Ano 11 - Edição 128 Setembro de 2016
A beleza da rede subterrânea Como harmonizar os interesses das empresas de energia, gás, água e telecom?
Eólica e os próximos 10 GW Agentes discutem em evento do setor medidas para a continuidade do crescimento da fonte no país
CINASE
Recorde histórico de público na edição realizada em Salvador (BA)
Sumário
3
atitude@atitudeeditorial.com.br Diretores Adolfo Vaiser Simone Vaiser Coordenação de marketing Emerson Cardoso – emerson@atitudeeditorial.com.br Coordenação de circulação, pesquisa e eventos Marina Marques – marina@atitudeeditorial.com.br Assistente de circulação, pesquisa e eventos Bruna Leite – bruna@atitudeeditorial.com.br Administração Paulo Martins Oliveira Sobrinho administrativo@atitudeeditorial.com.br Editora Flávia Lima - MTB 40.703 - flavia@atitudeeditorial.com.br Redação Bruno Moreira – bruno@atitudeeditorial.com.br Publicidade Diretor comercial Adolfo Vaiser - adolfo@atitudeeditorial.com.br Contatos publicitários Ana Maria Rancoleta - anamaria@atitudeeditorial.com.br Carla Kos Duboc - carla@atitudeeditorial.com.br Sidnei Vargas – vargas@atitudeeditorial.com.br
Suplemento Renováveis 67 Confira cobertura completa da sétima edição da Brazil Windpower, evento que reuniu, no Rio de Janeiro (RJ), os principais players do setor e discutiu o futuro da fonte eólica no país para discutir o futuro da energia eólica no país. Veja ainda um artigo que traz uma análise acerca da geração de energia solar fotovoltaica no estádio do Mineirão.
Representantes Paraná / Santa Catarina / Rio Grande do Sul / Minas Gerais Marson Werner - marson@atitudeeditorial.com.br (11) 3872-4404 / 99488-8187 Direção de arte e produção Leonardo Piva - atitude@leonardopiva.com.br Denise Ferreira Consultor técnico José Starosta Colaborador técnico de normas Jobson Modena Colaboradores técnicos da publicação Aléssio Borelli, Cláudio Mardegan, João Barrico, Jobson Modena, José Starosta, Juliana Iwashita, Luiz Fernando Arruda, Marcelo Paulino, Michel Epelbaum, Roberval Bulgarelli e Saulo José Nascimento. Colaboradores desta edição: Bruno Lopes, Claudio Mardegan, Daniel Bernardon, Diego Ramos, Eduardo Cardoso, Eduardo Daniel, Hédio Tatizawa, Hélio Eiji Sueta, João P. Corrêa, Luís Eduardo Caires, Manuel Losada y Gonzalez, Márcio Eli Souza, Márcio Melquíades, Marcos Herrera, Murilo da Cunha, Nunziante Graziano, Sergio Roberto Santos, Silvio J. van Dijk, Vicente Scopacasa e Wallace Boaventura. Revista O Setor Elétrico é uma publicação mensal da Atitude Editorial Ltda. A Revista O Setor Elétrico é uma publicação do mercado de Instalações Elétricas, Energia, Telecomunicações e Iluminação com tiragem de 13.000 exemplares. Distribuída entre as empresas de engenharia, projetos e instalação, manutenção, industrias de diversos segmentos, concessionárias, prefeituras e revendas de material elétrico, é enviada aos executivos e especificadores destes segmentos. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da Editora. Capa: splitshire.com | pexels.com Impressão - Ipsis Gráfica e Editora Distribuição - Correio
Coluna do consultor
6
Setor ainda sofre com falta de investimentos, mas mercado Painel de notícias
8
Investimentos e resultados em eficiência energética
Filiada à
espera crescimento médio de 16% para este ano de 2016.
podem aumentar; Inaugurada maior termelétrica a gás
Espaço 5419 94
de aterro do país; Exportações do setor reagem em
Desmitificando conceitos arraigados no setor.
agosto; Encontro discute instalação de laboratório de redes inteligentes; Cemig vende linha de transmissão
Espaço 5410 96
no Chile; Nova fabricante de Leds inicia operação no
Grupos de trabalho dividem tarefas na revisão da NBR 5410.
Brasil. Estas e outras notícias sobre empresas, mercado e produtos do setor elétrico brasileiro.
20
Colunistas Jobson Modena – Proteção contra raios
Cobertura do Circuito Nacional do Setor Elétrico (Cinase)
100 Luiz Arruda – Instalações MT 101
realizado na cidade de Salvador (BA) e que reuniu o
José Starosta – Energia com qualidade
Evento – CINASE
maior público da história do evento. Fascículos
Reportagem 56
102 Roberval Bulgarelli – Instalações Ex 104 Plinio Godoy – Falando sobre a luz 106 Dicas de instalação
60 Aula prática
108
Orientações para instalações em áreas classificadas.
Veja quais são os principais obstáculos para o avanço das redes subterrâneas no país.
98
João José Barrico – NR 10
25
Atitude Editorial Publicações Técnicas Ltda. Av. General Olímpio da Silveira, 655 – 6º andar, sala 62 CEP: 01150-020 – Santa Cecília – São Paulo (SP) Fone/Fax - (11) 3872-4404 www.osetoreletrico.com.br atitude@atitudeeditorial.com.br
Pesquisa – Prestadores de serviços para GTD
Ponto de vista
110
Opinião sobre o Processo Produtivo Básico (PPB) de luminárias a Led em Manaus.
A segunda parte de um artigo técnico que trata da
112
influência do aquecimento na resistência elétrica de
Agenda
barramentos blindados.
Cursos e eventos do setor de energia elétrica nos próximos meses.
84
Editorial
4
O Setor Elétrico / Setembro de 2016 Capa ed 128_A.pdf
1
10/1/16
1:01 PM
www.osetoreletrico.com.br
Ano 11 - Edição 128 Setembro de 2016
A beleza da rede subterrânea Como harmonizar os interesses das empresas de energia, gás, água e telecom?
O Setor Elétrico - Ano 11 - Edição 128 – Setembro de 2016
Por baixo da terra
Eólica e os próximos 10 GW Agentes discutem em evento do setor medidas para a continuidade do crescimento da fonte no país
CINASE
Recorde histórico de público na edição realizada em Salvador (BA)
Edição 128
A capa desta edição retrata uma paisagem que não é brasileira. É, na verdade, um recorte de uma via pública na cidade
de Turim, na Itália, em que se percebe, claramente, a ausência de fios e cabos de telefonia, tevê a cabo ou energia elétrica pendurados em postes de concreto espalhados pelas calçadas. A foto, além de plasticamente interessante, evidencia uma realidade bastante comum em cidades europeias e pouco observada por aqui, em terras tupiniquins. Temos, é claro, alguns bons exemplos de espaços públicos com redes enterradas, mas estes representam uma parcela extremamente ínfima do que poderíamos ter se houvesse uma harmonia entre todos os interessados envolvidos nessa questão.
Pesquisando em um fascículo sobre o tema, publicado em 2013 neste mesmo periódico, obtive a informação de que
países como a Holanda, já na década de 1970, optaram por sistemas com cabos subterrâneos em função da segurança, da confiabilidade, da ocupação de espaços e da possibilidade de reutilização dos direitos de passagem. Ou seja, não se trata apenas de estética, é uma questão técnica e também de civilidade. A Europa, a partir do final da década de 1990, optou pela expansão da distribuição de energia elétrica exclusivamente com redes subterrâneas em praticamente todos os países. E, por lá, a taxa de crescimento das redes subterrâneas ocorre a um valor anual da ordem de 2% a 3%. Enquanto que, nos Estados Unidos, a taxa de crescimento de investimentos no subterrâneo tem sido crescente nos últimos anos, chegando a cerca de 27% do total de investimentos em todas as instalações de distribuição. No Brasil, da atual rede de distribuição de energia elétrica instalada, apenas 2% é composta por redes subterrâneas.
Com a comparação, não quero dar a impressão de mostrar a “superioridade” europeia em detrimento da nossa
pequenez. Quero apenas reforçar o fato de que desperdiçamos a tecnologia e a engenharia de qualidade que temos à nossa disposição. Isso porque não estivemos atrasados no que diz respeito às primeiras iniciativas de implantação da tecnologia. No Brasil, as redes subterrâneas começaram nos primeiros anos do século XX nas cidades com maior desenvolvimento, Rio de Janeiro e São Paulo, com a antiga Brazilian Traction, Light and Power, precursora da Light. Em 1902, o início das instalações se deu em São Paulo com três câmaras em um sistema radial operando em 2,2 kV. Mas paramos em algum momento dessa evolução e as redes aéreas, hoje, dominam nossos ares. Há quem as defenda.
Na reportagem desta edição, você terá mais informações
sobre este tema e entenderá, por exemplo, a relação das redes – subterrâneas e aéreas – com a qualidade da energia elétrica entregue pela concessionária. Por fim, deixo uma das mais emblemáticas imagens de uma via pública brasileira com as redes enterradas. Dá para imaginá-la de outra maneira? Abraços,
flavia@atitudeeditorial.com.br Redes sociais Acesse o Facebook e o Twitter da revista O Setor Elétrico e fique por dentro das notícias da área elétrica!
www.facebook.com/osetoreletrico
www.twitter.com/osetoreletrico
6
Coluna do consultor
José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do DeinfraFiesp. jstarosta@acaoenge.com.br
Enfim, a tarifa branca, e o ano se arrasta no vermelho
Em novembro do ano passado, publicávamos na coluna “Energia com
qualidade” um artigo sobre a importância da necessidade da implantação da tarifa branca. Tratava-se de uma oportunidade para os pequenos consumidores residenciais e comerciais reduzirem suas contas de energia com modulação de carga e redução do consumo da ponta. Toda modulação é bem-vinda mesmo para as distribuidoras.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou o início da vigência
da tarifa branca a partir de 2018, inicialmente, para os consumidores acima de 500 kWh por mês. Naquela oportunidade, as simulações de economia apontaram para economias nas contas de valores superiores a 10%. Resta saber se as concessionarias manterão os horários de ponta atuais aplicados nas tarifas azul e verde, pois disto dependerão os ajustes operacionais necessários para a obtenção das economias. Um bom sinal no horizonte.
No plano econômico, a situação se “arrasta”, apesar de as percepções da
economia serem favoráveis, os negócios fechados, os contratos assinados e outros indicadores de mercado continuarem à mingua. Algumas oportunidades poderão surgir em projetos públicos, como as PPPs ou PPIs. Os governos tentam ajustar seus orçamentos e contratar projetos de melhorias das suas sofridas infraestruturas locais. E haja sofrimento! Sofrimento também das empresas médias que lutam pela sobrevivência e que vivem momentos de expectativa com orçamentos e resultados da mesma proporção, esperando melhores dias.
No plano político, a cassação de Cunha (ufa!), o show de retórica do
MP que parece não ter provas contundentes, as lágrimas de Lula que não convencem nem o porteiro do sindicato dos metalúrgicos, as campanhas a prefeito e outras ocorrências também sem graça tomaram conta de nosso final de inverno. O que salta aos olhos é a exposição da ladroeira, com prisão de alguns envolvidos e os números que foram subtraídos dos nossos bolsos. A cada novo estouro surgem buracos de 10, 20 bilhões de reais. Os 2 ou 3 milhões do tríplex do Guarujá ou do sítio de Atibaia são “dinheiro de pinga”. Aliás, “só tomando uma, companheiro”.
Painel de mercado
8
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Notícias relevantes dos mercados de instalações elétricas de baixa, média e alta tensões.
Investimentos e resultados em EE podem aumentar Repasse obrigatório de 20% dos recursos de EE ao Procel e flexibilidade de investimentos em consumidores de baixa renda devem melhorar resultados dos projetos de eficiência energética no Brasil Realizado entre os dias 30 e 31
renda são destinados à baixa renda.
de agosto de 2016, a 13ª edição do
Isso consiste, no que diz respeito ao
para Eficiência Energética”, o diretor da
No painel “Linhas de Financiamentos
Congresso
Eficiência
Procel, na distribuição em larga escala de
Vitalux e ex-presidente da Associação
Energética (Cobee) teve como um de
geladeiras em detrimento de tornar mais
Brasileira das Empresas do Serviço
seus destaques a palestra ministrada
eficientes motores elétricos utilizados
de Conservação de Energia (Abesco),
pelo superintendente de Pesquisa e
em indústrias, por exemplo. “Espero que
Eduardo
Desenvolvimento e Eficiência Energética
estas mudanças melhorem esta ‘pizza’
tema
da Agência Nacional de Energia Elétrica
de investimentos, que está muito mal
o mais polêmico dos eventos sobre
(Aneel),
repartida”, diz o superintendente.
eficiência energética. Para ele, apesar
Entre as mudanças implementadas
das
Energética no Brasil”, o superintendente
pela
comentou as mudanças no Programa de
destacou
Eficiência Energética trazidas pela Lei
empresas
se
tornarem
13.280/2016. Entre as modificações está
obrigação
de
investimento
a alteração da obrigação de investimento
e eficiência energética. São elas as
financiando
em consumidor com tarifa social.
cooperativas permissionárias de serviços
dinheiro, há projetos, mas eles não têm
públicos
saído”, afirma.
Brasileiro
Máximo
Participando
de
Luiz
do
Pompermayer.
painel
“Eficiência
Na norma anterior, a Lei 9.991, de
Lei
Moreno,
enfatizou
“financiamento”
discussões
é
que
o
usualmente
travadas
durante
13.280/2016,
Pompermayer
anos, nenhum progresso em relação
ainda
de
ao assunto foi apresentado. Continua
de
o
fato
algumas
isentas
distribuição
em
de
da P&D
energia
havendo, conforme ele, poucas linhas de
financiamento
e
poucos
projetos
Nesse
e permissionárias de distribuição de
seja inferior a 500 GWh. Conforme o
de
energia elétrica estavam obrigadas a
superintendente,
Desenvolvimento Paulista - Desenvolve
aplicar, no mínimo, 60% dos recursos
se
dos seus programas de eficiência em
isentas.
obrigadas
Governo de São Paulo, Rafael Ramalho
unidades
63 concessionárias de distribuição de
Corso Bergamaschi, as garantias exigidas
energia elétrica.
pelos bancos são um dos principais
pela
consumidoras
Tarifa
Social.
beneficiadas
Com
a
nova
encaixam Ainda
neste
perfil
continuarão
e
ficarão
SP,
Negócios
da
instituição
o
“Há
elétrica cuja energia vendida anualmente permissionárias
para
área.
22 de julho de 2000, as concessionárias
38
sentido,
na
órgãos
gerente
Agência
financeira
ligada
de a
Outro destaque do congresso foi o
entraves para os financiamentos. Sobre
permis s ionárias podem (se quiserem)
painel “Políticas Públicas para Combate
isso, a gerente de Projetos de Energia
aplicar até 80% dos recursos de seus
ao Desperdício de Energia”, em que alguns
e
programas de eficiência energética em
dos participantes do debate se detiveram
Banco
unidades
legislação,
as
concessionárias
e
Desenvolvimento de
Econômico
Desenvolvimento
do
Alemão
beneficiadas
nas metas estabelecidas pelo Brasil no
KFW Bankengruppe, Tabea von Frieling
pela Tarifa Social de Energia Elétrica,
Acordo de Paris, tratado ratificado durante
de Valencia, explicou que, devido ao
em comunidades de baixa renda e em
a Convenção-Quadro das Nações Unidas
alto endividamento do setor público e
comunidades rurais.
sobre a Mudança do Clima, realizada em
privado e às garantias exigidas pelos
consumidoras
alterações
2015, e que rege medidas de redução
bancos, poucos clientes são elegíveis
trazidas pela nova lei, como o repasse
de emissão dióxido de carbono a partir
para serem financiados.
obrigatório de 20% dos recursos de
de 2020. O diretor do Departamento de
O congresso contou ainda com
Eficiência
Programa
Mudanças Climáticas (EMC) do Ministério
painéis
Nacional de Conservação de Energia
de Meio Ambiente (MMA), Ricardo Gorini
internacionais que servem de exemplo;
(Procel),
que
de Oliveira, por exemplo, sublinhou o
tendências e perspectivas do mercado
Com
esta
e
outras
Energética Pompermayer
ao
espera
que
destacaram
iniciativas
os
compromisso do país em, até 2030, reduzir
de energia; eficiência energética em
resultados em programas de eficiência
43% de suas emissões de gases do efeito
iluminação; mecanismos de certificação
energética no Brasil. De acordo com o
melhorem
os
investimentos
superintendente,
dos
investimentos
e
estufa, além de chegar a 45% de energias
e
atualmente,
59%
renováveis na matriz energética e alcançar
redução
feitos
baixa
10% de eficiência no setor elétrico.
energética na indústria; entre outros.
em
processos de
de
gestão
energética;
emissões;
eficiência
Painel de mercado
10
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Inaugurada maior termelétrica a gás de aterro do país Usina Termoverde Caieiras representa um importante reforço energético para São Paulo e tem a sustentabilidade como pilar
Com o objetivo de transformar resíduos
é o combustível utilizado para a geração de
a
energia, o que é uma forma sustentável de
Termoverde Caieiras foi inaugurada no último
valorização dos gases, além de gerar créditos
dia 16 de setembro, com capacidade de gerar
de carbono.
29,5 MW da energia, quantidade suficiente
para abastecer cidade de 300 mil habitantes.
15.000 m² e teve autorização da Agência
Trata-se da maior termelétrica movida a
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para iniciar
biogás de aterro sanitário do Brasil e uma
a operação em julho de 2016. É um investimento
das maiores do mundo, situada na Central de
de mais de R$100 milhões do Grupo Solví, que
Tratamento e Valorização Ambiental (CTVA)
atua nos segmentos de gestão de resíduos,
da Essencis, no município de Caieiras-SP, km
saneamento e energia renovável.
33 da Rodovia Bandeirantes.
urbanos
em
energia
elétrica
limpa,
A usina foi construída em uma área de
Entre os benefícios da termelétrica ao
A Termoverde Caieiras gera energia
meio ambiente destacam-se: a preservação
limpa
depositado
da vegetação e da fauna local; a manutenção
no aterro sanitário da Essencis. O gás
da topografia existente; a não geração de
metano, decorrente da decomposição dos
odores; e a isenção de riscos de poluição de
resíduos orgânicos depositados no aterro,
mananciais e da atmosfera.
a
partir
do
resíduo
Dados da termelétrica Termoverde Caieiras Unidade de tratamento do biogás
Conexão à rede elétrica – subestação
Resfriador: 540 TR
elevadora
Soprador: 21.000 Nm³/h
Capacidade: 2x30/40 MVA Tensão: 13.8/138 kV
Unidade de geração – motogeradores a biogás
Linha de transmissão
Marca: GE Jenbacher
Tensão: 138 kV
Modelo: JGS 420 GS-B.L. Rotação: 1800 RPM Arrefecimento: radiador Sistema de controle: eletrônico
11
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Exportações do setor eletroeletrônico reagem em agosto Sondagem realizada pela Abinee registra discreto aumento nas vendas para o mercado externo em agosto
relação a julho deste ano, o total importado
As exportações de produtos do setor
eletroeletrônico
somaram
US$
aumentou 16,7%.
482,7
milhões no mês de agosto de 2016, 1,3%
Comparando o acumulado de janeiro-
acima das ocorridas no mesmo mês do ano
agosto de 2016, houve queda, tanto nas
passado (US$ 476,4 milhões), segundo a
exportações quanto nas importações. As
Associação Brasileira da Indústria Elétrica
vendas de produtos elétricos e eletrônicos no
e Eletrônica (Abinee). Na comparação
mercado externo somaram US$ 3,76 bilhões,
com julho de 2016, as vendas no mercado
2,2% abaixo das registradas no mesmo
externo cresceram 11,8%.
período de 2015 (US$ 3,84 bilhões), quanto
Já as importações somaram US$ 2,391
as importações totalizaram US$ 16,6 bilhões
bilhões, 0,1% acima das ocorridas em agosto
no acumulado do ano, 27,4% inferior ao do
do ano anterior (US$ 2,388 bilhões). Em
mesmo período de 2015 (US$ 22,8 bilhões).
Exportações do setor eletroeletrônico
Áreas
US$ milhões
Variação %
2015
2016
Automação industrial
39,7
44,2
11,2%
Componentes
235,4
238,2
1,2%
Equipamentos industriais
74,1
79,2
6,9%
Geração, Transmissão e
60,2
43,7
-27,3%
Distribuição de energia (GTD) Informática
21,9
29,2
33,4%
Material de instalação
10,6
7,9
-25,3%
Telecomunicações
14,2
18,3
28,3%
Utilidades domésticas
20,2
22,0
8,9%
Total
476,4
482,7
1,3%
Fabricantes de silicone pressionam revisão da ABNT NBR 5410 Comissão da Abiquim acredita que a norma deve aprimorar as orientações sobre aplicação de silicone em fios e cabos A Comissão Setorial de Silicones, da
energia. De acordo com a entidade, o material
Associação Brasileira da Indústria Química
mantém suas dimensões originais e isolação,
(Abiquim), vem participando das reuniões da
sem expor a parte metálica interna do condutor,
comissão CE 03:064.001, que revisa a norma
evitando curtos-circuitos e choques elétricos.
ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de
baixa tensão, com o intuito de aprimorar o
de revisão da norma é importante, tendo em vista
documento no que diz respeito à aplicação de
que a certificação de fios e cabos é obrigatória.
silicone em fios e cabos.
"Com a regulamentação do Inmetro, somente
A Associação defende que, por ser
produtos fabricados de acordo com as normas
resistente a altas temperaturas, a borracha de
técnicas em vigor e certificados poderão ser
silicone protege fios e cabos de forma mais
comercializados, aumentando a confiabilidade
eficiente, minimizando risco de fogo na camada
do material", afirma Irineu Bottoni, coordenador
de proteção, quando expostos à sobrecarga de
da Comissão.
O envolvimento da Associação no processo
Painel de mercado
12
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Encontro discute instalação de laboratório de redes inteligentes Cepel, Instituto Fraunhofer e agentes do setor elétrico discutem propostas para laboratório que deverá atender às demandas atuais e futuras das redes inteligentes no país O Cepel e o Instituto Fraunhofer-
está inserido numa série de atividades
uma externa, o laboratório será implantado
Gesellschaft da Alemanha promoveram, no
relativas ao planejamento do ambiente de
na Unidade Adrianópolis do Centro, no
dia 31 de agosto, um workshop sobre o
laboratórios de smart grid em nível global. É
Rio de Janeiro. Em suas instalações, serão
futuro Laboratório de Redes Inteligentes do
algo que apresenta um grande desafio, o de
investigados aspectos técnicos diversos das
Centro, cujo projeto está sendo financiado
desenvolver em vários países essa questão
redes inteligentes, constituídas de diversos
com recursos do Projeto de Assistência
[smart grid], na qual estou trabalhando há
subsistemas, equipamentos e dispositivos,
Técnica dos Setores de Energia e Mineral
mais ou menos 10 ou 12 anos. Ficamos
de modo a verificar sua aderência a normas
(Projeto META), firmado entre o Banco
muito felizes em obter o contrato para darmos
técnicas
Mundial e o Governo Brasileiro, por meio do
suporte a esta iniciativa”.
examinar seu desempenho em condições
Ministério de Minas e Energia (MME).
O
O intuito do workshop foi avaliar, junto
organização de pesquisa aplicada da Europa,
reais em campo.
às instituições presentes no evento, os
possuindo mais de 80 centros de pesquisa.
O projeto básico do laboratório deverá
requisitos de infraestrutura para ensaios e
Durante os 11 meses de consultoria,
conter as definições das áreas internas
pesquisa que o laboratório deverá ter para
contratada em maio deste ano, o Cepel vai
de ensaios e instalações experimentais
atender às demandas – atuais e futuras - das
trabalhar em conjunto com o Fraunhofer IWES
expostas ao tempo; sala de controle;
redes inteligentes no país, como destacaram
(Wind Energy & Energy System Technology)
tensões e potências máximas de ensaios;
o diretor-geral do Cepel, Albert Melo, e o
e o Fraunhofer Fokus (Open Communication
sistemas para emulação dos ambientes de
diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e
Systems).
teste para integração da geração distribuída
Inovação do Centro, Roberto Caldas.
Na
“A proposta é que o laboratório de redes
panorama a respeito dos mais importantes
inteligentes do Cepel se torne uma referência
laboratórios mundiais de redes inteligentes
além da Eletrobras e das empresas de
nacional. E, para introduzir novas tecnologias
e as normas utilizadas em ensaios e testes.
distribuição, a ideia é elaborar projetos em
em um sistema elétrico complexo como o
Também detalharam os principais requisitos
conjunto com concessionárias, fabricantes
brasileiro, é preciso se antecipar a possíveis
e campos de atuação deste gênero de
de equipamentos, e estabelecer cooperação
maus funcionamentos. Daí a importância
laboratórios, como interoperabilidade, testes
com entidades de ensino e pesquisa
de se definirem o escopo e a estratégia de
de interface com a rede, emulação de redes
brasileiras e internacionais.
implantação da infraestrutura. Para isso,
de comunicação e medição, bem como a
contamos com o apoio de uma instituição
necessidade da acreditação de acordo com
início ao processo de negociação das demais
como o Instituto Fraunhofer, contratado
a norma IEC ISO 17025.
etapas para a implantação do laboratório, a
Instituto
ocasião,
Fraunhofer
foi
é
a
apresentado
maior
um
por meio de um processo de concorrência
nacionais
e
internacionais
e
similares às encontradas em instalações
à rede elétrica; e simulação em tempo real. Quanto aos beneficiários do laboratório,
Concluído o projeto básico, o Cepel dará
qual está sendo realizada dentro da Atividade
internacional baseado na qualidade e no
O laboratório
Consgrid (Consultoria de Smart Grids), no
custo, e também com as contribuições dos
âmbito do Projeto META.
agentes do setor”, afirmou Albert Melo, ao dar as boas-vindas aos participantes, em nome do MME e da Eletrobras. Na
mesma
linha
de
pensamento,
o diretor Roberto Caldas ressaltou a importância das contribuições dos agentes do setor durante o workshop não só para dar início ao desenvolvimento do laboratório, mas também para que sua estruturação seja flexível para atender às necessidades de expansão de uma instalação deste porte. Sobre a participação no projeto do laboratório do Cepel, o diretor da Divisão de Engenharia de Sistemas do Instituto Fraunhofer,
Philipp
Strauß,
enfatizou:
“Esse projeto é muito importante, pois
Com área abrigada, complementada por
Painel de empresas
14
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Um giro pelas empresas que compõem o setor elétrico brasileiro.
Cemig anuncia venda de linha de transmissão no Chile A Ferrovial Transco Chile é a nova responsável por uma linha de transmissão que possui cerca de 200 quilômetros de extensão
A Companhia Energética de Minas Gerais
“O plano de alienação de ativos está
(Cemig) anunciou a venda da sua participação
dentro dessa visão estratégica de retomar um
societária
Charrúa
plano de negócios, de médio e longo prazo,
Transmisión S.A para a Ferrovial Transco Chile,
que envolva a retomada do crescimento da
empresa controlada pela espanhola Ferrovial,
Companhia. O nosso objetivo é reestruturar
pelo valor de U$ 56,55 milhões. A negociação
a empresa e diminuir o custo financeiro. Para
ressalta o novo planejamento estratégico de
isso, é preciso ter um plano de alienação de
vender ativos em que a companhia não tem
ativos, que reduza o endividamento, baseado
controle ou a gestão compartilhada.
em atividades que não são essenciais à
De
total
acordo
na
Transchile
com
o
presidente
da
empresa”, afirma o presidente.
Cemig, Mauro Borges Lemos, o novo
A Transchile é responsável pela linha
planejamento estratégico da Cemig prevê a
Charruá-NuevaTemuco, com dois circuitos,
alienação de ativos que não pertencem às
em 220 kV, e possui cerca de 200 quilômetros
atividades principais da empresa – geração,
de extensão. Em 2005, a Cemig em conjunto
transmissão, distribuição e comercialização
com a Alusa, de São Paulo, venceu a licitação
de energia, o chamado core business – ou
para a construção da linha de transmissão
aqueles ativos que pertencem ao negócio
entre as cidades de Charrúa e Temuco, no
principal, mas não são controlados pela
Chile. A linha entrou em operação comercial
companhia, como no caso da Transchile.
em 2010.
ABB vende negócio de cabos para NKT Cables ABB e NKT Cables assinam acordo de parceria estratégica de longo prazo. O valor total da venda foi da ordem de 836 milhões de euros bilhão de euros.
longo prazo", explica o CEO da ABB, Ulrich
global de sistema de cabos de alta tensão
O negócio de sistemas de cabos
Spiesshofer.
para a NKT Cables pelo valor total de 836
da ABB oferece soluções turnkey, que
milhões de euros (US$ 934 milhões). Os
inclui projeto, engenharia, fornecimento,
escala e do alcance operacional das duas
cabos de alta tensão são os principais
instalação, comissionamento e serviços.
empresas leve a um serviço ainda melhor
componentes
Em 2015, este negócio constituiu receitas
para os clientes globais. "O negócio de
independentes
milhões,
cabos de alta tensão da ABB fortalecerá
de grandes quantidades de eletricidade
empregando cerca de 900 pessoas, com
de forma considerável o portfólio, levando-
em longas distâncias. O negócio é
fabricação de ponta e capacidade de P&D
nos a uma operação de produção de classe
parte da divisão Power Grids da ABB
para cabos de alta tensão subterrâneos
mundial. Iremos aprimorar a tecnologia,
que atualmente passa por uma revisão
e submarinos em Karlskrona, na Suécia. A
desenvolver a competência e a mão de obra
estratégica.
transferência dos ativos também inclui um
altamente qualificada para fazer crescer este
novo e inovador navio de assentamento de
negócio, "disse Michael Hedegaard Lyng,
cabos de alimentação para soluções de
cabos, atualmente em construção.
presidente e CEO da NKT Cables.
baixa, média e alta tensão, principalmente
"Estamos combinando dois sólidos
A transação deverá ser concluída
na área de corrente alternada (CA). Suas
portfólios de cabos, que já são parte da
no primeiro trimestre de 2017, estando
principais instalações de produção estão
tradição nórdica, para sermos ainda mais
sujeita às aprovações regulamentares e
na Europa e na China, bem como seus
competitivos e em maior escala sob o
cumprimento das condições de fechamento.
escritórios de vendas estão em todo o
domínio da NKT Cables, mantendo, ao
A Goldman Sachs atuou como assessor
mundo,
3.200
mesmo tempo, o acesso ao fornecimento
financeiro exclusivo da ABB e a Freshfields
pessoas. Em 2015, sua receita foi de 1,2
a partir de uma parceria estratégica de
Bruckhaus Deringer como assessor jurídico.
A ABB acaba de vender seu negócio
sustentável,
das usados
redes para
de
energia
transmissão
A NKT Cables projeta, fabrica e fornece
empregando
cerca
de
de
US$
524
A proposta é que a combinação da
Painel de empresas
16
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Fabricante de lâmpadas Teslights inicia operação no Brasil Especializada no mercado de Led inteligente, a multinacional americana chega ao Brasil com investimento de US$ 5 milhões A
multinacional
americana
Teslights,
empresa de gestão inteligente de energia, com unidades nos Estados Unidos, Espanha, Hong Kong, México, Argentina, entre outros, inicia as operações no Brasil e inaugura a fábrica de lâmpadas de Leds inteligentes em Jundiaí, interior de São Paulo. O objetivo é atender à demanda interna em otimizar o uso dos recursos de energia de forma sustentável, desde a concepção do projeto de iluminação, otimização de infraestrutura energética até a implementação com lâmpadas e sistema de telegestão de fabricação própria. A Teslights avalia que o mercado de eficiência energética no mundo nos próximos dez anos alcance a marca de US$ 425 bilhões.
“A Teslights é uma fornecedora de soluções
Unidade fabril da Teslights do Brasil, localizada em Jundiaí (SP), está em operação desde setembro de 2016. A companhia já possui contratos com grandes empresas brasileiras.
em iluminação inteligente, capaz de habilitar
De acordo com a empresa, entre as
e seja responsável por 30% do faturamento
e prover dados para análise e decisões em
soluções disponibilizadas que garantem uma
global da empresa nos próximos cinco anos.
projetos de internet e Big Data. Nosso modelo
taxa interna de retorno acima de 70% estão o
“O Brasil é um dos principais mercados
de negócios consiste em oferecer às indústrias,
fato de que as lâmpadas de Led inteligentes
da América Latina, por isso, optamos
comércios e cidades uma plataforma flexível
são produzidas em sistema modular, com
por construir a nossa unidade fabril aqui
que permita o gerenciamento de todos os
certificações
qualidade,
para fornecer para toda a região. Dessa
dispositivos de elétricos, seja em um escritório
segurança e performance que garantem a
forma, atendemos toda a cadeia produtiva
ou em toda uma cidade. Para garantir a eficiência
eficiência de 190 lm/W. Além disso, o sistema
entregando
do projeto, produzimos nossa linha própria
de telegestão é capaz de se comunicar com
atendimento técnico local e garantia. Nosso
de Leds inteligentes que pode ser totalmente
todos os protocolos de informação existentes.
objetivo é tornar a unidade de Jundiaí o
customizada de acordo com a necessidade de
Segundo Cancela, a expectativa é que
showroom modelo para o mundo com todos
cada empreendimento”, explica o fundador e
o Brasil se torne o segundo maior mercado
os nossos serviços e produtos instalados”,
CEO da Teslights, Fernando Cancela.
do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos,
detalha o executivo.
internacionais
de
desde
o
serviço,
produto,
Painel de empresas
18
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Reymaster recebe certificação de qualidade ISO 9001:2015 Distribuidora de materiais elétricos, com sede em Curitiba (PR), teve sua gestão novamente certificada e amplia portfólio A Reymaster, distribuidora de materiais
Parceria com a Schneider
elétricos com sede em Curitiba (PR), foi
A Reymaster acaba de fechar uma
recertificada com a ISO 9001:2015. A empresa
parceria com a Schneider Electric para
recebeu o selo após auditoria realizada pelo
comercializar para todo o país inversores de
Instituto Bureau Veritas Brasil. Este é o quarto
frequência e soft starters da marca.
ano consecutivo que a empresa atesta sua
O
qualidade aos padrões internacionais da norma.
paranaense, Gustavo B. de Souza, explica que a
Com a certificação, a Reymaster tornou-se
função principal dos inversores de frequência é o
uma das primeiras empresas do país a possuir
controle de velocidade ou do torque dos motores,
a ABNT NBR ISO 9001 em sua nova versão,
sendo aplicados nas mais diversas máquinas,
que foi lançada em outubro de 2015.
desde as simples (esteira transportadora) até as
promotor
técnico
da
distribuidora
A ISO 9001 registrou modificações
mais complexas (pontes rolantes). “A variação
significativas
as
de velocidade nas indústrias é fundamental, pois
exigências para sua obtenção ao avaliar
aperfeiçoa processos industriais, adequando,
mais detalhadamente processos ligados
por exemplo, a velocidade de uma linha de
ao meio ambiente e à análise de riscos
produção à demanda”, acrescenta.
das empresas. O foco no cliente e na
administração da empresa foi mantido, mas
partir, parar e, consequentemente, proteger
direcionado, estrategicamente, prevendo a
motores trifásicos, pois regulam a tensão
geração de resultados. Busca-se, agora, a
e a corrente durante os processos. Sua
sustentabilidade do negócio.
aplicação contribui para o aumento da vida
em
2015:
aumentou
Já os soft starters são utilizados para
A analista de Qualidade da Reymaster,
útil do maquinário, pois, ao realizar paradas
Maria Cristina Nicolau Zanutto, considera que
e partidas controladas, evitam-se desgastes
“a certificação demonstra que a empresa está
desnecessários
sempre em sintonia com as expectativas dos
contribuindo
clientes, buscando aperfeiçoar processos
da manutenção. A distribuidora oferece
sempre no intuito de melhor atendê-los”.
consultoria técnica aos clientes.
e
choques
também
para
mecânicos, a
redução
Da esquerda para a direita: Reynaldo Gabardo (Reymaster), José Sanches (Bureau Veritas) e Marco A. Stoppa (Reymaster).
