O Setor Elétrico (Edição 128 - Setembro 2016)

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Ano 11 - Edição 128 Setembro de 2016

A beleza da rede subterrânea Como harmonizar os interesses das empresas de energia, gás, água e telecom?

Eólica e os próximos 10 GW Agentes discutem em evento do setor medidas para a continuidade do crescimento da fonte no país

CINASE

Recorde histórico de público na edição realizada em Salvador (BA)



Sumário

3

atitude@atitudeeditorial.com.br Diretores Adolfo Vaiser Simone Vaiser Coordenação de marketing Emerson Cardoso – emerson@atitudeeditorial.com.br Coordenação de circulação, pesquisa e eventos Marina Marques – marina@atitudeeditorial.com.br Assistente de circulação, pesquisa e eventos Bruna Leite – bruna@atitudeeditorial.com.br Administração Paulo Martins Oliveira Sobrinho administrativo@atitudeeditorial.com.br Editora Flávia Lima - MTB 40.703 - flavia@atitudeeditorial.com.br Redação Bruno Moreira – bruno@atitudeeditorial.com.br Publicidade Diretor comercial Adolfo Vaiser - adolfo@atitudeeditorial.com.br Contatos publicitários Ana Maria Rancoleta - anamaria@atitudeeditorial.com.br Carla Kos Duboc - carla@atitudeeditorial.com.br Sidnei Vargas – vargas@atitudeeditorial.com.br

Suplemento Renováveis 67 Confira cobertura completa da sétima edição da Brazil Windpower, evento que reuniu, no Rio de Janeiro (RJ), os principais players do setor e discutiu o futuro da fonte eólica no país para discutir o futuro da energia eólica no país. Veja ainda um artigo que traz uma análise acerca da geração de energia solar fotovoltaica no estádio do Mineirão.

Representantes Paraná / Santa Catarina / Rio Grande do Sul / Minas Gerais Marson Werner - marson@atitudeeditorial.com.br (11) 3872-4404 / 99488-8187 Direção de arte e produção Leonardo Piva - atitude@leonardopiva.com.br Denise Ferreira Consultor técnico José Starosta Colaborador técnico de normas Jobson Modena Colaboradores técnicos da publicação Aléssio Borelli, Cláudio Mardegan, João Barrico, Jobson Modena, José Starosta, Juliana Iwashita, Luiz Fernando Arruda, Marcelo Paulino, Michel Epelbaum, Roberval Bulgarelli e Saulo José Nascimento. Colaboradores desta edição: Bruno Lopes, Claudio Mardegan, Daniel Bernardon, Diego Ramos, Eduardo Cardoso, Eduardo Daniel, Hédio Tatizawa, Hélio Eiji Sueta, João P. Corrêa, Luís Eduardo Caires, Manuel Losada y Gonzalez, Márcio Eli Souza, Márcio Melquíades, Marcos Herrera, Murilo da Cunha, Nunziante Graziano, Sergio Roberto Santos, Silvio J. van Dijk, Vicente Scopacasa e Wallace Boaventura. Revista O Setor Elétrico é uma publicação mensal da Atitude Editorial Ltda. A Revista O Setor Elétrico é uma publicação do mercado de Instalações Elétricas, Energia, Telecomunicações e Iluminação com tiragem de 13.000 exemplares. Distribuída entre as empresas de engenharia, projetos e instalação, manutenção, industrias de diversos segmentos, concessionárias, prefeituras e revendas de material elétrico, é enviada aos executivos e especificadores destes segmentos. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da Editora. Capa: splitshire.com | pexels.com Impressão - Ipsis Gráfica e Editora Distribuição - Correio

Coluna do consultor

6

Setor ainda sofre com falta de investimentos, mas mercado Painel de notícias

8

Investimentos e resultados em eficiência energética

Filiada à

espera crescimento médio de 16% para este ano de 2016.

podem aumentar; Inaugurada maior termelétrica a gás

Espaço 5419 94

de aterro do país; Exportações do setor reagem em

Desmitificando conceitos arraigados no setor.

agosto; Encontro discute instalação de laboratório de redes inteligentes; Cemig vende linha de transmissão

Espaço 5410 96

no Chile; Nova fabricante de Leds inicia operação no

Grupos de trabalho dividem tarefas na revisão da NBR 5410.

Brasil. Estas e outras notícias sobre empresas, mercado e produtos do setor elétrico brasileiro.

20

Colunistas Jobson Modena – Proteção contra raios

Cobertura do Circuito Nacional do Setor Elétrico (Cinase)

100 Luiz Arruda – Instalações MT 101

realizado na cidade de Salvador (BA) e que reuniu o

José Starosta – Energia com qualidade

Evento – CINASE

maior público da história do evento. Fascículos

Reportagem 56

102 Roberval Bulgarelli – Instalações Ex 104 Plinio Godoy – Falando sobre a luz 106 Dicas de instalação

60 Aula prática

108

Orientações para instalações em áreas classificadas.

Veja quais são os principais obstáculos para o avanço das redes subterrâneas no país.

98

João José Barrico – NR 10

25

Atitude Editorial Publicações Técnicas Ltda. Av. General Olímpio da Silveira, 655 – 6º andar, sala 62 CEP: 01150-020 – Santa Cecília – São Paulo (SP) Fone/Fax - (11) 3872-4404 www.osetoreletrico.com.br atitude@atitudeeditorial.com.br

Pesquisa – Prestadores de serviços para GTD

Ponto de vista

110

Opinião sobre o Processo Produtivo Básico (PPB) de luminárias a Led em Manaus.

A segunda parte de um artigo técnico que trata da

112

influência do aquecimento na resistência elétrica de

Agenda

barramentos blindados.

Cursos e eventos do setor de energia elétrica nos próximos meses.

84


Editorial

4

O Setor Elétrico / Setembro de 2016 Capa ed 128_A.pdf

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10/1/16

1:01 PM

www.osetoreletrico.com.br

Ano 11 - Edição 128 Setembro de 2016

A beleza da rede subterrânea Como harmonizar os interesses das empresas de energia, gás, água e telecom?

O Setor Elétrico - Ano 11 - Edição 128 – Setembro de 2016

Por baixo da terra

Eólica e os próximos 10 GW Agentes discutem em evento do setor medidas para a continuidade do crescimento da fonte no país

CINASE

Recorde histórico de público na edição realizada em Salvador (BA)

Edição 128

A capa desta edição retrata uma paisagem que não é brasileira. É, na verdade, um recorte de uma via pública na cidade

de Turim, na Itália, em que se percebe, claramente, a ausência de fios e cabos de telefonia, tevê a cabo ou energia elétrica pendurados em postes de concreto espalhados pelas calçadas. A foto, além de plasticamente interessante, evidencia uma realidade bastante comum em cidades europeias e pouco observada por aqui, em terras tupiniquins. Temos, é claro, alguns bons exemplos de espaços públicos com redes enterradas, mas estes representam uma parcela extremamente ínfima do que poderíamos ter se houvesse uma harmonia entre todos os interessados envolvidos nessa questão.

Pesquisando em um fascículo sobre o tema, publicado em 2013 neste mesmo periódico, obtive a informação de que

países como a Holanda, já na década de 1970, optaram por sistemas com cabos subterrâneos em função da segurança, da confiabilidade, da ocupação de espaços e da possibilidade de reutilização dos direitos de passagem. Ou seja, não se trata apenas de estética, é uma questão técnica e também de civilidade. A Europa, a partir do final da década de 1990, optou pela expansão da distribuição de energia elétrica exclusivamente com redes subterrâneas em praticamente todos os países. E, por lá, a taxa de crescimento das redes subterrâneas ocorre a um valor anual da ordem de 2% a 3%. Enquanto que, nos Estados Unidos, a taxa de crescimento de investimentos no subterrâneo tem sido crescente nos últimos anos, chegando a cerca de 27% do total de investimentos em todas as instalações de distribuição. No Brasil, da atual rede de distribuição de energia elétrica instalada, apenas 2% é composta por redes subterrâneas.

Com a comparação, não quero dar a impressão de mostrar a “superioridade” europeia em detrimento da nossa

pequenez. Quero apenas reforçar o fato de que desperdiçamos a tecnologia e a engenharia de qualidade que temos à nossa disposição. Isso porque não estivemos atrasados no que diz respeito às primeiras iniciativas de implantação da tecnologia. No Brasil, as redes subterrâneas começaram nos primeiros anos do século XX nas cidades com maior desenvolvimento, Rio de Janeiro e São Paulo, com a antiga Brazilian Traction, Light and Power, precursora da Light. Em 1902, o início das instalações se deu em São Paulo com três câmaras em um sistema radial operando em 2,2 kV. Mas paramos em algum momento dessa evolução e as redes aéreas, hoje, dominam nossos ares. Há quem as defenda.

Na reportagem desta edição, você terá mais informações

sobre este tema e entenderá, por exemplo, a relação das redes – subterrâneas e aéreas – com a qualidade da energia elétrica entregue pela concessionária. Por fim, deixo uma das mais emblemáticas imagens de uma via pública brasileira com as redes enterradas. Dá para imaginá-la de outra maneira? Abraços,

flavia@atitudeeditorial.com.br Redes sociais Acesse o Facebook e o Twitter da revista O Setor Elétrico e fique por dentro das notícias da área elétrica!

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6

Coluna do consultor

José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do DeinfraFiesp. jstarosta@acaoenge.com.br

Enfim, a tarifa branca, e o ano se arrasta no vermelho

Em novembro do ano passado, publicávamos na coluna “Energia com

qualidade” um artigo sobre a importância da necessidade da implantação da tarifa branca. Tratava-se de uma oportunidade para os pequenos consumidores residenciais e comerciais reduzirem suas contas de energia com modulação de carga e redução do consumo da ponta. Toda modulação é bem-vinda mesmo para as distribuidoras.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou o início da vigência

da tarifa branca a partir de 2018, inicialmente, para os consumidores acima de 500 kWh por mês. Naquela oportunidade, as simulações de economia apontaram para economias nas contas de valores superiores a 10%. Resta saber se as concessionarias manterão os horários de ponta atuais aplicados nas tarifas azul e verde, pois disto dependerão os ajustes operacionais necessários para a obtenção das economias. Um bom sinal no horizonte.

No plano econômico, a situação se “arrasta”, apesar de as percepções da

economia serem favoráveis, os negócios fechados, os contratos assinados e outros indicadores de mercado continuarem à mingua. Algumas oportunidades poderão surgir em projetos públicos, como as PPPs ou PPIs. Os governos tentam ajustar seus orçamentos e contratar projetos de melhorias das suas sofridas infraestruturas locais. E haja sofrimento! Sofrimento também das empresas médias que lutam pela sobrevivência e que vivem momentos de expectativa com orçamentos e resultados da mesma proporção, esperando melhores dias.

No plano político, a cassação de Cunha (ufa!), o show de retórica do

MP que parece não ter provas contundentes, as lágrimas de Lula que não convencem nem o porteiro do sindicato dos metalúrgicos, as campanhas a prefeito e outras ocorrências também sem graça tomaram conta de nosso final de inverno. O que salta aos olhos é a exposição da ladroeira, com prisão de alguns envolvidos e os números que foram subtraídos dos nossos bolsos. A cada novo estouro surgem buracos de 10, 20 bilhões de reais. Os 2 ou 3 milhões do tríplex do Guarujá ou do sítio de Atibaia são “dinheiro de pinga”. Aliás, “só tomando uma, companheiro”.



Painel de mercado

8

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Notícias relevantes dos mercados de instalações elétricas de baixa, média e alta tensões.

Investimentos e resultados em EE podem aumentar Repasse obrigatório de 20% dos recursos de EE ao Procel e flexibilidade de investimentos em consumidores de baixa renda devem melhorar resultados dos projetos de eficiência energética no Brasil Realizado entre os dias 30 e 31

renda são destinados à baixa renda.

de agosto de 2016, a 13ª edição do

Isso consiste, no que diz respeito ao

para Eficiência Energética”, o diretor da

No painel “Linhas de Financiamentos

Congresso

Eficiência

Procel, na distribuição em larga escala de

Vitalux e ex-presidente da Associação

Energética (Cobee) teve como um de

geladeiras em detrimento de tornar mais

Brasileira das Empresas do Serviço

seus destaques a palestra ministrada

eficientes motores elétricos utilizados

de Conservação de Energia (Abesco),

pelo superintendente de Pesquisa e

em indústrias, por exemplo. “Espero que

Eduardo

Desenvolvimento e Eficiência Energética

estas mudanças melhorem esta ‘pizza’

tema

da Agência Nacional de Energia Elétrica

de investimentos, que está muito mal

o mais polêmico dos eventos sobre

(Aneel),

repartida”, diz o superintendente.

eficiência energética. Para ele, apesar

Entre as mudanças implementadas

das

Energética no Brasil”, o superintendente

pela

comentou as mudanças no Programa de

destacou

Eficiência Energética trazidas pela Lei

empresas

se

tornarem

13.280/2016. Entre as modificações está

obrigação

de

investimento

a alteração da obrigação de investimento

e eficiência energética. São elas as

financiando

em consumidor com tarifa social.

cooperativas permissionárias de serviços

dinheiro, há projetos, mas eles não têm

públicos

saído”, afirma.

Brasileiro

Máximo

Participando

de

Luiz

do

Pompermayer.

painel

“Eficiência

Na norma anterior, a Lei 9.991, de

Lei

Moreno,

enfatizou

“financiamento”

discussões

é

que

o

usualmente

travadas

durante

13.280/2016,

Pompermayer

anos, nenhum progresso em relação

ainda

de

ao assunto foi apresentado. Continua

de

o

fato

algumas

isentas

distribuição

em

de

da P&D

energia

havendo, conforme ele, poucas linhas de

financiamento

e

poucos

projetos

Nesse

e permissionárias de distribuição de

seja inferior a 500 GWh. Conforme o

de

energia elétrica estavam obrigadas a

superintendente,

Desenvolvimento Paulista - Desenvolve

aplicar, no mínimo, 60% dos recursos

se

dos seus programas de eficiência em

isentas.

obrigadas

Governo de São Paulo, Rafael Ramalho

unidades

63 concessionárias de distribuição de

Corso Bergamaschi, as garantias exigidas

energia elétrica.

pelos bancos são um dos principais

pela

consumidoras

Tarifa

Social.

beneficiadas

Com

a

nova

encaixam Ainda

neste

perfil

continuarão

e

ficarão

SP,

Negócios

da

instituição

o

“Há

elétrica cuja energia vendida anualmente permissionárias

para

área.

22 de julho de 2000, as concessionárias

38

sentido,

na

órgãos

gerente

Agência

financeira

ligada

de a

Outro destaque do congresso foi o

entraves para os financiamentos. Sobre

permis­ s ionárias podem (se quiserem)

painel “Políticas Públicas para Combate

isso, a gerente de Projetos de Energia

aplicar até 80% dos recursos de seus

ao Desperdício de Energia”, em que alguns

e

programas de eficiência energética em

dos participantes do debate se detiveram

Banco

unidades

legislação,

as

concessionárias

e

Desenvolvimento de

Econômico

Desenvolvimento

do

Alemão

beneficiadas

nas metas estabelecidas pelo Brasil no

KFW Bankengruppe, Tabea von Frieling

pela Tarifa Social de Energia Elétrica,

Acordo de Paris, tratado ratificado durante

de Valencia, explicou que, devido ao

em comunidades de baixa renda e em

a Convenção-Quadro das Nações Unidas

alto endividamento do setor público e

comunidades rurais.

sobre a Mudança do Clima, realizada em

privado e às garantias exigidas pelos

consumidoras

alterações

2015, e que rege medidas de redução

bancos, poucos clientes são elegíveis

trazidas pela nova lei, como o repasse

de emissão dióxido de carbono a partir

para serem financiados.

obrigatório de 20% dos recursos de

de 2020. O diretor do Departamento de

O congresso contou ainda com

Eficiência

Programa

Mudanças Climáticas (EMC) do Ministério

painéis

Nacional de Conservação de Energia

de Meio Ambiente (MMA), Ricardo Gorini

internacionais que servem de exemplo;

(Procel),

que

de Oliveira, por exemplo, sublinhou o

tendências e perspectivas do mercado

Com

esta

e

outras

Energética Pompermayer

ao

espera

que

destacaram

iniciativas

os

compromisso do país em, até 2030, reduzir

de energia; eficiência energética em

resultados em programas de eficiência

43% de suas emissões de gases do efeito

iluminação; mecanismos de certificação

energética no Brasil. De acordo com o

melhorem

os

investimentos

superintendente,

dos

investimentos

e

estufa, além de chegar a 45% de energias

e

atualmente,

59%

renováveis na matriz energética e alcançar

redução

feitos

baixa

10% de eficiência no setor elétrico.

energética na indústria; entre outros.

em

processos de

de

gestão

energética;

emissões;

eficiência



Painel de mercado

10

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Inaugurada maior termelétrica a gás de aterro do país Usina Termoverde Caieiras representa um importante reforço energético para São Paulo e tem a sustentabilidade como pilar

Com o objetivo de transformar resíduos

é o combustível utilizado para a geração de

a

energia, o que é uma forma sustentável de

Termoverde Caieiras foi inaugurada no último

valorização dos gases, além de gerar créditos

dia 16 de setembro, com capacidade de gerar

de carbono.

29,5 MW da energia, quantidade suficiente

para abastecer cidade de 300 mil habitantes.

15.000 m² e teve autorização da Agência

Trata-se da maior termelétrica movida a

Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para iniciar

biogás de aterro sanitário do Brasil e uma

a operação em julho de 2016. É um investimento

das maiores do mundo, situada na Central de

de mais de R$100 milhões do Grupo Solví, que

Tratamento e Valorização Ambiental (CTVA)

atua nos segmentos de gestão de resíduos,

da Essencis, no município de Caieiras-SP, km

saneamento e energia renovável.

33 da Rodovia Bandeirantes.

urbanos

em

energia

elétrica

limpa,

A usina foi construída em uma área de

Entre os benefícios da termelétrica ao

A Termoverde Caieiras gera energia

meio ambiente destacam-se: a preservação

limpa

depositado

da vegetação e da fauna local; a manutenção

no aterro sanitário da Essencis. O gás

da topografia existente; a não geração de

metano, decorrente da decomposição dos

odores; e a isenção de riscos de poluição de

resíduos orgânicos depositados no aterro,

mananciais e da atmosfera.

a

partir

do

resíduo

Dados da termelétrica Termoverde Caieiras Unidade de tratamento do biogás

Conexão à rede elétrica – subestação

Resfriador: 540 TR

elevadora

Soprador: 21.000 Nm³/h

Capacidade: 2x30/40 MVA Tensão: 13.8/138 kV

Unidade de geração – motogeradores a biogás

Linha de transmissão

Marca: GE Jenbacher

Tensão: 138 kV

Modelo: JGS 420 GS-B.L. Rotação: 1800 RPM Arrefecimento: radiador Sistema de controle: eletrônico


11

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Exportações do setor eletroeletrônico reagem em agosto Sondagem realizada pela Abinee registra discreto aumento nas vendas para o mercado externo em agosto

relação a julho deste ano, o total importado

As exportações de produtos do setor

eletroeletrônico

somaram

US$

aumentou 16,7%.

482,7

milhões no mês de agosto de 2016, 1,3%

Comparando o acumulado de janeiro-

acima das ocorridas no mesmo mês do ano

agosto de 2016, houve queda, tanto nas

passado (US$ 476,4 milhões), segundo a

exportações quanto nas importações. As

Associação Brasileira da Indústria Elétrica

vendas de produtos elétricos e eletrônicos no

e Eletrônica (Abinee). Na comparação

mercado externo somaram US$ 3,76 bilhões,

com julho de 2016, as vendas no mercado

2,2% abaixo das registradas no mesmo

externo cresceram 11,8%.

período de 2015 (US$ 3,84 bilhões), quanto

Já as importações somaram US$ 2,391

as importações totalizaram US$ 16,6 bilhões

bilhões, 0,1% acima das ocorridas em agosto

no acumulado do ano, 27,4% inferior ao do

do ano anterior (US$ 2,388 bilhões). Em

mesmo período de 2015 (US$ 22,8 bilhões).

Exportações do setor eletroeletrônico

Áreas

US$ milhões

Variação %

2015

2016

Automação industrial

39,7

44,2

11,2%

Componentes

235,4

238,2

1,2%

Equipamentos industriais

74,1

79,2

6,9%

Geração, Transmissão e

60,2

43,7

-27,3%

Distribuição de energia (GTD) Informática

21,9

29,2

33,4%

Material de instalação

10,6

7,9

-25,3%

Telecomunicações

14,2

18,3

28,3%

Utilidades domésticas

20,2

22,0

8,9%

Total

476,4

482,7

1,3%

Fabricantes de silicone pressionam revisão da ABNT NBR 5410 Comissão da Abiquim acredita que a norma deve aprimorar as orientações sobre aplicação de silicone em fios e cabos A Comissão Setorial de Silicones, da

energia. De acordo com a entidade, o material

Associação Brasileira da Indústria Química

mantém suas dimensões originais e isolação,

(Abiquim), vem participando das reuniões da

sem expor a parte metálica interna do condutor,

comissão CE 03:064.001, que revisa a norma

evitando curtos-circuitos e choques elétricos.

ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de

baixa tensão, com o intuito de aprimorar o

de revisão da norma é importante, tendo em vista

documento no que diz respeito à aplicação de

que a certificação de fios e cabos é obrigatória.

silicone em fios e cabos.

"Com a regulamentação do Inmetro, somente

A Associação defende que, por ser

produtos fabricados de acordo com as normas

resistente a altas temperaturas, a borracha de

técnicas em vigor e certificados poderão ser

silicone protege fios e cabos de forma mais

comercializados, aumentando a confiabilidade

eficiente, minimizando risco de fogo na camada

do material", afirma Irineu Bottoni, coordenador

de proteção, quando expostos à sobrecarga de

da Comissão.

O envolvimento da Associação no processo


Painel de mercado

12

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Encontro discute instalação de laboratório de redes inteligentes Cepel, Instituto Fraunhofer e agentes do setor elétrico discutem propostas para laboratório que deverá atender às demandas atuais e futuras das redes inteligentes no país O Cepel e o Instituto Fraunhofer-

está inserido numa série de atividades

uma externa, o laboratório será implantado

Gesellschaft da Alemanha promoveram, no

relativas ao planejamento do ambiente de

na Unidade Adrianópolis do Centro, no

dia 31 de agosto, um workshop sobre o

laboratórios de smart grid em nível global. É

Rio de Janeiro. Em suas instalações, serão

futuro Laboratório de Redes Inteligentes do

algo que apresenta um grande desafio, o de

investigados aspectos técnicos diversos das

Centro, cujo projeto está sendo financiado

desenvolver em vários países essa questão

redes inteligentes, constituídas de diversos

com recursos do Projeto de Assistência

[smart grid], na qual estou trabalhando há

subsistemas, equipamentos e dispositivos,

Técnica dos Setores de Energia e Mineral

mais ou menos 10 ou 12 anos. Ficamos

de modo a verificar sua aderência a normas

(Projeto META), firmado entre o Banco

muito felizes em obter o contrato para darmos

técnicas

Mundial e o Governo Brasileiro, por meio do

suporte a esta iniciativa”.

examinar seu desempenho em condições

Ministério de Minas e Energia (MME).

O

O intuito do workshop foi avaliar, junto

organização de pesquisa aplicada da Europa,

reais em campo.

às instituições presentes no evento, os

possuindo mais de 80 centros de pesquisa.

O projeto básico do laboratório deverá

requisitos de infraestrutura para ensaios e

Durante os 11 meses de consultoria,

conter as definições das áreas internas

pesquisa que o laboratório deverá ter para

contratada em maio deste ano, o Cepel vai

de ensaios e instalações experimentais

atender às demandas – atuais e futuras - das

trabalhar em conjunto com o Fraunhofer IWES

expostas ao tempo; sala de controle;

redes inteligentes no país, como destacaram

(Wind Energy & Energy System Technology)

tensões e potências máximas de ensaios;

o diretor-geral do Cepel, Albert Melo, e o

e o Fraunhofer Fokus (Open Communication

sistemas para emulação dos ambientes de

diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e

Systems).

teste para integração da geração distribuída

Inovação do Centro, Roberto Caldas.

Na

“A proposta é que o laboratório de redes

panorama a respeito dos mais importantes

inteligentes do Cepel se torne uma referência

laboratórios mundiais de redes inteligentes

além da Eletrobras e das empresas de

nacional. E, para introduzir novas tecnologias

e as normas utilizadas em ensaios e testes.

distribuição, a ideia é elaborar projetos em

em um sistema elétrico complexo como o

Também detalharam os principais requisitos

conjunto com concessionárias, fabricantes

brasileiro, é preciso se antecipar a possíveis

e campos de atuação deste gênero de

de equipamentos, e estabelecer cooperação

maus funcionamentos. Daí a importância

laboratórios, como interoperabilidade, testes

com entidades de ensino e pesquisa

de se definirem o escopo e a estratégia de

de interface com a rede, emulação de redes

brasileiras e internacionais.

implantação da infraestrutura. Para isso,

de comunicação e medição, bem como a

contamos com o apoio de uma instituição

necessidade da acreditação de acordo com

início ao processo de negociação das demais

como o Instituto Fraunhofer, contratado

a norma IEC ISO 17025.

etapas para a implantação do laboratório, a

Instituto

ocasião,

Fraunhofer

foi

é

a

apresentado

maior

um

por meio de um processo de concorrência

nacionais

e

internacionais

e

similares às encontradas em instalações

à rede elétrica; e simulação em tempo real. Quanto aos beneficiários do laboratório,

Concluído o projeto básico, o Cepel dará

qual está sendo realizada dentro da Atividade

internacional baseado na qualidade e no

O laboratório

Consgrid (Consultoria de Smart Grids), no

custo, e também com as contribuições dos

âmbito do Projeto META.

agentes do setor”, afirmou Albert Melo, ao dar as boas-vindas aos participantes, em nome do MME e da Eletrobras. Na

mesma

linha

de

pensamento,

o diretor Roberto Caldas ressaltou a importância das contribuições dos agentes do setor durante o workshop não só para dar início ao desenvolvimento do laboratório, mas também para que sua estruturação seja flexível para atender às necessidades de expansão de uma instalação deste porte. Sobre a participação no projeto do laboratório do Cepel, o diretor da Divisão de Engenharia de Sistemas do Instituto Fraunhofer,

Philipp

Strauß,

enfatizou:

“Esse projeto é muito importante, pois

Com área abrigada, complementada por



Painel de empresas

14

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Um giro pelas empresas que compõem o setor elétrico brasileiro.

Cemig anuncia venda de linha de transmissão no Chile A Ferrovial Transco Chile é a nova responsável por uma linha de transmissão que possui cerca de 200 quilômetros de extensão

A Companhia Energética de Minas Gerais

“O plano de alienação de ativos está

(Cemig) anunciou a venda da sua participação

dentro dessa visão estratégica de retomar um

societária

Charrúa

plano de negócios, de médio e longo prazo,

Transmisión S.A para a Ferrovial Transco Chile,

que envolva a retomada do crescimento da

empresa controlada pela espanhola Ferrovial,

Companhia. O nosso objetivo é reestruturar

pelo valor de U$ 56,55 milhões. A negociação

a empresa e diminuir o custo financeiro. Para

ressalta o novo planejamento estratégico de

isso, é preciso ter um plano de alienação de

vender ativos em que a companhia não tem

ativos, que reduza o endividamento, baseado

controle ou a gestão compartilhada.

em atividades que não são essenciais à

De

total

acordo

na

Transchile

com

o

presidente

da

empresa”, afirma o presidente.

Cemig, Mauro Borges Lemos, o novo

A Transchile é responsável pela linha

planejamento estratégico da Cemig prevê a

Charruá-NuevaTemuco, com dois circuitos,

alienação de ativos que não pertencem às

em 220 kV, e possui cerca de 200 quilômetros

atividades principais da empresa – geração,

de extensão. Em 2005, a Cemig em conjunto

transmissão, distribuição e comercialização

com a Alusa, de São Paulo, venceu a licitação

de energia, o chamado core business – ou

para a construção da linha de transmissão

aqueles ativos que pertencem ao negócio

entre as cidades de Charrúa e Temuco, no

principal, mas não são controlados pela

Chile. A linha entrou em operação comercial

companhia, como no caso da Transchile.

em 2010.

ABB vende negócio de cabos para NKT Cables ABB e NKT Cables assinam acordo de parceria estratégica de longo prazo. O valor total da venda foi da ordem de 836 milhões de euros bilhão de euros.

longo prazo", explica o CEO da ABB, Ulrich

global de sistema de cabos de alta tensão

O negócio de sistemas de cabos

Spiesshofer.

para a NKT Cables pelo valor total de 836

da ABB oferece soluções turnkey, que

milhões de euros (US$ 934 milhões). Os

inclui projeto, engenharia, fornecimento,

escala e do alcance operacional das duas

cabos de alta tensão são os principais

instalação, comissionamento e serviços.

empresas leve a um serviço ainda melhor

componentes

Em 2015, este negócio constituiu receitas

para os clientes globais. "O negócio de

independentes

milhões,

cabos de alta tensão da ABB fortalecerá

de grandes quantidades de eletricidade

empregando cerca de 900 pessoas, com

de forma considerável o portfólio, levando-

em longas distâncias. O negócio é

fabricação de ponta e capacidade de P&D

nos a uma operação de produção de classe

parte da divisão Power Grids da ABB

para cabos de alta tensão subterrâneos

mundial. Iremos aprimorar a tecnologia,

que atualmente passa por uma revisão

e submarinos em Karlskrona, na Suécia. A

desenvolver a competência e a mão de obra

estratégica.

transferência dos ativos também inclui um

altamente qualificada para fazer crescer este

novo e inovador navio de assentamento de

negócio, "disse Michael Hedegaard Lyng,

cabos de alimentação para soluções de

cabos, atualmente em construção.

presidente e CEO da NKT Cables.

baixa, média e alta tensão, principalmente

"Estamos combinando dois sólidos

A transação deverá ser concluída

na área de corrente alternada (CA). Suas

portfólios de cabos, que já são parte da

no primeiro trimestre de 2017, estando

principais instalações de produção estão

tradição nórdica, para sermos ainda mais

sujeita às aprovações regulamentares e

na Europa e na China, bem como seus

competitivos e em maior escala sob o

cumprimento das condições de fechamento.

escritórios de vendas estão em todo o

domínio da NKT Cables, mantendo, ao

A Goldman Sachs atuou como assessor

mundo,

3.200

mesmo tempo, o acesso ao fornecimento

financeiro exclusivo da ABB e a Freshfields

pessoas. Em 2015, sua receita foi de 1,2

a partir de uma parceria estratégica de

Bruckhaus Deringer como assessor jurídico.

A ABB acaba de vender seu negócio

sustentável,

das usados

redes para

de

energia

transmissão

A NKT Cables projeta, fabrica e fornece

empregando

cerca

de

de

US$

524

A proposta é que a combinação da



Painel de empresas

16

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Fabricante de lâmpadas Teslights inicia operação no Brasil Especializada no mercado de Led inteligente, a multinacional americana chega ao Brasil com investimento de US$ 5 milhões A

multinacional

americana

Teslights,

empresa de gestão inteligente de energia, com unidades nos Estados Unidos, Espanha, Hong Kong, México, Argentina, entre outros, inicia as operações no Brasil e inaugura a fábrica de lâmpadas de Leds inteligentes em Jundiaí, interior de São Paulo. O objetivo é atender à demanda interna em otimizar o uso dos recursos de energia de forma sustentável, desde a concepção do projeto de iluminação, otimização de infraestrutura energética até a implementação com lâmpadas e sistema de telegestão de fabricação própria. A Teslights avalia que o mercado de eficiência energética no mundo nos próximos dez anos alcance a marca de US$ 425 bilhões.

“A Teslights é uma fornecedora de soluções

Unidade fabril da Teslights do Brasil, localizada em Jundiaí (SP), está em operação desde setembro de 2016. A companhia já possui contratos com grandes empresas brasileiras.

em iluminação inteligente, capaz de habilitar

De acordo com a empresa, entre as

e seja responsável por 30% do faturamento

e prover dados para análise e decisões em

soluções disponibilizadas que garantem uma

global da empresa nos próximos cinco anos.

projetos de internet e Big Data. Nosso modelo

taxa interna de retorno acima de 70% estão o

“O Brasil é um dos principais mercados

de negócios consiste em oferecer às indústrias,

fato de que as lâmpadas de Led inteligentes

da América Latina, por isso, optamos

comércios e cidades uma plataforma flexível

são produzidas em sistema modular, com

por construir a nossa unidade fabril aqui

que permita o gerenciamento de todos os

certificações

qualidade,

para fornecer para toda a região. Dessa

dispositivos de elétricos, seja em um escritório

segurança e performance que garantem a

forma, atendemos toda a cadeia produtiva

ou em toda uma cidade. Para garantir a eficiência

eficiência de 190 lm/W. Além disso, o sistema

entregando

do projeto, produzimos nossa linha própria

de telegestão é capaz de se comunicar com

atendimento técnico local e garantia. Nosso

de Leds inteligentes que pode ser totalmente

todos os protocolos de informação existentes.

objetivo é tornar a unidade de Jundiaí o

customizada de acordo com a necessidade de

Segundo Cancela, a expectativa é que

showroom modelo para o mundo com todos

cada empreendimento”, explica o fundador e

o Brasil se torne o segundo maior mercado

os nossos serviços e produtos instalados”,

CEO da Teslights, Fernando Cancela.

do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos,

detalha o executivo.

internacionais

de

desde

o

serviço,

produto,



Painel de empresas

18

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Reymaster recebe certificação de qualidade ISO 9001:2015 Distribuidora de materiais elétricos, com sede em Curitiba (PR), teve sua gestão novamente certificada e amplia portfólio A Reymaster, distribuidora de materiais

Parceria com a Schneider

elétricos com sede em Curitiba (PR), foi

A Reymaster acaba de fechar uma

recertificada com a ISO 9001:2015. A empresa

parceria com a Schneider Electric para

recebeu o selo após auditoria realizada pelo

comercializar para todo o país inversores de

Instituto Bureau Veritas Brasil. Este é o quarto

frequência e soft starters da marca.

ano consecutivo que a empresa atesta sua

O

qualidade aos padrões internacionais da norma.

paranaense, Gustavo B. de Souza, explica que a

Com a certificação, a Reymaster tornou-se

função principal dos inversores de frequência é o

uma das primeiras empresas do país a possuir

controle de velocidade ou do torque dos motores,

a ABNT NBR ISO 9001 em sua nova versão,

sendo aplicados nas mais diversas máquinas,

que foi lançada em outubro de 2015.

desde as simples (esteira transportadora) até as

promotor

técnico

da

distribuidora

A ISO 9001 registrou modificações

mais complexas (pontes rolantes). “A variação

significativas

as

de velocidade nas indústrias é fundamental, pois

exigências para sua obtenção ao avaliar

aperfeiçoa processos industriais, adequando,

mais detalhadamente processos ligados

por exemplo, a velocidade de uma linha de

ao meio ambiente e à análise de riscos

produção à demanda”, acrescenta.

das empresas. O foco no cliente e na

administração da empresa foi mantido, mas

partir, parar e, consequentemente, proteger

direcionado, estrategicamente, prevendo a

motores trifásicos, pois regulam a tensão

geração de resultados. Busca-se, agora, a

e a corrente durante os processos. Sua

sustentabilidade do negócio.

aplicação contribui para o aumento da vida

em

2015:

aumentou

Já os soft starters são utilizados para

A analista de Qualidade da Reymaster,

útil do maquinário, pois, ao realizar paradas

Maria Cristina Nicolau Zanutto, considera que

e partidas controladas, evitam-se desgastes

“a certificação demonstra que a empresa está

desnecessários

sempre em sintonia com as expectativas dos

contribuindo

clientes, buscando aperfeiçoar processos

da manutenção. A distribuidora oferece

sempre no intuito de melhor atendê-los”.

consultoria técnica aos clientes.

e

choques

também

para

mecânicos, a

redução

Da esquerda para a direita: Reynaldo Gabardo (Reymaster), José Sanches (Bureau Veritas) e Marco A. Stoppa (Reymaster).



