 kV; Edition 2.0. International Electrotechnical Commission, 2011.

*Luiz Felipe Costa é especialista sênior da Eaton. É formado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia da UFRJ e pós-graduado em Proteção de Sistemas Elétricos pela Universidade Federal de Itajubá. FIM Acesse este e outros capítulos do fascículo “Conjuntos de manobra e controle de potência”, em formato PDF, no site www.osetoreletrico.com.br. Dúvidas e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br


Inspeção de instalações elétricas

Apoio

34

Capítulo XII Formas de ação e de cobrança e resultados esperados Por Marcus Possi*

Encerramos esta série de artigos com uma

públicos e pelo fato de os profissionais cada vez mais

abordagem dessa nova prática de inspeção, fechando

demandarem de regras e padrões.

o entendimento de como o profissional e o mercado,

dentro de seus tempos, estão para chegar aos resultados

formal, ou a entrega de padrões e modelos de laudos,

necessários.

mas a maturidade chega nesse segmento de forma livre

Muito se discutiu em retardar o início da cobrança

e bem lenta. Não houve concessões de datas de início

Forma de ação

de vigência, assim como o próprio mercado entendeu

Profissionais em ação

que os modelos e padrões não podem ser criados

Tem-se discutido muito a forma de abordagem,

em uma miríade de tipos, classes e usos dos prédios

trabalho e comportamento dos profissionais nessa ação

existentes na cidade.

de vistoria predial. Estes artigos deram muita ênfase à

nossa engenharia elétrica, como previsto, mas, sendo

cenário de 12% dos prédios oficiais registrados

uma questão multidisciplinar, não se pode deixar

com anotação de “vistoriados”, ainda que as

Na data de produção desse artigo, temos um

de comentar esse ponto aqui em apresentação. O

Anotações de Responsabilidade Técnicas (ARTs)

Conselho de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro,

dos profissionais não correspondam, mas também

assim como o Clube de Engenharia e o Sindicato dos

o cenário da multidisciplinaridade é apresentado de

Engenheiros do Rio de Janeiro, tem promovido intensos

forma desconexa e conjunta. A maioria das ARTs é

debates com os responsáveis de órgãos públicos e

produzida por engenheiros civis de forma isolada e

entre os próprios profissionais. O modelo de seminário

algumas por eletricistas de mesmo jeito e teor, mas o

praticado quase que mensalmente no ano de 2014 teve

preocupante ao Conselho é aquilo que é emitido por

a proposta de trazer as últimas informações do estado

profissionais que são da área ambiental, química ou

numérico das autovistoria declaradas, assim como os

outros de forma isolada. A ação que citamos no título

aperfeiçoamentos que foram detectados e desenvolvidos

tem a ver com essa multidisciplinaridade que não está

ao longo desses primeiros meses de vigência da lei.

sendo encontrada no processo de produção, levando a

Os profissionais que participaram desses eventos

oportunidade de qualidade e trabalho muitas vezes ao

recebem, então, propostas e resultados colhidos em

descrédito e nulidade.

campo dessas autovistorias. Os resultados se mostram

interessantes pelo “feedback” que todos dão aos órgãos

da formação de um entendimento em que os prédios,

A melhor proposta encontrada até o momento é


Apoio

35

por meio de sua associação, administrador ou síndico, contrate

de autovistoria” sairá automaticamente ao final de 12 meses.

um profissional de engenharia elétrica, civil, ou ainda arquitetura –

Resumo: As ações recomendadas não podem se limitar a apenas

dentro das suas atribuições, que seja capaz de entender o escopo do

emitir um documento para isentar a administração – cliente – de

trabalho necessário à manutenção dos prédios e sua conservação

novos riscos de multa. O tema requer uma multidisciplinaridade

periódica ou do dia a dia, preveja a autovistorias se necessário,

que só pode ser conseguida com maturidade e ética de conduta

e dimensione uma equipe adequada à produção de resultados

profissional. A qualidade se estabelece apenas onde há manutenção,

úteis. Uma vez que esse profissional se estabeleça no contexto de

planos de ações preventivos e registros formais de acompanhamento

apoio e assessoramento à manutenção preventiva ou corretiva dos

histórico. Há muito por trabalhar por conta do pouco que se fez

problemas do prédio, a declaração necessária (parecer técnico) se

nesse sentido: manutenção e registros. O laudo é o final do processo

transformará em laudo de autovistoria imediatamente.

e não o seu início, mas no caso em tela, já é algo a pensar.

Prédios comerciais de grande porte já possuem equipes de Mercado em ação

manutenção e apoios de empresas de manutenção, mas o conceito de responsabilidade aqui é maior. Há a necessidade de profissionais

dedicados, ainda que não em tempo integral ou na forma CLT, que

Prefeitura, vieram as dúvidas e a participação mais intensa no cenário

Com o advento dessa cobrança legal, quer pelo Estado, quer pela

respondam pelas condições do imóvel, ou atendam à demanda por

técnico dos administradores e seus representantes corporativos ou

procura e indicação de profissionais de competências reconhecidas

associações. Dessa forma mais oportunista do que oportuna, muitas

para atendimentos e registros. Registros são fundamentais e o

“empresas” que se propuseram a realizar esse serviço de autovistoria

conceito de “prontuário de instalações” se estende aqui às demais

apareceram e se tornaram “experts” nessa atividade, com tabelas de

disciplinas, não na forma de arquivo, mas de organismos vivos e

preços de venda que desafiaram as melhores mentes criativas desse

dinâmicos de fácil acesso e confiabilidade garantida.

século. A cobrança dos serviços por número de andares da edificação

Como clínicos gerais, esses engenheiros contratados devem

foi uma delas. A quantidade de laudos emitidos a partir de fotos externas

atuar como assessoria permanente na vigilância, assim esse “laudo

de fachadas foi imensa. Isso, porém, foi redimido e desmistificado


Inspeção de instalações elétricas

Apoio

36

pelos seminários e encontros citados, além de uma ação rigorosa dos conselhos de classe. Quatro cartilhas ou guias apareceram e, por vezes, identificadas como apoio a interesses mais direcionados do que deveriam e essas ajudam a entender o quanto se sabe, o quanto se deveria saber e o que ainda não se sabe desse assunto.

Com regras de inspeção mais claras da prefeitura, o mercado

agora aponta para áreas de interesse mais claras, como bairros e regiões escolhidas pela idade dos prédios ou áreas de grande concentração de pessoas e atividades cotidianas.

Resumo: O mercado, ainda que formado por profissionais,

precisa entender melhor o resultado custo-benefício; a seriedade do tema requer um rigor nos critérios, padrões, procedimentos e pesquisa do estado da arte dos organismos de regulação e padronizações que existem. A venda da qualidade se mantém interessante apenas onde o valor da manutenção e dos registros for evidente. O laudo é o final do processo e não o seu início, o contrato não pode se limitar a ele, mas levar a ele.

Forma de cobrança

Sem o entendimento do trabalho a ser realizado, sua

especificidade e quantidade, fica realmente muito difícil estimar os custos e partir para a composição de um valor a cobrar. Não falamos aqui de um serviço novo e original, criado recentemente pelas legislações citadas, mas um serviço que é natural da engenharia e do dia a dia de um perito judicial. Assim, esclarecido que não é algo totalmente novo na profissão, fica mais fácil juntar o conceito de formação de preço e os valores praticados na emissão de laudos, laudos periciais.

Instituições com o Sindicato dos Engenheiros, o Instituto

Brasileiro de Custos e até mesmo o Instituto de Engenharia levantam o valor da hora do profissional para apoio ao balizamento dos custos e consequente valor de venda, mas devemos ter o melhor entendimento da natureza do mercado e de sua imaturidade para a realidade brasileira. Isso posto, podemos entender que quanto mais preciso e claro for a composição de custos de uma proposta de serviços, sua definição de escopo e cronologia de ação, mais fácil será para o “comprador” entender como, quanto e por que pagar.

Os resultados, como repetido aqui várias vezes, não podem se

limitar ao laudo de autovistorias, deve levar ao administrador os resultados marginais. Esses resultados são melhoria da segurança operacional, maior conforto da habitação, redução de riscos, possibilidade de redução de valores a serem segurados, etc.

Os resultados mais que esperados

Compilando todos os dados dos artigos anteriores, as imagens a

seguir ilustram um exemplo de proposta de serviço e de resultados e têm o objetivo de abrir uma discussão crítica e técnica.

Figura 1 – Modelo de proposta de serviços. Para acessar a proposta completa, acesse este capítulo em www.osetoreletrico.com.br, na aba “Fascículos”.

*MARCUS POSSI é engenheiro eletricista, consultor e diretor da Ecthos Consultoria. FIM Acesse este e outros capítulos do fascículo “Inspeção de instalações elétricas”, em formato PDF, no site www.osetoreletrico.com.br. Dúvidas e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br


Apoio

37


Manutenção de transformadores

Apoio

38

Capítulo XII Uso de monitoramento on-line de transformadores para avaliação da condição do ativo Por Marcelo Paulino*

Diante das necessidades do sistema elétrico,

checagem regular das condições de operação desses

as atividades de manutenção tendem a migrar da

equipamentos torna-se cada vez mais importante.

manutenção preventiva para a manutenção preditiva, e

Torna-se imperativa a busca de procedimentos e

da manutenção baseada no tempo para a manutenção

ferramentas que possibilitem a obtenção de dados das

baseada no estado atual do equipamento. Neste contexto,

instalações de forma rápida e precisa.

as técnicas de monitoramento on-line têm sido adotadas

como a principal ferramenta para obter informações do

Manutenção para Transformadores de Potência, Cigré

sistema ou equipamento a ser mantido, sem colocar

Brasil, descreve:

O trabalho realizado pelo GT A2.05, Guia de

em risco a operação segura e a confiabilidade dos transformadores, permitindo o conhecimento de

“Este contexto tem levado a uma mudança nas

sua condição durante sua operação, além de poder

filosofias de manutenção, acelerando a migração

diagnosticar eventuais não conformidades.

da manutenção preventiva para a preditiva, da manutenção baseada no tempo para a baseada no

Introdução

real estado do equipamento. Alguns dos primeiros

Os prejuízos decorrentes de qualquer tipo de

equipamentos em que se opera essa mudança

interrupção de energia implicam na necessidade

são os transformadores de potência, visto que,

de implantação de processos capazes de avaliar de

além de essenciais para as redes de transmissão

forma eficaz a instalação e seus equipamentos. Esses

e distribuição, são em geral os maiores ativos de

programas devem utilizar novas técnicas e ferramentas

uma subestação.

capazes de detectar uma possível falha o quanto antes.

Os equipamentos elétricos instalados em subestações

sido adotados como uma das principais ferramentas

podem ser solicitados a operar sob condições adversas

para possibilitar essa mudança sem colocar em

e não se pode descartar a possibilidade de ocorrerem

risco a segurança e confiabilidade da operação dos

falhas que deixem indisponíveis a função de geração

transformadores, permitindo conhecer sua condição e

de energia elétrica aos quais pertencem. Assim, a

diagnosticando ou prognosticando eventuais problemas.”

Com isso, os sistemas de monitoração on-line têm


Apoio

39

Este texto descreve as principais características de um

sistema de monitoramento on-line de transformadores.

• Transmissão de dados – de acordo com a recepção dos dados enviados pelos medidores é realizado o envio desses dados para unidades de armazenamento. Esses dados ficarão à disposição

Estrutura básica de um sistema de monitoramento

podem ser utilizadas na transmissão de dados, inclusive os

Diversas estruturas e projetos têm sido projetados para

protocolos de comunicação. A transmissão dos dados pode ser

o monitoramento on-line contínuo de transformadores.

realizada por sistema dedicado, pelo sistema de supervisão da

O trabalho do GT A2.05, Guia de Manutenção para

subestação ou por um sistema híbrido incluindo os dois.

Transformadores de Potência, Cigré Brasil, descreve uma

• Armazenamento e processamento de dados – uma vez

topologia básica do sistema de monitoramento em que se

transmitidos os dados aquisitados no transformador, uma

dos usuários para a tomada de decisão. Várias tecnologias

podem observar as principais partes constituinte deste sistema.

unidade será responsável por armazenar esses dados. Essa

A Figura 1 mostra o descrito.

unidade poderá conter rotinas lógicas para processar esses

dados, transformando-os em informações úteis para a tomada

A seguir descrevemos as principais partes:

de decisão nas atividades de manutenção, envolvendo a • Medida das variáveis – uma vez determinadas as

gestão do ativo. Diagnósticos e prognósticos poderão estar

variáveis que responderam pela descrição da condição

disponíveis indicando a condição geral do equipamento ou a

do transformador, o sistema de monitoramento medirá

condição de subsistemas específicos.

essas variáveis a partir de sensores, medidores ou

• Disponibilidade das informações – As informações

transdutores, aplicados em cada variável, de acordo com

processadas estarão à disposição de diversos setores

sua especificidade. Esses elementos de medida, instalados

simultaneamente. Deverá ser previsto um sistema de dados

no transformador, disponibilizam a informação medida para

que mantenha a integridade das informações e a segurança

ser transmitida.

de acesso.


Manutenção de transformadores

Apoio

40

Figura 1 – Representação de uma típica topologia de um sistema de monitoramento on-line de transformadores. (Fonte: GT A2.05, Guia de Manutenção para Transformadores de Potência, Cigré Brasil).

Figura 2 – Estatística das causas para saída de serviço de transformadores de potência, transformadores de subestações (>100kV).

Subsistemas e partes componentes monitorados

Os transformadores são submetidos às mais diversas

solicitações durante sua vida útil. O tempo de interrupção do fornecimento de energia quando ocorrem problemas é resultado direto de sua gravidade. Deste modo, o conhecimento adequado de alguns sintomas, suas causas e efeitos são de suma importância, pois permite evitar a evolução de problemas indesejáveis com prejuízos financeiros elevados.

As principais avarias dizem respeito a deficiências dos

enrolamentos, sejam por má compactação das bobinas, sejam por assimetrias existentes entre primário e secundário ou deformação das bobinas causada por curto-circuito. São significativas, também, as solicitações térmicas e dielétricas, provocando a alteração das características elétricas e físico-químicas dos seus materiais isolantes. Isto implica no “envelhecimento” de parte ou de toda a isolação. Os estágios avançados do processo produzem sedimentos oriundos da oxidação, que, em última análise podem comprometer a operação do transformador.

A ocorrência de falhas no funcionamento de um transformador não

pode ser eliminada, mas sim reduzida a um número e a uma intensidade

Figura 3 – Estatística das causas para saída de serviço de transformadores de potência, transformadores elevadores (>100kV).

Conforme já descrito no capítulo 3 deste fascículo,

“Anormalidades em transformadores”, pode-se notar que a ocorrência de falhas dependerá de cada unidade, seu regime de operação e as características do ativo. A Figura 4 mostra, como exemplo, a análise do item mais suscetível a falhas. Nela pode-se notar, para este caso, que as bobinas são a maior fonte de problemas no transformador, com 70% das ocorrências, seguida de comutadores (16,3%) e buchas (10,9%).

que não causem danos ao sistema elétrico, através de equipamentos e métodos utilizados para seu controle. O bom funcionamento de um transformador depende de uma série de fatores, os quais podem ser resumidos na maneira pela qual é feita a manutenção e proteção do mesmo, e também na qualidade dos seus componentes.

A determinação de onde atuar no transformador implica

na determinação dos pontos críticos e suscetíveis a falhas. A elaboração da estatística de defeitos contribui para determinar a causa da indisponibilidade do transformador e, portanto, determinar os pontos de atuação, forçada ou programada, no transformador. A seguir são mostradas estatísticas das causas para saída de serviço de transformadores de potência publicado na revista Electra 261, abril de 2012.

Figura 4 – Componente afetado pelas falhas em transformadores.


Apoio

41

Essas estatísticas determinam o que deve ser monitorado

Tabela 1 – Partes componentes (subsistemas) do transformador e

no transformador. Uma vez com os dados do monitoramento,

(Ref.: GT A2.05, Guia de Manutenção para Transformadores de Potência, Cigré Brasil)

é realizado o diagnóstico para a definição da estratégia

funções a serem monitoradas

de manutenção a ser adotada e as ações futuras. Caberá

Subsistemas

Funções de monitoramento

à equipe técnica responsável a análise das informações

Buchas

Estado da isolação das buchas Envelhecimento da isolação

resultantes do monitoramento e definir a estratégia para a

Umidade na isolação sólida

gestão do ativo. Parte Ativa

Determinação das grandezas a serem monitoradas

Gás no óleo Previsão de temperaturas Previsibilidade Dinâmica de Carregamento

Assim que determinada a estatística de defeitos, a

Simulções de carregamento

aquisição de dados para o diagnóstico é realizada através da

Supervisão térmica

medida das grandezas associadas aos subsistemas apontados

Desgaste do contato

como deficientes e responsáveis pela indisponibilidade

Comutador Sob

Assinatura do mecanismo

de parte ou o todo do ativo monitorado. Como exemplo

Carga

Umidade no óleo Previsão de manutenção do comutador

da abordagem aos subsistemas do transformador e as grandezas a serem monitoradas, apresentamos os dados

Tanque de Óleo

Umidade no óleo

descritos no trabalho do GT A2.05 do CIGRE Brasil. Na

Sistema de

Integridade do sistema de

tabela 1 são mostradas as partes componentes (subsistemas)

preservação do óleo

preservação de óleo

do transformador e funções a serem monitoradas. Na tabela

Sistema de

Eficiência do sistema de resfriamento

resfriamento

Previsão de manutenção do

2 são mostradas as grandezas a serem monitoradas.

sistema de resfriamento


Apoio

Tabela 2 – Exemplos de grandezas a serem monitoradas (Ref.: GT A2.05, Guia de Manutenção para Transformadores de Potência, Cigré Brasil)

Manutenção de transformadores

42

Subsistemas

Grandezas monitoradas

Buchas

Capacitância ou Desvio relativo

junto ao subsistema monitorado, na estrutura do transformador e possui capacidade de processamento das informações e transmissão direta para a unidade de armazenamento e processamento de dados.

de capacitância

Utilização de dispositivos eletrônicos inteligentes

Tangente Delta Parte Ativa

Temperatura do óleo Temperatura dos enrolametos Corrente nos enrolametos Gás no óleo Teor de água no óleo (ppm)

Tanque de Óleo

Saturação relativa de água no óleo % Saturação relativa à temp. ambiente e de referência Ruptura da bolsa/menbrana do

Comutador Sob Carga

As características dos Sistemas de Automação de Subestação

(SAS), no qual os sistemas de monitoramento de equipamentos primários estão inclusos, têm evoluído sensivelmente com a utilização de dispositivos de proteção microprocessados. Esses dispositivos têm apresentado um caráter multifuncional relacionando, além das funções de proteção, muitas funções adicionais, tais como medida, registro de eventos, controle,

tanque de expansão

monitoração de qualidade de energia. Caracteriza-se uma

Temperatura do comutador

evolução do relé de proteção, agora denominado Dispositivo

Corrente de carga

Eletrônico Inteligente (IED - Intelligent Electronic Devices).

Tensão de linha

Uma das características desses IEDs é permitir a execução

Posição de tap Toque do acionamento

de funções de proteção e controle distribuídas sobre redes de comunicação.

Teor de água no óleo (ppm) Saturação relativa de água no óleo % Saturação relativa à temp. ambiente e de referência Sistema de

Corrente de ventiladores ou bombas

resfriamento

Vibração de bombas

Outros

Temperatura ambiente

Tabela 3 – IEDs associados ao sistema de monitoramento on-line de transformador

(Ref.: M. Alves, “Experiência de Campo com a Monitoração On-Line de Dois Transformadores 150 MVA 230 kV com Comutadores Sob Carga” no Cigré SC A3, 2007)

IED`s

Dados Aquisitados - Temperatura do óleo - Temperaturas do ponto mais

Arquiteturas do sistema de monitoramento

Um projeto de implementação de um sistema de

Monitor de

quente do enrolamentos

temperatura

- Correntes de carga - Alarmes e desligamentos

monitoramento de transformadores tem na arquitetura escolhida a base para determinar a aplicação em transformadores de qualquer tamanho ou potência. Com as mesmas características dos sistemas de automação, tem-se basicamente duas arquiteturas básicas: • Arquitetura centralizada – Neste caso é utilizado um

por temperaturas altas Monitor

- Hidrogênio dissolvido no

de gás no óleo

óleo do transformador - Alarmes por gás alto/muito alto

Monitor de umidade do

no óleo do transformador

transformador

- Teor de água no óleo do

Relé de menbrana

- Ruptura de menbraba/bolsa

dispositivo que concentrará as informações monitoradas. Esse dispositivo recebe as informações medidas no sensores

- Saturação relativa (%) de água

comutador sob carga (ppm)

e transdutores instalados no transformador. É responsável por,

do tanque conservador

além de receber esses dados, digitaliza-los e retransmitir para

- Tensões do motor do comutador

a unidade de Armazenamento e Processamento de Dados. Ele

Transdutor de

- Correntes do motor do comutador

pode estar localizado próximo ao transformador ou alocado na

tensão e corrente

- Potências ativa/reativa/aparente

Transdutor de

- Temperaturas do óleo do

sala de relés de proteção ou na sala de controle da subestação. • Arquitetura descentralizada – Utiliza sensores eletrônicos inteligentes, geralmente dedicado ao monitoramento de uma função ou um grupo de funções correlatas. Fica localizado

do motor do comutador temperatura

comutador sob carga - Temperatura ambiente


43

IED`s

Dados Aquisitados - Contatos de alarme (relé buchholz, válvulas de alívio, níveis de óleo, etc.) - Estado dos grupos de

Módulos de aquisição

ventilação forçada

de dados

- Comutador sob carga em operação - Tempo de operação do comutador sob carga

Monitor de

- Capacitância das buchas

buchas

- Tangente delta das buchas

Relés regulador

- Correntes de fase

- Tensões de fase de tensão

- Potências ativa/reativa/aparente

Supervisor de

- Posição de tap do comutador

paralelismo

- Seleções local/remoto, mestre/comando/ individual e manual/automático

Esses IEDs têm sido utilizado na composição de sistemas de

monitoramento descentralizados, promovendo a modularidade do sistema, permitindo que se escolham livremente quais as variáveis a monitorar, além de facilitar futuras expansões simplesmente agregando novos IEDs. A Tabela 3 mostra um exemplo de IEDs associados ao sistema de monitoramento on-line de transformador, publicado por Alves no trabalho “Experiência de Campo com a Monitoração On-Line de Dois Transformadores 150MVA 230kV com Comutadores Sob Carga” no Cigré SC A3, em 2007. Sistemas dedicados a monitoramento on-line de transformadores

A utilização de sistema completo para avaliação de buchas e

transformadores pode fornecer soluções adequadas para a empresa que planeja o monitoramento contínuo do estado do transformador. Esse sistema permite a detecção de anormalidades, possibilitando o planejamento de uma ação corretiva em tempo adequado.

O sistema também pode ser modificado e ampliado para

atender às suas necessidades específicas. Além disso, por se tratar de um sistema único, existe uma melhor garantia de segurança e confiabilidade no trabalho conjunto dos diversos dispositivos que compõe o sistema. Como exemplo são expostos os dados de um sistema de monitoramento on-line de transformadores, o Montrano, da Omicron. Este sistema completo permite: • Avaliação contínua do estado do isolamento do transformador; • Determinação do valor de C, monitoramento DF / PF com precisão de laboratório em campo; • Avançada supressão de ruído para a detecção de fonte confiável de descargas parciais; • Gravação de transitórios de alta tensão em buchas;


Manutenção de transformadores

Apoio

44

• Interface Web para acesso de dados e visão geral do estado do

dispositivos que pode ser usado de diferentes formas no controle

sistema;

distribuído e aplicações de proteção, controle e monitoramento.

• Os dados de tendência para gestão do ativo monitorado.

Esses caminhos introduzem um novo conceito que requer uma abordagem e tecnologia diferente para serem aplicados aos

Alguns componentes do sistema de monitoramento completo:

componentes individuais do sistema de monitoramento.

Considerações finais

• Adaptadores de tap para buchas de alta tensão - Sincroniza a captura de sinal para medida de capacitância, fator de dissipação,

Sobre o monitoramento on-line de transformadores:

transitórios de alta tensão e descargas parciais nas buchas do transformador;

• Existe a possibilidade de instalação de sistemas de monitoramento

• Sensor UHF - Sensor altamente sensível a medida de descargas

completos, com diversas medidas e aquisições de dados, além

parciais em UHF dentro do transformador;

de várias funcionalidades relacionadas a rotinas de cálculo e

• Unidade de aquisição de dados/transformador - Aquisição

simulações da condição do ativo;

simultânea de dados dos adaptadores do tape da bucha e sensor

• Pode-se customizar o sistema de monitoramento on-line para

de UHF no tanque do transformador com avançado processamento

selecionar apenas as variáveis de interesse para cada caso;

de sinal;

• A enorme capacidade de comunicação disponível e a grande

• Unidade de aquisição de dados/referência - Fornece sinal de

número de dados aquisitados podem gerar sobrecarga de

referência para medida de capacitância e medida de fator de

informações. As equipes técnicas devem avaliar de forma criteriosa a

dissipação com até três transformadores de tensão ou três buchas de

necessidade da utilização dos dados disponíveis no monitoramento;

referência transformador;

• É desejável que o sistema seja expansível, permitindo a integração

• Comunicação de fibra óptica - Conecta-se a cada unidade de

de novos dispositivos e novas funcionalidades;

aquisição com o computador central, com a transmissão de dados

• A tecnologia e os protocolos de comunicação devem promover a

sem interrupção através de longas distâncias;

interoperabilidade entre dispositivos de diversos fabricantes;

• Computador central e software de monitoramento - Armazena

• Cada empresa deve decidir qual a abrangência e a melhor

e executa rotinas de tendências inteligentes pós-processamento

arquitetura a ser aplicado ao seu sistema de monitoramento de

e visualiza dados para fornecer informações úteis sobre bucha e

transformadores.

estatuto condição de isolamento do transformador.

Referências Protocolos de comunicação

A transmissão de dados entre os sensores e os medidores

desses dados no transformador monitorado até a unidade de armazenamento e processamento é realizada através de uma rede de comunicação. A substituição da rede ponto a ponto, através de

• ALMEIDA, A. T. L. e PAULINO M. E. C. Manutenção de Transformadores de Potência, Curso de Especialização em Manutenção de Sistemas Elétricos – UNIFEI, 2012. • GT A2.05, Guia de Manutenção para Transformadores de Potência, CIGRE Brasil – Grupo de Trabalho A2.05, 2013. • Cigré WG A2.37, “Transformer Reliability Survey: Interim Report”, Electra, CIGRÉ, Ref. No. 261, 2012. • Cigré WG A2.27: Technical Brochure 343, "Recommendations for condition

cabeamento rígido, por uma rede LAN implica no uso de protocolos

monitoring and condition facilities for transformers"

de comunicação.

• IEEE Draft Guide PC57.143/20, "Guide for the Application for Monitoring Liquid

Ultimamente muitos protocolos são usados em subestações,

Immersed Transformers and Components" • Alves, M. E. G., Experiência de Campo com a Monitoração On-Line de Dois

sendo alguns concebidos para aplicações específicas. Outros são

Transformadores 150MVA 230kV com Comutadores Sob Carga, CIGRE SC A3, Rio de

estruturados utilizando-se normas internacionais, mas também são

Janeiro, 2007.

ajustados às necessidades de instalações locais.