Evento
20
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
conquista público de Salvador Principais especialistas do setor de instalações elétricas do país discutiram técnica, tecnologia e normalização em congresso itinerante realizado na capital baiana. Mais de 600 profissionais participaram do evento
21
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
A cidade de Salvador (BA) recebeu, no
mês de agosto, o tradicional Circuito Nacional do Setor Elétrico (CINASE), evento promovido pela revista O Setor Elétrico, que leva conhecimento técnico de qualidade a diversas regiões do país. Com a proposta de oferecer atualização técnica, especialmente, para os profissionais fora do eixo Rio-São Paulo, o Congresso vem conquistando as cidades por onde passa com o lema “Uma viagem pelas instalações elétricas”, um novo modelo adotado em 2015 e reforçado neste ano de 2016, que busca abordar toda a cadeia do setor elétrico, desde a geração de energia até o seu consumo.
Esta é a 25ª etapa realizada desde sua
concepção em 2010, e cada edição é uma nova e surpreendente experiência. Um dos destaques desta realização em Salvador foi o público presente, o maior registrado em todas as edições do CINASE. Para a organização do Congresso, isso deveu-se ao trabalho de divulgação pré-evento e, principalmente, do envolvimento de todos os apoiadores locais, que promoveram o evento na cidade com muita eficácia. Com isso, foram mais de 630 participantes nos dois dias de Congresso. “O envolvimento dos apoiadores e patrocinadores antes do evento e um congresso e exposição bem movimentados o tempo todo mostraram que o trabalho tem sido reconhecido e provam que, depois de tantos anos, chegamos no melhor modelo do evento”, celebra o diretor do CINASE, Adolfo Vaiser.
Um dos grandes apoiadores do seminário,
o engenheiro Thales de Azevedo Filho conta que a forma de apresentação, como sugerido pelo tema do evento, fez, efetivamente, uma abordagem de alto nível acerca de todos os aspectos das instalações elétricas. “A presença dos mais renomados e ilustres palestrantes,
disseminando
conhecimento
e saber, proporciona a reciclagem dos profissionais e aprimora a bagagem técnica dos mais novos, num processo de atualização, inclusive das nossas normas”, avalia. Para
ele,
apresentação,
o
método
quando
inovador o
da
palestrante
questiona a plateia, criou um clima de expectativa e aumentou significativamente a atenção de todos, resultando em um melhor aproveitamento dos temas abordados. “A
Evento
22
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
comunidade técnica teve a oportunidade de
Abimael Nogueira, disse que “o ponto mais
Iluminação Pública da Secretaria Municipal
debater e tirar dúvidas, junto aos especialistas
alto do CINASE, etapa Salvador, foi a grande
de Ordem Pública, Salvador merece receber
e fabricantes, com interatividade, em um
presença dos técnicos acompanhada do
eventos como este, não só na área de elétrica,
ambiente
pela
alto nível das palestras, com destaque para
mas também em outros setores. “Este tipo
excelente forma de apresentação dos materiais
as oportunidades de perguntas e respostas
de iniciativa movimenta o corpo intelectual
em uma exposição interativa”, conclui.
empolgantes”. Para ele, um dos grandes valores
e técnico da nossa cidade. É importante ver
Para
altamente
colaborativo,
contribuiu
do evento é a oportunidade dada às empresas
cabeças pensantes da nossa cidade reunidas”.
sobremaneira o aplicativo do evento, que foi
para apresentar seus produtos diretamente
Além disso, o diretor lembra que eventos como
utilizado por palestrantes, patrocinadores
para o possível comprador. “O CINASE tem
este atraem pessoas de cidades próximas, o
e participantes ao longo do Congresso.
uma proposta segura e marcante que não seria
que movimenta hotéis e restaurantes, levando
Segundo a organização, esta foi a edição em
possível com outra forma de comunicação”,
riquezas para a região.
que mais o aplicativo foi utilizado.
diz. O diretor da BRVAL, Alexandre Morais faz
Assim
essa
interatividade,
como
coro: “é uma excelente oportunidade de estar junto aos clientes, expondo seus produtos e
organização fez um trabalho de divulgação que
diferenciais, e percebendo as necessidades e
foi fundamental para o sucesso do Congresso.
carências do mercado”.
das instalações elétricas”, o CINASE objetiva
Foram diversas reuniões e idas a Salvador
Com o intuito de fazer essa aproximação
proporcionar ao participante uma verdadeira
para estabelecer parcerias de apoio e divulgar
ainda mais intensa, todos os patrocinadores
imersão ao mundo da energia elétrica, desde
o evento. Dessa maneira, as instituições
são convidados a realizarem uma mini palestra
a geração, passando pela transmissão e
estavam
para
técnica, em que seus representantes expõem
distribuição, até chegar à baixa tensão e,
também fazerem seu plano de divulgação, o
suas tecnologias aos participantes. Alexandre
efetivamente, ao consumo da eletricidade.
que surtiu bons resultados. Esta edição do
Morais, por exemplo, diz que, em sua
Assim, as palestras são organizadas de
CINASE contou com os seguintes apoiadores:
apresentação, a abordagem é completamente
modo a abordar diversas temáticas do ciclo
Coelba, CREA-BA, Ecoluz, Elétrica Bahiana,
técnica: “o intuito é esclarecer as vantagens da
da energia elétrica, como a dinâmica dos
Inbec, IEEE, Semop-DSIP, Senai/Fieb, Senge
utilização de conjuntos blindados ao invés de
transformadores, a qualidade da energia,
(Sindicato dos engenheiros), Sinduscon-BA,
cabines primárias convencionais, apontando
os painéis de média e baixa tensão, a
Sintec (Sindicato dos Técnicos Industriais),
vários aspectos relacionados à segurança do
eficiência energética na indústria, a proteção
Thales de Azevedo Filho Engenharia de
operador, confiabilidade ao sistema elétrico,
e o aterramento, a segurança do trabalho e a
Instalações e Volga.
compactação da construção, entre outros”,
iluminação.
Entre os patrocinadores, o CINASE
diz.
Desde a primeira edição do CINASE
também foi considerado um sucesso. Um
Para um dos apoiadores, Bruno Barral,
deste ano, o tema “energias renováveis” faz
deles, o presidente do Grupo A.Cabine,
diretor da DSIP/Semop - Diretoria de
parte do cronograma das palestras e é cada
munidas
no
de
evento
A programação
realizado
anteriormente, em Belo Horizonte (MG), a
informações
Com o lema “Uma viagem pelo mundo
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
23
Envolvimento das entidades apoiadoras do CINASE - etapa Salvador resultou no recorde de público de todas as edições já realizadas. Cerca de 630 profissionais participaram do evento.
Evento
24
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Da geração ao consumo, os temas das palestras chamaram a atenção dos participantes, que interagiram com os palestrantes pessoalmente e também por meio do aplicativo CINASE.
vez mais perceptível a necessidade de se
de forma que, no primeiro dia, sejam abordados
participação do engenheiro Thales de Azevedo,
falar sobre este assunto. “Nesta edição, o
temas pertinentes à geração renovável, média
como uma das mais marcantes. “Para os meus
congresso foi inaugurado com uma palestra
tensão e eficiência energética na indústria; e
interesses, essa palestra foi muito importante,
sobre energias renováveis, que foi proferida
no segundo dia, assuntos envolvendo baixa
pois nos ajuda a discutir concepções, como
por um especialista da região, promovendo um
tensão, aterramento, SPDA e iluminação.
plano diretor, e nos faz perceber a necessidade
grande debate entre os participantes”, conta
Para Bruno Barral, da DSIP/Semop, a
de se ter um planejamento a fim de melhorar a
Adolfo Vaiser, diretor do evento.
programação foi bastante adequada. “Percebi
iluminação de forma sustentável, utilizando as
A palestra inaugural abordou o tema “O
que os palestrantes eram muito engajados
novas tecnologias”, analisa.
panorama da gestão energética sob a visão
e preocupados em passar uma mensagem
da concessionária” e foi ministrada pelo
positiva, mas também real, sobre o que é o setor
Palace Hotel, em Salvador (BA), entre os dias
superintendente de Operações & Manutenção
elétrico em suas respectivas áreas”, afirma.
2 e 3 de agosto, e contou com uma exposição
da Companhia de Eletricidade do Estado da
Além disso, Barral entende que é importante
constituída pelas seguintes empresas: AltoQi,
Bahia (Coelba), Sergio Mello. Em seguida, o
esse envolvimento da concessionária local
BRVAL, Chardon, Embrastec, Flir, Grupo
engenheiro Mário Trindade, representando
e do poder público em eventos como este,
A.Cabine, Kian, Loja Elétrica, Maxibarras, Rittal,
a Associação Brasileira de Energia Eólica
pois são alicerces de sustentação do negócio
SEL, TAF, Tavrida Electric, Trael, Volga e Weg.
(Abeeólica), falou sobre conceitos, tendências
como um todo.
e mercado da fonte eólica no país.
nos dias 13 e 14 de outubro, na cidade de
pública, ministrada pelo Plinio Godoy, com a
Dessa maneira, o cronograma é elaborado
Ele menciona o painel sobre iluminação
O CINASE aconteceu no Bahia Othon
A próxima edição do evento acontecerá
Curitiba (PR).
Fascículos
Apoio
GERAÇÃO DISTRIBUÍDA Daniel Bernardon, Murilo da Cunha e Diego Ramos
26
Capítulo IX – Gerenciamento pelo lado da demanda • Estratégias de gerenciamento de carga • Tarifa branca • Geração distribuída • Metodologia de análise técnica e econômica
IEC 61439 – QUADROS, PAINÉIS E BARRAMENTOS BT Nunziante Graziano
34
Capítulo IX – Verificação de projetos • Resistência à corrosão • Propriedades de materiais isolantes • Ensaios de propriedades dielétricas • Funcionamento mecânico
LED – EVOLUÇÃO E INOVAÇÃO Vicente Scopacasa
42
Capítulo IX – Gerenciamento elétrico - Drivers • Vida útil e temperatura de operação • Graus de proteção • Classe UL • Dimerização
CURTO-CIRCUITO PARA A SELETIVIDADE Cláudio Mardegan Capítulo IX – Conversão ΔY e YΔ, equivalente de Thevenin e levantamento de dados • Generalidades • Dados dos equipamentos • Topologia do sistema
48
Apoio
Geração distribuída
26
Capítulo IX Gerenciamento pelo lado da demanda Técnicas de GLD aplicadas ao consumidor de baixa tensão considerando a tarifa branca e a geração distribuída Por Daniel Bernardon, Murilo da Cunha e Diego Ramos*
Hábitos modernos da sociedade são muito dependentes
A modalidade tarifária branca tem caráter opcional, ou seja,
da energia elétrica, exigindo a necessidade do aumento de
o consumidor de BT pode optar pela modalidade convencional
sua oferta e o gerenciamento do seu consumo. Nesse sentido,
ou pela horária branca, entretanto, a iluminação pública e o
a fim de reduzir os impactos de uma demanda crescente e
mercado de baixa renda não podem optar pela tarifa horária
descontrolada de energia, faz-se necessário estabelecer medidas
branca.
para ajudar os consumidores a serem mais eficientes no seu uso.
A geração distribuída torna-se uma realidade no Brasil
Dentro desse contexto, tem-se o gerenciamento pelo
quando a Aneel publica a resolução 482 de 17 de abril de 2012,
lado da demanda (GLD), implicando no planejamento e
a qual trata sobre a microgeração e minigeração distribuída,
implementação de ações que motivam o consumidor a mudar a
buscando regulamentar a instalação da geração distribuída
sua curva de carga.
de pequeno porte, em que o consumidor instala geradores de
O Gerenciamento pelo Lado da Demanda GLD é o
A energia gerada pelo consumidor é conectada ao sistema
da concessionária destinadas a influenciar o uso de energia
de distribuição de energia elétrica e utilizada para amortizar a
elétrica dos consumidores de forma a produzir alterações
energia consumida da concessionária e, caso a energia gerada
desejadas na curva de carga. Estas atividades incluem:
for superior a energia consumida, é gerado um crédito que
gerenciamento de carga, conservação estratégica, eletrificação,
pode ser usado para fatura do mês seguinte, esse crédito fica
geração de energia pelo lado do consumidor, substituição de
válido por 36 meses.
equipamentos obsoletos por mais eficientes e estratégias para o crescimento da participação no mercado.
Fascículo
fontes renováveis.
planejamento, a implementação e o monitoramento de ações
Diante das novas resoluções da Aneel, que apresenta a tarifa branca e a geração distribuída como opções ao
Para uma melhor viabilidade e otimização de um programa
consumidor residencial, o trabalho desenvolvido analisa
de GLD, é importante a integração com as redes inteligentes
as vantagens que esta nova tarifa traz ao consumidor em
(smart grids), pois o monitoramento em tempo real da
virtude dos diferentes preços de tarifa ao longo das horas do
carga, tanto por parte da concessionária, quanto do próprio
dia, aliado à aplicação de GLD e GD, com o desafio de mudar
consumidor, auxilia na tomada de decisão que aliado a uma
hábitos de consumo que represente uma economia na conta
tarifa horária, por exemplo, possibilita deslocar ou reduzir
de energia elétrica.
o consumo de energia de determinados equipamentos nos horários em que o custo da energia é mais caro.
O estudo foi realizado para consumidores da região de Santa Maria pertencentes à classe residencial com faixa de
Dessa forma, recentemente no Brasil, a Agência Nacional
consumo de 301 kWh a 500 kWh, explorando técnicas de GLD,
de Energia Elétrica (Aneel) adotou novas resoluções que
como o deslocamento de carga e redução de pico, assim como a
incentivam o uso de geração distribuída pelos consumidores de
utilização de fontes de energias renováveis eólica e solar.
baixa tensão (BT), bem como a aplicação de tarifa horária de consumo, denominada Tarifa Branca.
Para tanto, foi usado o software Hybrid Optimization Model for Eletric Renewables (HOMER) para realizar as modelagens e
27
Apoio
simulações, considerando a modalidade de tarifa convencional, a tarifa branca e a curva de carga típica de consumidores. O principal resultado analisado é a viabilidade econômica e técnica quanto à implementação da Tarifa Branca, com o GLD e a GD.
Gerenciamento pelo lado da demanda (GLD) Podem-se classificar os programas de gerenciamento pelo lado da demanda em duas categorias, o GLD direto, no qual a concessionária determina as cargas a serem reduzidas ou desconectadas do sistema, através de um contrato de interrupção com o consumidor e o GLD indireto, em que o próprio consumidor remaneja sua demanda influenciado por sinais de preços gerados pela concessionária. Como exemplo de GLD direto, tem-se a Resposta da Demanda (RD) que tem como objetivo principal a redução da demanda de pico para evitar emergências do sistema. De maneira genérica, é quando o consumidor ajusta seu padrão de consumo no espaço e no tempo em resposta a algum estímulo. A natureza deste estímulo pode ser a variação de preços, outros incentivos econômicos, contratos, um pacto social. A implementação da RD é feita através de dispositivos eletrônicos que comunicam com a concessionária de energia e que recebem comandos para desligar as cargas a eles conectadas, de acordo com a solicitação da concessionária ou com a variação da tarifa de energia. Essa é a principal diferença entre uma RD e um sistema comum de gerenciamento de demanda. Pode-se dizer que o GLD é composto por programas que não permitem o controle direto da carga, apenas alteram a curva de carga do consumidor através de mudanças nos hábitos de consumo de energia elétrica. Como exemplo, podemos citar a tarifa branca que incentiva, por parte da concessionária, o consumidor a deslocar o seu pico de demanda para horários em que o preço da energia é mais barato. As tarifas incentivadas são provavelmente o ingrediente mais importante em muitos programas GLD, pois podem ser o programa em si e/ou o direcionador econômico e motivador para incentivar outras alternativas de GLD. De acordo com a nota técnica publicada pela Aneel, foi realizado no Brasil um estudo que aponta o chuveiro elétrico como equipamento responsável por 43% do consumo de energia no horário de ponta dos consumidores residenciais. Ainda nesse mesmo estudo é apresentado o percentual do consumo de equipamentos como ar-condicionado, som e ferro de passar, os quais permitem a possibilidade de serem desligados no horário de ponta sem trazer maiores mudanças ao consumidor. Na Tabela I pode-se verificar esta informação.
Apoio
Geração distribuída
28
Tabela I – Percentual composição na ponta. Fonte [8]
PERCENTUAL DE
PERCENTUAL DE
PARTICIPAÇÃO NO
COMPOSIÇÃO
CONSUMO FINAL
NA PONTA
CHUVEIRO
24%
43%
ILUMINAÇÃO
14%
17%
GELADEIRA/FREEZER
27%
14%
TELEVISOR
9%
13%
AR CONDICIONADO
20%
7%
SOM
3%
2%
FERRO
3%
2%
EQUIPAMENTOS
Em função desta significativa participação do chuveiro na demanda de horário de ponta, escolheu-se este equipamento como carga a ser deslocada do horário de ponta para o horário fora de ponta. Paralelo a isto, observou-se a possibilidade de desligar equipamentos no horário de ponta como o ar-condicionado, som e o ferro de passar. Estratégias de gerenciamento de carga Nesse sentido, seis estratégias para moldar a curva de carga são descritas em [1]: conservação estratégica, crescimento estratégico da carga, curva de carga flexível, deslocamento de carga, preenchimento de vales e redução do pico. Na Figura 1 são apresentadas de forma gráfica cada uma das estratégias. Diante destas técnicas de GLD foram escolhidas duas para implementação neste trabalho: 1) Redução de pico (peak clipping)
Uma das formas mais clássicas de gerenciamento de carga,
definida como a redução da carga de ponta, obtida, geralmente, através do controle direto de carga (desligamento de aparelhos do consumidor). Algumas empresas consideraram o controle direto de carga apenas durante os dias mais prováveis de pico do sistema, mas pode ser usado para reduzir o custo de operação e a dependência de fatores como combustíveis na geração térmica e da água da geração hidrelétrica. Em virtude dos dados apresentados na Tabela I, como estratégia de GLD, foi utilizada a técnica de redução de pico, na qual o percentual de consumo de energia no horário de ponta do ar-condicionado, som e ferro de passar foi zerado, ou seja, essas cargas foram cortadas nesse horário. Conforme a Tabela I, a soma do consumo de energia no horário de ponta dos equipamentos de ar-condicionado, som e ferro de passar é de 11%, representando uma parcela significativa, pois trata-se de uma estratégia de redução de pico, uma vez que esse percentual será reduzido não só do consumo no horário de ponta como também do consumo total. 2) Deslocamento (mudança) da carga (load shifting) Esta técnica de gerenciamento incentiva o deslocamento da carga do horário de pico para o horário fora do pico. Desse modo, essa técnica combina os efeitos do corte de ponta e do preenchimento de vale. Possui um motivador financeiro, pois impõe tarifas mais caras no horário de pico e tarifas mais baratas no momento de menor carregamento do sistema, motivando a transferência de carga para esse horário. Esta estratégia de GLD foi utilizada, tendo como prioridade deslocar o percentual de consumo de energia do chuveiro no horário de ponta para períodos de menor demanda no horário fora de ponta onde o custo da tarifa branca é menor. Assim, foi possível estabelecer uma comparação entre a tarifa convencional, na qual não se tem a possibilidade de utilizar o deslocamento de carga em virtude de a tarifa ser a mesma independentemente do horário do dia em relação à utilização
Fascículo
somente da tarifa branca sem o GLD. Tarifa branca Na modalidade denominada tarifa de baixa tensão, estão enquadrados os consumidores residenciais, foco deste trabalho, e as pequenas instalações industriais e comerciais. Este grupo de consumidores denominado como Grupo B é composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão inferior a 2,3 kV e caracterizado pela tarifa monômia. São duas as modalidades tarifárias aplicadas aos consumidores do Grupo B: Figura 1 - Estratégias GLD. Fonte [7]
Modalidade tarifária convencional monômia: caracterizada por
Apoio
29
Apoio
Geração distribuída
30
tarifas de consumo de energia elétrica, independentemente das
De acordo com a resolução normativa, a GD pode ser
horas de utilização do dia.
classificada em microgeração ou minigeração distribuída de acordo
Modalidade tarifária horária branca: aplicada às unidades
com a potência instalada:
consumidoras do grupo B, exceto para o subgrupo B4 e para as subclasses baixa renda do subgrupo B1, caracterizada por tarifas
• microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica,
diferenciadas de consumo de energia elétrica, de acordo com as
com potência instalada menor ou igual a 100 kW;
horas de utilização do dia.
• minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com
A tarifa horária branca denomina seus postos tarifários, como:
potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW;
ponta, intermediário e fora de ponta, detalhados na Figura 2. Feriados e finais de semana são considerados período fora de ponta durante todas as horas do dia.
Para o acesso dos sistemas de microgeração e minigeração às redes de distribuição serão necessárias as trocas dos medidores convencionais por medidores bidirecionais, que são capazes de medir simultaneamente o consumo e a geração de eletricidade. São apresentadas a seguir as fontes utilizadas nas simulações do presente trabalho para atendimento da curva de carga, com destaque para a eólica e solar. A turbina utilizada é da marca IstaBreeze, modelo IstaBreeze 500 W, que possui uma potência de saída de 500 W e custo de R$ 1.110,00. Na Figura 4 é mostrada a curva de potência de acordo com
Figura 2 - Postos tarifários para o Grupo B. Fonte: [2].
a velocidade média dos ventos.
O posto intermediário foi criado com o intuito de impedir o deslocamento das cargas para horas de pico potenciais e que, geralmente, são adjacentes às de ponta. É feito na Figura 3 um comparativo dos valores entre a tarifa branca e a tarifa convencional.
Figura 4 – Curva de potência da turbina InstaBreeze 500 W de acordo com a velocidade dos ventos. Fonte: [12].
O Painel Solar é um modelo JT235PCe, da marca Jetion Solar que é feito do material silício policristalino, potência de 235 W, eficiência energética de 13,5%, com uma produção média de Figura 3 - Comparativo entre as tarifas branca e convencional.
No horário fora de ponta, a energia é mais barata comparada ao
Fascículo
horário de ponta e intermediário. Em função do elevado custo da tarifa
energia de 27,51 kWh/mês, vida útil de 25 anos com um custo de R$ 870,00. Na Figura 5 é mostrada a curva de características elétricas do modelo JT235PCe.
no período de ponta e intermediário, este trabalho propõe a utilização de técnicas de GLD neste período com o propósito de tornar a tarifa branca mais viável para o consumidor em relação a tarifa convencional. Geração distribuída A Geração Distribuída (GD) caracteriza-se como uma geração de menor potência localizada próxima à carga e independe da tecnologia de geração. A GD proporciona uma maior autonomia ao consumidor de energia elétrica, pois o consumidor terá um maior grau de liberdade no gerenciamento da sua conta de energia. Em vez de apenas economizar, ele poderá fornecer energia para rede elétrica e, dependendo da quantidade, poderá vender essa energia no mercado de energia.
Figura 5 – Características elétricas do modelo JT235PCe. Fonte: [13].
Apoio
Metodologia de análise técnica e econômica Os casos estudados se dividiram em dois cenários: um
Foi utilizado o software Homer para a escolha da melhor alternativa que identifica o sistema de menor custo capaz de suprir a demanda de energia elétrica dos consumidores.
considerando a utilização de GD e o outro não. Dentro de cada
Na Figura 7 é mostrado o diagrama do sistema no software Homer,
cenário foram realizadas seis simulações, combinando as duas
que é composto pela rede de energia elétrica da concessionária, carga
tarifas banca e convencional e as técnicas de GLD: redução de pico,
do consumidor, fontes de geração, bateria e conversor.
deslocamento de carga e a combinação das duas. Por meio da Figura 6, pode-se visualizar a estrutura dos cenários simulados.
Figura 7 – Software Homer.
O software Homer permite definir os parâmetros de cada equipamento, assim como seus recursos primários de energia, restrições, entre outros. O software define a melhor solução para atendimento da carga, considerando as diversas configurações de suprimento: só pela rede da concessionária, rede em conjunto com GD, variando as combinações de fontes e capacidade de geração, entre outros. Figura 6 – Estrutura das simulações.
A Tabela II apresenta os valores de tarifas usados nos estudos:
31
Apoio
Geração distribuída
32
Tabela II – Preço das tarifas
Tarifa
AESSul R$/kWh
Convencional
0,4603
Branca Fora Ponta
0,40257
Branca Intermediária
0,47483
Branca Ponta
0,81674
Para o sistema em estudo, foi considerada a curva de carga apresentada na Figura 8 para uma classe de consumidor residencial com faixa de consumo mensal de energia elétrica de 301 kWh/mês a 500 kWh/mês.
Figura 10 – Perfil diário de carga – dias úteis GLD de deslocamento de carga.
Combinado estratégias de GLD de redução de pico e deslocamento de carga O terceiro combina a estratégia de redução de pico com o deslocamento de carga, logo, tem-se a redução de 11% de representação na ponta, que corresponde aos equipamentos de ar-condicionado, som e ferro de passar mais o deslocamento para o horário fora de ponta da representação do chuveiro na ponta, ou seja, 43%. Assim, foi considerada uma redução de 54% do consumo no horário de ponta. Pode-se visualizar na Figura 11.
Figura 8 – Perfil diário de carga.
Estudos de casos Dentro de cada cenário foram realizadas seis simulações através do sistema da Figura 7, sendo quatro com aplicação de estratégias de GLD gerenciamento de carga, os quais são detalhados a seguir. Estratégia de GLD de redução de pico O primeiro considerou a redução do pico de consumo no horário de ponta, onde foi cortado o percentual de 11% de representação na ponta, o qual corresponde aos equipamentos de ar-condicionado, som e ferro de passar, conforme mostra a Figura 9.
Figura 11 – Perfil diário da carga – dias úteis com GLD de deslocamento de carga e redução de pico.
Comparativo das simulações Os resultados do software Homer estão apresentados nas Tabelas III e IV, os quais exibem a viabilidade técnica e econômica para atendimento da carga considerando um horizonte de 25 anos e taxa de juros anual de 4%. Na Tabela III são apresentados os resultados sem considerar a utilização da geração distribuída.
Fascículo
Tabela III – Comparativo custo de energia sem GD
Santa Maria
Figura 9 – Perfil diário de carga – dias úteis com GLD redução de pico.
A linha azul do gráfico representa a curva de carga após a aplicação do GLD. Estratégia de GLD de deslocamento de carga O segundo considerou o deslocamento para o horário fora de ponta da representação do chuveiro na ponta, ou seja, 43%. Pode-se visualizar na Figura 10.
SIMULAÇÕES
Valor Presente Líquido (R$)
Convencional
30.709,00
Convencional e GLD
30.446,00
Redução de Pico Branca
31.160,00
Branca e GLD Redução de Pico
30.527,00
Branca e GLD
28.800,00
Deslocamento de Carga Branca e GLD Deslocamento de Carga + Redução de Pico
28.144,00
Apoio
A Tabela IV também faz um comparativo do valor presente líquido do custo da fatura de energia elétrica entre as modalidades tarifárias, porém, considerando a aplicação da GD. Todas as simulações apontaram como melhor solução a utilização de geração eólica juntamente com a rede da concessionária de energia. Tabela IV – Comparativo do custo de energia com a GD
Santa Maria SIMULAÇÕES
Valor Presente Líquido (R$)
Convencional e GD
31.273,00
Convencional, GD e GLD Redução de Pico
31.011,00
Branca e GD
31.958,00
Branca, GD e GLD
31.326,00
Redução de Pico Branca, GD e GLD
29.599,00
Deslocamento de Carga Branca, GD e GLD Deslocamento de Carga
28.942,00
+ Redução de Pico
Conclusão Grande parte dos desperdícios com o consumo de energia elétrica é em função do desconhecimento do consumidor sobre a legislação que rege o setor elétrico brasileiro e de tecnologias para otimização da fatura de energia elétrica. Nesse sentido, para reduzir o pico da demanda e obter uma economia na fatura de energia, o consumidor residencial, pode utilizar a tarifa branca e a geração distribuída, juntamente com estratégias de gerenciamento de carga. As simulações mostraram que a tarifa branca pode ser mais vantajosa em relação à convencional, quando utilizada em paralelo com técnicas de GLD e a geração distribuída de fonte eólica. Destaca-se também que a combinação das duas estratégias de gerenciamento de carga, redução de pico e deslocamento de carga, produz os melhores resultados para o incentivo da utilização da tarifa branca. Por fim, conclui-se que, com o avanço das tecnologias de medição e controle de energia, ou seja, as redes elétricas inteligentes, será mais fácil a aplicação de técnicas de GLD, como estratégias de gerenciamento de carga por parte do consumidor ou a resposta da demanda por parte da concessionária, aumentando assim a viabilidade do consumidor residencial de utilizar tarifas horárias como a tarifa branca.
Referências [1] GELLINGS, C. W. The Concept of Demand-Side Management for Electric Utilities. n. 10, p. 1468–1470, 1985. [2] ANEEL. Nota Técnica nº 311/2011-SRE-SRD/ANEEL, de 17 de novembro de 2011. ANEEL, 2011. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ ren2011464.pdf>. Acesso em: 23 de ago. 2014.
[3] ANEEL. Resolução Normativa nº482, de 17 de abril de 2012. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf>. Acesso em: 03set. 2012. [4] GARCIA, O. Integração de técnicas de gerência de redes ao gerenciamento de cargas em redes de distribuição elétrica. Revista Eletrônica de Sistemas de Informação, v. 1, n. 1, p. 1-5, 2002. [5] MAURER, L. Tarifas que Incentivam a Resposta da Demanda (DR) = Eficiência Energética (EE) e o Gerenciamento da Carga (DSM). International Seminar on Electricity Tariff Structure, p. 26, 2009. [6] D. P. Bernardon...[et al.], Sistemas de Distribuição no Contexto das Redes Elétricas Inteligentes: uma abordagem para reconfiguração de redes, 1. ed. Santa Maria: AGEPOC, 2015. 163p. [7] CAMPOS, A. “Gerenciamento Pelo Lado da Demanda: Um Estudo de Caso”. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa Interunidades (IEE/POLI/ FEA), São Paulo, 2004. [8] ANEEL . Nota Técnica nº 362/2010. Estrutura Tarifária para o serviço de distribuição de energia elétrica - Sinal econômico para a baixa tensão. ANEEL, 2010b. Disponível em:<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/audiencia/ arquivo/2010/120/documento/nota_tecnica_n%C2%BA_362_2010_sre-srdaneel.pdf>. Acesso em: 05 de abr. de 2015. [9] ANEEL. Resolução Normativa Nº414, 2010. Disponível em: <http://www. aneel.gov.br/cedoc/ren2010414.pdf>. Acesso em: 10 de abr. 2015. [10] SANTOS, L. L. C. “Metodologia para análise da tarifa branca e da geração distribuída de pequeno porte nos consumidores residenciais de baixa tensão”. Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), SantaMaria, 2014. [11] CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Redes Elétricas Inteligentes: Contexto Nacional. Brasília, DF: Corporate Financial Center, 2012. [12] ISTA BREEZE, IstaBreeze I500 Windrad 12V generator marine. Disponível em: <https://www.istabreeze.com/online/index.php?route=product/ product&path=59&product_id=60>. Acessoem: 03 de set. 2015. [13] ECODISTRIBUTING, Painel Solar Fotovoltaico Jetion JT235PCE(235WP). Disponível em: < http://www.eco-distributing.com/Jetion-Solar-JT235PCe-235watt-Solar-Module-_p_958.html >. Acessoem: 03de set. 2015. [14] M. V. Cunha, D. P. Bernardon, L. L. C. Santos, I. C. Figueiró, e A. L. Jacondino, "Análise da Viabilidade Técnica e Econômica da Tarifa Branca e Gerenciamento pelo Lado da Demanda para os Consumidores de BT". SEPOC 9º Seminário de Eletrônica de Potência e Controle. *Daniel Pinheiro Bernardon possui graduação, mestrado e doutorado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria. É professor da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Tecnologia, Departamento de Eletromecânica e Sistemas de Potência. Murilo Vargas da Cunha possui mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), graduação em engenharia elétrica pela Universidade Católica de Pelotas - UCPEL, Tecnólogo em Automação Industrial pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense - IFSUL. É professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Curso Técnico em Automação Industrial. Diego Berlezi Ramos é graduado, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Desde 2014 é docente do Curso de Engenharia Elétrica da UFSM e está lotado no Departamento de Eletromecânica e Sistemas de Potência do Centro de Tecnologia da UFSM. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
33
Apoio
Fascículo
IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT
34
Capítulo IX Verificação de projeto Por Nunziante Graziano*
Prezado leitor, este fascículo pretende
de
manobra
ou
dos
componentes
pelos ensaios de verificação (por exemplo,
apresentar em detalhes o projeto de revisão
incorporados no conjunto, que tenham
ensaio de curto-circuito). Convém que
da norma brasileira para construção de
sido selecionados conforme os requisitos
estes ensaios não sejam realizados em um
quadros elétricos e barramentos blindados
de seleção de dispositivos de manobra e
conjunto que é destinado a ser colocado em
de baixa tensão. Desde o capitulo inicial,
de componentes e instalados conforme as
serviço.
foram abordados temas como: panorama
instruções do fabricante, não é requerida.