Evento

20

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

conquista público de Salvador Principais especialistas do setor de instalações elétricas do país discutiram técnica, tecnologia e normalização em congresso itinerante realizado na capital baiana. Mais de 600 profissionais participaram do evento


21

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

A cidade de Salvador (BA) recebeu, no

mês de agosto, o tradicional Circuito Nacional do Setor Elétrico (CINASE), evento promovido pela revista O Setor Elétrico, que leva conhecimento técnico de qualidade a diversas regiões do país. Com a proposta de oferecer atualização técnica, especialmente, para os profissionais fora do eixo Rio-São Paulo, o Congresso vem conquistando as cidades por onde passa com o lema “Uma viagem pelas instalações elétricas”, um novo modelo adotado em 2015 e reforçado neste ano de 2016, que busca abordar toda a cadeia do setor elétrico, desde a geração de energia até o seu consumo.

Esta é a 25ª etapa realizada desde sua

concepção em 2010, e cada edição é uma nova e surpreendente experiência. Um dos destaques desta realização em Salvador foi o público presente, o maior registrado em todas as edições do CINASE. Para a organização do Congresso, isso deveu-se ao trabalho de divulgação pré-evento e, principalmente, do envolvimento de todos os apoiadores locais, que promoveram o evento na cidade com muita eficácia. Com isso, foram mais de 630 participantes nos dois dias de Congresso. “O envolvimento dos apoiadores e patrocinadores antes do evento e um congresso e exposição bem movimentados o tempo todo mostraram que o trabalho tem sido reconhecido e provam que, depois de tantos anos, chegamos no melhor modelo do evento”, celebra o diretor do CINASE, Adolfo Vaiser.

Um dos grandes apoiadores do seminário,

o engenheiro Thales de Azevedo Filho conta que a forma de apresentação, como sugerido pelo tema do evento, fez, efetivamente, uma abordagem de alto nível acerca de todos os aspectos das instalações elétricas. “A presença dos mais renomados e ilustres palestrantes,

disseminando

conhecimento

e saber, proporciona a reciclagem dos profissionais e aprimora a bagagem técnica dos mais novos, num processo de atualização, inclusive das nossas normas”, avalia. Para

ele,

apresentação,

o

método

quando

inovador o

da

palestrante

questiona a plateia, criou um clima de expectativa e aumentou significativamente a atenção de todos, resultando em um melhor aproveitamento dos temas abordados. “A


Evento

22

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

comunidade técnica teve a oportunidade de

Abimael Nogueira, disse que “o ponto mais

Iluminação Pública da Secretaria Municipal

debater e tirar dúvidas, junto aos especialistas

alto do CINASE, etapa Salvador, foi a grande

de Ordem Pública, Salvador merece receber

e fabricantes, com interatividade, em um

presença dos técnicos acompanhada do

eventos como este, não só na área de elétrica,

ambiente

pela

alto nível das palestras, com destaque para

mas também em outros setores. “Este tipo

excelente forma de apresentação dos materiais

as oportunidades de perguntas e respostas

de iniciativa movimenta o corpo intelectual

em uma exposição interativa”, conclui.

empolgantes”. Para ele, um dos grandes valores

e técnico da nossa cidade. É importante ver

Para

altamente

colaborativo,

contribuiu

do evento é a oportunidade dada às empresas

cabeças pensantes da nossa cidade reunidas”.

sobremaneira o aplicativo do evento, que foi

para apresentar seus produtos diretamente

Além disso, o diretor lembra que eventos como

utilizado por palestrantes, patrocinadores

para o possível comprador. “O CINASE tem

este atraem pessoas de cidades próximas, o

e participantes ao longo do Congresso.

uma proposta segura e marcante que não seria

que movimenta hotéis e restaurantes, levando

Segundo a organização, esta foi a edição em

possível com outra forma de comunicação”,

riquezas para a região.

que mais o aplicativo foi utilizado.

diz. O diretor da BRVAL, Alexandre Morais faz

Assim

essa

interatividade,

como

coro: “é uma excelente oportunidade de estar junto aos clientes, expondo seus produtos e

organização fez um trabalho de divulgação que

diferenciais, e percebendo as necessidades e

foi fundamental para o sucesso do Congresso.

carências do mercado”.

das instalações elétricas”, o CINASE objetiva

Foram diversas reuniões e idas a Salvador

Com o intuito de fazer essa aproximação

proporcionar ao participante uma verdadeira

para estabelecer parcerias de apoio e divulgar

ainda mais intensa, todos os patrocinadores

imersão ao mundo da energia elétrica, desde

o evento. Dessa maneira, as instituições

são convidados a realizarem uma mini palestra

a geração, passando pela transmissão e

estavam

para

técnica, em que seus representantes expõem

distribuição, até chegar à baixa tensão e,

também fazerem seu plano de divulgação, o

suas tecnologias aos participantes. Alexandre

efetivamente, ao consumo da eletricidade.

que surtiu bons resultados. Esta edição do

Morais, por exemplo, diz que, em sua

Assim, as palestras são organizadas de

CINASE contou com os seguintes apoiadores:

apresentação, a abordagem é completamente

modo a abordar diversas temáticas do ciclo

Coelba, CREA-BA, Ecoluz, Elétrica Bahiana,

técnica: “o intuito é esclarecer as vantagens da

da energia elétrica, como a dinâmica dos

Inbec, IEEE, Semop-DSIP, Senai/Fieb, Senge

utilização de conjuntos blindados ao invés de

transformadores, a qualidade da energia,

(Sindicato dos engenheiros), Sinduscon-BA,

cabines primárias convencionais, apontando

os painéis de média e baixa tensão, a

Sintec (Sindicato dos Técnicos Industriais),

vários aspectos relacionados à segurança do

eficiência energética na indústria, a proteção

Thales de Azevedo Filho Engenharia de

operador, confiabilidade ao sistema elétrico,

e o aterramento, a segurança do trabalho e a

Instalações e Volga.

compactação da construção, entre outros”,

iluminação.

Entre os patrocinadores, o CINASE

diz.

Desde a primeira edição do CINASE

também foi considerado um sucesso. Um

Para um dos apoiadores, Bruno Barral,

deste ano, o tema “energias renováveis” faz

deles, o presidente do Grupo A.Cabine,

diretor da DSIP/Semop - Diretoria de

parte do cronograma das palestras e é cada

munidas

no

de

evento

A programação

realizado

anteriormente, em Belo Horizonte (MG), a

informações

Com o lema “Uma viagem pelo mundo


O Setor Elétrico / Setembro de 2016

23

Envolvimento das entidades apoiadoras do CINASE - etapa Salvador resultou no recorde de público de todas as edições já realizadas. Cerca de 630 profissionais participaram do evento.


Evento

24

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Da geração ao consumo, os temas das palestras chamaram a atenção dos participantes, que interagiram com os palestrantes pessoalmente e também por meio do aplicativo CINASE.

vez mais perceptível a necessidade de se

de forma que, no primeiro dia, sejam abordados

participação do engenheiro Thales de Azevedo,

falar sobre este assunto. “Nesta edição, o

temas pertinentes à geração renovável, média

como uma das mais marcantes. “Para os meus

congresso foi inaugurado com uma palestra

tensão e eficiência energética na indústria; e

interesses, essa palestra foi muito importante,

sobre energias renováveis, que foi proferida

no segundo dia, assuntos envolvendo baixa

pois nos ajuda a discutir concepções, como

por um especialista da região, promovendo um

tensão, aterramento, SPDA e iluminação.

plano diretor, e nos faz perceber a necessidade

grande debate entre os participantes”, conta

Para Bruno Barral, da DSIP/Semop, a

de se ter um planejamento a fim de melhorar a

Adolfo Vaiser, diretor do evento.

programação foi bastante adequada. “Percebi

iluminação de forma sustentável, utilizando as

A palestra inaugural abordou o tema “O

que os palestrantes eram muito engajados

novas tecnologias”, analisa.

panorama da gestão energética sob a visão

e preocupados em passar uma mensagem

da concessionária” e foi ministrada pelo

positiva, mas também real, sobre o que é o setor

Palace Hotel, em Salvador (BA), entre os dias

superintendente de Operações & Manutenção

elétrico em suas respectivas áreas”, afirma.

2 e 3 de agosto, e contou com uma exposição

da Companhia de Eletricidade do Estado da

Além disso, Barral entende que é importante

constituída pelas seguintes empresas: AltoQi,

Bahia (Coelba), Sergio Mello. Em seguida, o

esse envolvimento da concessionária local

BRVAL, Chardon, Embrastec, Flir, Grupo

engenheiro Mário Trindade, representando

e do poder público em eventos como este,

A.Cabine, Kian, Loja Elétrica, Maxibarras, Rittal,

a Associação Brasileira de Energia Eólica

pois são alicerces de sustentação do negócio

SEL, TAF, Tavrida Electric, Trael, Volga e Weg.

(Abeeólica), falou sobre conceitos, tendências

como um todo.

e mercado da fonte eólica no país.

nos dias 13 e 14 de outubro, na cidade de

pública, ministrada pelo Plinio Godoy, com a

Dessa maneira, o cronograma é elaborado

Ele menciona o painel sobre iluminação

O CINASE aconteceu no Bahia Othon

A próxima edição do evento acontecerá

Curitiba (PR).


Fascículos

Apoio

GERAÇÃO DISTRIBUÍDA Daniel Bernardon, Murilo da Cunha e Diego Ramos

26

Capítulo IX – Gerenciamento pelo lado da demanda • Estratégias de gerenciamento de carga • Tarifa branca • Geração distribuída • Metodologia de análise técnica e econômica

IEC 61439 – QUADROS, PAINÉIS E BARRAMENTOS BT Nunziante Graziano

34

Capítulo IX – Verificação de projetos • Resistência à corrosão • Propriedades de materiais isolantes • Ensaios de propriedades dielétricas • Funcionamento mecânico

LED – EVOLUÇÃO E INOVAÇÃO Vicente Scopacasa

42

Capítulo IX – Gerenciamento elétrico - Drivers • Vida útil e temperatura de operação • Graus de proteção • Classe UL • Dimerização

CURTO-CIRCUITO PARA A SELETIVIDADE Cláudio Mardegan Capítulo IX – Conversão ΔY e YΔ, equivalente de Thevenin e levantamento de dados • Generalidades • Dados dos equipamentos • Topologia do sistema

48


Apoio

Geração distribuída

26

Capítulo IX Gerenciamento pelo lado da demanda Técnicas de GLD aplicadas ao consumidor de baixa tensão considerando a tarifa branca e a geração distribuída Por Daniel Bernardon, Murilo da Cunha e Diego Ramos*

Hábitos modernos da sociedade são muito dependentes

A modalidade tarifária branca tem caráter opcional, ou seja,

da energia elétrica, exigindo a necessidade do aumento de

o consumidor de BT pode optar pela modalidade convencional

sua oferta e o gerenciamento do seu consumo. Nesse sentido,

ou pela horária branca, entretanto, a iluminação pública e o

a fim de reduzir os impactos de uma demanda crescente e

mercado de baixa renda não podem optar pela tarifa horária

descontrolada de energia, faz-se necessário estabelecer medidas

branca.

para ajudar os consumidores a serem mais eficientes no seu uso.

A geração distribuída torna-se uma realidade no Brasil

Dentro desse contexto, tem-se o gerenciamento pelo

quando a Aneel publica a resolução 482 de 17 de abril de 2012,

lado da demanda (GLD), implicando no planejamento e

a qual trata sobre a microgeração e minigeração distribuída,

implementação de ações que motivam o consumidor a mudar a

buscando regulamentar a instalação da geração distribuída

sua curva de carga.

de pequeno porte, em que o consumidor instala geradores de

O Gerenciamento pelo Lado da Demanda GLD é o

A energia gerada pelo consumidor é conectada ao sistema

da concessionária destinadas a influenciar o uso de energia

de distribuição de energia elétrica e utilizada para amortizar a

elétrica dos consumidores de forma a produzir alterações

energia consumida da concessionária e, caso a energia gerada

desejadas na curva de carga. Estas atividades incluem:

for superior a energia consumida, é gerado um crédito que

gerenciamento de carga, conservação estratégica, eletrificação,

pode ser usado para fatura do mês seguinte, esse crédito fica

geração de energia pelo lado do consumidor, substituição de

válido por 36 meses.

equipamentos obsoletos por mais eficientes e estratégias para o crescimento da participação no mercado.

Fascículo

fontes renováveis.

planejamento, a implementação e o monitoramento de ações

Diante das novas resoluções da Aneel, que apresenta a tarifa branca e a geração distribuída como opções ao

Para uma melhor viabilidade e otimização de um programa

consumidor residencial, o trabalho desenvolvido analisa

de GLD, é importante a integração com as redes inteligentes

as vantagens que esta nova tarifa traz ao consumidor em

(smart grids), pois o monitoramento em tempo real da

virtude dos diferentes preços de tarifa ao longo das horas do

carga, tanto por parte da concessionária, quanto do próprio

dia, aliado à aplicação de GLD e GD, com o desafio de mudar

consumidor, auxilia na tomada de decisão que aliado a uma

hábitos de consumo que represente uma economia na conta

tarifa horária, por exemplo, possibilita deslocar ou reduzir

de energia elétrica.

o consumo de energia de determinados equipamentos nos horários em que o custo da energia é mais caro.

O estudo foi realizado para consumidores da região de Santa Maria pertencentes à classe residencial com faixa de

Dessa forma, recentemente no Brasil, a Agência Nacional

consumo de 301 kWh a 500 kWh, explorando técnicas de GLD,

de Energia Elétrica (Aneel) adotou novas resoluções que

como o deslocamento de carga e redução de pico, assim como a

incentivam o uso de geração distribuída pelos consumidores de

utilização de fontes de energias renováveis eólica e solar.

baixa tensão (BT), bem como a aplicação de tarifa horária de consumo, denominada Tarifa Branca.

Para tanto, foi usado o software Hybrid Optimization Model for Eletric Renewables (HOMER) para realizar as modelagens e


27

Apoio

simulações, considerando a modalidade de tarifa convencional, a tarifa branca e a curva de carga típica de consumidores. O principal resultado analisado é a viabilidade econômica e técnica quanto à implementação da Tarifa Branca, com o GLD e a GD.

Gerenciamento pelo lado da demanda (GLD) Podem-se classificar os programas de gerenciamento pelo lado da demanda em duas categorias, o GLD direto, no qual a concessionária determina as cargas a serem reduzidas ou desconectadas do sistema, através de um contrato de interrupção com o consumidor e o GLD indireto, em que o próprio consumidor remaneja sua demanda influenciado por sinais de preços gerados pela concessionária. Como exemplo de GLD direto, tem-se a Resposta da Demanda (RD) que tem como objetivo principal a redução da demanda de pico para evitar emergências do sistema. De maneira genérica, é quando o consumidor ajusta seu padrão de consumo no espaço e no tempo em resposta a algum estímulo. A natureza deste estímulo pode ser a variação de preços, outros incentivos econômicos, contratos, um pacto social. A implementação da RD é feita através de dispositivos eletrônicos que comunicam com a concessionária de energia e que recebem comandos para desligar as cargas a eles conectadas, de acordo com a solicitação da concessionária ou com a variação da tarifa de energia. Essa é a principal diferença entre uma RD e um sistema comum de gerenciamento de demanda. Pode-se dizer que o GLD é composto por programas que não permitem o controle direto da carga, apenas alteram a curva de carga do consumidor através de mudanças nos hábitos de consumo de energia elétrica. Como exemplo, podemos citar a tarifa branca que incentiva, por parte da concessionária, o consumidor a deslocar o seu pico de demanda para horários em que o preço da energia é mais barato. As tarifas incentivadas são provavel­mente o ingrediente mais importante em muitos programas GLD, pois podem ser o programa em si e/ou o direcionador econômico e motivador para incentivar outras alternativas de GLD. De acordo com a nota técnica publicada pela Aneel, foi realizado no Brasil um estudo que aponta o chuveiro elétrico como equipamento responsável por 43% do consumo de energia no horário de ponta dos consumidores residenciais. Ainda nesse mesmo estudo é apresentado o percentual do consumo de equipamentos como ar-condicionado, som e ferro de passar, os quais permitem a possibilidade de serem desligados no horário de ponta sem trazer maiores mudanças ao consumidor. Na Tabela I pode-se verificar esta informação.


Apoio

Geração distribuída

28

Tabela I – Percentual composição na ponta. Fonte [8]

PERCENTUAL DE

PERCENTUAL DE

PARTICIPAÇÃO NO

COMPOSIÇÃO

CONSUMO FINAL

NA PONTA

CHUVEIRO

24%

43%

ILUMINAÇÃO

14%

17%

GELADEIRA/FREEZER

27%

14%

TELEVISOR

9%

13%

AR CONDICIONADO

20%

7%

SOM

3%

2%

FERRO

3%

2%

EQUIPAMENTOS

Em função desta significativa participação do chuveiro na demanda de horário de ponta, escolheu-se este equipamento como carga a ser deslocada do horário de ponta para o horário fora de ponta. Paralelo a isto, observou-se a possibilidade de desligar equipamentos no horário de ponta como o ar-condicionado, som e o ferro de passar. Estratégias de gerenciamento de carga Nesse sentido, seis estratégias para moldar a curva de carga são descritas em [1]: conservação estratégica, crescimento estratégico da carga, curva de carga flexível, deslocamento de carga, preenchimento de vales e redução do pico. Na Figura 1 são apresentadas de forma gráfica cada uma das estratégias. Diante destas técnicas de GLD foram escolhidas duas para implementação neste trabalho: 1) Redução de pico (peak clipping)

Uma das formas mais clássicas de gerenciamento de carga,

definida como a redução da carga de ponta, obtida, geralmente, através do controle direto de carga (desligamento de aparelhos do consumidor). Algumas empresas consideraram o controle direto de carga apenas durante os dias mais prováveis de pico do sistema, mas pode ser usado para reduzir o custo de operação e a dependência de fatores como combustíveis na geração térmica e da água da geração hidrelétrica. Em virtude dos dados apresentados na Tabela I, como estratégia de GLD, foi utilizada a técnica de redução de pico, na qual o percentual de consumo de energia no horário de ponta do ar-condicionado, som e ferro de passar foi zerado, ou seja, essas cargas foram cortadas nesse horário. Conforme a Tabela I, a soma do consumo de energia no horário de ponta dos equipamentos de ar-condicionado, som e ferro de passar é de 11%, representando uma parcela significativa, pois trata-se de uma estratégia de redução de pico, uma vez que esse percentual será reduzido não só do consumo no horário de ponta como também do consumo total. 2) Deslocamento (mudança) da carga (load shifting) Esta técnica de gerenciamento incentiva o deslocamento da carga do horário de pico para o horário fora do pico. Desse modo, essa técnica combina os efeitos do corte de ponta e do preenchimento de vale. Possui um motivador financeiro, pois impõe tarifas mais caras no horário de pico e tarifas mais baratas no momento de menor carregamento do sistema, motivando a transferência de carga para esse horário. Esta estratégia de GLD foi utilizada, tendo como prioridade deslocar o percentual de consumo de energia do chuveiro no horário de ponta para períodos de menor demanda no horário fora de ponta onde o custo da tarifa branca é menor. Assim, foi possível estabelecer uma comparação entre a tarifa convencional, na qual não se tem a possibilidade de utilizar o deslocamento de carga em virtude de a tarifa ser a mesma independentemente do horário do dia em relação à utilização

Fascículo

somente da tarifa branca sem o GLD. Tarifa branca Na modalidade denominada tarifa de baixa tensão, estão enquadrados os consumidores residenciais, foco deste trabalho, e as pequenas instalações industriais e comerciais. Este grupo de consumidores denominado como Grupo B é composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão inferior a 2,3 kV e caracterizado pela tarifa monômia. São duas as modalidades tarifárias aplicadas aos consumidores do Grupo B: Figura 1 - Estratégias GLD. Fonte [7]

Modalidade tarifária convencional monômia: caracterizada por


Apoio

29


Apoio

Geração distribuída

30

tarifas de consumo de energia elétrica, independen­temente das

De acordo com a resolução normativa, a GD pode ser

horas de utilização do dia.

classificada em microgeração ou minigeração distribuída de acordo

Modalidade tarifária horária branca: aplicada às unidades

com a potência instalada:

consumidoras do grupo B, exceto para o subgrupo B4 e para as subclasses baixa renda do subgrupo B1, caracterizada por tarifas

• microgeração distribuída: central gera­dora de energia elétrica,

diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com as

com potência instalada menor ou igual a 100 kW;

horas de utilização do dia.

• minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com

A tarifa horária branca denomina seus postos tarifários, como:

potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW;

ponta, intermediário e fora de ponta, detalhados na Figura 2. Feriados e finais de semana são considerados período fora de ponta durante todas as horas do dia.

Para o acesso dos sistemas de microgeração e minigeração às redes de distribuição serão necessárias as trocas dos medidores convencionais por medidores bidirecionais, que são capazes de medir simultaneamente o consumo e a geração de eletricidade. São apresentadas a seguir as fontes utilizadas nas simulações do presente trabalho para atendimento da curva de carga, com destaque para a eólica e solar. A turbina utilizada é da marca IstaBreeze, modelo IstaBreeze 500 W, que possui uma potência de saída de 500 W e custo de R$ 1.110,00. Na Figura 4 é mostrada a curva de potência de acordo com

Figura 2 - Postos tarifários para o Grupo B. Fonte: [2].

a velocidade média dos ventos.

O posto intermediário foi criado com o intuito de impedir o deslocamento das cargas para horas de pico potenciais e que, geralmente, são adjacentes às de ponta. É feito na Figura 3 um comparativo dos valores entre a tarifa branca e a tarifa convencional.

Figura 4 – Curva de potência da turbina InstaBreeze 500 W de acordo com a velocidade dos ventos. Fonte: [12].

O Painel Solar é um modelo JT235PCe, da marca Jetion Solar que é feito do material silício policristalino, potência de 235 W, eficiência energética de 13,5%, com uma produção média de Figura 3 - Comparativo entre as tarifas branca e convencional.

No horário fora de ponta, a energia é mais barata comparada ao

Fascículo

horário de ponta e intermediário. Em função do elevado custo da tarifa

energia de 27,51 kWh/mês, vida útil de 25 anos com um custo de R$ 870,00. Na Figura 5 é mostrada a curva de características elétricas do modelo JT235PCe.

no período de ponta e intermediário, este trabalho propõe a utilização de técnicas de GLD neste período com o propósito de tornar a tarifa branca mais viável para o consumidor em relação a tarifa convencional. Geração distribuída A Geração Distribuída (GD) caracte­riza-se como uma geração de menor potência localizada próxima à carga e independe da tecnologia de geração. A GD proporciona uma maior autonomia ao consumidor de energia elétrica, pois o consumidor terá um maior grau de liberdade no gerenciamento da sua conta de energia. Em vez de apenas economizar, ele poderá fornecer energia para rede elétrica e, dependendo da quantidade, poderá vender essa energia no mercado de energia.

Figura 5 – Características elétricas do modelo JT235PCe. Fonte: [13].


Apoio

Metodologia de análise técnica e econômica Os casos estudados se dividiram em dois cenários: um

Foi utilizado o software Homer para a escolha da melhor alternativa que identifica o sistema de menor custo capaz de suprir a demanda de energia elétrica dos consumidores.

considerando a utilização de GD e o outro não. Dentro de cada

Na Figura 7 é mostrado o diagrama do sistema no software Homer,

cenário foram realizadas seis simulações, combinando as duas

que é composto pela rede de energia elétrica da concessionária, carga

tarifas banca e convencional e as técnicas de GLD: redução de pico,

do consumidor, fontes de geração, bateria e conversor.

deslocamento de carga e a combinação das duas. Por meio da Figura 6, pode-se visualizar a estrutura dos cenários simulados.

Figura 7 – Software Homer.

O software Homer permite definir os parâmetros de cada equipamento, assim como seus recursos primários de energia, restrições, entre outros. O software define a melhor solução para atendimento da carga, considerando as diversas configurações de suprimento: só pela rede da concessionária, rede em conjunto com GD, variando as combinações de fontes e capacidade de geração, entre outros. Figura 6 – Estrutura das simulações.

A Tabela II apresenta os valores de tarifas usados nos estudos:

31


Apoio

Geração distribuída

32

Tabela II – Preço das tarifas

Tarifa

AESSul R$/kWh

Convencional

0,4603

Branca Fora Ponta

0,40257

Branca Intermediária

0,47483

Branca Ponta

0,81674

Para o sistema em estudo, foi considerada a curva de carga apresentada na Figura 8 para uma classe de consumidor residencial com faixa de consumo mensal de energia elétrica de 301 kWh/mês a 500 kWh/mês.

Figura 10 – Perfil diário de carga – dias úteis GLD de deslocamento de carga.

Combinado estratégias de GLD de redução de pico e deslocamento de carga O terceiro combina a estratégia de redução de pico com o deslocamento de carga, logo, tem-se a redução de 11% de representação na ponta, que corresponde aos equipamentos de ar-condicionado, som e ferro de passar mais o deslocamento para o horário fora de ponta da representação do chuveiro na ponta, ou seja, 43%. Assim, foi considerada uma redução de 54% do consumo no horário de ponta. Pode-se visualizar na Figura 11.

Figura 8 – Perfil diário de carga.

Estudos de casos Dentro de cada cenário foram realizadas seis simulações através do sistema da Figura 7, sendo quatro com aplicação de estratégias de GLD gerenciamento de carga, os quais são detalhados a seguir. Estratégia de GLD de redução de pico O primeiro considerou a redução do pico de consumo no horário de ponta, onde foi cortado o percentual de 11% de representação na ponta, o qual corresponde aos equipamentos de ar-condicionado, som e ferro de passar, conforme mostra a Figura 9.

Figura 11 – Perfil diário da carga – dias úteis com GLD de deslocamento de carga e redução de pico.

Comparativo das simulações Os resultados do software Homer estão apresentados nas Tabelas III e IV, os quais exibem a viabilidade técnica e econômica para atendimento da carga considerando um horizonte de 25 anos e taxa de juros anual de 4%. Na Tabela III são apresentados os resultados sem considerar a utilização da geração distribuída.

Fascículo

Tabela III – Comparativo custo de energia sem GD

Santa Maria

Figura 9 – Perfil diário de carga – dias úteis com GLD redução de pico.

A linha azul do gráfico representa a curva de carga após a aplicação do GLD. Estratégia de GLD de deslocamento de carga O segundo considerou o deslocamento para o horário fora de ponta da representação do chuveiro na ponta, ou seja, 43%. Pode-se visualizar na Figura 10.

SIMULAÇÕES

Valor Presente Líquido (R$)

Convencional

30.709,00

Convencional e GLD

30.446,00

Redução de Pico Branca

31.160,00

Branca e GLD Redução de Pico

30.527,00

Branca e GLD

28.800,00

Deslocamento de Carga Branca e GLD Deslocamento de Carga + Redução de Pico

28.144,00


Apoio

A Tabela IV também faz um comparativo do valor presente líquido do custo da fatura de energia elétrica entre as modalidades tarifárias, porém, considerando a aplicação da GD. Todas as simulações apontaram como melhor solução a utilização de geração eólica juntamente com a rede da concessionária de energia. Tabela IV – Comparativo do custo de energia com a GD

Santa Maria SIMULAÇÕES

Valor Presente Líquido (R$)

Convencional e GD

31.273,00

Convencional, GD e GLD Redução de Pico

31.011,00

Branca e GD

31.958,00

Branca, GD e GLD

31.326,00

Redução de Pico Branca, GD e GLD

29.599,00

Deslocamento de Carga Branca, GD e GLD Deslocamento de Carga

28.942,00

+ Redução de Pico

Conclusão Grande parte dos desperdícios com o consumo de energia elétrica é em função do desconhecimento do consumidor sobre a legislação que rege o setor elétrico brasileiro e de tecnologias para otimização da fatura de energia elétrica. Nesse sentido, para reduzir o pico da demanda e obter uma economia na fatura de energia, o consumidor residencial, pode utilizar a tarifa branca e a geração distribuída, juntamente com estratégias de gerenciamento de carga. As simulações mostraram que a tarifa branca pode ser mais vantajosa em relação à convencional, quando utilizada em paralelo com técnicas de GLD e a geração distribuída de fonte eólica. Destaca-se também que a combinação das duas estratégias de gerenciamento de carga, redução de pico e deslocamento de carga, produz os melhores resultados para o incentivo da utilização da tarifa branca. Por fim, conclui-se que, com o avanço das tecnologias de medição e controle de energia, ou seja, as redes elétricas inteligentes, será mais fácil a aplicação de técnicas de GLD, como estratégias de gerenciamento de carga por parte do consumidor ou a resposta da demanda por parte da concessionária, aumentando assim a viabilidade do consumidor residencial de utilizar tarifas horárias como a tarifa branca.

Referências [1] GELLINGS, C. W. The Concept of Demand-Side Management for Electric Utilities. n. 10, p. 1468–1470, 1985. [2] ANEEL. Nota Técnica nº 311/2011-SRE-SRD/ANEEL, de 17 de novembro de 2011. ANEEL, 2011. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ ren2011464.pdf>. Acesso em: 23 de ago. 2014.

[3] ANEEL. Resolução Normativa nº482, de 17 de abril de 2012. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf>. Acesso em: 03set. 2012. [4] GARCIA, O. Integração de técnicas de gerência de redes ao gerenciamento de cargas em redes de distribuição elétrica. Revista Eletrônica de Sistemas de Informação, v. 1, n. 1, p. 1-5, 2002. [5] MAURER, L. Tarifas que Incentivam a Resposta da Demanda (DR) = Eficiência Energética (EE) e o Gerenciamento da Carga (DSM). International Seminar on Electricity Tariff Structure, p. 26, 2009. [6] D. P. Bernardon...[et al.], Sistemas de Distribuição no Contexto das Redes Elétricas Inteligentes: uma abordagem para reconfiguração de redes, 1. ed. Santa Maria: AGEPOC, 2015. 163p. [7] CAMPOS, A. “Gerenciamento Pelo Lado da Demanda: Um Estudo de Caso”. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa Interunidades (IEE/POLI/ FEA), São Paulo, 2004. [8] ANEEL . Nota Técnica nº 362/2010. Estrutura Tarifária para o serviço de distribuição de energia elétrica - Sinal econômico para a baixa tensão. ANEEL, 2010b. Disponível em:<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/ arquivo/2010/120/documento/nota_tecnica_n%C2%BA_362_2010_sre-srdaneel.pdf>. Acesso em: 05 de abr. de 2015. [9] ANEEL. Resolução Normativa Nº414, 2010. Disponível em: <http://www. aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf>. Acesso em: 10 de abr. 2015. [10] SANTOS, L. L. C. “Metodologia para análise da tarifa branca e da geração distribuída de pequeno porte nos consumidores residenciais de baixa tensão”. Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), SantaMaria, 2014. [11] CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Redes Elétricas Inteligentes: Contexto Nacional. Brasília, DF: Corporate Financial Center, 2012. [12] ISTA BREEZE, IstaBreeze I500 Windrad 12V generator marine. Disponível em: <https://www.istabreeze.com/online/index.php?route=product/ product&path=59&product_id=60>. Acessoem: 03 de set. 2015. [13] ECODISTRIBUTING, Painel Solar Fotovoltaico Jetion JT235PCE(235WP). Disponível em: < http://www.eco-distributing.com/Jetion-Solar-JT235PCe-235watt-Solar-Module-_p_958.html >. Acessoem: 03de set. 2015. [14] M. V. Cunha, D. P. Bernardon, L. L. C. Santos, I. C. Figueiró, e A. L. Jacondino, "Análise da Viabilidade Técnica e Econômica da Tarifa Branca e Gerenciamento pelo Lado da Demanda para os Consumidores de BT". SEPOC 9º Seminário de Eletrônica de Potência e Controle. *Daniel Pinheiro Bernardon possui graduação, mestrado e doutorado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria. É professor da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Tecnologia, Departamento de Eletromecânica e Sistemas de Potência. Murilo Vargas da Cunha possui mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), graduação em engenharia elétrica pela Universidade Católica de Pelotas - UCPEL, Tecnólogo em Automação Industrial pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense - IFSUL. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Curso Técnico em Automação Industrial. Diego Berlezi Ramos é graduado, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Desde 2014 é docente do Curso de Engenharia Elétrica da UFSM e está lotado no Departamento de Eletromecânica e Sistemas de Potência do Centro de Tecnologia da UFSM. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br

33


Apoio

Fascículo

IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT

34

Capítulo IX Verificação de projeto Por Nunziante Graziano*

Prezado leitor, este fascículo pretende

de

manobra

ou

dos

componentes

pelos ensaios de verificação (por exemplo,

apresentar em detalhes o projeto de revisão

incorporados no conjunto, que tenham

ensaio de curto-circuito). Convém que

da norma brasileira para construção de

sido selecionados conforme os requisitos

estes ensaios não sejam realizados em um

quadros elétricos e barramentos blindados

de seleção de dispositivos de manobra e

conjunto que é destinado a ser colocado em

de baixa tensão. Desde o capitulo inicial,

de componentes e instalados conforme as

serviço.

foram abordados temas como: panorama

instruções do fabricante, não é requerida.