Recomenda-se a utilização de protocolos de comunicação não

proprietários, tais como Modbus, DNP3, para facilitar a integração dos componentes do sistema de monitoramento, incluindo o supervisório da subestação.

Os dispositivos mais recentes utilizados na comunicação nas

instalações da subestação empregam a norma IEC 61850. Esta define caminhos para o intercâmbio de dados entre os diferentes

• MONTRANO, OMICRON, em http://bit.ly/1ATTLyE ou http://www.omicron.at

* Marcelo Eduardo de Carvalho Paulino é engenheiro eletricista e especialista em manutenção de sistemas elétricos pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá (EFEI). Atualmente, é gerente técnico da Adimarco |mecpaulino@yahoo.com.br. FIM Acesse este e outros capítulos do fascículo “Manutenção de transformadores”, em formato PDF, no site www.osetoreletrico.com.br. Dúvidas e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br


Apoio

45


Aterramento do neutro

Apoio

46

Capítulo VI Transformadores de aterramento Parte II Paulo Fernandes Costa*

Nos capítulos anteriores, foram tratados os

aspectos relativos ao aterramento do neutro

pouco mais sugerimos a leitura das indicações nas referências bibliográficas.

em sistemas elétricos industriais, sendo que,

Funcionamento do transformador de aterramento “zigue-zague”

especialmente no último, foram abordadas as situações em que os transformadores de aterramento aplicam seus tipos principais e a forma de se calcular suas potências instantâneas

O transformador de aterramento “zigue-

e de curto tempo. No presente artigo serão

zague” é constituído por um núcleo magnético

fornecidas

o

de três colunas, sendo que em cada coluna

conexão

existem dois enrolamentos iguais, indicados

“zigue-zague”, o mais utilizado na atualidade,

na Figura 1A. O diagrama vetorial da Figura

bem como será vista a metodologia de cálculo

1B mostra os vetores das bobinas individuais

informações

transformador

de

adicionais

aterramento

na

sobre

de sua reatância, parâmetro este que, senão for

das três colunas, considerando tratar-se de um

fornecido ao fabricante, inviabiliza o seu projeto

sistema trifásico. Observa-se neste diagrama

e fabricação.

que os vetores acompanham as respectivas

polaridades

Com este artigo encerramos uma sequência

estabelecidas

para

as

bobinas,

prevista de seis capítulos, nos quais foram

conforme marcado na Figura 1A.

discutidos aspectos do aterramento do neutro,

principalmente de sistemas elétricos industriais.

do primeiro núcleo é ligada com a segunda bobina

Devido à vastidão e à importância deste tema,

do segundo núcleo, sendo esta com a polaridade

Na conexão da Figura 1A, a primeira bobina

não consideramos, de forma alguma, que ele

trocada. A primeira bobina do segundo núcleo é

foi esgotado. Pelo contrário, muitos aspectos

ligada com a segunda bobina do terceiro núcleo,

importantes

tratados,

sendo esta de polaridade trocada. Finalmente, a

mormente se saltarmos para aplicações em outros

primeira bobina do terceiro núcleo é ligada com

ainda

necessitam

ser

sistemas elétricos, como os de distribuição e de

a segunda bobina do primeiro núcleo, sendo

potência. Àqueles que desejarem aprofundar um

esta de polaridade trocada.


Apoio

47

Quando o transformador é ligado ao sistema trifásico

de fase para neutro. Pode ser verificado que o transformador

sem falta à terra, forma-se então o diagrama vetorial da

funciona na realidade como um reator de alta impedância,

Figura 1C, em que as tensões AA1, BB1, CC1, são as tensões

pois não existe enrolamento secundário, sendo absorvida somente uma pequena corrente de excitação. As formas de conexão das bobinas e do diagrama vetorial sugerem o nome escolhido de “conexão zigue-zague”.

Figura 1A – Diagrama de conexão das bobinas do transformador ziguezague.

Figura 1B – Diagrama vetorial com as bobinas desconectadas.


Aterramento do neutro

Apoio

48

geral. Esta reatância é a reatância de sequência zero do transformador (XOT).

Existem técnicas construtivas que permitem alterar a

reatância do transformador de aterramento, de forma que se pode aplicá-lo com baixa ou alta reatância.

Por

exemplo,

quando

se

utiliza

o

neutro

do

transformador de aterramento aterrado por meio de resistor, deseja-se baixa reatância de sequência zero, para que ela não interfira no nível de curto limitado pelo resistor. Quando o referido neutro é solidamente aterrado, deseja-se obter uma reatância compatível com o nível de curto faseterra preestabelecido pelo projetista, o qual deve seguir os princípios discutidos no próximo item.

Determinação da reatância de sequência zero do transformador de aterramento

Figura 1C – Diagrama vetorial da conexão da Figura 1A.

Quando ocorre um curto fase-terra no sistema, a

situação modifica-se, pois a corrente de falta fase-terra é

Considerações

constituída de três vezes a corrente de sequência zero, isto

é, I FT = 3I0. Considerando que as correntes de sequência

sobretensões durante períodos de falta à terra, que podem

zero se distribuem como na Figura 2, pode ser visto que em

ser classificadas em sobretensões transitórias e sobretensões

cada coluna do núcleo magnético, o fluxo total, e também

temporárias.

Os

sistemas

trifásicos

são

suscetíveis

de

sofrer

o de dispersão, é praticamente nulo, pois as bobinas de

uma mesma coluna, que possuem polaridade contrária, são

um sistema trifásico com neutro isolado, conforme a Figura

percorridas por correntes iguais em módulo e ângulo.

3, as correntes resultantes são de natureza capacitiva, que

Esta configuração conduz a um baixo valor de reatância

circulam também pelos enrolamentos do transformador,

de dispersão, que essencialmente forma a impedância do

formando um circuito LC. Devido ao baixo valor da corrente

transformador de aterramento e dos transformadores em

capacitiva, esta em geral é intermitente, gerando pequenos

Figura 2 – Circulação das correntes de sequência zero na conexão “zigue-zague”.

Quando ocorre um curto fase-terra em uma das fases de


Apoio

49


Aterramento do neutro

Apoio

50

arcos elétricos que são de natureza não linear. A corrente

controle ainda mais efetivo das sobretensões transitórias,

gerada possui harmônicas de alto espectro de frequência, que

e dependendo dos parâmetros do circuito, as tensões das

podem então excitar o circuito LC, levando-o à ressonância.

fases sãs para terra não ultrapassam de 80% da tensão fase-

As tensões são então amplificadas nas capacitâncias de fase

fase, no momento do curto fase-terra.

para terra das fases sãs e nas bobinas do transformador.

Devido à intermitência do curto, as tensões amplificadas

momento de um curto fase-terra em sistemas que possuem

sofrem um processo de aumento sucessivo, denominado

o neutro aterrado, de forma a controlar as sobretensões

“escalonamento”. As tensões amplificadas são as de fase-

transitórias, são denominadas “sobretensões temporárias”.

As sobretensões das fases sãs para a terra, que ocorrem no

terra nas fases sãs (fases a, b, na Figura 3, em que o curto Bases para dimensionamento da reatância dos

fase-terra foi estabelecido na fase c). Quando no processo

transformadores de aterramento

de escalonamento as tensões fase-terra nas fases sãs atingem valores da ordem de 5-6 P.U, ocorre a ruptura da isolação

Tendo em vista o que foi exposto, para que um sistema

de uma ou das duas para terra (em pontos e equipamentos,

elétrico trifásico sobreviva durante um curto fase-terra, é

tais como motores, cabos isolados, transformadores e outros

necessário no mínimo controlar as sobretensões transitórias.

componentes), que resultam em duplo ou triplo curto à

terra, cuja consequência é o desligamento do sistema pela

as sobretensões transitórias são eliminadas e as tensões

proteção. As tensões geradas no processo de escalonamento

de fase-terra nas fases sãs são controladas e atingem no

são denominadas sobretensões transitórias.

máximo o valor fase-fase. Nestes sistemas os para-raios

O controle das sobretensões transitórias, devido à ocorrência

Com resistor no neutro dimensionado adequadamente,

utilizados das fases para terra devem ser de tensão nominal

de faltas à terra, é realizado por meio do aterramento do

fase-fase (tensão plena), denominados “para-raios 100%”.

neutro. Com aplicação de resistores no neutro dimensionados

conforme teoria exposta nos artigos anteriores, as sobretensões

conseguir que as tensões das fases sãs para terra atinjam no

de fase-terra nas fases sãs são controladas de forma que atingem

máximo 80% da tensão fase–fase. O sistema é denominado

no máximo o valor da tensão de fase-fase, isto é se elevam de

então

√3, pois, em regime normal, sem curto fase-terra, estas tensões

denominados “para-raios 80%”.

são iguais em módulo, à tensão fase-neutro.

mas utilizando para-raios 100% podem ser resumidas na

Os resistores no neutro amortecem o circuito LC considerado

Quando o neutro é solidamente aterrado, pode-se

“efetivamente

aterrado”

e

os

para-raios

são

As condições para controlar as sobretensões transitórias,

anteriormente, de forma que a ressonância é evitada.

Tabela 1 a seguir. A demonstração das condições indicadas na

tabela pode ser encontrada, por exemplo, na referência [6].

Se o neutro é solidamente aterrado, existe um

Figura 3 – Circuito de circulação da corrente fase-terra em sistema com neutro isolado.


Apoio

51

Tabela 1 – Condições para eliminação das sobretensões transitórias utilizando para-raios 100% Critério Método

de aterramento

para limitação da

sobrecorrente transitória

X0 / X1

R0 / X0

Sólido

≤ 10

Qualquer

Por

Qualquer

≥2

Resistor

≤ 10

Qualquer

(Z0) que, juntamente com a impedância de sequência negativa (Z2), são utilizadas para cálculos da corrente de falta à terra e das tensões fase-terra. Z1, Z2, Z0 são impedâncias equivalentes de Thévenin, vistas do ponto de falta, que podem ser escritas como: Z1 = R1 + jX2 ; Z2 = R2 + j X2 ; Z0 = R0 +j XO

As condições para controlar as sobretensões transitórias e

ainda utilizar para-raios 80% somente são atingidas em sistemas

e R1 = R2 =0

Exemplo de dimensionamento de transformador de aterramento

solidamente aterrados e efetivamente aterrados. Os parâmetros do sistema possuem as relações indicadas na Tabela 2. Tabela 2 – Condições para eliminação das sobretensões transitórias utilizando para-raios 80% Critério Método

de aterramento

Sólido

para limitação da

sobrecorrente transitória

Nos sistemas de potência (SEP), pode-se considerar Z 1 = Z2

Para ilustrar o calculo da reatância e da potência de um

transformador de aterramento, vamos utilizar um sistema de potência, com potência de curto-circuito de 1.000 MVA, na

X0 / X1

R0 / X1

tensão de 138 kV, alimentando um transformador de 20 MVA,

≤3

≤1

138/69 KV, Z% = 8,5%, conexão delta-delta, que alimenta uma linha de transmissão de 69 kV com as seguintes características:

Nas Tabelas 1 e 2 anteriores, os parâmetros X1, XO, RO, são as

reatâncias de sequência positiva, reatância de sequencia zero e

X1 = X2 = 10 Ohms

resistência de sequência zero, respectivamente, as quais são parte

R0L = 2 Ohms

integrante das impedâncias de sequência positiva (Z1), e zero

X0L = 35 Ohms


Aterramento do neutro

Apoio

52

Deverá ser instalado um transformador de aterramento

ROL = 2 x 100 / 692 = 0,042

na barra de 69 kV do secundário do transformador, barra esta que alimenta a linha de transmissão. O transformador

X0L = 35 x 100 / 692 = 0,74

de aterramento será solidamente aterrado e deverá ser dimensionado de forma que possam ser instalados para-

raios 100% no final da LT, como primeira solução e para-

linha são:

As impedâncias equivalentes de Thévenin vistas do final da

raios 80%, como segunda solução. X1= X1F + X1T+ X1L = 0,1 + 0,425 + 0,21 = 0,735

Soluções

Utilizaremos o método P.U., considerando a potencia base

XO = XOL+ XOT = 0,74 + XOT

de 100.000 kVA (100 MVA), e as tensões nominais em kV dos lados primários e secundário como tensões bases.

100% ,a condição é:

Nestas condições as relações básicas para trabalho são

Porém, na primeira hipótese, de utilizarmos para-raios

as seguintes: XO = 10 X1 = 10 x 0,735 =7,35 kVAB =

√3 kV IB ; IB = kVAB/ √3 kVB ; ZB =1.000kVB/ √3;

IB= KVB2 / MVAB ZP.U = ZOhm MVAB/ kVB2;

XOT = 7,35 – 0,74 = 6,61 ZOhm= ZP.U KVB2 / MVAB

As impedâncias percentuais dos transformadores são

XOT(Ohms) = 6,61 x 692 / 100= 315 Ohms

O curto fase–terra, em P.U., no final da linha, valerá:

transformadas em P.U (ZT P.U) pela relação: IFT = 3 / (RO +jXo+ j 2X1) = 3 / (RO + j10X1 +j2X1 ) = 3 / (RO+ j 12X1) ZT P.U = Z% /MVAT, em que MVAT é a potência do transformador em MVA e Z% é sua impedância percentual.

IFT = 3 / ( 0,042 + j 12 x 0,735) = 0,34 P.U

IB =100.000 /

A impedância da fonte em P.U (ZF P.U), é diretamente obtida

√3 69 = 837 A

da relação: IFT = 0,34 x 837 = 285 A ZF P.U = MVAB / PCCF, em que PCCF é a potência de curto-circuito da fonte em MVA.

Para calcular a potência do transformador de aterramento,

devemos considerar o curto fase terra que ocorre na barra de 69

Caso 1 – Uso de para-raios 100% no final da LT

kV, que apresenta valor superior ao que ocorre no final da linha.

Denominando este curto de IN, seu valor em P.U será:

Aplicando as relações acima e considerando ainda que

Z1 = Z 2 e R 1 = R 2 = 0 para a fonte e para o transformador,

IN = 3 / [XOT +2 (X1S +X1T)] = 3 / [ 6,61 + 2 x ( 0,1 + 0,425)]

teremos os seguintes valores em P.U.: IN = 0,39 P.U Fonte: X1F = X2F = 100 / 1.000 = 0.1 IN = 0,39 x 837 = 326 A Transformador: X1T = X2T = 8.5 / 20 = 0.425

Para a LT de 69 kV:

X1L = X2L = 10 x 100 / 692 = 0,21

A potência instantânea do transformador de aterramento

PTAT(INST) de acordo com o artigo anterior, vale: PTAT(INST)= 326 x 69/ √3 = 12987 ≅ 13.000 kVA


Apoio

53

A potência de curto tempo, 10 segundos, PTAT(10S) será:

solidamente aterrado, de forma a controlar as sobretensões transitórias e utilizar para-raios 100% ou para-raios 80%. Foi

PTAT(10S) = 13.000/10 = 1.300 kVA

fornecida a metodologia para cálculo dos transformadores de aterramento necessários. Quando é desejado incluir

Caso 2 – Uso de para-raios 80% no final da LT

um resistor no neutro do transformador de aterramento a

Neste caso, deve ser utilizada a relação da Tabela 2, isto

metodologia de calculo deve ser alterada, utilizando as

é, X0 = 3X1. Refazendo os cálculos, segue que:

informações da Tabela 1.

XO = 3 X1 = 3x 0,735 = 2,21

O autor agradece aos leitores que leram algum ou todos

os artigos da série publicada e se sente feliz em receber comentários.

XOT = 2,21 – 0,74 = 1,47

Referências bibliográficas

XOT(Ohms) = 1,47x 692 / 100= 67 Ohms

[1] Costa, P.F; “Capitulo I – Aspectos importantes da escolha do tipo de resistor de aterramento do neutro nos sistemas

O curto fase-terra no final da linha será recalculado da

seguinte forma:

elétricos industriais” Revista Setor Elétrico, Julho 2014. [2] Costa, P.F; “Capitulo II - Avanços na especificação e aplicação dos resistores de aterramento do neutro dos

IFT = 3 / (RO + jXo+ j 2X1) = 3 / (RO + j3X1 +j2X1 ) = 3 / (RO + j 5X1)

sistemas elétricos industriais em média tensão” Revista Setor Elétrico, Agosto 2014.

IFT= 3 / ( 0,042 + j 5x0,735) =0,776 P.U

[3] Costa, P.F; “Capitulo III - Avanços na especificação e aplicação dos resistores de aterramento do neutro dos sistemas

IB = 100.000 / √3 x 69 = 837 A

elétricos industriais em baixa tensão”, Setembro 2014. [4] Costa, P.F; “Capitulo IV- Aterramento de sistemas elétricos

IFT = 0,776 x 837 = 650A

industriais de média tensão com a presença de cogeração”, Revista Setor Elétrico, outubro de 2014.

O curto fase-terra na barra de 69 kV para cálculo da

potência do transformador de aterramento vale:

[5] Costa, P.F; “Capitulo V- Transformadores de aterramento parte I”, Revista Setor Elétrico, novembro de 2014. [6] Costa, P.F; Dissertação de Mestrado “Aterramento do

IN = 3 / [XOT +2 (X1S +X1T )] = 3 / [ 1,47 + 2 x ( 0,1 + 0,425)]

Neutro dos Sistemas de Distribuição Brasileiros: Uma Proposta de Mudança”, UFMG 1995.

IN = 1,19P.U IN = 1,19x 837 = 996A

A potência instantânea do transformador de aterramento

PTAT(INST), de acordo com o capítulo anterior, vale: P TAT(INST)= 996x 69/ √3 ≅ 39.678 kVA ≅ 40.000 kVA

A potencia de curto tempo, 10 segundos, PTAT(10S) será:

PTAT(10S) = 40.000/10 = 4.000 kVA

Conclusão

Neste

artigo

foram

fornecidas

informações

para

transformar um sistema com neutro isolado em neutro

*Paulo Fernandes Costa é Engenheiro Eletricista e Msc pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor aposentado dos cursos de engenharia elétrica da UFMG e CEFET-MG e diretor da Senior Engenharia e Serviços LTDA, Belo Horizonte-MG. É palestrante e autor de vários artigos na área de aterramento, proteção, segurança, qualidade de energia e sistemas elétricos industriais em geral. Atua como consultor, bem como na área de desenvolvimento tecnológico, com experiência de mais de 40 anos. E-mail: pcosta@ seniorengenharia.com.br. FIM Acesse este e outros capítulos do fascículo “Aterramento do neutro”, em formato PDF, no site www.osetoreletrico.com.br. Dúvidas e outros comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br


54

Reportagem

O Setor Elétrico /Dezembro de 2014

Por Bruno Moreira

A (re) evolução da automação predial

De equipamentos eletromecânicos e pneumáticos a microcontroladores digitais; de sistemas isolados a sistemas em rede: a história da automação, tecnologia que cada vez mais faz parte de nossas vidas

Edifícios dotados de grandes altitudes foram exceção

só havia escadas – atrapalhou a difusão desse tipo de

durante muito tempo no mundo. Até o século XIX, por

empreendimento. Primeiro, a invenção do elevador, em

exemplo, os prédios nas grandes aglomerações urbanas da

1852, por Elijah Otis, e depois a popularização dos sistemas

época apresentavam no máximo cinco andares. A situação

construtivos avançados, como a pré-fabricação de elementos

começou a se modificar com o desenvolvimento de novos

construtivos em aço nos países industrializados, alavancou

materiais de construção, como o concreto armado e a estrutura

a construção de prédios cada vez mais altos. Na década de

em ferro, e, posteriormente, em aço, que facilitaram o trabalho

1920, a junção destes fatores: elevador, novas técnicas de

de engenheiros, permitindo a construção de edificações mais

construção e materiais resistentes, fez surgir os arranha-céus,

altas e mais seguras.

que ajudaram na transformação do consumo, do comércio e

No entanto, o preço caro destes materiais, somado à

da moradia dos habitantes das cidades.

dificuldade de se locomover dentro das edificações – afinal

Atualmente,

os

centros

urbanos

são

verdadeiros


55 55

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

“paliteiros”. É cada vez mais comum pessoas habitando e

da ABB no Brasil, Marcos Oliveira, em meados da década

trabalhando em prédios, e estes facilmente costumam ter mais

de 1950, surgiram os primeiros equipamentos. Eram

do que dez andares. Se em meados do século XIX se tratava

dispositivos eletromecânicos, como relés, por exemplo. Nos

de uma raridade, hoje em dia, edifícios altos já fazem parte

prédios comerciais e residenciais, a tecnologia adentrou por

da paisagem das grandes cidades do mundo todo. Contudo, se

meio dos sistemas de ar condicionado e ventilação, já na

por fora alguma das edificações podem parecer as mesmas de

década de 1960.

tempos atrás, em seu interior, grandes inovações tecnológicas

ocorreram e vêm ocorrendo, transformando radicalmente a

elétrica e automação da Wago, Maurício Constantino Afonso,

vida de seus usuários.

além dos dispositivos eletromecânicos, o que possibilitava

Não obstante, o início da automação se deu na área

a automação do ar condicionado eram os equipamentos

industrial. Conforme o engenheiro especialista de produto

pneumáticos, que funcionavam com o acionamento de um

Segundo o gestor e coordenador de segmentos de conexões


56

Reportagem

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Com os sistemas digitalizados, preparou-se o terreno para o surgimento dos chamados edifícios inteligentes, nos quais as etapas de integração já estão implementadas com um patamar muito mais desenvolvido.

condutor de ar, responsável pela abertura e fechamento de

dos processadores e dos chips, tais como conhecemos hoje.

válvulas. “Nem fio elétrico se utilizava”, explica Afonso,

Conforme Afonso, nesse período, a criatividade dos projetistas

destacando que, apesar de poderem ser vistas atualmente

pôde ser exercida com muito mais facilidade e foram criadas

como tecnologias antiquadas, na época, foram uma

soluções para os sistemas diversos existentes dentro de um

verdadeira revolução.

prédio.

Resumidamente, de acordo com o engenheiro e diretor

Na trajetória do desenvolvimento da automação ainda

da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial

faltava um “pulo do gato” para transformar a tecnologia no

(Aureside), Fernando Santesso, os sistemas de controles

que conhecemos hoje. E esse salto foi dado a partir da década

prediais nos inícios dos anos 1960 eram desconexos, separados

1980, quando os sistemas de controle começaram a ganhar as

em ilhas. “Na verdade eram lógicas feitas para executar funções

características de uma plataforma digital. Segundo o diretor da

primárias e sem qualquer tipo de integração. Demandavam

Aureside, essa substituição, do âmbito analógico para o âmbito

grande espaço em quadros para controlar pequenas funções”,

digital fez com que os sistemas deixassem de ser estáticos,

destaca.

ou seja, pré-programados para executar um tipo de função e

Por volta dos anos 1970, o microcontrolador eletrônico

passassem a ser dinâmicos, permitindo a manipulação pelos

é inventado, gerando uma revolução na área da automação.

personal computers (PCs).

Nesse momento, passa a ser possível fazer toda a lógica de

controle por um chip, que não apenas controlaria e executaria

permitiram o início da comunicação de sistemas de uma

as mesmas funções desses grandes painéis, mas ainda teria

maneira muito mais simples. Ela sai da era de sistemas “single

a possibilidade de captar entrada de sinais, como os sinais

function” para sistemas “multi-function”. “Isso revoluciona a

de sensores. “É a partir da década de 1970 que começam

gestão das edificações e impacta diretamente na arquitetura

as discussões sobre como fazer com que sistemas separados

dos prédios, pois esses novos edifícios devem prever um

comuniquem-se uns com os outros e são dados os primeiros

cabeamento diferenciado e salas técnicas, em que os sistemas

passos para os protocolos de comunicação predial”, explana o

possam ser controlados”, afirma. Do ponto de vista do usuário,

diretor da Aureside.

a grande mudança é que, alguns sistemas, que antes eram

operados diretamente por eles, ganham um controle central e

Corroborando a afirmação de Santesso, o coordenador de

Mais do que isso, conforme Santesso, os sistemas digitais

segmentos da Wago acrescenta que, realmente, a automação

saem da sua gestão

só foi possível em razão dos circuitos eletrônicos. Primeiro,

O coordenador da Wago também salienta o avanço

com os equipamentos analógicos, e depois com a utilização

tecnológico configurado pela mudança de um ambiente em



58

Reportagem

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

que predominavam os componentes analógicos, com sinais

dos edifícios porque acaba consumido energia de maneira

elétricos variáveis, para um sistema digital, no qual se pode

não eficiente. “Edifício inteligente é um edifício em que tudo

trabalhar em um ambiente de rede. “Imagina você ter diversos

está sob controle. Não exatamente um controle centralizado,

equipamentos analógicos, em que cada um precisa de um

podendo até ser um controle distribuído, mas tudo conversando

par de cabos para transmitir um sinal e, de repente, ter a sua

entre si”, esclarece.

disposição um sistema digitalizado, no qual uma conexão

com cabo de rede consegue interligar um enorme número de

Ribeiro, destaca que os sistemas automatizados com maior

instrumentos”, relata. Conforme o gestor, no que diz respeito às

integração, os chamados edifícios inteligentes, são direcionados

indústrias, por exemplo, esta transformação permitiu ganhar

mais para o mercado corporativo, tais como plantas industriais,

velocidade na produção e, principalmente, baratear os custos

empreendimentos comerciais, por exemplo, shopping centers,

de equipamentos fabricados.

além de data centers e infraestruturas (hospitais, aeroportos, e

O gerente de produto da Schneider Electric, Rogério Garcia

estádios). Nestas edificações, costuma-se ter todos os andares

Edifícios inteligentes

do edifício e do escritório interligados na mesma plataforma de automação.

Com os sistemas digitalizados foi preparado o terreno

Entretanto,

para o surgimento dos chamados edifícios inteligentes.

corporativa

“Quando

mesmo certa

no

segmento

disparidade.

de

Baseado

automação em

sua

pensamos

experiência na área, o gerente de produto da Schneider

que aquelas etapas de integração de sistemas já estão

divide este mercado da seguinte forma: no que concerne à

implementadas com um patamar muito mais desenvolvido”,

automação corporativa, enxerga dois nichos, o de edifícios

diz o coordenador da Wago.

de alto nível, que são certificados, por exemplo, com o selo

Os primeiros prédios inteligentes surgiram na década de

Leed para construções sustentáveis. Estes apresentam uma

1980 nos Estados Unidos. Contudo, de acordo com o diretor da

demanda grande para automação. Há, também os edifícios

Aureside, ainda não eram edifícios propriamente inteligentes.

de médio porte (seis, sete andares), novos ou retrofitados,

Tratavam-se dos chamados “Responsive Buildings”, prédios

que não possuem automação, mas que necessitariam de

que se adaptam a condições pré-definidas ou desejáveis a

alguma tecnologia deste tipo. “Este trata-se de um mercado

partir da leitura de sensores. “Por esse conceito ser totalmente

gigante a ser trabalhado”, diz Ribeiro.

diferente das edificações que existiam até então, surgiu a

No que diz respeito à automação residencial, Ribeiro

expressão Intelligent Building”, esclarece o engenheiro.

afirma que trata-se de um nicho de mercado no Brasil ainda

falamos

em

edifício

inteligente,

No entanto, destaca Santesso, existem diversas diferenças

incipiente. Neste sentido, segundo Afonso da Wago, muito

que podem ser observadas no conceito de prédio inteligente de

embora um projeto de edifício contemple diversas utilidades

hoje e dos anos 1980 e 1990. As edificações, na atualidade,

automatizadas, por uma questão de custo de implantação, o

tendem a ser efetivas, ou seja, integradas não apenas no

sistema de automação acaba se transformando em Circuito

âmbito de sistemas, mas à arquitetura e à funcionalidade

Fechado de TV (CFTV), sistema de voz e controle de acesso um

do prédio, para tornar o uso das instalações mais eficientes,

pouco mais sofisticado. Contudo, para o coordenador, é cada

desde verificar a disponibilidade e reservar a sala de reunião,

vez maior o número de obras e de edifícios que contemplam,

otimizar o tráfego de elevadores e mobilidade de pessoas dentro

pelo menos, um sistema de automação de iluminação, e de um

do prédio, até mesmo adaptar a fachada para as condições

sistema de ar condicionado mais inteligente também.

climáticas que mais proporcionem economia de recursos.