Um conjunto que é verificado conforme
atual da ABNT NBR IEC 60439 e seus
Os ensaios em dispositivos individuais
esta norma por um fabricante original
principais pontos de interesse; definições
de acordo com as respectivas normas de
e fabricado ou montado por outro não
e termos usuais; condições de instalação;
produto não constituem uma alternativa
requer repetição das verificações de projeto
características de isolamento; proteção
para as verificações de projeto desta norma
original se todos os requisitos e instruções
contra choques elétricos; requisitos de
para o conjunto.
especificados e fornecidos pelo fabricante
marcação; resistência dos materiais e das
Se as modificações são realizadas
original são satisfeitos. Em situações em
partes; verificação dos materiais no tocante
no conjunto verificado, as maneiras de
que o montador do conjunto incorpora
à corrosão; condições de verificação,
verificação previstas neste capítulo da
suas próprias disposições não incluídas
construção
proteção
norma devem ser utilizadas para confirmar
na verificação do fabricante original, esse
contra choques elétricos e os métodos de
se as modificações afetam o desempenho
montador do conjunto é considerado,
incorporação de dispositivos de manobra
do conjunto. Novas verificações devem ser
então, o fabricante original em relação a
e de componentes conjuntos; circuitos
realizadas se um efeito adverso é percebido
estas disposições.
elétricos internos, conexões e refrigeração.
como possível de ocorrer.
e
performance;
A verificação de projeto abrange duas
Neste capítulo, abordaremos as formas
Os diversos métodos de avaliação
de avaliação e a qualificação dos conjuntos
dos projetos compreendem ensaios de
de manobra, por meio dos métodos de
verificação, comparação com um projeto de
Os ensaios de construção verificam as
verificação de projeto, uma inovação em
referência aprovado por ensaio, avaliação de
seguintes partes: resistência dos materiais e
relação à versão vigente.
famílias de ensaios: a família de construção e a família de desempenho.
verificação, isto é, a verificação da aplicação
das partes; grau de proteção dos invólucros;
A verificação de projeto é destinada
correta dos cálculos e das regras de projeto,
distâncias de isolamento e de escoamento;
para verificar a conformidade do projeto de
e inclusive o emprego de margens de
proteção
um conjunto ou sistema do conjunto com
segurança apropriadas. Veja a tabela ao
integridade dos circuitos de proteção;
os requisitos desta série de normas.
lado.
integração dos dispositivos de manobra e
Quando
os
ensaios
no
contra
choques
elétricos
e
conjunto
Quando existem vários métodos para
componentes; circuitos elétricos internos e
forem realizados conforme a série ABNT
uma mesma verificação, esses métodos são
conexões; e a verificação da incorporação
NBR IEC 60439, e os resultados de
considerados equivalentes e a escolha do
dos terminais para condutores externos.
ensaio satisfazerem os requisitos da parte
método apropriado é de responsabilidade
pertinente da ABNT NBR IEC 61439, a
do fabricante original.
verificação destes requisitos não precisa ser
Este fascículo não tem a pretensão de representar um guia de execução de
Os ensaios devem ser realizados
ensaios, longe disso! Entretanto, algumas
em uma amostra representativa de um
características desses procedimentos serão
A repetição de verificações de acordo
conjunto em uma condição limpa e nova. O
aqui descritas, como objetivo de cada
com as normas específicas dos dispositivos
desempenho do conjunto pode ser afetado
um dos ensaios e alguns dos principais
repetida.
Apoio
35
Tabela 1 – Lista das verificações de projeto a realizar
No
Característica a ser verificada
Opções de verificação disponíveis
Seções ou subseções
Ensaio
Comparação com um
Avaliação
projeto de referência 1
Resistência dos materiais e das partes:
10.2
Resistência à corrosão
10.2.2
SIM
NÃO
NÃO
Propriedades dos materiais isolantes:
10.2.3
SIM
NÃO
NÃO
Estabilidade térmica
10.2.3.1
SIM
NÃO
SIM
Resistência dos materiais isolantes
10.2.3.2
ao calor anormal e ao fogo devido aos efeitos elétricos internos
10.2.4
SIM
NÃO
SIM
Resistência à radiação ultravioleta (UV)
10.2.5
SIM
NÃO
NÃO
Içamento
10.2.6
SIM
NÃO
NÃO
Impacto mecânico
10.2.7
SIM
NÃO
NÃO
Grau de proteção dos invólucros
10.3
SIM
NÃO
SIM
3
Distâncias de isolamento
10.4
SIM
SIM
NÃO
4
Distâncias de escoamento
10.4
SIM
NÃO
NÃO
5
Proteção contra os choques elétricos e
10.5 10.5.2
SIM
NÃO
NÃO
10.5.3
SIM
SIM
NÃO
Marcação 2
integridade dos circuitos de proteção: Continuidade efetiva entre as partes condutivas expostas do conjunto e o circuito de proteção Suportabilidade aos curtos-circuitos do circuito de proteção 6
Integração dos dispositivos de manobra e
10.6
NÃO
NÃO
SIM
dos componentes
10.7
NÃO
NÃO
SIM
7
Circuitos elétricos internos e conexões
10.8
NÃO
NÃO
SIM
8
Bornes para condutores externos
9
Propriedades dielétricas:
10.9
Tensão suportável à frequência industrial
10.9.2
SIM
NÃO
NÃO
Tensão suportabilidade aos impulsos
10.9.3
SIM
NÃO
SIM
10
Limites de elevação de temperatura
10.10
SIM
SIM
SIM
11
Suportabilidade aos curtos-circuitos
10.11
SIM
SIM
NÃO
12
Compatibilidade eletromagnética (EMC)
10.12
SIM
NÃO
SIM
13
Funcionamento mecânico
10.13
SIM
NÃO
NÃO
resultados a serem obtidos para atestar que
nenhum ensaio adicional do invólucro
ou em partes do invólucro, e as partes
o conjunto está em conformidade com a
conforme 10.2 é requerido.
internas representativas separadas. Em
referência normativa. Vejamos:
todos os casos, as dobradiças, as fechaduras Resistência à corrosão
e os meios de fixação também devem ser
- Resistência dos materiais e das partes: as
A resistência à corrosão de amostras
ensaiados, a menos que eles tenham sido
capacidades mecânicas, elétricas e térmicas
representativas dos invólucros metálicos
submetidos previamente a um ensaio
dos materiais de construção e das partes
ferrosos, incluindo as partes internas e
equivalente e a resistência à corrosão deles
do conjunto devem ser comprovadas pela
externas metálicas ferrosas do conjunto,
não tenha comprometido sua aplicação.
verificação das características de construção
deve ser verificada. O ensaio deve ser
A título de curiosidade, um ensaio de
e de desempenho. Quando um invólucro
realizado em um invólucro ou uma amostra
névoa salina fornece uma atmosfera que
vazio conforme a ABNT NBR IEC 62208
representativa
equipada
acelera a corrosão e não implica que o
é utilizado, sem ter sido modificado de
com partes internas representativas com a
conjunto é satisfatório para uma atmosfera
maneira a degradar sua performance,
porta fechada como em utilização normal,
carregada de sal. Esse ensaio utiliza como
do
invólucro
Apoio
IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT
36
referência duas categorias de severidade:
circulação natural. Se as dimensões do
acordo com a ISO 178) e impacto Charpy
Ensaio de severidade “A”, aplicável a
invólucro são muito grandes para a estufa
(de acordo com a ISO 179) de materiais
invólucros
instalação
disponível, o ensaio pode ser realizado em
isolantes que tenham retenção mínima de
abrigada, partes metálicas externas dos
uma amostra representativa do invólucro.
70%.
conjuntos para instalação abrigada e
O uso de uma estufa eletricamente
partes metálicas internas dos conjuntos
aquecida é recomendado.
metálicos
para
revestidos por material sintético devem
para instalação abrigada e ao tempo nas
O invólucro ou a amostra não deve
apresentar uma aderência do material
quais o funcionamento mecânico normal
apresentar nenhuma trinca visível com uma
sintético com uma retenção mínima de
do conjunto pode ser afetado; Ensaio
visão normal ou corrigida sem ampliação
categoria 3 de acordo com a ISO 2409. As
de severidade “B”, aplicável a invólucros
adicional e o material não deve ficar
amostras não devem apresentar trincas
metálicos para instalação ao tempo e partes
pegajoso ou gorduroso:
ou deteriorações visíveis com uma visão
metálicas externas dos conjuntos para instalação ao tempo.
Com o dedo indicador envolvido em
normal
ou
corrigida
sem
ampliação
um pedaço de pano seco e áspero, a amostra
adicional. Este ensaio não necessita ser
Depois do ensaio, o invólucro ou
é pressionada com uma força de 5 N.
realizado se o fabricante original puder
as amostras devem ser lavadas em água
Nenhum vestígio do pano deve permanecer
fornecer as informações do fornecedor do
corrente por cinco minutos, enxaguadas em
na amostra e o material do invólucro ou da
material para demonstrar que material do
água destilada ou desmineralizada e, então,
amostra não deve aderir ao pano.
mesmo tipo da mesma espessura ou mais fino está conforme este requisito.
chacoalhadas ou submetidas a uma corrente
Deve-se verificar também a resistência
de ar para remover gotas de água. A amostra
de materiais isolantes ao calor anormal e ao
sob ensaio deve então ser armazenada sob
fogo devido aos efeitos elétricos internos.
- Olhais ou dispositivos de içamento
condições normais de serviço por duas
Os princípios de ensaio de fio incandescente
são verificados pelos ensaios. O número
horas. A conformidade é verificada por
da ABNT NBR IEC 60695-2-10 e os
máximo
inspeção visual para determinar que não
detalhes dados na ABNT NBR IEC 60695-
fabricante original a serem içadas juntas
haja qualquer evidência de óxido de ferro,
2-11 devem ser utilizados para verificar a
deve estar equipado com os componentes
de fissura ou de outra deterioração superior
adequação de materiais utilizados sobre
e/ou pesos para alcançar uma massa de
à permitida pela ISO 4628-3 para um grau
as partes dos conjuntos ou sobre as partes
1,25 vez o seu peso máximo de transporte.
de corrosão Ri1. Porém, a deterioração de
retiradas das partes dos conjuntos.
Com as portas fechadas, elas devem ser
de
colunas
permitido
pelo
superfície do revestimento de proteção é
A temperatura da ponta do fio
içadas utilizando os meios de içamento
permitida. Em caso de dúvida referente
incandescente deve ser de 960°C para
especificados e da maneira definida pelo
às pinturas e ao verniz, deve ser feita
as partes necessárias a fim de manter na
fabricante original. O conjunto deve ser
referência à ISO 4628-3 para verificar que
posição as partes condutoras de corrente,
içado suavemente partindo de uma posição
as amostras estejam conforme o corpo
850°C para invólucros destinados para
imóvel sem sacudir, em um plano vertical
de prova Ri1, que a integridade mecânica
montagem em paredes ocas e 650°C para
a uma altura de ≥ 1 m, depois é baixado
não esteja prejudicada; que as vedações
todas as outras partes, inclusive partes
da mesma maneira a uma posição imóvel.
não estejam danificadas; e que as portas,
necessárias para suportar o condutor de
Este ensaio é repetido mais duas vezes, após
as dobradiças, as fechaduras e os meios de
proteção.
os quais o conjunto é içado e permanece
fixações funcionem sem esforço anormal.
Fascículo
Invólucros metálicos completamente
Propriedades de materiais isolantes
Invólucros e outras partes externas
suspenso por 30 minutos sem nenhum
dos conjuntos destinados à instalação ao
movimento. Após este ensaio, o conjunto
tempo e que são construídos em materiais
deve ser içado suavemente, sem sacudir, de
isolante ou metálicos que são revestidos
uma posição imóvel a uma altura de ≥ 1 m e
térmica dos invólucros fabricados em
completamente
sintético
deslocado de (10 ± 0,5) m horizontalmente
material isolante pelo ensaio de calor seco.
devem ser submetidos à verificação da
sendo, então, baixado para uma posição
As partes destinadas para fins decorativos
resistência à radiação ultravioleta (UV).
imóvel. Esta sequência deve ser realizada
que não têm nenhum significado técnico
Amostras representativas de tais partes
três vezes a uma velocidade uniforme,
não devem ser consideradas para os
devem ser submetidas ao ensaio UV de
sendo cada sequência realizada em até um
propósitos deste ensaio. O invólucro,
acordo com a ISO 4892-2 Método A, Ciclo
minuto. Após o ensaio, com as massas de
montado como para uso normal, é
1, com um período de ensaio total de
ensaio estando no local, o conjunto não
submetido a um ensaio em uma estufa
500 horas. Para invólucros em materiais
pode apresentar fissuras ou deformações
com uma atmosfera que tem a composição
isolantes, a conformidade é assegurada pela
permanentes, visíveis com uma visão
e pressão do ar ambiente e ventilado por
verificação da resistência à flexibilidade (de
normal
Deve-se
verificar
a
estabilidade
por
material
ou
corrigida
sem
ampliação
Apoio
adicional, que possam prejudicar suas
de ebulição final de 69 ºC e uma densidade
características.
de aproximadamente 0,68 g/cm3. Após o
elétrico no interior do invólucro.
ensaio, a marcação deve ser legível com uma
- Distâncias de isolamento e escoamento
- Ensaios de impacto mecânico, quando
normal visão ou corrigida sem ampliação
devem ser medidas conforme procedimento
requeridos pela norma específica do
adicional.
apresentado no quinto capítulo deste
conjunto, devem ser realizados conforme
fascículo.
a IEC 62262. Como exemplo, para o
- Grau de proteção dos conjuntos deve
requisito de impacto mecânico IK-10, deve
ser verificado conforme a ABNT NBR
- Proteção contra choque elétrico e
ser realizado conforme item 6 da norma
IEC 60529, que deve ser realizado em
integridade dos circuitos de proteção é
de referência com uma esfera de aço em
um
representativo
avaliada pela verificação da eficácia do
queda livre com impacto de intensidade de
nas condições indicadas pelo fabricante
circuito de proteção, visando a proteção
20J. Após a realização do ensaio, o corpo
original. No caso em que um invólucro
contra as consequências de uma falta no
de prova é inspecionado segundo o item
vazio conforme a ABNT NBR IEC 62208 é
interior do conjunto (faltas internas) e a
6.5 da norma de referência e não deve
utilizado, uma avaliação da verificação deve
proteção contra as consequências de faltas
haver danos admissíveis ou avarias que
ser realizada para assegurar que nenhuma
em circuitos externos de alimentação pelo
comprometam a continuidade da segurança
modificação externa possa resultar em uma
conjunto (faltas externas). A proteção
e da confiabilidade do corpo de prova após
alteração do grau de proteção. Neste caso,
pode também ser feita pela verificação da
o ensaio.
nenhum ensaio suplementar é requerido.
continuidade efetiva do circuito de terra
Os ensaios do IP devem ser realizados com
entre as partes condutivas expostas do
- Marcações por moldagem, impressão,
todos os fechamentos e todas as portas no
conjunto e o circuito de proteção, sendo que
gravação ou processo semelhante, inclusive
local e fechadas, como em uso normal,
as diferentes partes condutivas expostas do
as etiquetas munidas de revestimento
sem tensão, salvo indicação contraria do
conjunto estão conectadas eficazmente ao
plástico, não devem ser submetidas ao
fabricante original.
borne do condutor de proteção externo de
conjunto
equipado
ensaio seguinte: deve-se friccionar a
Algumas referências interessantes: É
entrada e que a resistência do circuito não
marcação à mão durante 15 segundos com
permitida a entrada de água nos ensaios
exceda 0,1 Ω. Deve ser feita a verificação
um pedaço de pano embebido em água e
de IP X1 a IP X6 em um conjunto, somente
empregando um instrumento de medição
durante outros 15s com um pedaço de pano
se o ponto de entrada de água for evidente
de resistência que seja capaz de conduzir
embebido em um derivado de petróleo
e a água estiver apenas em contato com o
uma corrente de pelo menos 10 A (c.a.
definido como um hexano solvente com
invólucro em um local que não prejudicará a
ou c.c.). A corrente é passada entre cada
um teor aromático máximo de 0,1 % em
segurança. O ensaio de IP 5X é considerado
parte condutiva exposta e o borne para o
volume, um índice de kauributanol 29,
não satisfatório se uma quantidade de pó
condutor de proteção externo. A resistência
ponto de ebulição inicial de 65 ºC, ponto
prejudicial for visível no equipamento
não deve exceder 0,1 Ω.
37
Apoio
Fascículo
IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT
38
- Suportabilidade aos curtos-circuitos do
- A conformidade com os requisitos de
e as partes condutoras expostas, com os
circuito de proteção. A corrente nominal
projeto para os bornes para condutores
contatos principais de todos os dispositivos
suportável de curto-circuito deve ser
externos
de manobra na posição fechada ou
verificada. A verificação pode ser feita por
fabricante original por inspeção.
deve
ser
confirmada
pelo
interligados em ponte por uma ligação de
comparação com um projeto de referência
baixa resistência; Entre cada parte viva de
ou por ensaio. O fabricante original deve
A verificação do desempenho de
diferente potencial do circuito principal e,
determinar os projetos de referência que
um conjunto consiste na aplicação da
os outros partes vivas de diferente potencial
serão utilizados.
seguinte família de ensaios: propriedades
e as partes condutoras expostas conectadas
dielétricas, verificação da elevação de
juntas, com os contatos principais de todos
Pode ser realizada verificação por
temperatura, suportabilidade aos curtos-
os dispositivos de manobra na posição
comparação com um projeto de referência
circuitos, compatibilidade eletromagnética
fechada ou interligados em ponte por uma
utilizando
e funcionamento mecânico.
ligação de baixa resistência; Entre cada
uma
lista
de
verificação.
Esta verificação é alcançada quando a
Nos projetos de referência, o número
circuito de comando e auxiliar, que não
comparação do conjunto a ser verificado
de conjunto ou de partes utilizadas para
são normalmente conectados ao circuito
com um projeto já ensaiado, utilizando os
verificação, a escolha do método de
principal, e o circuito principal, os outros
itens da tabela apresentada neste capítulo,
verificação quando aplicável e a ordem nas
circuitos e as partes condutivas expostas.
não apresentar nenhuma divergência.
quais as verificações que são realizadas,
Utilizando cálculos, é possível verificar
devem
ser
definidas
pelo
fabricante
Critérios de aceitação: o relé de sobrecorrente não deve atuar e não deve
por comparação a um projeto de referência.
original. Os dados utilizados, os cálculos
ocorrer
Para assegurar que a mesma capacidade
efetuados e as comparações realizadas
durante os ensaios.
de corrente para uma determinada parte
para a verificação dos conjuntos devem ser
da corrente de falta que circula nas partes
registrados nos relatórios de verificação.
condutoras expostas, o projeto, o número e o arranjo das partes que proporcionam contato entre o condutor de proteção e as
nenhuma
descarga
disruptiva
Ensaio de tensão de impulso suportável A tensão de impulso 1,2/50 µs deve ser
Ensaios de propriedades dielétricas
aplicada ao conjunto cinco vezes em cada
Para este ensaio, todos os equipamentos
partes condutoras expostas devem ser os
elétricos
mesmos do projeto de referência ensaiado.
conectados, exceto aquelas partes dos
• Entre todas as partes vivas de diferentes
A avaliação por cálculo da corrente
dispositivos que, de acordo com as
potenciais do circuito principal conectadas
nominal de curta duração admissível de
especificações pertinentes, são projetadas
juntas (inclusive os circuitos de comando e
um conjunto e seus circuitos é realizada
para uma tensão de ensaio inferior.
auxiliares conectados ao circuito principal)
por uma comparação do conjunto a ser
Dispositivos
corrente
e as partes condutoras expostas, com os
avaliado com um conjunto já verificado
(por
instrumentos
contatos principais de todos os dispositivos
por ensaio. A avaliação da verificação dos
de medição, dispositivos de proteção de
de manobra na posição fechada ou
circuitos principais de um conjunto deve
surtos-DPS), em que a aplicação da tensão
interligados em ponte por uma ligação de
ser conforme o Anexo P da referida norma,
de ensaio causaria um fluxo de corrente,
baixa resistência;
que consiste num memorial detalhado de
devem ser desconectados. Tais dispositivos
• Entre cada parte viva de diferente
cálculo. Os dados utilizados, os cálculos
devem ser desconectados de um dos seus
potencial do circuito principal e outras
efetuados e as comparações empreendidas
terminais, a menos que eles não sejam
partes vivas de diferentes potenciais e as
devem ser registrados. Se ao menos um dos
projetados para resistir a plena tensão de
partes condutoras expostas conectadas
requisitos enumerados no anexo P não for
ensaio, caso em que todos os terminais
juntas, com os contatos principais de todos
atendido, então, o conjunto e seus circuitos
podem ser desconectados.
os dispositivos de manobra na posição
devem ser verificados por ensaio.
do
conjunto
que
exemplo,
devem
consomem bobinas,
estar
polaridade a intervalos mínimos de 1 s
Os circuitos principais, bem como os
como segue:
fechados ou interligados em ponte por uma
circuitos auxiliares e de comando, que são
ligação de baixa resistência;
- Compatibilidade eletromagnética deve
conectados ao circuito principal devem ser
• Entre cada circuito de comando e auxiliar,
ser confirmada por inspeção ou, onde
submetidos à tensão de ensaio de tensão
que não são normalmente conectados ao
necessário, por ensaio.
suportável de frequência industrial. Devem
circuito principal, e o circuito principal,
- A conformidade com os requisitos de
ser verificadas entre todas as partes vivas
os outros circuitos e as partes condutivas
projeto para circuitos elétricos internos
do circuito principal conectadas juntas
expostas.
e conexões deve ser confirmada pelo
(inclusive os circuitos de comando e
fabricante original por inspeção.
auxiliares conectados ao circuito principal)
Para que o resultado seja aceitável, não
Apoio
39
Apoio
IEC 61439 – Quadros, painéis e barramentos BT
40
pode haver descarga disruptiva durante os
ou
ensaios.
carregadas com uma ou mais combinações
transformadores cuja potência nominal
de
escolhidas
não exceda 10 kVA para uma tensão
- Verificação da elevação de temperatura
para obter com precisão razoável a mais
secundária nominal superior ou igual
- Deve ser verificado que os limites de
alta elevação de temperatura possível. A
a 110 V, ou 1,6 kVA para uma tensão
elevação de temperatura especificados em
seleção das montagens representativas a
secundária nominal inferior a 110 V, e
9.2 para as diferentes partes do conjunto
serem ensaiadas é de responsabilidade do
com uma impedância de curto-circuito
ou do sistema do conjunto não são
fabricante original. O fabricante original
superior ou igual a 4 %. Todos os outros
excedidos. A verificação deve ser feita por
deve levar em consideração, na sua seleção
circuitos devem ser verificados.
um ou mais dos métodos seguintes: Por
para ensaio, as configurações a serem
ensaio, por derivação das características
derivadas das montagens ensaiadas.
mais cargas
montagens
representativas,
representativas,
a
serem
conectados
a
Verificação pela comparação com um projeto de referência
para as variantes similares (a partir de um
A corrente de curto-circuito nominal
projeto ensaiado), ou por cálculo para
declarada deve ser verificada, exceto
Utilização de uma lista de verificação.
os conjuntos com um só compartimento
quando for dispensada. A verificação
A verificação é realizada por comparação
não excedendo 630 A, ou de acordo com
pode ser realizada por comparação com
do conjunto a ser verificado com um
requisitos específicos para os conjuntos não
um projeto de referência ou por ensaio.
projeto já ensaiado, utilizando a lista de
excedendo 1600 A. A corrente admissível
Para objetivo da verificação, os requisitos
verificação indicada na Tabela 2.
depende da corrente nominal e do fator de
seguintes são aplicáveis:
Se um requisito da lista de verificação
diversidade nominal.
não for atendido, deve ser marcado “NÃO”.
A verificação por ensaio inclui as seguintes etapas:
• Se um sistema de conjunto a ser verificado
Um dos métodos de verificação seguintes
compreende
deve ser utilizado.
numerosas
variantes,
os
arranjos mais desfavoráveis do conjunto
Utilização de cálculos: a avaliação
devem ser selecionados;
por cálculo da corrente nominal de curta
• Se o sistema do conjunto a ser verificado
• As variantes de conjunto selecionadas
duração admissível de um conjunto
inclui
para ensaio devem ser verificadas;
e seus circuitos é realizada por uma
desfavoráveis do sistema do conjunto
• Quando os conjuntos submetidos a
comparação do conjunto a ser avaliado
devem ser selecionadas;
ensaio são as variantes mais desfavoráveis
com um conjunto já verificado por ensaio.
• As variantes selecionadas do conjunto
de uma faixa mais larga de produtos de um
Além disso, cada um dos circuitos do
devem ser verificadas por um dos métodos
sistema de conjunto, então, os resultados
conjunto a ser avaliado deve satisfazer os
previstos no Anexo O da norma;
dos ensaios podem ser utilizados para
requisitos dos itens 6, 8, 9 e 10 da Tabela.
• Considerar coletivamente as unidades
estabelecer as características nominais
Os dados utilizados, os cálculos efetuados
funcionais individuais, os barramentos
desta variante sem a necessidade de outros
e as comparações empreendidas devem ser
principal e de distribuição e o conjunto;
ensaios.
registrados. Se ao menos um dos requisitos
variantes,
as
montagens
mais
• Considerar separadamente as unidades funcionais
individuais
completo,
incluindo
e os
o
enumerados no anexo P não for atendido,
conjunto
Uma verificação da corrente suportável
barramentos
de curto-circuito não é requerida para os
principal e de distribuição;
então, o conjunto e seus circuitos devem ser verificados por ensaio.
casos seguintes: Funcionamento mecânico
• Considerar separadamente as unidades
Fascículo
destinados
funcionais individuais, os barramentos
• Conjuntos nos quais a corrente nominal
Este ensaio de verificação não deve
principal e de distribuição, bem como o
de curta duração admissível ou a corrente
ser realizado em dispositivos (exemplo:
conjunto completo;
nominal de curto-circuito condicional não
disjuntor extraível) do conjunto que já
• Considerar quando as variantes dos
excede 10 kA eficaz;
foram submetidos aos ensaios de tipo
conjuntos ensaiados forem as variantes mais
• Conjuntos ou circuitos dos conjuntos
de acordo com a sua norma de produto
desfavoráveis de um sistema de conjuntos,
protegidos por dispositivos limitadores
pertinente, desde que o seu funcionamento
então, os resultados do ensaio podem ser
de corrente que têm uma corrente
mecânico não tenha sido modificado por
utilizados para estabelecer as características
interrompida limitada não excedendo 17
sua montagem. Para as partes que precisam
nominais de variantes similares sem realizar
kA com a corrente presumida de curto-
de verificação por ensaio, o funcionamento
outros ensaios.
circuito máxima admissível nos bornes do
mecânico satisfatório deve ser verificado
circuito de entrada do conjunto;
após a instalação no conjunto. O número de
• Os circuitos auxiliares dos conjuntos
ciclos de manobra deve ser 200. Ao mesmo
O ensaio deve ser realizado em uma
Apoio
os conjuntos. O montador do conjunto
Tabela 2 – Lista de verificação
No
Requisitos a serem considerados
1
As características nominais de curto-circuito suportável de
SIM NÃO
cada circuito do conjunto a serem avaliadas são inferiores ou iguais àquelas do projeto de referência? 2
As dimensões da seção dos barramentos e conexões de cada circuito do conjunto a serem avaliadas são superiores ou iguais àquelas do projeto de referência?
3
O espaçamento entre as linhas de centro dos barramentos e conexões de cada circuito do conjunto a ser avaliado é superior ou igual àquele do projeto de referência?
4
Os suportes do barramento de cada circuito do conjunto a serem avaliados são do mesmo tipo, forma e material e tem o mesmo espaçamento entre linhas de centro ou menor ao longo do comprimento do barramento, como do projeto de referência? A estrutrua de montagem para o suporte de barramento é do mesmo projeto e de mesma resistência mecânica?
5
Os materiais e as propriedades dos materiais dos condutores de cada circuito do conjunto a serem avaliados são os mesmos daqueles do projeto de referência?
6
Os dispositivos de proteção contra curto-circuito de cada circuito do conjunto a serem avaliados são equivalentes, da mesma fabricação e série com as mesmas características de limitação iguais a
ou melhores (I2t, Ipk) baseado em dados do fabricante do dispositivo, e com a mesma disposição do projeto de referência? 7
O comprimento dos condutores energizados não protegidos, conforme 8.6.4, de cada circuito não protegido do conjunto a ser avaliado é menor ou igual àquele do projeto de referência?
8
Se o conjunto a ser avaliado inclui um invólucro, no projeto de referência incluía um invólucro quando foi verificado por ensaio?
9
O invólucro do conjunto a ser avaliado é do mesmo projeto, tipo e tem pelo menos as mesmas dimensões daquele do projeto de referência?
10
Os compartimentos de cada circuito do conjunto a serem avaliados são do mesmo projeto mecânico e pelo menos as mesmas dimensões daquele do projeto de referência?
“SIM” para todos os requisitos – não requer verificações suplementares. “NÃO” para um requisito qualquer – é requerida verificação suplementar. a Os dispositivos de proteção de um mesmo fabricante mas de uma série diferente podem ser considerados equivalentes quando o fabricante do dispositivo declara que as características de desempenho são as mesmas ou melhores em todos os aspectos pertinentes à série utilizada para a verificação, por exemplo, capacidade de interrupção e características de limitação (I2t, Ipk), e distâncias críticas.
tempo, o funcionamento dos mecanismos de
intertravamento
associados
mesmo que antes do ensaio.
com
Satisfeitos os métodos de verificação de
estes movimentos deve ser verificado. O
projeto, após a construção de cada conjunto,
ensaio é considerado como satisfatório
a verificação de rotina deve ser realizada
se as condições de funcionamento do
em 100% dos conjuntos fabricados. A
dispositivo, do intertravamento, do grau
verificação de rotina é destinada para
de proteção especificado, etc., não tiverem
detectar falhas em materiais e na fabricação
sido prejudicadas e se o esforço requerido
para assegurar funcionamento correto do
para o funcionamento for praticamente o
conjunto fabricado. É realizada em todos
deve determinar se a verificação de rotina é realizada durante e/ou depois da fabricação. Quando aplicável, a verificação de rotina deve assegurar que a verificação de projeto está disponível. A verificação de rotina não é necessária para os dispositivos e para os componentes independentes incorporados ao conjunto, quando eles forem selecionados e instalados conforme as instruções do fabricante do dispositivo. A verificação deve compreender as seguintes categorias: Construção: grau de proteção definidas para
os
invólucros;
distâncias
de
escoamento e de isolamento; proteção contra choques elétricos e integridade dos circuitos de proteção; integração de componentes
incorporados;
circuitos
elétricos internos e conexões; terminais para condutores externos; funcionamento mecânico. Desempenho: propriedades dielétricas; cabeamento; desempenho de funciona mento e função. No próximo capítulo deste fascículo, analisaremos
a
IEC
61439-0,
que
representa um guia para especificação dos conjuntos, importante ferramenta que julgo ser a melhor inovação em relação à versão atual. Até lá! *Nunziante Graziano é engenheiro eletricista, mestre em energia, redes e equipamentos pelo Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP), Doutor em Business Administration pela Florida Christian University, membro da ABNT/CB-003/CE 003 121 002 – Conjuntos de Manobra e Comando de Baixa Tensão e diretor da Gimi Pogliano Blindosbarra Barramentos Blindados e da GIMI Quadros elétricos. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
41
Apoio
Led – Evolução e inovação
42
Capítulo IX Gerenciamento elétrico – Drivers Por Vicente Scopacasa*
aspectos
de potência, que é a relação entre a
400 mA. Este ajuste pode ser feito por
relativos ao driver, tais como rendimento,
Este
capítulo
potência ativa e a potência reativa e
meio da utilização de resistores ligados
fator de potência, distorção harmônica,
pode ser considerado como a diferença
na saída do driver ou com a utilização
dimerização e os efeitos de ripple e flicker.
entre o consumo aparente (na unidade
de ligações do tipo jumper, dando
Primeiramente,
abordará
de Volt Ampere – VA) e o consumo real
maior flexibilidade ao projeto. Temos
etiqueta de um driver genérico e descrever
vamos
analisar
a
da carga, neste caso, medido em watts.
também drivers com corrente de saída
as informações contidas na etiqueta como
O fator de potência é um indicativo da
fixa.
base para a escolha do melhor driver
eficiência na qual a energia é utilizada.
• Tc – (75 °C) representa a temperatura
para cada tipo de aplicação. Para tal,
• Pout – (75 W) representa a potência
máxima de operação do driver para
vamos analisar as especificações do driver
de saída.
que tenhamos a garantia da vida útil
apresentado na Figura 1.
• Uout – (100...220 Vdc) indica a
especificada. O fabricante do driver
faixa de tensão de saída do driver,
indica o ponto de medição do Tc,
descritos na etiqueta de identificação do
significando que o arranjo de Leds a
normalmente, é o ponto mais quente
driver, temos:
ser alimentado deverá ter um valor
do conjunto, onde devemos soldar o
Fascículo
Analisando cada um dos parâmetros
equivalente de tensão dentro desta
termopar para realizar a medida da
• Pn – (80 W) descreve a potência
faixa. Qualquer valor fora deste
temperatura com o driver em operação.
nominal.
intervalo, tanto inferior quanto
A máxima temperatura deverá ser
• Un – (220...240 V) representa a faixa
superior, poderá comprometer o
observada no projeto, pois alguns
de tensão de alimentação.
desempenho do componente.
graus de temperatura acima deste
• In – (0.37A) especifica a corrente de
• Iout – (0,12...0,4 A) define a faixa de
valor podem representar uma drástica
alimentação.
variação da corrente de saída. Neste
redução na vida útil do componente.
• Fn – (50/60 Hz; DC) determina a
caso, é importante ressaltar que o
• Ta – (-20...+50 °C) indica o intervalo
frequência de operação da rede elétrica.
presente driver tem corrente de saída
de temperatura ambiente no qual o
• Pf – (0.9C) indica o valor do fator
ajustável no intervalo entre 120 mA e
driver deverá operar.