Um conjunto que é verificado conforme

atual da ABNT NBR IEC 60439 e seus

Os ensaios em dispositivos individuais

esta norma por um fabricante original

principais pontos de interesse; definições

de acordo com as respectivas normas de

e fabricado ou montado por outro não

e termos usuais; condições de instalação;

produto não constituem uma alternativa

requer repetição das verificações de projeto

características de isolamento; proteção

para as verificações de projeto desta norma

original se todos os requisitos e instruções

contra choques elétricos; requisitos de

para o conjunto.

especificados e fornecidos pelo fabricante

marcação; resistência dos materiais e das

Se as modificações são realizadas

original são satisfeitos. Em situações em

partes; verificação dos materiais no tocante

no conjunto verificado, as maneiras de

que o montador do conjunto incorpora

à corrosão; condições de verificação,

verificação previstas neste capítulo da

suas próprias disposições não incluídas

construção

proteção

norma devem ser utilizadas para confirmar

na verificação do fabricante original, esse

contra choques elétricos e os métodos de

se as modificações afetam o desempenho

montador do conjunto é considerado,

incorporação de dispositivos de manobra

do conjunto. Novas verificações devem ser

então, o fabricante original em relação a

e de componentes conjuntos; circuitos

realizadas se um efeito adverso é percebido

estas disposições.

elétricos internos, conexões e refrigeração.

como possível de ocorrer.

e

performance;

A verificação de projeto abrange duas

Neste capítulo, abordaremos as formas

Os diversos métodos de avaliação

de avaliação e a qualificação dos conjuntos

dos projetos compreendem ensaios de

de manobra, por meio dos métodos de

verificação, comparação com um projeto de

Os ensaios de construção verificam as

verificação de projeto, uma inovação em

referência aprovado por ensaio, avaliação de

seguintes partes: resistência dos materiais e

relação à versão vigente.

famílias de ensaios: a família de construção e a família de desempenho.

verificação, isto é, a verificação da aplicação

das partes; grau de proteção dos invólucros;

A verificação de projeto é destinada

correta dos cálculos e das regras de projeto,

distâncias de isolamento e de escoamento;

para verificar a conformidade do projeto de

e inclusive o emprego de margens de

proteção

um conjunto ou sistema do conjunto com

segurança apropriadas. Veja a tabela ao

integridade dos circuitos de proteção;

os requisitos desta série de normas.

lado.

integração dos dispositivos de manobra e

Quando

os

ensaios

no

contra

choques

elétricos

e

conjunto

Quando existem vários métodos para

componentes; circuitos elétricos internos e

forem realizados conforme a série ABNT

uma mesma verificação, esses métodos são

conexões; e a verificação da incorporação

NBR IEC 60439, e os resultados de

considerados equivalentes e a escolha do

dos terminais para condutores externos.

ensaio satisfazerem os requisitos da parte

método apropriado é de responsabilidade

pertinente da ABNT NBR IEC 61439, a

do fabricante original.

verificação destes requisitos não precisa ser

Este fascículo não tem a pretensão de representar um guia de execução de

Os ensaios devem ser realizados

ensaios, longe disso! Entretanto, algumas

em uma amostra representativa de um

características desses procedimentos serão

A repetição de verificações de acordo

conjunto em uma condição limpa e nova. O

aqui descritas, como objetivo de cada

com as normas específicas dos dispositivos

desempenho do conjunto pode ser afetado

um dos ensaios e alguns dos principais

repetida.


Apoio

35

Tabela 1 – Lista das verificações de projeto a realizar

No

Característica a ser verificada

Opções de verificação disponíveis

Seções ou subseções

Ensaio

Comparação com um

Avaliação

projeto de referência 1

Resistência dos materiais e das partes:

10.2

Resistência à corrosão

10.2.2

SIM

NÃO

NÃO

Propriedades dos materiais isolantes:

10.2.3

SIM

NÃO

NÃO

Estabilidade térmica

10.2.3.1

SIM

NÃO

SIM

Resistência dos materiais isolantes

10.2.3.2

ao calor anormal e ao fogo devido aos efeitos elétricos internos

10.2.4

SIM

NÃO

SIM

Resistência à radiação ultravioleta (UV)

10.2.5

SIM

NÃO

NÃO

Içamento

10.2.6

SIM

NÃO

NÃO

Impacto mecânico

10.2.7

SIM

NÃO

NÃO

Grau de proteção dos invólucros

10.3

SIM

NÃO

SIM

3

Distâncias de isolamento

10.4

SIM

SIM

NÃO

4

Distâncias de escoamento

10.4

SIM

NÃO

NÃO

5

Proteção contra os choques elétricos e

10.5 10.5.2

SIM

NÃO

NÃO

10.5.3

SIM

SIM

NÃO

Marcação 2

integridade dos circuitos de proteção: Continuidade efetiva entre as partes condutivas expostas do conjunto e o circuito de proteção Suportabilidade aos curtos-circuitos do circuito de proteção 6

Integração dos dispositivos de manobra e

10.6

NÃO

NÃO

SIM

dos componentes

10.7

NÃO

NÃO

SIM

7

Circuitos elétricos internos e conexões

10.8

NÃO

NÃO

SIM

8

Bornes para condutores externos

9

Propriedades dielétricas:

10.9

Tensão suportável à frequência industrial

10.9.2

SIM

NÃO

NÃO

Tensão suportabilidade aos impulsos

10.9.3

SIM

NÃO

SIM

10

Limites de elevação de temperatura

10.10

SIM

SIM

SIM

11

Suportabilidade aos curtos-circuitos

10.11

SIM

SIM

NÃO

12

Compatibilidade eletromagnética (EMC)

10.12

SIM

NÃO

SIM

13

Funcionamento mecânico

10.13

SIM

NÃO

NÃO

resultados a serem obtidos para atestar que

nenhum ensaio adicional do invólucro

ou em partes do invólucro, e as partes

o conjunto está em conformidade com a

conforme 10.2 é requerido.

internas representativas separadas. Em

referência normativa. Vejamos:

todos os casos, as dobradiças, as fechaduras Resistência à corrosão

e os meios de fixação também devem ser

- Resistência dos materiais e das partes: as

A resistência à corrosão de amostras

ensaiados, a menos que eles tenham sido

capacidades mecânicas, elétricas e térmicas

representativas dos invólucros metálicos

submetidos previamente a um ensaio

dos materiais de construção e das partes

ferrosos, incluindo as partes internas e

equivalente e a resistência à corrosão deles

do conjunto devem ser comprovadas pela

externas metálicas ferrosas do conjunto,

não tenha comprometido sua aplicação.

verificação das características de construção

deve ser verificada. O ensaio deve ser

A título de curiosidade, um ensaio de

e de desempenho. Quando um invólucro

realizado em um invólucro ou uma amostra

névoa salina fornece uma atmosfera que

vazio conforme a ABNT NBR IEC 62208

representativa

equipada

acelera a corrosão e não implica que o

é utilizado, sem ter sido modificado de

com partes internas representativas com a

conjunto é satisfatório para uma atmosfera

maneira a degradar sua performance,

porta fechada como em utilização normal,

carregada de sal. Esse ensaio utiliza como

do

invólucro


Apoio

IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT

36

referência duas categorias de severidade:

circulação natural. Se as dimensões do

acordo com a ISO 178) e impacto Charpy

Ensaio de severidade “A”, aplicável a

invólucro são muito grandes para a estufa

(de acordo com a ISO 179) de materiais

invólucros

instalação

disponível, o ensaio pode ser realizado em

isolantes que tenham retenção mínima de

abrigada, partes metálicas externas dos

uma amostra representativa do invólucro.

70%.

conjuntos para instalação abrigada e

O uso de uma estufa eletricamente

partes metálicas internas dos conjuntos

aquecida é recomendado.

metálicos

para

revestidos por material sintético devem

para instalação abrigada e ao tempo nas

O invólucro ou a amostra não deve

apresentar uma aderência do material

quais o funcionamento mecânico normal

apresentar nenhuma trinca visível com uma

sintético com uma retenção mínima de

do conjunto pode ser afetado; Ensaio

visão normal ou corrigida sem ampliação

categoria 3 de acordo com a ISO 2409. As

de severidade “B”, aplicável a invólucros

adicional e o material não deve ficar

amostras não devem apresentar trincas

metálicos para instalação ao tempo e partes

pegajoso ou gorduroso:

ou deteriorações visíveis com uma visão

metálicas externas dos conjuntos para instalação ao tempo.

Com o dedo indicador envolvido em

normal

ou

corrigida

sem

ampliação

um pedaço de pano seco e áspero, a amostra

adicional. Este ensaio não necessita ser

Depois do ensaio, o invólucro ou

é pressionada com uma força de 5 N.

realizado se o fabricante original puder

as amostras devem ser lavadas em água

Nenhum vestígio do pano deve permanecer

fornecer as informações do fornecedor do

corrente por cinco minutos, enxaguadas em

na amostra e o material do invólucro ou da

material para demonstrar que material do

água destilada ou desmineralizada e, então,

amostra não deve aderir ao pano.

mesmo tipo da mesma espessura ou mais fino está conforme este requisito.

chacoalhadas ou submetidas a uma corrente

Deve-se verificar também a resistência

de ar para remover gotas de água. A amostra

de materiais isolantes ao calor anormal e ao

sob ensaio deve então ser armazenada sob

fogo devido aos efeitos elétricos internos.

- Olhais ou dispositivos de içamento

condições normais de serviço por duas

Os princípios de ensaio de fio incandescente

são verificados pelos ensaios. O número

horas. A conformidade é verificada por

da ABNT NBR IEC 60695-2-10 e os

máximo

inspeção visual para determinar que não

detalhes dados na ABNT NBR IEC 60695-

fabricante original a serem içadas juntas

haja qualquer evidência de óxido de ferro,

2-11 devem ser utilizados para verificar a

deve estar equipado com os componentes

de fissura ou de outra deterioração superior

adequação de materiais utilizados sobre

e/ou pesos para alcançar uma massa de

à permitida pela ISO 4628-3 para um grau

as partes dos conjuntos ou sobre as partes

1,25 vez o seu peso máximo de transporte.

de corrosão Ri1. Porém, a deterioração de

retiradas das partes dos conjuntos.

Com as portas fechadas, elas devem ser

de

colunas

permitido

pelo

superfície do revestimento de proteção é

A temperatura da ponta do fio

içadas utilizando os meios de içamento

permitida. Em caso de dúvida referente

incandescente deve ser de 960°C para

especificados e da maneira definida pelo

às pinturas e ao verniz, deve ser feita

as partes necessárias a fim de manter na

fabricante original. O conjunto deve ser

referência à ISO 4628-3 para verificar que

posição as partes condutoras de corrente,

içado suavemente partindo de uma posição

as amostras estejam conforme o corpo

850°C para invólucros destinados para

imóvel sem sacudir, em um plano vertical

de prova Ri1, que a integridade mecânica

montagem em paredes ocas e 650°C para

a uma altura de ≥ 1 m, depois é baixado

não esteja prejudicada; que as vedações

todas as outras partes, inclusive partes

da mesma maneira a uma posição imóvel.

não estejam danificadas; e que as portas,

necessárias para suportar o condutor de

Este ensaio é repetido mais duas vezes, após

as dobradiças, as fechaduras e os meios de

proteção.

os quais o conjunto é içado e permanece

fixações funcionem sem esforço anormal.

Fascículo

Invólucros metálicos completamente

Propriedades de materiais isolantes

Invólucros e outras partes externas

suspenso por 30 minutos sem nenhum

dos conjuntos destinados à instalação ao

movimento. Após este ensaio, o conjunto

tempo e que são construídos em materiais

deve ser içado suavemente, sem sacudir, de

isolante ou metálicos que são revestidos

uma posição imóvel a uma altura de ≥ 1 m e

térmica dos invólucros fabricados em

completamente

sintético

deslocado de (10 ± 0,5) m horizontalmente

material isolante pelo ensaio de calor seco.

devem ser submetidos à verificação da

sendo, então, baixado para uma posição

As partes destinadas para fins decorativos

resistência à radiação ultravioleta (UV).

imóvel. Esta sequência deve ser realizada

que não têm nenhum significado técnico

Amostras representativas de tais partes

três vezes a uma velocidade uniforme,

não devem ser consideradas para os

devem ser submetidas ao ensaio UV de

sendo cada sequência realizada em até um

propósitos deste ensaio. O invólucro,

acordo com a ISO 4892-2 Método A, Ciclo

minuto. Após o ensaio, com as massas de

montado como para uso normal, é

1, com um período de ensaio total de

ensaio estando no local, o conjunto não

submetido a um ensaio em uma estufa

500 horas. Para invólucros em materiais

pode apresentar fissuras ou deformações

com uma atmosfera que tem a composição

isolantes, a conformidade é assegurada pela

permanentes, visíveis com uma visão

e pressão do ar ambiente e ventilado por

verificação da resistência à flexibilidade (de

normal

Deve-se

verificar

a

estabilidade

por

material

ou

corrigida

sem

ampliação


Apoio

adicional, que possam prejudicar suas

de ebulição final de 69 ºC e uma densidade

características.

de aproximadamente 0,68 g/cm3. Após o

elétrico no interior do invólucro.

ensaio, a marcação deve ser legível com uma

- Distâncias de isolamento e escoamento

- Ensaios de impacto mecânico, quando

normal visão ou corrigida sem ampliação

devem ser medidas conforme procedimento

requeridos pela norma específica do

adicional.

apresentado no quinto capítulo deste

conjunto, devem ser realizados conforme

fascículo.

a IEC 62262. Como exemplo, para o

- Grau de proteção dos conjuntos deve

requisito de impacto mecânico IK-10, deve

ser verificado conforme a ABNT NBR

- Proteção contra choque elétrico e

ser realizado conforme item 6 da norma

IEC 60529, que deve ser realizado em

integridade dos circuitos de proteção é

de referência com uma esfera de aço em

um

representativo

avaliada pela verificação da eficácia do

queda livre com impacto de intensidade de

nas condições indicadas pelo fabricante

circuito de proteção, visando a proteção

20J. Após a realização do ensaio, o corpo

original. No caso em que um invólucro

contra as consequências de uma falta no

de prova é inspecionado segundo o item

vazio conforme a ABNT NBR IEC 62208 é

interior do conjunto (faltas internas) e a

6.5 da norma de referência e não deve

utilizado, uma avaliação da verificação deve

proteção contra as consequências de faltas

haver danos admissíveis ou avarias que

ser realizada para assegurar que nenhuma

em circuitos externos de alimentação pelo

comprometam a continuidade da segurança

modificação externa possa resultar em uma

conjunto (faltas externas). A proteção

e da confiabilidade do corpo de prova após

alteração do grau de proteção. Neste caso,

pode também ser feita pela verificação da

o ensaio.

nenhum ensaio suplementar é requerido.

continuidade efetiva do circuito de terra

Os ensaios do IP devem ser realizados com

entre as partes condutivas expostas do

- Marcações por moldagem, impressão,

todos os fechamentos e todas as portas no

conjunto e o circuito de proteção, sendo que

gravação ou processo semelhante, inclusive

local e fechadas, como em uso normal,

as diferentes partes condutivas expostas do

as etiquetas munidas de revestimento

sem tensão, salvo indicação contraria do

conjunto estão conectadas eficazmente ao

plástico, não devem ser submetidas ao

fabricante original.

borne do condutor de proteção externo de

conjunto

equipado

ensaio seguinte: deve-se friccionar a

Algumas referências interessantes: É

entrada e que a resistência do circuito não

marcação à mão durante 15 segundos com

permitida a entrada de água nos ensaios

exceda 0,1 Ω. Deve ser feita a verificação

um pedaço de pano embebido em água e

de IP X1 a IP X6 em um conjunto, somente

empregando um instrumento de medição

durante outros 15s com um pedaço de pano

se o ponto de entrada de água for evidente

de resistência que seja capaz de conduzir

embebido em um derivado de petróleo

e a água estiver apenas em contato com o

uma corrente de pelo menos 10 A (c.a.

definido como um hexano solvente com

invólucro em um local que não prejudicará a

ou c.c.). A corrente é passada entre cada

um teor aromático máximo de 0,1 % em

segurança. O ensaio de IP 5X é considerado

parte condutiva exposta e o borne para o

volume, um índice de kauributanol 29,

não satisfatório se uma quantidade de pó

condutor de proteção externo. A resistência

ponto de ebulição inicial de 65 ºC, ponto

prejudicial for visível no equipamento

não deve exceder 0,1 Ω.

37


Apoio

Fascículo

IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT

38

- Suportabilidade aos curtos-circuitos do

- A conformidade com os requisitos de

e as partes condutoras expostas, com os

circuito de proteção. A corrente nominal

projeto para os bornes para condutores

contatos principais de todos os dispositivos

suportável de curto-circuito deve ser

externos

de manobra na posição fechada ou

verificada. A verificação pode ser feita por

fabricante original por inspeção.

deve

ser

confirmada

pelo

interligados em ponte por uma ligação de

comparação com um projeto de referência

baixa resistência; Entre cada parte viva de

ou por ensaio. O fabricante original deve

A verificação do desempenho de

diferente potencial do circuito principal e,

determinar os projetos de referência que

um conjunto consiste na aplicação da

os outros partes vivas de diferente potencial

serão utilizados.

seguinte família de ensaios: propriedades

e as partes condutoras expostas conectadas

dielétricas, verificação da elevação de

juntas, com os contatos principais de todos

Pode ser realizada verificação por

temperatura, suportabilidade aos curtos-

os dispositivos de manobra na posição

comparação com um projeto de referência

circuitos, compatibilidade eletromagnética

fechada ou interligados em ponte por uma

utilizando

e funcionamento mecânico.

ligação de baixa resistência; Entre cada

uma

lista

de

verificação.

Esta verificação é alcançada quando a

Nos projetos de referência, o número

circuito de comando e auxiliar, que não

comparação do conjunto a ser verificado

de conjunto ou de partes utilizadas para

são normalmente conectados ao circuito

com um projeto já ensaiado, utilizando os

verificação, a escolha do método de

principal, e o circuito principal, os outros

itens da tabela apresentada neste capítulo,

verificação quando aplicável e a ordem nas

circuitos e as partes condutivas expostas.

não apresentar nenhuma divergência.

quais as verificações que são realizadas,

Utilizando cálculos, é possível verificar

devem

ser

definidas

pelo

fabricante

Critérios de aceitação: o relé de sobrecorrente não deve atuar e não deve

por comparação a um projeto de referência.

original. Os dados utilizados, os cálculos

ocorrer

Para assegurar que a mesma capacidade

efetuados e as comparações realizadas

durante os ensaios.

de corrente para uma determinada parte

para a verificação dos conjuntos devem ser

da corrente de falta que circula nas partes

registrados nos relatórios de verificação.

condutoras expostas, o projeto, o número e o arranjo das partes que proporcionam contato entre o condutor de proteção e as

nenhuma

descarga

disruptiva

Ensaio de tensão de impulso suportável A tensão de impulso 1,2/50 µs deve ser

Ensaios de propriedades dielétricas

aplicada ao conjunto cinco vezes em cada

Para este ensaio, todos os equipamentos

partes condutoras expostas devem ser os

elétricos

mesmos do projeto de referência ensaiado.

conectados, exceto aquelas partes dos

• Entre todas as partes vivas de diferentes

A avaliação por cálculo da corrente

dispositivos que, de acordo com as

potenciais do circuito principal conectadas

nominal de curta duração admissível de

especificações pertinentes, são projetadas

juntas (inclusive os circuitos de comando e

um conjunto e seus circuitos é realizada

para uma tensão de ensaio inferior.

auxiliares conectados ao circuito principal)

por uma comparação do conjunto a ser

Dispositivos

corrente

e as partes condutoras expostas, com os

avaliado com um conjunto já verificado

(por

instrumentos

contatos principais de todos os dispositivos

por ensaio. A avaliação da verificação dos

de medição, dispositivos de proteção de

de manobra na posição fechada ou

circuitos principais de um conjunto deve

surtos-DPS), em que a aplicação da tensão

interligados em ponte por uma ligação de

ser conforme o Anexo P da referida norma,

de ensaio causaria um fluxo de corrente,

baixa resistência;

que consiste num memorial detalhado de

devem ser desconectados. Tais dispositivos

• Entre cada parte viva de diferente

cálculo. Os dados utilizados, os cálculos

devem ser desconectados de um dos seus

potencial do circuito principal e outras

efetuados e as comparações empreendidas

terminais, a menos que eles não sejam

partes vivas de diferentes potenciais e as

devem ser registrados. Se ao menos um dos

projetados para resistir a plena tensão de

partes condutoras expostas conectadas

requisitos enumerados no anexo P não for

ensaio, caso em que todos os terminais

juntas, com os contatos principais de todos

atendido, então, o conjunto e seus circuitos

podem ser desconectados.

os dispositivos de manobra na posição

devem ser verificados por ensaio.

do

conjunto

que

exemplo,

devem

consomem bobinas,

estar

polaridade a intervalos mínimos de 1 s

Os circuitos principais, bem como os

como segue:

fechados ou interligados em ponte por uma

circuitos auxiliares e de comando, que são

ligação de baixa resistência;

- Compatibilidade eletromagnética deve

conectados ao circuito principal devem ser

• Entre cada circuito de comando e auxiliar,

ser confirmada por inspeção ou, onde

submetidos à tensão de ensaio de tensão

que não são normalmente conectados ao

necessário, por ensaio.

suportável de frequência industrial. Devem

circuito principal, e o circuito principal,

- A conformidade com os requisitos de

ser verificadas entre todas as partes vivas

os outros circuitos e as partes condutivas

projeto para circuitos elétricos internos

do circuito principal conectadas juntas

expostas.

e conexões deve ser confirmada pelo

(inclusive os circuitos de comando e

fabricante original por inspeção.

auxiliares conectados ao circuito principal)

Para que o resultado seja aceitável, não


Apoio

39


Apoio

IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT

40

pode haver descarga disruptiva durante os

ou

ensaios.

carregadas com uma ou mais combinações

transformadores cuja potência nominal

de

escolhidas

não exceda 10 kVA para uma tensão

- Verificação da elevação de temperatura

para obter com precisão razoável a mais

secundária nominal superior ou igual

- Deve ser verificado que os limites de

alta elevação de temperatura possível. A

a 110 V, ou 1,6 kVA para uma tensão

elevação de temperatura especificados em

seleção das montagens representativas a

secundária nominal inferior a 110 V, e

9.2 para as diferentes partes do conjunto

serem ensaiadas é de responsabilidade do

com uma impedância de curto-circuito

ou do sistema do conjunto não são

fabricante original. O fabricante original

superior ou igual a 4 %. Todos os outros

excedidos. A verificação deve ser feita por

deve levar em consideração, na sua seleção

circuitos devem ser verificados.

um ou mais dos métodos seguintes: Por

para ensaio, as configurações a serem

ensaio, por derivação das características

derivadas das montagens ensaiadas.

mais cargas

montagens

representativas,

representativas,

a

serem

conectados

a

Verificação pela comparação com um projeto de referência

para as variantes similares (a partir de um

A corrente de curto-circuito nominal

projeto ensaiado), ou por cálculo para

declarada deve ser verificada, exceto

Utilização de uma lista de verificação.

os conjuntos com um só compartimento

quando for dispensada. A verificação

A verificação é realizada por comparação

não excedendo 630 A, ou de acordo com

pode ser realizada por comparação com

do conjunto a ser verificado com um

requisitos específicos para os conjuntos não

um projeto de referência ou por ensaio.

projeto já ensaiado, utilizando a lista de

excedendo 1600 A. A corrente admissível

Para objetivo da verificação, os requisitos

verificação indicada na Tabela 2.

depende da corrente nominal e do fator de

seguintes são aplicáveis:

Se um requisito da lista de verificação

diversidade nominal.

não for atendido, deve ser marcado “NÃO”.

A verificação por ensaio inclui as seguintes etapas:

• Se um sistema de conjunto a ser verificado

Um dos métodos de verificação seguintes

compreende

deve ser utilizado.

numerosas

variantes,

os

arranjos mais desfavoráveis do conjunto

Utilização de cálculos: a avaliação

devem ser selecionados;

por cálculo da corrente nominal de curta

• Se o sistema do conjunto a ser verificado

• As variantes de conjunto selecionadas

duração admissível de um conjunto

inclui

para ensaio devem ser verificadas;

e seus circuitos é realizada por uma

desfavoráveis do sistema do conjunto

• Quando os conjuntos submetidos a

comparação do conjunto a ser avaliado

devem ser selecionadas;

ensaio são as variantes mais desfavoráveis

com um conjunto já verificado por ensaio.

• As variantes selecionadas do conjunto

de uma faixa mais larga de produtos de um

Além disso, cada um dos circuitos do

devem ser verificadas por um dos métodos

sistema de conjunto, então, os resultados

conjunto a ser avaliado deve satisfazer os

previstos no Anexo O da norma;

dos ensaios podem ser utilizados para

requisitos dos itens 6, 8, 9 e 10 da Tabela.

• Considerar coletivamente as unidades

estabelecer as características nominais

Os dados utilizados, os cálculos efetuados

funcionais individuais, os barramentos

desta variante sem a necessidade de outros

e as comparações empreendidas devem ser

principal e de distribuição e o conjunto;

ensaios.

registrados. Se ao menos um dos requisitos

variantes,

as

montagens

mais

• Considerar separadamente as unidades funcionais

individuais

completo,

incluindo

e os

o

enumerados no anexo P não for atendido,

conjunto

Uma verificação da corrente suportável

barramentos

de curto-circuito não é requerida para os

principal e de distribuição;

então, o conjunto e seus circuitos devem ser verificados por ensaio.

casos seguintes: Funcionamento mecânico

• Considerar separadamente as unidades

Fascículo

destinados

funcionais individuais, os barramentos

• Conjuntos nos quais a corrente nominal

Este ensaio de verificação não deve

principal e de distribuição, bem como o

de curta duração admissível ou a corrente

ser realizado em dispositivos (exemplo:

conjunto completo;

nominal de curto-circuito condicional não

disjuntor extraível) do conjunto que já

• Considerar quando as variantes dos

excede 10 kA eficaz;

foram submetidos aos ensaios de tipo

conjuntos ensaiados forem as variantes mais

• Conjuntos ou circuitos dos conjuntos

de acordo com a sua norma de produto

desfavoráveis de um sistema de conjuntos,

protegidos por dispositivos limitadores

pertinente, desde que o seu funcionamento

então, os resultados do ensaio podem ser

de corrente que têm uma corrente

mecânico não tenha sido modificado por

utilizados para estabelecer as características

interrompida limitada não excedendo 17

sua montagem. Para as partes que precisam

nominais de variantes similares sem realizar

kA com a corrente presumida de curto-

de verificação por ensaio, o funcionamento

outros ensaios.

circuito máxima admissível nos bornes do

mecânico satisfatório deve ser verificado

circuito de entrada do conjunto;

após a instalação no conjunto. O número de

• Os circuitos auxiliares dos conjuntos

ciclos de manobra deve ser 200. Ao mesmo

O ensaio deve ser realizado em uma


Apoio

os conjuntos. O montador do conjunto

Tabela 2 – Lista de verificação

No

Requisitos a serem considerados

1

As características nominais de curto-circuito suportável de

SIM NÃO

cada circuito do conjunto a serem avaliadas são inferiores ou iguais àquelas do projeto de referência? 2

As dimensões da seção dos barramentos e conexões de cada circuito do conjunto a serem avaliadas são superiores ou iguais àquelas do projeto de referência?

3

O espaçamento entre as linhas de centro dos barramentos e conexões de cada circuito do conjunto a ser avaliado é superior ou igual àquele do projeto de referência?

4

Os suportes do barramento de cada circuito do conjunto a serem avaliados são do mesmo tipo, forma e material e tem o mesmo espaçamento entre linhas de centro ou menor ao longo do comprimento do barramento, como do projeto de referência? A estrutrua de montagem para o suporte de barramento é do mesmo projeto e de mesma resistência mecânica?

5

Os materiais e as propriedades dos materiais dos condutores de cada circuito do conjunto a serem avaliados são os mesmos daqueles do projeto de referência?

6

Os dispositivos de proteção contra curto-circuito de cada circuito do conjunto a serem avaliados são equivalentes, da mesma fabricação e série com as mesmas características de limitação iguais a

ou melhores (I2t, Ipk) baseado em dados do fabricante do dispositivo, e com a mesma disposição do projeto de referência? 7

O comprimento dos condutores energizados não protegidos, conforme 8.6.4, de cada circuito não protegido do conjunto a ser avaliado é menor ou igual àquele do projeto de referência?

8

Se o conjunto a ser avaliado inclui um invólucro, no projeto de referência incluía um invólucro quando foi verificado por ensaio?

9

O invólucro do conjunto a ser avaliado é do mesmo projeto, tipo e tem pelo menos as mesmas dimensões daquele do projeto de referência?

10

Os compartimentos de cada circuito do conjunto a serem avaliados são do mesmo projeto mecânico e pelo menos as mesmas dimensões daquele do projeto de referência?

“SIM” para todos os requisitos – não requer verificações suplementares. “NÃO” para um requisito qualquer – é requerida verificação suplementar. a Os dispositivos de proteção de um mesmo fabricante mas de uma série diferente podem ser considerados equivalentes quando o fabricante do dispositivo declara que as características de desempenho são as mesmas ou melhores em todos os aspectos pertinentes à série utilizada para a verificação, por exemplo, capacidade de interrupção e características de limitação (I2t, Ipk), e distâncias críticas.

tempo, o funcionamento dos mecanismos de

intertravamento

associados

mesmo que antes do ensaio.

com

Satisfeitos os métodos de verificação de

estes movimentos deve ser verificado. O

projeto, após a construção de cada conjunto,

ensaio é considerado como satisfatório

a verificação de rotina deve ser realizada

se as condições de funcionamento do

em 100% dos conjuntos fabricados. A

dispositivo, do intertravamento, do grau

verificação de rotina é destinada para

de proteção especificado, etc., não tiverem

detectar falhas em materiais e na fabricação

sido prejudicadas e se o esforço requerido

para assegurar funcionamento correto do

para o funcionamento for praticamente o

conjunto fabricado. É realizada em todos

deve determinar se a verificação de rotina é realizada durante e/ou depois da fabricação. Quando aplicável, a verificação de rotina deve assegurar que a verificação de projeto está disponível. A verificação de rotina não é necessária para os dispositivos e para os componentes independentes incorporados ao conjunto, quando eles forem selecionados e instalados conforme as instruções do fabricante do dispositivo. A verificação deve compreender as seguintes categorias: Construção: grau de proteção definidas para

os

invólucros;

distâncias

de

escoamento e de isolamento; proteção contra choques elétricos e integridade dos circuitos de proteção; integração de componentes

incorporados;

circuitos

elétricos internos e conexões; terminais para condutores externos; funcionamento mecânico. Desempenho: propriedades dielétricas; cabeamento; desempenho de funciona­ mento e função. No próximo capítulo deste fascículo, analisaremos

a

IEC

61439-0,

que

representa um guia para especificação dos conjuntos, importante ferramenta que julgo ser a melhor inovação em relação à versão atual. Até lá! *Nunziante Graziano é engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP), Doutor em Business Administration pela Florida Christian University, membro da ABNT/CB-003/CE 003 121 002 – Conjuntos de Manobra e Comando de Baixa Tensão e diretor da Gimi Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros elétricos. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br

41


Apoio

Led – Evolução e inovação

42

Capítulo IX Gerenciamento elétrico – Drivers Por Vicente Scopacasa*

aspectos

de potência, que é a relação entre a

400 mA. Este ajuste pode ser feito por

relativos ao driver, tais como rendimento,

Este

capítulo

potência ativa e a potência reativa e

meio da utilização de resistores ligados

fator de potência, distorção harmônica,

pode ser considerado como a diferença

na saída do driver ou com a utilização

dimerização e os efeitos de ripple e flicker.

entre o consumo aparente (na unidade

de ligações do tipo jumper, dando

Primeiramente,

abordará

de Volt Ampere – VA) e o consumo real

maior flexibilidade ao projeto. Temos

etiqueta de um driver genérico e descrever

vamos

analisar

a

da carga, neste caso, medido em watts.

também drivers com corrente de saída

as informações contidas na etiqueta como

O fator de potência é um indicativo da

fixa.

base para a escolha do melhor driver

eficiência na qual a energia é utilizada.

• Tc – (75 °C) representa a temperatura

para cada tipo de aplicação. Para tal,

• Pout – (75 W) representa a potência

máxima de operação do driver para

vamos analisar as especificações do driver

de saída.

que tenhamos a garantia da vida útil

apresentado na Figura 1.

• Uout – (100...220 Vdc) indica a

especificada. O fabricante do driver

faixa de tensão de saída do driver,

indica o ponto de medição do Tc,

descritos na etiqueta de identificação do

significando que o arranjo de Leds a

normalmente, é o ponto mais quente

driver, temos:

ser alimentado deverá ter um valor

do conjunto, onde devemos soldar o

Fascículo

Analisando cada um dos parâmetros

equivalente de tensão dentro desta

termopar para realizar a medida da

• Pn – (80 W) descreve a potência

faixa. Qualquer valor fora deste

temperatura com o driver em operação.

nominal.

intervalo, tanto inferior quanto

A máxima temperatura deverá ser

• Un – (220...240 V) representa a faixa

superior, poderá comprometer o

observada no projeto, pois alguns

de tensão de alimentação.

desempenho do componente.

graus de temperatura acima deste

• In – (0.37A) especifica a corrente de

• Iout – (0,12...0,4 A) define a faixa de

valor podem representar uma drástica

alimentação.

variação da corrente de saída. Neste

redução na vida útil do componente.