Trata-se, por exemplo, de um sistema de iluminação que

em dois segmentos: o de automação unifamiliar, em que o

mede a quantidade de luz natural que incide pela janela, e

desenvolvedor de soluções trata diretamente com o proprietário

em contrapartida regula as persianas para que o sol não

da casa para a realização do projeto. Neste caso, normalmente,

bata diretamente dentro da sala para não sobrecarregar o ar

as soluções são mais robustas e completas, com projetos que

condicionado. Soma-se a isso o controle de acesso do usuário

demoram cerca de dois anos para serem finalizados; e o de

a uma sala atrelado à iluminação deste ambiente, para que se

automação de edifícios, em que a iniciativa parte da construtora,

aproveite mais possibilidades de economia de recursos. E ainda

buscando muitas vezes se diferenciar da concorrência. Aqui, as

a integração de outras utilidades, participando deste sistema,

empresas costumam entregar os apartamentos equipados com

como elevadores, circulação de água e efluentes (água de

automação básica, mas preparados para que seja possível a

reuso, aproveitamento de água pluvial), iluminação do subsolo

ampliação do sistema.

de garagem, que, conforme Afonso, é um problema dentro

Ribeiro também divide o mercado de automação residencial

Em relação ao tema, Afonso traça uma linha separando a


59

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

automação de edifícios e a automação da unidade habitacional.

possível acessá-lo pelo IP controlador do prédio”, esclarece. A

No último caso, não se fala de prédios inteligentes, pois trata-

invenção de dispositivos móveis conectados à internet como

se de um sistema fechado para o apartamento, em que cada

smartphones e tablets também facilitou a vida dos usuários no

morador vai decidir o tipo de iluminação, ar condicionado e

sentido de controlar seus sistemas automatizados.

eletrônicos que deseja. “Quando se compra um apartamento

de um padrão um pouco mais elevado e o fabricante diz que

automação predial está muito atrelado ao conceito de Internet

é preparado para automação, isto normalmente significa

of Things (IoT). “O prédio passará a ser parte integrante de algo

que toda a parte de cabeamento e instalação das estruturas

maior que apenas a sua área construída e se comunicará com

está convergindo para um único painel elétrico, que abriga a

a comunidade e edificações ao seu redor”, relata. Conforme

automação”, explica o gestor.

Santesso, a ideia de comunicação Machine to Machine (M2M) e

A internet também contribui de diversas maneiras para a

Smart Communities já vem sendo trabalhada em diversos países

automação predial, segundo o diretor da Aureside. Uma das

do mundo. Esta integração permite que a automação predial

principais foi com o próprio protocolo IP (Internet Protocol).

direcione os recursos economizados para a comunidade local ou

Além disso, o uso do conceito de estrutura LAN (Local Area

mesmo que requisite recursos quando necessários ao edifício.

Network) permitiu uma facilidade incrível de trafegar dados e

“Isso potencializa a gestão e coloca a automação predial como

integrar sistemas dentro de uma edificação. “Hoje, a maioria das

um dos principais atores para fomentar uma comunidade e

integrações dos sistemas é feita trafegando dados nessa estrutura,

sociedade mais inteligente e sustentável”, conclui.

em que cada ponto de controle do prédio ou sistema predial tem

O diretor da Aureside acredita que o próximo passo da

um endereço e envia dados a um Building Management System

Automação residencial: conforto e

(BMS) que cuida da gestão do edifício”, afirma Santesso.

eficiência

Basicamente, de acordo com o especialista da Wago, a

internet permitiu uma função que até então não existia: ter

Diversas

acesso remoto da rua a uma condição interna do edifício.

apartamentos pensando na praticidade e no conforto do

“Então, via internet, de qualquer computador do mundo,

morador. A iHouse, por exemplo, cuja principal área de

se o sistema de automação do prédio tiver esta ‘porta’, é

negócios é o desenvolvimento de produtos para automação

empresas

desenvolvem

soluções

Basicamente, a internet permitiu uma função que até então não existia no mundo da automação predial: o acesso remoto da rua a uma condição interna das edificações.

para


60

Reportagem

Normalmente, as construtoras entregam apenas alguns produtos como o controlador de acesso no hall social e a central de automação na sala de estar. Mas o apartamento já é projetado e construído para receber a ampliação da automação para os demais ambientes.

residencial, tem em seu portfólio diversas soluções voltadas

Apesar disso, a tendência é que em 2015, em razão da escassez

a facilitar a vida do usuário, tais como chuveiros e banheiras

de chuvas e do possível aumento das tarifas de energia elétrica,

automatizadas e também sistemas de controle da luz.

as pessoas comecem a se preocupar mais com este assunto.

A empresa é responsável pelos projetos, acompanhamento

Muitas empresas, na esteira deste entendimento, já vêm

da obra e instalação dos produtos por meio de revendas, mas

investindo em tecnologia de automação com o intuito de

comercializa apenas com construtoras e incorporadoras, que, por

controlar o gasto com eletricidade. O Snapgrid, da iHouse,

sua vez, disponibilizam os apartamentos ao cliente final, que já

é um destes equipamentos. Desenvolvido para gerenciar

vêm com algum tipo de equipamento de automação embutido. De

o uso de energia e mensurar em quilowatts ou em reais o

acordo com o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da

consumo 24 horas por dia, o produto consegue informar quais

iHouse, Sergio Corrigliano, existem construtoras que entregam

eletrodomésticos ou ambientes consomem mais energia. Para

o apartamento totalmente automatizado, mas a tendência é que

isso, é só instalar o equipamento junto aos disjuntores.

disponibilize com somente um produto instalado.

“Normalmente as construtoras entregam o produto

como uma tendência do setor, mas como algo que supre uma

touchdoor (controle de acesso com tela gráfica colorida

necessidade dos usuários cada vez mais preocupados com

sensível ao toque e leitor para impressão digital) no hall social

a escassez e o consequente custo de recursos com a energia

ou o produto wallpad (central de automação com tela gráfica

elétrica. Ele explica que as próximas versões do Snapgrid

colorida sensível ao toque e drivers de potência para controle

contarão inclusive com aplicativo para monitoramento a

de dois canais de iluminação) na sala de estar”, explica

distância. “O propósito é conscientizar a respeito dos pontos

Corrigliano, destacando que, contudo, o apartamento já é

de maior consumo na residência e evidenciar um problema

disponibilizado pronto para receber a ampliação da automação

elétrico que possa gerar um consumo desnecessário”, conclui.

para os demais ambientes. O Snapgrid também é muito

procurado pelas construtoras. Posteriormente, se quiserem

consumo por meio de um painel gráfico instalado no apartamento.

incrementar o sistema de automação de seus apartamentos, os

De acordo com Corrigliano, o equipamento é sensível ao toque que

clientes finais procuram revendedores da própria iHouse.

lista os circuitos monitorados, deixando em evidência os que mais

Segundo o gerente de produto da Schneider Electric,

consomem energia, sendo que o usuário tem a sua disposição três

Rogério Garcia Ribeiro, o mercado de automação de residências

modos diferentes de ler o consumo de energia elétrica: instantâneo,

tem atualmente como principal objetivo o conforto do usuário,

atualizado a cada minuto; acumulado, com contagem iniciada após

ficando a eficiência atrelada ao segmento de sistemas

a leitura pela distribuidora até a data da consulta; e estimativa

automatizados de indústrias e empreendimentos corporativos.

mensal, calcada no consumo médio dos últimos dias.

O gerente de P&D da iHouse não vê este tipo de produto

O produto atual disponibiliza o controle e o gerenciamento do


61


Pesquisa

62

Automação e gerenciamento de energia

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Gerenciamento de crise

Eficiência energética, obtida pela gestão e da automação dos sistemas elétricos, é solução fundamental para empresas contornarem alta das tarifas de energia e evitar prejuízos financeiros


63

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

O custo da energia elétrica para a indústria poderá subir até 27% em 2015.

economia de eletricidade, realizando um diagnóstico das instalações elétricas e

Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)

dos equipamentos empregados. Assim, será possível conhecer a instalação sob o

concluiu que o preço da eletricidade para o industrial pode chegar a R$ 459,20

ponto de vista energético, criar um banco de dados com informações atualizadas

por MWh ao final deste ano e R$ 493,50 por MWh ao final de 2016. De acordo

e histórico dos parâmetros técnicos e, principalmente, identificar as oportunidades

com a entidade, além dos fatores que compõem o custo, o cálculo inclui os valores

de redução do consumo. A partir daí, é só determinar um plano de ação com

aportados às distribuidoras, que totalizaram R$ 51,5 bilhões, dos quais R$ 29,5

metas e prazos para a concretização do sistema de gerenciamento.

bilhões serão repassados aos consumidores finais a partir deste ano, sendo o

valor da bandeira vermelha de R$ 40,98 por MWh, incluindo os tributos.

elétrico, iniciativas que priorizem a conservação de energia serão fundamentais

Diante deste cenário, os grandes consumidores de energia, especialmente os

para a saúde financeira de qualquer empresa, especialmente, as eletrointensivas.

industriais, se veem no compromisso de investir em alternativas que amenizem

Confira, nas páginas a seguir, uma pesquisa exclusiva realizada com

o impacto do aumento das tarifas em seus resultados. Uma das soluções mais

fabricantes e distribuidores de equipamentos para automação e gerenciamento de

eficazes nesse sentido é aplicar técnicas de eficiência energética, desde a

energia. Embora resvalem expectativas céticas para 2015, este mercado projeta

readequação do sistema de iluminação e refrigeração até a substituição de

crescimento médio de 9% para este ano e as empresas esperam acréscimo de

motores e outros equipamentos com menor consumo de energia.

13% para seus faturamentos. Confira.

Considerando que 2015 deverá ser um ano adverso e hostil para o setor

Outras ações que podem provocar resultados bastante significativos seriam investir na correção da energia reativa, na instalação de controladores

Números do mercado de equipamentos para

de demandas para melhoria do fator de carga e na implantação de uma equipe

automação e gerenciamento de energia

especializada em energia elétrica que possa sugerir e implantar essas e outras medidas de eficientização.

Mencionada por 88% das empresas pesquisadas, a indústria continua sendo

O gerenciamento de energia é, hoje, um investimento necessário em

o principal segmento de atuação. Os índices são semelhantes aos registrados na

empresas de qualquer porte. Para isso, antes, é preciso identificar o potencial de

pesquisa realizada em 2013.


64

Pesquisa

Automação e gerenciamento de energia

Principais segmentos de atuação

23%

Público

65%

Comercial

88%

Industrial

As vendas diretas ao cliente final lideram os principais canais de comercialização desse setor. Telemarketing

é o menos utilizado pelas empresas pesquisadas. Principais canais de vendas

Venda direta ao cliente final

81% 56% 50% 29% 19%

Distribuidores / Atacadistas Revendas / Varejistas

Outros

Telemarketing

Com relação às certificações, uma surpresa. Houve um aumento considerável da adesão às duas certificações

ISO mais famosas. Neste ano, 65% das pesquisadas afirmaram possuir a ISO 9001 e 27% delas disseram contar com a ISO 14001. Na pesquisa do ano passado, estes índices eram de 49% e 18%, respectivamente. Certificações ISO

27%

14.001 (ambiental)

65%

9001 (qualidade)

Assim como no levantamento de 2013, também no deste ano, hardware para sistemas de supervisão,

controle e gerenciamento de energia lidera a relação dos produtos mais comercializados, sendo citado por 69% das empresas. Na sequência, estão o software para sistemas de supervisão, controle e gerenciamento de energia e o controlador de fator de potência.


65

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Principais produtos comercializados

Hardware para sistemas de supervisão, controle e gerenciamento de energia

69% 60%

Controlador de fator de potência

52% 46% 38% 35% 31%

Software para sistemas de supervisão, controle e gerenciamento de energia

Controlador de consumo

Controlador de demanda Banco automático para correção do fator de potência Capacitador p/ correção do fator de potência

O porte das empresas que participaram desta pesquisa é bastante adverso. Pode-se afirmar que 17%

delas faturam acima de R$ 200 milhões em 2013 e que 22% apresentaram faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões no mesmo período. Faturamento bruto médio das empresas em 2013

17%

Acima de R$ 200 milhões 3%

16%

Até R$ 3 milhões

De R$100 milhões a R$200 milhões

8%

3%

De R$ 3 milhões a R$ 5 milhões

De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões

14%

De R$ 5 milhões a R$ 10 milhões

17%

De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões 22%

De R$ 10 milhões a R$ 20 milhões

Como é constatado em quase a totalidade dos mercados do setor elétrico brasileiro, os produtos são

consumidos, em sua maioria, no mercado interno. Neste caso, apenas 7% (na média) dos equipamentos são destinados à exportação.


66

Pesquisa

Automação e gerenciamento de energia

Balança comercial

7%

Exportação

93%

Mercado nacional

As expectativas não são tão otimistas quanto as registradas no estudo do ano passado. As empresas

esperavam crescer, em média, 27% em 2013, mas declararam, na pesquisa deste ano, ter faturado com acréscimo de apenas 12% no ano passado. Na média, as pesquisadas esperam fechar o ano de 2014 com crescimento de 13%. Veja os números. Previsões de crescimento

9%

Crescimento médio do mercado em 2014

13% 12%

Crescimento médio das empresas para 2014 Crescimento médio das empresas em 2013 na comparação com o ano anterior

A economia em queda é o principal argumento para a baixa expectativa deste setor. 34% das empresas

apontaram este motivo como principal fator desalentador. Elas ainda apontaram a carência de normas e legislação que motivem a padronização dos equipamentos. Fatores que influenciaram o mercado de gerenciamento e automação em 2014

2%

Bom momento econômico do país

2%

Programas de incentivo do governo

5%

Setor da construção civil aquecido 5% Crise internacional

34%

Desaceleração da economia brasileira

7%

Setor da construção civil desaquecido 7%

Incentivos por força de legislação ou normalização 16% 22%

Projetos de infraestrutura

Falta de normalização e/ou legislação


O Setor ElĂŠtrico / Dezembro de 2014

67


Automação e gerenciamento de energia

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

SP

AFAP

(19) 3464-5650

www.afap.com.br

Santa Bárbara D'oeste

SP

X

X

AUTOMATRONIC

(47) 3370-1403

www.automatronic.com.br

Guaramirim

SC

X

X

AUTOMOTION

(15) 3363-9900

www.automotion.com.br

Boituva

SP

BCM AUTOMAÇÃO

(51) 3374-3899

www.bcmautomacao.com.br

Porto Alegre

RS

BHS

(11) 2081-8168

www.bhseletronica.com.br

São Paulo

SP

CCK

(11) 5051-1297

www.cck.com.br

São Paulo

SP

COOPER POWER SYSTEM BY EATON

(15) 3481-9130

www.cooperpower.com

São Paulo

COTERGAVI

(11) 3673-5020

www.cotergavi.com.br

CPFL SERVIÇOS

(19) 3756-2755

DIGIMEC

X

X

X

X

X

X

X

X X

X

X

X

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X

SP

X

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X

São Paulo

SP

X

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X

www.solucoescpfl.com.br

São José do Rio Pardo

SP

X

X

(11) 2969-1600

www.digimec.com.br

São Paulo

SP

X

X

DNI - KEY WEST

(11) 3933-8888

www.dni.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

EMBRASUL

(51) 3358-4000

www.embrasul.com.br

Porto Alegre

RS

X

X

X

FINDER

(11) 4223-1550

www.findernet.com

Sao Caetano do Sul

SP

X

X

X

X

X

X

X

FLEX AUTOMATION

(11) 2389-2777

www.flexautomation.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

X

X

X

GERALUX

(41) 3153-7800

www.grupogeralux.com.br

Campo Magro

PR

HAGER ELETROMAR

0800 724 2437

www.hager.com.br

Rio de Janeiro

RJ

X

HDS

(41) 2109-8800

www.hdspr.com.br

Pinhais

PR

X

IMS

(51) 3382-2300

www.ims.ind.br

Porto Alegre

RS

INEPAR

(16) 3303-1850

www.iesa.com.br

Araraquara

SP

INSTRONIC

(11) 3383-3700

www.instronic.com.br

Osasco

SP

INSTRUMENTI

(11) 5641-1105

instrumenti.com.br

São Paulo

SP

X

INSTRUTEMP

(11) 3488-0200

www.instrutemp.com.br

São Paulo

SP

X

ISOLET

(11) 2118-3000

www.isolet.com.br

Itu

SP

X

KDL

(11) 4617-3175

www.kdliluminacao.com.br

Cotia

SP

X

KIENZLE

(11) 2249-9604

www.kienzle-haller.com.br

São Paulo

SP

X

KRON

(11) 5525-2000

www.kron.com.br

São Paulo

SP

X

LEGRAND

(11) 5644-2600

www.legrand.com.br

São Paulo

SP

X

X

X X

X

X X

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X X

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X X

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X X

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X

X

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X X

X

X

Programas na área de responsabilidade social

São Paulo

Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet

www.acaoeng.com.br

14001 (ambiental)

X

(11) 3883-6050

Certificados ISO

Outros

SP

AÇÃO ENGENHARIA

Telemarketing

Estado

Osasco

Venda direta ao cliente final

Cidade

www.abb.com.br

Revendas / varejistas

Site

0800 014 9111

Comercial

Telefone

ABB

Industrial

EMPRESA

Principal canal de vendas

9001 (qualidade)

Principal segmento de atuação

Fabricante

Distribuidora

A empresa é

Distribuidores / atacadista

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Público

Pesquisa

X

X

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

(11) 5683-5700

www.metaltex.com.br

São Paulo

sp

MIT MEASTECH

(11) 4028-5653

www.meastech.com.br

Salto

SP

NORD ELECTRIC

(49) 3361-3900

www.nord.eng.br

Chapecó

SC

NUTSTEEL

(11) 2122-5777

www.nutsteel.com.br

São Paulo

SP

PANDUIT

(11) 3613-2353

www.panduit.com

São Paulo

SP

X

PROVOLT

(47) 3036-9666

www.provolt.com.br

Blumenau

SC

X

X

RENZ

(11) 4034-3655

www.renzbr.com

Bragança Paulista

SP

X

X

ROCKWELL

(11) 5189-9500

www.rockwellautomation.com.br

São Paulo

SP

X

X

ROVIMATIC

(11) 3816-4040

www.rovimatic.com.br

São Paulo

SP

X

SASSI

(11) 4138-5122

www.sassitransformadores.com.br

Taboão da Serra

SP

X

SCHNEIDER ELECTRIC

0800 728 9110

www.schneider-electric.com

São Paulo

SP

SEL

(19) 3518-2110

www.selinc.com.br

Campinas

SP

SIEMENS

(11) 4585-8040

www.siemens.com.br

São Paulo

SULTECH

(51) 3013-0333

www.sultech.com.br

Porto Alegre

TECNOVA

(51) 3342-4555

www.tecnovaenergia.com.br

Porto Alegre

RS

X

X

UNION

(11) 3512-8900

unionsistemas.com.br

São Paulo

SP

X

X

WEG AUTOMAÇÃO

(47) 3276-4000

www.weg.net

Jaraguá do Sul

SC

X

X

X

WEIDMÜLLER CONEXEL

(11) 4366-9610

www.weidmueller.com.br

Diadema

SP

X

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X X

X X

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X X

X

X X

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X X

X X

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RS

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X X

Programas na área de responsabilidade social

RS

METALTEX

Estado

Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet

Caxias do Sul

14001 (ambiental)

X

X

Cidade

www.magnani.com.br

9001 (qualidade)

X

X

Site

(54) 4009-5255

Certificados ISO

Outros

X

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Telefone

MAGNANI

Telemarketing

X

X

EMPRESA

Venda direta ao cliente final

Público

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Revendas / varejistas

Comercial

X

Principal canal de vendas

Distribuidores / atacadista

Industrial

Principal segmento de atuação

Distribuidora

Fabricante

A empresa é

X X

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Pesquisa

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Automação e gerenciamento de energia

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

X

SP

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X

X

AFAP

(19) 3464-5650

www.afap.com.br

Santa Bárbara D'oeste

SP

X

X

X

AUTOMATRONIC

(47) 3370-1403

www.automatronic.com.br

Guaramirim

SC

X

X

X

X

AUTOMOTION

(15) 3363-9900

www.automotion.com.br

Boituva

SP

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X

X

BCM AUTOMAÇÃO

(51) 3374-3899

www.bcmautomacao.com.br

Porto Alegre

RS

X

X

X

BHS

(11) 2081-8168

www.bhseletronica.com.br

São Paulo

SP

X

X

CCK

(11) 5051-1297

www.cck.com.br

São Paulo

SP

X

X

COOPER POWER SYSTEM BY EATON

(15) 3481-9130

www.cooperpower.com

São Paulo

SP

X

X

X

COTERGAVI

(11) 3673-5020

www.cotergavi.com.br

São Paulo

SP

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X

CPFL SERVIÇOS

(19) 3756-2755

www.solucoescpfl.com.br

São José do Rio Pardo

SP

X

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X

DIGIMEC

(11) 2969-1600

www.digimec.com.br

São Paulo

SP

X

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X

DNI - KEY WEST

(11) 3933-8888

www.dni.com.br

São Paulo

SP

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X

EMBRASUL

(51) 3358-4000

www.embrasul.com.br

Porto Alegre

RS

X

FINDER

(11) 4223-1550

www.findernet.com

Sao Caetano do Sul

SP

X

FLEX AUTOMATION

(11) 2389-2777

www.flexautomation.com.br

São Paulo

SP

X

GERALUX

(41) 3153-7800

www.grupogeralux.com.br

Campo Magro

PR

HAGER ELETROMAR

0800 724 2437

www.hager.com.br

Rio de Janeiro

RJ

HDS

(41) 2109-8800

www.hdspr.com.br

Pinhais

PR

IMS

(51) 3382-2300

www.ims.ind.br

Porto Alegre

RS

X

INEPAR

(16) 3303-1850

www.iesa.com.br

Araraquara

SP

X

X

INSTRONIC

(11) 3383-3700

www.instronic.com.br

Osasco

SP

X

X

INSTRUMENTI

(11) 5641-1105

instrumenti.com.br

São Paulo

SP

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X

INSTRUTEMP

(11) 3488-0200

www.instrutemp.com.br

São Paulo

SP

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X

ISOLET

(11) 2118-3000

www.isolet.com.br

Itu

SP

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X

KDL

(11) 4617-3175

www.kdliluminacao.com.br

Cotia

SP

X

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X

KIENZLE

(11) 2249-9604

www.kienzle-haller.com.br

São Paulo

SP

KRON

(11) 5525-2000

www.kron.com.br

São Paulo

SP

LEGRAND

(11) 5644-2600

www.legrand.com.br

São Paulo

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X

X

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X

X

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X

X

X

X

X

X

X

X X

Outros dispositivos

X

São Paulo

Banco automático para correção do fator de potência

Oferece treinamento técnico para os clientes

X

www.acaoeng.com.br

Capacitador p/ correção do fator de potência

Corpo técnico especializado para oferecer suporte ao cliente

X

(11) 3883-6050

Controlador de fator de potência

Importa produtos acabados

SP

AÇÃO ENGENHARIA

Controlador de consumo

Estado

Osasco

Controlador de demanda

Cidade

www.abb.com.br

Software para sistemas de supervisão, controle e gerenciamento de energia

Site

0800 014 9111

Hardware para sisemas de supervisão, controle e gerenciamento de energia

Telefone

ABB

Oferece diagnóstico energético para os clientes

EMPRESA

Exporta produtos acabados

Tipos de produtos/sistemas de GERENCIAMENTO DE ENERGIA que a empresa comercializa

X

X

X

X X X

X X

X

X

X

X

X X

X


71

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

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www.metaltex.com.br

São Paulo

sp

MIT MEASTECH

(11) 4028-5653

www.meastech.com.br

Salto

SP

NORD ELECTRIC

(49) 3361-3900

www.nord.eng.br

Chapecó

SC

X

NUTSTEEL

(11) 2122-5777

www.nutsteel.com.br

São Paulo

SP

X

PANDUIT

(11) 3613-2353

www.panduit.com

São Paulo

PROVOLT

(47) 3036-9666

www.provolt.com.br

RENZ

(11) 4034-3655

www.renzbr.com

ROCKWELL

(11) 5189-9500

ROVIMATIC

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X

X

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SP

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Blumenau

SC

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Bragança Paulista

SP

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www.rockwellautomation.com.br

São Paulo

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(11) 3816-4040

www.rovimatic.com.br

São Paulo

SP

SASSI

(11) 4138-5122

www.sassitransformadores.com.br

Taboão da Serra

SP

SCHNEIDER ELECTRIC

0800 728 9110

www.schneider-electric.com

São Paulo

SP

SEL

(19) 3518-2110

www.selinc.com.br

Campinas

SP

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SIEMENS

(11) 4585-8040

www.siemens.com.br

São Paulo

SP

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(51) 3013-0333

www.sultech.com.br

Porto Alegre

RS

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TECNOVA

(51) 3342-4555

www.tecnovaenergia.com.br

Porto Alegre

RS

UNION

(11) 3512-8900

unionsistemas.com.br

São Paulo

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WEG AUTOMAÇÃO

(47) 3276-4000

www.weg.net

Jaraguá do Sul

SC

WEIDMÜLLER CONEXEL

(11) 4366-9610

www.weidmueller.com.br

Diadema

SP

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X

X

X

X

X

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X

X

X

X

X

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X

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X

X

X X

X

X

X

X X

Outros dispositivos

X

(11) 5683-5700

Banco automático para correção do fator de potência

X

RS

METALTEX

Estado

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Caxias do Sul

Controlador de fator de potência

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X

Cidade

www.magnani.com.br

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Oferece treinamento técnico para os clientes

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X

Site

(54) 4009-5255

Controlador de demanda

Corpo técnico especializado para oferecer suporte ao cliente

X

X

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MAGNANI

Software para sistemas de supervisão, controle e gerenciamento de energia

Importa produtos acabados

X X

EMPRESA

Oferece diagnóstico energético para os clientes

Exporta produtos acabados

Tipos de produtos/sistemas de GERENCIAMENTO DE ENERGIA que a empresa comercializa

X X X

X

X

X

X

X

X

X X X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X X

X X

X

X

X

X


Sistema interligado

72

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Interligação de sistema isolado ao SIN Por Antonio Ricardo Tenório, Daniele da Motta, Paulo Eduardo Quintão, Leonardo Soares, Eliane de Fátima Silva e Antonio Felipe Aquino*

Desafios da integração elétrica dos sistemas de Manaus e Macapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN)


73

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

O suprimento de energia elétrica às cidades

um total de 334 km. O empreendimento,

que a integração de novos sistemas

de Manaus e Macapá é feito atualmente pelos

denominado

Tucuruí–

isolados, via de regra, é um processo difícil

sistemas isolados de concessão da Eletrobras

Macapá–Manaus (TMM), foi divido em

e desafiador. O recente caso da integração

Eletronorte, agentes de distribuição e outros

três lotes, envolvendo 18 bancos de

do Acre-Rondônia ao SIN é um exemplo

agentes de geração. Vários estudos foram

capacitores série (BCS) fixos, com grau

que não deve ser esquecido. Os principais

realizados nas últimas décadas para incorporar

de compensação médio de 70% e 4 CER.

desafios estão associados às dificuldades

estes sistemas isolados ao Sistema Interligado

O

os

para obtenção de dados confiáveis dos

Nacional (SIN).

resultados dos estudos pré-operacionais

sistemas elétricos e modelos dos geradores

para a configuração dos sistemas Manaus

e outros controladores das características

do

e Macapá sem considerar eventuais atrasos

dos geradores que serão integrados com

Planejamento da Expansão dos Sistemas

nas obras internas a esses sistemas para

relação aos requisitos dos Procedimentos

Elétricos (CCPE) concluiu pela atratividade

permitir sua integração ao SIN.

de Rede do ONS, conhecimento das

Em 2003, um estudo desenvolvido pelo

então

Comitê

Coordenador

presente

de

interligação

trabalho

apresentará

da incorporação desses sistemas isolados da região amazônica ao SIN. Estudos de viabilidade técnico-econômica concluíram,

especificidades

Características básicas do empreendimento

das

redes

isoladas

existentes, etc. Esta seção apresenta as principais

mais tarde, que a melhor alternativa de

A integração dos sistemas isolados

características dos circuitos, reatores, bancos

integração desses sistemas isolados era

de Manaus e Macapá por meio de longas

de capacitores série e compensadores

a construção de um circuito duplo (CD),

linhas de transmissão de 500 kV, com graus

estáticos integrantes do empreendimento.

na mesma torre, na tensão de 500 kV

de compensação série e shunt elevados,

A Figura 1 apresenta a interligação TMM

ligando a UHE Tucuruí até a cidade de

em configuração radial e contando com

em um diagrama eletrogeográfico e sua

Manaus, formando o circuito Tucuruí–

a operação de três CER em 500 kV (SE

extensão até atingir a SE Lechuga, na área

Xingu–Jurupari–Oriximiná–Silves–

Jurupari, Oriximiná e Silves) e um CER na

metropolitana de Manaus. Esta interligação

Lechuga em uma extensão de 1418 km.