Figura 1 – Etiqueta de identificação de um driver de corrente para Leds.
Apoio
43
Dependendo do modelo ou fabricante, podemos ter informações complementares sempre
indicadas
componente.
na
Além
etiqueta disso,
do
alguns
fabricantes costumam também apresentar todos os selos de certificação para os quais o driver tem aprovação. A seguir, apresentamos
algumas
características
importantes sobre os drivers: Vida útil versus a temperatura de
Figura 2 – Exemplo da curva da vida útil de um driver em função da temperatura de operação.
operação: falhas prematuras nos drivers são normalmente causadas devido a altas
útil, pois esta depende diretamente da
Grau de Proteção (IP – Ingress Protection):
temperaturas
temperatura de operação.
Os drivers também são classificados
internas.
Componentes,
como os capacitores eletrolíticos, são à
Na Figura 2 temos um exemplo do
quanto ao seu grau de proteção. Temos
base de soluções químicas e, normalmente,
comportamento da vida útil do driver
dois tipos diferentes de proteção, sendo
tendem a evaporar causando sua falha e
em função da temperatura de operação
que o primeiro dígito se refere à proteção
consequente falha do driver. Em função
considerando ligado durante 24 horas por dia.
contra partículas sólidas e o segundo
disso, o ideal é que o driver opere na
Como podemos notar analisando a
menor temperatura possível. Isto pode
Figura 2, quanto menor a temperatura
ser realizado através da escolha do driver
de operação, maior será a vida útil do
exemplo da codificação IP, sendo que a
certo para a aplicação. Quanto maior
componente,
que
tabela completa com a descrição dos dois
for o valor do Tc especificado, aumenta
possível devemos escolher um driver com
numerais pode ser facilmente encontrada
a probabilidade de termos maior vida
o maior valor possível de Tc.
em publicações disponíveis na internet.
portanto,
sempre
dígito é relativo à proteção contra água. Na
Figura
3,
apresentamos
um
Apoio
Fascículo
Led – Evolução e inovação
44
pode ser feita de várias formas dentre as quais
compatibilidade;
destacamos “Triac”, fase reversa (trailing edge), 1-10 volts e DALI, dentre outras. Cada
• DALI – Sigla (Digital Addressable
um destes tipos de dimerização apresenta
Lighting Interface) foi originalmente
desempenhos e complexidades específicos.
desenvolvido na Europa para controle
A seguir, apresentamos um breve descritivo
de reatores de lâmpadas fluorescentes.
de cada um deles:
Os controles DALI são hoje utilizados
• Triac – O acionamento do Triac
em todo o mundo inclusive para drivers
pode ser comparado como o de
de Leds. Permitem o controle digital
uma chave. Dependendo do nível de
individual das luminárias aumentando
tensão, o Triac começa a conduzir
a produtividade do usuário.
consideração quando da definição do driver,
corrente elétrica e continua até que o
Diferentemente dos sistemas 0-10 V,
pois tem papel fundamental na sua aplicação
nível de tensão diminua para valores
os fabricantes de controladores DALI
e no tipo de luminária que irá compor. O
abaixo do valor de corte. O circuito
oferecem características específicas e
grau de proteção terá que ser mais rigoroso,
é relativamente simples e de baixo
proprietárias para que o sistema seja
por exemplo, se a luminária irá operar em
custo. Um dos inconvenientes deste
plenamente compatível de forma a
ambiente externo ou em locais com grande
tipo de dimerização é a geração de
explorar ao máximo a característica de
quantidade de resíduos sólidos.
interferências eletromagnéticas (EMI);
maior robustez deste padrão.
Classe UL: Classificação feita pela UL
comumente utilizado em fontes de
(Underwriters Laboratories) quanto ao
luz de baixa tensão, sendo muito
dimerização é muito utilizado e é um
aspecto de segurança:
eficiente para cargas capacitivas. Quase
grande aliado na diminuição do consumo
• Classe 2 – Estes drivers atendem
sempre necessitam do fio terra para
de energia. Quando aplicado com sensores
à norma UL1310, em que a saída
sua instalação e este pode representar
adequados, a dimerização permite o
é considerada segura ao toque e
uma barreira, pois nem sempre o fio
controle total da intensidade da luz nos
nenhuma proteção adicional de
terra é disponibilizado principalmente
ambientes, disponibilizando a quantidade
segurança é requerida, quer seja no
em predios mais antigos. Dentre as
necessária de luz com sensível redução no
nível do Led ou da luminária. Não
desvantagens, citamos o seu alto custo
consumo de energia. Em contrapartida, a
há risco de fogo ou choque elétrico.
comparado com outros controles;
dimerização pode gerar efeitos indesejáveis
Estes drivers operam com menos de
• 0-10V – Tem sido utilizado em
com o flicker, principalmente, ao utilizar
60 volts em aplicações secas, 30 volts
aplicações de iluminação por muitos
sistemas não compatíveis.
em aplicações úmidas, menos do que
anos com a facilidade de compatibilizar
5 ampères e menos do que 100 watts.
vários tipos de drivers e controles
Flicker: Com o crescente avanço dos
No entanto, estas limitações impõem
de diferentes fabricantes tornando
produtos com Leds, nova discussões estão
restrições sobre o número de Leds que
este sistema muito atrativo. Isto
sendo reabertas sobre o desempenho
o driver classe 2 pode operar;
é particularmente importante no
destas fontes de luz quanto à geração de
• Classe 1 – O driver classe 1 tem
crescente mercado de sistemas com
flicker definido como variação temporal
limites de tensão fora do padrão do
Leds, já que a maioria dos fabricantes
(potencialmente visível) da luz emitida.
driver classe 2. Eles operam com
de drivers não fabrica controles de
Podemos caracterizá-lo também como
valores maiores de tensão e, portanto,
dimerização e conta com a tecnologia
cintilação da luz e o principal objetivo é o
requerem proteções na luminária. Estes
0-10 V para integrar seus produtos aos
de quantificar este fenômeno e avaliar seus
drivers operam com um número maior
sistemas de controle disponíveis.
impactos nas pessoas.
Figura 3 – Exemplo da codificação do grau de proteção.
O grau de proteção deve ser levado em
• Fase reversa (trailing edge) – É
A comunidade da iluminação sempre
de Leds, tornando-os mais eficientes do que os drivers classe 2.
De forma geral, o processo de
Apesar de notarmos que esta tecnologia
demonstrou
preocupação
a
respeito
é tida como uma topologia de controle
dos impactos causados pelo flicker nos
Dimerização: Independentemente do fato do
universal, é comum verificarmos algumas
humanos, impactos estes que podem
driver ser de corrente ou tensão constantes,
incompatibilidades, principalmente, pela
variar deste a distração ou aborrecimento
os drivers podem apresentar capacidade de
falta de normas mais específicas quanto
até a causa de problemas neurológicos.
dimerização que consiste em controlar o
às características elétricas dos controles
Os efeitos do flicker são dependentes
nível de intensidade da luz. Esta dimerização
e dispositivos a fim de garantir tal
das características da modulação da
Apoio
45
Apoio
Led – Evolução e inovação
46
Figura 4 – Exemplos de conteúdo de flicker em duas lâmpadas com Led modelo MR-16.
luz, das condições da luz ambiente, da
geração de flicker. Diferentes topologias
MR-16 de dois fabricantes diferentes, em
sensibilidade dos indivíduos que utilizam
dos circuitos empregados, limitações de
que podemos notar a grande variação,
os espaços iluminados e das tarefas por elas
custo e restrições de espaço são fatores
tanto do índice e percentual de flicker.
realizadas. O flicker de baixa frequência
potenciais
pode induzir a convulsões em pessoas
principalmente,
com epilepsia fotossensível e também a
sistemas de dimerização.
Fascículo
geração de dores de cabeça, fadiga, visão
Na
para
prática,
geração quando podemos
de
flicker,
Como podemos observar, a amostra
utilizamos
da esquerda apresenta altos valores de flicker (índice de 0.16 e percentual de
encontrar
99%) quando comparados com o da
turva e consequente redução do nível de
grandes variações quanto ao conteúdo de
lâmpada da figura à direita (índice de 0.05
desempenho.
flicker em produtos com Leds. A Figura
e percentual de 17.3%). Portanto, cuidados
No caso de luminárias com Leds,
4 apresenta um exemplo de medições
extras deverão ser tomados quando da
os drivers são os pontos principais de
realizadas em duas lâmpadas Led do tipo
escolha do produto. Convém ressaltar que
47 este fenômeno não ocorre somente nas lâmpadas, mas em qualquer produto de iluminação. O
flicker
pode
significativos
para
iluminação,
porém,
trazer a
prejuízos
qualidade é
da
raramente
considerado, tanto no projeto, quanto na especificação das fontes de luz. Os níveis de flicker vistos em alguns produtos representam preocupação para qualquer pessoa responsável pela saúde humana. Além disso, não existem limites bem definidos que permitam especificar este item com mais precisão e nem sempre esta informação é disponibilizada. A sugestão seria solicitar aos fabricantes de sistemas de iluminação que forneçam as informações de flicker dos seus produtos e então fazer uma comparação, pois, quanto menor for o índice e o percentual de flicker, melhor será o desempenho e a segurança do produto. No próximo capítulo, continuaremos a
abordagem
de
outros
assuntos
pertinentes aos sistemas de iluminação de estado sólido.
Referências: 1. Controlling LEDs – Technical white paper 05/2014 Lutron Electronics Co. Inc. P/N 367-2035 Rev. C. 2. Commercial leaflet – Xitanium LED indoor lighting, 06/2015, Royal Philips N.V. 3. PNNL-SA-94791 – March 2013, U.S. Department of Energy *Vicente Scopacasa é engenheiro eletrônico com pós-graduação em administração de marketing. Tem sólida experiência em semicondutores, tendo trabalhado em empresas do setor por mais de 40 anos. Especificamente em Leds, atuou por mais de 30 anos em empresas líderes na fabricação de componentes, tanto no Brasil como no exterior. Atua hoje como consultor na área de iluminação de estado sólido e como professor em cursos de especialização e de pós-graduação. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
Curto-circuito para a seletividade
48
Capítulo IX Conversão ΔY e YΔ, equivalente de Thevenin e levantamento de dados Por Cláudio Mardegan*
Conversão ΔY e YΔ Em algumas situações, para o cálculo
(b) Enunciado
(a) Generalidades
ser reduzido a uma fonte de tensão em
Qualquer circuito elétrico linear pode será
série com uma impedância. O valor da
necessária a transformação de triângulo
abordado neste capítulo, pois os cálculos
tensão desta nova fonte será a tensão de
para estrela. Apresentam-se, a seguir, as
de curto-circuito são feitos com base em
circuito aberto (ETHEVENIN = VAB) no ponto
equações.
equivalentes de Thevenin.
onde se está tomando o equivalente (ponto
da corrente de curto-circuito, pode ser
Fascículo
Equivalente de Thevenin
O
teorema
Figura 1 – Conversão Triângulo-Estrela e (b) Conversão Estrela-Triângulo.
de
Thevenin
Apoio
49
Figura 2 - Circuito real e circuito equivalente de Thevenin.
a e b) e a impedância será a impedância
ZC = 0.0157 + j 0.0103
I = U / (Z1 + Z2)
Z TR= 0.5657 + j 3.9598
vista por estes pontos curto-circuitando todas as fontes de tensão e abrindo todas as fontes de corrente (ZTH = Z AB). A Figura 2 seguinte ilustra o exposto. Exemplo 1
ETH = UAB = UAC = Z2 I = Z2 U / (Z1 + Z2)
Z M = 2.9628 + j 31.1096
Exemplo 2
ZTH-CDC#1 = (ZS + ZC + ZTR) // ZM
Para
o
circuito
da
Figura
3,
determinar a impedância de Thevenin Para o circuito da Figura 2, tem-se:
+ j 31.1096)
no CDC#1.
Z TH = Z AB = Z1 // Z2 + Z3 (Z1 em paralelo com Z 2 e em série com Z3)
ZTH-CDC#1 = (0.6257 + j 4.6353) // (2.9628
ZTH-CDC#1 = 0.5237 + j 4.0349 ZS = 0.0443 + j 0.6652
Apoio
Curto-circuito para a seletividade
50
Figura 3 – Esquema unifilar e diagrama de impedâncias.
Levantamento de dados Equivalente da rede
Dados dos equipamentos
▶ Corrente de partida ▶ Conexão
Apresentam-se, a seguir, as principais
▶ Aterramento do neutro
informações que devem ser coletadas na
▶ Máquina acionada
As concessionárias normalmente forne
etapa de levantamento de dados para a
(bomba, compressor, etc.)
cem as informações dentro de uma das
realização de um estudo de curto-circuito e
▶ Rotação ou número de polos
formas abaixo apresentadas.
seletividade.
▶ Identificação
(a) Potências
(a) – Dados de transformadores
▶ Localização ▶ Módulo da PCC3φ simétrica ▶ Ângulo (∠) da PCC3φ simétrica
▶ Dados de placa (tensões, potência, impedância, conexão)
síncronos
▶ Módulo PCC1φ
▶ Tipo de aterramento
▶ Dados de placa
▶ Ângulo (∠) da PCC1φ
▶ Meio isolante (óleo mineral, silicone,
▶ Máquina primária (turbina
ascarel, seco)
Fascículo
(c) – Dados de geradores/motores
(b) Correntes ▶ Módulo da ICC3φ simétrica
diesel) - gerador
▶ Localização
▶ Tipo de acionamento (bomba, compressor, etc.) – motor síncrono
▶ Ângulo (∠) da ICC3φ simétrica ▶ Módulo da ICC1φ ▶ Ângulo (∠) da ICC1φ (c) Impedâncias
hidráulica, gás, vapor, motor
▶ Identificação
(b) Dados de motores de indução
▶ Tipo de aterramento do neutro
▶ Dados de placa
▶ Data sheet (reatâncias/constantes de tempo)
▶ Tipo do motor (gaiola, anéis, dupla
▶ Rotação ou número de polos
gaiola)
▶ Z0S = R0S + j X0S = | Z0S| . ejϕo
▶ Tipo de partida (direta, soft-
▶ Z1S = R1S + j X1S = | Z1S| . ejϕ1
starter, inversor de frequência, chave
▶ Z2S = R2S + j X2S = | Z2S| . ejϕ2
compensadora, etc.)
Nota: na prática, quase sempre
▶ Tempo de partida
Z1S = Z2S
▶ Tempo de rotor bloqueado
▶ Identificação ▶ Localização (d) Dados de cabos (a partir de uma lista de cabos) ▶ Material do condutor (cobre / alumínio)
Apoio
51
Apoio
Curto-circuito para a seletividade
52
▶ Comprimento
▶ Tensão nominal do sistema (FF e FT)
▶ Fabricante
▶ Seção
▶ Conexão do banco
▶ Tipo
▶ Nº de polos (unipolar / tripolar)
▶ Tipo do meio isolante do banco
▶ Funções
▶ Nº de condutores por fase
▶ Capacitância nominal
▶ Faixa(s) de ajuste de cada função
▶ Tipo de isolação
▶ Nº de unidades paralelas por grupo
▶ Ajuste atual de cada função
(PVC/EPR/XLPE/PE/PAPEL)
▶ Nº de grupos série por perna
▶ Características
▶ Tensão (Uo/U) ou NA/NI
▶ Se possui fusíveis internos /
▶ Identificação
(cabos antigos)
resistor descarga
▶ Localização
▶ Disposição (trifólio, plano, etc.)
▶ TCs (quando aplicável)
▶ Tipo de instalação
▶ Aterramento
▶ Norma
▶ Norma
▶ Dados de placa
▶ Identificação
▶ Identificação
▶ Fabricante
▶ Localização
▶ Localização
▶ Tipo
(h) Dados de disjuntor BT
▶ Corrente nominal (e) – Dados de banco de capacitores/filtros de harmônicos
(f) Dados de reatores
▶ Corrente nominal do sensor
▶ Dados de placa
ou do disparador
▶ Dados de placa
▶ Reatância ou indutância
▶ Funções (LS, LI, LSI, LSG, LIG, LSIG)
▶ Tipo do filtro (ativo / passivo)
▶ Tensão nominal
▶ Faixas de ajuste
▶ Tipo de sintonia do filtro
▶ Corrente nominal
▶ Ajustes atuais
(sintonizado / dessintonizado)
▶ Identificação
▶ Identificação
▶ Frequência(s) de sintonia / dessintonia
▶ Localização
▶ Localização
▶ Indutância(s) do filtro (mH)
Fascículo
▶ Resistência do filtro (caso houver)
(g) Dados de relés
(i) Dados de Disjuntor MT / Contator
▶ kVAr de cada unidade
▶ Corrente (e/ou tensão) nominal
▶ Dados de placa
▶ Tensão nominal do capacitor
ou do sensor
▶ Corrente nominal
Apoio
dutos de barras / Bus-ways
▶ Tensão nominal
▶ Fabricante
▶ Fabricante
▶ Tipo
▶ Fabricante
▶ Tipo
▶ Quantidade e conexão
▶ Tipo
▶ Capacidade de interrupção simétrica
▶ Classe de exatidão
▶ Corrente nominal
▶ Tempo de interrupção
▶ NBI
▶ Comprimento
▶ Corrente momentânea ou de
▶ Norma
▶ Tipo de material do condutor
fechamento
▶ Grupo de ligação (TP)
(cobre ou alumínio)
▶ Norma
▶ Corrente de curto-circuito térmica (TC)
▶ Seção do condutor da barra
▶ Identificação
▶ Corrente de curto-circuito dinâmica (TC)
▶ Forma do condutor da barra
▶ Localização
▶ Identificação
▶ Pintado / não-pintado
▶ Localização
▶ Distância entre suportes
(j) Dados de fusíveis ▶ Dados de placa
▶ Número de barras por fase (l) Dados do resistor de aterramento
▶ Barramento encapsulado
▶ Fabricante
▶ Dados de placa
ou não encapsulado
▶ Tipo
▶ Fabricante
▶ Corrente de curto-circuito térmica
▶ Corrente nominal
▶ Tipo
▶ Corrente de curto-circuito dinâmica
▶ Característica
▶ Corrente nominal contínua (permanente)
▶ Distância de trabalho
▶ Identificação
▶ Corrente nominal de curta-duração
▶ Identificação
▶ Localização
▶ Tempo
▶ Localização
▶ Tensão nominal (k) Dados de TCs / TPs
▶ Valor da resistência ôhmica
(n) Dados de inversor de frequência /
▶ Corrente (TC) ou tensão
▶ Identificação
soft-starter
(TP) nominal primária
▶ Localização
▶ Corrente (TC) ou tensão (TP) nominal secundária
▶ Dados de placa ▶ Fabricante
(m) Dados de painéis / barramentos /
▶ Tipo
53
Apoio
54
Figura 4 – Representação de um esquema unifilar.
▶ Corrente nominal
▶ Dados do para-raios
rede), transferência em rampa (paralelismo
▶ Tensão nominal
▶ Identificação
momentâneo para transferências) ou PPR
▶ Se o mesmo faz ou não regeneração
▶ Localização
(paralelismo permanente com a rede)
▶ Capacidade térmica de curta duração ▶ Reatância / indutância de entrada
▶ Se transformadores operam em paralelo Topologia do sistema
▶ Identificação ▶ Localização (o) Dados de conversor a semicondutor
operam abertos ou fechados Esta etapa do levantamento de dados
▶ Se linhas operam em paralelo ou não
consiste em se obter como os elementos
▶ Como operam os maiores motores
de circuito estão interconectados, ou, em
da planta
▶ Dados de placa
outras palavras, consiste na elaboração do
▶ Maiores motores de cada barra
▶ Fabricante
diagrama unifilar simplificado para estudo
▶ Tipo
de curto-circuito. Veja unifilar da Figura 4.
▶ Corrente nominal
Configurações e condições operacionais
▶ Tensão nominal
Fascículo
▶ Se os disjuntores de interligação (TIE)
Ainda na etapa de levantamento de
▶ Se faz ou não regeneração
dados é necessário conhecer, no mínimo, as
▶ Capacidade térmica de curta
seguintes condições operacionais:
duração / duty cycle ▶ Norma
▶ Se existem geradores na planta
▶ Identificação
▶ Condição normal de operação
▶ Localização
▶ Condição de curto-circuito máximo ▶ Condição de curto-circuito mínimo
(p) Protetor de surto / Snubber ▶ Capacitância nominal do protetor de surto ▶ Tensão nominal ▶ Tensão do sistema ▶ Resistência
Essas condições implicam em se conhecer as configurações do sistema: ▶ Como os geradores operam: somente emergência (sem fazer paralelismo com a
*Cláudio Sérgio Mardegan é diretor da EngePower Engenharia e Comércio Ltda. É engenheiro eletricista formado pela Unifei, especialista em proteção de sistemas elétricos industriais e qualidade de energia, com experiência de mais de 35 anos nesta área. É autor do livro “Proteção e Seletividade em Sistemas Elétricos Industriais”, patrocinado pela Schneider, e coautor do “Guia O Setor Elétrico de Normas Brasileiras”. É membro sênior do IEEE e participa também dos Working Groups do IEEE que elaboram os “Color Books”. É Chairman do Capítulo 6 do Buff Book, atual 3004 series (3004.6) sobre Ground Fault Protection e também participa de Forensics. Continua na Próxima edição Acompanhe todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para redacao@atitudeeditorial.com.br
Apoio
55
56
Reportagem
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Por Bruno Moreira
Rede da discórdia
Um dos principais obstáculos para a difusão das redes subterrâneas no país é a falta de políticas públicas que harmonizem os conflitos e os interesses das empresas de gás natural, energia elétrica, água e esgoto e telecomunicações
A
s perspectivas de crescimento das
subterrâneas. “Se a Aneel não disser como
uma maneira caótica e que o subterrâneo
redes subterrâneas no Brasil em curto
as concessionárias devem fazer, os projetos
da cidade reflete esse caos. São usos
prazo não são boas. A Agência Nacional de
nunca sairão do papel. É preciso definir qual
selvagens, conforme Bernini, com empresas
Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do
é a regra e não deixar as concessionárias
de gás natural, água e esgoto, energia
setor elétrico e por onde o desenvolvimento
correrem risco”, afirma.
elétrica e telecomunicações, dividindo
das redes subterrâneas em âmbito federal
Por
deve ser iniciado, realizou até o momento
Tempo Giusto Consultoria Empresarial
competindo
poucas ações neste sentido. Em 2013, a
e ex-presidente da AES Eletropaulo e
subsolo das cidades. “Trata-se de um
agência promoveu seminários voltados às
da EDP Brasil, Eduardo José Bernini,
subterrâneo
redes subterrâneas com a participação de
acredita que não é apenas por falta de
o
concessionárias e outros agentes do setor.
uma regulamentação por parte da Aneel
destacando que mapas de subsolo não são
Um ano depois, em 2014, realizou uma
que as redes subterrâneas não avançam
garantia de nada. “Foram feitos em épocas
consulta pública com o objetivo de receber
massivamente no Brasil. Segundo ele,
em que a documentação não era realizada
contribuições
em
um dos principais obstáculos é a falta de
de forma rigorosa, existindo disparidade
redes subterrâneas e avaliar a necessidade
uma política pública que harmonize os
entre o planejado e o executado”. Em
de aprimoramentos. E só agora, em 2016,
conflitos e os interesses das empresas (de
decorrência, há muitos anos, redes de gás
promoveu uma audiência pública para
gás natural, água e esgoto, energia elétrica
e saneamento, por exemplo, acabam se
discutir o aprimoramento da regulação de
e telecomunicações) que utilizam a área
atropelando.
investimentos em redes subterrâneas de
subterrânea das cidades. Neste ponto, o
A
distribuição de energia elétrica.
problema é mais de ordem municipal do
também
O diretor-executivo da RDS Brasil,
que federal. Bernini afirma que falta uma
nas redes aéreas de energia elétrica das
Daniel Bento, acredita que a Aneel é
visão holística para infraestrutura urbana do
cidades do país. “A pior sequela que
omissa no que se refere à regulamentação
país. “Quem deve harmonizar todas essas
temos hoje nas redes aéreas é a ocupação
das redes subterrâneas e morosa nas ações
competências através de políticas públicas
de espaço reservado para os postes de
que devem levar a isso. De acordo com o
de caráter local é o município”, explica.
cabeamento de telecomunicação, que é
diretor-executivo da RDS, é necessário que
o
precária do ponto de vista do uso” explica
a agência defina uma meta, um objetivo e
proprietário da Tempo Giusto, que a
Bernini. Para ele, a rede foi concebida para
um prazo para a implementação das redes
urbanização brasileira foi levada a cabo de
carregar as linhas primária, secundária,
sobre
investimentos
É
sua
preciso
vez,
o
proprietário
reconhecer,
segundo
da
espaço
de
maneira
desordenadamente desconhecido”,
ex-presidente
falta é
desorganizada,
de
da
AES
afirma
Eletropaulo,
planejamento
sentida,
pelo
segundo
urbano Bernini,
57
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
o transformador e os ramais que ligam os clientes, existindo também uma faixa destinada à Iluminação Pública (IP) e outra faixa para telecomunicação, que antigamente consistia em um par de cabos metálicos, exclusivamente para telefonia.
Atualmente,
no
entanto,
os
fios
destinados à área de telecom aumentaram, com a inserção de cabos de fibra ótica, rede de TV a cabo, etc. Junte-se a isso a
qualidade
da
manutenção
destes
equipamentos, que segundo Bernini, é muito ruim e ainda um emaranhado de fios nos postes, que torna as cidades menos bonitas e seguras. Dessa maneira, as redes áreas, que comportam, muitas vezes de uma maneira não organizada, cabos de energia elétrica e de telecomunicações, também são uma questão de política pública dos municípios, visando a revitalização urbana por meio do enterramento destas redes
“O envolvimento da autoridade muni
cipal é fundamental para alavancar as redes subterrâneas de energia elétrica no país”, reitera Bernini, destacando que ainda não houve, porém, a inserção do tema nos planos de urbanização das metrópoles. Por exemplo, no mais recente Plano Diretor Estratégico para a cidade de São Paulo, estabelecido via Lei 16.050/2014, que foi sancionada em julho de 2014, não houve menção às redes subterrâneas. “Como se o assunto não existisse, mas ele existe e é um problema”, afirma o ex-presidente da AES Eletropaulo, sublinhando que “não é prioridade porque está debaixo da terra, ou seja, não é visível”.
Além da falta de iniciativa municipal,
através
de
políticas
públicas,
Bernini
enfatiza outro problema que precisa ser solucionado a fim da maior difusão das redes subterrâneas no país: a viabilidade financeira. E isso passa pelo financiamento do projeto e pela recuperação deste investimento. As concessionárias não se veem estimuladas a fazer investimentos em redes subterrâneas, pois estes podem não ser reconhecidos pela Aneel no momento da revisão tarifária, fazendo com que as distribuidoras arquem com os custos integralmente.
58
Reportagem
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Conforme o ex-presidente da AES
por redes subterrâneas. Na Alemanha,
dessa
Eletropaulo, a postura da Aneel é de que
um dos países mais desenvolvidos do
“Atualmente, neste sentido, existem várias
o investimento não onere a tarifa dos
mundo, 78% da sua rede é subterrânea,
iniciativas de prefeituras no país no sentido
consumidores.
forma,
turistas
para
visitação.
possuem
apresentando um índice médio de Duração
de instalar redes subterrâneas em algum
vida longa, que pode ser estendida com
Equivalente de Interrupção por Unidade
lugar da cidade”, diz.
manutenção e troca de equipamentos. Ao
Consumidora (DEC) de 23 minutos. No
comparar o investimento marginal para
Brasil, o DEC médio é de 18 horas. Quanto
caso que ilustra bem como a mudança
a manutenção das redes aéreas com os
maior a duração de interrupção da energia,
de redes aéreas para redes subterrâneas
investimentos visando à transformação
maior o tempo em que o país deixa de
está diretamente atrelada à diminuição
de redes aéreas em redes subterrâneas,
trabalhar e produzir riquezas, segundo o
do número de interrupções por falta de
a distribuidora percebe que o primeiro é
especialista em redes subterrâneas e diretor-
energia elétrica. No final da década de
menor do que o segundo, optando assim
executivo da RDS Brasil, Daniel Bento, para
1990, a universidade tinha sua energia
pela manutenção das redes aéreas.
quem a única maneira de se melhorar esses
elétrica
Redes
aéreas
A Universidade de São Paulo é um
distribuída
por
redes
aéreas.
A Aneel apresenta ainda, no momento,
índices é por meio do enterramento de
Devido à alta densidade arbórea da região,
um argumento poderoso, segundo Bernini,
redes. Isto porque, explica o ex-presidente
nos meses do verão, época de chuvas
que impossibilita a preferência por redes
da AES Eletropaulo Eduardo Bernini, redes
fortes e ventanias, a incidência de queda
subterrâneas. Enquanto um número restrito
aéreas são vulneráveis. “Apesar da melhora
de árvores nas redes aumentava e era alto o
de pessoas se beneficiaria da conversão
de proteção, a taxa de falha é muito maior
índice de interrupção de energia. Segundo
de redes aéreas por redes subterrâneas,
do que nas redes subterrâneas”, diz.
o chefe da divisão de infraestrutura
o custo seria compartilhado com todo
Um país desenvolvido possui alta
da Cidade Universitária, Enea Neri, a
os consumidores da área de concessão
produtividade. E um país que quer
frequência de interrupção de energia na
de uma determinada distribuidora. A
produzir precisa de uma infraestrutura
USP naquele período costumava ser de
pergunta então permanece: como se
adequada para isso. A energia elétrica é
aproximadamente 40 vezes e a duração
forma o financiamento para investir em
um elemento essencial da infraestrutura
média chegava a cerca de 12 horas.
redes subterrâneas e como se recupera
de um país, logo, a produção de energia
este investimento por meio da cobrança
elétrica e a falha em sua distribuição
o Instituto de Energia e Ambiente (IEE-
tarifária. “Quem vai auferir os benefícios?
estão diretamente relacionadas à melhora
USP) e a Prefeitura da Cidade Universitária
Quem vai pagar a conta? ”, indaga.
ou piora da produtividade. O diretor-
para o desenvolvimento de um projeto
Em 1996, foi firmada uma parceria entre
Se o impasse financeiro não for
executivo da RDS Brasil comenta que uma
de rede subterrânea em média tensão
superado, não há também como se
interrupção de energia pode afetar, por
na universidade, em moldes distintos do
pensar em leis que tornem obrigatória
exemplo, o sistema de semáforos de uma
realizado pela AES Eletropaulo. O projeto,
a implementação de redes subterrâneas
cidade, gerando engarrafamentos. “Este
que foi financiado em parte pela Fapesp
no Brasil, como as que foram instituídas
tempo no qual o cidadão fica a mais no
e em parte pela própria USP, consistiu no
na cidade de São Paulo. Nesse sentido,
trânsito é um tempo desperdiçado, que
enterramento dos cabos diretamente do
o presidente da Tempo Giusto destaca a
poderia estar sendo usado para produzir”,
solo, com fitas de sinalização de alerta, ao
necessidade de que se encontrem novos
diz. A interrupção de energia elétrica afeta
contrário do que é feito pela concessionária,
modelos de negócios. Um exemplo seria
também as indústrias, cujas máquinas
que utiliza bunker de concreto para vedar
o modelo de concessão de exploração
precisam ser reiniciadas após a queda
os fios e os cabos elétricos. “Esta parte civil
de redes e dutos, no qual uma empresa
de energia. Este processo é demorado,
é muito dispendiosa”, explica Neri.
construiria uma via subterrânea para a
afetando, consequentemente, a produção
Ao todo, de 1998 a 2000, foram
passagem de redes e depois a alugaria
industrial.
instalados e energizados 28 km de cabos,
para as concessionárias de água e esgoto,
Bento ressalta também como as redes
sendo 23 km de rede tronco (principal) e 5
gás natural, energia elétrica e telecom.
subterrâneas podem melhorar a segurança
km de derivações (radiais) que atendem às
Uma maneira de, em um único meio físico,
e o turismo de um país. Segundo o diretor
cabines primárias. A rede alimenta a cidade
se efetuarem vários serviços.
da RDS, a quantidade de mortes e de
universitária inteira – 65 consumidores
acidentes não fatais relacionada às redes
diretos, entre faculdades, institutos e outras
aéreas de energia elétrica é bem maior do
unidades. Desde então, conforme o chefe
Melhoria da produtividade
que a relacionada às redes subterrâneas.
da divisão de infraestrutura da Cidade
Da atual rede de distribuição de energia
O enterramento de fios e cabos torna
Universitária, não foram registradas mais
elétrica brasileira, apenas 2% é composta
também a cidade mais bonita, atraindo,
interrupções em razão de intempéries.
59
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Reaparição da beleza escondida
A Centrais Elétricas de Santa Catarina
(Celesc) vem revitalizando o centro de Joinville (SC), substituindo as redes aéreas de energia elétrica por redes subterrâneas. De acordo com o engenheiro eletricista da Agência Regional Joinville da Celesc, Jean Eduardo Costanzi, alguns motivos levaram o município catarinense a realizar estas modificações, entre os quais a segurança e a operacionalidade da rede de distribuição, haja visto que a rede da região se encontra muito próxima de marquises, janelas e fachadas e é de difícil manutenção. “A utilização de qualquer outra tecnologia de rede não extinguiria o risco”, garante o engenheiro. Aliado a estes motivos, existe o fato de que o centro de Joinville é histórico, com construções da época do império “e a rede subterrânea propiciou a reaparição dessa beleza a pouco escondida”.
Financiado pelo Governo do Estado
de Santa Catarina e prefeitura municipal, o projeto está sendo desenvolvido em três etapas. A primeira, finalizada em 2011, instalou aproximadamente 2,5 km de fiação subterrânea na via gastronômica, importante atração turística da cidade de Joinville. Para realizar esta etapa do projeto, foram investidos cerca de R$ 7
CONSTRUÇÃO CIVIL DA OBRA
milhões. Em funcionamento desde maio de 2016, mas inaugurado oficialmente
também no começo de setembro. A
orla do Centro Histórico. Para realização
no início de setembro do mesmo ano, a
estimativa é de que as obras iniciem no
dessa obra, está previsto o investimento
segunda etapa do projeto consistiu na
começo de 2017 e sejam investidos R$
de R$ 4,9 milhões.
instalação de 2,4 quilômetros de cabos
10 milhões em aproximadamente três
subterrâneos em nove ruas do centro
quilômetros de rede subterrâneas, que
subterrâneas de uma maneira geral, o
da cidade. Ao todo, foram investidos R$
serão instaladas em outras 12 vias da
engenheiro eletricista da Agência Regional
9,2 milhões, sendo R$ 8,2 milhões, via
região central da cidade.