• Fn – (50/60 Hz; DC) determina a

caso, é importante ressaltar que o

• Ta – (-20...+50 °C) indica o intervalo

frequência de operação da rede elétrica.

presente driver tem corrente de saída

de temperatura ambiente no qual o

• Pf – (0.9C) indica o valor do fator

ajustável no intervalo entre 120 mA e

driver deverá operar.

Figura 1 – Etiqueta de identificação de um driver de corrente para Leds.


Apoio

43

Dependendo do modelo ou fabricante, podemos ter informações complementares sempre

indicadas

componente.

na

Além

etiqueta disso,

do

alguns

fabricantes costumam também apresentar todos os selos de certificação para os quais o driver tem aprovação. A seguir, apresentamos

algumas

características

importantes sobre os drivers: Vida útil versus a temperatura de

Figura 2 – Exemplo da curva da vida útil de um driver em função da temperatura de operação.

operação: falhas prematuras nos drivers são normalmente causadas devido a altas

útil, pois esta depende diretamente da

Grau de Proteção (IP – Ingress Protection):

temperaturas

temperatura de operação.

Os drivers também são classificados

internas.

Componentes,

como os capacitores eletrolíticos, são à

Na Figura 2 temos um exemplo do

quanto ao seu grau de proteção. Temos

base de soluções químicas e, normalmente,

comportamento da vida útil do driver

dois tipos diferentes de proteção, sendo

tendem a evaporar causando sua falha e

em função da temperatura de operação

que o primeiro dígito se refere à proteção

consequente falha do driver. Em função

considerando ligado durante 24 horas por dia.

contra partículas sólidas e o segundo

disso, o ideal é que o driver opere na

Como podemos notar analisando a

menor temperatura possível. Isto pode

Figura 2, quanto menor a temperatura

ser realizado através da escolha do driver

de operação, maior será a vida útil do

exemplo da codificação IP, sendo que a

certo para a aplicação. Quanto maior

componente,

que

tabela completa com a descrição dos dois

for o valor do Tc especificado, aumenta

possível devemos escolher um driver com

numerais pode ser facilmente encontrada

a probabilidade de termos maior vida

o maior valor possível de Tc.

em publicações disponíveis na internet.

portanto,

sempre

dígito é relativo à proteção contra água. Na

Figura

3,

apresentamos

um


Apoio

Fascículo

Led – Evolução e inovação

44

pode ser feita de várias formas dentre as quais

compatibilidade;

destacamos “Triac”, fase reversa (trailing edge), 1-10 volts e DALI, dentre outras. Cada

• DALI – Sigla (Digital Addressable

um destes tipos de dimerização apresenta

Lighting Interface) foi originalmente

desempenhos e complexidades específicos.

desenvolvido na Europa para controle

A seguir, apresentamos um breve descritivo

de reatores de lâmpadas fluorescentes.

de cada um deles:

Os controles DALI são hoje utilizados

• Triac – O acionamento do Triac

em todo o mundo inclusive para drivers

pode ser comparado como o de

de Leds. Permitem o controle digital

uma chave. Dependendo do nível de

individual das luminárias aumentando

tensão, o Triac começa a conduzir

a produtividade do usuário.

consideração quando da definição do driver,

corrente elétrica e continua até que o

Diferentemente dos sistemas 0-10 V,

pois tem papel fundamental na sua aplicação

nível de tensão diminua para valores

os fabricantes de controladores DALI

e no tipo de luminária que irá compor. O

abaixo do valor de corte. O circuito

oferecem características específicas e

grau de proteção terá que ser mais rigoroso,

é relativamente simples e de baixo

proprietárias para que o sistema seja

por exemplo, se a luminária irá operar em

custo. Um dos inconvenientes deste

plenamente compatível de forma a

ambiente externo ou em locais com grande

tipo de dimerização é a geração de

explorar ao máximo a característica de

quantidade de resíduos sólidos.

interferências eletromagnéticas (EMI);

maior robustez deste padrão.

Classe UL: Classificação feita pela UL

comumente utilizado em fontes de

(Underwriters Laboratories) quanto ao

luz de baixa tensão, sendo muito

dimerização é muito utilizado e é um

aspecto de segurança:

eficiente para cargas capacitivas. Quase

grande aliado na diminuição do consumo

• Classe 2 – Estes drivers atendem

sempre necessitam do fio terra para

de energia. Quando aplicado com sensores

à norma UL1310, em que a saída

sua instalação e este pode representar

adequados, a dimerização permite o

é considerada segura ao toque e

uma barreira, pois nem sempre o fio

controle total da intensidade da luz nos

nenhuma proteção adicional de

terra é disponibilizado principalmente

ambientes, disponibilizando a quantidade

segurança é requerida, quer seja no

em predios mais antigos. Dentre as

necessária de luz com sensível redução no

nível do Led ou da luminária. Não

desvantagens, citamos o seu alto custo

consumo de energia. Em contrapartida, a

há risco de fogo ou choque elétrico.

comparado com outros controles;

dimerização pode gerar efeitos indesejáveis

Estes drivers operam com menos de

• 0-10V – Tem sido utilizado em

com o flicker, principalmente, ao utilizar

60 volts em aplicações secas, 30 volts

aplicações de iluminação por muitos

sistemas não compatíveis.

em aplicações úmidas, menos do que

anos com a facilidade de compatibilizar

5 ampères e menos do que 100 watts.

vários tipos de drivers e controles

Flicker: Com o crescente avanço dos

No entanto, estas limitações impõem

de diferentes fabricantes tornando

produtos com Leds, nova discussões estão

restrições sobre o número de Leds que

este sistema muito atrativo. Isto

sendo reabertas sobre o desempenho

o driver classe 2 pode operar;

é particularmente importante no

destas fontes de luz quanto à geração de

• Classe 1 – O driver classe 1 tem

crescente mercado de sistemas com

flicker definido como variação temporal

limites de tensão fora do padrão do

Leds, já que a maioria dos fabricantes

(potencialmente visível) da luz emitida.

driver classe 2. Eles operam com

de drivers não fabrica controles de

Podemos caracterizá-lo também como

valores maiores de tensão e, portanto,

dimerização e conta com a tecnologia

cintilação da luz e o principal objetivo é o

requerem proteções na luminária. Estes

0-10 V para integrar seus produtos aos

de quantificar este fenômeno e avaliar seus

drivers operam com um número maior

sistemas de controle disponíveis.

impactos nas pessoas.

Figura 3 – Exemplo da codificação do grau de proteção.

O grau de proteção deve ser levado em

• Fase reversa (trailing edge) – É

A comunidade da iluminação sempre

de Leds, tornando-os mais eficientes do que os drivers classe 2.

De forma geral, o processo de

Apesar de notarmos que esta tecnologia

demonstrou

preocupação

a

respeito

é tida como uma topologia de controle

dos impactos causados pelo flicker nos

Dimerização: Independentemente do fato do

universal, é comum verificarmos algumas

humanos, impactos estes que podem

driver ser de corrente ou tensão constantes,

incompatibilidades, principalmente, pela

variar deste a distração ou aborrecimento

os drivers podem apresentar capacidade de

falta de normas mais específicas quanto

até a causa de problemas neurológicos.

dimerização que consiste em controlar o

às características elétricas dos controles

Os efeitos do flicker são dependentes

nível de intensidade da luz. Esta dimerização

e dispositivos a fim de garantir tal

das características da modulação da


Apoio

45


Apoio

Led – Evolução e inovação

46

Figura 4 – Exemplos de conteúdo de flicker em duas lâmpadas com Led modelo MR-16.

luz, das condições da luz ambiente, da

geração de flicker. Diferentes topologias

MR-16 de dois fabricantes diferentes, em

sensibilidade dos indivíduos que utilizam

dos circuitos empregados, limitações de

que podemos notar a grande variação,

os espaços iluminados e das tarefas por elas

custo e restrições de espaço são fatores

tanto do índice e percentual de flicker.

realizadas. O flicker de baixa frequência

potenciais

pode induzir a convulsões em pessoas

principalmente,

com epilepsia fotossensível e também a

sistemas de dimerização.

Fascículo

geração de dores de cabeça, fadiga, visão

Na

para

prática,

geração quando podemos

de

flicker,

Como podemos observar, a amostra

utilizamos

da esquerda apresenta altos valores de flicker (índice de 0.16 e percentual de

encontrar

99%) quando comparados com o da

turva e consequente redução do nível de

grandes variações quanto ao conteúdo de

lâmpada da figura à direita (índice de 0.05

desempenho.

flicker em produtos com Leds. A Figura

e percentual de 17.3%). Portanto, cuidados

No caso de luminárias com Leds,

4 apresenta um exemplo de medições

extras deverão ser tomados quando da

os drivers são os pontos principais de

realizadas em duas lâmpadas Led do tipo

escolha do produto. Convém ressaltar que


47 este fenômeno não ocorre somente nas lâmpadas, mas em qualquer produto de iluminação. O

flicker

pode

significativos

para

iluminação,

porém,

trazer a

prejuízos

qualidade é

da

raramente

considerado, tanto no projeto, quanto na especificação das fontes de luz. Os níveis de flicker vistos em alguns produtos representam preocupação para qualquer pessoa responsável pela saúde humana. Além disso, não existem limites bem definidos que permitam especificar este item com mais precisão e nem sempre esta informação é disponibilizada. A sugestão seria solicitar aos fabricantes de sistemas de iluminação que forneçam as informações de flicker dos seus produtos e então fazer uma comparação, pois, quanto menor for o índice e o percentual de flicker, melhor será o desempenho e a segurança do produto. No próximo capítulo, continuaremos a

abordagem

de

outros

assuntos

pertinentes aos sistemas de iluminação de estado sólido.

Referências: 1. Controlling LEDs – Technical white paper 05/2014 Lutron Electronics Co. Inc. P/N 367-2035 Rev. C. 2. Commercial leaflet – Xitanium LED indoor lighting, 06/2015, Royal Philips N.V. 3. PNNL-SA-94791 – March 2013, U.S. Department of Energy *Vicente Scopacasa é engenheiro eletrônico com pós-graduação em administração de marketing. Tem sólida experiência em semicondutores, tendo trabalhado em empresas do setor por mais de 40 anos. Especificamente em Leds, atuou por mais de 30 anos em empresas líderes na fabricação de componentes, tanto no Brasil como no exterior. Atua hoje como consultor na área de iluminação de estado sólido e como professor em cursos de especialização e de pós-graduação. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br


Apoio

Curto-circuito para a seletividade

48

Capítulo IX Conversão ΔY e YΔ, equivalente de Thevenin e levantamento de dados Por Cláudio Mardegan*

Conversão ΔY e YΔ Em algumas situações, para o cálculo

(b) Enunciado

(a) Generalidades

ser reduzido a uma fonte de tensão em

Qualquer circuito elétrico linear pode será

série com uma impedância. O valor da

necessária a transformação de triângulo

abordado neste capítulo, pois os cálculos

tensão desta nova fonte será a tensão de

para estrela. Apresentam-se, a seguir, as

de curto-circuito são feitos com base em

circuito aberto (ETHEVENIN = VAB) no ponto

equações.

equivalentes de Thevenin.

onde se está tomando o equivalente (ponto

da corrente de curto-circuito, pode ser

Fascículo

Equivalente de Thevenin

O

teorema

Figura 1 – Conversão Triângulo-Estrela e (b) Conversão Estrela-Triângulo.

de

Thevenin


Apoio

49

Figura 2 - Circuito real e circuito equivalente de Thevenin.

a e b) e a impedância será a impedância

ZC = 0.0157 + j 0.0103

I = U / (Z1 + Z2)

Z TR= 0.5657 + j 3.9598

vista por estes pontos curto-circuitando todas as fontes de tensão e abrindo todas as fontes de corrente (ZTH = Z AB). A Figura 2 seguinte ilustra o exposto. Exemplo 1

ETH = UAB = UAC = Z2 I = Z2 U / (Z1 + Z2)

Z M = 2.9628 + j 31.1096

Exemplo 2

ZTH-CDC#1 = (ZS + ZC + ZTR) // ZM

Para

o

circuito

da

Figura

3,

determinar a impedância de Thevenin Para o circuito da Figura 2, tem-se:

+ j 31.1096)

no CDC#1.

Z TH = Z AB = Z1 // Z2 + Z3 (Z1 em paralelo com Z 2 e em série com Z3)

ZTH-CDC#1 = (0.6257 + j 4.6353) // (2.9628

ZTH-CDC#1 = 0.5237 + j 4.0349 ZS = 0.0443 + j 0.6652


Apoio

Curto-circuito para a seletividade

50

Figura 3 – Esquema unifilar e diagrama de impedâncias.

Levantamento de dados Equivalente da rede

Dados dos equipamentos

▶ Corrente de partida ▶ Conexão

Apresentam-se, a seguir, as principais

▶ Aterramento do neutro

informações que devem ser coletadas na

▶ Máquina acionada

As concessionárias normalmente forne­

etapa de levantamento de dados para a

(bomba, compressor, etc.)

cem as informações dentro de uma das

realização de um estudo de curto-circuito e

▶ Rotação ou número de polos

formas abaixo apresentadas.

seletividade.

▶ Identificação

(a) Potências

(a) – Dados de transformadores

▶ Localização ▶ Módulo da PCC3φ simétrica ▶ Ângulo (∠) da PCC3φ simétrica

▶ Dados de placa (tensões, potência, impedância, conexão)

síncronos

▶ Módulo PCC1φ

▶ Tipo de aterramento

▶ Dados de placa

▶ Ângulo (∠) da PCC1φ

▶ Meio isolante (óleo mineral, silicone,

▶ Máquina primária (turbina

ascarel, seco)

Fascículo

(c) – Dados de geradores/motores

(b) Correntes ▶ Módulo da ICC3φ simétrica

diesel) - gerador

▶ Localização

▶ Tipo de acionamento (bomba, compressor, etc.) – motor síncrono

▶ Ângulo (∠) da ICC3φ simétrica ▶ Módulo da ICC1φ ▶ Ângulo (∠) da ICC1φ (c) Impedâncias

hidráulica, gás, vapor, motor

▶ Identificação

(b) Dados de motores de indução

▶ Tipo de aterramento do neutro

▶ Dados de placa

▶ Data sheet (reatâncias/constantes de tempo)

▶ Tipo do motor (gaiola, anéis, dupla

▶ Rotação ou número de polos

gaiola)

▶ Z0S = R0S + j X0S = | Z0S| . ejϕo

▶ Tipo de partida (direta, soft-

▶ Z1S = R1S + j X1S = | Z1S| . ejϕ1

starter, inversor de frequência, chave

▶ Z2S = R2S + j X2S = | Z2S| . ejϕ2

compensadora, etc.)

Nota: na prática, quase sempre

▶ Tempo de partida

Z1S = Z2S

▶ Tempo de rotor bloqueado

▶ Identificação ▶ Localização (d) Dados de cabos (a partir de uma lista de cabos) ▶ Material do condutor (cobre / alumínio)


Apoio

51


Apoio

Curto-circuito para a seletividade

52

▶ Comprimento

▶ Tensão nominal do sistema (FF e FT)

▶ Fabricante

▶ Seção

▶ Conexão do banco

▶ Tipo

▶ Nº de polos (unipolar / tripolar)

▶ Tipo do meio isolante do banco

▶ Funções

▶ Nº de condutores por fase

▶ Capacitância nominal

▶ Faixa(s) de ajuste de cada função

▶ Tipo de isolação

▶ Nº de unidades paralelas por grupo

▶ Ajuste atual de cada função

(PVC/EPR/XLPE/PE/PAPEL)

▶ Nº de grupos série por perna

▶ Características

▶ Tensão (Uo/U) ou NA/NI

▶ Se possui fusíveis internos /

▶ Identificação

(cabos antigos)

resistor descarga

▶ Localização

▶ Disposição (trifólio, plano, etc.)

▶ TCs (quando aplicável)

▶ Tipo de instalação

▶ Aterramento

▶ Norma

▶ Norma

▶ Dados de placa

▶ Identificação

▶ Identificação

▶ Fabricante

▶ Localização

▶ Localização

▶ Tipo

(h) Dados de disjuntor BT

▶ Corrente nominal (e) – Dados de banco de capacitores/filtros de harmônicos

(f) Dados de reatores

▶ Corrente nominal do sensor

▶ Dados de placa

ou do disparador

▶ Dados de placa

▶ Reatância ou indutância

▶ Funções (LS, LI, LSI, LSG, LIG, LSIG)

▶ Tipo do filtro (ativo / passivo)

▶ Tensão nominal

▶ Faixas de ajuste

▶ Tipo de sintonia do filtro

▶ Corrente nominal

▶ Ajustes atuais

(sintonizado / dessintonizado)

▶ Identificação

▶ Identificação

▶ Frequência(s) de sintonia / dessintonia

▶ Localização

▶ Localização

▶ Indutância(s) do filtro (mH)

Fascículo

▶ Resistência do filtro (caso houver)

(g) Dados de relés

(i) Dados de Disjuntor MT / Contator

▶ kVAr de cada unidade

▶ Corrente (e/ou tensão) nominal

▶ Dados de placa

▶ Tensão nominal do capacitor

ou do sensor

▶ Corrente nominal


Apoio

dutos de barras / Bus-ways

▶ Tensão nominal

▶ Fabricante

▶ Fabricante

▶ Tipo

▶ Fabricante

▶ Tipo

▶ Quantidade e conexão

▶ Tipo

▶ Capacidade de interrupção simétrica

▶ Classe de exatidão

▶ Corrente nominal

▶ Tempo de interrupção

▶ NBI

▶ Comprimento

▶ Corrente momentânea ou de

▶ Norma

▶ Tipo de material do condutor

fecha­mento

▶ Grupo de ligação (TP)

(cobre ou alumínio)

▶ Norma

▶ Corrente de curto-circuito térmica (TC)

▶ Seção do condutor da barra

▶ Identificação

▶ Corrente de curto-circuito dinâmica (TC)

▶ Forma do condutor da barra

▶ Localização

▶ Identificação

▶ Pintado / não-pintado

▶ Localização

▶ Distância entre suportes

(j) Dados de fusíveis ▶ Dados de placa

▶ Número de barras por fase (l) Dados do resistor de aterramento

▶ Barramento encapsulado

▶ Fabricante

▶ Dados de placa

ou não encapsulado

▶ Tipo

▶ Fabricante

▶ Corrente de curto-circuito térmica

▶ Corrente nominal

▶ Tipo

▶ Corrente de curto-circuito dinâmica

▶ Característica

▶ Corrente nominal contínua (permanente)

▶ Distância de trabalho

▶ Identificação

▶ Corrente nominal de curta-duração

▶ Identificação

▶ Localização

▶ Tempo

▶ Localização

▶ Tensão nominal (k) Dados de TCs / TPs

▶ Valor da resistência ôhmica

(n) Dados de inversor de frequência /

▶ Corrente (TC) ou tensão

▶ Identificação

soft-starter

(TP) nominal primária

▶ Localização

▶ Corrente (TC) ou tensão (TP) nominal secundária

▶ Dados de placa ▶ Fabricante

(m) Dados de painéis / barramentos /

▶ Tipo

53


Apoio

54

Figura 4 – Representação de um esquema unifilar.

▶ Corrente nominal

▶ Dados do para-raios

rede), transferência em rampa (paralelismo

▶ Tensão nominal

▶ Identificação

momentâneo para transferências) ou PPR

▶ Se o mesmo faz ou não regeneração

▶ Localização

(paralelismo permanente com a rede)

▶ Capacidade térmica de curta duração ▶ Reatância / indutância de entrada

▶ Se transformadores operam em paralelo Topologia do sistema

▶ Identificação ▶ Localização (o) Dados de conversor a semicondutor

operam abertos ou fechados Esta etapa do levantamento de dados

▶ Se linhas operam em paralelo ou não

consiste em se obter como os elementos

▶ Como operam os maiores motores

de circuito estão interconectados, ou, em

da planta

▶ Dados de placa

outras palavras, consiste na elaboração do

▶ Maiores motores de cada barra

▶ Fabricante

diagrama unifilar simplificado para estudo

▶ Tipo

de curto-circuito. Veja unifilar da Figura 4.

▶ Corrente nominal

Configurações e condições operacionais

▶ Tensão nominal

Fascículo

▶ Se os disjuntores de interligação (TIE)

Ainda na etapa de levantamento de

▶ Se faz ou não regeneração

dados é necessário conhecer, no mínimo, as

▶ Capacidade térmica de curta

seguintes condições operacionais:

duração / duty cycle ▶ Norma

▶ Se existem geradores na planta

▶ Identificação

▶ Condição normal de operação

▶ Localização

▶ Condição de curto-circuito máximo ▶ Condição de curto-circuito mínimo

(p) Protetor de surto / Snubber ▶ Capacitância nominal do protetor de surto ▶ Tensão nominal ▶ Tensão do sistema ▶ Resistência

Essas condições implicam em se conhecer as configurações do sistema: ▶ Como os geradores operam: somente emergência (sem fazer paralelismo com a

*Cláudio Sérgio Mardegan é diretor da EngePower Engenharia e Comércio Ltda. É engenheiro eletricista formado pela Unifei, especialista em proteção de sistemas elétricos industriais e qualidade de energia, com experiência de mais de 35 anos nesta área. É autor do livro “Proteção e Seletividade em Sistemas Elétricos Industriais”, patrocinado pela Schneider, e coautor do “Guia O Setor Elétrico de Normas Brasileiras”. É membro sênior do IEEE e participa também dos Working Groups do IEEE que elaboram os “Color Books”. É Chairman do Capítulo 6 do Buff Book, atual 3004 series (3004.6) sobre Ground Fault Protection e também participa de Forensics. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br


Apoio

55


56

Reportagem

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Por Bruno Moreira

Rede da discórdia

Um dos principais obstáculos para a difusão das redes subterrâneas no país é a falta de políticas públicas que harmonizem os conflitos e os interesses das empresas de gás natural, energia elétrica, água e esgoto e telecomunicações

A

s perspectivas de crescimento das

subterrâneas. “Se a Aneel não disser como

uma maneira caótica e que o subterrâneo

redes subterrâneas no Brasil em curto

as concessionárias devem fazer, os projetos

da cidade reflete esse caos. São usos

prazo não são boas. A Agência Nacional de

nunca sairão do papel. É preciso definir qual

selvagens, conforme Bernini, com empresas

Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do

é a regra e não deixar as concessionárias

de gás natural, água e esgoto, energia

setor elétrico e por onde o desenvolvimento

correrem risco”, afirma.

elétrica e telecomunicações, dividindo

das redes subterrâneas em âmbito federal

Por

deve ser iniciado, realizou até o momento

Tempo Giusto Consultoria Empresarial

competindo

poucas ações neste sentido. Em 2013, a

e ex-presidente da AES Eletropaulo e

subsolo das cidades. “Trata-se de um

agência promoveu seminários voltados às

da EDP Brasil, Eduardo José Bernini,

subterrâneo

redes subterrâneas com a participação de

acredita que não é apenas por falta de

o

concessionárias e outros agentes do setor.

uma regulamentação por parte da Aneel

destacando que mapas de subsolo não são

Um ano depois, em 2014, realizou uma

que as redes subterrâneas não avançam

garantia de nada. “Foram feitos em épocas

consulta pública com o objetivo de receber

massivamente no Brasil. Segundo ele,

em que a documentação não era realizada

contribuições

em

um dos principais obstáculos é a falta de

de forma rigorosa, existindo disparidade

redes subterrâneas e avaliar a necessidade

uma política pública que harmonize os

entre o planejado e o executado”. Em

de aprimoramentos. E só agora, em 2016,

conflitos e os interesses das empresas (de

decorrência, há muitos anos, redes de gás

promoveu uma audiência pública para

gás natural, água e esgoto, energia elétrica

e saneamento, por exemplo, acabam se

discutir o aprimoramento da regulação de

e telecomunicações) que utilizam a área

atropelando.

investimentos em redes subterrâneas de

subterrânea das cidades. Neste ponto, o

A

distribuição de energia elétrica.

problema é mais de ordem municipal do

também

O diretor-executivo da RDS Brasil,

que federal. Bernini afirma que falta uma

nas redes aéreas de energia elétrica das

Daniel Bento, acredita que a Aneel é

visão holística para infraestrutura urbana do

cidades do país. “A pior sequela que

omissa no que se refere à regulamentação

país. “Quem deve harmonizar todas essas

temos hoje nas redes aéreas é a ocupação

das redes subterrâneas e morosa nas ações

competências através de políticas públicas

de espaço reservado para os postes de

que devem levar a isso. De acordo com o

de caráter local é o município”, explica.

cabeamento de telecomunicação, que é

diretor-executivo da RDS, é necessário que

o

precária do ponto de vista do uso” explica

a agência defina uma meta, um objetivo e

proprietário da Tempo Giusto, que a

Bernini. Para ele, a rede foi concebida para

um prazo para a implementação das redes

urbanização brasileira foi levada a cabo de

carregar as linhas primária, secundária,

sobre

investimentos

É

sua

preciso

vez,

o

proprietário

reconhecer,

segundo

da

espaço

de

maneira

desordenadamente desconhecido”,

ex-presidente

falta é

desorganizada,

de

da

AES

afirma

Eletropaulo,

planejamento

sentida,

pelo

segundo

urbano Bernini,


57

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

o transformador e os ramais que ligam os clientes, existindo também uma faixa destinada à Iluminação Pública (IP) e outra faixa para telecomunicação, que antigamente consistia em um par de cabos metálicos, exclusivamente para telefonia.

Atualmente,

no

entanto,

os

fios

destinados à área de telecom aumentaram, com a inserção de cabos de fibra ótica, rede de TV a cabo, etc. Junte-se a isso a

qualidade

da

manutenção

destes

equipamentos, que segundo Bernini, é muito ruim e ainda um emaranhado de fios nos postes, que torna as cidades menos bonitas e seguras. Dessa maneira, as redes áreas, que comportam, muitas vezes de uma maneira não organizada, cabos de energia elétrica e de telecomunicações, também são uma questão de política pública dos municípios, visando a revitalização urbana por meio do enterramento destas redes

“O envolvimento da autoridade muni­

cipal é fundamental para alavancar as redes subterrâneas de energia elétrica no país”, reitera Bernini, destacando que ainda não houve, porém, a inserção do tema nos planos de urbanização das metrópoles. Por exemplo, no mais recente Plano Diretor Estratégico para a cidade de São Paulo, estabelecido via Lei 16.050/2014, que foi sancionada em julho de 2014, não houve menção às redes subterrâneas. “Como se o assunto não existisse, mas ele existe e é um problema”, afirma o ex-presidente da AES Eletropaulo, sublinhando que “não é prioridade porque está debaixo da terra, ou seja, não é visível”.

Além da falta de iniciativa municipal,

através

de

políticas

públicas,

Bernini

enfatiza outro problema que precisa ser solucionado a fim da maior difusão das redes subterrâneas no país: a viabilidade financeira. E isso passa pelo financiamento do projeto e pela recuperação deste investimento. As concessionárias não se veem estimuladas a fazer investimentos em redes subterrâneas, pois estes podem não ser reconhecidos pela Aneel no momento da revisão tarifária, fazendo com que as distribuidoras arquem com os custos integralmente.


58

Reportagem

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Conforme o ex-presidente da AES

por redes subterrâneas. Na Alemanha,

dessa

Eletropaulo, a postura da Aneel é de que

um dos países mais desenvolvidos do

“Atualmente, neste sentido, existem várias

o investimento não onere a tarifa dos

mundo, 78% da sua rede é subterrânea,

iniciativas de prefeituras no país no sentido

consumidores.

forma,

turistas

para

visitação.

possuem

apresentando um índice médio de Duração

de instalar redes subterrâneas em algum

vida longa, que pode ser estendida com

Equivalente de Interrupção por Unidade

lugar da cidade”, diz.

manutenção e troca de equipamentos. Ao

Consumidora (DEC) de 23 minutos. No

comparar o investimento marginal para

Brasil, o DEC médio é de 18 horas. Quanto

caso que ilustra bem como a mudança

a manutenção das redes aéreas com os

maior a duração de interrupção da energia,

de redes aéreas para redes subterrâneas

investimentos visando à transformação

maior o tempo em que o país deixa de

está diretamente atrelada à diminuição

de redes aéreas em redes subterrâneas,

trabalhar e produzir riquezas, segundo o

do número de interrupções por falta de

a distribuidora percebe que o primeiro é

especialista em redes subterrâneas e diretor-

energia elétrica. No final da década de

menor do que o segundo, optando assim

executivo da RDS Brasil, Daniel Bento, para

1990, a universidade tinha sua energia

pela manutenção das redes aéreas.

quem a única maneira de se melhorar esses

elétrica

Redes

aéreas

A Universidade de São Paulo é um

distribuída

por

redes

aéreas.

A Aneel apresenta ainda, no momento,

índices é por meio do enterramento de

Devido à alta densidade arbórea da região,

um argumento poderoso, segundo Bernini,

redes. Isto porque, explica o ex-presidente

nos meses do verão, época de chuvas

que impossibilita a preferência por redes

da AES Eletropaulo Eduardo Bernini, redes

fortes e ventanias, a incidência de queda

subterrâneas. Enquanto um número restrito

aéreas são vulneráveis. “Apesar da melhora

de árvores nas redes aumentava e era alto o

de pessoas se beneficiaria da conversão

de proteção, a taxa de falha é muito maior

índice de interrupção de energia. Segundo

de redes aéreas por redes subterrâneas,

do que nas redes subterrâneas”, diz.

o chefe da divisão de infraestrutura

o custo seria compartilhado com todo

Um país desenvolvido possui alta

da Cidade Universitária, Enea Neri, a

os consumidores da área de concessão

produtividade. E um país que quer

frequência de interrupção de energia na

de uma determinada distribuidora. A

produzir precisa de uma infraestrutura

USP naquele período costumava ser de

pergunta então permanece: como se

adequada para isso. A energia elétrica é

aproximadamente 40 vezes e a duração

forma o financiamento para investir em

um elemento essencial da infraestrutura

média chegava a cerca de 12 horas.

redes subterrâneas e como se recupera

de um país, logo, a produção de energia

este investimento por meio da cobrança

elétrica e a falha em sua distribuição

o Instituto de Energia e Ambiente (IEE-

tarifária. “Quem vai auferir os benefícios?

estão diretamente relacionadas à melhora

USP) e a Prefeitura da Cidade Universitária

Quem vai pagar a conta? ”, indaga.

ou piora da produtividade. O diretor-

para o desenvolvimento de um projeto

Em 1996, foi firmada uma parceria entre

Se o impasse financeiro não for

executivo da RDS Brasil comenta que uma

de rede subterrânea em média tensão

superado, não há também como se

interrupção de energia pode afetar, por

na universidade, em moldes distintos do

pensar em leis que tornem obrigatória

exemplo, o sistema de semáforos de uma

realizado pela AES Eletropaulo. O projeto,

a implementação de redes subterrâneas

cidade, gerando engarrafamentos. “Este

que foi financiado em parte pela Fapesp

no Brasil, como as que foram instituídas

tempo no qual o cidadão fica a mais no

e em parte pela própria USP, consistiu no

na cidade de São Paulo. Nesse sentido,

trânsito é um tempo desperdiçado, que

enterramento dos cabos diretamente do

o presidente da Tempo Giusto destaca a

poderia estar sendo usado para produzir”,

solo, com fitas de sinalização de alerta, ao

necessidade de que se encontrem novos

diz. A interrupção de energia elétrica afeta

contrário do que é feito pela concessionária,

modelos de negócios. Um exemplo seria

também as indústrias, cujas máquinas

que utiliza bunker de concreto para vedar

o modelo de concessão de exploração

precisam ser reiniciadas após a queda

os fios e os cabos elétricos. “Esta parte civil

de redes e dutos, no qual uma empresa

de energia. Este processo é demorado,

é muito dispendiosa”, explica Neri.

construiria uma via subterrânea para a

afetando, consequentemente, a produção

Ao todo, de 1998 a 2000, foram

passagem de redes e depois a alugaria

industrial.

instalados e energizados 28 km de cabos,

para as concessionárias de água e esgoto,

Bento ressalta também como as redes

sendo 23 km de rede tronco (principal) e 5

gás natural, energia elétrica e telecom.

subterrâneas podem melhorar a segurança

km de derivações (radiais) que atendem às

Uma maneira de, em um único meio físico,

e o turismo de um país. Segundo o diretor

cabines primárias. A rede alimenta a cidade

se efetuarem vários serviços.

da RDS, a quantidade de mortes e de

universitária inteira – 65 consumidores

acidentes não fatais relacionada às redes

diretos, entre faculdades, institutos e outras

aéreas de energia elétrica é bem maior do

unidades. Desde então, conforme o chefe

Melhoria da produtividade

que a relacionada às redes subterrâneas.

da divisão de infraestrutura da Cidade

Da atual rede de distribuição de energia

O enterramento de fios e cabos torna

Universitária, não foram registradas mais

elétrica brasileira, apenas 2% é composta

também a cidade mais bonita, atraindo,

interrupções em razão de intempéries.


59

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Reaparição da beleza escondida

A Centrais Elétricas de Santa Catarina

(Celesc) vem revitalizando o centro de Joinville (SC), substituindo as redes aéreas de energia elétrica por redes subterrâneas. De acordo com o engenheiro eletricista da Agência Regional Joinville da Celesc, Jean Eduardo Costanzi, alguns motivos levaram o município catarinense a realizar estas modificações, entre os quais a segurança e a operacionalidade da rede de distribuição, haja visto que a rede da região se encontra muito próxima de marquises, janelas e fachadas e é de difícil manutenção. “A utilização de qualquer outra tecnologia de rede não extinguiria o risco”, garante o engenheiro. Aliado a estes motivos, existe o fato de que o centro de Joinville é histórico, com construções da época do império “e a rede subterrânea propiciou a reaparição dessa beleza a pouco escondida”.