SE Macapá 230 kV, constitui um grande

foi dividida em três lotes, envolvendo 18

Para atendimento à cidade de Macapá foi

desafio em termos de estudos de regime

BCS fixos, com grau de compensação médio

recomendado um CD, na mesma torre, em

permanente, dinâmico e de transitório

de 70%, e quatro CER, sendo três no sistema

230 kV, a partir da subestação de Jurupari,

eletromagnético; não sendo este último

de 500 kV e um no sistema de 230 kV para

com seccionamento em Laranjal do Jari, em

objeto do presente trabalho. Salienta-se

atendimento a Macapá.


Sistema interligado

74

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Figura 1 – Diagrama eletrogeográfico mostrando a interligação TMM.

Os

parâmetros

elétricos

das

linhas

de transmissão de 500 kV e 230 kV são

Tabela 1 – Parâmetros das linhas de transmissão de 500 kV e 230 kV da interligação TMM

LINHAS DE TRANSMISSÃO CD

R0

X0

B0

R1

X1

500 kV E 230 KV

(%)

(%)

(Mvar)

(%)

(%)

Tucuruí II -Xingu C1/C2, 500 kV

2,142

9,727

235,0

0,194

2,796

417,7

265,0

Xingu - Jurupari C1/C2, 500 kV

1,996

9,008

215,8

0,179

2,582

384,0

244,0

Jurupari - Oriximiná C1/C2, 500 kV

2,660

12,493

315,1

0,248

3,639

555,9

350,0

Oriximiná - Silves C1/C2, 500 kV

3,169

12,323

283,8

0,241

3,451

534,2

335,0

Silves-Lechuga C1/C2, 500 kV

2,272

8,501

186,6

0,167

2,348

354,1

224,0

mostrados na Tabela 3.

Jurupari - Laranjal C1/C2, 230 kV

7,991

24,304

17,9

0,887

6,103

30,6

105,2

Laranjal - Macapá C1/C2, 230 kV

16,454 51,631

39,4

1,887 13,133

66,9

229,0

apresentados na Tabela 1.

A Tabela 2 apresenta de forma resumida

a compensação de reativos em derivação e série da interligação TMM. Os parques térmicos e as usinas hidrelétricas dos sistemas Macapá e Manaus consideradas nos estudos pré-operacionais da interligação TMM são As principais dificuldades para a obtenção

B1

L

(Mvar) (Km)

dos dados referentes aos sistemas isolados

Nota: (%) na Base de 100 MVA / 500 ou 230 kV dependendo da tensão nominal da linha.

de Macapá e Manaus - incluindo dados de

isolado e não tinham ainda relacionamento

geradores e modelos de reguladores de

com o ONS;

tensão, velocidade e estabilizadores - foram as

• Como após a interligação somente irão

seguintes:

ficar em operação usinas a gás, a maioria dos

estará sujeita a diversas perturbações ao

Produtores Independentes de Energia (PIE)

longo dos seus quase 1.800 km, desde

• Dificuldade inicial para contato com

estão convertendo suas usinas, que hoje

contingências

os agentes de geração visando a obtenção

operam a óleo, para gás para a operação após

duplas que poderão ocasionar a separação

dos dados dos geradores e respectivos

a interligação; desta forma alguns agentes ainda

dos sistemas Manaus e Macapá do SIN.

controladores, principalmente devido ao fato

não têm os ajustes finais dos controladores

Para dar cobertura às diversas condições

de que eles operam atualmente em um sistema

das unidades geradoras.

possíveis, foram definidos os procedimentos

Estudos de manobras A interligação Tucuruí–Macapá–Manaus

simples

até

contingências



Sistema interligado

76

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Tabela 2 – Compensação de reativos da interligação TMM

SE Xingu

SE Jurupari

SE Oriximiná

SE Silves

SE Lechuga

SE Laranjal

SE Macapá

500 kV

500 kV

500 kV

500 kV

230 kV

230 kV

2 RE LT 136 Mvar

2 RE LT 136 Mvar

2 RE LT 200 Mvar

2 RE LT 200 Mvar

1 RE Barra 136 Mvar

2 RE LT 200 Mvar

2 RE LT 200 Mvar

2 RE LT 110 Mvar

2 RE LT 110 Mvar

2 BCS 70%

2 RE Barra 136

1 RE Barra 200

1 RE Barra 200

1 RE Barra 200

2 RE LT 25

2 RE LT 25

Mvar

Mvar

Mvar

Mvar

Mvar

Mvar

1 CER (-200, +200)

1 CER (-200, +300)

1 CER (-200,

4 BCS 35%

Mvar

Mvar

+300)Mvar

4 BCS 35 %

4 BCS 35 %

4 BCS 35 %

RE = reator em derivação, CER = compensador estático de reativos, BCS = banco de capacitores série

Tabela 3 - Parques térmicos e usinas hidrelétricas dos sistemas Manaus e Macapá após a interligação com o SIN

Usina

N° de unidades

Potência MVA Total

Unidade

Agente

Potência MW Total

Unidade

SISTEMA MANAUS UHE Balbina

5

55,5

277,5

50

250

Eletrobras Amazonas Energia

UTE Jaraqui

23

4,45

102,35

3,282

75,486

Breitner

UTE Tambaqui

23

4,45

102,35

3,282

75,486

Breitner

UTE Manauara

5

21,35

106,75

17,076

85,38

Cia Energética Manauara

UTE Ponta Negra

5

21,35

106,75

17,076

85,38

Geradora de Energia do Amazonas

UTE Cristiano Rocha

5

21,35

106,75

17,076

85,38

RAESA

UTE Mauá Bloco 3

2

75

150

55

110

Eletrobras Amazonas Energia

UTE Mauá Bloco 4

6

20,795

124,77

15,75

94,5

Eletrobras Amazonas Energia

UTE Mauá Bloco 4

4

20,795

83,18

15,75

63

Eletrobras Amazonas Energia

UTE Aparecida Bloco 1

2

58,59

117,18

49,8

99,6

Eletrobras Amazonas Energia

UTE Aparecida Bloco 2

2

71,18

142,36

45

90

Eletrobras Amazonas Energia

SISTEMA MACAPÁ UHE Coaracy Nunes 1 e 2

2

25,3

50,6

24

48

Eletrobras Eletronorte

UHE Coaracy Nunes 3

1

30,4

30,4

30

30

Eletrobras Eletronorte

UTE Santana MD Wartsila

4

18,58

74,32

15,7 (3)

62,8

Eletrobras Eletronorte

UTE Santana LM 2500

3

25,24

75,72

18 (4)

54

Eletrobras Eletronorte

a serem adotados para manobras dos

• Sentido obrigatório de energização a partir

energizada;

circuitos de 500 kV e 230 kV da interligação

da SE 500 kV Tucuruí II. A recomposição a

Tucuruí–Macapá–Manaus para as diversas

partir da SE 500 kV Lechuga é proibida;

preferencialmente na SE Manaus que receberá

configurações possíveis pós-contingências,

• Sincronizadas pelo menos 10 unidades

tensão a partir da LT 230 kV Lechuga–Manaus

bem como para colocação em operação da

geradoras ou 8 unidades geradoras + 1

e poderá ser energizada desde que a tensão

interligação em questão.

compensador

na SE 230 kV Lechuga seja igual ou inferior a

síncrono

ou

5

unidades

A

tomada

de

carga

será

iniciada

geradoras + 3 compensadores síncronos na

228 kV;

Recomposição

UHE Tucuruí; Tensão na SE 500 kV Tucuruí 2

• A SE Macapá poderá tomar carga após

A recomposição do tronco de 500 kV

igual ou inferior a 540 kV;

receber tensão a partir da energização das LT

da SE Tucuruí 2 até a SE Lechuga poderá ser

• Todos os BCS previamente bypassados;

230 kV Jurupari–Laranjal e Laranjal–Macapá,

realizada desde que sejam respeitadas as

Prévia

no

que só poderá ser realizada com tensão igual

seguintes condições:

barramento do terminal emissor da LT a ser

ou inferior a 226 kV na SE 230 kV Jurupari

energização

do(s)

reator(es)


77

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

e após fluxo de potência ativa na LT 500 kV

ou seja, aquele de maior potência de curto-

• Unidades geradoras e compensadores

Jurupari – Oriximiná;

circuito. Analogamente, o sentido normal

síncronos da UHE Tucuruí;

• Os BCS de todas as LT só poderão entrar

de desenergização será sempre a partir do

• Reatores shunt e compensadores estáticos

em operação após o fechamento de paralelo

terminal eletricamente mais distante da UHE

apresentados na Tabela 2;

com o sistema Manaus;

Tucuruí;

• Bancos de capacitores na SE 230 kV Lechuga

• Após tomada de carga em Manaus, poderá

• BCS da LT sob manobra previamente

– 4 x 55 Mvar;

ter início a energização do segundo circuito

bypassados.

• LTC dos autotransformadores 500/230 kV da SE Jurupari – 2 x 450 MVA;

do tronco de 500 kV Tucuruí–Xingu–Jurupari– Oriximiná–Silves–Lechuga, desde que haja

Considerando

o

folga para absorção de até 300 Mvar na UHE

compensação reativa da interligação Tucuruí–

SE Lechuga – 3 x 600 MVA;

Tucuruí.

Macapá–Manaus e as condições mínimas

• O ponto de valor mais alto de tensão no

indicadas para a UHE Tucuruí, não foram

tronco de 500 kV da interligação Tucuruí–

Energização e desenergização

verificadas

a

Macapá–Manaus é o barramento dos BCS

maiores

elevado

dificuldades

grau

de

para

• LTC dos autotransformadores 500/230 kV da

Para a energização e desenergização das LT

realização de manobras de desenergização

Xingu, na LT Xingu–Jurupari, podendo haver

em 230 kV e 500 kV foram definidas tensões

e de energização tanto para configurações

dificuldade

pré-manobra de forma a atender aos critérios

de

máximo de 110% (550 kV) em cenários de

estabelecidos nos Procedimentos de Rede do

recomposição total da interligação.

desligamento

parcial

quanto

para

para

atendimento

do

limite

baixo carregamento na interligação associado à baixa geração na UHE Tucuruí. Em caso

ONS. Adicionalmente, devem ser atendidos os seguintes condicionantes:

Estudo de controle de tensão

de esgotamento de todos os recursos para

Para obtenção de níveis de tensão adequados

controle de tensão, deverão ser bypassados

• O sentido normal de energização da

em seus barramentos, a interligação Tucuruí–

os próprios BCS Xingu, para eliminação da

LT será sempre a partir do terminal

Macapá–Manaus

violação de tensão nos mesmos;

eletricamente mais próximo da UHE Tucuruí,

recursos para controle do perfil de tensão:

conta

com

os

seguintes

• Todos os reatores de barra da interligação


Sistema interligado

78

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Tucuruí – Macapá – Manaus apresentados

completa quanto para rede alterada, uma vez

na Tabela 2 poderão permanecer ligados em

que poderá ser necessário manobrar as linhas

qualquer cenário de carga e importação pelos

de transmissão quando outros elementos da

sistemas Macapá e Manaus;

rede estiverem fora de operação. Para tanto,

• Os bancos de capacitores na SE 230 kV

pesquisou-se a configuração mais crítica,

Lechuga poderão estar em operação ou não,

a qual contemplava a indisponibilidade de

de acordo com a necessidade de controle de

uma linha de transmissão que maximizasse

tensão do sistema Manaus;

a defasagem angular entre os terminais da

• É desejável que os CER operem com potência

linha de transmissão cuja manobra está sendo

reativa em torno de zero, salvo em condições

estudada.

de esgotamento de potência reativa na UHE

A

Tucuruí e/ou quando os demais recursos

supracitados, foram determinados os ajustes

não forem suficientes para manter o perfil

para os relés de verificação de sincronismo

de tensão da interligação Tucuruí–Macapá–

apresentados

Manaus dentro da faixa de operação normal;

garantirão o atendimento aos Procedimentos

• Em relação ao SIN, mais especificamente ao

de Rede do ONS, que estabelece que as

Sistema Norte e à interligação Norte/Sudeste,

variações

a entrada em operação da interligação Tucuruí–

unidades geradoras no instante da manobra

Macapá–Manaus não altera as diretrizes para

sejam inferiores a 50% da potência nominal

controle de tensão vigentes.

aparente das mesmas.

partir

dos

nos

cenários

subitens

instantâneas

de

operativos

adiante, que

potência

nas

No sistema Manaus, os limites para o

Estudo de sincronismo

sincronismo desse sistema com o SIN estão dos

associados às unidades geradoras da UTE

sistemas Manaus e Macapá com o SIN,

Cristiano Rocha. No caso do sistema Macapá,

buscaram-se condições de carga e geração

os limites estão associados aos geradores da

que maximizassem a defasagem angular entre

UTE Santana 2.

Para

análise

da

sincronização

os polos do disjuntor a ser fechado. Para

Rede de recomposição

formação dos sistemas ilhados Manaus e Macapá, foi mantida a geração interna mínima

possível, respeitando-se as inflexibilidades das

em vazio todo o tronco em 500 kV entre as

usinas térmicas e a carga total foi reduzida

subestações Tucuruí e Lechuga, com os BCS

para manutenção do equilíbrio carga-geração

bypassados, o fechamento de paralelo com

das respectivas ilhas.

os sistemas Manaus e Macapá deverá ser feito

respeitando-se as condições apresentadas na

Os estudos de fechamento de anel foram

realizados tanto para a configuração de rede

Para a configuração em que está energizado

Tabela 4.

Tabela 4 – Diretrizes para sincronização dos sistemas Manaus e Macapá com o SIN

Ponto de fechamento

V

F

de Paralelo

máximo

máximo

máximo

TR 500/230 kV Lechuga

20%

0,20 Hz

20 graus

0 ou ≥2

Indiferente

Entre Jurupari e Macapá

20%

0,20 Hz

10 graus

Indiferente

0 ou ≥2

Unidades sincronizadas UTE C.Rocha UTE Santana 2

Tabela 5 – Diretrizes para sincronização dos sistemas Manaus e Macapá com o SIN em caso de perda dupla

Ponto de fechamento

V

F

de paralelo

máximo

máximo

Unidades sincronizadas máximo

EntreTucuruí e Jurupari Entre Jurupari e Lechuga Entre Jurupari e Macapá

20%

0,20 Hz

10 graus

UTE C.Rocha UTE Santana 2 0 ou ≥2

0 ou ≥2

0 ou ≥2

Indiferente

Indiferente

0 ou ≥2



Sistema interligado

80

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Perdas duplas de LT

de uma ilha elétrica dos sistemas Manaus e Macapá.

Caso ocorra perda dupla em qualquer dos

Conforme mencionado, neste caso há a atuação

trechos da interligação Tucuruí–Macapá–Manaus,

do ERAC em ambos os sistemas, e a ilha formada

o sincronismo do SIN com os sistemas Manaus e

é estável. Para as contingências simples no tronco

Macapá poderá ser realizado no próprio trecho,

de transmissão, diante do seu baixo carregamento,

respeitando-se as condições apresentadas na Tabela

não houve qualquer problema de estabilidade.

5. Neste caso, os BCS dos circuitos que não estão

sob manobra foram considerados em operação,

de Manaus são bastante severas do ponto de vista

o que resulta em maiores impactos e conduz a

de carregamento de circuitos pós-contingência,

maiores restrições nos ajustes para fechamento.

uma vez que a rede entre as SE Manaus e Mauá

As contingências duplas na rede de 230 kV

3 é fechada em anel através de uma rede de 69

Estudo de desempenho dinâmico

kV, consequentemente com baixa capacidade de transmissão. Para todas as contingências

As simulações e análises realizadas para

duplas analisadas, há sobrecargas em linhas de

avaliação da estabilidade eletromecânica da

transmissão de 69 kV, em alguns casos chegando

interligação TMM têm como premissas os

até cerca de 70% do carregamento nominal e

critérios estabelecidos no submódulo 23.3 dos

também nos transformadores 230/69 kV da SE

Procedimento de Rede do ONS.

Manaus. Em todos os casos, as sobrecargas podem

ser eliminadas através de cortes de carga nas

Antes do início dos estudos de estabilidade modelagem

subestações terminais dos circuitos em sobrecarga,

detalhada de todos os equipamentos responsáveis

por meio de esquemas de corte de carga locais.

pelo desempenho dinâmico do sistema, a partir de

Da mesma forma que para a interligação TMM

dados informados pelos agentes envolvidos. Foram

não houve qualquer problema de estabilidade para

modelados os quatro CER das redes de 500 kV e

contingências simples no sistema Manaus 230 kV.

230 kV da interligação, assim como os geradores

Para a contingência dupla da LT 230 kV

e seus respectivos controladores (reguladores de

Jurupari-Laranjal, apesar da atuação correta do

tensão, velocidade e estabilizadores), dos sistemas

ERAC, foi observada a perda de sincronismo das

Manaus e Macapá que irão ficar em operação após

unidades geradoras da UHE Coaracy Nunes no

a interligação com o SIN.

sistema Macapá para casos onde o somatório

Foi definida uma lista de contingências duplas

do fluxo de potência ativa nos dois circuitos era

e simples nos sistemas de transmissão de 500 kV e

superior a 100 MW pré-contingência. A perda

230 kV da interligação TMM e também no sistema

dupla do circuito Jurupari-Laranjal, associado à

Manaus 230 kV, que farão parte da Rede Básica.

perda de sincronismo dessas unidades geradoras

eletromecânica

foi

feita

uma

Os sistemas Manaus e Macapá atualmente têm

usina, provocará um blecaute no sistema Macapá.

grande parte da carga atendida por usinas a óleo

De forma a evitar tais problemas, foi proposto um

que, conforme planejado, irão sair de operação

Sistema Especial de Proteção (SEP), que irá cortar

paulatinamente após a interligação. Para o sistema

imediatamente todas as cargas conectadas à SE

Manaus, por exemplo, em carga pesada, a saída de

Laranjal na perda dupla da LT 230 kV Jurupari–

operação dessas usinas representa cerca de 50%

Laranjal, caso o somatório do fluxo de potência

do atendimento da carga da área. Desta forma,

ativa nos dois circuitos pré-contingência seja

os cenários de intercâmbio analisados são de

superior a 100 MW.

importação e, sendo assim, todas as contingências

Para o correto desempenho do sistema

duplas nas redes de 500 kV e 230 kV da interligação

para as contingências analisadas também foi

TMM provocam a atuação do Esquema Regional

recomendado o ajuste da estratégia de bloqueio

de Alívio de Carga (ERAC) em Manaus e Macapá

por subtensão dos quatro CER da interligação

ou somente em uma delas, dependendo do trecho

TMM, conforme a Tabela 6, em que as tensões

onde houver a contingência dupla.

apresentadas são valores mínimos das tensões

fase-neutro e fase-fase, para melhor seletividade

A perda dupla da LT 500 kV Xingu-Jurupari

(trecho inicial da interligação) resulta na formação

na atuação da estratégia:


81

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

dos barramentos de 69 kV das SE Mauá e

Tabela 6 – Estratégia de subtensão dos CER

Equipamento

Ação

Ajuste de tensão

Temporização

CER de Jurupari, Oriximiná e Silves

Bloqueio

≤ 0,60 pu

5 ms

Desbloqueio

≥ 0,70 pu

150 ms

Bloqueio

≤ 0,65 pu

5 ms

Desbloqueio

≥ 0,75 pu

150 ms

CER de Macapá

Estudo de determinação de limites de transmissão

de cerca de 700 MW, valor bastante inferior

Os limites de intercâmbio entre os sistemas

na interligação TMM.

Manaus, o montante de disjuntores superados no sistema Manaus chegaria a sessenta e três unidades, o que demandaria um grande esforço de engenharia e financeiro para substituí-los.

Sistemas especiais de proteção e ajustes das proteções sistêmicas SEP – Esquema de corte de carga na SE Laranjal quando da contingência dupla da LT 230 kV Jurupari-Laranjal

ao limite de estabilidade para perdas simples

Manaus e Macapá e o SIN serão impostos pelas próprias características dos sistemas. De fato, conforme abordado anteriormente,

Estudo de superação de disjuntores

Nas simulações realizadas nos estudos

Com a configuração atual do sistema

pré-operacionais, foi

para fazer diante de eventuais perdas duplas

na interligação TMM – contingência que não

Manaus, isto é, considerando os barramentos

unidades geradoras 1 e 2 da UHE Coaracy

pode ser desprezada – faz-se necessário

de Mauá e Manaus 69 kV segregados, e com

Nunes perdem sincronismo na contingência

manter geração sincronizada internamente aos

a integração dos sistemas Manaus e Macapá

dupla da LT 230 kV Jurupari-Laranjal, quando

sistemas Manaus e Macapá.

ao SIN, foi detectada apenas um disjuntor de

o somatório dos fluxos de potência ativa

Na prática, a importação de energia do SIN

69 kV da SE Santana em estado de alerta por

nos dois circuitos antes da contingência é

estará limitada a cerca de 50% da carga dos

corrente de curto-circuito simétrica.Apesar de

superior a 100 MW, indicando a necessidade

sistemas Manaus e Macapá. A outra metade da

nenhuma instalação ter apresentado superação

de implantação de um SEP para corte total das

carga deverá ser suprida localmente, através

de disjuntor, algumas instalações tiveram

cargas conectadas a SE Laranjal, quando dessa

da geração interna disponível. Essa providência

evolução significativa dos níveis de curto-

contingência dupla.

garante um desempenho dinâmico adequado

circuito. Para as quarenta e quatro instalações

para esses sistemas, com atuação satisfatória

que apresentaram variação percentual de

revista no âmbito dos estudos do segundo

do ERAC após a separação do SIN, quando

nível de curto-circuito de ±10%, o ONS

quadrimestre de 2013. Dessa forma, a real

de contingências duplas ou simples com

recomendou que os Agentes concessionários

necessidade de implantação de um SEP para

indisponibilidade na interligação TMM.

destas instalações verificassem os ajustes de

corte das cargas conectadas à SE Laranjal,

suas proteções.

quando de contingência dupla, será reavaliada

tão logo essa rede esteja definida.

Para os cenários examinados, por exemplo,

a importação máxima do sistema Manaus será

Caso venha a ser necessário o fechamento

observado

que

as

A rede elétrica da área Macapá está sendo


Sistema interligado

82

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Proteção de sobretensão instantânea

propostos ajustes para os sistemas de 230 kV

Esquema regional de alívio de carga

e temporizada

de Manaus e Macapá.

(ERAC)

Anteriormente, foram apresentadas as

de energização de linhas, bem como os ajustes

principais conclusões obtidas a partir das

das proteções de sobretensão atualmente

Os estudos pré-operacionais para a

simulações

contingências

implantados nas linhas existentes, foram

integração dos sistemas isolados de Manaus

duplas dos troncos de 230 e 500 kV na

propostos ajustes para as proteções das linhas

e

interligação TMM que provocam o ilhamento

de 500 e 230 kV da interligação Tucuruí-

desafiadores. No início desses estudos, o ONS

das áreas de Manaus e/ou Macapá. Para

Macapá-Manaus. Os ajustes propostos para o

enfrentou alguns problemas para a obtenção

essas contingências foi dimensionado um

sistema de 500 kV entre Tucuruí II-Lechuga

de dados dos Agentes de transmissão e

ERAC, de forma a reestabelecer o equilíbrio

são mostrados na Tabela 9. Também foram

geração, em um ambiente ainda novo para

Ajustes das proteções sistêmicas

dinâmicas

das

Considerando os resultados dos estudos

carga versus geração e atender, mesmo que

Conclusão

Macapá

mostraram-se

complexos

e

Tabela 7 – Janela de medição de taxas de variação de frequência do ERAC

parcialmente, parte da carga dessas áreas

Área

por meio da formação de ilhas elétricas

Janela de m edição da taxa de variação de frequência

dinamicamente estáveis.

Manaus

Macapá

Para o dimensionamento do ERAC foram

considerados os ajustes das proteções de sub

De 59,7 Hz a 59,2 Hz

Interligação

e sobrefrequência das unidades geradoras, conforme

informações

prestadas

pelos

Tabela 8 – Ajustes do ERAC

agentes de geração da área, de modo que não

Área

Agente envolvido

houvesse desligamento das mesmas devido à

do ERAC proposto. Esses ajustes foram

severidade

12

Eletrobras

2,00

58,1

12

Amazonas

2,50

57,9

12

Energia

5,50

57,7

12

7,00

57,5

12

Eletrobras

0,50

58,3

11

Eletronorte, Centrais

1,00

58,1

11

Elétricas do Amapá

2,00

57,9

11

(CEA)

4,00

57,7

11

6,00

57,5

11

0,50

58,3

11

CELPA e

1,00

58,1

11

Am azonas

2,00

57,9

11

Energia

4,00

57,7

11

6,00

57,5

11

das

contingências. Adicionalmente,

foram

realizadas

simulações para verificar a adequação dos

Macapá

ajustes propostos do ERAC da Área Manaus em cenários com importação da área variando de importação nula a 50% de importação. Os resultados das simulações mostram que os ajustes propostos para o ERAC apresentam desempenho adequado para os diversos

retaguarda (Hz) carga (%) 58,3

trabalho e apresentou desempenho dinâmico da

Corte de

1,00

Manaus

utilizados em todas as simulações desse apesar

(Hz/s )

Frequência de

As Tabelas 7 e 8 apresentam os ajustes

satisfatório,

Taxa

na carga cortada

atuação dessas proteções.