Joinville da Celesc declara que os projetos
Governo do Estado de Santa Catarina,
implementados no estado demonstram
e R$ 1 milhão por meio da Prefeitura de
Redes Subterrâneas no Centro de Joinville,
que há uma grande oportunidade mesmo
Joinville. O auxílio do governo estadual
a Celesc já possui em andamento na
com o custo elevado. “Entretanto,
veio, segundo Costanzi, através do
cidade de São Francisco do Sul, localizada
acredito ainda ser necessário revermos as
crédito de ICMS e da prefeitura com a
a 194 km da capital Florianópolis, um
regulações por parte da Aneel para que
implantação da rede iluminação pública
projeto que pretende instalar, em sua
esses investimentos sejam reconhecidos,
do local e da reurbanização. Já a terceira
primeira etapa, dois quilômetros de redes
de forma mais abrangente na tarifa de
etapa teve o início dos projetos autorizado
subterrâneas, contemplando 11 ruas da
energia elétrica”, conclui.
Além da terceira etapa do Projeto de
Sobre a viabilidade econômica da rede
60
Aula prática
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
A influência do aquecimento na resistência elétrica de barramentos blindados parte 2
Por Luís Eduardo Caires, Hédio Tatizawa, Hélio Eiji Sueta e Silvio J. van Dijk*
E
ntre as muitas variáveis que influen
observadas no momento do ensaio. Os
ciam o valor da resistência elétrica de
dados de resistência elétrica obtidos são
a ser importante a adequação do valor
um barramento blindado, encontra-se a
determinados para estas condições de
da resistência elétrica às condições de
temperatura atingida pelo condutor no
carregamento e de temperatura. A partir
instalação e, assim, corrigir o valor da
equilíbrio térmico. Esta, por sua vez, é
destes valores, são calculadas as quedas
queda de tensão calculada, obtendo-se
função da temperatura ambiente na qual
de tensão de um sistema alimentado por
um valor mais próximo da realidade.
o barramento se encontra e do valor da
barramento blindado.
corrente elétrica ao qual o condutor é
publicada
submetido.
para correntes inferiores ao ensaiado tende
descritos os fundamentos teóricos, os
A utilização de um barramento blindado
Em função dessas variáveis, passa
Na
primeira na
parte
edição
deste
artigo,
anterior,
foram
Os ensaios de elevação de temperatura
a diminuir o valor da resistência elétrica.
objetivos, os objetos ensaiados e a
em barramentos blindados são realizados
Além disso, nem sempre a temperatura
metodologia
empregada
para a corrente nominal informada pelo
ambiente na qual o sistema será instalado
Nesta
final
fabricante, a uma temperatura ambiente
condiz com a temperatura observada no
abordados os resultados obtidos, cálculos
dependente das condições climáticas
momento do ensaio.
aplicados e algumas considerações.
parte
do
no
estudo.
artigo,
serão
61
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Resultados obtidos, cálculos e considerações
calculados desta forma aproximam-se com
Resultados obtidos
boa precisão do valor real observado na
prática.
temperatura, foram obtidas as informações
Os valores encontrados nos ensaios
necessárias à determinação dos parâmetros
de queda de tensão foram posicionados de
de
comparados
elétricos da linha pré-fabricada, conforme as
tal forma a abranger dois elementos retos e
aos valores levantados no estudo teórico.
normas ABNT NBR IEC 60439-2 e IEC 61439-6.
duas junções, já que, de acordo com a norma,
A partir disso é possível determinar um
Foi medido o valor da resistência em corrente
deve haver pelo menos duas emendas.
equacionamento matemático que permita o
contínua com microhmímetro, a frio, em cada
Como, numa instalação elétrica, o sistema
cálculo da queda de tensão em instalações
barra, incluindo o neutro, sendo que nesta
de barramento blindado montado consiste
de barramento blindado de forma a otimizar
última o valor foi medido durante o ensaio.
basicamente de um elemento reto para cada
a sua utilização sem comprometer o limite
elemento de junção, os valores de resistência
máximo estabelecido pela concessionária.
tabelas 1 a 12 a seguir.
Os pontos escolhidos para as medições
laboratório
devem
ser
Além
dos
pontos
de
medição
de
Os valores obtidos estão registrados nas
Tabela 1 – Resultado dos testes no modelo 1: barra colada, In 2500A, IP55, 1 condutor por fase
Reatância X1
Resistência R
Temperatura
Temperatura do
Corrente [A]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
ambiente θ [°C]
corpo de prova [°C]
Impedância Z
835
0,0236
0,0101
0,0213
23
29,3
1297
0,0238
0,0098
0,0217
24
38,3
1615
0,0246
0,0100
0,0225
24
45,0
2146
0,0257
0,0099
0,0237
25
61,7
2576
0,0269
0,0097
0,0251
25
77,0
A tabela 2 a seguir apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos, calculados a partir das
expressões [9], [10] e [11], que podem ser consultadas na primeira parte deste artigo, publicada na edição anterior.” Tabela 2 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 1
Temperatura
Temperatura
do corpo
do corpo
Corrente
de prova
de prova
Erro (%)
Resistência
Resistência
medida R
teórica R
[mΩ/m]
[mΩ/m]
Erro (%)
Queda
Queda
de tensão
de tensão
medida
teórica
Erro (%)
[A]
medida [°C]
teórica [°C]
[V/m]
[V/m]
835
29,3
31,2
6,47
0,0213
0,0214
0,47
0,0341
0,0339
-0,59
1297
38,3
40,9
6,73
0,0217
0,0221
1,84
0,0536
0,0543
1,31
1615
45,0
48,2
7,07
0,0225
0,0227
0,89
0,0688
0,0692
0,58
2146
61,7
63,5
2,98
0,0237
0,0240
1,27
0,0955
0,0962
0,73
2576
77,0
77,0
0,00
0,0251
0,0251
0,00
0,1201
0,1201
0,00
62
Aula prática
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Tabela 3 – Resultado dos testes no modelo 2: barra distanciada, In 2000A, IP31, 2 condutores por fase
Impedância Z
Reatância X1
Resistência R
Temperatura
Temperatura do
Corrente [A]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
ambiente θ [°C]
corpo de prova [°C]
1039
0,0335
0,0200
0,0268
19
40
1210
0,0336
0,0193
0,0275
20
49
2028
0,0346
0,0208
0,0276
19
78
2592
0,0388
0,0234
0,0309
19
112
A tabela 4 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos. Tabela 4 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 2
Temperatura
Temperatura
Resistência
Resistência
Queda
Queda
do corpo
do corpo
medida R
teórica R
de tensão
de tensão
[mΩ/m]
[mΩ/m]
medida
teórica
[V/m]
[V/m]
Erro (%)
Erro (%)
Erro (%)
Corrente
de prova
de prova
[A]
medida [°C]
teórica [°C]
1039
40
39
-3,25
0,0268
0,0239
-10,82
0,0602
0,0569
-5,48
1210
49
45
-7,56
0,0275
0,0244
-11,27
0,0703
0,0672
-4,41
2028
78
78
0,00
0,0276
0,0276
0,00
0,1213
0,1212
-0,08
2592
112
107
-4,26
0,0309
0,0304
-1,62
0,1740
0,1646
-5,40
Tabela 5 – Resultado dos testes no modelo 3 – barra distanciada, In 1000A, IP31, 1 condutor por fase
Impedância Z
Reatância X1
Resistência R
Temperatura
Temperatura do
Corrente [A]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
ambiente θ [°C]
corpo de prova [°C]
206
0,0972
0,0691
0,0683
16
21,0
416
0,0989
0,0686
0,0712
16
31,5
602
0,1020
0,0691
0,0750
17
46,2
820
0,1054
0,0683
0,0802
17
65,7
1024
0,1111
0,0695
0,0866
17
87,3
1248
0,1174
0,0693
0,0947
17
110,5
A tabela 6 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos. Tabela 6 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 3
Temperatura
Temperatura
do corpo
do corpo
Corrente
de prova
de prova
Resistência Erro (%)
medida R
Resistência teórica R
Queda
[mΩ/m]
[mΩ/m]
Erro (%)
de tensão medida
Queda de tensão teórica
Erro (%)
[A]
medida [°C]
teórica [°C]
[V/m]
[V/m]
206
21,0
21,1
0,48
0,0683
0,0685
0,29
0,0346
0,0348
0,58
416
31,5
32,0
1,59
0,0712
0,0715
0,42
0,0712
0,0719
0,97
602
46,2
46,4
0,43
0,0750
0,0754
0,53
0,1064
0,1070
0,56
820
65,7
65,8
0,15
0,0802
0,0807
0,62
0,1498
0,1513
1,00
1024
87,3
87,3
0,00
0,0866
0,0866
0,00
0,1971
0,1969
-0,10
1248
110,5
114,2
3,35
0,0947
0,0940
-0,74
0,2539
0,2526
-0,51
Tabela 7 – Resultado dos testes no modelo 4: barra distanciada, In 630A, IP54, 1 condutor por fase
Impedância Z
Reatância X1
Resistência R
Temperatura
Temperatura do
Corrente [A]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
ambiente θ [°C]
corpo de prova [°C]
201
0,0979
0,0684
0,0700
16
24,5
424
0,1027
0,0684
0,0766
17
51,3
622
0,1097
0,0688
0,0854
17
89,3
796
0,1193
0,0693
0,0971
17
140,2
A tabela 8 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática e os valores teóricos.
63
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Tabela 8 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 4
Temperatura
Temperatura
do corpo
do corpo
Corrente
de prova
de prova
Erro (%)
Resistência
Resistência
medida R
teórica R
[mΩ/m]
[mΩ/m]
Erro (%)
Queda
Queda
de tensão
de tensão
medida
teórica
Erro (%)
[A]
medida [°C]
teórica [°C]
[V/m]
[V/m]
201
24,5
27,3
11,43
0,0700
0,0688
-1,71
0,0341
0,0339
-0,59
424
51,3
55,6
8,34
0,0766
0,0764
-0,26
0,0756
0,0755
-0,13
622
89,3
89,3
0,00
0,0854
0,0854
0,00
0,1182
0,1181
-0,08
796
140,2
125,3
-10,63
0,0971
0,0950
-2,16
0,1645
0,1618
-1,64
Tabela 9 – Resultado dos testes no modelo 5: barra distanciada, In 700A, IP31, 1 condutor por fase
Impedância Z
Reatância X1
Resistência R
Temperatura
Temperatura do
Corrente [A]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
ambiente θ [°C]
corpo de prova [°C]
128
0,1346
0,0870
0,1027
18
22,0
264
0,1364
0,0855
0,1062
18
31,0
526
0,1455
0,0866
0,1169
20
58,0
711
0,1557
0,0870
0,1291
20
84,3
A tabela 10 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos. Tabela 10 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 5
Temperatura
Temperatura
Resistência
Resistência
Queda
Queda
do corpo
do corpo
medida R
teórica R
de tensão
de tensão
[mΩ/m]
[mΩ/m]
medida
teórica
[V/m]
[V/m]
Erro (%)
Erro (%)
Erro (%)
Corrente
de prova
de prova
[A]
medida [°C]
teórica [°C]
128
22,0
21,9
-0,45
0,1027
0,1035
0,78
0,0298
0,0300
0,67
264
31,0
30,7
-0,97
0,1062
0,1071
0,85
0,0624
0,0631
1,12
526
58,0
59,2
2,07
0,1169
0,1188
1,63
0,1326
0,1341
1,13
711
84,3
84,3
0,00
0,1291
0,1291
0,00
0,1917
0,1917
0,00
Tabela 11 – Resultado dos testes no modelo 6: barra distanciada, In 500A, IP54, 1 condutor por fase
Impedância Z
Reatância X1
Resistência R
Temperatura
Temperatura do
Corrente [A]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
[mΩ/m]
ambiente θ [°C]
corpo de prova [°C]
128
0,1350
0,0863
0,1038
19
24,0
253
0,1385
0,0860
0,1085
19
40,3
407
0,1474
0,0855
0,1200
19
70,5
515
0,1575
0,0862
0,1318
19
103,8
A tabela 12 apresenta as comparações entre os valores medidos na prática com os valores teóricos. Tabela 12 – Comparações dos valores práticos com teóricos no modelo 6
Temperatura
Temperatura
Resistência
Resistência
Queda
Queda
do corpo
do corpo
medida R
teórica R
de tensão
de tensão
[mΩ/m]
[mΩ/m]
medida
teórica
[V/m]
[V/m]
Erro (%)
Erro (%)
Erro (%)
Corrente
de prova
de prova
[A]
medida [°C]
teórica [°C]
128
24,0
27,6
15,00
0,1038
0,1017
-2,02
0,0299
0,0296
-1,00
253
40,3
45,4
12,66
0,1085
0,1088
0,28
0,0607
0,0608
0,16
407
70,5
76,6
8,65
0,1200
0,1211
0,92
0,1039
0,1048
0,87
515
103,8
103,8
0,00
0,1318
0,1318
0,00
0,1405
0,1405
0,00
Cálculos e considerações
O valor da reatância indutiva deve permanecer
erros de medição. Esses erros são comuns a
é
constante, pois este não é afetado pela
todo tipo de medição e definem a incerteza
conveniente examinar mais alguns números
variação de temperatura e a variação
do método. Neste caso em particular, devido
para completar a avaliação.
observada deve ser somente atribuída aos
à propriedade apontada, é possível fazer
Antes
de
interpretar
os
dados,
64
Aula prática
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Tabela 13 – Relação percentual entre o desvio padrão e a média da reatância indutiva
Modelo do barramento blindado
Relação percentual [%]
1- Barra colada, In 2500A, IP55, 1 condutor por fase
1,6 (nov./2015)
2- Barra distanciada, In 2000A, IP31, 2 condutores por fase
8,6 (jun./2015)
3- Barra distanciada, In 1000A, IP31, 1 condutor por fase
0,7 (jul./2016)
4- Barra distanciada, In 630A, IP54, 1 condutor por fase
0,6 (jul./2016)
5- Barra distanciada, In 700A, IP31, 1 condutor por fase
0,8 (jul./2016)
6- Barra distanciada, In 500A, IP54, 1 condutor por fase
0,4 (ago./2016)
a um valor de 4,4 V. O maior comprimento para uma linha desse tipo, submetida a uma corrente de 2592 A (tabela 4), pelo modelo teórico, seria 26,7 m. Considerando-se o valor medido da queda de tensão e o comprimento teórico, a queda de tensão real seria de 4,6 V, o que equivale a 2,11%, com erro percentual de 0,11% (valor estimado no item anterior
uma avaliação estatística através da média e
faixa completa da estimativa vai de -11,88%
0,13%). Isso levando-se em consideração a
do desvio padrão das amostras, ou seja, uma
a +1,60%). Entretanto, nesta faixa devemos
aplicação da corrente máxima na linha, o que
medida central e uma medida de dispersão.
contar que houve melhoria na determinação
é uma condição de demanda pouco comum.
A partir da relação percentual entre o desvio
dos parâmetros e, nos últimos ensaios dos
padrão e sua média pode-se ter uma medida
modelos 3 a 6, o erro médio ficou entre -1,03%
básica da variabilidade do processo. Esse
e 0,82% (faixa completa entre -2,09% e 1,49%).
com sua aplicação, mas, de um modo geral,
princípio foi utilizado como medida da
• O erro médio da queda de tensão
são coerentes com o esperado para esses
incerteza da medição para obtenção dos
calculada teoricamente é um parâmetro cujo
modelos, segundo a experiência adquirida
valores encontrados na tabela 13.
erro médio variou entre -3,84% e 0,73%
nos testes com esse tipo de equipamento.
As medições envolveram seis modelos
(a faixa completa vai de -6,40% a 1,26%).
de barramentos e foram realizadas em um
Entretanto, algumas ponderações devem
de até 11,88% na estimativa de resistência
intervalo de tempo relativamente grande
ser feitas. Na pior das hipóteses, o erro de
e 6,40% na de queda de tensão, o modelo
entre si (entre junho de 2015 a agosto de
6,40% em relação à queda de tensão apurada
pode ser aplicado nos projetos com bons
2016). Nesse período pode-se destacar que
traduz-se em alguns milivolts por metro ou,
resultados.
a relação percentual entre o desvio padrão e
de outra forma, é uma porcentagem do
o valor médio da reatância indutiva, utilizada
percentual considerado para a queda de
útil na fase de projeto para o dimensionamento
como medida da incerteza do método,
tensão. Por exemplo, se a queda de tensão
do produto. Para os barramentos blindados de
reduziu de 8,6% para 0,4% a 0,8%. Isso se
admissível é de 2%, o erro seria 6,40% desse
barra distanciada com grau de proteção IP 31
deve, em boa parte, ao refinamento do
valor, ou seja, um valor absoluto de 0,13% -
(ventilados), 1 condutor por fase, a estimativa
método de medição, fruto do esforço do
muito baixo no cômputo geral. Além disso,
da corrente nominal a partir da projeção da
laboratório, concessionárias e fabricantes
como a variabilidade apurada nos últimos
temperatura incorre em erros desprezíveis, com
visando à padronização mais rigorosa da
ensaios diminuiu, os resultados mais recentes
precisão da ordem de 1°C ou frações disto. Já
montagem, particularmente com respeito à
apresentaram menor dispersão.
para barra colada IP 55 e barra distanciada IP
definição dos limites físicos da amostra.
• No caso do modelo 2, em que a dispersão
31 com 2 condutores por fase, o erro gira em
Comparando-se os dados de interesse nas
foi maior, deve-se levar em consideração o
torno de alguns graus (até 4 °C) e, para a barra
tabelas 1 a 12 e levando-se em consideração
fato de a montagem ser mais complexa por
distanciada IP 54 (sem ventilação), até 6 °C.
um desvio padrão em uma distribuição normal,
haver mais barras envolvidas e, portanto,
Em todos os casos, portanto, a estimativa da
chega-se aos erros médios para os parâmetros
demandar maior atenção a fim de diminuir a
capacidade de condução da linha pré-fabricada
calculados teoricamente, apresentados na
dispersão. Mesmo neste caso mais crítico, os
pode ser determinada com grande precisão.
tabela 14.
valores obtidos do modelo também levam
Atualmente,
• O erro médio da resistência calculada
a conclusões confiáveis. Em números: para
estimativas ajudam a orientar os testes no
teoricamente é um parâmetro que se manteve
uma tensão do sistema de 220 V, a queda
laboratório, permitindo prever com razoável
flutuante no intervalo de -5,93% a 0,89% (a
de tensão admissível de 2% corresponde
precisão o comportamento das amostras a
A interpretação dos resultados varia
Nos casos em que são tolerados erros
A aplicação da estimativa de temperatura é
os
resultados
dessas
Tabela 14 – Erro médio para o cálculo dos dados de interesse
Modelo do barramento blindado
Erro médio para o cálculo teórico [%]
Temperatura
Resistência
Queda de tensão]
1- Barra colada, In 2500A, IP55, 1 condutor por fase
(4,65±3,08)
(0,89±0,71)
(0,41±0,73)
2- Barra distanciada, In 2000A, IP31, 2 condutores por fase
(-3,77±3,11)
(-5,93±5,95)
(-3,84±2,56)
3- Barra distanciada, In 1000A, IP31, 1 condutor por fase
(1,00±1,28)
(0,19±0,50)
(0,42±0,60)
4- Barra distanciada, In 630A, IP54, 1 condutor por fase
(2,30±9,88)
(-1,03±1,06)
(-0,59±0,74)
5- Barra distanciada, In 700A, IP31, 1 condutor por fase
(0,16±1,33)
(0,82±0,67)
(0,73±0,53)
6- Barra distanciada, In 500A, IP54, 1 condutor por fase
(9,08±6,59)
(-0,21±1,27)
(0,01±0,77)
66
Aula prática
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
partir do resultado de um teste. Desta forma
utilização do modelo.
dos modelos testados, com uma corrente
reduz-se o número de testes necessários para
Trata-se, contudo, de um estudo pioneiro
de 1000 A, fator de potência 0,92, carga
se otimizar a capacidade projetada da linha
sobre o assunto visando obter maior experiência
concentrada no final do trecho e tensão
pré-fabricada.
e proficiência na abordagem do tema. Os
nominal de 220 V, seria possível construir uma
O valor da resistência exerce um papel
resultados se restringem a dois modelos de
linha de, aproximadamente, 103 m dentro do
auxiliar neste caso, já que será utilizado
dois fabricantes que gentilmente colaboraram
critério de queda de tensão de 2%, se levadas
efetivamente na composição do valor da
com o estudo e poderá ser ampliado para
em consideração as correções de temperatura
queda de tensão e, dessa forma, o valor de
outros modelos. Não houve tempo hábil para
propostas no método descrito. Se for
11,88% não é crítico.
organizar um estudo maior com maior número
considerada somente a resistência medida
Conforme indicado anteriormente, uma
de participantes de modo a contarmos com
na temperatura de equilíbrio térmico, para a
incerteza de 6,40% na estimativa de queda de
um maior número de modelos para aumentar
corrente nominal, seria possível construir uma
tensão representa um erro estimado menor
a abrangência das conclusões.
linha de 91 m nas condições indicadas, ou
que 0,13% no cômputo geral, o que é um
Este estudo permite a possibilidade
seja, uma perda de 13% no comprimento para
valor adequado às aplicações.
de
a mesma linha pré-fabricada.
Os resultados apontam para a necessidade
forma de planilhas, visando calcular o
de um cuidado maior na medição de modelos
comportamento dos parâmetros básicos
*Luis Eduardo Caires é engenheiro, com mestrado
com mais de uma barra por fase, se a dispersão
de projeto de linhas elétricas pré-fabricadas
em engenharia elétrica e supervisor do Serviço
requerida for baixa.
e, assim, facilitar o trabalho de otimização
Técnico de Altas Potências do IEE/USP;
Há outras aplicações do método em
dos fabricantes e a avaliação dos resultados
Hélio Eiji Sueta é doutor em Engenharia Elétrica
equipamentos que guardam certa similaridade
por parte das concessionárias. Tais planilhas
e chefe da Divisão Científica de Planejamento,
física. No caso de ensaio de transformadores
podem ser implementadas diretamente das
Análise e Desenvolvimento Energético do IEE/USP;
a seco, a ABNT NBR 10295:1988 já apontava
expressões indicadas na norma IEC 61947-
Hédio Tatizawa é doutor em Engenharia Elétrica
em seu item 6.6.3 (Ensaio de elevação de
6. A contribuição deste estudo consiste na
e professor do Instituto de Energia e Ambiente da
temperatura) um tratamento matemático muito
determinação da resistência da linha pré-
USP;
similar ao abordado neste trabalho. Naquela
fabricada em função da corrente que a
Silvio J. van Dijk é engenheiro eletricista, gerente
norma, o expoente é 1,6 para refrigeração
percorre. Quando não são feitas as devidas
industrial e de projetos da Holec Barras.
natural e 1,8 para ar forçado. O que significa
compensações, utiliza-se o valor da resistência
que pode haver um ajuste em função da
medida durante o ensaio com corrente
Colaborador: Roberto Barrotte, da Barrotte Ortega e
termodinâmica do sistema estudado.
nominal. Este valor é maior que o real, caso a
Cia Ltda (BOR).
se
produzir
equacionamentos
em
corrente na linha seja menor que a nominal.
Comentários e conclusões
A aplicação destes conceitos pode
Agradecimentos a Marcus Eduardo Piffer
resultar em um ganho no dimensionamento
Amaral, do IEE/USP; a Francisco H. Kameyama,
Os resultados obtidos são encorajadores
da linha pré-fabricada sendo proporcional ao
do IEE/USP; e a Márcio Almeida da Silva, da
e apontam para um futuro promissor na
comprimento desta. Por exemplo, para um
AES Eletropaulo.
Renováveis ENERGIAS COMPLEMENTARES
Ano 1 - Edição 5 / Agosto de 2016
Eólica: os próximos 10 GW Confira cobertura da 7ª Brazil Windpower, evento que reuniu os principais players do setor e discutiu o futuro da fonte eólica no país
Solar Estudo analisa a geração de energia solar fotovoltaica do Mineirão
APOIO
68
Eรณlica
Reportagem
Os desafios para a continuidade do crescimento da energia eรณlica
Em um dos principais eventos do setor, os agentes comemoraram a marca emblemรกtica de 10 GW de capacidade instalada e sinalizaram os prรณximos desafios a serem superados: demanda, transmissรฃo e financiamento
Reportagem
Eólica
A sétima edição do Brazil Windpower,
pesquisa e desenvolvimento e também deve
um dos mais importantes eventos de energia
conquistar uma fatia maior do mercado livre
do Sistema (ONS), Luiz Eduardo Barata, disse
eólica da América Latina, reuniu as principais
de energia, assim como continuar investindo
que as são inúmeras as vantagens das fontes
autoridades do setor, membros do governo
em capacitação profissional.
renováveis, mas ponderou: “elas também
e agentes de empresas públicas e privadas
têm algumas desvantagens, como o fator
deste mercado para comemorar a marca dos
além desses fatores mencionados, há três
intermitente e o seu rápido crescimento
10 GW de capacidade instalada da fonte
principais entraves que preocupam o setor e
na geração distribuída, fatores que tornam
no país e discutir o futuro da energia eólica.
que precisam ser esclarecidos para garantir
menos previsíveis as condições de operação
Entre os dias 30 de agosto e 1º de setembro,
o crescimento da fonte. O primeiro diz
do sistema”. Para ele, essa situação torna
mais de 2.800 pessoas participaram do
respeito à demanda. Para Elbia, demanda
obrigatório o aprimoramento dos métodos
evento, que foi constituído por um congresso
é sinal de investimento e, com toda essa
atuais de previsão de geração das renováveis
e por uma área de exposição, a qual registrou
discussão de sobra de energia, não está
para não impor riscos à operação do sistema.
a presença de 110 expositores.
claro o quanto o país terá de demanda nos
“O planejamento e a operação devem
Segundo a presidente da Abeeólica,
O diretor executivo do Operador Nacional
trabalhar completamente
Como O Setor Eletrico
antecipou na última
sintonizados para assegurar
edição, a energia eólica
que o sistema opere de
já representa 7% da
maneira confiável”, reitera.
matriz elétrica brasileira
e acaba de atingir 10 GW
ocasião para criticar a
de capacidade instalada
carência de uma política
em cerca de 400 parques
energética que confira
eólicos e mais de 5200
clareza ao setor elétrico
aerogeradores em
brasileiro. “O segredo do
operação. No ano passado,
Brasil é o recurso que
a energia eólica abasteceu
temos. E a política é que não
mensalmente uma
temos política. Mas temos
população equivalente
o mercado. Na ausência de
a todo o sul do país e
política, o mercado reagiu.
gerou 41 mil postos de
Estamos em um momento
trabalho. Já considerando
bom e conseguimos bons
os contratos assinados, a
resultados por competência
fonte chegará a 2020 com
do mercado”, declarou.
a capacidade instalada de
18,4 GW, mas a meta do
defendeu o estabelecimento
setor é que este número
de política energética
chegue a 20 GW com os
adequada para sinalizar
próximos leilões e com a
o investidor, que precisa
Elbia aproveitou a
A executiva, no entanto,
de planejamento e de
popularização da geração distribuída.
próximos anos. A segunda dificuldade diz
garantias de longo prazo. “Sinto um clima
respeito à transmissão, que, segundo a
de oportunidade para pensarmos em longo
GW, a presidente da Associação Brasileira de
executiva, já foi um gargalo muito grande no
prazo. O Brasil tem servido de exemplo para
Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Gannoum,
passado, e hoje se mostra como um desafio.
o mundo como um modelo de sobrevivência
afirmou, durante o evento, que existem
“É preciso revisitar o modelo de transmissão
e modelo de contratação de energia.
alguns obstáculos a serem superados neste
de energia no Brasil. Para este próximo leilão,
Mas estamos preocupados com a pouca
momento. “Enfrentamos problemas de
por exemplo, estamos preocupados com a
prioridade da lógica de sustentabilidade em
logística de transporte com os equipamentos
margem de escoamento que teremos para os
detrimento da lógica econômica e política”.
evoluindo e ficando cada vez maiores.
projetos previstos”, afirma. O terceiro ponto
Isso porque o Brasil ainda não tem uma
refere-se ao financiamento. “Temos sentido
Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa
infraestrutura satisfatória para transporte”,
sinais importantes e positivos do BNDES,
Energética (EPE), Amílcar Guerreiro,
afirma. A executiva reconhece que o setor
mas esta é ainda uma grande preocupação do
discordou e defendeu as políticas que já
ainda precisa evoluir no que diz respeito à
setor”, avalia.
existem ou existiram para o setor, como de
Sobre a construção dos próximos 10
Nesse ponto, o diretor de Estudos de
69
Eólica
70
Reportagem
fomento à hidroeletricidade, nuclear, álcool,
que o Brasil foi o país que mais cresceu no
uma cadeia produtiva nacional importante
mesmo para o modelo de contratação dos
mundo, em percentual.
para garantir o aproveitamento do grande
leilões. “Existe política, mas ela precisa ser
potencial do país.
aprimorada”, admite. “A GD trará também
Brasil e Mundo – Base 2015”, divulgado
desafios e deve mudar bem a estrutura que
no mês de agosto de 2016 pelo Ministério
instrumento importante para planejamento
conhecemos hoje”, acrescenta.
de Minas e Energia (MME), o Brasil subiu
estratégico do setor elétrico brasileiro
sete posições nos últimos dois anos,
considerando segurança do sistema “Em
ocupando hoje o oitavo lugar em geração,
dezembro, teremos um momento muito
representando cerca de 3% de toda a
importante para o setor neste ano: o Leilão
produção eólica mundial.
de Reserva. A contratação de energia eólica
de energia eólica no mundo em 2015,
neste leilão será vital para dar um sinal
considerando os números de capacidade
no Brasil pode ser explicada pela ótima
de investimento para toda a cadeia de
instalada, atrás da China, dos Estados Unidos
qualidade dos ventos brasileiros e também
energia eólica, formada recentemente e
e da Alemanha. Os dados são do Global World
pelo forte investimento das empresas
num investimento que já passa dos R$ 48
Energy Council (GWEC), que revelou ainda
que, nos últimos cinco anos, construíram
bilhões nos últimos seis anos. Os contratos
A energia eólica em números
O Brasil foi o quarto país em crescimento
Segundo o “Boletim de Energia Eólica
O bom momento da energia eólica
O Leilão de Reserva também é um
que temos assinados sustentam a cadeia até 2020, como se vê no gráfico acima, mas é necessário fazer novas contratações para manter a cadeia ativa e o setor crescendo de forma sustentável”, explica Elbia
A executiva explica ainda que as
discussões sobre sobra de energia dizem respeito, na verdade, a sobras de contrato, de papel, e não de garantia física. “Quando se olha apenas a garantia física, o que pode ser efetivamente gerado, o que existe de sobra de garantia física seria rapidamente utilizado na inevitável retomada do crescimento econômico brasileiro. Também por este motivo, o leilão de dezembro será fundamental para o País. Historicamente,
Reportagem
Eólica
71
o Brasil alterna períodos de risco de
for necessária a verificação dos dados de
racionamento e de discussão sobre falta
geração de energia proveniente de fontes
de energia. Isso precisa acabar e os leilões
renováveis. A confirmação e a certificação
de reserva são os instrumentos adequados
digital dos dados de fonte independente
para um melhor planejamento”, explica a
estão de acordo com as melhores práticas
executiva.
adotadas pelos certificadores internacionais.
Importante mencionar, ainda, que esta
Acordo de cooperação para Certificado e
Selo de Energia Renovável
credibilidade é fundamental e cumpre
Durante o Brazil Windpower, a Associação
requisitos do acordo também assinado
Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica),
durante o evento com a plataforma mundial
a Associação Brasileira de Energia Limpa
de comercialização do IREC.
(Abragel), o Instituto Totum e a Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
Certificação de Energia Renovável é a
anunciaram um acordo de cooperação,
confiabilidade dos dados de geração de
visando dar maior robustez ao Certificado e
energia e a cooperação com a CCEE garante
Selo de Energia Renovável.
ainda mais credibilidade aos RECs emitidos
no Brasil”, explica Fernando Giachini Lopes,
Pelo acordo, a CCEE passará a apoiar
o processo de certificação sempre que
“Um dos pilares do Sistema de
Diretor do Instituto Totum.
Energia eólica no Brasil • 10 GW de potência instalada; • 400 parques: 5.251 aerogeradores e torres e 15.753 pás instaladas; • 15 empregos gerados a cada MW. Em 2015, foram 41 mil empregos gerados. No acumulado, são 150 mil postos de trabalho desde o primeiro parque eólico; • Cerca de R$ 60 bilhões investidos de 1998 até hoje; • Em 2015, a energia eólica abasteceu 11 milhões de residências no país, uma população equivalente ao sul do Brasil; • Representatividade de 7% na matriz elétrica brasileira; • Há mais de 8 GW já contratados para serem implantados até 2020.
Eólica
72
Reportagem
Produtos e serviços lançados durante a Brazil Windpower 2016
Transformadores trifásicos www.trael.com.br
Homologada pelo Inmetro e
Fixadores e plataformas www.jea.com.br
pelo Cepel, a Trael apresentou para
A JEA Indústria Metalúrgica
o público do Brazil Windpower
divulgou sua linha de produtos para
2016 sua linha de produtos voltada
torres eólicas. A empresa fabrica
para o setor eólico. Destaque para
fixadores para pás eólicas, plataformas
o transformador trifásico a seco
e outros produtos para espaços internos
encapsulado 13800-380 V, que está
de torres e parques eólicos.
em conformidade com a ABNT NBR 10295 e disponível nas potências de 150 kVA a 2000 kVA.
Segurança www.ultrasafe.com.br
Cabos de média tensão www.alubar.net.br
individual (EPI), a Ultra Safe
Entre os produtos apresentados pela
Especializada em
equipamentos de proteção
Alubar estiveram os cabos de média tensão
levou suas soluções de
Altec e Coopertec TR XLPE 105 °C. Os
segurança para o evento.
cabos contam com isolação de composto
Cintos de segurança,
Dow Endurance HFDC 4202 EC (XLPE),
travaquedas, ancoragens,
que oferece uma maior rigidez dielétrica se
fitas de segurança e
comparada à de outros produtos similares.
acessórios – como luvas,
Segundo a empresa, testes demostraram
óculos e porta-ferramentas –
que o TR-XLPE apresenta o nível mais alto
fazem parte do portfólio da empresa.
de rigidez dielétrica após 17 anos de envelhecimento de campo.