Financiado pelo Governo do Estado

de Santa Catarina e prefeitura municipal, o projeto está sendo desenvolvido em três etapas. A primeira, finalizada em 2011, instalou aproximadamente 2,5 km de fiação subterrânea na via gastronômica, importante atração turística da cidade de Joinville. Para realizar esta etapa do projeto, foram investidos cerca de R$ 7

CONSTRUÇÃO CIVIL DA OBRA

milhões. Em funcionamento desde maio de 2016, mas inaugurado oficialmente

também no começo de setembro. A

orla do Centro Histórico. Para realização

no início de setembro do mesmo ano, a

estimativa é de que as obras iniciem no

dessa obra, está previsto o investimento

segunda etapa do projeto consistiu na

começo de 2017 e sejam investidos R$

de R$ 4,9 milhões.

instalação de 2,4 quilômetros de cabos

10 milhões em aproximadamente três

subterrâneos em nove ruas do centro

quilômetros de rede subterrâneas, que

subterrâneas de uma maneira geral, o

da cidade. Ao todo, foram investidos R$

serão instaladas em outras 12 vias da

engenheiro eletricista da Agência Regional

9,2 milhões, sendo R$ 8,2 milhões, via

região central da cidade.

Joinville da Celesc declara que os projetos

Governo do Estado de Santa Catarina,

implementados no estado demonstram

e R$ 1 milhão por meio da Prefeitura de

Redes Subterrâneas no Centro de Joinville,

que há uma grande oportunidade mesmo

Joinville. O auxílio do governo estadual

a Celesc já possui em andamento na

com o custo elevado. “Entretanto,

veio, segundo Costanzi, através do

cidade de São Francisco do Sul, localizada

acredito ainda ser necessário revermos as

crédito de ICMS e da prefeitura com a

a 194 km da capital Florianópolis, um

regulações por parte da Aneel para que

implantação da rede iluminação pública

projeto que pretende instalar, em sua

esses investimentos sejam reconhecidos,

do local e da reurbanização. Já a terceira

primeira etapa, dois quilômetros de redes

de forma mais abrangente na tarifa de

etapa teve o início dos projetos autorizado

subterrâneas, contemplando 11 ruas da

energia elétrica”, conclui.

Além da terceira etapa do Projeto de

Sobre a viabilidade econômica da rede


60

Aula prática

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

A influência do aquecimento na resistência elétrica de barramentos blindados parte 2

Por Luís Eduardo Caires, Hédio Tatizawa, Hélio Eiji Sueta e Silvio J. van Dijk*

E

ntre as muitas variáveis que influen­

observadas no momento do ensaio. Os

ciam o valor da resistência elétrica de

dados de resistência elétrica obtidos são

a ser importante a adequação do valor

um barramento blindado, encontra-se a

determinados para estas condições de

da resistência elétrica às condições de

temperatura atingida pelo condutor no

carregamento e de temperatura. A partir

instalação e, assim, corrigir o valor da

equilíbrio térmico. Esta, por sua vez, é

destes valores, são calculadas as quedas

queda de tensão calculada, obtendo-se

função da temperatura ambiente na qual

de tensão de um sistema alimentado por

um valor mais próximo da realidade.

o barramento se encontra e do valor da

barramento blindado.

corrente elétrica ao qual o condutor é

publicada

submetido.

para correntes inferiores ao ensaiado tende

descritos os fundamentos teóricos, os

A utilização de um barramento blindado

Em função dessas variáveis, passa

Na

primeira na

parte

edição

deste

artigo,

anterior,

foram

Os ensaios de elevação de temperatura

a diminuir o valor da resistência elétrica.

objetivos, os objetos ensaiados e a

em barramentos blindados são realizados

Além disso, nem sempre a temperatura

metodologia

empregada

para a corrente nominal informada pelo

ambiente na qual o sistema será instalado

Nesta

final

fabricante, a uma temperatura ambiente

condiz com a temperatura observada no

abordados os resultados obtidos, cálculos

dependente das condições climáticas

momento do ensaio.

aplicados e algumas considerações.

parte

do

no

estudo.

artigo,

serão


61

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Resultados obtidos, cálculos e considerações

calculados desta forma aproximam-se com

Resultados obtidos

boa precisão do valor real observado na

prática.

temperatura, foram obtidas as informações

Os valores encontrados nos ensaios

necessárias à determinação dos parâmetros

de queda de tensão foram posicionados de

de

comparados

elétricos da linha pré-fabricada, conforme as

tal forma a abranger dois elementos retos e

aos valores levantados no estudo teórico.

normas ABNT NBR IEC 60439-2 e IEC 61439-6.

duas junções, já que, de acordo com a norma,

A partir disso é possível determinar um

Foi medido o valor da resistência em corrente

deve haver pelo menos duas emendas.

equacionamento matemático que permita o

contínua com microhmímetro, a frio, em cada

Como, numa instalação elétrica, o sistema

cálculo da queda de tensão em instalações

barra, incluindo o neutro, sendo que nesta

de barramento blindado montado consiste

de barramento blindado de forma a otimizar

última o valor foi medido durante o ensaio.

basicamente de um elemento reto para cada

a sua utilização sem comprometer o limite

elemento de junção, os valores de resistência

máximo estabelecido pela concessionária.

tabelas 1 a 12 a seguir.

Os pontos escolhidos para as medições

laboratório

devem

ser

Além

dos

pontos

de

medição

de

Os valores obtidos estão registrados nas

Tabela 1 – Resultado dos testes no modelo 1: barra colada, In 2500A, IP55, 1 condutor por fase

Reatância X1

Resistência R

Temperatura

Temperatura do

Corrente [A]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

ambiente θ [°C]

corpo de prova [°C]

Impedância Z

835

0,0236

0,0101

0,0213

23

29,3

1297

0,0238

0,0098

0,0217

24

38,3

1615

0,0246

0,0100

0,0225

24

45,0

2146

0,0257

0,0099

0,0237

25

61,7

2576

0,0269

0,0097

0,0251

25

77,0

A tabela 2 a seguir apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos, calculados a partir das

expressões [9], [10] e [11], que podem ser consultadas na primeira parte deste artigo, publicada na edição anterior.” Tabela 2 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 1

Temperatura

Temperatura

do corpo

do corpo

Corrente

de prova

de prova

Erro (%)

Resistência

Resistência

medida R

teórica R

[mΩ/m]

[mΩ/m]

Erro (%)

Queda

Queda

de tensão

de tensão

medida

teórica

Erro (%)

[A]

medida [°C]

teórica [°C]

[V/m]

[V/m]

835

29,3

31,2

6,47

0,0213

0,0214

0,47

0,0341

0,0339

-0,59

1297

38,3

40,9

6,73

0,0217

0,0221

1,84

0,0536

0,0543

1,31

1615

45,0

48,2

7,07

0,0225

0,0227

0,89

0,0688

0,0692

0,58

2146

61,7

63,5

2,98

0,0237

0,0240

1,27

0,0955

0,0962

0,73

2576

77,0

77,0

0,00

0,0251

0,0251

0,00

0,1201

0,1201

0,00


62

Aula prática

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Tabela 3 – Resultado dos testes no modelo 2: barra distanciada, In 2000A, IP31, 2 condutores por fase

Impedância Z

Reatância X1

Resistência R

Temperatura

Temperatura do

Corrente [A]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

ambiente θ [°C]

corpo de prova [°C]

1039

0,0335

0,0200

0,0268

19

40

1210

0,0336

0,0193

0,0275

20

49

2028

0,0346

0,0208

0,0276

19

78

2592

0,0388

0,0234

0,0309

19

112

A tabela 4 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos. Tabela 4 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 2

Temperatura

Temperatura

Resistência

Resistência

Queda

Queda

do corpo

do corpo

medida R

teórica R

de tensão

de tensão

[mΩ/m]

[mΩ/m]

medida

teórica

[V/m]

[V/m]

Erro (%)

Erro (%)

Erro (%)

Corrente

de prova

de prova

[A]

medida [°C]

teórica [°C]

1039

40

39

-3,25

0,0268

0,0239

-10,82

0,0602

0,0569

-5,48

1210

49

45

-7,56

0,0275

0,0244

-11,27

0,0703

0,0672

-4,41

2028

78

78

0,00

0,0276

0,0276

0,00

0,1213

0,1212

-0,08

2592

112

107

-4,26

0,0309

0,0304

-1,62

0,1740

0,1646

-5,40

Tabela 5 – Resultado dos testes no modelo 3 – barra distanciada, In 1000A, IP31, 1 condutor por fase

Impedância Z

Reatância X1

Resistência R

Temperatura

Temperatura do

Corrente [A]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

ambiente θ [°C]

corpo de prova [°C]

206

0,0972

0,0691

0,0683

16

21,0

416

0,0989

0,0686

0,0712

16

31,5

602

0,1020

0,0691

0,0750

17

46,2

820

0,1054

0,0683

0,0802

17

65,7

1024

0,1111

0,0695

0,0866

17

87,3

1248

0,1174

0,0693

0,0947

17

110,5

A tabela 6 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos. Tabela 6 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 3

Temperatura

Temperatura

do corpo

do corpo

Corrente

de prova

de prova

Resistência Erro (%)

medida R

Resistência teórica R

Queda

[mΩ/m]

[mΩ/m]

Erro (%)

de tensão medida

Queda de tensão teórica

Erro (%)

[A]

medida [°C]

teórica [°C]

[V/m]

[V/m]

206

21,0

21,1

0,48

0,0683

0,0685

0,29

0,0346

0,0348

0,58

416

31,5

32,0

1,59

0,0712

0,0715

0,42

0,0712

0,0719

0,97

602

46,2

46,4

0,43

0,0750

0,0754

0,53

0,1064

0,1070

0,56

820

65,7

65,8

0,15

0,0802

0,0807

0,62

0,1498

0,1513

1,00

1024

87,3

87,3

0,00

0,0866

0,0866

0,00

0,1971

0,1969

-0,10

1248

110,5

114,2

3,35

0,0947

0,0940

-0,74

0,2539

0,2526

-0,51

Tabela 7 – Resultado dos testes no modelo 4: barra distanciada, In 630A, IP54, 1 condutor por fase

Impedância Z

Reatância X1

Resistência R

Temperatura

Temperatura do

Corrente [A]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

ambiente θ [°C]

corpo de prova [°C]

201

0,0979

0,0684

0,0700

16

24,5

424

0,1027

0,0684

0,0766

17

51,3

622

0,1097

0,0688

0,0854

17

89,3

796

0,1193

0,0693

0,0971

17

140,2

A tabela 8 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos.


63

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Tabela 8 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 4

Temperatura

Temperatura

do corpo

do corpo

Corrente

de prova

de prova

Erro (%)

Resistência

Resistência

medida R

teórica R

[mΩ/m]

[mΩ/m]

Erro (%)

Queda

Queda

de tensão

de tensão

medida

teórica

Erro (%)

[A]

medida [°C]

teórica [°C]

[V/m]

[V/m]

201

24,5

27,3

11,43

0,0700

0,0688

-1,71

0,0341

0,0339

-0,59

424

51,3

55,6

8,34

0,0766

0,0764

-0,26

0,0756

0,0755

-0,13

622

89,3

89,3

0,00

0,0854

0,0854

0,00

0,1182

0,1181

-0,08

796

140,2

125,3

-10,63

0,0971

0,0950

-2,16

0,1645

0,1618

-1,64

Tabela 9 – Resultado dos testes no modelo 5: barra distanciada, In 700A, IP31, 1 condutor por fase

Impedância Z

Reatância X1

Resistência R

Temperatura

Temperatura do

Corrente [A]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

ambiente θ [°C]

corpo de prova [°C]

128

0,1346

0,0870

0,1027

18

22,0

264

0,1364

0,0855

0,1062

18

31,0

526

0,1455

0,0866

0,1169

20

58,0

711

0,1557

0,0870

0,1291

20

84,3

A tabela 10 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos. Tabela 10 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 5

Temperatura

Temperatura

Resistência

Resistência

Queda

Queda

do corpo

do corpo

medida R

teórica R

de tensão

de tensão

[mΩ/m]

[mΩ/m]

medida

teórica

[V/m]

[V/m]

Erro (%)

Erro (%)

Erro (%)

Corrente

de prova

de prova

[A]

medida [°C]

teórica [°C]

128

22,0

21,9

-0,45

0,1027

0,1035

0,78

0,0298

0,0300

0,67

264

31,0

30,7

-0,97

0,1062

0,1071

0,85

0,0624

0,0631

1,12

526

58,0

59,2

2,07

0,1169

0,1188

1,63

0,1326

0,1341

1,13

711

84,3

84,3

0,00

0,1291

0,1291

0,00

0,1917

0,1917

0,00

Tabela 11 – Resultado dos testes no modelo 6: barra distanciada, In 500A, IP54, 1 condutor por fase

Impedância Z

Reatância X1

Resistência R

Temperatura

Temperatura do

Corrente [A]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

[mΩ/m]

ambiente θ [°C]

corpo de prova [°C]

128

0,1350

0,0863

0,1038

19

24,0

253

0,1385

0,0860

0,1085

19

40,3

407

0,1474

0,0855

0,1200

19

70,5

515

0,1575

0,0862

0,1318

19

103,8

A tabela 12 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos. Tabela 12 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 6

Temperatura

Temperatura

Resistência

Resistência

Queda

Queda

do corpo

do corpo

medida R

teórica R

de tensão

de tensão

[mΩ/m]

[mΩ/m]

medida

teórica

[V/m]

[V/m]

Erro (%)

Erro (%)

Erro (%)

Corrente

de prova

de prova

[A]

medida [°C]

teórica [°C]

128

24,0

27,6

15,00

0,1038

0,1017

-2,02

0,0299

0,0296

-1,00

253

40,3

45,4

12,66

0,1085

0,1088

0,28

0,0607

0,0608

0,16

407

70,5

76,6

8,65

0,1200

0,1211

0,92

0,1039

0,1048

0,87

515

103,8

103,8

0,00

0,1318

0,1318

0,00

0,1405

0,1405

0,00

Cálculos e considerações

O valor da reatância indutiva deve permanecer

erros de medição. Esses erros são comuns a

é

constante, pois este não é afetado pela

todo tipo de medição e definem a incerteza

conveniente examinar mais alguns números

variação de temperatura e a variação

do método. Neste caso em particular, devido

para completar a avaliação.

observada deve ser somente atribuída aos

à propriedade apontada, é possível fazer

Antes

de

interpretar

os

dados,


64

Aula prática

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Tabela 13 – Relação percentual entre o desvio padrão e a média da reatância indutiva

Modelo do barramento blindado

Relação percentual [%]

1- Barra colada, In 2500A, IP55, 1 condutor por fase

1,6 (nov./2015)

2- Barra distanciada, In 2000A, IP31, 2 condutores por fase

8,6 (jun./2015)

3- Barra distanciada, In 1000A, IP31, 1 condutor por fase

0,7 (jul./2016)

4- Barra distanciada, In 630A, IP54, 1 condutor por fase

0,6 (jul./2016)

5- Barra distanciada, In 700A, IP31, 1 condutor por fase

0,8 (jul./2016)

6- Barra distanciada, In 500A, IP54, 1 condutor por fase

0,4 (ago./2016)

a um valor de 4,4 V. O maior comprimento para uma linha desse tipo, submetida a uma corrente de 2592 A (tabela 4), pelo modelo teórico, seria 26,7 m. Considerando-se o valor medido da queda de tensão e o comprimento teórico, a queda de tensão real seria de 4,6 V, o que equivale a 2,11%, com erro percentual de 0,11% (valor estimado no item anterior

uma avaliação estatística através da média e

faixa completa da estimativa vai de -11,88%

0,13%). Isso levando-se em consideração a

do desvio padrão das amostras, ou seja, uma

a +1,60%). Entretanto, nesta faixa devemos

aplicação da corrente máxima na linha, o que

medida central e uma medida de dispersão.

contar que houve melhoria na determinação

é uma condição de demanda pouco comum.

A partir da relação percentual entre o desvio

dos parâmetros e, nos últimos ensaios dos

padrão e sua média pode-se ter uma medida

modelos 3 a 6, o erro médio ficou entre -1,03%

básica da variabilidade do processo. Esse

e 0,82% (faixa completa entre -2,09% e 1,49%).

com sua aplicação, mas, de um modo geral,

princípio foi utilizado como medida da

• O erro médio da queda de tensão

são coerentes com o esperado para esses

incerteza da medição para obtenção dos

calculada teoricamente é um parâmetro cujo

modelos, segundo a experiência adquirida

valores encontrados na tabela 13.

erro médio variou entre -3,84% e 0,73%

nos testes com esse tipo de equipamento.

As medições envolveram seis modelos

(a faixa completa vai de -6,40% a 1,26%).

de barramentos e foram realizadas em um

Entretanto, algumas ponderações devem

de até 11,88% na estimativa de resistência

intervalo de tempo relativamente grande

ser feitas. Na pior das hipóteses, o erro de

e 6,40% na de queda de tensão, o modelo

entre si (entre junho de 2015 a agosto de

6,40% em relação à queda de tensão apurada

pode ser aplicado nos projetos com bons

2016). Nesse período pode-se destacar que

traduz-se em alguns milivolts por metro ou,

resultados.

a relação percentual entre o desvio padrão e

de outra forma, é uma porcentagem do

o valor médio da reatância indutiva, utilizada

percentual considerado para a queda de

útil na fase de projeto para o dimensionamento

como medida da incerteza do método,

tensão. Por exemplo, se a queda de tensão

do produto. Para os barramentos blindados de

reduziu de 8,6% para 0,4% a 0,8%. Isso se

admissível é de 2%, o erro seria 6,40% desse

barra distanciada com grau de proteção IP 31

deve, em boa parte, ao refinamento do

valor, ou seja, um valor absoluto de 0,13% -

(ventilados), 1 condutor por fase, a estimativa

método de medição, fruto do esforço do

muito baixo no cômputo geral. Além disso,

da corrente nominal a partir da projeção da

laboratório, concessionárias e fabricantes

como a variabilidade apurada nos últimos

temperatura incorre em erros desprezíveis, com

visando à padronização mais rigorosa da

ensaios diminuiu, os resultados mais recentes

precisão da ordem de 1°C ou frações disto. Já

montagem, particularmente com respeito à

apresentaram menor dispersão.

para barra colada IP 55 e barra distanciada IP

definição dos limites físicos da amostra.

• No caso do modelo 2, em que a dispersão

31 com 2 condutores por fase, o erro gira em

Comparando-se os dados de interesse nas

foi maior, deve-se levar em consideração o

torno de alguns graus (até 4 °C) e, para a barra

tabelas 1 a 12 e levando-se em consideração

fato de a montagem ser mais complexa por

distanciada IP 54 (sem ventilação), até 6 °C.

um desvio padrão em uma distribuição normal,

haver mais barras envolvidas e, portanto,

Em todos os casos, portanto, a estimativa da

chega-se aos erros médios para os parâmetros

demandar maior atenção a fim de diminuir a

capacidade de condução da linha pré-fabricada

calculados teoricamente, apresentados na

dispersão. Mesmo neste caso mais crítico, os

pode ser determinada com grande precisão.

tabela 14.

valores obtidos do modelo também levam

Atualmente,

• O erro médio da resistência calculada

a conclusões confiáveis. Em números: para

estimativas ajudam a orientar os testes no

teoricamente é um parâmetro que se manteve

uma tensão do sistema de 220 V, a queda

laboratório, permitindo prever com razoável

flutuante no intervalo de -5,93% a 0,89% (a

de tensão admissível de 2% corresponde

precisão o comportamento das amostras a

A interpretação dos resultados varia

Nos casos em que são tolerados erros

A aplicação da estimativa de temperatura é

os

resultados

dessas

Tabela 14 – Erro médio para o cálculo dos dados de interesse

Modelo do barramento blindado

Erro médio para o cálculo teórico [%]

Temperatura

Resistência

Queda de tensão]

1- Barra colada, In 2500A, IP55, 1 condutor por fase

(4,65±3,08)

(0,89±0,71)

(0,41±0,73)

2- Barra distanciada, In 2000A, IP31, 2 condutores por fase

(-3,77±3,11)

(-5,93±5,95)

(-3,84±2,56)

3- Barra distanciada, In 1000A, IP31, 1 condutor por fase

(1,00±1,28)

(0,19±0,50)

(0,42±0,60)

4- Barra distanciada, In 630A, IP54, 1 condutor por fase

(2,30±9,88)

(-1,03±1,06)

(-0,59±0,74)

5- Barra distanciada, In 700A, IP31, 1 condutor por fase

(0,16±1,33)

(0,82±0,67)

(0,73±0,53)

6- Barra distanciada, In 500A, IP54, 1 condutor por fase

(9,08±6,59)

(-0,21±1,27)

(0,01±0,77)



66

Aula prática

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

partir do resultado de um teste. Desta forma

utilização do modelo.

dos modelos testados, com uma corrente

reduz-se o número de testes necessários para

Trata-se, contudo, de um estudo pioneiro

de 1000 A, fator de potência 0,92, carga

se otimizar a capacidade projetada da linha

sobre o assunto visando obter maior experiência

concentrada no final do trecho e tensão

pré-fabricada.

e proficiência na abordagem do tema. Os

nominal de 220 V, seria possível construir uma

O valor da resistência exerce um papel

resultados se restringem a dois modelos de

linha de, aproximadamente, 103 m dentro do

auxiliar neste caso, já que será utilizado

dois fabricantes que gentilmente colaboraram

critério de queda de tensão de 2%, se levadas

efetivamente na composição do valor da

com o estudo e poderá ser ampliado para

em consideração as correções de temperatura

queda de tensão e, dessa forma, o valor de

outros modelos. Não houve tempo hábil para

propostas no método descrito. Se for

11,88% não é crítico.

organizar um estudo maior com maior número

considerada somente a resistência medida

Conforme indicado anteriormente, uma

de participantes de modo a contarmos com

na temperatura de equilíbrio térmico, para a

incerteza de 6,40% na estimativa de queda de

um maior número de modelos para aumentar

corrente nominal, seria possível construir uma

tensão representa um erro estimado menor

a abrangência das conclusões.

linha de 91 m nas condições indicadas, ou

que 0,13% no cômputo geral, o que é um

Este estudo permite a possibilidade

seja, uma perda de 13% no comprimento para

valor adequado às aplicações.

de

a mesma linha pré-fabricada.

Os resultados apontam para a necessidade

forma de planilhas, visando calcular o

de um cuidado maior na medição de modelos

comportamento dos parâmetros básicos

*Luis Eduardo Caires é engenheiro, com mestrado

com mais de uma barra por fase, se a dispersão

de projeto de linhas elétricas pré-fabricadas

em engenharia elétrica e supervisor do Serviço

requerida for baixa.

e, assim, facilitar o trabalho de otimização

Técnico de Altas Potências do IEE/USP;

Há outras aplicações do método em

dos fabricantes e a avaliação dos resultados

Hélio Eiji Sueta é doutor em Engenharia Elétrica

equipamentos que guardam certa similaridade

por parte das concessionárias. Tais planilhas

e chefe da Divisão Científica de Planejamento,

física. No caso de ensaio de transformadores

podem ser implementadas diretamente das

Análise e Desenvolvimento Energético do IEE/USP;

a seco, a ABNT NBR 10295:1988 já apontava

expressões indicadas na norma IEC 61947-

Hédio Tatizawa é doutor em Engenharia Elétrica

em seu item 6.6.3 (Ensaio de elevação de

6. A contribuição deste estudo consiste na

e professor do Instituto de Energia e Ambiente da

temperatura) um tratamento matemático muito

determinação da resistência da linha pré-

USP;

similar ao abordado neste trabalho. Naquela

fabricada em função da corrente que a

Silvio J. van Dijk é engenheiro eletricista, gerente

norma, o expoente é 1,6 para refrigeração

percorre. Quando não são feitas as devidas

industrial e de projetos da Holec Barras.

natural e 1,8 para ar forçado. O que significa

compensações, utiliza-se o valor da resistência

que pode haver um ajuste em função da

medida durante o ensaio com corrente

Colaborador: Roberto Barrotte, da Barrotte Ortega e

termodinâmica do sistema estudado.

nominal. Este valor é maior que o real, caso a

Cia Ltda (BOR).

se

produzir

equacionamentos

em

corrente na linha seja menor que a nominal.

Comentários e conclusões

A aplicação destes conceitos pode

Agradecimentos a Marcus Eduardo Piffer

resultar em um ganho no dimensionamento

Amaral, do IEE/USP; a Francisco H. Kameyama,

Os resultados obtidos são encorajadores

da linha pré-fabricada sendo proporcional ao

do IEE/USP; e a Márcio Almeida da Silva, da

e apontam para um futuro promissor na

comprimento desta. Por exemplo, para um

AES Eletropaulo.


Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES

Ano 1 - Edição 5 / Agosto de 2016

Eólica: os próximos 10 GW Confira cobertura da 7ª Brazil Windpower, evento que reuniu os principais players do setor e discutiu o futuro da fonte eólica no país

Solar Estudo analisa a geração de energia solar fotovoltaica do Mineirão

APOIO


68

Eรณlica

Reportagem

Os desafios para a continuidade do crescimento da energia eรณlica

Em um dos principais eventos do setor, os agentes comemoraram a marca emblemรกtica de 10 GW de capacidade instalada e sinalizaram os prรณximos desafios a serem superados: demanda, transmissรฃo e financiamento


Reportagem

Eólica

A sétima edição do Brazil Windpower,

pesquisa e desenvolvimento e também deve

um dos mais importantes eventos de energia

conquistar uma fatia maior do mercado livre

do Sistema (ONS), Luiz Eduardo Barata, disse

eólica da América Latina, reuniu as principais

de energia, assim como continuar investindo

que as são inúmeras as vantagens das fontes

autoridades do setor, membros do governo

em capacitação profissional.

renováveis, mas ponderou: “elas também

e agentes de empresas públicas e privadas

têm algumas desvantagens, como o fator

deste mercado para comemorar a marca dos

além desses fatores mencionados, há três

intermitente e o seu rápido crescimento

10 GW de capacidade instalada da fonte

principais entraves que preocupam o setor e

na geração distribuída, fatores que tornam

no país e discutir o futuro da energia eólica.

que precisam ser esclarecidos para garantir

menos previsíveis as condições de operação

Entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro,

o crescimento da fonte. O primeiro diz

do sistema”. Para ele, essa situação torna

mais de 2.800 pessoas participaram do

respeito à demanda. Para Elbia, demanda

obrigatório o aprimoramento dos métodos

evento, que foi constituído por um congresso

é sinal de investimento e, com toda essa

atuais de previsão de geração das renováveis

e por uma área de exposição, a qual registrou

discussão de sobra de energia, não está

para não impor riscos à operação do sistema.

a presença de 110 expositores.

claro o quanto o país terá de demanda nos

“O planejamento e a operação devem

Segundo a presidente da Abeeólica,

O diretor executivo do Operador Nacional

trabalhar completamente

Como O Setor Eletrico

antecipou na última

sintonizados para assegurar

edição, a energia eólica

que o sistema opere de

já representa 7% da

maneira confiável”, reitera.

matriz elétrica brasileira

e acaba de atingir 10 GW

ocasião para criticar a

de capacidade instalada

carência de uma política

em cerca de 400 parques

energética que confira

eólicos e mais de 5200

clareza ao setor elétrico

aerogeradores em

brasileiro. “O segredo do

operação. No ano passado,

Brasil é o recurso que

a energia eólica abasteceu

temos. E a política é que não

mensalmente uma

temos política. Mas temos

população equivalente

o mercado. Na ausência de

a todo o sul do país e

política, o mercado reagiu.

gerou 41 mil postos de

Estamos em um momento

trabalho. Já considerando

bom e conseguimos bons

os contratos assinados, a

resultados por competência

fonte chegará a 2020 com

do mercado”, declarou.

a capacidade instalada de

18,4 GW, mas a meta do

defendeu o estabelecimento

setor é que este número

de política energética

chegue a 20 GW com os

adequada para sinalizar

próximos leilões e com a

o investidor, que precisa

Elbia aproveitou a

A executiva, no entanto,

de planejamento e de

popularização da geração distribuída.

próximos anos. A segunda dificuldade diz

garantias de longo prazo. “Sinto um clima

respeito à transmissão, que, segundo a

de oportunidade para pensarmos em longo

GW, a presidente da Associação Brasileira de

executiva, já foi um gargalo muito grande no

prazo. O Brasil tem servido de exemplo para

Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum,

passado, e hoje se mostra como um desafio.

o mundo como um modelo de sobrevivência

afirmou, durante o evento, que existem

“É preciso revisitar o modelo de transmissão

e modelo de contratação de energia.

alguns obstáculos a serem superados neste

de energia no Brasil. Para este próximo leilão,

Mas estamos preocupados com a pouca

momento. “Enfrentamos problemas de

por exemplo, estamos preocupados com a

prioridade da lógica de sustentabilidade em

logística de transporte com os equipamentos

margem de escoamento que teremos para os

detrimento da lógica econômica e política”.

evoluindo e ficando cada vez maiores.

projetos previstos”, afirma. O terceiro ponto

Isso porque o Brasil ainda não tem uma

refere-se ao financiamento. “Temos sentido

Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa

infraestrutura satisfatória para transporte”,

sinais importantes e positivos do BNDES,

Energética (EPE), Amílcar Guerreiro,

afirma. A executiva reconhece que o setor

mas esta é ainda uma grande preocupação do

discordou e defendeu as políticas que já

ainda precisa evoluir no que diz respeito à

setor”, avalia.

existem ou existiram para o setor, como de

Sobre a construção dos próximos 10

Nesse ponto, o diretor de Estudos de

69


Eólica

70

Reportagem

fomento à hidroeletricidade, nuclear, álcool,

que o Brasil foi o país que mais cresceu no

uma cadeia produtiva nacional importante

mesmo para o modelo de contratação dos

mundo, em percentual.

para garantir o aproveitamento do grande

leilões. “Existe política, mas ela precisa ser

potencial do país.

aprimorada”, admite. “A GD trará também

Brasil e Mundo – Base 2015”, divulgado

desafios e deve mudar bem a estrutura que

no mês de agosto de 2016 pelo Ministério

instrumento importante para planejamento

conhecemos hoje”, acrescenta.

de Minas e Energia (MME), o Brasil subiu

estratégico do setor elétrico brasileiro

sete posições nos últimos dois anos,

considerando segurança do sistema “Em

ocupando hoje o oitavo lugar em geração,

dezembro, teremos um momento muito

representando cerca de 3% de toda a

importante para o setor neste ano: o Leilão

produção eólica mundial.

de Reserva. A contratação de energia eólica

de energia eólica no mundo em 2015,

neste leilão será vital para dar um sinal

considerando os números de capacidade

no Brasil pode ser explicada pela ótima

de investimento para toda a cadeia de

instalada, atrás da China, dos Estados Unidos

qualidade dos ventos brasileiros e também

energia eólica, formada recentemente e

e da Alemanha. Os dados são do Global World

pelo forte investimento das empresas

num investimento que já passa dos R$ 48

Energy Council (GWEC), que revelou ainda

que, nos últimos cinco anos, construíram

bilhões nos últimos seis anos. Os contratos

A energia eólica em números

O Brasil foi o quarto país em crescimento

Segundo o “Boletim de Energia Eólica

O bom momento da energia eólica

O Leilão de Reserva também é um

que temos assinados sustentam a cadeia até 2020, como se vê no gráfico acima, mas é necessário fazer novas contratações para manter a cadeia ativa e o setor crescendo de forma sustentável”, explica Elbia

A executiva explica ainda que as

discussões sobre sobra de energia dizem respeito, na verdade, a sobras de contrato, de papel, e não de garantia física. “Quando se olha apenas a garantia física, o que pode ser efetivamente gerado, o que existe de sobra de garantia física seria rapidamente utilizado na inevitável retomada do crescimento econômico brasileiro. Também por este motivo, o leilão de dezembro será fundamental para o País. Historicamente,


Reportagem

Eólica

71

o Brasil alterna períodos de risco de

for necessária a verificação dos dados de

racionamento e de discussão sobre falta

geração de energia proveniente de fontes

de energia. Isso precisa acabar e os leilões

renováveis. A confirmação e a certificação

de reserva são os instrumentos adequados

digital dos dados de fonte independente

para um melhor planejamento”, explica a

estão de acordo com as melhores práticas

executiva.

adotadas pelos certificadores internacionais.

Importante mencionar, ainda, que esta

Acordo de cooperação para Certificado e

Selo de Energia Renovável

credibilidade é fundamental e cumpre

Durante o Brazil Windpower, a Associação

requisitos do acordo também assinado

Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica),

durante o evento com a plataforma mundial

a Associação Brasileira de Energia Limpa

de comercialização do IREC.

(Abragel), o Instituto Totum e a Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)

Certificação de Energia Renovável é a

anunciaram um acordo de cooperação,

confiabilidade dos dados de geração de

visando dar maior robustez ao Certificado e

energia e a cooperação com a CCEE garante

Selo de Energia Renovável.

ainda mais credibilidade aos RECs emitidos

no Brasil”, explica Fernando Giachini Lopes,

Pelo acordo, a CCEE passará a apoiar

o processo de certificação sempre que

“Um dos pilares do Sistema de

Diretor do Instituto Totum.

Energia eólica no Brasil • 10 GW de potência instalada; • 400 parques: 5.251 aerogeradores e torres e 15.753 pás instaladas; • 15 empregos gerados a cada MW. Em 2015, foram 41 mil empregos gerados. No acumulado, são 150 mil postos de trabalho desde o primeiro parque eólico; • Cerca de R$ 60 bilhões investidos de 1998 até hoje; • Em 2015, a energia eólica abasteceu 11 milhões de residências no país, uma população equivalente ao sul do Brasil; • Representatividade de 7% na matriz elétrica brasileira; • Há mais de 8 GW já contratados para serem implantados até 2020.


Eólica

72

Reportagem

Produtos e serviços lançados durante a Brazil Windpower 2016

Transformadores trifásicos www.trael.com.br

Homologada pelo Inmetro e

Fixadores e plataformas www.jea.com.br

pelo Cepel, a Trael apresentou para

A JEA Indústria Metalúrgica

o público do Brazil Windpower

divulgou sua linha de produtos para

2016 sua linha de produtos voltada

torres eólicas. A empresa fabrica

para o setor eólico. Destaque para

fixadores para pás eólicas, plataformas

o transformador trifásico a seco

e outros produtos para espaços internos

encapsulado 13800-380 V, que está

de torres e parques eólicos.

em conformidade com a ABNT NBR 10295 e disponível nas potências de 150 kVA a 2000 kVA.