Estágio

Interligação

valores de intercâmbio das áreas Manaus e Macapá.

Tabela 9 – Ajustes dos relés de sobretensão do sistema de 500 kV (instantâneo/temporizado)

Circuito 1 LT 500 KV

Circuito 2

Circuito 1

Circuito 2

Term.

Vinst/

Tinst/

Vinst/

Tinst/

Term.

Vinst/

Tinst/

Vinst/

Tinst/

1

Vtemp (%)

Ttemp (s)

Vtemp (%)

Ttemp(s)

2

Vtemp (%)

Ttemp (s)

Vtemp (%)

Ttemp(s)

TUC II-XGU

TUC II

147/131

0,0/3,5

147/131

0,0/4,5

XGU

145/131

0,0/3,5

145/131

0,0/4,5

XGU-JUR

XGU

145/131

0,0/3,0

145/131

0,0/4,0

JUR

145/131

0,0/3,0

145/131

0,0/4,0

JUR-ORI

JUR

145/131

0,0/2,5

145/131

0,0/3,5

ORI

145/131

0,0/2,5

145/131

0,0/3,5

ORI-SIL

ORI

145/131

0,0/3,0

145/131

0,0/4,0

SIL

145/131

0,0/3,0

145/131

0,0/4,0

SIL-LEC

SIL

145/131

0,0/2,5

145/131

0,0/3,5

LEC

145/131

0,0/2,5

145/131

0,0/3,5


83

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

alguns desses Agentes. Além disso, a conversão

estarão comissionadas na data de entrada

de muitos PIE de óleo combustível para gás

em operação desta interligação. Importante

natural em Manaus atrasou a definição de

também salientar que a experiência da

modelos dinâmicos desses geradores.

interligação Acre-Rondônia foi levada em

O fato de essa interligação possuir 18

consideração nesses estudos de integração da

BCS e 4 CER, além de sua vasta extensão,

interligação TMM.

fez com que os estudos se tornassem difíceis notadamente nas condições de ilhamento. Para que as ilhas elétricas resultantes das perdas duplas fossem estáveis, foi definido um ERAC de atuação rápida, com cinco estágios e baseado em taxa de variação de frequência e frequência absoluta de retaguarda. Além disso, como resultado dos estudos pré-operacionais foram definidos os ajustes das proteções sistêmicas, os ajustes sistêmicos dos CERs, os pré-requisitos para sincronismo, as diretrizes para controle de tensão e energização/ desenergização de circuitos.

Por fim, cabe salientar que o presente

trabalho

abordou

a

interligação

TMM

considerando que todas as obras internas estruturais aos sistemas Manaus e Macapá

Referências • Procedimentos de Rede do ONS – Submódulo 23.3 – Diretrizes e Critérios para Estudos Elétricos. • Relatório ONS RE 3/196/2012 – Estudos Préoperacionais Associados à Interligação em 500 kV Tucuruí- Macapá-Manaus. • Edital do Leilão 004/2008-ANEEL – Anexos 6A, 6B, 6C – Interligação Tucuruí-Macapá-Manaus. *Antonio Ricardo de Mattos Tenório é engenheiro eletricista e pósgraduado em Sistemas Elétricos. Mestre pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, trabalha desde 2004 no ONS, na área de estudos especiais, como engenheiro especialista. É membro do IEEE e do Cigré-Brasil. Daniele de Vasconcelos Pereira da

Motta é engenheira eletricista e mestre em Sistemas de Potência. Atua como engenheira de sistemas de potência no ONS desde 1999. Paulo Eduardo Martins Quintão é engenheiro eletricista, com mestrado em engenharia elétrica pela Coppe/ UFRJ. Trabalha no ONS na Gerência de Estudos Especiais – GPE2. Leonardo Cortes Soares é engenheiro eletricista e atua como engenheiro de sistemas de potência no ONS. Eliane de Fátima Silva é engenheira eletricista e pós-graduada pela UFSC. É engenheira do ONS. Antonio Felipe da Cunha de Aquino é engenheiro eletricista, com mestrado e doutorado em engenharia elétrica pela Coppe/UFRJ. Desde 2000 trabalha no ONS com análise de sistemas de potência, ocupando o cargo de gerente na Gerência de Estudos Especiais – GPE2. Este trabalho foi originalmente apresentado durante o XXII Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), realizado em Brasília (DF), de 13 a 16 de outubro de 2013.


Pesquisa

84

Instrumentos de teste e medição

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Mercado de equipamentos para teste e medição Onda de pessimismo também está presente entre fabricantes e distribuidores de instrumentos para testes e medição, os quais conferem à desaceleração econômica a responsabilidade pelo baixo desempenho do mercado em 2014


O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

85

Em consonância às inúmeras especulações e estudos que avaliaram 2014 como um ano economicamente debilitado, também os fabricantes de instrumentos de testes e medição atribuem à desaceleração da economia brasileira o baixo crescimento deste mercado neste ano. Para a maioria das empresas pesquisadas, este foi um fator determinante para que a previsão de crescimento médio do seu faturamento ficasse em 11% para este ano. Para o mercado como um todo, a expectativa é de crescimento médio de 8%. Segundo o levantamento, em 2013, este mesmo segmento cresceu a uma média de 12% na comparação com o ano anterior. Os números vão ao encontro da última sondagem setorial realizada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). De acordo com a instituição, o desempenho da indústria eletroeletrônica em 2014 ficou abaixo do esperado. A expectativa no final do ano passado para este ano era de um acréscimo de faturamento da ordem de 5%, o mesmo crescimento apresentado em 2013, mas, conforme o último levantamento, o faturamento nominal do setor deverá crescer somente 2% em 2014, passando de cerca de R$ 156,7 bilhões para R$ 159,3 bilhões.

Na pesquisa realizada pela revista O Setor Elétrico , publicada na

íntegra a seguir, a crise internacional e a falta de normalização para os produtos deste segmento também foram apontadas como fatores de risco que influenciaram negativamente o mercado.

Assim como a maioria dos mercados do setor elétrico brasileiro,

também o segmento de equipamentos para teste e medição produzidos são direcionados para o mercado interno, sendo apenas 3% deles voltados para expor tação. De acordo com os fabricantes, os medidores de energia ativa e reativa, medidores de fator de potência e amperímetros estão entre os mais comercializados pelos pesquisados. 69% das empresas apontaram os medidores de energia ativa como os mais procurados. Veja os números completos nas páginas a seguir.

Confira, na sequência, gráficos detalhados com informações de

mercado e, na sequência, tabelas com mais dados sobre as empresas que par ticiparam da pesquisa, como serviços oferecidos, cer tificações conquistadas, produtos comercializados e informações de contato.

Números do mercado de fabricantes de equipamentos para condicionamento de energia e grupos geradores Semelhante ao que foi constatado nesta mesma pesquisa realizada em 2013, o segmento industrial continua liderando este mercado. 88% dos fabricantes e distribuidores pesquisados apontam a indústria como principal cliente. No ano passado, este índice era de 95%. Os segmentos comercial e de montadores de painéis estão na sequência, citados por 63% e 57% das empresas, respectivamente.


86

Pesquisa

Instrumentos de teste e medição

Principais segmentos de atuação

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Entre os produtos mais mencionados pelas empresas, lideram o ranking

os medidores de energia ativa, tendo sido citados por 69% das empresas pesquisadas, e os medidores de energia reativa (67%). Aparecem, logo em seguida, os medidores de fator de potência e os amperímetros, citados por 65%

33%

delas. Em 2013, este item foi liderado por medidores de potência e por voltímetros.

Residencial

47%

Principais produtos comercializados pelas empresas

Distribuidoras de energia elétrica

57%

Montadores de painéis

63%

Medidores de energia ativa

69%

Comercial

88%

Medidores de energia reativa

67%

Industrial

Medidores de fator de potência

65% 65%

As vendas acontecem, em sua maioria, diretamente aos clientes finais, segundo

59%

afirmaram 82% dos pesquisados. No ano anterior, esse canal de vendas também

57%

foi o mais apontado pelas empresas, mas por 71% delas. Veja a distribuição: Principais canais de vendas

53%

82%

16% 14%

53%

Distribuidores / Atacadistas

53%

Revendas / Varejistas

Amperímetros

Venda direta ao cliente final

Voltímetros Medidores de qualidade de energia Medidores de harmônicas

49%

Multímetros

49%

Frequencímetros

47% 45%

Medidores de demanda Medidores de temperatura

Outros

Telemarketing

Quanto à balança comercial deste segmento, quase que a totalidade dos

produtos fabricados é consumida dentro do país. Na média, 93% dos equipamentos são destinados ao mercado interno. Balança comercial

No que diz respeito às certificações ISO, os índices também são praticamente

os mesmos. Neste ano, 53% das empresas afirmaram possuir a certificação ISO 9001 (gestão de qualidade), enquanto 16% disseram contar com a certificação de gestão ambiental. Certificações ISO

7%

Exportação

93% 16%

Mercado nacional

14.001 (ambiental)

53%

9001 (qualidade)

Esta pesquisa contou com a participação de fabricantes e distribuidores de

todos os portes. Apenas 3% declararam faturar acima dos R$ 200 milhões por ano. Veja a distribuição:



88

Pesquisa

Instrumentos de teste e medição

Faturamento bruto anual médio das empresas em 2013

3%

Acima de R$ 200 milhões

6%

17%

De R$100 milhões a R$200 milhões

6%

Até R$ 3 milhões

De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões

11%

De R$ 3 milhões a R$ 5 milhões

19%

De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões

19%

De R$ 5 milhões a R$ 10 milhões

19%

De R$ 10 milhões a R$ 20 milhões

O crescimento médio deste mercado vem se mantendo razoavelmente estável nos últimos anos. Na

pesquisa do ano passado, as empresas declararam crescimento médio de 12% em 2012 com relação a 2011. O índice foi o mesmo para o crescimento médio em 2013 com relação a 2013, segundo o levantamento deste ano. Para 2014, a expectativa é que as empresas obtenham acréscimo de 11% nos seus resultados. Já para o mercado, a previsão é menos otimista. As empresas esperam que este setor apresente crescimento médio de 8% neste ano na comparação com o ano passado. Previsões de crescimento

Previsão de crescimento para o mercado de testes e medição em 2014

8%

11% 12%

Previsão de crescimento das empresas para 2014 Percentual de crescimento das empresas em 2013 comparado ao ano anterior

A perspectiva não tão positiva deste mercado deve-se, absolutamente, ao cenário econômico

desfavorável. Veja: Fatores que influenciaram o mercado de testes em medição em 2014

6%

Programas de incentivo do governo

18%

Outros

3%

Bom momento econômico do país

12%

Falta de normalização e/ou legislação

29%

Desaceleração da economia brasileira

4%

Projetos de infraestrutura

3%

10%

Crise internacional

10%

Projetos de infraestrutura

Setor da construção civil aquecido 5%

Setor da construção civil desaquecido



Instrumentos de teste e medição

Americana

SP

X

X

(11) 2081-8168 www.bhseletronica.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

BOHNEN+MESSTEK

(11) 2711-0050 www.bohnen.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

COEL

(11) 2066-3211 www.coel.com.br

São Paulo

SP

X

X

COMERCIAL GONÇALVES

(11) 3229-4044 www.comercialgoncalves.com.br São Paulo

SP

X

X

D´LIGHT

(11) 2937-4650 www.dlight.com.br

Guarulhos

SP

X

X

DIGIMEC

(11) 2969-1600 www.digimec.com.br

São Paulo

SP

ELOS

(41) 3383-9290 www.elos.com.br

São José dos Pinhais

PR

EMBRASUL

(51) 3358-4000 www.embrasul.com.br

Porto Alegre

RS

ENGEMATEC

(19) 3285-0010 www.engematec.com.br

Campinas

SP

ENGEMET

(11) 5073-8765 www.engemeteletrica.com.br

São Lourenço da Serra

SP

FINDER

(11) 4223-1550 www.findernet.com

Sao Caetano do Sul

SP

X

FLIR SYSTEMS

(15) 3238-8070 www.flir.com

Sorocaba

SP

FLUKE

(11) 4058-0200 www.fluke.com.br

São Paulo

SP

FOXLUX

(41) 3302-8100 www.foxlux.com.br

Pinhais

PR

X

FULL GAUGE

(51) 3475-3308 www.fullgauge.com.br

Canoas

RS

X

GESTAL

(11) 5080-8200 www.gestal.com

São Paulo

SP

GRUPO FOXLUX

(41) 3302-8100 www.grupofoxlux.com.br

Pinhais

PR

X

HAGER ELETROMAR

0800 724 2437 www.hager.com.br

Rio de Janeiro

RJ

X

X

ICEL MANAUS

(41) 3377-1455 www.icel-manaus.com.br

Curitiba

PR

X

X

IDEAL INDUSTRIES

(11) 4314-9930 www.idealindustries.com.br

São Bernardo do Campo

SP

X

IMS

(51) 3382-2300 www.ims.ind.br

Porto Alegre

RS

X

INSTRONIC

(11) 3383-3700 www.instronic.com.br

Osasco

SP

X

INSTRUMENTI

(11) 5641-1105 www.instrumenti.com.br

São Paulo

SP

INSTRUTEMP

(11) 3488-0200 www.instrutemp.com.br

São Paulo

ISOLET

(11) 2118-3000 www.isolet.com.br

Itu

JNG

(11) 2090-0550 www.jng.com.br

KRON

(11) 5525-2000 www.kron.com.br

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São Paulo

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X

X

Oferece diagnóstico enegéticos para os clientes

(19) 3278-4440 www.addtec.com.br

BHS

X

X

Oferece treinamento técnico para os clientes

ADDTEC

X

Corpo técnico especializado para oferecer suporte ao cliente

X

Importa produtos acabados

X

Exporta produtos acabados

SP

Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet Programas na área de responsabilidade social

São Paulo

14001 (ambiental)

X

X

(11) 3883-6050 www.acaoeng.com.br

9001 (qualidade)

X

SP

AÇÃO ENGENHARIA

Cidade

Certificado ISO

Outros

X

Osasco

Telemarketing

Distribuidores / atacadista

X

Estado

0800 014 9111 www.abb.com.br

Venda direta ao cliente final

Distribuidores de energia elétrica

X

Telefone

ABB

Revendas / varejistas

Montadores de painéis

X

EMPRESA

Site

Principal canal de vendas

Residencial

Principal segmento de atuação

Fabricante

Distribuidora

A empresa é

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Comercial

90

Industrial

Pesquisa

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X


91

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

(19) 3861-3070 www.montrel.com.br

Mogi Guaçu

SP

X

X

NUTSTEEL

(11) 2122-5777 www.nutsteel.com.br

São Paulo

SP

X

X

RDI BENDER

(11) 3602-6260 www.rdibender.com.br

Osasco

SP

X

X

RENZ

(11) 4034-3655 www.renzbr.com

Bragança Paulista

SP

X

X

RMS

(51) 3337-9500 www.rms.ind.br

Porto Alegre

RS

X

X

SASSI

(11) 4138-5122 www.sassitransformadores.com.br Taboão da Serra

SP

X

SEL

(19) 3518-2110 www.selinc.com.br

Campinas

SP

X

X

SIEMENS

0800 11 9484 www.siemens.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

X

SINCLAIR

(11) 2653-9581 www.sinclairequipeletronicos.com.br São Paulo

SP

X

X

X

X

SULTECH

(51) 3013-0333 www.sultech.com.br

Porto Alegre

RS

X

T&M INSTRUMENTS

(11) 5092-5229 www.tminstruments.com.br

São Paulo

SP

TEREX

(31) 2125-4000 www.terexritz.com

Betim

MG

UNION

(11) 3512-8900 www.unionsistemas.com.br

São Paulo

SP

WEIDMÜLLER CONEXEL

(11) 4366-9610 www.weidmueller.com.br

Diadema

SP

X

X

WGR IGNITRON

(11) 2155-5500 www.wgr.com.br

São Paulo

SP

X

X

YOKOGAWA

(11) 3513-1324 www.yokogawa.com.br

Barueri

SP

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X X

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X X

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X

X X

X

X

Oferece diagnóstico enegéticos para os clientes

MONTREL

X

X

Oferece treinamento técnico para os clientes

SP

X

Corpo técnico especializado para oferecer suporte ao cliente

Salto

X

Importa produtos acabados

(11) 4028-5653 www.meastech.com.br

X X

Exporta produtos acabados

MIT MEASTECH

X

Serviço de atendimento ao cliente por telefone e/ou internet Programas na área de responsabilidade social

SP

14001 (ambiental)

X

São Paulo

9001 (qualidade)

X

(11) 5641-8111 www.megabras.com

Estado

Certificado ISO

Outros

X

RS

MEGABRAS

Cidade

Telemarketing

X

X

Caxias do Sul

Site

Venda direta ao cliente final

Montadores de painéis

X

X

(54) 4009-5255 www.magnani.com.br

Revendas / varejistas

Residencial

X

X

Telefone

MAGNANI

Principal canal de vendas

Distribuidores / atacadista

Comercial

X

EMPRESA

Distribuidores de energia elétrica

Industrial

Principal segmento de atuação

Distribuidora

Fabricante

A empresa é

X

X

X

X X X

X

X X


Pesquisa

92

Instrumentos de teste e medição

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Medidor de fator de potência

Medidor de harmônicas

Medidor de qualidade de energia

Medidor de resistência de aterramento

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

ADDTEC

(19) 3278-4440 www.addtec.com.br

Americana

SP

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

BHS

(11) 2081-8168 www.bhseletronica.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

X

X

X

BOHNEN+MESSTEK

(11) 2711-0050 www.bohnen.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

COEL

(11) 2066-3211 www.coel.com.br

São Paulo

SP

COMERCIAL GONÇALVES

(11) 3229-4044 www.comercialgoncalves.com.br São Paulo

SP

X

D´LIGHT

(11) 2937-4650 www.dlight.com.br

Guarulhos

SP

X

DIGIMEC

(11) 2969-1600 www.digimec.com.br

São Paulo

SP

X

ELOS

(41) 3383-9290 www.elos.com.br

São José dos Pinhais

PR

EMBRASUL

(51) 3358-4000 www.embrasul.com.br

Porto Alegre

RS

X

X

X

X

X

X

ENGEMATEC

(19) 3285-0010 www.engematec.com.br

Campinas

SP

X

X

X

X

X

X

ENGEMET

(11) 5073-8765 www.engemeteletrica.com.br

São Lourenço da Serra

SP

X

X

FINDER

(11) 4223-1550 www.findernet.com

Sao Caetano do Sul

SP

FLIR SYSTEMS

(15) 3238-8070 www.flir.com

Sorocaba

SP

X

X

X

X

X

X

FLUKE

(11) 4058-0200 www.fluke.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

X

X

X

FOXLUX

(41) 3302-8100 www.foxlux.com.br

Pinhais

PR

X

FULL GAUGE

(51) 3475-3308 www.fullgauge.com.br

Canoas

RS

GESTAL

(11) 5080-8200 www.gestal.com

São Paulo

SP

GRUPO FOXLUX

(41) 3302-8100 www.grupofoxlux.com.br

Pinhais

PR

X

HAGER ELETROMAR

0800 724 2437 www.hager.com.br

Rio de Janeiro

RJ

X

X

X

ICEL MANAUS

(41) 3377-1455 www.icel-manaus.com.br

Curitiba

PR

X

X

X

IDEAL INDUSTRIES

(11) 4314-9930 www.idealindustries.com.br

São Bernardo do Campo

SP

X

X

IMS

(51) 3382-2300 www.ims.ind.br

Porto Alegre

RS

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

INSTRONIC

(11) 3383-3700 www.instronic.com.br

Osasco

SP

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

INSTRUMENTI

(11) 5641-1105 www.instrumenti.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

X

X

X

X

X

INSTRUTEMP

(11) 3488-0200 www.instrutemp.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

X

X

X

X

X

ISOLET

(11) 2118-3000 www.isolet.com.br

Itu

SP

JNG

(11) 2090-0550 www.jng.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

KRON

(11) 5525-2000 www.kron.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

X

X

X

X

X X

Outros

Medidor de demanda

X

X

Calibradores e padrões

Medidor de energia ativa

X

SP

Pinças

Medidor de energia reativa

X

São Paulo

Transdutores

Multímetro

X

(11) 3883-6050 www.acaoeng.com.br

Equipamento de aquisição de dados

Frequencímentro

SP

AÇÃO ENGENHARIA

Cidade

Osciloscópio

Voltímetro

Osasco

Site

Medidor de temperatura

Estado

0800 014 9111 www.abb.com.br

Luxímetro

Telefone

ABB

Megômetro

EMPRESA

Amperímetro

Tipos de INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO que a empresa comercializa

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X X

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93

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

X

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X

X

X

X

X

X

SP

RDI BENDER

(11) 3602-6260 www.rdibender.com.br

Osasco

SP

RENZ

(11) 4034-3655 www.renzbr.com

Bragança Paulista

SP

RMS

(51) 3337-9500 www.rms.ind.br

Porto Alegre

RS

SASSI

(11) 4138-5122 www.sassitransformadores.com.br Taboão da Serra

SP

SEL

(19) 3518-2110 www.selinc.com.br

Campinas

SP

SIEMENS

0800 11 9484 www.siemens.com.br

São Paulo

SP

X

X

SINCLAIR

(11) 2653-9581 www.sinclairequipeletronicos.com.br São Paulo

SP

X

X

SULTECH

(51) 3013-0333 www.sultech.com.br

Porto Alegre

RS

X

X

X

T&M INSTRUMENTS

(11) 5092-5229 www.tminstruments.com.br

São Paulo

SP

X

X

X

TEREX

(31) 2125-4000 www.terexritz.com

Betim

MG

X

X

UNION

(11) 3512-8900 www.unionsistemas.com.br

São Paulo

SP

WEIDMÜLLER CONEXEL

(11) 4366-9610 www.weidmueller.com.br

Diadema

SP

X

X

WGR IGNITRON

(11) 2155-5500 www.wgr.com.br

São Paulo

SP

YOKOGAWA

(11) 3513-1324 www.yokogawa.com.br

Barueri

SP

X

X

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X

X

X

Outros

X

X

SP

São Paulo

Calibradores e padrões

X

X

Mogi Guaçu

(11) 2122-5777 www.nutsteel.com.br

Pinças

X

X

(19) 3861-3070 www.montrel.com.br

NUTSTEEL

Transdutores

Megômetro

X

X

MONTREL

X

Equipamento de aquisição de dados

Medidor de resistência de aterramento

X

X

SP

Osciloscópio

Medidor de qualidade de energia

X

Salto

Medidor de temperatura

Medidor de harmônicas

X

(11) 4028-5653 www.meastech.com.br

Luxímetro

Medidor de fator de potência

X

Voltímetro

X

Amperímetro

Medidor de energia ativa

X

Medidor de energia reativa

X

Multímetro

X

Frequencímentro

X

X

MIT MEASTECH

X

X

X

SP

X

X

X

X

São Paulo

X

X

X

X

X

(11) 5641-8111 www.megabras.com

X

X

X

X

RS

MEGABRAS

X

X

X

X

X

Caxias do Sul

X

X

X

X

X

Estado

(54) 4009-5255 www.magnani.com.br

X

X

X

Telefone

MAGNANI

Cidade

X

X

EMPRESA

Site

Medidor de demanda

Tipos de INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO que a empresa comercializa

X

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X X

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X

X


Aula prática

94

Transformadores

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Manutenção de transformadores Desenvolvimento de um dispositivo indicador de sobrecargas de longa duração para transformadores de distribuição

Por Sergio Luiz Zimath, Adrián Fritz, Arlan Luiz Bettiol, Antônio Carniato, Francisco José Seleiro Pimentel, José Celito Moraes de Córdova, Lucio Tadeu Prazeres, Luiz Alberto de Miranda, Patrícia Mascarenhas Bonina Zimath, Clarckson Brandl Silvestre e Danilson Agnaldo Mendes Wolff*


95

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

instalado de forma simples e rápida no

Desenvolvimento

circuito de baixa tensão dos transformadores de distribuição, alertasse as equipes da

concessionária, com uma certa antecedência,

circulação de um fluxo excessivo de corrente

da presença de sobrecargas de longa duração

no enrolamento secundário do transformador,

e, desta forma, as equipes de manutenção

causando aumento adicional de temperatura.

efetuassem a troca do TDs identificados com

Esta elevação da temperatura pode causar a

sobrecarga.

deterioração do material isolante, afetando a

O procedimento atualmente adotado pela

vida útil do equipamento. Em casos extremos,

Celesc para a detecção de sobrecargas de longa

a sobrecarga pode provocar a avaria definitiva

duração em TDs é realizado mensalmente

do transformador.

mediante a utilização de softwares de

simulação

nominal

típica em sistemas de distribuição com

vinculado à base de dados georreferenciada

tensões nominais de 13,8, 23 e 34,5 kV

(GIS), como, as ferramentas computacionais

pode variar de um carregamento inferior

Genesis, Temperate e Equilibra. Executado

a 25% da sua potência nominal até um

em modo off-line e baseado nos dados de

carregamento superior a 150% da sua

faturamento mensal dos clientes supridos por

potência nominal. Portanto, sobrecarga em

um determinado TD (ou seja, adotando-se

termos do carregamento de um TD pode ser

o cálculo estatístico de carregamento dos

definida como um carregamento superior

transformadores pela metodologia kVAs), estas

ao

ferramentas identificam os transformadores

transformador (sobrecarga instantânea ou de

eventualmente submetidos a sobrecargas, por

longa duração).

estarem operando continuamente acima da

De

sua capacidade nominal.

5416/1997 e ABNT NBR 5440/1999, os

De uma forma alternativa (bem mais

limites de temperatura no topo do óleo

precisa, porém mais demorada e com

e no ponto mais quente do enrolamento

alto custo operacional), a identificação de

são 95 °C e 105 °C, respectivamente, para

sobrecargas nos TDs pode ser também feita

os transformadores classe 55 °C, que são

por medições temporárias de corrente e

aqueles cuja elevação da temperatura média

tensão nos transformadores, com duração

dos enrolamentos, acima da temperatura

de aproximadamente uma semana. Quando

ambiente, não deve exceder 55 °C e

constatada a ocorrência de sobrecargas em

cuja elevação de temperatura do ponto

um TD, é então providenciada uma adequação

mais quente do enrolamento, acima da

do seu circuito secundário, mediante a

temperatura ambiente, não deve exceder

A Celesc Distribuição S.A. teve 4.293

divisão do circuito ou redistribuição de carga

65 °C. O tempo no qual um TD opera

Transformadores

(TD)

para circuitos de distribuição adjacentes,

em sobrecarga influencia diretamente a

avariados durante o ano de 2008. Dentre

ou a readequação da potência nominal do

elevação da temperatura do ponto mais

as 53 diferentes causas identificadas pela

transformador.

quente do seu enrolamento e do óleo e,

empresa como responsáveis pelas avarias

O artigo é baseado nos resultados

consequentemente, na perda de vida útil

identificadas, a segunda mais significativa foi

obtidos durante o desenvolvimento do

técnica adicional, caso a temperatura limite

a causa 71 (sobrecarga no transformador), a

projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D)

do isolamento for ultrapassada.

qual foi responsável pela avaria de 487 TDs,

da Agência Nacional de Energia Elétrica

correspondendo a 11,3% do total dos TDs

intitulado “Desenvolvimento de indicador de

relacionado às perdas no cobre, pois as

avariados naquele ano. É consenso atualmente

baixo custo de sobrecarga de longa duração

perdas no ferro dependem diretamente dos

na empresa que o número de avarias em

em transformadores de distribuição”, código

níveis de tensão aplicada aos terminais do

TDs poderia ser significativamente reduzido

5697-5208/2010. Destaca-se que a execução

transformador, as quais são normalmente

pot meio de procedimentos de manutenção

do projeto finalizou em março/2012, com

consideradas

preventiva se algum dispositivo de proteção,

prazo de duração de 24 meses.

sobrecarga para a condição de carregamento

de

Distribuição

de

carregamento

A sobrecarga em um TD é o resultado da

O carregamento dos TDs de aplicação

carregamento

acordo

nominal

com

a

imposto

ABNT

ao

NBR

O aquecimento do transformador está

constantes.