Sinalização de obstáculos www.dbtec.com.br
Cabos elétricos www.nexans.com.br
aérea DBFlash Wind, da
A Nexans disponibiliza uma
Indicada para aplicação
em torres eólicas, a sinalização
linha completa e integrada
DBTEC, é um sistema
para o funcionamento de
com tecnologia Led, que
todo o sistema eólico. Os
proporciona maior economia
cabos Windlink da Nexans são
e aumenta a vida útil do
oferecidos com terminais, conectores, acessórios, conjuntos e
sinalizador. Possibilita a
kits cortados no lance exato da instalação, otimizando custo
sincronização via GPS com
e tempo. Além disso, são altamente resistentes à torção e
outros sinalizadores DBFlash Wind que, porventura, existirem
flexão, retardantes à chama, produzidos com compostos não
e está disponível nas opções de unidade ótica e eletrônica
halogenados, tem resistência à radiação UV e óleos, além de
integradas ou com painel de controle separado. Possui ainda
possuir uma proteção eletromagnética.
alarme de sinalização de falha.
Reportagem
Eólica
Instalação e serviço www.totalwind.com
Com escritório em Fortaleza
(CE), a dinamarquesa Total Wind é especializada em soluções turnkey, oferecendo serviços, como instalação, comissionamento, assistência, manutenção e fornecimento de peças de reposição. Os componentes de turbinas eólicas são instalados de acordo com as normas e regulamentos de saúde e segurança, e os técnicos são equipados com apropriado equipamento de proteção individual. A empresa conta com equipes de instalação em operação em todo o mundo, departamento de ferramentas próprio e inspeção de obra.
Cabos elétricos www.induscabos.com.br
Dois modelos de cabos para parques
eólicos foram destaque da Induscabos durante o evento: cabo Epromax Al Slim 105 Wind e Cabo Indulink Al Wind. Ambos apresentam condutor de alumínio nu, liga 1350, encordoado circular compactado (classe 2), bloqueado contra penetração longitudinal de água. Diferenciam-se na isolação. O primeiro tem isolação de composto termofixo de borracha EPR 105 °C, enquanto a isolação do cabo Indulink Al Wind é um composto termofixo de polietileno reticulado XLPE 90 °C.
Torres treliçadas www.brametal.com.br
A Brametal destacou
a sua solução de torres treliçadas para suporte de aerogeradores em alturas superiores a 100 metros. Segundo a empresa, a estrutura é ideal para locais de difícil acesso, pois não necessita equipamento especial para transporte e descarga. Além disso, o produto propicia menor impacto ambiental, uma vez que demanda fundações de fácil execução e remoção. Após seu ciclo de vida, as estruturas podem ser recicladas quase que integralmente.
73
Eólica
74
Reportagem
Acessórios desconectáveis www.chardongroup.com | www.enercom.com.br
Torres eólicas www.ge.com/br/renewable-energy
Entre os produtos
Durante o evento, a GE lançou duas
fabricados pela
torres: uma de 87 metros e a híbrida de
Chardon apresentados,
118 metros. A torre híbrida, desenvolvida
estiveram os acessórios
em parceria com a GRI Hybrid Towers,
desconectáveis IEC 42
é uma solução que une a tecnologia de
kV – 1250 A (terminal
concreto com a experiência das torres
T – principal (dianteiro)
de aço, tornando-a mais adaptada ao
/ Terminal T – derivação
território brasileiro. É composta por um
(traseiro)). Os acessórios
segmento de 36 metros de concreto pré-tensionado na base
são totalmente blindados
e mais três seções de aço, que complementam os 118 metros.
e submersíveis, podendo
O novo modelo possui layout prático, molde simples e de fácil
ser montados em cabos de até 20/35 kV e utilizados
transporte.
em painéis, transformadores, comutadores e outros externas e podem ser montados em todos os tipos de cabos
Indicadores de falta www.elos.com.br
poliméricos e em condutores de cobre ou alumínio.
equipamentos. São indicados para aplicações internas ou
A linha ComPass de
indicadores de falta, da
Cabos elétricos www.generalcablebrasil.com
Elos, conta com diversos
indicação de curto F-F e
Os cabos Flexonax Wind 105, da
atributos, entre eles:
General Cable, incorporam o novo
F-T; medição da corrente
composto de EPR sem chumbo para
por fase; armazenamento de até 20 eventos; ajuste do tempo
uso até 105 °C e usam como cobertura
de reset; sinalização local por Led; etc. Uma das diferenças
o material HTP, um novo composto
entre os dois modelos disponíveis – ComPass A e ComPass
desenvolvido pela empresa. Desse modo, o
B – é que o segundo permite a leitura do sentido no qual a
cabo apresenta, segundo a General Cable,
corrente de curto-circuito percorreu. Segundo a empresa, essa
maior capacidade de corrente de curto-
aplicação é importante para redes reticuladas ou com diversas
circuito na blindagem, maior ampacidade e
fontes geradoras de energia, como parques eólicos.
menores perdas na blindagem em regime permanente.
Manutenção de torres de concreto www.mc-bauchemie.com.br
Terminais desconectáveis www.te.com/energy
deslocamentos e vazios
Os terminais
Com a movimentação
das torres, é comum surgirem
desconectáveis
no anel metálico (sistema
RSTI-68/69xx – 35kV,
de ligação entre a base de
630 A a 1250 A, são
concreto e a torre metálica)
fabricados em borracha
que podem comprometer a
de silicone de alta
operação dos aerogeradores.
qualidade que permite
Pensando nisso, a MC-Bauchemie apresenta algumas soluções
a sua instalação em
para a manutenção da torre de concreto. Para resolver problemas
ambientes internos
estruturais do concreto, a empresa oferece uma linha de
e externos, sendo
argamassas especiais para reparos estruturais (Zentrifix), que
indicados para
apresenta resistência compatível com o concreto e inibe corrosão.
aplicação em painéis SF6 ou qualquer dispositivo que possua
Já o MC-Inject é um sistema para recuperação de trincas e fissuras
bucha tipo C para conexão.
de diferentes aberturas, além de preencher vazios.
Reportagem
Eólica
Conversor eólico www.abb.com.br
com um desenho de perfil aerodinâmico de última geração
ruído e um custo significativamente menor da energia dos
Uma das soluções para o setor
eólico da ABB é o conversor eólico ACS800. Como parte do sistema de
garante a máxima produção de energia, níveis reduzidos de produtos de Classe II/III da Gamesa.
ABB auxiliam as turbinas a produzir
Soluções de engenharia para aerogeradores www.thyssenkrupp.com
energia de forma mais econômica,
garantindo baixos custos e alta performance, utilizando o
aerogeradores, a Thyssenkrupp exibiu
conceito “drive train” mais adequado. Eles são refrigerados a
na Brazil Windpower 2016 soluções
água, compactos, têm baixo peso e oferecem alta eficiência
inovadoras de engenharia para
com baixo nível de harmônica. Produzidos no Brasil, possuem
fundação, contenção e escoramento
certificação Finame, contam com suporte de serviços local ao
de valas. O objetivo foi mostrar como
longo do ciclo de vida, que garantem o funcionamento sem
esses sistemas podem auxiliar obras
paradas e com máxima disponibilidade.
de infraestrutura e construção civil
transmissão elétrica, os conversores
Além dos componentes para
em diversos segmentos, a exemplo
Aerogerador www.gamesacorp.com A Gamesa lançou seu
do setor eólico. Entre as soluções
aerogerador G114-2.0 MW, que
de atividades como extração e perfuração de fundações;
apresenta um rotor de 114 metros,
as estacas-prancha, placas de metal plano que substituem
possui uma área varrida 38% maior
estacas convencionais e vigas de concreto; e ainda o martelo
do que o G97-2.0 MW e produz
vibratório Muller MS6, que possibilita a cravação em espaços
20% mais de energia anualmente. A nova pá de 56 metros
confinados, em praticamente qualquer ângulo e posição.
estava o cravador de estacas com torre telescópica tk TL-18, desenvolvido para a execução
75
Solar
76
Artigo
Por Márcio Melquíades, Márcio Eli Souza, Bruno Lopes, Manuel Losada y Gonzalez, Wallace Boaventura e Eduardo Cardoso*
Análise da geração de energia da usina solar fotovoltaica do Mineirão
Os sistemas fotovoltaicos têm experimentado um enorme
O estádio tem um formato oval, com uma cobertura em concreto.
crescimento ao redor do mundo nos últimos anos. Segundo dados do
Esta cobertura é dividida em 88 áreas distintas, denominadas de
relatório REN/21-2014, no final de 2013, a capacidade instalada de
segmentos, separadas por vigas invertidas. Uma vista área com estes
geração fotovoltaica era de 139 GW no mundo. Em 2004, era de apenas
espaços é mostrada na Figura 1.
2,6 GW. Contudo, não houve o mesmo avanço no Brasil. Este tipo de geração passou a ter uma maior divulgação a partir da publicação da Resolução Normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em abril de 2012, que estabeleceu os procedimentos gerais para conexão à rede de mini e microgeradores. Desde então, houve um crescimento desse tipo de usina conectado à rede. Este crescimento deverá ser ainda maior com o aprimoramento desta resolução, ocorrida em novembro de 2015. Esta nova resolução permite a conexão de mini usinas fotovoltaicas de até 5 MW conectadas à rede de distribuição, enquadradas na categoria de minigeração distribuída. Houve também mudanças nas regras que facilitam o processo, como padronização de solicitações de acesso, redução no prazo para a conexão, além da Figura 1 – Vista aérea da USF Mineirão. Fonte [5].
possibilidade de geração compartilhada através de consórcios ou cooperativas.
vários strings. Devido às restrições de interferência na fachada do estádio,
Neste contexto, registra-se também crescimento da geração solar
Nestes segmentos foram instalados painéis fotovoltaicos formando
fotovoltaica, impulsionada pela diminuição dos custos de produção
os painéis não puderam ser elevados, o que os tornariam visíveis a um
aliada ao avanço tecnológico do setor. Espera, portanto, um aumento
observador externo. Na posição instalada, os painéis ficaram sujeitos a
significativo na participação deste tipo de geração nos próximos anos.
sombreamentos durante algumas horas do dia. Assim, optou-se por utilizar
Diversos estudos têm sido realizados através de medições e simulações
inversores do tipo string inverters, ou seja, inversores de pequena potência,
com o objetivo de avaliar o desempenho energético e o impacto desta
normalmente utilizados em instalações comerciais de menor porte. Estes
tecnologia na qualidade de energia. Alguns estudos realizados indicam
inversores possuem três MPPTs independentes, sendo um para cada arranjo
um comprometimento da qualidade da energia devido à inserção de
(fase). Desta maneira, o inversor consegue injetar potências diferentes
usinas solares. Entretanto, ainda há pouca experiência deste tipo
em cada uma das fases, permitindo trabalhar com a máxima potência
de fonte de energia no Brasil. Neste artigo é apresentado um estudo
disponível em cada arranjo. Além das diferenças de potência gerada devido
realizado a partir de dados obtidos durante medições contínuas durante
a eventuais sombreamentos, há também duas combinações possíveis de
um ano na Usina Solar Fotovoltaica (USF) do Mineirão em Belo Horizonte.
arranjos de painéis nos diversos inversores devido à diferença de área entre as diversas seções da cobertura do estádio. Por conta da não elevação dos
O Estádio do Mineirão e sua USF
painéis, há grande diferença de sombreamento dos painéis nos diversos horários e também nas diversas estações do ano.
O Estádio do Mineirão está localizado na região da Pampulha, em
Contudo, apesar de haver uma associação relativamente elevada de
Belo Horizonte, possuindo uma capacidade de público atual de 58.170
inversores em desequilíbrio, buscou-se um balanceamento de fases, de
pessoas. O Estádio integra-se ao conjunto arquitetônico da Pampulha e,
modo que a USF opere razoavelmente equilibrada.
por isso, sua fachada é tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico
de Belo Horizonte. O Estádio foi escolhido para ser uma das sedes da
Estas são denominadas de salas técnicas (ST). As STs são conectadas
copa do Mundo FIFA 2014. Para isto, passou por uma ampla reforma,
a duas subestações (SE) elevadoras de tensões de 380 V para 13,8 kV.
quando foi construída pela Cemig, em sua cobertura, a USF.
Cada SE tem um transformador de 750 kVA e está conectada a quatro STs.
Existem oito salas de inversores com onze inversores em cada sala.
Artigo
Solar
77
Uma SE é denominada de SE Norte e a outra de SE Sul em função da posição geográfica onde estão instalados os painéis solares e as SEs. Conexão à concessionária
O Estádio do Mineirão é alimentado por duas linhas de distribuição subterrâneas (LDS) exclusivas
(ramais expressos) em 13,8 kV a partir das SEs Maracanã e Pampulha. A primeira LDS é a responsável pela alimentação do Estádio Mineirão como alimentador principal, enquanto a segunda LDS fica como reserva para o caso de falha da primeira. Há um barramento de comutação dessas duas LDS na SE de conexão do estádio com a rede da concessionária. Esta SE tem duas saídas de energia, sendo uma para o próprio estádio e uma para a USF. Desde a inauguração da usina não houve necessidade de mudança no ramal que atende ao estádio, sendo este ligado sempre na SE Maracanã. Medições no estádio
As medições foram iniciadas no período de testes na usina, ocorridos no início de 2014. Entretanto,
neste período, houve diversos problemas que impediram medição contínua desde o início, tais como a queima de equipamentos de medição e proteção, as dificuldades de acesso durante o período da copa do Mundo e o desligamento da usina. Somente a partir de setembro de 2014 foi possível realizar medições de forma contínua no ponto de conexão com a rede da concessionária e nas duas SE da usina. Desde então, foram feitas medições pontuais e temporárias em outros pontos da usina, como na saída de alguns inversores, na conexão das salas técnicas e na SE da concessionária (SE Maracanã). Neste artigo são apresentados os resultados das medições realizadas no ponto de conexão da usina com a rede da concessionária juntos aos medidores de fronteira, considerando o período de 1º de outubro de 2014 a 30 de setembro de 2015. Sendo assim, a energia medida corresponde à energia gerada no período menos as perdas internas da usina, como perdas nos cabos, perdas nos transformadores e consumo dos equipamentos próprios da usina. Para facilitar a visualização dos gráficos, os dados foram ordenados de janeiro a dezembro.
As medições foram realizadas utilizando analisadores digitais de qualidade de energia. O medidor
possui classe de exatidão de 0,1% de tensão e de 0,5% para a corrente. Sua taxa amostral é de 500 amostras por ciclo e conversor analógico digital de 16 bits. Nele foram registradas diversas grandezas, como: potência ativa, reativa e aparente, tensão, corrente, fator de potência, Distorção Harmônica Total de tensão (DHT-V), Distorção Harmônica Total de Corrente (DHT-I), módulos e ângulos de harmônicos de tensão e corrente (ímpares até 49º ordem e pares até a 14º ordem). Foi utilizado intervalo de integração de cinco minutos. Dados meteorológicos Foram utilizados dados históricos da estação Pampulha do Instituto Nacional de Meteorologia. Esta estação fica situada a aproximadamente de 2,5 km de distância do estádio.
Resultados de medições
Na Figura 2 são mostrados valores de potência total medida durante o período analisado. Percebe-se
Figura 2 - Potência total gerada
Solar
78
Artigo
que a menor potência média mensal gerada ocorreu no mês de junho. Nota-se
Na Tabela 2 é mostrada a energia total gerada, descontados as
também uma interrupção na geração ocorrida durante três dias no mês de
perdas e o consumo interno da usina no período noturno. Percebe-se
novembro devido a um desligamento da usina.
que no segundo semestre a geração foi ligeiramente superior mesmo considerando o número de dias.
Esta maior geração pode ser explicada em parte observando a Figura
5, em que são mostradas a insolação e a precipitação pluviométrica no local. Percebe-se um maior volume de chuva no primeiro semestre.v
Figura 3 – Potência gerada x radiação.
Na Figura 3 são mostradas a curva da potência máxima diária e a
curva da radiação solar máxima diária. Percebe-se que a menor radiação ocorre exatamente no período de menor geração. Contudo, não se percebe uma relação direta durante todo este período. Foi feita uma análise utilizando o coeficiente de correção. O módulo do coeficiente de correlação varia entre 0 (baixa correlação) e 1 (forte correlação entre as grandezas). Fazendo a correlação entre a potência gerada e a radiação solar máxima, obtém-se os seguintes valores: Tabela 1 – Correlação entre radiação e potência
Período
Correlação (ρ)
Anual
0,55
Janeiro a junho
0,60
Julho a dezembro
0,55
Figura 5 – Insolação e precipitação
Pela Tabela 1 percebe-se que há uma maior correlação entre a
A Figura 6 exibe a energia gerada diária e a curva da radiação solar
medida no mesmo período.
radiação máxima e a potência máxima no primeiro semestre.
Na Figura 4 é mostrado o gráfico da energia (kWh) produzida por mês
no período analisado. Os meses com maior geração foram os meses de janeiro, outubro e novembro, respectivamente.
Figura 6 – Energia diária e radiação solar.
Percebe-se uma menor variação da energia total diária gerada nos
diversos meses do ano. Pela Tabela 3 nota-se uma grande correlação entre a energia gerada e a radiação solar, sendo esta mais acentuada no primeiro semestre.
Figura 4 – Energia gerada em um ano.
Tabela 2 – Energia total gerada
Período
Número de dias
Média diária (MWh)
Energia gerada (MWh)
Anual
365
4,80
1754
Janeiro a junho
181
4,63
838
Julho a dezembro
184
4,98
915
Solar
80
Artigo
Tabela 3 – Correlação entre radiação e energia
Período
Correlação
de conexão da usina com a rede durante o período de um ano. Foram
Anual
0,90
observados os coeficientes de correlação entre a energia gerada os dados
Janeiro a junho
0,95
meteorológicos. A análise destes fatores permite avaliar se a disposição
Julho a dezembro
0,87
pouco convencional dos painéis influencia na geração de energia ao logo de um ano. Em alguns casos, esperava-se uma maior correlação entre
Na Figura 7 é mostrada a curva da energia gerada em função das
energia gerada e fatores metrológicos.
temperaturas mínimas e máximas diárias. A Figura 8 apresenta a geração de energia em função da insolação diária (horas de sol por dia).
Referências
Como esperado, percebe-se que há uma forte correlação entre a geração e a insolação.
Figura 7 – Energia gerada e a temperatura.
Figura 8 – Energia gerada e insolação diária
Na Tabela 4 é mostrado o coeficiente de correlação da insolação
diária com a energia gerada. Neste caso, a correlação foi ligeiramente superior no segundo semestre. Tabela 4 – Correlação entre insolação e energia
Período
Correlação
Anual
0,73
Janeiro a junho
0,70
Julho a dezembro
0,75
O estudo das correlações e a análise dos gráficos permitem avaliar se
a disposição dos painéis na cobertura, acompanhado a geometria oval do estádio, pode afetar a efetiva geração da usina. Nas próximas etapas desta análise será feita uma comparação entre a geração das duas seções da usina e avaliados também outros indicadores obtidos nas medições.
Conclusões
Neste artigo foram mostrados os resultados parciais de medições
de energia gerada na USF Mineirão. Foram realizadas medições no ponto
[1] REN21 – 2014. Renewables 2014 Global Status Report. Paris. Disponível online em <http://www.ren21.net/ status-of-renewables/ global-status-report>. Acesso em 05/01/2016. [2] BRASIL. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. “Resolução Normativa Nº 482, de 17 de Abril de 2012”. [3] BRASIL. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. “Resolução Normativa Nº 682, de 24 de novembro de 2015”. [4] MARTIFER SOLAR, “Usina Solar Fotovoltaica USF-Mineirão”. Belo Horizonte - MG, 2013. [5] A. Monteiro Júnior, Modelagem da usina fotovoltaica do Estádio do Mineirão para estudos de propagação harmônica, Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. [6] CEMIG D, “Informação de Acesso para conexão da usina solar fotovoltaica Mineirão ao sistema elétrico de média tensão da CEMIG D”. Belo Horizonte - MG, 2011. [7] CEMIG, “ND-5.31 - Requisitos para a conexão de Acessantes Produtores de Energia Elétrica ao Sistema de Distribuição Cemig – Conexão em Média Tensão,” Belo Horizonte, 2011. [8] Instituto Nacional de Meteorologia. Série Histórica. Disponível online em < http://www.inmet.gov.br/> Acesso em 05/01/2016. Márcio Melquíades Silva é engenheiro eletricista, mestre em tecnologia pelo CEFET-MG e Doutor em Engenharia Elétrica pela UFMG. Participou de projetos de Pesquisa na UFMG. Desde 2006 é professor no CEFET-MG. Marcio Eli Moreira de Souza é engenheiro eletricista, especialista em Sistemas Elétricos de Potência e mestre em Geração Distribuída pela UFMG (2014). É engenheiro sênior de tecnologia e normalização da Efficientia/Cemig. Coordenou o Grupo de Geração Distribuída da ABRADEE para elaboração das normas de conexão das distribuidoras. Coordenou a elaboração da norma de acesso CEMIG e gerenciou projetos de P&D Cemig/Aneel. Bruno Marciano Lopes é graduado, mestre e doutorando em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais. Trabalha desde 2006 na Gerência de Estudos Tecnológicos e Alternativas Energéticas da Cemig. Manuel Losada y Gonzalez é graduado, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desde 1998 é docente do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG, tendo atuado na graduação e pós-graduação. Foi Membro do IEEE e atualmente é membro da Associação Brasileira de Eletrônica de Potência (ISOBRAEP) e membro do conselho de administração da Sociedade Brasileira de Qualidade de Energia Elétrica-SBQEE. Wallace do Couto Boaventura possui graduação (1988) e mestrado (1990) em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e obteve o título de Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Campinas (UNICAMP) em 2002. É professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG desde 1992. Eduardo Nohme Cardoso é engenheiro eletricista, mestre pela PUC-RJ e doutor pela UFSC. Desde 1980 é docente do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG, tendo atuado na graduação e pós-graduação. Coordenou diversos cursos e projetos de P&D.
APOIO
84
Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
GTD ainda patina Estudo da Abinee mostra que o setor ainda sofre com falta de investimentos. Este quadro pode ser sentido a partir das informações coletadas pela pesquisa da revista O Setor Elétrico com prestadores de serviços para GTD Em março de 2016, a Associação
área de geração é a única que se mantém
Algo
Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
estável, com investimentos ocorrendo de
empresas da área de transmissão. Na
(Abinee) divulgou estudo com dados
acordo com os cronogramas previstos.
pesquisa de 2015, 19% disseram que o
referentes ao desempenho das empresas
Inseridos nesta área, os prestadores
mercado faturara, em 2014, até R$ 50
do setor. Especificamente sobre a área de
de serviços para GTD, que participaram de
milhões. No levantamento deste ano, o
Geração, Transmissão e Distribuição de
recente pesquisa realizada pela O Setor
número de prestadores que afirma que
energia (GTD), o levantamento registrou
Elétrico, também parecem não estar em
o mercado faturou até R$ 50 milhões
um quadro nada animador. Segundo a
seus melhores momentos, apresentando
no ano passado cresceu para 26%. Já a
pesquisa, as concessionárias de energia
números não tão satisfatórios como no
porcentagem de prestadores afirmando
elétrica, principalmente dos segmentos de
passado, demonstrando assim um certo
que o tamanho do mercado gira entre R$
transmissão e distribuição, ainda sofrem o
descontentamento com a atual situação
500 milhões e R$ 1 bilhão caiu de 29%
impacto da contenção dos investimentos,
econômica do país. Os entrevistados do
para 26% do levantamento de 2015 para
que, no caso de transmissão, está sendo
segmento de distribuição, por exemplo,
o deste ano.
causado pela pouca atratividade dos
declararam, em sua maior parcela (26%),
leilões, e, no caso de distribuição, pela
que o tamanho do mercado das empresas
manteve mais estável, assim como indicado
situação financeira difícil. Conforme a
do segmento em 2015 foi de até R$ 50
no estudo da Abinee. Conforme a pesquisa
Abinee, mesmo com os reajustes tarifários,
milhões. Na pesquisa do ano passado,
da revista O Setor Elétrico, a maioria
a situação das distribuidoras não melhorou,
a maioria dos prestadores de serviços
dos entrevistados (32%) acredita que o
porque parcela expressiva destes recursos
de distribuição (31%) disseram que o
mercado tenha faturado em 2015 entre R$
foi destinada ao pagamento de custos
mercado havia faturado, em 2014, entre
500 milhões e R$ 1 bilhão. No levantamento
decorrentes da geração emergencial. A
R$ 100 milhões e R$ 500 milhões.
do ano passado, 28% dos prestadores
semelhante
ocorreu
com
as
Já a área de geração foi a que se
85
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
responderam
que
o
mercado
havia
companhias no mesmo ano em 2015. Para
faturado essa quantia. Em compensação, a
2016, os entrevistados esperam que o
porcentagem de empresas que acreditam
crescimento médio se mantenha, girando
que o tamanho anual do mercado é acima
em torno também de 12%. Em relação ao
de R$ 1 bilhão apresentou queda, saindo
crescimento do tamanho total do mercado
de 29% na pesquisa de 2015 para 18% na
de GTD em 2016, as empresas que
pesquisa de 2016.
responderam ao levantamento esperam
Confira a seguir a pesquisa na íntegra:
Análise do mercado brasileiro de prestadores de serviços para Geração, Transmissão e Distribuição de energia (GTD)
As mudanças de 2015 para 2016 da
que este seja de 16%. Entre os motivos
percepção dos prestadores de serviços de
que justificam a previsão do crescimento
principais clientes dos prestadores de
GTD a respeito do mercado fizeram com que
de suas empresas, a desaceleração da
serviço para GTD que responderam à
eles projetassem um crescimento de suas
economia brasileira continua sendo o
pesquisa, sendo apontadas por 64% dos
empresas para este ano igual ao registrado
principal. Mas se na pesquisa de 2015,
entrevistados. Em segundo lugar, vem as
no ano passado. Conforme levantamento,
27% apontavam crise econômica como
distribuidoras de energia elétrica (56%) e,
os prestadores afirmaram ter aumentado
fator
em terceiro lugar, as geradoras de energia
em 12%, na média, o faturamento de suas
deste ano, esse número saltou para 40%.
preponderante,
no
levantamento
As empresas de engenharia são os
elétrica (44%).
Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Principais clientes
Empresas manutenção de redes
22%
Empresas comercialização de energia elétrica
22%
Empresas montagem de redes de transmissão
25%
Empresas montadoras de equipamentos
36% 36%
Empresas montagem de redes de distribuição Empresas transmissoras de energia elétrica
36%
Empresas geradoras de energia elétrica
44%
Empresas distribuidoras de energia elétrica
56%
Empresas engenharia
64%
Os números relacionados às certificações ISO continuam basicamente os mesmos
dos apurados no ano passado. Na ocasião, 36% dos entrevistados afirmaram possuir ISO 9001 (de qualidade) e 18% disseram ter a ISO 14001 (ambiental). Na pesquisa deste ano, estes valores foram de 33% e 14% respectivamente. Certificações ISO
ISO 14001 (ambiental)
14% 33%
ISO 9001 (qualidade)
Assim como na pesquisa feita em 2015, a grande maioria dos prestadores de serviço
declarou faturar até R$ 5 milhões ao ano. No ano passado, 54% fizeram tal afirmação. Neste ano, 57% disseram isso, registrando um discreto aumento. Faturamento bruto anual dos prestadores de serviços em 2015 7% 4%
11%
3%
De R$ 100 milhões a R$ 300 milhões
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões
De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões 7%
De R$ 10 milhões a R$ 20 milhões 11%
De R$ 5 milhões a R$ 10 milhões
Acima de R$ 300 milhões
57%
Até R$ 5 milhões
88
Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Conforme a pesquisa deste ano, 18% das empresas
Os prestadores de serviços para GTD que participaram
pesquisadas acreditam que o tamanho anual do mercado de
da pesquisa afirmaram ter crescido 12% em 2016. Receosos
serviços para geração de energia elétrica gire acima de R$ 1
com a situação econômica do país, foram ponderados em seus
bilhão. No levantamento do ano passado, 29% acreditavam nesse
planejamentos, prevendo crescer também 12% em 2016. O
número.
segundo fator que mais influencia vem bem atrás: o desaquecimento
Tamanho anual do mercado de serviços para a geração de energia elétrica em 2015 18 %
Acima de R$ 1 bilhão
29%
do setor da construção civil, apontado por 15% dos prestadores de serviços. Previsões de crescimento
Até R$ 50 milhões
7%
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões 32%
De R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão
16%
14%
De R$ 100 milhões a R$ 500 milhões
12% 12%
No que diz respeito ao tamanho anual do mercado de serviços
Previsão de crescimento do tamanho anual total do mercado para o ano de 2016
Previsão de crescimento das empresa em 2016 Percentual de crescimento das empresas em 2015 comparado ao ano anterior
para a transmissão de energia, as empresas que acreditam que o mercado fature até R$ 50 milhões e as empresas que estimam que o mercado fature entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão ao ano dividiram-se igualmente, com 26% cada.