Segurança www.ultrasafe.com.br

Cabos de média tensão www.alubar.net.br

individual (EPI), a Ultra Safe

Entre os produtos apresentados pela

Especializada em

equipamentos de proteção

Alubar estiveram os cabos de média tensão

levou suas soluções de

Altec e Coopertec TR XLPE 105 °C. Os

segurança para o evento.

cabos contam com isolação de composto

Cintos de segurança,

Dow Endurance HFDC 4202 EC (XLPE),

travaquedas, ancoragens,

que oferece uma maior rigidez dielétrica se

fitas de segurança e

comparada à de outros produtos similares.

acessórios – como luvas,

Segundo a empresa, testes demostraram

óculos e porta-ferramentas –

que o TR-XLPE apresenta o nível mais alto

fazem parte do portfólio da empresa.

de rigidez dielétrica após 17 anos de envelhecimento de campo.

Sinalização de obstáculos www.dbtec.com.br

Cabos elétricos www.nexans.com.br

aérea DBFlash Wind, da

A Nexans disponibiliza uma

Indicada para aplicação

em torres eólicas, a sinalização

linha completa e integrada

DBTEC, é um sistema

para o funcionamento de

com tecnologia Led, que

todo o sistema eólico. Os

proporciona maior economia

cabos Windlink da Nexans são

e aumenta a vida útil do

oferecidos com terminais, conectores, acessórios, conjuntos e

sinalizador. Possibilita a

kits cortados no lance exato da instalação, otimizando custo

sincronização via GPS com

e tempo. Além disso, são altamente resistentes à torção e

outros sinalizadores DBFlash Wind que, porventura, existirem

flexão, retardantes à chama, produzidos com compostos não

e está disponível nas opções de unidade ótica e eletrônica

halogenados, tem resistência à radiação UV e óleos, além de

integradas ou com painel de controle separado. Possui ainda

possuir uma proteção eletromagnética.

alarme de sinalização de falha.


Reportagem

Eólica

Instalação e serviço www.totalwind.com

Com escritório em Fortaleza

(CE), a dinamarquesa Total Wind é especializada em soluções turnkey, oferecendo serviços, como instalação, comissionamento, assistência, manutenção e fornecimento de peças de reposição. Os componentes de turbinas eólicas são instalados de acordo com as normas e regulamentos de saúde e segurança, e os técnicos são equipados com apropriado equipamento de proteção individual. A empresa conta com equipes de instalação em operação em todo o mundo, departamento de ferramentas próprio e inspeção de obra.

Cabos elétricos www.induscabos.com.br

Dois modelos de cabos para parques

eólicos foram destaque da Induscabos durante o evento: cabo Epromax Al Slim 105 Wind e Cabo Indulink Al Wind. Ambos apresentam condutor de alumínio nu, liga 1350, encordoado circular compactado (classe 2), bloqueado contra penetração longitudinal de água. Diferenciam-se na isolação. O primeiro tem isolação de composto termofixo de borracha EPR 105 °C, enquanto a isolação do cabo Indulink Al Wind é um composto termofixo de polietileno reticulado XLPE 90 °C.

Torres treliçadas www.brametal.com.br

A Brametal destacou

a sua solução de torres treliçadas para suporte de aerogeradores em alturas superiores a 100 metros. Segundo a empresa, a estrutura é ideal para locais de difícil acesso, pois não necessita equipamento especial para transporte e descarga. Além disso, o produto propicia menor impacto ambiental, uma vez que demanda fundações de fácil execução e remoção. Após seu ciclo de vida, as estruturas podem ser recicladas quase que integralmente.

73


Eólica

74

Reportagem

Acessórios desconectáveis www.chardongroup.com | www.enercom.com.br

Torres eólicas www.ge.com/br/renewable-energy

Entre os produtos

Durante o evento, a GE lançou duas

fabricados pela

torres: uma de 87 metros e a híbrida de

Chardon apresentados,

118 metros. A torre híbrida, desenvolvida

estiveram os acessórios

em parceria com a GRI Hybrid Towers,

desconectáveis IEC 42

é uma solução que une a tecnologia de

kV – 1250 A (terminal

concreto com a experiência das torres

T – principal (dianteiro)

de aço, tornando-a mais adaptada ao

/ Terminal T – derivação

território brasileiro. É composta por um

(traseiro)). Os acessórios

segmento de 36 metros de concreto pré-tensionado na base

são totalmente blindados

e mais três seções de aço, que complementam os 118 metros.

e submersíveis, podendo

O novo modelo possui layout prático, molde simples e de fácil

ser montados em cabos de até 20/35 kV e utilizados

transporte.

em painéis, transformadores, comutadores e outros externas e podem ser montados em todos os tipos de cabos

Indicadores de falta www.elos.com.br

poliméricos e em condutores de cobre ou alumínio.

equipamentos. São indicados para aplicações internas ou

A linha ComPass de

indicadores de falta, da

Cabos elétricos www.generalcablebrasil.com

Elos, conta com diversos

indicação de curto F-F e

Os cabos Flexonax Wind 105, da

atributos, entre eles:

General Cable, incorporam o novo

F-T; medição da corrente

composto de EPR sem chumbo para

por fase; armazenamento de até 20 eventos; ajuste do tempo

uso até 105 °C e usam como cobertura

de reset; sinalização local por Led; etc. Uma das diferenças

o material HTP, um novo composto

entre os dois modelos disponíveis – ComPass A e ComPass

desenvolvido pela empresa. Desse modo, o

B – é que o segundo permite a leitura do sentido no qual a

cabo apresenta, segundo a General Cable,

corrente de curto-circuito percorreu. Segundo a empresa, essa

maior capacidade de corrente de curto-

aplicação é importante para redes reticuladas ou com diversas

circuito na blindagem, maior ampacidade e

fontes geradoras de energia, como parques eólicos.

menores perdas na blindagem em regime permanente.

Manutenção de torres de concreto www.mc-bauchemie.com.br

Terminais desconectáveis www.te.com/energy

deslocamentos e vazios

Os terminais

Com a movimentação

das torres, é comum surgirem

desconectáveis

no anel metálico (sistema

RSTI-68/69xx – 35kV,

de ligação entre a base de

630 A a 1250 A, são

concreto e a torre metálica)

fabricados em borracha

que podem comprometer a

de silicone de alta

operação dos aerogeradores.

qualidade que permite

Pensando nisso, a MC-Bauchemie apresenta algumas soluções

a sua instalação em

para a manutenção da torre de concreto. Para resolver problemas

ambientes internos

estruturais do concreto, a empresa oferece uma linha de

e externos, sendo

argamassas especiais para reparos estruturais (Zentrifix), que

indicados para

apresenta resistência compatível com o concreto e inibe corrosão.

aplicação em painéis SF6 ou qualquer dispositivo que possua

Já o MC-Inject é um sistema para recuperação de trincas e fissuras

bucha tipo C para conexão.

de diferentes aberturas, além de preencher vazios.


Reportagem

Eólica

Conversor eólico www.abb.com.br

com um desenho de perfil aerodinâmico de última geração

ruído e um custo significativamente menor da energia dos

Uma das soluções para o setor

eólico da ABB é o conversor eólico ACS800. Como parte do sistema de

garante a máxima produção de energia, níveis reduzidos de produtos de Classe II/III da Gamesa.

ABB auxiliam as turbinas a produzir

Soluções de engenharia para aerogeradores www.thyssenkrupp.com

energia de forma mais econômica,

garantindo baixos custos e alta performance, utilizando o

aerogeradores, a Thyssenkrupp exibiu

conceito “drive train” mais adequado. Eles são refrigerados a

na Brazil Windpower 2016 soluções

água, compactos, têm baixo peso e oferecem alta eficiência

inovadoras de engenharia para

com baixo nível de harmônica. Produzidos no Brasil, possuem

fundação, contenção e escoramento

certificação Finame, contam com suporte de serviços local ao

de valas. O objetivo foi mostrar como

longo do ciclo de vida, que garantem o funcionamento sem

esses sistemas podem auxiliar obras

paradas e com máxima disponibilidade.

de infraestrutura e construção civil

transmissão elétrica, os conversores

Além dos componentes para

em diversos segmentos, a exemplo

Aerogerador www.gamesacorp.com A Gamesa lançou seu

do setor eólico. Entre as soluções

aerogerador G114-2.0 MW, que

de atividades como extração e perfuração de fundações;

apresenta um rotor de 114 metros,

as estacas-prancha, placas de metal plano que substituem

possui uma área varrida 38% maior

estacas convencionais e vigas de concreto; e ainda o martelo

do que o G97-2.0 MW e produz

vibratório Muller MS6, que possibilita a cravação em espaços

20% mais de energia anualmente. A nova pá de 56 metros

confinados, em praticamente qualquer ângulo e posição.

estava o cravador de estacas com torre telescópica tk TL-18, desenvolvido para a execução

75


Solar

76

Artigo

Por Márcio Melquíades, Márcio Eli Souza, Bruno Lopes, Manuel Losada y Gonzalez, Wallace Boaventura e Eduardo Cardoso*

Análise da geração de energia da usina solar fotovoltaica do Mineirão

Os sistemas fotovoltaicos têm experimentado um enorme

O estádio tem um formato oval, com uma cobertura em concreto.

crescimento ao redor do mundo nos últimos anos. Segundo dados do

Esta cobertura é dividida em 88 áreas distintas, denominadas de

relatório REN/21-2014, no final de 2013, a capacidade instalada de

segmentos, separadas por vigas invertidas. Uma vista área com estes

geração fotovoltaica era de 139 GW no mundo. Em 2004, era de apenas

espaços é mostrada na Figura 1.

2,6 GW. Contudo, não houve o mesmo avanço no Brasil. Este tipo de geração passou a ter uma maior divulgação a partir da publicação da Resolução Normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em abril de 2012, que estabeleceu os procedimentos gerais para conexão à rede de mini e microgeradores. Desde então, houve um crescimento desse tipo de usina conectado à rede. Este crescimento deverá ser ainda maior com o aprimoramento desta resolução, ocorrida em novembro de 2015. Esta nova resolução permite a conexão de mini usinas fotovoltaicas de até 5 MW conectadas à rede de distribuição, enquadradas na categoria de minigeração distribuída. Houve também mudanças nas regras que facilitam o processo, como padronização de solicitações de acesso, redução no prazo para a conexão, além da Figura 1 – Vista aérea da USF Mineirão. Fonte [5].

possibilidade de geração compartilhada através de consórcios ou cooperativas.

vários strings. Devido às restrições de interferência na fachada do estádio,

Neste contexto, registra-se também crescimento da geração solar

Nestes segmentos foram instalados painéis fotovoltaicos formando

fotovoltaica, impulsionada pela diminuição dos custos de produção

os painéis não puderam ser elevados, o que os tornariam visíveis a um

aliada ao avanço tecnológico do setor. Espera, portanto, um aumento

observador externo. Na posição instalada, os painéis ficaram sujeitos a

significativo na participação deste tipo de geração nos próximos anos.

sombreamentos durante algumas horas do dia. Assim, optou-se por utilizar

Diversos estudos têm sido realizados através de medições e simulações

inversores do tipo string inverters, ou seja, inversores de pequena potência,

com o objetivo de avaliar o desempenho energético e o impacto desta

normalmente utilizados em instalações comerciais de menor porte. Estes

tecnologia na qualidade de energia. Alguns estudos realizados indicam

inversores possuem três MPPTs independentes, sendo um para cada arranjo

um comprometimento da qualidade da energia devido à inserção de

(fase). Desta maneira, o inversor consegue injetar potências diferentes

usinas solares. Entretanto, ainda há pouca experiência deste tipo

em cada uma das fases, permitindo trabalhar com a máxima potência

de fonte de energia no Brasil. Neste artigo é apresentado um estudo

disponível em cada arranjo. Além das diferenças de potência gerada devido

realizado a partir de dados obtidos durante medições contínuas durante

a eventuais sombreamentos, há também duas combinações possíveis de

um ano na Usina Solar Fotovoltaica (USF) do Mineirão em Belo Horizonte.

arranjos de painéis nos diversos inversores devido à diferença de área entre as diversas seções da cobertura do estádio. Por conta da não elevação dos

O Estádio do Mineirão e sua USF

painéis, há grande diferença de sombreamento dos painéis nos diversos horários e também nas diversas estações do ano.

O Estádio do Mineirão está localizado na região da Pampulha, em

Contudo, apesar de haver uma associação relativamente elevada de

Belo Horizonte, possuindo uma capacidade de público atual de 58.170

inversores em desequilíbrio, buscou-se um balanceamento de fases, de

pessoas. O Estádio integra-se ao conjunto arquitetônico da Pampulha e,

modo que a USF opere razoavelmente equilibrada.

por isso, sua fachada é tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico

de Belo Horizonte. O Estádio foi escolhido para ser uma das sedes da

Estas são denominadas de salas técnicas (ST). As STs são conectadas

copa do Mundo FIFA 2014. Para isto, passou por uma ampla reforma,

a duas subestações (SE) elevadoras de tensões de 380 V para 13,8 kV.

quando foi construída pela Cemig, em sua cobertura, a USF.

Cada SE tem um transformador de 750 kVA e está conectada a quatro STs.

Existem oito salas de inversores com onze inversores em cada sala.


Artigo

Solar

77

Uma SE é denominada de SE Norte e a outra de SE Sul em função da posição geográfica onde estão instalados os painéis solares e as SEs. Conexão à concessionária

O Estádio do Mineirão é alimentado por duas linhas de distribuição subterrâneas (LDS) exclusivas

(ramais expressos) em 13,8 kV a partir das SEs Maracanã e Pampulha. A primeira LDS é a responsável pela alimentação do Estádio Mineirão como alimentador principal, enquanto a segunda LDS fica como reserva para o caso de falha da primeira. Há um barramento de comutação dessas duas LDS na SE de conexão do estádio com a rede da concessionária. Esta SE tem duas saídas de energia, sendo uma para o próprio estádio e uma para a USF. Desde a inauguração da usina não houve necessidade de mudança no ramal que atende ao estádio, sendo este ligado sempre na SE Maracanã. Medições no estádio

As medições foram iniciadas no período de testes na usina, ocorridos no início de 2014. Entretanto,

neste período, houve diversos problemas que impediram medição contínua desde o início, tais como a queima de equipamentos de medição e proteção, as dificuldades de acesso durante o período da copa do Mundo e o desligamento da usina. Somente a partir de setembro de 2014 foi possível realizar medições de forma contínua no ponto de conexão com a rede da concessionária e nas duas SE da usina. Desde então, foram feitas medições pontuais e temporárias em outros pontos da usina, como na saída de alguns inversores, na conexão das salas técnicas e na SE da concessionária (SE Maracanã). Neste artigo são apresentados os resultados das medições realizadas no ponto de conexão da usina com a rede da concessionária juntos aos medidores de fronteira, considerando o período de 1º de outubro de 2014 a 30 de setembro de 2015. Sendo assim, a energia medida corresponde à energia gerada no período menos as perdas internas da usina, como perdas nos cabos, perdas nos transformadores e consumo dos equipamentos próprios da usina. Para facilitar a visualização dos gráficos, os dados foram ordenados de janeiro a dezembro.

As medições foram realizadas utilizando analisadores digitais de qualidade de energia. O medidor

possui classe de exatidão de 0,1% de tensão e de 0,5% para a corrente. Sua taxa amostral é de 500 amostras por ciclo e conversor analógico digital de 16 bits. Nele foram registradas diversas grandezas, como: potência ativa, reativa e aparente, tensão, corrente, fator de potência, Distorção Harmônica Total de tensão (DHT-V), Distorção Harmônica Total de Corrente (DHT-I), módulos e ângulos de harmônicos de tensão e corrente (ímpares até 49º ordem e pares até a 14º ordem). Foi utilizado intervalo de integração de cinco minutos. Dados meteorológicos Foram utilizados dados históricos da estação Pampulha do Instituto Nacional de Meteorologia. Esta estação fica situada a aproximadamente de 2,5 km de distância do estádio.

Resultados de medições

Na Figura 2 são mostrados valores de potência total medida durante o período analisado. Percebe-se

Figura 2 - Potência total gerada


Solar

78

Artigo

que a menor potência média mensal gerada ocorreu no mês de junho. Nota-se

Na Tabela 2 é mostrada a energia total gerada, descontados as

também uma interrupção na geração ocorrida durante três dias no mês de

perdas e o consumo interno da usina no período noturno. Percebe-se

novembro devido a um desligamento da usina.

que no segundo semestre a geração foi ligeiramente superior mesmo considerando o número de dias.

Esta maior geração pode ser explicada em parte observando a Figura

5, em que são mostradas a insolação e a precipitação pluviométrica no local. Percebe-se um maior volume de chuva no primeiro semestre.v

Figura 3 – Potência gerada x radiação.

Na Figura 3 são mostradas a curva da potência máxima diária e a

curva da radiação solar máxima diária. Percebe-se que a menor radiação ocorre exatamente no período de menor geração. Contudo, não se percebe uma relação direta durante todo este período. Foi feita uma análise utilizando o coeficiente de correção. O módulo do coeficiente de correlação varia entre 0 (baixa correlação) e 1 (forte correlação entre as grandezas). Fazendo a correlação entre a potência gerada e a radiação solar máxima, obtém-se os seguintes valores: Tabela 1 – Correlação entre radiação e potência

Período

Correlação (ρ)

Anual

0,55

Janeiro a junho

0,60

Julho a dezembro

0,55

Figura 5 – Insolação e precipitação

Pela Tabela 1 percebe-se que há uma maior correlação entre a

A Figura 6 exibe a energia gerada diária e a curva da radiação solar

medida no mesmo período.

radiação máxima e a potência máxima no primeiro semestre.

Na Figura 4 é mostrado o gráfico da energia (kWh) produzida por mês

no período analisado. Os meses com maior geração foram os meses de janeiro, outubro e novembro, respectivamente.

Figura 6 – Energia diária e radiação solar.

Percebe-se uma menor variação da energia total diária gerada nos

diversos meses do ano. Pela Tabela 3 nota-se uma grande correlação entre a energia gerada e a radiação solar, sendo esta mais acentuada no primeiro semestre.

Figura 4 – Energia gerada em um ano.

Tabela 2 – Energia total gerada

Período

Número de dias

Média diária (MWh)

Energia gerada (MWh)

Anual

365

4,80

1754

Janeiro a junho

181

4,63

838

Julho a dezembro

184

4,98

915



Solar

80

Artigo

Tabela 3 – Correlação entre radiação e energia

Período

Correlação

de conexão da usina com a rede durante o período de um ano. Foram

Anual

0,90

observados os coeficientes de correlação entre a energia gerada os dados

Janeiro a junho

0,95

meteorológicos. A análise destes fatores permite avaliar se a disposição

Julho a dezembro

0,87

pouco convencional dos painéis influencia na geração de energia ao logo de um ano. Em alguns casos, esperava-se uma maior correlação entre

Na Figura 7 é mostrada a curva da energia gerada em função das

energia gerada e fatores metrológicos.

temperaturas mínimas e máximas diárias. A Figura 8 apresenta a geração de energia em função da insolação diária (horas de sol por dia).

Referências

Como esperado, percebe-se que há uma forte correlação entre a geração e a insolação.

Figura 7 – Energia gerada e a temperatura.

Figura 8 – Energia gerada e insolação diária

Na Tabela 4 é mostrado o coeficiente de correlação da insolação

diária com a energia gerada. Neste caso, a correlação foi ligeiramente superior no segundo semestre. Tabela 4 – Correlação entre insolação e energia

Período

Correlação

Anual

0,73

Janeiro a junho

0,70

Julho a dezembro

0,75

O estudo das correlações e a análise dos gráficos permitem avaliar se

a disposição dos painéis na cobertura, acompanhado a geometria oval do estádio, pode afetar a efetiva geração da usina. Nas próximas etapas desta análise será feita uma comparação entre a geração das duas seções da usina e avaliados também outros indicadores obtidos nas medições.

Conclusões

Neste artigo foram mostrados os resultados parciais de medições

de energia gerada na USF Mineirão. Foram realizadas medições no ponto

[1] REN21 – 2014. Renewables 2014 Global Status Report. Paris. Disponível online em <http://www.ren21.net/ status-of-renewables/ global-status-report>. Acesso em 05/01/2016. [2] BRASIL. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. “Resolução Normativa Nº 482, de 17 de Abril de 2012”. [3] BRASIL. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. “Resolução Normativa Nº 682, de 24 de novembro de 2015”. [4] MARTIFER SOLAR, “Usina Solar Fotovoltaica USF-Mineirão”. Belo Horizonte - MG, 2013. [5] A. Monteiro Júnior, Modelagem da usina fotovoltaica do Estádio do Mineirão para estudos de propagação harmônica, Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. [6] CEMIG D, “Informação de Acesso para conexão da usina solar fotovoltaica Mineirão ao sistema elétrico de média tensão da CEMIG D”. Belo Horizonte - MG, 2011. [7] CEMIG, “ND-5.31 - Requisitos para a conexão de Acessantes Produtores de Energia Elétrica ao Sistema de Distribuição Cemig – Conexão em Média Tensão,” Belo Horizonte, 2011. [8] Instituto Nacional de Meteorologia. Série Histórica. Disponível online em < http://www.inmet.gov.br/> Acesso em 05/01/2016. Márcio Melquíades Silva é engenheiro eletricista, mestre em tecnologia pelo CEFET-MG e Doutor em Engenharia Elétrica pela UFMG. Participou de projetos de Pesquisa na UFMG. Desde 2006 é professor no CEFET-MG. Marcio Eli Moreira de Souza é engenheiro eletricista, especialista em Sistemas Elétricos de Potência e mestre em Geração Distribuída pela UFMG (2014). É engenheiro sênior de tecnologia e normalização da Efficientia/Cemig. Coordenou o Grupo de Geração Distribuída da ABRADEE para elaboração das normas de conexão das distribuidoras. Coordenou a elaboração da norma de acesso CEMIG e gerenciou projetos de P&D Cemig/Aneel. Bruno Marciano Lopes é graduado, mestre e doutorando em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalha desde 2006 na Gerência de Estudos Tecnológicos e Alternativas Energéticas da Cemig. Manuel Losada y Gonzalez é graduado, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desde 1998 é docente do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG, tendo atuado na graduação e pós-graduação. Foi Membro do IEEE e atualmente é membro da Associação Brasileira de Eletrônica de Potência (ISOBRAEP) e membro do conselho de administração da Sociedade Brasileira de Qualidade de Energia Elétrica-SBQEE. Wallace do Couto Boaventura possui graduação (1988) e mestrado (1990) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e obteve o título de Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Campinas (UNICAMP) em 2002. É professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG desde 1992. Eduardo Nohme Cardoso é engenheiro eletricista, mestre pela PUC-RJ e doutor pela UFSC. Desde 1980 é docente do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG, tendo atuado na graduação e pós-graduação. Coordenou diversos cursos e projetos de P&D.



APOIO



84

Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

GTD ainda patina Estudo da Abinee mostra que o setor ainda sofre com falta de investimentos. Este quadro pode ser sentido a partir das informações coletadas pela pesquisa da revista O Setor Elétrico com prestadores de serviços para GTD Em março de 2016, a Associação

área de geração é a única que se mantém

Algo

Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica

estável, com investimentos ocorrendo de

empresas da área de transmissão. Na

(Abinee) divulgou estudo com dados

acordo com os cronogramas previstos.

pesquisa de 2015, 19% disseram que o

referentes ao desempenho das empresas

Inseridos nesta área, os prestadores

mercado faturara, em 2014, até R$ 50

do setor. Especificamente sobre a área de

de serviços para GTD, que participaram de

milhões. No levantamento deste ano, o

Geração, Transmissão e Distribuição de

recente pesquisa realizada pela O Setor

número de prestadores que afirma que

energia (GTD), o levantamento registrou

Elétrico, também parecem não estar em

o mercado faturou até R$ 50 milhões

um quadro nada animador. Segundo a

seus melhores momentos, apresentando

no ano passado cresceu para 26%. Já a

pesquisa, as concessionárias de energia

números não tão satisfatórios como no

porcentagem de prestadores afirmando

elétrica, principalmente dos segmentos de

passado, demonstrando assim um certo

que o tamanho do mercado gira entre R$

transmissão e distribuição, ainda sofrem o

descontentamento com a atual situação

500 milhões e R$ 1 bilhão caiu de 29%

impacto da contenção dos investimentos,

econômica do país. Os entrevistados do

para 26% do levantamento de 2015 para

que, no caso de transmissão, está sendo

segmento de distribuição, por exemplo,

o deste ano.

causado pela pouca atratividade dos

declararam, em sua maior parcela (26%),

leilões, e, no caso de distribuição, pela

que o tamanho do mercado das empresas

manteve mais estável, assim como indicado

situação financeira difícil. Conforme a

do segmento em 2015 foi de até R$ 50

no estudo da Abinee. Conforme a pesquisa

Abinee, mesmo com os reajustes tarifários,

milhões. Na pesquisa do ano passado,

da revista O Setor Elétrico, a maioria

a situação das distribuidoras não melhorou,

a maioria dos prestadores de serviços

dos entrevistados (32%) acredita que o

porque parcela expressiva destes recursos

de distribuição (31%) disseram que o

mercado tenha faturado em 2015 entre R$

foi destinada ao pagamento de custos

mercado havia faturado, em 2014, entre

500 milhões e R$ 1 bilhão. No levantamento

decorrentes da geração emergencial. A

R$ 100 milhões e R$ 500 milhões.

do ano passado, 28% dos prestadores

semelhante

ocorreu

com

as

Já a área de geração foi a que se


85

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

responderam

que

o

mercado

havia

companhias no mesmo ano em 2015. Para

faturado essa quantia. Em compensação, a

2016, os entrevistados esperam que o

porcentagem de empresas que acreditam

crescimento médio se mantenha, girando

que o tamanho anual do mercado é acima

em torno também de 12%. Em relação ao

de R$ 1 bilhão apresentou queda, saindo

crescimento do tamanho total do mercado

de 29% na pesquisa de 2015 para 18% na

de GTD em 2016, as empresas que

pesquisa de 2016.

responderam ao levantamento esperam

Confira a seguir a pesquisa na íntegra:

Análise do mercado brasileiro de prestadores de serviços para Geração, Transmissão e Distribuição de energia (GTD)

As mudanças de 2015 para 2016 da

que este seja de 16%. Entre os motivos

percepção dos prestadores de serviços de

que justificam a previsão do crescimento

principais clientes dos prestadores de

GTD a respeito do mercado fizeram com que

de suas empresas, a desaceleração da

serviço para GTD que responderam à

eles projetassem um crescimento de suas

economia brasileira continua sendo o

pesquisa, sendo apontadas por 64% dos

empresas para este ano igual ao registrado

principal. Mas se na pesquisa de 2015,

entrevistados. Em segundo lugar, vem as

no ano passado. Conforme levantamento,

27% apontavam crise econômica como

distribuidoras de energia elétrica (56%) e,

os prestadores afirmaram ter aumentado

fator

em terceiro lugar, as geradoras de energia

em 12%, na média, o faturamento de suas

deste ano, esse número saltou para 40%.

preponderante,

no

levantamento

As empresas de engenharia são os

elétrica (44%).


Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Principais clientes

Empresas manutenção de redes

22%

Empresas comercialização de energia elétrica

22%

Empresas montagem de redes de transmissão

25%

Empresas montadoras de equipamentos

36% 36%

Empresas montagem de redes de distribuição Empresas transmissoras de energia elétrica

36%

Empresas geradoras de energia elétrica

44%

Empresas distribuidoras de energia elétrica

56%

Empresas engenharia

64%

Os números relacionados às certificações ISO continuam basicamente os mesmos

dos apurados no ano passado. Na ocasião, 36% dos entrevistados afirmaram possuir ISO 9001 (de qualidade) e 18% disseram ter a ISO 14001 (ambiental). Na pesquisa deste ano, estes valores foram de 33% e 14% respectivamente. Certificações ISO

ISO 14001 (ambiental)

14% 33%

ISO 9001 (qualidade)

Assim como na pesquisa feita em 2015, a grande maioria dos prestadores de serviço

declarou faturar até R$ 5 milhões ao ano. No ano passado, 54% fizeram tal afirmação. Neste ano, 57% disseram isso, registrando um discreto aumento. Faturamento bruto anual dos prestadores de serviços em 2015 7% 4%

11%

3%

De R$ 100 milhões a R$ 300 milhões

De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões

De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões 7%

De R$ 10 milhões a R$ 20 milhões 11%

De R$ 5 milhões a R$ 10 milhões

Acima de R$ 300 milhões

57%

Até R$ 5 milhões



88

Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Conforme a pesquisa deste ano, 18% das empresas

Os prestadores de serviços para GTD que participaram

pesquisadas acreditam que o tamanho anual do mercado de

da pesquisa afirmaram ter crescido 12% em 2016. Receosos

serviços para geração de energia elétrica gire acima de R$ 1

com a situação econômica do país, foram ponderados em seus

bilhão. No levantamento do ano passado, 29% acreditavam nesse

planejamentos, prevendo crescer também 12% em 2016. O

número.

segundo fator que mais influencia vem bem atrás: o desaquecimento

Tamanho anual do mercado de serviços para a geração de energia elétrica em 2015 18 %

Acima de R$ 1 bilhão

29%

do setor da construção civil, apontado por 15% dos prestadores de serviços. Previsões de crescimento

Até R$ 50 milhões

7%

De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões 32%

De R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão

16%

14%

De R$ 100 milhões a R$ 500 milhões

12% 12%

No que diz respeito ao tamanho anual do mercado de serviços

Previsão de crescimento do tamanho anual total do mercado para o ano de 2016

Previsão de crescimento das empresa em 2016 Percentual de crescimento das empresas em 2015 comparado ao ano anterior

para a transmissão de energia, as empresas que acreditam que o mercado fature até R$ 50 milhões e as empresas que estimam que o mercado fature entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão ao ano dividiram-se igualmente, com 26% cada.