O

nível

de


Aula prática

Transformadores

96

equipamentos, particularmente

do

papel

e de sobrecarga baseado na Tabela 31 da

isolante das bobinas pela ação da elevação da

ABNT

NBR

5416/1997

(carregamento

temperatura dos enrolamentos.

de transformadores de 55°C, sistema de resfriamento Onan, carga inicial de 50% para

Identificação

DP = 0,5 h);

de sobrecargas

de longa duração em

• Considerou-se que, sempre que ocorrer

transformadores de distribuição

uma ou mais “sobrecargas de longa duração” no período das 0h às 24h, o equipamento

A solução técnica proposta dentro

registrará em memória um evento de

do escopo do projeto está diretamente

“sobrecarga de longa duração” para fins de

associada à clara definição do conceito de

contagem de sinalização.

“sobrecarga de longa duração em TD”. Com base nas normas e artigos técnicos analisados

Destaca-se que foi adotado, mesmo que

e citados nas referências bibliográficas, foram

de forma ainda bastante conservadora, o

identificadas diversas formas e critérios de

carregamento inicial de 50%, muito embora

conceituações para o fenômeno em análise.

se estime que a carga inicial do TD (carga e

média das 24 horas anteriores à análise da

do transformador igual ou superior a 150%

critérios estabelecidos na ABNT NBR

sobrecarga) seja inferior a este valor de

da sua carga nominal implica em queda

5416/1997, para fins do desenvolvimento

referência.

de tensão e geração de calor excessivo no

deste equipamento, foi adotada a seguinte

circuito interno do TD. Nesta condição

conceituação para o fenômeno em análise:

de carregamento, a queda de tensão pode

sobrecarga de longa duração é todo

Características funcionais do equipamento

atingir valores superiores a 5%. A partir da

evento

Descrição

temperatura de 130 °C, inicia-se a redução

do

da concentração de oxigênio no óleo isolante

carregamento, que resultar no incremento

Dispositivo eletrônico de baixo custo

e ocorrem reações de oxidação no sistema

da temperatura no topo do óleo TO (°C),

capaz de detectar e monitorar a ocorrência

óleo mineral – papel isolante, ou seja, a

em qualquer janela de observação de 30

de sobrecargas de longa duração em TDs,

partir desta temperatura a formação de

minutos, acima dos valores de temperatura

mediante o monitoramento indireto da elevação

gases no óleo isolante ocorre em um ritmo

previstos na Tabela 1 (Tabela 31 da ABNT

da temperatura no topo do óleo por meio

mais acelerado; isso pode causar avarias ao

NBR 5416/1997), observada a respectiva

da medição direta da temperatura pelo lado

equipamento ou envelhecimento precoce.

temperatura ambiente Ta (°C) e a duração

externo do tanque do transformador (sensor

Para a determinação da imagem dos

da ponta DP (h) de 0,5 horas.

de temperatura adesivo ao tanque), de modo a

fenômenos térmicos existentes em um TD,

A partir desta conceituação, foram

evitar a degradação e/ou avaria do transformador.

é necessário considerar-se duas constantes

adotadas as seguintes premissas para a

de tempo: uma pequena (em torno de

definição de “Sobrecarga de longa duração

Requisitos

10 minutos), relativa à passagem do calor

em TD”:

equipamento

Considerando-se

associado

transformador,

os

ao

requisitos

comportamento

sob

básica do equipamento

determinado

dos condutores ao óleo e a outra maior

funcionais do

• Facilidade de instalação não invasiva,

(aproximadamente de 1 a 2 horas), relativa à

• Medição da temperatura ambiente efetuada

mediante

transmissão do calor ao meio ambiente ou ao

a cada dez minutos;

dispositivo ao tanque do transformador por

agente de arrefecimento.

• Medição da temperatura no lado externo

meio de um conjunto de ímãs;

do tanque (referenciada ao topo do óleo)

• Simplicidade de instalação a um baixo custo,

efetuada a cada dez minutos;

não havendo necessidade da presença de

• Integração das medições à janela móvel de

técnicos especializados da concessionária;

Sobrecargas devidamente implicam

em

TDs,

identificadas diversos

quando e

não

eliminadas,

problemas

às

concessionárias de distribuição:

o

acoplamento

externo

do

30 minutos; carga inicial de 50% (0,5 pu); • Refrigeração a óleo natural – ar natural

Autonomia de sinalização;

bateria para

• Elevado número de ocorrências de avarias

(Onan);

de TDs em função de sobrecargas;

• Limite de elevação de temperatura dos

• Alimentação independente da rede de

• Redução da vida útil dos TDs devido à

enrolamentos a 55 °C;

energia elétrica da concessionária por bateria

deterioração dos elementos isolantes dos

• Parâmetros de controle de carregamento

recarregável por energia solar;


97

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Sinalização

sonora e visual;

• Alimentação independente da rede de

Princípio

de funcionamento do

equipamento

duração, o dispositivo continuará monitorando o TD para identificar se, no período de 30

energia da concessionária, através de baterias

A detecção de “sobrecarga de longa

dias a partir daquela data, ocorrerá uma nova

recarregáveis por energia solar, proporcionando

duração” em TDs será realizada mediante

sobrecarga de longa duração.

maior robustez e imunidade do dispositivo a

monitoramento contínuo da temperatura no

impulsos elétricos e descargas atmosféricas;

topo do óleo, referenciadas ao lado externo

a ocorrência de três registros de sobrecarga

• A sinalização do dispositivo será sonora

do tanque do transformador. A temperatura

de longa duração, em intervalos de tempo

(som de cigarra) luminosa (Leds);

ambiente e a temperatura do lado externo

entre eles menor ou igual a 30 dias, conforme

• Dispositivo de reset de eventos de

do tanque serão medidas a cada dez minutos

ilustrado na Figura 1. Se no período de 30

sobrecarga com o intuito de possibilitar

e integralizadas em intervalos de 30 minutos

dias após o registro de uma sobrecarga

a interrupção da sinalização e reiniciar a

(média móvel das últimas três medições).

não ocorrer novo registro, o dispositivo

contagem de eventos; e

Os valores resultantes serão comparados

descartará os registros anteriores, reiniciando

• Registro dos seguintes parâmetros para

com os limites de temperatura do topo do

novo ciclo de monitoramento.

cada evento de sobrecarga: número do

óleo estabelecidos na Tabela 31 da ABNT

evento, data, dia da semana, hora de início e

NBR 5416/1997, observada a respectiva

consumidores a contatarem a concessionária,

fim do evento, temperatura ambiente média

temperatura ambiente Ta (ºC) e duração da

informando sobre o acionamento de alarme

do período do evento, temperatura na face

Ponta DP (h) de 0,5 horas.

de sobrecarga do TD. Esta sinalização

externa do tanque, no topo do óleo (média

Sempre que ocorrer uma ou mais

será

do período do evento), temperatura no nível

sobrecargas de longa duração no período

de sinalização sonora e luminosa, com

do óleo (indireto) - (média do período do

das 0h às 24h, o equipamento registrará em

períodos de sinalização somente luminosa.

evento) e temperatura no ponto mais quente

memória um evento de sobrecarga de longa

O dispositivo terá autonomia para manter a

do enrolamento (de forma indireta pela

duração para fins de contagem de sinalização.

sinalização ativa por um período mínimo de

média do período do evento).

Após o registro da primeira sobrecarga de longa

duas horas.

O dispositivo sinalizará quando identificar

O acionamento dos alarmes induzirá os

intermitente,

alternando

períodos


Aula prática

98

Transformadores

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

As Figuras 2 a 4 mostram, respectivamente,

a vista superior do equipamento (aberto e fechado) e a instalação do mesmo em um transformador de distribuição da Celesc.

Funcionalidades básicas do software embarcado do equipamento Figura 1 – Monitoração de sobrecargas de longa duração de TD.

a) Parâmetros de sobrecarga: • Considera o valor médio das três últimas aquisições de temperatura; e • Atualiza os contadores internos com o número de sobrecargas ocorridas desde a atualização do software, a quantidade de sobrecargas de longa duração e o contador de sobrecargas acumuladas, o qual é zerado a

Figura 2 – Vista superior (equipamento aberto).

Figura 3 – Vista superior (equipamento fechado).

cada 30 dias. b) Sinalização de sobreaquecimento

Quando a condição de sobreaquecimento

for detectada, são acionados os dispositivos de sinalização de operação regular e de alarme, conforme a seguir: • É composta por três conjuntos de sinalizadores luminosos, do tipo Led de alto brilho (oito unidades por cada conjunto, sendo um conjunto montado e ajustado para a cor

Figura 4 – Instalação dos equipamentos em TD em operação.

vermelha, outro para a verde e o terceiro para

• Ainda faz parte do conjunto, a sinalização

distinguir sonoramente dos alarmes típicos

o amarelo);

sonora por buzzer que é projetado para se

de rua.


99

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

• Se ocorrer sobrecarga de longa duração

sem sobreaquecimento do transformador, os

equipamento optou em não utilizar a

• São empregados quatro sensores de tempera­

Leds amarelos e o buzzer são acionados por

sinalização automática por meio de um

tura, sendo dois destinados para compensação

oito segundos a cada um minuto;

sistema

da influência externa (temperatura ambiente,

• Se ocorrer sobrecarga de longa duração

exemplo, tecnologias GPRS, wireless e/ou

temperatura do circuito eletrônico e interior

com sobreaquecimento do transformador,

PLC) com o COD da Celesc, de modo a

do gabinete) e um usado na proteção do

são acionados os Leds vermelhos, piscando

tornar o equipamento mais simples, barato e

equipamento (temperatura de bateria). O

em frequência de 1 Hz, juntamente com os

robusto.

quarto sensor, um termistor do tipo PTC, é

Leds amarelos e buzzer até que a condição

montado mecanicamente com o objetivo de se

de sobrecarga de longa duração seja extinta;

medir a temperatura da superfície externa do

• Adotou-se a frequência de sinalização dos

Os

tanque do transformador;

Leds/buzzer de 1 Hz, “duty cycle” de 5%,

equipamentos "Indicador de baixo custo de

• O ponto de contato do sensor de temperatura

visando economia de bateria. Destaca-se que

sobrecarga de longa duração" foram efetuados

com o tanque do transformador requer uma

a bateria foi dimensionada para operar com

em quatro transformadores instalados em

pressão adequada para a correta medição.

as condições operativas acima, ao menos,

alimentadores da Celesc na Regional Jaraguá

Foi implementado um sistema com mola para

durante um período de 24 horas;

do Sul, sendo aqui comentados de forma mais

manter o sensor pressionado ao tanque.

• Pela afixação de uma placa indicativa no TD

detalhada somente os testes finais efetuados

com o número de emergência da Celesc e do

com dois transformadores (TD01 e TD04).

sinal sonoro intermitente do equipamento,

Este conjunto de ensaios foi realizado

c) Medição de temperatura

d) Gabinete do equipamento

A

equipe

de

Testes

de

desenvolvimento

comunicação

(usando,

do

por

realizados em campo

ensaios

de

campo

com

os

presume-se que os transeuntes contatem as

visando validar a robustez, o desempenho

• O gabinete para abrigar a parte eletrônica do

equipes de emergência da concessionária para

e

equipamento é completamente vedado para

relatar o problema detectado e a necessidade

equipamentos desenvolvidos em condições

permitir a operação exposta do equipamento

de ações de manutenção corretiva;

reais de operação com grande severidade.

às intempéries e é provido de uma soleira

• Os Leds indicativos têm como função básica,

metálica para sustentar a célula fotovoltaica.

durante o procedimento de manutenção do

e) Sinalização de sobrecarga de longa duração

as

funcionalidades

Objetivo

operacionais

dos

dos testes

TD, sinalizar às equipes técnicas as atuais

condições

dos equipamentos em dois transformadores

operativas

do

transformador

Registro e verificação do comportamento

(presença ou não de sobreaquecimento).

operando

Quando as condições de sobrecarga de

Com isso, minimizam-se os riscos de que uma

funcionamento com posterior comparação

longa duração são detectadas, aciona-se os

eventual explosão do TD possa expelir óleo

com as medições de potência aparente

dispositivos de sinalização como a seguir:

quente e atingir as equipes de manutenção; e

efetuadas

em

por

condições

meio

de

reais

de

equipamentos


Aula prática

100

Transformadores

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

registradores digitais de potência - modelo MARHV-21 (RMS).

Resultados As

Figuras

obtidos

5

a

7

mostram

as

temperaturas e potências aparentes medidas pelo

equipamento

desenvolvido

nos

transformadores TD01,TD02 e TD03 durante o verão de 2012. Estes transformadores suprem cargas exclusivamente residenciais. Nestas figuras, os gráficos correspondentes às variáveis são os seguintes: cor verde (potência aparente), cor laranja (temperatura, de acordo com a norma adotada, para indicação de sobrecarga - temperatura de

Figura 5 – Medição de temperaturas e potência aparente do transformador TD01.

topo de óleo), cor vermelha (temperatura do topo medida pelo lado externo do tanque), cor azul claro (temperatura ambiente) e cor azul escuro (indicação de sobrecargas pelo conceito adotado no projeto). Analisando-se os gráficos, percebe-se que não houve indicação de sobrecarga nos transformadores TD01, TD02 e TD03, indicação que foi confirmada pela medição do MARVH-21 no transformador TD01. Dessa forma, a atuação do equipamento foi coerente ao indicar que o transformador não apresentava sobrecargas durante o período de medições.

Por sua vez, as Figuras 8 e 9 mostram,

respectivamente,

a

sobrecarga

do

transformador TD04 e que o pico de carga nele, medido pelo equipamento instalado

Figura 6 – Medição de temperaturas e potência aparente do transformador TD02.

e comprovado pelos registros obtidos pelo MARVH-21, ocorreu de fato próximo à meianoite em função das altas temperaturas da região naquela época e do uso intensivo de equipamentos de ar condicionado pelos consumidores supridos pelo TD.

Destaca-se que esta situação operativa

não é condizente com as curvas típicas de carga do transformador, segundo a abordagem estatística da metodologia kVA.s adotada atualmente pela Celesc da

Finalmente, a Figura 10 mostra a influência radiação

solar

no

comportamento

das temperaturas medidas no tanque do transformador TD04. No entanto, não foi detectada sobrecarga neste transformador em função da influência solar.

Figura 7 – Medição de temperaturas e potência aparente do transformador TD03.



Aula prática

102

Transformadores

Figura 8 – Indicação do pico de carga do transformador TD04.

Figura 9 – Indicação do pico de carga do transformador TD04 durante a madrugada.

Figura 10 – Influência do aquecimento do tanque do transformador TD04 por radiação solar.

Conclusões

Devido ao caráter inovador e à sua larga aplicabilidade na rede de distribuição, a Celesc recebeu o

prêmio de 3º lugar no VII Citenel com a apresentação deste projeto.

A principal inovação tecnológica deste projeto de P&D foi o desenvolvimento de um dispositivo

eletrônico de baixo custo destinado à indicação de sobrecargas de longa duração em transformadores de distribuição através de aviso sonoro do tipo alarme e luminoso.


O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

103

Os atuais sistemas de detecção de sobrecarga em transformadores de distribuição são baseados somente no faturamento mensal dos consumidores conectados ao transformador e em curvas de carga típicas obtidas por métodos estatísticos (metodologia kVA.s), os quais estão sujeitos a vários tipos de fontes de erros (furtos de energia, curvas de cargas não típicas, cargas não lineares, etc.).

O equipamento utiliza a temperatura externa em um determinado ponto do

tanque do transformador para indicar, de uma forma muito simples e direta, quando se encontra em sobrecarga de longa duração. Destaca-se que o equipamento não exige nenhuma parametrização pelo usuário.

Diversos ensaios realizados em laboratório e campo possibilitaram estimar-se

a função de transferência entre a temperatura do enrolamento (interna) e a temperatura medida na altura do nível do topo do óleo do lado externo do tanque do TD. Tais ensaios demonstraram que, independentemente da potência nominal dos TDs e das condições climáticas (especialmente, a temperatura ambiente e os níveis de radiação solar incidentes no tanque do transformador), a função de transferência se mantém basicamente a mesma para diferentes condições operativas.

Os testes realizados em campo, com duração de aproximadamente quatro

meses e realizados em condições de altas temperaturas e baixa pluviometria durante os meses de dezembro/2011 a março/2012, permitiram comprovar o correto funcionamento e robustez construtiva dos equipamentos instalados em quatro transformadores em condições reais de operação, sendo que um deles apresentou sobrecarga, sinalizada pelo equipamento e confirmada pela medição de potência aparente por um registrador digital.

O indicador de sobrecarga de longa duração desenvolvido é bastante simples

e de custo reduzido, requisitos que permitem seu uso em larga escala no sistema de distribuição e com grande facilidade de instalação e/ou remoção pelas equipes da concessionária.

Verificou-se que o equipamento desenvolvido reduz significativamente os

riscos de acidentes associados à explosão dos transformadores de distribuição em sobrecarga e, consequentemente, o espalhamento de óleo quente.

O pedido de patente industrial do equipamento desenvolvido foi solicitado

junto ao INPI.

Referências E-313.0019 – Transformadores para Redes Aéreas de Distribuição. CELESC, Florianópolis, 2001. ABNT NBR 5416/1997 – Aplicação de Cargas em Transformadores de Potência Procedimento. ABNT, Rio de Janeiro. ABNT NBR 5440/1999 – Transformadores para Redes Aéreas de Distribuição – Padronização. ABNT, Rio de Janeiro. IEEE – Standard C57.9101995 Guide for Loading Mineral-Oil Immersed Transformers. Este trabalho foi originalmente apresentado durante o XXI Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi), realizado de 8 a 13 de novembro de 2014, em Santos (SP).


ESPAÇO GUIA DE NORMAS

Esclarecimentos, recomendações e orientações quanto à aplicação técnica das normas ABNT NBR 5410, ABNT NBR 5419, ABNT NBR 14039 e NR 10, baseados no Guia O Setor Elétrico de Normas Brasileiras. Todos os meses uma dica de como bem utilizar as normas técnicas brasileiras para garantir o sucesso e a segurança da instalação elétrica.

Cargas não lineares nas instalações elétricas e a influência na tensão de alimentação De uma forma geral, as cargas não lineares podem ser definidas

corretivas não adequadas com graves consequências.

seus circuitos de alimentação pode ser decomposta em correntes

mínimas acumuladas) das componentes harmônicas de corrente e

como aquelas em que, durante sua operação, a corrente elétrica de

elétricas com componentes em outras frequências além da

tensão na alimentação de um inversor de frequência aplicado no

frequência fundamental (no Brasil 60 Hz).

acionamento de um motor.

Um dos casos mais típicos são os acionamentos de motores

Influência na tensão de alimentação causada pelas

de indução, compostos por inversores de frequência construídos,

cargas não lineares

por exemplo, com seis pulsos com a presença de correntes em 60

Hz (frequência fundamental), 300 Hz (5ª harmônica), 420 Hz (7ª harmônica), 660 Hz (11ª harmônica), e outras frequências com

A alimentação de cargas não lineares por uma fonte 60 Hz com

A identificação da presença destas correntes harmônicas em

(função direta da potência de curto circuito) e do volume das cargas

específicos. Da mesma forma que a medição clássica de variáveis

ocorre como resposta da fonte devido a circulação das correntes

que necessariamente deverá incluir as harmônicas dos circuitos

palavras, as cargas não lineares causam a distorção da tensão das

instantânea ou do perfil de carga; por quanto tempo, ainda qual a

cuidado especial na especificação de medições elétricas, seja para

de outros valores com menor significância, resultados da circulação

flicker e outros); caso contrário corre-se o risco de aplicar medidas

50 A na 7ª harmônica.

menor intensidade.

impedância típica e conhecida poderá em função desta impedância

uma instalação só é possível mediante a medição com instrumentos

distorcidas distorção em sua tensão de alimentação. Este fenômeno

elétricas em frequência fundamental, é importante que esta medição

harmônicas em sua impedância interna característica, em outras

seja especificada adequadamente, considerando se a medição será

fontes que as alimentam.

resolução e o intervalo de integração. Aliás, recomenda-se sempre

ordem de 28 V a 30 V na 5ª harmônica e 12 V na 7ª harmônica, além

qual for o objetivo (harmônicas, afundamentos, desbalanceamento,

das correntes harmônicas, da ordem de 170 A na 5ª harmônica é de

No detalhe da Figura 1, observa-se a medição de valores da

Espectro das harmônicas de corrente e tensão A cio n am en to 6 p u ls o s

L1

L2

L3

M in

250 0

200 0

75 50 25

400

C u rre n t L 1 C u rre n t L 2 C u rre n t L 3 M in M ax L 1 2 V o l ta g e L 2 3 V o l ta g e L 3 1 V o l ta g e M in M ax

A cio n am en to 6 p u ls o s

100

V o lt s

Amperes

500

H a rm o n ic s

C o m p o r ta m e n to d a s te n s õ e s h a r m ô n ic a s

M ax

Volts

104

A Figura 1 apresenta a medição instantânea (com máximas e

1

5 0 7 ,7 4 8 4 ,5 4 1 5 ,2 3 8 7 ,7 5 2 0 ,2 4 3 2 ,0 4 2 4 ,3 4 2 4 ,6 4 2 3 ,6 4 3 3 ,7

2 ,5 3 ,3 3 ,9 0 ,0 3 4 ,7 0 ,2 0 ,4 0 ,4 0 ,0 1 ,0

3

2 4 ,9 3 7 ,1 3 3 ,7 1 7 ,7 7 2 ,8 3 ,1 2 ,5 2 ,0 1 ,2 4 ,2

1 ,7 1 ,8 1 ,9 0 ,1 1 5 ,6 0 ,4 0 ,4 0 ,3 0 ,0 1 ,1

5

1 7 7 ,1 1 6 8 ,5 1 5 9 ,5 1 5 1 ,8 1 8 3 ,2 2 7 ,2 2 6 ,4 2 9 ,5 2 4 ,5 3 2 ,1

1 ,7 2 ,0 0 ,8 0 ,1 1 0 ,9 0 ,6 0 ,2 0 ,3 0 ,0 1 ,1

7

5 4 ,8 4 1 ,4 4 8 ,4 3 3 ,4 7 2 ,1 1 2 ,8 1 1 ,8 1 2 ,3 7 ,7 1 5 ,6

1 ,2 1 ,4 0 ,9 0 ,1 7 ,4 0 ,2 0 ,4 0 ,1 0 ,0 1 ,2

9

7 ,0 1 4 ,3 1 9 ,3 1 ,1 2 8 ,8 0 ,8 3 ,6 2 ,9 0 ,3 5 ,8

1 ,2 0 ,6 0 ,1 0 ,1 8 ,2 0 ,2 0 ,3 0 ,5 0 ,0 1 ,2

11

1 5 ,5 2 6 ,6 2 3 ,2 8 ,8 3 6 ,2 5 ,5 8 ,1 6 ,6 4 ,2 9 ,7

0 ,9 0 ,4 0 ,8 0 ,0 5 ,3 0 ,4 0 ,4 0 ,2 0 ,0 0 ,7

13

2 ,5 4 ,0 3 ,0 0 ,1 9 ,8 1 ,2 1 ,5 1 ,0 0 ,3 1 ,9

0 ,1 0 ,2 0 ,2 0 ,0 4 ,4 0 ,2 0 ,1 0 ,3 0 ,0 0 ,7

15

0 ,6 1 ,3 1 ,1 0 ,1 4 ,3 0 ,5 0 ,5 0 ,0 0 ,0 1 ,1

H a r m o n ic s C u rren tL1 C u rren tL2 C u rren tL3 M in Max L 1 2 V o lta g e L 2 3 V o lta g e L 3 1 V o lta g e M in M a1 x7

0 ,5 0 ,2 0 ,3 0 ,0 4 ,3 0 ,1 0 ,3 0 ,3 0 ,0 0 ,6

0 ,5 1 ,2 1 ,1 0 ,1 3 ,7 0 ,3 0 ,4 0 ,1 0 ,0 1 ,0

3

2 4 ,9 3 7 ,1 3 3 ,7 1 7 ,7 7 2 ,8 3 ,1 2 ,5 2 ,0 1 ,2 4 ,2

0 ,1 0 ,2 0 ,3 0 ,0 3 ,3 0 ,2 0 ,4 0 ,5 0 ,0 0 ,8

5

1 ,7 1 ,8 1 ,9 0 ,1 1 5 ,6 0 ,4 0 ,4 0 ,3 0 ,0 1 ,1

1 7 7 ,1 1 6 8 ,5 1 5 9 ,5 1 5 1 ,8 1 8 3 ,2 2 7 ,2 2 6 ,4 2 9 ,5 2 4 ,5 3 2 ,1

7

1 ,7 2 ,0 0 ,8 0 ,1 1 0 ,9 0 ,6 0 ,2 0 ,3 0 ,0 1 ,1

5 4 ,8 4 1 ,4 4 8 ,4 3 3 ,4 7 2 ,1 1 2 ,8 1 1 ,8 1 2 ,3 7 ,7 1 5 ,6

9

1 ,2 1 ,4 0 ,9 0 ,1 7 ,4 0 ,2 0 ,4 0 ,1 0 ,0 1 ,2

7 ,0 1 4 ,3 1 9 ,3 1 ,1 2 8 ,8 0 ,8 3 ,6 2 ,9 0 ,3 5 ,8

11

1 ,2 0 ,6 0 ,1 0 ,1 8 ,2 0 ,2 0 ,3 0 ,5 0 ,0 1 ,2

1 5 ,5 2 6 ,6 2 3 ,2 8 ,8 3 6 ,2 5 ,5 8 ,1 6 ,6 4 ,2 9 ,7

13

0 ,9 0 ,4 0 ,8 0 ,0 5 ,3 0 ,4 0 ,4 0 ,2 0 ,0 0 ,7

2 ,5 4 ,0 3 ,0 0 ,1 9 ,8 1 ,2 1 ,5 1 ,0 0 ,3 1 ,9

Figura 1 – Histograma que representa o espectro das harmônicas de corrente de um acionamento de 6 pulsos e comportamento das tensões harmônicas no ponto de ligação. No detalhe o espectro da distorção de tensão.


ESPAÇO GUIA DE NORMAS

Sc op e

M a in L N [A ]

L 1 /L 1 2

L 2 /L 2 3

L 3 /L 3 1

500

Forma de onda distorcida de corrente

0

-5 0 0

Forma de onda distorcida de tensão

500

L L [v ]

250 0 -2 5 0 -5 0 0 45°

90°

135°

180°

225°

270°

315°

360°

Figura 2 – Formas de onda distorcidas de corrente e tensão

Como se pode esperar, o comportamento da forma de onda

da tensão de alimentação apresenta distorção, e quanto maior for a carga, maior a distorção de tensão, até valores limítrofes

recomendados pelas normas específicas, a partir de onde algumas medidas corretivas devem ser implantadas.