Tamanho anual do mercado de serviços para a transmissão de energia elétrica em 2015 22%
Acima de R$ 1 bilhão
O fator que mais interfere no crescimento para o mercado
de GTD em 2016, segundo os entrevistados, é a desaceleração da economia brasileira, tendo sido apontada por 40% dos
26%
Até R$ 50 milhões
pesquisados. Fatores que devem influenciar o mercado de serviços para GTD em 2016
11%
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões 26%
De R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão
9%
15%
Outros
De R$ 100 milhões a R$ 500 milhões 9%
Os participantes do levantamento que acreditavam que o mercado
de distribuição faturava de R$ 100 milhões a R$ 500 milhões caíram
Falta de normalização e/ou legislação
4%
Programas de incentivo do governo 2%
Bom momento econômico do país
de 31% em 2015 para 17% em 2016. 8%
Incentivos por força de legislação ou normalização
Tamanho anual do mercado de serviços para distribuição de energia elétrica em 2015 14%
Acima de R$ 1 bilhão
31%
6%
Até R$ 50 milhões
Reflexos da crise hídrica
40%
Desaceleração da economia brasileira
7% 7% 31%
De R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão
De R$ 50 milhões a R$ 100 milhões 17%
De R$ 100 milhões a R$ 500 milhões
Projetos de infraestrutura
15%
Setor da construção civil desaquecido
Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
www.afap.com.br
Santa Bárbara D´Oeste
SP
Barbosa & Andrade
(31) 3551-6351
www.barbosandrade.com.br
Ouro Preto
MG
Cocel
(41) 8007262121 www.cocel.com.br
Campo Largo
PR
CPFL Serviços
(19) 3682-8700
www.solucoescpfl.com.br
São José do Rio Pardo
SP
x
x
Dutra Lacroix Engenharia
(11) 5573-2327
www.dutralacroix.com.br
São Paulo
SP
x
x
Ecoluz Solar do Brasil
(71) 2108-9200
www.ecoluz.com.br
SALVADOR
BA
x
Eletech Engenharia
(49) 3433 9805
www.eletech.com.br
Xanxerê
SC
Energia Pura
(24) 3371-1132
www.energiapura.com
Paraty
RJ
Enserv Engenharia
(81) 3312-3422
www.enservengenharia.com.br Olinda
RE
Etelbra Engenharia
(11) 3392-8106
www.etelbra.com.br
Rio de Janeiro
RJ
Focus Engenharia Elétrica
(19) 3873-5768
www.focusengenharia.eng.br
Santa Bárbara d'Oeste
SP
Gazquez Painéis Elétricos
(11) 3380-8080
www.gazquez.com.br
Mairiporã
SP
Gceng Engenharia e Montagens
(41) 3373-7374
www.gceng.com.br
Curitiba
PR
Iguaçumec Eletromecânica Ltda
(43) 3401-1000
www.iguacumec.com.br
Cornélio Procópio
PR
x
x
Institutos Lactec
(41) 3361-6200
www.lactec.org.br
Curitiba
PR
x
x
x
LPEng Engenharia
(11) 2901-7033
www.lpeng.com.br
São Paulo
SP
x
x
x
Marques Engenharia
(83) 3578-3781
wilfmarques@gmail.com
João Pessoa
PB
Marques Engenharia
(83) 3578-3781
www.marqueseng.com.br
João Pessoa
PB
x
x
x
www.masalupri.com.br
Rio de Janeiro
RJ
x
x
x
Masalupri Eng. Manut. e Serv. de Consul. Elét. (48) 3496-0644
x
x
x
x x
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x x
x
x
x
x
x x
x x
x
x
x
x
x
x x
Manutenção
(19) 3464-5650
x
Operação
AFAP Eletromecânica e Eletrônica Ltda
x
x
Consultoria
SC
Instalação
Florianópolis
Projeto
www.acrtecnologia.srv.br
x
Outros
(48) 3269-5559
Distribuição
Direção de obra
ACR Tecnologia
Vistorias
x
Manutenção
x
SP
Operação
SP
Guarulhos
Consultoria
São Paulo
www.acabine.com.br
Instalação
www.abb.com.br
(11) 2842-5252
Outros
(11) 3688-9003
Acabine Materias Elétricos Ltda
Projeto
Instalação
ABB
Direção de obra
Estado
Fiscalização de obra
Cidade
TRANSMISSÃO
Vistorias
Site
Manutenção
Telefone
Operação
EMPRESA
Projeto
Consultoria
Geração
Fiscalização de obra
90
x x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x x
x
x
x
x x x
x
x
x
91
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
(62) 3091-4141
www.nathusa.com.br
Goiania
GO
x
x
Nefag Engenharia
(11) 4586-2897
www.nefag.com.br
Jundiaí
SP
x
x
Nipo Brasileira
(11) 4066-2900
www.nipo-br.com.br
Diadema
SP
Omega Construções Eletricas
(19) 3645-9096
www.omegaportal.com.br
Americana
SP
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x
Power Solutions Brasil
(11) 3181-5157
www.psolutionsbrasil.com.br
São Paulo
SP
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Quality Engenharia
(71) 3341-1414
www.qualityltda.com.br
Salvador
BA
RTB Engenharia
(19) 3213-4200
www.rtbeng.com.br
Campinas
SP
x
Schneider Electric
0800 7289 110
www.schneider-electric.com.br
São Paulo
SP
x
x
x
SEL
(19) 3515-2000
www.selinc.com.br
Campinas
SP
Siemens
(11) 4585-8040
www.siemens.com.br/energyservices Jundiaí
SP
x
x
x
TC Watt Construções Elétricas
(53) 3243-9007
www.tcwatt.com.br
Dom Pedrito
RS
x
x
Treetech
(11) 2410-1190
www.treetech.com.br
Atibaia
SP
URKRAFT
(11) 3662-0115
www.urkraft.com.br
Sao Paulo
SP
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x x
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x
x
x
x x
x
x x
x
x
x x
x x
x
Manutenção
Nathusa Transformadores
x
Operação
SP
Consultoria
São Paulo
Instalação
www.megabras.com
Projeto
(11) 3254-8111
Outros
Megabras
Estado
Direção de obra
Cidade
Distribuição
Fiscalização de obra
Site
Vistorias
Telefone
Manutenção
EMPRESA
Operação
Consultoria
Instalação
Outros
Projeto
Direção de obra
Fiscalização de obra
TRANSMISSÃO
Vistorias
Manutenção
Operação
Consultoria
Instalação
Projeto
Geração
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x
x x
x
x
x
x
Pesquisa - Prestadores de serviços para GTD
Florianópolis
SC
AFAP Eletromecânica e Eletrônica Ltda
(19) 3464-5650
www.afap.com.br
Santa Bárbara D´Oeste
SP
Barbosa & Andrade
(31) 3551-6351
www.barbosandrade.com.br
Ouro Preto
MG
Cocel
(41) 8007262121 www.cocel.com.br
Campo Largo
PR
x x x
x
CPFL Serviços
(19) 3682-8700
www.solucoescpfl.com.br
São José do Rio Pardo
SP
x
x
Dutra Lacroix Engenharia
(11) 5573-2327
www.dutralacroix.com.br
São Paulo
SP
x x x
Ecoluz Solar do Brasil
(71) 2108-9200
www.ecoluz.com.br
SALVADOR
BA
Eletech Engenharia
(49) 3433 9805
www.eletech.com.br
Xanxerê
SC
Energia Pura
(24) 3371-1132
www.energiapura.com
Paraty
RJ
Enserv Engenharia
(81) 3312-3422
www.enservengenharia.com.br Olinda
RE
x x x x
Etelbra Engenharia
(11) 3392-8106
www.etelbra.com.br
Rio de Janeiro
RJ
x
Focus Engenharia Elétrica
(19) 3873-5768
www.focusengenharia.eng.br
Santa Bárbara d'Oeste
SP
Gazquez Painéis Elétricos
(11) 3380-8080
www.gazquez.com.br
Mairiporã
SP
Gceng Engenharia e Montagens
(41) 3373-7374
www.gceng.com.br
Curitiba
PR
Iguaçumec Eletromecânica Ltda
(43) 3401-1000
www.iguacumec.com.br
Cornélio Procópio
PR
Institutos Lactec
(41) 3361-6200
www.lactec.org.br
Curitiba
PR
x x x
LPEng Engenharia
(11) 2901-7033
www.lpeng.com.br
São Paulo
SP
x
Marques Engenharia
(83) 3578-3781
wilfmarques@gmail.com
João Pessoa
PB
Marques Engenharia
(83) 3578-3781
www.marqueseng.com.br
João Pessoa
PB
www.masalupri.com.br
Rio de Janeiro
RJ
x
x x
x x
x
x x x
x
x
x
x
x
x
x
x
x x x
x
x
x
x
x
x
x 1982
x
x
1993
x
x
x
1998
x x
x
x
x 1988
x x x
x
x
x 1981
x
x
x 1996
x
x
x 1992
x
1990
x
1996
x x
x
x x x
x
x 2008
x
x 2004
x
x
x 2015
x
x
x
x 2007
x
x
x
x 2012
x
x
x 1989
x
x 1980
x
x
x 2001
x
x
x 1987
x
x x
x
x x
x
x
x x
x
x x x x
x
x x x x
x
x
x x x x
x x x x
x
x
x
x
x x x x
x
x
x
x
x
x x
x 2000
x x
x
x
x
x
x 1993
x
x
x x x x
x x
x x
x x x
x
x
Ano de inicio de atividades da empresa
www.acrtecnologia.srv.br
x x x
Compra produtos, equipamentos, componentes, etc
(48) 3269-5559
Possuem Certificado ISO 14001
ACR Tecnologia
Programas na area de responsabilidade social
SP
Acima de 100
SP
Guarulhos
Possuem Certificado ISO 9001
São Paulo
www.acabine.com.br
De 30 a 50
www.abb.com.br
(11) 2842-5252
De 10 a 30
(11) 3688-9003
Acabine Materias Elétricos Ltda
Até 10
ABB
Montadoras de equipamento
Estado
Outros
Cidade
Manutenção de redes
Site
Engenharias
Telefone
Montagem de redes de transmissão
Montagem de redes de distribuição
Comercialização de energia elétrica
Distribuidoras de energia elétrica
Transmissoras de energia elétrica
Outros
EMPRESA
Masalupri Eng. Manut. e Serv. de Consul. Elét. (48) 3496-0644
Número de funcionários
Principais Clientes
Geradoras de energia elétrica
Direção de obra
Fiscalização de obra
Vistorias
Distribuição
Especifica produtos, equipamentos, componentes, fornecedores
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
De 50 a 100
92
93
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Omega Construções Eletricas
(19) 3645-9096
www.omegaportal.com.br
Americana
SP
x x x
x x x
Power Solutions Brasil
(11) 3181-5157
www.psolutionsbrasil.com.br
São Paulo
SP
x x
x x x
Quality Engenharia
(71) 3341-1414
www.qualityltda.com.br
Salvador
BA
x x
RTB Engenharia
(19) 3213-4200
www.rtbeng.com.br
Campinas
SP
x x x
Schneider Electric
0800 7289 110
www.schneider-electric.com.br
São Paulo
SP
SEL
(19) 3515-2000
www.selinc.com.br
Campinas
SP
x
Siemens
(11) 4585-8040
www.siemens.com.br/energyservices
Jundiaí
SP
x x x
x
x
TC Watt Construções Elétricas (53) 3243-9007
www.tcwatt.com.br
Dom Pedrito
RS
x
x
x
Treetech
(11) 2410-1190
www.treetech.com.br
Atibaia
SP
URKRAFT
(11) 3662-0115
www.urkraft.com.br
Sao Paulo
SP
x
x
x
x
x
x
x x x
x
x
x 1976
x
x
x
x
x
x x x x
x
x x x
x
x
x 1995 x 1988
x
x 1987
x
x 2004
x
x 2006
x
x
x 1967
x x
x
x
x 1947
x
x x x
x
x
x 1912
x
x
x 1959
x
x 1967
x x
x 1988
x
x x
x
x
x
x
x x x x
x
x
x x x
x x x
x 1991
x x x
x x
x
x
Ano de inicio de atividades da empresa
SP
x
x
Compra produtos, equipamentos, componentes, etc
Diadema
x
Especifica produtos, equipamentos, componentes, fornecedores
www.nipo-br.com.br
x
Possuem Certificado ISO 14001
(11) 4066-2900
x x
Programas na area de responsabilidade social
Nipo Brasileira
x
x
x
Acima de 100
SP
Possuem Certificado ISO 9001
GO
Jundiaí
De 50 a 100
Goiania
www.nefag.com.br
x
De 30 a 50
www.nathusa.com.br
(11) 4586-2897
De 10 a 30
(62) 3091-4141
Nefag Engenharia
Montadoras de equipamento
Nathusa Transformadores
x
Outros
SP
Manutenção de redes
Estado
São Paulo
Engenharias
Cidade
www.megabras.com
Montagem de redes de transmissão
Site
(11) 3254-8111
Montagem de redes de distribuição
Telefone
Megabras
Comercialização de energia elétrica
Distribuidoras de energia elétrica
Transmissoras de energia elétrica
Outros
EMPRESA
Até 10
Número de funcionários
Principais Clientes
Geradoras de energia elétrica
Direção de obra
Fiscalização de obra
Vistorias
Distribuição
x x x
x
Espaço 5419
Espaço 5419 Por Sergio Roberto Santos*
Nadando contra a corrente
A norma ABNT NBR 5419:2015 -
dep ende, entre outras MPSs, de colocar
Proteção contra descargas atmosféricas
o objeto da proteção dentro da ZPR
apresenta uma série de medidas para
adequada.
evitar danos às instalações elétricas e
seus equipamentos eletroeletrônicos.
da melhor forma possível, condutores
Para aplicar estas medidas de forma
normalmente energizados na fronteira
correta é necessário, preliminarmente,
entre duas ZPRs, minimizando o surto
apagar algumas ideias preconcebidas
originado em uma ZPR mais exposta
que nunca funcionaram, mas persistem
às sobretensões, ou sobrecorrentes,
nas cabeças de muitos profissionais.
transitórias diminuindo seus valores à
jusante da sua instalação.
Uma delas é associar as Medidas de
A função do DPS é equipotencializar,
Proteção contra Surtos (MPS), descritas
Por isso os DPSs são classificados
na parte 4 da norma, unicamente à
em
especificação da corrente do Dispositivo
equivocada a comparação entre DPSs
de Proteção contra Surtos (DPS). Ainda
de tipos diferentes.
hoje existe a ideia de que quão maior
a corrente de surto do DPS, melhor ele
da empresa, centro das suas operações,
protegerá os equipamentos.
significa posicioná-lo dentro de uma
três
tipos,
sendo
totalmente
Como exemplo, proteger o servidor
A ABNT NBR 5419:2015 considera
ZPR 3, que pode já existir ou ser criada
que a proteção de um equipamento
para este fim. Desta forma, percebemos
está garantida quando ele se encontra
também outro equívoco, considerar as
adequadamente dentro da Zona de
partes 3 e 4 da norma completamente
Proteção contra Raios 3 (ZPR 3) ¹, ou,
independentes.
em casos muito críticos, ZPRs de índices
maiores. Por este motivo, a pro t e
uma tomada. Ela pode encontrar-se na
ção contra sobretensões transitórias
ZPR1 ou ZPR2, neste caso, protegida
Preste
atenção
no
exemplo
de
95
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
respectivamente por um DPS tipo I
for seguida, não estaremos aplicando
contra raios”, publicado nesta seção, na
ou II. Mas o componente eletrônico
corretamente a ABNT NBR 5419:2015,
edição 114 da revista O Setor Elétrico.
alimentado por esta tomada deverá estar
e, aí, a proteção dependerá da sorte do
na ZPR3, protegido por um DPS tipo III.
projetista e de seu cliente.
A fronteira entre as ZPRs 2 e 3, neste caso, será formada pelo invólucro do equipamento. Tomadas e equipamentos são
protegidos
de
forma
diferente
porque a suportabilidade a tensões impulsivas da tomada é, geralmente, diferente
da
suportabilidade
dos
equipamentos alimentados por ela. Toda
dificuldade
proteção
contra
encontrada
surtos
deve-se
na às
complexidades na localização das ZPRS, cujos exemplos estão apresentados na parte 4 da própria norma.
A sugestão mais correta para quem
quiser
realmente
entender
como
proteger as instalações elétricas, e seus equipamentos, é estudar as ZPRs e depois rever seus conceitos de DPSs. Após isto, os DPSs lhe parecerão mais fáceis, o custo com estes dispositivos se reduzirá e aumentará a eficácia da proteção contra surtos em seus próximos projetos.
Caso continuemos a especificar um
DPS pensando apenas nos “kA” que ele vai conduzir nossos projetos, estaremos condenados ao fracasso, a menos que o Deus do Trovão tenha piedade de nós. Informações indispensáveis, como o nível de proteção (Up), a sua forma de onda e o local de instalação do DPS estão contidas na definição do seu tipo. Ao especificar um DPS a partir do seu tipo estamos determinando a maior parte do que é necessário nesta especificação.
Devemos escolher o tipo do DPS
correto para aquele local da instalação, o que é muito fácil, e depois calcular qual deve ser a sua corrente, o que não é difícil. Se esta sequência não
*Sergio Roberto Santos é engenheiro eletricista e membro da comissão de estudos
¹ Ver o artigo “Zonas de proteção
CE 03:64.10, do CB-3 da ABNT.
96
Espaço 5410
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Por Eduardo Daniel*
Grupos de trabalho dividem tarefas na revisão da NBR 5410 A reunião da CE 03:064.001 - Instalações
base preparado pelo GT fotovoltaico da
Estudos. Além disso, uma leitura em conjunto
elétricas de baixa tensão ocorrida em
complementação da ABNT NBR 5410 sobre
pode suscitar a discussão de pontos que
setembro foi uma das mais produtivas desde o
requisitos de projeto, construção e verificação
não apareceriam em uma análise baseada
início do processo de revisão da norma ABNT
de
também
somente à distância e individualmente, que
NBR 5410:2004. Uma visão que se consolidou
baseada em documentos internacionais e na
foi o que ocorreu nessa última reunião. Apesar
nesta reunião foi a de que não basta revisarmos
experiência de quase 40 especialistas que
de parecer um item “sem importância”, uma
o texto-base somente porque a nossa
participaram ativamente das atividades do
definição já normalizada ou que pudesse ter
“norma-mãe” da IEC foi alterada, mas sim,
GT em 14 reuniões presenciais realizadas,
uma leitura diferente do usuário da norma
por consenso entre seus participantes de que
desde abril de 2015. O texto final tornou-se
final mostra-se extremamente crítico para
se conhecem os motivos reais das alterações e
disponível aos membros da plenária da CE no
a qualidade do documento final. É melhor,
que existe todo um conjunto de documentos
mês de agosto de 2016. Avançou-se bastante
mais seguro e prudente investir mais tempo
“filhotes” igualmente importantes.
na leitura do projeto de 70 páginas, com
nas discussões nesta fase do que esperar um
Na última coluna publicada, tratamos de
cerca de 40% já lido, alterado em algumas
retorno de votação da consulta nacional para
parte dessas alterações no capítulo 5.1.2.2.4,
definições e validado pela plenária, em meio
rediscutir pontos já consolidados.
“Seccionamento automático da alimentação”
dia de reunião.
Os membros do GT constituem um
em função do esquema de aterramento
Foi muito debatida a necessidade de
verdadeiro estudo de caso para o processo
adotado. Uma análise e pesquisa muito bem-
leitura integral do texto já elaborado por
de normalização da ABNT pela qualidade
feitas por alguns participantes mostraram que
especialistas da área, porém, aproveito para
e cuidado que foram demonstrados na
as dúvidas da Comissão foram sanadas e as
lembrar que, em primeiro lugar, esse ritual é
elaboração do texto lido, o que irá permitir
alterações do texto, finalmente, tornaram-se
obrigatório pelo regimento das Comissões
que se complete o processo em breve.
claras e confiáveis, o que será descrito na
de Estudo da ABNT e, na verdade, tem uma
Importante ressaltar que a sequência de
próxima reunião, a ser realizada em outubro.
razão de ser. Um Grupo de Trabalho (GT) deve
assuntos agendados para a Comissão foi
Com isso, encerra-se um ciclo que foi
ser criado justamente para assessorar uma
alterada justamente para permitir que este
desgastante de discussões e para o qual,
Comissão por falta de tempo disponível nas
importante documento seja publicado, já que
conseguiu-se o consenso. E anda-se mais um
plenárias ou, ainda, por permitir a extensão
dele dependem estruturas de treinamento,
pouco no texto.
de participantes mais especializados, no
processos de certificação de pessoas e de
Como havia sido comentado também na
entanto, a responsabilidade pela validação
instalações fotovoltaicas, cuja lacuna vem
coluna anterior, teve início a leitura do texto-
de suas propostas é sempre da Comissão de
causando desconforto naqueles que querem
instalações
fotovoltaicas,
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
97
garantir a qualidade e a segurança desse tipo de tecnologia e que pode ser questionada no futuro por seus usuários, projetistas e empresas de distribuição de energia elétrica, todos muito impactados pela alternativa da geração distribuída. Além disso, a geração fotovoltaica é a modalidade que tem apresentado a maior taxa de crescimento no país, apesar da situação econômica difícil, e suas perspectivas são ainda maiores à medida que já nascem da maneira correta. Por isso, peço paciência a todos para preservarmos os rituais que são realmente necessários para termos uma “boa norma” e que não corra o risco de ser mutilada após a votação. O processo democrático intrínseco da normalização exige isso, até porque sabemos das dificuldades dos participantes em utilizar seu tempo fora das reuniões para uma base mais completa de pontos sugeridos, ou seja, melhor fazermos em conjunto.
Além desses pontos importantes, a partir
da reunião de agosto/2016, haverá, ao final da reunião (iniciando às 15h30), a continuação da discussão do texto-base da norma de eficiência energética de instalações elétricas conduzida pelo Grupo de Trabalho específico. Essa inserção no mesmo dia da reunião plenária da CE 03:64.001 visa aproveitar a presença dos participantes comuns e acelerar a discussão e a contribuição dos participantes.
Pela mudança da prioridade para discutir
o texto acima, o GT que discute a norma da IEC de eficiência energética em instalações de baixa tensão apresentará a sua proposta, se possível, na próxima reunião de outubro. Um Grupo de Trabalho adicional foi criado para a discussão sobre a interface entre a instalação da empresa distribuidora e a instalação interna no uso de geradores, cuja primeira reunião está sendo definida. Este era outro assunto muito importante aos usuários de instalações e às distribuidoras e que até agora estava sem uma definição clara. Você se interessa por algum desses assuntos?
Entre em contato conosco e
participe, mesmo à distância. Mas lembre-se que todo trabalho voluntário só é realmente voluntário até que você se comprometa, depois, o grupo espera sua participação efetiva.
98
Proteção contra raios
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, onde participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia | www.guismo.com.br
A situação dos sistemas de aterramento nas instalações elétricas do Brasil – Parte 1
Definição
Considerações iniciais
o
Quando
desinteresse
dos
que
buscam
análise
conhecimento, mas relutam em quebrar
definido como: a parte da instalação
superficial das condições dos sistemas
paradigmas ultrapassados e as ideias
elétrica que é composta pelo eletrodo
de aterramento nas instalações elétricas
cristalizadas de “práticas passadas de
de aterramento
e os condutores que
das edificações em nosso país, temos a
pai para filho” também contribuem para
o interligam aos elementos e massas
impressão de que a situação está ruim,
o grave estado em que se encontra este
metálicas existentes em uma edificação.
entretanto, se esse estudo for um pouco
nosso “paciente”.
O sistema de aterramento pode ser
1
2
fazemos
uma
mais criterioso, teremos a certeza de que “péssimo” seria um adjetivo mais
Padronizar para salvar
apropriado.
Frequentemente utilizado como bode
vários anos e suas formulações e receitas
as correntes elétricas indesejáveis
expiatório, quando há algum problema
vêm sendo atualizadas periodicamente:
que eventualmente circulem em
na instalação, cuja causa não é de fácil
as
uma instalação. Esses condutores
detecção, função da maioria dos seus
nacionais e internacionais. A Associação
podem ser construídos para essa
componentes
o
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é
finalidade (eletrodo convencional,
sistema de aterramento tornou-se, com o
o órgão responsável pela normalização do
exemplo: malha com cabo de cobre)
passar do tempo, um dos grandes vilões
assunto no Brasil por meio dos principais
na história da eletricidade.
documentos:
Abordando possíveis causas
• ABNT NBR 5410:2004 – Instalações
Elétricas de Baixa Tensão (atualmente em
1
Todos os elementos condutores
de eletricidade enterrados no solo capazes de dispersarem, através dele,
ou não (eletrodo natural, exemplo:
estarem
enterrados,
O remédio a ser ministrado já existe há
normas
e
regulamentos
técnicos
armaduras estruturais das fundações da edificação).
A forma caótica e permissiva como
cada profissional com diferentes níveis
revisão);
Todos os elementos condutores de
de graduação e, infelizmente, habilitação
• ABNT NBR 5419:2015 – Proteção
eletricidade existentes na edificação,
técnica trata este assunto é uma das razões
contra Descargas Atmosféricas;
mas que não foram instalados para
pelas quais o sistema de aterramento é
• ABNT NBR 7117:2012 – Medição
esse fim, ex.: gabinetes metálicos
atualmente, de maneira geral, a parte mais
da
de painéis, armação de luminárias,
deficitária de uma instalação elétrica.
estratificação do solo;
2
guarda-corpo, carcaças de equipamentos, etc.
resistividade
e
determinação
da
com
• ABNT NBR 14039:2005 – Instalações
que o assunto é tratado nas escolas,
elétricas de média tensão de 1,0 kV a
A
fraca
abordagem
técnica
99
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Figura 1 - Uma das configurações possíveis para a correta configuração do sistema de aterramento. O esquema de aterramento não está desenhado.
36,2 kV;
têm sido a principal fonte de risco para as
• ABNT NBR 15749:2009 – Medição de
instalações elétricas, seus equipamentos e
resistência de aterramento e de potenciais
as pessoas por ela servidas. A afirmação
na superfície do solo em sistemas de
é embasada em estudos e pesquisas
aterramento;
realizados
• ABNT NBR 15751:2013 – Sistemas de
profissionais que estudam o assunto.
aterramento de subestações – Requisitos;
Este estudo considerou exclusivamente
em
parceria
com
diversos
a condição do sistema de aterramento A existência de tantos documentos
local da edificação, não analisando, por
normalizando o assunto não determina
exemplo, o aterramento do condutor PEN*
que haja um sistema de aterramento
(neutro aterrado) situado antes do primeiro
independente que satisfaça cada um
quadro de distribuição da mesma.
deles, mas sim uma única infraestrutura de aterramento que atenda a todos
*Citamos este condutor em nosso
simultaneamente, por edificação, depen
exemplo, pois a maioria das
dendo do momento e do local (ponto da
concessionárias de energia elétrica
instalação) onde os conceitos de cada
do país “entrega” o condutor PEN
um será empregado. A Figura 1 mostra,
aos consumidores finais de energia.
como exemplo, o croqui do sistema de
Esse tipo de alimentação, comumente
aterramento de uma edificação alimentada
chamada “a quatro fios” – quando em
em baixa tensão.
alimentação trifásica – leva algumas pessoas que trabalham na área a
Alertar e informar
cometerem um grave erro: presumir
Embora não se tenha o objetivo de
que o fato do condutor PEN sejav
tratar procedimentos ou recomendações
obrigatoriamente aterrado próximo
técnicas contidas nas normas – o que
ao padrão de entrada seja condição
poderemos fazer oportunamente –, não
suficiente para substituir o sistema de
devemos
omitir
certos
procedimentos
atualmente adotados, pois os mesmos
aterramento da edificação.
100
NR 10
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Segurança nos trabalhos com eletricidade
João José Barrico de Souza é engenheiro eletricista e de segurança no trabalho, consultor técnico, diretor da Engeletric, membro do GTT-10 e professor no curso de engenharia de segurança (FEI/PECE-USP/Unip).
Da proteção por aterramento
nos esquemas TN, TT e IT, além de especificar
valor da “resistência de aterramento”, mas
recebidos, que agradecemos de coração,
quais os recursos de proteção exigidos.
sim a excelente conexão (por condutores de
vamos ver o que é que a NR 10 exige no que
proteção-PE) ao ponto neutro da alimentação
Em
atenção
a
alguns
comentários
Menciona em 10.3.4 que:
aterrado, que permita uma corrente de falta
diz respeito ao aterramento. simples,
o projeto deve definir a configuração
várias vezes superior à corrente de atuação
está mencionado na norma, pelo menos, oito
do esquema de aterramento, a
do dispositivo de proteção, de forma a
vezes e, de fato, a norma regulamentadora
obrigatoriedade ou não da interligação
provocar a sua operação em tempo hábil,
não define o que seja um aterramento, afinal,
entre o condutor neutro e o de proteção e
oferecendo a segurança no caso de um
Esse
termo,
aparentemente
a conexão à terra das partes condutoras
defeito. E esses tempos estão na tabela 25
Quem define o que é, e como se faz são
não destinadas à condução da
da norma ABNT NBR 5410. Isso pressupõe
as normas técnicas referidas no item 10.1.2.
eletricidade.
a compatibilidade entre o esquema de
é apenas uma norma regulamentadora.
aterramento e o dispositivo de proteção.
Ressalva feita ao aterramento destinado à
proteção
contra
descargas
elétricas
Assim, fica claro que, dependendo do
Outros
esquemas
de
aterramento
atmosféricas (10.2.4.b). Os demais itens
esquema de aterramento, podem ser ou
possíveis e bem menos frequentes (TT
referem-se efetivamente à proteção contra
não necessários dispositivos de proteção
e IT) garantem a proteção de uma forma
choques devidos a contatos indiretos e
especiais, coisa que o profissional habilitado
diferente e estabelecem a necessidade
procedimentos de aterramento temporário
saberá especificar.
de dispositivos especiais que não apenas
que não é, senão, uma equipotencialização
Considerando que a grande maioria
fusíveis e disjuntores. Nesses casos, sim,
generalizada que inclui a terra. Assunto
de nossas instalações industriais opera
o aterramento deve ser local (junto dos
tratado em 10.3.5; 10.3.6; 10.5.1 e 10.5.2.
com sistema de neutro aterrado, e que
equipamentos), pode não incluir a ligação
no fornecimento em baixa tensão, quando
ao ponto neutro da alimentação. Considerar
fornecido o neutro, deve sempre ser aterrado
a máxima tensão de contato permissível
Nos demais itens, menciona a norma, em
10.2.8.3, que:
na origem, o mais usual nas proteções
(tensão de toque) e os tempos de operação
o aterramento das instalações
é o esquema TN, o que significa que as
são outros e determinados pela tabela 26 da
elétricas deve ser executado conforme
partes condutoras acessíveis (carcaças e
ABNT NBR 5410. Considerar as condições
regulamentação estabelecida pelos
estruturas) devem ser ligadas ao ponto neutro
locais (umidade, etc.) e, mais uma vez, a
órgãos competentes e, na ausência desta,
da alimentação aterrado, de forma que, na
simples informação de um valor ôhmico tão
deve atender às normas internacionais
ocorrência de uma energização (fuga à terra),
falado, a “resistência de aterramento”, não
vigentes.
o dispositivo de proteção seja sensibilizado
garante nada.
pelo brusco aumento da corrente e promova
Concluindo, quem garante é a análise
A própria ABNT NBR 5410, para o caso
o seccionamento automático da alimentação.
adequada por um profissional habilitado, que
de instalações de baixa tensão, estabelece
Este assunto já foi tratado nesta coluna e é o
considera todas essas variáveis à luz das
quais os esquemas de aterramento e quais
nome de um princípio de proteção detalhado
normas técnicas antes de emitir sua opinião
as exigências quanto à conexão das partes
no item 5.1.2.2.4 da ABNT NBR 5410.
e assumir a responsabilidade pelo que
condutoras acessíveis ao potencial de terra,
verificou, analisou e concluiu.
Ora, para isso, não é tão importante o
Instalações MT
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
101
Luiz Fernando Arruda é engenheiro eletricista pela Unifei e pósgraduado em gestão de negócios pela FGV. Atuou na Cemig por mais de 20 anos, nas Distribuidoras da Eletrobras e Grupo Rede Energia, trabalhando nas áreas de medição, automação de processos comerciais e de proteção da receita e em Furnas. Representa a Iurpa no Brasil e hoje atua como consultor independente.
Tecnologia para as redes inteligentes
sistema não atender às necessidades?
sistematicamente mantidos na “surdina”, assim
constante de novos fornecedores, de fato, sempre
A diversidade de opções e o aparecimento
No caso das redes inteligentes, temos uma
como os “planos de negócios” que resultaram
são sinais positivos, pois estimulam a concorrência
situação mais complexa e abrangente, pois as
em vendas em outros países da América Central,
sem sacrifício da qualidade, tendem a diminuir
tecnologias existentes para comunicação em
Caribe e em alguns estados dos Estados Unidos.
custos, geram novas ideias e aplicações e abrem
campo (RF, PLC, etc.) quase sempre se excluem
oportunidade para novos negócios no combalido
quanto a serem integradas. A obsolescência
Unido há questionamentos sobre o êxito do
setor da distribuição de energia elétrica no Brasil.
precoce é uma realidade implacável, os modelos
que foi implementado até agora: ou seja, há
Mesmo agora, com o afrouxamento de regras e
de negócio adequados ao Brasil seguem diferentes
questionamentos quanto ao que se investiu e ao
metas por parte do governo, a vida das distribuidoras
parâmetros do que se fazem em outros países em
real valor do retorno obtido!
não parece que vai ser fácil e, certamente, para obter
função de particularidades de cargas e hábito de
maior rentabilidade, a grande oportunidade passa a ser
uso, do custo de capital e de incertezas derivadas
sistemas para serem avaliados. Em uma primeira
a inovação (possível com a esperada reestruturação /
do ambiente regulatório e também dos problemas
análise,
modernização do ambiente regulatório).
decorrentes de desencontro de ações dos órgãos
aqueles que trabalham com protocolos fechados
governamentais que deveriam criar um ambiente
/ proprietários e que aceitam apenas o sistema
para se conseguir resultados melhores.
saudável para negócios.
de comunicação de um fabricante de medidores
Há ainda o desafio do software de gestão (e
e sensores. Estes, primariamente, representam um
melhorias (e grandes sustos) na área administrativa
sua integração ao faturamento e demais sistemas
casamento indissolúvel e problemático, o que indica
do setor elétrico com o uso de software inovador
corporativos) e a questão dos medidores e demais
que vão custar muito caro no futuro e não vão ser
com a implementação massiva do SAP e este
“sensores” em campo.
integráveis a outras tecnologias.
movimento tem muito a nos ensinar.
Tudo o que foi prometido foi entregue? Por
problemas das redes públicas de comunicação
tecnológica, olhando quatro aspectos principais:
que que em algumas empresas a implementação
hoje disponíveis com seus baixos índices de
medidores e demais sensores, comunicação /
foi menos turbulenta que em outras? O preço que
performance e confiabilidade.
integração de campo ao sistema corporativo,
se paga pelas licenças mais o investimento inicial
sistema de gestão da medição e demais funções
realmente dão retorno positivo? Existe volta se o
desempenho técnico em quaisquer áreas têm sido
As coisas deverão ser feitas de forma diferente Tempos atrás presenciamos uma onda de
Finalmente, vem o desafio de vencer os
Além disso, os maus resultados quanto a
E já se sabe que no Canadá e no Reino
Há uma grande variedade de tecnologias e poderíamos
eliminar
sumariamente
Vamos então tratar separadamente a questão
comerciais e operacionais.
102
Energia com qualidade
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
José Starosta é diretor da Ação Engenharia e Instalações e membro da diretoria do Deinfra-Fiesp. jstarosta@acaoenge.com.br
Eficiência energética em instalações com o controle da tensão
Instalações elétricas eficientes, notada
barramentos possam ter controladas suas
• Consumo de potência reativa;
mente aquelas relacionadas às plantas
tensões de operação, maior é o potencial de
• Transformadores dotados de TAPs;
industriais e complexos comerciais são
economia de energia.
• Presença de correntes harmônicas nas
classicamente
cargas.
operação
O equacionamento do modelo das
com perdas elétricas reduzidas, isto é, com
relacionadas
à
cargas foi também apresentado na referência
as perdas Joule minimizadas e relacionadas
consultada [1], como:
Determinação da energia economizada
ao controle da relação RI2 , nas etapas de projeto, operação e manutenção; outras
P = P0 aP + bP
otimizações também são efetuadas, como
V + cP V0
V V0
os cuidados nos circuitos magnéticos dos motores e dos transformadores. De fato, a redução da corrente reduz as perdas nos enrolamentos dos transformadores, motores e circuitos de alimentação (perdas cobre ou em carga) e esta redução pode ser obtida, por exemplo, com a compensação e a redução adequada da potência reativa. A redução de correntes harmônicas também reduz as perdas e podem ser obtidas com o uso de filtros passivos ou ativos. O ponto hora tratado considera a eficiência energética que pode ser obtida com o ajuste adequado dos níveis de tensão de operação dos barramentos de
Q = Q0 aQ + bQ
V V + cQ V0 V0
2
A determinação da economia de energia
decorre de simulações efetuadas em função de registros das variáveis elétricas obtidos de 2
Onde: aP , aQ – parcela da carga ativa/reativa modelada como potência constante; bP , bQ – parcela da carga ativa/reativa modelada como corrente constante; cP , cQ – parcela da carga ativa/reativa modelada como impedância constante; aP + bP + cP = 1 aQ + bQ + cQ = 1
forma contínua, onde é medido, a cada ciclo, o comportamento das tensões das potências ativa e reativa, das correntes harmônicas e de outras variáveis nos barramentos da instalação.
Redução do consumo de energia com o controle da tensão
A tensão de alimentação nos barramentos
pode ser controlada mesmo com cargas extremamente
variáveis.
Normalmente,
as instalações são mantidas em regime de operação em tensões superiores às nominais de forma a garantir a operação dos equipamentos em casos de afundamentos de tensão por razões externas ou mesmo interna;
alimentação das cargas e equipamentos. E,
Potencial elevado de economia
tanto as fontes como as cargas possuem seus
em função da característica da carga, este
limites de operação e o compromisso, em
fator possui maior ou menor importância. Nos
significativos nas situações:
Os potenciais de eficiência energética são
casos específicos de cargas de impedância
princípio, seria manter uma faixa operacional adequada. A proposta de operação eficiente
constante (acionamentos e inversores), o
• Operação de plantas em regime 24 horas/
seria estreitar esta faixa em limites de operação
consumo de energia é proporcional à tensão
dia;
com menor consumo de energia.
ao quadrado e esta característica assume
• Variações rápidas da carga provocando
Curioso
elevada importância. Na medida em que os
flutuações de tensão;
modificação na planta que estaria associada
é
que
nem
sempre
uma
103
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
a uma determinada ação de eficiência energética atinge o objetivo esperado. O sistema de compensação de energia reativa acima citado, e por melhor que seja, poderá promover uma operação com tensão maior que aquela que traria operação mais eficiente para a instalação. Neste caso, apesar da redução das correntes e perdas associadas, a elevação da tensão de operação acaba por aumentar o consumo de energia. Com
base
na
observação
do
comportamento dinâmico das fontes e cargas, o modelo proposto considera a simulação deste (novo) comportamento na busca do melhor ajuste para a tensão de operação do sistema.