Tamanho anual do mercado de serviços para a transmissão de energia elétrica em 2015 22%

Acima de R$ 1 bilhão

O fator que mais interfere no crescimento para o mercado

de GTD em 2016, segundo os entrevistados, é a desaceleração da economia brasileira, tendo sido apontada por 40% dos

26%

Até R$ 50 milhões

pesquisados. Fatores que devem influenciar o mercado de serviços para GTD em 2016

11%

De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões 26%

De R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão

9%

15%

Outros

De R$ 100 milhões a R$ 500 milhões 9%

Os participantes do levantamento que acreditavam que o mercado

de distribuição faturava de R$ 100 milhões a R$ 500 milhões caíram

Falta de normalização e/ou legislação

4%

Programas de incentivo do governo 2%

Bom momento econômico do país

de 31% em 2015 para 17% em 2016. 8%

Incentivos por força de legislação ou normalização

Tamanho anual do mercado de serviços para distribuição de energia elétrica em 2015 14%

Acima de R$ 1 bilhão

31%

6%

Até R$ 50 milhões

Reflexos da crise hídrica

40%

Desaceleração da economia brasileira

7% 7% 31%

De R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão

De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões 17%

De R$ 100 milhões a R$ 500 milhões

Projetos de infraestrutura

15%

Setor da construção civil desaquecido



Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

www.afap.com.br

Santa Bárbara D´Oeste

SP

Barbosa & Andrade

(31) 3551-6351

www.barbosandrade.com.br

Ouro Preto

MG

Cocel

(41) 8007262121 www.cocel.com.br

Campo Largo

PR

CPFL Serviços

(19) 3682-8700

www.solucoescpfl.com.br

São José do Rio Pardo

SP

x

x

Dutra Lacroix Engenharia

(11) 5573-2327

www.dutralacroix.com.br

São Paulo

SP

x

x

Ecoluz Solar do Brasil

(71) 2108-9200

www.ecoluz.com.br

SALVADOR

BA

x

Eletech Engenharia

(49) 3433 9805

www.eletech.com.br

Xanxerê

SC

Energia Pura

(24) 3371-1132

www.energiapura.com

Paraty

RJ

Enserv Engenharia

(81) 3312-3422

www.enservengenharia.com.br Olinda

RE

Etelbra Engenharia

(11) 3392-8106

www.etelbra.com.br

Rio de Janeiro

RJ

Focus Engenharia Elétrica

(19) 3873-5768

www.focusengenharia.eng.br

Santa Bárbara d'Oeste

SP

Gazquez Painéis Elétricos

(11) 3380-8080

www.gazquez.com.br

Mairiporã

SP

Gceng Engenharia e Montagens

(41) 3373-7374

www.gceng.com.br

Curitiba

PR

Iguaçumec Eletromecânica Ltda

(43) 3401-1000

www.iguacumec.com.br

Cornélio Procópio

PR

x

x

Institutos Lactec

(41) 3361-6200

www.lactec.org.br

Curitiba

PR

x

x

x

LPEng Engenharia

(11) 2901-7033

www.lpeng.com.br

São Paulo

SP

x

x

x

Marques Engenharia

(83) 3578-3781

wilfmarques@gmail.com

João Pessoa

PB

Marques Engenharia

(83) 3578-3781

www.marqueseng.com.br

João Pessoa

PB

x

x

x

www.masalupri.com.br

Rio de Janeiro

RJ

x

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x

Masalupri Eng. Manut. e Serv. de Consul. Elét. (48) 3496-0644

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Manutenção

(19) 3464-5650

x

Operação

AFAP Eletromecânica e Eletrônica Ltda

x

x

Consultoria

SC

Instalação

Florianópolis

Projeto

www.acrtecnologia.srv.br

x

Outros

(48) 3269-5559

Distribuição

Direção de obra

ACR Tecnologia

Vistorias

x

Manutenção

x

SP

Operação

SP

Guarulhos

Consultoria

São Paulo

www.acabine.com.br

Instalação

www.abb.com.br

(11) 2842-5252

Outros

(11) 3688-9003

Acabine Materias Elétricos Ltda

Projeto

Instalação

ABB

Direção de obra

Estado

Fiscalização de obra

Cidade

TRANSMISSÃO

Vistorias

Site

Manutenção

Telefone

Operação

EMPRESA

Projeto

Consultoria

Geração

Fiscalização de obra

90

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O Setor Elétrico / Setembro de 2016

(62) 3091-4141

www.nathusa.com.br

Goiania

GO

x

x

Nefag Engenharia

(11) 4586-2897

www.nefag.com.br

Jundiaí

SP

x

x

Nipo Brasileira

(11) 4066-2900

www.nipo-br.com.br

Diadema

SP

Omega Construções Eletricas

(19) 3645-9096

www.omegaportal.com.br

Americana

SP

x

x

x

x

x

x x

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x

x

x

Power Solutions Brasil

(11) 3181-5157

www.psolutionsbrasil.com.br

São Paulo

SP

x

x

x

x

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x

x

x

x

x

Quality Engenharia

(71) 3341-1414

www.qualityltda.com.br

Salvador

BA

RTB Engenharia

(19) 3213-4200

www.rtbeng.com.br

Campinas

SP

x

Schneider Electric

0800 7289 110

www.schneider-electric.com.br

São Paulo

SP

x

x

x

SEL

(19) 3515-2000

www.selinc.com.br

Campinas

SP

Siemens

(11) 4585-8040

www.siemens.com.br/energyservices Jundiaí

SP

x

x

x

TC Watt Construções Elétricas

(53) 3243-9007

www.tcwatt.com.br

Dom Pedrito

RS

x

x

Treetech

(11) 2410-1190

www.treetech.com.br

Atibaia

SP

URKRAFT

(11) 3662-0115

www.urkraft.com.br

Sao Paulo

SP

x

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Manutenção

Nathusa Transformadores

x

Operação

SP

Consultoria

São Paulo

Instalação

www.megabras.com

Projeto

(11) 3254-8111

Outros

Megabras

Estado

Direção de obra

Cidade

Distribuição

Fiscalização de obra

Site

Vistorias

Telefone

Manutenção

EMPRESA

Operação

Consultoria

Instalação

Outros

Projeto

Direção de obra

Fiscalização de obra

TRANSMISSÃO

Vistorias

Manutenção

Operação

Consultoria

Instalação

Projeto

Geração

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x


Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD

Florianópolis

SC

AFAP Eletromecânica e Eletrônica Ltda

(19) 3464-5650

www.afap.com.br

Santa Bárbara D´Oeste

SP

Barbosa & Andrade

(31) 3551-6351

www.barbosandrade.com.br

Ouro Preto

MG

Cocel

(41) 8007262121 www.cocel.com.br

Campo Largo

PR

x x x

x

CPFL Serviços

(19) 3682-8700

www.solucoescpfl.com.br

São José do Rio Pardo

SP

x

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Dutra Lacroix Engenharia

(11) 5573-2327

www.dutralacroix.com.br

São Paulo

SP

x x x

Ecoluz Solar do Brasil

(71) 2108-9200

www.ecoluz.com.br

SALVADOR

BA

Eletech Engenharia

(49) 3433 9805

www.eletech.com.br

Xanxerê

SC

Energia Pura

(24) 3371-1132

www.energiapura.com

Paraty

RJ

Enserv Engenharia

(81) 3312-3422

www.enservengenharia.com.br Olinda

RE

x x x x

Etelbra Engenharia

(11) 3392-8106

www.etelbra.com.br

Rio de Janeiro

RJ

x

Focus Engenharia Elétrica

(19) 3873-5768

www.focusengenharia.eng.br

Santa Bárbara d'Oeste

SP

Gazquez Painéis Elétricos

(11) 3380-8080

www.gazquez.com.br

Mairiporã

SP

Gceng Engenharia e Montagens

(41) 3373-7374

www.gceng.com.br

Curitiba

PR

Iguaçumec Eletromecânica Ltda

(43) 3401-1000

www.iguacumec.com.br

Cornélio Procópio

PR

Institutos Lactec

(41) 3361-6200

www.lactec.org.br

Curitiba

PR

x x x

LPEng Engenharia

(11) 2901-7033

www.lpeng.com.br

São Paulo

SP

x

Marques Engenharia

(83) 3578-3781

wilfmarques@gmail.com

João Pessoa

PB

Marques Engenharia

(83) 3578-3781

www.marqueseng.com.br

João Pessoa

PB

www.masalupri.com.br

Rio de Janeiro

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x 1982

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x 1988

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x 1981

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x 1996

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x 1992

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1990

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x 2008

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x 1989

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Ano de inicio de atividades da empresa

www.acrtecnologia.srv.br

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Compra produtos, equipamentos, componentes, etc

(48) 3269-5559

Possuem Certificado ISO 14001

ACR Tecnologia

Programas na area de responsabilidade social

SP

Acima de 100

SP

Guarulhos

Possuem Certificado ISO 9001

São Paulo

www.acabine.com.br

De 30 a 50

www.abb.com.br

(11) 2842-5252

De 10 a 30

(11) 3688-9003

Acabine Materias Elétricos Ltda

Até 10

ABB

Montadoras de equipamento

Estado

Outros

Cidade

Manutenção de redes

Site

Engenharias

Telefone

Montagem de redes de transmissão

Montagem de redes de distribuição

Comercialização de energia elétrica

Distribuidoras de energia elétrica

Transmissoras de energia elétrica

Outros

EMPRESA

Masalupri Eng. Manut. e Serv. de Consul. Elét. (48) 3496-0644

Número de funcionários

Principais Clientes

Geradoras de energia elétrica

Direção de obra

Fiscalização de obra

Vistorias

Distribuição

Especifica produtos, equipamentos, componentes, fornecedores

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

De 50 a 100

92


93

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Omega Construções Eletricas

(19) 3645-9096

www.omegaportal.com.br

Americana

SP

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x x x

Power Solutions Brasil

(11) 3181-5157

www.psolutionsbrasil.com.br

São Paulo

SP

x x

x x x

Quality Engenharia

(71) 3341-1414

www.qualityltda.com.br

Salvador

BA

x x

RTB Engenharia

(19) 3213-4200

www.rtbeng.com.br

Campinas

SP

x x x

Schneider Electric

0800 7289 110

www.schneider-electric.com.br

São Paulo

SP

SEL

(19) 3515-2000

www.selinc.com.br

Campinas

SP

x

Siemens

(11) 4585-8040

www.siemens.com.br/energyservices

Jundiaí

SP

x x x

x

x

TC Watt Construções Elétricas (53) 3243-9007

www.tcwatt.com.br

Dom Pedrito

RS

x

x

x

Treetech

(11) 2410-1190

www.treetech.com.br

Atibaia

SP

URKRAFT

(11) 3662-0115

www.urkraft.com.br

Sao Paulo

SP

x

x

x

x

x

x

x x x

x

x

x 1976

x

x

x

x

x

x x x x

x

x x x

x

x

x 1995 x 1988

x

x 1987

x

x 2004

x

x 2006

x

x

x 1967

x x

x

x

x 1947

x

x x x

x

x

x 1912

x

x

x 1959

x

x 1967

x x

x 1988

x

x x

x

x

x

x

x x x x

x

x

x x x

x x x

x 1991

x x x

x x

x

x

Ano de inicio de atividades da empresa

SP

x

x

Compra produtos, equipamentos, componentes, etc

Diadema

x

Especifica produtos, equipamentos, componentes, fornecedores

www.nipo-br.com.br

x

Possuem Certificado ISO 14001

(11) 4066-2900

x x

Programas na area de responsabilidade social

Nipo Brasileira

x

x

x

Acima de 100

SP

Possuem Certificado ISO 9001

GO

Jundiaí

De 50 a 100

Goiania

www.nefag.com.br

x

De 30 a 50

www.nathusa.com.br

(11) 4586-2897

De 10 a 30

(62) 3091-4141

Nefag Engenharia

Montadoras de equipamento

Nathusa Transformadores

x

Outros

SP

Manutenção de redes

Estado

São Paulo

Engenharias

Cidade

www.megabras.com

Montagem de redes de transmissão

Site

(11) 3254-8111

Montagem de redes de distribuição

Telefone

Megabras

Comercialização de energia elétrica

Distribuidoras de energia elétrica

Transmissoras de energia elétrica

Outros

EMPRESA

Até 10

Número de funcionários

Principais Clientes

Geradoras de energia elétrica

Direção de obra

Fiscalização de obra

Vistorias

Distribuição

x x x

x


Espaço 5419

Espaço 5419 Por Sergio Roberto Santos*

Nadando contra a corrente

A norma ABNT NBR 5419:2015 -

de­p ende, entre outras MPSs, de colocar

Proteção contra descargas atmosféricas

o objeto da proteção dentro da ZPR

apresenta uma série de medidas para

adequada.

evitar danos às instalações elétricas e

seus equipamentos eletroeletrônicos.

da melhor forma possível, condutores

Para aplicar estas medidas de forma

normalmente energizados na fronteira

correta é necessário, preliminarmente,

entre duas ZPRs, minimizando o surto

apagar algumas ideias preconcebidas

originado em uma ZPR mais exposta

que nunca funcionaram, mas persistem

às sobretensões, ou sobrecorrentes,

nas cabeças de muitos profissionais.

transitórias diminuindo seus valores à

jusante da sua instalação.

Uma delas é associar as Medidas de

A função do DPS é equipotencializar,

Proteção contra Surtos (MPS), descritas

Por isso os DPSs são classificados

na parte 4 da norma, unicamente à

em

especificação da corrente do Dispositivo

equivocada a comparação entre DPSs

de Proteção contra Surtos (DPS). Ainda

de tipos diferentes.

hoje existe a ideia de que quão maior

a corrente de surto do DPS, melhor ele

da empresa, centro das suas operações,

protegerá os equipamentos.

significa posicioná-lo dentro de uma

três

tipos,

sendo

totalmente

Como exemplo, proteger o servidor

A ABNT NBR 5419:2015 considera

ZPR 3, que pode já existir ou ser criada

que a proteção de um equipamento

para este fim. Desta forma, percebemos

está garantida quando ele se encontra

também outro equívoco, considerar as

adequadamente dentro da Zona de

partes 3 e 4 da norma completamente

Proteção contra Raios 3 (ZPR 3) ¹, ou,

independentes.

em casos muito críticos, ZPRs de índices

maiores. Por este motivo, a pro­ t e­

uma tomada. Ela pode encontrar-se na

ção contra sobretensões transitórias

ZPR1 ou ZPR2, neste caso, protegida

Preste

atenção

no

exemplo

de


95

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

respectivamente por um DPS tipo I

for seguida, não estaremos aplicando

contra raios”, publicado nesta seção, na

ou II. Mas o componente eletrônico

corretamente a ABNT NBR 5419:2015,

edição 114 da revista O Setor Elétrico.

alimentado por esta tomada deverá estar

e, aí, a proteção dependerá da sorte do

na ZPR3, protegido por um DPS tipo III.

projetista e de seu cliente.

A fronteira entre as ZPRs 2 e 3, neste caso, será formada pelo invólucro do equipamento. Tomadas e equipamentos são

protegidos

de

forma

diferente

porque a suportabilidade a tensões impulsivas da tomada é, geralmente, diferente

da

suportabilidade

dos

equipamentos alimentados por ela. Toda

dificuldade

proteção

contra

encontrada

surtos

deve-se

na às

complexidades na localização das ZPRS, cujos exemplos estão apresentados na parte 4 da própria norma.

A sugestão mais correta para quem

quiser

realmente

entender

como

proteger as instalações elétricas, e seus equipamentos, é estudar as ZPRs e depois rever seus conceitos de DPSs. Após isto, os DPSs lhe parecerão mais fáceis, o custo com estes dispositivos se reduzirá e aumentará a eficácia da proteção contra surtos em seus próximos projetos.

Caso continuemos a especificar um

DPS pensando apenas nos “kA” que ele vai conduzir nossos projetos, estaremos condenados ao fracasso, a menos que o Deus do Trovão tenha piedade de nós. Informações indispensáveis, como o nível de proteção (Up), a sua forma de onda e o local de instalação do DPS estão contidas na definição do seu tipo. Ao especificar um DPS a partir do seu tipo estamos determinando a maior parte do que é necessário nesta especificação.

Devemos escolher o tipo do DPS

correto para aquele local da instalação, o que é muito fácil, e depois calcular qual deve ser a sua corrente, o que não é difícil. Se esta sequência não

*Sergio Roberto Santos é engenheiro eletricista e membro da comissão de estudos

¹ Ver o artigo “Zonas de proteção

CE 03:64.10, do CB-3 da ABNT.


96

Espaço 5410

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Por Eduardo Daniel*

Grupos de trabalho dividem tarefas na revisão da NBR 5410 A reunião da CE 03:064.001 - Instalações

base preparado pelo GT fotovoltaico da

Estudos. Além disso, uma leitura em conjunto

elétricas de baixa tensão ocorrida em

complementação da ABNT NBR 5410 sobre

pode suscitar a discussão de pontos que

setembro foi uma das mais produtivas desde o

requisitos de projeto, construção e verificação

não apareceriam em uma análise baseada

início do processo de revisão da norma ABNT

de

também

somente à distância e individualmente, que

NBR 5410:2004. Uma visão que se consolidou

baseada em documentos internacionais e na

foi o que ocorreu nessa última reunião. Apesar

nesta reunião foi a de que não basta revisarmos

experiência de quase 40 especialistas que

de parecer um item “sem importância”, uma

o texto-base somente porque a nossa

participaram ativamente das atividades do

definição já normalizada ou que pudesse ter

“norma-mãe” da IEC foi alterada, mas sim,

GT em 14 reuniões presenciais realizadas,

uma leitura diferente do usuário da norma

por consenso entre seus participantes de que

desde abril de 2015. O texto final tornou-se

final mostra-se extremamente crítico para

se conhecem os motivos reais das alterações e

disponível aos membros da plenária da CE no

a qualidade do documento final. É melhor,

que existe todo um conjunto de documentos

mês de agosto de 2016. Avançou-se bastante

mais seguro e prudente investir mais tempo

“filhotes” igualmente importantes.

na leitura do projeto de 70 páginas, com

nas discussões nesta fase do que esperar um

Na última coluna publicada, tratamos de

cerca de 40% já lido, alterado em algumas

retorno de votação da consulta nacional para

parte dessas alterações no capítulo 5.1.2.2.4,

definições e validado pela plenária, em meio

rediscutir pontos já consolidados.

“Seccionamento automático da alimentação”

dia de reunião.

Os membros do GT constituem um

em função do esquema de aterramento

Foi muito debatida a necessidade de

verdadeiro estudo de caso para o processo

adotado. Uma análise e pesquisa muito bem-

leitura integral do texto já elaborado por

de normalização da ABNT pela qualidade

feitas por alguns participantes mostraram que

especialistas da área, porém, aproveito para

e cuidado que foram demonstrados na

as dúvidas da Comissão foram sanadas e as

lembrar que, em primeiro lugar, esse ritual é

elaboração do texto lido, o que irá permitir

alterações do texto, finalmente, tornaram-se

obrigatório pelo regimento das Comissões

que se complete o processo em breve.

claras e confiáveis, o que será descrito na

de Estudo da ABNT e, na verdade, tem uma

Importante ressaltar que a sequência de

próxima reunião, a ser realizada em outubro.

razão de ser. Um Grupo de Trabalho (GT) deve

assuntos agendados para a Comissão foi

Com isso, encerra-se um ciclo que foi

ser criado justamente para assessorar uma

alterada justamente para permitir que este

desgastante de discussões e para o qual,

Comissão por falta de tempo disponível nas

importante documento seja publicado, já que

conseguiu-se o consenso. E anda-se mais um

plenárias ou, ainda, por permitir a extensão

dele dependem estruturas de treinamento,

pouco no texto.

de participantes mais especializados, no

processos de certificação de pessoas e de

Como havia sido comentado também na

entanto, a responsabilidade pela validação

instalações fotovoltaicas, cuja lacuna vem

coluna anterior, teve início a leitura do texto-

de suas propostas é sempre da Comissão de

causando desconforto naqueles que querem

instalações

fotovoltaicas,


O Setor Elétrico / Setembro de 2016

97

garantir a qualidade e a segurança desse tipo de tecnologia e que pode ser questionada no futuro por seus usuários, projetistas e empresas de distribuição de energia elétrica, todos muito impactados pela alternativa da geração distribuída. Além disso, a geração fotovoltaica é a modalidade que tem apresentado a maior taxa de crescimento no país, apesar da situação econômica difícil, e suas perspectivas são ainda maiores à medida que já nascem da maneira correta. Por isso, peço paciência a todos para preservarmos os rituais que são realmente necessários para termos uma “boa norma” e que não corra o risco de ser mutilada após a votação. O processo democrático intrínseco da normalização exige isso, até porque sabemos das dificuldades dos participantes em utilizar seu tempo fora das reuniões para uma base mais completa de pontos sugeridos, ou seja, melhor fazermos em conjunto.

Além desses pontos importantes, a partir

da reunião de agosto/2016, haverá, ao final da reunião (iniciando às 15h30), a continuação da discussão do texto-base da norma de eficiência energética de instalações elétricas conduzida pelo Grupo de Trabalho específico. Essa inserção no mesmo dia da reunião plenária da CE 03:64.001 visa aproveitar a presença dos participantes comuns e acelerar a discussão e a contribuição dos participantes.

Pela mudança da prioridade para discutir

o texto acima, o GT que discute a norma da IEC de eficiência energética em instalações de baixa tensão apresentará a sua proposta, se possível, na próxima reunião de outubro. Um Grupo de Trabalho adicional foi criado para a discussão sobre a interface entre a instalação da empresa distribuidora e a instalação interna no uso de geradores, cuja primeira reunião está sendo definida. Este era outro assunto muito importante aos usuários de instalações e às distribuidoras e que até agora estava sem uma definição clara. Você se interessa por algum desses assuntos?

Entre em contato conosco e

participe, mesmo à distância. Mas lembre-se que todo trabalho voluntário só é realmente voluntário até que você se comprometa, depois, o grupo espera sua participação efetiva.


98

Proteção contra raios

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, onde participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia | www.guismo.com.br

A situação dos sistemas de aterramento nas instalações elétricas do Brasil – Parte 1

Definição

Considerações iniciais

o

Quando

desinteresse

dos

que

buscam

análise

conhecimento, mas relutam em quebrar

definido como: a parte da instalação

superficial das condições dos sistemas

paradigmas ultrapassados e as ideias

elétrica que é composta pelo eletrodo

de aterramento nas instalações elétricas

cristalizadas de “práticas passadas de

de aterramento

e os condutores que

das edificações em nosso país, temos a

pai para filho” também contribuem para

o interligam aos elementos e massas

impressão de que a situação está ruim,

o grave estado em que se encontra este

metálicas existentes em uma edificação.

entretanto, se esse estudo for um pouco

nosso “paciente”.

O sistema de aterramento pode ser

1

2

fazemos

uma

mais criterioso, teremos a certeza de que “péssimo” seria um adjetivo mais

Padronizar para salvar

apropriado.

Frequentemente utilizado como bode

vários anos e suas formulações e receitas

as correntes elétricas indesejáveis

expiatório, quando há algum problema

vêm sendo atualizadas periodicamente:

que eventualmente circulem em

na instalação, cuja causa não é de fácil

as

uma instalação. Esses condutores

detecção, função da maioria dos seus

nacionais e internacionais. A Associação

podem ser construídos para essa

componentes

o

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é

finalidade (eletrodo convencional,

sistema de aterramento tornou-se, com o

o órgão responsável pela normalização do

exemplo: malha com cabo de cobre)

passar do tempo, um dos grandes vilões

assunto no Brasil por meio dos principais

na história da eletricidade.

documentos:

Abordando possíveis causas

• ABNT NBR 5410:2004 – Instalações

Elétricas de Baixa Tensão (atualmente em

1

Todos os elementos condutores

de eletricidade enterrados no solo capazes de dispersarem, através dele,

ou não (eletrodo natural, exemplo:

estarem

enterrados,

O remédio a ser ministrado já existe há

normas

e

regulamentos

técnicos

armaduras estruturais das fundações da edificação).

A forma caótica e permissiva como

cada profissional com diferentes níveis

revisão);

Todos os elementos condutores de

de graduação e, infelizmente, habilitação

• ABNT NBR 5419:2015 – Proteção

eletricidade existentes na edificação,

técnica trata este assunto é uma das razões

contra Descargas Atmosféricas;

mas que não foram instalados para

pelas quais o sistema de aterramento é

• ABNT NBR 7117:2012 – Medição

esse fim, ex.: gabinetes metálicos

atualmente, de maneira geral, a parte mais

da

de painéis, armação de luminárias,

deficitária de uma instalação elétrica.

estratificação do solo;

2

guarda-corpo, carcaças de equipamentos, etc.

resistividade

e

determinação

da

com

• ABNT NBR 14039:2005 – Instalações

que o assunto é tratado nas escolas,

elétricas de média tensão de 1,0 kV a

A

fraca

abordagem

técnica


99

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Figura 1 - Uma das configurações possíveis para a correta configuração do sistema de aterramento. O esquema de aterramento não está desenhado.

36,2 kV;

têm sido a principal fonte de risco para as

• ABNT NBR 15749:2009 – Medição de

instalações elétricas, seus equipamentos e

resistência de aterramento e de potenciais

as pessoas por ela servidas. A afirmação

na superfície do solo em sistemas de

é embasada em estudos e pesquisas

aterramento;

realizados

• ABNT NBR 15751:2013 – Sistemas de

profissionais que estudam o assunto.

aterramento de subestações – Requisitos;

Este estudo considerou exclusivamente

em

parceria

com

diversos

a condição do sistema de aterramento A existência de tantos documentos

local da edificação, não analisando, por

normalizando o assunto não determina

exemplo, o aterramento do condutor PEN*

que haja um sistema de aterramento

(neutro aterrado) situado antes do primeiro

independente que satisfaça cada um

quadro de distribuição da mesma.

deles, mas sim uma única infraestrutura de aterramento que atenda a todos

*Citamos este condutor em nosso

simultaneamente, por edificação, depen­

exemplo, pois a maioria das

dendo do momento e do local (ponto da

concessionárias de energia elétrica

instalação) onde os conceitos de cada

do país “entrega” o condutor PEN

um será empregado. A Figura 1 mostra,

aos consumidores finais de energia.

como exemplo, o croqui do sistema de

Esse tipo de alimentação, comumente

aterramento de uma edificação alimentada

chamada “a quatro fios” – quando em

em baixa tensão.

alimentação trifásica – leva algumas pessoas que trabalham na área a

Alertar e informar

cometerem um grave erro: presumir

Embora não se tenha o objetivo de

que o fato do condutor PEN sejav

tratar procedimentos ou recomendações

obrigatoriamente aterrado próximo

técnicas contidas nas normas – o que

ao padrão de entrada seja condição

poderemos fazer oportunamente –, não

suficiente para substituir o sistema de

devemos

omitir

certos

procedimentos

atualmente adotados, pois os mesmos

aterramento da edificação.


100

NR 10

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Segurança nos trabalhos com eletricidade

João José Barrico de Souza é engenheiro eletricista e de segurança no trabalho, consultor técnico, diretor da Engeletric, membro do GTT-10 e professor no curso de engenharia de segurança (FEI/PECE-USP/Unip).

Da proteção por aterramento

nos esquemas TN, TT e IT, além de especificar

valor da “resistência de aterramento”, mas

recebidos, que agradecemos de coração,

quais os recursos de proteção exigidos.

sim a excelente conexão (por condutores de

vamos ver o que é que a NR 10 exige no que

proteção-PE) ao ponto neutro da alimentação

Em

atenção

a

alguns

comentários

Menciona em 10.3.4 que:

aterrado, que permita uma corrente de falta

diz respeito ao aterramento. simples,

o projeto deve definir a configuração

várias vezes superior à corrente de atuação

está mencionado na norma, pelo menos, oito

do esquema de aterramento, a

do dispositivo de proteção, de forma a

vezes e, de fato, a norma regulamentadora

obrigatoriedade ou não da interligação

provocar a sua operação em tempo hábil,

não define o que seja um aterramento, afinal,

entre o condutor neutro e o de proteção e

oferecendo a segurança no caso de um

Esse

termo,

aparentemente

a conexão à terra das partes condutoras

defeito. E esses tempos estão na tabela 25

Quem define o que é, e como se faz são

não destinadas à condução da

da norma ABNT NBR 5410. Isso pressupõe

as normas técnicas referidas no item 10.1.2.

eletricidade.

a compatibilidade entre o esquema de

é apenas uma norma regulamentadora.

aterramento e o dispositivo de proteção.

Ressalva feita ao aterramento destinado à

proteção

contra

descargas

elétricas

Assim, fica claro que, dependendo do

Outros

esquemas

de

aterramento

atmosféricas (10.2.4.b). Os demais itens

esquema de aterramento, podem ser ou

possíveis e bem menos frequentes (TT

referem-se efetivamente à proteção contra

não necessários dispositivos de proteção

e IT) garantem a proteção de uma forma

choques devidos a contatos indiretos e

especiais, coisa que o profissional habilitado

diferente e estabelecem a necessidade

procedimentos de aterramento temporário

saberá especificar.

de dispositivos especiais que não apenas

que não é, senão, uma equipotencialização

Considerando que a grande maioria

fusíveis e disjuntores. Nesses casos, sim,

generalizada que inclui a terra. Assunto

de nossas instalações industriais opera

o aterramento deve ser local (junto dos

tratado em 10.3.5; 10.3.6; 10.5.1 e 10.5.2.

com sistema de neutro aterrado, e que

equipamentos), pode não incluir a ligação

no fornecimento em baixa tensão, quando

ao ponto neutro da alimentação. Considerar

fornecido o neutro, deve sempre ser aterrado

a máxima tensão de contato permissível

Nos demais itens, menciona a norma, em

10.2.8.3, que:

na origem, o mais usual nas proteções

(tensão de toque) e os tempos de operação

o aterramento das instalações

é o esquema TN, o que significa que as

são outros e determinados pela tabela 26 da

elétricas deve ser executado conforme

partes condutoras acessíveis (carcaças e

ABNT NBR 5410. Considerar as condições

regulamentação estabelecida pelos

estruturas) devem ser ligadas ao ponto neutro

locais (umidade, etc.) e, mais uma vez, a

órgãos competentes e, na ausência desta,

da alimentação aterrado, de forma que, na

simples informação de um valor ôhmico tão

deve atender às normas internacionais

ocorrência de uma energização (fuga à terra),

falado, a “resistência de aterramento”, não

vigentes.

o dispositivo de proteção seja sensibilizado

garante nada.

pelo brusco aumento da corrente e promova

Concluindo, quem garante é a análise

A própria ABNT NBR 5410, para o caso

o seccionamento automático da alimentação.

adequada por um profissional habilitado, que

de instalações de baixa tensão, estabelece

Este assunto já foi tratado nesta coluna e é o

considera todas essas variáveis à luz das

quais os esquemas de aterramento e quais

nome de um princípio de proteção detalhado

normas técnicas antes de emitir sua opinião

as exigências quanto à conexão das partes

no item 5.1.2.2.4 da ABNT NBR 5410.

e assumir a responsabilidade pelo que

condutoras acessíveis ao potencial de terra,

verificou, analisou e concluiu.

Ora, para isso, não é tão importante o


Instalações MT

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

101

Luiz Fernando Arruda é engenheiro eletricista pela Unifei e pósgraduado em gestão de negócios pela FGV. Atuou na Cemig por mais de 20 anos, nas Distribuidoras da Eletrobras e Grupo Rede Energia, trabalhando nas áreas de medição, automação de processos comerciais e de proteção da receita e em Furnas. Representa a Iurpa no Brasil e hoje atua como consultor independente.

Tecnologia para as redes inteligentes

sistema não atender às necessidades?

sistematicamente mantidos na “surdina”, assim

constante de novos fornecedores, de fato, sempre

A diversidade de opções e o aparecimento

No caso das redes inteligentes, temos uma

como os “planos de negócios” que resultaram

são sinais positivos, pois estimulam a concorrência

situação mais complexa e abrangente, pois as

em vendas em outros países da América Central,

sem sacrifício da qualidade, tendem a diminuir

tecnologias existentes para comunicação em

Caribe e em alguns estados dos Estados Unidos.

custos, geram novas ideias e aplicações e abrem

campo (RF, PLC, etc.) quase sempre se excluem

oportunidade para novos negócios no combalido

quanto a serem integradas. A obsolescência

Unido há questionamentos sobre o êxito do

setor da distribuição de energia elétrica no Brasil.

precoce é uma realidade implacável, os modelos

que foi implementado até agora: ou seja, há

Mesmo agora, com o afrouxamento de regras e

de negócio adequados ao Brasil seguem diferentes

questionamentos quanto ao que se investiu e ao

metas por parte do governo, a vida das distribuidoras

parâmetros do que se fazem em outros países em

real valor do retorno obtido!

não parece que vai ser fácil e, certamente, para obter

função de particularidades de cargas e hábito de

maior rentabilidade, a grande oportunidade passa a ser

uso, do custo de capital e de incertezas derivadas

sistemas para serem avaliados. Em uma primeira

a inovação (possível com a esperada reestruturação /

do ambiente regulatório e também dos problemas

análise,

modernização do ambiente regulatório).

decorrentes de desencontro de ações dos órgãos

aqueles que trabalham com protocolos fechados

governamentais que deveriam criar um ambiente

/ proprietários e que aceitam apenas o sistema

para se conseguir resultados melhores.

saudável para negócios.

de comunicação de um fabricante de medidores

Há ainda o desafio do software de gestão (e

e sensores. Estes, primariamente, representam um

melhorias (e grandes sustos) na área administrativa

sua integração ao faturamento e demais sistemas

casamento indissolúvel e problemático, o que indica

do setor elétrico com o uso de software inovador

corporativos) e a questão dos medidores e demais

que vão custar muito caro no futuro e não vão ser

com a implementação massiva do SAP e este

“sensores” em campo.

integráveis a outras tecnologias.

movimento tem muito a nos ensinar.

Tudo o que foi prometido foi entregue? Por

problemas das redes públicas de comunicação

tecnológica, olhando quatro aspectos principais:

que que em algumas empresas a implementação

hoje disponíveis com seus baixos índices de

medidores e demais sensores, comunicação /

foi menos turbulenta que em outras? O preço que

performance e confiabilidade.

integração de campo ao sistema corporativo,

se paga pelas licenças mais o investimento inicial

sistema de gestão da medição e demais funções

realmente dão retorno positivo? Existe volta se o

desempenho técnico em quaisquer áreas têm sido

As coisas deverão ser feitas de forma diferente Tempos atrás presenciamos uma onda de

Finalmente, vem o desafio de vencer os

Além disso, os maus resultados quanto a

E já se sabe que no Canadá e no Reino

Há uma grande variedade de tecnologias e poderíamos

eliminar

sumariamente

Vamos então tratar separadamente a questão

comerciais e operacionais.


102

Energia com qualidade

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do Deinfra-Fiesp. jstarosta@acaoenge.com.br

Eficiência energética em instalações com o controle da tensão

Instalações elétricas eficientes, notada­

barramentos possam ter controladas suas

• Consumo de potência reativa;

mente aquelas relacionadas às plantas

tensões de operação, maior é o potencial de

• Transformadores dotados de TAPs;

industriais e complexos comerciais são

economia de energia.

• Presença de correntes harmônicas nas

classicamente

cargas.

operação

O equacionamento do modelo das

com perdas elétricas reduzidas, isto é, com

relacionadas

à

cargas foi também apresentado na referência

as perdas Joule minimizadas e relacionadas

consultada [1], como:

Determinação da energia economizada

ao controle da relação RI2 , nas etapas de projeto, operação e manutenção; outras

P = P0 aP + bP

otimizações também são efetuadas, como

V + cP V0

V V0

os cuidados nos circuitos magnéticos dos motores e dos transformadores. De fato, a redução da corrente reduz as perdas nos enrolamentos dos transformadores, motores e circuitos de alimentação (perdas cobre ou em carga) e esta redução pode ser obtida, por exemplo, com a compensação e a redução adequada da potência reativa. A redução de correntes harmônicas também reduz as perdas e podem ser obtidas com o uso de filtros passivos ou ativos. O ponto hora tratado considera a eficiência energética que pode ser obtida com o ajuste adequado dos níveis de tensão de operação dos barramentos de

Q = Q0 aQ + bQ

V V + cQ V0 V0

2

A determinação da economia de energia

decorre de simulações efetuadas em função de registros das variáveis elétricas obtidos de 2

Onde: aP , aQ – parcela da carga ativa/reativa modelada como potência constante; bP , bQ – parcela da carga ativa/reativa modelada como corrente constante; cP , cQ – parcela da carga ativa/reativa modelada como impedância constante; aP + bP + cP = 1 aQ + bQ + cQ = 1

forma contínua, onde é medido, a cada ciclo, o comportamento das tensões das potências ativa e reativa, das correntes harmônicas e de outras variáveis nos barramentos da instalação.

Redução do consumo de energia com o controle da tensão

A tensão de alimentação nos barramentos

pode ser controlada mesmo com cargas extremamente

variáveis.

Normalmente,

as instalações são mantidas em regime de operação em tensões superiores às nominais de forma a garantir a operação dos equipamentos em casos de afundamentos de tensão por razões externas ou mesmo interna;

alimentação das cargas e equipamentos. E,

Potencial elevado de economia

tanto as fontes como as cargas possuem seus

em função da característica da carga, este

limites de operação e o compromisso, em

fator possui maior ou menor importância. Nos

significativos nas situações:

Os potenciais de eficiência energética são

casos específicos de cargas de impedância

princípio, seria manter uma faixa operacional adequada. A proposta de operação eficiente

constante (acionamentos e inversores), o

• Operação de plantas em regime 24 horas/

seria estreitar esta faixa em limites de operação

consumo de energia é proporcional à tensão

dia;

com menor consumo de energia.

ao quadrado e esta característica assume

• Variações rápidas da carga provocando

Curioso

elevada importância. Na medida em que os

flutuações de tensão;

modificação na planta que estaria associada

é

que

nem

sempre

uma


103

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

a uma determinada ação de eficiência energética atinge o objetivo esperado. O sistema de compensação de energia reativa acima citado, e por melhor que seja, poderá promover uma operação com tensão maior que aquela que traria operação mais eficiente para a instalação. Neste caso, apesar da redução das correntes e perdas associadas, a elevação da tensão de operação acaba por aumentar o consumo de energia. Com

base

na

observação

do

comportamento dinâmico das fontes e cargas, o modelo proposto considera a simulação deste (novo) comportamento na busca do melhor ajuste para a tensão de operação do sistema.