A Figura 2 apresenta formas de onda de corrente e tensão, em

que, devido à distorção de corrente da carga, pode-se observar a distorção de tensão relativa.

Limites

Algumas

normas

O Prodist visa garantir segurança, eficiência, qualidade e

confiabilidade aos sistemas de distribuição. Além disso, prevê,

entre outros pontos, que seja dado tratamento igual a todos os agentes do setor. Estão sujeitas ao Prodist as concessionárias, permissionárias e autorizadas dos serviços de geração distribuída

e de distribuição de energia elétrica; os consumidores de energia elétrica conectados ao sistema de distribuição, em qualquer classe

de tensão; as cooperativas de eletrificação rural; e os importadores ou exportadores de energia elétrica conectados ao sistema de

apresentam

limites

aplicáveis

para

harmônicas em instalações elétricas. Normalmente estes limites são estabelecidos no ponto de acoplamento comum entre a concessionária e o consumidor, nem sempre bem interpretado ou de difícil acesso de medição. Algumas vezes os equipamentos a serem

alimentados por redes elétricas apresentam restrições de operação e,

neste caso, espera-se que as instalações estejam adequadas a prover

distribuição.

O Módulo 8 do Prodist – Qualidade de energia estabelece os

procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica, abordando a qualidade do produto e a qualidade do serviço prestado.

A Tabela 2, que reproduz tabela 3 do Módulo 8, apresenta como

referência valores de até 10% de distorção total de tensão em baixa tensão no ponto de acoplamento comum.

condições operacionais desejáveis em seus pontos de conexão a

Tabela 2 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (em porcentagem da tensão fundamental)

estas redes elétricas, independentemente do ponto de acoplamento com a concessionária.

A tabela 1 reproduz a tabela 1 da IEC 61000-2-2 relativa aos

níveis de tensões harmônicas admitidos nas redes de baixa tensão.

Prodist Módulo 8

No Brasil, os Procedimentos de Distribuição (Prodist) é um

documento emitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel) composto de oito módulos elaborados para regular as atividades de distribuição de energia elétrica.

Tensão nominal do Barramento

Distorção Harmonica Total de Tensão (DTT) [%]

VN ≤ 1kV 1kV < VN ≤ 13,8kV 13,8kV < VN ≤ 69kV 69kV < VN ≤ 138kV

10 8 6 3

A IEEE 519, talvez a norma mais aplicada em limites de

distorção harmônica, apresenta uma distorção total de tensão (THDV) máxima de 3% para sistemas especiais (aeroportos, hospitais, etc.) e de 5% para sistemas elétricos em geral.

Tabela 1 – Níveis de compatibilidade para tensões harmônicas individuais em redes de baixa tensão Harmônicas ímpares não múltiplas de 3

Harmônicas ímpares múltiplas de 3

Harmônicas pares

Tensão harmônica%

Ordem da harmônica h

Tensão harmônica%

3

5

2

2

9

1,5

4

4

15

0,4

6

0,5

Ordem da harmônica h

Tensão harmônica%

Ordem da harmônica h

5

6

7

5

11

3,5

13

3

21

0,3

8

0,5

17 ≤ h ≤ 49

2,27 x (17h) -0,27

21 < h ≤ 45

0,2

10 ≤ h ≤ 50

0,25 x (10/h) + 0,25

Colaborou com esta seção o engenheiro Hilton Moreno, coautor do “Guia O Setor Elétrico de Normas Brasileiras”.

105


Energia sustentável

106

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Michel Epelbaum é engenheiro químico e economista, mestre em engenharia de produção, tem mais de 20 anos de experiência em consultoria, treinamento e auditoria em gestão/ certificação da sustentabilidade, meio ambiente, segurança, saúde ocupacional, responsabilidade social e qualidade. É professor convidado de cursos de especialização e membro de comitês da ABNT. É diretor da Ellux Consultoria.

Depois do difícil 2014, 2015 vem aí... Imagino que muitos de vocês também

Depois de 365 dias de exigências de

Imagino que as retrospectivas enfatizarão a

estejam cansados, fechando o ano para

produtividade, razão, resultados e números,

Copa do Mundo, mais uma eleição frustrante

balanço, assim como eu. Então vou me

começo por um mapa numérico (mas

e mentirosa, o Petrolão...

permitir filosofar e desabafar um pouco nesta

descompromissado) de 2014:

última coluna do ano.

ano “andado de lado”:

O ano de 2014 acabou melancolicamente.

No tripé da “sustentabilidade”, foi um


• Economia - um ano para esquecer: PIB microscópico, juros e inflação altos, etc. • Social – retrocesso em vários indicadores, Copa sem legado. • Ambiental – a crise da água; o prazo para eliminar os lixões nos municípios foi para o brejo; mais emissões de gases de efeito estufa. Pelo menos, o novo Relatório do IPCC sobre o Aquecimento Global coloca mais “lenha na fogueira” (ou talvez mais emissões humanas no aquecimento global).

No setor elétrico, um ano complicado causado pela economia em

baixa e desarranjos provocados pelas ações do governo. Quebradeira? Risco de falta? O Proálcool e as usinas na UTI. Uma luz no fim do túnel, ou melhor, do ano: o leilão de energia solar. Terá sido ele um espasmo ou terá continuidade?

O economista Milton Friedman (quem diria) estava certo: “não

tem almoço grátis”. Temos de cair na real e entender que: - O presente é consequência do passado; por mais que não entendamos, tudo tem explicação. Por mais que estejamos cansados, decepcionados, também somos responsáveis coletivamente pela situação atual. E não tem “pó-de-pirlimpimpim” ou “super homem” que resolva os problemas em um passe de mágica. Anos ou décadas serão necessários para resolver vários dos complexos problemas atuais; - Temos divergências quanto aos tratamentos, remédios e as doses a serem aplicadas ao “doente”. Antes de qualquer coisa, precisamos de consenso quanto ao diagnóstico dos problemas, o que não parece ser ainda o caso em vários dos problemas atuais (desde o aquecimento global até a política econômica. Será que no caso da crise da água, eficiência energética e no setor elétrico como um todo já caiu a ficha?). Em seguida, precisamos de capacidade e firme intenção de resolvê-los, além de disposição para dialogar com todos os envolvidos.

2015 está se configurando como um ano difícil no Brasil, na

Europa, no Japão: altas de preços, baixo crescimento, juros altos, baixo investimento e gastos. Mais um ano em que a economia vai imperar soberana sobre os demais temas do tripé da sustentabilidade. Espero que seja aproveitado para um saudável “choque de realidade” (o próprio governo reconhece isto agora apesar da campanha eleitoral fantasiosa). Mesmo quanto ao novo acordo global sobre as mudanças climáticas (um dos assuntos “quentes” do próximo ano), resta conferir se negará e empurrará o problema ou o enfrentará efetivamente.

Já que o cenário não se mostra favorável, melhor do que sofrer

é tentar ser feliz com o possível. Como o ditado: “você quer ter razão ou ser feliz?”. Ir devagar, simplificar, dialogar muito (que ainda não paga imposto), cooperar para melhorar, fazer muito com pouco (como estamos cada vez mais acostumados a fazer).

Que em 2015 a energia seja canalizada para sermos parte da

solução e não do problema, e achar a felicidade do possível!


Iluminação eficiente

108

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Juliana Iwashita Kawasaki é arquiteta, coordenadora da comissão de normas técnicas de Aplicações luminotécnicas e medições fotométricas do Cobei, diretora da Abesco e da Exper Soluções Luminotécnicas, especializada em treinamentos, ensaios laboratoriais, projetos e consultorias em eficiência energética e iluminação.

Iluminação pública em destaque Inicia-se 2015 e torna-se oficialmente

Novas tarefas de gestão da iluminação

cada município gerir de forma autônoma

obrigatório que as prefeituras municipais se

pública farão parte das administrações públicas

seus ativos. Observam-se casos em que as

responsabilizem pelos Ativos Imobilizados em

municipais

possíveis

gestões serão realizadas por consórcios de

Serviço (AIS) da iluminação pública: luminárias,

aumentos de taxas municipais poderão ocorrer,

municípios ou mesmo alterações radicais na

lâmpada, relés e reatores. Em discussão nos

uma vez que que as administrações municipais

forma de contratação e gestão dos serviços

últimos anos, as Resoluções nº 414 e nº 479

não dispõem dos mesmos benefícios fiscais que

de iluminação pública, por exemplo, a

da Aneel que se destinam a dar cumprimento à

as concessionárias para realizar essa manutenção

prefeitura de São Paulo que deseja mudar

Constituição Federal de 1988, foram motivos de

e nem de pessoal da área técnica especializada.

os equipamentos atuais de sua rede para

muitas argumentações e debates entre prefeituras,

Isto pode gerar campo de trabalho para

tecnologia Led sob contratos de manutenção

concessionárias e agentes do setor. Após ser

muitos profissionais que desejam se especializar

de longuíssimos prazos, Isso seria feito por

adiada em 2014, a partir de primeiro de janeiro

na área de iluminação pública, seja por meio da

meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs)

de 2015, torna-se obrigatória e com isso, embora

prestação de serviços, seja via assessoria técnica

para modernização, otimização, expansão,

muitas prefeituras já sejam responsáveis por esta

para implantação de sistemas mais eficientes.

operação e manutenção da infraestrutura da

gestão há algum tempo, muitos municípios terão

Observa-se uma tendência muito grande de as

rede de iluminação pública.

que se adaptar à nova responsabilidade.

prefeituras trabalharem alinhadas e atualizadas

Certamente

As prefeituras serão responsáveis pela

quanto a equipamentos de tecnologias de

ocorrer neste ano de 2015 em iluminação pública

operacionalização direta das redes – seja

ponta como o Led e a telegestão para os pontos

em vários municípios. Não conhecemos o seu

através de equipes da própria prefeitura ou por

de iluminação pública, visando ganhos em

desfecho, mas esperamos que transformações

autarquias próprias - ou indiretamente, por

manutenção e economia de energia.

positivas sejam trazidas a e que os municípios

meio da contratação de empresas especializadas,

possam gerir de forma correta e coerente os ativos

incluindo as próprias concessionárias.

novas gestões municipais que permitem a

e,

consequentemente,

Esse cenário deve ser ampliado com as

muitas

mudanças

que estão recebendo das concessionárias.

deverão



Instalações MT

110

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Luiz Fernando Arruda é engenheiro eletricista pela Unifei e pósgraduado em gestão de negócios pela FGV. Atuou na Cemig por mais de 20 anos, nas Distribuidoras da Eletrobras e Grupo Rede Energia, trabalhando nas áreas de medição, automação de processos comerciais e de proteção da receita e em Furnas. Representa a Iurpa no Brasil e hoje atua como consultor independente.

2014 em balanço

Isto mesmo! Melhor que falar em balanço

conjunto com parceiros, e a necessidade de

tecnologias”

de 2014 vamos tratar do equilíbrio instável

se investir R$ 32 bilhões. Parece que 2015 é

revolucionárias lá utilizadas?

do ano que vai se esvaindo na poeira (seria

que vai ter história para contar.

E

melhor numa enxurrada, mas fazer o quê?!).

A conta da Eletrobras pendente com

combatidas uma década atrás? Deram conta

O que podemos dizer deste ano como

a Petrobras agora parece que vai ser

do recado e estão nos mantendo iluminados

legado para o futuro? Será que apenas

resolvida após dura e arrastada negociação.

e refrigerados enquanto as chuvas (ainda

sobrevivemos?

Provavelmente, a Petrobras hoje se mostra

abaixo da média histórica) não comparecem.

Depois de apuradas as consequências

mais disposta a negociar os bilhões que o

E o que fizemos para racionalizar o

da MP 579 (que depois de análise, como

setor elétrico lhe deve. Nada como o tempo

consumo de energia elétrica no país? Vimos

sempre eficiente, profunda e independente,

e a necessidade de caixa para facilitar as

nascer políticas públicas para viabilizar

de nosso valoroso Congresso virou lei

coisas.

energias alternativas?

12.783/2013) vemos que temos alguns

E

bilhões de reais em custos represados que

Continuam

aos

bandeiras que mostrariam aos incautos

serão repassados aos contribuintes e uma

brasileiros, apesar de todo o esforço de

consumidores de energia elétrica que a

parcela aos consumidores de energia.

gestão que tem sido feito e dos elevados

situação está feia! Nem me atrevo em

O que for para as tarifas de energia

investimentos. Será melhor privatizar? Se

falar em cores (hoje tudo pode ser mal

será colocado como culpa de São Pedro

isto, por si só fosse solução, não teríamos

interpretado), mas bem que já poderia ser

que, muito justo, provocou problemas em

experimentado a tragédia que se abateu

criada uma bandeira roxa para sinalizar o

São Paulo e no sistema elétrico nacional. A

sobre o Grupo Rede, com prejuízos que

quanto a “coisa” está mal.

parcela que ficar pendente será paga pelos

ultrapassaram a casa dos R$ 5 bilhões.

contribuintes, os quais não saberão o que

E como andam os investimentos mais

distribuidora partiu para investimentos que

estão pagando.

recentes? Será que toda a participação do

devem ter continuidade. No mais, aquelas

As elétricas em geral perderam valor no

setor público tem resultado positivo para os

experiências de cidades espertas se perderam

mercado e a Eletrobras em particular. E pode

investimentos feitos (nosso dinheiro, nunca

nos erros das tecnologias empregadas e a

ser que mais turbulência esteja chegando ao

podemos nos esquecer deste importante

festa dos bois vai continuar sem “high tech”

setor se as contas das empreiteiras envolvidas

detalhe)?

quando os geradores a diesel de Parintins

em obras no setor elétrico aparecerem como

A Usina de Santo Antônio vai gerar

estiverem a plena carga ano que vem.

suspeitas.

tudo que se previa? Os contribuintes

Então! Graças que este ano acabou!

podem festejar o sucesso do uso de “novas

Parecia que nem isto ia acontecer!

Isso

sem

contar

a

Eletrobras,

em

as

distribuidoras distribuindo

da

Eletrobras?

prejuízos

o

que

embarcadas dizer

das

nas

turbinas

térmicas

tão

Onde foi parar a tarifa branca? E as

E “smart grid”? Somente uma empresa



112

Proteção contra raios

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, onde participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia. twitter: @jobsonmodena

Esclarecimentos sobre o modelo Eletrogeométrico – O método da Esfera Rolante De acordo com a Tabela 1, pode-se

perceber que, quanto menor o raio R

como o modelo eletrogeométrico é aplicado

da esfera rolante, maior será o nível

por meio do método da Esfera Rolante.

de proteção oferecido pelo SPDA. Isso

Neste caso, tem-se uma esfera de raio R

ocorre, pois, ao considerar uma esfera de

rolada sobre duas estruturas com o objetivo

raio menor, por exemplo, 20 m, todas as

de analisar o volume de proteção oferecido

descargas que possuírem o último salto

por elas, assim como as regiões que se

do líder descendente maior que o raio R

encontram desprotegidas do impacto direto

escolhido incidirão sobre o subsistema de

de um raio.

captação do SPDA. No entanto, caso se

opte por uma esfera de raio maior, todas

Rolante de verificação do volume de

as descargas que possuírem o último salto

proteção, os pontos nos quais a esfera tocar

do líder descendente menor que o raio

ao ser rolada sobre a estrutura representam

R escolhido poderão penetrar o volume

locais desprotegidos e que, por este fato,

protegido,

devem possuir elementos do SPDA.

criando

a

possibilidade

de

A Figura 1 apresenta, esquematicamente,

De acordo com o método da Esfera

atingir estruturas que se encontram dentro

Pela

ABNT

do volume de proteção.

probabilidade

NBR

de

5419:2005,

penetração

Tabela 1 – ABNT NBR 5419:2005 – Anexo C

Nível de

Distância R

Valor de crista

proteção

(m)

Imáx (kA)

I

20

3

II

30

5

III

45

10

IV

60

15

de

a

uma


113

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Figura 1 – ABNT NBR 5419:2005 – Anexo C.

Figura 2 - Aplicação do modelo Eletrogeométrico sobre um elemento captor vertical de altura h sobre uma superfície plana com R > h.

descarga atmosférica no volume de proteção

esticados, condutores em malha e elementos

uma superfície plana. Neste caso, o raio

é consideravelmente reduzida pela presença

naturais, desde que a combinação satisfaça

da esfera rolante é R > h. A esfera é então

de um subsistema de captação corretamente

os requisitos da norma.

apoiada entre o solo e o elemento. O

projetado e instalado, sendo que esse

A Figura 2 mostra outra aplicação

volume de proteção é a região abaixo da

subsistema pode ser constituído por uma

do modelo Eletrogeométrico sobre um

esfera rolante, em que ela não consegue

combinação qualquer de hastes, cabos

elemento captor vertical de altura h sobre

tocar (região identificada como área A).


NR 10

114

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Segurança nos trabalhos com eletricidade

João José Barrico de Souza é engenheiro eletricista e de segurança no trabalho, consultor técnico, diretor da Engeletric, membro do GTT-10 e professor no curso de engenharia de segurança (FEI/PECE-USP/Unip).

Mais sobre o uso indevido da NR 10

Este artigo dá sequência ao assunto iniciado

A Anotação de Responsabilidade Técnica

ART sobre o contrato dos serviços que executou.

na última edição, em que se falou sobre quatro

(ART é emitida para qualquer trabalho de

aspectos, que por vezes são tratados como

engenharia. Se um engenheiro elaborar um

quem tem que organizar e montar ou manter

exigências da NR 10. Coincidência ou não,

parecer ele emite a ART; se o engenheiro elaborar

prontuário, mas sim que a empresa deve indicar

há alguns dias, um leitor e amigo nos trouxe a

um desenho, ele emite ART do serviço; se um

um responsável pela manutenção do prontuário.

seguinte questão:

engenheiro ocupar um cargo especifico da área

Logo, isso não precisa ser feito por engenheiro,

“Em nossa auditoria externa de OSHAS

de engenharia, ele recolhe ART de cargo ou

pois é uma atividade meramente administrativa

18001, tivemos um questionamento do auditor

função na oportunidade em que foi guindado

e não é exclusiva da área de engenharia.

quanto à não emissão anual da ART referente

àquele cargo; se um engenheiro fiscalizar

A área de engenharia deve ser responsável

ao Prontuário de Instalações Elétricas (PIE). O

acompanhando o desenvolvimento de uma obra

pelos documentos constantes do prontuário que

auditor entende que a ART deve ser revalidada,

ele emite a ART referente à fiscalização da obra e

forem de elaboração exclusiva de engenheiros.

porém, entendemos que o item 10.2.4 da NR

assim por diante.

E, mesmo assim, válido somente só quando for

10 estabelece a obrigatoriedade de manter

Se o prontuário foi elaborado por um

elaboração ou modificação, reservado o que foi

atualizado o prontuário, mas não estabelece nem

engenheiro (o que não é exigido pela NR 10) e se

estabelecido para exercício de cargo ou função.

periodicidade da atualização e muito menos a

ele for funcionário da empresa e já recolhe ART pelo

obrigatoriedade de emissão periódica da ART.

exercício de cargo ou função que inclua a elaboração

entender que essa atividade é destacada no seu acervo

Para maior embasamento do assunto

de documentos de engenharia de segurança, então

junto ao Crea, então, ele pode opcionalmente

pesquisamos nos sites do Confea e Crea e

ele já não precisa recolher mais nada.

recolher a ART específica para essa atividade. No

também não encontramos esta obrigatoriedade

entanto, não se trata de uma obrigação e nem mesmo

expressamente dita.”

feito por um terceiro, esse profissional deve recolher

Caso o trabalho tenha sido contratado para ser

A NR 10 não estabelece que é um engenheiro

Deve ser observado também que se o profissional

é uma exigência da NR 10.



Energia com qualidade

116

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do Deinfra-Fiesp. jstarosta@acaoenge.com.br

Qualidade da energia – A necessária integração dos indicadores: exemplos de aplicação

Em continuidade às duas colunas publicadas anteriormente, o primeiro exemplo considera a avaliação de um

barramento secundário de transformador em instalação industrial com as medições conforme mostram as Figuras 1 e 2. A medição da cintilação considerou a avaliação do Pst e não o Plt em função do curto período da medição.

Figura 1 – Avaliação de indicadores de qualidade de energia (baixa tensão) em planta industrial.

Figura 2 – Avaliação da forma de onda em instante de maior distorção de tensão em planta industrial.


117

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

A Tabela 1 a seguir apresenta a ponderação (atribuição de conceitos) das medições obtidas

nos gráficos das Figuras 1 e 2 e a Figura 3 (obtida da tabela 1) apresenta o resultado final da avaliação.

Tabela 1 – Ponderação das medições efetuadas

Figura 3 – Gráfico “radar” apresentando a avaliação da ponderação final.

Como conclusão desta medição, observa-se a necessidade de corrigir o fator de potência com

conceito “2,5”. Neste mesmo projeto, a cintilação poderá ser mitigada e cuidados com ressonância harmônica devem ser tomados (para não elevar a distorção de tensão), melhorando o desempenho global do sistema.

O segundo exemplo considera a avaliação de uma instalação hospitalar com ponto de medição

em barramento de 13,2 kV, que também não é coincidente com o PAC.


Energia com qualidade

118

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Figura 4 – Avaliação de indicadores de qualidade de energia (média tensão) em hospital.

Figura 5 – Avaliação da forma de onda em instante de maior distorção de tensão em hospital.

Tabela 2 – Ponderação das medições efetuadas


119

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Figura 6 – Gráfico “radar” apresentando a avaliação da ponderação final.

Conclusões

de uma variável pode incorrer em prejuízo a outras.

distorção total de tensão poderia ser mais

Os indicadores de qualidade de energia em

simultânea de diversos indicadores de qualidade de

restrita, considerando as recomendações da

instalações elétricas não podem ser avaliados

energia, que pode ser adequado às necessidades de

IEEE 519, contudo, o valor medido de 1% é

independentemente,

diversos tipos de instalações.

bastante adequado em ambas as situações não

inter-relacionada. As ações corretivas podem

alterando a avaliação.

incrementar a ponderação de mais de um indicador

todos acima da ponderação 5 e análise de ações

simultaneamente, ou de forma inversa a melhoria

corretivas.

Nota:

Em

se

tratando

de

instalação

hospitalar, a ponderação para o indicador

Foi apresentado um modelo de avaliação

mas

sim

de

forma

A situação desejável considera os indicadores


Instalações Ex

120

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Roberval Bulgarelli é consultor técnico e engenheiro sênior da Petrobras. É representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx e coordenador do Subcomitê SC-31 do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei).

Organograma do Subcomitê SC-31 do Cobei Em continuidade a um assunto iniciado

A

brasileira

pelas Comissões de Estudo do Subcomitê

nesta coluna há algumas edições (103, de agosto

elaborada pelo SC-31 do Cobei e publicada

SC-31 do Cobei e publicadas pela ABNT

de 2014), este artigo discorrerá um pouco mais

pela ABNT sobre atmosferas explosivas tem

um total de 65 normas técnicas sobre o tema

sobre o subcomitê SC-31, do Cobei.

apresentado uma grande evolução nos últimos

“atmosferas explosivas”.

anos, em termos de publicação de novas

normas, atualização de normas existentes,

área de normalização técnica sobre atmosferas

harmonização, alinhamento e equivalência com

explosivas podem ser creditados a uma série

as respectivas normas técnicas internacionais

de fatores, que colaboram para o atual ritmo

elaboradas pelo TC-31 da IEC.

dos trabalhos e avanços obtidos nesta área de

A evolução das normas técnicas “Ex”

segurança e tecnologia industrial.

brasileiras da série ABNT NBR IEC 60079 –

manutenção, inspeção, reparo), tipos de proteção

Atmosferas explosivas pode ser verificada pelo

participação dos profissionais brasileiros no

“Ex”, detectores de gases, eletrostática, poeiras

atual ritmo de publicação pela ABNT, de novas

processo de elaboração, revisão, atualização e

combustíveis e equipamentos mecânicos “Ex”.

normas publicadas ou de revisão/atualização

aprovação das normas técnicas internacionais

Esta divisão por áreas de especialização

das normas existentes (de acordo com as novas

“Ex” do TC-31 da IEC. Esta participação

técnica é feita de forma a otimizar a participação

edições publicadas periodicamente pelo TC-31

resulta em um grande envolvimento destes

dos profissionais e empresas envolvidas nestes

da IEC), ao longo dos últimos anos. Desde

profissionais com as normas, fazendo com que

trabalhos de normalização técnica.

2005 até 2014 foram elaboradas ou revisadas

sejam feitos comentários e sugestões, que são

O Subcomitê SC-31 encontra-se subdividido

em seis Comissões de Estudo (CE), em que são alocadas as dezenas de normas das séries IEC 60079 e ISO/IEC 80079.

Estas comissões de estudo são organizadas

por temas de normalização técnica sobre atmosferas explosivas, tais como procedimentos para os usuários (classificação de áreas, projeto,

normalização

técnica

Estes expressivos resultados verificados na

Um dos fatores contribuintes é a maior


121

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

enviados pelo Cobei para o TC-31 da IEC,

comentadas e aprovadas pelas comissões de

para a melhoria destas normas.

estudo do SC-31 do Cobei:

Tais participações e contribuições são feitas com base nas experiências, boas

• Equipamentos com EPL “Ga” (ABNT NBR

práticas e lições aprendidas pelos fabricantes,

IEC 60079-26);

organismos

acreditados

• Proteção de equipamentos e de sistemas

(de pessoas e de produtos), provedores de

de transmissão que utilizam radiação óptica

treinamento, laboratórios de ensaios e usuários

(ABNT NBR IEC 60079-28);

de serviços, instalações e equipamentos “Ex”

• Requisitos de inspeção e manutenção de

do Brasil.

instalações “Ex” (ABNT NBR IEC 60079-17);

Podem ser citadas as seguintes normas

• Requisitos para a classificação de áreas

técnicas

contendo gases inflamáveis (ABNT NBR IEC

de

certificação

equivalentes

NBR

IEC

sobre

atmosferas explosivas que foram publicadas

60079-10-1);

pela ABNT nos últimos anos, com o mesmo

• Requisitos para a classificação de áreas

nível de atualização em relação às respectivas

contendo poeiras combustíveis (ABNT NBR

normas internacionais da Série IEC 60079,

IEC 60079-10-2);

as

quais

foram

previamente

analisadas,

Requisitos

de

projeto,

seleção

de


Instalações Ex

122

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

equipamentos e montagem de instalações “Ex”

centelhantes - Ex “n” (ABNT NBR IEC

atmosferas explosivas (ABNT NBR IEC 60079-

(ABNT NBR IEC 60079-14);

60079-15);

32-2) e sobre a segurança intrínseca de “potência”

• Requisitos de reparo, revisão e recuperação

• Tipo de proteção por encapsulamento em

– Power “i” (ABNT NBR IEC 60079-39).

de equipamentos “Ex” (ABNT NBR IEC

resina - Ex “m” (ABNT NBR IEC 60079-18);

60079-19);

• Tipo de proteção por imersão em areia - Ex

evolução da normalização brasileira “Ex” é a

• Proteção de equipamentos por ambientes

“q” (ABNT NBR IEC 60079-5);

consequente e paralela elevação do nível de

pressurizados

• Tipo de proteção por imersão em óleo - Ex

conscientização demonstrado pelos usuários,

artificialmente ventilados “v” (ABNT NBR

“o” (ABNT NBR IEC 60079-6);

organismos de certificação (de sistemas, de

IEC 60079-13);

• Tipo de proteção por invólucros à prova de

pessoas e de equipamentos), fabricantes,

• Ventilação artificial para proteção de casa de

explosão - Ex “d” (ABNT NBR IEC 60079-1);

laboratórios, oficinas de serviços de reparos e

analisadores (ABNT NBR IEC 60079-16);

• Detectores de gases inflamáveis (ABNT NBR

entidades de ensino com relação aos requisitos

• Requisitos para sistemas intrinsecamente

IEC 60079-29 – Partes 1, 2, 3 e 4);

normativos e legais existentes no Brasil sobre o

seguros (ABNT NBR IEC 60079-25);

• Tipo de proteção especial Ex “s” (ABNT

tema “atmosferas explosivas”.