Figura 1 – Comportamento da potência ativa com variação da tensão de alimentação em instalação de grande complexo comercial [2].
A partir das informações dos
preto nos gráficos se referem aos valores
adequada e à variação dos TAPs dos
dados construtivos dos sistemas elétricos
medidos e em marrom aos valores simulados).
transformadores, pode-se obter, neste caso,
(impedâncias, distâncias, fontes e cargas)
Com a implantação de compensação reativa
economia de energia em função das variáveis
e das medições elétricas efetuadas com
em tempo real (tempo de resposta de 16
operacionais.
resolução
períodos
milissegundos) e redução da tensão de
significativos, é possível se efetuar simulações
adequada
e
em
operação com manobra de TAPs, pode-se
Projetos
de comportamento que definirão o potencial
obter redução da potencia ativa de 3%
diversos
de economia com a otimização da tensão
(redução da tensão em 2,5%) ou 7,5% (com
Brasil e outros implantados no exterior
de operação com ajustes de TAPs e outras
a redução da tensão em 5%), constituindo-se
com bons resultados a serem publicados
medidas, como a instalação de filtros ou
como uma boa oportunidade de eficiência
oportunamente.
compensadores.
energética. Alguns
compromissos
devem
ser
em projetos
implantação: em
existem
implantação
no
Referências
Resultados da simulação
atingidos na simulação, observando, durante
[1]- Neves, Marcelo Silva – dissertação de
O gráfico da Figura 1 apresenta o com
a medição, se houve perda de carga devido
mestrado UFJF
por tamento da potência ativa consumida
à tensão e garantir que no modelo simulado
[2]- Elspec/Ação – relatórios de avaliação
por uma instalação comercial em função da
o comportamento da tensão manterá esta
de Eficiência Energética
tensão de alimentação. (As indicações em
premissa. Devido à compensação reativa
[3]-Starosta, José – COBEE 2015
104
Instalações Ex
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Roberval Bulgarelli é consultor técnico e engenheiro sênior da Petrobras. É representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx e coordenador do Subcomitê SC-31 do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei).
Primeiro relatório de avaliação da qualidade de equipamentos “Ex” do IECEx (ExQAR) emitido no Brasil
Foi emitido em 26/08/2016, dentro
A avaliação do sistema de gestão da
do sistema IECEx, o primeiro Relatório
qualidade foi efetuada nas fábricas da SEW
de Avaliação do Sistema de Gestão
do Brasil, instaladas no complexo industrial
da
Qualidade
equipamentos
de
um
“Ex”
com
fabricante
de
das cidades de Indaiatuba e Rio Claro, no
fábricas
no
Estado de São Paulo.
Brasil, por um organismo de certificação
Foram avaliados nestas fábricas no
brasileiro.
Brasil os processos de fabricação de
Este tipo de documento, denominado
motores de indução trifásicos “Ex” da Linha
ExQAR (Ex Quality Assessment Report),
EDR, com potência até 200 kW, tensão
foi emitido pela UL do Brasil, que é
nominal até 690 V, frequência de 50 Hz
um
de
ou 60 Hz, carcaças de tamanho até 315
Equipamentos “Ex” brasileiro acreditado
(IEC 60072-1), com tipos de proteção
pelo IECEx desde 07/2016.
para instalação em atmosferas explosivas
de
Organismo
de
Certificação
A UL do Brasil é também um Organismo
de Certificação de Competências Pessoais
gases
inflamáveis
ou
de
poeiras
combustíveis:
“Ex” brasileiro acreditado pelo IECEx desde 04/2016, nas Unidades de Certificação Ex
•
000 (Conhecimentos e percepções básicas
- Segurança aumentada - EPL Gb
para adentrar em uma instalação contendo
•
áreas classificadas) e Ex 001 (Aplicação
15- Não acendível - EPL Gc
dos princípios básicos de segurança em
•
atmosferas explosivas).
31 - Proteção por temperatura de invólucro
para poeiras combustíveis - EPL Gb
O IECEx é o sistema de certificação
Ex “e” - Norma ABNT NBR IEC 60079-7 Ex “n” - Norma ABNT NBR IEC 60079Ex ”t” - Norma ABNT NBR IEC 60079-
internacional da IEC para a segurança ao longo do ciclo total de vida das
instalações elétricas e mecânicas em
são aptos também a serem acionados
Estes motores com certificação “Ex”
atmosferas explosivas. O IECEx conta com
por meio de conversores de frequência
a participação de 33 países. O Brasil é
para controle de rotação do equipamento
membro do IECEx desde 2009.
mecânico acionado, tais como bombas,
105
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Exemplos de motores de indução trifásicos “Ex” da linha EDR fabricados no Brasil pela SEW.
agitadores,
ser comercializados também em outros países,
fabricantes de equipamentos “Ex”, tanto os
caixas de engrenagens, esteiras rolantes ou
tais como naqueles em que os certificados
nacionais como os estrangeiros com fábricas
elevadores.
IECEx sejam aceitos na legislação local.
no Brasil, estão buscando a sua integração
A avaliação do Sistema de Gestão
Assim como vigente no Brasil desde
aos sistemas internacionais de certificação
da Qualidade (SGQ) de fabricantes de
2010 (Portaria Inmetro 0179/2010), muitos
“Ex” do IECEx, de forma a poderem
equipamentos
ventiladores,
compressores,
mecânicos
outros países adotam também a sistemática
comercializar seus produtos nos mercados
“Ex” é feita de acordo com os requisitos
de "Fast-Track", com a avaliação dos
nacional e internacional.
indicados na norma técnica brasileira ABNT
relatórios de ensaios (ExTR) emitidos por
O relatório de avaliação do sistema
NBR ISO/IEC 80079-34 - Atmosferas
laboratórios acreditados no sistema IECEx,
de gestão da qualidade da SEW do Brasil
explosivas – Parte 34: Aplicação de
para fins de emissão de certificados de
emitida pela UL do Brasil encontra-se
sistemas da qualidade para a fabricação de
conformidade
dispensando
disponível para acesso público no sistema
equipamentos.
a necessidade de repetição de ensaios,
online de certificação de equipamentos “Ex”,
Esta avaliação teve por objetivo incluir
uma vez que as normas técnicas nacionais
empresas de prestação de serviços “Ex” e
estas duas fábricas de equipamentos “Ex”
adotadas pela ABNT são idênticas às
competências pessoais “Ex” do IECEx:
no Brasil em um certificado internacional
respectivas normas técnicas internacionais
http://iecex.iec.ch/iecex/exs.nsf/ex_foqar.xsp
de conformidade “Ex”, de forma que estes
da IEC.
?documentId=E26BE94F76693A2CC1258
equipamentos fabricados no Brasil possam
Este tipo de ação evidencia que os
0040048E740#
elétricos
e
"Ex"
locais,
106
Falando sobre a luz
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Plinio Godoy é engenheiro eletricista e atua no campo da iluminação desde 1983. É proprietário do escritório CityLights Urban Solutions, especializado em iluminação urbana; da Godoy Luminotecnia, voltada para iluminação arquitetônica; e da Lienco Lighting Solutions, onde atua no campo da integração da iluminação e controles digitais. É coautor do livro Iluminação urbana e professor do curso de pós-graduação em Instalações Elétricas na Facens-Sorocaba. É palestrante em diversos congressos nacionais e internacionais.
Saindo do corredor escuro
tentar desenvolver assuntos relacionados ao mundo da iluminação, da energia e dos controles. São temas pelos quais me dedico desde a faculdade, lá pelos anos de 1980, quando tomei contato com a iluminação, quando a lâmpada fluorescente mais moderna era a T10 com 40 W e quando existiam as lâmpadas HO com 110 W, as lâmpadas a vapor de mercúrio de 400 W, ovoides... pensando bem, estou me sentindo “meio velho”. Os reatores eram eletromagnéticos, pesados
e
feitos
com
muito
ferro,
perdiam
uma
“roncavam”
bastante
e
quantidade
grande
de
energia.
As
lâmpadas serviam para produzir luz e as incandescentes existiam livremente no universo chamado “mercado”. Uma tecnologias
característica tinham
em
que comum
estas era
fazerem parte das tecnologias analógicas, trabalhando sempre na frequência de 60 Hz (no Brasil). Era um tempo em que as famílias de produtos eram praticamente padronizadas. Entre os poucos fabricantes no Brasil, tínhamos os famosos “quatro grandes”, formados pela Philips, General Electric, Osram e Sylvania.
Até onde minha memória alcança, me
vejo observando a iluminação. Quando
https://thesocialsocialite.files.wordpress.com/2014/11/dark-hallway.jpg
Iniciamos esta coluna mensal para
107
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
pequeno, lembro do tempo em que havia
chapa, colei borracha de vedação, testei
bastante, porém, se você comparar com
iluminação incandescente nas vias públicas
lâmpadas, entendi o que era um reator
outras tecnologias, como da telefonia,
e a nova tecnologia era chamada de lâmpada
de referência, aprendi sobre corrente de
por exemplo, verá que até demoramos
a vapor de mercúrio. Estas lâmpadas
partida, capacitância para correção de
bastante para entrar neste novo mundo, o
tornaram as cidades com aparência mais
fator de potência, enfim, era um mundo
mundo digital.
claras do que com as incandescentes e as
bastante interessante aquele.
pessoas se sentiam prestigiadas quando
em
as ruas de suas casas recebiam esta nova
esta história? Te digo que é para você
Engenharia Elétrica, onde procuro atualizar
tecnologia.
se situar no mundo da iluminação desde
os conceitos utilizados na iluminação, pois
Mas por que estou contando toda
Ministro um curso de pós-graduação iluminação
para
uma
turma
de
Lembro quando trocaram as lâmpadas
quando eu me situei, pois o que vamos
entendo que, pela grande velocidade das
incandescentes da rua onde morava, na rua
conversar, a partir deste artigo, é um
atualizações tecnológicas, há um certo
Fradique Coutinho, no bairro de Pinheiros,
mundo muito diferente.
“gap” entre os conceitos utilizados pelos
em São Paulo (SP), fiquei acompanhando
lighting designers e pelos engenheiros
o caminhão da AES Eletropaulo trocar a
coisas eram muito mais padronizadas,
eletricistas, principalmente.
luminária, e, quando acenderam a nova, vi
ou seja, os produtos eram bastante
Também
uma luz branca e forte.
semelhantes entre as diversas marcas,
coluna as evoluções conceituais que
Depois, vieram as lâmpadas amareladas,
por exemplo, as lâmpadas fluorescentes
os avanços tecnológicos propiciam. As
que alguns chamavam de “branco douradas”
apresentavam seus fluxos luminosos
novas tecnologias proporcionam novas
e que de branco não tinham nada. Quando
muito similares. Você poderia usar uma
aplicações e as demandas dos projetos de
comecei a pesquisar sobre iluminação, estava
lâmpada fluorescente em um reator
lighting design sugerem novas tecnologias
no primeiro ano da faculdade, então, pedi um
eletromagnético de outra marca, pois
e novos avanços além das existentes. É
estágio em uma empresa que fabricava relés
não havia incompatibilidades.
um ciclo virtuoso que fez com que o setor
e luminárias para iluminação pública. O pai
Hoje
em
de um amigo meu era o proprietário. Sempre
bastante
diferentes
entre
Vamos, assim, iniciar esta jornada,
participava das feiras em que esta empresa
marcas que, hoje, são inúmeras, os
saindo do corredor escuro em que a
mostrava seus produtos, pois meu amigo e eu
reatores são eletrônicos e, às vezes,
iluminação pode estar aparecendo para
ajudávamos nas montagens. E foi neste período
nem recebem mais esse nome; são
você, jogando uma “luz” sobre os diversos
do estágio que me deparei com o mundo da
chamados de drivers.
conceitos, tecnologias, normas, aplicações
iluminação. Estamos falando de 1983.
Enfim, o que realmente importa
e tantas outras possibilidades que temos
fui
entender é que as tecnologias utilizadas
nos campos da Iluminação, dos controles
apresentado a um gôniofotômetro, dobrei
no mundo da iluminação avançaram
e da energia.
Conheci
o
que
era
fotometria,
Em primeiro lugar, naquele tempo, as
dia,
temos entre
produtos si,
serão
assuntos
desta
alcançasse níveis altíssimos de qualidade.
108
Dicas de instalação
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Por Marcos Herrera*
Algumas orientações para instalações Ex As
instalações
elétricas
em
Tabela I – Normas para instalações elétricas em áreas classificadas
áreas
Descrição
classificadas devem seguir as normas listadas
Norma
na Tabela I, além das específicas para cada
ABNT NBR IEC 60079-10-1
Classificação de áreas com gases.
tipo de produto. Para uma escolha adequada,
ABNT NBR IEC 60079-10-2
Classificação de áreas com poeiras.
é necessário ter acesso à classificação de
ABNT NBR IEC 60079-14
Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas em áreas classificadas.
áreas. Este documento define a nomenclatura (Ex. IIB T6 para gases), assim como o nível
ABNT NBR 5410
Instalações elétricas de baixa tensão.
de segurança (Ex. Gb para gases ou IIIA T55
ABNT NBR IEC 61892
Unidades marítimas móveis - Instalações elétricas.
ºC Db para poeiras). Observe que, no caso
ABNT NBR 14639
Armazenamento de líquidos inflamáveis e combustíveis – Instalações elétricas em postos de abastecimento.
de poeiras, o valor é nominal e numérico. A classe de temperatura deve ser observada
Equipamento elétrico para utilização na
ABNT NBR IEC 612141
presença de poeiras combustíveis.
na escolha dos produtos Ex, no caso de luminárias é imprescindível avaliar a classe de temperatura em função da escolha do
Tabela II – Classificação de áreas
elemento gerador de luz (lâmpada, módulo Led). A classificação de áreas define a(as)
Nível de segurança
Zona(s) (0, 1, 2 para gases ou 20, 21 ou
EPL Gás
Gás
Poeira
EPL poeiras
22 para poeiras), o que não consta nos
Ga
0
20
Da
certificados de conformidades dos produtos,
Gb
1
21
Db
assim, a escolha adequada deve seguir
Gc
2
22
Dc
conforme indicado na Tabela II.
Classificação por Zona
Nível de segurança
109
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Tabela III – Tipos de proteção
Gases (ZONA)
Tipo de proteção permitida
0
Segurança intrínseca Ex ia e alguns com proteção Ex s Invólucro à prova de explosão (Ex d) Segurança aumentada (Ex e) Pressurizados (Ex p)
1
Encapsulados (Ex m) Preenchidos com areia (Ex q) 2
Todos os anteriores
Poeiras (ZONA)
Tipo de proteção permitida
20
Segurança intrínseca Ex t; Ex ia e alguns com proteção Ex s IP6X
21
Invólucro à prova de explosão (Ex d Ex t) IP6X
Não acendível (Ex n)
Segurança aumentada (Ex e Ex t) Todos os anteriores
22
Não acendível (Ex n Ex t) IP5X
É bom observar adequadamente a classificação de temperatura dos equipamentos elétricos
com a classificação de temperatura, como o exemplo para poeiras: para uma área classificada como III B T200 ºC Zona 22 nível de segurança Dc, o produto a ser escolhido deve ter, no mínimo, nível de segurança Dc – produtos com nível de segurança Db podem ser aplicados neste exemplo – e a classe de temperatura do equipamento elétrico deve ser inferior a 200 ºC. Dessa maneira, uma luminária Ex classificada como T85 ºC, T135 ºC ou até T195 ºC é indicada para esta área. Em resumo, a potência de superfície do equipamento elétrico deve ser menor que a temperatura indicada na classificação da área. Tabela IV – Classes de temperatura Classe de temperatura
T6
T5
T4
T3
T2
T1
conforme a IEC
85ºC
100ºC
135ºC
200ºC
300ºC
450ºC
T6 ou T5
T6 a T4
T6 a T3
T6 a T2
T6 a T1 Projetores
Equipamento elétrico que pode Somente T6 ser utilizado Exemplo de
Luminárias
Luminárias
Luminárias Luminárias
Luminárias
luminárias
Ex de baixa
Ex de baixa
Ex de baixa Ex de média
Ex de alta ou luminárias
potência
potência
LED ou
LED ou
fluorescentes fluorescentes
potência
potência (Ex 250W T3)
potência
Ex de extra-
(Ex 400W alta potência T3/T2)
(Ex 1.000W T1)
Em áreas classificadas para poeiras não é necessário utilizar equipamentos à prova
de explosão, podem ser utilizados equipamentos marcados como Ex t. A maioria dos equipamentos Ex pode ser utilizada nestas áreas (Ex d; Ex e; Ex n), já que os equipamentos já foram avaliados com relação ao grau de proteção e à elevação de temperatura, porém, eles devem atender ainda aos requisitos construtivos e de ensaios da ABN NBR IEC 6007931. No caso de luminárias Ex, é necessário atentar para os requisitos da ABNT NBR IEC 60079-0, item 6.2.2, que determina, no máximo, 5 mW/mm2 para nível de segurança Db e 10 mW/mm2 para nível de segurança Dc. *Marcos Herrera é engenheiro eletricista e responsável pela engenharia da Melfex.
110
Ponto de vista
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
Processo Produtivo Básico (PPB) de luminárias a Led em Manaus O castigo para as indústrias brasileiras de iluminação
Refletindo sobre a história da indústria da
competindo com as indústrias do exterior, muitas
com a indústria nacional.
iluminação no Brasil, tivemos como primeira
vezes, com desvantagem, pois, os impostos
indústria classificada como tal a empresa Nadir
brasileiros, como todos sabem, elevam o
que essas indústrias são fontes de geração de
Figueiredo, que fabricava artefatos de vidro
custo e acabam por incentivar as importações,
empregos e salários qualificados, propiciando
e, por isso, lançou a luminária pública que se
principalmente, de produtos chineses, os quais,
rendimentos e benefícios aos seus funcionários,
utilizava do vidro como protetor da lâmpada. Foi
também pelo baixo preço, oferecem qualidades
o que devemos considerar como sustentáculos
dela também a iniciativa de criar o sindicato dos
inferiores e muitos problemas de garantia e de
da
fabricantes de luminárias – Sindilux –, e surgindo,
reposição ao cliente final.
social, educacional, ambiental e social dos
posteriormente, em 1985, a associação dos
Portanto, desde o início das instalações
trabalhadores no setor. Outra consideração
fabricantes de iluminação Abilux.
das indústrias nacionais, elas enfrentam, em
importante é que são elas as geradoras de
A partir da fase da substituição das
sua trajetória, diversos tipos de obstáculos para
arrecadações de impostos municipais, estaduais
luminárias a gás em São Paulo e da introdução
se estabelecerem, se manterem e crescerem
e federais, que também são parte importante da
das luminárias produzidas pela Nadir Figueiredo
em nosso território. Os investimentos e custos
sustentabilidade dos órgãos governamentais.
– idos da década de 1930 –, outras empresas
em planta, pesquisa e desenvolvimento, enge
com maior foco, tecnologia e especialização no
nharia, ferramentais, marketing, matéria-prima,
brasileira, que passa por enormes dificuldades e
setor de iluminação foram surgindo e criando o
commodities, representações, etc., pertencem
falta de “caixa” em todos os níveis de governo,
mais forte e mais desenvolvido polo industrial da
unicamente à indústria, considerando que os
assistimos à pior onda de desemprego da
indústria da iluminação da América Latina, aqui
importadores e os comerciantes não necessitam
história e as empresas privadas sendo alvo de
no Brasil.
de todos os investimentos para competirem com
recuperações judiciais e falências, situação essa
Atualmente,
encontramos
Por outro prisma, devemos considerar ainda
economia,
agentes
do
crescimento
Analisando a atual situação da economia
diversas
a indústria, pois os produtos já chegam prontos
criada pela inabilidade gerencial dos últimos
indústrias tradicionais, destacando-se pela mais
e até com algum incentivo à importação. Nesse
governos. Algumas empresas do ramo de
alta tecnologia de processos e produtos Led,
ponto, já considero que a concorrência é desleal
iluminação lutam com todo empenho e esforço
111
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
para garantir o seu quadro de funcionários,
com as de Manaus com uma desvantagem
• Por que empresas nacionais estão migrando
cortando gastos e custos e se endividando junto
monstruosa, de aproximadamente 35%, vinda
para o Paraguai, que também está oferecendo
às instituições financeiras, pagando os mais altos
dos incentivos fiscais exclusivos da região. É a
incentivos às indústrias brasileiras para que lá se
juros do mundo, prejudicando o próprio resultado
decretação do fim da produção de luminárias
estabeleçam?
da operação industrial. Este é o custo da
no restante do país. É um grande “castigo” às
• Qual será o futuro da indústria nacional de
empresa tentando manter seus compromissos
empresas que ainda estão se mantendo no país
Iluminação?
com a sociedade, com os empregados, com a
apesar da situação imposta pela crise atual e
cadeia de fornecedores e com o governo.
pelas crises anteriores. As sobreviventes, hoje
Não bastasse toda essa história de
em atividade, podem ser consideradas heroínas
grande ameaça do fim das indústrias brasileiras
crescimento e de manutenção do negócio às
por toda a trajetória até aqui, porém, agora com
de Iluminação.
duras penas, principalmente, por conta situação
esse “golpe de misericórdia”, terão de repensar
atual da economia e do desemprego em nosso
suas atividades, tentando ainda alguma saída,
país, temos agora a consulta pública do Ministério
com outro tipo de produto, outro setor, pois a
do Desenvolvimento, Industria e Comercio
vida não para.
Exterior (MDIC) em trâmite desde maio de 2016
em vias de aprovação de um “PPB de luminárias
proprietários de empresas, administradores
a Led de Manaus” (Processo Produtivo Básico
públicos, governantes e entidades de classe:
O “PPB de Luminárias Led de Manaus” é a
Deixo aqui uma reflexão aos administradores,
de Luminárias LED de Manaus). Essa proposta desconsidera todas as
• Como manter ou criar novos empregos?
empresas brasileiras e as erradicadas no Brasil,
• Como não aumentar o nível do desemprego no
em todos os outros estados, com seus PPBs
Brasil? Ou reduzi-lo?
completos, verticalizados ou não, beneficiando e
. Como crescer a indústria nacional com novas
dando todos os incentivos fiscais somente a uma
tecnologias, produção e PIB?
ou duas empresas que estarão estabelecidas
• Por que estariam desistindo das arrecadações
em Manaus. As demais empresas brasileiras,
de impostos tão necessárias aos governos
Por João P. Corrêa, diretor geral da Ilumatic –
a partir dessa introdução, terão de competir
municipais, estaduais e federais?
Iluminação e Eletrometalúrgica S/A.
112
Agenda
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
30 e 31 de outubro Descrição
Informações
Trata-se de um curso avançado de projeto de sistemas fotovoltaicos destinado a profissionais de engenharia, técnicos ou profissionais de outras áreas que possuam conhecimentos básicos de eletricidade. Durante as aulas, os participantes travarão contato com o seguinte conteúdo: modelagem tridimensional de plantas fotovoltaicas em computador com o software PVSyst; uso de software PVSyst para o projeto e o dimensionamento de sistema fotovoltaico, desde sistemas de micro e minigeração até usinas solares; características técnicas de componente de um sistema solar fotovoltaico; análise do retorno financeiro do sistema conectado à rede elétrica, etc.
Local: Campinas (SP) Contato: contato@cursosolar.com.br cursosolar.com.br
Cursos
5 de novembro
Instalações elétricas e o projeto de arquitetura
Descrição
Informações
O curso “Instalações elétricas e o projeto de arquitetura - Princípios básicos para elaboração de projetos” tem como objetivo apresentar os principais conceitos das instalações elétricas prediais e suas interfaces com o projeto arquitetônico e a importância da integração dessas instalações ao projeto arquitetônico de forma harmônica, racional e tecnicamente correta. Durante as aulas serão abordados aspectos tecnológicos das instalações elétricas prediais visando sua adequação ao espaço construído. O curso é direcionado a arquitetos, engenheiros, designers de interiores, projetistas e alunos dos cursos de engenharia civil e arquitetura e urbanismo.
Local: São Paulo (SP) Contato: (11) 3816-0441 cursos@ycon.com.br
7 a 11 de novembro
Introdução à proteção de sistemas elétricos – visão geral
Descrição
Informações
Além de fornecer os conceitos básicos de sistemas de proteção para distribuição e transmissão, o curso oferecerá uma revisão básica das ferramentas aplicadas em sistemas de proteção, como sistemas por unidade (pu), teoria de sistemas trifásicos e componentes simétricos. Conforme os organizadores, o curso amplia a capacidade do profissional ao fornecer uma visão geral dos aspectos relevantes e primordiais da proteção de sistemas elétricos, gerando uma base sólida para a análise de ocorrências, manutenção, ajustes e projetos em sistemas de proteção. As aulas são destinadas a engenheiros, tecnólogos e técnicos de concessionárias de energia, de indústrias e de empresas de engenharia e consultoria.
Local: Campinas (SP) Contato: (19) 3515-2060 universidade_br@selinc.com
21 a 25 de novembro
Sistemas de aterramento elétrico e proteção contra descargas atmosféricas
Descrição
Informações
Apresentar e discutir as descargas elétricas atmosféricas, examinar e conhecer como obter a compatibilidade eletromagnética, e informar o participante a respeito dos fenômenos elétricos envolvidos são os principais objetivos do curso do NTT Treinamento Avançado. Conforme os organizadores, ao término do curso, que tem como base a nova ABNT NBR 5419:2015, o participante terá embasamento necessário para atuar no aterramento de instalações de baixa tensão, de equipamentos eletrônicos, de estações de telecomunicações, de áreas de tancagem e outros.
Local: Rio de Janeiro (RJ) Contato: (21) 3325-9942 cursos@ntt.com.br
7 a 10 de novembro
Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi)
Descrição
Informações
Uma realização do Instituto Abradee de Energia sob a coordenação da Copel Distribuição S.A., o 12º Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi) será um fórum de inovação e debates, com o objetivo de reunir importantes agentes do setor elétrico e tratar os desafios atuais e perspectivas do sistema, em busca de soluções e alternativas. Compõe o evento ainda o Rodeio Nacional de Eletricistas, que acontece entre os dias 5 e 7 de novembro, e consiste em uma competição entre várias equipes de eletricistas de diferentes concessionárias de energia do país com o objetivo de demonstrar perícia e habilidade seguindo todas as normas de segurança.
Local: Curitiba (PR) Contato: (51) 3061-3000 sendi2016@copel.com
8 e 9 de novembro
Eventos
Projeto e dimensionamento de usinas solares e sistemas fotovoltaicos de geração
Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social no Setor Elétrico (SMARS)
Descrição
Informações
A 7ª edição do Seminário Brasileiro de Meio Ambiente e Responsabilidade Social no Setor Elétrico (SMARS) pretende promover discussões técnicas sobre os principais desafios para planejamento, implantação e operação de empreendimentos do setor elétrico brasileiro, tendo em vista os compromissos com a sustentabilidade, as exigências da legislação ambiental e a responsabilidade social das empresas. Segundo os organizadores, estão programadas palestras e mesas-redondas com especialistas convidados, o que permitirá o aprofundamento e a disseminação de conhecimento sobre diversos temas concernentes ao planejamento e à gestão socioambiental de empreendimentos do setor elétrico.
Local: Rio de Janeiro (RJ) Contato: (21) 2556-5929 eventos@cigre.org.br
20 a 23 de novembro
Workspot
Descrição
Informações
O Cigré-Brasil realizará a 8ª edição do Workspot, encontro para debates, discussões técnicas, palestras e tutoriais. O evento girará em torno de transformadores e reatores de potência; equipamentos de alta tensão; subestações e materiais; e tecnologias emergentes. Como nas outras edições, serão apresentados trabalhos selecionados e haverá a participação de especialistas de renome internacional para apresentarem tutoriais sobre alguns dos temas preferenciais selecionados para a 8ª edição do evento.
Local: Recife (PE) Contato: (81) 3088-6530 workspot@pmaiseventos.com
114
Índice de anunciantes
ABB 39 0800 014 9111 abb.atende@br.abb.com www.abb.com.br 108
Ação Engenharia (11) 3883.6050 orcamento@acaoenge.com.br www.acaoenge.com.br Alpha Ex 110 (11) 3933-7533 vendas@alpha-ex.com.br www.alpha-ex.com.br Alubar 79 (91) 3754-7100 comercial.cabos@alubar.net www.alubar.net.br 92
Balestro (19) 3814-9000 balestrovendas@balestro.com.br www.balestro.com.br Birec 83 www.bireccongress.com 75
Brametal (27) 2103-9400 comercial@brametal.com.br www.brametal.com.br BRVal 19 (21) 3812-3100 vendas@brval.com.br www.brval.com.br Cablena 47 (11) 3587-9590 vendas@cablena.com.br www.cablena.com.br Certlab 101 (19) 3578-0100 nr10@certlab.org.br www.certlab.org.br Chardon Group 18 (11) 4033-2210 wvalentim@chardongroup.com.br www.chardongroup.com.br Clamper Fascículos (31) 3689-9500 / 0800 7030 55 comunicacao@clamper.com.br www.clamper.com.br 7
Chint (11) 3266-7654 lywei@chint.com www.chint.com
Cobrecom 17 (11) 2118-3200 cobrecom@cobrecom.com.br www.cobrecom.com.br Cobremack 89 (11) 4156-5531 SP (71) 3594-5565 BA contato@cobremack.com.br www.cobremack.com.br Condumax 73 0800 701 3701 www.condumax.com.br Conexled 4ª capa (11) 2334-9393 www.conexled.com.br Embrata 66 (11) 4513-8665 embratarui@terra.com.br www.embrata.com.br Enmac 52 (11) 2489-5200 enmac@enmac.com.br www.enmac.com.br Exsuper 111 (15) 4062-9447 exsuper@exsuper.com.br www.exsuper.com.br 77
Fastweld (11) 2425-7180 fastweld@fastweld.com.br www.fastweld.com.br FLIR Brasil 95 (15) 3238-8075 flir@flir.com.br www.flir.com.br Gaya Tree 105 www.facebook.com/gayatreeconsultoria www.gayatree.com.br General Cable 9 (11) 3457-0300 vendas@generalcablebrasil.com www.generalcablebrasil.com
O Setor Elétrico / Setembro de 2016
ICE Cabos Especiais 49 (11) 4677-3132 www.icecabos.com.br Ilumatic 43 (11) 2149-0299 ilumatic@ilumatic.com.br www.ilumatic.com.br Induma 24 (47) 3411-0099 vendas1@induma.com.br www.induma.com.br 15
Intelli (16) 3820-1614 ricardo@intelli.com.br www.grupointelli.com.br Itaim Iluminação 2ª capa (11) 4785-1010 vendas@itaimiluminacao.com.br www.itaimiluminacao.com.br Itaipu Transformadores 97 (16) 3263-9400 comercial@itaiputransformadores.com.br www.itaiputransformadores.com.br Kian Brasil 45 (21) 2702-4575 sac@kianbrasil.com.br www.kianbrasil.com.br KRC 90 (11) 4543-6034 comercial@krcequipamentos.com.br www.krcequipamentos.com.br LedClass 71 (19) 3291-0123 contato@ledclass.com.br www.ledclass.com.br Maccomevap 104 (21) 2687-0070 comercial@maccomevap.com.br www.maccomevap.com.br Média Tensão 65 (11) 2384-0155 vendas@mediatensao.com.br www.mediatensao.com.br
Gimi Pogliano 91 (11) 4752-9900 www.gimipogliano.com.br
Megabarre 5 (11) 4525-6700 vendas@megabarre.com.br www.megabarre.com.br
Helllerman Tyton 107 (11) 4815-9090 / (11) 2136-9090 vendas@hellermanntyton.com.br www.hellermanntyton.com.br
Melfex 109 (11) 4072-1933 contato@melfex.com.br www.melfex.com.br
Holec 61 (11) 4191-3144 vendas@holec.com.br www.holecbarras.com.br
Minuzzi (19) 3272-6380 minuzzi@transformadoresminuzzi.com.br www.transformadoresminuzzi.com.br
111
Mon-Ter 22 (11) 4487-6760 montereletrica@montereletrica.com.br www.montereletrica.com.br
Rittal 37 (11) 3622-2377 info@rittal.com.br www.rittal.com.br
Nambei Fios e Cabos 93 (11) 5056-8900/ 0800 161819 vendas@nambei.com.br www.nambei.com.br
Sarel 27 (11) 4072-1722 sarel@sarel.com.br www.sarel.com.br
Nexans 3ª capa (11) 3048-0800 nexans.brazil@nexans.com www.nexans.com.br Novemp 29 e Fascículos (11) 4093-5300 vendas@novemp.com.br www.novemp.com.br Omicron 51 info.latam@omicronenergy.com www.omicronenergy.com/maquinas 96
Palmetal (21) 2481-6453 palmetal@palmetal.com.br www.palmetal.com.br Paratec 99 (11) 3641-9063 vendas@paratec.com.br www.paratec.com.br Patola 46 (11) 2193-7500 vendas@patola.com.br www.patola.com.br Pliz 4 (11) 4126-7290 vendas@pilz.com.br www.pilz.com.br 10
Polar Macaé (22) 2105-7777 vendas@polarmacae.com.br www.polarmacae.com.br Poleoduto 31 (11) 2413-1200 poleoduto@poleoduto.com.br www.poleoduto.com.br Proauto Espaço 5419 (15) 3031-7400 www.proautomacao.com.br 23
Sassi Medidores 85 (11) 4138-5122 sassi@sassitransformadores.com.br www.sassitransformadores.com.br Sec Power 103 (11) 5541-5120 www.secpower.com.br Sel 69 (19) 3515-2000 www.selinc.com.br Sendi 87 www.sendi.org.br Smart Grid 113 www.smartgrid.com.br Terex 55 (31) 2125-4000 reh-marketing@terex.com www.terexutility.com.br THS 86 (11) 5666-5550 vendas@fuses.com.br www.fuses.com.br Trael 21 (65) 3611-6500 comercial@trael.com.br www.trael.com.br Te Connectivity 6 (11) 2103-6095 te.energia@te.com www.te.com/energy Technomaster 16 (21) 2580-4001 vendas@technomaster.net www.technomaster.net
Protcrontrol (11) 2626-2453 www.protcontrol.com
Ultrapower 11 (11) 4028-4376 www.ultrapowermat.com.br
Renetec 53 (11) 4991-1999 vendas@renetec.com.br www.renetec.com.br
Unitron 13 e 81 (11) 3931-4744 vendas@unitron.com.br www.unitron.com.br