Figura 1 – Comportamento da potência ativa com variação da tensão de alimentação em instalação de grande complexo comercial [2].

A partir das informações dos

preto nos gráficos se referem aos valores

adequada e à variação dos TAPs dos

dados construtivos dos sistemas elétricos

medidos e em marrom aos valores simulados).

transformadores, pode-se obter, neste caso,

(impedâncias, distâncias, fontes e cargas)

Com a implantação de compensação reativa

economia de energia em função das variáveis

e das medições elétricas efetuadas com

em tempo real (tempo de resposta de 16

operacionais.

resolução

períodos

milissegundos) e redução da tensão de

significativos, é possível se efetuar simulações

adequada

e

em

operação com manobra de TAPs, pode-se

Projetos

de comportamento que definirão o potencial

obter redução da potencia ativa de 3%

diversos

de economia com a otimização da tensão

(redução da tensão em 2,5%) ou 7,5% (com

Brasil e outros implantados no exterior

de operação com ajustes de TAPs e outras

a redução da tensão em 5%), constituindo-se

com bons resultados a serem publicados

medidas, como a instalação de filtros ou

como uma boa oportunidade de eficiência

oportunamente.

compensadores.

energética. Alguns

compromissos

devem

ser

em projetos

implantação: em

existem

implantação

no

Referências

Resultados da simulação

atingidos na simulação, observando, durante

[1]- Neves, Marcelo Silva – dissertação de

O gráfico da Figura 1 apresenta o com­

a medição, se houve perda de carga devido

mestrado UFJF

por­ tamento da potência ativa consumida

à tensão e garantir que no modelo simulado

[2]- Elspec/Ação – relatórios de avaliação

por uma instalação comercial em função da

o comportamento da tensão manterá esta

de Eficiência Energética

tensão de alimentação. (As indicações em

premissa. Devido à compensação reativa

[3]-Starosta, José – COBEE 2015


104

Instalações Ex

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Roberval Bulgarelli é consultor técnico e engenheiro sênior da Petrobras. É representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx e coordenador do Subcomitê SC-31 do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei).

Primeiro relatório de avaliação da qualidade de equipamentos “Ex” do IECEx (ExQAR) emitido no Brasil

Foi emitido em 26/08/2016, dentro

A avaliação do sistema de gestão da

do sistema IECEx, o primeiro Relatório

qualidade foi efetuada nas fábricas da SEW

de Avaliação do Sistema de Gestão

do Brasil, instaladas no complexo industrial

da

Qualidade

equipamentos

de

um

“Ex”

com

fabricante

de

das cidades de Indaiatuba e Rio Claro, no

fábricas

no

Estado de São Paulo.

Brasil, por um organismo de certificação

Foram avaliados nestas fábricas no

brasileiro.

Brasil os processos de fabricação de

Este tipo de documento, denominado

motores de indução trifásicos “Ex” da Linha

ExQAR (Ex Quality Assessment Report),

EDR, com potência até 200 kW, tensão

foi emitido pela UL do Brasil, que é

nominal até 690 V, frequência de 50 Hz

um

de

ou 60 Hz, carcaças de tamanho até 315

Equipamentos “Ex” brasileiro acreditado

(IEC 60072-1), com tipos de proteção

pelo IECEx desde 07/2016.

para instalação em atmosferas explosivas

de

Organismo

de

Certificação

A UL do Brasil é também um Organismo

de Certificação de Competências Pessoais

gases

inflamáveis

ou

de

poeiras

combustíveis:

“Ex” brasileiro acreditado pelo IECEx desde 04/2016, nas Unidades de Certificação Ex

000 (Conhecimentos e percepções básicas

- Segurança aumentada - EPL Gb

para adentrar em uma instalação contendo

áreas classificadas) e Ex 001 (Aplicação

15- Não acendível - EPL Gc

dos princípios básicos de segurança em

atmosferas explosivas).

31 - Proteção por temperatura de invólucro

para poeiras combustíveis - EPL Gb

O IECEx é o sistema de certificação

Ex “e” - Norma ABNT NBR IEC 60079-7 Ex “n” - Norma ABNT NBR IEC 60079Ex ”t” - Norma ABNT NBR IEC 60079-

internacional da IEC para a segurança ao longo do ciclo total de vida das

instalações elétricas e mecânicas em

são aptos também a serem acionados

Estes motores com certificação “Ex”

atmosferas explosivas. O IECEx conta com

por meio de conversores de frequência

a participação de 33 países. O Brasil é

para controle de rotação do equipamento

membro do IECEx desde 2009.

mecânico acionado, tais como bombas,


105

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Exemplos de motores de indução trifásicos “Ex” da linha EDR fabricados no Brasil pela SEW.

agitadores,

ser comercializados também em outros países,

fabricantes de equipamentos “Ex”, tanto os

caixas de engrenagens, esteiras rolantes ou

tais como naqueles em que os certificados

nacionais como os estrangeiros com fábricas

elevadores.

IECEx sejam aceitos na legislação local.

no Brasil, estão buscando a sua integração

A avaliação do Sistema de Gestão

Assim como vigente no Brasil desde

aos sistemas internacionais de certificação

da Qualidade (SGQ) de fabricantes de

2010 (Portaria Inmetro 0179/2010), muitos

“Ex” do IECEx, de forma a poderem

equipamentos

ventiladores,

compressores,

mecânicos

outros países adotam também a sistemática

comercializar seus produtos nos mercados

“Ex” é feita de acordo com os requisitos

de "Fast-Track", com a avaliação dos

nacional e internacional.

indicados na norma técnica brasileira ABNT

relatórios de ensaios (ExTR) emitidos por

O relatório de avaliação do sistema

NBR ISO/IEC 80079-34 - Atmosferas

laboratórios acreditados no sistema IECEx,

de gestão da qualidade da SEW do Brasil

explosivas – Parte 34: Aplicação de

para fins de emissão de certificados de

emitida pela UL do Brasil encontra-se

sistemas da qualidade para a fabricação de

conformidade

dispensando

disponível para acesso público no sistema

equipamentos.

a necessidade de repetição de ensaios,

online de certificação de equipamentos “Ex”,

Esta avaliação teve por objetivo incluir

uma vez que as normas técnicas nacionais

empresas de prestação de serviços “Ex” e

estas duas fábricas de equipamentos “Ex”

adotadas pela ABNT são idênticas às

competências pessoais “Ex” do IECEx:

no Brasil em um certificado internacional

respectivas normas técnicas internacionais

http://iecex.iec.ch/iecex/exs.nsf/ex_foqar.xsp

de conformidade “Ex”, de forma que estes

da IEC.

?documentId=E26BE94F76693A2CC1258

equipamentos fabricados no Brasil possam

Este tipo de ação evidencia que os

0040048E740#

elétricos

e

"Ex"

locais,


106

Falando sobre a luz

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Plinio Godoy é engenheiro eletricista e atua no campo da iluminação desde 1983. É proprietário do escritório CityLights Urban Solutions, especializado em iluminação urbana; da Godoy Luminotecnia, voltada para iluminação arquitetônica; e da Lienco Lighting Solutions, onde atua no campo da integração da iluminação e controles digitais. É coautor do livro Iluminação urbana e professor do curso de pós-graduação em Instalações Elétricas na Facens-Sorocaba. É palestrante em diversos congressos nacionais e internacionais.

Saindo do corredor escuro

tentar desenvolver assuntos relacionados ao mundo da iluminação, da energia e dos controles. São temas pelos quais me dedico desde a faculdade, lá pelos anos de 1980, quando tomei contato com a iluminação, quando a lâmpada fluorescente mais moderna era a T10 com 40 W e quando existiam as lâmpadas HO com 110 W, as lâmpadas a vapor de mercúrio de 400 W, ovoides... pensando bem, estou me sentindo “meio velho”. Os reatores eram eletromagnéticos, pesados

e

feitos

com

muito

ferro,

perdiam

uma

“roncavam”

bastante

e

quantidade

grande

de

energia.

As

lâmpadas serviam para produzir luz e as incandescentes existiam livremente no universo chamado “mercado”. Uma tecnologias

característica tinham

em

que comum

estas era

fazerem parte das tecnologias analógicas, trabalhando sempre na frequência de 60 Hz (no Brasil). Era um tempo em que as famílias de produtos eram praticamente padronizadas. Entre os poucos fabricantes no Brasil, tínhamos os famosos “quatro grandes”, formados pela Philips, General Electric, Osram e Sylvania.

Até onde minha memória alcança, me

vejo observando a iluminação. Quando

https://thesocialsocialite.files.wordpress.com/2014/11/dark-hallway.jpg

Iniciamos esta coluna mensal para


107

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

pequeno, lembro do tempo em que havia

chapa, colei borracha de vedação, testei

bastante, porém, se você comparar com

iluminação incandescente nas vias públicas

lâmpadas, entendi o que era um reator

outras tecnologias, como da telefonia,

e a nova tecnologia era chamada de lâmpada

de referência, aprendi sobre corrente de

por exemplo, verá que até demoramos

a vapor de mercúrio. Estas lâmpadas

partida, capacitância para correção de

bastante para entrar neste novo mundo, o

tornaram as cidades com aparência mais

fator de potência, enfim, era um mundo

mundo digital.

claras do que com as incandescentes e as

bastante interessante aquele.

pessoas se sentiam prestigiadas quando

em

as ruas de suas casas recebiam esta nova

esta história? Te digo que é para você

Engenharia Elétrica, onde procuro atualizar

tecnologia.

se situar no mundo da iluminação desde

os conceitos utilizados na iluminação, pois

Mas por que estou contando toda

Ministro um curso de pós-graduação iluminação

para

uma

turma

de

Lembro quando trocaram as lâmpadas

quando eu me situei, pois o que vamos

entendo que, pela grande velocidade das

incandescentes da rua onde morava, na rua

conversar, a partir deste artigo, é um

atualizações tecnológicas, há um certo

Fradique Coutinho, no bairro de Pinheiros,

mundo muito diferente.

“gap” entre os conceitos utilizados pelos

em São Paulo (SP), fiquei acompanhando

lighting designers e pelos engenheiros

o caminhão da AES Eletropaulo trocar a

coisas eram muito mais padronizadas,

eletricistas, principalmente.

luminária, e, quando acenderam a nova, vi

ou seja, os produtos eram bastante

Também

uma luz branca e forte.

semelhantes entre as diversas marcas,

coluna as evoluções conceituais que

Depois, vieram as lâmpadas amareladas,

por exemplo, as lâmpadas fluorescentes

os avanços tecnológicos propiciam. As

que alguns chamavam de “branco douradas”

apresentavam seus fluxos luminosos

novas tecnologias proporcionam novas

e que de branco não tinham nada. Quando

muito similares. Você poderia usar uma

aplicações e as demandas dos projetos de

comecei a pesquisar sobre iluminação, estava

lâmpada fluorescente em um reator

lighting design sugerem novas tecnologias

no primeiro ano da faculdade, então, pedi um

eletromagnético de outra marca, pois

e novos avanços além das existentes. É

estágio em uma empresa que fabricava relés

não havia incompatibilidades.

um ciclo virtuoso que fez com que o setor

e luminárias para iluminação pública. O pai

Hoje

em

de um amigo meu era o proprietário. Sempre

bastante

diferentes

entre

Vamos, assim, iniciar esta jornada,

participava das feiras em que esta empresa

marcas que, hoje, são inúmeras, os

saindo do corredor escuro em que a

mostrava seus produtos, pois meu amigo e eu

reatores são eletrônicos e, às vezes,

iluminação pode estar aparecendo para

ajudávamos nas montagens. E foi neste período

nem recebem mais esse nome; são

você, jogando uma “luz” sobre os diversos

do estágio que me deparei com o mundo da

chamados de drivers.

conceitos, tecnologias, normas, aplicações

iluminação. Estamos falando de 1983.

Enfim, o que realmente importa

e tantas outras possibilidades que temos

fui

entender é que as tecnologias utilizadas

nos campos da Iluminação, dos controles

apresentado a um gôniofotômetro, dobrei

no mundo da iluminação avançaram

e da energia.

Conheci

o

que

era

fotometria,

Em primeiro lugar, naquele tempo, as

dia,

temos entre

produtos si,

serão

assuntos

desta

alcançasse níveis altíssimos de qualidade.


108

Dicas de instalação

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Por Marcos Herrera*

Algumas orientações para instalações Ex As

instalações

elétricas

em

Tabela I – Normas para instalações elétricas em áreas classificadas

áreas

Descrição

classificadas devem seguir as normas listadas

Norma

na Tabela I, além das específicas para cada

ABNT NBR IEC 60079-10-1

Classificação de áreas com gases.

tipo de produto. Para uma escolha adequada,

ABNT NBR IEC 60079-10-2

Classificação de áreas com poeiras.

é necessário ter acesso à classificação de

ABNT NBR IEC 60079-14

Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas em áreas classificadas.

áreas. Este documento define a nomenclatura (Ex. IIB T6 para gases), assim como o nível

ABNT NBR 5410

Instalações elétricas de baixa tensão.

de segurança (Ex. Gb para gases ou IIIA T55

ABNT NBR IEC 61892

Unidades marítimas móveis - Instalações elétricas.

ºC Db para poeiras). Observe que, no caso

ABNT NBR 14639

Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis – Instalações elétricas em postos de abastecimento.

de poeiras, o valor é nominal e numérico. A classe de temperatura deve ser observada

Equipamento elétrico para utilização na

ABNT NBR IEC 612141

presença de poeiras combustíveis.

na escolha dos produtos Ex, no caso de luminárias é imprescindível avaliar a classe de temperatura em função da escolha do

Tabela II – Classificação de áreas

elemento gerador de luz (lâmpada, módulo Led). A classificação de áreas define a(as)

Nível de segurança

Zona(s) (0, 1, 2 para gases ou 20, 21 ou

EPL Gás

Gás

Poeira

EPL poeiras

22 para poeiras), o que não consta nos

Ga

0

20

Da

certificados de conformidades dos produtos,

Gb

1

21

Db

assim, a escolha adequada deve seguir

Gc

2

22

Dc

conforme indicado na Tabela II.

Classificação por Zona

Nível de segurança


109

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Tabela III – Tipos de proteção

Gases (ZONA)

Tipo de proteção permitida

0

Segurança intrínseca Ex ia e alguns com proteção Ex s Invólucro à prova de explosão (Ex d) Segurança aumentada (Ex e) Pressurizados (Ex p)

1

Encapsulados (Ex m) Preenchidos com areia (Ex q) 2

Todos os anteriores

Poeiras (ZONA)

Tipo de proteção permitida

20

Segurança intrínseca Ex t; Ex ia e alguns com proteção Ex s IP6X

21

Invólucro à prova de explosão (Ex d Ex t) IP6X

Não acendível (Ex n)

Segurança aumentada (Ex e Ex t) Todos os anteriores

22

Não acendível (Ex n Ex t) IP5X

É bom observar adequadamente a classificação de temperatura dos equipamentos elétricos

com a classificação de temperatura, como o exemplo para poeiras: para uma área classificada como III B T200 ºC Zona 22 nível de segurança Dc, o produto a ser escolhido deve ter, no mínimo, nível de segurança Dc – produtos com nível de segurança Db podem ser aplicados neste exemplo – e a classe de temperatura do equipamento elétrico deve ser inferior a 200 ºC. Dessa maneira, uma luminária Ex classificada como T85 ºC, T135 ºC ou até T195 ºC é indicada para esta área. Em resumo, a potência de superfície do equipamento elétrico deve ser menor que a temperatura indicada na classificação da área. Tabela IV – Classes de temperatura Classe de temperatura

T6

T5

T4

T3

T2

T1

conforme a IEC

85ºC

100ºC

135ºC

200ºC

300ºC

450ºC

T6 ou T5

T6 a T4

T6 a T3

T6 a T2

T6 a T1 Projetores

Equipamento elétrico que po­de Somente T6 ser utilizado Exemplo de

Luminárias

Luminárias

Luminárias Luminárias

Luminárias

luminárias

Ex de baixa

Ex de baixa

Ex de baixa Ex de média

Ex de alta ou luminárias

potência

potência

LED ou

LED ou

fluorescentes fluorescentes

potência

potência (Ex 250W T3)

potência

Ex de extra-

(Ex 400W alta potência T3/T2)

(Ex 1.000W T1)

Em áreas classificadas para poeiras não é necessário utilizar equipamentos à prova

de explosão, podem ser utilizados equipamentos marcados como Ex t. A maioria dos equipamentos Ex pode ser utilizada nestas áreas (Ex d; Ex e; Ex n), já que os equipamentos já foram avaliados com relação ao grau de proteção e à elevação de temperatura, porém, eles devem atender ainda aos requisitos construtivos e de ensaios da ABN NBR IEC 6007931. No caso de luminárias Ex, é necessário atentar para os requisitos da ABNT NBR IEC 60079-0, item 6.2.2, que determina, no máximo, 5 mW/mm2 para nível de segurança Db e 10 mW/mm2 para nível de segurança Dc. *Marcos Herrera é engenheiro eletricista e responsável pela engenharia da Melfex.


110

Ponto de vista

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

Processo Produtivo Básico (PPB) de luminárias a Led em Manaus O castigo para as indústrias brasileiras de iluminação

Refletindo sobre a história da indústria da

competindo com as indústrias do exterior, muitas

com a indústria nacional.

iluminação no Brasil, tivemos como primeira

vezes, com desvantagem, pois, os impostos

indústria classificada como tal a empresa Nadir

brasileiros, como todos sabem, elevam o

que essas indústrias são fontes de geração de

Figueiredo, que fabricava artefatos de vidro

custo e acabam por incentivar as importações,

empregos e salários qualificados, propiciando

e, por isso, lançou a luminária pública que se

principalmente, de produtos chineses, os quais,

rendimentos e benefícios aos seus funcionários,

utilizava do vidro como protetor da lâmpada. Foi

também pelo baixo preço, oferecem qualidades

o que devemos considerar como sustentáculos

dela também a iniciativa de criar o sindicato dos

inferiores e muitos problemas de garantia e de

da

fabricantes de luminárias – Sindilux –, e surgindo,

reposição ao cliente final.

social, educacional, ambiental e social dos

posteriormente, em 1985, a associação dos

Portanto, desde o início das instalações

trabalhadores no setor. Outra consideração

fabricantes de iluminação Abilux.

das indústrias nacionais, elas enfrentam, em

importante é que são elas as geradoras de

A partir da fase da substituição das

sua trajetória, diversos tipos de obstáculos para

arrecadações de impostos municipais, estaduais

luminárias a gás em São Paulo e da introdução

se estabelecerem, se manterem e crescerem

e federais, que também são parte importante da

das luminárias produzidas pela Nadir Figueiredo

em nosso território. Os investimentos e custos

sustentabilidade dos órgãos governamentais.

– idos da década de 1930 –, outras empresas

em planta, pesquisa e desenvolvimento, enge­

com maior foco, tecnologia e especialização no

nharia, ferramentais, marketing, matéria-prima,

brasileira, que passa por enormes dificuldades e

setor de iluminação foram surgindo e criando o

commodities, representações, etc., pertencem

falta de “caixa” em todos os níveis de governo,

mais forte e mais desenvolvido polo industrial da

unicamente à indústria, considerando que os

assistimos à pior onda de desemprego da

indústria da iluminação da América Latina, aqui

importadores e os comerciantes não necessitam

história e as empresas privadas sendo alvo de

no Brasil.

de todos os investimentos para competirem com

recuperações judiciais e falências, situação essa

Atualmente,

encontramos

Por outro prisma, devemos considerar ainda

economia,

agentes

do

crescimento

Analisando a atual situação da economia

diversas

a indústria, pois os produtos já chegam prontos

criada pela inabilidade gerencial dos últimos

indústrias tradicionais, destacando-se pela mais

e até com algum incentivo à importação. Nesse

governos. Algumas empresas do ramo de

alta tecnologia de processos e produtos Led,

ponto, já considero que a concorrência é desleal

iluminação lutam com todo empenho e esforço


111

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

para garantir o seu quadro de funcionários,

com as de Manaus com uma desvantagem

• Por que empresas nacionais estão migrando

cortando gastos e custos e se endividando junto

monstruosa, de aproximadamente 35%, vinda

para o Paraguai, que também está oferecendo

às instituições financeiras, pagando os mais altos

dos incentivos fiscais exclusivos da região. É a

incentivos às indústrias brasileiras para que lá se

juros do mundo, prejudicando o próprio resultado

decretação do fim da produção de luminárias

estabeleçam?

da operação industrial. Este é o custo da

no restante do país. É um grande “castigo” às

• Qual será o futuro da indústria nacional de

empresa tentando manter seus compromissos

empresas que ainda estão se mantendo no país

Iluminação?

com a sociedade, com os empregados, com a

apesar da situação imposta pela crise atual e

cadeia de fornecedores e com o governo.

pelas crises anteriores. As sobreviventes, hoje

Não bastasse toda essa história de

em atividade, podem ser consideradas heroínas

grande ameaça do fim das indústrias brasileiras

crescimento e de manutenção do negócio às

por toda a trajetória até aqui, porém, agora com

de Iluminação.

duras penas, principalmente, por conta situação

esse “golpe de misericórdia”, terão de repensar

atual da economia e do desemprego em nosso

suas atividades, tentando ainda alguma saída,

país, temos agora a consulta pública do Ministério

com outro tipo de produto, outro setor, pois a

do Desenvolvimento, Industria e Comercio

vida não para.

Exterior (MDIC) em trâmite desde maio de 2016

em vias de aprovação de um “PPB de luminárias

proprietários de empresas, administradores

a Led de Manaus” (Processo Produtivo Básico

públicos, governantes e entidades de classe:

O “PPB de Luminárias Led de Manaus” é a

Deixo aqui uma reflexão aos administradores,

de Luminárias LED de Manaus). Essa proposta desconsidera todas as

• Como manter ou criar novos empregos?

empresas brasileiras e as erradicadas no Brasil,

• Como não aumentar o nível do desemprego no

em todos os outros estados, com seus PPBs

Brasil? Ou reduzi-lo?

completos, verticalizados ou não, beneficiando e

. Como crescer a indústria nacional com novas

dando todos os incentivos fiscais somente a uma

tecnologias, produção e PIB?

ou duas empresas que estarão estabelecidas

• Por que estariam desistindo das arrecadações

em Manaus. As demais empresas brasileiras,

de impostos tão necessárias aos governos

Por João P. Corrêa, diretor geral da Ilumatic –

a partir dessa introdução, terão de competir

municipais, estaduais e federais?

Iluminação e Eletrometalúrgica S/A.


112

Agenda

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

30 e 31 de outubro Descrição

Informações

Trata-se de um curso avançado de projeto de sistemas fotovoltaicos destinado a profissionais de engenharia, técnicos ou profissionais de outras áreas que possuam conhecimentos básicos de eletricidade. Durante as aulas, os participantes travarão contato com o seguinte conteúdo: modelagem tridimensional de plantas fotovoltaicas em computador com o software PVSyst; uso de software PVSyst para o projeto e o dimensionamento de sistema fotovoltaico, desde sistemas de micro e minigeração até usinas solares; características técnicas de componente de um sistema solar fotovoltaico; análise do retorno financeiro do sistema conectado à rede elétrica, etc.

Local: Campinas (SP) Contato: contato@cursosolar.com.br cursosolar.com.br

Cursos

5 de novembro

Instalações elétricas e o projeto de arquitetura

Descrição

Informações

O curso “Instalações elétricas e o projeto de arquitetura - Princípios básicos para elaboração de projetos” tem como objetivo apresentar os principais conceitos das instalações elétricas prediais e suas interfaces com o projeto arquitetônico e a importância da integração dessas instalações ao projeto arquitetônico de forma harmônica, racional e tecnicamente correta. Durante as aulas serão abordados aspectos tecnológicos das instalações elétricas prediais visando sua adequação ao espaço construído. O curso é direcionado a arquitetos, engenheiros, designers de interiores, projetistas e alunos dos cursos de engenharia civil e arquitetura e urbanismo.

Local: São Paulo (SP) Contato: (11) 3816-0441 cursos@ycon.com.br

7 a 11 de novembro

Introdução à proteção de sistemas elétricos – visão geral

Descrição

Informações

Além de fornecer os conceitos básicos de sistemas de proteção para distribuição e transmissão, o curso oferecerá uma revisão básica das ferramentas aplicadas em sistemas de proteção, como sistemas por unidade (pu), teoria de sistemas trifásicos e componentes simétricos. Conforme os organizadores, o curso amplia a capacidade do profissional ao fornecer uma visão geral dos aspectos relevantes e primordiais da proteção de sistemas elétricos, gerando uma base sólida para a análise de ocorrências, manutenção, ajustes e projetos em sistemas de proteção. As aulas são destinadas a engenheiros, tecnólogos e técnicos de concessionárias de energia, de indústrias e de empresas de engenharia e consultoria.

Local: Campinas (SP) Contato: (19) 3515-2060 universidade_br@selinc.com

21 a 25 de novembro

Sistemas de aterramento elétrico e proteção contra descargas atmosféricas

Descrição

Informações

Apresentar e discutir as descargas elétricas atmosféricas, examinar e conhecer como obter a compatibilidade eletromagnética, e informar o participante a respeito dos fenômenos elétricos envolvidos são os principais objetivos do curso do NTT Treinamento Avançado. Conforme os organizadores, ao término do curso, que tem como base a nova ABNT NBR 5419:2015, o participante terá embasamento necessário para atuar no aterramento de instalações de baixa tensão, de equipamentos eletrônicos, de estações de telecomunicações, de áreas de tancagem e outros.

Local: Rio de Janeiro (RJ) Contato: (21) 3325-9942 cursos@ntt.com.br

7 a 10 de novembro

Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi)

Descrição

Informações

Uma realização do Instituto Abradee de Energia sob a coordenação da Copel Distribuição S.A., o 12º Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi) será um fórum de inovação e debates, com o objetivo de reunir importantes agentes do setor elétrico e tratar os desafios atuais e perspectivas do sistema, em busca de soluções e alternativas. Compõe o evento ainda o Rodeio Nacional de Eletricistas, que acontece entre os dias 5 e 7 de novembro, e consiste em uma competição entre várias equipes de eletricistas de diferentes concessionárias de energia do país com o objetivo de demonstrar perícia e habilidade seguindo todas as normas de segurança.

Local: Curitiba (PR) Contato: (51) 3061-3000 sendi2016@copel.com

8 e 9 de novembro

Eventos

Projeto e dimensionamento de usinas solares e sistemas fotovoltaicos de geração

Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social no Setor Elétrico (SMARS)

Descrição

Informações

A 7ª edição do Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social no Setor Elétrico (SMARS) pretende promover discussões técnicas sobre os principais desafios para planejamento, implantação e operação de empreendimentos do setor elétrico brasileiro, tendo em vista os compromissos com a sustentabilidade, as exigências da legislação ambiental e a responsabilidade social das empresas. Segundo os organizadores, estão programadas palestras e mesas-redondas com especialistas convidados, o que permitirá o aprofundamento e a disseminação de conhecimento sobre diversos temas concernentes ao planejamento e à gestão socioambiental de empreendimentos do setor elétrico.

Local: Rio de Janeiro (RJ) Contato: (21) 2556-5929 eventos@cigre.org.br

20 a 23 de novembro

Workspot

Descrição

Informações

O Cigré-Brasil realizará a 8ª edição do Workspot, encontro para debates, discussões técnicas, palestras e tutoriais. O evento girará em torno de transformadores e reatores de potência; equipamentos de alta tensão; subestações e materiais; e tecnologias emergentes. Como nas outras edições, serão apresentados trabalhos selecionados e haverá a participação de especialistas de renome internacional para apresentarem tutoriais sobre alguns dos temas preferenciais selecionados para a 8ª edição do evento.

Local: Recife (PE) Contato: (81) 3088-6530 workspot@pmaiseventos.com



114

Índice de anunciantes

ABB 39 0800 014 9111 abb.atende@br.abb.com www.abb.com.br 108

Ação Engenharia (11) 3883.6050 orcamento@acaoenge.com.br www.acaoenge.com.br Alpha Ex 110 (11) 3933-7533 vendas@alpha-ex.com.br www.alpha-ex.com.br Alubar 79 (91) 3754-7100 comercial.cabos@alubar.net www.alubar.net.br 92

Balestro (19) 3814-9000 balestrovendas@balestro.com.br www.balestro.com.br Birec 83 www.bireccongress.com 75

Brametal (27) 2103-9400 comercial@brametal.com.br www.brametal.com.br BRVal 19 (21) 3812-3100 vendas@brval.com.br www.brval.com.br Cablena 47 (11) 3587-9590 vendas@cablena.com.br www.cablena.com.br Certlab 101 (19) 3578-0100 nr10@certlab.org.br www.certlab.org.br Chardon Group 18 (11) 4033-2210 wvalentim@chardongroup.com.br www.chardongroup.com.br Clamper Fascículos (31) 3689-9500 / 0800 7030 55 comunicacao@clamper.com.br www.clamper.com.br 7

Chint (11) 3266-7654 lywei@chint.com www.chint.com

Cobrecom 17 (11) 2118-3200 cobrecom@cobrecom.com.br www.cobrecom.com.br Cobremack 89 (11) 4156-5531 SP (71) 3594-5565 BA contato@cobremack.com.br www.cobremack.com.br Condumax 73 0800 701 3701 www.condumax.com.br Conexled 4ª capa (11) 2334-9393 www.conexled.com.br Embrata 66 (11) 4513-8665 embratarui@terra.com.br www.embrata.com.br Enmac 52 (11) 2489-5200 enmac@enmac.com.br www.enmac.com.br Exsuper 111 (15) 4062-9447 exsuper@exsuper.com.br www.exsuper.com.br 77

Fastweld (11) 2425-7180 fastweld@fastweld.com.br www.fastweld.com.br FLIR Brasil 95 (15) 3238-8075 flir@flir.com.br www.flir.com.br Gaya Tree 105 www.facebook.com/gayatreeconsultoria www.gayatree.com.br General Cable 9 (11) 3457-0300 vendas@generalcablebrasil.com www.generalcablebrasil.com

O Setor Elétrico / Setembro de 2016

ICE Cabos Especiais 49 (11) 4677-3132 www.icecabos.com.br Ilumatic 43 (11) 2149-0299 ilumatic@ilumatic.com.br www.ilumatic.com.br Induma 24 (47) 3411-0099 vendas1@induma.com.br www.induma.com.br 15

Intelli (16) 3820-1614 ricardo@intelli.com.br www.grupointelli.com.br Itaim Iluminação 2ª capa (11) 4785-1010 vendas@itaimiluminacao.com.br www.itaimiluminacao.com.br Itaipu Transformadores 97 (16) 3263-9400 comercial@itaiputransformadores.com.br www.itaiputransformadores.com.br Kian Brasil 45 (21) 2702-4575 sac@kianbrasil.com.br www.kianbrasil.com.br KRC 90 (11) 4543-6034 comercial@krcequipamentos.com.br www.krcequipamentos.com.br LedClass 71 (19) 3291-0123 contato@ledclass.com.br www.ledclass.com.br Maccomevap 104 (21) 2687-0070 comercial@maccomevap.com.br www.maccomevap.com.br Média Tensão 65 (11) 2384-0155 vendas@mediatensao.com.br www.mediatensao.com.br

Gimi Pogliano 91 (11) 4752-9900 www.gimipogliano.com.br

Megabarre 5 (11) 4525-6700 vendas@megabarre.com.br www.megabarre.com.br

Helllerman Tyton 107 (11) 4815-9090 / (11) 2136-9090 vendas@hellermanntyton.com.br www.hellermanntyton.com.br

Melfex 109 (11) 4072-1933 contato@melfex.com.br www.melfex.com.br

Holec 61 (11) 4191-3144 vendas@holec.com.br www.holecbarras.com.br

Minuzzi (19) 3272-6380 minuzzi@transformadoresminuzzi.com.br www.transformadoresminuzzi.com.br

111

Mon-Ter 22 (11) 4487-6760 montereletrica@montereletrica.com.br www.montereletrica.com.br

Rittal 37 (11) 3622-2377 info@rittal.com.br www.rittal.com.br

Nambei Fios e Cabos 93 (11) 5056-8900/ 0800 161819 vendas@nambei.com.br www.nambei.com.br

Sarel 27 (11) 4072-1722 sarel@sarel.com.br www.sarel.com.br

Nexans 3ª capa (11) 3048-0800 nexans.brazil@nexans.com www.nexans.com.br Novemp 29 e Fascículos (11) 4093-5300 vendas@novemp.com.br www.novemp.com.br Omicron 51 info.latam@omicronenergy.com www.omicronenergy.com/maquinas 96

Palmetal (21) 2481-6453 palmetal@palmetal.com.br www.palmetal.com.br Paratec 99 (11) 3641-9063 vendas@paratec.com.br www.paratec.com.br Patola 46 (11) 2193-7500 vendas@patola.com.br www.patola.com.br Pliz 4 (11) 4126-7290 vendas@pilz.com.br www.pilz.com.br 10

Polar Macaé (22) 2105-7777 vendas@polarmacae.com.br www.polarmacae.com.br Poleoduto 31 (11) 2413-1200 poleoduto@poleoduto.com.br www.poleoduto.com.br Proauto Espaço 5419 (15) 3031-7400 www.proautomacao.com.br 23

Sassi Medidores 85 (11) 4138-5122 sassi@sassitransformadores.com.br www.sassitransformadores.com.br Sec Power 103 (11) 5541-5120 www.secpower.com.br Sel 69 (19) 3515-2000 www.selinc.com.br Sendi 87 www.sendi.org.br Smart Grid 113 www.smartgrid.com.br Terex 55 (31) 2125-4000 reh-marketing@terex.com www.terexutility.com.br THS 86 (11) 5666-5550 vendas@fuses.com.br www.fuses.com.br Trael 21 (65) 3611-6500 comercial@trael.com.br www.trael.com.br Te Connectivity 6 (11) 2103-6095 te.energia@te.com www.te.com/energy Technomaster 16 (21) 2580-4001 vendas@technomaster.net www.technomaster.net

Protcrontrol (11) 2626-2453 www.protcontrol.com

Ultrapower 11 (11) 4028-4376 www.ultrapowermat.com.br

Renetec 53 (11) 4991-1999 vendas@renetec.com.br www.renetec.com.br

Unitron 13 e 81 (11) 3931-4744 vendas@unitron.com.br www.unitron.com.br




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