• Tipo de proteção por temperatura de

NBR IEC 60079-33);

invólucro para poeiras combustíveis - Ex “t”

• Graus de proteção de máquinas elétricas

amadurecimento verificados por parte das

(ABNT NBR IEC 60079-31);

girantes (ABNT NBR IEC 6034-5);

empresas usuárias de equipamentos e de

• Luminárias para capacetes para utilização em

• Graus de proteção de invólucros de

instalações e de empresas prestadoras de serviços

minas de carvão (ABNT NBR IEC 60079-35

equipamentos elétricos (ABNT NBR IEC

de projeto, montagem, inspeção, manutenção

– Partes 1 e 2);

60529);

e reparos em atmosferas explosivas, são cada

• Requisitos para traceamento elétrico resistivo

• Unidades marítimas fixas e móveis - Instalações

vez mais elevados os níveis de conformidade de

“Ex” (ABNT NBR IEC 60079-30 – Partes 1 e

elétricas - áreas classificadas (ABNT NBR IEC

produtos e serviços nesta área.

2);

61892-7, com trabalhos conjuntos com a

• Tipo de proteção por invólucros pressurizados

comissão de estudo CE 018.01 do Cobei).

“Ex” e as empresas nacionais prestadoras de

“p”

e

por

ambientes

- Ex “p” (ABNT NBR IEC 60079-2);

Um fator importante relacionado com a

Com o maior nível de envolvimento e

Assim sendo, os fabricantes de equipamentos

serviços buscam cada vez mais por novas

• Tipo de proteção por segurança aumentada -

Além das normas já publicadas encontram-se

tecnologias, tipos de proteção, soluções e

Ex “e” (ABNT NBR IEC 60079-7);

atualmente em andamento a elaboração de

prestação de serviços de maior qualidade e

• Tipo de proteção por segurança intrínseca

normas sobre requisitos da qualidade para

conformidade, que atendam as novas demandas

- Ex “i” e Fieldbus Intrinsecamente seguro –

equipamentos elétricos e mecânicos “Ex” (ABNT

dos usuários, resultante do maior envolvimento

FISCO (ABNT NBR IEC 60079-11);

NBR ISO/IEC 80079-34), sobre orientações a

com as novas normas técnicas brasileiras da

• Tipo de proteção por equipamentos não

respeito do risco da eletricidade estática em

sériee ABNT NBR IEC 60079.


123

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Sob o ponto de vista dos produtos “Ex”,

para o alinhamento e a harmonização dos

Inspeção (Abendi) lançou em 31/07/2014

como fruto da harmonização da normalização

requisitos legais de segurança sobre atmosferas

um sistema de certificação de competências

brasileira da ABNT com a internacional

explosivas existentes nos diversos países

pessoais em atmosferas explosivas, tendo como

da IEC, são auferidos os benefícios em

participantes.

base as 11 Unidades de Competências “Ex” (Ex

termos

na

As normas brasileiras “Ex” têm sido

000 a Ex 010), alinhado com os requisitos do

elétricos,

utilizadas como base normativa para os

sistema internacional elaborado pelo IECEx.

eletrônicos, de instrumentação, automação e

Requisitos de Avaliação da Conformidade

telecomunicações “Ex” produzidos no Brasil,

(RAC) para a certificação de equipamentos

IEC 60079 aplicáveis para a certificação nestas

a maior facilidade de colocação dos produtos

elétricos

nas

onze unidades de competências “Ex” indicadas

nacionais no mercado externo e o aumento da

condições de gases inflamáveis e poeiras

no sistema de certificação de pessoas lançado

segurança das pessoas e das instalações.

explosivas, contidos em portarias publicadas

pela Abendi são:

das

fabricação

tecnologias nos

utilizadas

equipamentos

para

atmosferas

explosivas

As principais normas da série ABNT NBR

Sob o ponto de vista de instalações, tal

pelo Inmetro desde 1991, elaboradas pela

harmonização traz os benefícios de aumento

respectiva comissão técnica “Ex”. No atual

• ABNT NBR IEC 60079-10-1: Classificação

do nível de segurança das pessoas e da

RAC “Ex”, publicado em 2010, são citadas

de áreas contendo gases inflamáveis;

contribuição para a proteção ao meio ambiente,

mais de 35 normas da série ABNT NBR IEC

• ABNT NBR IEC 60079-10-2: Classificação

em função da padronização de procedimentos

60079 elaboradas pelas comissões de estudos

de áreas contendo poeiras combustíveis;

para classificação de áreas, projeto, instalação,

do Subcomitê SC-31 do Cobei.

• ABNT NBR IEC 60079-14: Projeto,

inspeção, manutenção, reparos e verificação

No

encontra-se

montagem e inspeção inicial de instalações “Ex”;

de equipamentos e instalações elétricas em

andamento pelo Inmetro a elaboração de

• ABNT NBR IEC 60079-17: Inspeção e

atmosferas

explosivas,

alinhados

com

presente

momento

as

novos RACs para a certificação de empresas de

manutenção de instalações “Ex”;

melhores práticas internacionalmente adotadas.

prestação de serviços de reparos e recuperação

• ABNT NBR IEC 60079-19: Reparo, revisão

A abordagem, denominada de “ciclo

de equipamentos “Ex” e de certificação

e recuperação de equipamentos “Ex”.

de vida das instalações Ex” é adotada pelo

de competências pessoais em atmosferas

IECEx – Sistema da IEC para a certificação

explosivas, também baseados nestas normas

Mais informações sobre o Subcomitê

internacional de empresas de prestação de

supracitadas, bem como nos Documentos

SC-31 do Cobei e sobre as normas técnicas

serviços, competências pessoais e equipamentos

Operacionais aplicáveis do IECEx, do qual o

nacionais e internacionais sobre atmosferas

“Ex”, do qual o Brasil é um país membro

Brasil é membro participante desde 2009.

explosivas podem ser encontradas no seguinte

desde 2009. Estes sistemas internacionais

endereço:

de certificação “Ex” elaborados pelo IECEx

série ABNT NBR IEC 60079, a Associação

http://cobei-sc-31-atmosferas-explosivas.

contam com apoio da ONU e seu incentivo

Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e

blogspot.com

Também baseadas nas normas técnicas da


Dicas de instalação

124

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Análise de sinais híbridos em sistemas de proteção e automação Sistemas modernos de proteção e automação no sistema elétrico de potência estão utilizando cada vez mais protocolos de comunicação para transferência de informações. A médio prazo, mais e mais sistemas híbridos e sistemas distribuídos ao longo de largas distâncias serão implementados Neste contexto, híbrido significa que sistemas de proteção e automação operarão simultaneamente com os sinais análogos do secundário e sinais de estado binário cabeados de forma convencional, bem como com os protocolos de comunicação tais como os definidos pela IEC 61850. Medir e avaliar todos esses diferentes sinais em sistemas híbridos requer sistemas de medição que são distribuídos e que também operam de forma híbrida. Esse artigo apresenta uma visão geral do estado atual de desenvolvimento desses sistemas, discute os desafios encontrados e apresenta possíveis soluções.

Sistemas híbridos Além das grandezas clássicas de secundário e sinais binários convencionalmente cabeados, mais e mais informações críticas do sistema de automação são transportadas por meio de redes de comunicação. Em sistemas que utilizam a IEC 61850, a transmissão de estados binários por mensagens GOOSE já é uma prática bem estabelecida. O próximo passo será a substituição dos sinais secundários analógicos por Sampled Values, que irão transmitir valores digitalizados de corrente e tensão por meio da rede de comunicação. Mas mesmo que a transmissão de dados em sistemas de automação seja realizada no futuro primordialmente via protocolos de comunicação, as atuações e grandezas clássicas no nível de processo ainda terão de ser adquiridos de forma convencional.

Sistemas distribuídos Uma vez digitalizado e colocado em pacotes de dados, a transmissão de informação por meio de longas distâncias é essencialmente simplificada. Enquanto a instalação de fios e cabos entre saídas e entradas digitais pode rapidamente tornar-se de elevado custo ou suscetível a interferências, a transmissão por meio de conexões de rede imunes a ruídos é comparativamente mais fácil e permite a transmissão de um grande volume de informação. Isso permite a implementação de aplicações que previamente não podiam ser utilizadas de forma

efetiva sem a tecnologia digital de comunicação. Isso inclui a interligação de sinais por longas distâncias em uma subestação através de redes locais (LAN), bem como entre subestações por meio de redes de área ampla (WAN). Dependendo da largura de banda e tempo de propagação de mensagens (latência) das conexões de rede, aplicações adicionais tornam-se possíveis. Enquanto antigamente somente era possível a transmissão de alguns bits usando moduladores e fios piloto, e mesmo assim com atrasos significativos, canais com largura de banda de múltiplos Mbit/s e baixa latência estão agora frequentemente disponíveis. Conceitos como o intertravamento remoto ou trip remoto de disjuntores estão cada vez mais sendo utilizados.

Sistema de medição híbrido e distribuído

A supervisão e avaliação de funções nos sistemas distribuídos requer uma solução de medição capaz de registrar dados e sinais em todos os pontos relevantes de medição do sistema distribuído. O sistema de medição também deve ser híbrido de forma a gravar simultaneamente os sinais clássicos e a comunicação de rede. O analisador de sinais Daneo 400 da Omicron oferece essas opções. O seu software central gerencia todos os dispositivos de aquisição, instalados em vários pontos de medição, e os disponibiliza como um sistema de medição único. Uma precondição para esse sistema é que todos os dispositivos de medição possam ser acessados através de uma conexão de rede. Então, não é mais necessário transferir manualmente arquivos individuais de cada um dos dispositivos de aquisição, bem como compilar posteriormente todos os dados. Os dados medidos são compilados para o usuário de uma forma transparente e refere-se ao evento observado – a análise subsequente é então baseada diretamente nos dados relacionados. É também possível exportar os dados medidos em formatos genéricos (COMTRADE, PCAP) para que se possa realizar análise adicional com outras ferramentas.

Sincronização de tempo e triggers Uma referência de tempo precisa é necessária para a correta correlação de dados provenientes de múltiplos dispositivos de aquisição. Por exemplo, para a avaliação do tempo de propagação de mensagens em redes locais, o erro da sincronização de tempo não deve exceder a 1 microssegundo. Se o “Precision Time Protocol” de acordo com o IEEE 1588 está sendo utilizado nesta respectiva rede, o equipamento de medição pode ser sincronizado de forma ótima. De forma alternativa, o dispositivo de aquisição pode também receber o tempo preciso diretamente de um receptor GPS. Isso garante que os dados adquiridos possam ser alinhados corretamente através das estampas de tempo individuais. Uma referência comum de trigger não é necessária, fato importante já que normalmente não é mesmo possível que todos os dispositivos de aquisição em um sistema distribuído detectem um trigger padrão precisamente ao mesmo tempo. A incerteza proveniente de diferentes triggers precisa ser compensada por um ajuste adequado do tempo de pré-trigger para garantir que os registros de todos os dispositivos de aquisição cubram o período de tempo relevante. Se apenas alguns dispositivos detectarem o trigger, eles precisam informar aos demais dispositivos de sua ocorrência. Ações de póstrigger podem ser usadas para estabelecer essa cadeia de triggers entre os dispositivos.

Testes de aceitação em fábrica Com o intuito de evidenciar que uma parte importante do sistema de automação está funcionando corretamente, é necessário medir e documentar todos os sinais relevantes. Em sistemas utilizando comunicação IEC 61850, a descrição do sistema de comunicação em arquivos formato SCL forma a base para uma comparação entre a configuração e as mensagens GOOSE e Sampled Values atualmente presentes na rede. A referência aos sinais do processo proporciona uma indicação para a correta coordenação de procedimentos, por exemplo a resposta em tempo de uma função de intertravamento e as margens para uma operação segura. Com a análise do tempo de propagação de


125

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

pacotes de dados na rede local, é possível observar se há seções da infraestrutura de rede que estão altamente carregadas e consequentemente identificar condições críticas que podem ocorrer. Além disso, a análise do volume de dados na rede de comunicação provê detalhes se algo como uma suspeita avalanche de mensagens GOOSE está ocorrendo e se algum efeito decorrente da reação do sistema de automação pode ser antecipado.

apenas o de avaliar a transmissão de dados em uma rede de área ampla ou simplesmente o de medir os sinais convencionais de um sistema secundário – um sistema de medição híbrido, que pode ser utilizado em locais distribuídos de medição com sincronização precisa de tempo, pode atender a todos esses cenários. Os arquivos padrões formato SCL, de um sistema

IEC 61850, formam a base de comparação entre as mensagens configuradas e aquelas que realmente estão presentes em uma rede de comunicação. A análise dos dados capturados finalmente revela a associação entre sinais clássicos e comunicação. Nova análise pode ser realizada a qualquer momento utilizando os dados arquivados.

Testes de comissionamento e aceitação do sistema

A descrição do sistema de comunicação em formato SCL também forma a base para esse teste quando se trabalha com sistemas que utilizam comunicação IEC 61850. Uma vez que os dispositivos do sistema são colocados em operação um por um, a verificação da configuração projetada e da configuração atual pode ser realizada repetidamente – ao tempo que os nós individuais de comunicação não precisam estar ativos ao mesmo tempo. Se uma determinada função é executada por múltiplas estações localizadas em pontos geográficos diferentes e a transferência de dados é realizada por uma conexão de rede de área ampla, o tempo de resposta da transmissão de sinal e coordenação dos procedimentos podem ser capturados usando múltiplos dispositivos de aquisição distribuídos. Os sinais usados durante o teste de aceitação do sistema são documentados e os dados arquivados de medição podem ser usados para uma posterior análise.

Figura 1 – Análise de sinais em um sistema híbrido usando o Daneo 400.

Solução de problemas A fim de detectar maus funcionamentos esporádicos, dispositivos de aquisição podem também operar na subestação em modo desassistido. Os dispositivos de aquisição somente iniciam a captura de sinais quando ocorrer a condição de trigger configurada e depois eles são automaticamente rearmados para futuros registros caso necessário. Dependendo do tipo de dado a ser capturado e a duração de operação, altos volumes de dados podem ocorrer em determinadas circunstâncias. Além do seu disco rígido de armazenamento interno (SSD), uma mídia de armazenamento externo de alta capacidade pode ser conectada ao DANEO 400. Se uma conexão de rede estiver disponível, pode-se acessar o equipamento de forma remota para determinar se há algum registro. Caso a largura de banda permita, os registros podem ser descarregados pela conexão de rede para a sua análise.

Resumo Existem muitos exemplos de uso possíveis para testes em sistemas distribuídos e híbridos de automação. Independentemente do objetivo ser

Figura 2 - Análise de registros.

Figura 3 - Medição distribuída em duas subestações como exemplo de aplicação.

*Fred Steinhauser é gerente da área de Comunicações para Energia da Omicron.


Ponto de vista

126

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

Monitoramento do consumo de energia: razões para a criação do registro de energia e de seu consumo

Os eletricistas devem sempre realizar estudos

Os donos de instalações de grande e médio

aprimoramento verificará a economia de energia

de carga antes de adicionar uma carga elétrica a um

porte, geralmente instalam submedidores para

obtida após a conclusão das modificações.

painel ou serviço já existente. Por quê? As ordens

faturar seu consumo de energia específico. No

vêm do inspetor elétrico, do engenheiro responsável

entanto, esses submedidores são geralmente

problema é coletar e analisar dados de um certo

pelo projeto ou do cliente que está adicionando

instalados de forma inadequada, colocando em

período. Para esses cenários de resolução de problemas,

novas cargas, e a razão para isto é avaliar se há

dúvida a confiabilidade do faturamento. Os

os registradores de energia são extremamente

capacidade suficiente para novas cargas. Estudos

problemas de instalação variam de transdutores

importantes, além de terem um preço mais acessível

de carga envolvem o uso de um registrador para

de corrente instalados com a frente para o lado

e serem mais fáceis de usar do que um analisador de

documentar os níveis de carga existentes (consumo

errado ou instalados na fase errada a erros de

potência complexo. Um bom exemplo é quando um

de correntes trifásicas) com excesso de operação.

configuração de submedidores. Uma boa prática

disjuntor é ativado aleatoriamente. Eventos óbvios,

É onde entra a segurança. Pelo lado positivo, um

comercial é verificar a leitura com um registrador

como o arranque de um grande motor, não devem

estudo de carga pode ser usado para garantir a adesão

de energia portátil. Os dados do registrador

ser o motivo. Na verdade, ativações podem aparecer

das regulamentações locais de segurança. Pelo lado

oferecem uma comparação rigorosa do que está

de forma totalmente aleatória ou pode acontecer

negativo, a falha na realização de um estudo de carga

sendo faturado e do que foi de fato utilizado.

quando o técnico não está por perto para observar

antes de adicionar novas cargas pode resultar na

Um grande desvio entre o total cobrado pelo

(no meio da noite, por exemplo).

sobrecarga de uma fonte elétrica existente, gerando

consumo de energia e os dados do registrador

riscos de acidentes elétricos e de confiabilidade.

pode ser um sinal para investigar a configuração

monitorar a carga até que o disjuntor seja ativado,

Embora as despesas com energia sejam

do submedidor.

conectar um registrador de energia à lateral de carga

uma parte importante dos custos operacionais

As empresas prestadoras de serviço público

do disjuntor para registrar o consumo de corrente

gerais, muitas empresas não percebem onde seu

oferecem incentivos e descontos como uma

pode ajudar na resolução de problemas de ativação.

orçamento para os custos de energia está sendo

forma de encorajar seus clientes a reduzirem o

gasto, pois recebem apenas uma fatura mensal

consumo de energia. O objetivo é servir mais

que não indica quando houve uso excessivo ou

clientes com a mesma fonte de alimentação já

não em comparação com as operações do mês.

existente, visto que é proibida a construção de

Ao registrar o consumo de energia na entrada

novas fábricas de geração de energia. Muitos

de serviço principal e, em seguida, em grandes

incentivos e descontos estão disponíveis para

cargas e fornecimentos secundários, as instalações

aprimorar fábricas já existentes, como motores

podem avaliar a quantia de energia que está

de alta eficiência e iluminação com economia

sendo usada, quando está sendo usada, por quem

de energia, assim como substituição de arranque

e, ainda, seu custo por hora. Sem falhas, os dados

do motor por energia de frequência variável.

apresentarão graves desperdícios de energia que

Para receber o incentivo financeiro, a empresa

podem ser eliminados apenas com mudanças

de serviços públicos precisará de uma verificação

operacionais, como o desligamento de certas

constante da economia de energia, cenário ideal

Por René Guiraldo, engenheiro

cargas, a redução de cargas durante os horários

para os estudos de carga. O estudo de carga de

eletricista com ampla experiência

de pico ou o ajuste da programação para que as

pré-aprimoramento documentará o consumo

no mercado de testes e medição.

cargas passem a operar nos horários em que as

de energia existente para oferecer dados de

Atualmente, é Gerente Nacional de

taxas de carga estejam mais baixas.

parâmetro, enquanto o estudo de carga de pós-

Vendas da Fluke do Brasil.

Muitas vezes, a única forma de resolver um

Como o técnico de manutenção não pode



Agenda

128

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

6 e 7 de fevereiro Descrição

Informações

O objetivo deste curso é apresentar os principais conceitos relativos à iluminação artificial, sua variáveis e aplicações. Neste sentido, a programação do evento contemplará, entre outros temas, introdução à iluminação; introdução à normalização e certificação; noções básicas de elétrica; grandes fotométricas; classificação de luminárias e fontes artificiais de iluminação. As aulas são direcionadas a arquitetos, engenheiros, designers de interiores, designers de luminárias, estudantes dessas áreas e interessados em geral.

Local:

2 a 5 de março

Cursos

Luminotécnica básica

Contato: (11) 3816-0441 cursos@ycon.com.br

Harmônicos e desequilíbrios em sistemas industriais

Descrição

Informações

Capacitar e graduar em nível técnico e superior, na área de qualidade de energia elétrica, especificamente harmônicos e desequilíbrios, é a meta do curso oferecido pela Fundação de Pesquisa e Assessoramento à Indústria (Fupai). Os interessados em participarem das aulas travarão contato com diversos assuntos, tais como: visão geral sobre qualidade da energia elétrica; fontes geradoras de harmônicos; conceitos e definições de desequilíbrios; e legislação vigente (IEEE, Prodist, IEC). O curso contará ainda com exemplos de medições e exercícios de fixação.

Local:

9 e 10 de março

Itajubá (MG) Contato: (35) 3629-3500 fupai@fupai.com.br

Relés de proteção: estudo, parametrização e testes

Descrição

Informações

O participante será treinado para trabalhar com relés das marcas Alstom, Schneider e Areva Micom, de modo a comunicar, parametrizar, testar, interpretar resultados e obter oscilografias. Também serão realizadas aulas práticas com relés de proteção e malas de testes microprocessadas. Na parte teórica, os alunos serão apresentados aos seguintes temas: filosofia de proteção; conceitos das funções de proteção; alteração de ajustes através do software / painel; e levantamento das características e geração de relatórios.

Local:

18 e 19 de março

Uberlândia (MG) Contato: (34) 3218-6800 conprove@conprove.com.br

Teleproteção em sistemas de transmissão de alta e extra alta tensão

Descrição

Informações

Voltado a engenheiros, tecnólogos e técnicos de empresas concessionárias de serviços de eletricidade, com conhecimentos de proteção de sistemas elétricos, este curso terá como intuito apresentar e debater conceitos e aplicações da proteção de linhas de transmissão com a utilização de canais de comunicação. Os alunos conhecerão os conceitos dos principais esquemas de teleproteção, tais como POTT, PUTT, DTT, DCB, DCUB, que serão comparados entre si. A influência do meio de comunicação em cada um dos esquemas também será analisada.

Local:

11 de fevereiro

Eventos

São Paulo (SP)

Campinas (SP) Contato: (19) 3515-2060 universidade_br@selinc.com

Encontro Cenários Energia 2015

Descrição

Informações

O objetivo do encontro é debater, ante um novo governo, importantes questões referentes ao setor elétrico, tais como: Indefinições regulatórias, dificuldades financeiras das empresas de geração, transmissão e distribuição, redefinição de prioridades para o mercado livre, previsão de alta volatilidade dos preços de energia e expectativa com os níveis dos reservatórios. Além de analisar essas questões, os participantes irão propor caminhos para a retomada dos investimentos e segurança da matriz energética brasileira.

Local:

11 e 12 de fevereiro

São Paulo (SP) Contato: (11) 5051 6535 info@viex-americas.com

MiaGreen 2015 Expo & Conference - 7th Edition 2015

Descrição

Informações

Realizado em Miami, nos Estados Unidos, trata-se de um evento que fornece acesso aos mercados sustentáveis e renováveis para o continente americano de uma forma geral, servindo às indústrias de edifícios sustentáveis, eficiência energética e tecnologias limpas. O evento é direcionado a engenheiros, arquitetos, profissionais da área de energia solar, representantes do governo, acadêmicos, entre outros. Entre os temas abordados na conferência estarão: desenho & construção verdes; ferramentas de negócios e oportunidades; e sustentabilidade comercial.

Local:

24 a 26 de março

Miami (Estados Unidos) Contato: (305) 412-0000 mail@miagreen.com

Rio Gas & Power

Descrição

Informações

Apoiado pela Petrobras, o Fórum Rio Gas & Power traz aos participantes informações a respeito da estratégia da maior empresa petrolífera do país sobre gás e energia, assim como oferece aos principais representantes do mercado do Brasil fortalecerem o network. O evento deste ano focará em: desencadear o potencial do mercado de gás do Brasil e assegurar o papel do gás na matriz energética do país; descobrir o potencial do setor de gás não convencional onshore do Brasil; identificar oportunidades de investimento no setor elétrico brasileiro, etc.a

Local: Rio de Janeiro (RJ) Contato: 44 20 7978 0028 sbarros@thecwcgroup.com


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O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

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130

Patrocínio

What’s wrong here?

O Setor Elétrico / Dezembro de 2014

O que há de errado?

ação Ilustr

: Ma

. uro Jr

Observe a imagem a seguir e identifique os problemas de acordo com as prescrições da ABNT NBR 5410 – norma de instalações elétricas de baixa tensão. Esta situação foi registrada pelo leitor Alan Martini, na cidade de Macaé (RJ). Trata-se de um quadro “QGFL” que alimenta outros quadros de distribuição e está instalado em local de grande fluxo de pessoas.

PREMIAÇÃO Nesta edição, o leitor que mandar a resposta mais completa, relatando as não

Resposta da edição 105 (Outubro/2014)

Diversos leitores identificaram os principais problemas da instalação

ao lado, no entanto, o leitor FABRÍCIO SILVA DE FREITAS apresentou a resposta mais completa com relação às não conformidades com a norma de instalações elétricas de baixa tensão ABNT NBR 5410. O vencedor receberá os seguintes produtos da Ideal Industries: um alicate amperímetro, um alicate decapador e um pote com 500 conectores de torção.

Parabéns a todos os leitores que mandaram suas respostas e continuem participando!

Confira a resposta correta:

Há inúmeras não conformidades com as normas técnicas, entre elas: • As emendas dos cabos estão em desacordo com a ABNT NBR 9513:2010; conforme o item

conformidades da instalação com relação às prescrições das normas ABNT, será contemplado com um rastreador de circuitos elétricos modelo SureTEST 956, da Ideal Industries. O vencedor receberá um rastreador de circuitos elétricos modelo SureTEST 956, da Ideal Industries. O equipamento é voltado para o rastreamento de circuitos elétricos energizados ou não, de 0 a 600VCA/ CC, abertos ou fechados, desde sua origem na carga até o quadro de distribuição.

6.2.11.1.11, Os condutores devem formar trechos contínuos entre as caixas, não se admitindo emendas e derivações senão no interior das caixas. • Falta proteção nos cabos em passagem pela alvenaria; • De modo geral não atende ao item 6.2.1.1 da ABNT NBR 5410 quanto aos princípios fundamentais, enunciados em 4.1, que sejam aplicáveis aos condutores, suas terminações e emendas, aos suportes e suspensões a eles associados e aos seus invólucros ou métodos de proteção contra influências externas.

Interatividade Se você encontrou alguma atrocidade elétrica e conseguiu fotografá-la, envie a sua foto para o e-mail interativo@atitudeeditorial.com.br e nos ajude a denunciar os disparates cometidos por amadores e por profissionais da área de instalações elétricas. Não se esqueça de mencionar o local e a situação em que a falha foi encontrada (cidade/Estado, tipo de instalação – residencial, comercial, industrial –, circulação de pessoas, etc.) apenas para dar alguma referência sobre o perigo da malfeitoria.

Não perca tempo! Mande a sua resposta para interativo@atitudeeditorial.com.br ou acesse www.osetoreletrico.com.br e mande já a sua opinião! Hilton Moreno é engenheiro eletricista, consultor, professor universitário e membro de comissões de estudo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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Mais notícias e comentários sobre as determinações da ABNT NBR 5410 em www.osetoreletrico.com.br




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